GESTÃO
Só fechar a torneira não basta
REPORTAGEM
Vem aí: nova cara para Valadares
ARTIGO
ECONOMIA SUSTENTÁVEL
Ano 2 | Nº 02 | maio de 2015
CONSTRUÇÃO CIVIL MAIS BARATA Com o lançamento do Custo Unitário Básico pelo Sinduscon em Valadares, o preço do metro quadrado de uma obra deve cair 16,76% em relação ao CUB da capital mineira
Editorial O QUE ESPERAR DE 2015? Apesar da presidente, em discurso no 21º Salão da Construção Civil, tentar minimizar os danos da má gestão, somados ao número elevado de escândalos políticos em todos os escalões, estamos vivenciando a falta do dinheiro no mercado, desaceleração do PIB, aumento do endividamento da população, diminuição do crédito e confiança do consumidor. Esse cenário faz com que muitos setores passem a repensar o modelo de atuação e comecem a projetar novas possibilidades que consigam suplantar as dificuldades que o mercado irá impor nos próximos anos. Tenho ouvido muito sobre os percalços e dificuldades projetados para 2015 e próximos anos. No entanto, creio na capacidade de reinventar, criar alternativas e utilizar toda essa turbulência para sair na frente. Claro que o melhor momento para investir em inovação é quando o mercado esta aquecido, e você, com caixa disponível para desenvolver novidades e se preparar para quando os momentos difíceis se tornarem realidade. Mesmo assim, nunca é tarde!... Demandará um grande esforço de todos, mas teremos que “crescer” através de sistemas construtivos
Falando em inovação tecnológica na construção civil, ela é prioritariamente estruturada em uma visão de cadeia da construção, ou seja, boa parte dos desenvolvimentos são realizados por outros agentes como fornecedores de insumos, máquinas e serviços, mas as possibilidades são infinitas e esse será o diferencial no mercado. Não posso deixar de citar também outra opção importante que pode ser reduzir o ritmo de atividade da sua empresa ou obra. Não é nenhuma vergonha ou sinal de má gestão. É sinal de prudência. Existe um ditado sobre empreendedorismo que diz o seguinte: “O primeiro negócio de qualquer negócio é permanecer no negócio”. Independente de qual atitude tomar, o que quero frisar aqui é a “ação”. Aja, trabalhe, inove, não espere que as coisas melhorarem por si só!... Samuel Salmen Diretor Presidente
Gostaria de receber, por meio desta revista, que, por sinal, ficou muito bem elaborada na primeira edição, matérias sobre dicas de design de interiores, revestimentos, áreas externas, iluminações.
Opinião do Leitor Olá, Elzi. Parabéns pela Revista Construção em Evidência. Bem diagramada e textos interessantes. Também não posso deixar de parabenizá-la pela garra em conduzir uma publicação com esta qualidade em nossa cidade. Conheço bem as dificuldades. Grande abraço deste cartunista. 1ª Edição
mais modernos, econômicos e principalmente sustentáveis.
Paulo Espírito Santo
Acredito que iria enriquecer muito a revista e encher os nossos olhos enquanto leitores. Grato. Flávio – Eleva - 8827.4107 Obrigada pelas dicas, Flávio. Nesta edição e também nas próximas, estaremos abordando várias dicas. Você e outros leitores podem nos enviar sugestões. ELZI MORAIS
Diretora-geral da Revista CONSTRUÇÃO EM EVIDÊNCIA
Lendo a Revista CONSTRUÇÃO EM EVIDÊNCIA, algo de cara me chamou a atenção. Ela prioriza a obra não o obreiro. Fazendo uma analogia bíblica, lá está dito que o que a mão direita faz a esquerda não precisa saber. Oscar Niemeyer, gênio da arquitetura, detestava fotógrafos. Isto porque ele já poderia ser visto em grande parte do mundo através das suas obras. Parabenizo a revista e seus anunciantes que, com certeza, se eternizaram através de seus produtos e serviços. Marcelo Silva Economista Salvador - BAHIA
Seja colaborador da Revista CONSTRUÇÃO em Evidência enviando sugestões de pautas, críticas, dúvidas, artigos, para tornar este informativo cada vez mais interessante, atendendo as expectativas de um público cada vez mais exigente na hora de construir.
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CONSTRUÇÃO em Evidência | nº 02 | 2015
Sumário
Expediente
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Diretor Presidente Samuel Salmen
Construção em evidência
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Só fechar a torneira não basta
Diretora Geral Elzi Morais comercial@construcaoemevidencia.com.br
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Sonho possível
Designer Gráfico e Diagramação Marcos Coelho CORINGA DESIGN producao@construcaoemevidencia.com.br
Revisão Ortográfica Marizete Belo
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Engenharia: aspectos legais e éticos
Vem aí: nova cara para Valadares
Jornalista Douglas Santiago
Contato 33. 8421-3040 33. 8409-5548 33. 3084-4888 contato@construcaoemevidencia.com.br
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Crea-Minas comemora 80 anos de história
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Tiragem 3.000 exemplares
Impressão Editora e Gráfica Unidos
Tendências 2015
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Em EVDÊNCIA
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Redução no Custo da Construção
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ECONOMIA SUSTENTÁVEL
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GESTÃO
Só fechar a torneira não basta por Ricardo Granja Diretor-geral da GTRES Metais Sanitários
O
Brasil acordou – muito tardiamente – para a questão da falta d’água. A preocupação começou a se intensificar em São Paulo, com o rápido esvaziamento de importantes reservatórios, e em poucos meses já se estendeu para os outros estados do Sudeste, que também se encontram frágeis e despreparados para enfrentar estações mais secas. Outras regiões do País, momentaneamente, parecem estar em posição mais confortável, mas ninguém deve esperar para ver o pior acontecer. A comoção precisa ser nacional. Chegamos ao limite e não há escapatória: será necessário mudarmos nossos hábitos, mesmo sabendo que o uso doméstico não é o maior “vilão” do desperdício e mau planejamento. É verdade que o problema só será amenizado com ações firmes e transparentes do governo e das grandes corporações – porém, essa constatação não altera o fato de que nós, brasileiros, somos um dos povos que mais gastam água no mundo. Após inúmeros alertas, a população começou a incorporar diversos hábitos visando evitar o desperdício. Seja com banhos mais curtos, reutilizando água da chuva para lavar o carro ou substituindo a descarga por baldes, a mobilização é grande. Mas será que nossa capacidade de colaboração se limita a essas pequenas atitudes? Na verdade, por maior que seja o nosso esforço pessoal, o consumo pode continuar excessivo, caso não tenhamos cuidado na escolha e manutenção dos equipamentos da casa. Isso pode ocorrer em qualquer ambiente, como cozinha, banheiro e área de serviço. Pouco adianta, por exemplo, fecharmos as torneiras ao ensaboar utensílios, se ela estiver com vazamento e escoar água por longos períodos de tempo – e o mesmo se aplica aos canos.
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CONSTRUÇÃO em Evidência | nº 02 | 2015
Para evitar tais problemas, visto-
rias regulares são importantes, mas podemos também instalar acessórios indicados para diminuir o volume que gastamos. Simples peças podem gerar grande economia. Uma delas é o redutor de vazão, um pequeno anel controlador do nível hídrico, de fácil instalação e acessível no mercado, que reduz em média 50% do consumo das torneiras. Outra dica é a inserção de pias e chuveiros de baixo fluxo. Além de oferecer vantagens como preços baratos e rápida montagem, a pressão fica inalterada, diminuindo os gastos. Os vasos sanitários, da mesma forma, podem ser adquiridos em modelos de fluxo duplo, ou seja, que permitem a descarga com menos água para líquidos, e mais para sólidos, poupando o seu uso total. Os tempos são outros. Não podemos mais esbanjar, exagerar e ignorar o problema da água. Estamos percebendo, da pior maneira, que ela é, sim, finita. Enquanto as autoridades responsáveis se mexem para controlar a crise, a população sente na pele os gastos excessivos de tantas décadas. Só nos resta fazer nossa parte e aprender com nossos erros. ■
REPORTAGEM
Douglas Santiago
O ex-secretário Seleme Hilel Neto fala com orgulho dos projetos para a nova rodoviária e para a mobilidade urbana do município
Vem aí: nova cara para Valadares por Douglas Santiago Melo
Ex-secretário de Serviços Urbanos de Governador Valadares fala sobre obras de sua gestão, entre elas, o projeto para a nova estação rodoviária e para a mobilidade urbana, que devem dar uma nova cara ao município
A
certeza de um trabalho bem feito acompanha o ex-titular da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, Seleme Hilel Neto, em sua saída do órgão. Foram mais de dois anos à frente da Secretaria, deixando o cargo no último dia 6 de fevereiro. Os projetos para a nova estação rodoviária do município e para as transformações na mobilidade urbana em Valadares (inclusive com drenagem do Centro) são alguns dos trabalhos entregues pelo secretário. Neto fala um pouco sobre esses e outros assuntos à nossa equipe de reportagem. A entrevista aconteceu na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em Belo Horizonte.
