Figueira 92online

Page 1

JORNAL FIGUEIRA

TEMPO E TEMPERATURA

35o 22o

Não Conhecemos Assuntos Proibidos

ANO 3 NÚMERO 92 FIM DE SEMANA DE 01 A 03 DE JANEIRO DE 2016 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

www.figueira.jor.br

MÁXIMA

facebook.com/jornalfigueira twitter.com/redacaofigueira

MÍNIMA

Sol com algumas nuvens durante o dia. Pancadas de chuva à tarde e à noite.

FELIZ 2016 JORNAL FIGUEIRA ANO 2 NÚMERO 74 FIM DE SEMANA DE 28 A 30 DE AGOSTO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

Não Conhecemos Assuntos Proibidos www.figueira.jor.br

facebook.com/jornalfigueira twitter.com/redacaofigueira

TEMPO E TEMPERATURA

27o 17o

MÁXIMA

MÍNIMA

Sol e aumento de nuvens de manhã. Pancadas de chuva à tarde e à noite.

ACESSO NEGADO

Serviço ineficiente; valor alto; ruas e calçadas inacessíveis. Para quem depende de transporte público, é idoso ou portador de deficiência, o direito de ir e vir é quase inexistente.

Página 6

F

JORNAL FIGUEIRA ANO 2 NÚMERO 70 FIM DE SEMANA DE 31 DE JULHO A 02 DE AGOSTO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

JORNAL FIGUEIRA

TEMPO E TEMPERATURA

29o 18o

Não Conhecemos Assuntos Proibidos

MÁXIMA

www.figueira.jor.br

facebook.com/jornalfigueira twitter.com/redacaofigueira

ANO 2 NÚMERO 76 FIM DE SEMANA DE 11 A 13 DE SETEMBRO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

MÍNIMA

Sol com algumas nuvens. Não chove.

Não Conhecemos Assuntos Proibidos www.figueira.jor.br

facebook.com/jornalfigueira twitter.com/redacaofigueira

TEMPO E TEMPERATURA

31o 19o

MÁXIMA

MÍNIMA

Sol com algumas nuvens. Não chove.

PELA DIVERSIDADE

Instituições mais tradicionais do país passam por descrença da maioria da população. Partidos, Congresso, governo, justiça, Forças Armadas, imprensa, polícia, igreja. O que fazer para reverter este quadro? Confira

ANO 2 NÚMERO 80 FIM DE SEMANA DE 09 A 11 DE OUTUBRO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

Negros, pobres, religiões afros, gays, lésbicas, travestis, transexuais, mulheres, índios. Falta amor, respeito, cuidado e paz. O ódio nunca é uma boa escolha.

MÁXIMA

MÍNIMA

MÍNIMA

Sol com algumas nuvens. Não chove.

ANO 2 NÚMERO 78 FIM DE SEMANA DE 25 A 27 DE SETEMBRO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

Não Conhecemos Assuntos Proibidos www.figueira.jor.br

facebook.com/jornalfigueira twitter.com/redacaofigueira

TEMPO E TEMPERATURA

32o 20o

MÁXIMA

MÍNIMA

Sol com algumas nuvens. Não chove.

R O D OV I A PA R A D A

Valadares vive drama. Não tem usina de resíduos, nem sequer um aterro sanitário. Gasta milhões por ano para levar o lixo a uma cidade vizinha. Qual a solução para este problema?!

infância e damos um jeitinho em tudo depois de adulto. Eu, você, todos nós somos corruptos. Página 6

TEMPO E TEMPERATURA

28

MÁXIMA

ANO 2 NÚMERO 79 FIM DE SEMANA DE 02 A 04 DE OUTUBRO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

Não Conhecemos Assuntos Proibidos www.figueira.jor.br

facebook.com/jornalfigueira twitter.com/redacaofigueira

18

o

MÍNIMA

Sol com algumas nuvens. Não chove.

APITO AMIGO

TEMPO E TEMPERATURA

34o 20o

MÁXIMA

MÍNIMA

Sol com algumas nuvens. Não chove.

Por que Valadares escolheu uma monocultura para arborizar toda a parte urbana do município? Quais as vantagens e desvantagens que o oiti pode trazer para a cidade? E o clima da região?

Há anos falam em duplicar a rodovia da morte. Quando a liberação por parte do governo federal finalmente sai, a obra fica parada. Que encosto é esse que tem nessa BR?

Página 6

Página 6

Página 6

ANO 2 NÚMERO 73 FIM DE SEMANA DE 21 A 23 DE AGOSTO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

Não Conhecemos Assuntos Proibidos www.figueira.jor.br

facebook.com/jornalfigueira twitter.com/redacaofigueira

TEMPO E TEMPERATURA

26o 18o

MÁXIMA

MÍNIMA

Sol com muitas nuvens durante o dia e períodos de céu nublado. Noite com muitas nuvens.

ESPERANÇA NA LEITURA

2015

coisa em troca de outra. Choramos por brinquedos na

o

JORNAL FIGUEIRA PELA BIODIVERSIDADE

RETROSPECTIVA

Ao nascer aprendemos a sempre ganhar uma

facebook.com/jornalfigueira twitter.com/redacaofigueira

MÁXIMA

JORNAL FIGUEIRA

JORNAL FIGUEIRA

Sol com algumas nuvens. Não chove.

facebook.com/jornalfigueira twitter.com/redacaofigueira

www.figueira.jor.br

31o 17o

31o 18o

www.figueira.jor.br

Não Conhecemos Assuntos Proibidos

facebook.com/jornalfigueira twitter.com/redacaofigueira

Página 6

ROUBO COTIDIANO

ANO 2 NÚMERO 75 FIM DE SEMANA DE 04 A 06 DE SETEMBRO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

www.figueira.jor.br

TEMPO E TEMPERATURA

TEMPO E TEMPERATURA

Não Conhecemos Assuntos Proibidos

JORNAL FIGUEIRA

ANO 2 NÚMERO 77 FIM DE SEMANA DE 18 A 20 DE SETEMBRO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

Não Conhecemos Assuntos Proibidos

ACABA LIXÃO

Páginas 6 e 7

JORNAL FIGUEIRA

JORNAL FIGUEIRA

Programa de leitura por remição de pena faz presos da penitenciária da cidade terem esperança de um futuro melhor. Página 6

JORNAL FIGUEIRA ANO 2 NÚMERO 72 FIM DE SEMANA DE 14 A 16 DE AGOSTO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

Não Conhecemos Assuntos Proibidos www.figueira.jor.br

facebook.com/jornalfigueira twitter.com/redacaofigueira

TEMPO E TEMPERATURA

25o 15o

MÁXIMA

MÍNIMA

Sol com muitas nuvens durante o dia e períodos de céu nublado. Noite com muitas nuvens.

SALVE A VÁRZEA

2015 foi um ano de transformação para pessoas, países, governos e sociedades. Que 2016 venha mais feliz, mais justo e com mais respeito ao próximo.

Com erros que favorecem sempre as mesmas equipes, o futebol brasileiro perde o brilho e a força. Quando será que vamos voltar a ser o país do futebol? Do jeito que está, parece que nunca.

Porque tem jogo, mas não tem campeonato. Página 6

Página 6

JORNAL FIGUEIRA ANO 2 NÚMERO 82 FIM DE SEMANA DE 23 A 25 DE OUTUBRO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

Não Conhecemos Assuntos Proibidos www.figueira.jor.br

facebook.com/jornalfigueira twitter.com/redacaofigueira

JORNAL FIGUEIRA

TEMPO E TEMPERATURA

34o 23o

MÁXIMA

ANO 2 NÚMERO 89 FIM DE SEMANA DE 11 A 13 DE DEZEMBRO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

MÍNIMA

Sol e aumento de nuvens pela manhã. Pancadas de chuva à tarde. À noite o tempo fica aberto.

Não Conhecemos Assuntos Proibidos www.figueira.jor.br

facebook.com/jornalfigueira twitter.com/redacaofigueira

TEMPO E TEMPERATURA

34o 22o

MÁXIMA

MÍNIMA

Dia de sol com algumas nuvens e névoa ao amanhecer. Noite com poucas nuvens.

JORNAL FIGUEIRA ANO 2 NÚMERO 84 FIM DE SEMANA DE 06 A 08 DE NOVEMBRO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

Não Conhecemos Assuntos Proibidos www.figueira.jor.br

facebook.com/jornalfigueira twitter.com/redacaofigueira

TEMPO E TEMPERATURA

37o 22o

MÁXIMA

MÍNIMA

Sol com aumento de nuvens durante o dia. Pancadas de chuva à noite.

FIGUEIRA DO RIO DOCE ANO 2 NÚMERO 85 FIM DE SEMANA DE 13 A 15 DE NOVEMBRO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

Não Conhecemos Assuntos Proibidos www.figueira.jor.br

facebook.com/jornalfigueira twitter.com/redacaofigueira

TEMPO E TEMPERATURA

35o 23o

MÁXIMA

MÍNIMA

Sol e aumento de nuvens pela manhã. Pancadas de chuva à tarde e à noite.

FIGUEIRA DO RIO DOCE ANO 2 NÚMERO 86 FIM DE SEMANA DE 20 A 22 DE NOVEMBRO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

Não Conhecemos Assuntos Proibidos www.figueira.jor.br

facebook.com/jornalfigueira twitter.com/redacaofigueira

TEMPO E TEMPERATURA

31o 21o

MÁXIMA

CAOS NA CIDADE

FORÇA INDÍGENA

O RIO VAI VIRAR SERTÃO

TSUNAMI DE LAMA

PRISÃO NELES

Valadares vive dias infernais. O calor intenso, o maior incêndio já calculado no Pico da Ibituruna e uma seca que pode trazer racionamento de água em uma cidade que nunca sofreu desse mal.

Índios da tribo Krenak perderam tudo que tinham: o rio Doce. A história de comunidades tradicionais que a cada dia que passa são exterminadas pela ação do homem branco, pelo novo Código Florestal, pelos ruralistas e agora pela Vale e BHP. Além disso, a Controladoria Geral do Estado investiga fraudes nas licenças ambientais obtidas pela Samarco para a construção e utilização das barragens de Fundão, Santarém e Germano. É muita tragédia para um ano só!

Região leste do estado de Minas Gerais tem sua cobertura vegetal destruída. Várias áreas já estão em processo de erosão, a última etapa antes da desertificação. Se continuar do jeito que está, seus netos vão conhecer um Vale do Rio Doce sem rio, sem árvore, sem nada.

Empresa pertencente à Vale e à BHP Billiton (maior mineradora do mundo) é culpada por acabar com vários distritos da cidade primaz de Minas Gerais, além de entupir o rio Doce com rejeito de minério e assassinar pessoas com a lama da barragem que desabou.

Empresas responsáveis por tragédia em Minas Gerais têm que pagar pelo crime que cometeram. Civil, administrativa e penalmente, os culpados precisam ser julgados. Esse desastre não pode ficar impune!

Páginas 2 a 9

Páginas 6 e 7

Páginas 6 e 7

Página 6

JORNAL FIGUEIRA ANO 2 NÚMERO 87 FIM DE SEMANA DE 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

Não Conhecemos Assuntos Proibidos www.figueira.jor.br

facebook.com/jornalfigueira twitter.com/redacaofigueira

TEMPO E TEMPERATURA

25o 21o

MÁXIMA

MÍNIMA

Sol com muitas nuvens durante o dia. Períodos de nublado com chuva a qualquer hora.

F

JORNAL FIGUEIRA ANO 2 NÚMERO 71 FIM DE SEMANA DE 07 A 09 DE AGOSTO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

SALVE O RIO DOCE

Não Conhecemos Assuntos Proibidos www.figueira.jor.br

facebook.com/jornalfigueira twitter.com/redacaofigueira

Páginas 6 e 7

TEMPO E TEMPERATURA

27o 18o

MÁXIMA

MÍNIMA

Sol com muitas nuvens durante o dia e períodos de céu nublado. Noite com muitas nuvens.

