Giacomelli #2

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E D I Ç ÃO # 2

R E POR T

ARQUITETURA, URBANISMO

& PERSONALIDADE O CHARME DE AMBIENTES EXCLUSIVOS

BOOKS & BEERS

DRINKS, PETISCOS E LITERATURA

WHO TO FOLLOW

A VISÃO E O EMPREENDEDORISMO DE JOSÉ CASTELO DESCHAMPS




CONTEXTO

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“É PRECISO QUEBRAR ESSE TABU DE QUE A PROPRIEDADE DEIXA DE SER TUA SE FOR COMPARTILHADA COM AS PESSOAS.” - Roberto Rita, arquiteto

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Foto por Cristina Souza

EDITORIAL

EDITORIAL Temos o prazer de compartilhar com nossos clientes e amigos a segunda edição da Giacomelli Report. Este é um conteúdo exclusivo para quem gosta de estar atento às novidades sobre arquitetura e urbanismo, dicas de decoração, além de inspirações para colocar em prática no seu modelo de negócio. Entre as temáticas principais, vamos falar sobre prédios projetados para o convívio e que diminuem a fronteira entre ambiente interno e externo. Um dos arquitetos mais renomados de Florianópolis, Roberto Rita, é um dos nossos entrevistados, e destaca a importância de se ter uma cidade compartilhada. A Giacomelli acredita que quanto mais as pessoas se encontrarem e se integrarem, mais os laços de amizade e companheirismo se fortalecerão, contribuindo para uma convivência sadia em sociedade. Uma boa sugestão para promover um desses momentos de encontro é o Books & Beers. O charmoso bar com vista para a Lagoa da Conceição reúne literatura, petiscos, cervejas selecionadas e boa música, lugar ideal para se passar um fim de tarde, conferindo o pôr do sol na companhia de amigos ou de um bom livro. Na editoria “Paredes da Memória”, convidamos o Dr. Oswaldo Kersten para nos contar sobre os cenários de sua infância em um tempo que ainda se brincava nas ruas do Centro de Florianópolis e o remo era o esporte da vez. Aproveite o conteúdo da Giacomelli Report feito exclusivamente para você. Boa leitura. Antonio Giacomelli

Giacomelli.com.br

48 3212.6000

Av. Osmar Cunha, 323 Centro, Florianópolis - SC CEP 88015-100 CRECI 1232J

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blog.giacomelli.com.br

Revisão Mariana Mantovani Impressão Gráfica Coan Tiragem 3.000 exemplares


JÁDER MELILO O diretor-geral da Publish acredita que a criatividade nasce em ambientes descontraídos, informais e colaborativos. Intervenções inusitadas e peças descoladas são as favoritas quando ideias são o seu negócio.

AMANDA NASCIMENTO Recordações, estampas, música e livros compõem um ambiente estimulante e acolhedor, sem dúvidas o preferido da editora.

BRUNO KANEOYA Antenado com as novidades tecnológicas, o espaço do diretor de operações é moderno e clean. A praticidade a favor do conforto.

PEDRO BORTOLON O projeto gráfico acompanha o bom gosto do designer. Dá vida às páginas em branco, imprimindo a sua personalidade.

FERNANDA DORNELLES

CRISTINA SOUZA

Requinte com simplicidade e bom humor. A coordenadora de operações traz seu lifestyle a todos os ambientes.

O movimento dos centros urbanos se mescla com a paz de um horizonte sem fronteiras. Objetos divertidos, cores e sensações fazem o ambiente da repórter, que não dispensa o contato com a natureza.

MICHEL TÉO SIN Técnica e talento em cada clic. O fotógrafo trabalha a luz ideal para captar o clima de cada ambiente.

KATE CALDAS A repórter prefere ambientes com ar familiar. Uma casa na serra com lareira e um bom vinho é a combinação perfeita.




SUMÁRIO

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12

ESPECIAL

PRÉDIOS PROJETADOS PARA O CONVÍVIO

TRENDS

BOOKS & BEER: DRINKS, VISTA PARA A LAGOA E LITERATURA

WHO TO FOLLOW

A VISÃO E O EMPREENDEDORISMO DE JOSÉ CASTELO DESCHAMPS

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18 19 20

CULT

31 32

MÔNICA ZAHER

38 50 54 60 62 66 75 80

LIVROS QUE SÃO BOAS FONTES DE INSPIRAÇÃO

CAROLINA LINHARES QUER QUALIDADE DE VIDA? PLANEJE SUA CARREIRA

NEIGHBORHOOD A REURBANIZAÇÃO DE PORTO MADERO

DICAS PARA APROVEITAR O LOOK DO TRABALHO PARA O HAPPY HOUR

INSPIRE-SE PROJETOS ARQUITETÔNICOS DE MODELOS DE NEGÓCIOS PERSONALIZADOS

CITIES COPENHAGEN: A RUA É UM ESPAÇO DE CONVÍVIO

DEGUSTE CONHEÇA O RESTAURANTE FEDOCA DO CANAL DA BARRA

MY PLACE O DIFERENCIAL DO KOERICH EMPRESARIAL

COBIÇA LUMINÁRIAS QUE COMBINAM COM OS MAIS VARIADOS AMBIENTES

GIACOMELLI EM SINTONIA COM O CLIENTE

ESPECIAL AMBIENTES CASA COR 2014

ARTE A MISCELÂNEA CULTURAL DO FOTÓGRAFO SCOTT MACLEAY

PAREDES DA MEMÓRIA A HISTÓRIA DE VIDA DO DR. OSWALDO KERSTEN SE CONFUNDE COM A DO CENTRO DE FLORIANÓPOLIS



WHO TO FOLLOW

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WHO TO FOLLOW

CONSTRUINDO

O SUCESSO A EVOLUÇÃO DA CONSTRUTORA QUE SURGIU DA VISÃO DETALHISTA DE UM EMPREENDEDOR. por Kate Caldas com fotografia de Michel Téo Sin

Responsável por fundar uma das mais concei-

construída, de 63 m², não existe mais e os em-

almoxarife. Depois, fui novamente convidado para

tuadas empresas da construção civil da Grande

preendimentos, atualmente, chegam a ter mais

gerenciar uma outra empresa e ser condutor de

Florianópolis, José Castelo Deschamps começou

de 63 mil m². Uma história formada com deta-

obras em Itapema. Nessa época eu já estava na

a empreender cedo. Ao se mudar para Biguaçu

lhes, cuidado e atenção de um homem que en-

faixa dos 20 anos e, como desde o início tive o de-

aos 14 anos, o empresário trabalhou como ser-

xergou oportunidade, futuro e evolução em cada

sejo de ser empreendedor, já vinha fazendo uma

vente de pedreiro e desde então não saiu mais

metro quadrado erguido.

reserva financeira para começar a primeira casa

do mercado imobiliário. Criou a Beco – Bigua-

da minha história. A obra demorou cerca de dois

çu Empreendimentos e Construção – em 1978,

COMO SURGIU A BECO CASTELO?

anos, porém não consegui concluir e precisei ven-

mesmo ano que se casou com Teresinha Ernesti-

No início, era apenas Beco. Eu passei por algumas

der o imóvel inacabado. Depois de algum tempo

na Decker Deschamps e teve seu primeiro filho.

dificuldades na minha vida até conseguir fundar

consegui construir outra, de 63 m². Nessa época,

Atualmente, com mais de 30 anos de atuação no

a empresa. Com 14 anos, quando me mudei para

1978, eu já tinha então fundado a Beco, que sig-

setor, a segunda geração está à frente da Beco

Biguaçu, trabalhei como servente de pedreiro e

nifica Biguaçu Empreendimentos e Construção, e

Castelo: os filhos Robson e Lincoln assumiram

morei até em barraco de obra para trabalhar du-

como não era possível pagar funcionários ainda,

a parte executiva. E o empreendedor, que além

rante o dia e estudar à noite. Mas logo minha dedi-

eu era responsável por tudo: ir ao CREA, contra-

de integrar o Conselho e ser sócio da construto-

cação e esforço foram reconhecidos. Fui convida-

tar o engenheiro, fazer a contabilidade. E tudo

ra, está no segundo mandato como prefeito do

do por uma empresa muito bem conceituada de

aconteceu de forma simultânea: nesse mesmo

município onde tudo começou. A primeira casa

Florianópolis na época para assumir o cargo de

ano eu me casei e nasceu o meu primeiro filho.

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WHO TO FOLLOW

“FAZ PARTE DA QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS TER ONDE MORAR, UM APARTAMENTO, UMA CASA. A HABITAÇÃO É UMA NECESSIDADE PARA O BEM-ESTAR DA POPULAÇÃO.”

E COMO A EMPRESA CONSEGUIU

rizontal. Quanto mais o espaço aéreo for ocupa-

de coleta da água da chuva, principalmente nas

SE COLOCAR NO MERCADO?

do, mais concentradas ficam as habitações e me-

construções de 2000 pra cá. Temos também al-

Depois da casa de 63 m², eu comprei outro terre-

nos você compromete o meio ambiente. Porque

guns casos em que utilizamos o aquecimento so-

no no Centro da cidade e construí um imóvel em

para construir no horizontal você vai derrubar

lar para poupar a queima de gás e a produção de

torno de 80 m², que vendi no dia do meu casa-

árvores, por exemplo, para utilizar esse espaço.

energia elétrica. É uma tendência cada vez maior.

mento. A minha noiva sabia, claro, que eu vende-

Quando a empresa começou, 36 anos atrás, nós

E na empresa adotamos essa postura também,

ria, e ela se sujeitou a morar com meus pais, onde

tínhamos que construir casas mesmo, não tinha

usando papel reciclado e tomando outras atitudes

ficamos por um tempo. Em seguida fiz outra casa

outra maneira de se tornar conhecido no mer-

para ajudar na preservação do meio ambiente.

pequena, com um quarto, um banheiro e uma co-

cado e ter condições de construção. Mas, atual-

zinha, onde fomos morar. Foi quando surgiu uma

mente, nós defendemos as construções verticais.

QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

parceria e eu consegui fazer três pequenos lotea-

Inevitavelmente nós temos ainda que avançar um

DO MERCADO IMOBILIÁRIO DE FLORIANÓPOLIS?

mentos no município. Nessa época, o meu nome

pouco no horizontal, porque o crescimento é for-

A questão imobiliária de Florianópolis é diferen-

começou a ficar conhecido, a minha empresa

çado naturalmente com a chegada de novos habi-

te de todas as outras capitais do Brasil, mas eu

começou a ser reconhecida como construtora e

tantes na cidade. E faz parte da qualidade de vida

percebo ainda como um grande mercado para a

me vi em condições de fazer um edifício, por isso

das pessoas ter onde morar, um apartamento,

região. É uma capital diferente, é uma ilha, rodea-

contratei consultorias. Nós começamos fazendo

uma casa. A habitação é uma necessidade para o

da de praias, belezas naturais e paisagens belíssi-

empreendimentos pela Caixa Econômica Federal,

bem-estar da população.

mas. E se olharmos nosso mercado, comparando

pelo Ipesc, pelo Bescri, que eram as entidades

com grandes cidades e capitais do Brasil, você

financeiras da época. O primeiro prédio, com 24

MAS A EMPRESA SE PREOCUPA COM

pode ver que o valor do metro quadrado nes-

unidades de apartamentos, foi o Edifício Carlos

O IMPACTO AMBIENTAL QUE OS

ses lugares é bem mais caro. Então ainda existe

Magno, localizado em Barreiros.

EMPREENDIMENTOS CAUSAM? QUE

uma gama muito importante de valorização para

MEDIDAS SÃO COLOCADAS EM PRÁTICA?

quem trabalha no setor da construção civil e ain-

OS PRÉDIOS ESTÃO ENTRE OS ELEMENTOS

A compensação ambiental, na minha opinião,

da tem um progresso muito importante aqui na

QUE MAIS MODIFICAM UMA CIDADE.

precisa caminhar lado a lado com a evolução do

região. Porque o valor do metro quadrado das

COMO A BECO CASTELO SE POSICIONA

mercado imobiliário. É preciso equilibrar a ques-

principais capitais, como Rio de Janeiro e São Pau-

DIANTE DA RESPONSABILIDADE DE

tão empresarial de economia saudável com as

lo, ainda é o dobro do preço daqui. Enquanto ain-

IMPACTAR A ESTRUTURA URBANA?

questões social e ambiental, porque elas não fun-

da existir essa diferença de valores, o mercado

Nós temos o seguinte entendimento: quanto mais

cionam individualmente. Nós adotamos em nos-

imobiliário de Florianópolis será muito promissor.

você constrói na vertical, menos você atinge o ho-

sos empreendimentos, por exemplo, um sistema

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WHO TO FOLLOW

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WHO TO FOLLOW

EM QUE MOMENTO A BECO

para verificar as condições de execução todos os

INCORPOROU CASTELO AO NOME?

dias e cuidar de tudo que possa trazer riscos.

Isso aconteceu em 2001. A Castelo surgiu em 1983, de uma sociedade entre Hoffman e Des-

COM UMA HISTÓRIA CONSOLIDADA E UM

champs, com um primo meu. Quando eu comprei

PORTFÓLIO NUMEROSO DE EMPREENDIMENTOS,

a parte dele virou Castelo e começamos a cons-

QUAIS OS PLANOS DA EMPRESA? QUAIS

truir vários prédios no nome das duas empresas

OS DESAFIOS DA BECO CASTELO?

que corriam paralelas: Castelo e Beco, porque

Nosso principal desafio é garantir sempre a sa-

você não conseguia, na época, financiamento

tisfação do cliente, porque queremos que ele

em uma só construtora. Quando isso deixou de

compre de novo com a empresa. Não queremos

ser uma exigência do mercado, e as duas já es-

explorar o mercado, queremos que seja um ce-

tavam consolidadas com um bom nome, fizemos

nário bom para nós e para o cliente. Por isso,

a fusão. Desde então, construímos vários prédios

trabalhamos com o seguinte contexto: temos que

importantes em Florianópolis, além do primeiro

estar sempre de olho em tudo. É igual, por exem-

prédio de 12 andares em Biguaçu, que é o Edifício

plo, você sair de uma parte plana e querer subir

Cônego Rodolfo.

uma colina. À medida que você vai subindo essa colina, vai olhar para trás e ver novos horizontes.

