Sonhando com o mundo

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ROBERTO SAUL Autor da trilogia “O Divino Jogo do Ser”

SONHANDO COM O MUNDO REFLEXÕES ESSENCIAIS PARA O DESPERTAR EDITORA PANDORA


PREFÁCIO Foi

com muita alegria que empreendi esta “fantástica viagem” com Roberto Saul. Que seja dito que “Sonhando com o mundo” é um convite amoroso para nos auxiliar em nossa jornada espiritual. Apesar de tratar de temas de grande profundidade, a sua leitura flui com leveza e no processo, podemos sentir como se o autor estivesse conversando conosco enquanto sorvemos uma xícara de chá. Além disso, há uma familiaridade com a sabedoria de mestres e luminares que encanta o nosso coração. Particularmente, me prendeu a atenção o modo como lida com conceitos, usualmente árduos. Por meio de relatos de experiências e exemplos, ele esclarece temas de modo a torná-los facilmente compreensíveis. O leitor vai se deparar com analogias interessantes e esclarecedoras sobre assuntos que sem elas, seria de difícil entendimento. As temáticas abordadas são todas fundamentais para quem está na senda espiritual. “Sonhando com o mundo” trata do despertar. Partindo de verdades universais e sob influência do clássico livro “Um Curso em Milagres”, Roberto nos auxilia, com seus insights para nos darmos conta de que precisamos acordar para nossa verdadeira identidade. A premissa que norteia suas ideias, é de que este plano material consiste numa projeção da mente que acredita ter se separado de Deus. Daí surge toda ordem de problemas que experimentamos em consequência da mente equivocada, mergulhada num sono profundo. Através de reflexões sobre este estado mental, é feito um chamamento


para tomarmos consciência das ilusões e empreender a jornada de volta à realidade. Ele inicia pensando sobre um dos mais intrigantes questionamentos que assoma nosso ser: o livre arbítrio. Ora, a própria indagação só é possível no mundo dual, onde há opções entre as quais escolher. Na unidade, esta é uma questão impossível. Por isto Roberto afirma: “O autêntico livre arbítrio só pode ocorrer quando você não estiver mais sob o domínio do ego”. E completa: “...neste estado de unicidade, a questão do livre arbítrio não fará mais sentido”. A maneira como o autor nos apresenta este paradoxo é muito instigante, além de enriquecer esta reflexão com vários relatos, o que cativa muito a leitura. Este mundo, tal como o percebemos, é palco de sofrimento. A causa disto reside, justamente, na falsa crença na separação. Ela é falsa porque nunca poderíamos nos separar de nosso próprio Ser. Divino, Infinito, Eterno. Mas, pelo poder da crença, acreditamos que o que fizemos é real. Para desfazer o equívoco cometido com a crença na separação, o recurso que podemos lançar mão é o perdão. O perdão aqui concebido não é condenar algo real e conceder nossa benevolência, mas é o reconhecimento de que sofremos uma distorção perceptiva. Perdoar é desfazer esta distorção. É reconhecer de que não há nada a ser perdoado, pois se trata de algo ilusório que a mente gerou para dar realidade à ideia de separação: daí vemos um mundo em que a doença e o pecado parecem ser reais. Em verdade são reais para nós até que tenhamos entregado nossa percepção ao Espírito Santo (A memória de nossa essência) para ser corrigida. Com a percepção curada recuperamos a consciência de que nunca deixamos nossa fonte. Portanto, a percepção de um mundo em dualidade é ilusória. Estamos apenas “sonhando com o mundo”. Com a restauração da Mente à Verdade de Quem somos, deixaremos de nos sentir seres miseráveis e carentes, pois deixaremos de mendigar favores e condições através da oração, na tradicional acepção da


palavra. Roberto Saul nos apresenta, também, a concepção do Curso do que vem a ser uma oração: uma canção de júbilo na comunhão com Deus. Há o reconhecimento de que, sendo UM com o divino, Somos Tudo e Temos Tudo. Neste estado de ser, não precisamos suplicar por nada, pois foi sanada a mente que acreditava na escassez. O mundo da dualidade é a condição em que acreditamos viver a experiência de sermos separados, vulneráveis e suscetíveis a toda gama de dor e sofrimento. Cumpre, pois, nos libertarmos deste estado de ser. Assim, adotamos como propósito a expiação (Correção) a jornada de volta, o despertar do sonho, o perdão. Como nos diz Roberto: “existe apenas um propósito, o reconhecimento da Verdade de Quem Somos Nós". Quando nos tornamos UM na comunhão com Deus, nos lembramos de que já somos iluminados e de que tudo isto nunca foi. Enquanto “sonhamos com o mundo”, vivenciamos conflitos, pois ele é a expressão da mente dividida. Parte desta mente é guiada pelo ego (que se acredita um ser separado e especial). Por isto vivemos a carência que alimenta a ganância, a corrupção, a sede de poder e controle. Problemas mundanos são reflexos desta mente que em si mesma vive o conflito. Como nos afirma o autor: “sempre o mundo externo é uma projeção do nosso mundo interno”. Portanto, o fim dos conflitos só pode ocorrer no nível da mente. Necessário se faz restaurar a mente à unidade. Sanar a mente é o único propósito que tem significado. Saul nos lembra de uma afirmação muito oportuna dada pelo Curso: “Não tente mudar o mundo, mas antes, mudar a tua mente sobre o mundo”. Somos todos seres de luz, vindos da luz - iluminados. Mas carregamos impurezas que impedem que reflitamos nossa plenitude. Este livro nos brinda com Verdades que nos ajudam no processo de purificação e sair do estado onírico. Com o despertar, há o reconhecimento que não precisamos nos tornar quem á somos. Feliz leitura, feliz jornada.

Claudia Pierre Professora universitária graduada em ciências sociais com mestrado em sociologia. Possui artigos publicados abordando temáticas nas áreas da espiritualidade. É autora do livro “Culpa, Cura e Relacionamentos” baseado no “Um Curso em Milagres”.


Este livro é dedicado a todos nós, para despertar a nossa essência, e perceber que o que você nunca perdeu, jamais poderá ser encontrado.


SUMÁRIO 5

Prefácio

19

Introdução

37

Existe o livre arbítrio ?

95

A importância do perdão Num mundo em dualidade

123

Existe iluminação e iluminados?

141

Sonhando com o mundo

177

A nossa principal jornada

199

A verdadeira oração

239

Por um mundo sem conflitos

285

Eu Sou

299

Razão & intuição

313

Epílogo

331

Afirmações

345

Bibliografia & Filmografia


ORAÇÃO DO MOOJI* Pai amado que reside dentro da alma do meu Ser, cujo nome é “Eu Sou ”O Veneração ao vosso Santo Nome . O vosso reino é aqui. A vossa vontade prevalece por toda a Terra, como prevalece nos terrenos celestiais da minha alma. Abres as tuas mãos e satisfazes a fome de todos os seres vivos. Sara todos os corações do sofrimento. Então, que esse dia interno possa demonstrar perdão àqueles cujas mentes estão encobertas na ignorância do Ser. Mãe amada, que transmites a todos o senso de escolha para que chegue finalmente, o momento de te escolher, tu que és verdade, para assim encontrarmos a liberdade eterna. Glória ao teu nome, ou verdade, pois é teu reino Da existência, da paz e amor. Todo o poder e glória emanam de ti em todos que transmites a sabedoria, a luz, o amor e a coragem, para se referirem a eles próprios como “Eu Sou”. Amém! Om!


INTRODUÇÃO



Para quem está começando a ler estas primeiras linhas desta

introdução, posso dizer que este novo livro possui uma história um tanto curiosa. Ele surgiu e se desenvolveu a partir de um site no facebook, que foi criado por um grupo que encontrei num retiro espiritual em Nazaré Paulista. A cada mês os participantes tinham como meta escrever sobre uma determinada questão e publicá-la na internet. De forma que estes textos constituem a reunião de diversos temas publicados em que colaborei entre o final de 2013 e início de 2014. Confesso que sempre sinto uma certa inquietação, antes de entregar uma nova obra para o público. Após meses ou anos de trabalho, começo a sentir uma constante ansiedade, pois sei que existe sempre a possibilidade em aprimorar ainda mais a minha criação. Existe sempre uma insatisfação íntima, até mesmo quando a obra é publicada, elogiada e até premiada. Isso é assim, porque é praticamente impossível transmitir todas as minhas ideias e sentimentos num só trabalho. Além disso, sempre me encontro em constante mutação. Minhas concepções com o passar do tempo, sofrem alterações pois adquiro mais conhecimentos e mais experiências. É por isso que todo artista possui a sensação que a sua melhor obra será a próxima. Porque se ele tiver que aperfeiçoar cada vez mais a sua criação, provavelmente sua obra jamais estaria terminada. É por essa razão que dizem que o pintor francês Pierre August Renoir disse em seu leito de morte: ---“Ainda estou aprendendo” e o vocalista Koshi Inada do grupo de rock B´z comentou: --- Quando estou fazendo um álbum eu sinto: “Este é o melhor de todos!”. Mas quando termino, não sei porque eu penso: “Não, ainda tenho um longo caminho pela frente”. Para entender ainda melhor essa questão, vou usar o cinema como exemplo, por ser hoje uma das artes mais completas. Eu mesmo durante alguns anos estudei cinema e cheguei a dirigir alguns filmes. Hoje me considero apenas um cinéfilo. Como tão bem definiu o mestre Eckhart Tolle* o cinema se tornou a nova mitologia de nossa época. Podemos perceber ao longo do seu desenvolvimento a realização de várias versões da mesma história, dirigidos por diversos diretores, e até pelo mesmo


diretor como foi o caso de Alfred Hitchcock* e muitos outros. O Cecil B. De Mille* por exemplo filmou duas vezes “Os Dez Mandamentos, uma em 1923, e outra em 1956, apenas para citar dois dos mais conhecidos cineastas da década de 50. Isso é muito raro ocorrer em outras artes, como na música, na pintura ou escultura, mas com o cinema e também em peças teatrais, isso tende a ser possível. Outros cineastas como Steven Spielberg* e George Lucas* conseguiram modificar e melhorar tecnicamente algumas sequências dos mesmos filmes, como “ET, o Extraterrestre”, e “Guerra nas estrelas” produzidos na década de 70. Isso também só foi possível em consequência dos avanços na área da informática e da digitalização de imagens permitindo assim após cerca de 25 anos aprimorar seus efeitos especiais. Isso também possibilitou a remasterização de filmes antigos, recuperando sua fotografia original, e a inserção de dois ou três finais alternativos em filmes em DVD. Ridley Scott* diretor de “Blade Runner – O caçador de androides”, um clássico de ficção científica, também após muitos anos de censura, consegui reeditar o filme de acordo com a sua versão original. Talvez estejam achando um tanto estranho estar comentando esses fatos sobre cinema em se tratando de um livro de autoconhecimento, mas foi apenas para demonstrar como um criador sempre procura se superar quando possui condições para isso, até mesmo depois de sua obra ser publicada. Já na literatura, isso irá depender do escritor e do tema abordado, ou em suas adaptações para o cinema ou teatro. Mesmo uma peça teatral, ela nunca é repetida da mesma maneira, até mesmo quando encenada com os mesmos atores, porque sempre surge momentos de improvisação no desenrolar da peça. Sempre haverá pequenas alterações em seus diálogos muitas vezes quase imperceptíveis. Eu mesmo na reedição do meu primeiro livro da trilogia “O Divino jogo do ser” não pude resistir e fiz algumas alterações para melhorar e burilar certos capítulos, e atualizar novos conceitos. Sim. Existe um fundo de verdade, quando os críticos e até mesmo os próprios autores admitem que grande parte de suas obras, se repetem em novas versões, apenas modificando os personagens, seus diálogos e seus


cenários. É claro que a essência de suas mensagens permanecem quase a mesma, seja ele um cineasta, um escritor um dramaturgo, ou um artista plástico. Cada autor possui uma determinada linha de pensamento que quase sempre se mantém ao longo de sua carreira. É por isso que o nome do artista é logo reconhecido pela sua técnica, estilo ou conceito. Portanto não estranhe, para quem já teve a oportunidade de ler meus livros anteriores, encontrar muita semelhança neste novo lançamento. Na verdade sempre procuro enfatizar para o leitor, que o livro seja lido mais de uma vez. Isso possui um grande benefício, porque certas verdades devem ser repetidas com outras palavras e outros exemplos para serem incorporadas mais profundamente em nossa mente, principalmente em se tratando de um tema que transcende o paradigma materialista. Como tão bem afirma “Um curso em milagres”

“A repetição não é apenas necessária, mas obrigatória” Desta forma, espero que muitos ensinamentos que talvez tenham passado despercebidos ou não totalmente compreendidos, em meus primeiros livros, possam ser agora assimilados com mais facilidade para uma nova interpretação. Este livro possui novas ideias, novas concepções, mas sempre com o mesmo propósito de poder contribuir para o despertar de uma nova e atemporal realidade. Assim não espere que este livro venha agradar as suas crenças. Ele é um livro para destronar a sua mente, tirá-lo de sua zona de conforto e inspirá-lo para despertar e se conectar com a sua verdadeira natureza. Como sempre ao escrever um livro, procuro citar afirmações de outros autores ou mestres, para tornar mais compreensível as minhas ideias. Neste livro em particular ele possui mais referências do “Um curso em milagres” do que nas outras publicações. Conforme uma citação de Kenneth Wapnick*, “o curso é a melhor integração que eu já vi entre a psicologia e espiritualidade”. Eu concordo plenamente com ele. O curso não pode ser confundido com a


interpretação tradicional de realizar milagres no plano físico. Ele é um treinamento mental para mudar a nossa percepção sobre o mundo e remover os bloqueios à verdade. Este é o verdadeiro milagre. Para quem ainda não leu o livro “Um curso em milagres”, considerado hoje um verdadeiro clássico da espiritualidade, recomendo ler antes alguns livros introdutórios, para facilitar a sua compreensão, ou participar de grupos conduzidos por facilitadores. Gostaria de aproveitar esta introdução, para estender meus agradecimentos ao meu amigo Sergio Padilha, por compartilharmos longos e ricos diálogos sempre acompanhados por saborosos cafés e chocolates quentes, e que muito contribuiu para novos insights. Este novo livro procura em sua essência nos alertar, para estarmos sempre vigilantes quanto a interferência do ego, porque ele sempre tenta fazer mil transigências, e justificativas. Mas nenhuma pode ser aceitável pois sem dúvida, ela não seria verdadeira dentro da realidade do Ser. “O que é real jamais em nenhuma hipótese pode ser ameaçado, alterado ou destruído. Mas o que é irreal ou mutável não possui realidade permanente. Por mais dramático ou assustador que ele possa aparentar, ele é apenas uma projeção temporária dos nossos sonhos e devaneios. A nossa verdadeira religiosidade só pode florescer dentro do nosso coração. Ele é o nosso verdadeiro altar, que nos elevará acima das nuvens tempestuosas da ilusão, onde o sol sempre continua a brilhar. Roberto Saul


*Mooji – Mestre espiritual que compartilha sua sabedoria através de satsang (diálogos em grupo) *Alfred Hitchcock – Cineasta Inglês, considerado o rei do suspense. Refilmou “O Homem que sabia demais” *Cecil b. De Mille – Diretor e produtor americano – 1881-1959. *Steven Spielberg – Um dos mais bem sucedidos diretores americanos. *Ridley Scott – Diretor e produtor britânico. *George Lucas – Diretor, produtor e empresário americano *Kennet Wapnick – Considerado como o professor mais importante do “Um curso em milagres, e . por ter participado com a Dr. Helen Shucman na Preparação do curso para sua publicação.


Liberdade, libertação. Essa deveria ser a meta do homem.. Para ele é a única saída, pois nada mais é possível, enquanto permanecer escravo. Tornar-se livre, escapar à escravidão – eis aquilo porque um homem deveria lutar assim que se torne, por pouco que seja, consciente da sua situação. Georges Gurdjieff



EXISTE O LÍVRE ARBÍTRIO? Antes

de adentrar nesta instigante e polêmica questão, será de suma importância fazermos a nós mesmos a seguinte pergunta: o que realmente “eu sou”? É necessário reconhecer que “eu sou” jamais pode ser objeto do conhecimento. Não pode ser discutido, analisado e armazenado na memória. Como sempre enfatizo, as palavras são extremamente limitadas. São apenas símbolos que tentam expressar uma verdade. Mas a verdade não pode ser um conceito intelectual. Ela tem que ser uma experiência vivencial. Existe o livre arbítrio? A resposta mais curta seria dizer que sim e não ao mesmo tempo. Isto pode nos parecer um paradoxo, e pode nos fazer lembrar dos enigmáticos e insolúveis koans do zen-budismo, que não podem ser resolvidos pela mente lógica/racional. Se faz necessário um salto quântico. Isto é assim, porque para responder à esta questão devemos saber em qual nível espiritual o homem se encontra. Como já mencionei em meu terceiro livro da trilogia” O Divino jogo da consciência, a ”humanidade trilha vários caminho que dão origem a dois grupos principais e bem distintos. Os do primeiro grupo são movidos pelos seus instintos e dominados por um ego ilusório e sem substância. Vivem em plena e total “Dualidade”. Os do segundo grupo que podemos chamar de aspirantes espirituais se destacam por uma busca mais profunda para alcançarem uma verdade mais elevada. “O conhecimento de si. Podemos dizer que vivem numa “Semi- dualidade”. Eles começam a perceber que há algo de errado no mundo, e que deve existir uma outra realidade mais consistente. Como já mencionei, este segundo grupo passam por uma tempestuosa busca do ser, como tão bem classificou o psicólogo transpessoal Stanislav Grof, através de suas profundas pesquisas. É como estar demolindo as paredes, que acreditamos ser a nossa morada. Isso nos causa um grande conflito


interior. Temos que nos desvencilhar gradativamente de antigas e falsas crenças, e incorporar novas verdades. É como se fosse a morte de um antigo eu, para o nascer de um novo eu, ainda não totalmente conhecido. Por esta razão a senda da espiritualidade é frequentemente chamada “Senda da Aflição”. Isso ocorre quando a alma aprisionada e limitada no corpo, começa a ter vagamente recordações oníricas do lar divino em que vivia. Mas existe também um terceiro grupo que transcendendo essa turbulenta fase que também pode ser chamada “A noite escura da alma”, atingem um novo nível de consciência, que pode ser classificado como um estado de “Não-dualismo”.

OS TRÊS ESTÁGIOS DO LIVRE ARBÍTRIO Somos levados a acreditar que temos um livre arbítrio. Porém só temos aparentemente duas escolhas. Uma é falsa e a outra é verdadeira. O nosso único livre arbítrio que temos é quando escolhemos a falsa. Se esta for a nossa escolha, ela terá uma permanência curta. Assim podemos escolher entre o caminho do ego (Falsa e temporária realidade) ou o Ser (A nossa verdadeira identidade) A maioria das pessoas hoje, se identificam com o ego. Este é o primeiro estágio do livre arbítrio. Esta escolha acontece porque o ego nos proporciona temporariamente uma segurança e um conforto mais palpável, mais concreto, pois só vejo o mundo através dos meus sentidos. Contudo esta escolha com o passar do tempo está fadada ao fracasso. Isso ocorre como já mencionei por estarmos identificados num mundo de dualidade onde tudo é impermanente. O Segundo estágio do livre arbítrio ocorre quando há o reconhecimento cada vez mais consciente de estar vivendo sob o domínio do ego, interpretando diversos papeis. Embora ele nos proporciona uma relativa segurança, surge aos poucos um grande vazio interior. Há um


sentimento que falta alguma coisa, mas não se sabe ainda o que possa ser. A vida parece não fazer sentido, mesmo tendo realizado a maioria dos nossos desejos. Um sentimento de tristeza e angustia se manifesta cada vez com maior intensidade. O terceiro estágio do livre arbítrio, é o que podemos chamar do início do caminho espiritual. Surge um irresistível desejo de autoconhecimento. Um anseio em busca de livros, filmes, palestras e mestres que possam apaziguar este vazio devastador. Há o desejo de encontrar uma razão concreta que possa nos proporcionar a verdadeira felicidade. Descobrir a nossa verdadeira natureza. Quando se vivencia este conhecimento de “Quem sou eu” uma serenidade e paz passa e a incorporar o nosso ser. Surge então a percepção que a única escolha é o caminho do amor. Espantosamente se percebe que não existe nenhum livre arbítrio. Ele parece existir, mas como uma miragem do deserto, ele começa a desaparecer. Quando se transcende os opostos (Dualidade) fica muito claro que não existe escolhas. A única escolha é apenas resgatar a minha verdadeira identidade. Ser o que sempre fui. Um ser divino além de qualquer tipo de limitação. Esta pequena introdução foi necessária, para poder entender com clareza e sem preconceitos o tema deste capítulo. Assim a primeira e importante pergunta que devemos fazer é:“Até que ponto tenho consciência de quem realmente eu sou”? e em que nível me encontro? É claro que devemos ser honestos para conosco, pois do contrário estaríamos distorcendo a nossa verdadeira condição. Assim se você ainda acreditar que é meramente um corpo, que um dia nasceu e um dia irá morrer ou sentir ainda uma excessiva dependência em relação ao mundo exterior para se sentir seguro, ou perceber muita resistência em perdoar os seus supostos inimigos, ou ainda estiver acreditando em um Deus separado e temido e convicto que este mundo é real, então você ainda continua escravo de seus sentidos, e preso na matrix com seus falsos e


equivocados conceitos. Continua ainda identificado ao antigo e ultrapassado paradigma mecanicista*. Nesta condição embora possa estar consciente intelectualmente da dualidade ainda não despertou do sonho do mundo, e consequentemente não possui livre arbítrio. O mestre Gurdjieff* chamava este homem de uma máquina programada, porque sua vida tornava-se quase toda ela muito previsível. A mesma coisa já dizia Jiddu Krishnamurti*: “Nós fomos programados biologicamente, mentalmente, intelectualmente....Os computadores foram programados por especialistas....O homem foi programado para ser católico, protestante, para ser italiano ou inglês e assim por diante”. Seria como um barco a deriva, sem motor, sem velas e sem remos. Estará a mercê dos ventos e das tempestades, e sem muita dificuldade podemos prever com muita exatidão o seu turbulento destino. No entanto, embora o homem esteja vivendo nesta cega situação o ego muito ladino, fará de tudo para convencê-lo que é senhor de si, e governando muito bem a sua vida. É muito difícil persuadir um homem inconsciente de sua situação e tentar convencê-lo que está adormecido. Automaticamente responderá que está perfeitamente desperto, até pelo simples fato de estar respondendo a pergunta, ou se sentir livre entre beber entre uma xícara de chá, ou um chocolate quente. Desnecessário dizer que neste estado de amnésia espiritual, sua vida será de altos e baixos, causando muito sofrimento, com pequenos intervalos de calmaria e de prazeres efêmeros. É o que a clássica psicologia continua a fazer. Reintegrar o paciente dentro das regras estabelecidas e vistas como normais dentro de uma sociedade insana e controlada pelo poder do ego. É por esta razão que os mestres sempre enfatizaram que quando procuramos obter algum conhecimento que não seja sobre nós mesmos, este conhecimento é apenas informações sobre o mundo das formas. Este tipo de conhecimento pode ser útil na vida prática, mas não nos traz a felicidade duradora por ser algo externo a nós.


Foi com muito humor que o mestre Mooji, respondendo uma pergunta sobre o livre arbítrio respondeu: “Se você realmente tivesse o livre arbítrio e o poder de moldar o seu destino, de criar a sua vida ideal, você iria, muito provavelmente tirar todos os desconfortos, tudo que desafia o seu ego, tudo que expõe sentimentos de culpa ou vergonha ou qualquer coisa que desafiasse os seus apegos. Você excluiria tudo isso e os substituiria por momentos sabor chocolate”. Sabor chocolate quer dizer, buscar apenas o prazer e o conforto, sem enfrentar os nossos apegos, vícios, medos, carências e outras fraquezas, e sempre buscando lá fora a solução de nossas frustrações. À luz da sabedoria o que você nunca perdeu, jamais pode ser encontrado. A sua busca só revela que está inconsciente de sua própria verdade. É como procurar pelo seus óculos que imagina ter perdido, enquanto ele está bem na frente de seus olhos. Enquanto você ignorar a realidade espiritual, estará em constante aflição, e ansiedade, tentando encontrar em todos os cantos algo do qual você nunca se separou. Despertar significa, se dar conta que não há nada para ser procurado. Iludido pelo irreal, o homem passa a dar realidade as imagens projetadas pela sua própria mente. A dualidade do mundo é extremamente convincente e passam a ser vistos por ele como reais. Ludibriado pelas aparências, e preso pelos seus apegos e fraquezas, cria o seu próprio sofrimento. Enquanto se identificar com o corpo e com o mundo, as frustrações serão inevitáveis. Tentar satisfazer os seus desejos neste mundo impermanente e em constante mutação, não irá diminuir o sentimento de vazio que estará tentando preencher a todo custo. Paradoxalmente ele só irá aumentá-la. Somente quando estiver em conexão com sua verdadeira natureza, poderá extinguir esta carência interior e alcançar o “Puro nãodualismo”. Quando Buda* disse: “Estou desperto”, ele quis dizer que saiu do mundo de sonho. Percebeu claramente que não era um participante da ilusão, mas o criador de toda a ilusão. E como criador poderia desfazê-la.