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Neto aproveitava o restante das férias para então retornar a Governador Valadares e deixar definitivamente a titularidade da Secretaria. A construção da nova estação rodoviária foi o primeiro assunto em pauta. "O projeto está sendo aprovado agora [fevereiro] pela Prefeitura. Na verdade, o pré-projeto. Quando a Prefeitura o aprova, então a empresa começa a viabilizar o projeto executivo. O concessionário, que é a Ibicon (atual administradora da rodoviária), procurou esse parceiro [a empresa], nos consultou e nós aprovamos, dentro de toda uma exigência do que seria bom para o município", afirma Neto. A empresa a qual ele se refere é a Shopper Shopping Centers, uma administradora de shoppings em cidades do interior, es-
Quando a Prefeitura o aprova, então a empresa começa a viabilizar o projeto executivo. O concessionário, que é a Ibicon (atual administradora da rodoviária), procurou esse parceiro [a empresa], nos consultou e nós aprovamos, dentro de toda uma exigência do que seria bom para o município
pecializada em construir e administrar esses empreendimentos em cidades médias.
Segundo Seleme Hilel, o projeto havia sido aprovado pela Prefeitura na última semana de janeiro, pois a obra só pode ser iniciada após o projeto executivo estar pronto. Uma boa notícia é que a verba a ser utilizada não é pública; serão100% da empresa administradora. "A previsão orçamentária exata só saberemos depois do projeto executivo pronto, mas deve ficar em torno de R$ 40mi, isso só o shopping; fora o hotel", afirma. O novo empreendimento, além de estação rodoviária, será ainda centro de comércio (onde devem ser acomodados os ambulantes de rua) e um hotel. "O centro de comércio é o mais importante para nós. A prefeita bateu muito nessa tecla. Será mais um gargalo que vamos eliminar em Valadares, tirar os ambulantes do meio da rua", explica. O local contará com arcondicionado.
Os andares existentes atualmente na estação rodoviária de Valadares serão preservados, no entanto, outros dois deverão ser construídos para o funcionamento do hotel, segundo Neto, em respeito a uma lei municipal de 1961, do então prefeito Raimundo Albergaria.
A atual rodoviária é uma dor de cabeça constante para a administração municipal. "Recebemos muitas reclamações em relação a ela. A pior de todas é a acessibilidade, que o Ministério Público exige, com toda razão. O prédio é antigo e não tem isso e agora vamos poder fazer", afirma.
O prazo combinado com a empresa para a conclusão da obra seria de um ano, podendo chegar a um ano e dois meses, a partir do início da obra. "Valadares está ganhando isso. A empresa ganha a oportunidade de explorar o espaço daquilo que ela construiu durante 30 anos e depois é o município quem decide o que acontece. Todos ganham", analisa. Outra novidade da nova estrutura será a melhoria e o aumento no número de plataformas de embarque. ►
No início, o objetivo era financiar junto à Caixa ou Banco do Brasil, que seriam um intermediário do banco financiador, que é o BNDES. Mas conseguimos fazer diretamente com o BNDES, o que diminuiu os juros que serão cobrados do município em 2% ao ano. CONSTRUÇÃO em Evidência | nº 02 | 2015
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Inicialmente, não era possível fazer obras de drenagem dentro do PAC de mobilidade urbana, mas como eu consegui provar (através de fotos, reportagem e assinaturas) que aquela falta de drenagem no centro atrapalharia e inviabilizaria a construção de um corredor, conseguimos
não era possível fazer obras de drenagem dentro do PAC de mobilidade urbana, mas como eu consegui provar (através de fotos, reportagem e assinaturas) que aquela falta de drenagem no centro atrapalharia e inviabilizaria a construção de um corredor, conseguimos", conta. A previsão, segundo Neto, é que o projeto leve cinco meses para ser finalizado. A partir daí, começa a licitação da empresa que vai executar a obra, o que pode demorar uns quatro meses.
Indústria de multas? Mudanças à vista no trânsito O projeto para a nova rodoviária não é, porém, o projeto que Seleme Hilel Neto tem mais orgulho de ter deixado para os cidadãos valadarenses. O que leva esse mérito é o Projeto de Mobilidade Urbana, no valor de R$ 97 mi, já assinado. "Peguei esse desafio numa época em que estavam desistindo do projeto pela dificuldade que havia na arrecadação. Trabalhei muito. No início, o objetivo era financiar junto à Caixa ou Banco do Brasil, que seriam um intermediário do banco financiador, que é o BNDES. Mas conseguimos fazer diretamente com o BNDES, o que diminuiu os juros que serão cobrados do município em 2% ao ano. O Governo Federal será nosso avalista, por isso conseguimos mais 1% ao ano de diminuição dos juros. Portanto, são 3% ao ano de economia, que vão significar uma economia de mais de R$ 30 mi aos cofres do município", explica. A verba para o projeto já está captada e o projeto já está assinado. A empresa já está licitada para fazer o estudo e o projeto dessa mobilidade urbana.
O projeto inclui a criação dos corredores de ônibus, com faixas exclusivas; mais ciclovias; melhorias dos pontos de ônibus; todo um tratamento da zona central de Governador Valadares; modernização da sinalização semafórica; e a drenagem do centro da cidade. "Inicialmente,
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CONSTRUÇÃO em Evidência | nº 02 | 2015
Paralelamente a esses projetos maiores, outros foram se desenvolvendo. Seleme Hilel Neto afirma ter conseguido organizar a Secretaria e fala sobre as críticas com relação ao número de multas aplicadas no município. "Há duas coisas que a população precisa saber. Primeiro, que quando eu peguei a Secretaria tínhamos 15 agentes de trânsito e apenas 12 trabalhando. Atualmente, chegamos a 60 agentes. Conseguimos que a média de multas por agente fosse menor do que quando eu entrei. Certo é que com o maior número de agentes mais infrações podem ser flagradas", afirma. Segundo o ex-secretário, não é interesse da administração que haja uma 'indústria de multa', mas o mau motorista proporciona isso.
Ao contrário do que possa parecer, segundo
... hoje em Valadares o cidadão consegue uma vaga quando vai estacionar só que precisa pagar por isso. Estacionamento rotativo significa que a vaga está lá para você usar e sair; e não para estacionar e ficar o dia inteiro ocupando o espaço público.
www.valadares.mg.gov.br
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Neto, a maioria das multas não é de estacionamento. "As que têm maior valor são as flagradas por radar e as de ultrapassagem no sinal vermelho. Mas todo mundo precisa saber que hoje em Valadares o cidadão consegue uma vaga quando vai estacionar, só que precisa pagar por isso. Estacionamento rotativo significa que a vaga está lá para você usar e sair; e não para estacionar e ficar o dia inteiro ocupando o espaço público", explica.
Se a pessoa quiser pegar ônibus no bairro Santa Rita para o SIR, ela consegue dentro dos 60 minutos. Isso é mais que o necessário.
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Integração e limpeza pública
A limpeza urbana também é uma das citações do ex-secretário. "Conseguimos fazer a limpeza da cidade depois daquela tragédia que houve no final de 2013 e início de 2014. A população aprovou a limpeza. Lógico que existem algumas insatisfações, pois a coisa não é do jeito que queremos por uma questão financeira", diz. ■
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Outra conquista destacada por Neto é a integração do sistema de transporte público através do bilhete único. Segundo ele, havia uma dificuldade inicial de se implantar o sistema, mas simplificando o processo, foi possível instalar o bilhete, que hoje abrange 100% das linhas de ônibus. "Se a pessoa quiser pegar ônibus no bairro Santa Rita para o SIR, ela consegue dentro dos 60 minutos. Isso é mais que o necessário", afirma.
O projeto do novo complexo rodoviário de Valadares, que tem parceria com a Shopper Shopping Centers e a BHZ Arquitetura. O projeto oferece uma solução “três em um”, já que se trata de muito mais que uma rodoviária. Vai abrigar, além da rodoviária propriamente dita, os ambulantes num centro de compras e terá ainda espaço para outras lojas e uma praça de alimentação.
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REPORTAGEM
Construção em evidência por Raul de Cássio Amorim Neto Engenheiro Civil | CREA-MG 35.773/D
A
construção sempre em evidência. O título Construção em Evidência, retrata com fidelidade a posição da atividade de construção com toda sua importância no cenário econômico e social. Discorrendo sobre a construção, e focando o contexto dos insumos essenciais na atividade de construir, a água é o elemento número um. Precede a todos os outros, inclusive a tecnologia. Estamos vivenciando a mais grave crise hídrica com registro até aqui. É lugar comum ouvirmos relatos de mananciais que outrora pujantes, hoje estão secos. Pequenos e grandes mananciais: - rios riachos, córregos, lagos, olhos d'água, desapareceram ou diminuíram substancialmente de porte. Todos têm uma referência particular de algum registro que faz parte da nossa vida: passeios em estações hidrotermais, cachoeiras, paisagens bucólicas, e até enormes enchentes. A escassez bateu em nossa “porta”, ou melhor, na nossa rotina de forma definitiva, ou mudamos nosso comportamento individual e coletivo, ou estaremos condenados a privações cada vez maiores. A engenharia tem uma responsabilidade do tamanho do problema, se assim podemos considerá-lo; é a partir de soluções técnicas em equipamentos, em aperfeiçoar processos industriais, aplicação contínua de reusos, e do desenvolvimento de atividades produtivas não agressivas à natureza, que virá a contribuição do meio científico.