A EMPRESA, QUE COMEÇOU APENAS COM

E é assim que a Beco Castelo trabalha. De acordo

O SR. EXECUTANDO TODAS AS FUNÇÕES,

com essas novas perspectivas que vão surgindo,

CONTA COM QUANTOS FUNCIONÁRIOS HOJE?

a empresa vai fazendo seus projetos.

Direta e indiretamente nós temos em torno de 350 funcionários, contando com os empreiteiros que

QUE ESTRATÉGIAS A BECO CASTELO

contratamos para dar agilidade de serviço. Eu co-

ADOTA PARA SE MANTER COMO UMA

mecei com 63 m² de área construída e hoje nós exe-

DAS MAIS CONCEITUADAS EMPRESAS

cutamos empreendimentos que ultrapassam os 63

DA CONSTRUÇÃO CIVIL DA GRANDE

mil m². É uma escala enorme, uma ótima evolução.

FLORIANÓPOLIS? O QUE A EMPRESA

E hoje a empresa já está andando com a segunda

ESPERA PARA OS PRÓXIMOS 30 ANOS?

geração, que são meus filhos – Robson e Lincoln.

A expectativa é de acordo com o mercado. É

Eles já estão à frente da construtora na parte ad-

exatamente como essa colina que eu mencionei.

ministrativa e técnica, mas eu ainda faço parte do

Você vai subindo, vai enxergando novos horizon-

conselho, sou sócio. Eles não precisaram colocar a

tes e vai se adaptando. A Beco Castelo investiu

mão na massa, como eu, mas os dois sempre parti-

agora em alguns terrenos para o futuro. São

ciparam da empresa, desde pequenos, quando eu os

portas abertas que ficam para a empresa con-

levava para as obras, para se familiarizarem.

tinuar evoluindo, porque não podemos deixar de fazer investimentos. Fora isso, o nosso convívio

E QUAIS SÃO OS CUIDADOS COM OS

empresarial dentro do setor da construção civil

FUNCIONÁRIOS, NA EMPRESA E NAS OBRAS?

é o melhor possível, até porque nossos colegas

Eu levo em consideração as condições de quando

nos enxergam como referência. Isso pra nós é

eu mesmo executava ou quando era o gestor da

uma satisfação. Essa questão é importante para

empresa. Porque eu passei por todos os proces-

o mercado, é saudável. Você faz, dá certo e o

sos. E hoje nós consideramos o funcionário como

mercado copia. E quem ganha com isso são os

um cliente interno, procurando proporcionar be-

clientes. Além disso, consideramos os critérios

nefícios diferenciados, para quando vier trabalhar

construtivos muito importantes, porque é um

na Beco Castelo, vir tranquilo. Nós temos uma res-

diferencial trabalhar cada item com um critério

ponsável da área da saúde, por exemplo, que cuida

específico. Como você vai colar uma cerâmica, o

do bem-estar do nosso trabalhador e da família

tipo dela, que preparo precisa ter. Pensamos em

dele. Dessa forma, garantimos aos familiares de

tudo na parte técnica, da melhor maneira possí-

primeiro grau, e ao próprio funcionário assistência

vel, para garantir um futuro melhor para cada

médica pela empresa. Nós temos também outro

obra. Tudo precisa ter um critério técnico bem

técnico que cuida só da segurança dos funcioná-

definido. São os detalhes que fazem a diferença

rios que trabalham nas obras. Ele é contratado

no empreendimento.

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WHO TO FOLLOW

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CULT

Leitura indicada LIVROS QUE SÃO BOAS FONTES DE INSPIRAÇÃO. por Kate Caldas

O PODER DO HÁBITO Charles Duhigg, repórter investigativo do New York Times, baseou-se em centenas de artigos acadêmicos, entrevistas com mais de 300 cientistas e executivos, além de pesquisas com dezenas de empresas para escrever o livro “O Poder do Hábito”, da editora Objetiva. A Obra ensina como aumentar a produtividade, tornar-se empresário de sucesso e diversas outras conquistas a partir de mudanças de pequenos hábitos de vida que, ao longo do caminho, fazem toda a diferença.

BUSINESS MODEL GENERATION Cansados de se deparar com modelos de negócios pouco compreendidos e facilitadores, os autores Alexander Osterwalder e Yves Pig resolveram simplificar a questão com a publicação da obra Business Model Generation – Inovação em Modelos de Negócios. O livro da editora Alta Book apresenta ferramentas simples, porém poderosas, para compreender, projetar e implementar seu próprio modelo dentro do mercado.

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O SEGREDO DE LUÍSA

A MENINA DO VALE

O livro escrito por Fernando Dolabela tornou-se referência quando o assunto é empreendedorismo. Com mais de 150 mil exemplares vendidos, a obra publicada pela editora GMT conta a história de Luísa, uma jovem mineira entusiasmada em abrir uma empresa para vender as goiabadas produzidas por sua tia. Os ensinamentos vão surgindo à medida que a história evolui, acompanhando o aprendizado de Luísa, desde sua primeira ideia até a garantia de sua sobrevivência.

A história escrita por Bel Pesce foi um grande fenômeno da internet antes de virar livro, publicado pela editora Casa da Palavra. Obcecada por conhecimento, Bel retrata em seu livro o que aprendeu em sua jornada de empreendedora, citando diversos casos de sucesso. A autora apresenta relatos cativantes, mostrando que tudo é possível quando se tem uma boa ideia e muita dedicação.


COACHING

Ilustração: Ismael Martinez

Quer qualidade de vida? Planeje a carreira COM PESSOAS EM SEU FOCO DE ATUAÇÃO, CAROLINA LINHARES É COACH, CONSULTORA DE GESTÃO DE PESSOAS, EMPREENDEDORA E ASSOCIATIVISTA.

A principal demanda pela qual as pessoas me

Pesquisando sobre isto, encontrei diferentes qua-

Quem já entendeu o quanto é fundamental planejar

procuram é para o Profissional Coaching, geral-

dros referenciados por vários autores que definem

desde cedo a pós-carreira, certamente precisará

mente com enfoque na construção de suas car-

as etapas da carreira, entre eles Max Gehringer,

definir quais serão as suas prioridades nos diferen-

reiras. Eu sempre imagino a carreira como sen-

Villela da Matta, Robert Wong e Nelson Savioli. En-

tes momentos. Não tem jeito: a única alternativa

do de fato a construção de nossas fases da vida

tão, adaptei todos que vi com o que imagino que

para chegar lá, sem sustos, é traçar metas e ações

(infância, adolescência, adulta e melhor idade).

deveria ser. Com certeza seria menos angustiante

ao longo das suas fases de vida. À medida que você

Geralmente, podemos considerar que as carrei-

se as pessoas pudessem planejar as suas carreiras

realiza suas metas, o entusiasmo pelo exercício

ras profissionais passam por quatro diferentes

para que no futuro colhessem os bons frutos de

toma conta e logo você terá concluído o seu próprio

fases, com características próprias e que guar-

seus planejamentos.

plano de vida.

Então, lendo a descrição delas você poderá sa-

Sonhos indicam a direção. Metas definem objeti-

Neste quadro, ofereço a reflexão de alguns conse-

ber se está mais adiantado, mais atrasado ou na

vos. Ações asseguram a conquista. As escolhas

lhos de quem já experimentou, gostou do exercício

fase em que deveria.

você é quem faz.

e concluiu o plano que mudou a vida de muita gente.

dam certa relação com a idade do profissional.

IDADE

18-28

29-37

38-53

53 +

ANOS DE CARREIRA

NOME DO ESTÁGIO

OBJETIVOS DE VIDA

0-10

Shishya (Aluno)

Aprendizado e Crescimento

11-19

Karta (Executor)

PROFISSIONAL E OBJETIVOS DE CARREIRA

FAMÍLIA E OBJETIVOS PESSOAIS

Seja uma esponja. Concentre-se na curva de aprendizado. Maximize e diversifique as experiências. Escolha trampolins. Encontre mentores. Assuma responsabilidades. Trabalhe suas atitudes. Não tome atalhos. Encontre sua paixão.

Concentre-se em encontrar lugares e estar com pessoas que lhe inspirem querer ser quando crescer. Cultive uma rede básica de amizades que irá se sustentar ao longo do tempo.

Coragem e Investimento

Siga a sua paixão. Construa conhecimentos profundos. Mantenha o foco no objetivo. Construa um histórico de realizações. Maximize o sucesso econômico e sucesso profissional. Suba a “Escada”. Construa redes.

Invista tempo para encontrar um parceiro e em seus filhos, apesar de todas as demandas. Focalize na dieta, no bem-estar e nos exercícios. Crie uma rede de network.

20-35

Daata (Doador)

Significado e Colheita

Mude o significado de sucesso. Encontre as causas para se apoiar. Dedique menos tempo ao serviço. Concentrese em comunidade (causas sociais). Construa um legado.

Concentre-se em aconselhar seus filhos a se tornarem o melhor deles mesmos. Amplie sua abertura para a comunidade. Encontre novos interesses para acoplá-los na pósaposentadoria.

35 +

Bodhi (Sábio)

Iluminismo e Ensino

Mude o sentido de olhar para si mesmo. Faça o espiritual trabalhar. Medite em introspecção. Desprendase das coisas materiais. Torne-se um professor de seus netos, filhos e amigos.

Concentre-se em seu próprio desenvolvimento espiritual. Espalhe a riqueza de sua sabedoria e experiência de vida para aqueles que o rodeiam. Esteja em paz com a inevitabilidade de mortalidade.

O conselho que deixo: é relevante realizar o planejamento em busca de qualidade de vida em todas as fases de sua carreira.

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NEIGHBORHOOD

o charme de

REINVENTAR A REURBANIZAÇÃO DE PORTO MADERO TRANSFORMOU UM LUGAR DECADENTE E ABANDONADO EM UM DOS BAIRROS MAIS NOBRES DA CAPITAL DA ARGENTINA, PRESERVANDO SUA ARQUITETURA HISTÓRICA.

por Kate Caldas

20


NEIGHBORHOOD

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NEIGHBORHOOD

“AS CONSTRUÇÕES REPAGINARAM O LOCAL E TRANSFORMARAM O ANTIGO PORTO EM UM DOS BAIRROS MAIS NOBRES DE BUENOS AIRES.”

Uma área ferroportuária desativada transformada na região mais moderna de Buenos Aires. O charme, a personalidade arquitetônica e a boêmia de Porto Madero, bairro da capital Argentina situado às margens do Rio da Prata, traçam uma infraestrutura contemporânea a partir da revitalização de construções antigas, formando um importante centro residencial, gastronômico e de negócios da cidade. Com ruas largas e espaços verdes públicos, a renovação urbanística de Porto Madero foi pensada para recuperar a relação entre as pessoas e o bairro: passear pelos calçadões a pé é uma surpreendente experiência entre o moderno e a história do local.

PORTO HISTÓRICO O nome do bairro, que fica na região leste da cidade, é uma homenagem ao engenheiro Eduardo Madero, responsável pelo projeto que levou à construção do porto em 1897, com características semelhantes ao de Londres, na Inglaterra. No início do século XX, foram construídos os galpões de tijolos vermelhos, que atualmente compõem o cenário do bairro. O cais resolveria problemas logísticos de descarregamento de navios, mas a estrutura logo se tornou obsoleta e não teve êxito por causa das embarcações cada vez maiores e a pouca profundidade do rio. Com a deterioração das instalações, entre 1911 e 1930 o projeto Puerto Novo substituiu o original idealizado por Madero, o que não evitou que o lugar ficasse abandonado por mais de cinquenta anos. Em 1989, a Corporación Antiguo Puerto Madero SA delineou uma proposta com a intenção de recuperar a zona portuária e incorporar a cidade ao Rio da Prata, que incluía moradia, lazer e áreas públicas revitalizadas. O bilionário projeto de reurbanização, que contou com a intervenção do designer francês Phillippe Starck, dava novos ares aos velhos galpões, depósitos e moinhos, que deram lugar a bares, restaurantes e empresas modernas. As construções repaginaram o local e transformaram o antigo porto em um dos bairros mais nobres de Buenos Aires. As obras de reurbanização começaram em 1991 e foram concluídas em 1998.

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NEIGHBORHOOD

Um dos marcos arquitetônicos de Porto Madero, a Puente de La Mujer atravessa o canal e é inspirada em um casal dançando tango

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NEIGHBORHOOD

Anton Ivanov / shutterstock.com

A revitalização transformou o bairro em um importante centro residencial, gastronômico e de negócios de Buenos Aires

PERSONALIDADE URBANA O bairro é um espaço encantador em meio à at-

de bicicleta – o espaço tem mirantes, pontos de

do preservado com os empreendimentos urbanos

mosfera cosmopolita da capital Argentina. Aveni-

observação e locais para descanso, além da fauna

das imediações.

das amplas, calçadas largas, ruas arborizadas e

característica dos pampas.

os antigos guindastes e maquinários utilizados no

Porto Madero reserva outros encantos reinventa-

cais formam o cenário urbano agradável de Porto

Ao caminhar pela orla, é possível observar algu-

dos, como o Moinho Portenho, que produziu fari-

Madero. O skyline foi redefinido para recuperar e

mas atrações que harmonizam com o clima de re-

nha até 1956 e hoje é um centro de arte; o Pabel-

aproximar o rio da vida do bairro. Arranha-céus, em

novação do bairro. Um dos destaques é a Puente

lón de las Artes, exposição de artes plásticas, e o

sua maioria residenciais, emolduram a paisagem.

de La Mujer, que atravessa o canal e é considerada

Museu Fortabat, edifício projetado pelo arquiteto

Grandes calçadões foram construídos ao longo do

um dos cartões-postais da cidade. A obra, proje-

uruguaio Rafael Viñoly e que abriga cerca de 200

dique, oferecendo uma área de convivência para as

tada pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava,

obras da arte argentina.

pessoas e favorecendo a circulação a pé para apre-

tem seu desenho inspirado em um casal dançando

ciar a arquitetura inspirada no estilo europeu.

tango. Localizada no dique três, a ponte é um dos

As ruas de Porto Madero guardam ainda outra

marcos arquitetônicos de Porto Madero.

peculiaridade cativante. O bairro presta uma ho-

Entre a costa do Rio da Prata e Porto Madero está

menagem às mulheres, dando às suas vias nomes

a Reserva Ecológica Costanera Sur, um dos maio-

Ainda na beira do canal, quem passeia por ali pode

de famosas de diversas áreas, como das artes, da

res espaços verdes de Buenos Aires. Com 360

conhecer um museu flutuante. A Fragata Sar-

política e das ciências. A mais conhecida é a Aveni-

hectares de plantas nativas da região – pastagens,

miento, declarada monumento histórico nacional

da Alicia Moreau de Justo, que abriga os famosos

lagunas, salgueiros, acácias – a reserva está lo-

em 1962, é uma embarcação que já serviu como

prédios de tijolos vermelhos e concentra a área

calizada em terrenos que foram abandonados e

navio-escola da marinha e atualmente é aberta

gastronômica da cidade. Um dos lugares mais visi-

que serviriam para a expansão da área central do

para visitações diárias. O barco tem 12 canhões,

tados de Buenos Aires, a avenida pode ser cruzada

bairro, antes do projeto de revitalização do porto.