É claro que sempre deve prevalecer o bom senso. Hoje não precisamos ser tão radicais. É por isso que Gary Renard, escritor e estudioso do “Um curso em milagres”, explica em suas palestras e livros esta aparente incoerência entre o real e o irreal: “Não existe algo errado em experimentar que você está no mundo e que é um corpo, pois obviamente esta é a nossa experiência. Não estou negando esta experiência. Estou aqui apenas para dizer que é uma falsa experiência”. Ela não é verdadeira. Utilizando da mesma explicação do Gary e fazendo uma analogia com o cinema, posso dizer com outras palavras que não existe algo errado em experimentar as imagens que você vê numa tela de cinema, pois obviamente esta é sua experiência. Não estou negando ao que você vê, mas quero te dizer que é uma ilusória experiência. É apenas uma projeção. Quando se dá conta verdadeiramente que se trata de uma ilusão, então qualquer cena seja ela cômica ou triste, não terá a mesma intensidade emocional para afetá-lo. E o mais surpreendente é que ele possui vários finais, que poderão ocorrer ou não, de acordo com seus pensamentos e ações do aqui-agora. Isto acontece porque o tempo não é linear, e interagimos em várias dimensões ao mesmo tempo. Não percebemos isso, porque mantemos na mente a crença da separação. Para um autêntico mestre iluminado, a certeza que se trata de uma projeção é absoluta. Ele não depende de algo externo para alcançar a felicidade, pois não está acorrentado e nem em dependência do mundo externo. Livre dos apegos e não mais identificado com o mundo das formas, ele se torna o diretor de sua própria vida, e experimenta um estado de pureza e bem-aventurança. É consciente que sua felicidade é sua própria natureza, e que não necessita fazer nada, nem lutar para mantê-la. Sabe vivencialmente que a raiz do desejo é a dor, e toda a dor surge do desejo. Reconhece com clareza que a angustia da carência que os desejos tentam preencher se manifestam por desconhecermos a nossa verdadeira essência, que sempre foi e será “Sublime, atemporal, amorosa e totalmente livre”.


Para ilustrar a verdade do “Nada fazer”, existe uma história que comprova que a nossa própria natureza se manifesta de forma natural. Nada é preciso fazer para criá-la porque ela já se encontra em nosso interior. Na verdade é um fazer sem nada fazer. A história se passa na época de Buda, quando ele e seus discípulos estavam atravessando uma floresta. Como o dia estava muito quente, Buda pediu para seu discípulo Ananda voltar para o córrego que tinham cruzado a cerca de um quilometro atrás para trazer um pouco de água. Porém quando Ananda voltou, a água tinha ficado barrenta, pois algumas carroças tinham passado por ela, tornando a água imprópria para beber. Quando Ananda voltou sem a água, Buda pediu para que voltasse novamente ao córrego. Para não desobedecer ao mestre, ele voltou contrariado. Chegando ao local, a água continuava barrenta. Quando retornou sem sucesso, Buda olhou para ele, e ordenou que voltasse novamente para o córrego. Mais uma vez ele retornou, mas a água continuava barrenta. Foi somente quando Buda pela terceira vez ordenou para que voltasse novamente, Ananda encontrou a água cristalina. Encheu seu cântaro e voltou contente. Ao chegar disse ao mestre que tinha apreendido uma grande lição: “Que só é preciso ter paciência. Nada é permanente”. Pela sua própria natureza o barro se assentou deixando a água novamente clara. Devemos perceber que esta impermanência está em tudo. Não tente fazer nada. Apenas espere com paciência. Nesta história, é um fazer sem nada fazer. Ir ao córrego é o fazer. Sem nada fazer é esperar o barro se assentar. A verdade nunca muda com o passar do tempo. Ela sempre continuará verdadeira. Vamos encontrar em pleno século XX, outro grande mestre Sri Nisargadatta* que também nos mostra como nada é permanente. Em um de seus satsang*, ele disse: “O mundo que acreditamos existir é um oceano de dor, de medo, de ansiedade e desespero. Os prazeres que sentimos são como os peixes. Chegam raramente e depressa se vão. O homem chega a acreditar apesar de todas as evidências que ele é uma exceção, e que o mundo lhe deve felicidade. Mas o mundo não pode dar o que não têm. Tentamos buscar o real, porque estamos infelizes com o irreal. Isso é assim porque o irreal não possui realidade. A felicidade é a nossa própria natureza, e não


descansaremos até que a encontremos. Porém raramente sabemos onde buscá-la. Uma vez que você tenha entendido que o mundo é apenas uma falsa realidade, e que não é o que parece ser, você se livra de suas ilusões”. O que o mestre Sri Nisargadatta quer dizer, é que cada um possui o seu próprio mundo de acordo com a visão que ele tem de si próprio. A ideia de um “eu” como uma pessoa independente, se deve a ilusão do tempo e do espaço. Sua personalidade (Persona*) e a crença ilusória da solidez material, faz com que se identifique com seu corpo, que parece estar separado dos outros. Acreditamos que o tempo e o espaço parecem existir em você, mas o seu verdadeiro “você” é independente deles. Devemos transcender a mente pensante, que só nos causa perturbação. Uma máquina de pensar dominada pelo ego e alimentada por constantes pensamentos inúteis e negativos. Devemos nos dar conta que estamos adormecidos, e sonhando mesmo quando estamos no estado de vigília. O mais correto seria chamá-lo de sonho desperto. Os sonhos podem variar a cada dia, a cada noite, mas o sonhador é sempre “um”. Acreditar que podemos clarear a água barrenta mexendo nela, ela se tornará ainda mais barrenta, Temos a falsa ideia de que devemos fazer algo para melhorar ou salvar o mundo. Porém trata-se de uma ilusão. É como tentar mudar as imagens projetadas na tela de um cinema. Na verdade tudo que você precisa fazer é se livrar da ideia de sua aparente existência. Não existe nenhum mundo para ser salvo. Você é o mundo. O que deve ser feito é despertar, e quando despertar se dará conta que nada existe para ser salvo. Tudo está salvo. É como um jogo de fliperama. Você pode derrotar os adversários, mas o jogo quando termina, começa outra vez. Nada foi perdido, nenhum adversário desapareceu. Não importa o quanto a vida pode parecer difícil, existe apenas dois caminhos a escolher, e somente um representa a realidade. Essa realidade é o amor. Você é o próprio amor. Então podemos dizer que o único livre arbítrio, está exatamente nesta escolha. Somente o amor é real. Tudo é um, e tudo está contido no “eu sou”. Não existe outra coisa. Ele não possui princípio


nem fim. Ele é puro, atemporal, impossível de ser descrito em palavras. Segundo “Um curso em milagres*” “Não busques mudar o mundo, mas escolhe mudar a tua mente sobre o mundo.....estamos apenas empreendendo uma jornada que já chegou ao fim. Todavia parece reservar um futuro que ainda nos é desconhecido. O roteiro está escrito. Pois nós vemos a jornada apenas do ponto em que ela terminou, olhando em retrospectiva, imaginando que a empreendemos novamente, revisando mentalmente o que já se foi.... isso devolve a mente ao presente infinito, em que nem o passado nem o futuro podem ser concebidos”. Como devem ter notado, sempre procuro em meus livros fazer uma analogia com o cinema. As imagens aliadas a música, penetram mais fundo em nosso emocional. Acredito que um dos filmes que melhor retratou esta questão do livre arbítrio, foi o “Sétimo selo” do genial diretor Ingmar Bergman*. Uma obra prima sobre o questionamento humano em relação aos valores de nossa existência e de nossa fé. Existe o livre arbítrio, ou tudo já está determinado? O filme conta a história de um cavaleiro da época medieval em seu retorno das cruzadas totalmente sem fé, mas em busca da verdade. Quando ele se depara com o senhor da morte que veio buscá-lo, ele entra em desafio através de uma partida de xadrez, numa tentativa de alterar o seu destino. Os diálogos entre o senhor da morte e o cavaleiro, poderiam ser facilmente comparadas as obras de Shakespeare, e são realmente sequências antológicas de extrema beleza. Bergman consegue mostrar este tenso confronto em imagens de pura poesia. Um filme que vale a pena assistir. O autêntico livre arbítrio, só pode ocorrer quando você não estiver mais sob o domínio do ego (falso eu) desfazendo o sentimento de culpa, perdoando e amando o próximo como a si mesmo. Somente quando há uma conexão com seu “Ser,” eu superior ou (Espírito Santo) pode perdoar verdadeiramente. O perdão constitui o principal remédio que desfaz as nossas crenças de uma falsa realidade, e nos cura de nossa dor. Ele possui a capacidade de nos libertar de um pesado fardo que vínhamos


carregando até então. Somente nesta condição você poderá se sentir muito mais leve e ter condições de experimentar a sua verdadeira essência. Estará totalmente livre do exílio que você mesmo se impôs e que depois esqueceu. Estará com os olhos abertos (Não com os olhos do corpo, mas os olhos do seu coração) e unificado com o todo, transbordando amor e em perfeita unicidade com Deus. Um estado atemporal de êxtase e liberdade sem limites. Um estado de “Puro nãodualismo” Este texto talvez possa nos parecer a princípio um misto de fantasia e pessimismo, pois retrata com fidelidade e sem maquiagem a nossa atual condição. Entretanto aqui devemos estar bem atentos para compreender uma importante citação do “Um Curso em Milagres” que afirma “Assim como tu vires, verá a ti mesmo” Por esta razão, não podemos passar pela vida vendo o mundo e as pessoas como ilusões. Pode parecer paradoxal, porque embora de fato sejam ilusões, ainda fazem parte do nosso sonho, e que a mente inconsciente irá traduzir os nossos pensamentos como uma mensagem a nosso respeito. Pensar desta forma, enquanto estivermos no sonho poderá ser muito conflitante. O nosso sentimento de vazio poderá aumentar causando muita angústia. Seria como por acreditar não ser o corpo, deixar de alimentá-lo e protegê-lo. Mas podemos através do nosso conhecimento, meditação e auto-investigação, viver no mundo sem ser do mundo, e desfrutar de muitas coisas positivas, belas e construtivas. Tornar o nosso sonho, um sonho feliz. Não devemos deixar de nos encantar com a beleza exterior, porque em realidade ela representa simbolicamente a nossa beleza interior. Podemos apreciar sem culpa uma música ou um filme que nos emociona, as maravilhas da natureza, um belo quadro, uma bela flor que nos fascina, Um relacionamento íntimo com o parceiro que amamos, e sentir por momentos uma intensa unificação, Podemos estabelecer verdadeiras e sinceras amizades, degustar um bom vinho porque não, ler um bom livro, e rir de si mesmo. O riso é muito importante, porque ele é um rápido lampejo que nos mostra que a vida não é tão séria como acreditamos. Quando mantemos o ânimo através do riso, energizamos o


nosso espírito que abre as portas do nosso “Ser” permitindo irradiar o nosso ilimitado amor. Desta forma podemos desempenhar com mestria e entusiasmo o nosso papel neste emocionante e empolgante filme de nossa vida. Para isso, devemos ficar acima do campo de batalha, sempre atentos e vigilantes. Este deve ser o caminho para se alcançar a paz. Ser apenas um observador desapegado. Quando mergulhar em seu interior através do silêncio da meditação e da oração, isso fará desabrochar aos poucos a sua real natureza e voltar a ser o que sempre foi: Suprema e atemporal felicidade Lembre-se sempre que está aqui, para ser a luz do mundo. Aceitando, inspirando, perdoando e amando tudo incondicionalmente. Existe o livre arbítrio? Sim existe, mas não podemos nos afastar do nosso destino. Gosto muito de uma frase da Marianne Williamson*, autora internacionalmente conhecida por suas obras sobre espiritualidade, que conseguiu sintetizar esta questão quando disse maravilhosamente: “Livre arbítrio significa que você pode pensar o que quiser. Mas você não pode, claro transformar em mentira o que é verdade, nem em verdade o que é mentira”. Livre arbítrio também pode ser traduzido como em permitir a crianças do jardim de infância, brincarem no horário do recreio com qualquer um dos brinquedos expostos na área. Cada um poderá escolher livremente o brinquedo de seu agrado. Pode ser a gangorra, o balanço, o escorregador ou o carrossel. O destino seria não saírem da área de recreio. O grande paradoxo é que na realidade este aparente destino, é o que mais desejamos. Retornar para a fonte (Deus) que imaginamos ter nos separado. E quando nos damos conta disso, começamos a perceber que estamos numa espécie de prisão com todas as suas limitações. Mas quando aos poucos percebemos que possuímos todas as possibilidades


para nos libertar, não fará mais sentido perder tempo para enfeitar a nossa provisória cela. O nosso tempo e propósito será sem dúvida dedicado para encontrar todas as alternativas para nos evadir. Somente a verdade pode nos libertar. O que precisamos é permitir que ela penetre fundo em nosso DNA. Por esta razão, a pergunta mais importante que devemos fazer é por quanto tempo ainda iremos permanecer na prisão que nós mesmos construímos em nossa tela mental. Tente por um momento imaginar se víssemos um homem viajando e carregando muita bagagem, todo suado e exausto e perguntássemos a ele, para onde estaria indo com tanta pressa e tanto peso. Imagine se ele olhasse para nós com ar de espanto e respondesse que nunca havia pensado nisso. Certamente nós o qualificaríamos de um homem insano. Um homem que perdeu a razão, no mínimo um pobre ser, digno de compaixão. Não obstante é exatamente o comportamento da maioria das pessoas. Seguem esta trajetória do nascimento até a morte, trabalhando duramente, acumulando coisas, e em nenhum momento param para pensar para onde estão indo. Se alguns o fazem, pensam na questão de modo muito superficial, sem se empenhar para encontrar a verdadeira resposta. Muito diferente da parábola do filho pródigo, que por ter se distanciado do Pai, e por estar sofrendo pela sua imaginária condição de carência, teve um insight e lembrou-se do caminho que devia trilhar. Com vontade e determinação foi em busca da sua verdadeira morada. Neste estado de unicidade, a questão do livre arbítrio não fará mais sentido. O despertar é o fim da ilusão da separação, e também o fim de todas as perguntas. “Eu e meu pai somos um” Então você estará de volta para casa e surpreendentemente se dará conta que em nenhum momento se afastou da fonte. Foi apenas um simples pensamento quando teve essa impossível ideia de separação. Ela na verdade não aconteceu. Jamais poderia acontecer, mas você pode sonhar e acreditar que está acontecendo. Neste estado não existe mais dualidade. Os opostos negativos e positivos desaparecem no nada, e você é arrebatado por um sentimento de total completude. Sua taça de amor


simplesmente transborda. Na verdade o aparente determinismo que pode parecer um imposto contra a liberdade de escolha, é exatamente o verdadeiro e único propósito que nós mais desejamos. Não poderia haver outra escolha. Ou seja o aparente (determinismo) o levou onde você queria estar. “Ser o que sempre foi”. Um simples exemplo pode elucidar melhor esta questão: Se uma semente de maçã enterrada na terra pudesse pensar diria:---- Aqui estou bem. Ela ainda não possui noção dos perigos que terá que enfrentar no mundo externo como; raios, ventos e tempestades. Mas após algum tempo, a semente começa a estufar e começa a despontar para a superfície. Como ela não possui uma visão completa de todo o processo ela diria:--- Cadê meu livre arbítrio? Porque não posso continuar protegida e segura na profundidade da terra? No entanto após alguns anos, quando ela se torna uma frondosa árvore repleta de belas maçãs, atinge o seu verdadeiro e único destino. O paradoxo é que ela se torna aquilo que em essência mais desejava. A macieira estava o tempo todo em seu interior. Através deste exemplo, podemos sentir que existe um amplo reino de inteligência que está além dos pensamentos, além da mente, e que nunca muda. Está sempre em você. “A sua atemporal essência”. Citando mais uma vez “Um curso em milagres” “Qualquer coisa que seja verdadeira é eterna, e não pode mudar nem ser mudada. O espírito é portanto inalterável porque já é perfeito, mas a mente pode eleger a que escolhe Servir”..... Realidades diferentes não têm significado, pois a realidade tem que ser uma só. Ela não pode mudar com o tempo, o humor ou o acaso. A sua imutabilidade é que faz com que ela seja real. Isso não pode ser desfeito. O desfazer é para a irrealidade. E isso a realidade fará para ti”. Antes porém de terminar este capítulo, não poderia deixar de relatar uma história que ocorreu com minha mãe, e que me fez perceber que o livre arbítrio e o determinismo estão acoplados. Segundo mestres ascensionados e também confirmado por médiuns videntes, e terapeutas


de vidas passadas, existe como uma programação cármica que popularmente chamamos de destino. Nada acontece por acaso. Desde a escolha do país, da família e de seus futuros relacionamentos, tudo é programado para direcioná-lo para as lições que devem ser aprendidas, e também pelo tempo que ficará para completar o seu temporário estágio, aparentemente dentro do seu corpo biológico, até o termino de sua missão planetária, ou mais um sonho, dentro de seus inúmeros sonhos. Foi o que ocorreu com minha mãe, quando ainda adolescente, por volta de seus 17 anos estava viajando para uma distante vila no interior do Egito. A razão era que sua irmã mais velha queria se consultar com uma renomada médium, para saber se iria se casar com um rapaz que tinha conhecido num clube esportivo. Segundo algumas pessoas de seu convívio a médium era confiável, e de uma capacidade de vidência incontestável. Quem me conhece sabe que nasci no Egito-Cairo, assim como toda minha família. Na verdade grande parte dela, eram descendentes de judeus europeus que se radicaram no Egito no século dezenove. Também devo mencionar que este fato, ocorreu em torno do ano de 1942, onde os meios de comunicações eram bastante precárias. A princípio minha mãe, não aceitou o convite, pois era uma viagem muito longa. Além disso era um tanto perigoso duas jovens mulheres viajarem desacompanhadas. Mas por insistência da irmã, acabaram indo na data programada. Chegando na vila, não foi muito difícil encontrar a casa da médium, pois todos da vila a conheciam. Era uma casa extremamente modesta, como quase todas as casas do interior. Havia também algumas pessoas que estavam presentes para serem atendidas, mas não demorou muito para ela ser chamada. Segundo descrição de minha mãe, ela entrou numa sala onde a médium sentada num pequeno e baixo banco, fez sinal para que se aproximasse mais perto e que fechasse a porta. Após cerca de 15 minutos, saiu entristecida, pois a predição não foi o que ela esperava ouvir, ou seja, não iria casar com o tal do namorado. Quando estavam se preparando para sair da casa, minha futura tia insistiu para que minha mãe também se consultasse, considerando que já estavam lá


e a médium praticamente nada cobrava pela consulta. Havia apenas uma pequena caixa, ao lado do pequeno banco, onde as pessoas voluntariamente depositavam a quantia que quisessem. E foi assim que convencida entrou na sala um tanto amedrontada. Para minha mãe, tentar conhecer o futuro era instigante, e também muito assustador. A médium continuava sentada no pequeno banco, quando de repente levantou-se de estranha maneira, e depois de redopiar várias vezes em torno do banco entrou em transe, balançando todo seu corpo. Com os olhos fechados, esboçou um leve sorriso e com uma voz que parecia de criança começou a falar: ---Você é a Lily que veio com sua irmã. O namorado dela está apenas se divertindo, mas ela vai casar com outro e terá vários filhos. Quanto a você, vejo que conheceu alguns dias atrás um rapaz dentro de uma alfaiataria. Este rapaz de nome Raymond será seu futuro esposo. Minha mãe deu um sobressalto, porque era exatamente o que de fato se confirmou mais tarde, e o nome era correto, considerando ser um nome ocidental muito raro no Egito. Além disso minha mãe não estava ainda na fase de namoro, ela o tinha visto apenas algumas vezes na alfaiataria, e em nenhum momento contou estes encontros para ninguém. A médium continuou: ---Ele é um bom rapaz. É um artista, tem talento, porém esteja preparada, porque terá alguns aborrecimentos com a dona Renée, a sua futura sogra, mas não dê importância pois isso passará. Após uma década haverá uma temporária separação do seu companheiro. Isto irá durar dois pontos. A seguir terá que atravessar dois mares. É claro que minha mãe achou tudo isso muito confuso e muito difícil de acreditar. Ela nem chegou a comentar com a irmã, curiosa em saber as predições, que o tempo veio a confirmar. A minha mãe de fato se casou com Raymond meu pai que era desenhista e pintor e todas as previsões da médium se confirmaram em todos os seus detalhes com o passar dos anos. A separação com meu pai ocorreu durante a guerra com a França e a Inglaterra, quando as forças armadas ocuparam o governo, e


nacionalizaram o canal de Suez. O então coronel Nasser que ocupou a presidência resolveu expulsar grande parte dos estrangeiros do país. E os dois pontos foram os dois anos em que ela ficou separada do meu pai, por ter ficado no país para tentar vender uma casa que tinham acabado de construir com muito sacrifício. Quanto aos dois mares, uma foi uma viagem marítima para atravessar o mediterrâneo, e o outro foi o atlântico quando imigramos para o Brasil onde meu pai nos acolheu. Este acontecimento me foi contado repetidas vezes por minha mãe, e muitas outras realmente surpreendentes. Eu lembro que desde pequeno eu tinha uma fascinação por histórias de mistério, magia, discos voadores, extraterrestres, e por tudo que era sobrenatural. Acredito que quase toda criança se sente atraído por estes assuntos que transcendem o mundo convencional com suas leis fixas e estabelecidas. Penso que isso acontece porque a criança conserva a sua pureza, e ainda possui um olhar de encantamento, mas que gradativamente vai perdendo pelo condicionamento social e conceitos estabelecidos. Estou contando este caso pessoal, só para demonstrar que hoje com o avanço da tecnologia e a diminuição de tabus e preconceitos, vamos encontrar milhares de eventos considerados sobrenaturais nos mais diversos povos do mundo, mas que hoje ocorrem com maior frequência, e divulgadas com maior rapidez, e sem aquele temor do passado. Na atualidade, com a divulgação de livros canalizados, terapias de vidas passadas, experiências de EQM, comprovações na física quântica, e depoimentos de astronautas* tudo isso pressupõem que existe um roteiro pré- determinado. Para quem for ler os livros do Gary Renard, facilitador do “Um curso em milagres”, seus relatos não deixam dúvidas quanto a verdade da predestinação. Segundo seus mestres, o tempo além de ser uma ilusão ele não é linear. Contudo este destino não é fixo. Ele pode ser ligeiramente alterado de acordo com o despertar de cada um. Desta forma certas situações podem ser anuladas, e os obstáculos removidos. No entanto creio que as bases principais do nosso itinerário dificilmente podem ser alteradas.


Podemos ficar confusos e nos questionar como tudo isso é possível? Será que o nosso destino foi programado? No entanto se refletirmos nesta questão iremos perceber que o tempo, nada mais é que degraus de uma escadaria. Então quando acreditamos que estamos nos conectando com o futuro estamos também nos conectando com o passado. Talvez este seja o feitiço do tempo. Os médiuns videntes conseguem prever o futuro, não porque estão vendo imagens do futuro, mas sim estão vendo imagens do passado. Podemos até dizer usando a analogia da escada, que quando alcançamos o último degrau, quando nos conectamos com a fonte, a escada desaparece, ou seja o tempo desaparece porque em realidade ele nunca existiu. Foi apenas um truque para o nosso despertar. Um filme que deixa muito claro a ilusão do tempo é “Alta frequência” do diretor Gregory Hoblit que nos apresenta um história que colapsa o tempo. Passado e futuro se mesclam e então nos tornamos cada vez mais como um observador acima do campo de batalha. Começamos aos poucos a nos desprender de qualquer sentido de culpa e nos libertamos do peso de um suposto passado. Mas existem muitos outros como; Senhor Ninguém, O vidente, Contra o tempo, Solaris, X-men: Dias de um futuro esquecido e a trilogia Matrix. Acredito que estes filmes representam uma síntese brilhante dos ensinamentos do “Um curso em milagres”, e das comprovações da física quântica. Quando estava praticamente no final deste parágrafo, li um link na internet que me surpreendeu porque focava exatamente esta questão, e conseguia com poucas palavras sintetizar através de um diálogo a pergunta deste capítulo: Existe o livre arbítrio?. É do mestre Satyaprem*. Transcrevo este texto aqui porque pode nos proporcionar um insight deste paradoxo. ----Satya, como é que eu faço para minha vida ficar melhor? ----Sua vida já está ótima! Ela não tem essa perspectiva. Ela é o que ela é. ----Então eu não tenho escolha? ----Tem! Descobre quem você é! ---- Então se eu descobrir quem eu sou, eu vou ter escolha?


---- Não. Você vai descobrir que você não tem escolha, porque não tem você para escolher coisa alguma” Sem dúvida estamos vivendo numa era de grandes transformações, e de muitas revelações. Temos que perceber que estamos passando por uma profunda mudança de paradigma, e isso resulta inexoravelmente em distúrbios e conflitos no interior de cada alma. O lado positivo desta crise é que nos força a uma interiorização. Este é o tempo em que devemos reforçar a nossa fé e confiança, e adquirir uma certeza íntima que tudo que acontece é sempre para o nosso despertar. No final todos nós somos um. Quando tirarmos os véus do esquecimento, iremos reconhecer a nossa verdadeira identidade. Isto não será no futuro, mas será no aqui e agora. Tempo/Espaço e Matéria são ilusões. Os véus apenas nos impedem de reconhecer que somos seres iluminados. É como um homem que teve uma amnésia numa terra distante, e não sabe quem é. Vive na pobreza, sem ter a menor ideia que é dono do maior banco do seu país. A parábola do filho pródigo de Jesus, traduz de forma sublime essa verdade. “Onde existe a luz da sabedoria, a escuridão da ignorância não pode permanecer”.


*A noite escura da alma – Místico Carmelita, autor de várias obras - 1542-1580 *Paradigma mecanicista – Conceito filosófico onde o universo é visto como uma grande máquina, separada por partes, como um sofisticado relógio. *Gurdjieff – Místico, filósofo e psicólogo – 1871-1949. *Jiddu Krishnamurti – Mestre espiritual cujas palestras e escritos têm inspirado milhares de pessoas – 1895-1986 *Buda – O Desperto. *Um curso em milagres – Livro editado sob influência espiritual, pela psicóloga Dr. Helen Schucman. *Sri Nisargadatta – Mestre indiano – 1897-1981. *Persona – Mascara na língua grega. *Ingmar Bergman – Cineasta Sueco. Considerado um dos pioneiros do cinema de autor. *Marianne Williamson – Escritora e palestrante do“ Um Curso em Milagres” É fundadora do projeto “Comida dos Anjos” para aidéticos. *Satsang – Prática espiritual na companhia de mestre e discípulos. *EQM – Experiências de quase morte *Ex-astronautas – Vejam o depoimento oficial dos astronauta Edgar Mitchell e Gordon Cooper no Google, sobre a verdade dos extraterrestres. *Satyaprem – Mestre brasileiro discípulo do mestre indiano Osho.


