Memórias Bordadas: um ateliê-museu para Barra Longa (MG)

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memórias bordadas um ateliê-museu para barra longa (mg) Giovana Canellas

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO 2|2019 Universidade de Brasília Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Departamento de Projeto, Expressão e Representação ORIENTADOR Prof. Dr. Ricardo Trevisan BANCA EXAMINADORA Profa. Dra. Carolina Pescatori Prof. Dr. Eduardo Rossetti

Brasília, 2019



agradecimentos

Das tantas experiências felizes que já vivi, esta com certeza foi uma das mais bonitas. Me despeço desta etapa com o coração tranquilo e com a cabeça repleta de boas lembranças; essas, obviamente, compartilhadas com as várias pessoas queridas que tive a sorte de ter ou encontrar pelo caminho. Confesso que esperei ansiosamente por esse momento - acredito que finalizações de ciclos são importantes para expressarmos tudo aquilo que, com a correria do dia-adia, acabamos deixando passar. Com a oportunidade de olhar para estes últimos anos, percebi toda a gratidão que já não cabia no peito e que, finalmente, poderei expressar em palavras. (Peço desculpas por todo esse sentimentalismo e pelo longo texto que vem abaixo - o que, vindo de uma geminiana falante como eu, seria inevitável).

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Agradeço, primeiramente, à minha mãe, por ter sido sempre o meu porto seguro, minha base e meu maior exemplo de ser humano; obrigada por todo o amor, cuidado, por nunca ter medido esforços para estar ao meu lado, me orientar e me apoiar em todas as minhas decisões. Devo tudo o que sou hoje à você. Ao meu pai, pelo amor e apoio infinitos e por sempre acreditar no meu potencial em tudo o que faço. Obrigada pela base sólida na qual fui criada e por nunca ter deixado que nada me faltasse. À minha irmã e melhor amiga, Pot, por ser minha grande companheira de vida, por tudo que compartilhamos e por sempre me incentivar até nos meus sonhos mais distantes. Obrigada por ser meu oposto, equilíbrio e força nos momentos mais difíceis. E é claro, agradeço à Donatella, meu amor em forma de vira-lata, que me acompanhou fielmente durante as longas tardes e madrugadas de trabalho. Agradeço aos meus avós, tios, tias e minhas primas-irmãs, Amanda, Carol e Nina, por serem a melhor família que eu poderia pedir. Obrigada pelo amor incondicional, pelas lições valiosas que carrego comigo, por todo o apoio e por estarem sempre ao meu lado em qualquer circunstância. Agradeço à Nina, Clara, Ju, Karoll e Marcella, os maiores presentes que a FAU me deu. Obrigada pelo nosso “safe environment” (tão necessário em tantos momentos), por cada trabalho, noite virada, faurrasco, cafés depois da aula, e acima de tudo, por essa amizade tão especial que criamos. Obrigada por serem exatamente quem vocês são e por nos completarmos de formas tão distintas. Agradeço aos outros tantos amigos que a FAU me trouxe e que fizeram estes anos incrivelmente felizes. Seria impossível citar todos aqui, pois certamente deixaria de fora alguém importante, porém vocês sabem quem são. Foi um privilégio poder compartilhar tanto com todos vocês. Agradeço, especialmente, aos amigos que estiveram presentes durante esse período de diplomação:

• À Isa, Ju e Ana. À Isa, o presente que a Diplô me deu, por todas as opiniões compartilhadas, por todo o apoio, e por ter tornado essa etapa muito mais fácil e divertida; à Ju, por ser esse ser humaninho sinônimo de leveza e felicidade, e por cada um dos abraços cheios de amor que sempre fizeram meus dias muito mais felizes; à Ana, minha gêmea recém-descoberta graças à Diplô, por ser essa pessoa incrível que tive a sorte de conhecer nesse restinho de graduação e com quem pude compartilhar tantas ideias e assuntos inspiradores. E claro, agradeço às três por todas as noites de trabalho em grupo, que foram essenciais para que eu mantivesse a sanidade nesses últimos meses. • À Mari Verlangeiro, pelas opiniões e ajuda neste último semestre, pelas palavras sinceras - e sempre amorosas - e pelo incentivo de sempre. Tenho muito orgulho de ver a arquiteta brilhante que você se tornou; • À Lili e à Mari, meus amores e sócias, por toda a paciência com o sumiço típico deste período, por todo o apoio e por estarem sempre torcendo por mim. Agradeço ao meu orientador e mestre, Ricardo Trevisan, por esse ano intenso de trabalho, mas também de tanto suporte, trocas e aprendizado. Sou grata por ter tido a oportunidade, não só de aprender com um profissional brilhante, mas também de conviver com um ser humano extraordinário. Aos professores João Pantoja e Vanda Zanoni, pelas orientações e por toda a ajuda com o projeto estrutural do Ateliê-museu. E também aos professores Carolina Pescatori e Eduardo Rossetti, membros da banca, pelos comentários e sugestões extremamente pertinentes e que agregaram tanto ao projeto. À professora Ana Elisabete, minha orientadora de Ensaio Teórico, por ter sido a primeira a encorajar meus devaneios sobre o mundo da moda dentro da FAU. A todos os chefes que tive ao longo da minha trajetória. Hélio e Sônia, Mariana, Ricardo, Professora Maria Fernanda, Helô, William e Alê, obrigada por cada ensinamento e por terem feito parte do meu crescimento como profissional. À FAU e à UnB, por todo o aprendizado e experiências que tive aqui dentro. Se desde os meus doze anos de idade sonhei em estar aqui, jamais pude imaginar o quão maravilhosa essa etapa seria. À bordadeira Aparecida Lanna e aos funcionários da prefeitura de Barra Longa, por serem sempre tão solícitos e por serem minha ponte para esta cidade e história que tanto me emocionou. E agradeço, por fim, à Deus, ao Cosmos, aos amigos e protetores espirituais, ou a quem quer que esteja lá em cima. Sei que tudo tem um próposito e sei o quanto fui abençoada em todos os momentos e escolhas que fiz até hoje. Obrigada por mais essa etapa, e que as próximas sejam ainda melhores. Com muito amor e gratidão, Gi



apresentação

Sempre considerei a Graduação em Arquitetura e Urbanismo uma abertura de portas em minha vida. Portas, estas, que me levam a diversas áreas do conhecimento e permitem a expansão dos meus interesses por variados campos. Com meu Ensaio Teórico me aproximei da pesquisa acadêmica, do Design Gráfico através da diagramação de pranchas, da Sociologia com os estudos sobre a relação entre sociedade e cidade. E foi esse leque de possibilidades que sempre me fez acreditar que a Arquitetura e o Urbanismo abraçariam qualquer interesse que eu tivesse, inclusive pela Moda. Meu envolvimento por esse universo se fortaleceu ao longo dos anos de faculdade, chegando ao ápice em meu Ensaio Teórico, onde pude estudá-lo não como uma frivolidade, mas como um campo de estudos complexo e com amplas influências em nossa sociedade. Neste momento, pude perceber o valor simbólico e cultural que a Moda possui e sua intensa relação com o espaço, seja arquitetônico ou urbano. A inquietação ficou apenas por conta do teor fútil e mercadológico que tal conceito costuma carregar – como provar que a Moda tem, sim, um caráter social muito mais importante? Ao ter contato com o trabalho do estilista Ronaldo Fraga, especialmente com a “Coleção As Mudas” e seu tributo à tragédia de Mariana e suas bordadeiras, encontrei as respostas que buscava. Uma delicada e poética união entre Moda e Memória me vez enxergar que toda forma de arte expõe aquilo que desejamos comunicar – e que o vestuário tem uma força enorme para isso. A partir disso, aproximei-me mais do contexto da tragédia, da situação das Bordadeiras de Barra Longa, e de toda a história, que foi contada com tantos recortes. Este contexto me motivou, então, a dedicar meu Trabalho Final de Graduação (TFG) à memória dessa tragédia, das pessoas que perderam tudo, das cidades que foram destruídas, das bordadeiras e de seu trabalho singular para a construção cultural local. Pensar em um local que abrace tais memórias, como um Museu, que simultaneamente permita a retomada do bordado e das heranças culturais, como um Ateliê, foi o caminho encontrado para espacializar meu último projeto na FAU-UnB. E permitir, assim como Ronaldo Fraga fez, que a Moda conte tal história.