35 velas e mantém no seu interior peças, mobílias

de ponta a ponta a bordo de um moderno bondinho

Com visitação gratuita – que pode ser feita a pé ou

e objetos originais. Um contraponto entre o passa-

ou a pé, para desfrutar ainda mais da paisagem.

24


NEIGHBORHOOD

ARQUITETURA PRESERVADA Mesmo após se transformar em um dos bairros mais modernos de Buenos Aires, com espaços sofisticados e exclusivos, Porto Madero mantém a arquitetura inglesa do projeto original, construído no início do século XX. Os característicos edifícios de tijolos vermelhos têm estruturas de concreto armado trazidos da Europa na época e sua revitalização foi realizada respeitando a fachada e os materiais, para preservar o caráter histórico do local. Os guindastes que permaneceram no canal foram recuperados, pintados e iluminados para compor a paisagem da orla e manter viva a alma do porto.

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TRENDS

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TRENDS

Um Brinde para

a Literatura

NÃO É UMA LIVRARIA, TAMPOUCO SOMENTE UM BAR. O BOOKS & BEERS, EM FLORIANÓPOLIS, POSSUI UM CONCEITO DIFERENCIADO E EVIDENCIA A CULTURA DE BAR EM TODOS OS SENTIDOS. por Cristina Souza com fotografia de Michel Téo Sin

“As portas se abrem para um lugar com alma de

ceição, em Florianópolis, traduz a cultura de bar em

mágico que pinta os céus da Lagoa, é impossível

praia, conteúdo de livraria e conforto de sala. Os

todos os seus significados e surgiu para celebrar

não se encantar, ter vontade de abrir um livro e fi-

amigos distribuem sorrisos, apertos de mão e

essa união que sempre foi retratada pelos mais di-

car somente esperando as horas passarem.

abraços tropicais. Já é hora de começarmos a es-

versos artistas – afinal, um bar é um livro aberto.

colher no cardápio nossos personagens favoritos”.

Essa aliança se torna perfeita com as brincadeiras

Esse trecho, escrito por Paulo Maia, poderia fazer

O local é fruto da inquietação de Leandro Aversa,

de uma mente criativa, que a todo o momento faz

parte de uma obra literária que encabeçaria a lista

amante de cervejas artesanais e também da litera-

analogias entre literatura e confraria. Logo na en-

dos mais vendidos. Poderia ser uma das observa-

tura, mas que não encontrava um lugar que conse-

trada, um carrinho de supermercado oferece livros

ções cotidianas de Balzac, cenário para um crime

guisse reunir as duas coisas sem deixar a desejar

para troca e já aguça a mente dos amantes da leitu-

de Agatha Christie ou trecho dos textos doces e

em uma delas. “Trabalhava com eventos e designer

ra. O cavalete em frente à porta apresenta as pro-

complexos de Adélia Prado, mas na verdade faz

gráfico em São Paulo, vendi tudo para vir para cá

moções do dia de forma humorada, adaptando algu-

parte do prefácio que compõe o cuidadoso cardá-

abrir um bar. A ideia toda surgiu pela vontade de

ma frase famosa com as características de um bom

pio de um bar.

ter um ambiente que contemplasse as coisas boas

cervejeiro. As alusões estão presentes em todos os

de um bar, mas que também fosse um espaço cul-

cantos, começando com as quatro edições do cardá-

Aliás, bar talvez não seja a palavra certa para des-

tural. Se eu não investisse nessa proposta, seria só

pio, inspiradas em títulos de livros famosos. Ali, as

crever o local, embora ele contemple tudo que um

mais um pub com decoração bacana, mas queria ir

opções da casa são intituladas de Dom Que Shots,

botequim de primeira linha precisa ter: as melhores

além disso”, explica.

Moby Drink, Memórias Póstumas de Bruschettas,

cervejas, o bom e velho whisky, petiscos de primei-

Apanhador no Campo de Cevadas e O Velho e o Bar.

ra qualidade, música ambiente misturando-se com

Antes de encontrar o lugar perfeito, Leandro traba-

o som das risadas e o tilintar dos talheres.

lhou por sete meses como barman, aproveitando a

Os pratos e as bebidas também são inspirados em

experiência para inserir em seu próprio empreendi-

artistas famosos, que recebem uma pequena bio-

O que difere esse lugar de tantos outros perdidos

mento. Os devaneios de Leandro não poderiam ter

grafia no final do cardápio para quem quiser matar

pelas esquinas das cidades é que ali não servem

dado mais certo: em cada canto do Books & Beers

a curiosidade enquanto extermina a fome. O prefá-

somente mantimentos para matar a sede e a fome,

é possível entrar em contato com esse conceito

cio do livro cardápio foi escrito por um amigo, Paulo

mas também se alimenta a alma, com livros que

boêmio cultural. Os detalhes, meticulosamente

Maia, e reforça o conceito do Books & Beers, de que

satisfazem as mentes mais famintas por conheci-

pensados, deixam o ambiente único e harmonioso,

abrir um livro é como se servir de um drinque: en-

mento. O Books & Beers, situado na Lagoa da Con-

aconchegante e inspirador. Aliado com o pôr do sol

volvente do começo ao fim.

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TRENDS

“OS DETALHES, METICULOSAMENTE PENSADOS, DEIXAM O AMBIENTE ÚNICO E HARMONIOSO, ACONCHEGANTE E INSPIRADOR.”

CADA CANTO UM ENCANTO Quando encontrou o local perfeito, Leandro pediu

trados espalhados estrategicamente por pontos

orçamento para escritórios de arquitetura de São

do bar. Alguns títulos estão disponíveis para venda,

Paulo, Rio Grande do Sul e Florianópolis, optando

todos novos, em um canto especial para esse fim.

por uma profissional da Ilha. Assinado por Karine Homma Peters, o projeto é bastante peculiar,

Impossível listar cada detalhe do Books & Beers.

com predominância de itens e madeiras em co-

Tal qual uma história, o bar precisa ser explorado,

res quentes, como a vermelha e a laranja. Para

e a cada canto mostra uma agradável surpresa

compor a decoração, o proprietário garimpou por

para aqueles que têm os olhos mais atentos. A

meses objetos com referências vintage, como

trilha sonora não é um elemento à parte – assim

cartazes de filmes, relógios, máquinas de escre-

como o rádio que serve para a propagação da

ver e rádios retrôs. “Sempre tive essa paixão por

agradável e inconfundível batida do blues, a mú-

objetos mais clássicos, mais originais, por isso que

sica cuidadosamente escolhida se integra a todo

gosto tanto dos detalhes em madeira, que reme-

o cenário. Jazz, blues e rock clássico são os tem-

tem a isso. Poucas coisas são réplicas, a maioria

peros que acompanham cada prato, página virada

são objetos antigos que encontrei em vários anti-

ou gole das mais intrigantes e autênticas cervejas.

quários que visitei”, relata. Toda essa originalidade e o atendimento cuidadoso O grafite espalhado por lugares estratégicos tam-

fazem com que o Books & Beers conquiste cada

bém não passa despercebido. Com um estilo Old

vez mais admiradores. “Frequentamos a casa des-

School, lembra a atmosfera criada por marinhei-

de a inauguração e amamos justamente por essa

ros antigos nos filmes de pirata. Leandro apostou

proposta diferente, o atendimento especial, e, é

em releituras interessantes, como Iemanjá, se-

claro, pela variedade de cerveja. Aprecio bastante

reias encantadoras e outros desenhos que, ape-

cerveja artesanal e aqui podemos encontrar rótu-

sar de serem de diferenciados estilos, conversam

los bem raros”, comenta Rafael Lopes, cliente as-

entre si e harmonizam o ambiente.

síduo. Detalhista, Neuza Mattos, esposa de Rafael, aprecia as surpresas do ambiente. “A composição

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Claro que os livros não podiam ser coadjuvantes:

visual é fantástica. Eu não conheço outro lugar

estão dispostos logo na entrada, em um balcão que

que seja tão diferenciado assim, que se preocupe

os separa por estilos, e também podem ser encon-

tanto com os detalhes dessa maneira”, exalta.


TRENDS

29


“AINDA TEM MUITA GENTE QUE PEGA NO CELULAR, MAS DE UMA MANEIRA DIFERENTE: GERALMENTE PARA DIVULGAR A NOSSA PROPOSTA AQUI, POIS FICAM ENCANTADOS COM TUDO” Leandro Aversa, proprietário

UM BRINDE À CULTURA O conceito de brindar a leitura e a cultura de bar

& Beers. Além do intercâmbio de livros citados no

no Books & Beers realmente conquistou muitos

início da matéria, outra ação muito bacana é a da

adeptos. Segundo Leandro, os clientes chegam,

garrafa recheada com rolhas. Quando fica cheia, a

pegam um livro, escolhem seu prato, sua cerveja

quantidade de rolhas é convertida em livros, que

artesanal de preferência e apreciam ambos. Exis-

são doados para uma instituição. Da primeira vez,

tem ainda aqueles que mantêm uma rotina con-

foram doados 248 livros e até a metade de abril a

tínua de leitura, marcando a página do livro para

garrafa já estava quase cheia novamente.

não se perder no próximo encontro. Poderia ser só mais um bar. Poderia ser conside“Ainda tem muita gente que pega no celular,

rado loucura, afinal quem iria acreditar que é pos-

mas de uma maneira diferente: geralmente para

sível transformar um pub em um reduto cultural?

divulgar a nossa proposta aqui, pois ficam en-

Leandro apresentou ao seu público as infinitas

cantados com tudo. Temos a ideia de mais para

possibilidades que cabem dentro de um bar – que

frente propor um clube do livro, para as pes-

vão além das mais raras cervejas ou da comida

soas virem e discutirem suas concepções em

meticulosamente preparada. Ali, no final de cada

um ambiente agradável. Pensamos em marcar

tarde, mil histórias acontecem sem que um pro-

Books & Beers

uma data para isso, até ter o nosso próprio clu-

tagonista seja mais importante que o outro, pois

Rua Senador Ivo D’Aquino, 103

be do livro”, conta Leandro.

todos são iguais perante o brinde, e o bar é um

Lagoa da Conceição

livro aberto pronto para receber as mais diversas

Florianópolis, Santa Catarina.

Esse não é o primeiro projeto criado para o Books

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e interessantes narrativas.

www.booksbeers.com


Ilustração: Ismael Martinez

IMAGEM

HAPPY HOUR MÔNICA ZAHER É CONSULTORA DE IMAGEM CORPORATIVA E PESSOAL, FORMADA POR ILANA BERENHOLC E FAAP.

Sair para um compromisso logo após o trabalho requer bom senso e criatividade na hora de escolher a produção. O ambiente de trabalho pede discrição, ainda que descontraído, e uma mudança tanto para o social como para o sexy pode ser menos complicada se você optar por peças curingas. A maneira de se vestir traduz quem você é. Mais do que isso, diz muito sobre sua função profissional, visto que todos levam o sobrenome da empresa junto aos seus próprios nomes. Representar uma corporação é um dos atributos da imagem que passamos em qualquer ambiente. Tanto a despreocupação quanto a sofisticação excessiva são dispensáveis. Daí a necessidade constante da adequação, mesmo em momentos de lazer. Evitar contrastes com a identidade corporativa, com códigos existentes e hábitos já definidos como padrão, são atitudes esperadas de profissionais que se preocupam em não sabotar a própria imagem. Em qualquer situação, seja a necessidade de fazer prevalecer a imagem profissional ou estender o horário de trabalho para um compromisso pessoal, pede que as escolhas sejam direcionadas para peças que não comprometam seu estilo e nem a personalidade da corporação. Todo profissional é bem-visto e lembrado quando agrega valor ao seu local de trabalho. A recíproca, além de esperada, é verdadeira! Imagine-se usando a dupla básica calça e blusa. Provavelmente seus calçados serão scarpin ou algo fechado e com salto. Neste caso, um maxicolar faz a vez do decote na hora do jantar, para que você possa acrescentar algo ao visual que utilizou por todo o dia. O mesmo acontece com o vestido que, acompanhado de echarpe, ganha uma proposta mais adequada para as noites frescas. O modelo, apesar de discreto, é moderno o suficiente para o jantar ou happy hour.

COLABORAÇÃO: ESPAÇO DE MODA CAROLINA FAGGION PRODUÇÃO E PESQUISA: MÔNICA ZAHER CONSULTORIA DE IMAGEM FOTOS: HENRIQUE SANTOS

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INSPIRE-SE

Divulgação / Rafaela Netto

ESTRUTURA CRIATIVA

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DIFERENTES MODELOS DE NEGÓCIOS QUE APOSTAM EM PERSONALIZAR SEUS AMBIENTES, ALINHANDO A IDENTIDADE CORPORATIVA A UMA BOA FORMA DE ATRAIR E SURPREENDER OS CLIENTES. por Cristina Souza


INSPIRE-SE

Escolhido como primeiro e único escritório brasileiro a se tornar parte do Architects Directory, da influente revista britânica Wallpaper, o FGMF Arquitetura, localizado na capital paulista, figura a lista dos trinta escritórios mais talentosos do mundo. Criativos e sem restrições quanto ao uso de matérias e técnicas utilizadas na composição dos espaços, os arquitetos da FGMF incitam as relações entre homem e arquitetura, apresentando ambientes diferenciados e provocativos para traduzir de maneira conceitual a proposta de seus clientes. Inspire-se nos três projetos realizados para diferentes ambientes comerciais escolhidos para estampar esta edição da Giacomelli Report.