Podemos ver o perdão como a travessia de uma ponte imaginária em que deixamos para trás um mundo onde estávamos sempre reciclando nossa raiva e chegamos a um lugar de paz. Esta ponte nos conduz à nossa essência espiritual e ao coração de Deus. Nessa realidade, existe apenas o amor. Gerald G. Jampolsky



A IMPORTÂNCIA DO PERDÃO NUM MUNDO EM DUALIDADE. A cada capítulo, procuro sempre examinar

os princípios filosóficos mais importantes a serem estudados e relatados, e os refino diversas vezes para possibilitar uma maior compreensão. Considero isso importante, porque existem diversos ângulos que devem ser observados e analisados. Este capítulo portanto não discorre sobre uma nova filosofia ou um novo modelo psicológico, mas sobre a nossa condição fragmentária e dualística em que vivemos, e a grande importância do perdão. Como conseguir voltar a se unificar com o todo, corrigindo as nossas percepções entre o real e o irreal, e como perdoar verdadeiramente. Embora sejam dois temas aparentemente opostos, existe uma grande corelação entre eles, que no transcorrer deste texto será claramente perceptível. Sabemos que todo tipo de conflito é consequência de pensamentos dualísticos. Como tão bem P.K.Nesbit* afirmou: “A forma como você se sente, está em proporção exata ao que você pensa” Santo-pecador, Consciência, Inconsciência, Belo, Feio, Justo, Injusto, Paz-Guerra, Rico-Pobre, Vida, Morte, Amor, Medo. Todo este contraste entre uma condição e outra, são apenas alguns exemplos, que fazem parte do nosso estado mental de dualidade. Eles nos dão a percepção de existirem como duas pessoas em nosso interior. Consequentemente nossa mente fica dividida e em constante conflito. Essa sensação ocorre porque de fato existem em nós como duas forças ou tendências. O ego e o “Ser”. O ego, como já expliquei em diversos livros é a nossa falsa identidade, grande parte dele inconsciente. E o “Ser” corresponde em


realidade a nossa verdadeira natureza. Entre estas duas tendências, somente uma é real. A nossa essência. O “Ser” que habita em nós.“Ela é Perfeita, Completa, Amorosa e Imutável”. Isto não é algo que ainda vai acontecer. Ela é a verdade sempre presente do que você é. O ego é irreal, porque surge em consequência da nossa aparente separação da fonte (Deus). Ele provoca em nós um sentimento de culpa e reforça a ilusão de uma constante carência. Na verdade o ego é como uma sombra, um sonho que se projeta na tela do espaço/tempo. No entanto, mesmo que haja uma compreensão intelectual em relação a interferência do ego, não podemos dispensá-lo de uma hora para outra, enquanto não tivermos a experiência do estado do “Ser”. Qualquer tentativa de fugir dele, só irá fortificá-lo. Devemos ser neutros, e não lhe dar muita importância. Ele por si só irá desaparecer de forma natural, sem nenhum esforço. Da mesma forma quando acordamos de um sonho, não se pensa mais nele, pois reconhecemos que foi apenas uma criação mental. O grande paradoxo é que embora estejamos sentindo um desamparo, em menor ou maior grau, pela ideia de nos sentirmos em desunião, ela não é verdadeira. Se acreditarmos que ela é real, então inevitavelmente iremos sofrer suas consequências. Podemos ainda não sentir plenamente esta verdade, até mesmo adquirindo este conhecimento. No entanto de acordo com a sabedoria dos grandes mestres, estamos sempre em perfeita unicidade com a Fonte. Independente de nossas crenças, o fato é que nunca estamos separados mas unidos com toda criação. Somente a verdade do “Ser” é real. Não podem existir duas verdades. Conforme o evangelho de Tomé: “É impossível para um homem montar em dois cavalos, ou retesar dois arcos. E é impossível que um servo sirva a dois senhores, pois ele honra um e ofende o outro”. Esta é uma citação do mestre Jesus, que com muita sabedoria enfatizou em seus ensinamentos esta analogia segundo o evangelho de Tomé, e que hoje podemos compreender com maior clareza. Quando desfazemos a ideia equivocada de estarmos separados da Fonte e mais


conectados com o “Ser”, temos condições de perdoarmos verdadeiramente, pois deixamos de dar realidade a uma ilusão. Deve ficar bem claro que a ideia da separação é a raiz de todo o nosso sofrimento. Sempre quando estamos em conflito, esquecemos onde ele começou. Assim a nossa tendência é sempre procurar fora de nós um culpado, para onde projetamos a nossa insatisfação. Acreditamos que foi aquela pessoa que nos magoou, ou nos sentimos vítimas do destino quando passamos por uma difícil situação. Queremos responsabilizar alguém fora de nós pela dor que sentimos. Pode ser os pais, a esposa, o patrão, o colega ou até o próprio Deus. Na verdade o que ocorre de forma inconsciente é que ocorrências externas são os agentes que fazem aflorar o vazio e o estado dualístico em que a nossa mente se encontra. Nos identificamos quase que automaticamente com o ego, que sempre encontra uma boa justificativa para provar que estamos com a razão. Desta forma esquecemos que a unicidade está em nós. Esquecemos quem somos realmente. Se observarmos o comportamental humano quando subjulgado pelo ego, iremos constatar que ele se utiliza de diversas máscaras, dependendo da situação em que se encontra. Pode ser a máscara da humildade, da vaidade, do orgulho, da prepotência da inveja e tantas outras. Quando reconhecemos claramente que estas máscaras tentam esconder a fraqueza, que ele não consegue se desvencilhar, temos que ter uma atitude de compaixão, por reconhecer que ele ainda não alcançou a consciência de sua verdadeira identidade. Se em nossa trajetória nos defrontamos com alguém que se encontra ainda na escuridão, perdido pelas adversidades da vida, temos que intensificar a luz do nosso coração, para iluminar o seu caminho. Esta é a missão dos grandes mestres, mas que deve ser também a missão de todos nós, se tivermos condições de poder orientá-lo com amor sem exigir nada em troca, porque dar e receber, são a mesma coisa. A dualidade portanto é uma irrealidade que experimentamos no mundo, e que gera conflitos quando passamos a acreditar que ela é


verdadeira. Novamente Jesus através de “Um curso em milagres” nos confirma com mais profundidade esta verdade: “É impossível ver dois mundos que não coincidem de modo algum. Busca um deles, o outro desaparece. Mas um permanece. Eles constituem o raio de escolha, além do qual a tua decisão não pode ir. Só há o real e o irreal entre os quais escolher e nada mais”. É claro que a princípio o ego dificilmente irá aceitar ficar no escanteio. Ele quer ser o escolhido. Como ele possui por base o sentimento de medo, e sempre projeta a culpa em alguém, ou para uma determinada situação, então sustentamos ao longo dos anos esta ilusão ao invés de nos libertar. Como algemas que nós mesmos colocamos em nossos punhos, eles nos prendem ainda mais e dificulta a nossa libertação. O ego faz de tudo para nos convencer que determinadas pessoas, não merecem o nosso perdão, e que temos que estar sempre prontos para nos defender ou atacar. No entanto basta um pouco de discernimento para perceber que somente quando você perdoa, está na verdade perdoando a si próprio. Neste sentido as adversidades acabam indiretamente se tornando os nossos mestres. São testes que o destino nos preparou para despertar. Um simples exemplo pode nos ajudar a compreender este aparente dilema. Existem dois anéis de diamantes. Um deles é verdadeiro, enquanto que o outro embora semelhante aparenta ser maior e mais brilhoso. Por ser mais atrativo a nossa tendência é escolher o mais brilhoso. Aquele que mais nos atrai e chama mais a nossa atenção. É claro que um joalheiro profissional e experiente perceberá que devido a nossa ignorância fomos enganados. Acabamos por Escolher o falso anel sugestionados pela sua bela aparência. Este é o papel do ego. Ele nos faz acreditar que escolhemos a joia de maior valor, mas que não passa de uma simples bijuteria.


Devemos inverter a nossa costumeira maneira de pensar. Qualquer tipo de desafio que tivermos que enfrentar, trata-se na verdade de uma benção porque nos força a rever os nossos pensamentos, e examinar atentamente as nossas crenças para serem corrigidos. Sabemos que nestes momentos o ego não aceitará de mão beijada a situação. Ele fará de tudo para nos persuadir, mas como no exemplo acima quando adquirimos conhecimentos através de um autêntico joalheiro (Mestre) não iremos mais incorrer em erro. Então como bons negociantes iremos reconhecer a joia verdadeira. Somente com o perdão podemos adquirir uma real visão, reconhecendo os nossos verdadeiros valores. Assim através desta necessária mudança, revertemos todo o processo da crença da separação. Talvez a maior dificuldade em perdoar as pessoas é a impressão de estar abandonando a nossa verdade. Perdoar pode parecer uma infidelidade, como se tivéssemos cometendo uma injustiça por não sermos sinceros aos nossos sentimentos. Normalmente o perdão é visto por este ângulo. No entanto o verdadeiro perdão é totalmente isento de julgamento. É o reconhecimento que absolutamente nada aconteceu. Na verdade nem o perdão é necessário, porque vejo o outro com os olhos da inocência, mesmo que aparentemente alguém tenha causado um mal temporário. Se houver condições, posso fazer algo para não perpetuar um erro cometido, mas sempre com o poder do amor. Ele é a chave que abre o nosso coração. Ele é a essência divina interior que se expressa no exterior. Mas é preciso estar sempre vigilante, porque o ego muito esperto voltará novamente para insistir para permanecer na defensiva. Esta é uma de suas grandes artimanhas. Chegamos até a escutar sua voz muito convincente que nos diz: --- Como é. Não vai fazer nada? Vai permitir esta humilhação? Quem ele pensa que é? Este é o seu usual discurso. Enquanto estivermos identificados pela voz do ego, existirá uma parte de nós que inconscientemente irá tropeçar na tentação de julgar e condenar. Ele quase sempre utiliza o seu próprio conhecimento intelectual em relação ao perdão, para estimular a sua vaidade e orgulho. No entanto não se pode perdoar o próximo para tentar se convencer de que somos espiritualmente superiores. Este seria um falso perdão.


----“Tudo bem, você está perdoado porque sou um homem do bem, mas nunca vou esquecer o que você aprontou” Isto não têm valor. Este tipo de perdão é uma espécie de barganha, apenas uma fachada. É o lobo travestido de cordeiro. Esta atitude demonstra apenas que o seu perdão não foi de coração. Perdoar verdadeiramente é não ver pecado algum em seu irmão, ou um castigo numa determinada situação. Como tão bem define “Um curso em milagres”: “Todo ataque é um pedido de amor... Você quer ter razão, ou ser feliz”? Enquanto estava escrevendo sobre este tema, fiquei surpreso quando almoçando com um grande amigo meu que domina vários idiomas, este me revelou que o significado da palavra perdoar significa em português paradoar. O mesmo ocorre na língua francesa Pardonné, na italiana perdonarre, e na inglesa forgive. Ou seja todas as palavras enfatizam a palavra, “DOAR” que significa se libertar das amarras que nos prendem ao ego que não quer doar, mas só quer receber. Outro ponto muito importante a registrar, é que em caso de tropeçar, isto é sentir dificuldade em perdoar, e isso certamente irá ocorrer no início o que é muito natural, devemos evitar nos auto-punir reconhecendo humildemente que o nosso “Ser” não está ainda fortalecido. Por isso devemos persistir e tentar outra vez, e mais outra vez. Com certeza não faltarão outras oportunidades para isso. Então após certo tempo, iremos nos surpreender. Notaremos que nosso perdão se torna cada vez mais natural, e começamos a sentir um alinhamento vertical, permitindo uma conexão cada vez mais intensa com o nosso “Ser”. Viver com a mente dividida é viver uma alucinação que precisa de um tratamento como qualquer disfunção mental. Além da angústia que ela provoca, ela se reflete no corpo físico causando diversos distúrbios psicosomáticos. Sempre o nosso corpo irá refletir como um espelho os nossos pensamentos. Quem possui o dom de ver a aura* que circunda o


nosso corpo sabe disso. De acordo com as tonalidades que a aura apresenta, podemos ver em que estado de consciência a pessoa se encontra. Raivosa, serena, deprimida, alegre, temeroso e assim por diante. O poder da mente é implacável. O que você sente você atrai, o que pensa você cria, e no que acredita torna-se realidade. Estar num mundo em dualidade, nos força em cada cruzamento de nossa vida fazer uma escolha. Vemos as pessoas aparentemente separadas uma das outras, com seus conceitos e preconceitos, suas virtudes e fraquezas. Damos um grande valor ao corpo, procurando satisfazer todas as suas exigências, e evitamos a todo custo a dor, sem nos darmos conta que todo tipo de prazer físico ou mental vem acompanhado mais cedo ou mais tarde do seu oposto. Impossível separálos. Desejamos que o prazer seja constante, mas a dor vem junto É como uma moeda em que você não consegue separar a cara da coroa. Tudo isso nos parece um gigantesco quebra-cabeça, todo fragmentado e espalhado em diversas regiões deste misterioso universo de sonho. Esquecemos que a felicidade não pode ser encontrada em pessoas ou objetos, pois não possuem durabilidade. São impermanentes, se transformam e desaparecem. Enquanto estivermos adormecidos e encalhados em nossas próprias crenças e ilusões, ficamos como que sonâmbulos e em constante movimento circular do qual fica difícil romper o seu rodízio. Como numa churrascaria, temos que virar o nosso totem para o vermelho, para que o garçom não volte mais a nos empanturrar com mais alimentos em nosso prato. Somente o verdadeiro perdão pode te libertar da falsa imagem que você imagina ser, permitindo o despertar de quem verdadeiramente você é. Quando um dos frequentadores dos satsang* do mestre Sri Nisargadatta fez uma pergunta para tentar entender as razões de sua infelicidade, o mestre respondeu com profunda sabedoria, mas com um toque de malícia: “Você está infeliz porque tem o que não quer, e quer o que não tem. Então sugiro que inverta a situação. Queira o que você tem, e não se importa com o que não tem”.


A verdade não precisa de defesa e jamais pode ser ameaçada. Não existe a inverdade, da mesma forma que não existe escuridão. Ela pode até nos dar a impressão de durar por um certo tempo, mas um dia a verdade como um sol, volta a iluminar a nossa alma desfazendo a escuridão da nossa ignorância. Isso me faz recordar da emoção que senti, quando ainda adolescente li o extraordinário romance “Os miseráveis” de Victor Hugo*. Não posso deixar de descrever um importante trecho, pois retrata de forma comovente um verdadeiro exemplo do perdão. Produziram-se várias versões teatrais e cinematográficas desta obra prima da literatura, mas recomendo ler o livro também, pois contém indiscutivelmente uma maior profundidade. O romance aborda a vida de um ex-prisioneiro chamado Jean Valjean, condenado injustamente a cinco anos de prisão por ter roubado um pão para seus famintos sobrinhos. No entanto devido a várias tentativas de fugas, ele acaba cumprindo um total de 19 anos de trabalhos forçados. Por fim é libertado, mas marginalizado por todos que encontra em seu caminho por ser um ex-prisidiário. Mas o destino o leva ao encontro de um bondoso bispo que sensibilizado pela sua situação, lhe dá comida e abrigo. No entanto havia tanta raiva e rancor em seu coração que na escuridão da noite rouba-lhe os talheres de prata. No dia seguinte por estar maltrapido ele levanta suspeitas por parte de alguns policiais que o prendem e é levado até a residência do bispo para confessar o seu crime. Quando chegam, para o espanto de todos e do próprio Jean Valjean, o bispo muito serenamente demonstra contentamento em revê-lo, e confirma ter lhe dado a prataria como presente, e ainda pergunta para o ex-presidiário, por qual motivo ele esqueceu de levar os dois castiçais que tinham um valor muito maior. Após os policiais terem se retirado, o bispo o faz lembrar da promessa que ele tinha feito de usar a prata para se tornar um homem honesto. (Na verdade não houve nenhuma promessa) Mas com este nobre gesto de bondade e verdadeiro perdão, o bispo consegue devolver a fé e o amor que aquele homem sofrido e amargurado tinha perdido. Quando nossa experiência humana está alicerçada no amor e no perdão, estamos na verdade vivendo a partir da nossa essência divina.


Não importa o tempo que possa passar, porque uma força viva e poderosa se revela em nós, e percebemos que quando mais amor e admiração sentimos por alguém é porque estas qualidades estão afloradas em nosso interior. O nosso semelhante se torna como um espelho que reflete as nossas mesmas qualidades. Assim toda situação, seja ela aparentemente dolorosa ou triunfante, desaparece quando o seu significado mais profundo se revela na tela de nossa mente.

*Gerald.G Jampolsky – Psiquiatra e autor de vários livros. É fundador do primeiro centro de cura das atitudes dos quais já existem mais de 130 centros *P.K.Nesbit – Psicólogo, mestre em educação física e tradutor do “Um curso em milagres” na língua tcheca. *Aurea – Energia invisível que circunda o corpo físico. *Satsang – Prática espiritual na companhia de um mestre e seus adeptos. *Victor Hugo – Novelista, poeta, dramaturgo, ilustrador e estadista francês com mais de 70 obras 1802-1885.


A percepção da iluminação traz consigo a repentina compreensão de que não há ninguém ou Nada para se tornar iluminado. A iluminação simplesmente é...Não pode ser atingida como um troféu...A totalidade de tudo o que existe é unidade, e tudo o que fazemos é interpormos no caminho dessa unidade, ao nos esforçarmos para encontrá- la Tony Parsons



EXISTE ILUMINAÇÃO E ILUMINADOS? O que vem a ser a iluminação?

Será que existem pessoas iluminadas? Qual é o profundo significado destas palavras? Popularmente dentro de uma sociedade onde predomina as regras do ego*, quando se diz que uma pessoa é iluminada ela é vista como uma pessoa especial, talentosa, carismática e que se sobressai dentro de um grupo social. Mas neste capítulo vou tentar transmitir o que vem a ser um iluminado dentro de uma dimensão mais sutil. A diferença está em estar mais próximo ou mais distante da nossa verdadeira natureza. Assim podemos dizer, sem incorrer em erros de interpretação, que um ser iluminado se encontra em conexão com sua própria essência. Estar iluminado é um estado de consciência, em que há um sentimento de interconexão amorosa com o todo, num absoluto não dualismo. Qualquer tentativa de ser descrito em palavras jamais poderá corresponder a verdade. Seria como ver a foto de um belo e decorado prato exótico, impresso num cardápio. Ele será apenas visualizado, mas não poderá ser experimentado. Na tradição védica*, a palavra iluminado que na língua inglesa é “enlightened” vem da tradução da palavra “Budhi”. É interessante saber que esta palavra surge da raiz “Budh” que significa “conhecer” ou aquele que conhece. É muito comum nos Vedas associar o conhecimento à luz, e a ignorância à escuridão. O próprio termo “Gurú” significa “Aquele que remove a escuridão” Então ele passa a ser considerado um sábio iluminado pois possui a luz do conhecimento. Aqui o termo conhecimento não se refere ao conhecimento intelectual, mas sim a uma experiência vivencial. Como esta luz se encontra em todos nós, podemos dizer que a iluminação está em todos nós sem exceção. O que ocorre é que para alguns este potencial se manifesta num grau muito elevado. Então ele passa a ser considerado “Um mestre iluminado”. No entanto não podemos acreditar no falso conceito que os iluminados possuem algo que


você não tenha, ou que você não possa alcançar. Na verdade o que mais buscamos em toda a nossa jornada, sempre esteve, está e estará em nosso interior. Esta busca nunca foi como acreditamos ser a conquista da natureza, sofisticar a nossa tecnologia ou obter vantagens materiais sobre os outros, mas sim resgatar a nossa verdadeira identidade. Este é o nosso verdadeiro propósito. Ela não está lá fora, mas está onde poucos tiveram a coragem de olhar. Não sentimos este desejo com intensidade, porque de acordo com as sábias palavras do mestre Soham Jñana*: “Enquanto alimentarmos a ideia do eu e do outro, estaremos contribuindo para a tecelagem dos véus da ilusão da separação. Mas se soubermos eliminar esses véus, o que haverá ainda para enxergar se não existir mais fronteiras entre o que era eu e o que era o outro? Não mais havendo um ponto de ilusório espaço ou consciência, onde um começa e o outro acaba”? O grande paradoxo é que quando você se torna um ser iluminado, nada se ganha. Ao contrário você perde. Você perde seus apegos, seus hábitos, seus pensamentos equivocados, seus desejos, seu ego. Quando sentir que nada mais há a perder, então podemos chamar este estado de iluminação. Ele é um estado atemporal, não pode ser encontrado no futuro, ele só se manifesta no momento presente. Os grandes mestres a definem como um dançarino, que em algum momento apenas a dança permanece e o dançarino desaparece. Podemos dizer que é como morrer para o mundo ilusório do ego, e passar a viver no mundo real. Um mundo do qual jamais nos separamos. Não nos damos conta disso, porque o véu do esquecimento não nos permite lembrar que estamos em constante conexão com a fonte. Somente através da prática do silêncio, podemos escutar com o coração a voz do nosso verdadeiro eu. Esta afirmação pode ser incompreensível para uma mente lógica racional. Sempre acreditamos que devemos nos empenhar arduamente para alcançar qualquer coisa, inclusive a iluminação. Isto funciona até certo ponto dentro das regras do mundo das formas, porque sempre para conseguir algo, devemos nos dedicar para obtê-la. Acreditamos que somente através de grandes esforços poderemos alcançar o despertar. O ego irá


perguntar:---O que eu irei ganhar com isso? Porque o ego que vive totalmente vinculado com o mundo externo, algo gratuito, algo que não exige esforço, algo que todos possuem, não faz nenhum sentido, e portanto não possui valor. O ego quer ganhar, quer se destacar. Deseja ser especial, enquanto o “Ser” já é completo pela sua própria natureza. Nada nele pode ser acrescentado. A pergunta mais importante que devemos fazer a nós mesmos é: “o que posso fazer para readquirir algo que já está intrínseco em nosso “Ser”? Pode parecer mais uma charada, mas da mesma forma que uma planta procura pela sua própria natureza se infiltrar na terra em busca de água, o homem deve se infiltrar em seu interior para se conectar com seu “Ser”. Para isso deve procurar um mestre para orientá-lo. Ele no início irá fortalecer o seu intelecto através de livros de autoconhecimento, praticar técnicas meditativas e respiratórias, participar de palestras, filmes e se possível fazer parte de um grupo de pessoas que também estejam nesta mesma busca. Mas tudo isso são apenas como faróis iluminando o oceano, para alcançar a terra firme. O que pode ocorrer neste estágio, é passar por algumas experiências místicas que podemos chamar de “Lampejos do “Ser*”. São momentos onde se experimenta uma espécie de flash de iluminação, que os hindus chamam por “Samadhi*” Mas também eles vem acompanhados por períodos de tristeza, ansiedade e angústia em maior ou menor grau. Isso acontece devido a esta fase de transição de um estado de consciência a outro. Podemos usar como analogia a transmutação da lagarta em borboleta. Esse processo é inevitável para que a lagarta possa manifestar todo seu esplendor e todo o seu potencial. Foi por essa razão, para quem leu os meus livros da trilogia,* pode entender porque utilizei a imagem da borboleta em uma das capas. Podemos dizer que quase todo mestre iluminado passa por estas fases. Mas depois quando ele se estabelece firmemente em sua essência divina, estas oscilações desaparecem, e a maior parte das práticas já não serão tão necessárias.


Um verdadeiro mestre não procura formar discípulos, O que ele faz é entrar em seus sonhos para despertá-los. Assim podemos compreender que é impossível tentar alcançar a iluminação, porque se ele pudesse ser alcançado, isso iria significar que ele não está aqui-agora. Se ele tiver que ser alcançado como se fosse algo externo, então o que pode ser alcançado pode também ser perdido. O que podemos fazer é apenas criar as condições necessárias para seu desabrochar. A iluminação já está em você. Não é algo que está fora, é algo que está dentro. Ele jamais poderia ser algo que já não estivesse em você. Todos nós possuímos essa essência. Como uma pequeníssima semente, ela tem por meta florescer. Quando recebe um raio de sol, e água da chuva, ela se sente nutrida, e passamos a acreditar que foram os fatores externos os principais responsáveis pelo seu desabrochar, mas na verdade eles foram apenas os estimuladores. Da mesma forma, nós acreditamos que a nossa alegria vem de fora, mas na verdade toda a felicidade que sentimos ao longo de nossa vida, surge desta pequena semente, que é um imenso e inesgotável oceano de amor. Isso é assim, porque a felicidade e a bem-aventurança é a nossa própria natureza. Segundo as palavras do mestre Muktananda: ----“Você não é apenas o que pensa que é; você é mais sublime e magnífico. Uma grandiosa luz divina existe em você. Interiormente, há um mundo sublime que vale a pena conhecer”. Assim podemos afirmar que dentro da realidade não existe essa ideia de pessoas iluminadas ou não iluminadas, mestres ou discípulos, jovens ou velhos, sábios ou ignorantes. Estas diferenças só surgem num mundo em dualidade. Isso só cria separação e conflito. É claro que essa classificação dentro do mundo dual, é utilizada por uma questão de praticidade. Mas na unicidade não existe absolutamente nenhuma divisão ou classificação. O absoluto não tem nada a ver com a dualidade, nem com a unidade. A verdade simplesmente é. O mestre Nisargadatta responde a esta questão com estas sábias palavras: ----“O pai e o filho são (aparentemente) dois, existe a necessidade de um terceiro termo para novamente ser Um. (Eu e meu pai somos Um. Jesus.) Onde está o terceiro termo? Pode descrevê-lo? Tu o viste”?