JORNAL FIGUEIRA ANO 2 NÚMERO 81 FIM DE SEMANA DE 16 A 18 DE OUTUBRO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

ANIMAIS SOFREM INSETO ATACA

Não Conhecemos Assuntos Proibidos www.figueira.jor.br

facebook.com/jornalfigueira twitter.com/redacaofigueira

TEMPO E TEMPERATURA

35o 21o

MÁXIMA

MÍNIMA

Sol com algumas nuvens. Não chove.

JORNAL FIGUEIRA ANO 2 NÚMERO 83 FIM DE SEMANA DE 30 DE OUTUBRO 01 DE NOVEMBRO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

Não Conhecemos Assuntos Proibidos

AGROECOLOGIA CIDADÃ

www.figueira.jor.br

facebook.com/jornalfigueira twitter.com/redacaofigueira

TEMPO E TEMPERATURA

28o 21o

MÁXIMA

MÍNIMA

Sol com muitas nuvens durante o dia. Períodos de nublado, com chuva a qualquer hora.

Páginas 6 e 7

MÍNIMA

Sol e aumento de nuvens pela manhã. Pancadas de chuva à tarde e à noite.


OPINIÃO 2

FIGUEIRA - Fim de semana de 01 a 03 de janeiro de 2016

POLÍTICA | ECONOMIA 3

Receita de Ano Novo Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor de arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido (mal vivido ou talvez sem sentido) para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser, novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior) novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha, você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagens (planta recebe mensagens? passa telegramas?). Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar de arrependido pelas besteiras consumadas nem parvamente acreditar que por decreto da esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver. Para ganhar um ano-novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre. Carlos Drummond de Andrade

RECORTE DAS REDES

Você é a favor da legalização das drogas?

João Paulo M. Araújo

SIM

Dez motivos para se legalizar as drogas John Grieve – Comandante e membro da Unidade de Inteligência Criminal, Scotland Yard 1– ENCARAR O VERDADEIRO PROBLEMA Os burocratas que constroem as políticas sobre drogas têm usado a proibição como uma cortina de fumaça para evitar encarar os fatores sociais e econômicos que levam as pessoas a usar drogas. A maior parte do uso ilegal e do uso legal de drogas é recreacional. A pobreza e o desespero estão na raiz da maioria do uso problemático da droga e somente dirigindo-se a estas causas fundamentais é que poderemos esperar diminuir significativamente o número de usuários problemáticos. 2– ELIMINAR O MERCADO DO TRÁFICO O mercado de drogas é comandado pela demanda e milhões de pessoas demandam drogas atualmente ilegais. Se a produção, suprimento e uso de algumas drogas são criminalizados, cria-se um vazio que é preenchido pelo crime organizado. Os lucros neste mercado são de bilhões de dólares. A legalização força o crime organizado a sair do comércio de drogas, acaba com sua renda e permite-nos regular e controlar o mercado (isto é, prescrever, licenciar, controle de venda a menores, regulação de propaganda etc.). 3– REDUÇÃO DRÁSTICA DO CRIME O preço de drogas ilegais é determinado por um mercado de alta demanda e não regulado. Usar drogas ilegais é muito caro. Isto significa que alguns usuários dependentes recorrem ao roubo para conseguir dinheiro (corresponde a 50% do crime contra a propriedade na Inglaterra e é estimado em 5 bilhões de dólares por ano). A maioria da violência associada com o negócio ilegal da droga é causada por sua ilegalidade. A legalização permitiria regular o mercado e determinar um preço muito mais baixo, acabando com a necessidade dos usuários de roubar para conseguir dinheiro. Nosso sistema judiciário seria aliviado e o número de pessoas em prisões seria reduzido drasticamente, economizando-se bilhões de dólares. Por causa do preço baixo, os fumantes de cigarro não têm que roubar para manter seu hábito. Não há também violência associada com o mercado de tabaco legal. 4– USUÁRIOS DE DROGA ESTÃO AUMENTANDO As pesquisas na Inglaterra mostram que quase a metade de todos os adolescentes entre 15 e 16 anos já usou uma droga

ilegal. Cerca de 1,5 milhão de pessoas usa ecstasy todo fim de semana. Entre os jovens, o uso ilegal da droga é visto como normal. Intensificar a guerra contra as drogas não está reduzindo a demanda. Na Holanda, onde as leis do uso da maconha são muito menos repressivas, o seu uso entre os jovens é o mais baixo da Europa. A legalização aceita que o uso da droga é normal e que é uma questão social e não uma questão de justiça criminal. Cabe a nós decidir como vamos lidar com isto. Em 1970, na Inglaterra, havia 9 mil condenações ou advertências por uso de droga e 15% de novas pessoas tinham usado uma droga ilegal. Em 1995 os números eram de 94 mil e 45%. A proibição não funciona. 5– POSSIBILITAR O ACESSO À INFORMAÇÃO VERDADEIRA E A RIQUEZA DA EDUCAÇÃO Um mundo de desinformação sobre drogas e uso de drogas é engendrado pelos ignorantes e preconceituosos burocratas da política e por alguns meios de comunicação que vendem mitos e mentiras para benefício próprio. Isto cria muitos dos riscos e dos perigos associados com o uso de drogas. A legalização ajudaria a disseminar informação aberta, honesta e verdadeira aos usuários e aos não usuários para ajudar-lhes a tomar decisões de usar ou não usar e de como usar. Poderíamos começar a pesquisar novamente as drogas atualmente ilícitas e descobrir todos seus usos e efeitos – positivos e negativos. 6– TORNAR O USO MAIS SEGURO PARA O USUÁRIO A proibição conduziu à estigmatização e marginalização dos usuários de drogas. Os países que adotam políticas ultraproibicionistas têm taxas muito elevadas de infecção por HIV entre usuários de drogas injetáveis. As taxas de hepatite C entre os usuários no Reino Unido estão aumentando substancialmente. No Reino Unido, nos anos 1980, agulhas limpas para usuários e instrução sobre sexo seguro para jovens foram disponibilizados em resposta ao medo do HIV. As políticas de redução de danos estão em oposição direta às leis de proibição. 7– RESTAURAR NOSSOS DIREITOS E RESPONSABILIDADES A proibição criminaliza desnecessariamente milhões de pessoas que, não fosse isso, seriam pessoas normalmente obe-

dientes às leis. A proibição tira das mãos dos que constroem as políticas públicas a responsabilidade da distribuição de drogas que circulam no mercado paralelo e transfere este poder, na maioria das vezes, para traficantes violentos. A legalização restauraria o direito de se usar drogas responsavelmente e permitiria o controle e regulação para proteger os mais vulneráveis. 8– RAÇA E DROGAS As pessoas da raça negra correm dez vezes mais risco de ser presas por uso de drogas que as pessoas brancas. As prisões por uso de droga são notoriamente discriminatórias do ponto de vista social, alvejando facilmente um grupo étnico particular. A proibição promoveu este estereótipo das pessoas negras. A legalização remove um conjunto inteiro de leis que são usadas desproporcionalmente no contato de pessoas negras com o sistema criminal da Justiça. Ajudaria a reverter o número desproporcional de pessoas negras condenadas por uso de droga nas prisões. 9– IMPLICAÇÕES GLOBAIS O mercado de drogas ilegais representa cerca de 8% de todo o comércio mundial (em torno de 600 bilhões de dólares por ano). Países inteiros são comandados sob a influência, que corrompe, dos cartéis das drogas. A proibição permite também que os países desenvolvidos mantenham um amplo poder político sobre as nações que são produtoras com o patrocínio de programas de controle das drogas. A legalização devolveria o dinheiro perdido para a economia formal, gerando impostos, e diminuiria o alto nível de corrupção. Removeria também uma ferramenta de interferência política das nações estrangeiras sobre as nações produtoras. 10– A PROIBIÇÃO NÃO FUNCIONA Não existe nenhuma evidência para mostrar que a proibição esteja resolvendo o problema. A pergunta que devemos nos fazer é: Quais são os benefícios de se criminalizar qualquer droga? Se após analisarmos todas as evidências disponíveis concluirmos que os males superam os benefícios, então temos de procurar uma política alternativa. A legalização não é a cura para tudo, mas nos permite encarar os problemas criados com o uso da droga e os problemas criados pela proibição. É chegada a hora de uma política pragmática e eficaz sobre drogas.

H

á, nos nossos dias, todo tipo de crendices. Algumas são antigas e muito arraigadas: perpetuamo-las mais por preguiça de questioná-las do que por crença verdadeira. Há também aquelas bobagens nas quais acreditamos por simples conveniência, quase que por conforto. Nenhuma destas fanfarronices causa lá muito mal. É como aquela ideia de jogar sempre os mesmos números na mega-sena: chega uma hora em que ninguém quer se ver como aquele sujeito meio amalucado que aposta os mesmos números há 30 anos e faz questão de mostrar a lógica da coisa, ainda esperançoso que sua hora vá chegar. E mesmo que se torne nesse pobre-coitado, mal nenhum daí decorrerá. Há, contudo, uma outra categoria de ilusão, que poderíamos sem nenhum prejuízo chamar de autoengano geracional. Certamente um termo muito bonito para expressar algo tão pedestre: não se trata de nenhum traço cultural muito enraizado, ou alguma natureza que um qualquer povo possua. Entretanto, é um elemento central na autocompreensão de uma época; a ideia equi-

Gostaríamos de pedir desculpas à Victor Moriyama/ Greenpeace por não creditarmos a foto de capa da edição 90 sobre o povo Krenak que foi feita por ele.

Osmar Terra – Deputado federal (PMDB-RS)

EXPEDIENTE Av. Minas Gerais, 700/601 Centro CEP 35010-151 Governador Valadares - MG Telefone (33) 3021-3498 redacao.figueira@gmail.com

O Jornal Figueira é uma publicação da MPOL Comunicação e Pesquisa. CNPJ 16.403.641/0001-27. Em parceria de conteúdo com a Fundação Figueira do Rio Doce. São nossos compromissos: - a relação honesta com o leitor, oferecendo a notícia que lhe permita posicionar-se por si mesmo, sem tutela; - o entendimento da democracia como um valor em si, a ser cultivado e aperfeiçoado; - a consciência de que a liberdade de imprensa se perde quando não se usa; - a compreensão de que instituições funcionais e sólidas são o registro de confiança de um povo para a sua estabilidade e progresso assim como para a sua imagem externa; - a convicção de que a garantia dos direitos humanos, a pluralidade de ideias e comportamentos, são premissas para a atratividade econômica. Diretor e Jornalista Responsável Moisés Oliveira - DRT/MG 11567 Editor Fernando Gentil - DRT/MG 18477 Reportagem Gina Pagú - DRT/MG 013672

Colunistas e Colaboradores Ingrid Morhy João Paulo M. Araújo José Marcelo Júlio Avelar Marcos Imbrizi

Revisão Fábio Guedes - DRT/MG 08673

Assessoria jurídica Alexandre Albino

Ombudsman Manoel Assad

Diagramação Stam Comunicação - (33) 3016-7600

Artigos assinados não refletem a opinião do jornal

S

ou firmemente contrário à liberação das drogas no Brasil. Falo como médico, estudioso do assunto e gestor de saúde pública por oito anos, como secretário de saúde do Rio Grande do Sul e presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde. A experiência me permite afirmar que a epidemia das drogas se constitui no maior problema de saúde pública e de segurança no país. Com a liberação, aumentará o número de dependentes químicos das drogas. Nos últimos 200 anos, já tivemos verdadeiras tragédias sociais em todos os locais onde as drogas foram liberadas. Junto com o aumento de transtornos mentais decorrentes da dependência, aumentaram os problemas sociais, de segurança e de saúde. Sem falar na destruição de milhões de famílias devastadas quando um de seus membros se torna dependente. Quem tem um caso de dependência na família sabe do que falo. A China, no século 19, guerreou contra a Inglaterra para (pasmem) poder proibir o ópio. A Suécia teve graves problemas sociais, de saúde pública e segurança com as drogas liberadas até que, em 1969, aprovou leis duríssimas contra elas. O mesmo se passou no Japão pós-guerra. Hoje, China, Suécia e