CASA REX Transformar uma residência da década de 40, cheia de defeitos resultantes da última reforma, em um ambiente propício para receber um importante escritório de design gráfico foi o desafio da FGMF Arquitetura para o projeto da nova sede da paulistana Casa Rex. Sob o comando dos profissionais Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz, a estrutura de 603 m² recebeu uma nova identidade. Além de aproveitar bem os espaços, tornando-os mais amplos e arejados, foi criada para o novo escritório uma espécie de “arqueologia arquitetônica”, reutilizando materiais de demolição para compor um visual marcante, mas ao mesmo tempo clean.

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INSPIRE-SE

RESTAURANTE DELIQATÊ Um deteriorado sobrado também da década de 40 deu espaço para a nova casa da Deliqatê, restaurante de sanduíches gourmet localizado no bairro Jardins, em São Paulo. Distribuído em subsolo e dois andares, o ambiente possui a presença marcante de obras de arte, compostas por esculturas diversas e pelo grande painel de ladrilhos hidráulicos do artista Fábio Flaks, que atravessa todo o restaurante, conectando -o com os espaços externos. Os tons escolhidos são mais neutros e sóbrios, com predominância do branco e cinza nos revestimentos e cores mais vivas no mobiliário.

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Foto: Lio Simas/Divulgação

Divulgação / Rafaela Netto

INSPIRE-SE


Divulgação / Rafaela Netto

INSPIRE-SE


INSPIRE-SE

LOJA FEED Feito em parceria com o escritório de design Projeto de Perto, o ambiente criado para o grupo Feed, loja especializada em carnes especiais, já se destaca pelo diferencial do tipo de produto que o estabelecimento comercializa. Era preciso criar um espaço que conseguisse apresentar aos clientes da loja toda a filosofia da marca, que não poderia de forma alguma cair no estereótipo de açougue comum. Acolhedor e divertido, o local consegue atrair a atenção tanto dos apaixonados e especialistas em carnes gourmet quanto daquelas pessoas curiosas ou interessadas somente em comer bem. A Loja Feed é constituída por ambientes muito assépticos, rodeados de elementos descontraídos, que conseguem quebrar a seriedade e aproximar mais os clientes do produto final. A mistura de caixotes coloridos, peças assinadas de mobiliário, entre outros elementos, fazem do espaço Feed um local de vendas de carnes diferente de tudo que já foi visto.


CITIES

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CITIES

PLANEJADA PARA AS PESSOAS por Kate Caldas e Cristina Souza

O CONCEITO DE RUA COMO UM ESPAÇO DE CONVÍVIO E ENCONTRO – E NÃO APENAS DE CIRCULAÇÃO DE CARROS – ADOTADO EM COPENHAGEN É MODELO PARA NOVOS PLANEJAMENTOS URBANOS QUE PRIORIZAM A CIRCULAÇÃO DE PEDESTRES E CICLISTAS.


CITIES Thomas Rousing / copenhagenmediacenter.com

COPENHAGEN VIROU EXEMPLO MUNDIAL DE COMO REPENSAR UM LUGAR PARA OS SEUS HABITANTES.

O planejamento urbano da capital da Dinamarca considera a rua como lugar de convivência entre carros, pedestres e ciclistas

A VIDA NO CENTRO Uma arquitetura projetada para priorizar

Copenhagen surgiu da evolução de um vilarejo

pedestres e ciclistas – e fechar para o uso de car-

os pedestres, com áreas de lazer, ruas que

de pescadores do século XI, época em que a vida

ros gerou polêmica: a ideia não foi bem recebida

privilegiam a locomoção a pé ou de bicicleta

pública acontecia na rua, sem influência do trân-

pelos comerciantes nem pela imprensa, que presu-

para diminuir o impacto do uso de carros e

sito barulhento ou de arranha-céus vertiginosos

miram que o clima frio não incentivaria a mudança

com foco na qualidade de vida das pessoas

interferindo na paisagem. Com o progresso da

de hábito e que a calçada cairia no abandono.

são características do Novo Urbanismo.

civilização, no entanto, esse cenário modificou-se

Este tipo de planejamento é inspirado nos

gradualmente e a transformação urbana acom-

O projeto do inovador arquiteto, porém, saiu do

arquétipos de povoados de séculos passados,

panhou o surgimento e popularização dos carros.

papel e deu origem ao Strøget, maior calçadão

antes da popularização do uso de automóveis,

Esse crescimento alterou as vias, que deixaram de

para pedestres da Europa, bem no Centro de Cope-

com o propósito de valorizar a relação

ser favoráveis para as pessoas e passaram a ser

nhagen, que é a junção de seis ruas em sequência.

entre as pessoas e as cidades. Na Europa,

pensadas para os automóveis.

Fundada em 1962, logo caiu no gosto da população,

esse movimento moderno já influenciou a

que transformou em lugar de convivência, lazer,

transformação de centros urbanos como

A capital da Dinamarca mudou o conceito do uso

ponto de encontro, caminhada e ciclismo a avenida

Veneza, Lyon e Amsterdam. A revitalização

das ruas na década de 60, quando o arquiteto Jahn

antes ocupada por carros. O movimento de “tra-

de uma cidade europeia, no entanto, ganhou

Gehl sugeriu um calçadão no lugar de uma avenida

zer a vida” para Strøget fez surgir a maior atração

notoriedade e virou exemplo mundial de como

comercial, bem no meio da cidade. A proposta de

turística da cidade e o comércio da região ganhou

repensar um lugar para os seus habitantes.

transformar o local em um espaço público – para

muito mais com o constante flanar de pedestres.

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É PRECISO PRIMEIRO ENXERGAR A CIDADE E ENTENDER COMO ELA FUNCIONA, PARA DEPOIS REPENSAR SEU PLANEJAMENTO.

Ppictures / shutterstock.com

CITIES

CIDADE PARA AS PESSOAS Cunhado por Jahn Gehl, o termo “Cidade para

Institute, a Blueseed Co. e o Startup Cities Ins-

as Pessoas” trouxe para debate novos pro-

titute, projetos que visam criar cidades autô-

jetos urbanísticos, com um jeito diferente

nomas como mecanismo de desenvolvimento

de viver a cidade. Para o arquiteto dinamar-

político, social e tecnológico.

quês, ruas e calçadas devem se entrelaçar, misturando pedestres, ciclistas e motoristas,

Porém, para Anthony, a ideia funciona bem

criando espaços compartilhados. Essa nova

em Copenhaguen porque a cidade possui um

estrutura derruba o conceito de que, para

padrão mais exclusivista, refreando o número

controlar e diminuir o fluxo de carros, é pre-

de pessoas que procuram o local para residir

ciso projetar mais ruas. Esse pensamento fa-

e inibindo o crescimento desordenado de no-

vorece o surgimento de trânsito, pois essas

vas obras, que culminaria na perda da identi-

novas ruas serão ocupadas por mais veículos.

dade do município. “Copenhaguen encontra-se

Ao repensar o local com foco nas pessoas,

em uma encruzilhada: caso a cidade se espa-

a solução seria construir ciclovias e outras

lhe, crescendo demais nas periferias sem au-

formas de se locomover, para incentivar os

mento de densidade, não conseguirá susten-

moradores a abandonarem o carro. O Novo

tar a qualidade de vida com alto percentual

Urbanismo lança o desafio de redefinir o con-

de ciclistas circulando pelas ruas. Caso decida

ceito de cidade existente e estabelecer para

desenvolver sua zona central para acomodar

que e quem servem.

os novos habitantes, também perderá sua característica de pequena cidade europeia, além

Jahn virou referência mundial no resgate de

de alguns edifícios históricos”, explica.

espaços urbanos ao transformá-los em lugares melhores de se viver, priorizando a

Para criar qualidade de vida em uma cidade

convivência para favorecer a relação entre

sem torná-la restrita, é essencial pensar na

as cidades e os seus habitantes. Os projetos

infraestrutura para comportar o crescimento

urbanísticos da Gehl Architects são casos

urbano sem interferir no bem-estar dos seus

bem-sucedidos de reformulação de grandes

moradores. Para o urbanista Jan Gehl, exis-

centros, porque são pensadas estratégias es-

tem doze critérios que auxiliam a moldar um

pecíficas que funcionem para aquele local. É

lugar bom para o convívio. São eles: proteção

preciso primeiro enxergar a cidade e entender

contra o tráfego, priorizando os pedestres;

como ela funciona, para depois repensar seu

segurança nos espaços públicos, garantindo

planejamento. “Copenhaguen e o trabalho de

que as áreas tenham vida dia e noite; proteção

Gehl geraram uma legião de seguidores mun-

contra experiências sensoriais desagradáveis,

do afora, desde influenciando a criação de

como fortes chuvas, temperaturas altas e

blogs como o Cidades Para Pessoas, da jorna-

vento; espaços para caminhar com acessibili-

lista Natália Garcia, até a criação de um termo

dade garantida a todos; áreas agradáveis para

próprio, ‘Copenhaganize’, referindo-se a proje-

a permanência; ter onde sentar e descansar;

tos que incentivam o uso da bicicleta no meio

possibilidade de observar paisagens interes-

urbano e, é claro, uma ‘cidade para pessoas’.

santes; oportunidades de conversar; locais

Gehl certamente fez um ótimo trabalho: 97%

para se exercitar; prédios projetados para a

dos moradores se dizem satisfeitos com a

escala humana e possibilidade de aproveitar

cidade”, ressalta Anthony Ling, arquiteto e

o clima de acordo com cada estação e boa

urbanista colaborador com o Seasteading

experiência sensorial.

A estátua Pequena Sereia, localizada na baía de Copenhagen, é símbolo da cidade e do país

41


CITIES

O JEITO GEHL DE PERCEBER A CIDADE 1) Pensar nas pessoas em primeiro lugar. 2) Coletar informações sobre como as pessoas usam a cidade. 3) Testar algumas ideias, como remover um estacionamento de carros para construir um de

4) Colocar projetos de maior escala em prática, projetos pensados para as pessoas, feitos para melhorar a qualidade de vida. 5) Estabelecer um senso de respeito entre as pessoas que utilizam a cidade, balanceando a importância que se dá aos diferentes modais de transporte.

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Ty Stange / copenhagenmediacenter.com

bicicleta, para ver como as pessoas reagem.


vvoe / shutterstock.com

CITIES

Planejado pelo arquiteto Jahn Gehl, Stroget é o maior calçadão para pedestres da Europa e virou atração turística de Copenhagen

VOU DE BIKE Elas ocupam menos espaço, não denigrem o meio

por ano, eles percorrem mais de 1,2 milhões de qui-

tivesse sido de baixo para cima, e não de cima

ambiente, promovem a saúde de quem usa e

lômetros sobre duas rodas, contra cerca de 600

para baixo, as cidades teriam se tornado um

possuem um ótimo custo-benefício. Mesmo com

mil quilômetros de metrô. Apesar de o Brasil ser

lugar mais interessante de se morar, com uma

tantas vantagens, principalmente se comparadas

o terceiro maior produtor de bicicletas do mundo,

evolução mais dinâmica e respeitando a diversi-

com os automóveis, as bicicletas ainda estão lon-

sua utilização não é tão difundida. Timidamente,

dade no transporte”, completa o arquiteto Ling.

ge de serem consideradas uma boa alternativa

existem grupos que lutam pela sua popularização,

Algumas cidades brasileiras, como Santos (SP)

para a mobilidade urbana no Brasil. Existe quem

propondo soluções para tornar sua utilização viá-

e Curitiba (PR), movimentam-se em relação às

defenda que o transporte não é eficaz para tra-

vel. Essa mudança não se limita somente à rees-

mudanças de infraestrutura e unificação dos

jetos mais longos ou para se locomover em

truturação das avenidas e ruas, que em sua maio-

métodos de translado. Santos é uma das cida-

grandes centros, porém os índices das cidades

ria foram construídas visando os automóveis, mas

des com mais estrutura, possuindo ciclovias

europeias comprovam justamente o contrário.

também na integração com o transporte público

que não se limitam somente à sua orla, mas

Copenhaguen é o melhor exemplo a ser citado

– já que muitas pessoas precisam percorrer longos

que percorrem a divisa até a cidade vizinha, São

quando se fala sobre o sucesso da implementa-

trajetos – e difusão cultural de seu uso, que ainda é

Vicente, além da região portuária. A capital pa-

ção do deslocamento sobre duas rodas: segundo

vista com certa hostilidade.

ranaense, por sua vez, conta com o programa

o Denmark, site oficial da Dinamarca, o número

“Pedala Curitiba”, monitorado por técnicos do

de bicicletas na capital já supera o de habitantes,

“Não adianta fazer uma faixa isolada para bi-

esporte e acompanhado por agentes de trânsito

e 50% de seus moradores a utilizam diariamente

cicleta, pois ela acabará se tornando para uso

e guardas municipais, garantindo não somente o

para trabalhar e estudar.

recreativo, ou nem isso. Ninguém a tiraria de

incentivo à circulação, mas também a segurança

casa para andar metade do seu percurso a pé.

durante os trajetos. Não é preciso transformar

Com uma estrutura voltada para a disseminação

Décadas de planejamento urbano voltado para o

as cidades brasileiras em uma nova Copenha-

do transporte alternativo, Copenhaguen possui

carro não podem ser corrigidos de um dia para

guen, mas o município dinamarquês é um ótimo

mais de 400 km de ciclovias totalmente equipadas

o outro, mas dependem de mudanças não só

modelo para repensar um novo modo de residir

e seguras para o uso coletivo. Os moradores não

no transporte viário como na regulamentação

e conviver coletivamente, ainda que em grandes

se intimidam quanto à utilização desses espaços:

da construção civil. Talvez se o planejamento

espaços populacionais.