“O que a gente tem que aprender é, a cada instante, afinar-se como uma linhazinha para saber passar no furo de agulha que cada momento exige.” João Guimarães Rosa



sumário

02

a história

rompimento da barragem do fundão coleção as mudas a indústria da moda e do artesanato no brasil

16

o local

32

estudos de caso

42

o projeto

97

bibliografia

barra longa área de intervenção

gucci garden museu cais do sertão museu do pão museu de congonhas



a histรณria


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Rompimento da Barragem do Fundão

O estado de Minas Gerais é naturalmente conhecido por sua intensa atividade mineradora, presente em mais de 250 municípios, sendo responsável pela extração de 53% dos minérios de todo o país. (ESTADÃO, 2013) Presente ao longo de toda a história da região, a mineração sempre simbolizou o avanço econômico deste estado e a fonte de renda de inúmeras famílias mineiras, mas ninguém imaginou que também se tornaria o sinônimo de uma das maiores tragédias ambientais do país. Às 15 horas do dia 5 de novembro de 2015, uma das barragens de rejeitos da exploração de minério de ferro da Samarco, chamada Fundão, se rompeu. Localizada em Bento Rodrigues, à 35km do centro do distrito de Mariana, a barragem deu vazão a, pelo menos, 40 bilhões de litros de lama, causando um tsunami de rejeitos por 650km – 13 cidades, de Minas Gerais e Espírito Santo, foram atingidas. Os núcleos urbanos mais prejudicados foram Bento Rodrigues, que foi completamente destruído, Paracatu de Baixo e Barra Longa, única cidade que teve seu centro histórico afetado.

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Além das dezenove vítimas fatais, é praticamente impossível contabilizar os impactos da tragédia. Por onde a lama passou, toda a flora e fauna locais foram destruídas – só o assoreamento do Rio Doce causou a morte de cerca de 6 toneladas de peixes. Alguns outros impactos já não podem ser mensurados; depressão, isolamento, sentimento de deslocamento e perda da identidade são apenas alguns dos sentimentos que cercam quem tem que lidar diariamente com o trauma do que aconteceu. Além de consequências sociais com quem sofreu indiretamente com o acontecimento – no caso, os moradores de Mariana, que sentiram a queda do turismo e da economia local. Uma das maiores perdas foi, talvez, a cultural. Inúmeras igrejas, casas históricas, obras de arte e diversas construções tombadas como patrimônio foram levadas pela onda de rejeitos. Inúmeros artesãos locais perderam suas casas e seus materiais, tendo sua fonte de renda aniquilada. Além disso, desde a tragédia, muitas pessoas decidiram recomeçar a vida em outras cidades e não voltaram mais, especialmente os mais jovens; isso significa uma enorme perda para a cultura local, visto que a nova geração não estará presente para aprender e reproduzir tradições locais. Toda uma parte da história e da tradição dessa região foi levada para sempre. De 2015 para cá, a comoção em torno da tragédia foi se desfazendo na memória coletiva. Os anos se passaram e os noticiários mudaram de foco, silenciando a dor de quem continuou encarando aquela realidade; pelo menos até 2018. Em 26 de abril daquele ano, fechando a 45ª edição da Semana de Moda de São Paulo (SPFW), o estilista Ronaldo Fraga provou que a moda tem um valor simbólico muito mais forte do que conseguimos imaginar. Ao som da canção “Mortal Loucura”, de Maria Bethânia, seu desfile-manifesto trouxe uma linda homenagem à tragédia de Mariana. Com uma coleção extremamente sensível, Fraga se uniu às bordadeiras de Barra Longa para criar roupas que resgatassem seu trabalho, a memória e a cultura daquele local. ■

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A destruição da lama da barragem do Fundão Fonte: Revista Princípios, 2015; Folha de São Paulo, 2018; G1, 2019

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As Mudas

Ronaldo Fraga

A Coleção Mudas de Ronaldo Fraga, desfilada em abril de 2018, marcou um momento único na moda brasileira. Com peças feitas 100% em linho, desenvolvidas em conjunto com o projeto “Meninas da Barra Longa, as bordadeiras da cidade”, o estilista contou a história da tragédia de Mariana de um modo poético e emocionante. Mais do que isso, Ronaldo Fraga faz questão de dizer que sua inspiração não veio da tragédia em si, mas do processo de renascimento que tem ocorrido na região. O uso de plantas bordadas e aplicadas tridimensionalmente a vestidos compridos remetem à flora local de forma delicada; nos cabelos, mamonas naturais enfeitam os cabelos das modelos. Fotos e pedaços de cartas se transformam em adornos que narram memórias. A maior parte da coleção vem em tons terrosos ou no preto – simbolizando o luto – mas ainda assim existe o colorido, detalhes que chamam a atenção como flores que desabrocham perante a destruição. É importante ressaltar toda a obra que foi tal coleção, pensada nos mínimos detalhes: a música, o cenário, a atuação da apresentadora Marília Gabriela, que abriu e encerrou o show cheio de simbolismos. Uma verdadeira lição de como o conceito está presente não só na concepção de um projeto, mas em cada mínimo detalhe que o envolve.

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Como o próprio estilista afirma, sua intenção com a coleção “As Mudas” não foi reforçar a dor e a tristeza daquele momento, mas trazer a esperança do recomeço, aprender uma “lição de resistência” (ESTADÃO, 2018) com os jardins que já estão renascendo na cidade de Barra Longa. O estilista, que já é conhecido por trazer significados políticos e sociais em suas criações, conseguiu mesclar ideias de fragilidade e pureza com a resistência, representando a força do feminino por trás da história e do trabalho manual. Sua contestação política não está, necessariamente, impressa na roupa, mas em todo o conceito impresso em uma peça ou uma coleção. Tudo foi pensado com um significado – a cenografia do desfile simulando a lama, as roupas bordadas com motivos que relembram todas as perdas (fauna, flora, pessoas etc.), a participação das bordadeiras na criação das peças, ou até mesmo o título ambíguo dado à coleção. A intenção de contar uma história, como frisado por Fraga, era importante para a perpetuação da tradição cultural – tanto a perda do material e do espaço de trabalho das artesãs quanto a migração dos moradores têm colaborado para o esquecimento do bordado. Seu objetivo com essa coleção seria não só de gerar emprego e renda para as bordadeiras, mas principalmente de reafirmar e valorizar a cultura local. É importante notar, ao analisar o trabalho de Ronaldo Fraga, a relevância da função de comunicação da moda, muitas vezes esquecida dentro deste universo; a roupa é tratada como uma forma de observação da vida do indivíduo e como a lembrança da mesma. Como afirma Marina Rios et al. (2018) entender a moda como cultura é saber que o vestir é um documento que guarda uma memória do tempo. Além disso, o próprio artesanato é um instrumento de memória coletiva com valor cultural, sendo capaz de transmitir características, costumes, narrativas de uma sociedade. Como Walter Benjamin (BENJAMIN apud BRITO, 2010, p.206) afirmou, “a tarefa da artesã é trabalhar a matéria-prima da experiência e transformá-la num produto sólido, útil e único”.