Japão têm baixíssimos índices de violência e doenças vinculadas às drogas, graças ao rigor das leis. Os que defendem a liberação alegam que a proibição fracassou, pois o tráfico de drogas continua existindo. Ora, o álcool e o tabaco juntos possuem aproximadamente 40 milhões de dependentes químicos no Brasil, justamente por serem legais e de fácil acesso. As drogas ilícitas não chegam à sexta parte disso. Se liberadas, ultrapassariam, facilmente, os 40 milhões de dependentes. Alguém duvida? Prender estelionatários e pedófilos não acaba com o estelionato e a pedofilia, mas haveria muito mais se não fossem proibidos. As leis e as proibições não eliminam totalmente os crimes, mas diminuem sua incidência e o número de vítimas. Os países que jogaram duro contra as drogas foram os que mais reduziram o número de dependentes e a violência. É assim da China a Cuba, dos EUA à Suécia. E nenhum país do mundo liberou o tráfico. Violência O argumento de que álcool e cigarro respondem por 96,2% das mortes entre usuários de drogas, enquanto cocaína e derivados por

0,8%, e maconha por nenhuma morte é, no mínimo, ingênuo. É tanta diferença que para alguém desavisado pareceria sensato colocar na ilegalidade o álcool e o cigarro e legalizar o crack e a maconha. Esses dados escondem a enorme subnotificação de mortes por drogas ilícitas. Com as lícitas é fácil fazer a ligação do usuário com a doença. Com as ilícitas não. Cerca de 25% dos usuários de crack morrem antes do quinto ano de uso, metade pela violência e a outra metade por doenças ou complicações decorrentes de aids (segundo dados da Unifesp). Como já chegamos a 2 milhões de usuários de crack, vemos que essa substância pode causar mais danos que o álcool e o cigarro juntos. Segundo o INSS, o crack era responsável, em 2012, por 2,5 vezes mais auxílios-doença por dependência química que o álcool. Em 2006, a maioria era por álcool. Interessante registrar é que os defensores da liberação das drogas nunca falam da gravíssima epidemia do crack, que cresceu muito nos últimos oito anos. A maconha também é letal. Os riscos de complicações pulmonares e câncer que ela traz são maiores que os do tabaco.

*Texto retirado do site Uol

cientemente até naturalizá-la, até o ponto em que foi voluntariamente transformada em evangelho de campanhas eleitorais de todas as cores. Quando fomos jogados sem cerimônia na vida adulta, ofereceram-nos um título de eleitor e uma prateleira cheia de bobagens para consumir. Deram-nos um sentido de vida: compre quem você quiser ser, seja o que você puder comprar. Fomos levados pela torrente do otimismo ignorante e estávamos por demais afogados em suas benesses sob a forma de quinquilharias inúteis para prestar atenção ao que realmente acontecia. E, quando a música começou a soar repetitiva e enfadonha, e a forma de satisfação das necessidades não atendidas sofre com o preço do Iphone, indignamo-nos de tal forma que intentamos violar a promessa para manter os seus resultados. E assim como 2015 iniciou com a traição da promessa, 2016 se anuncia com a promessa da traição. E subvertendo o provérbio, tudo parece indicar que iremos jogar fora o bebê para salvar a água suja do banho.

Mas que direito é esse? Que promessa é essa da qual nos acreditamos credores? Que autoengano foi esse, capaz de distorcer nossa própria visão do país, do tempo, de nós mesmos? Emprestamos o título de nossa coluna, hoje, à poesia de Pasolini. Não é coincidência que o poema em questão tenha sido publicado em um livro chamado “A religião do meu tempo”. Pasolini nunca se deixou enganar por crendices, promessas ou pseudodireitos. O artista vê melhor que os outros. Suas palavras são a descrição exata do que somos hoje: “terra de infantes, famintos, corruptos, governantes a soldo do latifúndio, prefeitos reacionários, advogadinhos sebentos de brilhantina de pés imundos, profissionais liberais canalhas como tios carolas. (...) Milhões de pequenos burgueses como milhões de porcos a pastar empanturrando-se sob intactos palacetes”. Ele nunca nos desejaria um “feliz 2016”. ***** Aos leitores desta Tribuna (todos os 9!): breves férias para todos nós. Voltamos em 2 semanas.

BRAVA GENTE

Viver é revolucionário

Jó é membro do Partidão há mais de 20 anos Fernando Gentil

Legalização das drogas não é caminho para diminuir violência

À MINHA NAÇÃO

vocada que faz sobre si mesma uma geração, e que possui consequências bastante terríveis: obscurecendo o teor dos processos históricos no momento em que são vividos e interpretados, elas deturpam o campo de sentidos e significados disponíveis aos indivíduos que vivem, agem, escolhem – e, com isso, dão vida, movimento e caráter ao próprio tempo. Arrisco dizer que o elemento definidor do nosso tempo, nestes termos de autoengano, seja a noção de “direito à felicidade”. A ideia teve uma trajetória muito parecida com o Axé Music baiano: nasce na segunda metade da década de 1980, espalha-se pelo país durante a década de 1990, internacionaliza-se durante os 2000 e, mesmo agora, no esquecimento completo, as pessoas ainda sabem reconhecer sua presença em toda a barafunda polifônica que lhe sucedeu e, hoje, nos fere os ouvidos. Virou cult. A ideia, não obstante, é fruto de uma promessa. Uma promessa inventada pelos nossos pais para nos dar algum conforto diante do vazio que viria, mas à qual aderimos incons-

*Texto retirado do site do jornal Le Monde Diplomatique

NÃO

João Paulo M. Araújo é professor da Universidade Federal de Juiz de Fora campus Governador Valadares Contato: jp.medeirosaraujo@gmail.com

Tribuna

PARLATÓRIO

EDITORIAL

FIGUEIRA - Fim de semana de 01 a 03 de janeiro de 2016

U

ma vida em prol de um ideal não é uma frase clichê para Jó. Ele tinha duas escolhas. Ou ser chamado pelo nome completo defendido pelo pai, José Rodrigues Araújo, ou apenas Jó, que era a sugestão da mãe. Ele preferiu nadar contra a corrente, desrespeitar o patriarcado e acatar a decisão da mãe, mulher e guerreira. Nascido em 22 de setembro de 1959, Jó viveu toda a época da repressão. Nascido em Alto Santa Helena, distrito de Governador Valadares, ele é

hoteleiro e membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB). “A minha militância política se iniciou por uma questão natural. Desde pequeno, eu morava em um pequeno distrito e todo mundo tinha medo de cigano. Mas eu gostava, conversava com os ciganos. Isso com seis, sete anos de idade. Ao ver filmes de faroeste, eu torcia sempre para o índio se dar bem. Caracterizo como uma relação hormonal com o humanismo”, afirma o político. Sobre suas inspirações, são várias e todas relacionadas à literatura. “Já li muita coisa que me fez refletir sobre o mundo em que vivemos e como modificá-lo. O primeiro foi a “Origem das Espécies”, de Charles Darwin. Li a “História da Família e da Propriedade Privada”, de Engels. Depois “As Veias Abertas da América Latina”, do Galeano. Esses foram os livros que iniciaram minha participação na política”, explica Jó. Foi candidato duas vezes à Prefeitura de Valadares e seu objetivo é bem simples. “Tive contato com o partido por causa da literatura mesmo. Lia muitos autores que eram membros. Jorge Amado é um exemplo. A partir daí surgiu a necessidade de publicizar as ideias do PCB e fui chamado para ser candidato. Foi uma tarefa dada pelo partido. Mas a Valadares que eu so-

nho é um mundo melhor, não uma cidade. Não adianta ter uma cidade melhor em detrimento de outras. Para conseguir isso, é preciso investir no poder popular, que é quando comitês de base da sociedade são formados e tomam as decisões de forma democrática para uma sociedade mais justa. E é possível fazer isso. Criar uma cidade com conselhos, em que o prefeito seja aquele que governa menos e o povo governa mais. É preciso socializar o poder”, reflete o pecebista. Jó acredita que o PT decepcionou ao entrar no poder e deixar de lado diversas bandeiras da esquerda. “Valadares é um retrato três por quatro do Brasil. Lamentavelmente, o Partido dos Trabalhadores, após a Copa do Mundo, tornou-se um desgoverno. Não temos dúvidas dos avanços trazidos pelo PT, foram vários. Mas o que nós criticamos é o que eles deixaram de fazer. Não foi feita reforma agrária, reforma política. Não temos uma indústria automobilística nossa, por exemplo. A Dilma foi vítima da falha do Lula. Em 1997, o FHC passou a permitir que empresas financiassem campanhas e Lula ficou oito anos sem mexer nisso. Aí, todo o mal já tinha contaminado a política nacional. O PCB esteve junto com o PT até 2005; depois disso saímos porque

vimos que o partido tinha se entregado ao poder econômico das grandes empresas”, reivindica o marxista. Para Jó é preciso colocar o povo na rua. “A única forma de mudar o país é fazendo a revolução. Não existe outra maneira. Só que, infelizmente, o PT matou vários movimentos sociais. O lulopetismo pegou militante de rua, pegou ativista e calou a boca deles com empreguinho de terceiro escalão. Precisamos fazer a revolução e isso só se faz com o povo na rua”, convida Jó. O PCB é o partido mais antigo do país, sofreu diversas vezes com censura e repressão em vários governos. Porém, continua vivo e firme na luta por uma sociedade igualitária e justa. Para ser membro do Partidão não é preciso protocolar o pedido em cartório nem qualquer outro tipo de burocracia, basta querer. “Nosso partido é plural. Você não precisa ser filiado ao cartório para fazer parte dele. Basta participar das reuniões. É só me procurar que explico tudo. Uma pessoa pode ser secretária-geral do PCB na cidade sem ser filiada realmente. Mas, se quiser se filiar, a gente também faz. E outra: o partido não tem presidente. São secretarias que organizam o colegiado. Decidimos tudo juntos, de forma democrática, sem excluir ninguém, nem nenhuma ideia”, conclui o leninista.


FIGUEIRA - Fim de semana de 01 a 03 de janeiro de 2016

POLÍTICA | ECONOMIA 4

INTERNACIONAL 5

O tenebroso ano no Congresso Nacional

FIGUEIRA - Fim de semana de 01 a 03 de janeiro de 2016

O ano do macaco está chegando

Desde as eleições de 2014, a Câmara e o Senado receberam grandes doses de fundamentalismo

Movimento oriental é diferente do que ocorre em países do ocidente

Foto: Quadrante Viagens

Foto: Portal Central Brasil

Fernando Gentil

T

udo começou já no primeiro dia do ano. Eleição da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. O eleito é um deputado que está sendo investigado em mais de 60 casos de corrupção e será julgado por 194 anos de cadeia. Ele mesmo. Eduardo Cunha. A partir disso, o ano foi de uma tragédia a outra na “casa do povo”. Com o Congresso mais conservador desde a Ditadura Militar, os fundamentalistas tomaram conta de todas as comissões e fizeram valer as suas vontades. A chamada Bancada BBB (Boi, Bala e Bíblia) resolveu atacar o progressismo dos últimos anos e investir em pautas catastróficas para um país de século 21. Sorte que nenhuma delas ainda foi aprovada de fato. Os ruralistas investiram na PEC 215, a exterminadora de índios, quilombolas e comunidades tradicionais. Teve também a tentativa de impedir a sanção da lei do trabalho escravo e divulgação da lista que mostra quais empresas cometem o crime. Kátia Abreu, ministra da agricultura, até que tentou, mas não conseguiu evitar a publicação da lista. A bancada da bala tem tentado de todas as formas acabar com o Estatuto do Desarmamento, além de reduzir a maioridade penal e diminuir os direitos de mulheres estupradas, por exemplo. São medidas tão reacionárias e grotescas que em qualquer país minimamente progressista do mundo estes senhores não estariam nunca na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Para piorar, a bancada evangélica resolveu dominar o Congresso. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, faz parte dela. Tentaram aprovar a lei do orgulho heterossexual, o estatuto da família, a proibição de casais gays adotarem criança, destruíram o Plano

Imagem: Divulgação

Dragão espanta as coisas ruins

Bancada BBB é comandada por Eduardo Cunha

Nacional de Educação, inventaram até a “cristofobia”. E tem gente que ainda vangloria esses caras. Além disso, teve o Novo Código da Mineração, de relatoria do também fundamentalista Leonardo Quintão (PMDB-MG). A lei foi escrita no escritório dos advogados da Vale e da BHP Billiton, responsáveis pela maior tragédia ambiental da história do Brasil. O código diminui o rigor para se obter licenças ambientais, por exemplo, entre outras várias medidas que flexibilizam a atuação das mineradoras. E isso

tudo no meio de toda a tragédia causada pelas próprias mineradoras. Porém, nem tudo são lágrimas. Eduardo Cunha está prestes de ser cassado do seu mandato de deputado federal e, se a justiça for feita, pegará uma pena de quase 200 anos. Além disso, o rito do processo de impeachment feito pela bancada BBB foi completamente mudado pelo Supremo Tribunal Federal. Agora sim ele será feito com lisura, transparência e justiça. Pelo menos é o que se espera. O recado do fim de dezembro de

Foto: Fernando Gentil

V É o Congresso mais conservador desde 1964

2015 é claro. Tudo indica que teremos um 2016 muito melhor, com melhores lideranças, com um processo cada vez

mais democrático e sem a aprovação das absurdas leis formuladas pela bancada BBB. Estamos torcendo por isso.