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ESPECIAL CAPA

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ESPECIAL

A TENDÊNCIA É SE SENTIR BEM PRÉDIOS PROJETADOS PARA O CONVÍVIO E QUE MINIMIZAM AS FRONTEIRAS ENTRE AMBIENTES INTERNOS E EXTERNOS. por Cristina Souza

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ESPECIAL CAPA

Assim como na moda, a arquitetura também segue tendências que se alteram com o passar do tempo. A cidade nada mais é do que o reflexo de sua população: se as pessoas que ela abriga acabam mudando, é natural que ela siga esse caminho. Apesar de aparentemente estática, está sempre em movimento. Prédios não são apenas concretos armados e tijolos modelados em um formato que atenda às necessidades executivas. São estruturas povoadas por pessoas. Suas paredes guardam histórias, dentro de suas salas são tomadas decisões, a paisagem de suas janelas inspiram mentes aflitas ou acalentam olhos cansados após horas em frente a uma tela de computador. Sendo as casas e os edifícios protagonistas das histórias que a cidade abriga como cenário, os arquitetos são os escritores que fazem a conexão desse contexto. Há algum tempo, falar de prédios comerciais remetia imediatamente a imagens de grandes edifícios cinza e quadrados, totalmente fechados, com muitas, porém pequenas, janelas. Eles precisavam ser vistos com certa seriedade para serem notáveis, e não se pensava neles como parte de um cotidiano partilhado. Prédios comerciais tinham um padrão estético e eram voltados exclusivamente para o comércio, prédios residenciais para servir de morada e assim por diante. Antes, se não havia uma ligação entre si, atualmente se trabalha para incitar o compartilhamento, pala-

mesmo tempo em que torna o trabalho mais in-

tenção de promover essa interação entre cidade

vra cada vez mais frequente no vocabulário e no

teressante”, acredita.

e pessoas. “Antes não se pensava na estética e

estilo de vida contemporâneo.

nessa ligação de ambientes com a rua. O maior Para criar essa sensação de liberdade, o arqui-

ícone comercial de Florianópolis, que é o Ceisa

Com mais de 30 anos de atuação em Santa Ca-

teto aposta na inserção de aberturas maiores,

Center, por exemplo, é composto por milhares de

tarina, o arquiteto Roberto Rita e sua equipe do

janelas mais baixas e amplas, além de esquadrias

janelas muito pequenas. Nas construções mais

escritório Mantovani e Rita estão entre os escri-

com mais espaços, que ao mesmo tempo em que

antigas, o vidro quase não era usado e, hoje, o

tores que contribuem para a criação da história

aumentam o ambiente também contribuem para

ideal é vidro de cima a baixo. A grande mudança

arquitetônica catarinense. Utilizando sua criativi-

o melhor aproveitamento da luz natural. “Geral-

que acontece no Brasil, nas grandes construções

dade e suas referências culturais para dar vida

mente se faz escritórios com janelas altas e isto

e escritórios, é investir em aberturas maiores”,

aos blocos de tijolos e cimento, além de movi-

é um grande erro para mim. Com janela baixa,

aponta. Para ele, é preciso esquecer os muros da

mento, literalmente, aos prédios e casas que

você fica no mesmo nível com o que acontece

maneira como eram utilizados, colocando vidros

compõem essas cidades.

no exterior. Assim, a ligação dentro-fora fica

ou grades vazadas para que as pessoas - e os

perfeita. Cada vez aumentamos as janelas para

prédios - não fiquem escondidos. “A iluminação

Para Rita, é preciso quebrar o paradigma de que

diminuir essa sensação de confinamento. Como

do ambiente também é um destaque. Você pode

escritório tem que ser algo isolado, deve-se inte-

a maioria dos trabalhos são realizados na frente

passar tranquilamente no hall de um prédio du-

grá-los à cidade, fazer desse ambiente algo har-

do computador, você fica limitado àquela tela.

rante a noite que não estará na escuridão total.

monioso e compartilhado. “Defendemos a ideia

Quando precisa parar, telefonar, é bacana ter um

Iluminado, ele fica mais seguro e confortável,

de usar este prazer em estar dentro do escritó-

visual agradável”, ressalta o arquiteto.

além de visualmente agradável. Pensamos des-

rio. Queremos prédios com hall aberto ao públi-

sa maneira para criar ambientes cada vez mais

co, com galerias, cafés, pois com essa ligação do

Além da liberdade, Roberto também defende a

gostosos de viver. Quanto mais bonita é a cidade,

interno com o externo fica mais gostoso viver, ao

transparência, a derrubada dos muros com a in-

mais feliz é o seu povo”, ressalta Rita.

46


ESPECIAL

ESPAÇOS COMPARTILHADOS

“SENDO AS CASAS E OS EDIFÍCIOS PROTAGONISTAS DAS HISTÓRIAS QUE A CIDADE ABRIGA COMO CENÁRIO, OS ARQUITETOS SÃO OS ESCRITORES QUE FAZEM A CONEXÃO DESSE CONTEXTO.”

Grandes janelas e aberturas maiores são uma ótima

Para o arquiteto, é possível promover esses es-

solução para criar ambientes esteticamente mais

paços mesmo sem possuir um térreo comercial.

bonitos e saudáveis para quem está do lado de den-

“A maior vitória de uma cidade é essa ligação

tro, mas como promover de fato essa ligação entre

dentro-fora. É preciso quebrar o tabu de que a

as pessoas que estão lá fora? Para Rita, a saída é in-

propriedade deixa de ser tua se for compartilha-

vestir nos térreos urbanos, explorar esse pedaço que

da com as pessoas. Por que um hall de entrada

ficaria sem uso. É preciso estender os projetos até as

não tem que fazer parte do visual da cidade?

ruas das cidades, criar jardins que ofereçam bancos

Mesmo que não possua loja, um hall pode - e

confortáveis para o público e que de fato se integrem

deve - ser aberto. É um lugar para sentar, ler um

ao cenário. “Pode-se investir em lojas, cafés e espa-

livro, conversar, passear, vivenciar momentos. É

ços urbanos. É muito mais reconfortante você morar

preciso sempre conectar a vivência, o ser huma-

ou trabalhar em um lugar em que possa descer para

no em primeiro lugar”. Roberto destaca alguns

tomar um café, comer algo de qualidade e com um

projetos em Florianópolis que já estão traba-

visual bacana. Em locais como Nova Iorque ou em ci-

lhando com essa ideia, como o Edifício Koerich

dades europeias, é comum que um terreno de dez mil

Empresarial, que interliga ao mesmo tempo três

m² tenha dois mil m² com hall de entrada particular

ruas do centro da cidade e possui um visual di-

e os outros oito mil m² abertos ao público. Prédios

ferenciado dos prédios comerciais mais antigos.

robustos já ocupam uma parte enorme em cima das

Segundo o arquiteto, essa já é uma realidade em

cidades, então por que não retribuir oferecendo uma

metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro, e

boa estrutura térrea? Precisamos sonhar com uma

espera que outras cidades cada vez mais se ade-

cidade cada vez mais humana”, questiona Roberto.

quam a essa visão.

47


Divulgação

ESPECIAL CAPA


ESPECIAL

A PROPOSTA DO ARQUITETO PARA QUEBRAR O CLIMA DE SERIEDADE EM SALAS QUE NÃO PODEM OUSAR MUITO É APOSTAR NOS DETALHES, NA ARTE E NO PAISAGISMO.

POR DENTRO DO AMBIENTE Já que as cidades estão aos poucos recebendo

padrão. Aposto sempre em móveis com design

uma roupagem mais atual, qual estilo definiria

que se destaquem. Peças de madeira, com toras,

os novos ambientes comerciais? Essa questão

algo com uma cor diferenciada, mas que não se

pode ser considerada dúbia, afinal, cada recinto

destoam de maneira exagerada, além de muitos

é retratado de acordo com a personalidade da

vasos, quadros e obras de arte”, completa.

proposta que defende. Porém, ainda assim, é possível ousar até mesmo em lugares conside-

Empresas que fogem da monotonia e que têm a

rados mais tradicionalistas, como escritórios de

criatividade como peça-chave, ousar é uma pala-

advocacia ou consultórios médicos.

vra muito bem quista. Escritórios de comunicação, startups, bares e restaurantes conceituados,

Para Rita, a grande aposta é o estilo minimalista,

livrarias ou lojas de roupas têm se tornado refe-

que consegue comunicar com elegância a propos-

rência também por seus ambientes, que não cos-

ta do local, mas sem precisar de exageros. “Nossa

tumam poupar imaginação na hora em que são

linha arquitetônica é sempre mais para o moderno

compostos. Cores vibrantes, pop art, estilo retrô,

contemporâneo, trabalhando essa ligação com o

móveis com toques de humor, peças garimpadas

clean, essa força do menos é mais. Procuramos

em antiquários ou lojas populares, entre outras,

nos expressar por esse viés”, explica. A proposta

são algumas das referências que se encontram

do arquiteto para quebrar o clima de seriedade

nesses lugares. Até mesmo um simples telefone

em salas que não podem ousar muito é apostar

ou uma caixa registradora podem se tornar obje-

nos detalhes, na arte e no paisagismo, que que-

to de decoração, tudo depende do conceito que

bram um pouco do clima pesado que, às vezes,

o local quer apresentar. O importante é deixar a

costuma pairar no ambiente. “Mesmo em escritó-

criatividade fluir sem freios e se permitir viajar

rios mais sisudos, procuramos romper com esse

nas mais variadas referências.

49


DEGUSTE

aconchegante NATURALMENTE

SITUADO EM UM DOS CARTÕES-POSTAIS MAIS ACLAMADOS DA ILHA, O FEDOCA DA BARRA UNE O PRAZER DE DEGUSTAR UM BOM PRATO COM A SATISFAÇÃO DE SE SENTIR EM MEIO À NATUREZA.

por Cristina Souza com fotografia de Michel Téo Sin

Esqueça o barulho das buzinas, o cheiro comum de uma metrópole ou os tons

boa música e, claro, degustar os sabores exclusivos preparados pelo anfitrião.

acinzentados que vestem o coração de uma cidade. Ali, o tom predominante é o verde, presente na suavidade do encontro entre as águas do mar e da lagoa,

A Fortaleza da Barra da Lagoa foi o local escolhido para receber o Fedoca do

existente na natureza que emoldura todo esse cenário.

Canal, que há pouco mais de um ano conquista admiradores que fazem do restaurante a rota para o seu passeio. Sem propaganda ou grandes campanhas, a

O ronco forte dos motores se mistura com a suavidade da voz de Gal cantando

divulgação é feita no velho boca a boca, e assim como o aroma de seus famosos

sobre a cena brasileira, o cheiro de maresia se confunde com o aroma de condi-

pratos, espalha-se pelo ar e cativa a todos.

mentos fortes, anunciando que em breve mais um prato estará pronto para ser apreciado. É neste clima afável, com o tempo passando ao ritmo da MPB, que o

“A ideia do Fedoca do Canal é ter um local próprio, mas com certas diferenças

renomado Chef Fedoca, reconhecido em Florianópolis por seus quase 30 anos

em relação ao Chef Fedoca. Investimos sempre nos frutos do mar da região. O

de atuação na alta gastronomia, pode unir a vontade de ter um local próprio

cardápio é montado de acordo com a estação: em março, fizemos o Festival da

para receber amigos e a paixão de preparar pratos que resgatam a culinária

Lula, que são pescadas aqui na costa nessa época do ano”, ressalta o chef. Para

tradicionalista da Ilha. As receitas são preparadas com ingredientes frescos da

ele, o novo restaurante também é fruto de uma maturidade conquistada ao lon-

estação e temperados com um pouco da nostalgia inigualável das refeições fei-

go de sua caminhada. “Contando toda nossa trajetória, atuamos há 29 anos. O

tas na cozinha materna.

Fedoca surgiu de maneira muito simples. No início, éramos uma lanchonete de aperitivos, que se transformou em restaurante, depois alcançou o auge com a

Já consolidado com seu restaurante Chef Fedoca, que está situado em frente ao

gastronomia mais elaborada e agora viemos com essa proposta de evidenciar os

cais da Lagoa da Conceição desde 1997, Fedoca aposta agora em um ambiente

frutos do mar fresquinhos, além de outros pratos típicos, como feijoada e pirão

que permite vivenciar todo o contexto do espaço, jogar conversa fora, ouvir uma

com linguiça. São esses detalhes que caracterizam o Fedoca do Canal”, explica.

50


51


DEGUSTE

TEMPERANDO COM SENTIMENTO Curiosidade e amor estão entre os ingredientes indispensáveis para a trajetória de sucesso do Chef Fedoca. Pescador desde criança, começou a se arriscar no preparo dos peixes que pescava com os amigos, que acabaram fisgados pelo estômago e pedindo para que ele tomasse as rédeas da cozinha. O caminho entre preparar pratos despretensiosos e ter seu próprio espaço surgiu naturalmente, fortificando-se com o passar dos anos. Embora agora aconteça de forma profissional, Fedoca continua cozinhando como se fosse para suas velhas amizades. Autodidata, não fez cursos para iniciar na gastronomia. As maiores lições que aprendeu foi observando sua família: “Minha avó é italiana, então a vida da nossa família sempre foi em torno da cozinha. Eu sempre fui muito curioso, observava minha mãe e avó cozinharem. Então fui desenvolvendo aquelas referências, e sigo assim até hoje, por conta própria. Claro que conforme a carreira foi se consolidando, fiz cursos, mas os grandes aprendizados que tive e continuo tendo são experimentando e arriscando”, explica Fedoca. Foi assim que o chef seguiu para conseguir a textura e o sabor perfeito de um de seus pratos mais famosos, o Polvo Crocante. “Estive em uns dez restaurantes experimentando polvo; de cada um eu guardava um sabor e adicionava na minha receita, até conseguir deixar da maneira que queria. Frescura, aliás, é reservada somente para itens que

O acesso ao Fedoca do Canal não se limita ape-

Apesar de estar crocante no ponto desejado, ainda

compõem o cardápio. Fedoca tomou o cuidado para

nas à estrada. A marina estrategicamente aco-

faltava algo. Provando um pouco mais, consegui-

construir um ambiente pronto para receber tanto as

plada ao local permite que os viajantes do litoral

mos desenvolver um vinagrete com ova de tainha

pessoas que saíssem direto da praia quanto empre-

possam fazer do restaurante um bom motivo

e azeitona verde, ficou perfeito”.

sários que fazem do local rota de fuga de sua rotina.

de pausa. “Hoje o Canal já permite a entrada de

“Quando montei o projeto do restaurante, reforcei

barcos maiores, de até 60 pés, então recebemos

Apesar de degustar e de se inspirar em sabores

que queria um local aconchegante, mas que não inti-

vários visitantes, pessoas que saem de Itapema,

diversos para criar os seus próprios, Fedoca conta

midasse as pessoas. Quero receber aqui tanto quem

Balneário Camboriú ou outros locais, ancoram

que certos pratos não consegue reproduzir. “Lem-

está de shorts de banho ou de terno e gravata, em um

no restaurante para almoçar e curtir o visual e

bro até hoje do bife de chapa que minha avó fazia

ambiente bem flexível. Também não me importo com

depois retornam para as suas cidades. O Fedoca

no fogão a lenha. Tenho esse sabor gravado, mas

decorações muito rebuscadas, deixo isso para a natu-

do Canal está virando parte do roteiro desses via-

não consigo fazer igual, de jeito nenhum. Devia ser

reza, que a cada dia nos contempla com algo diferen-

jantes”, ressalta.

mágica, ela cozinhava com muito carinho, aquele

te”, conta. E Fedoca conseguiu traduzir exatamente o

amor de avó transmitido para comida, então é algo

que desejava. Com mesas e cadeiras em tons de ma-

A ideia da marina foi determinante para a esco-

impossível de igualar”, relembra. O chef ressalta

deira rústica, quadros com fotografias que retratam

lha do local. O terreno ao lado, propriedade de

também que seu modo de cozinhar carrega mui-

as belas paisagens da Ilha e detalhes que encantam

Fedoca, acolhe os barcos que chegam do litoral

tas referências que aprendeu com a família e que

pela sua beleza e simplicidade, ele conseguiu criar um

catarinense e está sendo reformado para ampliar

nenhuma escola ensina. “Isso é uma coisa que se

ambiente inspirador e confortável.

a marina e o restaurante.

aprende com a vida”, completa.