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CONSTRUÇÃO em Evidência | nº 02 | 2015
Os conflitos pelo domínio da água são cada vez mais frequentes, incluindo no rol de contendas até povos irmãos, nações inteiras, ameaçando a integridade territorial e também a existência. Então o que fazer? Somos atores modificadores da realidade ou meros espectadores, figurantes apenas? As atitudes de conservação e preservação transcendem aos profissionais, encontrando eco na participação de todo cidadão. Desde as pequenas atitudes até as de grande alcance, a realidade está a exigir a “mudança de hábito”. Não basta atentar apenas para a água, mas a todo elemento entrelaçado na cadeia produtiva industrial ou não. Registrase que entre os dias 10 e 14 de março, no Anhembi – SP. aconteceu o 21º. Salão Internacional da Construção FEICON-BATIMAT. Fazendo um giro pelo que foi visto e exposição pela indústria do segmento, tudo é consoante com o momento: equipamentos economizadores de energia elétrica, com destaque para lâmpadas; - conectores de fios e cabos que evitam fuga de energia; - ferramentas para decapar cabos elétricos, com decapagem na medida adequada, economizando cabos e horahomem - fôrmas industrializadas para peças em concreto, que permitem sucessivos usos; geração de energia solar, painéis fotovoltaicos, para micro usinas residenciais interligados no sistema da concessionária; - estações
compactas de tratamento de esgoto residencial; - estação compacta de tratamento de água potável; - esquadrias de “plástico modificado” a partir da reciclagem de Pet; - painéis de fechamento e telhas térmicas que reduzem: a dependência do ar refrigerado, a repintura de paredes ; - argamassas para colagem de tijolos da alvenaria; - caixas de gordura e passagem com propriedades de estanqueidade total, enfim todos os esforços no sentido de melhorar e otimizar a relação da atividade produtiva geradora de renda e trabalho, com a natureza a preservar.
“A norma NBR 15.575 foi redigida segundo modelos internacionais de normalização de desempenho. Ou seja, para cada necessidade do usuário e condição de exposição, aparece a sequência de Requisitos de Desempenho, Critérios de Desempenho e respectivos Métodos de Avaliação. O conjunto normativo compreende seis partes:
A Engenharia Civil desenvolveu a Sanitária e a seguir a do Meio Ambiente; a Sanitária com implantação de projetos de saneamento: coleta de esgoto e resíduos sólidos, tratamento e reintrodução dos efluentes na natureza. A Engenharia Ambiental atua no estudo dos impactos e propõe medidas compensatórias e/ ou mitigadoras, tornando a intervenção no meio ambiente aceitável, harmonizando a relação de uso com a preservação.
• Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisos;
A Agronomia por sua vez, com técnicas de produção no campo, com alta produtividade e assim favorecendo intervir em menor área sem prejuízo do resultado final; a Química otimizando os tratamentos de efluentes e reuso da água, enfim todos estão engajados.
• Parte 1: Requisitos gerais; • Parte 2: Requisitos para os sistemas estruturais;
• Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas; • Parte 5: Requisitos para os sistemas de coberturas; e • Parte 6: Requisitos para os sistemas hidrossanitários.
As atividades relativas às modificações ambientais impostas pelas construções são tratadas em conjunto multidisciplinares na área do conhecimento. Não é solução única, estanque, mas de várias áreas.
Cada parte da norma foi organizada por elementos da construção, percorrendo uma sequência de exigências relativas à segurança (desempenho mecânico, segurança contra incêndio, segurança no uso e operação), habitabilidade (estanqueidade, desempenho térmico e acústico, desempenho lumínico, saúde, higiene e qualidade do ar, funcionalidade e acessibilidade, conforto tátil) e sustentabilidade (durabilidade, manutenibilidade e adequação ambiental).”
O sistema normativo brasileiro também entra em campo, e com isto voltamos a falar da NBR 15.575 / 2013 – (Edificações Habitacionais – Desempenho), que define o desempenho mínimo exigido de cada sistema construtivo.
Oportunamente, deve-se avançar no entendimento da norma citada, estudando cada requisito, tornando claro sua importância e referência no setor construtivo, e na relação do setor com o usuário e o meio ambiente. ■
TÊNDÊNCIAS
Tendências 2015 por Alessandro Augusto de Freitas Diretor da Construcenter Predileta Ltda.
A
carrara e estatuário fielmente reproduzidos para funcionar até em bancadas ou os veios da madeira, que agora chega desgastada pelo tempo e em tons claros, com inspiração escandinava.
Antigamente, a tecnologia era mais limitada e as superfícies que acompanhavam o desenho natural eram muito artificiais. Hoje, com a máquina digital em HD, existe a possibilidade de reprodução fiel da referência natural.
Os avanços na produção permitiram também formatos diferenciados. As placas estão ainda maiores e mais finas (os modelos atingem 3 m de lado com apenas 6 mm de espessura), e surgem opções com bordas curvas, que criam efeito tridimensional – outra tendência.
s tendências mais fortes vêm demonstradas pelos materiais utilizados na própria arquitetura, como cimentos, pedras e madeiras. E os porcelanatos sempre acompanharam esses temas. Mas o que mudou?
A impressão em alta definição revolucionou o design dos revestimentos – graças a ela, empresas brasileiras e de fora oferecem uma infinidade de estampas. Cada vez mais, a atração do consumidor se dá com base no visual. O trabalho dos designers será imprescindível.
Biancogres
Na última, a maior feira mundial do segmento, realizada em setembro na Itália, as coleções assinadas por artistas plásticos comprovam e escapam do futurismo. Basta ver os mármores
Para paredes e os pisos, os grandes destaques para customização de projeto são os relevos, as cores, o patchwork e os papéis de parede para áreas molhadas e externas. São materiais arrojados, com estamparia lúdica, ou clássica, que permite a personalização por ambientes. Os relevos vieram menores e mais delicados para serem aplicados juntos, formando um grande composée. Já os formatos hexagonais, que viraram hits das últimas feiras, inovaram em estamparia digital.
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CONSTRUÇÃO em Evidência | nº 02 | 2015 Calacata Cremo 82 X 82 cm
Biancogres
Calacata Bianco 53 X 106 cm
Enfim, o mercado está repleto de formas e formatos diferentes, com estampas das mais variadas, desde o contemporâneo ao moderno.
O que não vai faltar, são opções para criarmos um ambiente aconchegante para nossas reformas ou construções. ■
CONSTRUÇÃO CIVIL
Redução no custo da construção por Douglas Santiago Melo
Douglas Santiago
Pode parecer surpresa um título como esse em plena alta da inflação em todo o Brasil. Mas em Valadares, o lançamento, pelo Sinduscon-GV, do CUB (Custo Unitário Básico da Construção Civil) fez reduzir o índice em 16,76% em relação ao CUB da capital mineira
O auditório da Fiemg ficou cheio de arquitetos, engenheiros e representantes de deversos setores da construção civil
R
construtoras, autoridades e entidades de classe. As palestras ficaram por conta dos professores e economistas Daniel Furletti e Iêda Vasconcelos, do Sinduscon-MG. O CUB é hoje o principal indicador do setor de construção, calculado mensalmente pelos Sindicatos da Indústria da Construção Civil de todo o país. A divulgação do Custo cumpre o estabelecido na lei de incorporação de edificações habitacionais em condomínio, assegurando aos compradores em potencial um parâmetro comparativo à realidade dos custos.
$ 962,44. Esse foi o valor básico para se construir o metro quadrado em Governador Valadares. O valor foi divulgado no dia 5 de março, referente ao mês de fevereiro de 2015. Trata-se do Custo Unitário Básico da Construção Civil (CUB), que serve para medir a inflação do setor da construção. O valor é atualizado mensalmente pelo Sindicato da Construção Civil (Sinduscon) em todo o Brasil. A novidade é que a partir do mês de março o Sinduscon-GV também passou a apurar e divulgar o CUB local, que custa 16,76% a menos que o CUB de Belo Horizonte, que era utilizado pelo mercado imobiliário em Valadares. O lançamento do Custo foi motivo de reunião na Fiemg na segunda quinzena de março.
A Lei 4.591, de 16 de dezembro de 1964 (artigo 54), prevê que os Sindicatos da Indústria da Construção Civil ficam obrigados a divulgar mensalmente até o dia 5 de cada mês, os custos unitários de construção a serem adotados nas respectivas regiões jurisdicionais, calculados com base nos diversos projetos-padrão representativos residenciais, comerciais, galpão industrial e residência popular, levando-se em consideração os lotes de insumos (materiais e mão-de-obra), além das despesas administrativas e equipamentos.
