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JORNAL FIGUEIRA ANO 2 NÚMERO 81 FIM DE SEMANA DE 16 A 18 DE OUTUBRO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

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O uso de tração animal prejudica a saúde dos cavalos que vivem na área urbana da cidade. Além do calor insuportável, eles têm que conviver com pouca comida e maus cuidados. Os animais também se perdem pela cidade e destroem parte de áreas cuidadas e preservadas. Página 6


POLÍTICA | ECONOMIA 3

OPINIÃO 2

FIGUEIRA - Fim de semana de 16 a 18 de outubro de 2015

PARLATÓRIO

EDITORIAL

Um dia após o outro Outubro de 2015: o mês em que a Presidenta da República, contra quem não há qualquer denúncia de corrupção em sua carreira política, luta contra um processo para derrubá-la. Quem é a pessoa mais poderosa para decidir este processo? O presidente da Câmara, denunciado pela Procuradoria-Geral da República, pela Operação Lava Jato e pelo Ministério Público da Suíça por crimes gravíssimos de corrupção. Dono de cinco contas criminosas no exterior, com mais de R$ 23 milhões ilegais em nome da mulher e de outros parentes. O maior interessado neste processo é o senador Aécio Neves, candidato derrotado nas últimas eleições. Aécio está vendo desmoronar o projeto Fora Dilma, ao qual dedicou o seu mandato nos últimos nove meses. E ainda convive com o desgaste de uma aliança, agora tão incômoda quanto inócua, com o polêmico e suspeito Eduardo Cunha. Manchete na Folha de S. Paulo, o presidente da Câmara argumenta aos parlamentares de oposição: “Se eu derrubo Dilma agora, no dia seguinte, vocês é que vão me derrubar “. Dono desse bom-caratismo, Cunha agora baixa a sua crina e tenta se manter no cargo. Enquanto isso, aguardamos ansiosamente o momento em que nossos congressistas começarão a trabalhar de fato. Para o governo é tempo de realinhar, reagrupar e superar. Isso não quer dizer colocar panos quentes nem se esconder dos eventuais erros cometidos nesta gestão ou na anterior. O fato é que depois de meses a fio enfrentando o desgaste de uma tentativa de impeachment, Dilma reage. A virada do governo no Congresso agora é só uma questão de tempo: o terreno para a rearticulação da base aliada não poderia ser mais fértil, após STF e Unasul refrearem os ímpetos oposicionistas no Legislativo. Afinal, uma coisa é se opor a uma presidente que pode cair no mês seguinte, outra muito diferente é desafiar quem tem mais de três anos de poder pela frente. O golpe do STF no impeachment significou nova grande derrota não só para Aécio, mas para todos aqueles que engrossaram esse coro. As coisas aos poucos vão se realinhando e uma breve melhora econômica poderá significar uma avaliação mais positiva da opinião pública nos próximos meses. O Brasil precisa sair dessa agenda de golpe e entrar num novo momento de ação e governabilidade. Os brasileiros precisam bater suas panelas para isso.

RECORTE DAS REDES

SIM

José Marcelo / De Brasília

Luiz Flávio Gomes – Jurista e professor. Fundador da Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto Avante Brasil

S

eis delatores (até aqui) estão revelando que o presidente da Câmara dos Deputados, na verdade, não é o “mocinho” que aparenta, e sim um grande Al Capone (lavagem de dinheiro, corrupção passiva, crime organizado etc.). Em apenas uma das “negociatas” ele teria recebido cinco milhões de dólares de propina (que teriam sido pagos pela Samsung e Mitsui). Agora o Ministério Público da Suíça (que o investigou desde abril/15) mandou todas as provas colhidas para o Ministério Público brasileiro. Em março/15, Eduardo Cunha, na CPI da Petrobras, afirmou que não tinha conta fora do Brasil. Mentiu. Essa falta de decoro tem que lhe custar, no mínimo, o mandato de presidente da Câmara. Sua tropa, até aqui conivente com suas extravagâncias e vulgaridades, se não cassar seu cargo diretivo (ou mesmo seu mandato) vai para o Otary Club. Juridicamente falando, os próximos passos (dentro do Estado de Direito) que podem levar Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para o presídio da Papuda são os seguintes: 1. É preciso que o STF receba a denúncia já oferecida (assim como as que serão oferecidas) contra ele (há indícios mais do que suficientes para isso). Esse ato é do Plenário (não só da 2ª Turma, por onde tramita o caso Petrobras), por se tratar do presidente da Câmara dos Deputados. 2. Nossa tese (de Márlon Reis e minha) é no sentido de que o recebimento da denúncia contra qualquer um dos ocupantes de cargos na linha sucessória da Presidência da República (vice-presidente e presidentes da Câmara, do Senado e do STF) gera automaticamente o seu afastamento do cargo diretivo (tal como se dá no afastamento do Presidente da República, nos termos do art. 86, § 1º, da CF). Se esse afastamento não for automático, cabe impô-lo por força do art. 319, VI, do CPP (porque o réu está usando a estrutura da Câmara para fazer sua defesa, já teria ameaçado testemunhas, há indícios de destruição de provas etc.). 3. Outra hipótese possível, para além da sua cassação imperiosa por falta de decoro, é sua renúncia ao cargo de presidente da Câmara (tal como fizera Severino Cavalcanti, por exemplo). Aliás, logo que for mostrado um extrato bancário das suas contas na Suíça, torna-se insustentável

sua permanência nesse cargo diretivo. Sob pena de subir nosso grau de “investimento”, ou melhor, nosso grau de “mafiocracia”. Nenhum poder pode ser chefiado por quem tem conta bancária de propinas na Suíça. Até a desfaçatez tem limite. Ninguém pode ficar impune quando se enrola em sua própria esperteza (Josias Souza). 4. Em nenhum país do mundo com cultura menos corrupta que a do Brasil (os dez mais bem colocados no ranking da Transparência Internacional, por exemplo) a presidência de um poder seria ocupada por alguém acusado (com provas exuberantes) de ter recebido cinco milhões de dólares de propina. A cultura desses países (do império da lei e da certeza do castigo) é totalmente distinta da permissividade que vigora nas mafiocracias (cleptocracia com envolvimento de grandes corporações econômicas e financeiras). 5. A prisão de Eduardo Cunha (se todas as acusações ficarem provadas) só pode ocorrer depois de condenação criminal com trânsito em julgado. Não cabe prisão preventiva contra deputados e senadores, desde a expedição do diploma respectivo (CF, art. 53, § 2º). Eles só podem ser presos em flagrante, em crime inafiançável. Fora do flagrante, nenhuma outra prisão cautelar (antes da sentença final) cabe contra deputado ou senador (trata-se de um privilégio que jamais deveria existir, salvo quando em jogo está a independência parlamentar). 6. Ninguém pode ser condenado criminalmente sem provas válidas. As provas são produzidas dentro do devido processo legal. As delações premiadas, isoladamente, não podem ser utilizadas para condenar quem quer seja. As delações são válidas somente quando comprovadas em juízo. No caso de Eduardo Cunha, as provas estão aparecendo diariamente. Com base nessas provas, sua condenação será inevitável. 7. Depois da condenação penal definitiva cabe à Câmara decidir sobre a perda do mandato parlamentar (CF, art. 55, § 2º). Caberia ao STF rever esse ponto para dar eficácia imediata para sua sentença condenatória assim como para a perda do cargo (decretada por força do art. 92 do CP). 8. Na condenação de Eduardo Cunha (se tudo ficar provado) caberá ao STF definir o tempo de duração da pena de prisão assim como o

regime cabível (fechado, semiaberto ou aberto). Pena acima de quatro anos, no mínimo, é o regime semiaberto. Pena superior a oito anos, o regime é obrigatoriamente o fechado. Pela quantidade de crimes imputados a Eduardo Cunha e pelo volume de dinheiro que foi surrupiado do povo brasileiro, é muito grande a chance de acontecer o regime fechado (terá que ir para um presídio como a Papuda, por exemplo). 9. Logo após o trânsito em julgado a Corte Suprema emite a carta de guia e o condenado começa a cumprir sua pena em estabelecimento penal compatível com o regime fixado na sentença (reitere-se, muito provavelmente, o fechado). Esse decrépito e maligno estilo de fazer política (por meio da fraude, do financiamento mafioso de campanha, dos privilégios indecorosos, dos salários e vantagens estapafúrdios etc.) tem que ser banido do nosso horizonte. A mudança cultural necessária passa pelo sentimento de vergonha (veja Kwame Anthony Appiah). Isso precisa ser recuperado. O ato de corrupção precisa gerar vergonha (no eleito, nos seus familiares, assim como nos eleitores coniventes com ela). Foi a vergonha que acabou com a tradição milenar de amarrar os pés das chinesas, com o duelo etc. A vergonha promove mudanças culturais. Eduardo Cunha, com suas espalhafatosas “pautas-bombas”, manipulou como ninguém as emoções das massas jogando inescrupulosamente para elas. Faltou na sua estratégia, no entanto, reler Nietzsche, que nos adverte que o que mais gera prazer na população (certamente depois dos orgasmos) é a condenação e prisão de um criminoso, sobretudo quando poderoso. A vingança é festa (Nietzsche). Na performance de “mocinho” ele promoveu imenso entretenimento ao povo; mas nada supera o escalofriante frisson gerado pela condenação criminal de um poderoso que, eleito como bode expiatório, traz um imenso alívio para as almas dos pecadores espectadores. O cadeião, para muitos devassos do dinheiro público, é o preço que os larápios pagam pelos seus prazeres. Mas isso (que é necessário) é puro espetáculo. Faz parte do carnaval. O Brasil, no entanto, para ter um futuro civilizado, precisa de algo que represente muito mais que um carnaval. Mudança de cultura, que passa pelo restabelecimento da vergonha. *Texto retirado do portal JusBrasil

Reinaldo Del Dotore – Graduado em odontologia e direito. Servidor público na área da saúde

E

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O Jornal Figueira é uma publicação da MPOL Comunicação e Pesquisa. CNPJ 16.403.641/0001-27. Em parceria de conteúdo com a Fundação Figueira do Rio Doce. São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica.

Reportagem Gina Pagú - DRT/MG 013672

Colunista e Colaboradores Flávio Froés Ingrid Morhy Jaider Batista José Marcelo Júlio Avelar Marcos Imbrizi

Revisão Fábio Guedes - DRT/MG 08673

Diagramação Stam Comunicação - (33) 3016-7600

Editor Fernando Gentil - DRT/MG 18477

Artigos assinados não refletem a opinião do jornal

Fale com o José Marcelo: noticiasdopoder@uol.com.br

Próximos passos para a prisão de Eduardo Cunha

Eduardo Cunha é inocente

EXPEDIENTE

José Marcelo dos Santos é comentarista de política e economia e apresentador da edição nacional do Jogo do Poder, pela Rede CNT. É professor universitário de Jornalismo, em Brasília.

