Desordem_Fanzine 02

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DES volume 002 DESORDEM


Trabalho referente à segunda parte da avaliação da disciplina de Arquitetura e Urbanismo Contemporâneo da Universidade Católica de Pernambuco elaborado pelas alunas: Giovanna Mª Chaves Vieira de Melo e Mirelle de Lima Beltrão Falcão. Orientadora: Ana Luisa Rolim. Recife, 2020.


desordem (s.f) 1. ausência de arrumação, de organização; 2. ausência ou ruptura da ordem, agitação, indisciplina; 3. perturbação da ordem; briga, rixa, tumulto, confusão; 4. as variações de museus na contemporaneidade.


Sumario ´

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Introdução segundo Montaner

A evolução da caixa

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O museu como organismo extraordinário

O “museu-museu”

Museu colagem

Formas da desmaterialização

Museu Desordem - Recife

O objetivo minimalista

O museu voltado para si mesmo

O antimuseu

Projeto: Mo Modern Art Museum Daniel Libeskind

Referências



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INTRODUCAO

SEGUNDO MONTANER

Montaner em seu livro “Museus para o século XXI”, destaca importantes pontos e influências para os moldes atuais de museus. Os museus conteporâneos seguiram o fluxo do movimento moderno e de algumas obras dos anos cinquenta: recuperou valores tipológicos dos museus históricos, assim como, paralelo à isso, realizou uma completa transformação de sua concepção tradicional. O museus é uma importante definição de cultura e arte na sociedade ocidental. Mesmo diante de todas as crises que sofre desde sua criação, só reafirmou o poder do museu como instituição de referência e de síntese, capaz de evoluir e oferecer modelos alternativos especialmente adequados para assinalar

caracterizar e transmitir os valores e os signos dos tempos. Por fim, disse Montaner: “Na maioria dos casos, o contentor arquitetônico constitui a primeira peça hermenêutica do museu: além de resolver seu programa funcional, sua missão primordial é expressar o conteúdo do museu como coleção e também como edifício cultural e público.”

MOMA (Museu de Arte Moderna), Nova York. Fundado em 1929


Nascimento e evolução relacionado com o colecionismo público e privado e com a definição do dos estados modernos.

No início do século XX, rompimento gerado pelas vanguardas.

A partir da segunda metade do século XVIII, surgimento das disciplinas de arqueologia e estética e a cultura da restauração dos monumentos históricos.

Momento de inércia na Europa após as Vanguardas e da Segunda Guerra Mundial que perdurou até final dos anos cinquenta.

Retorno de projetos de museus a partir do MOMA, Nova Iorque (1929).

A partir de 1980, surgimento de uma geração de museus.

Nova geração de museus: O museu como organismo extraordinário

O museu voltado para si mesmo

A evolução da caixa

Museu colagem

O objetivo minimalista

O antimuseu

O “museu-museu”

Formas da desmaterialização


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A EVOLUCAO DA CAIXA O museu tipo evolução da caixa sofreu varias evoluções a partir dos avanços tecnológicos. Da caixa simples, fechada e opaca às megaestruturas e aos pavilhões transparentes, ou seja, ao museu como caixa polifuncional e eletrônica.

- Máxima acessibilidade; - Predomínio dos elementos de circulação; - Luz natural nos espaço moderno e e universal; - Extrema funcionalidade; - Capacidade de crescimento

A arquitetura moderna abraçou o museu como caixa e teve como pioneiros Le Cobusier e Mies Van Der Rohe, porém transformaram a forma de conceber a caixa.

O MASP, projetado por Lina Bo Bardi, é um exemplo de evolução da caixa que possui um interior totalmente livre, com pinturas flutuando em um universo de luz. Apresentando toda a arte acessível, sem hierarquias e condicionantes de ordem cronológico ou de escolas.

Eles definiriam os dois modelos de contemporâneos iniciais: O museu retilíneo de crescimento ilimitado e o museu de planta livre. Fatores importantes: - Formas da transparência; - Planta livre e flexível;


Durante a evolução, os Estados Unidos se destaca já que eles permitiram aportar novas tipologias, como os museus verticais, inspirados em Nova Iorque. Nos anos setenta ocorreu a maior evolução do museu caixa: O Centro Pompideu em Paris, projetado por Renzo Piano e Richard Rogers.