Divulgação/Fiemg
O evento contou com a participação de arquitetos, engenheiros, representantes da Receita Federal, cartórios de registro de imóveis,
O presidente do Sinduscon Edmilson Sá fez a abertura do evento
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CONSTRUÇÃO em Evidência | nº 02 | 2015
Embora sirva como base para uma obra, o CUB não representa obrigatoriamente o Custo efetivo dessa obra, conforme explica o presidente do Sinduscon-GV, Edmilson Sá: "o CUB é um custo meramente orientativo para o setor da construção civil, não sendo nunca o custo real da obra, pois este só é obtido através de um orçamento completo com todas as especificações de cada projeto em estudo ou análise. No entanto, atualmente, a variação percentual mensal do CUB tem servido como mecanismo de reajuste de preços em contratos de compra de apartamento em construção e até mesmo como índice setorial." Os salários e preços de materiais e mão-de-obra, despesas administrativas e equipamentos previstos
na NBR-12-721:2006, são obtidos através do levantamento de informações junto a uma amostra de cerca de 40 empresas de construção. Agindo desta maneira, o universo de pesquisa se dá sob a ótica do comprador, eliminando uma série de distorções em relação ao fornecimento de dados. "Como o indicador a ser calculado refere-se a custo e não a preço, é mais correta a pesquisa junto ao comprador, que no caso são as construtoras; e não junto aos distribuidores ou vendedores", explica Edmilson Sá. Os preços que compõem o CUB são divididos para cada especificação, por exemplo: Residencial (pavimentos: 1,4,8 ou 16 e padrões de acabamento: baixo, normal ou alto); Comercial (pavimentos: 8 ou 16 e padrões de acabamento: normal ou alto); Galpão Industrial; e Residência Popular 1 Quarto. O lote básico de cada projeto é composto de 29 insumos (25 para materiais, 2 para mão-de-obra, um para despesa administrativa - engenheiro - e um para equipamentos - betoneira). "O CUB mede a inflação do setor, inclusive, a inflação está em alta. Em Valadares o CUB está em cerca de R$ 962, então para construir 100 metros quadrados gasta-se cerca de R$ 96 mil. Tem que se fazer o orçamento para não parar a construção no meio", explica Edmilson Sá.
Relação de Associados: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9.
Cerâmica Ibituruna Ltda. Guimarães Serviços de Engenharia Ltda Construtora Diretriz Ltda. Construtora Pascoal Ltda Construtora Predileta Ltda. Construtora Rosil Ltda. Construtora Única Ltda. Consval Ltda. Engendrar – Engenharia e Empreendimentos Imobiliários Ltda. 10. Impermax Ltda – ME 11. MGF Premoldados Engenharia Ltda. 12. MJL Engenharia e Construção Ltda. 13. MRT –Engenharia e Construções Ltda. 14. Ralitec Engenharia Ltda - ME 15. Solo Forte Engenharia Ltda 16. Tecplan Projetos e Planejamentos Ltda. 17. TSE -Trena Serviços de Engenharia Ltda - EPP 18. Vetorial Engenharia Ltda. 19. Cerâmica Beija-Flor Ltda 20. Construtora Xpec Ltda. 21. Construtora Feac Ltda 22. Castelo Incorporação e Construção Ltda. 23. Construtora Hercon Ltda. 24. Abreu & Faria Construções Ltda 25. TP Construções e Planejamentos Ltda 26. Máxximo Construtora Ltda 27. Master Construtora Ltda 28. Construtora Coelho e Ferreira Ltda
O delegado da Receita Federal em Valadares, Antônio Carlos Nader esteve presente ao evento de lançamento do CUB. Segundo ele, a Receita vai trabalhar com o novo dado de uma forma bem tranquila. "Agora é só inserir o CUB local no nosso sistema que faz a aferição da mão-de-obra para fins de cobrança da contribuição previdenciária. Não há a menor dificuldade em se fazer isso", explica.
Quando a pessoa é jurídica, segundo o delegado, o normal é que ela lance todos os custos da obra através dos centros de custos específicos da contabilidade. A liberação da certidão negativa é feita com base na contabilidade que a empresa tem, verificando se há alguma inconsistência. Se houver, a Receita adota algum critério, que pode ser até mesmo o de fazer a aferição se o valor recolhido pela construtora foi muito pequeno. "Mas a construtora tem também a opção de requerer que a aferição do custo da mão-de-obra seja feita de forma indireta. Então, utilizamos a aferição através do CUB, com base nesse Custo que o Sinduscon fornece", explica Nader. ■
Divulgação/Fiemg
De acordo com o delegado, a regra é que todo construtor, seja pessoa física ou jurídica, cumpra a obrigação trabalhista e a obrigação tributária. Para isso, é preciso registrar os empregados e, mensalmente, elaborar a folha de pagamento dos mesmos. A contribuição previdenciária é cobrada sobre o total da folha de pagamento, mensalmente. Mas há outra modalidade e aí entra a aplicação do CUB. "Essa é a regra. Quando a construção é de uma pessoa física, a Receita calcula se o valor recolhido foi o suficiente para cobrir o custo daquela obra através de uma sistemática chamada aferição indireta, que é uma modalidade através da qual calcula-se, com base no CUB, o quanto custou uma obra", explica.
A presidente do Sindcont, Simone Claudino, Edmilson Sá (Sinduscon), Rosane Azevedo (Fiemg) e o delegado da Receita Federal em Valadares, Antônio Carlos Nader
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ENTREVISTA
Sonho possível por Douglas Santiago Melo
Embora a economia brasileira viva um momento de apreensão, a Caixa registrou em 2014 um aumento de 11,72% nos negócios fechados durante o Feirão da Casa Própria, no comparativo com 2013. A gerente da empresa pública fala sobre este e outros assuntos
O
Brasil vive um momento de apreensão em sua economia, com a inflação subindo, os juros também e o crédito tende a ficar mais escasso nesta situação. A preocupação de empresas e profissionais ligados à construção civil no País é evidente, por isso a Construção em Evidência foi buscar, junto à Caixa, dados concretos que possam efetivamente sinalizar uma mudança no mercado imobiliário. A boa notícia é que, de acordo com a entidade federal, não houve retração de mercado no que tange ao financiamento de imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida durante o Feirão Caixa da Casa Própria. Quem afirma é Danielly Marques Umbelino, gerente da Plataforma da Construção Civil da Caixa na região Leste de Minas.
e a segunda para imóveis com valores acima desse teto. Segundo a gerente, para estas linhas não houve qualquer alteração nas taxas de juros, mesmo no atual cenário econômico. “Outro fator que consideramos com relação a operações de construção civil nesta Superintendência Regional é a concentração da produção de unidades em determinadas localidades, enquanto há escassez de produção em outras, o que pode levar-se a uma impressão de saturação quando na verdade se trata de distribuição não igualitária da produção", avalia. Danielly afirma ainda que nos 170 municípios de atuação da Caixa na região ainda há muito a desbravar com relação ao mercado imobiliário, na produção de novas unidades habitacionais e na redução do déficit habitacional que ainda existe no País e na região.
"O momento econômico é um fator a ser considerado para qualquer tipo de mercado. Com o mercado imobiliário não seria diferente. Porém há peculiaridades a serem consideradas, pois se trata de um produto não apenas de consumo, mas sim de um sonho de grande parte dos brasileiros". Com essas palavras Danielly Umbelino explica o risco reduzido do financiamento de imóveis residenciais. Segundo a gerente, a Caixa opera com várias linhas de crédito, com origens de recursos diversas. A maioria dos financiamentos habitacionais que são direcionados a pessoas físicas com as mais variadas taxas de rendas, tem origem de recursos no FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e no SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos).
Crise no mercado imobiliário A crise no mercado imobiliário também é um dos pontos abordados na entrevista com a gerente da Caixa. Segundo ela, várias notícias recentes dão conta de uma redução percentual na comercialização de imóveis no País, mas ainda há um déficit habitacional a ser considerado. "A questão sobre a qual temos refletido atualmente é se a redução do déficit habitacional nos últimos anos, somada ao aumento exponencial da produção de imóveis no mesmo período, configura-se em um movimento natural de mercado ocasionado por uma diferença entre oferta e procura em face do cenário próximo anterior, ou em uma crise propriamente dita", avalia.