Você é a favor da cassação/renúncia de Eduardo Cunha?

NÃO

Diretor e Jornalista Responsável Moisés Oliveira - DRT/MG 11567

FIGUEIRA - Fim de semana de 16 a 18 de outubro de 2015

duardo Cunha representa, em minha opinião, o que pode haver de pior no Poder Legislativo brasileiro. Defensor de teses retrógradas, operador de interesses de grupos ultraconservadores que desejam que o Brasil seja eternizado como país secundário e subserviente para que possam continuar a enriquecer à custa de milhões de cidadãos. Fanático religioso que patrocinou, nas dependências da Câmara dos Deputados, um descabido culto, verdadeira ofensa ao Estado laico constitucional e a todos os brasileiros que professam religião diferente da dele e também a agnósticos e ateus. Um déspota desequilibrado que envergonha o Brasil diante da maioria dos países do mundo. Fosse apenas mais um deputado, já seria uma presença lamentável na Câmara, mas, presidente que é daquela Casa Legislativa, demonstra que o processo político brasileiro produz teratologias mastodônticas. Será certamente relegado aos rodapés dos livros de história como uma virulenta chaga que infectou nosso parlamento. Dito isto, pergunto: Eduardo Cunha é culpado do crime de corrupção pelo qual foi denunciado ontem pela Procuradoria-Geral da República ao STF? Não. Explico. Uma típica ação penal pública tem, grosso modo, as seguintes fases (e a explicação a seguir é realmente bastante resumida): 1. Inquérito. É a investigação pela autoridade policial num crime de competência da Justiça estadual (ex.: crime de roubo); essa autoridade é o delegado de polícia, ao passo que em crimes como o que Cunha teria cometido, a competência é da Polícia Federal. 2. Denúncia. O Ministério Público, uma vez convencido, em função do relatório do inquérito e de eventuais diligências adicionais que tenha determinado, quanto à materialidade e à autoria do crime, oferece denúncia ao juiz competente para o julgamento da ação. (Esta é a fase em que se encontra a ação penal relativa ao suposto crime cometido por Eduardo Cunha.) 3. Julgamento em primeira instância.

Num crime “comum”, de competência da Justiça estadual, o juiz natural é um juiz de vara criminal (em comarcas em que não há especialização de varas, a competência é do juiz “BomBril” da comarca). Em caso de crime federal, a única diferença é que as varas competentes são as criminais federais. No caso de Eduardo Cunha, não há esta fase em função de detalhes que explicarei adiante. 4. Julgamento em segunda instância. O réu, uma vez condenado (ou não) na primeira instância, pode ser julgado (e geralmente é) em segundo grau de jurisdição. Nos crimes comuns, essa instância é o Tribunal de Justiça da respectiva unidade da Federação. Para crimes federais, a competência recai sobre os Tribunais Regionais Federais daquele Estado. Mais uma vez, a ação contra Eduardo Cunha não transitará por essa instância. 5. Julgamento por cortes superiores. Sob determinadas condições, se atendidos alguns parâmetros, crimes já julgados nas duas instâncias inferiores podem ser apreciados por cortes superiores, especialmente (mas não apenas) o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF). Caso o réu seja condenado em segunda instância (ou em cortes superiores, nos casos em que esse terceiro grau de jurisdição seja admissível) e decorridos prazos legais após os quais não caiba mais qualquer recurso, pode-se considerar que ele é tecnicamente culpado, tendo havido o “trânsito em julgado” da ação penal, ainda que eventualmente já tenha começado a cumprir pena (que será sempre pena antecipada se iniciada antes desse “trânsito”). Antes disso, nunca! Há quem defenda que o réu possa ser considerado culpado após a condenação em primeira instância (a meu ver, uma temeridade, um risco jurídico e institucional gravíssimo) ou em segunda instância (uma tese interessante, digna de ser discutida). O ordenamento jurídico brasileiro, porém, determina, reitero, que o réu só deixará de ser “inocente” após o trânsito em julgado na

mais alta instância admissível para o caso. Eduardo Cunha, em função do cargo que ocupa – deputado federal –, tem como juízo competente original o próprio STF. Ele não pode ser julgado em primeira e segunda instâncias, como os cidadãos comuns, e o STF é, na verdade, primeira e única instância à qual está sujeito. A ação que aponta como suposto autor do crime de corrupção o deputado Eduardo Cunha nem sequer foi objeto de análise e deliberação pelo ministro relator. Há várias fases a serem transpostas até que, eventualmente, chegue-se ao trânsito em julgado de uma eventual condenação criminal de Cunha. Assim, reafirmo: nesta fase, Eduardo Cunha não é culpado de crime algum. Tecnicamente, ele é inocente. A presunção da inocência penal é um dos maiores avanços jurídicos já alcançados pela civilização, e o Brasil, corretamente, prestigia em sua própria Constituição essa garantia. Eu, diversas vezes, me insurgi contra a “condenação”, por parte da opinião pública, muito antes do trânsito em julgado de ações penais (e frequentemente antes mesmo da própria existência da ação) de políticos ou de personalidades outras (especialmente jornalistas) com cujas teses e ideias eu concordo. Por uma questão de coerência devo rechaçar igualmente a hipótese de haver condenação “informal” a alguém que, ainda que represente política e ideologicamente tudo o que eu repudio, encontre-se nas mesmas condições. Que fique bem claro: não se trata, este artigo, de defender politicamente Eduardo Cunha – e as palavras iniciais deste texto são bem claras quanto a isto. Não se trata também da minha opinião quanto ao suposto crime cometido por Cunha, pois, a meu ver, ele é mesmo um corrupto. Não é nada disso. O que afirmo é que o ordenamento jurídico brasileiro deve ser respeitado para todos e não apenas para aqueles com quem simpatizamos ou concordamos. Minha opinião, neste caso, não passa disso mesmo: opinião. A opinião pública idem. *Texto retirado do site Brasil247

Pegou mal

Repercutiu muito mal dentro do PSDB o conselho dado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Suspeito de manter contas na Suíça para guardar dinheiro supostamente desviado da Petrobrás, Cunha foi aconselhado por Aécio a abrir mão do cargo de presidente da Câmara para preservar o mandato. O tucanato entendeu que, ao agir assim, o senador mineiro deixou escapar que não está muito preocupado com tudo o que envolve a Lava Jato, que apenas aos opositores devem ser aplicados os rigores da lei, enquanto aos amigos devem ser concedidos os benefícios das brechas da legislação. A turma que defende o nome de Geraldo Alckmin para disputar a Presidência pelo PSDB em 2018 riu de orelha a orelha.

Enfraquece discurso

Na avaliação do grupo mais moderado da oposição, principalmente os tucanos, a declaração do senador Aécio Neves em apoio ao deputado Eduardo Cunha prejudica, e muito, o discurso de quem quer assumir ou reassumir o comando do país. Tanto o PSDB quanto o principal aliado, o Democratas, Aécio prejudicou o discurso da ética porque deixou claro que não é tão contra assim à prática de contas no exterior com dinheiro de origem duvidosa. Na avaliação de um influente parlamentar do Democratas, o ex-presidenciável mostrou que, nas diferenças, são todos iguais.

De braçadas

O desempenho ruim do senador Aécio Neves como o “gestor da oposição”, papel que era esperado dele neste segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, vem prejudicando, e muito, a imagem do PSDB e permitindo que o Democratas nade de braçadas no Congresso. No Senado, o principal nome da oposição se tornou o do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO). Na Câmara, onde havia alguma expectativa em torno do nome do deputado Carlos Sampaio (CE) na liderança do PSDB, quem acabou roubando a cena foi outro parlamentar do Democratas, o pernambucano Mendonça Filho.

No vácuo

Para um partido que estava em vias de extinção, o Democratas acabou ganhando ares de legenda forte graças às atuações de Mendonça Filho e Ronaldo Caiado. Parte do ninho tucano já está de olho e deve haver mudanças significativas na condução da legenda nas duas casas após o recesso do fim do ano. Perguntado sobre o que pensa disso, um tucano da ala histórica do partido, que pediu para não ter a identidade revelada, apenas lembrou que a natureza se desenvolve no vácuo e que enquanto o PSDB não reagir, o Democratas continuará a ganhar importância.

Dois meses apenas

O governo fez as contas e já sabe que não terá condições de mobilizar as bancadas para aprovar tudo o que precisa na Câmara e no Senado ainda este ano. Como faltam menos de dois meses úteis de período legislativo, deputados e senadores não conseguirão limpar a pauta, muito menos botar em votação tudo que interessa diretamente ao Palácio do Planalto. No vale-tudo instaurado na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, ficou acertado, na reunião da coordenação política desta semana, que serão escolhidas propostas-chave para negociar com sorrisos e outras para queda-de-braço. Outro ponto que ficou acertado é que serão dados nomes aos bois.

Sobre os ataques

Sobre possíveis ataques que o governo possa sofrer, Guimarães disse que a estratégia adotada vai ser responder a tudo. “Vamos responder à altura. Com diálogo, mas com altivez”, definiu. A decisão do STF em barrar o rito do impeachment definido por Eduardo Cunha deixou a turma do Palácio de peito estufado.

Frase da semana

Não há como encerrar a coluna sem citar a frase dita pelo presidente da Câmara Eduardo Cunha aos parlamentares da oposição: “Se eu derrubo Dilma agora, no dia seguinte, vocês é que vão me derrubar.” É um resumo de como as coisas se dão nos dias atuais.

Para Lourdes Scarabelli e Joselda Martins Na blusa de malha ela ostentava a frase que só anos mais tarde eu descobriria se tratar de um trecho de letra de música do Milton Nascimento: “minha arma é o que a memória guarda”. Era início dos anos 1980, período da ditadura. Uma época em que alguns militantes enfrentavam o regime com armas em punho. A frase parecia não fazer sentido, mas me intrigava. E eu, morador de Serraria, um vilarejo onde só havia energia elétrica das 18 às 22 horas, não tinha coragem de perguntar, mas sabia que dona Lourdes Scarabelli jamais carregaria algo que não tivesse significado, que não fizesse sentido. Aos alunos da quarta série ela falava sobre ecologia, importância das árvores, da construção do conhecimento, sobre direitos humanos. Temas que só estariam na moda muitos anos depois. Provavelmente, dona Lourdes não imaginava, e eu não percebia, mas ela acendia em mim uma fagulha que daria resultados inimagináveis.