Reforçaram os elementos de movimento, como escadas rolantes, elevadores e passarelas. No final do século XX, os avanços tecnológicos permitiram a passagem de uma caixa mega estrutural para uma caixa eletrônica. Na contemporaneidade, os museus se tornaram megaestruturas e pavilhões transparentes, ou seja, museu como caixa polifuncional e electrônica.

MASP, São Paulo. Lina Bo Bardi, 1947.


O MUSEU COMO ORGANISMO EXTRAORDINARIO Aqueles museus que se configuram como organismo singular, como fenômeo extraordinário, ocasião irreptível, como acontecimento excepicional. É comum em locais e contextos urbanos consolidados, onde a obra possa sobresair como contraponto radical que pretende criar um efeito de choque. É, assim como aplicou Wright, um museu como entorno artístico, como grandes esculturas inspiradas em formas

formas orgânicas, como contentor extraordinário em estreita relação com o contexto urbano. “Foi o primeiro grande passo para evoluir da grande caixa fechada e estática, acadêmica e simétrica, para uma forma inédita e cinemática; um novo museu ativo e dinâmico, configurado, neste caso, em espiral.” Disse Montaner em seu livro. Museu de Arte Contemporânea, Niteroi, Rio de Janeiro. Oscar Niemeyer, 1996.


O OBJETO MINIMALISTA Os museus minimalistas são obras que recriam as formas mais essenciais e tentam ir mais além da evolução do tempo e dos recursos tecnológicos.

O projeto consegue reestruturar com o mínimo de forma exterior todo o funcionamento do museu, com a mais completa coleção e os mais ricos significados históricos.

Priorizam a forma essencial do museu: tesouro primitivo, lugar sagrado, escavação arqueológica, pórtico público, espaço intemporal da luz.

As intervenções feitas por uma lógica minimalista tem são adequadas para atualização de estruturas funcionais defasadas e para reorganizar e unificar sistemas complexos de coleções.

Existe uma relação estreita entre a natureza, a arte e a arquitetura minimalista. Como exemplo de intervenção minimalista, com o mínimo de forma conseguir o máximo de transformação do museu existente, é a Pirâmide de Cristal do Grand Louvre em Paris projetado por M. Piei.

Museu Brasileiro da Escultura, São Paulo, 1995. Paulo Mendes da Rocha.


O MUSEU-MUSEU O museu-museu transformou a maneira de projetar e intervir com foco na essência da própria disciplina arquitetônica, na estrutura espacial do edifício, na tradição tipológica do museu entendido como arquétipo que vem se definindo e deve ter continuidade. Esse tipo de museu é a lógica que se aplica com frequência nas remodelações de edifícios existentes.

Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 1989.

Desse modo, as possibilidades criativas dentro dessa lógica são delimitadas. O museu é entendido como extrato arqueológicos e históricos a espera de serem incluidos em uma nova ordem tipológica. O grande desafio é articular essas presenças reais a uma tipologia que tenha a ver com a memória


O MUSEU VOLTADO PARA SI MESMO Entre o museu que se desenvolve dentro de uma tradição tipológica e aquele que nasce de uma maneira orgânica e expressionista em formas expansivas, surgiu o museu introspectivo, aquele que se volta para si mesmo, olhando para sua coleção e de seus espaços e ao mesmo tempo abrindo-se, delicadamente, para o exterior.

Essa solução foi adotada por muito autores diante da complexidade interior dos espaços do museu e da necessária adaptação às características singulares de cada lugar. As caracteristicas do museu voltado para si mesmo são uma reação contra a museologia positiva do século XIX, que amontoava os objetos e obras sem caracterizá-los nem concediam-lhes espaços específicos, mas também contra a indeterminaçãp da planta livre do museu moderno, que se propõe como contentor neutro. Museu Felix Nussbaum, Alemanha, 1998. Daniel Libeskind.


MUSEU COLAGEM Esse tipo de museu se resolve por colagem de fragmentos, subdividinando a diversidade das exigências em diferentes corpos. Isso é característico da cultura que se consolidou nos anos oitenta nos museus da última geração, dentro da condição pós-moderna que conferiu um papel muito representativo aos edifícios

consagrados à cultura. É a expressão da aclamação da cultura de massas e é icônico para a implosão dos museus. Passou a ser um soberano da indústria cultural para a população. Além disso, se converteu em um edifício cada vez mais hedoinista e popular, divertido e comunicativo. Museu da Ciência de Londres, Inglaterra, 1857, Zaha Hadid. Configura-se como um sumário de diversos containeres de épocas distintas.


