DESORDEM volume 003
Trabalho referente à terceira parte da avaliação da disciplina de Arquitetura e Urbanismo Contemporâneo da Universidade Católica de Pernambuco elaborado pelas alunas: Giovanna Mª Chaves Vieira de Melo e Mirelle de Lima Beltrão Falcão. Orientadora: Ana Luisa Rolim. Recife, 2020.
desordem (s.f) 1. ausência de arrumação, de organização; 2. ausência ou ruptura da ordem, agitação, indisciplina; 3. perturbação da ordem; briga, rixa, tumulto, confusão; 4. uma vez que a desrodem é cancelada, tudo se abre para coisas novas; um mínimo bem usado é suficiente para tudo
Sumario ´
01
02
Introdução
Minimalismo objetual e geométrico
03
04
Minimalismo metodológico e essencialista
Minimalismo urbano e paisagístico
05
06
Entrevista com John Pawson
Intervenção minimalista em um apartamento
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INTRODUCAO Segundo Montaner, o termo Minimalismo surgiu em 1980, quando os movimentos artísticos dos anos 1960 foram rotulados como minimalistas. Montaner em seu livro “Sistemas arquitetônicos contemporâneos”, apresenta o universo minimalista, cuja a simplicidade e formas geométricas puras e a lógica da repetição são a base do minimalismo. Segundo Montaner, no minimalismo prevalece a unidade, clareza e coerência, além de renunciar, muitas vezes, à expressividade, ao simbolismo e à monumentalidade. Porém, devido à sua autonomia, a maior dificuldade das obras minimalista reside na sua contextualização, na sua capacidade de se
tornarem um sistema de objetos que interagem com o meio. No fundo, o próprio minimalismo está propondo um novo tipo de relacionamento entre os objetos: um novo sistema de objetos que pode ser implantado no contexto de uma forma sem precendentes. Montaner classifica o minimalismo em três categorias: o Minimalismo objetual e geométrico, o Minimalismo metodológico e essencialista e o Minimalismo urbano e paisagístico, as quais veremos no trabalho a seguir.
A Cidade Vertical TeorĂca de Ludwig Hilberseimer, 1928.
MINIMALISMO OBJETUAL E GEOMETRICO O Minimalismo objetual e geométrico tem como ideia o objeto moderno como volumes SILENCIOSOS, UNITÁRIOS E ISOLADOS. Dessa maneira, segundo Montaner, temos Mies Van Der Rohe como principal referência. Em sua obra, composições complexas negavam qualquer possibilidade de articulação geométrica. Além disso, Van der Rohe não esquece o ambiente natural e rural e entende a arquitetura em relação ao espaço público. Além de Mies Van der Rohe, outro arquiteto de destaque, segundo Montaner é Ludwig Hilberseimer, que tinha intenso desejo intelectual do retorno ao primitivo através do uso da tecnologia.
Outro arquiteto que se destaca nessa categoria é Le Corbusier, que tinha tendência à cidade minimalista, ou seja, não articulada, formada pelo conjunto de edifícios residenciais autônomos. Como exemplo de Minimalismo objetual e geométrico, Montaner fez uma intervanção em Chicago: o Campus do Illinois Institute of Technology, de Mies Van der Rohe (1938-1958). Em parceria com Ludwig Hilberseimer, levou em consideração os princípios da cidade racional, repetitiva e eficaz, neoplastica e minimalista de Hilberseimer.
Campus do Illinois Institute of Technology, Chicago. Mies Van Der Rohe, 1940
MINIMALISMO METODOLOGICO E ESSENCIALISTA No Minimalismo metodológico e essencialista predomina uma vontade de criar uma nova metodologia essencialista. Sendo assim, as obras, pinturas e esculturas são o resultado de um racionalismo tão radical que se converte em método puro, elevado a um limite obsessivo que transpassa o racional e se converte em delírio místico. Segundo Montaner, nessa categoria minimalista, é possível destacar dois arquitetos principais: o monge e arquiteto belga Hans van der Laan e o arquiteto Juan Borchers. Com teorias opostas, Hans van der Laan defende uma arquitetura básica e ascética, de exclusão e renúncia. Para projetar a partir dessa essência
da arquitetura, Van der Laan propõe três escalas espaciais: a cela ou interior íntimo, o pátio ou espaço de locomoção, e o campo de visão em direção ao exterior e à natureza. Já Juan Borchers queria chegar a uma síntese de todas as teorias sobre as proporções arquitetônicas. Autor de um abicioso projeto de raciocínios e conceitos, de desenhos e medidas destinadas a coordenar, comparar e unificar vários sistemas geométricos, Borchers buscava a junção da poesia com a matemática.
Igreja da Abadia de Vaals, Holanda. Hans van der Laan, 1995.
MINIMALISMO URBANO E PAISAGISTICO O minimalismo urbano e paisagístico tem Paulo Mendes da Rocha como principal referência. É válido ressaltar que todas as obras dele são racionalistas e minimalistas, desde casas a grandes escalas.
