JORNAL FIGUEIRA ANO 2 NÚMERO 91 FIM DE SEMANA DE 25 A 27 DE DEZEMBRO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00
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ALVO ERRADO
Ativistas de todo o país atacam personalidades que defendem as mesmas causas que eles. Depois reclamam que nenhuma lei ou mudança é feita para melhorar o país. A culpa é da desunião. Páginas 6 e 7
OPINIÃO 2
FIGUEIRA - Fim de semana de 25 a 27 de dezembro de 2015
PARLATÓRIO
EDITORIAL
Janela do caos Tudo se passa Em Egitos de corredores aéreos Em galerias sem lâmpadas À espera de que Alguém Desfira o violoncelo - Ou teu coração? Azul de guerra.
Tu não carregaste pianos Nem carregaste pedras Mas na tua alma subsiste - Ninguém se recorda E as praias antecedentes ouviram O canto dos carregadores de pianos, O canto dos carregadores de pedras. O céu cai das pombas. Ecos de uma banda de música Voam da casa dos expostos. Não serás antepassado Porque não tiveste filhos: Sempre serás futuro para os poetas. Ao longe o mar reduzido Balindo inocente. Harmonia do terror Quando a alma destrói o perdão E o ciclo das flores se fecha No particular e no geral: Nenhum som de flauta, Nem mesmo um templo grego Sobre colina azul Decidiria o gesto recuperador. Fome, litoral sem coros, Duro parto da morte. A terra abre-se em sangue, Abandona o branco Abel Oculto de Deus. A infância vem da eternidade. Depois só a morte magnífica - Destruição da mordaça: E talvez já a tivesses entrevisto Quando brincavas com o pião Ou quando desmontaste o besouro. Entre duas eternidades Balançam-se espantosas Fome de amor e a música: Rude doçura, Última passagem livre. Só vemos o céu pelo avesso.
Que esperam todos? O vento dos crimes noturnos Destrói augustas colheitas, Águas ásperas bravias Fertilizam os cemitérios. As mães despejam do ventre Os fantasmas de outra guerra. Nenhum sinal de aliança Sobre a mesa aniquilada. Ondas de púrpura, Levantai-vos do homem. Penacho da alma, Antiga tradição futura: Se a alma não tem penacho Resiste ao Destruidor? A velocidade se opõe À nudez essencial. Para merecer o rompimento dos selos É preciso trabalhar a coroa de espinhos. Senão te abandonam por aí, Sozinho, com os cadáveres de teus livros. Pêndulo que marcas o compasso Do desengano e solidão, Cede o lugar aos tubos do órgão soberano Que ultrapassa o tempo: Pulsação da humanidade Que desde a origem até o fim Procura entre tédios e lágrimas. Pela carne miserável, Entre colares de sangue, Entre incertezas e abismos, Entre fadiga e prazer, A bem-aventurança. Além dos mares, além dos ares, Desde as origens até o fim, Além das lutas, embaladores, Coros serenos de vozes mistas, De funda esperança e branca harmonia Subindo vão. Murilo Mendes Murilo Mendes
EXPEDIENTE Av. Minas Gerais, 700/601 Centro CEP 35010-151 Governador Valadares - MG Telefone (33) 3021-3498 redacao.figueira@gmail.com
O Jornal Figueira é uma publicação da MPOL Comunicação e Pesquisa. CNPJ 16.403.641/0001-27. Em parceria de conteúdo com a Fundação Figueira do Rio Doce. São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica.
Editor Fernando Gentil - DRT/MG 18477 Reportagem Gina Pagú - DRT/MG 013672
Colunistas e Colaboradores Ingrid Morhy João Paulo M. Araújo José Marcelo Júlio Avelar Marcos Imbrizi
Revisão Fábio Guedes - DRT/MG 08673
Assessoria jurídica Alexandre Albino
Ombudsman Manoel Assad
Diagramação Stam Comunicação - (33) 3016-7600
Artigos assinados não refletem a opinião do jornal
FIGUEIRA - Fim de semana de 25 a 27 de dezembro de 2015
Tribuna
Você é a favor da pena de morte? Cai das sombras das pirâmides Este desejo de obscuridade. Enigma, inocência bárbara, Pássaros galopando elementos Do fundo céu Irrompem nuvens eqüestres. Onde estão os braços comunicantes E os pára-quedistas da justiça? Vultos encouraçados presidem À sabotagem das harpas.
Telefonam embrulhos, Telefonam lamentos, Inúteis encontros, Bocejos e remorsos. Ah! Quem telefonaria o consolo O puro orvalho E a carruagem de cristal.
Diretor e Jornalista Responsável Moisés Oliveira - DRT/MG 11567
OPINIÃO 3
João Paulo M. Araújo
João Paulo M. Araújo é professor da Universidade Federal de Juiz de Fora campus Governador Valadares Contato: jp.medeirosaraujo@gmail.com
SIM
A posição libertária em relação à pena de morte
CORIOLANO
Murray N. Rothbard (1926-1995) – Foi decano da Escola Austríaca e fundador do moderno libertarianismo. Também foi vice-presidente acadêmico do Ludwig von Mises Institute e do Center for Libertarian Studies.
N
os últimos anos, poucos assuntos geraram tanta comoção entre o público geral do que a questão da pena de morte. Por todo o país e principalmente nas áreas urbanas, uma crescente onda de crimes violentos, assaltos e homicídios geraram uma efervescente pressão popular pela restauração da pena de morte para os homicídios. Mesmo que unicamente por essa razão, o movimento libertário deve abordar diretamente a questão da pena capital, pois somente se abordarmos honesta e diretamente os assuntos do dia é que poderemos tornar o libertarianismo relevante para o público. Não há dúvidas de que a esmagadora maioria do público, independentemente de credo ou ocupação, apoia veementemente o retorno da pena de morte, pondo um fim à abolição que havia sido implementada por intelectuais de esquerda e seus simpatizantes judiciais. Mesmo a altiva Suprema Corte dos Estados Unidos já oscilou. Em 1972, ela baniu toda e qualquer pena capital com base na nova e curiosa doutrina constitucional de que isso violava a proibição imposta pela Oitava Emenda de “punição cruel e atípica”. Em 1976 e 1977, entretanto, ela recuou a ponto de autorizar a pena de morte para homicídios apenas (e não para estupro ou sequestro), mas somente onde sua imposição não havia sido tornada compulsória pela legislatura local. Atualmente, trinta e três Estados possuem estatutos para a pena de morte, os quais continuam sendo testados nos tribunais. O Partido Libertário, de cujo comitê faço parte, vem tentando se esquivar da questão da pena de morte até que um consenso mais amplo sobre a teoria da punição seja obtido. As opiniões dentro do movimento variam ampla e abertamente, indo desde a visão ultrapacifista de que todo o tipo de punição deve ser abandonado até a posição do “juiz carrasco”, que diz que qualquer violação da propriedade privada de alguém, por menor que seja, demonstra que o criminoso não possui qualquer respeito pelos direitos de propriedade e que, portanto, esse pequeno agressor deve ser executado. Independentemente das opiniões, o fato é que não podemos nos dar ao luxo de continuar adiando um posicionamento acerca da questão da pena de morte. Esta tornou-se uma questão premente na vida política, deixando de ser apenas mais um fascinante problema da eminente teoria libertária. Precisamos antes resolver esse problema dentro de nossos quadros para, só então, promovermos nossa visão no debate público. Em minha opinião, não se trata de uma mera casualidade o fato de haver muito pouco apoio entre o público para a pena de morte que não seja para o crime de homicídio – ainda que na Inglaterra do século 18, por exemplo, a pena de morte tenha sido empregada com prestimosa naturalidade para vários tipos crimes. Creio que os instintos do público estejam corretos quanto
a esse quesito: ou seja, que a punição deve ser de acordo com o crime; que a punição deve ser proporcional ao crime praticado. A justificativa teórica para tal é que um agressor perde seus direitos à medida que ele viola os direitos de outro ser humano. Se A rouba R$ 10 mil de B, então ele não apenas deveria ser obrigado a devolver esses R$ 10 mil (sendo essa a posição “restitucionista”, com a qual a maioria dos libertários concordaria), como também deveria perder o direito de ter R$ 10 mil para si próprio; ou seja, ele deveria ser forçado a pagar à vítima R$ 10 mil por sua agressão. Porém, se A perde seu direito de ter R$ 10 mil, deveria B, a vítima, também ter o direito de executar A pelo seu crime? É claro que não, pois desta forma a punição seria grosseiramente desproporcional. O criminoso perderia, assim, uma importante parte de seus próprios direitos, e B — a vítima anterior — e seus cúmplices estariam agora cometendo seu próprio ato de agressão contra A. É relativamente fácil determinar punições monetárias no caso de roubo. Mas, e quanto a crimes como homicídio? Neste caso, em minha opinião, o assassino perde precisamente o direito do qual ele privou outro ser humano: o direito de ter sua vida preservada e protegida da violência de outra pessoa. O assassino, portanto, merece ser morto em troca. Ou, colocando de forma mais exata, a vítima — neste caso seu representante, na forma de herdeiro ou testamenteiro — deveria ter o direito de executar o assassino em troca. Os libertários não podem mais se dar ao luxo de adiar uma abordagem quanto à pena de morte. A questão tornou-se um problema urgente demais. A tese esquerdista de que a pena de morte é brutal porque é condescendente com o assassinato é falaciosa porque tira do contexto o isolado ato de matar o assassino: o contexto do assassinato anterior que o agressor cometeu. Já estamos familiarizados com o fato de que os esquerdistas, ao derramarem lágrimas pelo assassino condenado, deliberadamente ignoram a violência muito mais trágica que este assassino cometeu contra sua vítima. Outra reclamação comum dos esquerdistas é a de que a pena de morte não desestimula novos homicídios de serem cometidos. Todas as estatísticas são seguidamente torturadas na tentativa de “provar” ou refutar essa alegação. Embora seja impossível provar seu grau de dissuasão, parece ser incontestável o fato de que alguns homicídios seriam desencorajados pela pena de morte. Algumas vezes, o argumento esquerdista aproxima-se perigosamente da alegação de que nenhuma punição pode impedir crime algum — uma visão manifestamente absurda, que poderia ser facilmente testada: remova todas as punições legais para o não pagamento do imposto de renda e observe se haveria alguma redução nos impostos pagos (quer apostar?). Ademais, o próprio assassino certamente será
