Figueira 76online

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JORNAL FIGUEIRA ANO 2 NÚMERO 76 FIM DE SEMANA DE 11 A 13 DE SETEMBRO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

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TEMPO E TEMPERATURA

31o 19o

MÁXIMA

MÍNIMA

Sol com algumas nuvens. Não chove.

PELA DIVERSIDADE

Negros, pobres, religiões afros, gays, lésbicas, travestis, transexuais, mulheres, índios. Falta amor, respeito, cuidado e paz. O ódio nunca é uma boa escolha. Página 6


Plantar florestas para colher água O relatório publicado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) mostra que 129 milhões de hectares de floresta foram desmatados no mundo nos últimos 25 anos. O estudo cobre 234 países e territórios e foi apresentado terça-feira (8) em Durban, na África do Sul. Segundo o documento “Avaliação dos Recursos Florestais Globais”, o Brasil apresenta a segunda maior área verde do mundo, com políticas de preservação ambiental avançadas, porém, em contraste, registra uma perda anual de floresta significativa. A África e a América do Sul foram os continentes com maior perda anual de verde entre 2010 e 2015, com 2,8 e 2 milhões de hectares perdidos, respectivamente. As emissões de gás carbônico vindas das florestas diminuíram mais de 25% entre 2001 e 2015, principalmente pela redução do desmatamento. “A Gestão Florestal tem se desenvolvido ao longo dos últimos 25 anos. Isso inclui planejamento, acesso à informação, legislação e políticas de controle – muitos passos que os países tomaram ou estão tomando”, afirmou o líder da equipe de elaboração do relatório, Kenneth MacDicken. “Notamos uma mudança positiva, mas precisamos fazer mais. Nós não vamos conseguir ter desenvolvimento sustentável e reduzir os impactos das mudanças climáticas se não preservarmos nossas florestas”, advertiu o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva. De acordo com a publicação, a ameaça da perda da biodiversidade refletida na perda da floresta primária persiste. Em nossa região, estudos de órgãos competentes apontam para o que a realidade já nos mostrar há tempos. Muitos fazendeiros da região não respeitam a reserva legal. A Reserva Legal, junto com as Áreas de Preservação Permanente, tem o objetivo de garantir a preservação da biodiversidade local e é um avanço legal na tentativa de conter o desmatamento e a pressão da agropecuária sobre as áreas de florestas e vegetação nativa. Aqui se cuida muito pouco e a situação gerada é de desmatamento quase total, devastação e seca. É muito comum ouvir de fazendeiros locais que suas terras são 100% aproveitáveis, ou seja, 100% de pasto. Grande parte deles hoje sofre com a falta de pasto para os seus animais por causa da falta de chuva e se veem obrigados a vender o seu gado. O estudo da ONU mostra a importância do verde para a economia global e o meio ambiente. O setor florestal injeta 600 bilhões de dólares anualmente para o Produto Interno Bruto (PIB) mundial e oferece empregos para mais de 50 milhões de pessoas. “Florestas desempenham papel fundamental no combate à pobreza, na garantia da alimentação e para a subsistência. Também contribuem para a purificação do ar e água, conservação da biodiversidade e combate às mudanças climáticas”, afirmou Graziano. Como já escrevemos em outro editorial, o reflorestamento pode ser uma saída econômica e sustentável para o futuro da nossa região. Todos nós temos de refletir sobre isso.

Notamos uma mudança positiva, mas precisamos fazer mais. Nós não vamos conseguir ter desenvolvimento sustentável e reduzir os impactos das mudanças climáticas se não preservarmos nossas florestas

EXPEDIENTE Av. Minas Gerais, 700/601 Centro CEP 35010-151 Governador Valadares - MG Telefone (33) 3021-3498 E-mail: redacao.figueira@gmail.com

O Jornal Figueira é uma publicação da MPOL Comunicação e Pesquisa. CNPJ 16.403.641/0001-27. Em parceria de conteúdo com a Fundação Figueira do Rio Doce. São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica.

Diretor e Jornalista Responsável Moisés Oliveira - DRT/MG 11567

Reportagem Gina Pagú - DRT/MG 013672

Colunista e Colaboradores Flávio Froés Ingrid Morhy Jaider Batista José Marcelo Júlio Avelar Marcos Imbrizi

Revisão Fábio Guedes - DRT/MG 08673

Diagramação Stam Comunicação - (33) 3016-7600

Editor Fernando Gentil - DRT/MG 18477

FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 13 de setembro de 2015

PARLATÓRIO

EDITORIAL

POLÍTICA | ECONOMIA 3

OPINIÃO 2

FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 13 de setembro de 2015

Artigos assinados não refletem a opinião do jornal

José Marcelo dos Santos é comentarista de política e economia e apresentador da edição nacional do Jogo do Poder, pela Rede CNT. É professor universitário de Jornalismo, em Brasília.

Você é a favor do imposto sobre grandes fortunas? José Marcelo / De Brasília

SIM

Fale com o José Marcelo: noticiasdopoder@uol.com.br

Para o bem do Brasil, que se regulamente o Imposto Sobre Grandes Fortunas já! Luiz Müller - Comunicólogo

S

ou daqueles que acham que havia mesmo necessidade de ajustar o Seguro-Desemprego, Seguro Defeso do Pescador, Pensão por Morte, por compreender que há sim possibilidade de fraude, muitas vezes incentivadas pelo empresariado inclusive, com o objetivo de reduzir o custo da mão de obra, mantendo baixos os salários da mesma. Mas, o que a Medida Provisória do governo faz é responsabilizar o trabalhador pela fraude. E, logo após estas medidas, a outra, de vetar o reajuste no Imposto de Renda de 6,5%, ou seja, equivalente à inflação do ano. E vem um reajuste da tabela em apenas 4,5%. Com isto, nós trabalhadores, que temos o nosso desconto feito no contracheque, onde não é possível sonegar ou fazer lavagem de dinheiro em paraísos fiscais, é que somos novamente onerados. E os ricaços multimilionários, que são donos de parte dos títulos da nossa dívida pública e que ganham mais dinheiro a cada vez que sobe a taxa SELIC, são totalmente desonerados. Não há uma cobrança de imposto sobre grandes fortunas no Brasil. Na Alemanha, em plena crise econômica em 2009, os próprios ricos alemães pediram para pagar mais impostos. E pagam! Não é muito diferente na França, onde os ricaços do país vão pagar 75% de imposto sobre grandes fortunas por dois anos. Na última semana, em discurso histórico no Congresso Americano, até Obama, chefe da meca do capitalismo, pediu um Imposto Específico para taxar os extremamente ricos. Chega de tributar os de baixo! Que se tributem os de cima da pirâmide. Esta introdução é uma atualização para o artigo abaixo, publicado em 2013, e que explica sucintamente o que é o IGF. IGF – Impostos sobre Grandes Fortunas Foi introduzido no Brasil em 1988 por meio da Constituição Federal. Até hoje não foi regulamentado, motivo pelo qual

ainda não é cobrado. Vários são os motivos pelos quais o IGF não é criado de verdade. Na realidade, este imposto não é criado porque o governo não tem interesse. Dizem que este imposto provocaria uma fuga de investidores, causando uma revoada de capitais. Dizem também que, caso o imposto fosse aprovado, os patrimônios se deslocariam para outras partes do mundo. Mas, esta história da fuga de capitais cai por terra quando se toma como exemplo a França, que foi o país que mais cresceu na Europa. Sua Bolsa de Valores foi a que mais valorizou. No entanto, lá existe um vigoroso imposto sobre fortunas. O argumento de que os patrimônios se deslocariam para outros países é ridículo. É dizer que os patrimônios possuem asas, que esses patrimônios já têm passaporte de saída, prontos para a fuga. É dizer que o patrimônio transferido não seria taxado no país de destino, quando se sabe que na maioria dos países o tributo sobre o patrimônio é bem mais alto que no Brasil. O verdadeiro motivo pelo qual este imposto não é regulamentado é porque ele é direto e intransferível. Este é cobrado diretamente dos ricos, sem possibilidade de ser repassado. É uma ameaça implacável ao patrimônio dos ricos; além disso, submeteria os maiores patrimônios ao controle, visibilidade e transparência. Fica evidente que os argumentos são mentirosos. Isso demonstra que a não instituição do IGF no Brasil se deve ao fato de ele recair integralmente nas costas da elite mais rica da população.

“Obrigações matrimoniais 1”

Parece aqueles casamentos dos anos 1960, quando a lei do divórcio ainda não havia sido aprovada no Brasil. A relação entre a presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer tornou-se um fardo a ser carregado, onde cada um cumpre as tarefas que lhe cabe, sem nenhuma obrigação de afeto. Nem em público, como ainda são alguns casamentos da elite. Se no desfile de 7 de Setembro eles mal se falaram, nos corredores do Palácio, segundo uma assessora, eles mal se olham.

“Obrigações matrimoniais 2”

O racha entre Dilma e Temer ficou ainda mais evidente na terça-feira, quando a presidente participou da reunião da coordenação política do governo e Temer ficou de fora. À noite, o vice-presidente se reuniu com governadores do PMDB e líderes do partido. Em vez de sair com o compromisso firmado de apoio ao governo, saiu com o discurso de que é preciso cortar gastos públicos para moralizar a administração pública e conter a crise. O PMDB quer ficar longe de medidas impopulares, como aumento de impostos.

Pergunta que não quer calar

Um peemedebista crítico do próprio partido, que pediu para ter a identidade preservada em função dos atritos que vem tendo com a legenda, fez uma provocação, em conversa com este jornalista. O parlamentar se perguntou se o partido estaria disposto a abrir mão dos cargos e dos ministérios que tem no governo para contribuir com o ajuste fiscal.

Outras perguntas

Tá certo que Temer, os governadores do PMDB e os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Michel Temer (ambos do PMDB), assumiram o discurso da necessidade de corte de gastos. Mas por que, então, a Câmara gastou mais de R$ 1 milhão em horas extras por sessão extraordinária desde o início do ano? Também foi Cunha quem autorizou que deputados embarquem na classe executiva em voos internacionais. E por que o Senado está trocando toda a frota de carros de luxo, que atendem aos 81 parlamentares, em pleno ano de crise econômica?

Contando votos 1

Bastou o movimento pró-impeachment da presidente Dilma começar a ganhar corpo, depois do pedido do fundador do PT, Hélio Bicudo, para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, dizer que não colocará nada em andamento a toque de caixa. Um representante do Palácio do Planalto disse que o governo está monitorando Cunha e sabe que ele só se posicionou assim porque ainda está contando votos. É que para o processo andar, é preciso o voto de dois terços dos parlamentares. Cunha não quer desperdiçar munição e, por isso, conta cada voto antes de se manifestar.

Contando votos 2

Assim como Cunha, o Palácio do Planalto também está contando votos a favor e contra o impeachment. É que para o processo ser aceito na Câmara, é preciso ter dois terços dos votos dos 513 deputados. Mesmo se perder lá, o governo aposta as fichas no Senado, que votaria o pedido de impeachment, se esta fosse a indicação da Câmara. E no Senado também seriam necessários dois terços dos votos dos 81 senadores. Acontece que, pelo menos por enquanto, o governo tem maioria na casa presidida por Renan Calheiros.