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É importante frisar que o bordado tem um valor inestimável não só para as bordadeiras barra-longuenses, mas também para todo o cenário do artesanato e da moda no Brasil. A atividade está presente no país desde o século XVIII, sendo o bordado mineiro responsável por 10% de todo o artesanato brasileiro – uma cadeia que movimenta cerca de R$ 2,2 bilhões por ano. Estes dados são importantes – e otimistas – pois demonstram a importância deste tipo de trabalho para a economia, da local à nacional, além de sugerirem a oportunidade de uma moda mais consciente – sabendo-se que a indústria da moda é uma das mais poluentes e exploradoras, associar a moda ao artesanato significa quebrar um ritmo de produção em série e gerar peças mais únicas, criativas e sustentáveis, como afirmam Marina Rios et al.(2018). Ainda é importante destacar que, sendo uma atividade passada majoritariamente de mãe para filha por várias gerações, o bordado tornouse símbolo de empoderamento feminino dentro de comunidades mais humildes, por permitir que tantas mulheres consigam sua independência financeira. Por fim, Adrianna Araújo (2013) confirma toda a importância do trabalho artesanal e do bordado, ao atestar que: A prática do bordado carrega consigo elementos relacionados à memória, ao trabalho feminino, à história e à cultura do lugar. O bordado é tomado como marca distintiva com valor agregado, pois as pessoas lhes atribuem significado e seu comércio excede a mera compra e venda; nesse processo de comodificação, os bordados passam a ser “marcas identitárias” das bordadeiras e da cultura local. (ARAÚJO, 2013, p.01) Assim, estes dados confirmam a necessidade de um novo espaço para as artesãs barra-longuenses, não só para o resgate do ofício e perpetuação da cultura, mas como uma oportunidade de recomeço e avanço econômico para a cidade de Barra Longa. O projeto deste TFG esboça-se então, inicialmente, como uma espécie


de ateliê e loja onde as bordadeiras pudessem retomar seu trabalho, vender seus produtos e até mesmo oferecer cursos e oficinas sobre o bordado. A necessidade de um projeto mais sensível e simbólico surgiu, no entanto, ao aproximar-se das análises sobre a situação geral das cidades mais afetadas pela tragédia, resgatando algumas discussões a respeito da memória versus o apagamento da história. O jornalista Lucas Mascarenhas de Miranda (2018) levanta questões importantes sobre a posição da mídia na tarefa de manter ou não a memória coletiva sobre o que aconteceu em Mariana: até que ponto se dá voz ao lado mais fraco? Mais do que isso, até onde a reconstrução das cidades recompensa a população ou só a silencia? Para aprofundarmos nesta questão, é necessário, então, entender o que é Memória e qual é a influência que ela exerce sobre um indivíduo ou uma população inteira. Sabe-se que a memória é a capacidade de conservação de certas informações individuais – estas, ancoradas a diversos pontos de referência, como sons, sentimentos, paisagens (MIRANDA et al., 2018). Uma memória coletiva seria, então, uma lembrança vivida por uma pessoa e que diz respeito a uma comunidade, sendo repassada entre indivíduos até se perpetuar; como aponta Olga Von Simson, a memória coletiva: (...) é formada por fatos e aspectos julgados importantes e que são guardados como a memória oficial da sociedade mais ampla. Se expressa no que chamamos de lugares da memória. Eles são os memoriais, os monumentos mais importantes, os hinos oficiais, quadros célebres, obras literárias e artísticas que expressam a versão consolidada de um passado coletivo de uma dada sociedade. (SIMSON apud MIRANDA, 2018, p.271) Com essa colocação, fica evidente a necessidade de um elemento que não apague a história da memória coletiva brasileira – é certo que tais fatos jamais serão esquecidos de quem sentiu a tragédia na pele, mas mais do que isso, é importante que o resto do país não se esqueça.

Ao buscar meios de unir tais lugares da memória com o ofício da moda, resgatouse alguns estudos feitos na disciplina de “Ensaio Teórico” em 2018, cujo tema era a moda e suas novas tipologias de espaço. Tais estudos possibilitaram o contato com uma atual e forte relação entre a produção de moda e espaços que ultrapassam a função de venda, categorizados como “espaços de cultura”. Já há alguns anos, diversas marcas começaram a criar tais espaços, que fornecem experiências que traduzem a identidade das mesmas ou transmitem uma mensagem intencional. E ao criar espaços de cultura, a moda se aproxima de teorias como a de Charles Landry (2008), que ressaltam o valor da criatividade como alternativa de recuperação e desenvolvimento das cidades, ajudando no desenvolvimento da identidade e cultura da mesma. Assim, sendo tanto a indústria da moda quanto da cultura responsáveis por grande parte da economia mundial e brasileira – de acordo com o Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil, o setor cultural tem participação de 1,2% a 2,6% no PIB do país –, unir ambas poderia ser mais uma solução para fortalecer a retomada do trabalho artesanal em Barra Longa. A partir destes apontamentos, formou-se a ideia de se criar um “Ateliê-museu” para Barra Longa. O projeto consiste em um espaço de trabalho e venda dos produtos das artesãs que possa, acima de tudo, proporcionar aos visitantes uma experiência narrativa que preserve a memória daquela região, guiando-os pelos jardins da cidade, pelas ruas de arquitetura barroca, pelo Rio do Carmo, pelo bordado mineiro, pela lama que levou tudo. Como objetivo geral do TFG teve-se o propósito de trazer uma perspectiva mais humana e social para a Moda, pensando um espaço de educação, produção e comércio do trabalho das bordadeiras barra-longuenses, como forma de recuperação da identidade e economia da população. Além disso, buscou-se o aprofundamento da pesquisa sobre a história da tragédia de Mariana e a situação atual da população local de Barra Longa, buscando um projeto que respeitasse a cultura local e, simultaneamente, oferecesse um espaço que honre as memórias coletivas da região. ■

Desfile da Coleção “As Mudas”. Fonte: Crioteka, 2018

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A indústria da moda e do artesanato no Brasil

A indústria da Moda é considerada, hoje, a segunda maior atividade econômica global. No mundo todo, o setor é avaliado em US$ 3 trilhões, empregando mais de 57 milhões de pessoas em toda sua cadeia de produção – só a indústria do algodão é responsável por quase 7% das pessoas empregadas nos países em desenvolvimento. E o cenário no Brasil não poderia ser diferente; segundo dados da FIESP, em 2017 as vendas no varejo de vestuário somaram R$ 220 bilhões, tendo uma alta estimada de 5% para 2018. Além disso, ocupando a 5ª posição no mercado de moda mundial, essa indústria nacional é responsável por 1,5 milhão de empregos diretos e 8 milhões de empregos indiretos (ABIT, 2016). O mercado brasileiro se divide atualmente em três frentes: a produção têxtil, as marcas varejistas e a produção local, artesanal. Apesar da produção têxtil ter tido por muito tempo uma importância notável para a economia do país, graças às exportações de algodão e linho, hoje a qualidade destes produtos em solo brasileiro não está nem entre as dez melhores ao redor do mundo. As empresas de varejo, por sua vez, possuem um crescimento forte e constante, tendo o pequeno varejo – lojas independentes – uma participação de 37% neste mercado, enquanto o grande varejo – lojas organizadas em redes, lojas de departamento – tem uma participação de 31%.