Café com Leite Marcos Imbrizi / De São Paulo

P

ara esta semana de Natal, na qual tivemos de adiantar o texto da coluna, decidi escrever sobre dois livros. Um, sobre a história da cidade de São Paulo, que terminei de ler recentemente. Outro, sobre a história da família mineira, que ainda pretendo ler. O livro “A Capital da Vertigem – uma história de São Paulo de 1900 a 1954”, do jornalista Roberto Pompeu de Toledo (editora Objetiva, 582 p.) narra a impressionante história da cidade que experimentou um crescimento vertiginoso a partir do final do século 19. Se em 1890 eram menos de 65 mil paulistanos, três anos mais tarde, a população da cidade já era de mais de 130 mil habitantes e na virada

Férias, tempo de leitura do século 20, quase 240 mil. A leitura do livro nos permite conhecer um pouco mais, por exemplo, de personagens que se destacaram no cenário nacional da República Velha, como é o caso do presidente Washington Luís, o paulista de Macaé, que iniciou sua carreira como vereador e fez carreira no Partido Republicano Paulista, até chegar à presidência. A leitura da publicação traz informações sobre o desenvolvimento da cidade, com a chegada da eletricidade, os bondes elétricos, dos bairros planejados, do automóvel, do futebol. As greves operárias da década de 1910, com destaque para a Greve Geral de 1917, que paralisou a cidade, têm espaço garantido na publicação,

que mostra a forma como os jornais operários da época retratam os industriais como o conde Matarazzo “balofo escravagista, ignóbil exterminador de crianças” ou os representantes das famílias Jafet e Calfat, proprietárias de tradicionais indústrias têxteis paulistanas, mostradas como turcos exploradores dos trabalhadores. O mesmo autor já havia publicado em 2003 “A Capital da Solidão – uma história de São Paulo das origens a 1900, (editora Objetiva, 558 p.) no qual retrata a história da Vila de São Paulo de Piratininga. Outra publicação que pode ser uma boa opção de leitura e, por que não, de presente, é História da Família no Brasil (Séculos XVIII, XIX e XX): No-

Fernando Gentil

vas Análises e Perspectivas (Fino Traço Editora, 388 p.), que integram o projeto “Família e Demografia em Minas Gerais, Séculos XVIII, XIX e XX”, apresentados em simpósio internacional no ano passado na UFMG. Os capítulos têm abordagem em várias áreas do conhecimento como a micro-história, os estudos de gênero, a reconstituição de redes sociais e a História Econômica, entre outras, e são uma importante contribuição aos interessados pela História de Minas Gerais. Entre os capítulos, destaques para “Uma família da Vila de São José: empregando a reconstituição familiar pormenorizada para elucidar a História Social”, de Douglas Cole Libby e Zephyr L. Frank, “Pai branco, mãe

negra, filho pardo: formação familiar e mobilidade social na Comarca do Rio das Velhas”, de Mariana L. R. Dantas, “Família, Compadrio e Demografia na Freguesia do Mártir São Manuel do Rio Pomba e Peixe dos Índios Cropó e Croato (1767-1819)”, de Jonis Freire e Ângelo Alves Carrara, “Enredos de Poder de Famílias Sertanistas no Mundo Ibérico e nas Minas de Pitangui”, de Faber Clayton Barbosa e “Dona Anna Perpétua: mulher, matrimônio e família no Tejuco (Séculos XVIII e XIX)”, de José Newton Coelho Meneses. Mais informações: http://www. finotracoeditora.com.br/livros/ LI9141/9788580542639/historia-da-familia-no-brasil-seculos-xviii-xix-e-xx-novas-analises-e-perspectivas.html

Marcos Luiz Imbrizi é jornalista e historiador, mestre em Comunicação Social, ativista em favor de rádios livres.

ocê já deve ter ouvido falar do ano-novo chinês, não é mesmo? É que o calendário em alguns países orientais é contado de forma diferente do conhecido e utilizado aqui no Brasil. Ano que vem, por exemplo, começa no nosso dia 9 de fevereiro para eles. E tem como símbolo o macaco. Além disso, o ano é 4714, não 2016. Na China, o cálculo é de acordo com a posição do sol e as fases da lua. O ano-novo de lá inicia na noite da lua nova mais próxima do dia em que o sol passa pelo décimo quinto grau de Aquário. Parece meio complicado, mas não para os orientais. São doze animais ao todo que participaram de uma reunião com Buda. Estes se tornaram os símbolos do zodíaco chinês. São eles: o rato, búfalo/ boi, tigre, coelho, dragão, serpente/ cobra, cavalo, carneiro/cabra, macaco, galo, cachorro e o javali/porco. E em 2016 quem comanda o ano é o macaco. As celebrações duram 15 dias e há toda uma história por trás das festas. O ano-novo chinês é uma lenda de uma besta gigante chamada Nian. Ela engolia vários seres humanos de uma vez. Só que, aí, perceberam que a besta tinha medo da cor vermelha e não gostava de ruídos altos. E assim se celebra a virada de ano na China. Com muito vermelho e muito barulho, principalmente muitos fogos de artifício. Além de usar vermelho e fazer muito barulho, outras diversas tradições existem nos 15 dias de comemoração do réveillon. Confira o artigo feito pelo Jornal de Brasília com todas as superstições do ano-novo chinês: “Usar roupas vermelhas, soltar fogos de artifício para espantar maus espíritos, dançar e, principalmente, comer pratos especiais são tradições milenares chinesas que podem ser re-

petidas por quem aprecia essa cultura tão especial. Na hora da refeição, pratos como frango crispy ao molho de laranja, Filé ao molho Mongólia, peixe empanado ao molho agridoce, entre outros, fazem a festa ainda melhor. Nesta data, toda a China estará em festa, com suas bonitas e milenares tradições que evocam a prosperidade, a saúde e a uma vida melhor. As colônias chinesas espalhadas por todo o mundo também comemorarão a data, sendo que milhões de pratos chineses serão consumidos por todo o planeta por descendentes ou não de orientais. ‘Mesmo quem não é chinês, mas simpatiza com as tradições deste povo, consome os pratos que são pedidos em todo o mundo’, comenta Thomas Liu, descendente de chineses que criou, há 20 anos, a rede Lig-Lig de comida chinesa, com 40 lojas no Brasil. Também faz parte da tradição chinesa de ano-novo realizar algumas danças coreografadas, como as bonitas dança do dragão e dança do leão, realizadas por 20 dançarinos e assistidas por milhares de pessoas, todas elas buscando prosperidade, sorte e renovação. Os chineses também costumam, na noite da virada do ano, entregar aos seus entes queridos um envelope vermelho chamado ‘hong bao’, no qual há dinheiro. Esse envelope só é aberto após a virada e representa a generosidade e o desejo de boa sorte. Na virada, a grande queima de fogos simboliza o afastamento dos maus espíritos e a comemoração da primavera, que coincide com a chegada do ano novo. E, na véspera do ano, é hora da limpeza da casa, corte de cabelo, fechamento de contas e reparos gerais: os chineses acreditam que nada deve ficar quebrado, remendado ou pendente para o ano seguinte. As roupas da virada são vermelhas e novas, os deuses recebem oferendas

e lanternas, também vermelhas, são espalhadas para atrair bons fluidos. Tudo para que o ano comece com energias renovadas. O frango crispy ao molho de laranja é uma famosa receita internacional de frango com molho de laranja, que leva molho shoyu, suco de laranja, óleo de gergelim, alho, cebola e pimenta, entre outros ingredientes. É um molho adocicado e encorpado, que serve uma ou duas pessoas. O filé ao molho Mongólia é uma deliciosa combinação de carne fatiada, brócolis, cenoura e molho mongolian – uma receita picante feita à base de pimenta, vinho, alho, especiarias, pasta de gergelim e outros ingredientes. Já o frango com abobrinha ao molho hoisin é uma receita levemente adocicada, que traz a delicadeza do sabor da abobrinha e a textura suculenta de coxas e sobrecoxas de frango envoltas em um molho especial preparado com pasta de soja, alho, vinagre e batata doce.”

Os 15 dias de celebração A cada dia de festa uma tradição tem que ser celebrada pelos chineses. São elas: No primeiro dia do ano novo ocorre o acolhimento dos deuses dos céus e da terra. As pessoas deixam de comer carne, pois acreditam que isso irá garantir uma vida longa e feliz. No segundo dia eles rezam para seus antepassados, assim como para todos os deuses. Acredita-se que o segundo dia é o aniversário de todos os cachorros. O terceiro e quarto dias são para os filhos prestarem homenagens a seus pais. O quinto dia é chamado ‘Po Woo’. Neste dia as pessoas ficam em casa para receber o Deus da Riqueza.

O macaco é o símbolo de 2016 Foto: Público

É preciso fazer muito barulho para que o ano seja bom

Ninguém visita família e amigos porque o deus vai trazer a ambas as partes má sorte. Do sexto ao décimo dia os chineses visitam os parentes e amigos livremente. Vão também aos templos para rezar por boa sorte e saúde. No sétimo dia do ano novo chinês os agricultores mostram os seus produtos. Estes agricultores fazer uma bebida a partir de sete tipos de vegetais para celebrar a ocasião. O sétimo dia é considerado o aniversário de seres humanos. Macarrão é consumido para promover a longevidade e peixe cru para o sucesso. No oitavo dia o povo Fujian tem outro jantar, reagrupamento familiar e, à meia-noite, oram para Tian Gong, o Deus do Céu. O nono dia é para fazer oferendas ao Imperador de Jade.

Do décimo para o 12 º dia convidam-se amigos e parentes para o jantar. Depois de tanto alimento rico, no dia 13 come-se apenas mingau de arroz simples e mostarda (‘soma choi’) para limpar o sistema. O dia 14 é para os preparativos do Festival da Lanterna, que será realizado na noite do 15º dia. No 15º dia do ano novo chinês ocorre o chamado Festival da Lanterna, que é comemorado à noite. Como o nome indica, as lanternas são o ponto principal deste festival, no qual crianças as carregam em desfile. Além disso, os chineses comemoram as cinco maiores bênçãos da vida todo ano que se passa. A vida longa, a fortuna, o amor virtuoso, a saúde e a morte natural. Para eles, essas cinco coisas são essenciais para se ter uma vida plena e feliz.