Ano seguinte. Quinta série. Mesma escola. Mesmo vilarejo. Outra professora: Joselda Maria Martins. Ainda estudante de letras. Empolgada com a beleza da língua portuguesa, não se sentia intimidada diante de uma pergunta para a qual não tinha resposta ou não se sentia segura para tanto. Ia em busca de auxílio de outra professora, mais experiente, cujo nome não consigo me lembrar. Peço perdão. Certa vez, chamou a colega mais graduada à sala só para me tirar uma dúvida. De quebra, me deu uma lição de humildade. Me ensinou que professor não tem de saber tudo. Tem sim de ser um sedento por conhecimento. Tem de ser responsável pela informação que passa. Apaixonada por literatura, Joselda colocou em minhas mãos o primeiro livro que li. Assoprou a fagulha deixada por dona Lourdes. Tornou-me leitor, fez de mim um encantado pelo idioma, pelas letras, pela poesia. De Lúcia Machado de Almeida para

Drummond, de Drummond para Cecília Meirelles, Clarice Lispector e Machado de Assis, foi um pulo. E a literatura me levou ao jornalismo, ofício começado aqui em Valadares há mais de 25 anos e que me levou para outras terras. Mas a vida também é composta por hiatos. E estes hiatos não permitiram que eu reencontrasse dona Lourdes e dona Joselda para fazer um agradecimento, para cumprimentá-las pela carreira escolhida, pela forma com que exercem a profissão, para dizer: “viram no que deu?” Como não foi possível, faço uso do Figueira para um agradecimento público. É claro que não nos tornamos o que somos graças ao trabalho de apenas dois, três, meia dúzia de professores. Não posso cometer tal heresia com tantos profissionais de educação extraordinários que tive a sorte de encontrar ao longo da minha formação. O que manteve especificamente dona Lourdes e dona Joselda em minha memória durante

estes anos todos foi a busca por responder a um questionamento próprio e à pergunta de colegas que, ao saberem de minhas origens, sempre se intrigam com minha trajetória. E, revirando o baú de memórias, pude constatar a importância destas duas mulheres em minha existência. O problema é que, com os anos, a gente vai ficando um tanto atrevido. A gente passa a acreditar que é capaz de fazer certas coisas, como dar aulas, por exemplo. Se o atrevimento já havia me levado ao jornalismo, por que não à sala de aula para ensinar meu ofício? E não é que aqui estou, dividido entre sala de aula e jornalismo político, no Planalto Central? Então, dona Lourdes e dona Joselda: “viram no que deu?” Muito obrigado! Ah! E que fique claro: outros que passaram por vossas mãos só não fazem o mesmo agradecimento por falta de oportunidade. Parabéns pelo Dia do Professor! Do ainda aluno, José Marcelo dos Santos.


FIGUEIRA - Fim de semana de 16 a 18 de outubro de 2015

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FIGUEIRA - Fim de semana de 16 a 18 de outubro de 2015

Padre é afastado do Vaticano Foto: Liane Aguiar/BBC Brasil

Olho Vivo pode parar de funcionar Segundo denúncia, 17 das 54 câmeras seriam desativadas por falta de pagamento

S

Gina Pagú

egundo denúncia feita pelo vereador Ricardo Assunção (PTB), algumas câmeras do sistema de videomonitoramento Olho Vivo seriam desativadas. O vereador afirma que haveria um possível fechamento por falta de repasse da prefeitura, que é responsável pelo pessoal e pela manutenção dos equipamentos. Ao todo, há em Governador Valadares 54 câmeras, e 17 delas, segundo Assunção, poderiam parar a qualquer momento por pagamentos atrasados. A prefeitura, durante cinco meses, não teria feito o repasse. A denúncia foi feita durante a reunião ordinária na Câmara de Vereadores e o programa de TV Balanço Geral. Assunção acredita que o serviço deveria ser aumentado e não paralisado. A Polícia Militar, por meio de nota, afirmou que o serviço continuará funcionando, que recebeu as informações pela prefeitura e que falta de manutenção não vai paralisar o serviço do Olho Vivo. A assessoria da prefeitura explicou que, atualmente, das 54 câmeras do Sistema Olho Vivo instaladas em Governador Valadares, 49 estão em funcionamento e apenas cinco apresentam funcionamento parcial. Desde o início da operacionalização do sistema no município, em 2011, a prefeitura disponibiliza servidores para sua operacionalização, conforme prevê o convênio assinado na época com o governo do Estado. A manutenção das câmeras também ficou a cargo do

município, mas, iniciada a operacionalização do Olho Vivo em Valadares, os custos reais de manutenção dos equipamentos superam os estimados no convênio. Com isso, o Poder Público Municipal, que, desde 2009, tem empenhado esforços em ações de defesa social – apesar de ser a segurança pública responsabilidade do governo do Estado – tem tido dificuldades para suprir a manutenção dos equipamentos que compõem o sistema Olho Vivo. Diante disto, meses antes do anúncio pelo Poder Público dos cortes necessários no orçamento municipal, a prefeita Elisa Costa protocolou na Secretaria de Estado de Defesa Social e também no comando da Polícia Militar no Estado, proposta para que o município se mantenha encarregado das despesas com pessoal, mas que a manutenção dos equipamentos seja assumida pelo governo do Estado. Recentemente, foi reforçada no governo estadual – secretário de Estado de Defesa Social e comandante da Polícia Militar –a necessidade de modificações no convênio, mas até a presente data, não houve retorno ao município. Portanto, o sistema tem sido operado normalmente e as dificuldades do município estão atreladas apenas à manutenção dos equipamentos em razão dos altos custos. Pelo que sabemos, não é só Governador Valadares que passa por esta dificuldade com a manutenção do Olho Vivo.

Foto: Gina Pagú

Sacerdote admitiu ser homossexual e foi banido pela Igreja Charamsa tenta modificar as estruturas conservadoras da igreja Fernando Gentil

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Câmeras podem ser desativadas em todo o centro

Olho Vivo O sistema Olho Vivo, que foi implantado em novembro de 2011, é umas principais ferramentas no combate a crimes violentos na área central de Governador Valadares. Com investimentos de R$ 5 milhões, as 54 câmeras, sendo 44 no centro e dez no bairro Nossa Senhora das Graças, operadas por 27 funcionários, fazem a segurança dos cidadãos valadarenses.

Os equipamentos para instalação do Olho Vivo foram adquiridos pela Secretaria de Defesa Social (SEDS). Por meio de uma rede de fibra óptica, as imagens são transmitidas à central, onde são visualizadas, gravadas, reproduzidas e arquivadas. O programa conta com a parceria da prefeitura, responsável pela contratação de pessoal devidamente treinado e coordenado por um policial militar.

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Exemplos do modo tucano de governar

m uma semana o governador paulista Geraldo Alckmin deu mais alguns exemplos claros do modo tucano de governar. O primeiro diz respeito à educação pública; o segundo, à transparência dos atos da administração. Na semana passada a Secretaria de Educação anunciou um plano de reestruturação da rede estadual do ensino básico. Sem a participação dos profissionais que atuam nas escolas ou dos pais e alunos na sua elaboração, o plano pretende implantar unidades separadas de acordo com os ciclos (anos iniciais, do 1º ao 5º, anos finais, do 6º ao 9º, e ensino médio). Simples assim. Segundo a secretaria, alunos e pessoal que atua nas escolas, caso tenham de mudar de escola, terão um deslocamento de, no máximo, um quilômetro e meio. Mas, na verdade, a história parece ser diferente. O sindicato dos professores divulgou lista com 155 escolas que deverão ser fechadas em todo o Estado, o que é negado pela secretaria. A mobilização contra a reestruturação já teve início, com manifestações dos profissionais, pais e estudantes em várias cidades. Para esta semana, outras estão previstas, inclusive na quinta-feira, Dia do Professor, em frente ao Palácio do Governo, no bairro do Morumbi.

Em entrevista ao Estadão, o especialista em educação da Ação Educativa, Roberto Catelli Junior, afirmou tratar-se de uma reestruturação de caráter econômico. “Não existe nada do ponto de vista pedagógico que diga que a escola focada neste ou naquele nível forneça um ganho no ensino. Seria melhor diminuir o número de alunos por sala, por exemplo”, afirmou. Vale lembrar que neste ano os professores já fizeram a maior paralisação da história da categoria (foram 92 dias) contra algumas medidas adotadas no início do ano pelo governo Alckmin, com o fechamento de três mil salas de aula, a consequente superlotação de salas, que passaram a abrigar 50, 60 alunos, a precarização dos contratos de trabalho e aumento salarial. Ao final do movimento, o governador se comprometeu a apresentar o índice de reajuste dos salários em 1º de julho. Até agora, os professores aguardam o aumento salarial que, pelo jeito, não virá este ano. TRANSPARÊNCIA – Na mesma semana, a Folha de São Paulo divulgou informação de que a Secretaria de Transportes Metropolitanos decretou sigilo para uma série de documentos relativos a projetos do metrô, de trens e ônibus metropoli-

tanos. Com a classificação de ultrassecreta, a documentação só poderá ser tornada pública daqui a 25 anos. Depois que o fato veio a público o governador afirmou que a decisão foi tomada pela Secretaria Estadual e que determinou a reavaliação da ação. A conferir. O Ministério Público anunciou que vai investigar a decisão do governo. O próprio MP já denunciou uma série de casos de irregularidades em projetos do metrô e da empresa de trens metropolitanos. POLICIAIS SÃO PRESOS POR CONTA DE CHACINA – Também na semana passada a Secretaria de Segurança Pública anunciou a prisão de cinco policiais militares e de um guarda-civil acusados de participação na maior chacina do Estado, ocorrida em agosto na periferia das cidades de Osasco e Barueri, na Grande São Paulo. Eles são acusados de participação em 23 assassinatos e sete tentativas de homicídio, todos por motivo de vingança pela morte de um policial militar e um guarda-civil ocorridas dias antes da chacina em Osasco e Barueri. Ainda de acordo com a Secretaria, as investigações continuam.

Marcos Luiz Imbrizi é jornalista e historiador, mestre em Comunicação Social, ativista em favor de rádios livres.

ar moderninho trazido por papa Francisco ao Vaticano não é suficiente para que a Igreja deixe de lado velhos preconceitos. A Santa Inquisição, que matou e humilhou diversas pessoas por vários motivos diferentes, ficou no passado, mas a ideia de recriminar seres humanos por serem o que são continua em vigor no catolicismo. O nome da vítima da vez é Krzysztof Charamsa, padre polonês, 43 anos. O primeiro que trabalhava no Vaticano a se declarar gay. E isso ocorreu em um momento importante para a Igreja: o Sínodo da Família, que vai discutir exatamente a homossexualidade e o divórcio. Na abertura do evento, o papa declarou que a Igreja deve ser mais aberta àqueles que não conseguem cumprir os dogmas católicos, mas garantiu que casamento é apenas heterossexual. O papa se traveste de moderno, mas nem é tanto assim. Charamsa quis ver o circo pegar fogo. O objetivo do sacerdote era sacudir as estruturas do Vaticano. Deu uma entrevista longa ao jornal de maior circulação na Itália, o Il Corriere della Sera. Ele faz um convite para que o catolicismo aceite de uma vez por todas fiéis homossexuais. “Quero que a Igreja e minha comunidade saibam quem sou: um padre homossexual, feliz e orgulhoso de sua identidade. Estou disposto a pagar as consequências, mas é hora de a Igreja abrir seus olhos para os fiéis homossexuais e entender que a solução oferecida, a abstinência total da vida amorosa, é desumana”, disse ao impresso. A questão foi um forte baque na Igreja Católica. Isso porque Charamsa não é um padre qualquer.