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Já o artesanato apresenta um cenário contraditório, porém otimista. Apesar de não ser um mercado tão popular entre os brasileiros, que em sua maioria ainda enxerga o setor com certo preconceito, ele gera cerca de R$ 50 bilhões por ano, considerandose o trabalho de 8,5 milhões de pessoas. O bordado e a renda recebem uma atenção especial pela diversidade e popularidade pelas diferentes regiões. Segundo dados do IBGE (2014), a atividade desponta na geração de emprego e renda em 4.243 municípios brasileiros, sendo responsável por 10% da renda gerada pelo artesanato brasileiro. É necessário, no entanto, observar que a moda atual tem seguido um rumo que pode favorecer o mercado do artesanato. Muito se tem discutido, de uma forma geral e mundial, sobre a sustentabilidade nas atividades humanas. Na indústria da Moda, uma das mais poluentes, essa tendência aparece com força em todos os seus segmentos – desde a produção até o consumo. “Economia Circular”, “consumo consciente”, “slow fashion”1 são apenas alguns dos termos utilizados para caracterizar uma moda sustentável, um sistema que prioriza a qualidade ao invés da quantidade – o oposto do que é pregado pela indústria do varejo fast fashion – e que questiona seu processo duvidoso de produção. Partindo deste movimento ecológico, o trabalho artesanal atinge um novo patamar de valorização, justamente por, como afirma Ribeiro (apud RIOS et al., 2009), o artesanato preencher a lacuna da identificação e da individualização deixada de lado pela produção industrial – características inerentes ao sistema da moda. O fortalecimento do artesanato no cenário da moda brasileira também é visível em números. Segundo dados do Instituto Centro Capem Mãos de Minas, as vendas nacionais de produtos artesanais passaram de US$ 10 mil em 2001 para US$ 650 mil em 2006. Além disso, diversos estilistas brasileiros, como Reinaldo Lourenço e Ronaldo Fraga, já utilizaram o artesanato mineiro e nordestino em suas coleções. Inúmeras parcerias de artesãos com agências de apoio ao empreendedor já foram criadas, como com o SEBRAE, IEL (Instituto Euvaldo Lodi), Instituto de Centro Cape, Universidade FUMED, EMATER (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), SERVAS (Serviço Voluntário de Assistência Social), entre outros. Tantas associações permitem uma maior visibilidade do trabalho artesanal no país e no mundo. ■

1 O conceito de moda lenta se baseia fortemente no Slow Food Movement. Fundada por Carlo Petrini na Itália em 1986, a Slow Food liga o prazer e a comida com consciência e responsabilidade. Defende a biodiversidade em nossa oferta de alimentos, opondo-se à padronização do gosto; defende a necessidade de informação ao consumidor e protege as identidades culturais ligadas à alimentação. Tal movimento gerou uma série de outros “movimentos lentos”. Cidades lentas, por exemplo, projetam com valores lentos, mas dentro do contexto de uma cidade, e comprometem-se a melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos (FLETCHER, 2007).

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O bordado mineiro. Fonte: Bordados Finos Picelanna


Crescimento projetado (2012-2025)

Crescimento projetado (2012-2025)

Região

2012

Projeção 2025

1

India

45

200

344%

27%

2

China

150

540

260%

540

260%

3

Russia

40

105

163%

110

150

36%

4

Brasil

55

100

82%

Brasil

55

100

82%

5

Austrália

25

45

80%

6

India

45

200

344%

6

Canadá

30

50

67%

7

Russia

40

105

163%

7

Japão

110

150

36%

8

Canadá

30

50

67%

8

Estados Unidos

225

285

27%

9

Austrália

25

45

80%

9

EU-27

350

440

26%

Projeção 2025

Região

2012

1

EU-27

350

440

26%

2

Estados Unidos

225

285

3

China

150

4

Japão

5

Mercado de Moda Mundial – projeções 2012-2025 (valores: US$ bilhões). Fonte: STATISTA, 2016

Participação de Mercado - Varejo de Moda - Brasil 6 5 4 3 2 1 0

Renner

C&A

Riachuelo Lojas Marisa 2015 (%)

Zara

2016 (%) Participação de Mercado – Varejo de Moda – Brasil (2015 e 2016). Fonte: EUROMONITOR, 2017

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“Minas plural, dos horizontes, de terra antiga, das lapas e cavernas, da Gruta de Maquiné, do Homem de Lagoa Santa, de Vila Rica, franciscana, barranqueira, bandoleira, pecuária, retraída, canônica, sertaneja, jagunça, clássica, mariana, claustral, humanista, política, sigilosa, estudiosa, comum, formiga e cigarra, labiríntica, pública e fechada, no alto afundada, toucinheira, metalúrgica, de liteira, mateira, missionária, benta e circuncisa, tropeira, borracheira, mangabeira, comboieira, rural, ladina, citadina, devota, cigana, amealhadora, mineral e intelectual, espiritual, arrieira, boiadeira, urucuiana, cordisburguesa, paraopebana, fluminense-das-velhas, barbacenense, leopoldinense, itaguarense, curvelana, belohorizontina, do ar, do lar, da saudade [...]” AÍ ESTÁ MINAS: A MINEIRIDADE João Guimarães Rosa, 1957


o local


Barra Longa

Minas Gerais, Brasil

população: aproximadamente 5000 habitantes economia: setor de serviços (64% do PIB - SEBRAE, 2011) PIB per capita: R$12061,73 vegetação: mata atlântica arquitetura: barroca e eclética

Barra Longa é um município brasileiro do interior de Minas Gerais, localizado na Zona da Mata do estado, a 180 km de Belo Horizonte e 61 km do município de Mariana. Cidade antiga, colonial, datada do final do século XVIII, possui hoje uma área de 383.628 km² rodeada por um relevo montanhoso. Implantada na confluência do ribeirão do Carmo e do rio Gualaxo do Norte, a cidade é praticamente ilhada no interior do estado – por situar-se no final da rodovia MG-829 –, quase não há passagem de veículos com destino a outras cidades, o que afeta diretamente seu desenvolvimento econômico e de infraestrutura. Apesar de tão pequena, Barra Longa é uma cidade que guarda alguns tesouros culturais. Com uma arquitetura predominantemente barroca, seu centro histórico possui nove bens tombados pelo município, como a Igreja Matriz de São José e o Hotel Xavier – este, assim como alguns outros patrimônios, foi atingido pela tragédia de 2015. Além disso, a cidade é conhecida como “a capital brasileira da renda” (Estado de Minas, 2014), graças à intensa produção do bordado – uma herança da colonização portuguesa, que trouxe a tradição para Ouro Preto e Mariana, tornando Barra Longa o principal polo de manufatura dessa região. Existem, na cidade, dois grupos responsáveis pela atividade da cidade, a Associação Barralonguense das Bordadeiras e Artesãos e o coletivo Meninas da Barra. Após o rompimento da barragem de Fundão, em 2015, a cidade tem recebido diversos projetos de apoio ao artesanato e à economia local. Além da presença constante do Sebrae, promovendo cursos de capacitação e workshops sobre empreendedorismo para a população, a Associação de Cultura Gerais, com apoio da Fundação Renova2, deu início ao Projeto Empoderar, que objetiva incentivar e expor o trabalho das bordadeiras e quitandeiras barra-longuenses. Por todas essas características, por ser o centro do bordado nesta região mineira, pela potencialidade de crescimento cultural e pela ligação direta com a tragédia de Mariana, a cidade de Barra Longa foi escolhida para sediar o projeto.