“dissuadido” de repetir seu crime – e de modo bem permanente. Porém, em todo caso, observe que não formulei meu argumento em termos utilitaristas, como a dissuasão de futuros crimes; meu argumento foi baseado em direitos básicos e na exigência de justiça. O libertário posiciona-se a favor dos direitos individuais não simplesmente tendo por base suas consequências sociais, mas, mais enfaticamente, tendo por base a justiça que é devida a cada indivíduo. Alguns Estados americanos autorizam a pena de morte apenas para assassinos de policiais ou guardas penitenciários e não para quaisquer outros casos de homicídio. Ao libertário resta apenas considerar tais estatutos uma obscenidade. Impor a pena de morte exclusivamente para assassinos de funcionários do governo e não também para os assassinos de cidadãos comuns é algo que pode ser considerado, no mínimo, uma grotesca caricatura de justiça. Afinal, isso significa que o propósito do governo é o de proteger integralmente apenas os direitos de seus próprios membros e os de mais ninguém? Até aqui estive ao lado dos proponentes da pena de morte, aliando-me aos instintos do público em geral e contra os sofismas da elite intelectual esquerdista. Porém, há uma importante diferença. Enfatizei durante todo este tempo o direito da vítima e não o da “sociedade” ou do Estado. Em todos os casos, deveria ser a vítima – e não a “sociedade” ou “seu” promotor público – quem deveria fazer as acusações e decidir se vai ou não exigir alguma punição. A “sociedade” não tem direito algum e, portanto, não tem o que palpitar no caso em questão. O Estado hoje monopoliza a oferta dos serviços de defesa, de justiça e de punição. Enquanto continuar fazendo isso, ele deveria agir como nada mais nada menos que um agente voltado para a guarda e cumprimento dos direitos da cada indivíduo – neste caso, os da vítima. Se, portanto, um crime for cometido, deveria ser função da vítima prestar queixas ou decidir se a restituição ou punição devida a ela deve ser impingida pelo Estado. A vítima deveria ter a possibilidade de dizer ao Estado para não prestar queixas ou para não punir a vítima na totalidade em que tem direito. Assim, suponha que A pratique uma agressão contra B; porém, se B for um pacifista ou não acreditar em punições por algum motivo qualquer, então o Estado não deveria poder, como pode hoje, continuar processando A em nome da “sociedade”, mesmo com a vítima insistindo para que isso não ocorra. Ou, de modo similar, o criminoso deveria poder negociar com a vítima um preço para não ser processado ou punido, pois, neste caso, a vítima concordou voluntariamente em permitir que o criminoso pague a ela uma restituição monetária em lugar de outras sanções contra ele. Em suma, dentro dos limites de seu direito proporcional à punição, a vítima deveria ser a única a deci-
C
atilinárias. Eis o sonoro nome da última operação da Polícia Federal, direcionada aos mandarins graúdos da pequena política brasileira. A referência é ao senador romano Catilina, que por duas vezes conspirou para derrubar a República. A comparação que daí resulta é bem óbvia. Mas há algo mais por detrás da simples associação. Porque o nome de Catilina evoca imediatamente o de seu adversário, Marco Túlio Cícero, o mais famoso dos senadores e juristas romanos, exemplo das virtudes estoicas, do republicanismo, da honestidade – já ali quando a República romana caminhava para o abismo. Os nossos Catilinas são bastante conhecidos: há muito que frequentam as páginas dos jornais, embora quase sempre na seção policial. Mas quanto aos nossos autodeclarados Cíceros? Que se pode dizer deles? Do estoico Serra, do republicano Aécio, do honesto Alckmin e do virtuoso FHC? Serra, por exemplo, dá-nos constante-
dir o quanto de seu direito ela quer exercer – e se ela quer exercê-lo. Porém, e isso já foi dito, como podemos deixar a decisão para a vítima no caso de assassinato, precisamente o único crime que remove a vítima totalmente do cenário? Podemos realmente confiar que seu herdeiro ou testamenteiro cumprirá total e sinceramente os interesses da vítima, especialmente se permitirmos ao crimi-
mente mostra de seu valor. Tendo perdido em 2002, presenteou-nos com a resiliência do seu espírito em nova derrota em 2010. Em 2012, tentou a prefeitura de São Paulo – também sem sucesso. Alguns sugeriram-lhe a sindicatura do condomínio onde reside. Mais esperto, jogou-se ao Senado. Hoje, o estoico mostra suas qualidades inegáveis apresentando-se na primeira linha de defesa e colaboração com a alternativa golpista. Tudo para que possa estar em evidência. Aécio Neves certamente faz jus à comparação. Tanto mais porque descende de uma personagem notória na política nacional. Fez, segundo os jornais do Estado que controla, um excelente governo: basta perguntar aos professores estaduais. A derrota no ano passado tornou-o possuído pelo exu republicano: desde então, contesta o resultado das eleições e capitaneia o pedido de impedimento da atual presidente. Um choque de republicanismo, diriam alguns. Pergunto-me o que diria o avô... O honesto governador de São Paulo não fica para trás. Cioso da crise financeira atual,
noso pagar pela anulação da punição, ao lidar diretamente com o herdeiro? Este, entretanto, não é um problema insuperável. A resposta para o impasse é lidar com o problema da mesma maneira com que os desejos de uma pessoa falecida são cumpridos: por meio de um testamento. O falecido pode instruir herdeiros, tribunais e terceiros sobre como ele gostaria que um eventual assassino seu fosse
determinou que sua polícia gastasse menos dinheiro: ela agora treina táticas de guerra em cima de estudantes secundaristas, trabalhadores e manifestantes em geral. Foi inclusive premiado pelo modo como lidou com a maior crise hídrica da história do estado, que resumiu em uma singela declaração: “que crise?”. As estatísticas de mortes atribuídas a policiais militares em São Paulo dão outro testemunho do seu valor. A Opus Dei carimba-lhe o resto das credenciais. Mas talvez o maior de todos ainda se está por falar. Fernando Henrique Cardoso se destaca à frente de todos os seus comensais. É, efetivamente, o primeiro entre os iguais; um Cícero entre Cíceros. Papel, aliás, que há muito incorporou: em um jantar pouco antes da derrota do último dos seus ungidos, jogou todo o seu charme e latim para citar o trecho da famosa oração, conclamando Aécio a livrar-se daqueles que estavam “arruinando o Brasil”. Ao cabo, as derrotas dos demais não são senão a derrota do seu projeto para o Brasil. Pois em FHC encontramos, reunidas, to-
tratado. Neste caso, pacifistas, intelectuais esquerdistas e afins poderiam deixar cláusulas em seus testamentos instruindo as autoridades a não matar ou até mesmo a não processar um criminoso na eventualidade de seu assassinato – e as autoridades seriam obrigadas a obedecer. Como uma questão prática, aqui e agora, e até que tais desejos se tornem uma prática comum, os libertários
das as qualidades dos seus epígonos de primeira ordem. O estoicismo na sua aliança, por 8 anos, com os setores mais atrasados do país; o republicanismo expresso na compra da emenda constitucional que lhe permitiu a reeleição; a honestidade com a qual procedeu à dilapidação do patrimônio nacional, das universidades públicas, do sistema de saúde. Bem se vê que os Cíceros do nosso tempo mais se assemelham aos tribunos populares da peça Coriolano, de Shakespeare: hedonistas, demagogos, venais, jogam despudoradamente com os instintos de uma plebe ruidosa que lhes serve para gerar o caos e a balbúrdia, ao tempo em que aconchavam com o pior das elites para fazer estar à frente quando advir o sossego. E hoje, quando também nossa República caminha para o despenhadeiro e parecem pulular Cíceros e Catilinas, sentimos a falta que nos faz apenas um Coriolano. Alguém que, à estirpe de Cíceros que nossa pouca vergonha permitiu produzir, exclame sem titubear: “vil matilha de cães (...) Aqui vos deixo com vossas inconsistências”.
podem entrar na arena política com a seguinte e bem definida posição, uma posição que não apenas endossa os ardorosos instintos do público em geral, mas que também os instrui ainda mais nos princípios libertários, a saber: defendemos a pena de morte para todos os casos de homicídio, exceto para aqueles casos em que a vítima deixou um testamento instruindo seus herdeiros a não impor a pena capital em
qualquer possível assassino seu. Desta forma, aqueles que possuem uma consciência pacifista, progressista ou complacente podem descansar em paz sabendo que nunca tomaram parte da pena de morte. Enquanto isso, o resto de nós pode usufruir a pena capital que gostaríamos de aplicar, livres da interferência de esquerdistas inoportunos e intrometidos. *Texto retirado do site Mises
NÃO
O homicídio legal da pena de morte René Ariel Dotti – Advogado, professor de direito penal e vice-presidente honorário da Associação Internacional de Direito Penal.