Ele trabalha há 17 anos em Roma. Desde 2003 é oficial da Congregação Doutrina da Fé, a mesma do ex-papa Ratzinger, responsável por defender os dogmas católicos. Ele é um liberal no meio do mais alto grau conservador da Igreja. Desafiador, ao menos. Além disso, o padre é secretário da Comissão Teológica Internacional do Vaticano a professor de uma universidade católica de Roma. O Vaticano decidiu que ele não vai poder mais atuar em nenhum destes cargos por se assumir gay. Mais uma prova do travestismo da Igreja. “Apesar do respeito que merecem os feitos e circunstâncias pessoais e as reflexões sobre elas, a escolha de declarar algo tão clamoroso na véspera da abertura do Sínodo é muito grave e irresponsável”, disse o porta-voz do Vaticano Frederico Lombardi em comunicado oficial. O que Lombardi não imaginava é que era esse mesmo o objetivo de Charamsa. “Quero, com minha história, sacudir um pouco a consciência da Igreja. Gostaria de dizer ao Sínodo que o amor homossexual é um amor familiar, que necessita da família. Todas as pessoas, incluindo os gays, lésbicas e transexuais, têm no coração o desejo de amar e de ter relações familiares”, afirmou ao jornal italiano. O objetivo do Sínodo é fortalecer a crença católica nos ideais antiquados que ainda segue. Além da homofobia e do machismo tradicional, o Vaticano pretende mostrar que é contra o uso de anticoncepcionais e da camisinha porque é contra o sexo antes do casamento. Um verdadeiro desserviço à comunidade mundial. Além disso, vão Foto: ANSA

O padre Krzysztof Charamsa com seu namorado

se mostrar, mais uma vez, contra o divórcio, a favor da submissão feminina e do discurso de ódio contra minorias sexuais. A Igreja Católica continua sendo a mesma de sempre, não se engane. O papa moder-

no disse esses dias que é contra o casamento homoafetivo. Nada mudou no velho e retrógado catolicismo, apenas um discurso diferente para angariar mais fiéis em troca de mais poder e dinheiro. “Igreja é

homofóbica, cheia de medo e ódio. Viver a vida toda no armário, numa quase esquizofrenia de não aceitação de si mesmo. Você não pode imaginar o sentimento de culpa de um gay crente”, finaliza o padre.

Confira a entrevista completa de Krzysztof Charamsa à BBC Brasil: BBC Brasil – Após anunciar sua homossexualidade, o senhor tem recebido demonstrações de apoio e críticas. Como vê a repercussão da sua declaração? Charamsa – Por parte do Vaticano, a consequência foi automática. Perdi meu trabalho na Congregação e nas universidades pontifícias. Por outro lado, tenho recebido palavras de conforto, apoio, gratidão e relatos de pessoas que se sentem identificadas e liberadas com meu gesto. Admito que foi um gesto dramático, quase de desespero, diante de uma Igreja que considero homofóbica, cheia de medo e ódio. Eu vivi o pesadelo da homofobia da minha Igreja. BBC Brasil – Por que o senhor diz que a Igreja é homofóbica? Charamsa – Porque ainda não é capaz de encarar a realidade, não deu o passo dado pela medicina e leis de alguns Estados. Não há nada o que curar na homossexualidade, não é delito ser homossexual. Não se pode viver toda a vida no armário, numa quase esquizofrenia de não aceitação de si mesmo. Você não pode imaginar o sentimento de culpa de um gay crente! A mentalidade cristã fundiu em nós que ser homossexual é pecaminoso e diabólico. BBC Brasil – Qual é o desafio da Igreja Católica para atrair esse coletivo? Charamsa – A Igreja não faz nada para atrair essas pessoas! Eu trabalhava na Congregação para a Doutrina da Fé, que preparou, de 1975 até hoje, quatro documentos sobre a homossexualidade. Todos se referem aos homossexuais em termos negativos, não à luz da ciência moderna. Os documentos dizem que todo desejo ou ato homossexual não é humano. Como se pode falar assim de uma grande comunidade que sempre existiu em cada época da história? BBC Brasil – Quando o senhor decidiu que era o momento de dizer ao mundo que é gay? Charamsa – Sair do armário é um processo difícil e longo, mas hoje vejo o quanto foi necessário e salvífico para mim, me fez feliz, me fez forte. Ao tomar essa decisão, pensei também nas pessoas que por anos vivem em um armário de medo e de ódio. BBC Brasil – Por que resolveu fazer esse anúncio justo às vésperas do início do Sínodo de Bispos? Charamsa – Eu queria chamar a atenção da minha Igreja que um sínodo que quer falar da família não pode excluir nenhum modelo familiar. Homossexuais, lésbicas e transexuais têm direito ao amor e a construir famílias. Mas, até agora, o assunto foi marginalizado e estigmatizado. BBC Brasil – O senhor acredita que a Igreja Católica admitirá o sacerdócio sem celibato? Charamsa – Isso certamente acontecerá. Diferente da Igreja latina, na oriental um padre pode escolher

ser celibatário ou casado. Celibato não é uma verdade de fé, é uma disciplina, uma imposição. Vamos em direção a um celibato opcional, muito mais saudável. BBC Brasil – No Brasil, o Congresso discute o Estatuto da Família, que delimita o conceito de família para homem, mulher e filhos. Até que ponto a Igreja influencia discussões desse tipo? Charamsa – A Igreja é uma autoridade mundial e em países latino-americanos sua influência é muito forte, mas pode ser fonte de profundo sofrimento. A Igreja tem a ideia falsa de que homossexuais não podem formar família. Acredita que só buscam sexo. Isso é horrível. Não somos maníacos que buscam prazer sexual, somos humanos que buscam amor. BBC Brasil – Nos últimos anos, a Igreja Católica no Brasil tem perdido fiéis para outras Igrejas. Qual o desafio diante desse êxodo? Charamsa – No Brasil, algumas comunidades evangélicas deram um passo importante para entender os homossexuais. Na Europa, entre anglicanos e evangélicos, já há um pensamento mais adequado sobre homossexualidade. A ética sexual necessita de uma profunda revolução, adequada a uma nova consciência de humanidade e sexualidade. BBC Brasil – O senhor disse que o emocionaram as palavras do papa Francisco, voltando de uma viagem ao Brasil, quando afirmou: “Quem sou eu para julgar um gay?”. Por que o marcou? Charamsa – Estou muito agradecido ao papa Francisco, ele é um verdadeiro homem de Deus. As pessoas veem sua transparência, sua verdade, querem escutá-lo. O papa Francisco disse essa frase, mas na Igreja há uma instrução de 2005 que julga todos os gays e contradiz suas palavras. BBC Brasil – O senhor escreveu ao papa para explicar a declaração que faria. Acha que ele vai responder sua carta? Charamsa – Não sei. Mas comuniquei ao papa Francisco meu estado de ânimo, de alma, de coração. Pedi que a reunião de bispos que ele preside possa discutir não somente a família heterossexual, mas todas as famílias. BBC Brasil – Acha que a Igreja vai proibi-lo de exercer o sacerdócio? Charamsa – Sim, é possível. BBC Brasil – Que planos o senhor tem? Pensa em ser ativista dos gays católicos? Charamsa – Ainda não sei, mas penso em servir os valores da minha vocação. Sou um padre chamado por Deus como homossexual. Quem viveu tanto tempo no armário precisa de uma palavra de aceitação, esperança, reconhecimento de sua dignidade. Esta é a mensagem do cristianismo: o que podemos dar a este mundo senão o amor?


CAPA 6

CAPA 7 Foto: Fernando Gentil

USO DE TRAÇÃO ANIMAL CAUSA PREJUÍZOS Cavalos tentam se alimentar debaixo do sol de 35 graus

Fernando Gentil

D

Chicote - é proibido seu uso, assim como também é proibida a condução de carroças por menores de idade, é proibido o trabalho noturno, pois não têm farol traseiro e o trabalho aos domingos. As carroças só podem trafegar no período das 7 às 20 horas, de segunda-feira a sábado. Arreios - devem estar ajustados à anatomia do animal para evitar feridas. Vermifugação - no mínimo a cada seis meses. Vacinação - anti-rábica, anualmente. Viseira - é importante, pois o raio de visão do cavalo abrange até quase a cauda, porém não enxerga bem de perto. Nunca se deve abordar um cavalo por trás; ele enxerga vultos e pode se assustar e dar coice. Alimentação - capim à vontade, sal à vontade (ele mesmo controla a quantidade), ração – no máximo a metade da quantidade do capim – e muita água. A alimentação deve ser oferecida sempre no mesmo horário, duas a três vezes ao dia, na quantidade relativa ao tamanho e atividade física do animal. Domiciliação - mantenha o cavalo em local seguro, longe de cercas de arame e objetos cortantes como cacos de vidro, ferro ou louça quebrada. Mantenha uma luz (fraca) acesa no local em que ele dorme, para evitar mordidas de morcegos. Cuidados - nunca o amarre pelos pés com cordas ou arames para pastar, porque ele pode ferir a perna e infeccionar o casco; e nem pelo pescoço, pois ele corre o risco de cair e se enforcar. Deixe-o em lugar seco, com serragem e muita água. Escove-o a cada dois dias e banhe-o uma vez por semana (o banho deve começar pelos pés, de baixo para cima, para evitar choque térmico ou cãibras). Saúde - o cavalo tem saúde frágil. Pode vir a óbito por tosse (garrotilho) ou cólicas abdominais (dor de barriga). Sinais de doença podem ser detectados pelos sintomas – apatia, embotamento dos olhos, pelagem sem vida, corrimento nasal. Observe se tem feridas, nódulos, arranhões, parasitas, ou temperatura basal elevada (febre). A inspeção diária do cavalo e em particular a apalpação regular do seu corpo, oferecerão ao seu responsável uma ideia de seu estado de saúde e a possibilidade de detectar uma doença antes de ela se desenvolver. Cuide sempre da integridade de seu cavalo. Ele é dependente de você.”