O ANTIMUSEU Ao decorrer do tempo e das vanguardas, foi se configurando a história heterogênea do museu que quer deixar de ser museu, dissolvendo-se na realidade, negando qualquer solução convencional e representativa. Durando o período de cultura pós-moderna, se consolidou ideias genéricas do antimuseu como crise definitiva da caixa branca, pura e definida,seguindo o impulso de aplicação das possibilidades de conteú-

Museum In a Box, Marcel Duchamp.

dos e continentes para um museu. O antimuseu se encaixa em uma quarta vanguarda arquitetonica de museus, a de Marcel Duchamp. Duchamp problematizou os espaços da galeria de arte e da organização do museu, criando peças como o seu museu portátil ou como suas intervenções contra o espaço positivo nas mostras do surrealismo.


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FORMAS DA DESMATERIALIZACAO Museu conteporâneo que, recorrendo a sua própria essência material: energia, luz e transparência, tenta se diluir, desaparecer, alcançar uma mítica desmaterialização. Isso tudo pode ocorrer de diferentes formas, desde a caixa transparente e leve até as formas que se espalham pelo espaço urbano ou que se camuflam por trás de outros edifícios.

O obejtivo é dissolver o espaço , seja se desmaterializando e realizando uma museografia que prescinda dos originais e se fundamente em projeções, transparência e translucidez, réplicas e reproduções; seja se recusando a colecionar objetos, colecionando apenas obras de arte audiovisual; ou ainda, criando um museu virtual. Museu das Cavernas de Altamira, Espanha, 2001, Juan Navarro. O museu se camufla no terreno com seus materias, cores e pedras.


MO MODERN ART MUSEUM


MO MODERN ART MUSEUM Daniel Libeskind FICHA TÉCNICA Vilnius, Lithuania Ano: 2018 Status: completo Arquitetos: Studio Libeskind Área: 3100 m² O Museu MO Modern Art está localizado na cidade de Vilnius e funciona como a nova praça pública a poucos passos da cidade Medieval. Daniel Libeskind tinha o objetivo de construir uma obra icônica, íntinma e democrática. Dessa forma foi feita: Ao chegar no museu, por uma grande escada, nos deparamos com um amplo terraço destinado a apresentações e palestras públicas.

A Porta da Aurora, marco histórico de Vilnius, ilustrando os portôes da cidade. Fonte: Itinari.


O museu é projetado no intuito de conectar culturalmente o século XVIII e a cidade murada medieval. Além disso, os materiais utilizados fazem referência aos portões históricos da cidade e a arquitetura local.


Por valorizar seus espaços internos e suas coleções, e, ao mesmo tempo, abrindo-se de forma delicada para o exterior em busca de luz natural e vistas do entorno, pode-se classificar o Mo Modern Art Museum, segundo Montaner, como um MUSEU VOLTADO PARA SI MESMO.

Liderskind destaca “Essas obras de arte nunca vistas antes, criadas por trás da Cortina de Ferro, terão findemente um local e uma audiência internacional.”


“(...) A principal preocupação é criar um ótimo espaço para arte e um ótimo espaço para pessoas, a ideia principal é criar um edifício dramático, que seja funcional, muito inteligente, e um edifício que seja intimimente relacionado com a história urbana de Vilnius. (...)” Daniel Libeskind




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INTERVENCAO EM RECIFE

MUSEU VOLTADO PARA SI MESMO


A intervanção foi feita em um terreno ocioso do Recife Antigo, lugar de grande importância para a história do Recife. Assim como Daniel Limbeskind, intervimos propondo um museu voltado para si mesmo, dessa forma

fizemos aberturas que remetem a desordem da nova arquitetura na área, buscando focos de luz natural, e, ao mesmo tempo, utilizando cores que representam Pernambuco - como nas sombrinhas de frevo.


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REFERENCIAS Livro: Montaner, Josep Maria Museus para o século XXI Tradução: Eliana Aguiar Editorial Gustavo Gili, SA, Barcelona, 2003. ht t p s : / / w w w. a rchd a il y . co m . b r / b r / 9 0 6 634 / m u s e u - d e - a r t e - m o d e r na-mo-studio-libeskind https://libeskind.com/work/modern-art-center-vilnius/ https://mo.lt/




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