A
Constituição declara que a República Federativa do Brasil rege-se em suas relações internacionais por alguns princípios fundamentais, entre eles o da “prevalência dos direitos humanos”, incluído em segundo lugar, logo após a regra expressa da independência nacional (CF, art. 4º, II). Essa proclamação é característica de Estados Democráticos de Direito que defendem as suas instituições perante o universo dos demais países como forma de estabelecer reciprocidade no tratamento de interesses comuns. Tais observações vieram a minha lembrança com as lamentáveis notícias e reportagens de que o paranaense Rodrigo Gularte encontra-se no corredor da morte em uma prisão da Indonésia à espera de ser executado por determinação da Justiça daquele país. A dramática decisão resultou de um processo, aberto há alguns anos, porque o condenado tentava entrar naquele país com certa quantidade de
droga, configurando o tráfico, que é severamente punido. Por mais lamentáveis que se mostrem as consequências de um delito e a temibilidade de seu autor, ainda assim, não se justifica o “homicídio legal”, ou seja, cometido pelo Estado, quando seu primeiro dever é proteger a vida de seus cidadãos. Um dos mais prestigiados mestres internacionais de direito penal e que foi durante dez anos presidente da Associação Internacional de Direito Penal (entidade consultora da ONU, fundada em 1924), o professor Jose Luis de La Cuesta, no artigo “Pena de morte para os traficantes de drogas?” demonstra que nenhuma das funções da pena criminal, ou seja, prevenir novos delitos por parte do condenado e das demais pessoas na sociedade (pela intimidação) e retribuir a culpa do delinquente (pelo sofrimento) são suficientemente atendidas com a imposição dessa cruel sanção de liturgia macabra na execução e do
terror pela espera do último dia de vida para o sentenciado, familiares e amigos. O mestre espanhol sustenta que a extrema gravidade de uma infração penal não justifica a eliminação física do infrator em lugar da perda da liberdade e outros direitos por um tempo determinado com vista a sua possível reinserção social. E recorre ao exemplo da heresia, que era um crime nefando sancionado com a morte pela fogueira. Os estudos de personalidade dos culpados de crimes muito graves, tais como o assassinato, demonstram que o fato de poder ser condenado à pena capital não teve nenhum efeito significativo em sua conduta. Pesquisas como as de Sellin nos Estados Unidos, de Leaute, na França, ou de Growers, que dirige a Royal Commission no Reino Unido, sustentaram inúmeras vezes a ausência de efeito específico de intimidação da pena capital, visto que sua abolição não aumenta o número dos delitos punidos com a
penalidade máxima. O Brasil não admite a pena de morte, salvo quanto à lei militar em caso de guerra declarada em face de agressão estrangeira (CF, art. 84, XIX). Ao contrário, repudia tal solução em tempos de paz porque a considera uma espécie de sanção cruel, que é vedada, como as de caráter perpétuo, de trabalhos forçados e de banimento (CF, art. XIX). Sob outro aspecto, a Constituição proclama, entre os direitos e garantias fundamentais, a garantia da inviolabilidade do direito à vida, entre outros bens.
A última pena de morte executada em nosso país ocorreu em 6 de março de 1855, quando subiu ao cadafalso da forca – jurando inocência – o fazendeiro Manoel da Mota Coqueiro, condenado por homicídios contra uma família de oito colonos. Pouco tempo mais tarde descobriu-se que a “Fera de Macabú”, como foi tristemente apelidado, era inocente. Aquele trágico erro judiciário levou Dom Pedro 2º a decretar a abolição da infamante pena.
RECORTE DAS REDES
*Texto retirado do site Gazeta do Povo
FIGUEIRA - Fim de semana de 25 a 27 de dezembro de 2015
POLÍTICA | ECONOMIA 4
INTERNACIONAL 5
Férias e trabalho: oportunidade para uns, diversão para outros
Imagem: Coca-Cola
O Papai Noel e a Coca-Cola
A temporada de ganhar dinheiro chegou. No verão, muita gente faz um “extra” enquanto turistas gastam as economias guardadas do durante o ano Foto: Divulgação
FIGUEIRA - Fim de semana de 25 a 27 de dezembro de 2015
Foto: Divulgação
Empresa foi responsável pela popularização do bom velhinho O Papai Noel da Coca-Cola Fernando Gentil
O
Litoral capixaba ainda atrai valadarenses
Cruzeiros marítimos: oportunidade de emprego e diversão
Gina Pagú
Q
uem nunca pensou em fazer um cruzeiro pela Europa ou pelas Américas durante uma semana ou um mês? Os destinos são diversos, a curiosidade dos turistas também. Mas, quem embarca também nas férias são as tripulações de navios que promovem as viagens tão desejadas. Maria Augusta, turismóloga, vai pela terceira vez em uma viagem de trabalho que durará oito meses. “Vejo como uma oportunidade de ganhar uma grana melhor do que se trabalhasse em terra fime. São oito meses que valem por um ano. É uma jornada dura de até 12 horas por dia, com escalas e pouca folga, mas vale a pena. Para quem fala inglês ao menos no nível intermédiário e quer encarar o desafio, há uma grande possibilidade de fazer um extra. Os salários podem chegar até US$ 5 mil por mês, dependendo do cargo.” Os cruzeiros marítimos podem
custar de R$ 3 mil, em viagens pelo Brasil, a R$ 17 mil, em cabines mais luxuosas, mas tudo dependerá dos destinos, tempo de viagem, acomodações e pacotes escolhidos. Contudo, a turismóloga garante que é tempo de ganhar dinheiro e se divertir. “Muita gente vem pela primeira vez em viagens curtas de uma semana e, no ano seguinte, voltam e viajam por mais tempo. Trabalhando como bartender conheci gente de todos os lugares e sei que é uma ótima opção de turismo, pois o navio para em vários portos e há tempo de conhecer países e cidades diferentes. Para quem trabalha, é hora de aprender coisas novas e fazer uma pequena poupança.”
Litoral O litoral capixaba continua sendo o quintal dos mineiros. Guarapari, Conceição da Barra e Vitória conti-
nuam sendo destinos muito procurados pelos valadarenses. A vendedora Kênia Tavares disse que já reservou um apartamento na Praia do Morro, em Guarapari, para passar o carnaval com a família. “Todo ano vamos para a praia e neste fizemos uma reserva de grana para ficarmos mais tranquilos. Serão dez pessoas – e sem economizar na diversão.” Quem ganha com a viagem dessa família é Anette Araújo, dona de uma agência de viagens no Espírito Santo. A empresária se mudou de Belo Horizonte para o Guarapari há três anos e disse que não volta mais para Minas. “Eu administrava de longe a agência, passei um tempo fazendo isso, mas quando visitei a empresa decidi ficar e nunca mais voltar para BH. Aqui, além de ganhar dinheiro, eu tenho esse paraíso que é só nosso. Em Guarapari temos estrutura de cidade grande e a calmaria do interior, e isso faz dessa
cidade o nosso paraíso diário.”
Destinos Segundo a revista Info Money, dentre os destinos que mais atraem os brasileiros para as férias de 2011 estão os nacionais, como o litoral de Santa Catarina e o sul da Bahia. Esses lugares, considerando as férias de 2016, tiveram um acréscimo de procura de 44% e 24%, respectivamente – isso por terem estrutura para receber os turistas, como aeroportos bem localizados, clima agradável na maior parte do ano, além de gastronomia marcante. Cuba, Malta e República Dominicana dominam o turismo internacional, por conta das praias e dos vestígios culturais. A Polônia é outro país procurado por receber, em 2016, a Jornada Mundial da Juventude e ter a moeda desvalorizada diante do euro.
Confira a lista dos 12 destinos mais buscados pelos brasileiros
1º. Bangkok, Tailândia 2º. Bonito, Brasil 3º. Chile 4º. Cuba 5º. Fernando de Noronha, Brasil 6º. Malta 7º. Nova Zelândia 8º. Polônia 9º. República Dominicana 10º. Rio de Janeiro, Brasil 11º. Porto Seguro e Ilhéus, BA 12º. Florianópolis e Balneário Camboriú, Santa Catarina
Fonte: Revista Info Money
Café com Leite Marcos Imbrizi / De São Paulo
Propriedade dos meios de comunicação no Brasil
U
ma das questões mais bizarras no que diz respeito aos meios de comunicação no Brasil é a da concentração das principais redes nas mãos de poucas famílias. Podemos contar nos dedos das mãos estas famílias: Santos, Marinho, Macedo, Saad e Dallevo/Carvalho, que compraram as concessões da Rede Manchete no final da década de 1990 (atual Rede TV). Recentemente o jornal Folha de São Paulo publicou reportagem que questiona outro ponto importante referente à questão: deputados federais e senadores da República proprietários de concessões de emissoras de rádio e TV. A questão é que a Constituição Federal, em seu artigo 54, proíbe aos congressistas “firmar ou manter contrato com empresa concessionária de serviço público”. E em muitos casos estes senhores têm o controle, senão de todos, de boa parte dos meios de comunicação das regiões onde atuam.