52


DEGUSTE

“ESTIVE EM UNS DEZ RESTAURANTES EXPERIMENTANDO POLVO; DE CADA UM EU GUARDAVA UM SABOR E ADICIONAVA NA MINHA RECEITA, ATÉ CONSEGUIR DEIXAR DA MANEIRA QUE QUERIA.” Chef Fedoca

Com todo esse clima familiar, natureza exuberante

agradar ao paladar com todo o sabor brasileiro desse

e comida recheada de sabores únicos e tradicio-

prato típico, a trilha sonora também cativa. “Nossa

nalistas, o Fedoca do Canal não poderia ter outro

feijoada pode ser degustada ao som de um delicioso

destino senão o de servir de cenário para encontros

samba de raiz, feito por um grupo de primeira quali-

entre amigos. Observando esse movimento cons-

dade. É o encontro perfeito, o pessoal aprovou”, con-

tante, Fedoca organizou um jantar semanal para

ta. Com a intenção de fortificar essa união, ele tam-

que todos ficassem mais à vontade, realizado todas

bém organiza uma vez por mês um jantar dançante

as quintas com cardápio personalizado de acordo

para quarenta casais. A primeira edição ocorreu em

com a inspiração do chef e com os ingredientes

abril, e após uma semana de divulgação feita boca a

mais abundantes da semana.

boca o restaurante já estava com metade das mesas

Ingredientes frescos e frutos do mar da região compõem o cardápio do Fedoca do Canal

reservadas, mostrando o sucesso do evento. “O pessoal telefona para um, que liga para outro e assim vão se reunindo para colocar a conversa em dia.

Flexível, o espaço atende quem quer conversar des-

Recebemos amigos da época do colégio, gente do dia

pretensiosamente, curtir a natureza, organizar pen-

a dia, fornecedores, empresários da Grande Florianó-

samentos, fechar negócios, apreciar frutos do mar

polis, médicos, enfim, pessoas de todos os segmen-

da região ou comida típica da cultura catarinense ou

tos. Elas deixam o terno de lado, ficam mais informais

simplesmente fugir da rotina. “Trabalho como so-

e aproveitam para relaxar. Nesse clima, muitas vezes

corrista, moro na Beira Mar Norte, mas sempre que

negócios e parcerias se solidificam, porque está todo

tenho uma folga corro para cá. Frequento desde a

mundo com uma energia boa. O astral do ambiente

primeira semana que abriu. Não uso celular ou outros

reflete nas pessoas”, acredita Fedoca. O restauran-

aparelhos tecnológicos, desconecto, deixo o trabalho

te acomoda cerca de 40 pessoas, que chegam aos

de lado e fico curtindo esse espaço, que é esplêndido”,

poucos depois do expediente e vão se dissipando por

ressalta o médico Nichola Vergetis. Fedoca do Canal

volta da meia-noite. Seja para dar uma pausa ou para fortalecer laços, o

Av. José Laurindo de Souza, 291

Com o sucesso do encontro, o restaurante promove

Fedoca do Canal sempre irá receber todos com esse

Fortaleza da Barra, Florianópolis, SC

também a feijoada no almoço de sábado. Além de

aroma de nostalgia e aconchego no ar.

(48) 3234 4954

53


MY PLACE

ELO URBANO SEGUINDO A LINHA DOS PRÉDIOS ICÔNICOS DO URBANISMO EUROPEU, O KOERICH EMPRESARIAL FOI CONSTRUÍDO COM O CONCEITO DE INTEGRAR AMBIENTES CORPORATIVOS AO ESPAÇO DA CIDADE.

por Cristina Souza

54


MY PLACE

55


MY PLACE

“UM DOS MAIORES DESEJOS DOS ARQUITETOS É PROMOVER ESSA LIGAÇÃO ENTRE AS PESSOAS E OS PRÉDIOS, ESPALHAR ESSA LIBERDADE.” Divulgação

Roberto Rita, arquiteto

Situado no coração da cidade, transpira movimen-

Inspirado nos prédios cosmopolitas de Nova York,

explica Roberto Rita, responsável pelo projeto ar-

to, embora seja estático. É inerte apenas na teoria,

que já ganham cidades como São Paulo e Rio de

quitetônico do empreendimento.

afinal, interliga as três principais vias de Florianó-

Janeiro, o Koerich Empresarial prima pelos deta-

polis, fazendo parte do fluxo diário das pessoas

lhes – que vão desde seu estacionamento até as

Ainda para promover essa ligação, o hall de en-

que por ali passam. Poderia ser apenas mais um

salas, criadas com plantas funcionais para rece-

trada do Koerich Empresarial é aberto ao públi-

edifício comercial abrigando escritórios quadra-

ber empresas dos mais diversos estilos e tama-

co e se transforma em um ponto estratégico de

dos com trabalhadores apressados, mas surgiu

nhos, além de ambientes duplex bastante amplos

passagem, já que possui abertura para as três

para se tornar um ícone de um lugar que desde

para projetos mais robustos. No empreendimen-

vias. A ideia é tornar o espaço compartilhado e

1900 é um marco comercial na Ilha.

to, as janelas são mais extensas e constituídas

com um ambiente agradável para se tomar um

de vidro com oito milímetros de espessura, o

café, jogar conversa fora ou simplesmente des-

O Koerich Empresarial, localizado entre as Ruas

que possibilita mais aproveitamento da claridade,

cansar e a apreciar a inquietação urbana. “Um

Rio Branco, Osmar Cunha e Dom Jaime Câmara,

gerando economia de até 52% de energia, além

dos maiores desejos dos arquitetos é promover

difere-se pelo design arrojado, pela tecnologia es-

de uma vista deslumbrante e do vínculo com a

essa ligação entre as pessoas e os prédios, es-

trutural e, principalmente, por fazer parte de uma

cidade. “Trabalhar dessa forma se torna algo

palhar essa liberdade. Quando ampliamos as ja-

nova geração de empreendimentos que surgem

mais agradável, as pessoas estão no escritório e

nelas, abrimos os espaços, a limitação se esvai,

para conversar com a cidade, quebrar as barrei-

ao mesmo tempo a par do que se passa lá fora,

cria-se um ambiente mais bacana, que faz com

ras de espaço e integrar o dia a dia metropolitano,

vivenciando o que acontece ao redor. Com esse

que trabalhar e realizar as funções diárias fique

conectando-se naturalmente às histórias que se

padrão, a ligação dentro-fora fica perfeita, além

mais leve”, ressalta Rita.

cruzam em seus arredores.

de o prédio ficar esteticamente mais agradável”,

56


Divulgação

MY PLACE

Por fora, o Koerich Empresarial já se tornou um

uso comum também são equipadas com redutor

monumento por sua aparência peculiar, que des-

de consumo, tornando o local a união perfeita entre

toa dos outros prédios comerciais. Os detalhes em

tecnologia, design e sustentabilidade.

vermelho contrastados com tons pastéis colorem a paisagem urbana da Ilha, lançando uma tendên-

Para aqueles que precisam utilizar automóveis

cia nos novos empreendimentos. Por dentro não é

para locomoção, o Koerich Empresarial dispo-

diferente: as lojas possuem opções com mezanino

nibiliza um extenso estacionamento com vagas

e espaços de até 355,63 m², as salas duplex estão

rotativas e privativas. Além do espaço garantido,

disponíveis em tamanhos de até 820,33 m² e as

as garagens primam pelo cuidado oferecido ao

demais locações comerciais são encontradas em

veículo resguardado. Leves, limpas, nobres e cla-

até 405,50 m².

ras, possuem pisos, paredes, colunas e faixas de sinalização revestidas com cerâmica, para certifi-

Os pisos das áreas comuns são produzidos em ce-

car a longevidade e segurança, além de facilitar

râmica, granito e mármore. Todas as esquadrias

a mobilidade. Essa preocupação com os detalhes

são de alumínio com pintura eletrolítica, garantin-

e acabamentos de qualidade garante aos condô-

do melhor acabamento e qualidade.

minos um valor de condomínio livre de gastos extras desnecessários.

“QUANDO AMPLIAMOS AS JANELAS, ABRIMOS OS ESPAÇOS, A LIMITAÇÃO SE ESVAI, CRIA-SE UM AMBIENTE MAIS BACANA, QUE FAZ COM QUE TRABALHAR E REALIZAR AS FUNÇÕES DIÁRIAS FIQUEM MAIS LEVES.” Roberto Rita, arquiteto

Agilidade e consciência ambiental também fazem parte do projeto inovador. O prédio possui o ele-

O Koerich Empresarial é o marco da revolução em

vador mais rápido e tecnológico de Florianópolis,

empreendimentos comerciais de Florianópolis. Evi-

alcançando 2,5 metros por segundo e com sistema

dencia o novo modo de constituir a cidade e a inter-

inteligente de chamada, para não deixar que nin-

liga aos seus moradores de maneira mais dinâmica,

guém perca tempo. Além da economia que as jane-

fazendo com que o ambiente profissional – tanto

las maiores proporcionam, a iluminação é acionada

estrutural quanto em termos visuais – receba uma

por sensores de presença, eliminando o desperdí-

nova e moderna roupagem, dignas de uma metrópo-

cio. Todas as torneiras dos sanitários privativos e de

le que está em constante evolução.

57


MY PLACE

Na década de 90, a praça Potsdamer foi modernizada, destacando-se até hoje

INTEGRAÇÃO NATURAL AO REDOR DO MUNDO

POTSDAMER PLATZ

Em países europeus, essa ideia de empreendimen-

Considerada um dos marcos urbanos mais impor-

com predominância desse estilo também na co-

tos abertos para o público já é algo intrínseco: os

tantes da Europa até a metade do século XIX, a

bertura dos grandes pátios externos que fazem a

projetos já são pensados dessa maneira, sempre

Praça Potsdamer, em Berlim, recebeu uma nova

conexão entre as galerias e os prédios. Além disso,

contemplando a vida na cidade. Londres, no Reino

roupagem na década de 90, priorizando a urbani-

a praça é um exemplo de sustentabilidade para o

Unido, e Berlim, na Alemanha, trazem bons exem-

dade do local, mas com um visual mais moderno

mundo. Os materiais utilizados reduzem o consu-

plos desse tipo de vivência.

que perdura até hoje. Os edifícios foram projeta-

mo de energia e a emissão de gases poluentes,

dos ao entorno da praça para incentivar o grande

além de garantir um visual bonito.

fluxo de pessoas e vincular o local ao restante da cidade de maneira harmoniosa. Contemporâneo e

As esquadrarias de vidro promovem a redução de

clássico são mesclados de forma equilibrada, para

aproximadamente 50% do consumo de energia,

apresentar uma aparência mais tecnológica, sem

amortecem o vento, reduzem o ruído para dentro

fugir das raízes.

dos escritórios e transmitem luz e ar fresco para o ambiente, tornando o espaço agradável.

As fachadas dos edifícios são compostas por vidros laminados amplos e cerâmica em terracota,

58



COBIÇA

Iluminação com Estilo A definição da luz natural e artificial é tão importante em um projeto de decoração quanto a escolha das cores e dos móveis. Uma iluminação bem planejada, de acordo com cada ambiente, cria espaços bonitos e funcionais. A luminária, quando escolhida adequadamente, pode tanto integrar essa proposta quanto ser o próprio objeto de decoração. Conheça algumas peças com jeito de obra de arte e que trazem estilo para qualquer cenário, seja residencial ou empresarial.

FONDUE A luminária pendente do designer Luca Nichetto tem um formato inusitado, deixando o ambiente com uma decoração moderna e descontraída.

BLOOM A estrutura de aço laqueado e acetinado desenvolvida por Hiroshi Kawano representa uma flor abstrata, que dá um charme peculiar para a decoração.

60


COBIÇA

TORCH LIGHT BUNCH Com acabamento em PVC e polímero, a luminária assinada por Sylvan Willenz tem design inspirado nas lanternas e nos faróis de carro.

MELTDOWN LAMP O design do pendente criado por Johan Lindstén permite ser instalado individualmente ou compor uma sequência com mais unidades.

MODO Versatilidade: com uma estrutura de alumínio facilmente personalizável, a luminária projetada por Jason Miller pode ter de 1 a 27 lâmpadas.