Animais sofrem com maus cuidados e calor Foto: Fernando Gentil

Carroceiros jogam entulho embaixo do viaduto do Filadélfia

O entulho pela cidade Junto com os veículos de tração animal vem a irresponsabilidade por parte de carroceiros que sujam áreas importantes na cidade. É visível ao se passar pelo viaduto do Filadélfia, no Esplanadinha, ou nas pontes da Ilha ou São Raimundo, a quantidade de lixo jogada em locais que deveriam estar limpos e preservados. “A Associação Comunitária dos Bairros São Pedro e Esplanadinha já informou à prefeitura sobre essa situação que incomoda a comunidade, que afeta a gente de maneira direta. Recebemos a informação de que o viaduto não é ponto de descarga de lixo, mas não é isso que a gente costuma presenciar ali. Vemos carroceiros jogando lixo e entulho no local durante o dia. A cada uma ou duas semanas, a prefeitura vai lá e recolhe todo esse lixo. Mas não há nenhum tipo de fiscalização, o que faz com que quase diariamente os detritos sejam jogados lá. A prefeitura tem sido praticamente conivente com a situação porque ela se repete e nenhuma providência é tomada”, relata o presidente da ABASP, Mawild Gomes. O entulho tem causado diversos transtornos à população local. “A situação causa incômodo pelo grande fluxo de pessoas que passam por

Foto: PMGV

O Figueira conversou com o secretário Municipal de Serviços Urbanos, Marco Rios. Confira a entrevista abaixo.

Além dos maus-tratos, cavalos destroem áreas ambientais preservadas e cuidadas esde que a humanidade existe os homens usam veículos de tração animal para diversas atividades. Com a invenção da roda, cavalos e bois passaram a se tornar o principal meio de transporte de pessoas e cargas. Porém, milhares de anos se passaram, o mundo é completamente tecnológico, há diversos tipos de transporte disponíveis e tem gente que ainda usa os animais para carregar entulho e outras cargas. “Negligência, desumanidade, irresponsabilidade, barbárie. Esses são alguns dos adjetivos que resumem o tratamento dispensado aos nossos cavalos de rua. Muitas vezes, após longos anos de serviços prestados, os cavalos são abandonados à própria sorte, num meio urbano cheio de armadilhas. Vítimas de maus-tratos e abandono, esses animais contam apenas com a solidariedade humana para poupá-los de trabalhos forçados e do sacrifício”, diz o Instituto Nina Rosa em nota. Alguns alegam que é falta de verba por parte dos carregadores para conseguir outro meio de transporte que leve as cargas. Outros falam que é pelo baixo custo, costume ou tradição. A questão é que em um mundo que luta cada vez mais pelos direitos dos animais, manter esses bichos sem alimentação adequada, água, cuidados necessários e ainda perdidos e soltos pela cidade, não é a melhor opção. É uma das piores, na verdade. É preciso modificar a questão cultural e subsidiar os carregadores para que mudem de veículo. Além dos problemas que os próprios cavalos enfrentam, ainda há outra questão que tem a ver com o convívio na sociedade. Muitos desses animais ficam soltos pelo município, depredam áreas conservadas como parques e praças e sujam as ruas. Os prejuízos são enormes diante das vantagens do uso de tração animal. “Acredito que os cavalos não são abandonados. E eles prejudicam muito o visual do bairro. Na verdade, os carroceiros soltam os cavalos na Ilha quando tem pouco pasto nos locais que eles normalmente ficam. Alguns fogem mesmo e vão em direção ao bairro. Nós fizemos um projeto ambiental há cerca de dois anos em parceria com o Departamento de Praças e Jardins da prefeitura que consiste em retirar as árvores invasoras e plantar outras que pertencem ao nosso biossistema. Os animais comem as mudas, pisam e, assim, prejudicam bastante este projeto”, afirma o presidente da Associação de Moradores da Ilha dos Araújos, Clero Júnior. Celina Valentino, membro do Instituto Nina Rosa e responsável por um programa de recuperação de animais utilizados para carregar pessoas e cargas, fez um documento com algumas orientações para carroceiros e toda sociedade: “Freio - todas as carroças são obrigadas a ter sistema de freios com alavanca. Muitos carroceiros usam a boca do cavalo como breque. O bridão (que consiste num ferro com um nó no centro), mal colocado pressiona e amortece os maxilares, causando dor e feridas no céu da boca, tornando-se um terrível instrumento de tortura na boca do animal.

FIGUEIRA - Fim de semana de 16 a 18 de outubro de 2015

Foto: Fernando Gentil

FIGUEIRA - Fim de semana de 16 a 18 de outubro de 2015

lá. Há inclusive pessoas mal-intencionadas que usam a área para se esconder. Alguns andarilhos e moradores de rua colocam fogo no lixo e causam mau cheiro para as pessoas que vivem nas redondezas ou passam por ali. E também a impossibilidade de passagem de ciclistas e pedestres pelo local”, explica Gomes. Para acabar com o problema, Maxwild acredita que é preciso ir além. “Não é apenas fiscalizar, autuar, multar os carroceiros e demais que jogam entulho ali. Muitos deles são trabalhadores e precisam agilizar o seu trabalho e acabam despejando o lixo em local indevido. A solução é que esse local seja remanejado para outro onde haja menos circulação de pessoas e, assim, trazer mais bem-estar para a nossa comunidade. Então, se a prefeitura conseguir remanejar, a associação se coloca à disposição para juntos estudarmos o melhor local para que os carroceiros possam direcionar e jogar esse entulho para que a prefeitura depois o recolha e aloque no local correto”, propõe o presidente da ABASP. Já Clero Júnior acredita que é necessário punir quem faz errado. “Eu acredito que quanto mais fiscalização tiver, melhor. Mais

autuação, mais multa, mais apreensão de animais. É uma forma de forçar os carroceiros a trabalharem de maneira correta. Eu mesmo já conversei com vários, pedi para não jogarem entulho na orla. A gente sempre fiscaliza da maneira mais positiva que consegue. Já acompanhei carroceiro até o Centro da cidade, saindo daqui do bairro, para que não jogasse na orla. Já peguei alguns quase despejando no entorno do rio. Mas, realmente, eu acho que a fiscalização é a única maneira de evitar isso porque na conversa é difícil”, alerta o presidente da Associação de Moradores da Ilha. O executivo da Amai ainda alerta que há entulho por toda a orla do bairro. “Não tem lugar certo, determinado. É por todo o bairro. O mais comum é perto do colégio Lourdinas, que é exatamente onde começamos a fazer o projeto ambiental de plantar mudas do nosso biossistema. Após a limpeza feita pelo Departamento de Praças e Jardins em toda a orla, encontramos, só em frente ao Lourdinas, mais de cem carroças de lixo jogadas. Dava para perceber perfeitamente que o entulho vinha das carroças por conta do formato do lixo. O problema é que eles não jogam apenas na orla; eles jogam na porta da casa de pessoas. É uma falta de consciência muito grande. A maneira mais eficiente é emplacar as carroças, mas o Departamento de Trânsito disse que não existe mais a possibilidade de isso acontecer. Não sei o motivo, apenas informaram isso à Amai. Também é necessário um local de despejo desse entulho mais próximo do local onde os carroceiros ficam. A prefeitura precisa colocar em pontos estratégicos da cidade algum tipo de tele-entulho para evitar que o lixo se acumule em certas regiões da cidade”, conclui Júnior.

Figueira: Existe alguma regulamentação para o uso de cavalos e bois como meio de transporte de pessoas e cargas na cidade? Rios: Compete a Autoridade Municipal de Trânsito dos municípios a regulação do sistema de trânsito conforme artigo 24 do CTB. Em específico no Município de Governador Valadares estamos na fase de regulamentação com encaminhamento de Projeto de Lei para ser analisado na Câmara Municipal para posterior aprovação. Figueira: Como funciona o controle destes animais na cidade? Há alguma fiscalização? Rios: A fiscalização e apreensão dos animais de grande porte acontece nas vias e praças públicas onde a maior parte dos animais são surpreendidos soltos ou com risco de soltura. Figueira: Qual a melhor forma de evitar que animais abandonados fiquem rodeando a cidade e destruindo áreas recuperadas e preservadas? Rios: Para evitar que cavalos sejam abandonados, os seus proprietários devem seguir a legislação atual e fazer cumprir o papel como dono deste tipo de animal, não os abandonando em vias públicas ou os colocando para se alimentar de capim e grama em locais impróprios. Figueira: Há muito entulho jogado por pessoas que utilizam a tração animal em alguns pontos específicos da cidade. Embaixo do viaduto do Fi-

ladélfia, da ponte do São Raimundo e Ilha, por exemplo. O que vem sendo feito para evitar este problema? Rios: A fiscalização de limpeza urbana está sendo intensificada na cidade. O edital da PPP que está publicado no DOM contempla os Pontos de Entrega Voluntária - PEV para pequenos volumes, onde vários pontos serão criados para esta finalidade, ordenando todo o trabalho e qualificando a destinação correta dos entulhos provenientes de construção civil. Figueira: Há algum projeto de lei que vise acabar com o uso de tração animal na cidade? A Prefeitura acredita que é uma situação que prejudica os próprios cavalos, além da destruição de áreas preservadas? Rios: O uso de tração animal na cidade será reorganizado e limitado por carroceiro e por animal, inclusive limitando às áreas onde os mesmos poderão trabalhar de forma organizada conforme projeto de lei a ser encaminhado à Câmara. A maioria dos cavalos são utilizados de forma incorreta e em alguns casos de forma desumana, além é claro de propiciar a destruição de áreas preservadas ou de proteção. Figueira: Como conscientizar a população de não jogar entulho em áreas públicas e não abandonar os seus animais pela cidade? Rios: A conscientização das pessoas precisa ser de forma radical, porém de forma ordenada e dentro da legislação. A população precisa entender que ela é a Autora ou Autor principal no nosso meio

ambiente e que a cidade mais limpa é a que menos suja. Isso serve pra todos sem restrição. Figueira: Existe algum tipo de multa ou autuação para quem abandona animais em Valadares? Como funciona? Rios: Abandonar animal em via pública. Omissão de cautela na guarda de animal. Artigo 31, Parágrafo Único, “a” da Lei de Contravenções Penais. Tratando-se de delito omissivo próprio, resta caracterizada a contravenção penal pelo abandono de animal de carga na via pública, colocando em perigo a segurança viária. Inteligência do artigo 3º do Decreto-lei 3688/41. Figueira: Os animais abandonados são recolhidos pelo governo municipal? Onde eles ficam? Como eles são tratados? Como faz para o dono reaver a posse do seu animal? Rios: Os animais abandonados ou em situação de risco no trânsito são recolhidos pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos e colocados em local próprio no Bairro Santos Dumont, que ali permanecem até que o proprietário cumpra os requisitos legais para sua devolução.

caixa.gov.br SAC CAIXA: 0800 726 0101 (informações, reclamações, sugestões e elogios) Para pessoas com deficiência auditiva ou de fala: 0800 726 2492 Ouvidoria: 0800 725 7474 facebook.com/caixa twitter: @caixa

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CIDADES 8

FIGUEIRA - Fim de semana de 16 a 18 de outubro de 2015

CIDADES 9

Júlio Avelar

A cidade-jardim de Antônio Carlos

NOMES A CONSTRUIR

Foto: Fernando Gentil

Dois excelentes nomes que devem ser “construídos politicamente” para um futuro certo e político em Valadares, para sairmos do refrão que não funcionou (“sai um entra outro, sai outro entra um e deste jeito Valadares não vai pra lugar algum”), são os de Luiz Alberto Jardim e Rômulo César Coelho. Um é empreendedor há anos na cidade, grande benfeitor, nome forte, digno, e o outro é médico com visão empreendedora. Os dois, em tudo que colocam as mãos, tem dado certo, sem falar na moral e respeitabilidade que eles têm de sobra.