CAPA 6

FIGUEIRA - Fim de semana de 01 a 03 de janeiro de 2016

CAPA 7

FIGUEIRA - Fim de semana de 01 a 03 de janeiro de 2016

RETROSPECTIVA 2015 O ano dos desastres foi marcado por uma série de acontecimentos que assolaram o meio ambiente e ressaltaram conquistas para a comunidade LGBT

FIGUEIRA DO RIO JORNAL DOCE FIGUEIRA JORNAL FIGUEIRA JORNAL FIGUEIRA JORNAL FIGUEIRA JORNAL FIGUEIRA JORNAL FIGUEIRA JORNAL FIGUEIRA JORNAL FIGUEIRA JORNAL FIGUEIRA JORNAL FIGUEIRA JORNAL FIGUEIRA TEMPO E TEMPERATURA

Não Conhecemos Assuntos Proibidos ANO 2 NÚMERO 84

ANO 2 NÚMERO 86 FIM DE SEMANA DE 20 A 22 DE NOVEMBRO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

31o 21o

MÁXIMA

MÍNIMA

TEMPO E TEMPERATURA

Não Conhecemos Assuntos Proibidos ANO 2 NÚMERO 89

FIM DE SEMANA DE 06 A 08 DE NOVEMBRO DE 2015 www.figueira.jor.br Sol e aumento de nuvens FIGUEIRA facebook.com/ DO RIO DOCE /jornalfigueira GOVERNADOR VALADARES MINASPancadas GERAIS pela- manhã. twitter.com/redacaofigueira de chuva à tarde e à noite. EXEMPLAR: R$ 1,00

PRISÃO NELES

Não Conhecemos Assuntos Proibidos ANO 2 NÚMERO 75

MÍNIMA

FIM DE SEMANA DE 11 A 13 DE DEZEMBRO DE 2015Sol com aumento www.figueira.jor.br FIGUEIRA facebook.com/ DO RIO DOCE /jornalfigueira GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS de nuvens durante o dia. twitter.com/redacaofigueira Pancadas de chuva à noite. EXEMPLAR: R$ 1,00

O RIO VAI VIRAR SERTÃO

TEMPO E TEMPERATURA

TEMPO E TEMPERATURA

37o 22o

MÁXIMA

34o 22o

MÁXIMA

MÍNIMA

FIM DE SEMANA DE 04 A 06 DE SETEMBRO DEDia2015 www.figueira.jor.br de sol com algumas nuvens e FIGUEIRA facebook.com/ DO RIO DOCE /jornalfigueira GOVERNADOR VALADARES MINAS GERAIS névoa ao- amanhecer. Noite com twitter.com/redacaofigueira poucas nuvens. EXEMPLAR: R$ 1,00

Não Conhecemos Assuntos Proibidos ANO 2 NÚMERO 80

TEMPO E TEMPERATURA

28o 18o

MÁXIMA

FIM DE SEMANA DE 09 A 11 DE OUTUBRO DE 2015 www.figueira.jor.br Sol com algumas nuvens. FIGUEIRA facebook.com/ DO RIO DOCE /jornalfigueira GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS Não chove. twitter.com/redacaofigueira EXEMPLAR: R$ 1,00

FORÇA INDÍGENA

31o 18o

Não Conhecemos Assuntos Proibidos ANO 2 NÚMERO 79

MÍNIMA

MÁXIMA

MÍNIMA

FIM DE SEMANA DE 02 A 04 DE OUTUBRO DE 2015 www.figueira.jor.br Sol com algumas nuvens. FIGUEIRA facebook.com/ DO RIO DOCE /jornalfigueira GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS Não chove. twitter.com/redacaofigueira EXEMPLAR: R$ 1,00

ROUBO COTIDIANO

TEMPO E TEMPERATURA

TEMPO E TEMPERATURA

Não Conhecemos Assuntos Proibidos ANO 2 NÚMERO 78

PELA BIODIVERSIDADE

34o 20o

MÁXIMA

MÍNIMA

FIM DE SEMANA DE 25 A 27 DE SETEMBRO DE 2015 www.figueira.jor.br Sol com algumas nuvens. FIGUEIRA facebook.com/ DO RIO DOCE /jornalfigueira GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS Não chove. twitter.com/redacaofigueira EXEMPLAR: R$ 1,00

R O D OV I A PA R A D A

Não Conhecemos Assuntos Proibidos ANO 2 NÚMERO 77

32o 20o

MÁXIMA

MÍNIMA

FIM DE SEMANA DE 18 A 20 DE SETEMBRO DE 2015 www.figueira.jor.br Sol com algumas nuvens. FIGUEIRA facebook.com/ DO RIO DOCE /jornalfigueira GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS Não chove. twitter.com/redacaofigueira EXEMPLAR: R$ 1,00

ACABA LIXÃO

TEMPO E TEMPERATURA

Não ConhecemosANOAssuntos Proibidos 2 NÚMERO 76

31o 17o

MÁXIMA

MÍNIMA

FIM DE SEMANA DE 11 A 13 DE SETEMBRO DE 2015 www.figueira.jor.br Sol com algumas nuvens. facebook.com/ jornalfigueira FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES MINAS GERAIS Não- chove. twitter.com/redacaofigueira EXEMPLAR: R$ 1,00

F

TEMPO E TEMPERATURA

Não ConhecemosANOAssuntos Proibidos 2 NÚMERO 70

31o 19o

MÁXIMA

MÍNIMA

FIM DE SEMANA DE 31 DE JULHO A 02 DE AGOSTO DE 2015 www.figueira.jor.br Sol com algumas nuvens. facebook.com/ jornalfigueira FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES MINAS GERAIS Não- chove. twitter.com/redacaofigueira EXEMPLAR: R$ 1,00

TEMPO E TEMPERATURA

Não Conhecemos Assuntos Proibidos

29o 18o

ANO 2 NÚMERO 73 MÁXIMA MÍNIMA FIM DE SEMANA DE 21 A 23 DE AGOSTO DE 2015 www.figueira.jor.br Sol com algumas nuvens. facebook.com/ jornalfigueira FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS Não chove. twitter.com/redacaofigueira EXEMPLAR: R$ 1,00

TEMPO E TEMPERATURA

Não ConhecemosANOAssuntos Proibidos 2 NÚMERO 72

26o 18o

MÁXIMA

MÍNIMA

Não Conhecemos Assuntos Proibidos

FIM DE SEMANA DE 14 A 16 DE AGOSTO DE Sol2015 com muitas nuvens durante www.figueira.jor.br o dia e períodos de céu nublado. facebook.com/ jornalfigueira FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS Noite com muitas nuvens. twitter.com/redacaofigueira EXEMPLAR: R$ 1,00

www.figueira.jor.br

facebook.com/jornalfigueira twitter.com/redacaofigueira

TEMPO E TEMPERATURA

25o 15o

MÁXIMA

MÍNIMA

Sol com muitas nuvens durante o dia e períodos de céu nublado. Noite com muitas nuvens.

PELA DIVERSIDADE

APITO AMIGO

ESPERANÇA NA LEITURA

SALVE A VÁRZEA

Ao nascer aprendemos a sempre ganhar uma coisa em troca de outra. Choramos por brinquedos na infância e damos um jeitinho em tudo depois de adulto. Eu, você, todos nós somos corruptos.

Gina Pagú

Página 6

E

ste ano de 2015 poderia ter sido difícil para a comunidade que vive à margem da Bacia Hidrográfica do Rio Doce. Muito poderia ter sido suportado pelo povo mineiro e capixaba, mas a tristeza maior foi a morte do rio Doce. Os relatos de reportagens que publicamos antes do dia 5 de novembro de 2015 – dia em que barragem de Mariana se rompeu – pareciam prever o desastre de proporções nunca vistas. Sim, foi um ano de conquistas para algumas classes, mas nenhuma delas se conformou com o assassinato do rio que marcou a vida de tantos cidadãos.

dade enfrentaria. “Vivemos em uma região onde é normal termos picos de calor e ausência de chuva, mas esses períodos estão cada vez mais extensos. O ano de 2015 é considerado um dos períodos de seca, mas, em 2016, estão previstas muitas chuvas. No entanto, a estiagem está severa demais.”

Um incêndio que queimou 274 hectares de mata

ANO 2 NÚMERO 84 FIM DE SEMANA DE 06 A 08 DE NOVEMBRO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

Não Conhecemos Assuntos Proibidos www.figueira.jor.br

facebook.com/jornalfigueira twitter.com/redacaofigueira

JORNAL FIGUEIRA

Sol com aumento de nuvens durante o dia. Pancadas de chuva à noite.

facebook.com/jornalfigueira twitter.com/redacaofigueira

37o 22o

MÁXIMA

conhecer um Vale do Rio Doce sem rio, sem árvore, sem nada.

O Vale do Rio Doce pediu socorro e ninguém quis ouvir. O desmatamento e a pecuária extensiva foram os principais culpados apontados por especialistas. O deserto se fazia presente entre as cidades de Colatina (ES) e o Vale do Aço (MG), as águas das nascentes sumiram, as matas nativas também, e o que se viu foi a desertificação tomar conta de áreas que eram consideradas ainda intocadas. As previsões de chuva não ajudariam, o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) afirmou que dados coletados pela estação de Governador Valadares entre os anos de 1975 e 2004 apontaram para a tendência à desertificação da região, com consequente extinção de espécies de plantas e animais. E os especialistas confirmaram a destruição do que era vivo. Antônio Borges, diretor do Centro de Informação e Assessoria Técnica (CIAAT), previu a dificuldade que a comuni-

www.figueira.jor.br

34o 23o

MÁXIMA

Quando será que vamos voltar a ser o país do futebol? Do jeito que está, parece que nunca. Páginas 6 e 7

Sol e aumento de nuvens pela manhã. Pancadas de chuva à tarde. À noite o tempo fica aberto.

Não Conhecemos Assuntos Proibidos www.figueira.jor.br

facebook.com/jornalfigueira twitter.com/redacaofigueira

TEMPO E TEMPERATURA

35o 23o

MÁXIMA

MÍNIMA

Sol e aumento de nuvens pela manhã. Pancadas de chuva à tarde e à noite.

TSUNAMI DE LAMA

Empresa pertencente à Vale e à BHP Billiton (maior mineradora do mundo) é culpada por acabar com vários distritos da cidade primaz de Minas Gerais, além de entupir o rio Doce com rejeito de minério e assassinar pessoas com a lama da barragem que desabou.

Página 6

Um dos piores incêndios atingiu o pico da Ibituruna

Os valadarenses choraram junto com o pico da Ibituruna a dor da incêndio que durou dia e noite. Tentando consolar um ao outro e aguardando os trabalhos do Corpo de Bombeiros, o Institudo Estadual de Florestas (IEF) e da comunidade para que conseguissem extinguir as chamas de até três metros, assistiu-se pelas redes sociais, em tempo real, o incêndio de grandes proporções que queimou o equivalente a 274 campos de futebol. Uma pane na parte elétrica de um veículo que passava pela estrada principal da Ibituruna provocou o incêndio. As chamas se propagaram rapidamente por conta do tempo seco, tomando conta do Monumento Natural Estadual Pico da Ibituruna, que vem tentando se recuperar sozinho da quase destruição.

da água potável do Brasil, os latifúndios cresceram de forma desordenada, desmataram tudo e transformaram em pasto para gado. Só na região dos bairros Vale Verde e Cidade Nova, onde antigamente existiam grandes fazendas, cerca de 30 nascentes morreram. Com o passar dos anos, os afluentes secaram e agora chegou a vez do rio Doce” O melhor era se preparar: se não houvesse chuvas nos próximos 30 dias, Valadares iria entrar em crise hídrica. O SAAE fez manobras para conseguir abastecer toda a região urbana da cidade e mesmo com a aquisição de uma bomba mais potente a cidade caminhava para uma crise hídrica nunca vista, não por falta de investimentos, mas por conta do que ainda estaria por vir.