Imagens: Divulgação

61


GIACOMELLI

em sintonia com o

CLIENTE A GIACOMELLI APRIMORA CONSTANTEMENTE OS SERVIÇOS PRESTADOS AOS CLIENTES, A PARTIR DA DEDICAÇÃO RECONHECIDA COM O CERTIFICADO ISO 9001 DE PADRÃO DE QUALIDADE.

por Cristina Souza

A Giacomelli Imóveis sempre priorizou o cuidado

cliente desde o momento que ele sai do escritório

autoatendimento no site, que permite a verifica-

e a atenção que destina aos seus clientes, pro-

até a hora que retorna. Procuramos sempre fazer

ção dos dados do contrato, datas de reajuste de

porcionando segurança, agilidade e confiabilidade,

o nosso melhor”, explica Antonio Giacomelli, dire-

aluguel, contas e outras manutenções realizadas

além do compromisso que possui com cada pes-

tor-geral e fundador da empresa.

no imóvel a qualquer momento, com segurança e

soa que faz parte da sua história e caminhada. Por

agilidade garantida.

ser especializada em aluguéis, a imobiliária conse-

Para evoluir constantemente, a Giacomelli percor-

gue focar ainda mais na personalização do atendi-

re o caminho inverso de outras empresas. No lu-

“Investimos grande parte dos nossos esforços

mento, com serviços exclusivos que garantem a

gar de expandir sua estrutura, abrindo filiais, man-

na parte tecnológica, para obter esse respaldo

liderança no ramo que atua.

tém o foco no cliente, priorizando um atendimento

positivo. Após o lançamento do novo site, imple-

diferenciado e desenvolvendo um sistema que

mentamos o serviço de autoatendimento, que

“Quando o cliente chega na Giacomelli para alugar,

atenda de forma satisfatória as etapas do serviço.

tem gerado um retorno muito bom dos clientes. A

encontra um corretor à disposição para acompa-

Aproveitando a tecnologia para facilitar a comu-

empresa pretende proporcionar essas possibilida-

nhá-lo até o imóvel. Abrimos o imóvel, mostramos

nicação e deixar o trabalho ainda mais dinâmico,

des, como resolver imprevistos e consultar imó-

para o futuro locatário, com o suporte de tecno-

a empresa oferece também recursos modernos

veis disponíveis para locação, via aplicativos para

logias como smathphones e tablets, que ajudam

presentes em sua estrutura: site, aplicativos mó-

smartphones e tablets. Inovar vai além de trazer

no feedback ao cliente durante a visita. A empresa

bile e muitos outros serviços que fazem com que

o novo, é cultivar relacionamentos, assim como a

investe bastante nesse serviço, temos uma equipe

a Giacomelli esteja sempre à frente no mercado.

Giacomelli faz, priorizando dialogar com o cliente

de corretores de plantão, mantemos a frota de

Para sanar qualquer dúvida, sem precisar passar

e fazer com que ele se sinta totalmente aberto e à

carro toda atualizada para oferecer conforto ao

por burocracias ou tempo de espera, foi criado o

vontade quando precisar”, ressalta o diretor.

62


GIACOMELLI

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CAPA GIACOMELLI

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GIACOMELLI

A empresa procura facilitar o processo de locação, otimizando o tempo do

investir nessa forma diferenciada de relacionamento. Essas novas formas

cliente, que não precisa se deslocar diversas vezes para conhecer o imóvel: é

de comunicação chegam sempre para que possamos evoluir, para prover

possível conferir todos os detalhes sem sair de casa. No site, estão disponí-

ao nosso público um conteúdo que seja interessante e, principalmente, per-

veis informações como tour 360º, fotos dos ambientes, planta baixa, mapa de

tinente”, destaca.

localização, vídeos sobre o empreendimento e valores. Toda a preocupação com suporte tecnológico e prestação de serviços gaCaso o cliente precise saber ainda mais sobre a futura locação, a Giaco-

rantiu à imobiliária a Certificação ISO 9001, atestado utilizado por mais de

melli possui um programa de televisão veiculado todos os dias na Rede

750 mil estabelecimentos em 161 países, que define o padrão de qualidade

Record e na TVCOM, que oferece mais detalhes. Os vídeos também estão

de uma empresa em vários aspectos. Para a Giacomelli, a certificação é uma

disponíveis no Youtube e podem ser assistidos a qualquer momento. Para

forma de melhorar continuamente. Focada em se especializar no serviço que

o diretor Marco Giacomelli, a comunicação é o ponto forte para melho-

oferece e proporcionar uma vida melhor para os seus clientes, a empresa

rar o relacionamento empresa-cliente. “É muito importante investir nessa

realiza pesquisas de satisfação para entender as necessidades de quem quer

construção da afinidade com o nosso público. Nós já atuamos nas redes

alugar. O certificado conquistado certamente reafirma o cuidado e o com-

sociais há alguns anos e fomos uma das primeiras empresas na cidade a

promisso, que são os pilares da empresa.

65


Divulgação Casa Cor / Sidney Kair

ESPECIAL

66


ESPECIAL

IDENTIDADE CATARINENSE ESPAÇOS QUE DESTACAM A PLURALIDADE DE ESTILOS E O REGIONALISMO DO ESTADO.

por Kate Caldas

Os ambientes da edição 2014 da Mostra Casa Cor Santa Catarina trouxeram a essência do estilo de vida catarinense. Com o tema SC Décor: Um Estado, todos os estilos, os arquitetos buscaram inspiração nas raízes do estado, traduzindo o regionalismo com sofisticação. Os projetos apresentaram um novo olhar sobre a nossa pluralidade, da serra ao litoral, trazendo para a decoração a arquitetura de cada região. Esse ano, o evento foi realizado simultaneamente em duas cidades, Florianópolis e Itajaí, com 45 ambientes distribuídos entre as duas sedes. Confira sete espaços que mostram a originalidade do jeito catarinense de ser.

CATARINA PÕE À MESA Arquitetos Mário Pinheiro, Dirlene Serrano e Ricardo Fonseca A cozinha gourmet foge do tradicional jeito doméstico e traz um ar industrial, sem deixar de lado o conforto e aconchego residencial. Para desenvolver o projeto, os arquitetos se inspiraram nos roteiros turísticos e nas belezas naturais, arquitetônicas e culturais catarinenses. No ambiente, apresentado na sede em Florianópolis, elementos opostos criaram um contraste na decoração, como o quente da madeira que reveste o piso e o frio da pedra que cobre as bancadas. Os objetos que compõem o espaço são regionais, assim como os móveis de design e os revestimentos.

Pinheiro e Serrano Fonseca Arquitetura psfarquitetura.com.br 48 3223.0270

67


ESCRITÓRIO DA EDITORA

SALA ÍNTIMA – RECANTO DA SERRA

Arquiteta Anelise Medeiros

Arquiteta Cristiane Passing

Projetado para atender às demandas de uma edi-

A sustentabilidade e o clima acolhedor da serra

tora de revista, o ambiente apresentou alternati-

catarinense foram os conceitos utilizados nesse es-

vas de design e decoração para inspirar espaços

paço voltado para o lazer e o descanso, ideal para

corporativos. Descontraído e informal, o escritório

reunir amigos e família. O SPA, localizado atrás do

foi pensado para estimular a criatividade, seguindo

sofá, é o destaque do ambiente e permite ao usuá-

também os conceitos de conforto e beleza. Dividido

rio relaxar e assistir TV ao mesmo tempo.

em estar, atendimento e reunião, o espaço foi elaborado com uma mistura de formas e materiais.

Para dar o clima da serra, a arquiteta utilizou madeira na decoração, composta também de

A elegância da cor preta foi aliada ao frescor do

diferentes estampas em cerâmica, releitura de

amarelo e são os destaques dos móveis que com-

azulejos artesanais e tecidos em cores neutras

põe o lugar. Piso de madeira natural, revestimento

e em tons de azul.

cimentício e um jardim permanente completam o design funcional do ambiente.

Anelise Medeiros

Passing Arquitetura e Construção

armarquitetura@brturbo.com.br

passing.com.br

48 3632 4299

48 3028 0404

68

Divulgação Casa Cor / Sidney Kair

Divulgação Casa Cor / Sidney Kair

ESPECIAL


ESPECIAL

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Divulgação Casa Cor / Sidney Kair

ESPECIAL

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Divulgação Casa Cor / Sidney Kair

ESPECIAL

SUÍTE EDUARDO E MÔNICA

HOME THEATER

Arquiteta Cíntia de Queiroz

Arquitetos Anna Maya e Anderson Schussler

A clássica música da banda Legião Urbana, Eduardo e Mônica, foi a inspiração

Despojado e contemporâneo, o espaço Home Theater foi pensado para mo-

desse projeto. Assim como no universo da canção, o ambiente traz harmonia na

mentos de lazer e diversão com os amigos e com a família. O projeto foi di-

diversidade do casal e retrata uma história de amor. Objetos dão o toque dos

vidido em dois ambientes, para filmes e jogos, e tem como cores principais

anos 80: discos de vinil emoldurados, bicicleta retrô e uma vitrola fazem parte

o laranja, o preto e o branco.

da decoração. Charmosos pufes integram a decoração, que ficou mais aconchegante e A arquiteta optou por revestir o espaço com uma das tendências da temporada,

acolhedora com a iluminação escolhida pelos arquitetos – destaque para

o piso vinílico, e escolheu o preto e o cinza como as cores destaque do mobiliá-

as sancas em formato de bolas que marcam a área do bar. O xadrez, forte

rio. Vermelho, amarelo e azul-turquesa completam a cartela de cores.

tendência em 2014, aparece em vários tons nos tecido e reforça o conceito da decoração.

Dividido em três espaços, uma estante de nichos vazados integra living bar, home theater e área íntima.

D. Queiroz Arquitetura

Anna Maya e Anderson Schussler

dqueiroz.arq.br

anna-anderson.arq.br

48 3348 1788

48 3028 1836

71


Divulgação Casa Cor / Lio Simas

ESPECIAL

LOUNGE CASABLANCA

THE GUEST ROOM

Arquitetos Vanessa Schimdt e Tabata Gesser

Arquiteto Herbert Evaristo e designer

e designer de interiores Aristide Pinheiro

de interiores Luiza Fortkamp

O ambiente traz uma mescla de culturas – mis-

O espaço é uma versão cosmopolita para o quarto

tura os estilos mediterrâneo e catarinense em

de hóspedes. A proposta do ambiente, apresentado

uma composição harmoniosa. Com referências

na sede da mostra na Praia Brava, em Itajaí, é uma

marroquinas, como o pórtico na fachada, a mo-

mistura entre o clássico e o indiano, com o calor do

dernidade do espaço fica por conta de composi-

inverno catarinense. A cartela de cores traz tons

ções gráficas e pelo mobiliário branco com azul.

mais sóbrios, como marrom, bronze e ferrugem,

Na decoração do ambiente do bar, uma canoa -

e a iluminação e as texturas tornam o lugar mais

peça exclusiva feita à mão – e uma bancada com

intimista, quase maximalista. Na grande suíte, um

textura croco são os elementos que integram a

lustre de cristal confere luxo à decoração. Peças de

arquitetura elegante do Lounge Casablanca.

alto padrão, mobiliário e telas exclusivas de um artista regional completam o espaço, projetado para

Blanc Concept Design

Estúdio HL – Arquitetura de Interiores

blanc@blanc1.com.br

estudiohl.sc@gmail.com

47 3360 2700

47 9986 2223 / 47 9921 4957

72

Divulgação Casa Cor / Lio Simas

receber com estilo e charme.


ESPECIAL

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ARTE

REGISTROS DE UMA MISCELÂNEA CULTURAL O FOTÓGRAFO CANADENSE SCOTT MACLEAY ABRE SUA BAGAGEM DE EXPERIÊNCIAS E CONTA COMO APLICA EM SUA ARTE O LEGADO DOS LUGARES QUE JÁ MOROU.

Divulgação

por Cristina Souza

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ARTE

Divulgação

ARTISTAS SÃO “CIGANOS DA ALMA”, QUE PRECISAM SER LIVRES, CONFRONTAR OS MEDOS E A INSEGURANÇA, COLOCAR PARA FORA OS RECEIOS E NÃO TER LIMITES NA HORA DE CRIAR.

Quando o assunto é fotografia, normalmente

Nascido na pequena cidade de Thunder Bay, locali-

tradicional local, mas não necessariamente. Essa

se pensa em algo estático, que congela um mo-

zada ao norte da província de Ontário, no Canadá,

é a formação, é o conteúdo da educação do indi-

mento único e especial. Essa ideia limitada sobre

MacLeay atribui suas características artísticas à

víduo, mas não precisa ser o tema da arte. Sendo

essa forma de registro não passa pela cabeça

vida no pacato município. Para ele, as condições cli-

a educação bem-feita, o trabalho é uma reflexão

do canadense Scott MacLeay, fotógrafo, compo-

máticas extremas e o isolamento ajudam a moldar

disso, acontece naturalmente”, completa.

sitor e artista gráfico, que transmite em seus

a personalidade forte das pessoas que lá vivem, e

trabalhos uma sensibilidade única e misteriosa,

o local de origem é algo que caminha sempre com

Assim como sua arte, MacLeay também está sem-

traduzindo a sua visão peculiar sobre o mundo.

as pessoas, independentemente das experiências

pre em movimento. Após trinta anos morando

Para ele, artistas são “ciganos da alma”, que

que venham a adquirir ao longo da sua jornada.

entre Paris e Nova Iorque, foi na capital de Santa

precisam ser livres, confrontar os medos e a

“Um artista da Ilha não precisa necessariamente

Catarina que encontrou refúgio e inspiração para

insegurança, colocar para fora os receios e não

fazer arte pautado apenas nas tradições daqui.

continuar suas obras. “Passei por vários lugares

ter limites na hora de criar. MacLeay escolheu a

Caso a formação e educação dos cidadãos inclua a

do mundo, com milhões de pessoas, festas e ba-

capital catarinense como moradia e palco para

cultura local, eles vão incorporá-la naturalmente,

rulhos. Em determinado momento, precisamos

expor seus mais recentes trabalhos: duas ex-

tornando-se parte da identidade. Sou canadense,

usar essa energia de grandes centros urbanos; em

posições diferenciadas, que ocorreram entre os

venho de um lugar pequeno, onde cultura não é

outro, a cidade começa a sugar isso de você e é

meses de maio e junho, apresentando algumas

prioridade. Morei 30 anos em Paris, tive várias re-

hora de se mudar para um lugar mais calmo. Não

obras inéditas de sua autoria, além dos traba-

ferências, mas nada pode apagar aquilo que vivi na

preciso morar em São Paulo ou no Rio de Janeiro,

lhos de seu professor e de vinte alunos brasi-

minha pequena cidade, que me transformou como

mas sim aqui, com essa beleza e tranquilidade,

leiros e estrangeiros. As exposições quebraram

pessoa. Então, tudo que faço, indiretamente carre-

que me oferecem um nível de sofisticação muito

o paradigma existente ao redor da fotografia

ga essa informação”, ressalta. Segundo o fotógra-

bom. Florianópolis é quase única, com infraestru-

autoral, além de apresentar formas criativas de

fo, em Florianópolis há certa confusão quanto ao

tura de cidade moderna e, ao mesmo tempo, com

trabalhar com as novas mídias, outra vertente

que é produzido nesse meio. “As pessoas pensam

bairros que possuem características das cidades

muito forte na carreira do artista.

que o conteúdo tem que remeter a uma atividade

de 50 anos atrás”, explica.