É muito compreensível que sentimos muita dificuldade em entender esta questão, considerando que vivemos grande parte do tempo mergulhados na dimensão dual, e limitados pelo tempo/espaço. Por mais que a iluminação possa ser descrita ela será apenas um conceito, uma ideia. Quando ela se manifesta a pessoa já não é a mesma. É uma total transformação. Simplesmente ele volta a ser o que sempre foi. Na verdade não existe muita diferença na superfície, mas muito em profundidade. Embora um ser iluminado esteja (aparentemente) ocupando os limites de um corpo físico, e sente a influência de seus sentidos, ele não se identifica com eles. Assim experimenta também os seus atributos divinos. Na tentativa de descrever o estado de consciência que ele experimenta, podemos dizer que é como estar flutuando acima do mundo fenomênico e sente intensamente a sua pura radiânsia. Ele se torna de acordo com a afirmação de todos os mestres, como uma tela de cinema branca e vazia. As imagens passam sobre ela e desaparecem, deixando-a branca e vazia como antes. Existem cenas em que vemos o fogo consumindo casas, vemos grandes navios naufragando no mar, e terremotos desabando prédios. Mas a tela permanece intacta, incombustível e totalmente seca. A tela não é afetada de nenhum modo pelas imagens, nem as imagens são afetadas pela tela. A tela intercepta e reflete as imagens, ela não as forma. Nada tem a ver com a película. Eles são como blocos do destino, de pessoas e de cenários que aparecem na tela. Sem dúvida este é um tema por demais vasto e profundo, para caber neste capítulo. Seria tema para um livro inteiro, e mesmo assim seria ainda como ver mais fotos de pratos sofisticados num cardápio. Mas afinal existe os iluminados? Claro que sim, eles existem. Quem são eles? Somos todos nós”.


*Tony Parsons – Mestre espiritual e escritor. Nasceu em Londres em 1933 *ego – Falsa identidade. *Védica – Tradição filosófica hindu, que ensina que a realidade é não dual. *Lampejos do Ser – Mais informações ver o livro “O Divino jogo da consciência” *Soham Jñana – Filósofo, escritor e palestrante internacional, autor da obra: Jesus, a trilogia. *Samadhi – Estado de união meditativa com o absoluto. *Trilogia – O Divino jogo do ser – O Divino jogo do amor O Divino jogo da consciência. *Muktananda – Mestre iluminado hindú, perten à linhagem dos Shidas – 1908-1982


Sua visão se tornará clara somente quando você Olhar para dentro do seu coração. Quem olhar fora sonha. Quem olhar para dentro acorda. Carl Jung



SONHANDO COM O MUNDO Escrever sobre a realidade ou irrealidade do mundo, constitui um

gigantesco desafio, e sei que jamais as palavras com suas limitações conseguirão confirmar aquilo que só pode ser sentido e experimentado em nosso próprio “Ser”. No entanto acredito que este capítulo pode nos trazer alguns insights, sobre este mistério que sempre desafiou as mentes mais brilhantes no decorrer dos milênios. Não estranhe se no decorrer do texto se deparar com mais alguns paradoxos, mas eles serão inevitáveis pela complexidade do tema. Somente sábios iluminados podem ser as únicas testemunhas que podem nos transmitir uma pequena ideia da verdade, por estarem fora do sonho, e num estado de unicidade com a fonte. Por ser uma experiência muito pessoal e intransferível, eles quase nada escreveram. Sabemos mais pelo depoimento de seus discípulos mais diretos, e de livros contendo seus ensinamentos. Assim tive que me inspirar através do contato indireto de seus seguidores, e conduzido pela minha intuição e experiências poder transmitir algumas concepções deste tema que irá exigir um pouco mais de atenção e reflexão. A resposta para esta questão é unanime. “O mundo e a mente são irreais” Esta afirmação a princípio pode nos chocar, e nos deixar estonteados porque a experiência que temos a todo instante nos confirma que o mundo é real. Não apenas acreditamos em sua realidade, mas também interagimos com ele e também com as pessoas. Pensar ou acreditar que o mundo e todo este gigantesco universo é uma criação mental nos deixa sem chão. Sentimos uma sensação de vazio, e a vida parece não fazer sentido. O grande paradoxo é que a própria mente associada ao ego, procura desmentir este fato, e nos apresenta provas relativamente consistentes para nos convencer que o mundo é real. Não podemos esquecer que uma das


características do ego é sobreviver, e ele fará de tudo para mudarmos de ideia. No entanto se nos questionarmos de que modo acreditamos na existência do mundo, a resposta só pode ser através dos nossos cinco sentidos. Porém até que ponto estes sentidos podem ser confiáveis? Seria possível o mundo existir sem a mente? Mas pesquisando um pouco sobre os pensadores do passado, vamos encontrar na filosofia ocidental, muitos filósofos que se questionavam sobre esta enigmática questão. Emanuel Kant um dos mais respeitáveis filósofos do século XVIII por exemplo, demonstrou minuciosamente em uma de suas obras que aquilo que percebemos não é o mundo, mas uma variável de sensações; sons, contatos, formas, sabores e odores. Estas sensações podem nos induzir em acreditar que elas possuem sua existência no exterior, independente de nossa mente. Mas de acordo com os sábios, o mundo só é sentido em nosso interior. Hoje com o avanço da física quântica, esta comprovação se tornou muito mais evidente através de pesquisas científicas. Sabemos que os átomos são compostos por partículas subatômicas, que não possuem nenhuma solidez. São apenas pacotes ou ondas de informações e energia, e que vibram em diferentes frequências. A aparente solidez e continuidade só existem em nossa mente, estimuladas pelos nossos sentidos que não conseguem distinguir as ondas de energia, e de informações. Porém a um nível mais profundo os sábios, nos confirmam que até mesmo a energia é inexistente. Ela é apenas um truque criado pelo pensamento. Segundo o grande avatar Sri Ramana*: “O mundo não é outra coisa senão o corpo. O corpo não é outra coisa senão a mente. A mente não é outra coisa senão a consciência primeira. E a consciência primeira não é outra coisa senão a Realidade”. Em outras palavras, o mestre nos diz que somos o eterno “EU SOU” que é imutável, sem substância, Ele se manifesta de forma natural, e nunca muda sua natureza, apenas aparenta se modificar, mas permanece no puro “EU SOU”. Então temos a certeza que a Realidade é um estado


sem ego. Do ponto de vista da verdade absoluta, o mundo é irreal, mas enquanto estivermos adormecidos e sob o domínio do ego, como num sonho ele nos parecerá real. Para que possamos nos orientar sobre esta questão, os sábios estabeleceram um padrão de realidade. Eles nos afirmam que “Só é real, aquilo que existe sem mutação e sem interrupção”. Este padrão é sempre confirmado por mestres e avatares e também nas escrituras da antiga Índia. Vamos encontrar na milenar obra “Bhagavad Gita” uma citação de Krishna* quando declara para seu discípulo: “O que é irreal não existe, e o que é real nunca deixa de existir” Podemos ver que esta citação é muito parecida com o “Um curso em milagres” “Nada real pode ser ameaçado. Nada irreal existe. Nisso está a paz de Deus”. Outro grande mestre Acharya Gaudapada também explica que: “Tudo que não tem existência antes e depois, não existe nem mesmo agora” Entre os vários métodos que os sábios se utilizam para demonstrar a irrealidade do mundo, um deles é o sonho. No mundo do sonho, o sonhador sente diversos desejos e emoções. Tudo no sonho parece estar acontecendo, mas quando acorda, percebe que tudo que sentiu foi irreal. Foi apenas um sonho. Porém o sábio consciente da verdade por estar desperto, sabe que o mundo no estado de vigília é tão irreal quanto o mundo onírico. No entanto, para quem não despertou, o mundo não desaparece até mesmo quando possui provas da sua irrealidade. A explicação deste enigma é que saber apenas teoricamente, não altera os fatos. A verdade tem que ser experimentada. Um bom exemplo disso é a miragem no deserto. A sua aparência como um lago não desaparece mesmo que você receba dezenas de informações e provas que ele não passa de mera ilusão. Mas somente quando estiver perto do imaginário lago, perceberá que sua visão te ludibriou. Encontrará apenas areia. Tal é o caso da aparência do mundo. Somente através do despertar, o mundo


desaparece por ser uma miragem da mente. Mas podemos nos questionar para saber porque temos tanta dificuldade em despertar? A resposta é devido a habitual tendência da mente, que sempre se dirige para o mundo exterior e não para o “Ser”. Mesmo quando meditamos a mente possui muita dificuldade em permanecer em silêncio, subjulgada constantemente pelo ego que alimenta constantemente a ideia de que o mundo é real. Outra analogia que os sábios se utilizam, é quando se tem a ilusão de que uma corda é uma cobra, por ela estar na penumbra. Enquanto acreditarmos que a corda é uma Cobra, ela não será vista como a corda que realmente ela é. A falsa cobra oculta a corda real. A mesma coisa ocorre com o “Ser”. Devido a esta ilusão, sentimos um grande vazio e uma sensação de angústia que nos invade em consequência do obscurecimento do Eu real. Então em nosso estado de delírio o substituímos inconscientemente pelo ego, que é o falso eu. O ego como a falsa cobra nos afasta da realidade da nossa essência divina e da nossa verdadeira morada. Então para suprir esta carência o ego nos oferece falsos valores. para diminuir o nosso desamparo. No início esta decisão parece resolver a nossa frágil situação. Entretanto com o passar do tempo percebemos que por mais que possamos ganhar, acumular, conquistar e consumir, não se consegue o suficiente para saciar a nossa sede de plenitude. Permanecerá sempre em nosso coração uma sensação de incompletude, como um saco sem fundo, fadado a jamais ser preenchido. Outra impressionante comprovação da irrealidade do mundo são as experiências de EQM. (experiências de quase morte) que parece que hoje ocorrem com maior frequência, e pesquisados cientificamente por médicos e psicólogos. Normalmente isso acontece quando a pessoa passa por um grande impacto emocional, um acidente ou uma complexa cirurgia, ocasionando uma morte clínica, que pode durar alguns minutos, horas ou vários dias. Neste espaço de tempo, ele passa por uma alteração de nível de consciência, e se conecta com outras dimensões. Como já mencionei, todas as diferentes dimensões fazem parte do nosso sonho. Dependendo do seu estado mental em que se encontra ele pode penetrar


numa dimensão de baixa vibração, chamado umbral, causando-lhe sentimentos de pânico e visões terrificantes, ou em outra de indescritível beleza, dando-lhe a impressão de estar no céu ou paraíso. Na maioria das vezes é acolhido por seres amorosos, e é com muita relutância que aceita voltar para o aparente corpo físico. Eu mesmo passei por esta incrível experiência que relatei em meu terceiro livro da trilogia “O Divino jogo da consciência” no capítulo “Lampejos do “Ser”. Uma outra analogia bastante convincente é a do vaso. Um vaso recebe este nome por pura convenção. Na verdade ele é apenas feito de argila. Antes de ser fabricado, era argila e quando um dia se quebrar voltará a ser argila, e mesmo como vaso ainda continua sendo argila embora com a forma e o nome de vaso. A forma do vaso não possui existência independente. O vaso portanto é algo que a ilusão imagina. Só a argila é essencialmente real. Da mesma forma, o mundo, que é apenas uma aparência dentro do real, é convencionalmente chamado de mundo, não tendo existência própria e independente. De acordo com os sábios, a irrealidade do mundo pode ser comprovada por meio destas analogias. A corda que pode ser confundida por uma cobra. A miragem do lago no deserto, e os sonhos no estado onírico. Todas estas analogias são importantes e devem ser vistas e compreendidas, porque são provas das nossas limitações. Não podemos esquecer que uma analogia é apenas uma tentativa de explicar simbolicamente a diferença entre o real do irreal, e que só pode ser compreendido e vivido em sua totalidade quando ele é experimentado. Em lugar de ser apenas uma expressão do pensamento, ele passa a ser uma realização. É algo que vivenciamos e que impregna todo nosso “Ser”. Tendo por base os ensinamentos do “Um curso em milagres” vamos encontrar no livro de Gary Renard “O Desaparecimento do universo” escrito sob a orientação de dois mestres ascensionados, surpreendentes e reveladoras citações, que são muito semelhantes com as afirmações do sábios orientais. Como um sussurro em nossos sonhos, eles tentam nos explicar, porque o mundo é irreal e seu desaparecimento no instante do


nosso despertar. Não quando a alma se liberta do corpo biológico, mas o verdadeiro despertar quando transcendendo matéria/espaço/tempo, nos tornamos uma extensão do divino. Portanto deixar o corpo, em nossa atual condição de adormecimento, não significa que despertamos do sonho, ele ainda continua, mas em outra dimensão vibratória mais sutilizada. “Antes do início, não havia inícios nem fins; havia apenas o eterno Sempre, que ainda está lá – e sempre estará. Havia apenas uma consciência de uma unicidade imaculada. O que Deus cria em sua extensão de Si Mesmo é chamado de Cristo. Mas Cristo não é de maneira nenhuma, separado ou diferente de Deus. Eles são exatamente a mesma coisa. Cristo não é uma parte de Deus, Ele é uma extensão do todo. O resultado de tudo isso é o compartilhar sem fim do Amor perfeito, que está além da compreensão. Então algo parece acontecer que como um sonho realmente não aconteceu – apenas parece fazê-lo. A ideia insana de se sentir separado de Deus”. Aqui fica claro que esta ideia de separação, jamais aconteceu. Você realmente nunca se separou. Você ainda está lá, mas entrou em um estado de ilusão. Um sonho as vezes feliz, mas muitas vezes um verdadeiro pesadelo. Este foi em realidade o verdadeiro instante do Big Bang. Como um gigantesco espelho, este se fragmentou em incontáveis fragmentos. Cada fragmento é aparentemente uma alma individualizada da nossa única mente sonhadora. Como uma foto holográfica, cada fragmento contém o todo. Por isso a grande importância dos relacionamentos, porque sem outras pessoas atuando como espelhos, seria muito difícil perceber tudo que precisa ser visto e perdoado em nós. Assim o mundo que chamamos de material em todas as suas dimensões, fazem parte deste grande sonho. Ele nos parece extremamente real, mas na realidade espaço/tempo inexistem, e o mundo é uma projeção que se manifesta na mente coletiva inconsciente. Um universo virtual que está em nossas mentes. Tudo isso nos demonstra que Deus jamais teria criado este mundo, mas por sermos sua extensão, ele está em cada um de nós, assim como também somos uma extensão


com as outras pessoas, e com toda a essência viva da natureza. É por isso que nos sentimos bem quando trilhamos o caminho do amor. Por ser o outro uma extensão de nós mesmos, os nossos pensamentos, sentimentos e atitudes, são refletidos de volta em nosso “Ser”. Se isso ficou bem compreendido, então podemos dizer sem nenhuma dúvida que todos nós somos o “Cristo”. Embora este termo seja uma adaptação da palavra hebraica “Mashiach, que significa o “Ungido”, ela foi traduzida pelos gregos como “Christós” que significa “Messias”, Portanto ungido é alguém sobre quem se derramou óleo, simbolizando aquele que possui autoridade. No entanto existe versões em que a palavra “Cristo” possui sua origem na palavra cristal, para designar nossa pureza original. Todos esses conceitos podem nos surpreender, porque fomos condicionados desde a infância em acreditar que Deus criou o mundo, e viu que era bom, de acordo com os textos bíblicos. Mas se ele o tivesse criado, estaria dando realidade a uma alucinação, e ficaríamos presos eternamente nesta prisão. De acordo com outra citação do “Um curso em milagres” “Se esse fosse o mundo real, Deus seria cruel, Pois Pai nenhum poderia sujeitar Suas crianças a isso como preço a ser pago pela salvação e ser amoroso” Podemos é claro duvidar de todos estes argumentos contra a irrealidade do mundo, porque achamos que quando acordamos de um sonho, podemos perceber a sua irrealidade, mas a nossa experiência durante o estado de vigília é constante e desta forma não temos condições de observar a sua ilusão. Entretanto embora este argumento parece fazer sentido, ele não deixa de ser uma outra ilusão. Em verdade existem muitas evidências que nos provam da irrealidade do mundo, mas que não são percebidas, por acreditarmos que as ocorrências no mundo são naturais e as aceitamos sem as questionar. Mas se estivermos atentos, vigilantes e observadores, iremos perceber inúmeros fatos que nos escapam de nosso campo de consciência. É como um ponto cego. Olhamos mas não vemos, tocamos, mas não sentimos. Talvez seja semelhante, quando as caravelas espanhóis quando pela primeira vez chegaram na América, nenhum indígena podia vê-los se aproximando.


A explicação é que as caravelas eram totalmente desconhecidas em seus registros mentais. Além disso, se prestarmos um pouco mais de atenção iremos ver que este aparente mundo nos frustra a cada instante, começando pela sua própria condição de mutação. Vemos que tudo é efêmero, impermanente, transitório e perecível. Podemos afirmar que absolutamente nada escapa a essa lei geral. Acreditamos na ilusão da separação, sentimos as nossas fraquezas e medos. Os acidentes, a violência, as doenças, as perdas, o envelhecimento, e a morte. Acreditar que tudo isso é normal e natural, demonstra o quanto estamos adormecidos. Tudo isso impede a nossa consciência condicionada de perceber todas estas evidências, que confirmam a irrealidade do mundo ( Maia*) Isto pode abalar muitas crenças que nos foram impostas ao longo dos tempos, principalmente pelas organizações religiosas, e passamos a acreditar nelas. Mas se investigarmos a fundo, iremos perceber que não são nossas autênticas experiências. São ideias emprestadas. Elas aparentemente nos proporcionam uma temporária segurança e achamos difícil nos desvencilharmos delas. Ninguém quer sair da zona de conforto. Porém a verdade é uma só. Virá o dia em que ela acabará prevalecendo. Quanto tempo o homem levou para aceitar que a Terra era redonda? E tantas outras crenças, que o tempo alterou. Por ser o mundo um sonho de separação, não devemos levá-lo muito a sério, porque estaríamos reforçando sua falsa realidade. Da mesma forma que não podemos levar a sério um sonho, seja ele feliz ou um pesadelo. Este pode ser um grande paradoxo difícil de compreender, porque ao mesmo tempo que a vida é um sonho, ela também é uma grande brincadeira. A própria vida é sempre comparado a um jogo que os hindus chamam de “Lila.” E quando afirmam ser esta a nossa verdade, eles não estão brincando, estão falando muito a sério. Na verdade como não existe passado, nem futuro, a ideia da nascer num corpo, não tem significado. Assim a reencarnação é como se fosse um sonho dentro de outro sonho. Assim dentro desta realidade, a ideia da reencarnação como algo real é impossível. Se isso for plenamente compreendido, não é apenas uma mudança de paradigma, mas uma verdadeira destruição do paradigma. Neste estado sentimos que não existe mais escravidão nem


libertação, não existe pecado nem santidade; a ilusão da dualidade é removida e assim termina toda noção de diferença. Estamos apenas sonhando com o exílio, mas totalmente seguros, amados e unificados com Deus. Um filme que pode facilitar muito o entendimento desta questão é “O Show de Truman” dirigido por Peter Weir. Truman o personagem principal, por ter nascido numa cidade artificial, não se dá conta que vivia num gigantesco cenário. Um reality-show televisionado e transmitido em cadeia internacional 24 horas por dia. Ele não percebe que vivia num mundo irreal. Atentem no filme para a resposta do diretor do show, quando lhe é perguntado sobre as razões de Truman não ter chegado perto de descobrir a ilusória natureza do seu mundo. “Aceitamos a realidade do mundo que nos é mostrado. É muito simples.” Mas Truman já adulto está a ponto de descobrir o quanto seu mundo aparentemente real, era completamente anormal, através de várias evidências que ele descobre aos poucos, e que não faziam sentido. Na verdade o que ele mais ansiava, era descobrir a sua verdadeira identidade. Então o amor da mulher amada, o estimula e lhe dá coragem para trilhar o caminho de sua libertação. A mulher amada representa simbolicamente o estímulo para o despertar de sua essência divina. Desta forma depois de passar por toda esta brincadeira (Lila) de esconde-esconde, ele finalmente acorda de seu longo e curto sonho, e volta a ser o que sempre foi. Vale a pena assistir ao filme, porque é uma maravilhosa e divertida alegoria de nossa condição de amnésia espiritual. Depois de muitos anos ou existências, vivendo numa consciência em que acreditamos estarmos separados de Deus, o que ocorre é que o nosso “Ser” se enfraquece e se distancia. É como se estivéssemos cobertos por uma lama que o próprio tempo endureceu, obscurecendo o nosso brilho. A nossa essência se torna uma fraca luz que mal consegue iluminar um minúsculo fragmento de nossa real identidade. Então compactuamos com o ego e passamos a ter um comportamento mecânico e instintivo. Amar o próximo como a sim mesmo de forma incondicional, se tornou


apenas um belo e romântico conceito filosófico. Isso faz com que a vida se torna como uma gangorra que oscila constantemente. Sim, as vezes temos bons momentos. Sentimos uma plenitude e uma felicidade que invade nosso coração, mesmo com as coisas mais simples. Mas isso só ocorre quando estamos mais conectados com nossa essência, porém não conseguimos manter este estado por longo tempo. Esquecemos da nossa verdadeira essência, e vamos buscar lá fora algo que possa nos completar. Mas é impossível fazer durar algo num mundo em dualidade. Um mundo em constante transformação. Algumas coisas duram mais tempo, outras só duram o tempo de uma respiração. Mas quando nos conectamos com a fonte suprema, como um lampejo de luz, ele consegue clarear instantaneamente a nossa consciência e lembramos que temos a mesma natureza do criador. Dentro da realidade só existe amor e unicidade. No entanto existe outra questão um tanto intrigante, e muitos se questionam sobre ela, sem encontrar uma explicação coerente. Como podemos compreender depois de milhares de anos, e com a frequente presença de mestres e avatares, ao longo dos séculos, uma estagnação moral e espiritual em que nos encontramos. Amar o próximo como a si mesmo, e outros sublimes ensinamentos de Jesus, dificilmente são praticados em nossos dias. Vemos que ainda impera a violência, conflitos, guerras em diversas regiões, e um sistema político competitivo beneficiando a poucos, enquanto grande parte das pessoas sobrevivem nas piores condições. Será que é tão difícil perceber que o amor é o melhor investimento? Pode parecer um grande mistério. No entanto isso tem uma explicação. Não podemos esquecer que todas as pessoas que viveram há milhares de anos, não se encontram mais no plano físico. Com certeza se encontram em dimensões mais elevadas, e muitos já despertaram do grande sonho. Os habitantes atuais, não são os mesmos do passado, salvo alguns que por compaixão se tornam mestres missionários. A grande maioria são outros seres vindos de outras dimensões para aprender novas lições. Temos que considerar este fato, porque ficaria sem sentido que passados milhares de anos, estes seres


não tenham evoluído ao longo de suas numerosas encarnações. Sabemos que nada permanece estático. A cada dia somos diferentes. Um bom exemplo disso, foi a vida do senador romano Públio Lêntulus. Uma alma atormentada pela ambição política, abusando de sua autoridade para servir o império, e atraindo para si e para sua família terríveis desventuras. Após várias encarnações (sonhos) em diversas regiões, encontra por fim a luz salvadora do arrependimento. Sua última encarnação foi em Portugal como padre católico, cujo nome foi Manuel da Nóbrega, que junto com o padre José de Anchieta viajam para o Brasil recém descoberto, com a missão de catequizar os índios, e em 1554 fundam a cidade de São Paulo. O tempo passou e em pleno século XX, pouco antes da segunda guerra mundial, ele volta como mentor espiritual do grande médium brasileiro Chico Xavier*. Juntos produzem diversas obras psicográficas, sendo um deles o livro “Há dois mil anos” Um romance onde descreve a sua vida como um perverso senador romano. Um clássico da literatura espírita.

*Carl Jung – Psiquiatra e fundador da psicologia analítica. Fez parte do movimento psicanalítico criado por Freud, mas do qual se separou. 1875-1961 *Sri Ramana – Avatar- 1879-1950. *Maya – Poder que vela e obscurece a verdadeira natureza do “Ser.” *Krishna – Avatar- encarnação do Senhor Vishnu, cujos ensinamentos estão contidos no Bhagavad Gita. *Lila – O jogo divino. *Peter Weir – Cineasta Australiano. *Chico Xavier – Médium com mais de 450 obras psicografadas. 1910-2002


A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, ria, chore e viva intensamente cada momento de sua vida, antes que a cortina se feche e a peça termina sem aplausos. Charles Chaplin



A NOSSA PRINCIPAL JORNADA Tente imaginar apenas por um momento, que você acorda de

manhã ainda meio sonolento, e de repente se depara que está em outro lugar, como se estivesse em outro mundo. Você esfrega os olhos para ter certeza que não está sonhando, e aos poucos começa a perceber que este novo cenário é um tanto diferente do mundo até então conhecido através de seus sentidos. Para sua surpresa começa a ver simples habitações mas de extremo bom gosto, todas interligadas por amplos jardins floridos, e sem nenhuma demarcação entre elas. Majestosas montanhas, bosques e lagos complementam este extasiante paisagismo. Você esfrega novamente seus olhos ainda estonteado por essa repentina e totalmente inesperada mudança, e se dá conta que todas as coisas ao seu redor possuem um intenso brilho e colorido nunca visto antes. Tudo parece surreal e você sente um grande deslumbramento em presenciar este majestoso local. Porém na medida em que passa a observar com mais atenção este novo habitat, percebe a existência de pessoas, habitantes deste mundo. Você nota muita amorosidade em suas interações uns com os outros, e seus rostos refletem felicidade e harmonia, muito diferente do nosso estressante mundo conhecido. Então você se pergunta um tanto desnorteado, em que mundo poderia estar. Estaria por ventura em outro planeta? Mas para sua surpresa você constata que está no planeta Terra. “A Terra do não dualismo”. Esta introdução pode parecer uma mera fantasia. Um belo sonho, talvez uma antevisão de um futuro mundo perfeito. Mas não. Este mundo de fato existe e está aqui e agora. Não no mundo externo, mas sim em nosso mundo interno. O verdadeiro e real mundo, onde são poucos os seus exploradores. Habitar esse mundo é possível. Ele não exige nenhuma burocracia, documentos, dinheiro, passaporte. Não exige meio de transporte e nem tampouco bagagens para serem transportadas. Basta apenas o seu desejo e seu desempenho.