CRISE HÍDRICA

GOLPE FINAL: A TRAGÉDIA

O pior ainda estaria por vir

O rio Doce foi assassinado junto com a cultura dos índios Krenak

Apontou-se o ruralismo como principal responsável pela crise hídrica vivida em Governador Valadares e região. E, no mês de outubro de 2015, o coordenador do reserva-

Página 6

soreamento que vinha sofrendo durante décadas, uma tragédia que poderia ter sido evitada assolou Minas Gerais. A lama que desceu das barragens da Samarco, Vale e BHP, contaminou a bacia hi-

ANO 2 NÚMERO 85 FIM DE SEMANA DE 13 A 15 DE NOVEMBRO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

MÍNIMA

Por que Valadares escolheu uma monocultura para arborizar Há anos falam todaem a parte duplicar urbana a rodovia do município? da morte. Quando Valadares a liberação vive drama. por parte Não tem do governo usina defederal resíduos, nem sequerNegros, um aterro pobres, sanitário. religiões Gastaafros, milhões gays,por lésbicas, travestis, transexuais, mulheres, índios. Quais as vantagens e desvantagens que o oiti pode trazer para finalmente a cidade? sai,Eaoobra clima ficadaparada. região? Que encosto é ano essepara quelevar tem onessa lixo aBR? uma cidade vizinha. Qual a solução para Faltaeste amor, problema?! respeito, cuidado e paz. O ódio nunca é uma boa escolha.

Página 6

FIGUEIRA DO RIO DOCE

TEMPO E TEMPERATURA

Valadares vive dias infernais. O calor intenso, o maior incêndio já calculado no Pico da Ibituruna e uma seca que pode trazer racionamento de água em uma cidade que nunca sofreu desse mal.

Páginas 6 e 7

A destruição do Vale do Rio Doce e de 700 quilômetros do rio que passa por Minas e Espírito Santo

Páginas 6 e 7

CAOS NA CIDADE

Região leste do estado de Minas Gerais tem sua cobertura vegetal destruída. Várias áreas já estão em processo de erosão, a última etapa antes da desertificação. Se continuar do jeito que está, seus netos vão

DESERTIFICAÇÃO

Não Conhecemos Assuntos Proibidos

ANO 2 NÚMERO 82 FIM DE SEMANA DE 23 A 25 DE OUTUBRO DE 2015 FIGUEIRA DO RIO DOCE / GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS EXEMPLAR: R$ 1,00

O RIO VAI VIRAR SERTÃO

O Vale virou deserto

Páginas 6 e 7

MÍNIMA

TEMPO E TEMPERATURA

O sentido de família se resume ao amor

Com tragédia erros que favorecem sempre Santarém para um ano só!as mesmas equipes, o futebol brasileiro perde o brilho e a força. conhecer um Vale do Rio Doce sem rio, semFundão, árvore, sem nada.e Germano. É muita precisam ser julgados. Esse desastre não pode ficar impune!

tório do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), Jaime Monteiro, pedia pela chuva, pedia que os ruralistas tivessem bom senso e olhar humano para as terras que usavam em suas fazendas. “Além de gastar mais de 70%

PICO DA IBITURUNA

JORNAL FIGUEIRA

Índios da tribo Krenak perderam tudo que tinham: o rio Doce. A história de comunidades tradicionais que a cada dia que passa são exterminadas pela ação dotem homem branco, pelo novo Código Florestal, pelos ruralistas e agora pela Vale Região leste do estado de Minas Gerais sua cobertura vegetal e BHP.de Além disso, a Controladoria áreas pelo já estão em processo erosão, a última etapa Geral do Estado investiga fraudes nas licenças Empresas responsáveis por tragédia em Minasdestruída. Gerais têmVárias que pagar obtidas Samarco da desertificação. Se continuar doambientais jeito que está, seuspela netos vão para a construção e utilização das barragens de crime que cometeram. Civil, administrativa eantes penalmente, os culpados

Se não fosse bastante para o rio Doce, que recebe 100% do esgoto in natura de toda a cidade de Governador Valadares, afora o as-

Páginas 2 a 9

Página 6

Página 6

AGROECOLOGIA E TÉCNICA DO BALDE CHEIO: POSSIBILIDADES PARA RESGATAR O MEIO AMBIENTE Apontada como uma das respostas para a crise hídrica, a agricultura familiar produz respostas contra a destruição. O balde cheio é uma técnica de criação e produção de leite em que manejo é feito de forma diferente, não mais no modo tradicional da pecuária extensiva. São em média dez vacas confinadas em piquetes de um hectare, comendo capim sempre novo e em sistema de rotação, gastando menos e aumentando os lucros, sem degradar a natureza e desmatar florestas. O coordenador do Centro Ecológico Tamanduá, Cláudio Oliveira, afirma que o homem é o culpado pela destruição do meio ambiente e a agroecologia é a solução para a conservação da fauna e flora. “Agroecologia, no nosso conceito, é uma forma que a gente descobriu de trabalhar com a terra de acordo com os índios. Eles são exemplos de agroecologia para todos nós. Descobrimos que não dá mais para viver a agricultura com monocultura. A policultura é a forma de preservar o meio ambiente e produzir alimento de qualidade sem agrotóxicos. A diferença entre produção orgânica e agroecologia é que a primeira pode ser feita em monocultura. A agroecologia em si já é policultura, multimisturas.”

Página 6

Instituições mais tradicionais do país passam por descrença da maioria da população. Partidos, Congresso, governo, justiça, Forças Armadas, Programa de leitura por remição de pena faz presos da penitenciária imprensa, polícia, igreja. O que fazer para reverter da cidade terem esperança de um futuro melhor. Porque tem jogo, mas não tem campeonato. este quadro? Confira Páginas 6 e 7

Página 6

versidade de São Paulo (USP), descobriram o remédio que pode combater a doença. A fosfoetanolamina é uma substância que destrói as células cancerosas e acaba com o desenvolvimento do tumor. Após anos de pesquisa, o Instituto de Química da USP de São Carlos conseguiu provar que o remédio possui sim eficácia. O problema é que a última etapa para que o remédio pudesse ser distribuído para a população não foi atendida. E a culpa, como sempre, é do capital. A questão é que para ser liberado pela Anvisa o medicamento deve passar por uma análise clínica em um hospital. Porém, nenhuma instituição quer trabalhar com o remédio sem que a patente passe para ela. Os pesquisadores são contra. O objetivo é disponibilizar o medicamento com o menor custo possível. Hoje, quem tem uma liminar, consegue comprar cada cápsula por dez centavos apenas mais o custo dos Correios. Ao passar a patente para alguma instituição, a chance de aumentarem

A cura do câncer pode estar nas mãos da Anvisa

O pior desastre ambiental do Brasil

drográfica e matou toda flora e fauna locais. Os otimistas acreditam que o rio ainda está na UTI, que ainda há com recuperá-lo, mas o fato é que a sentença foi dura demais para todos os 700 quilômetros do rio Doce que passam por Minas Gerais e Espírito Santo. Governador Valadares foi a maior cidade atingida pela crise hídrica e a previsão era de 30 dias sem água nas torneiras. Mas o tratamento foi possível com o polímero da acácia negra e o abastecimento de água voltou ao normal em uma semana. Os 280 mil moradores de Valadares receberam doações de água mineral e água potável que vieram de todos os cantos do país. Mas outros questionamentos surgiram sobre a qualidade da água. Laudos foram feitos, mas a contestação é insistente como a lama que corre hoje no lugar do rio. Os índios Krenak residentes na aldeia próxima a Resplendor protestaram durante quatro dias nos trilhos da linha férrea, conseguiram chamar a atenção da Vale e tiveram alguns poucos pedidos atendidos. Mas o mais cruel foi ver a cultura indígena ser destruída junto ao rio Doce.

Existem soluções que podem ajudar o meio ambiente – o balde cheio é uma delas

FOSFOAMINA: A ESPERANÇA PARA A CURA DO CÂNCER A liberação do remédio ainda esbarra na burocracia da Anvisa Este medicamento pode ser a cura de um dos principais males da humanidade: o câncer. No ano de 2015, pesquisadores da Uni-

o valor e transformarem em mais um produto da indústria farmacêutica é alta. E a saúde de milhões de pessoas que morrem de câncer anualmente não pode continuar nas mãos do capital farmacêutico. O pesquisador responsável pelo estudo da fosfoetanolamina, Gilberto Chierice, criticou a burocracia brasileira. “Nós podemos ter que comprar esse medicamento a custo de mercado internacional porque já está começando a aborrecer ficar todo esse tempo tentando e não conseguir. Criam dificuldades que eu não

Página 6

sei explicar. Eu sou um homem de ciência de 25 anos, eu não sou nenhum amador e, por não ser amador, eu conheço os trâmites das coisas, como funcionam. Se não for possível aqui, a melhor coisa é outro país fazer porque beneficiar pessoas não é por bandeira. A humanidade precisa de alguém que faça alguma coisa para curar os seus males.” E a Anvisa ainda não liberou o medicamento que pode salvar muitas vidas.

ADOÇÃO E CASAMENTO HOMOAFETIVOS Casais gays também formam famílias, querem ter e adotar filhos

DIGA SIM PARA MIM O casamento homoafetivo é legalmente reconhecido no Brasil, é direito e é justo O amor foi respaldado pela lei – como se os casais homoafetivos precisassem somente dessa confirmação para formar famílias, morar sob o mesmo teto, ter suas contas divididas, compartilhar o amor, a vida a dois e a construção de uma história. Refiro-me a um casal comum, que vemos todos os dias nas ruas e não nos damos conta porque, na realidade, o gênero nesses casos não importa. O que precisamos reconhecer é que todos são iguais diante da Constituição. A conquista pelos casais do mesmo sexo do casamento civil, assim como é direito aos heterossexuais, foi uma vitória reconhecida em 2013 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Em 2013, por meio de resolução, o Conselho obrigou os cartórios a realizar o casamento civil entre casais do mesmo sexo e tornar a união homoafetiva estável, para quem já houvesse feito, em casamento, tendo esse o mesmo valor legal que o permitido aos heterossexuais. A advogada e professora universitária Melissa Vasconcelos explica que há até bem pouco tempo as relações homoafetivas – advindas de um vínculo de afeto e solidariedade entre pares ou parceiros do mesmo sexo – não tinham reconhecimento legal nem

O ano também foi marcado pelo sentimento de cuidado e proteção. As discussões sobre a ideologia de gêneros e os debates acalorados sobre a aprovação do casamento gay nos Estados Unidos e as manifestações nas redes sociais tomaram conta das mesas e rodas de conversa. No meio dessas opiniões e debates incessantes, as crianças nos pediam um segundo de atenção. Quem parou para pensar que elas também querem ser amadas, protegidas e se sentirem seguras? Mesmo que a sua família não seja necessariamente formada por um pai e uma mãe. Ou porque não duas mãe e dois pais? Nesse contexto, o Figueira, na edição 66, apresentou dois casais homoafetivos que forO amor é igual, os direitos também maram famílias: dois pais que fizeram inseminação artificial em uma barriga de aluguel e proteção no Brasil, o que implicava a privação de inúmeros direitos patrimoniais e extrapaduas mães que adotaram duas meninas. A advogada Lorena Caldeira garante que trimoniais aos gays. Mas a conquista que é celebrada em 2015 não há diferença entre o amor de família dos casais homoafetivos ou heterossexuais. “O tomou corpo em 2011, quando o Supremo amor é o mesmo ou até maior, já que eles lu- Tribunal Federal (STF) reconheceu a unidatam tanto para se tornarem pais e mãe dos de familiar oriunda da união entre pessoas adotados; e é para os casais a grande realiza- do mesmo sexo. O relator e então ministro ção de um sonho e, por isso, dão todo amor, Carlos Ayres Britto disse que “se trata, isto carinho, dedicação. Mas as dificuldades ainda sim, de um voluntário navegar por um rio são muitas. A adoção pelos casais homoafeti- sem margens fixas e sem outra embocadura vos caminha a passos lentos e, devagarzinho, que não seja a experimentação de um novo a vem aumentado cada vez mais o número de dois, que se alonga tanto que se faz universal. crianças adotadas por casais homoafetivos. E não compreender isso talvez comprometa Era comum encontrar crianças adotadas por por modo irremediável a própria capacidade apenas um deles, mas que convivia em famí- de interpretar os institutos jurídicos há poulia com os dois, cercadas de amor e cuidados. co invocados, pois − é Platão quem o diz – Hoje vem crescendo a vontade de ser pai e quem não começa pelo amor nunca saberá o mãe também no documento (certidão de nas- que é filosofia. É a categoria do afeto como cimento) e devemos lembrar que isso é mui- pré-condição do pensamento o que levou to importante para criança, já que garantem, Max Scheler a também ajuizar que “o ser huassim, direitos que a mesma não teria se não mano, antes de um ser pensante ou volitivo, é um ser amante.” fosse filha do casal.”