Da Redação

Sacudindo a Figueira

NÃO

A figueira precipita na flor o próprio fruto Rainer Maria Rilke / Elegias de Duino

Imposto sobre Grandes Fortunas prejudica o país mais do que ajuda João Eloi Olenike - Contador, bacharel em direito e colunista do site Impostômetro

A

o longo dos últimos anos, a aplicação do IGF (Imposto sobre Grandes Fortunas) tem sido objeto de diversas propostas em tramitação no Congresso Nacional. Atualmente, a medida é defendida nos seguintes Projetos de Lei Complementar: nº 2/2015, de autoria do deputado Sarney Filho (PV/MA); n° 6/2015, do deputado Hissa Abrahão (PPS/ AM); e nº10/2015, da deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ). Apesar de sua criação estar prevista no artigo 153 da Constituição Federal de 1988, a regulamentação do IGF é completamente desnecessária e até mesmo prejudicial ao país, uma vez que se reverterá, unicamente, em aumento na tributação ao contribuinte, que já é penalizado com um fisco guloso, complexo e escravizante. Nosso sistema tributário já é altamente perverso, alcançando sucessivos recordes de arrecadação sem, contudo, obtermos de nossos governantes o retorno adequado dos valores em serviços públicos de qualidade, como educação, saúde, transporte, segurança, saneamento básico e outros atendimentos essenciais para o desenvolvimento da sociedade. Diante disso, a solução para o atual momento de crise e incertezas vivenciado no país não é a aplicação de um novo tributo voltado aos grandes contribuintes, mas sim um efetivo corte nos gastos públicos que possa devolver esses valores na forma de melhoria na qualidade de vida do brasileiro.

Se não houver uma revisão na forma de aplicação dos valores arrecadados pelo poder público o montante recolhido com esse novo imposto não trará nenhuma vantagem imediata. Sem contar que, ao aplicar uma tributação mais elevada aos contribuintes de maior renda, nos moldes sugeridos nos projetos de lei em tramitação, a medida atingirá uma parcela muito pequena da população brasileira que tem patrimônio acima de R$ 5 milhões. Até mesmo a base de cálculo desses projetos é questionável, uma vez que é possível atualmente que o indivíduo possua um valor de bens acima de R$ 5 milhões sem que ele seja considerado detentor de uma grande fortuna. A aplicação do imposto poderá ainda afastar novos investimentos nacionais e estrangeiros, pois a medida significará o aumento da carga tributária, que em 2014 já representou 35,42% do PIB, um verdadeiro desincentivo às empresas que tenham interesse em aplicar seus recursos em empreendimentos no Brasil. Se o que se pretende com a criação deste imposto é estabelecer uma tributação mais justa ao contribuinte brasileiro, o ideal é levar em consideração a renda efetiva do contribuinte, ou seja, aquilo que ele de fato recebe, bem como utilizar uma tabela do Imposto de Renda mais progressiva, promovendo a adoção de mais faixas de renda com alíquotas maiores. *Texto retirado do site UOL

CARTA DO LEITOR Delírios utópicos de um idoso sonhador O cumprimento da Constituição; Uma aposentadoria justa e decente; Uma polícia educada e educadora, Não torturadora e nem matadora; O fim de todas as guerras; A descoberta da cura do câncer, da dengue, da aids; O fim do voto obrigatório; O sequestro dos bens e cadeia para políticos ladrões e corruptos, Inclusive presidentes (e ex) da República; A igreja católica sem luxo, sem ouro, sem pompa, sem dogmas; A liberação do aborto; A descriminalização de todas as drogas, a exemplo do álcool e do cigarro; No futebol: O Vasco campeão de tudo, O urubu na série ‘D’, O fim do impedimento, a cronometragem dos jogos como no basquete, a substituição ilimitada de jogadores; Um avião lotado de ‘celebridades’ da TV e do futebol viajando para Marte com passagens só de ida, Ou desaparecendo para sempre no Triângulo das Bermudas Igomer Brandi – Inscrito na OAB-MG nº 7.360. Autor do livro “Um dia depois do outro”.

RECORTE DAS REDES

Bom de serviço

A Musa do Sindicato

Esta expressão é como o povo de Belo Horizonte gostava de se referir a Fernando Pimentel, quando prefeito da capital. Mas, hoje, a aplicamos à primeira impressão do trabalho do Comandante Regional de Segurança Pública, Coronel Wesley Barbosa. Além do número de homicídios no primeiro semestre ter despencado em Valadares, comparativamente ao mesmo semestre do ano passado, Wesley carrega agora o mérito de ter trazido de volta o tenente-coronel Wagner Fabiano, ao término do curso mais alto da Academia Militar. Filho do Rio Doce, com retorno muito esperado a Valadares, Wagner chegou discretamente, assumiu posto de organização e planejamento, contribuindo com a sua cidade com a inteligência e a liderança pelas quais se tornou conhecido e querido.

Até dois meses atrás, ela achincalhava o SINSEM em programas altas noites na tevê e no seu Face. Agora, ela, o namorado e o Sindicato tornaram-se parceiros na provocação e chegaram à Avenida em carro de som no Sete de Setembro. Apresentando-se como professora e autoridade em escola de tempo integral, convocava os pais de alunos para irem às escolas descobrirem “riscos para os seus filhos”. Esqueceu-se de contar aos pais que neste ano ela ainda não trabalhou. Nem o namorado. Apesar da desenvoltura na Avenida, Kelen Tatiane Jaques não trabalhou os meses de março nem abril, com atestado médico. A partir daí, abandona diariamente a sua turma em uma escola municipal no bairro Jardim do Trevo, cumprindo apenas metade da carga horária. Isso, quando não falta em dias variados, transtornando o processo de aprendizado de seus alunos.

Casa lotada É estranha a torcida contra o único teatro da cidade: o Atiaia, por razões menores. As mesmas pessoas que calaram-se durante o ano final do governo do ex-prefeito Mourão, em que o teatro ficou fechado e dilapidado, foram as primeiras a contestar afirmação sobre a quantidade de pessoas que afluem a espetáculos e eventos diversos no teatro a cada mês. Para quem acha que Valadares é um deserto de cultura: o espetáculo infantil Frozen em três apresentações juntou 1.150 pessoas, Paulinho Gogó reuniu 1.800 em dois dias em duas apresentações diárias. A Campanha de Popularização mobilizou em 14 dias e 24 espetáculos 6.483 pessoas. Os meses de menor registro no Atiaia são os que apontam pelo menos 9 mil pessoas. Passou da hora de lutarmos por mais teatros e não contra o único.

Onça Gabola Na mesma trilha de celebridade, o namorado, Igor Iglesia Lacerda da Silva, que na Avenida oferecia debochadamente dinheiro às autoridades militares e civis no palanque, também apresenta-se como professor, na mesma escola: não trabalhou parte de março e o abril, parando de novo em julho. No dia a dia, faz a dobradinha com a namorada, saindo mais cedo e faltando dias salteados. E colecionando atestados médicos para “botar pilha na Avenida”. O Sinsem vai selecionando o seu batalhão de frente. Até assustar e afastar quem quer direitos trabalhistas e dignidade profissional.

Devolver dinheiro público com dinheiro público A Justiça autorizou um parente do senador Aécio Neves a quitar uma antiga pendência judicial sem desembolsar um centavo, graças a uma indenização que ele receberá do Estado pela desapropriação do terreno onde o aeroporto da cidade de Cláudio foi construído, quando Aécio era governador. Tio-avô do senador tucano, o fazendeiro Múcio Tolentino, 90, foi condenado em maio deste ano a devolver aos cofres públicos o dinheiro gasto para fazer uma pista de pouso, que existia no local antes da construção do aeródromo do município. A pista antiga, de terra batida, foi construída pela Prefeitura de Cláudio, em 83, quando o próprio Múcio era o prefeito da cidade e com dinheiro do Estado, que era governado por Tancredo Neves, de quem o fazendeiro era cunhado. Como a pista ficava dentro da fazenda de Múcio, o MP entendeu que ele se apropriou de um bem público e entrou com ação civil contra ele. Por causa dessa ação, a área foi bloqueada pela Justiça e Múcio ficou impedido de vendê-la. A Justiça Mineira, como se vê, é uma “instituição de família”. (Nelito Salgado)

Saia justa

Na Câmara já existe um consenso de que a reforma política aprovada no Senado cria uma saia justa para os deputados. É que lá passou a proposta que proíbe que empresas financiem as campanhas de candidatos. A Câmara havia permitido. E quanto mais as investigações das operações Lava-Jato e Zelotes avançam, mais surgem indícios de que parlamentares financiados atuam como uma espécie de despachantes das empresas que bancaram as campanhas. O que tira o brilho da proposta, segundo um deputado petista, é o fato de justamente o PT, arranhado pelo escândalo, defender o fim do financiamento privado.


POLÍTICA | ECONOMIA 4

FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 13 de setembro de 2015

INTERNACIONAL 5

Sul de Minas começa a produzir óleo de abacate

A humanidade não aprendeu a ser humana

Substituto do azeite de oliva será comercializado a partir de 2016

Foto da criança Síria morta no mar turco é prova disso

Gina Pagú

Ó

leo de abacate se torna alternativa ao uso do azeite de oliva. Foi o que pesquisadores do Sul de Minas Gerais descobriram. Com produção em fase de testes e perspectiva de vendas para 2016, o engenheiro agrônomo Adelson Francisco de Oliveira, coordenador dos estudos no Campo Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), em Maria da Fé, diz que o baixo custo é um dos diferenciais do produto. “Ao contrário da produção do azeite, o óleo é mais barato e menos custoso. As máquinas, instalações e mão de obra usadas na extração do azeite de oliva somente são usadas durante três ou quatro meses do ano. A abundância de abacate na região e o baixo valor da fruta durante anos de alta produção viabiliza o uso do excedente na agroindústria.” Esse tipo de óleo já é comercializado na Argentina, Chile e Estados Unidos, o que respalda a produção em Minas Gerais. Além da pouca procura pelo azeite nacional, o óleo vem como opção de compra a custo baixo. O produtor José Carlos Gonçalves, de São Sebastião do Paraíso, planta abacate nas suas quatro fazendas há mais de 30 anos e vende três mil toneladas da fruta em todo o Brasil. No ano passado fez parceria com a Epamig para produzir cem litros de óleo de abacate. Atualmente, apresenta o produto às pessoas que visitam suas propriedades. O produtor já se prepara para começar a comercializar no ano que vem. “Agroindústria para a extração

Foto: Agência Minas

do óleo de abacate com tecnologia totalmente nacional é pioneira no Brasil. Temos parcerias com a Epamig, Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), no Rio Grande do Sul, e com a Universidade de São Paulo (USP), onde ajudo no financiamento das pesquisas sobre a fruta, que é boa para quase tudo”.

FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 13 de setembro de 2015

Produção De acordo com produtores, um hectare de abacate pode produzir 40 toneladas de frutos e rende cerca de seis mil litros de óleo. De cor amarela ou esverdeada, ele pode ser extraído de qualquer variedade se o fruto for colhido no momento certo e processado de maneira adequada. A extração pode ser realizada por prensagem ou centrifugação, o que possibilita um produto de altíssima qualidade, classificado como extravirgem, similar ao azeite, apresentando igual vantagem à saúde humana.

E

Fernando Gentil

Óleo de abacate é alternativa ao azeite de oliva Foto: Arquivo Pessoal

Nutricionista afirma que óleo é tão nutritivo quanto o fruto

Benefícios para a saúde A nutricionista Raquel Damiani explica que o óleo de abacate é tão nutritivo quanto a própria fruta. “O óleo de abacate é rico em ácido oleico, gordura monoinsaturada que previne doenças cardiovasculares, diminuindo o LDL e aumentando o HDL, diminui o índice glicêmico dos alimentos, sendo um aliado na dieta do diabético e para quem quer perder peso. Também melhora a imunidade, fortalecendo o nosso sistema de defesas e previne contra o câncer por ser antioxidante. Pode ser aquecido ou consumido cru, em saladas e na finalização de pratos. Mas eu,

particularmente, indico o consumo frio, sem aquecer. Não existem evidências de que o calor possa destruir alguma propriedade do óleo de abacate, mas frio é melhor.” A nutricionista deixa um alerta sobre o uso de produtos alimentícios lançados no comércio. “Procure sempre um profissional para avaliar esses novos alimentos da moda. Sempre peço aos meus pacientes que me perguntem sobre esses tipos de alimentos caso queiram consumi-los. Na maioria das vezes, surgem no mercado alguns produtos que prometem milagres, mas podem ser nocivos à saúde.”

Café com Leite Marcos Imbrizi / De São Paulo

Rádios comunitárias querem mudanças na legislação e agilidade na liberação de concessões No mês passado a Abraço (Associação Brasileira de Rádios Comunitárias) realizou em Brasília seu oitavo congresso. As dificuldades que essas emissoras enfrentam no dia a dia para fazer uma comunicação alternativa marcaram o encontro, que reuniu representantes de todo o país. O congresso elegeu Valdei Borges, de Goiás, como novo coordenador-executivo da entidade. O ex-coordenador, José Sóter, segue como coordenador da Agência Abraço, que tem como objetivo assessorar e prover conteúdo para as emissoras associadas. José Sóter defendeu a necessidade de se alterar a legislação que regula as emissoras que, por exemplo, as impede de veicular publicidade, somente apoios culturais. Outra dificuldade enfrentada é a criminalização das rádios e a morosidade na tramitação de documentos. Para tanto, a secretária nacional de comunicação da CUT, a Central Única dos Tra-

balhadores, Rosane Bertotti, lembrou que é preciso priorizar as emissoras comunitárias nas políticas públicas de comunicação, eliminando a burocracia e as restrições impostas atualmente. Como resposta à demanda, o Ministério as Comunicações apresentou novas regras, que deverão entrar em funcionamento em breve, a partir do Plano Nacional de Outorgas. Com isso, dá-se início a uma nova relação entre as emissoras e o governo, na qual será exigido um número menor de documentos para a obtenção da outorga. Outro ponto questionado foi a exigência de representatividade para que a autorização seja concedida (a associação tem de apresentar uma lista de assinaturas de apoio à entidade). Sóter explicou que o correto é verificar o quadro de associados da entidade que pede a autorização. “Fica fácil para igrejas, por exemplo, passarem uma lista em seus cultos ou qualquer um ir até um local público e co-

lher assinaturas aleatoriamente”, disse. O controle de rádios comunitárias por políticos e religiosos, que vai contra os princípios básicos da radiodifusão comunitária, também foi lembrado. PARTICIPAÇÃO – O representante da Abraço destacou a importância de as rádios comunitárias assumirem a manutenção da estrutura da entidade para que ela se fortaleça. A Abraço oferece apoio gratuito para que as rádios entrem no ar. Segundo o dirigente, o financiamento é ponto crítico. “Com cinco mil rádios no ar graças à atuação da Abraço, é hora de as emissoras assumirem o protagonismo da entidade. Mas, para isso, a captação de recursos deve avançar, seja por meio do espaço publicitário seja por meio de recursos públicos. Se tem recurso para salvar banco de quebradeira, nós queremos benefícios também”. CONTEÚDO – A produção de conteúdo para as rádios comunitárias foi outro tema

do congresso. Os participantes apoiaram a criação de uma rede a partir da qual o material seria compartilhado pelas emissoras, o que estabeleceria uma linguagem comum às emissoras. Esta seria uma forma de resolver a falta de recursos financeiros, técnicos e de pessoal. A proposta é utilizar material público e de outras entidades como a CUT, TVT, EBC, Ministério da Educação e da Cultura, entre outras fontes. MULHERES – Durante o congresso foi realizado também o 2º Encontro do Coletivo de Mulheres da Abraço. O objetivo era debater e fortalecer a atuação das mulheres na gestão das emissoras. O encontro contou com a presença de Rose Scalabrin, secretária de articulação institucional e ações temáticas da Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República. “A participação das mulheres na política deve começar na própria comunidade”, afirmou. Com informações de http://cut.org.br/.

Marcos Luiz Imbrizi é jornalista e historiador, mestre em Comunicação Social, ativista em favor de rádios livres.

m 1972, uma foto impactou o mundo. Quem não se lembra da imagem da garota vietnamita nua correndo de bombas durante a Guerra Fria? Após o fim do confronto EUA x URSS, outra foto tornou-se emblemática. Em 1994, o sul-africano Kevin Carter mostrou uma criança esperando a morte acompanhada de um abutre. Aquilo significava o descaso do capitalismo com a pobreza na África. Agora, em pleno 2015, uma criança síria é encontrada morta em uma praia na Turquia. Ela fugiu da morte, arriscando a própria vida. A questão é: entra ano, sai ano, mudam governos, economias, sistemas políticos, mas a humanidade não aprende. Depois falam que direitos humanos não são necessários. Está aí uma prova de que são sim – e muito. A Síria vive uma guerra civil desde 2011. Os conflitos só pioraram desde então. São milhões de refugiados e milhares de mortos. Tudo começou com o governo de Bashar al-Assad, no dia 15 de março daquele ano. O estilo ditatorial do governante fez com que a população fizesse um levante contra os mandos e desmandos do presidente. O problema é que a reação do governo não foi das melhores. Com os manifestantes fortemente reprimidos, começou-se uma luta armada no país. Do início do conflito até março de 2014, 140 mil sírios já haviam morrido. Em 2012, a ONU considerou que lá estava ocorrendo uma guerra civil e cobrou a aplicação do Direito Humanitário Internacional no país, mas nada foi feito. Assad usa a fome e a miséria para manter

o comando da população. Quem tem fome não tem força para lutar. Com diversos grupos armados de oposição ao governo sírio, o pior aconteceu. Grupos chamados de “jihadistas” começaram a se fortalecer na região. Agora, o povo sírio morre de dois lados. Tanto do governo quanto dos grupos armados. Entre eles, o mais famoso de todos, o Estado Islâmico. O objetivo dos jihadistas não é salvar o povo sírio da mão de Assad, mas sim tomar o poder dele e se tornarem soberanos. Qualquer situação política que ocorra no país neste momento é ruim para a população. Nesse beco sem saída, os sírios resolveram fugir do país. Não existe outra possibilidade. Cerca de 4,5 milhões foram relocados dentro do próprio país para lugares mais seguros; 2,4 milhões fugiram para países vizinhos; 5,5 milhões de crianças tiveram suas vidas destruídas pela guerra até então; cerca de 1 milhão de pessoas estão sitiadas em lugares onde não se chega nenhum tipo de ajuda humanitária; 1,2 milhão vive em locais para refugiados onde não tem água potável, são insalubre e sem acesso à educação; 9,3 milhões de pessoas vão precisar sair da Síria até o fim do ano. Esses dados são de um relatório feito pela agência Reuters. A comoção que tomou conta do mundo agora em 2015 já havia acontecido em 2013, mas de nada adiantou. Para quem não se recorda, Assad fez um ataque químico em Damasco. Morreram 1.400 pessoas e nada aconteceu com o ditador sírio. Um acordo entre ele e a cúpula internacional fez com que o país não fosse invadido por

tropas internacionais. Assad prometeu destruir suas armas químicas por conta desse acordo, mas, até hoje, somente um terço delas foram destruídas. Vários países interromperam relações com a Síria. O Brasil, por exemplo, retirou sua embaixada de lá em 2013. O problema é que nenhuma medida significante foi tomada ainda para destituir Assad e grupos jihadistas do poder. E pior: os sírios que fogem do país não são recebidos pelos vizinhos europeus. Falta solidariedade, falta humanismo. Quem vai receber o povo sírio? Só este ano, já foram mais de 430 mil pedidos de refúgio em países do bloco europeu. Alemanha e Hungria são os destinos mais procurados. Vários sírios já morreram no caminho da fronteira. Semana passada, a Hungria, por exemplo, proibiu que o trem de Budapeste circulasse, o que fez com que os refugiados fossem andando para a fronteira com a Áustria. A Alemanha havia também garantido que não mudaria sua política com os refugiados. Tudo estava certo, até uma foto fazer o mundo inteiro pressionar a União Europeia. Uma reunião de emergência foi convocada pelo grupo. Eles tinham enviado uma proposta com uma cota para receber refugiados que foi rejeitada por vários países. A Europa viu seu barco afundar quando europeus resolveram pegar seus carros, ir até as fronteiras e dar carona para os sírios até a Ale-

manha e outras nações europeias. Houve quem desse emprego, casa, comida. A reação de parte da população do velho mundo assustou os líderes, que agora pensam em agir com mais compaixão. Foi preciso o mundo inteiro criticar e uma foto de uma criança morta afogada para que a “solidariedade” dos líderes europeus aparecesse. O Brasil, por exemplo, dez mil quilômetros distante da Síria, com um Atlântico inteiro no caminho, recebe mais refugiados que alguns países europeus. São 2.077 pessoas reconhecidas como refugiadas desde 2011 vivendo no país. A Grécia, por exemplo, abriga 1.275 sírios; a Espanha, 2.335; e a Itália, 1.005. Em entrevista concedida à BBC Brasil, o representante da Agência da ONU para Refugiados, Andrés Ramirez, elogiou a atuação brasileira. “O Brasil tem mantido uma

política de portas abertas para os refugiados sírios. O número ainda é baixo, em muito devido à localização geográfica. Mas, sem dúvida, se trata de um exemplo a ser seguido em nível mundial”, disse. O problema da Síria já é a maior crise humanitária do século 21. E ela tem muito a dizer sobre a forma como a sociedade anda vivendo no mundo inteiro. O aumento do ódio, do rancor, a necessidade de poder, a força do capitalismo, o dinheiro, o petróleo, as religiões e suas guerras, o machismo, a homolesbotransfobia. Todo dia é um menino sírio morto pela falta de amor e de solidariedade. Seja na Turquia ou aqui no Brasil. Só para relembrar, apenas no tempo em que escrevi esse texto, sem contar apuração, escolha de fotos, legendas e edição, 18 mulheres foram estupradas no Brasil. Falta amor ao mundo!


FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 13 de setembro de 2015

CAPA 6

CAPA 7

Família, educação e sociedade

VIOLÊNCIA CONTRA AS DIFERENÇAS AINDA PREVALECE Dados da Secretaria de Direitos Humanos apontam que quase 20 pessoas são vítimas de violência homofóbica por dia Gina Pagú

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discussão sobre a aceitação ou não das diversas raças, religiões, sexos, e como as famílias e a sociedade tratam esses temas, perpassam a questão em que esses assuntos se encontram: a violência contra negros, LGBTs e a intolerância religiosa. Dados da Secretaria de Direitos Humanos, no Relatório sobre Violência Homofóbica no Brasil, de 2011, analisa as situações de violência e intolerância. Assim, o governo federal, em iniciativa pioneira na América Latina, lança pela primeira vez dados oficiais sistematizados sobre violência homofóbica no Brasil. Eles se tornaram peças fundamentais no enfrentamento à homofobia e às demais formas de preconceito no país, possibilitando a quantificação e visibilidade da realidade de violações de direitos humanos vivida pela população LGBT. A lei brasileira, por meio da Constituição Federal, prevê que o poder público, nas suas três esferas, tem por obrigação assegurar, prevenir, proteger, reparar e promover políticas públicas que busquem sempre a afirmação dos direitos humanos para toda sociedade, independentemente de raça, sexo, cor, idade, crença religiosa, condição social ou orientação sexual. O resultado do relatório sobre violência choca pelos números e mostra que 18,65 pessoas são vítimas de violência homofóbica por dia. Desses casos, 67,5% são do sexo masculino, 26,4% do sexo feminino e 6,1% não informados; 34% das vítimas afirmam ter identidade de gênero masculina, 34,5% identidade de gênero feminina, 10,6% se identificam como travestis, 1,5% como mulheres, 0,6% como homens trans e 18,6% não informaram. Sobre raça e cor das vítimas, os dados apontam que 51,1% se declaram negros (pretos e pardos) e 44,5% brancos. Assim, confirma-se que a população negra é a maior vítima dos vários tipos de violência no Brasil. Ainda de acordo com o Censo do IBGE de 2010, a população brasileira conta com maioria de negros (pretos e pardos totalizam 50,74%), seguida por brancos (47,73%), amarelos e indígenas (1,09% e 0,42%, respectivamente). Outro dado que também chama a atenção é sobre o local da agressão ou violência: 42% das vítimas disseram que foi em casa; 30,8% na rua; 5,5% em instituições não governamentais; 4,6% no trabalho; e 17,1% não informaram. Com relação aos tipos de violência sofridos, 42,5% declararam violência psicológica; 22,3% discriminação; 15% violência física; 6,8% negligência; outros 13,4% declaram violência sexual, violência institucional e tortura.

Debate Em Governador Valadares, o tema intolerância religiosa, sexual e de raça ganha força e abre a III Semana da Diversidade, organizada pelo Núcleo de Debates sobre Diversidade e Identidades (NUDIS), que acontece dos dias 9 e 15 de setembro, com o tema “Família, Educação e Sociedade”. O evento tenta mostrar um viés de solução para os vários tipos de violência, que também atingem as cidades do interior. Trazer o debate sobre violência, educação e o papel das famílias e da sociedade é o pontapé inicial para abrir possibilidades de conscientização sobre os vários tipos de violência que as envolvem. A coordenadora do Projovem Urbano de Valadares, Fernanda Oliveira, explica que em sua experiência com a juventude, esses jovens não participam ativamente das oportunidades de conhecimento dos temas. “A família, igreja e a escola são os principais meios de participação e onde se relacionam com essas temáticas, e, como sabemos, muitas vezes são espaços de reprodução da violência simbólica e o jovem não se integra a uma abertura positiva para se falar desses assuntos.

Foto: Arquivo Pessoal

Fernanda Oliveira é coordenadora do Projovem Urbano

O racismo, a intolerância e o preconceito não são enfrentados no cotidiano das escolas, pelo contrário, são reproduzidos e, por isso, é muito importante fazer essa discussão para a sociedade e pensar em formas de enfrentar a violência, que apresenta índices altos em nossa cidade.” Fernanda salienta ainda que primeiro é preciso garantir espaços, como a III Semana da Diversidade, para que as minorias façam o debate. É necessário dar voz aos que são vítimas de preconceito e sofrem as violências no dia a dia. “É importante que a sociedade seja provocada e as mudanças acontecem a partir desse movimento. Esse evento chama a sociedade a fazer uma reflexão sobre educação, família e religião, e quer garantir que nesses espaços seja respeitada a diversidade. Também chama o poder público na sua responsabilidade de garantir o direito de todos sem distinção de raça, cor, credo e orientação sexual.”

Educação e família A educação tem o grande poder de abrir horizontes, avaliar pontos de vista e mudar estruturas importantes em uma sociedade, afirma a pedagoga Rosi Santiago. “A diversidade de ideias, religiões, etnias e pensamentos é uma exclusividade humana e que deve ser valorizada. Onde há conhecimento não se propaga o preconceito. A educação pode e deve contribuir para o processo de entendimento, de tolerância e apreciação das diversas formas de viver, pensar e sentir. A escola tem que ser um ambiente onde todos tem seu espaço, sendo respeitados e respeitando os demais. Somente assim ela estará trabalhando a aceitação da diversidade. As famílias devem trabalhar esses temas junto com a escola, apoiando e promovendo discussões.” Fernanda defende ainda que a família é o alicerce para a formação do indivíduo como meio transformador de preconceitos. “Desconstruir os preconceitos e a intolerância passa por uma educação inclusiva, que promova o respeito a todas as religiões, que promova nas escolas o debate racial e também a discussão sobre gênero e diversidade sexual.

É preciso desde a infância ensinar o respeito à diversidade. É papel da família empoderar as crianças para a própria aceitação e para aceitar o outro. Quanto mais as famílias forem tocadas pela necessidade de educar os filhos para conviver com as diferenças, maior a possibilidade de crescerem agregadores e sem preconceitos.” Rosi diz que a educação sobre esses temas sempre começa em casa, seja pelo diálogo aberto seja pela negativa dos pais em falar sobre o assunto. “As crianças vão percebendo como os pais se portam diante da diversidade, do diferente. Se eles aceitam e compreendem, seus filhos saberão conviver bem com os demais e apreciar a individualidade. Serão crianças mais seguras e amáveis. Se os pais apresentam um comportamento de intolerância, os filhos, muito provavelmente, serão também intolerantes. É aquele antigo provérbio vindo à tona: ‘Educação vem berço’ – ou seja, começa em casa.” Afirma ainda que o caminho mais efetivo, definitivamente, para que aconteçam mudanças positivas na sociedade brasileira é a educação. “A escola tem resistido em voltar sua atenção para este assunto. Não quer falar, finge que não vê. Tem acontecido situações pelo Brasil e no mundo em que os alunos estão ensinando à escola como tratar o tema. Um exemplo é o que aconteceu no colégio Dom Pedro II, no Rio de Janeiro. Meninos vestiram saia em apoio a um colega transexual que foi discriminado pela escola.”

Religião Wagner Lúcio de Omulu, babalaxé da Casa de Ossain, da religião africana Omolocô, explica que para seu culto religioso todos são iguais, sem distinção de credo, cor ou sexualidade. “Tratamos a diferença como uma oportunidade de crescimento pessoal, para que pessoa possa crescer como ser humano e evoluir como espírito. O preconceito, muitas vezes, é reflexo de conflitos internos que

trazemos enraizados dentro de nós mesmos. A ignorância quanto ao desconhecido é um forte aliado da intolerância. Hoje, a religião de matriz africana, seja ela o Candomblé, a Umbanda, o Catimbó e o Omolocô, são as que mais acolhem homossexuais, sejam de qualquer classe social, situação financeira, escolaridade etc. Abraçamos a todos que queiram, por meio do aprendizado e conhecimento da ancestralidade e do seu autoconhecimento, contribuir para a construção de um mundo melhor.” O babalaxé afirma que o conceito de família vai além dos padrões estabelecidos pela sociedade e que ainda assim se torna responsável também por vencer os preconceitos. “Para nós não existe acepção de cor, raça, gênero, credo, idade ou orientação sexual. Procuramos fazer com que o espírito encarnado reconheça seus valores, sua identidade e possa através disso crescer e ajudar no crescimento moral, espiritual, familiar, social uns dos outros. O conceito de família se resume ao amor, amor incondicional. Um amor que ampara, guia e protege. Um amor que vai além dos conceitos de homem e mulher.”

Diversidade A pedagoga e ativista do Movimento Negro e da Pastoral Afro-Brasileira, Ana Aparecida de Jesus, diz que o tema diversidade deve ser tratado em todas as suas vertentes. Ela explica a origem da palavra e diz que a família é o alicerce para a sociedade viver e conviver com as diferenças. “A palavra diversidade – do latim ‘diversitas’ – é uma noção que se Foto: Arquivo Pessoal

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construção desta temática nasceu de um desejo coletivo por respeito à diversidade da condição humana. A utopia foi promovida à realidade e, atualmente, a sociedade não pode se furtar ao dever de reconhecer e garantir os Diretos Humanos de LGBTs. Todo indivíduo, LGBT ou não, tem uma família. Independentemente de qual seja sua configuração, se por vínculos afetivos ou consanguíneos, esta é responsável pela construção da personalidade, autoestima, identidade, apreensão de valores e crenças. É na família que se experimentam as primeiras emoções e reforços que, ao longo do tempo e das vivências, colaboram, ou não, para absorção da cultura, das regras do convívio coletivo e a razoável adaptação a uma vida em sociedade. A educação é fundamentalmente um dever da família, cabendo à sociedade o ensino. A junção destes três pilares que nos tornam cidadãos e cidadãs, comprometidos com deveres e direitos, bem como a dignidade e as oportunidades, independentemente de etnia/raça, credo e orientação do desejo sexual – que não se trata de uma escolha, pois não é algo consciente. Trazer tais temas ao debate público nesta terceira edição da Semana da Diversidade é convocar a todos para uma reflexão sobre as responsabilidades que implicam amar ao próximo. Mesmo estando em um Estado laico, em que os direitos devem se sobrepor às crenças, em que fazer e aprovar leis é dever deste Estado, assim como zelar pela segurança, educação, bem-estar e desenvolvimento saudável de seus indivíduos. É possível um LGBT ser saudável em uma sociedade heteronormativa, sexista e homotransfóbica? A quem cabe a responsabilidade sobre as mortes por intolerância sexual, religiosa, política e étnica? A quem é creditada a conta dos suicídios de jovens, dos adoecimentos mentais, da prostituição como única opção de autossustento, da marginalidade e fuga nos vícios por ter sua identidade rejeitada? Defender igualdade de gênero e tratar de Direitos Civis e Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans (transexuais, travestis e transgêneros) não significa necessariamente sair do armário e se assumir um LGBT. Até porque, por essa lógica, poderíamos afirmar que a mulher que defende a não violência contra mulher está passando recibo publicamente que é espancada em casa. No entanto, se for tudo isso, é crime exigir respeito e dignidade? Tatiana Santiago Psicóloga e coordenadora do Núcleo de Debates sobre Diversidade e Identidades (NUDIS)

OPINIÃO

Foto: Arquivo Pessoal

Ana Aparecida de Jesus acredita no poder da diversidade

Wagner Lúcio prega o respeito entre as religiões

refere à diferença, à variedade, à abundância de coisas distintas ou à divergência. Portanto, quando falamos de diversidade de raça – leia-se etnias, falamos de todas, além, é claro, dos muitos tipos de credo e das diferentes formas de viver a sexualidade humana. E a família é o primeiro lugar onde devemos aprender a respeitar as singularidades dos outros, pois nela devemos aprender a nos colocar no lugar do outro e entender esse outro como igual a nós mesmos em direitos e deveres.”