De acordo com Danielly, há um deslocamento do foco de uma linha de crédito para outra. Exemplo disso são as cartas de crédito FGTS e Pró-Cotista - a primeira para imóveis até R$ 145 mil (no caso de Governador Valadares)
Douglas Santiago
Minha Casa, Minha Vida
Danielly Marques Umbelino, gerente da Plataforma da Construção Civil da Caixa no Leste de Minas
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CONSTRUÇÃO em Evidência | nº 02 | 2015
De acordo com Danielly Umbelino, o Programa Minha Casa, Minha Vida deu poder de compra a quem não conseguia comprar imóvel anteriormente e ainda facilitou para quem já podia comprar, reduzindo as taxas de juros escalonadas de acordo com a renda bruta de cada família, concedendo subsídios (atualmente destinados a famílias com renda familiar bruta de até R$ 3.275,00), simplificando o acesso a compra de imóveis em todo o País. Para a gerente da Caixa, trata-se do maior programa de habitação já desenvolvido no País, sem qualquer outro que sirva como comparativo. "Na proporção do Programa Minha Casa, Minha Vida, com os incentivos e todas as suas características, não houve no País nenhum programa que se igualasse ou se assemelhasse, seja em resultados, seja nos trâmites, seja na representatividade perante a queda no déficit habitacional", afirma. Ainda de acordo com Danielly, o Programa é muito amplo, e vai muito além de ser uma linha de financiamento para comercialização de imóveis urbanos. Dentre os ►
Douglas Santiago
nada a famílias com renda familiar mensal bruta de até R$ 1.600,00) quanto nas demais faixas, (destinadas a famílias com renda familiar mensal bruta de até R$ 3.275,00 - faixa 2 - e de R$ 3.275,00 até R$ 5.000,00 - faixa 3). Nas três faixas de abrangência do Programa, a entidade já propiciou a produção e comercialização de 10.147 imóveis desde o início do Programa, movimentando valores superiores a R$ 800 milhões. Segundo a gerente da Caixa, há um percentual de inadimplência, que faz parte de qualquer operação de crédito ou financiamento, porém nos financiamentos habitacionais, que propiciam a muitos o acesso à moradia - e pela importância do bem adquirido - não se observa uma inadimplência considerada preocupante. Feirão da Casa Própria Grande parte dos imóveis financiados pelo Minha Casa, Minha Vida são adquiridos durante o Feirão da Casa Própria, realizado pela Caixa em parceria com empreendimentos imobiliários. Na região de atuação da Superintendência Regional Leste de Minas, o participante normalmente é escolhido pelas agências, entre as empresas que têm relacionamento com a Caixa, que têm empreendimentos em análise na Regional, ou ainda empresas que tenham representatividade local no comércio e construção de imóveis. "Vale ressaltar que não são apenas construtoras que participam do evento, mas também empresas cuja atividade tenha como objeto a comercialização de imóveis novos e usados", afirma. Segundo Danielly, as empresas (construtoras, imobiliárias, incorporadoras, entre outras) são convidadas e a adesão é livre, ou seja, somente participam as empresas que tiverem interesse.
Em Valadares, no ano de 2014, as contratações junto à Caixa somaram R$231,6 milhões no total de 2.313 unidades vendidas
seus subprogramas, ela destaca o PNHR, para produção de unidades habitacionais na zona rural; o FAR, que produz unidades urbanas com recursos do Fundo de Arrendamento Residencial; o FDS, que tem o envolvimento de entidades representativas de um grupo de beneficiários para a construção de moradias com recursos do Fundo de Desenvolvimento Social, e que também colaboram para redução do déficit habitacional no País e possibilitam o acesso a várias regiões e beneficiários distintos. Alta demanda e inflação
À Caixa compete a organização geral do evento, com a execução da logística e infraestrutura, tais como: a escolha do local, preparação e adequação, disponibilização dos sistemas, divulgação e outras providências dessa natureza. "Contudo, mais do que isso, consideramos de fundamental importância que as empresas possam ter sua marca agregada à nossa, principalmente em se tratando do Feirão da Casa Própria, cuja marca por si só já é bastante valiosa no mercado imobiliário nacional", avalia.
Seria o Minha Casa, Minha Vida um dos responsáveis por inflacionar o mercado imobiliário brasileiro? Segundo Danielly, com o aumento significativo na produção, comercialização e financiamentos de imóveis, fomentaram-se diversas áreas da economia e setores produtivos, o que trouxe vantagens para beneficiários diretos, indiretos, para o mercado imobiliário e para o País como um todo. "Pensamos que mesmo havendo uma valorização imobiliária advinda da intensa comercialização de imóveis fomentada pelo Programa Minha Casa, Minha Vida, tal fenômeno atribui-se ao movimento de mercado em que a relação oferta x demanda influencia no preço de qualquer produto, situação natural em qualquer processo, independente do tipo de produto em comercialização", explica.
Negócios locais Em Governador Valadares, a Caixa opera com o Programa Minha Casa, Minha Vida tanto na faixa I (desti-
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Uma das críticas que o Programa Minha Casa, Minha Vida recebe é com relação ao prazo de pagamento que pode chegar aos 30 anos. A gerente da Caixa explica que são vários os fatores levados em consideração quando da escolha dos prazos dos contratos de financiamento, que variam de 60 a 420 meses, dependendo da linha de crédito escolhida. Para o Programa Minha Casa, Minha Vida faixas 2 e 3, o prazo mínimo seria de 120 meses (10 anos) e máximo de 360 meses (30 anos). "Vale ressaltar que, caso o cliente obtenha capacidade de pagamento para financiar valores cuja renda permita contratar com prazo reduzido, é de sua livre escolha. Além disso, o beneficiário pode amortizar com FGTS a cada dois anos e com recursos próprios a qualquer tempo, o que lhe permite, neste caso, reduzir significativamente o prazo", afirma.
E dá para entender o porquê dessa valorização. Segundo Danielly, a Caixa encerrou a décima edição do Feirão Caixa da Casa Própria em 2014, com um volume de
Durante o Feirão da Casa Própria, os operadores da Caixa ficam à disposição dos visitantes para a consulta de crédito
R$ 15,6 bilhões em negócios. O 10º Feirão recebeu 434.417 mil visitantes nas 13 cidades que realizaram o evento. O resultado supera em 11,72% os negócios fechados em 2013, quando foram contabilizados R$ 14 bilhões. Os feirões foram realizados em São Paulo (SP), Brasília (DF), Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Campinas (SP), Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS) e Uberlândia (MG).
Carta de Crédito SBPE (Valores para Minas Gerais): Operação
Modalidade
SFH IMÓVEL RESIDENCIAL
Aquisição Imóvel novo/ usado Aquisição Terreno e Construção Construção Terreno Próprio
A 10º edição do Feirão Caixa da Casa Própria, realizada em Governador Valadares, atraiu mais de 3,7 mil visitantes e foram negociados mais de R$ 93 milhões, entre contratos assinados e encaminhados, correspondendo a 841contratos.
Aquisição Imóvel novo/ usado Aquisição Terreno e Construção Construção em Terreno Próprio
"Com opções de todos os preços, novos, na planta e lotes urbanizados, os interessados puderam escolher o mais adequado as suas necessidades nos estandes das 12 construtoras, da Associação dos Corretores de Imóveis de Governador Valadares e parceiros institucionais que ocuparam uma área de mil m². Mais de 40 empregados da Caixa trabalharam para atender o público visitante", conta. Quais as taxas praticadas? Os valores dos imóveis financiados pela Caixa dependem de avaliação da entidade, que leva em consideração tanto aspectos objetivos - tais como a obra em si, a medida do imóvel, sua localização, padrão de acabamento - quanto aspectos de mercado, como valores de comercialização de imóveis para aquela cidade ou para determinado bairro ou ainda a região como um todo, dependendo do caso. Nas principais linhas de crédito à pessoa física no segmento habitacional, a Caixa tem os seguintes valores de imóveis e demais parâmetros, conforme abaixo: Carta de Crédito FGTS e Programa Minha Casa Minha Vida (os valores variam por região, os valores abaixo, são referentes a cidades com mais de 250.000 habitantes, ou seja do porte de Governador Valadares):
MODALIDADE
RENDA FAMILIAR BRUTA sem deduções
Valor máximo de venda
PMCMV
CCFGTS
Aquisição Imóvel Novo
465,00 a 5.000,00
465,00 a 5.400,00
145.000
Aquisição Imóvel Usado
Não é o caso
465,00 a 5.400,00
145.000
Construção em Terreno Próprio Aquisição de Terreno e Construção
465,00 a 5.000,00
Conclusão, Ampliação ou Melhoria
Não é o caso
465,00 a 5.400,00
145.000
465,00 a 5.400,00
Prazo de Prazo de Valor amortização amortização máximo de máximo mínimo financiamento 120 120 Até 90% dependendo do sistema de amortização escolhido
90.000
120
60
Até 360 Até 360
Até 360
Até 360
SFI IMÓVEL RESIDENCIAL
Reforma e/ou Ampliação
Aquisição de Lote Urbanizado
Enquadramento
Valor de avaliação até 750.000,00
Valor de avaliação acima de 750.000,00
Qualquer valor
Qualquer valor
Valor de Financiamento Mínimo
Máximo
SAC (Sistema de Amortização Constante) Mínimo: 92 Máximo:420 SFA/TP (Tabela Price) Mínimo:92 Máximo:240
50.000,00
100.000,00
Prazo de Amortização