FIGUEIRA - Fim de semana de 01 a 03 de janeiro de 2016

CIDADES 8

CIDADES 9

Júlio Avelar

FIGUEIRA - Fim de semana de 01 a 03 de janeiro de 2016

Tornar-se mulher é fomentar a ideologia de gênero?

Júlio Avelar é jornalista, apresentador na TV Rio Doce e membro da Academia Valadarense de Letras

Quer falar com este colunista? zapzap 33-99899200 ou julioavelargv@gmail.com Avenida Minas Gerais, 700 sala 610 após 14h.

Foto: Lola

Ano bom na Univale A Universidade Vale do Rio Doce, nossa Univale, encerra seu ano comemorando vitórias, cursos bem cotados pelo MEC, vestibulares bem aceitáveis e seu nome cada vez crescendo mais. Parabéns ao presidente da FPF, Dr. Rômulo Cesar Coelho, que em seis meses já mostrou que dá conta do recado e à comunidade, que clamava por melhoras. O reitor José Geraldo Prata, com sua simplicidade peculiar, tem comandado, e bem, aquela universidade. O diretor administrativo Élio Lacerda sempre atento.

Toninho e Sófia Martha: a festa do ano

Homem honesto Honestidade não é qualidade, é obrigação, mas na política, sei não...; mas sei que quero homenagear o piauiense Manoel Francisco Leite, que já foi vereador dos bons em São Luis, cumpriu seu mandato seriamente limpo e veio para Valadares. Aqui, modestamente feliz, é um dos tantos “simples”, porém determinado vendedor ambulante de água de coco, com seu carrinho sob o sol escaldante da calçada da praça Serra Lima, onde fica a Caixa Econômica Federal.

Sucesso da Cooperativa Agropecuária Guilherme Olinto presidente, João Marques vice, e toda a diretoria da Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce estão rindo de orelha a orelha. Um sucesso a Universidade do Leite, que ajudou a 120 profissionais do campo a fazer o melhor numa parceria bem feita com MSD Saúde Animal. O encerramento foi no último dia 18 no parque de exposições, com muitos interessados.

Borbulhantes... Borbulhantes... *** Indiu’s Restaurante prometendo um bom réveillon neste 31 de dezembro. *** Alba de Oliveira segue para final de ano entre Guarapari e Conceição da Barra; também para Conceição da Barra segue no carnaval Roberto com família, seu mano Gilberto Cabral e familiares. *** Leandro José passou para o segundo período de odontologia e segue para Natal com os pais em Ubaporanga e ano-novo e Carnaval em Conceição da Barra.

Ela é dinâmica: Rozana Azevedo e não se discute! A mulher do ano Rozana Azevedo vem há anos brigando, literalmente, pelo espaço da mulher na sociedade empresarial e política. É a primeira mulher a presidir uma regional da respeitada, estrondosa e poderosa FIEMG. Nunca quis nem quer ser melhor do que ninguém, mas cabe em todos os espaços para onde é convidada. É de tudo um pouco: mãe, esposa, empresaria, além da FIEMG, dispõe de tempo para os netos e filhos, para a Associação Comercial, onde não perde as reuniões, preside o Sindicato dos Vestuários e Confecções da região, vice-presidente do Partido Verde e outras coisas mais. Nunca nega tempo nem vontade de estar e fazer acontecer. Sim, a “minha” mulher do ano, e deve ser a sua também, porque essa ama Valadares como poucos.

Foto: Carla Carniel

O Ilusão Esporte Clube estava alinhado, chique, glamoroso como há muito não se via, tamanho encantamento – tudo impecável, deslumbrante! O nosso estimado casal Antônio de Souza e Sófia Martha, em toda sua simplicidade e talento, recebeu nesse sábado, dia 19 de dezembro, os familiares e amigos mais próximos, e a noite, sem dúvida, ficou marcada como a “festa do ano em Governador Valadares”. O casal, comemorou as bodas de ouro, que mais pareciam prata, de tão jovens, felizes e radiantes. Mais de 300 alinhados convidados; abençoados pelo pastor Horácio Perim que falou bonito; bufê magnífico de Célia Bitencourt, que com sua equipe se esmerou como sempre na qualidade e fartura. Citar as presenças é cometer pecado, pois muitos, muitos, brilhavam. Uma peça teatral contou a história do início do namoro e casamento de Toninho e Sófia; uma banda alegre tocou durante toda a noite as músicas deles, que também agradavam a todos. Ficou marcado para muitos tempos que virão porque foi de paz em todos os nossos corações.

*** Micheline Oliveira e Dudu fecham o Splash (o melhor frango frito da região) só na noite de 24 para 25 e 31 para 1º. Animados e convidados, devem passar o Natal com o senhor Chiquinho e Carnaval em Conceição da Barra, hóspedes deste colunista.

País republiqueta este Brasil Como pode (e alguns acham que podem, pois se consideram DEUS) um juiz mandar bloquear WhatsApp de toda uma nação como o Brasil, hem, gente? Não existem outros meios de ele mandar prender ou multar os responsáveis que negam essas informações? Não demoraram 12 horas e foi liberado. Pelo menos, ele apareceu!

FADIVALE sempre premiada Dr. Alcyr Nascimento, diretor da Faculdade de Direito do vale do Rio Doce, rindo de orelha a orelha com a nota 4 data pelo MEC ao curso de direito daquela faculdade. Dr. Tininho Machado, diretor financeiro, também na alegria total porque há anos e anos ali vem formando homens e mulheres que crescem na justiça brasileira.

*** Márcio José Fernandes e Suely Luiz da Costa Fernandes filiaram-se ao Partido Verde de Valadares. *** Réveillon no Filadélfia promete surpresas. Nas boates de Valadares idem! *** Fânea Pego animada para o Carnaval em Conceição da Barra. *** Crescendo com a cidade está a Frigoleste, do empresário Rodrigo. Sempre muito dedicado e atuante. Só suínos. *** Uma pena... A bela e inteligente Bruna Pereira Alves não é mais assessora parlamentar da vereadora Pastora Eliane. Imagina quem perdeu? E perdeu muito! *** José Francisco Graciolli e Emília mais os filhos seguem para a Península de Maraú, na Bahia. Junior Graciolli idem! *** Dr. Carlos Nicola e Dr.ª Romilda foram de férias merecidas curtir uns dias no Rio de Janeiro. Voltam dia 20. *** Câmara de Vereadores em recesso parlamentar, voltam em fevereiro. Mas a casa continua trabalhando com alguns funcionários para a parte burocrática. Foi, sem dúvida, um ano bom! *** Super-requisitado tem sido o Réveillon do Filadélfia, como sempre superlota de gente bonita.

e discrepante do que se tem decidido sobre o que se deve ensinar aos nossos jovens.” Teve também deputado que entendeu a frase da filósofa como tentativa de doutrinação do PT. Porque, agora, estudar filosofia deve ter se tornado questão partidária ou de mera opinião e entender ciências sociais é questão que deve ser abandonada pelos planos de educação do país se houver alguma razoabilidade nessas falas. A questão tomou volume também nas redes sociais, blogs e páginas pessoais. Teve promotor de justiça denunciando (sic) a (suposta) doutrinação marxista promovida pelo exame. Teve a OAB, que repudiou o promotor. Teve economista enojado com a prova. Teve gente que acha que a universidade aliena. Teve genFoto: Divulgação

Ninguém nasce mulher, torna-se mulher” foi a frase de Simone de Beauvoir que garantiu ampla repercussão nas redes sociais à primeira prova do ENEM e indignação por parte da ala mais conservadora de homens públicos do país. A questão foi falsamente problematizada em câmaras de vereadores, no Congresso Nacional e, especialmente, nas redes sociais, que vociferaram desqualificadamente contra uma suposta ideologia de gênero criada pela filósofa francesa. E, nessa esfera, é tudo tão suposto e inabilitado que a moção de repúdio contra a filósofa, morta em 1986, promovida no último 28 de outubro pela Câmara de Vereadores de Campinas, teria se transformado em um espetáculo de comédia, não fosse o efeito que esse tipo de ato exerce sobre os mais desinformados e não fosse aquela Casa um lugar público de representação do povo que elegeu aqueles senhores. Vereadores, em seus discursos de defesa à moção, questionavam: “Como pode alguém ser homem de manhã e mulher à noite?” Outros bradavam sobre a “iniciativa demoníaca” do MEC em inserir tal questão para reflexão. Houve ainda quem dissesse que a prova estaria “afrontando esse conjunto de fundamentos jurídicos e o próprio Estado Democrático de Direito”, e

que, por isso, deveria ter a questão anulada. Houve também quem dissesse que a questão afronta a Constituição Federal e o Plano Nacional de Educação, entre outras variações torpes do mesmíssimo quilate. E houve um ou dois mais lúcidos que pareciam entender que aquilo tudo não passava de desinformação, ignorância, propagação de discurso de ódio. Esse filme trash está disponível na rede. Em outros níveis mais amplos e de maior repercussão, algumas muitas vozes também se pronunciaram de maneira a repudiar a questão da prova, bem como o tema da redação, que dizia respeito à persistência da violência contra a mulher. Um polêmico, mas não tão inteligente quanto polêmico, deputado apontou que o exame, por meio da questão, teria tentado promover “a teoria de gê-

nero, algo que sutilmente tentaram nos incutir de forma sorrateira e rechaçada pelos parlamentares eleitos democraticamente pela maioria da população e que todas as pesquisas apontam como maioria de fé cristã e conservadora”. O mesmo parlamentar, com os mesmos erros gramaticais, demonstrando que pouco importa a filosofia, a construção do pensamento ocidental, ou seja lá o que for, ainda afirmou: “Esta frase da filósofa Simone de Beauvoir é apenas opinião pessoal da autora e me parece que a inserção desse texto, uma escolha adrede, ardilosa

te contra o Estado laico. Teve gente felicíssima com a possibilidade de mais de sete milhões de estudantes, enfim, pensarem o feminismo. O mais curioso de todos esses posicionamentos contrários à prova (chega a ser engraçado escrever isso) é a ausência de embasamento e a utilização da liberdade de expressão para se inventar supostas afrontas à Constituição e ao Plano Nacional de Educação. Seria o direito à liberdade de expressão, constitucionalmente previsto, passível de invencionices normativas dessa espécie também? Ele não tem limites? Ele compor-