distância entre cidades: Mariana: 61km 2 Entidade responsável pela mobilização para a reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG). Trata-se de uma organização sem fins lucrativos. Fonte: https://www.fundacaorenova.org/a-fundacao/

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Bento Rodrigues: 68km Ouro Preto: 75km


Praça Manoel Lino Elói - Barra Longa, MG. Fonte: PR Minas, 2015

Centro Histórico de Barra Longa. Fonte: Prefeitura Municipal de Barra Longa

A cidade de Barra Longa atingida pela lama. Fonte: Agência Brasil, 2015

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Barra Longa principais รกreas

campo de futebol

o

m

rio

19

do

r ca

escola estadual


rio do carmo

escola municipal

praça manoel lino elói

centro econômico igreja matriz de são josé câmara municipal

hotel xavier

casa das artes

centro histórico

N

esc. 1/2000

20


Barra Longa principais vias

a avenid

da orla

l

oe a man avenid o carneir

o

rio

21

do

c

m ar


rio do carmo

avenida pedro josĂŠ

N

esc. 1/2000

22


Barra Longa gabarito

1 a 2 pavimentos 2 a 3 pavimentos

o

m

rio

23

do

r ca


rio do carmo

N

esc. 1/2000

24


Barra Longa

pontos de entrada da lama

o

rio

25

do

c

m ar


rio do carmo

N

esc. 1/2000

26


Área de intervenção os três pontos

Apesar da ideia central ser a de desenvolver um Ateliê-museu, o projeto se desenvolve em uma área de intervenção mais ampla, que abrange três pontos que o relacionam a outras áreas importantes da cidade. Estas, que serão melhor abordadas no capítulo referente ao projeto, marcam conexões com a praça da cidade, com o centro histórico e com o rio. Tais conexões surgiram não apenas visando a aproximação do museu com a cultura local e partes significativas da cidade, mas também com o intuito de torná-lo um ponto irradiador da cultura barra-longuense, atraindo público de outros centros urbanos e turistas que visitam as cidades históricas da região. O primeiro ponto, da comunicação, será a conexão do projeto com o Rio do Carmo. Presente ao longo da extensão de Barra Longa, possui entre 40 e 45 metros de largura e é um dos formadores do Rio Doce. É considerado um rio de alto curso, visto que percorre uma região acidentada, e por isso possui grande velocidade de escoamento (BORESTE NÁUTICA, 2006); tal característica não permite uma atividade intensa em suas águas, reduzindo-se à pesca de pequeno porte, que ocorre nas margens do rio. É importante ressaltar que, após o rompimento da barragem, a vida e atividade nos rios atingidos – não só o Carmo, mas também o Gualaxo do Norte e o Doce – se modificou bastante. A Portaria nº 40/2017 do Instituto Estadual de Florestas (IEF) proibiu a pesca de espécies nativas e o uso de redes de emalhar na bacia do rio Doce, estando apenas a pesca com linha e anzol permitida no Estado de Minas Gerais. Além disso, apesar do Plano de Recuperação Ambiental Integrado da Fundação Renova visar a recuperação integral das margens dos rios, ainda há muitos problemas visíveis – em 2017 o Estado de Minas publicou o último relatório da Fundação, mostrando que os rios ainda têm seu nível de turbidez acima do limite estabelecido pela legislação. Apesar disso, o Rio do Carmo continua tendo uma importância afetiva para os barralonguenses. Um elemento de costura do território de Barra Longa e desse com os demais territórios do estado de Minas Gerais, o rio faz parte da paisagem urbana.

Caminhando por sua orla, é possível chegar ao centro econômico de Barra Longa. Este abriga não só grande parte do comércio e dos edifícios públicos da cidade, mas também a Praça Manoel Lino Elói, ponto de encontro e festividades entre os barralonguenses. Já um pouco acima da praça, encontra-se o centro histórico da cidade, onde localizam-se suas obras arquitetônicas mais importantes, como é o caso da Igreja Matriz São José de Botas e do Hotel Xavier, símbolos da arquitetura barroca local. Estes dois pólos demarcam os outros dois pontos de intervenção, o da cultura – localizado na praça e na orla do Rio do Carmo, atualmente ocupada com um restaurante e com um esboço de projeto paisagístico – e o da memória, localizado no Hotel Xavier, próximo à Igreja e comércio local. Sendo o próprio Ateliê-museu um símbolo cultural, o terreno escolhido para abrigar o projeto é a Praça Manoel Lino Elói, representando o ponto da cultura. Com o rompimento da barragem, o centro da cidade foi totalmente invadido pela lama, que marcou um eixo de destruição desde a orla até o centro histórico. Este fator foi muito importante para a escolha da área para o projeto, visto que existe ali um forte valor simbólico sobre a relação entre a lama e a cidade, além do terreno escolhido para abrigar o Ateliê-museu reforçar este eixo.

legislação

A cidade de Barra Longa não possui uma legislação específica voltada à atividade da construção civil, como Normas de Edificação, Plano Diretor ou Código de Obras, segundo informações obtidas de funcionários da Prefeitura (Patrick Ponciano Lima, 02 de abril de 2019). Com o intuito de obter uma orientação sobre as decisões projetuais, serão utilizadas como referências as características das construções locais – gabarito máximo de três pavimentos e ocupação do solo entre 80% e 100%, aproximadamente; neste caso, no entanto, tal valor não será efetivado, uma vez que se visam áreas de permeabilização e respiro para o projeto. Desta forma, pela ausência de legislação e pelo alto teor simbólico do projeto, acredita-se que seja permitido uma construção que não adense o terreno como as outras construções já existentes. Também é necessário considerar as Normas para Áreas de Preservação Permanente, as APP’s. Tal lei coloca que, para as faixas marginais de cursos d’água naturais perenes e intermitentes, são consideradas áreas de preservação permanente as faixas de trinta metros a partir da borda de calha para os cursos d’água de 10m a 50m, como é o caso do Rio do Carmo.

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ponto da comunicação ponto da cultura/terreno do projeto ponto da memória

N

esc. 1/1500

28


Área de intervenção o terreno

60m x 80m

N

esc. 1/1000

área do terreno: 7230m² área construída: 3000m² + 1390m² (subsolo)

29


ateliê-museu

ateliê-museu

Praça Manoel Lino Elói. Fonte: Google Earth, 2019

30


“a Minas geratriz, a do ouro, que evoca e informa, e que lhe tinge o nome; a primeira a povoar-se e a ter nacional e universal presença, surgida dos arraiais de acampar dos bandeirantes e dos arruados de fixação do reinol, em capitania e província que, de golpe, no Setecentos, se proveu de gente vinda em multidão de todas as regiões vivas do país, mas que, por conta do outro e dos diamantes, por prolongado tempo se ligou diretamente à Metrópole de além-mar, como que através de especial tubuladura, fluindo apartada do Brasil restante [...]” AÍ ESTÁ MINAS: A MINEIRIDADE João Guimarães Rosa, 1957