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Divulgação

ARTE

O talento de artistas locais e a sensibilidade misteriosa do fotógrafo canadense em exposição na capital catarinense: a perspectiva pessoal retratada em imagens

AGENT PROVOCATEUR O ditado popular diz que “uma imagem vale mais

tistas reconhecidos não compartilham tudo com

ideias. “As pessoas entram em contato comigo

do que mil palavras”. Além de dispensar vocabu-

os jovens. Somente pessoas inseguras com suas

para saber sobre a arte e a fotografia. Peço que

lário, as obras de MacLeay despertam vários sen-

ideias não as querem compartilhar. Quando você

elas venham até a minha casa, pois quero saber

tidos, são abertas a muitas interpretações. Mais

deixa de falar do conteúdo das suas fotos, e pas-

se ela possui o gosto pelo risco, afinal não quero

que desenhar com luz – etimologia da palavra

sa a falar de você, do processo, do conceito, de

que nenhum de nós perca tempo. Tem que haver

fotografia – o resultado de seu trabalho é pura

como sua mente funciona sobre determinado

uma afinidade em ambos, tem que fluir para que

sinestesia, fruto dos diversos métodos utilizados

assunto, inúmeras perspectivas se abrem sobre

haja essa troca, esse contato. Minha abordagem

durante o processo de criação. “Sou bastante in-

o mesmo tema. Ninguém é similar, por isso, é im-

é bem diferente do comum, acho que é preciso

fluenciado pela música e noção de tempo. Todo

portante falar da sua viagem interna, e não do

ter esse alimento. Eu peço para eles fazerem o

mundo pensa que fotografia é um momento de-

portfólio produzido. Os interesses de uma pessoa

que não gostam, afinal, quando não gostamos

cisivo, mas eu não gosto de pensar assim. Penso

são muito particulares, então não posso determi-

de algo, geralmente é por medo ou insegurança.

que fotografia é a maneira de falar da passagem

nar se o que ela fez é válido ou não, ao contrá-

Artista não é uma pessoa que não tem medo, ele

do tempo, da evolução das coisas. Não faço foto

rio: deve-se perguntar o motivo de fazer aquilo,

é como todo mundo, mas o trabalho dele é con-

do que vejo, faço do que eu penso, por isso me

daquela maneira, ou então o porquê de ser tão

frontar essas coisas, correr riscos e investigar o

inspiro na música, pois é uma área dominada pela

fechado para certas abordagens. Por medo? Por-

sentido disso. Eu trato de descobrir áreas onde

emoção, pensamento e abstração”, conta. Scott

que é difícil olhar no espelho e se descobrir? Isso

eles não têm confiança e faço irem por ali”, con-

ressalta que não escolheu fotografia devido às

pode ser muito complexo”, instiga.

ta. Scott não gosta de chamar de aluno quem o

suas qualidades técnicas ou artísticas, mas sim pela visão subjetiva que ela oferece.

procura, afinal ele também aprende a cada expeEssas provocações figuram o método de ins-

riência. “Tenho mais a compartilhar por ser mais

truir adotado por MacLeay, que opta por incitar

velho ou por ter mais experiência internacional,

Com tanta experiência e contatos com as mais

os conflitos internos que afligem quem deseja

mas não é porque tenho mais talento, e sim por-

variadas formas de expressão ao redor do mun-

compartilhar o conhecimento com ele. Porém, é

que tenho mais vivências. É preciso trabalhar o

do, Scott não permite que seus conhecimentos

preciso estar aberto a certas provocações, sen-

interior de cada um. Convivemos tanto que acaba

não sejam difundidos. “Nunca entendi como ar-

tir de fato vontade de abrir a mente para novas

virando uma família”, completa.

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Divulgação

ARTE

ILHA DA CULTURA As exposições organizadas por MacLeay reafir-

de artistas locais e também dos estrangeiros que

uma visão ampla sobre esse tema. “Fiquei com

maram a potência cultural que Florianópolis pos-

utilizaram Florianópolis como inspiração, e pos-

vontade de realizar uma exposição só com o tra-

sui, mas que ainda é pouco explorada. Segundo

suem a influência da cidade como parte da sua

balho dos jovens. Não foi uma extensão da outra,

ele, é preciso mudar a visão limitada que acome-

trajetória. “Na exposição ‘Interferências - Scott

nessa temos a influência das novas mídias. Tem

te inclusive a quem trabalha no meio. “Acredito

Macleay e convidados: O caminho para Florianó-

de tudo: vídeo, foto, livro, artesanato. Acredito

que os artistas daqui possuem o mesmo talento

polis’, que ocorreu no Espaço Lindolf Bell, tivemos

que a fotografia tradicional está morta, ela vive

que os de fora, então eles merecem o mesmo

os trabalhos de vinte jovens artistas que atuam

em junção com as outras mídias. Só gente que não

respeito. Existe uma medida mundial sobre talen-

comigo aqui, além de obras do Ted Scott, meu úni-

pratica isso ainda não sabe, mas vai descobrir. O

to, não existe nível Paris, nível Nova Iorque e nível

co professor de fotografia, e os meus trabalhos.

público de Florianópolis tem muitas possibilidades

Florianópolis, porque é menor. Essa mentalidade

Temos vinte visões diferenciadas, que apresentam

de criação nessa área”, afirma. Scott frisa que os

tem que mudar. Tem gente aqui que pensa que

uma perspectiva bem individual, então achei que

assuntos retratados são sempre os mesmos, por

não merece ser tratada com o mesmo respeito

deveria participar do mesmo processo. Toda ex-

milhares de anos: amor, medo e solidão, porém o

de grandes nomes internacionais e aceita isso,

posição teve essa intenção, essa polinização cru-

que muda é a perspectiva pessoal de como isso

mas merece a mesma coisa. O talento - embo-

zada de interferências. Apresento a retrospectiva

é apresentado. Quem presenciou os dois eventos

ra eu não goste desta palavra, e sim da palavra

de quatro anos de trabalho feito aqui, selecionei

pôde comprovar justamente isso, que não se trata

trabalho – precisa de um alimento criativo, com

imagens de épocas diferentes”, explica.

do que os olhos enxergam, mas de como o cora-

coragem para investigar e indagar isso dentro

ção retrata e a mente externa essa visão, que vem

de você com trabalho, muito trabalho, então o

A galeria Helena Fretta, localizada no Centro da

influenciada por todas as características pessoais

resultado vem. Esses resultados, seja na minha

capital, recebeu a mostra Perspectiva(s), que

que cada um carrega dentro de si.

pequena cidade no Canadá, em Hong Kong ou Flo-

ocorreu paralelamente à outra exposição, mas

rianópolis, merecem o mesmo respeito”, debate.

que trouxe somente obras de seus alunos, e de uma maneira diferenciada – fazendo jus ao nome,

MacLeay comprovou sua teoria em suas duas ex-

foram apresentadas peças que mesclam diversas

posições. As obras inéditas reafirmam o talento

mídias que se unem com a fotografia, oferecendo

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PAREDES DA MEMÓRIA

passeio por uma

História de Vida O CRESCIMENTO DA REGIÃO CENTRAL DE FLORIANÓPOLIS SE CONFUNDE COM A HISTÓRIA DE VIDA DE PERSONAGENS COMO OSWALDO KERSTEN. O MÉDICO RECORDA OS AMBIENTES DA CIDADE NOS REVELANDO ÀS TRANSFORMAÇÕES DO TEMPO. por Cristina Souza com fotografia de Camila Silva

Conforme os anos passam e a vida segue, aprende-se cada vez

continuação da Rua Felipe Schmidt, do outro lado da Praça XV.

mais o real significado de nostalgia. Há quem diga que o sen-

Naquela época, a Western Telegraph Company, vulgarmente

tido dessa palavra é melancólico, mas seu conceito também

conhecida como Cabo Submarino, localizada nas redondezas,

serve para denominar aquela sensação gostosa de recordar

era onde eu ia buscar jornais e revistas em português e assim

momentos da infância, dos brinquedos, do cheirinho apetitoso

podia me informar sobre mais detalhes da Segunda Guerra, já

do bolinho que só a avó sabia fazer, do campinho de futebol

que não havia muitas fontes sobre o tema”, conta. A Western

que servia de cenário para jogos despretensiosos e tantos ou-

foi responsável durante 99 anos pela operação e manutenção

tros lugares que acabam se perdendo ou sendo ocupados por

dos cabos submarinos que partiam da agência localizada na

condomínios, estacionamentos, shoppings e outros empreen-

Rua João Pinto, passava pela Costeira, seguia até a praia do

dimentos da vida moderna.

Campeche, onde havia uma pequena estação. De lá, os cabos submersos seguiam até a cidade de Santos (SP) e outro para

O mundo que é observado pelas janelas das casas e escritórios

Rio Grande (RS), e se espalhava para a América do Norte, Eu-

tem um sentido diferente para cada geração que o espia. Al-

ropa e África. Atualmente, a empresa deixou como herança o

guns olham com indiferença, outros nem enxergam. Há os que

relógio de fabricação inglesa, que pode ser conferido na saí-

admiram as belezas escondidas em cada canto das cidades,

da norte do Mercado Público de Florianópolis, que não marca

têm aqueles que se sentem seguros e livres ou até mesmo

mais as horas, porém registra um grande momento histórico

sufocados pelo fluxo contínuo das cidades que nunca dormem.

que muitas pessoas desconhecem.

Entre tantas pessoas e tantos lugares, encontram-se personagens como o médico que há cinquenta e três anos atua

Além da diferente busca pelas informações que seu Oswaldo

em proctologia. Dr. Oswaldo Kersten se sente acometido pelo

vivenciou, ele também pode aproveitar com muito afinco seu

sentimento de saudade e nostalgia em sua forma mais pura,

amor por diversos esportes, que eram praticados nas praças,

quando passa por locais da capital catarinense. Para outros

ruas e praias da capital. “Os meninos do meu grupinho se di-

olhos, são apenas ruas e prédios, já para ele aqueles mesmos

vertiam jogando futebol no campinho, mas no lugar da bola

caminhos guardam pedaços de sua infância e boas lembranças

tradicional utilizávamos bolas de meias que nós mesmos fa-

de uma das melhores épocas da sua vida.

bricávamos, com as meias de sedas das nossas mães e avós. Os campeonatos eram realizados em uma pequena praia loca-

Filho de imigrantes alemães, Oswaldo nasceu na Ilha em oito

lizada ao lado do Forte de Santa Bárbara, hoje ocupada pela

de setembro de 1935, na Rua da Constituição, hoje em dia co-

Fundação Franklin Cascaes”, relembra. A paixão por futebol

nhecida como Rua Tiradentes, importante via da cidade. Duran-

também se estendia para a modalidade de botão, que divertia

te sua infância até o início da sua adolescência, pôde acompa-

Oswaldo e seus colegas nas ruas do município. “O jogo de fu-

nhar de perto o desenrolar da Segunda Guerra Mundial, por

tebol de botão era muito difundido. Até hoje lastimo enorme-

intermédio dos jornais e telegrama, que buscava em uma po-

mente como perdi os meus times, geralmente feitos com os

pular empresa inglesa. “A Rua Tiradentes é como se fosse a

enormes botões-cartola de sobretudos dos idosos”, relembra.

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PAREDES DA MEMÓRIA

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PAREDES DA MEMÓRIA

Recordações e nostalgia no álbum do Dr. Oswaldo

Bastante tradicional na Ilha, o remo também fazia parte da juventude ativa que Oswaldo vivenciou. Esporte iniciado em 1915 em Florianópolis, a modalidade teve sua época de ouro na década de 50, quando era popularmente aclamada na região. “Onde hoje existe o terminal urbano de Florianópolis ficavam os clubes Aldo Luz e Martinelli. O outro clube era localizado no lugar do terminal rodoviário Rita Maria. Os campeonatos eram um dos acontecimentos sócio-esportivos de maior realce na sociedade florianopolitana. Também competiam clubes de Blumenau e Joinville aqui na cidade. Esse era o assunto do dia, as discussões eram acirradas acerca das disputas e as torcidas eram frenéticas com ou sem as apostas. Os vencedores, verdadeiros heróis, eram ovacionados até com exagero, recebendo medalhas no pódio por suas vitórias”, relembra. Embora não tenha mais cunho popular, Florianópolis continua sendo referência nessa modalidade. A capital possui três clubes em funcionamento, Martinelli, Aldo Luz e Riachuelo que acolhem aproximadamente 250 atletas e funcionam como uma fábrica de talentos – 60% da seleção brasileira é composta por catarinenses da Ilha e região. Ociosidade realmente não cabia no dicionário de Oswaldo. Quando não estava se distraindo com jogos de bolinhas de gude, feitas de vidro, ele e seus colegas jogavam basquete e apostavam corridas de 100 e 200 metros no estádio da Federação Atlética Catarinense, onde hoje funciona o Instituto Estadual de Educação (IEE). “Fomos felizes quando jovens sem precisar utilizar bebidas alcoólicas ou drogas. Infelizmente esses tempos não voltam jamais. É a roda viva”, pondera. Essas são algumas das lembranças que surgem como nostalgia quando Oswaldo passa pelas ruas do centro de Florianópolis. Não importa que aterrem as praias, asfaltem os campos ou derrubem as fábricas – as recordações que um homem viveu ninguém é capaz de apagar. As experiências e lembranças permanecem flutuando, livres e quase imperceptíveis em todos os lugares. Quem da a vida para as cidades são as pessoas, e o mesmo acontece com o passado e a história, que se compõem a partir do conjunto de vivências interessantes e muitas vezes desconhecidas, mas ainda assim, belas por sua simplicidade.

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