Em um determinado momento de nossas vidas, sentimos que chegou o momento de abandonar muitos vínculos que com o tempo acaba perdendo nosso interesse inicial, e que não nos satisfazem mais. Nos desvinculamos de relacionamentos afetivos, de antigos amigos ou colegas de trabalho, nos afastamos de uma organização religiosa, tradições políticas e muitos outros laços. Isto tudo acontece em decorrência de um despertar espiritual, e fica cada vez mais difícil manter ou conviver com eles. Eu próprio já passei por muitos deles, e sei que é muito difícil administrar os sentimentos e emoções quando atravessamos estes estados. Algumas delas podemos até manter, contanto que isto não venha a interferir em nossa nova jornada. Sempre que rompemos um vínculo sobretudo afetivo, é um tanto doloroso. Mas não podemos permanecer estagnados. Temos que ter a coragem de mudar. Quando somos crianças estas mudanças são mais fáceis, e ocorrem de forma natural. Mas na fase adulta fica mais difícil, porque assumimos várias responsabilidades e os relacionamentos acabam como se cristalizando. Ficamos temerosos, e com o passar dos anos muitas vezes acabamos nos conformando com a situação, como se fosse o nosso destino. Mas o destino também nos reserva surpresas, e de repente situações inesperadas nos forçam compulsoriamente a mudar. Neste processo de despertar, atravessamos vários estágios. Um dos mais difíceis a ser superado, é em relação ao conceito de que para se alcançar a felicidade devemos ter um propósito na vida. “Sucesso profissional e econômico, ótima saúde, exercícios físicos, saudável alimentação, além de um harmonioso relacionamento afetivo. É o que a sociedade nos impõe e espera de nós. Para isso vamos encontrar muitos livros de autoajuda que proliferam hoje nas livrarias, e que tentam nos oferecer as mais variadas receitas para atingir este propósito. Na verdade tudo isso deveriam ser chamadas de metas. Não que essas metas não sejam necessárias, e desejáveis, mas elas não constituem o nosso real e mais importante propósito. Esta é uma pergunta que devemos fazer a nós mesmos, e só poderá ser respondida a partir do momento em que nos damos conta que vivemos adormecidos. Acreditamos ser o que não somos, e


desacreditamos do que realmente somos. Somente quando adquiro consciência da minha verdadeira situação, poderá existir condições e possibilidades em despertar deste nosso hipnótico sono. Somente então é possível voltar a ser o que sempre fui: Unificado com a fonte. Ele é ao mesmo tempo muito simples, mas também difícil de alcançar. O ego fará de tudo para impedir esta percepção. Eu pergunto: ---Poderia existir um propósito maior? Por ter se distanciado de sua real verdade, o homem se restringiu em conquistar apenas determinadas metas, Na verdade as metas são como brinquedos educativos para uma criança. Neste estado de consciência ele sente a necessidade de estar sempre fazendo algo. Pode ser qualquer tipo de atividade somente para diminuir o vazio que sente. Outros provavelmente mais carentes, sentem que precisam realizar algo de grandioso para serem reconhecidos e prestigiados. Existe uma imperiosa necessidade de alimentar o ego, (a nossa falsa identidade.) Sem ele o que seríamos? Um nada devastador que parece aumentar cada vez mais. Uma angustia tão insuportável que pode acabar conduzindo-nos drasticamente ao suicídio. A nossa amnésia espiritual é tão forte, que não nos damos conta que o nosso único problema é acreditarmos na ilusão da separação. Esta é a primeira e verdadeira causa de nossa carência. Podemos até afirmar sem exagero que todos os outros aparentes problemas decorrem desta falsa, mas penosa sensação de se sentir excluído. Repetindo uma sábia citação do psicólogo Augusto Cury: “Os que pensam em suicídio não querem matar a vida, terminar com a existência, mas matar a dor emocional, a angústia, o desespero que abate suas emoções. É uma tentativa desesperada de procurar transcender a dor da existência, e não o fim dela”. A própria condição existencial do ser humano, é como um imenso palco, onde por mais estranho que possa parecer, seus atores se sentem estranhos uns com os outros. Neste surrealista cenário dirigido e produzido pelo ego, impera as mais diversas atuações. Isso acaba


provocando constantes conflitos e um sentimento de temor, insatisfação e estados de depressão. Basta assistir as novelas televisivas. Um prato cheio de oscilações emocionais. Mas em um determinado momento de nossa vida, principalmente quando enfrentamos um grande desafio, parece que desperta em nós uma energia oculta que nos motiva em buscar algo mais substancial do que apenas nutrir e proteger nosso corpo, ou acumular bens materiais. Desta forma somos impulsionados a desfazer os véus que encobriam a nossa verdadeira identidade, buscando em nós mesmos o sentido da nossa principal jornada. Este profundo e intenso sofrimento humano, quando é analisado e compreendido com muita clareza nos mostra que uma das razões desta constante condição de ansiedade, é a nossa crença de nos sentirmos culpados, e mergulhados num mundo em dualidade. Em vez de predominar a união e o amor que fazem parte de nossa verdadeira natureza, sentimos um temor e uma desunião cada vez mais intensa. No entanto não podemos terminar com esta dualidade através do intelecto, num mundo em que prevalece o poder do ego. Porque tanto a felicidade como a infelicidade são interdependentes. Impossível separá-los em curto espaço de tempo. Eles constituem a frente e o verso da mesma moeda. Para se alcançar o “Ser” que na realidade já está em nós, nada é preciso fazer. Devemos perceber com lucidez que o despertar não pode ser atingido pelo esforço. Qualquer tipo de esforço só irá retardar o nosso despertar. É como um peixe fazendo todo um esforço mental, para compreender o que vem a ser a água, sem se dar conta que está o tempo todo mergulhado nela. Somente através do silenciar da mente, é que podemos criar as condições necessárias para uma verdadeira conexão. Então como um lago de águas serenas, podemos enxergar com clareza os tesouros que se ocultam em sua profundeza. Enquanto estivermos dominados pelo ego, iremos nos identificar com aquilo que é formado, produzido, criado e ficamos dependentes de suas causas. Isto significa ficar submetido em sua matrix, como escravos, presos no tempo, na carência, na decadência, e na morte. Nossa principal jornada, longe de ser um caminho de aquisições e acumulações, é ao contrário, um caminho que se assemelha mais ao ato de despir-se do que ao ato de vestir-se. Compreender o profundo


significado da não identificação com o mundo das formas, pode ser considerado até como um prelúdio para o despertar. O mestre Ramesh S. Balsekar* definiu isto com muita sabedoria quando diz: “O ser humano quer dar continuidade à sua vida e as suas realizações, mas ao mesmo tempo reclama pelo “Ser”. Não desiste da guerra, mas exige paz” Quando reconhecemos que o nosso principal equívoco está no esquecimento de nossa verdadeira natureza, não podemos desejar exclusivamente a felicidade, a prosperidade e saúde perfeita, tentando a todo custo evitar o seu oposto. Tentar endeusar o mundo das formas, só pode resultar em maior frustração e maior conflito. Tentar viver no mundo como se ele fosse a nossa única morada, é tentar enganar a si próprio. Impossível eternizar algo que por sua própria natureza é impermanente. Sim, podemos trabalhar, preservar a nossa saúde, viajar, se entreter e desfrutar do prazer que eles nos proporcionam, mas sem esquecer que em realidade a vida é como estar assistindo a um filme que nos parece extremamente real. Sem dúvida ele possui um grande poder de sedução, e fica muito difícil acreditar que se trata simplesmente de uma projeção numa tela branca. Sempre o mundo exterior será o reflexo do nosso mundo interior. Para isso temos que estar atentos e vigilantes. – Administrar os nossos pensamentos e emoções. - Ser um observador desapegado. - Estar acima do campo de batalha. - Viver no mundo sem ser do mundo. – Amar e perdoar sempre. Estes sempre foram os ensinamentos dos grandes mestres. Então gradativamente começamos a sentir, que a influência do ego se torna cada vez menor. Isto ocorre desta forma, porque caso você despertasse repentinamente seria extremamente assustador. Como “Um curso em milagres tão bem explica: “Tão amedrontador é o sonho, tão aparentemente real, que ele não poderia despertar para a realidade sem o suor do terror e um grito de medo mortal, a não ser que um sonho mais gentil precedesse o seu despertar e permitisse que a sua mente mais calma desse boas-vindas à Voz que chama com amor para que ele desperte ao invés de temê-la; um


sonho mais gentil, no qual o sofrimento foi curado e seu irmão veio a ser seu amigo”. Somente desta forma podemos nos sintonizar com a voz por Deus ou do espírito santo, que é o nosso eu superior. Então estaremos preparados, para sermos conduzidos com tranquilidade em direção da nossa pura essência. Ela pode ser temporariamente esquecida, mas jamais perdida. Tudo isso significa que se tivermos fé de que a vontade de Deus é também a nossa vontade iremos perceber com total clareza que jamais houve separação e que nada pode manter-nos longe do seu amor. Então o nosso coração será apaziguado. Todos os nossos pensamentos sombrios, os nossos negros pesadelos nada irão significar. Eles jamais prevalecerão contra a nossa paz. A verdade não vacila. Vamos encontrar novamente no “Um curso em milagres” uma comovente citação que confirma que não existe nenhuma perda na realidade: “Perdoa todos os pensamentos que querem se opor à verdade da tua completeza, unidade e paz. Tu não podes perder as dádivas que o teu Pai te deu”. Somente quando o ego é destronado, todas as nossas ilusões são removidas, e como uma extensão divina você aceita a voz por Deus como sua única fonte. Somente aceitando serenamente a vida como ela é, podemos reencontrar no silêncio do nosso coração, a nossa bemaventurança. A vida é como um sonho. Existe apenas um propósito no qual todas as pessoas deveriam buscar. “A verdade de quem somos nós”. E a verdade é tudo aquilo que não mudas. Não poderia terminar este capítulo, sem o majestoso e sublime texto do mestre Nisargadatta, que não deixa de ser uma síntese deste capítulo.


“Tudo aquilo que foi obtido, pode ser perdido novamente. Somente quando você perceber a verdadeira paz, a paz que você nunca perdeu, essa paz permanecerá com você, pois ela nunca foi embora. Sempre permanece em seu interior. Em vez de procurar aquilo que você não tem, descubra aquilo que você nunca perdeu. Aquilo que está lá antes do início, e após o fim de tudo; Aquele estado atemporal, que não é afetado pelo nascimento e nem pela morte de um corpo, ou de uma mente. Este estado você deve perceber. Ele é o seu eu verdadeiro.

*Charles Chaplin – Ator, diretor e produtor Considerado um ícone do cinema mundial. 1889-1977 *Ramesh S. Balsekar – Discípulo do sábio Nisargadatta Maharaj. É autor de mais de 25 livros. *Nisargadatta – Gurru hindu na linha de Advaita Vedanta – 1897 - 1981


Você deveria orar a Deus com intimidade, como seu filho, e é o que você é. “Eu sou Teu filho. Tu és meu Pai. Tu e eu somos um. Paramahansa Yogananda



A VERDADEIRA ORAÇÃO Neste capítulo, vamos

procurar compreender o verdadeiro significado da oração, e as razões pelas quais as pessoas recorrem a esse íntimo diálogo, seja ele feito no lar, em contato com a natureza ou no interior de uma igreja. Por estarmos vivendo num mundo em dualidade e grande parte do nosso tempo somos dominados pelo ego, temos a tendência em recorrer a oração. Porém ela quase sempre é um pedido no mundo das formas, seja para diminuir o nosso vazio, procurando preenchê-lo através do mundo exterior, ou para nos livrar de um determinado obstáculo que nos causa sofrimento. São raras as exceções quando a oração é feita em agradecimento pelas boas situações que nos são dadas. Porém ambas estão ainda no campo da carência e refletem a nossa incompletude. Somente através de uma conexão espiritual, esta carência pode ser preenchida. Não uma espiritualidade de segunda mão, mas sim uma verdadeira conexão com a nossa essência que sabemos ser muito maior que a nossa individualidade. Constatamos também que investir no mundo das formas, não irá nos proporcionar a real felicidade, porque é como construir uma casa na areia, que a maré fatalmente irá dissolver. É preciso que haja fé em nosso coração, e sentir que temos uma força maior, onde tudo pode ser possível. Foi com esta visão que o mestre Jesus confirma esta verdade quando diz: “Em verdade vos digo que se tiverdes fé como um grão de mostarda (Uma minúscula semente) direis a este montanha: passa daqui para acolá, e há de passar; e nada vos será impossível” (Mateus). A questão é que não sabemos como manifestar este grande poder. A nossa mente é invadida constantemente por inúmeros pensamentos, o que dificulta enormemente a nossa concentração. Desconhecemos as ferramentas que devemos utilizar para direcionar a mente em direção da


nossa essência. Fica claro neste ensinamento de Jesus que as montanhas representam simbolicamente os obstáculos da vida. São montanhas de orgulho, de inveja, ódio, avareza, ressentimentos e muita outras fraquezas que só retardam o nosso crescimento espiritual. Quando adquirimos esta consciência, quando de fato nos damos conta da nossa situação, devemos procurar aos poucos desfazer estas falsas e distorcidas crenças para não continuar subjugados pela voz do ego. Sentimos no âmago da nossa alma a necessidade de algo que seja imperecível. Desejamos sentir uma plenitude que não pode ser encontrada neste mundo de dualidade e em constante mudança. O que em verdade mais ansiamos é obter uma visão panorâmica da vida e não fragmentada. Queremos sentir a paz e o amor, que estão em nosso “Ser” mas que o ego e as regras sociais nos iludem e nos impedem de encontrar. O ego quer nos manter adormecidos, e nos transformar em verdadeiros androides para servir a este sistema corrupto e materialista onde o homem esqueceu de sua alma. Isto só pode ser desfeito libertando a nossa mente das inverdades que nos foram impostas, e direcionando os nossos pensamentos para aquilo que é real. Para aquilo que é constante. Podemos chamá-lo de Deus, O Absoluto, o Ser, Espírito santo, a Fonte, pouco importa o nome. O mais importante é sentir que existe este extraordinário poder que está em nós, capaz de através de uma pura e verdadeira oração eliminar nossas crenças para um novo renascimento. Sempre que ocorre a aparente separação de um amigo, parente, ou um antequerido, é quase sempre um dos maiores desafios da alma, porque neste momento, somos levados compulsoriamente a nos questionar sobre o sentido da vida. Quando convivemos por um longo período com uma determinada pessoa, sabemos que um dia teremos que nos separar, seja por incompatibilidade, ou através da desencarnação que ainda por ignorância a chamamos ainda de morte. Quando isso ocorre o que deveria ser motivo de celebração, pois a alma após cumprir com sua missão se liberta finalmente do pesado fardo do corpo, ocorre exatamente o contrário. Lamentações, lágrimas, tristeza, e angústia. Caso o corpo ainda esteja em estado de coma, oramos pela sua recuperação,


ignorando que estamos tentando prolongar seu sofrimento na prisão do corpo, devido ao nosso apego. Porém se nos aprofundarmos mais nesta questão, iremos verificar que esta aparente separação possui um lado positivo, porque faz reviver inconscientemente a nossa própria e imaginária separação da fonte. Dificilmente as pessoas percebem esta sutil verdade. Acreditamos que sofremos pela separação do outro, mas na verdade sofremos pela nossa própria separação. Como já me referi diversas vezes, o homem vive numa profunda amnésia espiritual. Desconhece a sua verdadeira identidade, e permanece inconsciente do seu verdadeiro potencial. Acreditamos estarmos separados da fonte (Deus) e em consequência de tudo isso sentimos um vazio que não conseguimos preencher. Desta forma a oração na maioria das vezes, se torna apenas uma espécie de mendicância. Um ritual que só fortalece a crença de uma força externa que acreditamos irá solucionar os nossos aparentes problemas. Se fosse assim estaríamos numa dependência sem fim. Este tipo de oração, quase sempre envolve um sentimento de baixa autoestima, e que jamais seriam sentidos por um ser que reconhece o poder de sua divindade. A verdade é que este poder já se encontra em nosso interior. Ele não está fora de nós em algum lugar do universo. Com certeza o grande desafio é descobrir de que modo podemos nos conectar com ela e saber utilizá-la. Como podemos ser livres e nos evadir da prisão que nós mesmos construímos e que obscurece a riqueza que está em nós? Mais uma vez o mestre dos mestres nos diz: “Pai. Tudo o que é meu é seu, e tudo o que é teu é meu, e neles sou glorificado”. Esta afirmação é muito semelhante quando Jesus em outra situação diz: “Eu e meu pai somos um”. Segundo “Um curso em milagres” existe como uma espécie de ponte entre o ego e a fonte. No curso ele é chamado de Espírito Santo por utilizar uma terminologia cristã, mas podemos chamá-lo de Eu Superior, Ser, Jesus, Essência guru, ou o nome que preferir. O ponto principal e com certeza o mais difícil de ser praticado é não dar ouvidos para o ego, pois seu propósito é manter em sua mente a ideia da separação. Ele irá te


persuadir constantemente a se sentir um indivíduo independente e especial. Podemos dizer que a maior parte da humanidade vive sob as regras do especialismo. Sempre tenho razão. Eu sei o que faço. Sou um homem importante. Sou mais rico, A minha religião é a verdadeira, Sou mais esperto, e assim por diante. Desejar ser especial, cria uma fronteira que só nos causa conflitos e nos separa uns dos outros. Como já mencionei, mas não custa enfatizar novamente, que é nesta falsa sensação de separatividade que se encontra exatamente a raiz de todos os nossos aparentes problemas. Ele é o ponto central de toda a nossa tristeza e angústia. Porém como já constatamos, acreditar ser uma entidade especial só reforça a ilusão da separação. Esta é a razão pela qual criamos e nos apegamos a um eu artificial que chamamos de ego, e que procuramos defender a todo custo, como se ele fosse nosso melhor amigo, e que temporariamente tenta preencher o nosso vazio através de falsos ídolos. Por isso, a real e única solução é procurar desfazer esta falsa crença utilizando o Espírito Santo. Ele nos oferece a simples verdade, ao invés da complexidade do ego. Através deste entendimento podemos começar a perceber que a verdadeira oração ocorre quando estabelecemos um contato com este poder interior. Então começamos a ouvir uma antiga canção quase esquecida, que nos encanta pela sua doce melodia. Só então podemos ter certeza que é a voz por Deus. Como um iceberg, este poder está submerso na profundidade do oceano. O ilimitado oceano do nosso interior. Temos que fortalecer a nossa fé e coragem, e mergulhar em busca do nosso estado natural. A nossa verdade absoluta jamais pode ser encontrada fora de nós. Ela não pode se manifestar em toda a sua totalidade através de palavras ou conceitos, ou fazendo parte de uma organização religiosa. É impossível descrevê-la até mesmo quando os grandes mestres tentam explicá-la. Muitas vezes eles permanecem em profundo silêncio. As palavras se tornam impotentes para descrever uma experiência de enorme magnitude. Só existe uma única possibilidade. Só


existe uma única alternativa. Mergulhar profundamente no santuário do nosso coração, e encontrar o maior de todos os mestres: “O Silêncio”. Somente através do silêncio podemos experimentar a nossa plenitude. Porém fazer este mergulho sozinho sem saber nadar, é muito difícil no estágio em que nos encontramos. Precisamos de um experiente nadador que vem em nosso auxílio. Este é o trabalho do Espírito Santo. Na verdade ele é a memória da nossa essência. Em outras palavras temos que compreender que nós somos esta memória antes da ilusão da separação. Isto é, antes de imaginar estarmos separados da fonte. Ele é como um completo e perfeito arquivo do nosso “Ser”. Devemos procurar acessá-lo porque é lá que se encontra o nosso verdadeiro eu. Como já mencionei, jamais nos separamos dela, mas acreditamos nesta louca e ilusória ideia. Nós somos o próprio Espírito santo mas não lembramos que ele está em nós. Ele é o guia em que podemos confiar e que irá nos levar amorosamente para o nosso sagrado e imaculado estado natural. Então seremos capazes de sentir intuitivamente que existe a semente de uma verdade, talvez uma suave e vaga lembrança que fará vibrar o nosso coração, e recordar gradativamente que isso é verdadeiro. Esta memória está em todos nós. Podemos ser santos, pecadores, ou bandidos, não importa a atuação do nosso papel neste nosso palco da vida, ela jamais pode ser extinta ou perdida, pois está fora do tempo/espaço. Ela não possui por meta a manutenção de valores perecíveis, mas sim recuperar gradativamente a lembrança do que sempre fomos; Um com Deus. Esta é a verdadeira oração. É claro que neste estado de plenitude e bem-aventurança, a oração será totalmente desnecessária por não existir mais nenhum tipo de carência. Gosto muito de um texto do Gary Renard* quando diz: “Enquanto estiver experimentando a separação nunca vai realmente se sentir abundante. Quando desfizer a experiência da separação, nunca vai se sentir em falta. Você vai se sentir em abundancia até mesmo se estiver falido. Mas com a separação, vai sentir escassez mesmo se for rico”


Essa necessidade em pedir ajuda ao Espírito Santo, é universal. Ela está em todas as religiões e indicada por todos os grandes mestres iluminados. É por isso que o mestre Jesus continuamente enfatizava que: “Nada posso fazer por mim mesmo, mas da vontade daquele que me enviou” É muito importante entender esta citação. Quando Jesus diz: “da vontade daquele que me enviou”, ele estava se referindo da vontade do seu divino interior. Do contrário seria uma contradição acreditar que existe uma separação entre o “Ser” e a Fonte. Mas foi a maneira de se fazer entender naquela época. Hoje usaria outras palavras como: Nada posso fazer através da minha individualidade (ego) mas sim através da vontade do meu Eu superior, ou Espírito Santo. Podemos encontrar também nos conhecimentos esotéricos do cabala, que datam a cerca de 5.000 anos, uma antiga história, de Rav Ashlag, considerado um dos místicos mais profundo do século XX, que em uma de suas reuniões ouviu por parte de um de seus alunos, a grande dificuldade em se livrar da escuridão. Assim se expressou o aluno com muita tristeza: “Mestre. Esforcei-me para diminuir meu ego. Fiz tudo que o senhor me ensinou. Mas tenho que admitir uma coisa. Apesar de ter tentado tudo em meu poder, não consigo fazê-lo. Para o espanto do aluno, Rav Ashlag bateu palmas com alegria. “Mas mestre”, disse o aluno, eu sei o quanto o desaponto por meu fracasso em entender seus ensinamentos. Por que o senhor está tão feliz?” Rav Ashlag então falou: -----“ Você não pode alcançar a transformação que tenho lhe ensinado sem a ajuda do Criador. E você não pode receber a ajuda de Deus a não ser que compreenda profundamente que sem ela você é incapaz de mudar”. Se juntarmos todas as gotas do mar, elas formariam um só oceano. Todas idênticas em sua estrutura. Nós seres humanos, somos como gotas de Deus, Idênticos em essência, mas sonhando como indivíduos pela ilusão da separação. Como água queremos fazer parte do oceano. Desejamos nos conectar com Deus. Como se trata de uma analogia, aqui Deus deve ser visto, não como uma entidade separada, mas fazendo


parte do nosso eu real. Ela é como uma semente em nós. Ela não se encontra no corpo. Ela está além de todos os limites. Ela desabrocha, recupera a sua verdade tornando-se um com Deus. Somente quando estabelecemos esta conexão com o Espírito santo, ou Eu real, então ele poderá nos guiar em direção do nosso verdadeiro propósito. No entanto por ser este conhecimento uma terrível ameaça aos alicerces do sistema egóico, sabemos que ele não irá desistir ou facilitar essa decisão. O ego fará de tudo para você não acreditar nesta ideia. Por isso a necessidade de vigiar os nossos pensamentos, e estar atentos, para não nos deixar ludibriar por este falso eu. É claro que se estivermos no início da nossa jornada, e identificados com o mundo material, as nossas orações estarão mais voltadas para o nosso conforto e bem estar físico. Isso é assim porque não tivemos ainda o insight do despertar. Não percebemos que estamos quase cegos e tateando no escuro. Uma existência muito parecida com a famosa alegoria da caverna de Platão*. Somente na medida em que nos libertarmos das nossas crenças e apegos, as nossas orações estarão fortificando o nosso “Ser” para encontrar o caminho mais rápido para despertar e voltar para casa. Na verdade tudo que precisamos fazer é desfazer o falso eu (ego) que nos faz acreditar que nada existe fora do mundo material. Quando escutamos a voz do Espírito santo, e permitindo que ele esteja no comando, estamos em verdade nos unindo ao nosso verdadeiro eu, em vez de reforçar a ilusória ideia da separação. No entanto jamais devemos nos sentir culpados ou desanimados nos momentos em que o ego acaba levando uma vantagem temporária. Como o “Espírito santo” é a nossa realidade, o ego será derrotado, ou seja deixará de existir, porque ele não passa de uma criação mental. Ele jamais existiu. Somos nós que o projetamos. Por isso sempre que tropeçarmos e nos sentirmos impotentes, devemos nos levantar de novo e de novo, e mais uma vez de novo. Nestes momentos é muito importante termos consciência da nossa situação para sermos mais vigilantes da próxima vez. Temos que reconhecer que ainda estamos no caminho do despertar, e sem dúvida é muito difícil se desvencilhar deste aparente mundo, por ele ser


extremamente convincente. Nestes momentos devemos procurar estar em silêncio, e tentar ouvir apenas a voz do Espírito santo. Aos poucos a voz do ego começa a se enfraquecer até o ponto de se tornar quase inaudível. Neste instante que podemos chamar de “Instante santo”, predominará somente a voz do eu maior. A voz do nosso eu real. Neste estado de consciência sentiremos que nada pode nos ferir ou nos entristecer. Isto quer dizer, que não podemos ser ameaçados por ninguém, porque esta é uma ideia totalmente impossível de ocorrer. Somos uma extensão da fonte, e a fonte é puro amor. Este é o trabalho do sistema de pensamento do Espírito santo, que ele nos oferece. Recuperar a lembrança de quem somos verdadeiramente. Unos e perfeitos como Deus nos criou. Um dos pontos principais, a ser entendido é não permanecer com a mente dividida pela interferência do ego, porque qualquer tipo de oração que tenha por base a carência material, não fará muito sentido para quem está em busca de sua real identidade. Não existe nenhum problema em estarmos ainda identificados com nossos desejos, no entanto, com isso acabamos permanecendo presos por falsos ídolos e retardando a nossa libertação. De acordo com a psicoterapia do “Um curso em milagres, vamos encontrar uma sublime explicação sobre a oração: “Orar não deve ser confundido com qualquer tipo de suplica porque é um meio de lembrar-te da sua santidade. Porque deveria a santidade suplicar se tem direito pleno a tudo o que o amor tem a oferecer? E é para o Amor que vais na oração. A oração é uma oferta, um abandono de ti mesmo para seres um com o Amor. Não há nada a ser pedido, pois não há nada mais que possa querer. Esse nada vem a ser o altar de Deus”. Se estivermos atentos, podemos observar que grande parte do nosso tempo, estamos fora de nós, e muito pouco dentro de nós. O que devemos fazer é inverter esse processo. Procurar estar mais tempo em nosso interior e menos no exterior. Se entendermos com absoluta clareza que o mundo externo é apenas um sonho, então o que de fato mais irá importar é despertar desta alucinação. Temos muita dificuldade em