Máximo de 90% Dependendo do sistema de amortização escolhido
SAC (Sistema de Amortização Constante) Mínimo: 92 Máximo:420 SFA/TP (Tabela Price) Mínimo: 92 Máximo:240
150.000,00
SAC (Sistema de Amortização Constante) Mínimo: 120 Máximo:420 SFA/TP (Tabela Price) Mínimo: 120 Máximo: 240
100.000,00
SAC (Sistema de Amortização Constante) Mínimo: 92 Máximo:216 SFA/TP (Tabela Price) Mínimo: 92 Máximo:144
Até 50% do valor de avaliação limitado a 1.000.000,00
Próximas datas O próximo Feirão da Caixa está programado para todo o Brasil, com o seguinte cronograma: LOCALIDADE
DATA
Goiânia
a definir
Fortaleza
15, 16, 17 de maio
Rio de Janeiro
15, 16, 17 de maio
Curitiba
15, 16, 17 de maio
Campinas
15, 16, 17 de maio
Brasília
22, 23, 24 de maio
Florianópolis
22, 23, 24 de maio
Porto Alegre
22, 23, 24 de maio
Uberlândia
22, 23, 24 de maio
Salvador
12,13 e 14 de junho
Belo Horizonte
12,13 e 14 de junho
Programa Pró-Cotista: Modalidades
Valor de Venda
Aquisição de Imóvel Novo Aquisição de Imóvel Usado Aquisição de Terreno e Construção Construção em Terreno Próprio
Até 750.000,00 considerado o maior valor entre a avaliação efetuada pela CAIXA e a compra e venda
Valor de Financiamento
Prazos Amortização
Máximo
Mínimo 50.000,00
Até 85%, dependendo do sistema de amortização escolhido, exceto para imóvel usado, que o máximo de financiamento é de 80%
Mínimo
Máximo
SAC 60 SFA/TP 60
SAC 360 SFA/TP 240
A Superintendência Regional Leste de Minas, está com previsão de realizar o Feirão na cidade de Ipatinga, abrangendo todo o Vale do Aço, simultaneamente com o evento da capital. Será um evento envolvendo Construtoras, Imobiliárias, Correspondentes Bancários e todas as Agências da Região. Pretendemos realizar grandes negócios, aproximar a comunidade da realização do grande sonho da casa própria, e superar os números dos eventos anteriores. ■ CONSTRUÇÃO em Evidência | nº 02 | 2015
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ENTREVISTA
Engenharia: aspectos legais e éticos por Douglas Santiago Melo
A construção civil sob a perspectiva do Crea em Valadares Coordenador regional fala sobre a atuação da entidade e revela principais dificuldades enfrentadas
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ocê já pensou em construir ou comprar um imóvel? Se sim, provavelmente sabe quais aspectos devem ser levados em consideração antes de adquirir um imóvel; ou se construtor, na hora de planejar uma obra. Segundo o coordenador regional do Crea em Governador Valadares, Evaristo Ferreira de Souza, engenheiro, ambas as opções estão relacionadas à figura do profissional responsável pelo empreendimento. Se por um lado o engenheiro deve levar em consideração a sua capacidade para executar determinada obra (antes de aceitar o serviço); por outro, o consumidor deve procurar, antes de fechar negócio, as referências do profissional ou da construtora responsável pela obra. Evaristo Souza dá uma entrevista à Construção em Evidência sobre esses e outros assuntos.
www.aucon.at
Uma cena muito comum: o cliente está à procura de imóveis e vai visitar uma das opções disponíveis. Lá, ele encontra um acabamento de primeira qualidade, sem defeitos. A beleza pode lhe ofuscar os olhos e por conta disso ele decide fechar negócio sem levar em conta outros elementos importantes. Segundo o coordenador regional do Crea, o acabamento é o último detalhe que deve ser analisado em uma obra. Não que não faça diferença, mas, numa futura intervenção, o acabamento é um dos processos mais baratos, se comparado, por exemplo, com intervenções na parte de segurança. "É preciso observar a origem do imóvel e quem são os profissionais responsáveis pela obra. Às vezes o cliente não pergunta
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CONSTRUÇÃO em Evidência | nº 02 | 2015
nem o nome da construtora. É preciso estudar a trajetória da empresa e pegar uma terceira opinião. A aparência final do imóvel é importante, mas na construção, às vezes, não vale nada. Deve-se olhar em volta também. Em caso de muro de contenção, olhar se é mesmo de arrimo, entre outras coisas. Tem que olhar também a idoneidade do vendedor; se ele presta assistência posterior", afirma. As informações, segundo Souza, devem ser conseguidas no mercado ou mesmo na Internet. Mas não é só o cliente que deve ter cuidados nesse ramo. Segundo o engenheiro, o profissional, ao executar uma obra, precisa saber para o que está sendo contratado e se ele é realmente capaz de prestar o serviço. Nesse caso, o que impera não é o diploma. "Às vezes falta experiência. Eu sou engenheiro civil e tem coisas dentro da profissão que eu não faço. A empresa tem que observar a mesma coisa: se ela tem competência para fazer uma obra, pois é uma grande responsabilidade assumida e um risco enorme", afirma. E competência, segundo Souza, 'corre de boca em boca'. "Os meus clientes sempre me indicaram. Erro pode acontecer, mas você precisa fazer o possível para consertar aquilo que está errado. Chama-se assistência ao cliente", afirma.
PERSPECTIVAS Valadares ainda é um bom mercado para a construção civil, segundo Evaristo Souza. Mas ►
Douglas Santiago
governo em ajustar isso", afirma. De acordo com Souza, a construção civil depende, atualmente, e muito, do programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal; e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que, segundo ele, está parado. "Hoje você não consegue terminar quase nenhuma obra. Houve excesso de gastos".
O coordenador regional do Crea-MG, Evaristo Ferreira de Souza fala sobre as escolas de formação e o mercado de trabalho
para ele, não há previsão de até quando isso vai durar, pois não depende apenas da cidade ou do crescimento local. "Nas duas últimas décadas, o mercado cresceu mais porque a economia do país melhorou muito. Mas, nos últimos anos, tivemos muitas coisas que atrapalharam esse desenvolvimento, por exemplo, uma crise em 2008, que afetou o mundo todo. Mas eu também acredito que a má gestão do país atrapalhou muito, a maneira de lidar até com aquilo que foi bom. Algumas coisas pararam no tempo. Os problemas sociais começaram a aparecer e não foram combatidos, não foram feitos ajustes", afirma. Para o coordenador regional do Crea, a economia do mundo inteiro está começando a se recuperar, mas a economia brasileira está indo em sentido contrário, porque há muitos escândalos na política nacional. "Isso já afetou e vai afetar ainda mais a credibilidade do mercado brasileiro. É inevitável. Vai depender da competência do
Às vezes falta experiência. Eu sou engenheiro civil e tem coisas dentro da profissão que eu não faço. A empresa tem que observar a mesma coisa: se ela tem competência para fazer uma obra, pois é uma grande responsabilidade assumida e um risco enorme
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CONSTRUÇÃO em Evidência | nº 02 | 2015
Para o engenheiro, apesar de Valadares depender das remessas de dólares do exterior, 2015 deve ser um ano difícil. "Quem constrói deve colocar as 'barbas de molho', ou seja, não sair investindo de qualquer maneira achando que este ano vai ser como o ano passado, pois mesmo aqueles que estão num mercado mais tranquilo podem ter surpresas". O coordenador afirma que atualmente é preciso fazer um estudo mais detalhado, pois o país enfrenta uma crise, com a inflação subindo. "Todas as capitais já estão em crise. O cuidado é para não errar no investimento". Na construção civil, de acordo com Souza, há três tipos de empreendimentos: do padrão médio para o alto; do médio para o baixo e as grandes obras. "O pessoal do médio para o baixo, que utiliza muito o Minha Casa, Minha Vida, é o que mais pode sofrer. Já o restante, está acostumado com oscilações. A construção de grandes obras públicas pode ter uma alavancada, caso o governo queira investir em estrutura; caso contrário, se retrair, então teremos problema", avalia.
FORMAÇÃO Na regional em Valadares, segundo dados do Crea, estão cadastrados cerca de 1,8 mil engenheiros. Os arquitetos já não fazem mais parte do Crea, pois fundaram uma associação à parte, o CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo), há cerca de dois anos. A formação de bons profissionais, segundo Evaristo Souza, é um problema atual do ramo. "Infelizmente, a formação de bons profissionais está sendo um grande problema hoje, pois as escolas, com necessidade de ter alunos para se manterem, muitas vezes, criam um curso que seria em nível de pós-graduação. No final, para a própria escola é ruim", afirma. O engenheiro explica que fazer o mesmo curso de manhã ou à noite é diferente, afinal, a carga horária lecionada à noite é menor. "Sabemos também que o aluno trabalha o dia todo, portanto, a que horas ele vai estudar fora da escola? Na minha opinião deveria ser mais extensivo", avalia.
O Crea O Crea em Minas Gerais tem quase 80 anos. Em Valadares, o órgão funciona desde a década
Muitas vezes, as empresas querem participar, mas não sabem como fazer. Claro que alguns se aproveitam disso para levar vantagem, por isso temos que diminuir essa distância", afirma. No caso do colégio das instituições de ensino, os professores são indicados pelas escolas. "Existe uma distância muito grande entre as escolas e o sistema, e isso não pode existir. A escola forma, mas quem diz como fazer é o sistema. A lei que determina", diz.