estudos de caso


Referências programáticas e conceituais gucci garden

GUCCI GARDEN alessandro michele, 2018, itália

Concebido pelo diretor criativo da marca Gucci, Alessandro Michele, o Gucci Garden promove uma experiência totalmente nova de espaço versus marca. Inserido no histórico Palazzo della Mercanzia, o espaço reúne um museu, restaurante, loja e um pequeno cinema distribuído ao longo do edifício, oferecendo uma vivência única pela identidade da marca – ou como o próprio diretor criativo afirma, a “guccification”, ou “guccificação” em tradução livre. Parcelado em três andares, o percurso é dividido em três etapas. No térreo, é possível ter acesso à loja, com produtos exclusivos e uma decoração excêntrica, e ao restaurante – ambos abertos para a praça ao redor, sem a necessidade de um ticket para acesso, o que cria uma conexão com a cidade. Já no segundo pavimento inicia-se o museu, com duas salas e o pequeno cinema. Cada sala trata de um tema específico sobre a marca, associado a uma característica que compõe sua identidade visual, como a sala sobre a narrativa social (Guccification) e o espaço dedicado à coleção de bolsas e malas de viagem (Cosmorama), exibindo não só peças de vestuário, mas também elementos que constroem o próprio espaço, como projeções mapeadas ou breves vídeos exibidos em uma televisão. Por fim, o terceiro pavimento oferece as três últimas salas do museu que exibem a história da marca (Ephemera) – expondo diversos objetos que fazem parte de sua trajetória, como croquis, convites de desfiles, livros e peças vintage – e os conceitos por trás das últimas coleções (Rerum Natura). A presença de recursos lúdicos, como música, projeções, vídeos e outros elementos tecnológicos, permanecem, tornando a experiência mais sensorial e ainda mais interessante.

Sala Rerum Natura. Fonte: Gucci Garden

33

Loja do Gucci Garden Fonte: Gucci Garden


Sala Guccification. Fonte: Gucci Garden

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Referências projetuais museu cais do sertão

MUSEU CAIS DO SERTÃO brasil arquitetura, 2014, recife - pe

O projeto do Museu Cais do Sertão é um belo exemplo de que a arquitetura pode – e deve – expressar toda a cultural na qual está inserida. Localizado junto ao Marco Zero da cidade do Recife, o museu carrega o tema Sertão, além de prestar homenagem a um dos maiores ícones da cultura brasileira, o músico Luiz Gonzaga. Composto por dois volumes principais – sendo um deles um galpão já existente – e uma grande praça coberta, o projeto oferece um diálogo entre a cidade e o mar, proporcionando um espaço com infinitas possibilidades de uso, desde festas abertas a shows ou ao simples desfrute da vista. O marco da arquitetura fica por conta do cobogó gigante, criado especialmente para o projeto. Remetendo a paisagem sertaneja, de rachaduras no solo seco e galhos retorcidos, o elemento tornou-se símbolo e a logomarca do Cais do Sertão. Além das observações para análise conceitual do projeto, é importante ressaltar todo o trabalho de museografia associado à arquitetura. Espaços que combinam tecnologia com tradição dividem-se em sete áreas temáticas – ocupar, viver, trabalhar, cantar, criar, crer e migrar – que remetem aos principais aspectos da vida do sertanejo, permitindo ao visitante conhecer e até mesmo interagir com os artefatos expositivos, que vão desde vestimentas e objetos de arte até terminais multimídia e karaokês sertanejos. Por fim, merece uma atenção especial o “Rio São Francisco”, um espelho d´água que corta o piso térreo em um trajeto sinuoso, remetendo o caminho das águas do rio . O elemento conceitual tem extrema importância para o espaço, tornando-se um forte símbolo projetual e reforçando ainda mais a essência do projeto. O projeto do museu Cais do Sertão foi escolhido como uma referência importante não só por sua enorme carga conceitual, mas também por diversos elementos arquitetônicos pertinentes ao estudo.

ideias levadas ao projeto

presença da praça como elemento de conexão entre volumes; elementos que remetem à paisagem e cultura local; permeabilidade visual e diálogo entre o edifício e o espaço urbano; uso de materiais rústicos e contemporâneos.

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Fachada de cobogós. Fonte: Archdaily, 2018.


Praça do Museu Cais do Sertão. Fonte: Archdaily, 2018

Exposição permanente e o “Rio São Francisco”. Fonte: Archdaily, 2018

Croqui do interior do museu. Fonte: Archdaily, 2018.

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Referências projetuais museu do pão

MUSEU DO PÃO brasil arquitetura, 2007, ilópolis - rs

Uma das principais heranças da intensa migração de italianos para São Paulo e extremo Sul do país são os Moinhos Coloniais, ainda hoje encontrados na Serra Gaúcha. Feitos basicamente com a madeira da araucária, tais moinhos marcam a paisagem por sua beleza e história. O projeto de recuperação do Moinho Colognese, em Ilópolis, é um grande exemplo de diálogo entre o novo e o antigo. A ideia de inserir um museu e uma escola de padeiros além da restauração do moinho trouxe novos usos para o espaço, atendendo a necessidades da atualidade. Com uma área de 330 m², o projeto consiste em dois novos blocos de concreto e vidro que contrastam com a madeira do moinho, abrigando painéis corrediços “brise soleil” e varandas que remetem às casas dos imigrantes. O uso da madeira de araucária também está presente nas varandas e nos pilares, cujos capitéis remetem à estrutura interna dos moinhos. Cada bloco possui uma forte conexão com o exterior, seja pelos painéis envidraçados ou por seus inúmeros acessos.

Museu do Pão. Fonte: Archdaily Brasil, 2011

ideias levadas ao projeto

forte contraste entre a arquitetura tradicional e contemporânea; permeabilidade visual através dos materiais (vidro) e do baixo gabarito em relação ao entorno; referências à arquitetura local; conexão entre o museu e o espaço de trabalho (escola de padeiros). Corte Longitudinal. Fonte: Archdaily Brasil, 2011

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Pilares que fazem referência ao interior dos moinhos. Fonte: Archdaily Brasil, 2011

Relação entre o moinho e o museu. Fonte: Archdaily Brasil, 2011

Relação entre o museu e a escola de padeiros. Fonte: Archdaily Brasil, 2011

38


Referências projetuais museu de congonhas

MUSEU DE CONGONHAS gustavo penna, 2015, congonhas - mg

Localizado no terreno do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, diretriz partido para o projeto do Museu de Congonhas foi o diálogo e o respeito com o edifício ali existente, um bem tombado pelo Patrimônio. Tal premissa está presente em todas as decisões de projeto, desde a implantação neutra, sem competição volumétrica, até o uso de materiais e elementos – aberturas, proporções etc. – semelhantes aos das construções existentes. O museu se divide em três andares, sendo os dois primeiros dedicados às exposições – permanentes ou temporárias – e o subsolo destinado ao Centro de Referência do Barroco, um ateliê para o desenvolvimento de trabalhos com pedra. Este princípio de unir a arquitetura contemporânea à herança arquitetônica local servirá como norteamento para o projeto em Barra Longa.

Entrada do museu. Fonte: Archdaily Brasil, 2015

ideias levadas ao projeto

respeito à topografia e ao entorno; uso de materiais locais e uma composição de fachada semelhante ao entorno; arquitetura silenciosa; uso de tecnologia nos espaços expositivos.

Relação entre materiais da fachada. Fonte: Archdaily Brasil, 2015

programa de necessidades

museu: hall de entrada, exposição permanente, exposição ex-votos, cafeteria, área técnica, auditório, acervo de livros raros, biblioteca, administração e anfiteatro; ateliê: ateliê, área dos funcionários, vestiário e área técnica.