O último Campeonato Eleitoral Brasileiro foi acirrado. O time dos PTralhas sagrou-se campeão, mas alguns torcedores dos Coxinhas ainda questionam o resultado. Há quem diga que a arbitragem tenha beneficiado a equipe alvirrubro. A distribuição da verba de patrocínio e da TV também geram reclamações. Para quem lê o parágrafo acima, despretensiosamente, parece loucura. Mas, na verdade, faz muito sentido. Não há quem questio-

FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 13 de setembro de 2015

MEU PAI ESTÁ AQUI AS CHUVAS sempre foram raras em Governador Valadares. As chuvas fortes, raríssimas. Dias de chuva sempre foram estranhos por aqui. Quando a tempestade chegava, geralmente nos últimos meses do ano, vinha com tudo. Chuva de vento, relâmpagos, trovões rasgando o céu. No início de 1970, eu ficava olhando a tempestade pela fresta das tábuas da nossa velha casa de madeira, lá na Vila Isa. Olhava, desesperado, chorando e dizendo: papai vai morrer, a chuva vai matar o papai. Minha mãe tentava em vão me consolar, dizendo “seu pai é esperto, ele vai se esconder em algum lugar”. Meu choro fazia sentido. Ou não fazia. Papai vinha de bicicleta, do centro da cidade pra Vila Isa. Chuva no caminho, principalmente naquele trecho entre a Itapemirim até na Vila Isa, era sinal de perigo. Não havia como se abrigar. Criança, com 6 ou 7 anos de idade, a chuva fazia eu me desesperar com a possibilidade de perder meu pai. ONTEM, UNS 45 ANOS DEPOIS, o dia era de sol. Um calor daqueles. No meio da tarde minha irmã, Carolina, me liga. Econômica nas palavras ela diz: “papai morreu agora, vem pra cá”. Os minutos que se sucederam foram de sentimentos distintos e estranhos. Nem sei explicar. A chuva me enganou. Eu temia que a chuva e a tempestade levassem meu pai. E ele se foi num dia de sol, numa tarde quente e insossa. FIZ O TRAJETO que ele fazia nos dias de tempestade, do centro para o bairro. De moto, sozinho, com os sentimentos distintos e estranhos a esmagar a garganta. Pensava comigo: uma parte da minha vida se foi. Me lembrei de alguém que não curto: Cristiano Ronaldo, o CR7, o craque do Real Madrid. Quando ele faz gol, aponta para o gramado e diz: eu estou aqui. Lembrei do CR7 porque parte da minha vida pode ter ido, mas “meu pai está aqui”. Onde eu pisar eu posso repetir o gesto do CR7 e dizer: “meu pai está aqui”. QUE TODOS OS MÚSICOS BRASILEIROS SAIBAM E QUE O PÚBLICO DO JAZZ SAIBA: o Valadares Jazz Festival existe porque “meu pai está aqui”. Ele amava música. Não tocava instrumento algum, mas estava sempre com o rádio ligado ouvindo Dóris Monteiro, Miltinho, Altemar Dutra, Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto, Noite Ilustrada, Jamelão, Moreira da Silva, Jorge Veiga... Ouvia também o som das big bands: Glenn Miller, Count Basie... e um trompetista chamado Herb Alpert, que tocava sua música predileta: smoke gets in your eyes. Eu ouvia junto com ele. Mas quando ele saía de perto do rádio, criança curiosa, eu girava o dial, procurando outras rádios, outros sons. E foi numa noite qualquer daqueles anos que eu sintonizei a Rádio MEC e ouvi uma cantora de voz estranha: Billie Holiday. Coisa divina. Ouvi Sarah Vaughan, Ella Fitzgerald... E depois, ouvi músicas estranhas, tocadas por Charlie Parker, Miles Davis, Charles Mingus, John Coltrane. Era a coisa mais maravilhosa que eu já tinha ouvido. Não havia voz. O instrumento falava. E ouvi outras

músicas: João Gilberto cantava “Caminhos Cruzados”, Toquinho e Vinícius, Tom Jobim, a turma da bossanova... PENSO QUE NAQUELES ANOS, quando meu pai saía de perto do rádio, deixando de ouvir os seus sambas e boleros, ele sentenciava para mim: “ouça aí a música que vai fazer parte da sua vida, ouça a música do seu festival”. É por isso que em novembro próximo, quando o primeiro trompete tocar no Tributo a Márcio Montarroyos, eu poderei dizer: “meu pai está aqui”. MEU PAI NUNCA FOI À ESCOLA, mas sabia ler e escrever. E tinha uma letra maravilhosa. Quando eu era criança, ficava dias e dias tentando imitar a letra do papai. O papai nunca foi à escola, mas foi ele quem nos ensinou a ler e a escrever. Mandava a gente (eu e minhas irmãs mais velhas) soletrar as manchetes dos jornais, os subtítulos, as legendas das fotos. QUE TODOS OS MEUS AMIGOS e amigas da comunicação e das artes saibam: a minha profissão nasceu ali, nos anos 1970. Foi soletrando as manchetes que eu observei o desenho das letras, o discurso gráfico da página impressa, a proporção das fotos, as charges e os cartuns. Foi vendo os desenhos de Otelo Caçador, no Globo, que eu aprendi a desenhar. Então, todas as vezes que vocês virem um trabalho meu, uma diagramação feita por mim ou uma charge desenhada por mim, saibam que eu estarei dizendo: “meu pai está aqui”. MEU PAI ERA CHATO E PERFECCIONISTA. Trabalhava como pintor de automóveis. Trabalhou na Cia Agro Pastoril, em Governador Valadares. Depois, no Departamento Estadual de Estrada de Rodagem (DER). O pintor chato era respeitado. A direção do DER/MG mandava carros de Belo Horizonte para o pintor chato de Governador Valadares pintar. O carro voltava pra capital novinho em folha. Por isso sempre me esmero

pra fazer o melhor. Que todos os meus amigos do futebol saibam: a minha paixão pelo futebol foi herdada do meu pai. Flamenguista doente! Lá em casa há várias relíquias do Clube de Regatas do Flamengo. Jornais e revistas antigas, anos de 1960, 1970, 1980. Tudo preservado. PAPAI JOGOU FUTEBOL. Foi ponta-direita do Clube Atlético Pastoril. Jogou contra Nilton Santos, craque do Botafogo e da Seleção Brasileira. Meu pai era homem de pouca conversa, mas me contou uma cena digna de um pastelão. O Pastoril jogava contra o Botafogo. Papai, cujo apelido no futebol era Pipiu, entrou no segundo tempo. Entrou e disse a si mesmo: foi dar o drible da vaca no Nilton Santos e me consagrar. Recebeu a bola na linha lateral. Nilton Santos se posicionou para marcá-lo. O arisco Pipiu jogou a bola de um lado e fez o drible da vaca, a meia-lua. Nilton Santos só esticou a perna, pegou a bola e saiu jogando com elegância. Meu pai ficou no vácuo. Mas, que orgulho de ter jogado contra o grande Nilton Santos! Saibam todos: quando o Flamengo entrar em campo, seja qual dia for, eu estarei dizendo: “meu pai está aqui”. A CHUVA ME ENGANOU. Eu tinha muito medo que a chuva levasse meu pai. Mas o tempo passou e eu aprendi com a música de Tom Jobim, que “a chuva é boa, prazenteira, chuva boa, criadeira”. A chuva molhou minha vida e me deu todos estes frutos: a música, o jazz, o Valadares Jazz Festival, o futebol, o jornal, o rádio, as artes integradas. A chuva não levou meu pai. Nem o sol, nem os dias quentes de Governador Valadares levaram. “Meu pai está aqui”. Que Deus o acolha! PS – Meu pai nasceu em Jequié-BA, em 28/08/1933. Veio para Minas Gerais aos 12 anos de idade. Se casou com minha mãe, Elza, em 1958. Ela cuidou dele até ontem. Os dois tiveram: Abigail, Carolina, Tim, Messias, Roberto, Rita. Netos: Dedé, João Marcos, Gabi, Luciana, Marcos, Odilma e Luiza. Bisneta: Lilian. Há 18 anos, meu pai foi diagnosticado com o Mal de Parkinson, doença degenerativa que vai desligando pouco a pouco os órgãos vitais. É a morte lenta. Morreu dia 08/09/2015. Tim Filho Jornalista e fundador do jornal Figueira

A futebolarização da política ne, nos dias de hoje, que a internet tem mudado os hábitos de consumo da informação política. A facilidade de produzir e compartilhar conteúdos marcam a passagem de uma comunicação de massas para uma comunicação segmentada em nichos. Mais democrática, essa nova estrutura da comunicação tem permitido que pessoas, que antes não se envolviam com a política e, de certa forma, não possuíam nenhum interesse nem muita paciência para a ela, passem

a falar a seu respeito. Na prática, o cidadão (ou eleitor) escolhe um time e vai à luta. Então, ele futeboliza a política e passa a se comportar como um torcedor. O perigo dessa tendência é que assim como acontece no futebol, a torcida é passional, emotiva e, de certa maneira, irracional. Logo, qualquer um que tente argumentar a favor de uma política pública do governo (até mesmo daquelas reconhecidamente benéficas) é PTralha, bandido e corrupto. Já os que

fazem qualquer crítica (até mesmo as construtivas) são coxinhas, golpistas e antidemocráticos. Acabando, dessa maneira, com qualquer possibilidade de diálogo e crescimento mútuo. Nesse cenário, os moderados desaparecem e a polarização de ideias toma conta das redes. Talvez como um reflexo do surgimento de uma nova direita que se choca com uma esquerda que dominou os ambientes da classe média nos últimos 40 anos. Antes, ou o espaço

era ocupado pela direta, durante a ditadura, ou pela esquerda. Agora esses dois polos se colidem. Assim é a democracia. Agora é torcer para que o TSE não vire a CBF.