enxergar o mundo desta forma, porque acreditamos que tudo que acontece ao nosso redor é real. Não possuímos um outro referencial, a não ser as afirmações dos grandes mestres, mas que não damos a devida atenção. Preferimos algo sólido e visível, um prazer imediato, do que algo invisível e desconhecido. Com esta visão passamos a viver no temor e na insegurança, criando o nosso próprio sofrimento. Mas se desejamos estender o amor, temos que nos tornar o próprio amor. Não podemos compartilhar o que não temos, e acreditar que somos diferentes dos outros, criando uma fronteira com os outros, ou uma dependência com os outros. Inconscientemente esta é a dinâmica dos relacionamentos especiais. Faço de alguém, um ser do qual não posso me privar. Isto acontece pela nossa própria carência, e não pela indiferença daquela determinada pessoa. O fato é que a raiz da nossa carência ocorre por estarmos aparentemente separados da fonte. Isso nos faz sentir uma esmagadora solidão que procuramos diminuir através do mundo externo. Da mesma forma quando queremos nos distanciar do nosso suposto inimigo, é porque ele nos mostra as nossas fraquezas, as nossas sombras que não queremos ver. A nossa essência jamais pode ser substituída por objetos materiais, porque a ilusória abundância material está sob o comando do ego. Se todos tivessem tudo que desejam, o ego sempre encontraria alguma outra coisa que supostamente estaria faltando. Foi por esta razão que Jesus enfatizou que devemos buscar em primeiro lugar o reino do céu, que o resto lhe será dado por acréscimo. Um dos exercícios que podemos fazer durante o transcorrer do dia, é verificar se tomamos nossas decisões através do ego ou do Espírito santo? Se estiver em dúvida sobre quem está no comando, é só prestar atenção de como está se sentindo no momento. Em paz ou com raiva? No amor ou no medo? Isto me faz lembrar de um episódio que ocorreu na minha vida profissional. Irei relatá-la apenas como exemplo, porque comprova os benefícios de entregar o comando para um poder maior. Eu era diretor de criação de um grande laboratório farmacêutico, e era muito competente pelas experiências adquiridas trabalhando nesta área em


diversas agências. Era constantemente elogiado por todos os gerentes de vendas, e pela criatividade do material. No entanto isso causava ciúmes e muita inveja por parte do diretor de marketing que achava que estava em competição com ele, o que não era verdade. Mas pelo fato de ele estar na empresa a mais tempo e pela influencia que ele tinha com a diretoria, ele simplesmente me demitiu sem mais nem menos, inventando uma razão inconsistente. É claro que senti no momento como uma pancada no estômago, pois não fazia a mínima ideia de que ele fosse tomar uma atitude tão radical, e que não fazia sentido. Naquele instante eu simplesmente olhei para ele, fiquei um tempo em silêncio e calmamente me retirei de sua sala. Acredito que ele deve ter ficado espantado, pois provavelmente esperava uma reação de minha parte. Mas nada fiz. Entreguei a situação para o Espírito santo. Eu sabia no fundo as razões que o levaram a tomar essa atitude. Sabia que ele era uma pessoa temerosa e insegura. Então naquele instante senti a paz e o amor de Deus, como uma luz inundando meu coração. Sem quase nenhum esforço, uma semana depois, já estava trabalhando numa outra agência de publicidade e com o mesmo salário. Outro ponto importante que precisamos entender, é não fazer do Espírito santo um relacionamento especial. Isto pode parecer um tanto estranho, mas se suas expectativas não forem atendidas como gostaria, haverá inevitavelmente conflito e sofrimento. Assumir uma atitude de desânimo por passarmos por determinados obstáculos, seria totalmente contra o princípio do “Espírito santo”. Não podemos criar anseios e acreditar ingenuamente que o espírito santo irá resolver os nossos aparentes problemas. Ele sabe melhor do que nós da nossa situação. A sua visão é total e abrangente. O que muitas vezes pode nos causar uma certa confusão, é acreditar que o Espírito santo irá resolver os nossos desafios quando solicitado. Ao aceitar com humildade a ajuda do Espírito santo, ele corrige a nossa percepção equivocada. Não podemos esquecer que o desejo do ego difere da escolha do Espírito santo. Isto é totalmente diferente da oração tradicional. Ele sabe que para desfazer o ego devemos ter como prioridade sempre o perdão. Como já vimos ao longo


dos capítulos somente ele desfaz a ilusão. É uma nova maneira de pensar e de sentir. Ele não torna real tudo aquilo que é irreal, desta forma ele desfaz a projeção da culpa. Vemos claramente através da luz da sabedoria que a suposta cobra sempre foi uma corda. Através deste insight, se encontra a ideia central da importância do perdão, porque perdoando uma pessoa ou uma situação, na verdade estou perdoando isso em mim mesmo. Um grande exemplo disso, foi quando perguntaram para Gandhi* como ele tinha perdoado todas as injúrias e as mais clamorosas injustiças de seus inimigos, ao que respondeu, surpreendendo os repórteres: “Não tenho nada a perdoar, porque nunca ninguém me ofendeu”. Repetindo um trecho de um de meus livros; somente o ego pode se sentir ferido ou magoado. Mas quando através da lucidez espiritual, percebemos com clareza que o ego é apenas um falso eu, prevalece a força eterna do “Ser”. O ego então é destronado e passa a ser apenas um simples servidor. Somente neste estado de consciência, a oração adquire um poder extraordinário. O próprio Jesus e tantos outros mestres iluminados, sabiam dos benefícios da oração. Segundo “Um curso em milagres, a oração do pai nosso, era apenas uma introdução como uma invocação ou convite a Deus. Isto também é confirmado por parte do Gary Renard quando diz em seu livro: “A oração real é quando você fica em silêncio e se une a Deus em perfeita unicidade e se perde no amor de Deus. É como se estivesse em uma condição de gratidão e completa abundância. Porque na perfeita unicidade você tem tudo. Nada pode estar faltando na completude”. A Oração do Pai Nosso, sofreu alterações e modificações ao longo dos séculos por parte da igreja. Aqui está a transcrição original de acordo com o curso: “Pai, perdoa-nos as nossas ilusões e ajuda-nos a aceitar o nosso verdadeiro relacionamento Contigo, no qual não há ilusões e onde nenhuma jamais pode entrar. A nossa santidade é a Tua. O que pode haver em nós que precise ser perdoado quando a Tua é perfeita? O sono do esquecimento é apenas não querermos lembrar o Teu perdão e o Teu


Amor. Não nos deixes cair em tentação, pois a tentação do Filho de Deus não é a Tua Vontade. E permite que recebamos apenas o que Tu nos deste e que aceitemos apenas isso nas mentes que Tu criaste e que Tu amas. Amém”. Podemos notar nesta versão que a verdadeira oração é mais uma forma de gratidão Há o reconhecimento que nada existe para ser pedido, e nada para ser perdoado. Compreendemos que a tentação é a influência do ego que tenta nos persuadir para nos manter no mundo da ilusão. Este não é o desejo do nosso eu maior. Quanto ao sono do esquecimento, é não lembrar da divindade que habita em nós. Este é o maior pecado (Erro) “Não saber quem somos.” Devemos reconhecer que em nossas mentes, só existe o amor. Esta é a nossa natureza. Nesta oração, vemos que se trata de uma versão mais profunda e que exige uma maior reflexão. Vemos que não existe nenhum pedido material. Assim podemos ver que a verdadeira oração é sentir paz e alegria em nosso coração. “Aqui está o poder da oração. Não pede nada e recebe tudo*”.

*Yogananda – Mestre espiritual da ciência da Auto-realização - 1893-1952 *Gary Renard – Facilitador, escritor e palestrante d“Um curso em milagres” *Platão – Filósofo e matemático, discípulo de Sócrates. Foi autor de diversos diálogos e ajudou a construir os alicerces da filosofia ocidental. 427 A.C – 347 A.C *Gandhi – Pacifista indiano, e principal líder no processo da independência da Índia. *A Canção da oração - Suplemento do “Um curso em milagres


O melhor governo é o que menos governa. Levado às últimas consequências este lema significa que o melhor governo é o que não governa de modo algum. Henry D. Thoreau



POR UM MUNDO SEM CONFLITOS Não se pode ignorar hoje o desdobramento de um grande conflito

mundial. Organizações religiosas contra outras. Ideologias políticas em confronto. Pais e filhos em constantes divergências, maior índice de criminalidade e a incontrolável ploriferação de drogas como um lenitivo para fugir deste insuportável pesadelo. Quanto ao amor humano ele se manifesta de forma descartável, cauteloso e quase sempre por interesses ou condições. Diante deste perturbador cenário podemos nos perguntar: --- Onde podemos encontrar a paz e a felicidade? A verdadeira paz que possa realmente acalmar o nosso coração carente, e poder sentir e recuperar a nossa real natureza? A resposta é uma só, e não se espante por ser muito curta.

“Em nossa essência interior” Toda a infelicidade que sentimos possui uma única origem, e que acaba se multiplicando em infinitos conflitos. Se rastearmos até seu início, veremos que ela é consequência de termos nos separado da fonte. Podemos substituir a palavra Fonte por Origem, Absoluto, Eu sou, ou Deus. Ele não se encontra em algum lugar secreto do universo, ou escondido atrás de uma estrela de quinta grandeza, mas está no interior de cada um de nós. Em consequência da ideia de termos aparentemente nos afastado da fonte, sentimos em nosso íntimo um desamparo e uma angustia avassaladora muitas vezes independente de nossa condição social ou financeira. Para tentar diminuir esta sensação de carência, o nosso falso eu (ego) nos sugere e nos convence de procurarmos algo lá fora no mundo para nos proteger e preencher este vazio que nos incomoda. “Bens materiais, relacionamentos, sexo, fama, drogas, poder sucesso etc... Não que devemos nos privar da satisfação e do prazer que essas coisas nos trazem, contanto que sejam saudáveis, o que precisamos é estar sempre atentos


e vigilantes para não ficarmos numa contínua dependência delas. Devemos reconhecer que elas são efêmeras e transitórias. Qualquer tentativa de desejar perpetuar o impermanente é nadar contra a corrente da vida. É por isso que uma disciplina espiritual é necessária e fundamental para desfazer o ego que é a nossa falsa identidade. Quando ele é desfeito, aos poucos a nossa essência divina se manifesta, fazendo brilhar com mais intensidade a luz de amor que se irradia sem limites no espaço/tempo. O mais importante a fazer é remover todas as barreiras (fraquezas) que impedem que este eu real possa se manifestar. O nosso maior desafio num mundo cada vez mais globalizado, é percebemos que tanto a tecnologia como a política assim como as religiões não acompanharam as grandes mudanças do paradigma holístico que começou a despontar nos anos 50/60. Ainda como ineficientes mastodontes, a maioria das pessoas ainda não incorporaram esta nova visão de mundo em seu dia a dia. Assim grande parte da humanidade ainda vive sob o paradigma mecanicista* que não condiz mais com a realidade do nosso ser. É muito raro ver hoje ideias ou projetos onde a ciência e a espiritualidade se entrelaçam. É extremamente raro presenciar um político expor uma proposta unificadora em benefício da sociedade, sem que exista por trás um benefício pessoal. Os governos continuam assumindo um comportamento paternal e populista sobre o povo que em sua maioria os elegem pelo poder de um marketing muito bem estruturado. Este é o jogo do poder que infelizmente ainda continua vigente sobretudo em países pobres e subdesenvolvidos. Nunca foi mais atual nos dias de hoje, do que a declaração de Henry D. Thoreau* em seu livro “A desobediência civil” escrito em 1848. Sua defesa e rebeldia como forma substantiva de ação política está hoje presente nos movimentos contra a descriminação étnica, racial, sexual, na luta pela preservação do meio-ambiente, nos movimentos pacifistas, e na restauração às leis autoritárias e opressivas. Segundo ainda suas palavras:


----”O governo, no melhor dos casos, nada mais é do que um artifício conveniente; mas a maioria dos governos é por vezes uma inconveniência, e todo governo algum dia acaba sendo inconveniente” Tanto os sacerdotes quanto os políticos são muito vulneráveis; eles não possuem base sólida sob seus pés. Basta uma forte oposição e eles são afastados. Eles podem parecer fortes em seus discursos, mas são apenas máscaras para esconderem as suas carências e fragilidades. E quando estiverem afastados, a sociedade experimentará o autentico gosto da liberdade. A verdade é que nenhuma pessoa criativa busca o poder. O principal e mais importante objetivo do ser humano é conhecerse a si mesmo. Ele não está interessado em ser líder ou ter mais poder sobre os outros. Sua meta é conectar-se com sua verdadeira natureza. Um indivíduo movido apenas pela ânsia do poder sofre de um complexo de inferioridade. Ele sente inconscientemente uma carência que aumenta seu vazio interior. Não apenas não se conhece, mas é levado a crer por ignorância que se conhece. Sua visão é restrita, e mesmo que venha a se tornar presidente, qual seria a diferença se ainda mantêm os mesmos conflitos interiores. Como tão sabiamente disse o mestre Osho: “ A política não o transforma, mas apenas o encobre. Ele continua o mesmo homem doente, o mesmo homem que estava se sentindo inferior”. É por esta razão que o partido comunista na Índia não possui poder. Isso ocorre pelo fato de que os comunistas não acreditam em Deus. Para um indiano isso é algo totalmente imoral; eles têm o seu próprio poder. Quando você têm o seu próprio poder, não fica na dependência de um poder mundano e efêmero. O sistema comunista está muito aquém. Ele é muito sugestivo na teoria, mas na prática é um verdadeiro fracasso. Ele na verdade nunca existiu. Trata-se de uma utopia como tão bem definiu o escritor Kevin D. Willamson. “Todas as pessoas são iguais. Todos recebem somente o que precisam, não existe competição, não existe dinheiro e todos são felizes”.


Na teoria é maravilhoso, mas na prática ele não consegue se sustentar. Exemplos como Cuba, Bolívia, Venezuela, Egito, Sudão, Correia do Norte, Síria e alguns outros, comprovam a sua ineficácia. Nem em paraísos socialistas como a Suécia deram certo. (Dados 2014) Quem ainda defende este tipo de regime, não percebe que para se manterem no poder, limitam a mídia e a livre expressão popular. De fato a princípio, ele parece muito sedutor. Segundo as ideias marxistas do início do século XX, havia um temor de que a expansão industrial capitalista fossem escravizar a população mais pobre, transformando-os em escravos. De fato naquele período houve essa preocupação por parte de pensadores e intelectuais. A filosofia comunista seria então uma solução que teria como ideal um governo central que pudesse administrar o capital de forma mais justa e equilibrada. Para isso ao invés de existirem vários patrões, haveria apenas um. Assim não haveria os muito ricos e os muito pobres dentro da sociedade. O paradoxo é que quando foi implantado na antiga União soviética tendo por base as filosofias de Karl Marx, Engels e outros, tiveram que usar da força e da violência para impor esse tipo de regime, para aqueles que se opusessem contra essa ideologia. Não deixa de ser obviamente uma contradição, porque o que é bom não precisa ser imposto pela força psicológica ou violência física. Isto acaba ocorrendo devido a ideia equivocada de que somente duas classes podem existir; o povo em nível homogênio, e o governo para manter e fiscalizar essa homogeneidade. É por essa razão que é simplesmente impossível o comunismo se manter em um país onde a classe média é a maioria. Com o passar do tempo o mundo evoluiu sobretudo em diversas áreas do conhecimento, seja em novas correntes da psicologia, nas descobertas da física quântica, na espiritualidade, na medicina vibracional, na astronáutica, na inteligência artificial, e na propagação mundial das comunicações via satélites, e redes sociais através de celulares e computadores. Tudo isso encurtou o tempo e aproximou muito mais o intercambio entre as nações. Sem dúvida todo este progresso contribuiu para que o marxismo ficasse ultrapassado e os conceitos dos seus percussores, muitas delas se tornaram antagônicas e destorcidas por


entre diversos pensadores e cientistas políticos. Hoje a própria história demonstrou que este poder central, acaba se tornando corrupto e ineficiente, transformando-se numa política de dominação. “A essência do socialismo não era a igualdade, mas o controle” Estas foram as palavras pronunciadas por Gorbachev sem nenhum constrangimento quando o regime na União soviética não consegui se manter. Embora ele fosse um fervoroso socialista que acreditava salvar a União Soviética por meio de reformas, ele acabou por desistir de igualar salários, pois percebeu que possui um impacto destrutivo não apenas na economia, mas sobretudo na moralidade. Ele diminui a criatividade, enfraquece a disciplina, destrói o interesse pelo aperfeiçoamento e prejudica o espírito competitivo. Mais recentemente (2014) o economista francês Thomas Piketty autor do Best-seller “O Capital do Século 21” afirmou: “Não tenho a menor tentação pelo comunismo tipo soviético. Isso não me interessa. Creio no capitalismo, na propriedade privada e nas forças do mercado”. O fato é que tudo o que foi executado em favor do socialismo durante mais de um século e de toda a violência cometida por seus defensores, não foram suficientes para que esta ideologia pudesse funcionar. O grande paradoxo é que o comunismo que tanto combateu a classe rica, se transformou ela própria na elite do poder, com todos os seus privilégios. Desta forma invertem-se os valores. Ao invés do governo servir o povo, é o povo que acaba servindo ao governo. Não deixa de ser uma contradição pois o governo depende da economia produzida pelo povo. É claro que esse tipo de regime fracassou e nunca funcionou por uma razão muito simples. A essência do marxismo foi totalmente mal interpretado. Na verdade Karl Marx em seu livro “O Capital” sua obra mais importante, tentou esclarecer que para uma sociedade pudesse ser livre da exploração econômica, era para que aquele que produzisse o excedente


(O trabalhador) fosse o mesmo que também distribuísse esse excedente, ou seja para que o excedente ficasse com o trabalhador e decidisse como distribuí-lo. Foi desta forma que surgiu o termo “Comunista”; pessoas vivendo em comunidade. Porém quando os revolucionários tiraram o Czar do poder, apenas produziram despotismo e corrupção desenfreada. Assumiram o poder e nada mudou, a não ser o nome e os novos chefes. Desta forma o comunismo nunca foi colocado em prática, e por esta razão ele não pode ser responsável pelo genocídio de milhares de pessoas. Chamar de comunistas pessoas como Mao, Stalin, Kim Jong-il, Fidel, Gaddafi, Mussulini, Pinochet, Chaves, Maduro e de tantos outros ditadores é falta de conhecimento. Na verdade em seu início a questão de como se deveria desenvolver este processo, ou seja a modificação das estruturas políticas pacificamente ou não, era para Marx de importância secundária. Além disso Marx assumiu as mais diversas posições a esta questão em épocas diferentes. Ele acreditava que a violência seria a parteira que geraria o nascimento de uma nova sociedade. Assim a previsão de uma revolução era fatal de acordo com a ascensão do capitalismo e do aumento da miséria que cada vez seria mais acentuada para os proletários. No entanto esta previsão não ocorreu, muito pelo contrário, o regime capitalista, o livre mercado e o grande avanço tecnológico ultrapassou este diagnóstico negativo. Tanto que um dos escritos do velho Marx ele afirma que “Um fim que requer meios injustos não terá um fim justo” Infelizmente por falta de maior conhecimento os que se intitulam hoje marxistas ainda consideram inevitável a revolução porque ainda acreditam como disse Lênin em 1906 que: “Grandes questões na vida das nações resolvem-se apenas pela força das armas para o controle da história e do destino da humanidade”. No entanto a frase do Gandhi em 1947 que libertou a Índia pacificamente até então colônia da Inglaterra, e sem derramamento de sangue, soa cada vez mais forte quando disse em um de seus discursos que: “A violência jamais resolverá uma questão que não pode ser resolvida pacificamente” Em um capítulo intitulado” Dos graus do assentimento” o filósofo Locke analisa e prova a veridicidade da frase do Gandhi que com perplexidade viveu dois séculos antes deste. Acho muito importante transcrever o seu pensamento “Como podemos esperar que qualquer pessoa abandone pronta e


e obsequiosamente suas próprias opiniões e abrace a nossa com resignação cega a uma autoridade. Se a pessoa que quiserdes atrair para a vossa maneira de pensar for uma dos que examinam a questão antes de assentir, deveis dar-lhe tempo para que reexamine com vagar a questão e recordando o que no momento não lhe ocorra ao espírito, examine os pormenores para ver de que lado está a vantagem. De que modo podemos imaginar que ela deva renunciar a crenças que o tempo e o costume estabeleceram de tal forma em sua mente que ela considera evidente e de uma certeza inabalável. Como podemos esperar que opiniões assim enraizadas sejam abandonadas ante os argumentos ou a autoridade de um estranho ou adversário, principalmente se houver qualquer suspeita de interesse como nunca deixa de acontecer quando os homens se sentem maltratados? Faríamos bem em sentir piedade por nossa mútua ignorância, e esforçar-nos mediante todos os meios corteses e racionais e de informações ao nosso alcance por eliminá-la, e não em tratar instantaneamente mal os outros como obstinados, perversos ou aproveitadores porque não renunciam às suas opiniões e aceitam as nossas. Pois onde está o homem que tem prova incontestável da verdade de tudo aquilo que afirma, ou da falsidade de tudo aquilo que condena”. Não irei me aprofundar neste tema, pois não é o propósito deste capítulo. O que podemos constatar é que a maioria das pessoas jamais leram uma linha sequer sobre o marxismo ou de outros regimes políticos. Discutem apenas sobre a tirania sanguinária de ditadores que se utilizam do nome de uma ideologia como escudo para por em ação suas maléficas intenções de dominação. Para que possa haver uma mudança efetiva nas instituições políticas é de suma importância mudar primeiramente o nível de consciência interior. O que isso significa? Isto significa eliminar as nossas sombras, que muitos não


percebem ou não querem ver. É fundamental um trabalho de autocohecimento que irá permitir as condições de poder mergulhar com coragem em nosso interior, e nos darmos conta das nossas fraquezas e ilusões como a vaidade, o orgulho, a mentira, a inveja, a prepotência, o egoísmo, a intolerância, a vaidade, a ganância etc... Esta é a verdadeira transformação. A verdadeira revolução. Este é o ponto cego que está oculto em nosso inconsciente. Sem essa reforma íntima, sem elevar a nossa consciência espiritual, nenhum tipo de regime irá funcionar com eficiência. Ela não pode vir do exterior via decreto, mas sim do florescimento interior do ser humano. Do contrário ao invés de unificar pacificamente as pessoas, você as divide, porque ele acaba se tornando um regime imposto através da força e não de uma forma harmoniosa e voluntária. O país acaba se tornando estagnado como um lago poluído e sem nenhuma oxigenação pela falta de estímulo e de competição. O grande entrave segundo a visão do jornalista e escritor Kevin D. Williamson* é que: “O problema do socialismo não é ferir a economia, mas o fato de que não pode coexistir com a liberdade” Este sempre foi o grande impasse do comunismo. Sabemos que até mesmo um regime político dito democrático ou liberal possui ainda muitas imperfeições pois também não se desvencilhou de muitos preconceitos e fraquezas. A diferença é que ele possui muito mais flexibilidade, sendo a principal delas a liberdade de expressão, e o rodízio do poder através de novas eleições. Este é o conceito da verdadeira democracia. (Do grego “DEMO” que significa povo e “KRATOS” poder.) Isto significa: O poder exercido pelo povo. É claro que o futuro da democracia/capitalista deverá sofrer profundas mudanças nas próximas décadas. Isso é bom porque a democracia deve evoluir cada vez mais, e procurando sobretudo manter um equilíbrio entre o progresso tecnológico, e a evolução da consciência. (Sempre o mundo externo é uma projeção do nosso mundo interno) Até onde posso vislumbrar, acredito que no futuro um governo eficiente só poderá ser um governo livre. Ele não irá interferir na liberdade e privacidade do cidadão. Um governo ditatorial e intervencionista como ainda existem em alguns países, não conseguirão


se manter no poder por muito tempo, principalmente se a sociedade como um todo tiver alcançado um elevado grau cultural e espiritual. Penso que num futuro não muito distante os políticos serão apenas administradores e constituídos pelas pessoas que mais irão se destacar nas diversas áreas da sociedade. Não seria uma democracia como hoje impera, mas uma espécie de meritocracia. Seria um sistema político baseado na eficiência de seus representantes, e provavelmente nem teria a existência de partidos. Os candidatos seriam votados pelo próprio povo em razão de sua integridade moral, eficiência e sabedoria. Deverão exercer seus cargos com total transparência, revelando a cada período as obras e os investimentos realizados. Para grandes e custosas obras deverá ser feita uma votação nacional para que o cidadão tenha de fato uma maior participação social. Campanhas e propagandas políticas serão coisas do passado, pois elas sempre foram injustas em razão de volumosos investimentos nas campanhas eleitorais por parte das grandes incorporações, ou até mesmo fazendo uso indevido do dinheiro público. O presidente não terá mais esta idolatria como ainda existe na atualidade. Não será mais o salvador da pátria, mas apenas mais um administrador geral tanto quanto um diretor de uma grande empresa. Este novo modelo de governo deverá priorizar a área da educação proporcionando aos jovens um estímulo para que possam com a mente livre e não condicionados por falsos valores, desenvolver todo seu potencial criativo e espiritual. A preservação do meio ambiente terá atenção especial para manter intacto o eco sistema. Olharão a Terra como uma coisa só. Sem nenhuma divisão política ou religiosa. Não mais cristãos, não mais hindus, não mais muçulmanos, judeus, chineses, americanos, franceses ou brasileiros. Hoje ficou mais do que evidente que as nações e as religiões são criações dos homens pela ânsia do poder e do controle. Suas armas: “Criar medo, separação e dependência” Quando estes estiverem afastados do poder, as religiões, a política e as nações também acabarão. Será um mundo livre, um mundo sem guerras sem lutas, predominando a paz e a cordialidade.