ta discriminações e preconceitos? Criatividade também não tem faltado para se atribuir a Beauvoir coisas que ela não disse, contextos dentro dos quais os textos não estão inseridos (e o contrário), recortes fora da obra, obra fora da vida. Aliás, depois de tudo o que apareceu por aí, ficou constatado que a filósofa é mais uma daquelas conhecidas desconhecidas. Ninguém sabe ao certo quem foi, o que fez, o que pensou, como influenciou o pensamento ocidental, mas todo mundo cita e esbraveja contra a mulher. Já disseram por aí, certa vez, que “falta amor no mundo, mas também falta interpretação de texto.” E alteridade falta mais ainda. Um pouco mais de leitura, um tanto ainda de curiosidade literária. Afinal de contas, o que significa a frase que gerou tanta polêmica? Não seria a hora de repensarmos nosso posicionamento diante do mundo? As ciências sociais deveriam ser passíveis de interpretações tão avulsas e opinativas, sem qualquer embasamento teórico? A verdade é que as ciências sociais têm sido tratadas com tanta promiscuidade que tudo é facilmente relativizado. Claro que não se pretende reduzir os horizontes hermenêuticos neste instante, mas procuraremos entender, ainda que brevemente, o que o texto quer dizer, de forma contextualizada também com o caminhar do pensamento feminista. Não é essa uma interpretação exata e acabada, mas tenta ser coerente com o contexto. Não se pode reduzir à farofa uma obra densa como “O Segundo Sexo”, de onde esse trecho foi retirado. “O Segundo Sexo”, obra lançada em 1949 em dois densos volumes, tenta pensar os gêneros não propriamente a partir da defesa de uma ideologia de gênero, como querem os seus opositores, que, aliás, parecem não ter lido a obra e parecem saber menos ainda de filosofia. A obra aborda formas de dominação em relação à mulher e a sua posição, a partir da biologia, da filosofia, da psicologia, da sociologia. Nesse momento de sua vida, Beauvoir sequer se considerava feminista, o que veio a acontecer apenas anos mais tarde. Mas é certo que, hoje, a autora é amplamente estudada pela teoria feminista, exerce forte influência sobre a formação da teoria queer e adquire significados contextualizados nas mais sérias teorias de gênero da atualidade. É certo também que sua obra foi revolucionária para se compreender a opressão da mulher ainda em seu tempo, embora não tenha tido o reconhecimento necessário naquele momento. O fato é que soam levianas as respostas de parlamentares, blogs, páginas em redes sociais, ao pequeno trecho da obra que tem sido destacado (ressaltado, mas também retirado de seu contexto). Quando a pensadora afirma que não se nasce mulher, torna-se mulher, há aí um texto carregado de sentido naquilo que se refere ao sexo dado, aos papéis de gênero e à construção do


CIDADES 10

FIGUEIRA - Fim de semana de 01 a 03 de janeiro de 2016

ESPORTES 11

Da violência para o esporte

Foto: Dario Oliveira

gênero como algo performativo e não biologicamente determinado, como uma construção social e individual da identidade. Haveria uma imposição por parte da sociedade em que vivemos sobre como a mulher deve ser, vestir-se, comportar-se, submeter-se? Não haveria uma diferença entre gêneros, construída socialmente, que impõe um desequilíbrio – e não uma diferença, no melhor sentido, em que as suas riquezas nos igualam em direitos e valores? Não estaria esse desequilíbrio colocando o homem em uma posição de superioridade? Esses comportamentos atribuídos e dados às mulheres não seriam heteronormativos, ditados pelos outros, a ponto de impedirem que elas construam suas próprias identidades e sejam o que quiserem ser? Esqueceram os mais ferozes combatentes de Beauvoir que esta é, sobretudo, uma questão de igualdade entre seres humanos, uma igualdade que precisa ser reconhecida não apenas de maneira formal na Constituição e nas leis, mas, sobretudo, nos comportamentos sociais, na solidariedade com mulheres que sofrem em relacionamentos abusivos, que sofrem violência sexual, verbal, psicológica, institucional, que são criadas para serem boas esposas submissas, que se culpam quando sentem prazer, que são repreendidas

quando riem alto, quando usam a roupa que a sociedade julga errada, que são caladas em ambientes de trabalho, que são deslocadas de suas funções quando se destacam mais que homens, que são tratadas como propriedade masculina, que sentem medo ao andar em ruas escuras sozinhas, que leem frases machistas e violentas em portas de banheiro. Simone estudou essa igualdade, afirmando que a disputa entre homens e mulheres perduraria enquanto essa igualdade não fosse reconhecida entre ambos e, em “O Segundo Sexo”, demonstra que o tornar-se mulher teria sido fruto de uma influência do pensamento de Hegel (e não do demônio, como querem nossos homens públicos): “Quando um indivíduo ou um grupo de indivíduos é mantido numa situação de inferioridade, ele é de fato inferior; mas é sobre o alcance da palavra ser que precisamos entender-nos; a má-fé consiste em dar-lhe um valor substancial quando tem o sentido dinâmico hegeliano: ser é ter-se tornado, é ter sido feito tal qual se manifesta. Sim, as mulheres, em seu conjunto, são hoje inferiores aos homens, isto é, sua situação oferece-lhes possibilidades menores.” Que as mulheres enfrentam obstáculos mais altos que os homens e menores possibilidades, ainda em

2015 (e como!), é fato inconteste. A violência sutil ou escancarada, o apagamento, o silenciamento, as negativas, os salários diferentes, as oportunidades distintas, a educação excludente e preconceituosa, entre tantos outros exemplos a se citar, demonstram que “sim, as mulheres, em seu conjunto, são hoje inferiores aos homens”. Mas, se tornar-se mulher é parte de um devir da história, quer dizer que essa situação de inferioridade e subjugação não é imutável e que justifica em grande parte, sobretudo, o movimento feminista. Igualdade e liberdade, textualmente previstas nas Constituições e acreditadas como valores da sociedade ocidental, não têm sido suficientes para incorporá-las à existência dessa mesma sociedade, o que talvez demonstre a raiz existencialista da filosofia de Beauvoir. Para que se materializem esses direitos há que se ir para além de liberdade e igualdade transferidas por uma espécie de essencialismo – e aí o feminismo se coloca como chave interpretativa e transformadora. É claro que há várias interpretações acerca da frase e de toda a obra da pensadora. A própria diferença entre sexo e gênero é uma delas, ao lado da consequente construção da identidade. O fato é que, independentemente disso, o valor da obra de Simone de Beauvoir não se cala, não emudece.

FIGUEIRA - Fim de semana de 01 a 03 de janeiro de 2016

A guerrilheira que se tornou atleta de elite no Nepal Gina Pagú

C Dentre as inúmeras acusações de alienação, de incutir a homossexualidade, de perverter crianças e de colocar esse trecho – o que se estende a toda a obra – como “opinião dela”, em um ato de quase escárnio, não apenas reafirmam uma postura machista como também se esquecem de considerá-la como filósofa que teria trazido inúmeras contribuições ao pensamento ocidental. Parece-me estranho considerar o conhecimento e o saber como alienantes. Tudo isso parece conversa de boteco, diante da seriedade da obra da mulher, pensadora e filósofa Simone de Beauvoir. A maneira como os especialistas de botequim vêm tratando o seu pensamento de-

monstra que 60 anos não foram suficientes para que a mulher deixasse de ser tratada como segundo sexo. Demonstra também a conveniência em continuarmos – nós, enquanto sociedade – a silenciar mulheres, seus estudos, seus pensamentos, suas falas, seus corpos. Talvez tenha chegado a hora de pensarmos, com a seriedade e o rigor que a questão merece, em como alguém torna-se mulher.

Tayara Lemos

– Professora no curso de direito da UFJF-GV, mestre e doutoranda em direito pela UFMG, e uma das coordenadoras do projeto de extensão Direito e Identidades de Gênero da UFJF-GV.

om 26 anos, Mira Rai, natural do Nepal, na Ásia, é um nome cotado para ser sucesso em seu país. Após ter servido ao exército dos guerrilheiros, fugiu de casa e dos afazeres domésticos pesados que eram atribuídos às mulheres. Em 2006, Mia entrou para um programa de reabilitação do governo e começou a praticar corrida. Em um evento de atletismo no país natal, o percurso era de 21 quilômetros e,

como a atleta não tinha dinheiro para se alimentar, desmaiou a 400 metros da linha de chegada. Mas, mesmo assim, os treinos prosseguiram. Mia recebeu apoio de um professor de caratê que a instruía pelo telefone e ela treinava em um terreno asfaltado de Catmandu, a capital do país. Mia descobriu então o ultrarunnig – corridas de 80 quilômetros ou mais em terrenos montanhosos. A infância difícil, quando carregava sacos de arroz que pesavam 28 quilos, aos 11 anos, e os treinos pesados das guerrilhas comunistas maoístas do país, talvez a tenham ajudado a ter tanta resistência física. Mesmo assim, nenhum desses sofrimentos a intimidou. Sua primeira

Foto: Arquivo Pessoal

Época que ainda lutava por Mao Tse Tung

corrida foi em 2014, no Vale do Catmandu, com percurso de 50 quilômetros. Rai ainda passava dificuldades financeiras e correu mais uma vez com fome e usando um tênis barato de R$ 15; mas não desistiu: parou no meio do percurso para comprar macarrão e um suco – e foi campeã da prova. O talento de Mia começou a chamar a atenção dos patrocinadores. O então organizador do evento, Richard

Foto: Martina Valmassoi

Atleta trocou o maoísmo pelo esporte

Bull, se aproximou da atleta e ofereceu ajuda. Mia, na época, disse só querer dinheiro para comprar comida. Assim, conseguiu o apoio da Bull, vencendo uma corrida de 200 quilômetros pelas montanhas do Nepal. Em seguida, foi ser campeã na Europa e conseguiu o feito de oito vitórias consecutivas. Mesmo correndo para o futuro, como diz a atleta, ela tem potencial

para ser o maior destaque nesse esporte em seu país. Em 2015, ela venceu uma das corridas mais difíceis: a

Mont Blanc Skyrunner World Series, de 82 quilômetros, chegando 21 minutos antes da segunda colocada.


CULTURA 12

FIGUEIRA - Fim de semana de 01 a 03 de janeiro de 2016

Ano-novo é época de colocar as superstições em dia Muitos apelam para o sobrenatural em busca de uma vida melhor

Q

Fernando Gentil

uem nunca pulou sete ondas na virada do ano que jogue a primeira pedra. Usar branco é o básico, mas existem outras diversas superstições feitas por

quem acredita que algo sobrenatural pode mudar a vida no ano que chega. Além da roupa branca, a dica é usar calcinhas e cuecas novas, pois dão sorte no amor. Algum

detalhe em amarelo pode dar aquele up na renda do ano que está vindo e guardar uma nota de dinheiro no sapato pode garantir a fartura. Sobre as comidas, lentilhas,

1

Para ter sorte no amor, nos primeiros minutos do ano-novo, beije e abrace a primeira pessoa que estiver perto de você.

2

Se deseja viajar muito em 2015, nas primeiras horas do ano-novo, caminhe pela casa com uma mala de viagem.

3

Se deseja ter muito dinheiro em 2015, na passagem do ano, coloque dentro dos dois sapatos uma nota de R$ 10 e uma de R$ 20. Guarde estas notas na carteira o ano todo. Só use no último dia de 2015.

4

À meia-noite, dê três pulos com o pé direito e beba três goles de champagne. Você estará saudando 2015 e começando a subida na vida.

5

A folha de louro representa sucesso e riqueza. À meia-noite do novo ano, coloque uma folha de louro na sua carteira.

6

Para ter um ano cheio de paixão e amor, coma à meia-noite um doce bem açucarado.

7

Se passar o ano-novo na praia, à meia-noite do dia 31 pule sete ondas e faça seus pedidos para 2015 com fé à mãe do mar, que é Iemanjá.

8

Prosperidade para a família: Na passagem do ano, coloque um punhado de arroz cru em cada canto da casa, mentalizando fartura, prosperidade e saúde para todos. Retire esse arroz no dia 6, Dia de Reis, e jogue em um jardim.

9

Sino: Abrir as janelas e tocar um sino em cada cômodo, mentalizando a saída de tudo que houver de negativo no ambiente. Em seguida, preencher com música suave e assoprar canela em pó em todos os ambientes. A canela traz prosperidade.

romã, carne de porco, nozes e castanhas são as preferidas dos supersticiosos. Dar três pulinhos, pular só com o pé direito, jogar moedas da rua para dentro da casa, fazer barulho na

hora da virada, acender velas na praia. Tudo vale na hora da busca pela felicidade. Confira nove simpatias do site Velhos Amigos para começar bem 2016:


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.