Manoel Assad Espindola

Jornalista, publicitário, especialista em Gestão de Marketing pela Fundação Dom Cabral, Comunicação Organizacional pela USP e pós graduando em Marketing Político e Opinião Pública pela UFMG.


CIDADES 8

FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 13 de setembro de 2015

CIDADES 9

Júlio Avelar TENHA MAIS AMOR AOS IDOSOS Engraçada, a vida... As pessoas dizem amar a família e esta família se presta a amar o quê? Dias desses falei em nosso programa na TV Rio Doce que nunca devemos levar nossos problemas aos nossos pais já idosos, meio que adoentados, com idades bem superiores às que você às vezes nem quer chegar. Mas, acontece o contrário. Famílias e famílias quando se reúnem diante dos pais, dos avós ou parentes idosos e carentes, brigam, discutem, falam palavrões, ameaçam e cada um se mostra mais superior que o outro. Quando saem, vão embora juntos, mas deixam sequelas de tristeza nos “velhos”, que voltam a ficar sós em suas cadeiras de rodas, em suas camas, com suas bengalas e muletas. Pais e avós, que foram os responsáveis pelas nossas vidas, acabam ficando com aqueles assuntos horríveis que vocês discutiram diante deles e que poderiam ter evitado lavar tanta roupa suja na presença daquelas pessoas que vocês foram simplesmente visitar e saber se estão bem. Como elas poderão estar bem se você, que deveria ter levado boas novas, mesmo que mentirosas, os encheu de tristeza? Sabe quais as reações dessas pessoas idosas quando falamos coisas que elas não queriam ouvir? Tristeza, ficam borocoxôs, tem desarranjos estomacais, ficam presas na cama, na cadeira, mostram desânimo e não falam com ninguém. Evite notícias ruins para seus pais e avós ou qualquer parente idoso ou doente. Se você tem amor ao próximo, mude, dê só noticia boas.

BRAVA GENTE

O moderno David e o jeito Catalunia de ensinar

IMOBILIÁRIA MODERNA: A NOVA PERIM IMÓVEIS

Empresário Fausto Perim Monte Alto é um grande empreendedor, tudo em que coloca as mãos é sucesso. A Perim Imóveis, criada por ele e pela sua mãe Suzana, ganhou projeção nas mãos dele e hoje é uma das maiores do Leste mineiro. Agora, gigantescamente instalada em sede própria na Oswaldo Cruz, 225, superbem equipada, vende, aluga e administra todo tipo de imóveis. O majestoso prédio valorizou a área, dá mais dignidade ao cliente que chega e aos funcionários. Possui amplo espaço para estacionar e uma obra de dar inveja, uma boa inveja. Uma estrutura muito bonita. Além de uma equipe competente, O prédio tem uma belíssima cobertura, sala de repouso, todo o espaço em porcelanato e granitos, blindex e inox de primeira qualidade, elevador e muito mais. Dr. Fausto tem a Dr.ª Mônica Rocha Monte Alto, uma esposa bonita, elegante e advogada de primeira linha nos assuntos imobiliários também. O coquetel de abertura foi terça passante, com presença de familiares, amigos e funcionários e, como o casal gosta, sem muito foguetório. No discurso de inauguração, pediu a DEUS proteção, e a Ele tudo agradeceu, citou como seu primeiro cliente o seu tio Dr. Carlos Nicola Perim e Dr.ª Romilda. Fotos mostram a inauguração da nova Perim Imóveis.

Colunista Júlio Avelar entre a Dra. Mônica Perim Monte Alto e a mãe dela Rosa Rocha na grande noite de terça-feira na Perim Imóveis

Ana Luiza, Dr. Fausto Perim, Dra. Mônica e Ana Carolina. Os anfitriões da Perim Imóveis

Júlio Avelar é jornalista, apresentador na TV Rio Doce e membro da Academia Valadarense de Letras

Quer falar com este colunista? zapzap 33-99899200 ou julioavelargv@gmail.com Avenida Minas Gerais, 700 sala 610 após 14h.

Arquiteta Ana Cristina Cotta, a grande responsável pela obra da nova Perim Imóveis

SÓ DEPUTADO FEDERAL Conversando nesta terça-feira por alguns minutos com Euclides Pettersen, ele deixou bem claro que tem um bom grupo político, mas na verdade não pretende disputar eleições para prefeito nem vice: seu grande sonho é ser deputado federal. Atualmente, Euclides é o primeiro suplente de dois deputados que podem disputar e até ganhar eleições executivas no ano que vem. Se assim acontecer, ele se tornará deputado federal.

PARECE QUE SIM! Sem prestígio junto ao governo do PT, parece que o deputado estadual Bonifácio Mourão andou visitando prefeitos e disse que “não adianta reivindicar nada de nada mesmo aprovado e liberado pelo governo Fernando Pimentel”. Daí, com essa satisfação honesta que ele vem dando aos líderes regionais, fica mais claro que sua intenção de se candidatar a prefeito de Valadares é certa e praticamente é certa também sua eleição se tiver uma boa equipe atuando. Mourão aprendeu a fazer política. Na última eleição, ele andou de casa em casa, carros nas ruas, visitou muita gente e lideranças. Mourão andou tomando bênção com o velho morubixaba Raimundo Albergaria, que foi prefeito de Valadares por cinco vezes.

SEM PRESTÍGIO LÁ O prestigio do deputado Bonifácio Mourão, que teve quase 130 mil votos, é tão pequeno ou quase nada no atual governo do PT, no Estado e no município, que provavelmente, no dia da inauguração do Hospital Regional, vão fazer com ele o que fizeram com Renato Fraga na inauguração da UPA: IGNORÁ-LO e nem convidá-lo. E olha que foi Renato quem cedeu o terreno do Bom Samaritano pra UPA e foi Mourão quem batalhou para conseguir o terreno com os “Diniz” e a construção do hospital no governo do PSDB. E assim caminha a humanidade... Cada um por si e DEUS por todos!

E AS OPÇÕES CRESCEM As ruas Israel Pinheiro e Pedro II ganharam uma esquina com opções deliciosas em se tratando em “espetados”, com variados tipos de salgados, bebidas, grande espaço, mesas com tratamento vip a todos. Não provei nada ainda. Vi o ambiente, ouvi comentários e com certeza a cidade e sua gente merece. Agora, mais do que nunca, valadarense não pode reclamar dos seus bares, botecos, açaís, pizzarias, restaurantes, casas noturnas e lazer. Há muito não tínhamos tantas boas opções.

FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 13 de setembro de 2015

As educadas, elegantes e charmosas recepcionistas da Perim Imóveis

Humberto Araújo, Esdra Duarte, Sandra Perim e o colunista na inauguração da Perim Imóveis

Médicos Davi Dornelas, Rodrigo Bretas e a arquiteta Priscila Barreto na inauguração da nova Perim Imóveis

NÃO MESMO?

CONCORRÊNCIA É BOM

MERECE ATENÇÃO

Nacib Helal nos disse na noite de quarta última que nada o fará disputar as eleições do ano que vem. O jovem empresário, gente do bem, disputou oito eleições e nunca conseguiu se eleger. Perdeu o encanto, mas não perdeu o amor por Valadares.

Boatos dão conta de que, além das obras de ampliação do Pitágoras, o GV Shopping também passará por ampliação para ganhar uma bela loja da C&A, que é uma loja de departamentos de roupas e sapatos masculinos e femininos. Tomara. Assim não fica parecendo uma grande galeria aquilo que chamamos de shopping.

PERIGO SEM FISCALIZAÇÃO

PARA QUANDO? VEJA IN LOCO, ELISA!

Pessoas que usam a praça Getúlio Vargas, no bairro de Lourdes, como ponto de turismo por ter ela carrinhos de pipoca, parque, comes e bebes etc. e tal pedem ao Poder Público Municipal que também libere o uso dos banheiros para os chamados “ambulantes credenciados” e seus fregueses. Atualmente, só usam os que frequentam as quadras esportivas durante o dia. Se quiserem, têm que ir à prefeitura pegar as chaves. Outro descaso naquela praça é que ela só é limpa uma vez por semana, mesmo sendo usada todos os dias. O fedor de urina é insuportável porque, na verdade, ninguém consegue se segurar por muito tempo. Com a palavra, o secretario de cultura de Valadares.

Entram prefeitos, saem prefeitos (e entra prefeita) e nenhum deles conseguiram até hoje com a Secretaria de Planejamento uma fiscalização séria e enérgica quanto às calçadas do Centro de Governador Valadares. Na avenida Minas Gerais, ruas Peçanha, Barão do Rio Branco, Israel Pinheiro e Afonso Pena (do Mercado Municipal até o Colégio Ibituruna, onde se concentra o maior números de pessoas que vêm ao Centro), a coisa é muito mais perigosa do que se imagina. Cada um faz sua calçada ao seu gosto, buracos, elevações com risco de tropeços e que deixam a cidade muita feia.

Prefeita de Valadares Elisa Costa precisa um dia destes ficar de butuca na esquina das ruas Barbara Heliodora com Quintino Bocaiúva para ver como o trânsito ali é perigoso e carece de um semáforo; também de butuca ela precisa ficar no cruzamento da Afonso Pena com Quintino Bocaiúva e, depois, na Quintino com Leonardo Cristino (área do Mercado Municipal). Duvido que ela não se assuste com tamanha violência no trânsito e contra o direito do pedestre. Nenhum motorista para. Dinheiro o departamento tem, pois é a cidade que mais multa em Minas! O pedestre é que tem que se virar. ÊTA, Valadares!

GRANDES CARDIOLOGISTAS E Valadares tem grandes profissionais para cuidar dos problemas cardíacos de quem quer que seja. Aos que conheço, dou louvor: Dr. José Bezerra, Dr. Fernando Cruz, Dr. Sérgio Naves, Dr. Fabiano Pego, Dr. Oswaldo Berno, Dr. Paulo Fontes, Dr. Alexandre Bicalhe, entre outros bons.