Ou seja, eles têm o poder de decisão do que vai ser noticiado. Ou não. De acordo com a reportagem, 32 deputados federais e oito senadores estão nesta situação e serão alvo de ação do Ministério Público Federal, por meio de suas sedes estaduais para averiguar a situação. A iniciativa inédita tem o aval do procurador-geral da República Rodrigo Janot e do Coletivo Intervozes, entidade que atua na área da democratização dos meios de comunicação. Entre eles, os senadores Fernando Collor (PTB – AL), que tem sete concessões, Tasso Jeriassati (PSDB-CE), duas concessões, Edison Lobão (PMDB-MA), uma concessão, Jader Barbalho (PMDB-PA), cinco concessões, Acir Gurgacz (PDT-RO), José Agripino (DEM-RN), quatro concessões, e Aécio Neves (PSDB-MG), que tem uma concessão. Entre os deputados, Sarney Filho (PV-MA), tem
três concessões, Beto Mansur (PRB-SP), três concessões, e os mineiros Bonifácio Andrada (PSDB), Dâmina Pereira (PMN), Jaime Martins (PSD) e Rodrigo Castro (PSBD), donos de uma concessão cada. Vale lembrar que a reportagem se restringe a deputados federais e senadores. E de fato, muitos deputados estaduais, prefeitos e vice-prefeitos também cometem a mesma irregularidade ao manter emissoras de rádio e TV nas regiões em que atuam, e também devem ser investigados. Ainda sobre a questão, o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, informa que o Observatorio Latinoamericano de Regulación, Medios y Convergencia (Observacom) divulgou, recentemente que prepara um informe com recomendações para combater a concentração, o monopólio e o oligopólio de meios de comunicação no continente. A publicação
trará sugestões de medidas concretas para limitar ou reverter processos de concentração midiática e funcionará como uma espécie de guia para os Estados reformularem seus marcos regulatórios e suas políticas públicas quanto ao tema. O princípio adotado pelo CIDH é de que os Estados têm de promover a diversidade e o pluralismo nos meios para garantir o direito à liberdade de expressão. Argentina – E o novo presidente da Argentina Mauricio Macri já começou a mostrar a que veio. Poucos dias depois de assumir, seu ministro das Comunicações afirmou que pretende modificar a lei implementada pela ex-presidente Cristina Kirchner, que determinou o desmembramento dos grandes conglomerados de comunicação, entre eles o jornal Clarin. E que 2016 nos traga boas notícias. Com mais democracia, e menos golpe. Marcos Luiz Imbrizi é jornalista e historiador, mestre em Comunicação Social, ativista em favor de rádios livres.
Papai Noel e sua história não foram criados pela Coca-Cola, como alguns dizem por aí. São Nicolau é um santo católico que ficou conhecido por ajudar economicamente pessoas e famílias com condições financeiras debilitadas. Ele jogava um saco de moedas pelas chaminés das casas. Após isso, a história, cultura e o folclore deram um jeito de transformar o arcebispo de Mina, na Turquia, em Papai Noel. São Nicolau tem a imagem de um bispo normal, com trajes típicos e não muito a ver com a figura do Papai Noel: um homem gordo, de barba e cabelos brancos, que se veste de vermelho. Este ser inventado teve influência direta da marca de refrigerantes. No século 20, a Coca-Cola fez um comercial de Natal que colocava o bom velhinho como protagonista. A partir disso, essa imagem foi utilizada ano após ano pela empresa até que se tornou mundialmente popular e um símbolo do Natal. Além disso, a lenda foi tomando outras proporções, ao dizer que ele mora no Polo Norte, viaja em um trenó voador guiado por renas e habita uma casa com elfos mágicos que fabricam brinquedos e doces. A imaginação fluiu junto com a imagem do São Nicolau e a perspicácia publicitária da Coca-Cola. Em 1939, outra lenda foi criada para ajudar ainda mais a imaginação das crianças. Rudolph, a rena de nariz vermelho, é aquela que guia as outras para não se perderem nas tempestades. Isso fez com que o trenó do bom velhinho tivesse nove renas em vez das tradicionais oito. O envio de cartas para o Papai Noel também veio depois da criação do mito. Antigamente, enviavam-se muitas cartas para santos e entidades religiosas com pedidos e agradecimentos. Porém, não foi São Nicolau
que influenciou isso, mas sim uma relação familiar. Apenas no século 20 o envio de cartas para o bom velhinho foi institucionalizado por conta de tradições familiares. A questão de a criança ter de se comportar durante o ano para ganhar o presente também foi algo inventado dentro de casa. No Brasil, os Correios, por exemplo, recebem cartas de milhares de crianças pobres que aguardam alguém para dar o presente que pedem. É uma forma de socializar a criação de uma lenda completamente capitalista e consumista, mas que, mesmo assim, traz o espírito natalino e uma espécie de gratidão à paz, à união e às diferenças. Trazer o amor em uma época tão trágica para o país é algo necessário e o Natal vem para tentar quebrar essas barreiras. O único problema é que, com o Natal, também aparecem as brigas familiares por questões políticas e sociais. Mas tudo se resolve na troca de amigo oculto e na ceia acompanhada por aquela cerveja gelada ou um bom vinho. Feliz e pacífico Natal a todos! Confira a nota da Coca-Cola sobre a relação entre a publicidade feita por ela nos anos 1920 e a construção do Papai Noel consumista e capitalista. Qual a relação entre a história do Papai Noel e a Coca-Cola? A The Coca-Cola Company iniciou sua publicidade de Natal na década de 1920 com anúncios em revistas como The Saturday Evening Post, Ladies Home Journal, National Geographic, The New Yorker e outras, nos quais mostrava um Papai Noel de olhar austero, no estilo de Thomas Nast. Em 1931, a empresa começou a introduzir anúncios da Coca-Cola em revistas mais populares. Archie Lee, executivo da agência de publicidade D’Arcy, queria uma campanha que mostrasse um Papai Noel saudável,
que fosse ao mesmo tempo realista e simbólico. O ilustrador Haddon Sundblom foi encarregado de desenvolver imagens publicitárias que mostrassem o próprio Noel, e não um homem fantasiado. Para obter inspiração, Sundblom recorreu ao poema de Clement Clark Moore, de 1822 “A Visit From St. Nicholas” (“Antes da Véspera de Natal”), que evoca a imagem de um Papai Noel caloroso, amigável, gorducho e humano. Mesmo que digam que Papai Noel vista um casaco vermelho por conta da cor da Coca-Cola, ele já era representado vestido de vermelho antes de Sundblom tê-lo pintado. Entre 1931 a 1964, a publicidade da Coca-Cola mostrava o Papai Noel entregando brinquedos (e brincando com eles!), parando para ler uma carta e desfrutar uma Coca-Cola, visitando as crianças que ficavam acordadas para esperá-lo e atacando as geladeiras de muitas casas. As pinturas a óleo originais de Sundblom foram adaptadas para a publicidade da Coca-Cola em revistas e displays de lojas, outdoors, cartazes, calendários e bonecos de pelúcia. Muitos desses itens são colecionáveis atualmente. Sundblom criou sua versão final do Papai Noel em 1964, mas por várias décadas a publicidade da Coca-Cola destacou imagens de Papai Noel baseadas nos trabalhos originais do artista. Essas pinturas são algumas das peças mais valiosas da coleção de arte dos arquivos da empresa e já foram exibidas em todo o mundo, em locais famosos como o Museu du Louvre em Paris, o Royal Ontario Museum, em Toronto, o Museum of Science and Industry, em Chicago, na Isetan Department Store, em Tóquio, e na NK Department Store, em Estocolmo. Muitas das pinturas originais podem ser vistas em exibição no World of Coca-Cola, em Atlanta, Geórgia. No início, Sundblom pintava a ima-
Imagem: Vaticano
O Papai Noel real
gem de Noel usando um modelo vivo, seu amigo Lou Prentiss, um vendedor aposentado. Quando Prentiss morreu, Sundblom usou a si mesmo como modelo, pintando enquanto olhava para o espelho. Finalmente, ele começou a depender de fotos para criar a imagem de São Nicolau. As pessoas adoravam a imagem do Papai Noel da Coca-Cola e prestavam tanta atenção nela que, quando alguma coisa mudava, escreviam reclamações para a The Coca-Cola Company. Um ano, o cinto grande do Papai Noel estava virado para trás (talvez porque Sundblom estivesse pintando com base em um espelho). No outro, Papai Noel apareceu sem a aliança, fazendo com que os fãs escrevessem perguntando o que tinha acontecido com a Mamãe Noel. As crianças que apareciam com Papai Noel nas pinturas de Sundblom eram baseadas
nos vizinhos do pintor, duas meninas. Então, ele transformou uma delas em menino em suas pinturas. O cachorro da pintura de Papai Noel de Sundblom de 1964 era, na realidade, um poodle cinza que pertencia ao florista do bairro. Mas Sundblom queria que o cachorro se destacasse na cena do natal, então o pintou com o pelo preto. Em 1942, foi lançado o Sprite Boy (Menino Duende), personagem que apareceu com Papai Noel na publicidade da Coca-Cola até 1950. O Sprite Boy, também criado por Sundblom, ganhou esse nome por ser um duende. A Coca-Cola só lançou a popular bebida Sprite em 1960. Em 2001, a arte da pintura de Sundblom de 1962 foi a base de um comercial de TV cuja estrela era o Papai Noel da Coca-Cola. O anúncio foi criado pelo premiado animador Alexandre Petrov.