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Anfiteatro. Fonte: Archdaily Brasil, 2015


Exposição permanente. Fonte: Archdaily Brasil, 2015

Corte Longitudinal. Fonte: Archdaily Brasil, 2015

40


“O mineiro [...] sabe que “agitar-se não é agir”. Sente que a vida é feita de encoberto e imprevisto, por isso aceita o paradoxo; é um idealista prático, otimista através do pessimismo; tem, em alta dose, o amor fati. [...] mas aprendeu que as coisas voltam, que a vida dá muitas voltas, que tudo pode tornar a voltar. [...]” AÍ ESTÁ MINAS: A MINEIRIDADE João Guimarães Rosa, 1957


o projeto


43


44


O projeto diretrizes

Como exposto, o projeto consiste em um Ateliê-museu para a cidade de Barra Longa, que se consolidou baseado no tripé “comunicação + memória + cultura”. Tais conceitos foram extraídos a partir do estudo sobre os três pontos de partida deste TFG, a tragédia de Mariana, a Coleção As Mudas e o universo do bordado e da moda; sendo importantes para direcionar e entender o intuito do projeto – fortalecer a cultura local e dar voz à memória que está se apagando, tudo isso através da moda e, consequentemente, do trabalho das bordadeiras. Estes pontos permitiram a consolidação de três camadas de atuação do projeto – a relação urbana de três pontos, o ateliê e o espaço de memória, ou museu – com diretrizes distintas.

revestimentos feitos com a lama de Mariana

texturas naturais

vegetação e jardins

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ponto da comunicação

objetivo de reaproximar a população do rio, ressignificando-o e fortalecendo a ideia dele como um elemento comunicador entre cidades.

ponto da cultura ateliê

ponto da cultura museu

diretrizes conduzidas pela rotina da prática do bordado, considerando os dois espaços importantes no cotidiano das bordadeiras - sua própria casa e a praça; presença de um jardim que resgate a flora local e crie uma referência com a Coleção de Fraga.

objetivo de dialogar com a estética do entorno, utilizando materiais locais, além da intenção de uma volumetria que respeite a paisagem, silenciosa como o ofício das bordadeiras e a narrativa da tragédia exigem.

ponto da memória

objetivo de marcar as ruínas da tragédia e homenagear as vítimas, sinalizando o início do eixo projetual.

46


O projeto

conceito: pesponto

47


Ao expor a tragédia de Mariana em uma coleção de moda, Ronaldo Fraga uniu diversas peças de uma mesma história para construir sua narrativa; peças que, separadas, possuem diversos significados, mas que juntas fortaleceram ainda mais a mensagem a ser transmitida. Ao pensar sobre o projeto do ateliê-museu, tal coleção tornou-se mais uma peça da história, reunida com mais algumas, formando uma nova narrativa, desta vez traduzida não pela costura, mas pela arquitetura. Uma união de vários fragmentos de uma mesma história, a junção de ideias, conceitos e temas. Assim como na prática da costura, em que utiliza-se da técnica de pesponto para costurar ao longo das bordas para realçá-las, com o objetivo de simplesmente enfeitar, ou o mais importante, de unir os recortes de uma peça, o propósito deste projeto é tecer uma nova leitura sobre a tragédia, unindo as diversas faces que a compõe. O conceito de pesponto surge não só na ideia central do projeto, em que se utiliza da moda e da Coleção de Fraga para realçar a tragédia de Mariana, mas também no estudo a respeito da cultura local de Barra Longa e sua herança do bordado. O trabalho das bordadeiras barralonguenses dá espaço à uma análise com mais inúmeros recortes, expondo diversas outras visões a respeito da cultura mineira, de discussões acerca da memória e patrimônio cultural, do cenário do artesanato no mercado brasileiro. Todos estes diversos tópicos vão muito além do acontecimento de 2015 e fortalecem o projeto, direcionando-o para uma abordagem integral sobre o assunto.

48


O projeto partido

a organização das habitações na paisagem barralonguense

49


O projeto

storyboard | partindo do conceito

+

1. planos desordenados da paisagem

1. formato de nó (pontos do pesponto)

+

2. organização das formas em planos horizontais

2. simplificação do nó em duas linhas que se encontram em um núcleo

3. sobreposição de planos com núcleo central

50


O projeto

storyboard | adaptação ao terreno

3. sobreposição de planos com núcleo central

4. alongamento do plano em formato triangular

5. suspensão do plano triangular para criar leveza

6. criação da volumetria a partir dos planos

51


52


O projeto programa

-2m

-5,6m

53


OFÍCIO DA MODA | 411,1 m²

MUSEU | 484 m²

ateliê | 172 m²

área de exposição | 320 m²

lavanderia | 18 m²

auditório | 140 m²

sala de costura | 18 m²

acervo | 24 m²

depósito | 30 m² jardim | 118 m²

ADMINISTRAÇÃO | 95 m²

copa/estar | 58 m² loja | 323 m²

administração | 35 m² sala dos funcionários | 34 m² wc funcionários + vestiário | 26 m²

CAFÉ | 453 m² CIRCULAÇÃO | 676 m² salão | 354 m² banheiros | 25 m²

hall e bilheteria | 304 m²

cozinha | 63 m²

banheiros | 21 m²

despensa | 11 m²

hall inferior | 256 m²

54


Planta de Situação

N

esc. 1/750

55


Planta de Cobertura

B elevação B i=11% laje impermeabilizada

C

i=2% laje impermeabilizada

A

C

i=2% laje impermeabilizada

A

B

elevação A

N

esc. 1/500

56


Planta baixa semi-enterrado

N esc. 1/350

nível -2.00m área total 1318m²

1. hall/bilheteria | 304m² 2. loja | 323m² 3. sala dos funcionários | 34m² 4. wc/vestiário dos funcionários | 26m² cada 5. administração | 35m² 6. café | 354m² 7. wc público | 25m² cada 8. cozinha | 63m² 9. despensa | 11m² 10. dml | 4m² 11. lixeira | 4m²

57


B

C 6

7

2 A

7

8 A

1 4

4

9

10 11 3

C

5

B

58


Planta baixa subsolo

N esc. 1/350

nível -5.60m área total 1330m²

12. hall | 256m² 13. wc público | 21m² cada 14. sala de exposição | 320m² 15. auditório | 140m² 16. camarim | 15m² 17. sala de acervo | 24m² 18. ateliê | 172m² 19. jardim das mudas | 118m² 20. copa/espaço de estar | 58m² 21. espaço de costura | 18m² 22. lavanderia | 18m² 23. depósito | 30m² 24. dml | 4m² 25. lixeira | 4m² 26. previsão de área para bombeamento de água e esgoto

59


B

C

26

19

15

18

A 20

21

22

23

A

14

12

16 17

24 25 13

C

13

B

60


Cortes aa

det. 01 det. 02

-2,0m

-5,6m

esc. 1/350

61


Cortes bb

-2,0m

-5,6m

esc. 1/350

62


Cortes cc

-2,0m

-5,6m

esc. 1/350

63


Elevações aeb

elevação A esc. 1/350

elevação B esc. 1/350

64


Entrada do AteliĂŞ-museu.

65


Entrada do AteliĂŞ-museu.

66


A nova orla.

67


A nova orla.

68


Café do ateliê-museu.

69


Café do ateliê-museu.

70


Loja do ateliĂŞ-museu.

71


Loja do ateliĂŞ-museu.

72


AteliĂŞ das bordadeiras.

73


AteliĂŞ e jardim das bordadeiras.