Isto por certo irá ocorrer, pois faz parte do nosso destino. Faz parte do nosso DNA espiritual. Não saberia dizer quando isso poderá ocorrer, mas sabemos que sempre nas vésperas de uma crise social sempre ocorre uma grande transformação. No início sentimos muita insegurança e muita resistência. Tememos a mudança, e procuramos teimosamente defender as nossas convicções que podem estar muito enraizadas. Isto resulta em conflitos e muitas vezes em violência, por não aceitar outros conceitos. Desconhecemos o futuro e procuramos justificativas para manter o mesmo padrão. Isto vale tanto para os políticos insanos, como para grande parte da sociedade que acabam sofrendo suas consequências. O país fica estagnado, e seu índice de crescimento cultural e econômico diminui, gerando desemprego, criminalidade e mais pobreza. Como em todos os meus livros, sempre cito um filme que retrata o conteúdo do tema abordado, não poderia deixar de mencionar neste capítulo o filme “Mulher de Areia” de Hiroshi Teshigahara´s. Uma obra prima do cinema japonês. Trata-se de um homem que sente todas as consequências negativas por estar vivendo numa grande cidade. Exerce um trabalho burocrático, responsabilidades obrigatórias, baixo salário, impostos, poluição sonora e ambiental, grande número de habitantes, e muitos outros inconvenientes próprias de uma grande metrópole. Uma vida em que ele se sente aprisionado pelo sistema. Para aliviar esta artificial condição, ele é um estudioso e pesquisador de borboletas e insetos raros em seus momentos de folga. Um hobby levado a sério o que lhe proporciona uma espécie de auto- terapia para diminuir o stress. O filme se inicia quando ele consegue uma semana de férias e viaja para o interior num vilarejo cercado por uma grande extensão de areia. Local ideal para descansar e propício para encontrar raros insetos talvez ainda não catalogados. O filme é como uma parábola da condição do homem contemporâneo. Imaginando encontrar tranquilidade e liberdade, ele acaba prisioneiro de um grupo de pessoas que habitavam aquela pequeno vilarejo que o escraviza para cavar areia dentro de uma vala em que era impossível escapar. Depois de um longo período se conforma


com sua situação. Este isolamento foi para ele como um retiro espiritual involuntário. Sua mente se acalmou até que um dia inesperadamente faz uma incrível descoberta que lhe permite se evadir a qualquer momento. Mas ao mesmo tempo percebe que a verdadeira libertação não depende das circunstancias externas, mas sim do seu estado interior. Além de sua extraordinária direção, e trilha sonora, possui uma plasticidade fotográfica incomum. Um filme que merece ser visto. Como o mundo está em constante transformação pela própria lei da ascensão, aos poucos o homem alcançará um elevado nível de consciência. Quando finalmente forem dissipados os véus das ilusões (Maya)* veremos como foi tão estúpido, que por milhares de anos as pessoas tenham matado uma às outras em nome de um suposto Deus, religião ou de uma ideologia política. Nenhuma delas é verdadeira. As organizações religiosas não possuem nenhuma evidência de que Deus, Alá, Adonai, Moamê, interferre em nosso destino, ou que tenha preferência em beneficiar uma determinada nação do que outras. Infelizmente nenhum regime político proporcionou verdadeira justiça social. Muito pelo contrário, ainda em nossos dias, (2014) assistimos perplexos crimes e genocídios agora em online transmitidos pela internet e redes sociais. Estimulados por governos ditatoriais, continuam as cruzadas de destruição. Jihads, palestinos, judeus radicais, e terroristas islâmicos, carregam em suas mentes o ódio e a vingança destruindo e matando todos aqueles que não aceitam as suas verdades. Acreditam cegamente que lutam em defesa de seus princípios, e que qualquer outro conceito é criação do demônio. O paradoxo é que estão tentando salvar a humanidade matando homens, mulheres e crianças. (Os meios justificam os fins) As pessoas acabam sendo controladas e se tornando nada mais que androides manipulados por ditadores insanos, que por sua vez, ainda estão presos no paradigma mecanicista* Movidos pela ganância material travam guerra após guerra, defendendo um populismo arcaico e opressor. Estão adormecidos e não se dão conta que a Terra não possui linhas divisórias. Bastaria olhar a Terra do espaço e sentir que somos todos irmãos, e interconectados uns com os outros.


A verdadeira e única verdade é o amor. Somente o amor pode vencer e curar a doença que se alastrou na sociedade, em consequência de uma equivocada crença de separação entre os homens e de sua fonte. (Deus) Sabemos que grande parte dos políticos não são santos. Ainda carregam os resquícios do ego em maior ou menor grau. Alguns se destacam durante seus mandatos, outros são afastados ou renunciam e em alguns casos são assassinados. São raros os artistas, poetas ou filósofos que enveredam na carreira política ou em manifestações sociais. Entre o século XX e início deste século podemos destacar alguns líderes que causaram grandes e positivas transformações na sociedade. Podemos citar o Mahatma Gandhi, Matin Luter King, Anwar El-Sadat, Nelson Mandela e o presidente americano Ronald Reagan. Se faço aqui a sua citação é porque iniciou sua carreira como ator de cinema durante a década de 1950, mas principalmente devido ao seu importante pronunciamento quando terminou seu mandato de oito anos, e que revelou maturidade e patriotismo em que tinha alcançado. Acho importante neste capítulo transcrever sua bela mensagem, muito parecida com o filósofo e ativista político Henry D. Thoreau em que foi citado na introdução deste capítulo. O presidente Reagan nos mostra como um ex-ator acabou se tornando um verdadeiro estadista pela sua conduta política. Aqui está parte do seu discurso: ...Somos nós (o povo) que dizemos ao governo o que fazer e não o contrário. Nós, (o povo) somos o motorista e o governo é o carro, e somos nós que decidimos para onde ele deve ir, por qual rota e em qual velocidade. Quase todas as instituições do mundo são documentos nos quais o estado diz aos cidadãos quais são seus privilégios. Nossa constituição é um documento pela qual nós (o povo) dizemos ao governo aquilo que lhe é permitido fazer. Nós (o povo) somos livres. Quando comecei o meu governo, parecia que começávamos a inverter a ordem das coisas. Foram surgindo mais e mais regras e regulamentações e


tributação predatória. O governo confiscava mais o nosso dinheiro, mais de nossas opções e mais de nossa liberdade. Entrei na política para poder levantar a minha mão e dizer: “PARE” Eu era um político cidadão e isto parece ser o correto para um cidadão fazer. Consegui parar muito do que precisava ser detido. Espero ter lembrado às pessoas que o homem não é livre a não ser que o governo seja limitado. Há uma relação de causa e efeito aqui, tão clara e previsível quanto as leis da física: “A MEDIDA QUE O GOVERNO AUMENTA O SEU PODER, A LIBERDADE DO POVO DIMINUI”

A CORRUPÇÃO Podemos constatar ao longo da civilização que todos os regimes ditatoriais sempre acabaram de maneira trágica. Neste momento podemos nos questionar: Será que são as circunstâncias sociais que estimulam as pessoas para a prática da corrupção? Não. Mas revela e manifesta o corrupto que estava escondido em seu interior. Ou como tão sabiamente dizia o mestre Buda: “Não são os teus amigos ou inimigos que te levam a praticar o mal. É a tua própria mente” Os regimes ditatoriais como um câncer, acaba se alastrando em todos os ministérios e instituições do governo. A ambição pelo poder se torna incontrolável e os corruptos não conseguem se desvincular do sistema, pois as mentiras se multiplicam, além dos políticos estarem economicamente de rabo preso com o partido. Nesta situação, as circunstancias lhes são favoráveis para a prática da corrupção, e isto acaba se transformando numa bola de neve. Do ponto de vista psicológico, o anseio em apaziguar o seu vazio interior é irresistível. Ele se torna como um narcótico viciante do qual não consegue se libertar. Aos poucos acaba se transformando numa conduta compulsiva. Um indivíduo de formação ética e moral, que até mesmo tendo todas as circunstâncias e as tentações de se corromper, ele não o fará. Não para cumprir um mandamento social ou religioso, mas não o fará pelo nível de consciência em que ele se encontra. Podemos observar também, que a maioria dos regimes ditatoriais sempre se utilizam de uma ideologia sócio/política ou religiosa que serve de bandeira para


justificar as suas ações. É claro que essas ideologias são alteradas e desvirtuadas, pois o verdadeiro propósito de um regime não visa beneficiar o povo mas sim controlá-lo, para que o ditador e sua elite política possam se perpetuar no poder. Quem for contra é marginalizado, preso ou assassinado. Não é sem razão que sua população deseja se evadir do país como acontece em Cuba e mais recentemente no oriente médio, que no desespero resolvem atravessar os oceanos através de frágeis embarcações para fugir do clima de terror e escravidão em que são submetidos. Preferem sofrer o risco de morrer num naufrágio, do que permanecer escravizado. Existe também um grande mal entendido no termo “Comunista.” Afinal qual é o seu verdadeiro significado? Ele tem origem na palavra “Comuna!” que significa comunidade. Uma sociedade que possui as mesmas ideias. “Ideias em comum”. No entanto é impossível num mundo em dualidade todos terem ideias em comum. A não ser por intimidação ou repressão. Todas as tentativas de se estabelecer este tipo de regime nunca deram certo pelo simples fato de não se considerar três princípios básicos e imutáveis. ”Amor, Perdão e Liberdade”. É simplesmente impossível alterar as leis da verdade espiritual. Isto deveria ser ensinado desde o primeiro ano escolar, para que o homem possa ter condições de trilhar mais tarde o caminho que o conduzirá para a verdade do seu Ser. Muitas vezes nos sentimos impotentes à sombra dos interesses políticos, econômicos ou ideológicos que exercem muito poder e restrições sobre nossa vida. Podemos nos perguntar: O que posso fazer? De que modo posso efetuar uma mudança no sistema? De que modo posso interferir nos acontecimentos e fazer com que minhas ideias possam ser aceitas? A resposta para todas essas indagações vem do indiano Mahatma Gandhi.* Ele disse: “Seja a mudança que você deseja ver no outro”. Porque como já vimos neste capítulo, qualquer mudança política permanecerá superficial e temporária sem que haja uma mudança interior. Dentro do mesmo foco, o monge Satish Kumar, também confirma as palavras de Gandhi quando definiu com extrema precisão em um de seu livros. Ele diz:


“Sem uma ação individual a mudança política só acontecerá quando um grande número de pessoas praticarem aquilo em que acreditam. Se houver um grande e suficiente movimento de opinião pública e bastante participação popular, os governos serão obrigados a apresentar leis e criar transformações estruturais. Nós temos de fazer mudanças de baixo para cima a fim de forçar a transformação de cima para baixo” Tenho constatado nestes últimos tempos diversos artigos nas redes sociais via internet, que abordam questões políticas e que não precisariam de maiores comentários, pois quase todos estão alicerçados por falsos e equivocados conceitos. Devemos entender primeiramente que toda forma em se criar fronteiras tentando separar os outros, rotulando e classificando as pessoas, acabam resultando em julgamentos e condenações. Na verdade não existem os outros. Só existe VOCÊ. O que chamamos de outros é você mesmo. Independentemente do nível psicológico e espiritual em que o (OUTRO) se encontra, ele possui a mesma essência divina em seu interior. Persistir na ilusão da separação ou comparação é prolongar o sofrimento. Desconhecer esta verdade é o que podemos chamar de ignorância. Ignorar a verdade é acreditar em falsos conceitos. Isso só aumenta a nossa carência e desamparo. Esta situação política em que o mundo vive hoje, nada mais é que o desconhecimento da nossa verdadeira natureza. Como já me referi diversas vezes ao longo deste livro, o ego (falso eu) se fortalece e cria uma distorção do “Ser” com todas as suas fraquezas. (Ambição, violência, corrupção, preconceitos raciais e religiosos, ideologias políticas etc... Pode a princípio parecer normal possuir estas tendências, mas na verdade trata-se de uma anomalia do “Ser”. Uma defesa do ego. Podemos afirmar que são doenças da alma. Um comportamento antinatural provocada por falta de auto-conhecimento e adormecimento espiritual. E quando uma nação é governada por políticos dominados pelo ego, a sua população é subjulgada por falsas promessas, e isso gera uma turbulência social com todas as suas nefastas consequências. Parece que todas as terríveis guerras e genocídios que foram cometidas no passado,


ainda não foram provas suficientes para evitar os erros que continuam a serem perpetuados no presente. Todo conflito externo é sempre resultado de um conflito interno. Esta visão macrosocial e espiritual que dispensa análises isoladas, pois que são desdobramentos da ilusão da separação. O único e eficaz remédio para curar esta situação pela raiz, é despertar o amor que existe em cada um de nós, e perceber de forma clara que somos todos um. É simples assim, mas muitas vezes uma vida é insuficiente para incorporar e viver esta verdade. Se estudarmos com profundidade a essência dos ensinamentos dos grandes mestres da humanidade, iremos constatar que todos eles reverenciavam a importância da vida, da ética, da justiça e sobretudo do amor. No entanto como estamos num mundo em dualidade, sabemos que nada dura para sempre. Nenhum tipo de regime será perfeito num mundo de provas e expiações e limitado na dimensão em que nos encontramos. A grande diferença que existe entre um ditador totalmente voltado para o mundo material, e um mestre iluminado, é que o mestre percebe com total clareza a grande ilusão de um “eu” independente. Tudo que envolve a percepção dos sentidos apresenta limitações. Hoje a física quântica comprova cientificamente que de fato vivemos num mundo virtual, e que nada neste universo é sólido. Trata-se de uma projeção da consciência. Quando por fim grande parte da humanidade remover todas as barreiras e preconceitos que tinham nos separado de nossa verdadeira essência, o mundo não será mais o mesmo. Será o início de uma nova era. Uma era que irá nos conduzir para a nossa verdadeira realização como seres divinos que sempre fomos. Assim podemos afirmar que a verdadeira corrupção no poder não é apenas econômica, mas é a corrupção da nossa real natureza, não permitindo o seu florescimento. A certeza da divindade da alma em cada um de nós, é a base espiritual da


verdadeira democracia e liberdade. Como tão sabiamente diz o “Um curso em milagres” “Todo ato de violência em sua raiz, é um desesperado pedido de amor”. É importante voltar a enfatizar que todo comportamental individual e social com todas as suas turbulências, conflitos e guerras descritos neste capítulo, possui como principal protagonista a interferência do ego com todos os seus desdobramentos. Assim podemos dizer que quase grande parte da história da humanidade descrita por historiadores, sociólogos e políticos, constitui um grande calidoscópio do ego em ação. São apenas consequências na crença no ego, que nada mais é que um falso eu. Uma projeção mental. Como ele é extremamente convincente, ele é visto como algo normal e natural, pois a maioria das pessoas compactuam com ele. No entanto o ego é uma verdadeira insanidade. Não possui realidade independente. Isto têm que ser levado em grande consideração, pois caso contrário os acontecimentos históricos permanecem apenas na superfície. É como descrever um iceberg sem se dar conta de sua profundidade. Enquanto isso não for compreendido, se não houver uma ampla visão espiritual, o ego irá se manter no poder causando muito sofrimento como vem ocorrendo ao longo dos tempos. Não poderia deixar de citar no final deste capítulo, mais um inspirador filme de Martin Scorsese* “A Última Tentação de Cristo” baseado na obra do escritor Nikos Kazantzakis*, onde vamos encontrar um diálogo entre o mestre Jesus e Judas, onde fica claro a verdade da única mudança em que é possível ser feita. Prestem bem atenção neste profundo ensinamento: --- Judas: Você disse que se alguém te bater você ofereceria a outra face, mas eu não gostei disso. Só um anjo pode fazer isso ou um cachorro. Sinto muito mas eu sou um homem livre. Não dou a outra face para ninguém. --- Jesus: Nós queremos a mesma coisa. --- Judas: Queremos? Você não quer a liberdade de Israel?


--- Jesus: Não. Eu quero liberdade para a alma. --- Judas: Não. Isto não posso aceitar. Não é a mesma coisa. Primeiro se liberta do corpo depois o espírito! Os romanos vem primeiro. Você não começa construindo a casa pelo telhado, mas pelo alicerce. --- Jesus: O alicerce é a alma. --- Judas: O alicerce é o corpo. É dali que devemos começar. ---Jesus: Não. Se você não muda o espírito, mudando o que tem dentro, então você só estará trocando os romanos por outras pessoas, sem mudar nada. Mesmo que você seja vitorioso ainda estará cheio de veneno. Precisa quebrar essa cadeia do mal. --- Judas: Então como se pode mudar? ---Jesus: Com amor. Neste curto diálogo é revelado o poder do amor. Somente ele pode nos proporcionar as condições de uma verdadeira transformação. Somente ele pode ser vitorioso. De qualquer forma o grande desejo de estabelecer uma sociedade socialista, irá sempre permanecer na mente das pessoas, porque ele não deixa de ser um eco espiritual de que nossa verdadeira essência divina é a mesma. Estamos todos interligados como numa gigantesca tapeçaria, do qual é impossível se desprender.


*Henry D. Thoreau – Autor estadunidense, poeta, ativista, historiador e filósofo. 1817–1862 *Paradigma mecanicista – Ele concebe o universo como uma grande máquina. Foi moldado por filósofos e cientistas. Mas quem mais influenciou este paradigma foi o filósofo René Descartes.

*Maya – Força cósmica ilusória que encobre a visão da realidade, limitando a percepção de inúmeros universos em vez de uma única realidade. *Kevin D Williamson – Jornalista político. Autor do O Livro politicamente incorreto da esquerda e do socialismo. *Mahatma Gandhi – Filósofo, estadista, escritor, um dos maiores pacifista da nossa época. 1869-1948 *Martin Escorsese – Cineasta, produtor e roteirista norte americano *Nikos Kazantzakis – Escritor grego. Sua obra mais conhecida é Zorba o grego. 1885-1957. *Martin Luther King – Pastor protestante e ativista político. Um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis dos negros americanos e do mundo. Prêmio Nobel da paz. King foi assassinado em 4 de Abril de 1968 *Anwar El-Sadat – Presidente egípcio de 1970 a 1981.

Visitou Israel em 1977, fato que marcou o reconhecimento daquele país por uma nação árabe – Nobel da paz em 1978 *Nelson Mandela –Foi o primeiro presidente da África do Sul Vencedor do prêmio Nobel da paz é considerado um dos maiores líderes morais e políticos da África do Sul. 1918-2013 *Ronald Reagan – Presidente americano de 1981 a 1989. Trabalhou por quase 3 décadas como ator


A crença no “Eu sou” como corpo, como um indivíduo é a causa de todo o medo. Na ausência do “eu sou”, o que é que pode ser temido. Nisargadatta



EU SOU Compreender o “Eu sou”, que significa o seu sentido de “Ser” ou

“Presença” é fundamental porque representa o primeiro ato da aparente separação da fonte. Seu senso de “presença” ou a sensação “Eu sou” é consequência para qualquer coisa que possui continuidade no tempo. O que devemos fazer é apenas permanecer serenos e com firmeza estabelecer-se no “Eu sou”. Temos que rejeitar inicialmente tudo aquilo que não seja “Eu sou” que também pode ser chamado de ego (falso eu) Temos que perceber com maior convicção que o “Eu sou” não representa a minha verdadeira identidade. Tendo compreendido o “Eu sou” em todos os sentidos, a próxima coisa é não tentar se desviar desta situação. Se você começar a pensar em alguma outra coisa, pode estar certo de que houve “acréscimo” na base de “Eu sou,” seja por relacionamentos, crenças, ideias e outros temores. Este sentimento de “Eu sou” está dormente no momento do seu nascimento. Ele só floresce em torno dos primeiros anos de idade. Ele é composto dos cinco elementos que formam o corpo. O corpo é uma projeção do “Eu sou” e por esta condição não possui liberdade, ele adoece, envelhece e a morte é inevitável. Podemos dizer que o corpo não deixa de ser um refúgio do ego. Eternidade ou imortalidade só é possível quando você estiver livre do “Eu sou” Mas o que acontecerá quando o “Eu sou” se for? O que restará? Esta situação agora é mais preocupante porque algo além do “Eu sou” começa a ser sentido. Ele começa a se manifestar causando um conflito entre dois mundos. Este sentimento deve ser agarrado e servir como um meio para ir além, em direção do eu não sou isto e aquilo. Verá que as condições sempre estiveram ao seu alcance. A porta nunca foi fechada. Este “Eu sou” é então desmascarado e aos poucos se dilui como um sonho que apareceu a você, e ao acordar ele desaparece. Isto é assim porque tudo que aparece e desaparece não pode ser verdadeiro. Qualquer coisa que sofre mudança é irreal. Você é


apenas uma testemunha em total proteção. Foi com muita sabedoria que o mestre Mooji explica esta condição com outras palavras : ---“Você nunca pode estar perdido. O que pode estar perdido é a sua maneira de pensar sobre você mesmo, sua identidade com limitação. É a mente condicionada que diz: "Eu estou perdido". Deixe a mente estar perdida. Perca a sua mente dentro do seu Coração. Por maior que seja o seu conhecimento, se o seu ego não for removido, você permanece na ignorância.

Existe uma perseguição insana em busca de uma identidade para preencher um vazio extremamente incômodo. Quero ser milionário, famoso, presidente, quero ser isto e aquilo. O paradoxo é que está tentando ser o que não é. A identificação com o corpo o engana e agora está encarcerado na prisão que você mesmo construiu. Você pode até ter ganho muito dinheiro, você pode ter se tornado milionário ou muito famoso, mas tudo isso é inútil comparado com o valor da sua essência. Este conhecimento é o único e verdadeiro capital que você possui para gradativamente visualizar esse aparente quebra-cabeça por completo. Do contrário a vida muitas vezes de forma completamente imprevisível, irá te ocasionar angustia e sofrimento. A fim de voltar para o seu verdadeiro estado, você tem que permanecer no “Eu sou”, mas com o entendimento de que você é anterior a ele. Seja apenas um observador desapegado, pois do alto você têm uma visão mais ampla. O conhecimento “Eu sou” é também um dos muitos nomes atribuído a Deus, mas segundo os mestres iluminados, você está além. Você é o absoluto sem forma. “Quando você refletir sobre a questão : O que eu era antes de nascer? Você percebe que “eu não era”, ou que eu não era como eu sou no momento. Portanto há três coisas: “Eu não era. Eu sou. e Eu não vou ser”. Quem sabe isso? É o absoluto imutável ou o verdadeiro Eu. Ele é e para sempre será”.


Foi com estas surpreendentes e profundas palavras que o mestre Nisargadatta se pronunciou “O que eu era antes de nascer? Ele nos indica com muita clareza que existe um Eu imutável antes do “Eu sou”. Sabemos que as palavras são extremamente limitadas e não se pode ter confiabilidade que elas irão nos revelar a verdade. É por esta limitação que a verdade só pode ser compreendida somente através da experiência. Em relação a questão de onde estava o “Eu sou”? os mestres nos afirmam que você não era “nada”. Mas este nada ou vazio, é também a totalidade que foi desaparecendo aos poucos, reforçando a ilusão da separação e do surgimento do corpo, do mundo e do universo. Eles são transitórios, de modo que nenhum deles é verdadeiro. O “Eu sou", é uma abstração. Na verdade ele não possui realidade independente, ele também é conhecido como “moolmaya” (a raiz da ilusão) O que resta então? Somente o Absoluto. Lembre-se, este “Eu sou” tem te enganado fazendo-o acreditar no irreal. É praticamente impossível tentar descrever em palavras o estado de antes do “Eu sou” As vezes ele é descrito como vacuidade, plenitude, vazio, nirvana ou “parabrahman” No livro “Um curso em milagres” vamos encontrar um texto que explica esta aparente dualidade: -----É impossível conceber luz e escuridão ou tudo e nada como possibilidades conjuntas. São todos verdadeiros ou todos falsos. É essencial que reconheças que o teu pensamento será errático até que um firme compromisso com um ou outro seja feito.” Assim podemos considerar a "Consciência" como sendo a primeira ignorância a se manifestar. Uma percepção fragmentada da verdade. A consciência só pode surgir no estado de dualidade. Você pode encarar estas duas etapas como um processo de auto-realização, considerando a primeira como a compreensão do conhecimento “Eu sou” e permanecendo nele. Pouco a pouco virá o segundo passo que constitui a realização que você está além do “Eu sou” Somente então você estará livre dele. Com este despertar estará vivenciando com toda a clareza que o “Eu sou” é dependente, uma ilusão da separação, uma falsa identidade.


O seu verdadeiro EU não está em nenhuma localização, (espaço) em nenhum tempo e isento de substância material. Quando sonhamos tudo nos parece verdadeiro enquanto o sonho durar. O “Eu sou” também é um sonho, ele só aparentemente parece verdadeiro enquanto ele durar. Com o desaparecimento do “Eu sou” você volta para seu estado original. Uma boa analogia que escrevi em um dos meus livros, pode facilitar a compreensão sobre o “Eu sou” (ego) “Ele é como uma temporária embarcação para levá-lo ao continente. Não importa que ele seja um iate de luxo ou até mesmo uma simples canoa. Ela teve sua importância, porque chegando lá a embarcação não será mais necessária”. Ela não terá nenhuma utilidade. Não faria nenhum sentido carregá-lo nas costas. Neste estado você se dá conta que a sua essência (Ser) é indestrutível, sem início e sem fim, e nada pode ameaçá-lo. Você é o Absoluto. O continente representa simbolicamente o seu verdadeiro lar. Você é uma extensão da fonte (Deus). É a testemunha de ambos os estados. Eles apareceram em seu sonho, mas nunca pertenceram a você. Neste misterioso paradoxo, o mundo de dualidades desaparece no nada que nunca existiu.

*Nisargadatta Maharaj – Guru hindu na linha de Advaita Vedanta. 1897-1981


A mente intuitiva ĂŠ um dom sagrado e a mente racional ĂŠ um fiel servente. Temos criado uma sociedade que honra o servente e esqueceu o seu dom. Albert Einstein.