CAPA 6
FIGUEIRA - Fim de semana de 25 a 27 de dezembro de 2015
CAPA 7
FIGUEIRA - Fim de semana de 25 a 27 de dezembro de 2015
MILITANTES ATACAM SEUS PRÓPRIOS REPRESENTANTES Atitudes acabam enfraquecendo a luta progressista no país
Jean Wyllys
Gregório Duvivier
Ricardo Boechat
Cléo Pires
Glória Pires
Chico Alencar
Marcelo Freixo
Fernando Gentil
S
e você é desses que gosta de política, com certeza já ouviu falar que a esquerda nunca vence as eleições porque é desunida. Isso é um fato, realidade. É só observar as brigas e falta de união entre partidos como PSOL, PSTU, PCB, PCO e outros. Porém, não é apenas na executiva (?) dos partidos políticos que essa divisão ocorre. Muitas vezes, os próprios movimentos sociais e militância individual atacam seus representantes de forma ignorante e desrespeitosa. Como querer mudar algo agindo dessa forma? O último exemplo disso ocorreu com o deputado do PSOL Chico Alencar. Ele foi alvo de Cunha e seus aliados, que pediram a cassação de mandato do socialista na Comissão de Ética. O relatório sequer foi aprovado, tão ridículo era o pedido. Porém, Chico enfrentou a dura missão de aguentar críticas de seus próprios eleitores. Ele fez diversas publicações no Facebook com fotos de políticos, intelectuais e artistas que o apoiam. O objetivo era claro. Mostrar à opinião pública que ele não estava sozinho e acabar de vez com a chance de o processo ser aceito pelo Conselho. No entanto, vários militantes criticaram o fato de Alencar ter colocado apenas fotos de pessoas “famosas”, esquecendo-se dos anônimos que o colocaram lá. O problema é que para a estratégia de Chico não adiantavam fotos de anônimos. A opinião pública, infelizmente, se preocupa com o que os famosos pensam. Alencar não se esqueceu de ninguém, só usou a melhor forma para manter o seu mandato. Outro fator interessante nessa história é que vários militantes cri-
ticaram a presença da foto da atriz e apresentadora Maitê Proença. Ela é “acusada” de ter criticado o Bolsa Família, chamando o programa social de bolsa esmola. Porém, mesmo com uma opinião diversa da esquerda neste fator importante, Maitê apoiou a permanência de Chico na Câmara dos Deputados e é isso que importava no momento. Mais uma crítica sem sentido nenhum, muito menos fundamento. “Sou sua fã, confesso! Mas a Maitê aqui é um absurdo. Ela nunca desmentiu que recebia sua pensão militar, mesmo casada e com seu salário de estrela da Globo. Colocar ela ao lado do Frei Betto é uma blasfêmia!”, disse uma eleitora de Alencar. Chico teve que explicar a ação porque as críticas estavam em todas as partes. “Caros e caras, as manifestações de apoio fazem parte de uma campanha ampla contra as retaliações que os adversários políticos do atual presidente da Câmara vêm sofrendo. Há ameaças de cassação não só do mandato do Chico Alencar, como do Glauber Braga e Jean Wyllys, todos do PSOL. Ainda que possamos ter discordâncias sobre algumas figuras, é importante neste momento unificar todos aqueles que são contra as medidas antidemocráticas como forma de melhor enfrentar esta situação. Não temos a pretensão de sermos os únicos honestos da Câmara – tivemos apoios individuais, por exemplo, de parlamentares dos mais diferentes partidos. Do DEM ao próprio PMDB, se algum deles quiser se manifestar publicamente contra esse absurdo e assinar o manifesto, será bem-vindo.” Antes disso, o pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro pelo
PSOL, Marcelo Freixo, também sofreu ataque de ativistas enlouquecidos. Marcelo é a principal liderança da esquerda progressista do país. Foi o deputado estadual mais votado no Brasil inteiro e tem muitas chances de ser o novo prefeito da cidade maravilhosa. No congresso do PSOL deste ano, que confirmou Freixo como pré-candidato, estavam presentes os humoristas Marcelo Adnet e João Vicente de Castro. João Vicente é um dos donos do canal Porta dos Fundos, que ficou mundialmente famoso nos últimos anos. O problema é que Adnet, humorista contratado da Rede Globo, foi visto traindo a esposa por um paparazzi em plena rua. A também humorista Dani Calabresa, esposa de Adnet, o perdoou e continuaram com o casamento. Porém, mesmo com toda a situação já resolvida, alguns militantes atacaram Freixo por aceitar o apoio de um “machista traidor”. Como se todos ali nunca tivessem cometido um erro na vida. Para terminar a lista do PSOL, o que mais recebe críticas dos militantes de esquerda é Jean Wyllys, o melhor deputado federal do Brasil eleito por dois anos consecutivos. É indiscutível a atuação do parlamentar na defesa de um país com mais respeito e justiça. Porém, mesmo assim, chovem críticas ao deputado. Principalmente, por conta da relação dele com a Globo. Jean foi campeão do Big Brother Brasil, tem uma relação muito próxima com globais e inclusive tem um programa no Canal Brasil, pertencente ao Grupo Globo. Sempre que ele publica algo sobre alguma novela, série, amigo que trabalha na emisso-
ra, recebe uma enxurrada de críticas dos seus eleitores. A mais marcante foi quando Wyllys defendeu o diretor Miguel Falabella de uma série intitulada “Sexo e as negas”, uma referência à produção norte-americana “Sex and the city”. De acordo com algumas ativistas do movimento negro, o programa era racista. Jean fez um texto explicando que conhecia Falabella e que ele nunca faria algo de cunho racista. Se pareceu, não foi a intenção do diretor. Mas isso não bastou para evitar que vários ataques ao deputado fossem feitos não só via Facebook, mas também em encontros e palestras de que ele participou.
O ataque aos famosos Além dos representantes oficiais progressistas, outros também sofreram diversos ataques dos ativistas mais estressados. Ricardo Boechat, considerado um dos melhores e mais influentes jornalistas do país, foi um deles. Em seu programa na rádio Band News, ele teceu diversas críticas ao pastor homofóbico e racista Silas Malafaia. Porém, em vez de os ativistas gostarem da atitude de Boechat, o que ele recebeu foram várias críticas. Vai entender. O jornalista mandou Malafaia ir “procurar uma rola”. Foi o suficiente para grupos feministas afirmarem que Boechat fez uma afirmação machista. É óbvio que o objetivo do âncora não foi fazer uma afirmação machista. Ele quis mostrar ao pastor, que diz tanto odiar gays, que se ele conhecesse uma rola, ele talvez mudaria de opinião e se descobriria homossexual. Mas, como diz Leonardo Sakamoto, “falta amor ao mundo e interpretação de texto também”.
Outra que sofreu ataques, agora pelo movimento LGBT, foi a atriz Glória Pires. Explicitamente apoiadora da causa, já participou de di-
O jornalista mandou Malafaia ir “procurar uma rola”. Foi o suficiente para grupos feministas afirmarem que Boechat fez uma afirmação machista. versas campanhas junto com a filha, Cléo Pires, em favor do respeito e dignidade a gays, lésbicas, travestis e transexuais. Entretanto, em uma entrevista ela errou o termo e falou em “opção sexual”. Foi o bastante para receber centenas de ataques de militantes, apenas porque, no calor da entrevista, ela se equivocou quanto a um termo. Uma das principais atrizes do país dá um depoimento em prol de uma das causas mais importantes da luta progressista em horário nobre, no canal de televisão mais assistido do Brasil, e só recebe críticas porque ela errou um termo na hora de falar sobre o assunto. O também dono do canal Porta dos Fundos, Gregório Duvivier, é o campeão de críticas de ativistas ditos progressistas. Isso porque Gregório é um playboy, mora no Leblon, tem família milionária e se descobriu de esquerda há pouco tempo. Com isso, tudo que ele faz é visto com maus olhos pela militância mais raivosa. Alguns casos foram emblemáticos. Um deles foi a veiculação de um vídeo sobre travestis no Porta.
Diversas críticas foram feitas, pois o vídeo tratava de maneira pejorativa o assunto. Gregório percebeu o erro e pediu desculpas públicas pelo vídeo. Disse que a intenção era outra, de enaltecer as travestis, mas acabou que não deu certo e o sentido ficou outro. Porém, Duvivier não é dono sozinho do canal, ele não pode simplesmente tirar os vídeos do ar porque alguém não gostou e ele disse isso nessa carta de desculpas. Mas não foi suficiente: exigiram a retirada do vídeo do ar, mas ele nada pode fazer. Outro caso bastante comentado na atuação do humorista foi quando ele saiu na capa da revista TPM, em uma edição especial sobre o aborto. Junto com ele, as atrizes Alessandra Negrini e Leandra Leal também foram capa. Muitas ativistas feministas não gostaram nem um pouco da presença de Duvivier na capa. Disseram que era “roubo de protoganismo”. Isso faria total sentido se as outras duas pessoas que também fizeram a capa não fossem mulheres. Gregório teve novamente que pedir desculpas públicas e dizer que não queria roubar o protagonismo de ninguém. Outros diversos casos com artistas e intelectuais ocorreram com o passar dos anos, mas não apenas com eles. Uma empresa também já sofreu por investir em uma propaganda progressista. Foi a Boticário. A empresa de perfumes e produtos cosméticos fez uma propaganda sobre o amor que mostrava casais gays, heteros e de lésbicas. A campanha foi elogiada pelos mais diversos críticos da área, uma quebra total de paradigmas na publicidade brasileira, um sucesso sem tamanho. O Boticário foi alvo inclusive de boicote por parte de setores conservadores, ou seja, a propaganda deu certo, atingiu quem deveria atingir, emocionou, bateu na cara da sociedade homofóbica conservadora. Porém, alguns ativistas criticaram a empresa por ser oportunista e usar uma causa importante como a
LGBT para ganhar dinheiro. Mais uma vez: vai entender!... Mas existe muita gente sensata na militância progressista. Todos esses casos foram feitos por poucas pessoas, se se olhar o tamanho da comunidade que luta por um país justo e igual. Contudo, mesmo assim, é preciso pensar uma, duas, três vezes, antes de criticar alguma personalidade que está usando a sua influência com a opinião pública para defender uma causa que antes só ficava nas mãos de um ativismo desconhecido e marginalizado. É muito importante que um dos principais jornalistas do país, que uma das melhores atrizes brasileiras e o humorista mais famoso do Brasil mostrem seu apoio às causas progressistas em horário nobre na televisão, ou em um jornal de circulação nacional, ou até mesmo no Facebook. Isso faz com que a opinião pública mude e a sociedade se desconstrua e se transforme. “Uma vez, Glória Pires teceu um comentário de apoio a LGBTs, mas caiu no equívoco de falar “opção sexual”. Resultado: militantes se agarraram ao tropeço e a atacaram como se fosse um Bolsonaro ou Feliciano. Uma vez, Gregório Duvivier posou para a capa de uma revista, vestindo uma camiseta em favor da legalização do aborto. Resultado: foi acusado de roubo de protagonismo e hostilizado como opressor. O Boticário lança uma campanha no Dia dos Namorados com casais homossexuais, desagrada reacionários, sofre ameaça de boicote e, mesmo assim, reforça a mensagem igualitária. Resultado: condenam a empresa por ser capitalista e oportunista. Ricardo Boechat desmascara Silas Malafaia e coloca nele um guizo que vai sempre tilintar nas mentes em volta por onde ele passar. Resultado: disparam contra o jornalista invocando o falocentrismo. É, colegas, temos um sério problema de mira”, concluiu o ativista Miguel Rios, em sua página no Facebook.