Júlio Avelar é jornalista, apresentador na TV Rio Doce e membro da Academia Valadarense de Letras

Quer falar com este colunista? zapzap 33-99899200 ou julioavelargv@gmail.com Avenida Minas Gerais, 700 sala 610 após 14h.

TRIÂNGULO DAS BERMUDAS

QUEREM SER REELEITOS

Estão apelidando o rio Doce, mais especificamente a bacia ali antes da ponte do Vila Isa de “Triângulo das Bermudas”. Vai engoli aviões assim nas Bermudas, uai!

Encontrei em frente à grande loja Nordestina da Peçanha dois vereadores de Valadares, Ananias Camelô, que já foi presidente da Câmara, e o novato José Iderlan, que garantiram disputar a reeleição no ano que vem para a Câmara Municipal. Os dois votaram a favor do aumento de 20% na tarifa mensal de água e esgoto – e estão confiantes. Pois é!

MUITOS “NEROS” POR AÍ Tacaram fogo nos coqueiros da Univale, tacaram fogo na Ibituruna, tacaram fogo no lixão do Turmalina e tacaram fogo no pasto em volta do antigo Recanto da Pantera. Valadares não é Roma, mas tá cheia de “Neros” doidos.

TODO CUIDADO É POUCO Como já havia dito aqui, há aproximadamente 23 anos, um geólogo francês hospedado no GPH, onde eu tinha um escritório, convidado foi ao nosso programa e disse com muita ênfase que até o ano de 2025 o Vale do Jequitinhonha e o Vale do Rio Doce, em especial Valadares, será um deserto, com muita falta de água e um calor insuportável. Já circula pela imprensa que outros novos geólogos andam dando como certo que boa parte de Minas Gerais, que é tida como a caixa d’água do Brasil, será um deserto, incluindo a nossa bela Valadares. Só Jesus e o povo para recuperar a natureza!

FIGUEIRA - Fim de semana de 16 a 18 de outubro de 2015

NO SAN DIEGO Neste final de semana dois andares do Apart Hotel San Diego vão se transformar numa feira de roupas de boas marcas com descontos de até 70%.

Empresário Jair Avelar Neto e Erika

NO TESTE

4 X 4 PARA OS DIRETOS DE VALADARES

André Merlo anda testando sua popularidade assim que saiu do PDT e entrou no PSDB. Quarta-feira foi visto andando pelas calçadas da Israel Pinheiro com seu “educado” assessor de imprensa e marketing e de mais um poderoso empreendedor imobiliário da cidade e colega da União Ruralista. Cumprimentou mais do que foi cumprimentado. É apenas o começo!

Dr. Alcyr Nascimento e Tininho Machado mais José Geraldo Prata e Dr. Rômulo Cesar Coelho estão rindo de orelha a orelha. Os cursos de direitos da Fadivale e da Univale ganharam nota 4 dos críticos do MEC. Bom, pra lá de muito bom!

É HOJE NA TV Hoje no nosso programa Júlio Avelar, da TV Rio Doce, o entrevistado é o engenheiro civil e grande benfeitor de Valadares e região Dr. Renato Fraga, presidente da Fundação Ezequiel Dias, a maior produtora de vacinas e remédios da América latina e presidente municipal do PMDB.

PALETA MEXICANA, AO SUCESSO A chamada “paleta mexicana” (picolé) anda fazendo o maior sucesso na cidade, ganhando cada dia mais adeptos e chupadores. Um picolé carnudo, tipo sorvete, grande, natural e que já está tirando a clientela de muita água com essências por aí, que na verdade é gelo puro. Vi a paleta no Splash, Joá e Santa Fé. Muito bommmmm!

Suely Freitas enfeitando a coluna de hoje

É A CRISE... Os empresários do ramo da construção civil no Brasil já dão como certo que até fevereiro do ano que vem as empresas serão obrigadas, devido à queda do setor, a mandar embora cerca de 500 mil trabalhadores braçais, eletricistas, bombeiros e mestres de obras.

NOVA GRÁFICA Já aberta na Israel Pinheiro, em frente à praça Getúlio Vargas, no bairro de Lourdes, a Imprimir Gráfica & Editora, de Jair Avelar Neto. Posso garantir que é de qualidade e com bons preços.

Toninho é defensor do desenvolvimento rural sustentável e familiar

Fernando Gentil

A

ntônio Carlos Linhares Borges é um administrador de empresas rurais nascido em Astolfo Dutra, na Zona da Mata mineira. Com seus 65 anos, o coordenador-geral do Centro de Informação e Assessoria Técnica (CIAAT) acredita que é necessário viver numa cidade mais cuidadosa, que as pessoas tratem o seu local de moradia como um jardim.

M

A luta ambiental começou cedo. “Eu trabalhei muitos anos na propriedade rural da minha família. Desde a década de 1980 eu comecei a perceber as questões ambientais relacionadas às questões da produção rural. A partir daí, eu comecei a estudar. Fui um dos primeiros a trazer para a região o sistema de rotação de pastagens. Naquela época falava-se muito disso e trouxe

um equipamento para cá que fazia o trabalho. O rotator mudou bastante a forma como era feita a produção, melhorando a vida do agricultor sem danificar muito o meio ambiente. Depois disso, trabalhei como assessor técnico de várias prefeituras da região, até que vim para Valadares e criei, no governo Fassarella, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Na época aconteceu até uma polêmica com os fazendeiros, pois o nome do órgão incluía os termos Agricultura e Pecuária. O que não agradou muito os ruralistas da região”, lembra o coordenador do CIAAT. Porém, a carreira de Toninho, como é conhecido, não começou na área rural. “Depois que terminei o ginásio, fui estudar teatro no Rio de Janeiro, onde uns quatro anos. Em um determinado momento eu me casei, tive que trabalhar e interromper os estudos. Aí, mudei para Teófilo Otoni e voltei a ter contato com o setor rural. Meu pai adoeceu e tive que tomar conta da propriedade rural que minha família tinha. Me encantei novamente com a vida rural e passei a estudar bastante a área e também meio ambiente. À medida em que fui estudando e adquirindo conhecimento, passei a assessorar as prefeituras e criar diversas secretarias de agricultura pela região. Até chegar a Valadares e depois começar o trabalho no CIAAT”, conta o administrador. A criação do Centro de Informação e Assessoria Técnica também não veio do debate sobre as propriedades rurais. A questão que

inaugurou o órgão foi uma velha conhecida de todo valadarense. “O CIAAT começou com um estudo sobre a imigração. Uma empresa financiou cinco regiões que tinham forte ligação com a imigração internacional. Nós concorremos e fomos selecionados. Depois disso, junto com a União Operária, fizemos o diagnóstico da imigração em Valadares e na região. Em seguida, vimos que a problemática da imigração era muito grande, faz parte da cultura da região. Com isso, resolvemos ir para outras abordagens em que poderíamos fazer alguma mudança. Foi quando pensamos em criar uma condição local para poder acolher essa mão de obra da cidade e evitar que mais pessoas fossem para outros países. Com novas parcerias, criamos uma estrutura que presta assessoria técnica aos pequenos produtores e também forma novos técnicos para trabalhar nas propriedades das suas próprias famílias. A ideia é que o técnico formado seja extensionista – no conceito de Paulo Freire –, viva a realidade do local que está trabalhando, esteja inserido na realidade. Por isso, é essencial que ele venha de família de pequeno produtor rural”, explica o coordenador. O método de trabalho utilizado pelo CIAAT e por Toninho é o que envolve o lado social: a tecnologia em prol do desenvolvimento humano. “É de coração que trabalhamos com isso. O grande produtor tem capital suficiente se quiser aplicar a tecnologia. Ele tem capital para

isso. Nosso trabalho tem cunho social. Não vamos ficar fazendo atendimento técnico a vida inteira; o produtor tem que uma hora caminhar com as próprias pernas. Mas a gente faz o trabalho de oferecer gratuitamente e num primeiro momento. A gente alavanca aquele que não pode pagar. Essa é a ideia”, ratifica o administrador. Antônio Carlos busca e luta por uma cidade melhor para se viver. Ele sabe que não há a área urbana sem a rural nem vice-versa. É preciso que as pessoas cuidem do município, da propriedade rural, da casa onde vivem, como se fosse um jardim. É preciso inverter conceitos, sentir-se em casa ao pôr os pés na rua. “O trabalho que a gente faz é de formiguinha. As mudanças que esperamos é que são grandes. Trabalhamos com uma centena de produtores – e a região tem milhares. Então, nossa ideia é que a metodologia usada por nós se torne uma política pública. Só assim vamos conseguir fazer a mudança esperada. Essa é a minha esperança de mudar a sociedade local. Não podemos ver Valadares separada das cidades da região. Falta uma administração mais cuidadosa, mais jardineira. É preciso cuidar mais do ambiente, como se fosse um jardineiro cuidando de um jardim. Isso muda tudo. É um processo educacional que precisa acontecer. De modo geral, que se pense em educação. Não apenas nas escolas. É preciso investir em cultura, em conceitos de comportamento. É preciso trabalhar muito nessa direção”, finaliza Toninho.