Na hora que o aluno faz o registro, nós dizemos a ele, dentro da grade curricular, o que é possível fazer na profissão. Cada formação tem uma permissão
Felizmente, segundo Souza, houve poucas penalidades aplicadas na região até agora, a maioria delas relacionadas à falta de um profissional habilitado responsável pela obra. "Quando vamos aplicar penalidade ética é baseada em alguma denúncia", afirma.
de 70. A sua área de abrangência, pela BR-259, vai até Aimorés; pela BR-116, até Mathias Lobato (ao norte), e Engenheiro Caldas (ao sul). Pela 381, a abrangência chega até Periquito. "Temos ainda a Regional que vai até Araçuaí e Almenara. Dentro dessa Regional, temos diversas inspetorias e alguns escritórios que vão se tornar inspetorias, como Nanuque e Aimorés, para descentralizar o atendimento", explica.
O COORDENADOR Evaristo Ferreira de Souza é engenheiro civil formado em 1988 pela instituição que deu origem à UNIVALE. São 15 anos de participação na ASCREA (Associação dos Servidores do Crea -MG), da qual ele é hoje presidente. Inicialmente, o engenheiro ingressou na entidade como tesoureiro sendo eleito posteriormente para o cargo atual, por dois mandatos. Depois de um tempo, Souza se desligou da presidência e se tornou conselheiro do Crea-MG por cinco anos. Nesse tempo, desde que ingressou na entidade, participou de cinco congressos nacionais, dos quais foi eleito delegado. Hoje ele é coordenador regional do Crea-MG. ■
O Crea tem duas funções principais. A primeira é regulamentar a profissão, ou seja, quando o aluno sai da escola, vai à entidade com a grade curricular e com o diploma e faz o registro profissional. A partir daí, ele entra no mercado de trabalho. A segunda função do Crea é fiscalizar o exercício profissional. Por exemplo, em cada obra, existe um profissional capacitado e responsável pela mesma. O Crea fiscaliza se ele existe de fato. "Na hora que o aluno faz o registro, nós dizemos a ele, dentro da grade curricular, o que é possível fazer na profissão. Cada formação tem uma permissão", explica Souza.
Um último colégio que está para ser criado é o colégio de empresas, para empresas da área de engenharia poderem ter representatividade no sistema. A empresa tem que ter um responsável técnico por ela, registrado no sistema. "Como vamos discutir salários, respeito e uma série de fatores importantes de forma isolada?
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Essas são as funções legais do Crea, mas o órgão vai além e mantém alguns colégios especiais, entre eles, um colégio de entidades, que apoia as associações; um colégio de inspetores para ajudar na eleição dos mesmos; um colégio das instituições de ensino, para que as escolas estejam em sintonia com o Crea; e uma câmara de mediação e arbitragem, pois existe muito conflito entre comprador e profissionais. "Quando a empresa faz uma obra diferente do que foi contratada ou há problema na estrutura do imóvel, juntamos os dois lados e tentamos fazer um acordo, mostrando vantagens e desvantagens, para evitar aquele desgaste de ir pra Justiça e ficar anos batalhando", explica Souza. Segundo ele, existem muitos problemas assim.
O Crea-MG em Valadares fica na avenida Jequitinhonha, 220, bairro Ilha dos Araujos CONSTRUÇÃO em Evidência | nº 02 | 2015
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COMEMORAÇÃO
Durante a celebração em Belo Horizonte, o engenheiro civil Jobson Andrade foi empossado para a presidência do Crea-Minas Gestão 2015/2017. Na ocasião, os inspetores e dirigentes das 85 unidades do Conselho no Estado foram empossados, entre eles os representantes da cidade de Governador Valadares
Carlão Estúdio Click
Crea-Minas comemora 80 anos de história
Presidente Jobson Andrade
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om a missão de defender os interesses sociais e humanos, promovendo a valorização profissional, o desenvolvimento sustentável e a excelência do exercício das atividades profissionais, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-Minas) comemora, em 2015, 80 anos de história. A cerimônia solene foi realizada no dia 20 de março, na Serraria Souza Pinto, em Belo Horizonte.
Cada vez mais, o Crea-Minas vem levantando debates sobre assuntos de interesse público para o desenvolvimento econômico sustentável. A criação de bons projetos também faz parte dessa história. Algumas destas ações foram: a realização, entre 2012 e 2013, dos Encontros Regionais - Políticas Públicas e Corresponsabilidade Social, em parceria com a Ouvidoria Geral do Estado de Minas Gerais. Em 2012, o Conselho criou as Câmaras Temáticas, que incluem a de Mobilidade Urbana, Valorização do Estar à frente de uma instituição tão Profissional no Serviço Público e Rodovias Fedeimportante como o Crea nos mostra rais em Minas Gerais. Ouo tamanho da responsabilidade e a tro projeto visionário foi a Câmara de Mediação e confiança que nos foi depositada. Arbitragem (CMA), oriSão 80 anos de história, oito décadas ginada para a resolução de conflitos dentro da de intensa atividade na engenharia engenharia através de almineira. ternativas fora do âmbito judicial.
Na oportunidade, foram empossados para a gestão 2015/2017, o engenheiro civil Jobson Andrade, para a presidência do Crea-Minas, e o engenheiro civil Maurício Fernandes, para a Diretoria-Geral da Mútua-MG, a Caixa de Assistência dos Profissionais dos Creas. Os inspetores e dirigentes das 85 unidades do Conselho no Estado também foram empossados, entre eles os representantes da cidade de Governador Valadares. Os representantes foram eleitos pelos profissionais registrados no Sistema em pleito realizado em novembro de 2014.
“Estar à frente de uma instituição tão importante como o Crea nos mostra o tamanho da responsabilidade e a confiança que nos foi depositada. São 80 anos de história, oito décadas de intensa atividade na engenharia mineira. E assumimos agora mais um mandato para continuar essa trajetória. Minha expectativa é de que após meus seis anos à frente do Crea-Minas, essa instituição tenha contribuído para aproximar o profissional de engenharia, com o seu saber, do Crea e da sociedade, e que esta tenha uma percepção maior da necessidade e da extrema importância do engenheiro em sua vida para qualquer coisa,” afirma o presidente do Crea-Minas, Jobson Andrade.
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Sobre o Crea-Minas O Crea-Minas é uma autarquia federal que regulamenta e fiscaliza o exercício profissional da engenharia, agronomia, geologia, geografia e meteorologia, tanto no nível superior quanto técnico. Sua principal função é defender a sociedade da prática ilegal das atividades fiscalizadas. O órgão possui registrado mais de 160 mil profissionais da área tecnológica atuando em todo o Estado. O Conselho é composto por Regionais, Inspetorias e Escritórios de Representação, que são unidades de atendimentos regionais e têm como objetivo aproximar o Conselho do profissional e da sociedade, tornando mais ágeis os processos e a prestação de serviços. As unidades estão localizadas estrategicamente em 85 cidades de Minas. ■
por Marizete Belo da Silva
Lançamento
Sucesso absoluto
A Revista CONSTRUÇÃO EM EVIDÊNCIA foi convidada para fazer, com exclusividade, a cobertura total, no dia 18 de março, da divulgação oficial do CUB m² - Custo Unitário Básico - do Sinduscon-GV, da sua área de abrangência, na região Leste de Minas Gerais. Na oportunidade, empresários, autoridades e profissionais do setor assistiram à palestra “Aspectos Técnicos e Econômicos do Custo Unitário Básico (CUB/m²), que abordou a forma de cálculo do indicador e a sua aplicabilidade nas rotinas das empresas da construção civil.
Acaba de chegar à nossa região o Terras Alphaville Rio Doce, empreendimento com lotes a partir de 330m² com portaria 24 horas, área comercial e clube recreativo com churrasqueira, quadra poliesportiva, piscinas, academias e muito mais.
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Edmílson Sá, presidente do Sinduscon, e Elzi Morais, diretora-geral da Revista CONSTRUÇÃO EM EVIDÊNCIA
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Atendendo uma região que compreende do vale do Jequitinhonha, Vale do Mucuri até a divisa do Estado do Espírito Santo e outras regiões que somadas são mais de 260 cidades, os atuais proprietários da Santana Ferro e Aço, Mário Costa Júnior e o Sr. Oldair Soares Filho, este ano a Santana Ferro e Aço completa 50 anos no mercado valadarense. Ao longo dessas cinco décadas, a empresa conseguiu manter uma relação de confiança, construída com um trabalho de excelência. Esta proposta de qualidade só foi possível de ser implementada com a valiosa colaboração de seus clientes.
Produtos de limpeza versus meio ambiente Na tentativa de substituir ou minimizar o uso da água na limpeza da casa, os produtos de limpeza são aliados, no entanto, é importante ressaltar que esses itens, de modo geral, têm água em sua composição e empregam água na sua fabricação. Além disso, limpadores multiusos, cloro e outros materiais geram resíduos danosos ao meio ambiente, que podem contaminar o lençol freático e os mananciais. Desta forma, utilize-os sempre com parcimônia e dê preferência aos produtos biodegradáveis. (Dica Uol)
Cozinhas planejadas
Toque especial
Falta de água
Um dos pontos de encontro para colocar em dia aquele bate-papo, além de preparar deliciosas refeições para sua família e seus amigos, sua cozinha merece ser planejada para ser um ambiente agradável, com estilo. Ao planejar sua cozinha opte por móveis que possuem durabilidade. Além dessa vantagem, existe a possibilidade de, num pequeno espaço, você aliar conforto e harmonia. Pense nisso!