Outros grandes arquitetos do urbanismo Urbano e paisagístico são Erich Hubmann e Andreas Vass, eles foram capazes de alcançar a escala da paisagem com pequenas obras minimalistas.
Paulo Mendes da Rocha se baseia em formas geométricas simples que tendem a grandes vãos e amplas escalas, estruturas suspensas graças a mais avançadas tecnologias do concreto armado e do aço.
Podemos considerar, segundo Montaner, que a busca minimalista pelas formas retas e rigorosas, definitivas, perfeitas e neutras, simplificando a complexidade da realidade, buscando a síntese e a essência, responde essencialmente aos objetivos da mentalidade do ser humano.
Montaner afirma que cada obra de Paulo Mendes da Rocha forma parte de uma cidade ideal, como uma segunda natureza que acolhe todos os seres humanos, através de casas, pórticos, museus e outros edifícios abertos e leves.
"Todo o espaco deve ser ligado a um valor, a uma dimensao publica. Nao ha espaco privado. O unico espaco privado que voce pode imaginar e a mente humana." Paulo Mendes da Rocha.
Casa no ButantĂŁ, SĂŁo Paulo Paulo Mendes da Rocha, 1964.
ENTREVISTA COM JOHN PAWSON John Pawson nasceu em Yorkshire, Norte da Inglaterra. Em sua juventude foi para o Japão onde teve contato com o arquiteto e desingner japonês Shiro Kuramata. Shiro foi o responsável por inspirar e incentivar Pawson a se inscrever na Architectural Association em Londres. Após anos de aprendizado, Pawson iniciou sua carreira com o objetivo de criar lugares onde os olhos e a mente possam ficar a vontade. John Pawson tem como filosofia de design: “A grande disciplina é continuar a reduzir até que você não possa melhorar um design por subtração adicional”.
Entrevistador: Como você define o minimalismo? JP: Eu acredito que seja continuar a reduzir até que você não possa melhorar um design por subtração adicional. Em meu livro No Mínimo, dei ênfase na simplicidade em arquitetura, arte e design, assim como em todas as minhas obras. Entrevistador: Diante dessas características, você se considera um arquiteto minimalista? JP: Sim, em todas as minhas obras tenho como base o minimalismo, isto é, me preocupo com a massa, volume, superfície, proporção, junção, geometria, repetição, luz e ritual. Entrevistador: Você considera que a arquitetura minimalista já existia antes mesmo de ser reconhecida? JP: Sim, afinal acredito que o minimalismo é uma essência atemporal. Mesmo no Modernismo, por exemplo, podemos perceber tendências minimalistas nas obras de Le Corbusier e Mies Van Der Rohe com o partido de “menos é mais” também modernista. Entrevistador: Montaner classifica o minimalismo em três categorias, sendo elas: Minimalismo objetual e geométrico, Minimalismo metodológico e essencialista e Minimalismo urbano e paisagístico. Qual delas você se identifica? JP: Me identifico mais com o Minimalismo urbano e paisagístico, já que é carecterizado por edifícios abertos e leves e formas geométricas simples.
Entrevistador: Qual seu objetivo como designer minimalista? JP: Na minha opinião quando se está projetando um espaço deve-se considerar que a arquitetura é a soma de grandes movimentos e gestos muito menores. A arquitetura e o design são abordados da mesma maneira por mim, independente da escala da obra ela pode ser um veículo para ideias muito mais amplas sobre como vivemos e o que valorizamos. Gosto de levar em consideração as coisas que são tocadas e usadas no dia a dia, dessa maneira crio desde vasos e utensílios para o lar até projetos de grandes escalas com a mesma filosofia minimalista e cuidado. Meu objetivo é dar prazer a quem o vivencia. Entrevistador: Na obra The Feuerle Collection, quem você teve como inspiração? JP: Tive o meu grande mestre Shiro Kuramata como inspiração principal. Assim como ele, utilizei materiais industriais na arquitetura e nos móveis, com o objetivo de criar uma nova perspectiva sobre as obras de arte e direcionar o espectador por uma experiência sinestésica.
Autoras da Desordem junto com John Pawson para a entrevista. Outubro - 2020
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INTERVENCAO MINIMALISTA Em um cenário de pandemia e isolamento social, foi proposto uma intervenção em um apartamento de 20m2 (5m x 4m). O apartamento é composto pela cozinha integrada com a sala de estar, um quarto e banheiro. Na intervenção, propomos a substituição de um sofá tradicional por um balanço que proporcionará sensações de liberdade e leveza. O objetivo é dar prazer a quem o vivencia. No design do sofá optamos pela simplicidade, tons neutros e poucas ornamentações, seguindo as ideias minimalistas.
APARTAMENTO 20m²
Imagens da intervenção a seguir:
ANTES
DEPOIS
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REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS Livro: Montaner, Josep Maria Sistemas arquitetônicos contemporâneos Editorial Gustavo Gili, SA, Barcelona, 2003. https://www.archdaily.com/office/john-pawson https://drive.google.com/file/d/1eETBGpfvH57RCXr8i4i0DdRfgaaL99dM/view http://www.johnpawson.com