A crise da educação política (ou da opinião pública)

uito se tem falado sobre a crise da política, crise da economia, crise de representatividade, crise de confiança, crise dos partidos e até mesmo crise da democracia. Para quem acompanha o debate político, o Brasil parece estar de cabeça para baixo, sem salvação. Agora, se para os interessados nosso caso parece perdido, o que dizer daqueles que não têm interesse algum pela política? Falar em política causa, naturalmente, um sentimento externo à vida cotidiana do cidadão comum, que não considera as decisões do Estado e dos políticos que, teoricamente, representariam na arena da administração pública uma questão do dia a dia. Uma visão errada, uma vez que todos nós, como cidadãos, temos o direito (e o dever) de participar do jogo político. A verdadeira democracia, que depende da participação popular nas decisões que interferem nas relações sociais, supõe uma prática pedagógica: educar para a cidadania. Educar é um ato que visa não apenas a desenvolver nossas habilidades cognitivas, mas igualmente à convivência social, à cidadania e à tomada de consciência política. A educação para a cidadania significa

fazer de cada pessoa um agente de transformação social por meio de uma práxis pedagógica e filosófica: uma reflexão dos homens sobre o mundo para transformá-lo. Uma relação que existe desde os tempos áureos da filosofia, em que a ideia de cidadania está vinculada à democracia ou, mais precisamente, à vida na pólis (a cidade-Estado grega). Infelizmente, essa não é a nossa realidade. Vivemos num período em que a educação política não é prioridade. Falta engajamento, conhecimento e participação. Vimos, a partir de 2013, uma série de manifestações contra a Copa, contra a corrupção, contra o aumento das tarifas do transporte coletivo, contra e a favor do governo. Vimos as pessoas saírem às ruas vociferando os mais diversos gritos de ordem. Mas não vimos efetividade. Faltou organização, coesão e, principalmente, conteúdo. Participação efetiva demanda conhecimento de causa, demanda educação para a política. Essa reflexão nos faz repensar as “crises” de hoje. Elas realmente existiriam se a população tivesse uma participação efetiva no jogo político? Se fôssemos educados

para fiscalizar e cobrar os nossos representantes? Se entendêssemos o que, realmente, se passa nas estruturas do poder? Atrevo-me, nesse levante de crises, a agrupar todas aquelas supracitadas em uma única e verdadeira crise: a crise da educação política (ou crise da opinião pública). Parto de dois pressupostos para essa análise. O primeiro diz respeito à formação política dos brasileiros. Não há em nossas escolas um programa pedagógico que contemple a formação política da população. Então, formamos cidadãos desinteressados pela política e não incentivamos a participação. Isso faz com que o Brasil viva num paradoxo democrático. Enquanto as instituições se fortalecem e têm mais autonomia no processo político, a população se afasta, cada vez mais, do jogo político. Ou seja, o Congresso, o Poder Executivo, o Judiciário, o Ministério Público e algumas outras instituições funcionam melhor no Brasil do que o empenho dos eleitores em conhecer política e fazer política. Temos instituições razoáveis e temos uma consciência política muito precária. Temos mobilização política, mas não temos educação política.

Essa condição, de falta de educação política, abre espaço para o segundo pressuposto. A opinião pública a respeito da política está fundada na constatação de que os homens, mesmo em sua experiência individual, não têm acesso direto à realidade. Como na caverna de Platão, os homens veem apenas sombras. Essa é uma constatação de Walter Lippmann, escritor, jornalista e comentarista político norte-americano que ganhou, em duas oportunidades, o prêmio Pulitzer. Lippmann faz o levantamento de uma série de elementos que influenciam as opiniões a respeito do mundo exterior, como a atenção e o interesse limitado frente ao universo de informações sobre os acontecimentos; a limitação do potencial de comunicação das palavras e dos meios técnicos para transportá-las; os estereótipos; os interesses particulares e as formas de construção dos interesses comuns; a censura e a restrição a algumas informações; a falta de contato com os acontecimentos ou a oportunidade de

conhecê-los; e mesmo o tempo em que a experiência humana ocorre. Desta maneira, a opinião pública, seria fruto da ação de grupos de interessados ou de pessoas agindo em nome de grupos. A opinião reconhecida como pública, então, seria o conjunto das opiniões feitas públicas e não as opiniões surgidas do público. Então, um dos verdadeiros problemas enfrentados pela política brasileira está na falta de alicerce na base da democracia, ou seja, no desinteresse e na baixa participação do cidadão no jogo político, causado tanto pela falta de educação política quanto pela manipulação da opinião pública. Isso justifica, de certa maneira, a forma como o jogo tem sido jogado pelos agentes políticos no Brasil. Afinal, se falta fiscalização, tudo está permitido. Talvez o que me reste, como jornalista e profissional de marketing político, seja um mea culpa e a esperança de que dias melhores virão. Espero mais das próximas gerações, afinal, educação é investimento a longo prazo.

Manoel Assad Espindola é jornalista, publicitário, especialista em Gestão de Marketing pela Fundação Dom Cabral, Comunicação Organizacional pela USP e pós graduando em Marketing Político e Opinião Pública pela UFMG.


CIDADES 10

FIGUEIRA - Fim de semana de 16 a 18 de outubro de 2015

ESPORTES 11

FIGUEIRA - Fim de semana de 16 a 18 de outubro de 2015

Ibituruna investe em Nikolas Motta participa de jogos de raciocínio primeira luta após TUF Brasil

Índices de homicídios caem, mas problema social continua

Foto: Maria Júlia Mendes

O mineiro encara o “Topete Dourado” no Shoot do Bope Foto: Divulgação

O governo municipal apresenta soluções e a Polícia Civil trabalha na linha de frente Gina Pagú

D

e um lado, uma redução de quase 20% no número de homicídios em Governador Valadares no primeiro semestre de 2014, se comparado ao mesmo período de 2015; do outro, o governo municipal tentando combater o problema social que centraliza a questão da criminalidade no município. A Polícia Civil, no enfrentamento direto à violência, por meio do novo delegado designado para atuar em Valadares e região, Bernardo Pena Salles, admite que o perfil do criminoso e das vítimas são semelhantes: jovens, negros e que moram na periferia. “O problema existe e estamos com esse desafio e projetos para essa luta. Valadares tem uma característica no tocante aos crimes violentos e merece e terá uma atenção especial. Então, daremos continuidade ao trabalho feito pela Delegacia de Homicídios e, além disso, criaremos a Delegacia de Furtos e Roubos e implementaremos a Delegacia de Tóxicos, pois esses três tipos de crimes centralizam a questão da violência.” A prefeita Elisa Costa quer fazer um governo humano e apresenta projetos sociais focados na prevenção. “Nós temos uma tarefa enorme em Valadares e região, que é superar a raiz histórica de violência que existe no município. O que vivemos hoje é uma violência estrutural e cultural. Afinal, tudo isso se deu nas origens da cidade, pois os índios

O

Dados Neste contexto, a Polícia Civil apresenta uma análise dos números de homicídios e tentativas de homicídio durante os anos de 2010 a 2014: em 2010, foram 108 homicídios e 197 tentativas; em 2011, 129 homicídios e 224 tentativas; em 2012, foram 132 homicídios e 274 tentativas; 2013 apresentou 116 homicídios e 269 tentativas; e fechou-se o ano de 2014 com 116 homicídios e 217 tentativas. O delegado regional da Polícia Civil explica que o tráfico de drogas é o carro-chefe que alimenta esses índices. “A polícia trabalha na questão residual e o que as políticas públicas e sociais não conseguem resolver vai refletir na criminalidade e, a partir daí, nós temos a atuação policial.

Esporte

Foto: Gina Pagú

Botocudos, primeiros habitantes, foram dizimados na disputa das terras. Na década de 1960, os pequenos produtores rurais e grandes fazendeiros também viveram conflitos na disputa por hectares de fazendas. Já fomos exportadores de jagunços para outras cidades do Brasil, tudo fruto dessa violência que se instalou aqui. Hoje presenciamos a disputa por territórios de pontos de tráfico, mas a violência é a mesma. Temos a responsabilidade de tratar não só o jovem que se envolve, mas as famílias e as crianças.”

Delegado Salles (esquerda) admite que jovens negros são os que mais morrem na cidade

Então, hoje, o tráfico de drogas em Minas Gerais e no Brasil busca essas pessoas da periferia – que compõem o perfil da criminalidade – para atuarem como funcionários do tráfico. No entanto, estamos na ponta e a atuação policial sozinha não vai resolver a questão do tráfico ou da violência porque esse é um problema de saúde pública e social, e tem de ser resolvido com implementação de políticas públicas nesse sentido.” A prefeitura apresenta ações municipais para redução da criminalidade na juventude. Elisa Costa explica que mais de dez projetos sociais e educacionais estão implementados e isso já é uma vitória contra o crime. “Destaco o Programa de Controle de Homicídios Fica Vivo, que traz consigo uma proposta de prevenção à criminalidade. Atuamos nos bairros Carapina e Turmalina, com 631 jovens atendidos, de 12 a 24 anos, e é oferecido atendimento psicossocial, grupos comunitários e a inclusão desse jovem em atividades culturais, esportivas e educacionais. No tocante à educação, oferecemos o UAITEC, com 71 cursos de formação profissional, o Serviço de Intervenção Educacional, que atua em 16 escolas, para jovens de 13 a 17 anos, a Escola em Tempo Integral e o EJA Adolescente.”

2015 No balanço divulgado no mês de setembro de 2015 pela Polícia Civil, ao se comparar o período de janeiro a setembro de 2014 e 2015 comprova-se uma diminuição de 18,09% no número de homicídios e 1,30% no número de tentativas de homicídio. No ano de 2014, considerado o mesmo período, houve 94 homicídios e 154 tentativas; em 2015, foram 77 homicídios e 156 tentativas. Com relação às motivações dos crimes, destacam-se brigas de gangues, desavenças, drogas e vingança. No comparativo de 2013 para 2014, os meios de execução que chamam atenção nos índices foram: em 2013, os crimes cometidos por arma de fogo totalizaram cem, por arma branca, quatro, e outros meios, quatro; enquanto que em 2014, a arma de fogo também aparece em primeiro lugar, com 98 crimes, 11 por arma branca e sete por outros meios. O perfil das vítimas de homicídio se caracteriza por serem homens, jovens e com idade entre 18 e 24 anos – considerando-se que adolescentes de 12 a 17 anos e adultos de 25 a 30 anos também aparecem nas estatísticas.

De acordo com o investigador e assessor da Polícia Civil Wlisses Rosa a polícia tem um papel investigativo. “Todos somos responsáveis, cada um na sua instância, pois, depois do cometimento do crime, exige-se uma atuação da polícia. Mas, sabemos que esses adolescentes também vêm de um contexto em que o pai ou um parente, quando traficante, torna-se uma influência.” A prefeita Elisa reforça que a Escola em Tempo Integral tem sido uma saída para manter as crianças e adolescentes estudando e é a alternativa principal para tirá-los do contato com as várias formas violência. Explica também que este é um governo em que as minorias têm tido espaço para criar as próprias políticas públicas. “O jovem do nosso governo está começando a perceber que ele tem espaços como os coletivos, as conferências, fóruns e os movimentos diversos. Ele não precisa esperar tudo dos gestores, há um espaço para serem ouvidos e devem se posicionar. Eles têm de fazer parte da cidade, se sentirem como sociedade. E nós damos oportunidades para isso.”

Projetos sociais e educacionais do governo municipal Fica Vivo: Programa do governo de Minas dirigido a jovens de 12 a 24 anos residentes nos bairros Carapina e Turmalina. UAITEC: Programa municipal que oferece 71 cursos a jovens de 14 anos, nas áreas de inovação, empreendedorismo e formação profissional. Serviço de Intervenção Educacional: Atua em 16 escolas com alunos de 13 a 17 anos, na Cidade dos Meninos. Oferece esporte, oficinas e cursos de idiomas. EJA Adolescente: Funciona em cinco escolas, de 16h15 às 19h, e atende 360 adolescentes que se afastaram das salas de aula. Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV): Realiza atendimento em grupos, com atividades artísticas, culturais, de lazer e esportivas. Oferecidos nos CRAS e nos Centros de Convivência. Crack é Possível Vencer: Programa do governo municipal que atua no enfrentamento às drogas. Viva Núcleo de Prevenção de Violência e Promoção à Saúde: Programa do governo municipal existente desde 2011 e criado em função das altas taxas de violência e criminalidade entre jovens.

frente é preciso focar em cada adversário e a participação no programa me ajudou muito a ganhar essa experiência. Voltei para o Brasil, após o programa em Las Vegas, com mais sede de treinos e vitórias. Coloquei na minha cabeça que evoluiria todo dia dentro da academia. O Nikolas que vai treinar hoje é melhor que o Nikolas de ontem e muito pior que o Nikolas de amanhã. Com este pensamento vocês me verão no cage do Shooto no dia 18 de outubro.”