Um item que pode fazer a diferença na sua decoração, os tapetes dão vida aos ambientes. Os coloridos vão ter aquele brilho que você tanto deseja. Os claros vão ampliar o seu ambiente enquanto os tons neutros e suaves apenas a base da decoração. Para ampliar sua sala, o tapete deve passar por trás do sofá. Para sofás de tecido estampado, escolha um dos tons e utilize um tapete liso, deixando o ambiente mais harmonioso. Para ter a sensação de relaxamento e liberdade, a escolha certa é pelos mais felpudos e macios. Para os dormitórios é uma dica bem legal. Escolha tapetes com tons mais escuros para a sala de jantar. Eles podem ser lisos com motivos florais ou geométricos.
Tem mulher que adora jogar água em tudo na hora da faxina geral. Mas o momento não é o ideal. Precisando fazer economia, Construção em Evidência buscou algumas dicas legais para você continuar mantendo sua casa limpa e cheirosa, como você gosta, além de fazer economia, tanto no racionamento de água, você vai economizar o bolso do seu marido na conta de água. Com um borrifador, você utiliza pouca água e tira toda aquela sujeira que insiste em não sair. Rodo mágico – Com apenas em uma única passada, ele retém toda sujeira, e pode ser limpo em um balde contendo mistura de água com detergente ou sabão neutro. Pano de microfibra - Consegue reter até oito vezes o seu peso, seja de poeira ou líquido, o que diminui a quantidade de lavagens do acessório. Mas nunca utilize o mesmo pano em diferentes funções.
Dica de economia Assim como as plantas, as cores que escolhemos para pintar nossas casas podem influenciar o nosso humor. Amarelo, vermelho e laranja são cores vibrantes. As tintas mais claras servem para consumirmos menos energia elétrica. Fica a dica!
Mais Dicas Para começar:
Cozinhas e banheiros Espaço na sala de visita A leitora Fabiany Fukino nos enviou um e-mail para ajudá-la a aproveitar um espaço na sua sala de visita que está ocioso. A Revista Construção em Evidência foi atrás de dicas bem legais para auxiliá-la e encontramos um vídeo bem legal do Jornal Hoje, da Rede Globo. Acesse http://globotv.globo.com/ rede-globo/jornal-hoje/v/saibacomo-aproveitar-um-canto-ociosoda-casa/1559803/ e você vai encontrar dicas bem legais não só para sua sala de visita como também para toda sua casa. Mãos à obra.
Solução de água e vinagre branco (250 ml de cada ingrediente) com uma colher de sopa de bicarbonato de sódio para tirar gordura, limo e sujeiras resistentes. Ao ser aplicada, a solução caseira não requer enxague, mas deve ser removida com o auxílio de um pano enxuto, seguido por outro seco. Para limpar o piso da cozinha borrife detergente neutro diluído em água ou um removedor de gordura e, na sequência, passe um pano ou o rodo de microfibra úmido. Se a superfície estiver muito suja, repita a operação. Para finalizar, seque o chão com um pano seco ou o rodinho mágico.
Vai construir ou reformar? Inclua no projeto os conceitos de economia moderna. Ao colocar na ponta do lápis, verá que um pequeno custo hoje vira um grande ganho a amanhã. • Dê lugar ao gramado em vez de cobrir todo o quintal com piso frio. Isso dispensará o uso de água para limpeza e manterá o conforto térmico dos ambientes. • Invista em torneiras de baixo fluxo e com aerador. Já que essa peça dá a impressão de aumentar o jato da água. • Escolha chuveiros de baixo fluxo também, para economizar água e energia. • Coloque descarga de dois fluxo para usar a quantidade de água adequada em cada momento. (Revista Máxima. Abril 2015)
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ARTIGO
ECONOMIA SUSTENTÁVEL por Luiz Carlos Pinheiro Arquiteto - Arquitetura e Projetos Ltda.
A
crise energética é um dos temas mais discutidos neste começo de ano. A escassez de água nas principais bacias hidrográficas do País provocou um baque nos brasileiros, que antes consideravam o Brasil um país de riquezas hídricas inesgotáveis; mostrou que a nossa principal fonte de energia e abastecimento está em regressão e precisamos encontrar alternativas viáveis para driblar esse problema. Fontes de energia alternativas que cabem no bolso do consumidor têm conquistado seu lugar no campo da construção civil. A consciência da necessidade de planejamento é notória nos dias de hoje, notadamente pela procura de arquitetos e profissionais para transformar as edificações em espaços funcionais, em que a ventilação e iluminação sejam de forma natural e possibilitem maior conforto térmico e acústico para o cliente. Quesitos como coleta de água da chuva para reuso, placas de aquecimento solar para água e placas fotovoltaicas que produzem energia elétrica são pontos presentes nas reuniões com clientes, que estão cada vez mais conscientes que esses fatores, se planejados, aliviam o orçamento mensal em tempos de crise, quando as contas de água e luz tiveram um aumento de 66%, segundo o jornal Folha de São Paulo. A proposta então é aplicar todas as formas de economia que se enquadrem na situação do cliente. Em Governador Valadares, onde há baixa taxa de precipitação anual e alta incidência solar em todas as estações, a utilização de placas para aquecimento solar e placas fotovoltaicas são itens que se aplicam perfeitamente a construções residenciais e comerciais. Enquanto as placas de aquecimento solar ajudam a economizar energia gasta nos banhos, as placas fotovoltaicas produzem energia que pode ser abatida na conta de luz. Segundo a Cemig, apesar das placas fotovoltaicas consistirem em um investimento de médio porte, seu retorno em curto prazo é notório, visto que para cada 1 kWh produzido na subestação privada é abatido 1kWh no consumo mensal, ou seja: no caso de uma família de 4 pessoas, consumindo em média 400 kWh mensais, que possua uma subestação produzindo 250 kWh mensais, seu custo será de
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somente 150 kWh a ser pago à Cemig. É notório que para o cliente é uma situação benéfica, pois a subestação continuará produzindo os 250 kWh todos os meses independente se o consumo diminua ou aumente, além do armazenamento como crédito na Cemig; se o cliente consumir abaixo dos 250 kWh produzidos pela sua subestação, o restante de kWh produzido ficará como crédito a ser abatido posteriormente. As alternativas de economia energética estão cada vez mais presentes no mercado, dependendo somente do cliente a procura e o interesse. Em tempos modernos não podemos dizer que faltam informações. ■
Painel-Solar
Placas Fotovoltaicas
Profissionais da área tecnológica de Governador Valadares podem se inscrever em cursos gratuitos Crea-Minas e Ietec firmam parceria para disponibilizar cursos de capacitação na área tecnológica com o objetivo de qualificar e valorizar os profissionais de engenharia de Minas Gerais O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-Minas) e o Instituto de Educação Tecnológica (Ietec) firmaram um convênio com o objetivo de oferecer cursos gratuitos para os profissionais da área tecnológica em Minas Gerais. O intuito é contribuir para a atualização, qualificação e valorização destes profissionais. O convênio disponibiliza cursos que vão contribuir, por meio de informações atualizadas, para o aperfeiçoamento técnico com a intenção de prepará-los para enfrentar os desafios do mercado. Os cursos estão disponíveis para associados às entidades de classe registradas e em dia junto ao CreaMinas. Segundo o coordenador adjunto do Colégio Estadual de Entidades do Crea-Minas, David Thomaz Neto, está será uma oportunidade de atualização única que deve ser aproveitada pelos profissionais da área tecnológica. “Os cursos serão ministrados por uma instituição referência em educação tecnológica e provedora de conhecimento em diversas especialidades, que é o Ietec. O convênio é um sonho realizado para todos nós, pois através dele poderemos ainda unir e fortalecer as entidades de classes com a oferta de cursos de qualidade, valorizando cada vez
mais o profissional”, ressalta Neto. A iniciativa do convênio veio do Colégio Estadual de Entidades do Crea-Minas e do presidente do Conselho, o engenheiro civil Jobson Andrade. As aulas acontecerão no formato EAD - educação a distância, sendo que cada profissional poderá se inscrever, gratuitamente, em dois cursos. As inscrições já estão abertas e poderão ser feitas pelo site www.ietec.com.br. Os interessados podem conferir a relação completa das entidades de classe nesse mesmo endereço eletrônico. Os cursos disponíveis são: Elaboração e Análise de Proposta Técnica Comercial, Gerenciamento de Projetos, Gerenciando Projetos com o MS Project, Gestão da Inovação, Ferramentas e Recursos para a Competitividade, Gestão de Pessoas em Equipes de Projetos, Custos e Orçamentação de Empreendimentos Industriais, Gerenciamento de Projetos Industriais de Construção e Montagem, Liderança e Gestão de Pessoas, Gestão de Pleitos em Projetos, Preparatório para o Exame PMP/PMI®, Planejamento da Engenharia de Empreendimentos Industriais e Administração de Contratos.