Fernando Gentil

O

jovem professor David Catalunia é um ariano de 27 anos. Nascido em Valadares, cursou história na Universidade Federal de Ouro Preto. Não foi uma questão de escolha, mas sim um caminho trilhado pela paixão. “Quando eu era estudante, gostava muito de história, sociologia e geografia. Era apaixonado com a maneira com que o André Marque, Paulo Sérgio, entre outros professores, tornavam o conhecimento algo tão mágico. Descobri um prazer em debates públicos e estudar sobre os temas. Acabei entrando para o curso de história na UFOP e me envolvi com iniciações cientificas, mas tinha um fascínio pela maneira com que as aulas do Sérgio da Matta e Luiz Estevão eram conduzidas. Eles eram diferentes, eram mais que cátedras que ficavam na frente da sala lendo algum resumo ou artigo acadêmico. Conforme me aproximei dos dois, percebi que ambos vivenciaram a experiência de lecionar nos ensinos básico e médio antes de se dedicarem exclusivamente à universidade. No fundo, acredito que não decidi ser professor; me apaixonei por professores e ousei seguir meus ídolos”, conta o historiador. Para quem faz faculdade fora de casa, um conceito se torna uma regra: “Voltar para casa, jamais”. Mas, com David foi diferente. Além de voltar para a cidade onde nasceu, passou a trabalhar nas escolas em que estudou e agora tem sua própria família. “Sou o primeiro filho de uma família extensa e tinha consciência de que a minha vida universitária era mantida com sacrifícios familiares; tive algumas decepções com o mundo acadêmico e também tinha perdido recentemente um amigo em GV. A soma de diversos fatores me trouxe de volta para Valadares no final de 2011”, explica o professor. O docente começou sua carreira há pouco tempo, mas já traz várias experiências positivas sobre a arte de lecionar. “Pedir a um professor de história para realizar sua cronologia de vida é até sacanagem. Mas, de modo sucinto, há dez anos concluí o ensino médio e mesclei um ano e meio entre o trabalho em um escritório de contabilidade e cursinhos preparatórios. Me matriculei na UFOP em 2007, vivenciei algumas experiências de iniciação científica e, em 2011, graduei em história. No primeiro ano enfrentei alguns meses de desemprego, mas tive a oportunidade de concluir o ano em um colégio particular da cidade. Em 2013 e 2014, tive o prazer de viver experiências de entrar novamente nas salas do Colégio Imaculada, mas na condição de professor. Em 2013, também fui agraciado com o título do Galo na Libertadores e com a admissão no SESI-GV, onde leciono até hoje. Ano passado fui incorporado à equipe do Genoma como professor de história e sociologia, tendo o prazer de conviver com alguns dos meus ídolos”, relata David. O jovem professor acredita que o melhor é o que acontece hoje. “Provavelmente, o momento mais marcante de minha carreira seja este. Sinto o amadurecimento profissional chegando pouco a pouco e isso tem me proporcionado excelentes oportunidades profissionais e reconhecimento por parte dos estudantes. Inclusive já ganhei aniversários-surpresa, presentes de ex-alunos, até mesmo minha esposa já foi presenteada pelos alunos, e desejo isso para o resto de minha vida. Tenho uma vida extremamente corrida, dou aula em cinco cidades diferentes em cinco dias da semana, mas esse carinho é muito prazeroso e motivador”, conta Catalunia. David acredita que o professor deve ser interdisciplinar em vários aspectos e que a educação caminha neste sentido. Ensino, pesquisa e extensão são necessários, mas o essencial é a didática. “Durante muito tempo a profissão de professor esteve ligada a uma lógica vocacional, respaldando políti-

cas públicas e ações sociais que colocaram a profissão em péssimas condições. Costumo brincar que atualmente viramos super-heróis, tornamo-nos responsáveis por resolver todos os problemas afetivos, sociais e culturais da sociedade. As coisas não são bem assim. A educação tem um papel social relevante na organização social, mas não pode ser vista como a única capaz de resolver todos os impasses e problemas. O professor, hoje, não ocupa mais o papel de detentor do conhecimento, as informações estão dadas, os smartphones nos ligam ao mundo e ao conhecimento 24 horas por dia. Atualmente o professor precisa descer do tablado e incorporar a realidade do estudante. Mais que ensinar, o professor precisa usar da sua maturidade intelectual para ajudar o estudante a dialogar com o conhecimento cientifico e com a sua realidade”, ratifica o educador. Para isso, David resolveu investir em uma nova forma de ensinar. Com um pensamento moderno e observador das mudanças na intelectualidade, ele e outros amigos professores tiveram uma ideia para melhorar o aprendizado de alunos do ensino médio. “Após a adoção do Enem como o principal meio de ingresso nas universidades federais, a interdisciplinaridade tornou-se um discurso comum e uma necessidade nas instituições de ensino. O que é essa interdisciplinaridade? De modo muito simples, é o diálogo que as diferentes ciências são capazes de realizar, ou seja, o conhecimento deixou de ser entendido como pequenas gavetas na cabeça do aluno e começou a ser visto como uma rede que se interliga, mesmo quando parecem ser distantes. O grande problema é que esse tipo de aula não é simples de ser feita, demanda tempo e dedicação, tornando essa integração de disciplinas pouco conhecida pelas escolas. Essa interação é uma maneira complementar de desenvolver um conhecimento mais crítico e reflexivo no aluno, fundamental para o sucesso no Enem. Os conteúdos interdisciplinares do Tudo Enem atuam no sentido de auxiliar os estudantes a superar a tradicional fragmentação das disciplinas e conteúdo. Com uma abordagem atual, o Tudo Enem trabalha sobre duas frentes: a primeira com a promoção de conteúdo diário na internet, debatendo assuntos do cotidiano e seu possível diálogo com o Enem, além de oferecer quinzenalmente vídeo-aulas interdisciplinares com muito bom humor e contato direto com a cultura pop; e a segunda com a venda e realização de aulões interdisciplinares nas quais aprofundamos os temas debatidos nas vídeo-aulas”, detalha o jovem professor. Sobre a escolha pela história, David se mostra um amante da matéria. “Eu gosto de dizer que a história é linda e encantadora, a história é a ciência que tem como principal objeto de estudo a presença dos homens ao longo do tempo e do espaço. Estudar história é compreender a vida, é entender o papel do homem como protagonista social e detentor da capacidade de transformar a realidade. A história desnuda as verdades absolutas, desnaturaliza as certezas. A história é, sem sombra de dúvidas, o melhor ‘livro de autoajuda’, te inspira e te faz ver a capacidade humana de viver e transformar a sociedade. A história é o maior passaporte do homem para a conquista de sua liberdade”, conta o historiador. Catalunia finaliza com uma homenagem àqueles que o fizeram ser quem ele é hoje. “Seria injusto eu elencar alguém que me inspira; prefiro fazer uma homenagem. Aprendi a amar a profissão de professor, apesar de todas as suas dificuldades, com meus colegas de trabalho, família e amigos. Mas, em 2015, minha maior inspiração se chama saudade, se chama Paulo Sérgio”, conclui o jovem, relembrando o falecimento de um dos professores mais queridos do colégio Genoma.

Foto: Arquivo Pessoal

David no primeiro aulão do Tudo Enem

Empresa de tecnologia doa computadores para escolas municipais

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inovação chega à Valadares. A Endless, famosa startup que desenvolve o ‘computador educativo’, vai doar doze computadores para a cidade. O município vai receber doze Missions, o primeiro computador desenvolvido pela empresa. Com diversos aplicativos para educar, informar e entreter, mesmo sem acesso à internet. Enciclopédias, vídeo-aulas, editor de textos e de planilhas, jogos educativos, dicas de saúde e receitas de culinária são alguns dos softwares presentes na máquina. O computador passa por ajustes de acordo com a cultura do local que ele é instalado. “Ao longo dos últimos três anos, nossa equipe realizou uma profunda pesquisa de campo para entender as reais necessidades dos nossos usuários em diferentes países. Fomos nas casas das pessoas nas áreas rurais, favelas e tribos para entender como a tecnologia pode mudar realmente as suas vidas. E quanto mais tempo interagíamos com elas, mais fomos percebendo o quanto

os sistemas operacionais disponíveis no mercado estão distantes da realidade das pessoas nos países emergentes” , diz Camila Soares, diretora de pesquisa de campo da Endless. O pedido para trazer os computadores para a cidade partiu do empresário Edvaldo Soares. “Quando soube da campanha da Endless, me deu vontade de colaborar com a minha cidade. Tecnologia e informação são ferramentas que todas as crianças privilegiadas têm e, com essa doação queremos, que mais crianças tenham acesso. Quem sabe outros empresários não fazem o mesmo e se dispõem a doar também para que mais escolas sejam equipadas”, conclui o empreendedor. Cerimônia de doação dos computadores Endless para a Prefeitura de Governador Valadares. Local: Cultural Nelson Mandela (Biblioteca Pública Municipal Professor Paulo Zappi, rua Afonso Pena, 3.269, Centro). Data: sexta-feira, 11 de setembro, às 18 h.


CIDADES 10

FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 13 de setembro de 2015

ESPORTES 11

FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 13 de setembro de 2015

Violência contra a mulher em Minas Gerais Negras e pardas somam 60% das vítimas de agressões físicas e domésticas Gina Pagú

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governo de Minas Gerais divulgou no mês de agosto uma pesquisa com informações sobre a violência de gênero no Estado. O Diagnóstico de Violência Doméstica e Familiar nas Regiões Integradas de Segurança Pública de Minas Gerais é produzido pelo Centro Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS), vinculado à Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS) e gerido pelas Polícia Civil (PCMG), a Polícia Militar (PMMG) e o Corpo de Bombeiros Militar (CBMMG). O estudo abrangeu registros de janeiro de 2013 a junho de 2015, usando a base de dados para pesquisa do Registro de Eventos de Defesa Social (REDS). As mulheres negras ou pardas somam 60% das vítimas; brancas, são 33%; e 7% se classificaram como albina, amarela ou sem definição. Os agressores são em sua maioria os ex-cônjuges, representado 40%; ex-companheiros somam 30%; filhos, enteados, irmãos, pais ou responsáveis somam 30% – o que indica proximidade afetiva com as vítimas. A violência atinge principalmente mulheres na faixa etária de 25 a 34 anos (30%) e de 35 a 44 anos (23%). Vítimas de 18 a 24 anos são 20% do total. Sobre a escolaridade das vítimas, a maior incidência ocorre com mulheres que têm ensino fundamental incompleto (23%), as que são apenas alfabetizadas (21%), as com ensino fundamental completo (9%) e as com ensino médio incompleto (9%).

Razões Vânia Sampaio, psicóloga e especialista em saúde mental e intervenção psicossocial faz uma análise sobre a prevalência da violência contra mulheres negras ou pardas. Ela explica que o preconceito, o racismo e o machismo são construções históricas da cultura brasileira e que essas são algumas das razões para as conclusões da pesquisa. “Dentro deste histórico, a construção dos direitos da mulher trouxe consigo conceitos que precisaram ser desconstruídos, como o racismo, o machismo que permanece, posturas arcaicas da sociedade que mesmo diante de tanto empoderamento feminino se regem como forças contrárias e trazem divisão. Então, me pergunto: Os dados sobre a violência contra a mulher são assustadores e a indignação é frustrante pela inconstância no entendimento – o que de fato paralisa estas mulheres?” Segundo a psicóloga, o Brasil, mesmo com algumas evoluções, ainda permite boicotes à figura feminina, reforçando a ideia de inferioridade por meio de atitudes tais como: diferenças gritantes salarias entre homens e mulheres, julgamentos em função da vestimenta ou mesmo do modo como a mulher se comporta, e a cor da sua pele, tornam-se uma influência negativa que provoca julgamentos e aversões. “Diante desta trajetória, percebe-se a angústia de uma mulher carente de parceria, humanidade, legitimidade e reconhecimento do

Foto: Jr. Neves

seu papel – fator este que possibilita uma fragilidade emocional. Daí se visualiza o lado humano de um ser que renasce todos os dias à custa da afetividade interrompida, cuja razão da ação de ser forte, lutar, modificar, foi devida à necessidade pela sobrevivência.”