Todos os anos, milhares de sonhos são inTerrompidos pela imprudência no TrânsiTo. dirigir com responsabilidade é respeiTar a sua vida e a das pessoas à sua volTa.
FIGUEIRA - Fim de semana de 25 a 27 de dezembro de 2015
CIDADES 8
CIDADES 9
FIGUEIRA - Fim de semana de 25 a 27 de dezembro de 2015
BRAVA GENTE
Pai Jane com muito axé! Gina Pagú
C
om sotaque baiano e carisma no trato com as pessoas, o pai de santo Pai Jane chegou a Governador Valadares em 1980. Nascido em Ilhéus (BA), ele conta que mesmo vindo com cuidado, a chegada por aqui foi cheia de desafios. “Para me instalar aqui com o candomblé tive algumas dificuldades, pois há prevalência das religiões protestantes e católica de forma muito forte. Cheguei do nada, do candomblé, me instalei e disse: ‘Esta cidade também é minha’ – e aqui estou até hoje, com muito orgulho. A partir daí, começamos a prestar um trabalho de assistência social a todos que nos procuram, sem distinção nenhuma, nem de raça, religião ou sexo.” Pai Jane é nação de Ketu, de raiz africana do candomblé, e instituiu em 1981 o estatuto da sua Casa que, segundo ele, é uma das mais antigas em Valadares. “Infelizmente, o candomblé ainda é visto como uma religião demoníaca e
poucos a aceitam de fato. Embora uns gostem de mim e outros me tolerem, todos me procuram por minha religião. Assim, faço um trabalho para a comunidade sem olhar a quem.” Mesmo ainda com muito preconceito, Pai Jane não se intimidou e já conta 35 anos de atuação em Valadares. Mantendo-se firme, ele explica que, mesmo assim, a cidade passou a significar muito na vida dele. “Valadares é uma cidade que eu aprendi a amar, a defender e a zelar, seja nos momentos de alegria ou dificuldades, como nesta crise hídrica que enfrentamos. A nação do candomblé, a meu pedido, enviou água para nosso município. Mas, infelizmente, muitas vezes a sociedade não vê o que eu, Pai Jane de Oxumaré, estou fazendo de bom, porque não basta vir aqui e tomar um banho de cheiro, como muitos políticos fazem, é preciso pôr a mão na massa. Mesmo assim, eu estou feliz e estou aqui para o que der e vier.”
Criado dentro do candomblé, uma religião que passou de pai para filho, ele conta como é a relação de todos. “Meu pai era Ogam, minha avó é Mãe de Santo em Vitória da Conquista, uma das mães mais antigas de lá. Minhas irmãs hoje se converteram à Renovação Carismática Católica, mas ainda assim compartilham comigo porque o Deus que está nas igrejas e no terreiro é um só, só muda de nome. Todos convivem bem e aprenderam sobre a minha religião juntos.” Mesmo com uma história triste, pois, quando criança, Pai Jane ficou muito doente, ele conta que foi escolhido pelo orixá e se tornou babalorixá. “Sou descendente da Casa Branca do Engenho Velho, fundada no Brasil por Abetá, Ianaçó e Acolá. As três africanas que vieram para Brotas, na Bahia, e que trouxeram o Candomblé, me fizeram o Pai Jane que sou hoje e que serei até o fim.”
Pai Jane de Oxumaré se diz feliz pelos 35 anos de candomblé em Valadares
Conversando sobre transfobia com uma criança Uma colega, feminista e pedagoga, me contou a seguinte história:
O
utro dia, como um favor, fui cuidar do filho da minha melhor amiga. Em um dado momento, ele se aproximou de mim com a mão cheia de objetos e disse: “Presentes pra você!”. E começou a me dar tudo: uma banana, uma bola, um batom vermelho. Para não fazer desfeita, decidi usar os presentes: comi a banana, quiquei a bola, passei o batom vermelho nos lábios. Enquanto eu fazia isso, ele se aproximou, ficou na ponta dos pés e fez bico pra mim – como certamente vira sua mãe fazer diante do espelho dezenas de vezes. Entendi o que ele queria e fiz menção de passar o batom nele, mas quando o batom se aproximou de seus lábios, ele subitamente pirou. Saiu correndo e gritando: “Sou menino! Sou menino! Não pode! Não pode!” Quando se acalmou, expliquei: “Pode sim. Meninos podem usar maquiagem se quiserem. Aliás, muitos usam. Meninas não precisam usar maquiagem se não quiserem. Aliás, muitas não usam.” Ele não pareceu muito convencido. Quando perguntei se queria passar o batom, como parecia querer, ele hesitou mas acabou dizendo: “Não! Sou menino! Menino não pode!” Então, tá. Daí a pouco, ele apontou para as minhas pernas e disse, como se fosse uma grande descoberta: “Você tem pelo na perna!” “Sim”, respondi. “Mamãe não tem pelo na perna!”, exclamou ele, em tom de grande mérito. E eu tive que corrigir: “Não. Mamãe tem pelo na perna sim. Todos os mamíferos adultos têm pelos em várias partes
do corpo. E sua mãe é tão mamífera quanto eu e você. (Mamífero quer dizer que somos o tipo de bicho que mama nos peitos das mamães. Assim como você mama no peito da mamãe hoje, ela também mamou no peito da vovó antes disso. Por isso é que elas são mamíferas. E todos os mamíferos são peludos. Aliás, os mamíferos são os únicos bichos que são peludos. Aliás, sim, somos só mais um tipo de bicho entre todos os outros tipos de bichos.)” E voltei ao tema original: “Enfim, mamãe tem pelos sim. Ela só ESCOLHE tirar os pelos.” E lá veio, inevitavelmente: “Por quê?” Pensei em dizer: “Porque a sua mamãe, apesar de linda e incrível e minha melhor amiga, caiu no engodo da sociedade de consumo, que disse pra ela que ela não será bonita, não será desejável, não será feminina, nunca vai arrumar um novo padrasto pra você etc., se não sofrer dor, perder tempo e gastar dinheiro para retirar forçosamente uma das partes do seu corpo que mais nos define enquanto espécie para ficar eternamente parecendo uma versão infantil e impúbere de si mesma.” Mas preferi dizer apenas: “Porque ela gosta assim. Cada pessoa gosta do seu corpo de um jeito.” “E você gosta das suas pernas com pelo?” “Minhas pernas têm pelo. Pra mim, é simples assim.” E ele ficou lá, matutando, até que perguntou: “Eu vou ser bem peludo quando crescer?” E dei a melhor resposta que pude: “Se você quiser, vai.” E ele se empolgou:
“Eba! Os meninos são peludos, né?” Então, tá. Mais tarde, eu estava urinando e ele irrompeu banheiro adentro. Como eu sabia que minha amiga também andava nua pela casa e usava o banheiro de porta aberta, não me importei... muito. Mas ele logo apontou pra mim e tascou: “Você não tem pinto!” “É”, respondi. “É por que você é menina?” “Não, é porque eu não tenho pinto. Tem meninas com pinto e meninas sem pinto. Tem meninos com pinto e meninos sem pinto. Cada pessoa é do seu jeito.” “Eu tenho pinto!”, ele disse, em tom heroico, e eu respondi, tentando não deixar transparecer a ironia: “Puxa, parabéns! Agora, vaza!” Enquanto eu me compunha, finalmente em privacidade, pensei que era chegada a hora de uma conversinha. Ele me olhou meio confuso e perguntou: “Eu sou menino, né?” “O que você acha?” Subitamente, ele passou de confuso para ofendido e retrucou: “Acho que sou menino, oras!” “Então você é.” “Só isso?” “Só isso.” “Não é por que eu tenho pinto?” “Tem muito menino por aí que não tem pinto e eles são tão meninos quanto você. Tem muita menina por aí que tem um pinto parecido com o seu e são tão meninas quanto você é menino.” “E você?”
“O que eu sou não faz nenhuma diferença.” Ele parou e refletiu um pouco e disse: “Eu sempre pensei que menino fosse quem tinha pinto e menina quem não tinha.” “Ih, essa sua regra é muito complicada. Como é que você vai saber quem tem pinto e quem não tem? Isso é muito pessoal!” Ele refletiu mais um pouco: “Então, como é que faz?” “É bem simples. Se um menino se apresenta como menino, então ele é menino e você o trata como menino. Se uma menina se apresenta como menina, então ela é menina e você a trata como menina.” “Mas e o pinto?” Jesus amado, homens e seus pintos, que obsessão! “Pra você, não faz diferença quem tem pinto e quem não tem, porque quase nunca você vai saber quem tem pinto e quem não tem.” Aliás, pensei, por que cargas d’água você quer tanto saber dos pintos dos outros? “Talvez alguns meninos que você conhece não tenham pinto. Talvez algumas meninas tenham. E daí? Não quer dizer que sejam menos meninas e menos meninos por causa disso. Entendeu?” Ele entendeu. Quando minha amiga chegou do cinema, ele foi correndo pros braços dela: “Mãe, eu sou menino, mas posso decidir não ser! E você sabia que tem menina que tem pinto?” Hoje, imagino que devem estar bem. Minha amiga cortou contato e nunca mais falou comigo.”
Alex Castro – Cronista do blog Papo de Homem
*Este texto é uma obra de ficção.