RAZÃO & INTUIÇÃO Para muitas pessoas que sentem o chamado espiritual, ou que já

estão engajadas nesta busca, sentem enorme dificuldade em conviver com um sentimento que transcende a mente racional. A palavra intuição vem do latim “intueri” que significa ver interiormente. Ela é difícil de definir, porém exerce um papel fundamental em nossas vidas. É como saber de algo sem saber como chegou até mim. Steve Jobs* disse uma vez que “ela é mais poderosa que o intelecto” ou como o psiquiatra Carl Jung definiu que “cada um de nós possui uma sabedoria e o conhecimento que necessita em seu próprio interior” A verdade é que durante muito tempo seguimos a orientação da lógica e da razão como únicos instrumentos para investigar a verdade. No entanto são instrumentos muito limitados para alçar voos mais altos. Seria como comparar o voo de um pombo correio com o envio em tempo real de um e-mail via computador. A intuição dificilmente poderá se manifestar se a mente racional permanecer encarcerada dentro dos limites da razão. Isto acontece porque todos os nossos sentidos estão voltados para o externo. Somente quando nos voltarmos para nós mesmos, a intuição irá nos conduzir a um estado de liberdade e independência. Ela surge como um salto quântico, e até podemos afirmar que toda a ciência e as grandes descobertas não resultaram apenas do intelecto mas sim da intuição. Em um dos seus inúmeros pronunciamentos, o mestre Osho nos revela a riqueza e os benefícios da intuição quando ele diz: ---- A intuição traz significado, esplendor, alegria e bênçãos. Ela lhe proporciona os segredos da existência, lhe proporciona um tremendo silêncio e uma serenidade que não podem ser perturbados e que na podem ser tirados de você. Ela se tornará uma festa constante.


É claro que isso não se consegue de um dia para o outro. Para alterar esta visão, se faz necessário, vontade, determinação e disciplina para pôr em prática diversos exercícios que irão gradativamente ampliar as nossas percepções e possibilitar uma conexão para estados superiores. Isto não quer dizer que a lógica e a razão não devem ser utilizadas no mundo prático. Na analogia do pombo correio seria como mandar um email, ou conversar pelo celular com uma pessoa que estivesse bem na nossa frente. Seria considerado no mínimo um comportamento bizarro. Além disso existe um falso conhecimento de que somente os sentidos físicos e a mente racional podem nos garantir a veracidade de um determinado fenômeno. Mas será que podemos confiar inteiramente na razão para nos revelar a verdade absoluta num mundo dualístico e em constante mudança? Em uma passagem do “Um curso em milagres” fica mais fácil entender esta questão: “Pois os olhos e os ouvidos são sentidos sem sentido, e o que veem ou ouvem, eles apenas relatam. Quem ouve e vê não são eles (os sentidos), mas tu (ego) que juntas cada peça recortada, cada fiapo sem sentido e cada farrapo de evidência e fazes um testemunho do mundo que queres” É verdade que existem pessoas que mesmo em tenra idade já nascem com uma intuição mais desenvolvida. Porém a grande maioria vivem na matrix do paradigma materialista, em que predomina a crença que a verdade só pode ser confirmada através dos sentidos. Crença esta que está sendo hoje colocada em cheque com os avanços na física quântica, e das pesquisas dos fenômenos paranormais. Como afirmou magistralmente o físico Sir James Jeans*: “Trinta anos atrás, pensávamos que estávamos caminhando para a realidade de um modelo mecânico. Hoje há um consenso, que no lado físico da ciência, se aproxima quase a unanimidade que o fluxo de conhecimento está caminhando para uma realidade não-mecânica; o universo começa a se parecer mais como um grande pensamento do que uma máquina”


Vamos encontrar hoje muitos cientistas e pesquisadores que realizam um trabalho sério com o objetivo de compreender todos estes fenômenos que ainda são chamados de paranormais, porque ele predomina para a maioria da humanidade. Mas aos poucos começa a ficar cada vez mais evidente que a ciência e a espiritualidade finalmente irão se encontrar formando um só conhecimento. Mais uma peça do quebra cabeça será encaixada, permitindo um vislumbre muito mais completo de quem somos nós. Conta-se que Albert Einstein citado na abertura deste capítulo, que tinha um estranho hábito de permanecer mergulhado em sua banheira por horas seguidas brincando como uma criança com as bolas de sabão. Quando um dia perguntaram para sua esposa deste incomum hábito, ela respondeu que era os momentos em que surgiam suas melhores ideias. Isto é mais uma comprovação de que as descobertas científicas sempre surgem a partir da intuição e não da razão. Acostumados a darmos mais prioridade a razão, fica muito difícil controlar a mente e nossas atitudes e escutar a voz do silêncio. Nas sábias palavras dos padres do deserto*,vamos encontrar uma outra analogia quando afirmam que é enorme o esforço e árduo o trabalho daqueles que se aproximam de Deus. Mas que depois vem uma alegria indescritível. “É como acender uma fogueira: no início há muita fumaça e os nossos olhos lacrimejam, mas em seguida obtemos o resultado desejado. Do mesmo modo devemos atiçar o fogo divino em nós mesmos com lágrimas e grande labor.” Com a difusão dos meios de comunicações cada vez mais sofisticados e globalizadas, constatamos hoje que muitas pessoas passam a relatar sem constrangimento experiências de quase morte (EQM) ou por terem tido um vislumbre de consciência cósmica. Outro fenômeno a nível mundial é a canalização de entidades espirituais que através da mediunidade se comunicam por voz e por escrito através da psicografia. Talvez um dos exemplos mais marcantes que podemos relatar, é a extraordinária produção de livros do médium brasileiro Chico Xavier, e de muitos outros ao redor do mundo. Quando aceitamos a realidade destas manifestações alcançamos uma absoluta convicção da existência de


outros níveis vibratórios, que embora não possam ser vistas ou controladas elas existem, e nos convidam a uma nova forma de interpretar o sentido da vida. Estas experiências podem ocorrer de forma espontânea, mas isso acontece quando a pessoa já é possuidora deste dom, consequências em grande parte de muitas encarnações, que nada mais são do que novos sonhos. Como já mencionei no início deste capítulo, para quem ainda não alcançou este estágio, elas podem ser desenvolvidas mediante técnicas como a meditação, hata-yoga e autoinvestigação. O ideal seria fazer parte de um grupo de estudos, ou de preferência estar na companhia de um mestre que já alcançou este estado. Sabemos que ao longo dos milênios sempre houve a presença de Mestres, Gurus, Santos; que nos legaram profundos ensinamentos e que ultrapassam os limites da nossa percepção. Vamos encontrá-los através dos ensinamentos do Budismo, do Advaita Vedanta, do Sufismo, do Cabala, do Cristianismo, do Judaismo, da Ciência cristã, do Xamanismo e de muitos outros caminhos espirituais, que surgiram na nossa era contemporânea. Entre elas podemos destacar “Um curso em milagres” que teve sua origem em 1965 e publicado em 1976. Ele foi canalizado pela Dr. Helen Schucman e auxiliada pelo Dr. William Thetford, ambos professores de psicologia médica na faculdade de medicina da universidade da Colúmbia em Nova York. Ele é considerado hoje um clássico espiritual. O curso não é uma religião, porque não existe organização hierárquica. Em sua introdução ele resume o curso muito simplesmente desta forma: “Nada real pode ser ameaçado. Nada irreal existe. Nisto está a paz de Deus”. Ele também significa que temos que deixar de lado a falsa ideia de estarmos separados da fonte (Deus). É por isso que sempre que estivermos passando por uma situação perturbadora, devemos nos questionar fazendo a nós mesmos a seguinte pergunta:


“Eu quero ter razão ou ser feliz” Esta pequena frase constitui um dos pilares do conhecimento do curso, e enfatiza que a felicidade possui um valor muito maior que a razão. A felicidade é um estado do ser, enquanto a razão é quase sempre mais uma defesa do ego.

*Albert Einstein - Físico teórico. Desenvolveu a teoria da relatividade geral ao lado da física quântica. Considerado um dos maiores gênios do século XX *Steve Jobs – Inventor, empresário e magnata Americano no setor de informática – 1955-2011 *Sir James Jeans – Físico quântico, astrônomo e matemático britânico – 1877-1946 *Padres do deserto – Eremitas e monges que viviam no deserto da Nítria a partir do século III d.C. *Chico Xavier – Médium com mais de 450 obras psicografadas. 1910-2002



EPÍLOGO


Termino mais um livro. E como todo autor, sinto um estado

de arrebatamento por ter expressado minhas ideias, e poder compartilhá-las com outras pessoas. Enquanto estava concentrado escrevendo e burilando os textos, fui sentindo cada vez mais através das afirmações dos grandes mestres que estão presentes em cada capítulo, a grande importância do silêncio e do autoconhecimento. As vezes sentia a presença destes seres elevados, e entrava em sintonia com suas poderosas vibrações. A exploração do nosso mundo interior, é de suma importância, se estivermos preparados e amadurecidos em trilhar o caminho espiritual. Com efeito este trabalho de autotransformação que procurei relatar ao longo deste livro, precisa ser praticado, até se incorporar em nós, a ponto em que ele passa a ser a nossa autentica natureza. Trata-se portanto de um trabalho não de evolução , mas de recordação. “Recordar quem você é”. Nesta fantástica viagem que fizemos juntos, tivemos momentos em que a verdade foi vislumbrada. Fomos estimulados a nos questionarmos até que ponto somos livres ou determinados. A grande importância do perdão para despertarmos do nosso sonho. A possibilidade de alcançar a iluminação que constitui a nossa principal jornada, e de como devemos orar verdadeiramente para nos conectarmos com a nossa essência. Há aqueles que conseguem alcançar êxito com maior rapidez, enquanto outros sentem muita dificuldade, correndo o risco de serem novamente dominados pelo ego, o que indicaria que até mesmo possuindo um conhecimento espiritual, não conseguem praticá-los no dia a dia quando surgem algumas situações que devem enfrentar. Por isso este trabalho não tem data para terminar. Ele pode durar um ano, dois ou uma vida inteira. Em ambos os casos recomendo a prática regular da autoobservação, conforme expliquei nos capítulos precedentes. O meu objetivo foi desenvolver certas questões que não tinham sido abordadas nos livros anteriores, mas em essência ele é sobre a importância do despertar, escolher a paz ao invés do conflito, o amor ao invés do medo e a unificação em vez da separação. É claro que existem outras questões


que são praticamente impossíveis de serem explicadas, pois estão muito além de nossa capacidade de entendimento. O certo a fazer é deixar fluir, porque com certeza com o poder da fé e da prática da meditação, a nossa essência sem esforço, irá recobrar a sua memória. Talvez a parte mais difícil para quem está ainda no início do caminho espiritual é ter a coragem e a determinação de fazer esta verdadeira transformação. Uma rigorosa faxina, para retirar de nossa mente todo tipo de crenças e inverdades que foram se depositando ao longo do tempo, e que constitui a nossa falsa e provisória personalidade (ego.) É um esvaziamento imprescindível, para que a sua verdade atemporal, possa encontrar um novo espaço para florescer. Agora que estou chegando no final deste epílogo, volta novamente a minha inquietação que já tinha comentado no início da introdução, em dar por terminado este livro, pois sempre existe a possibilidade em aprimorar ainda mais o seu conteúdo. Reconheço que muitas coisas deixaram de ser ditas ou abreviadas, e posso não ter desenvolvido com maior profundidade certos pontos. Por isso considerem essa obra apenas como um pequeno esboço. Um livro com o propósito de apenas desfazer alguns véus que obscurecem e desfocam a nossa verdadeira imagem. Isso não poderia ser diferente, considerando se tratar de um tema tão vasto, que nem mil livros poderiam abranger. Na verdade nem seria necessário. Seria apenas prolongar com mais palavras, a nossa verdade que já está em cada um de nós. Creio que o material aqui exposto, pode ser considerado como uma pequena semente que pode desabrochar para aquele que está preparado, e que sente uma urgente necessidade em mergulhar em seu interior, para se conectar na paz e no amor que sempre esteve em seu coração. Para quem possui noções básicas de “Um curso em milagres” ou conhecimentos da filosofia oriental “Advaita” penso que conseguiu compreender na leitura do texto, o significado dos termos “Aparentemente no mundo ou no corpo” Mas para não deixar dúvidas, aqui está uma breve explicação. O fato é que não estamos no corpo e


nem no mundo, embora os nossos sentidos confirmam a sua existência. Para se ter uma ideia aproximada, vou utilizar mais uma vez outra analogia, que acredito irá facilitar a sua compreensão. Tente imaginar que está tendo uma conversa com um amigo através do Skype e vendo sua imagem através do Webcam. Nenhuma pessoa de bom senso nos dias atuais, pensaria que a pessoa contatada, esteja dentro do monitor. Ele sabe que é uma imagem virtual, transmitida por ondas através de sofisticados satélites, e que o monitor nada mais é que um receptor. Poderia então dizer que ele “aparentemente” está na tela do meu monitor. Mas em caso do monitor deixar de funcionar, meu amigo não teria desaparecido. Tudo indicaria que temporariamente a transmissão foi interrompida por problemas técnicos, ou meu computador estaria com algum defeito. Da mesma forma que não acreditamos que o corpo de uma pessoa não está no monitor, a alma não está no corpo. Os nossos sentidos nos fazem acreditar nesta ilusão. A verdade é que a alma está além do tempo/espaço e matéria. Ela é uma extensão de Deus, e portanto não possui localidade. Ela é atemporal. Não possui início e nem fim. Estamos passando por uma imaginária experiência no plano físico, para recordar a nossa verdadeira identidade. Reconheço a dificuldade em entender tudo que foi exposto, mas talvez esta analogia possa ajudar a entender um pouco este mistério, e da razão de me utilizar da palavra “Aparente.” Eu a utilizo porque não corresponde a nossa real condição. Ela não é verdadeira. É por essas razões que os antigos mestres do passado, encontravam muita dificuldade em transmitir conhecimentos metafísicos, pois a ciência e a tecnologia estavam dando os primeiros passos. Mesmo assim, embora a física quântica que já existe há mais de 80 anos e com comprovadas evidências cientificas, não incorporamos esta nova visão em nossa vida cotidiana. Nos comportamos ainda de acordo com a física clássica, pois ainda predomina em nossas vidas o paradigma mecanicista. Se os sábios iluminados do passado tivessem que utilizar hoje de uma linguagem científica, usariam palavras muito parecidas como a do famoso físico quântico Niels Bohr:


“As partículas materiais isoladas são abstrações, e suas propriedades são definíveis e observáveis somente através de sua interação com outros sistemas Enquanto que os mestres do passado, expressavam esta mesma verdade de forma mística intuitiva: “Entrando-se no samadhi da pureza, obtém-se a compreensão que tudo penetra, o que nos torna conscientes da unidade absoluta do universo” Hoje estamos como nunca, interligados através de uma sofisticada tecnologia, que nos permite um intercâmbio instantâneo (online) entre todos os povos, permitindo assim uma constante interação cultural e espiritual. A tendência desta globalização se alastra cada vez mais, e ficamos surpreendidos em constatar como cada vez mais as verdades místicas do passado, resurgem hoje através de comprovações científicas. Posso até afirmar, o que pode até nos surpreender, mas o surgimento da Internet, celulares, aplicativos, whatsapp etc... que sem dúvida foi um grande avanço, não passa de uma mini amostra para nos sentirmos interconectados no todo. Embora estas surpreendentes avanços tecnológicos podem nos impressionar, elas são ferramentas limitadas, pois dependemos delas. Como já abordei esta questão em outros livros, é suficiente dizer aqui que o desenvolvimento tecnológico não passa de uma primitiva ferramenta que nos ajudam a ultrapassar os limites do corpo físico. Embora considerado um sofisticado organismo, sabemos que apresenta muitas restrições. Muito diferente de um mestre iluminado que possui este poder em si próprio, e que não depende de ferramentas externas. Hoje vemos cada vez mais pessoas buscando uma espiritualidade independente das tradicionais organizações religiosas, que em verdade só nos afastaram da nossa conexão interior. Somente quando o homem despertar e reconhecer o “Ser” que verdadeiramente ele é será o alvorecer de uma nova era. A humanidade passaria então por uma


inimaginável transformação. Talvez o início de uma verdadeira civilização. Esta transformação no entanto não pode ocorrer de fora para dentro, mas de dentro para fora. O fim do mundo, tão anunciado nestas últimas décadas, nada mais é que o fim da nossa ignorância. É o relembrar da nossa divindade. Ela não ocorre através da destruição do mundo das formas, mas da destruição de nossos falsos conceitos. Tal qual um rio, não importa se ele se desviar de sua rota. Não importa se ele se distanciou por um tempo do seu destino, porque mais cedo ou mais tarde retornará ao mar. Embora os conhecimentos contidos neste livro, não apresentem nada que de alguma forma já não tenha sido falado e escrito pelos mais diversos mestres, filósofos e cientistas, acredito que a maneira pessoal que um escritor tem em se expressar, sempre poderá contribuir para uma maior compreensão. Espero que ele possa inspirar o leitor para uma nova reflexão sobre o despertar. Como extensão divina, somos todos um - Amorosos, perfeitos, atemporais e bem aventurados. Quando estava para colocar um ponto final neste epílogo, escuto para minha surpresa como uma voz interior. No início eram murmúrios quase inaudíveis, mas aos poucos o som começou a clarear. Não sei quem poderia ser, mas fui tomando nota. Assim que terminou, a voz simplesmente silenciou. Eu senti como se as palavras fossem dirigidas a mim, como uma orientação. Assim decidi compartilhar esta mensagem para que elas sejam as últimas palavras do meu epílogo, e que poderão ser também de muita ajuda para inspirar muitos leitores. “Não pense que por ter lido tantos livros e por ter escrito alguns, você pode se considerar um mestre. Somente através do silêncio, e do autoconhecimento terá as ferramentas necessárias para enfrentar com leveza os obstáculos e adversidades. Eles são fundamentais para reconquistar a sua mestria. É por isso que está aqui neste aparente mundo de dualidade. Com certeza terá as oportunidades para desfazer algumas


fraquezas, e se libertar de falsos conceitos. Aplique tudo que você apreendeu. Permanece calmo, e mantenha a sua fé em sua natureza divina. Procure viver as virtudes dos grandes mestres que você tanto admira. Jamais tenha nenhum pensamento de violência ou de vingança em sua mente e não faça nenhum tipo de julgamento ou comparação com os outros. Nunca esqueça as duas principais lições; amar incondicionalmente e perdoar verdadeiramente. Afinal, as outras pessoas são abstrações. Não existe outras pessoas. Tudo é um. Não existe divisão, nem separação. Apenas um sonho do qual você irá despertar.” Om Shanti


'


AFIRMAÇÕES CONTIDAS NESTE LIVRO Se houver uma excessiva dependência em relação ao mundo exterior para se sentir seguro, e perceber muita resistência em perdoar os seus supostos inimigos. Se ainda estiver acreditando em um Deus separado e temido, ou tiver ainda a convicção que este mundo é real, então você ainda continua escravo de seus sentidos, e preso na matrix com seus falsos e equivocados conceitos.

À luz da sabedoria o que você nunca perdeu, jamais pode ser encontrado. A sua busca só revela que está inconsciente de sua própria verdade.

Despertar significa, se dar conta que não há nada para ser procurado. Iludido pelo irreal, o homem passa a dar realidade as imagens projetadas pela sua própria mente.

Não existe algo errado em experimentar as imagens que você vê numa tela de cinema, pois obviamente esta é sua experiência. Não estou negando ao que você vê, mas quero te dizer que é uma ilusória experiência. É apenas uma projeção.


Cada um possui o seu próprio mundo de acordo com a visão que ele tem de si próprio. A ideia de um “eu” como uma pessoa independente, se deve a ilusão do tempo e do espaço.

Devemos nos dar conta que estamos adormecidos, e sonhando mesmo quando estamos no estado de vigília. O mais correto seria chamálo de sonho desperto.

Não importa o quanto a vida pode parecer difícil, existe apenas dois caminhos a escolher, mas somente um representa a realidade. Essa realidade é o amor. Você é o próprio amor.

O perdão constitui o principal remédio que desfaz as nossas crenças de uma falsa realidade, e nos cura de nossa dor. Ele possui a capacidade de nos libertar de um pesado fardo que vínhamos carregando até então.

Não devemos deixar de nos encantar com a beleza exterior, porque em realidade ela representa simbolicamente a nossa beleza interior.

Quando mergulhar em seu interior através do silêncio da meditação e da oração, isso fará desabrochar aos poucos a sua real natureza e voltar a ser o que sempre foi: Suprema e atemporal felicidade

A pergunta mais importante que devemos fazer é por quanto tempo ainda iremos permanecer na prisão que nós mesmos construímos em nossa tela mental.


Temos que reforçar a nossa fé e confiança, e adquirir uma certeza íntima que tudo sempre acontece para o nosso despertar. Onde existe a luz da sabedoria, a escuridão da ignorância não pode permanecer. Independente de suas crenças, o fato é que nunca estamos separados mas unidos com toda criação. Somente a verdade do “Ser” é real. Não podem existir duas verdades.

Quando desfazemos a ideia equivocada de estarmos separados da Fonte e mais conectados com o “Ser”, temos condições de perdoarmos verdadeiramente, pois deixamos de dar realidade a uma ilusão.

O poder da mente é implacável. O que você sente você atrai, o que pensa você cria, e no que acredita torna-se realidade. Enquanto estivermos adormecidos e encalhados por nossas próprias crenças e ilusões, ficamos como que sonâmbulos e em constante movimento circular do qual fica difícil romper o seu rodízio.

Não existe a inverdade, da mesma forma que não existe escuridão. Ela pode até nos dar a impressão de durar por um certo tempo, mas um dia a verdade como um sol, volta a iluminar a nossa alma desfazendo a escuridão da nossa ignorância.

Quando nossa experiência humana está alicerçada no amor e no perdão, estamos na verdade vivendo a partir da nossa essência divina.


Estar iluminado é um estado de consciência, em que há um sentimento de interconexão amorosa com o todo, num absoluto não dualismo. Qualquer tentativa de ser descrito em palavras jamais poderá corresponder a verdade.

A verdadeira religiosidade só pode florescer dentro do nosso coração. Porque sempre acima das nuvens turbulentas da ilusão, o sol continua a brilhar.

Por mais que a iluminação possa ser descrita ela será apenas um conceito, uma ideia. Quando ela se manifesta a pessoa já não é a mesma. É uma total transformação. Simplesmente ele volta a ser o que sempre foi.

Como uma foto holográfica, cada fragmento contém o todo. Por isso a grande importância dos relacionamentos, porque sem outras pessoas atuando como espelhos, seria muito difícil perceber tudo que precisa ser visto e perdoado em nós.

Somente quando o ego é destronado, todas as nossas ilusões são removidas, e como uma extensão divina você aceita a voz por Deus como sua única fonte. Somente aceitando serenamente a vida como ela é, podemos reencontrar no silêncio do nosso coração, a nossa bemaventurança.

O que em verdade mais ansiamos é obter uma visão panorâmica da vida e não fragmentada. Queremos sentir a paz e o amor, que estão em


nosso “Ser” mas que o ego e as regras sociais nos iludem e nos impedem de encontrar.

A nossa verdade absoluta jamais pode ser encontrada fora de nós. Ela não pode se manifestar em toda a sua totalidade através de palavras ou conceitos, ou fazendo parte de uma organização religiosa.

Somente na medida em que nos libertarmos das nossas crenças e apegos, as nossas orações estarão fortificando o nosso “Ser” para encontrar o caminho mais rápido para despertar e voltar para casa.

Somos uma extensão da fonte, e a fonte é puro amor. Este é o trabalho do sistema de pensamento do Espírito santo, que ele nos oferece. Recuperar a lembrança de quem somos verdadeiramente. Unos e perfeitos como Deus nos criou.

Somente o ego pode se sentir ferido ou magoado. Mas quando através da lucidez espiritual, percebemos com clareza que o ego é apenas um falso eu, prevalece a força eterna do “Ser”. Tal qual um rio, não importa se ele se desviar de sua rota. Não importa se ele se distanciou do seu destino, porque mais cedo ou mais tarde retornará ao mar.



BIBLIOGRAFIA


SUGESTÕES DE LIVROS Um Curso em Milagres

Fundação para a Paz Interior

Perdão

Gerald G. Jampolsky Editora Cultrix

Antes do Eu Sou

Mooji Qualitymark

O Poder da Iluminação

Otávio Leal Editora Alfabeto

Culpa, Cura e Relacionamento

Claudia Pierre Novo Século

O Amor não esqueceu ninguém

Gary Renard Grupo Mera

Maha Yoga

K. Lakshmana Sarma Abone Publicações

Cure-se através da Paz

P. K. Nesbit Grupo Mera

Os Miseráveis

Victor Hugo


A Yoga do Bhagavad Gita Eu Sou Aquilo

Paramahansa Yogananda Self Realization Fellowship Nisargadatta Maharaj Editora Advaita



FILMOGRAFIA


SUGESTÔES DE FILMES O Sétimo Selo

Ingmar Bergman

O Amor não esqueceu ninguém Palestra de Gary Renard

Gravado por Pathways of Light

Os Miseráveis Baseado na obra de Victor Hugo

Glenn Jordan

Como conhecer Deus Baseado na obra de Deepak Chopra

Ron Frank

O Rei dos Reis

Nicholas Ray

Fronteiras da física Baseado na obra de Brian Greene

Nova/Pbs

O Ativista Quântico Baseado na obra de Amit Goswami

Bluedot productions

A Convocação Dos Produtores de “Quem Somos Nós”

Emmanuel Itier

A Origem

Christopher Nolan


Os Dez Mandamentos

Cecil B. De Mille

A última tentação de Cristo

Martin Scorsese

Blade Runner

Ridley Scott

O Show de Truman

Peter Weir

Chico Xavier

Daniel Filho

O Vidente

Lee Tamahori

Contra o Tempo

Duncan Jones

Alta Frequência

Gregory Hoblit

X-Men Dias de um future esquecido

Bryan Singer

Siddhartha

Conrad Rooks

A Mulher de Areia

Hiroshi Teshigahara

Sansara

Pan Nali


Contato com o autor: robbysaul@gmail.com


CONTRA CAPA


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