74


Planta baixa museografia

hall/introdução à exposição

linha histórica

linha da natureza

contextualização da exposição e explicação sobre o ateliê e as bordadeiras

trecho sobre a história da tragédia, o que aconteceu e a origem da coleção de Ronaldo Fraga

trecho sobre a fauna e flora local, com o intuito de informar e exaltar todas as riquezas locais

01

02

06 01 01 05

03 01

04

01 01

foyer do auditório

75

linha Coleção Mudas

linha da memória

trecho sobre a coleção e todo o trabalho das bordadeiras de Barra Longa

trecho sobre as vítimas da tragédia, relatos e memória dos sobreviventes


02

01

painéis bordados emolduram as roupas de Ronaldo Fraga de acordo com o tema de cada trecho do percurso museográfico

binóculos interativos mostram a riqueza da flora e fauna local através de fotografias

05

04

fones de ouvido com relatos e memórias da população

03

quadro de retalhos dos tecidos utilizados nas roupas da Coleção As Mudas

parede com projeção mapeada exibe dados e notícias sobre a história e o pós-tragédia

06

painéis informativos, bordados entre si, contextualizando toda a história da exposição

76


Linha histĂłrica e da natureza. Imagens dos painĂŠis: Pinterest.com

77


Linha da memĂłria. Imagens dos painĂŠis: Pinterest.com

78


Detalhes Técnicos planta estrutural

P8 (∅30)

P7 (∅30)

650

V2 (100x35)

P5 (∅30)

P4 (∅30)

V1 (100x35)

P3 (∅30)

650

P6 (∅30)

615

275

1000

1000

P1 (∅30)

750

P1 (∅30)

P1 (∅30)

P1 (∅30)

P1 (∅30)

1000

650

650

1050

885

P1 (∅30)

P1 (∅30)

P2 (∅30)

P2 (∅30)

P2 (∅30)

V1 (100x35)

P2 (∅30)

P1 (∅30)

P1 (∅30)

P2 (∅30)

P2 (∅30)

P2 (∅30)

V1 (100x35)

P2 (∅30)

P1 (∅30)

P1 (∅30)

P2 (∅30)

P2 (∅30)

P2 (∅30)

V1 (100x35)

P2 (∅30)

P1 (∅30)

P2 (∅30)

P2 (∅30)

V1 (100x35)

P2 (∅30)

650

876

650

350

P1 (∅30)

950

P1 (∅30)

P1 (∅30)

P1 (∅30)

650

P1 (∅30)

650

P1 (∅30)

650

425

650

P1 (∅30)

P1 (∅30)

P1 (∅30)

785

P1 (∅30)

1000

P1 (∅30)

750

1000

650

P2 (∅30)

1050

650

885

650

615

P1 (∅30)

1000

228

V1 (100x35)

1000

785

1000

P1 (∅30)

P1 (∅30)

P1 (∅30)

650 V5 (100x35)

650

1050

885

P1 (∅30)

P2 (∅30)

P2 (∅30)

P2 (∅30)

V1 (100x35)

P2 (∅30)

P1 (∅30)

P1 (∅30)

V5 (100x35)

P1 (∅30)

P2 (∅30)

P2 (∅30)

P2 (∅30)

V1 (100x35)

P2 (∅30)

V6 (100x35)

V8 (100x35) P1 (∅30)

V3 (100x35)

P1 (∅30)

P1 (∅30)

V5 (100x35)

P1 (∅30)

P2 (∅30)

P2 (∅30)

P2 (∅30)

V1 (100x35)

P2 (∅30)

V3 (100x35)

P1 (∅30)

P1 (∅30)

V5 (100x35)

P1 (∅30)

P2 (∅30)

P2 (∅30)

P2 (∅30)

V1 (100x35)

P2 (∅30)

650

P1 (∅30)

650

P1 (∅30)

V7 (100x35)

V6 (100x35)

650

P1 (∅30)

650

950

P1 (∅30)

425

1000 P1 (∅30)

P1 (∅30)

V4 (100x35)

650

876

750 V3 (100x35)

350

P1 (∅30)

650

215

P1 (∅30)

215

79

P1 (∅30)

785

P1 (∅30)

1000

1000

750

1000

650

650

1050

885


Detalhes técnicos

laje impermeabilizada e muro de arrimo

talude com revestimento em blocos de concreto intertravados

muro de gravidade em concreto ciclópico

calçada em blocos de concreto intertravados

60

9

laje nervurada em concreto regularização impermeabilização (manta asfáltica)

42

isolamento térmico 02. muro de arrimo

proteção mecânica

esc. 1/25

platibanda ralo linear

01. laje impermeabilizada esc. 1/50

observações técnicas

procedimentos necessários para a construção próxima a um lençol freático e solo rochoso:

estrutura pensada para funcionar em um ambiente saturado e sob pressão constante da água:

saídas de emergência: exigências especiais para construções subterrâneas e subsolos:

- utilização de uma ponteira filtrante para rebaixamento do lençol freático.

- fundação tipo radier + estacas;

segundo a norma NBR 9077/1993, edificações subterrâneas ou sem janela devem ser dotadas de iluminação de emergência e, quando com população superior a 100 pessoas, ser dotadas de chuveiros automáticos e sistema automático de saídas de fumaça.

- construção de uma parede diafragma em torno das paredes estruturais (com impermeabilização em ambas).

80


Detalhes técnicos os três pontos

ponto da memória

árvore Sangra D’água croton urucurana

nome simbólico e significativo; árvore de pequeno porte, entre 7 e 14m de altura, sendo muito utilizada na arborização urbana; extremamente resistente, presente principalmente em solos úmidos e alagados.

NOME VÍTIMA

pontos de iluminação 30x10cm nomes das vítimas gravados em superfície acrílica transparente

81


50

ponto da comunicação

esc. 1/75

ralos em degraus para drenagem da orla

BARRA LONGA MG

pontos de iluminação 30x10cm nomes dos municípios atingidos gravados em superfície acrílica transparente

BARRA LONGA MG

ponto da cultura (ateliê-museu)

82


83


84


Paisagismo

referências e diretrizes

diretrizes

+ espécies pertencentes à flora local

85

+ espécies mencionadas na Coleção As Mudas

espécies com flores e folhas coloridas, remetendo ao bordado


Paisagismo planta geral

orla

barreira verde

praรงa existente

N

esc. 1/500

86


Paisagismo

praรงa existente

87


palmeira real

piso intertravado

jasmim-manga

archontophoenix cunninghamiana

plumeria rubra

tipo: รกrvore altura: 15 a 20m

tipo: รกrvore altura: 4,5 a 6m

88


Paisagismo barreira verde

89


jasmim-manga

falso-íris

mamona

palmeira triângulo

plumeria rubra

neomarica caerulea

ricinus communis L.

dypsis decaryi

tipo: árvore altura: 4,5 a 6m

tipo: arbusto altura: 0,9 a 1,4m

tipo: arbusto altura: 0,9 a 4,7m

tipo: árvore altura: 4,7 a 6m

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Paisagismo orla

91


leiteiro

aroeira vermelha

oiti

guaimbê

sapium glandulatum

schinus terebinthifolia

licania tomentosa

philodendron bipinnatifidum

tipo: árvore altura: até 20m

tipo: árvore altura: 6 a 12m

tipo: árvore altura: 6 a 12m

tipo: arbusto altura: 3,6 a 4,7m

(+) manacá-da-serra, samambaia, palmeira-triângulo, semânia e grama curitibana.

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Paisagismo

jardim das mudas

93


costela-de-adão

palmeira ráfia

comigo-ninguém-pode

ipê rosa

monstera deliciosa

rhapis excelsa

licania tomentosa

Handroanthus heptaphyllus

tipo: arbusto altura: 6 a 9m

tipo: árvore altura: 1,2 a 1,8m

tipo: forração altura: 0,6 a 0,9m

tipo: árvore altura: até 35m

(+) bromélia, samambaia, dama-da-noite e espada de são jorge.

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Bibliografia

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