CIDADES 10
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ESPORTES 11
Cuidando da saúde e do meio ambiente
Grupos se reúnem para andar de carrinho de rolimã
Hortas orgânicas e árvores frutíferas em casa são opções de vida saudável e exemplo de respeito à natureza
Q
Atividade proporciona altas doses de adrenalina e diversão Foto: Divulgação
a planta crescer dá um prazer muito grande. Pode ser um hobby, mas é uma responsabilidade também, afinal, quando diminuo o uso de agrotóxico, eu cuido da natureza e da saúde da minha família.”
Incentivo Para resgatar os hábitos saudáveis e incentivar a produção de pequenos pomares, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER-MG) tem distribuído mudas de árvores frutíferas. A iniciativa pretende beneficiar pelo menos 30 mil famílias de pequenos agricultores de Minas. Neste projeto, cada agricultor receberá um kit com 12 mudas, das 380 mil adquiridas com R$ 3 milhões disponibilizados, como: acerola, limão tahiti, laranja pera rio, goiaba, tangerina ponkan, manga palmer, coco anão, figo, pêssego, abacate, laranja Bahia, banana prata e caqui. Segundo Deny Sanábio, coordenador técnico do Programa Estadual de Fruticultura da EMATER-MG, a intenção é despertar no produtor o valor da fruticultura na alimentação, na diversificação da cultura e para o meio ambiente, pois isso também resgata a vontade de qualquer pessoa de ter uma pequena plantação em casa. “A formação de um pomar tem várias dimensões, como contribuir com a biodiversidade, a satisfação de se plantar uma árvore que vai gerar
O hobby de se cultivar uma horta orgânica proporciona economia e vida saudável
fruto, servir para abastecer a família, além da produção de forma mais natural ou orgânica.”
Alternativas Mesmo quando não se tem o espaço para o cultivo de canteiros – horta tradicional –, as opções, segundo Leandro Gomes, dono de um site especializado em cultivo e hortas orgânicas são muitas. Por meio da internet ele ensina o passo a passo desde a escolha das sementes, formação das
mudas e a manutenção das hortaliças. “Hoje é possível cultivar verduras até mesmo em pequenos espaços como garrafas pet. Além disso, podemos tirar o adubo fazendo compostagem com restos de folhas, cascas de ovos, entre outros alimentos orgânicos. Tudo é possível quanto temos os instrumentos e a vontade plantar, desde mini-hortas, hortas verticais e suspensas. Basta querer. Já a hidroponia precisa de outros cuidados, mas, com um pouco de estudo, é possível se fazer em casa. A proposta do site
Foto: Divulgação
EMATER-MG incentiva produção de pequenos pomares
é ajudar as pessoas com informações e alternativas de uma vida menos estressante – e isso começa na nossa alimentação.”
Governo de Minas inclui homem trans em campanha de saúde A diversidade de gênero não foi deixada de lado desta vez e a saúde do homem será abordada de forma integral Gina Pagú
A FERRAMENTAS JARDINAGEM RAÇÃO SEMENTES
Rua José Luís Nogueira, 443 Centro - GV Fone: (33) 3021-3002
Foto: FGEstevão
Fernando Gentil
Gina Pagú
uem nunca se deliciou com uma manga, laranja ou goiaba tirada direto da árvore, fresca e madura? Essas são algumas frutas típicas encontradas em pequenos pomares em casas, roças ou chácaras das cidades do interior de Minas Gerais. Isso sem falar das folhosas como alface, couve, taioba. Ainda é possível cultivar tudo isso em casa como faziam nossos avós. Antigamente, em quintais grandes, encontrava-se uma horta orgânica e dois ou três pés de árvores frutíferas. Dona Sebastiana, 82 anos, sabe bem como é criar os filhos com verduras frescas e sem agrotóxicos. “Toda a minha vida eu tive pequenas plantações em casa, no quintal, e sempre mantivemos esse hábito, que é mais saudável e econômico. Nada melhor que tirar a couve na hora para refogar ou um tomate vermelhinho para a salada. Algumas verduras ficam menores do que as que vemos nos supermercados, mas o sabor não se compara.” Do gesto de se ter uma horta em casa surgem várias iniciativas pelo país atualmente. Por conta da falta de espaço, muitas pessoas aderiram ao cultivo de hortaliças em vasos e pequenas jardineiras. Carolina Dutra, advogada, diz que as vantagens de se ter uma pequena horta em casa são muitas. “Não ter de ir ao supermercado para comprar legumes ou folhosas com agrotóxicos, ter o prazer de ver
FIGUEIRA - Fim de semana de 25 a 27 de dezembro de 2015
bordando a saúde do homem e a diversidade de gêneros, no mês de novembro a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) lançou o Saúde é Atitude. Foram apresentados durante a campanha homens jovens, de meia idade, idosos, brancos, índios e um transexual, com o objetivo de mostrar que as pequenas atitudes do dia a dia podem fazer grande diferença para a saúde do homem. A proposta é incluir pessoas com características distintas umas das outras e a atenção para o homem, seja ele heterossexual, homossexual ou transexual. O coordenador de publicidade e mobilização social da SES-MG, Joney Fonseca Veira, explica que ao colocar lado a lado pessoas tão diferentes, mas ao mesmo tempo tão iguais e com necessidades tão semelhantes, tinha-se como intenção promover a diversidade e fazer com que as pessoas criassem identidade com a campanha. “Pela primeira vez optamos por incluir um homem transexual em nossas campanhas. Acreditamos no poder da publicidade para reforçar conceitos importantes e a diversidade de gêne-
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ro é um deles.” O objetivo da campanha Saúde e Atitude é cuidar da saúde integral do homem, indo além da prevenção do câncer de próstata ou de pênis. A ideia é dar atenção, por meio da campanha publicitária, aos cuidados com outras doenças relevantes como obesidade, diabetes e hipertensão, que podem atingir todos os homens.
Diversidade Para a campanha foi contratado o ator trans Mel Costa, 22 anos, para integrar o elenco que divulga o Saúde é Atitude. Segundo ele, a repercussão tem sido muito positiva. “A representatividade das pessoas trans na mídia ainda é muito pouca. Sabemos que vivemos em uma sociedade em que a heterocisnormatividade é quase invicta em se tratando de questões publicitárias. Quando surge uma campanha dessa dimensão é mais uma batalha que vencemos e que nos dá força e motivos para continuar lutando pelo nosso lugar na sociedade e, principalmente, pela nossa sobrevivência dentro dela.” “Somos todos iguais em direitos e
Campanha Saúde é Atitude não faz distinção e inclui homens transexuais
deveres”, salienta o advogado Isaías Júnior. Segundo ele, não há porque diferenciar pessoas, afinal, somos todos homens independentemente das escolhas ou desejos sexuais. “Todos ser humano é importante e precisa se cuidar e ser cuidado. As campanhas deveriam incluir a todos sempre e sem distinção para não reforçar o preconceito e sim abrir a consciência de que a saúde é mais importante do que a sexualidade das pessoas.”
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“Somos todos iguais, em direitos e deveres”, explica Isaías Júnior, advogado
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uem é da geração Y e Z pouco ouviu falar, muito menos brincou com isso, mas o carrinho de rolimã continua sendo realidade para muita gente. Em Belo Horizonte, por exemplo, a brincadeira virou um mundialito. “A ideia surgiu quando tentávamos buscar os antigos jogos urbanos e as brincadeiras de rua, como a pipa, o pião, a bolinha de gude, amarelinha, entre outros. Coincidentemente, nessa mesma época ouvimos um barulho típico do rolimã descendo a ladeira da nossa rua, a Quilombo do Abacate. Fomos até a porta de casa e vimos a cena de um garoto de uns dez anos se divertindo demasiadamente, porém solitário. Aquela brincadeira bastava para ele. Assim, pensamos logo em criar o nosso carrinho para interagir com aquela criança, porém, nunca mais o vimos novamente. Parecia um sonho. Após isso, recrutamos nosso amigos para fazer uma corrida bem informal e descontraída, o Mundialito de Rolimã do Abacate. O campeonato tomou proporções animadoras e já se tornou parte do calendário de Belo Horizonte em apenas quatro anos”, conta o organizador do evento, Yuri Pinto. Pouca gente sabe, mas a história desse brinquedo começou nas famosas ladeiras de Minas Gerais. “Já ouvimos relatos de histórias vindas de São Paulo, Rio de Janeiro e do sul do país, assim como Colômbia, Uruguai e alguns países da Europa. Mas a maioria dos relatos se passaram
em Belo Horizonte, de primos que vinham visitar seus parentes e conheceram a brincadeira nas ladeiras mineiras; então, sustentamos que a brincadeira foi criada em Minas Gerais. Não consideramos o rolimã um esporte. Cremos muito nessa brincadeira como forma de socialização das pessoas, da construção do espírito esportivo, da descontração e principalmente da diversão”, conta Yuri. Fazer seu próprio carrinho é bem fácil. Você vai precisar de algumas madeiras boas, pregos e os rolimãs. O regulamento do campeonato também é simples. O rolamento só pode ser o de rolimã e carrinhos apenas de madeira. “Nosso objetivo maior é resgatar a brincadeira de rua da nossa infância, em contraponto às crianças de hoje, que estão fissuradas pela tecnologia. Por isso, realizamos o campeonato sempre próximo ao mês das crianças. Então, o próximo deve ser em outubro de 2016”, diz o organizador. Para Yuri, não existe lugar melhor para praticar do que um morro bem íngreme. “Sem dúvida o melhor lugar para se brincar é na ladeira. Também se pode brincar em ruas planas aprendendo a ‘remar’ e o coleguinha empurrando, mas a brincadeira se torna mais divertida com a emoção de um morro. Sabemos que antes do asfalto chegar em diversas comunidades de Belo Horizonte, as crianças já desciam no chão de terra batida. Para o campe-
onato, preferimos asfalto para dar mais fluidez, rapidez e menos obstáculos na competição. Porém, para os próximos anos, já estamos pensando em criar uma categoria de obstáculos na pista para oferecer novos modelos de competição”, relata o também produtor de eventos. A proteção também é essencial para a prática da atividade. “Aconselhamos a utilização de equipamentos básicos de proteção, como o capacete, joelheiras, luvas e tênis. Também dispomos de uma ambulância móvel no dia da competição para os mais animados que se estreparam no caminho e acabaram tendo alguns ferimentos leves. Para os primeiros socorros, ela está ali de prontidão”, diz Yuri. Para o organizador, é preciso envolvimento familiar para que a brincadeira fique mais divertida. “Qualquer pessoa pode brincar; é só saber dimensionar a proporção da ladeira e sua habilidade de manejo do carrinho. Também cremos na construção do engajamento da família. Não tem coisa melhor do que o pai ensinar o filho a construir o seu próprio carrinho e os dois saírem para se divertir em um domingo à tarde. Na competição, temos a categoria infantil, que vai dos os cinco aos 12 anos. Todos participantes têm que assinar um termo de responsabilidade para evitar maiores conflitos. Para as crianças, os pais são os responsáveis”, explica o produtor. A brincadeira, que parecia estar esquecida no tempo, voltou com tudo
Campeonato ocorre perto do Dia das Crianças
Mundialito tem participação de toda comunidade Foto: Divulgação
e não pretende ir embora. “Observamos um enorme crescimento no uso da brincadeira. Hoje sabemos de diversos grupos e escuderias de rolimã pela cidade e outros Estados. Sentimos que esse resgate está a cada dia mais próximo da realidade das crianças e, principalmente, dos adultos, que se recordaram do quanto é divertido brincar de rolimã. Nós nos encontramos aleatoriamente na ladeira de nossa casa, ligamos para os amigos, fazemos um churrasco e dá-lhe rolimã. Mas também sabemos de vários movimentos que têm treinamento oficial em vários pontos da cidade sema-
nalmente”, analisa o organizador. Além disso, é uma excelente atividade para a saúde da mente e do corpo. “Existe um universo de possibilidades de desenvolvimento da atividade, desde a socialização, o engajamento ambiental, o resgate da brincadeira de rua em espaços públicos e, principalmente, a lição de que ganhar não é a coisa mais legal e sim a diversão com os amigos e a família. Mas também tem a parte da saúde envolvida. A pessoa desenvolve melhor os reflexos, controle e domínio corporal, e, claro, testa o funcionamento cardíaco (risos)”, finaliza Yuri Pinto.