Medo Muitas não reagem por medo ou demoram muito tempo para denunciar os agressores. O que é justificável, segundo Vânia, pela uma incapacidade feminina que a história construiu e valida todos os dias com as discriminações, o racismo, o machismo secular, a divisão injusta e a falta de amor próprio. “A falta

de reação está muitas vezes ligada ao histórico familiar dessas mulheres e/ou à construção emocional do casal, onde a manipulação afetiva é a arma mais forte do parceiro, que através da autoestima baixa de uma mulher em sofrimento, fragilizada e das necessidade dos filhos, constrói a certeza que comportamentos violentos são normais para uma vida de tanto sofrimento e derrotas. Mas, uma vez reconstruída, essa mesma mulher rompe barreiras que nenhuma violência é capaz de imunizar o amor que antecede toda história ou afetividade fragmentada.”

Minas Gerais Em números absolutos, a Re-

gião Integrada de Segurança Pública 1 (Risp1), formada exclusivamente pelo município de Belo Horizonte, lidera a violência doméstica e familiar contra a mulher em Minas Gerais. A capital respondeu por 13% dos registros em 2013, 12% em 2014 e novamente 12% no primeiro semestre de 2015. A Risp2, sediada em Contagem, apresentou uma queda na participação, de 10% dos registros em 2013 para 9% em 2014 e 8% no primeiro semestre de 2015. Já a Risp4, cujo núcleo é Juiz de Fora, manteve a representatividade de 9% nos três períodos. A Risp12, com sede em Ipatinga, teve aumento na participação sobre o total de registros no Estado:

6% em 2013, 7% em 2014 e aproximadamente 8% no primeiro semestre de 2015. Quando é observada a proporcionalidade em relação à população, a ordem das Risps por incidência de violência doméstica e familiar contra a mulher se altera consideravelmente. No primeiro semestre de 2015, por exemplo, as maiores taxas por cem mil habitantes foram registradas nas Risps sediadas em Uberaba (397,02), Patos de Minas (370,97), Vespasiano (341,52), Curvelo (336,54) e Governador Valadares (334,1). A taxa da Risp1 (BH) foi de 291,61, da Risp2 (Contagem), de 258,86, da Risp4 (Juiz de Fora), de 332,47, e da Risp12 (Ipatinga), de 270,59.

Esportistas fazem expedição no Rio Doce

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ara os fãs de canoagem, Valadares vai sediar um encontro com amantes do esporte. Uma expedição em prol da preservação do rio. Os canoístas vão sair da cidade e parar em Baguari. Quem quiser participar, o evento ocorre no dia 13 deste mês, às 7 horas da manhã. A saída é na avenida Rio Doce, 2813, próximo ao colégio Lourdinas. Além disso, vem aí a segunda etapa da Copa Valadarense de Canoagem. Ela ocorre no dia 04 de outubro, às 08 horas da manhã. A saída também é no local próximo ao colégio Lourdinas.

Ingressos para as Paraolimpíadas já estão disponíveis O Brasil é uma potência no esporte paraolímpico. Isso ficou visível no ParaPanAmericano deste ano. O país ficou em primeiro lugar no quadro de medalhas. Desbancou potências esportivas como Estados Unidos, Cuba e Canadá. Nada melhor do que ir assistir aos jogos desses atletas para poder agradecê-los pelo belo papel que vêm fazendo no esporte paraolímpico. O objetivo dos atletas é chegar entre os cinco primeiros no quadro de medalhas das Paraolimpíadas. Para isso, receberam um novo centro de treinamento em São Paulo. Assim, vão poder aprimorar a técnica e regular a tensão pré-jogos. O local abriga quinze modalidades para treinamento e supervisão. Atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, esgrima em cadeira de rodas, futebol de 5, futebol de 7, goalball, halterofilismo, judô, natação, rúgbi em cadeira de rodas, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, triatlo e voleibol sentado. A expectativa é de que mais de três milhões de espectadores participem dos jogos paraolímpicos. O valor dos ingressos varia de dez até R$ 1.200. De acordo com o comitê organizador, nesta fase espera-se vender 1 milhão de ingressos. Quem quiser ir assistir aos jogos paraolímpicos basta acessar o site do comitê organizador e garantir o seu ingresso: www.rio2016.com/ingressos. As entradas estão disponíveis para venda até o dia 30 deste mês.

FERRAMENTAS JARDINAGEM RAÇÃO SEMENTES

Rua José Luís Nogueira, 443 Centro - GV Fone: (33) 3021-3002


CULTURA 12

FIGUEIRA - Fim de semana de 11 a 13 de setembro de 2015

Projeto leva cultura indígena para escolas Duas instituições já receberam o Somos Todos Borun Gina Pagú

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elas mãos e ensinamentos da professora, jornalista e índia Krenak, Shirley Krenak, que leciona história na Escola Estadual Carlos Luz, veio a iniciativa de ensinar um pouco mais sobre a cultura dos índios Krenak aos estudantes de Governador Valadares. “Eu já trabalho a história dos povo indígena há muito tempo. Mas, em 2014, surgiu o projeto Somos Todos Borun (Somos Todos Krenak). Durante as aulas de história percebi que os alunos precisavam saber um pouco mais sobre quem eram os Krenak e as outras denominações indígenas de Minas Gerais.” A professora explica que o projeto tem a proposta de abordar a questão educacional voltada para a cultura indígena do povo Krenak em escolas não indígenas. “Essa é uma pesquisa inovadora de métodos de aprendizagem, de forma a discutir com alunos do 6º ao 9º anos a questão da igualdade na diferença, do individualismo e a falta de troca. Também nos referimos à forma de educar das famílias indígenas, do reconhecimento da cultura dos índios, de como tratamos o meio ambiente, os anciões, e também valores como o respeito e a tolerância.”

Foto: Arquivo Pessoal

Ererré A partir do projeto principal – Somos Todos Borun – surgiu uma ramificação, o projeto Ererré – que significa “maravilhoso, bonito, belo”. Assim, a professora levou até o Colégio Imaculada Conceição um pouco mais dos índios Krenak. “Por convite da Ivy Denadai, professora de história dessa escola, pude levar um pouco da nossa cultura aos alunos do Imaculada. Assim surgiu o Ererré, que Professora ensina cultura indígena para estudantes nos trouxe uma experiência muito positiva. Os alunos, quando viam o Somos Todos Borun a todas as escomeu rosto pintado, já começavam a reagir. las de Minas. Ela também foi convidada Pela curiosidade, começavam a interagir para divulgar esse trabalho na Europa. e perguntar, e, então, o trabalho cultural “A intenção é que o projeto Somos Todos começa a surtir efeito. Logo sentimos a re- Borum possa ter mais filhos e já começaciprocidade e a transformação das reações mos com trabalho no Imaculada. Se oudiante dos aprendizado sobre cultura in- tra escola se interessar pelo trabalho, vão dígena. É maravilhoso chegar até a essas surgir os galhos e mais palavras na língua krenak se tornarão conhecidas, assim crianças de uma maneira tão sincera.” Shirley aguarda a aprovação da Se- como a importância de preservarmos as cretaria Estadual de Educação para levar nossas raízes.”

Agenda 10 Ingrid Morhy

Para dúvidas, críticas e sugestões, vamos interagir nas redes facebook.com/ingridmorhy twitter.com/ingridmorhy ingridmorhy (33) 9155-5511 ingridmorhy@gmail.com

Sexta (11/9) – Quer curtir a sexta-feira mais louco que o Bin Laden? Venha para a Monalisa Jump Bar! Sexta (11/9) – Duas atrações no Oficina´s Pub: Lorena Werneck, mandando Natiruts, Cazuza, O Rappa, Cássia Eller etc., e GAG trio, mandando: Foo Figthers, Red Hot, Pearl Jan, JMayer etc. Sexta (11/9) – Tributo ao John Mayer no

Soul Rock Pub, no Aldeia Mix.

Sexta (11/09) - Banda Conexão Cristo,

no Teatro Atiaia, às 20h, abertura com Marina Pires

Sábado (12/9) – Monalisa Country Fest,

CINEMA Férias Frustradas – Rusty Griswold (Ed Helms) trabalha como piloto de avião na EconoAir, uma companhia de baixo custo. Ele é casado com Debbie (Christina Applegate) e tem dois filhos, James (Skyler Gisondo) e Kevin (Steele Stebbins), que vivem brigando. Disposto a se divertir com a família, Rusty decide seguir os passos de seu pai (Chevy Chase) e comandar uma ida ao parque de diversões Wally World, localizado a dias de viagem. Rusty logo aluga um carro albanês, sem imaginar que a viagem em família será bem mais complicada do que imaginava.

SOCIAL

com Antônio Carlos e Renato, na Monalisa.

Sábado (12/9) – Tem Roots Rap Reggae no Oficina´s Pub, com banda Dr. Indica e participação especial de LMesq da Matilha.

Sábado (12/9) – Uma noite muito

especial com Marcelinho Tiradentes, a partir das 23h, no Soul Rock Pub.

Sábado (12/9) – Valadares agora é

Pop! Pop Pub, com DJ Pablo Henrique e DJ Layne (Ipatinga), show com Brenda Lee e DJ Júlio Oliveira (residente).

Ainda no Jantar Italiano, Claudinha Starling e Larissa Damasceno

Parabéns, Duda Assunção! Muitos anos de vida!

Domingo (13/9) – Vamos colorir o

Horto! 1º Festival da Diversidade, das 15 às 21h, no Horto Municipal (bairro Santa Terezinha). Palco Principal: Dani Moreno e Bel Vilela, Conexão Cristo, Érika Santos, Lorena Werneck, Macaco Véi, DJ Caio, Ingrid Morhy, Júlio + shows de drags.

Roberto Nalon, Maurício Serpa, Leandro, Júlio Avelar, Marcela e Fábio Ribeiro, curtindo o Jantar Italiano do ZVS na Waldinnely

BANDA MACACO VÉI PARTICIPA DO PRÊMIO MÚSICA DAS MINAS GERAIS A banda Macaco Véi participa, pelo segundo ano consecutivo, do Prêmio da Música das Minas Gerais. A segunda etapa acontece neste sábado (12) em Montes Claros. A banda vai competir com a música autoral “Soul Macaco”. A primeira etapa aconteceu em Diamantina, no dia 22 de agosto. A final está prevista para acontecer em Sete Lagoas, no dia 24 de outubro.Aproveitando o embalo do festival, no domingo (13), a banda vai gravar o clipe da música “Soul Macaco” durante sua apresentação no Horto Municipal (bairro Santa Terezinha), às 17h. O show faz parte da programação III Semana da Diversidade Cultural de Governador Valadares, promovida pelo Nudis (Núcleo de Debate sobre Diversidade e Identidades). A banda Macaco Véi, criada em 2012, é composta por João Paulo Moraes (vocal e guitarra), Airam Coelho (bateria e voz), Diego Boehler Torres (percussão e voz), Luiz Claudio Alcântara (saxofone) e Samuel Campos (baixo). Os músicos estão terminando de gravar o seu primeiro CD autoral ‘Selva de Pedra’ e já têm um público sólido em Governador Valadares e região.


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