Colégio Ibituruna começa a trabalhar o projeto Menteinovadora. Implementado no início do segundo semestre, ele visa a aguçar o raciocínio lógico de crianças entre quatro e 13 anos. “O projeto baseia-se no princípio de que os jogos de raciocínio são importantes instrumentos no aprimoramento de habilidades cognitivas e no desenvolvimento da consciência do processo do pensamento, além de ajudar o aluno a lidar melhor com situações emocionais, éticas e sociais”, afirma a coordenadora do projeto Dárley Lima. O Menteinovadora busca trabalhar com algumas habilidades dos estudantes: cognitivas, sociais, emocionais e éticas. Eles devem resolver situações-problema; tomar decisões; estabelecer conclusões lógicas; investigar, compreender, captar, comunicar e contextualizar informações; cooperar e colaborar; lidar com regras; trabalhar em equipe; atuar em um ambiente competitivo; comunicar-se com clareza e coerência; lidar com as emoções; adiar recompensas; aprender com o erro; respeitar, tolerar e viver a diferença; agir positivamente para o bem comum”, explica a coordenadora. O projeto é uma parceria do colégio com instituições internacionais que trabalham com desenvolvimento do raciocínio e da inteligência.

Motta participa de mais um desafio Gina Pagú

A

gora é a vez de enfrentar Eliel “Topete Dourado” Santos (1616), no dia 18 de outubro, no Rio de Janeiro. Nikolas Motta, peso pena (até 65,8 kg), volta aos cages no Shooto do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), depois de participar do programa The Ultimate Fighter Brasil 4. De Valadares para o mundo, o mineiro de 22 anos diz que a participação no TUF Brasil ajudou muito no progresso profissional. “A participação no TUF foi o alcance de um dos objetivos da minha carreira. Estar ali, entre os 16 melhores lutadores do país, enfrentar grandes desafios dentro e fora do octógono, foi um aprendizado que acrescentou demais para minha carreira. Saí de lá mais experiente, focado e trabalhando ainda mais duro para alcançar novos patama-

res. A estrada é longa e estamos apenas no começo. Tenho muito chão para percorrer e estou traçando este caminho.” É a segunda vez de Nikolas no BOPE. Na primeira luta do evento, que homenageia o Batalhão de Operações Policiais Especiais, venceu Pety Malfort, em 2012. “No Shooto a atmosfera é diferente. É um evento que mexe muito com a comunidade do MMA, do BOPE e também gera bastante mídia. Até por isso sei que a pressão será ainda maior para apresentar um bom trabalho. Todos os olhos estarão em cima dos lutadores que estão neste card.” Para encarar o oponente, Nikolas tem treinado de forma particular o wrestling e o muay thay. O atleta fala da experiência dos desafios impostos pelo TUF Brasil. “Para vencer daqui para

O MMA, apesar de um esporte competitivo e com muita divulgação, ainda é um desafio para atletas como Nikolas. “Busco muito coisas. Tenho conquistado alguns fãs, espaço na mídia e valorizo bastante isso, mas quero e trabalho para obter muito mais. Tenho objetivos traçados e estou trabalhando para chegar ainda mais longe. Por exemplo: mesmo com a participação no TUF Brasil 4, ser um atleta com um bom número de vitórias e estar sempre lutando em eventos com boa exposição midiática requer um patrocínio. Hoje, felizmente, eu consigo dar um retorno em termos de exposição seja nas redes sociais ou na mídia tradicional com meu nome. Mas o empresariado está em débito com o esporte nacional.” Para reforçar essa batalha nos cages, a família do atleta, que no início não o apoiou muito, hoje torce e acompanha tudo pela TV. “Minha família me dá todo suporte do mundo neste meu sonho de viver das lutas. Claro que no começo não foi assim tão simples. Eles tiveram algumas dúvidas em relação ao meu futuro no esporte. Hoje, porém, eles são meus maiores fãs e me dão muita força para seguir batalhando naquilo que amo. Estão sempre acompanhando pela televisão e ficam naquela ansiedade durante o combate. Sentimento natural, não tem como fugir.”


CULTURA 12

FIGUEIRA - Fim de semana de 16 a 18 de outubro de 2015

Foto: Gisele Gonçalves

Dia das Crianças solidário

Mais que dar presentes e reforçar a data comercial, grupos de amigos se solidarizaram com a data

Carinho e atenção são os melhores presentes que uma criança pode ganhar

Voluntários divertiram os pequenos no encontro Foto: Gisele Gonçalves

Gina Pagú

F

oi assim que um grupo de amigos chamado “Porcão News”, do Conjunto SIR, comemorou junto com 200 crianças o Dia das Crianças. Tudo começou com a união dos amigos em um grupo de Whatsapp a fim de discutir temas relacionados à infância e às histórias

da turma. Mas, com o tempo, o propósito do grupo foi mudando e eles passaram a realizar ações solidárias. No ano passado, os 22 amigos fizeram a “Páscoa Solidária” em uma das creches do bairro, com distribuição de chocolate para as crianças atendidas. Este ano, foi a

vez do “Dia das Crianças na Rua”, com pipoca, algodão-doce, música, pula-pula, tudo feito com doações dos componentes e da comunidade. Gisele Gonçalves, uma das administradoras do grupo, conta que os integrantes são de Porto Seguro, São Paulo, Portugal, Estados

Traga a pipoca! Vou assistir ao “Que horas ela volta” Quero conhecer a história das empregadas domésticas no Brasil e ver a luta diária – e histórica – dessas mulheres. Quero olhar o rosto desse personagem que quebra paradigmas pelo simples fato de molhar os pés na piscina. Morro de vontade de ver o desfecho feliz do pobre que supera os desafios e, por conta própria, realiza os sonhos. Me encanta a ideia de conhecer o sotaque de uma nordestina que conquistou o sudeste. Incrível! Emocionante! Revoltante! Inédito. – Aparecida, traga a pipoca! Vou assistir ao “Que horas ela volta”! E não suje o micro-ondas com o seu dedo engordurado... A história na TV encanta porque é ficção. Porque está longe dos olhos e do alcance. Porque tudo se resolve no final. A história na TV encanta porque não me vejo como um personagem e não incluo as minhas próprias ações em um cenário amplo de um problema estrutural. A história, quando é na TV, encanta. No filme, me revolta a patroa que limpa a piscina porque a filha da empregada resolveu dar um mergulho, mas o meu almoço de domingo continua agradável mesmo quando vejo uma babá vestida de branco comendo um PF num cantinho da mesa ao lado.

O “ela não sabe o seu lugar” me causa espanto na TV. No entanto, compreendo – e comparto – os argumentos dos que defendem que a universidade não é lugar para todos. Muito menos os aeroportos. Muito menos o estrangeiro. Muito menos um lugar no meu quarto de hóspedes. Chorei quando vi a casa minúscula que a Val conseguiu alugar depois de anos de trabalho. Mas, oras bolas, acho um absurdo essa história de regularizar os salários das domésticas. Esse governo pensa que sou milionária? O Brasil está entre os países que mais têm empregadas domésticas no mundo. Em números absolutos, dizem que somos os campeões. O índice altíssimo de empregadas domésticas em países latinoamericanos está diretamente relacionado à gigantesca desigualdade social que existe nesses países. Mas não percebo isso quando saio de casa. Tive que ver a história na TV. E, obviamente, não sou parte do problema. Afinal, quem não colocaria a própria carreira em primeiro lugar? Hoje quero satisfazer todo o meu lado humano e solidário. Por isso, Aparecida, traga a pipoca! Vou assistir ao “Que horas ela volta” pela TV. Acaba o filme. (des)Aparecidas. Essencial, como a nossa própria hipocrisia. Jamylle Mol - jornalista e autora do blog “O Ladrilho”

SOU COMBATE À IMPUNIDADE. SOU DELEGADO DE POLÍCIA. oquefazumdelegado.com.br

Unidos, Suécia e que alguns deles vieram especialmente para participar do evento. “Somos amigos de infância. Todos moraram aqui no bairro, mas hoje muitos estão fora batalhando a vida. No entanto, ninguém se esquece da responsabilidade e todos ajudaram financeiramente a nossa festa e também contribuirão para o Natal que também faremos para essas crianças.” A festa aconteceu na última segunda-feira (12), das 10 às 13h, no Bar da Graça, cuja proprietária cedeu o local para que o evento fosse realizado. Nenhuma bebida alcoólica foi vendida durante a festividade. Gisele explica que o sentimento é de gratidão. “Ajudar com tão pouco esses meninos e meninas nos dá uma sensação maravilhosa de estar fazendo algo bom e positivo para eles. Alguns ficavam tão felizes com os saquinhos com lembrancinhas que parecia algo muito precioso. Para nós parece pouco, mas para eles foi algo muito especial.”

Risologistas e Trupe do Bem E, como de costume, outro grupo também solidário fez uma série de visitas nos dias que precederam o Dia das Crianças. Os Risologistas e a Trupe do Bem estiveram, no dia 5 de outubro, no Country Club, e receberam os assistidos pela Associação Valadarense de Assistência e Defensora dos Direitos dos Excepcionais (AVADDE). No dia 11 de outubro, foram até Capitão Andrade visitar a comunidade e, no dia 12, estiveram na Fraternidade O Caminho para uma tarde de recreação com as crianças do bairro São Tarcísio. Segundo Suellen Rodrigues, uma das coordenadoras da Trupe, esse foi o ano da campanha “Sorriso do Bem”. Eles levaram não só alegria e diversão, mas distribuíram também kits de higiene bucal com escova, pasta de dente e fio dental.

Festa da Fantasia completa 24 anos

Com o tema “Circus”, principal atração é o cantor Marcelo D2

A

maior festa do gênero de Minas acontece desta vez no Parque de Exposições, no dia 17 de outubro. Também terá atrações como a banda Melanina Carioca (RJ), com os integrantes globais Marcelo Mello, Roberta Rodrigues, Jonathan Haagensen, Jonathan Azevedo, Luiz Otávio, Roberta Santiago, Jefferson Brasil e o músico David Santos. Os ingressos já podem ser comprados nos pontos de venda oficiais: By Fiapo, Linda Ester, Expedição Vila Isa e Chilli Beans (GV Shopping). Também é possível adquirir o ingresso online no site portaldoingresso.com.br. Informações pelo telefone 3271.8972 ou na fanpage oficial no facebook.com/festadafantasiagv.


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