CULTURA 12
FIGUEIRA - Fim de semana de 25 a 27 de dezembro de 2015
Natal no Brasil: uma ceia nada tropical Substituir o cardápio de Natal norte-americano por alimentos típicos brasileiros é a recomendação de nutricionistas e donas de casa lhas, mesa com tolhas verdes e vermelhas, sem contar a neve. Mas tudo isso não seria para um país frio? E considerando que o Natal brasileiro acontece exatamente na estação mais quente do ano, não parece contraditório? Dona Geralda explica como ficou este quesito. “Agora colocamos a mesa na varanda, onde há ainda algum vento fresco. As cores são da nossa preferência, podemos colocar o que combinar com os pratos, e nada de imitar os americanos. Afinal, temos tantas opções que podemos muito bem comer algo mais leve e prestigiar as nossas origens.” A confirmação de que o cardápio brasileiro é com certeza mais leve é dada pela nutricionista Katielly Nunes. Ela explica que essa substituição é superpositiva e que, se for possível, deve-se fazê-la. “Mudar para frutos do mar e peixes pode ficar mais caro, mas, em compensação, mais saudável e rico em nutrientes. Podemos, na verdade, aproveitar a safra do mês, com isso será possível ter qualidade nutricional versus menor custo. Mas, sem dúvida, escolher alimentos mais pobres em gorduras e que fazem digestão mais tranquila é a melhor decisão para ceias de Natal e Ano Novo.”
Sugestões para uma ceia tropical: O pernil deve ser evitado, pois é uma carne muito gordurosa. Deve-se substituí-la pelo lombo recheado com verduras, legumes e molhos leves, como o de laranja. As frutas são a pedida mais comum das dicas de ceia saudável, como sobremesas ou saladas.
A salada que leva frutos do mar é uma das dicas dos especialistas para uma ceia mais saudável Foto: Divulgação
N
as festas de fim de ano, nada de frutas tropicais – mangas, bananas, laranjas. O que vemos são castanhas, nozes e damascos, tomando o lugar das cores e sabores brasileiros nas mesas das famílias que copiam a tradição norte-americana. Além disso, as carnes assadas como peru, chester, tender, poderiam ser substituídas por frutos do mar, peixes ou carne de boi, que temos com fartura no Brasil. Embora ainda não seja algo comum nas datas festivas de fim de ano, há quem tenha optado por um cardápio novo e mais agradável ao bolso e paladar dos mineiros. Dona Geralda Bernades resolveu mudar a ceia de Natal para um cardápio mais leve e tropical. “Minhas filhas se dividem entre os natais com as sogras e comigo, mas, para mudar a festa, resolvi inovar e implantei a ceia tropical aqui em casa. Com tudo que temos no Brasil, passamos a fazer em cada ano os pratos principais com camarão, peixe ou carnes assadas, e sucos e sobremesas com frutas. Vamos ver como será a aprovação dos convidados.” Além da alimentação da data natalina também se copia a decoração do dia: Papai Noel de roupa vermelha e branca, velas verme-
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Gina Pagú
As castanhas e nozes, mesmo sendo alimentos antioxidantes e ricos em vitamina E, são de alto valor calórico e devem ser consumidos com moderação. As frutas cristalizadas contêm muito açúcar e a dica é a substituição por frutas desidratadas ou frescas, que possuem vitaminas e fibras. Evitar os pratos muito condimentados e industrializados, dando preferência aos temperos naturais como alho, cebola, tomate e ervas aromáticas, como salsinha, alecrim, manjericão, tomilho etc. Dar preferência ao assado, grelhado ou cozido em detrimento das frituras, que necessitam de grande quantidade de óleo no preparo.
Lombo de porco ao molho de laranja pode substituir o pernil assado nas festas de fim de ano
Para os cremes que temperam as saladas, utilizar iogurte desnatado ou pouca quantidade de maionese light. Hortaliças e legumes crus fornecem mais fibras.
SOCIAL
Agenda 10 Ingrid Morhy
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Mais alguns flashs da formatura do Colégio Clóvis Salgado, se você quer ver a cobertura completa, acesse: Balada10.com.br
BALADAS 24/12 (Quinta) - Monalisa Noel
27/12 (Domingo) – Seus
- Open Bar até 4h, com Euler Henrique (Sertanejo), Fanfarra (SambaRock) e DJ com os melhores hits. E você não vai ficar de fora, né?
domingos diferentes são na Pop Pub, todos os domingos você já tem seu encontro marcado com nós, eu + Érika Santos. Estamos comandando este domingo mais animado e que já pegou, todos bombando, vem com a gente! (Rua Lincoln Byrro, 550, Vila Bretas).
24/12 (Quinta) - Rock Noel, depois da ceia, a festa vai começar! Marcelinho Tiradentes, 80 Futebol Clube, Macaco Véi e Djs no Filadélfia.
31/12 (Quinta) – Reveillon
24/12 (Quinta) – Alô, Teófilo Otoni.
Monalisa 2016. Open Bar até 5h da manhã! Com Arthur, Bráulio e Ricardo + DJ.
Estarei aí com vocês, mandando o som no Celebration Noel.
31/12 (Quinta) – Reveillon Filadélfia
26/12 (Sábado) – Senses, Open de Skol Beats e Vodka até 2h com João Victor e Greg + Dennis Beagá.
26/12 (Sábado) – O Maior Festival das Cores do Mundo neste sábado em Vermelho Novo - MG (próximo de Caratinga), com três tops djs. Eu, Dj. Ingrid Morhy, + Traviano + Gabriel Victor, vamos explodir o ar de cores e energia positiva, em uma realização Klerisson Produções. 26/12 (Sábado) – Aêêê Marilac, estou pintando aí na área novamente... Vai ter show da Érika Santos (com o melhor do forró e do arrocha) + eu, Dj. Ingrid Morhy, vamos que a vibe vai ser boa!
2016. DO SURPREENDENTE AO INESQUECÍVEL, banda EMA Show + DJ, ambiente climatizado, buffet (all incluse) + Drinks.
30/01 – Nossa vizinha Ipatinga vai ter festa para todas as tribus! Ellen Cinthia está nos preparativos para a festa TRIBUS que já tem data marcada, pode colocar na agenda.
30/12 a 02/01 (De quarta à sábado) – Reveillon 2016 em São José de Safira está super animado, com várias programações. Dia 30 vai rolar Os Gargantas de Ouro. Dia 31 tem Fernando Neto. Dia 01 vai rolar Dj. Mau e dia 02 Puro Luxo... E eu estarei comandando as noites como DJ nesta realização, aberta ao público da Prefeitura de São José de Safira.
Parabéns pelo aniversário, Ellen Cinthia!!! E em breve, sucesso na 2º Edição da festa Tribus no Vale do Aço.
CINEMA Star Wars: O Despertar da Força Os novos heróis – feitos por Daisy Ridley e John Boyega, um ex-Stormtrooper agora renegado – encontram um sabre de luz perdido no espaço e decidem devolver a relíquia ao seu dono – que mais tarde descobrem se tratar de Luke. Eles partem numa jornada, ao lado de Han Solo e Chewbacca, para reencontrar Luke.