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Monitoramento e IATF

Brenda Barcelos é médica-veterinária com doutorado pela Universidade de São Paulo, coordenadora de Território da MSD Saúde Animal Intelligence; João Barbuio é mestre em Reprodução Animal, gerente Técnico da unidade de negócios de ruminantes da MSD Saúde Animal.

Ferramentas melhoram a eficiência reprodutiva do rebanho leiteiro

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De maneira muito simplista, quando se pensa em vaca de leite, basicamente se fornece a dieta para o animal e se espera coletar o produto principal, que é o leite. Mas entre uma coisa e outra é preciso lembrar que existe toda uma engrenagem que é altamente dependente de um animal saudável e bem tratado. Para que todo esse ciclo evolua de forma satisfatória é preciso avaliar a melhor estratégia reprodutiva, integrando as tecnologias que estão à disposição tanto em saúde animal quanto em monitoramento. O cuidado individualizado dos animais é uma realidade, e além de contribuir com o aumento da produtividade, contribui para o seu bem-estar.

Um dos desafios na pecuária de leite é justamente o período de transição das vacas, pois é quando a maior parte dos problemas metabólicos ocorre. A condição da fêmea nesse período pode determinar o futuro da lactação e o monitoramento do animal se torna um importante aliado, pois, com a tecnologia, é possível identificar o tempo de consumo de alimentos, a ruminação e, como consequência, o bem-estar e a saúde das vacas.

Considerando que o animal monitorado está saudável e foi identificado o retorno da ciclicidade após o período puerperal ou de espera voluntária, é muito provável que essa vaca tenha uma próxima lactação também saudável e uma reprodução efetiva. Todas essas informações levantadas dão ao produtor mais controle sobre o rebanho e os seus animais individualmente, conferindo eficiência a todo o processo.

O monitoramento oferece relatórios que indicam quem é esse animal, se teve mudança de comportamento, alteração principalmente na ruminação, permitindo visualizar essa mudança como um diagnóstico proporcionando atuação precoce. As taxas de prenhez apresentadas para um animal saudável, por exemplo, são muito mais altas quando comparadas a quando as vacas apresentam alguma patologia durante o período de transição, principalmente pensando no pós-parto imediato. O que se espera de um animal sadio durante o período de transição é um comportamento de ruminação padrão, sem oscilação, que é a garantia de que esse animal está saudável.

Eficiência reprodutiva

A taxa de prenhez é o índice reprodutivo que determina a eficiência reprodutiva ou, em outras palavras, a velocidade com que as vacas emprenham na propriedade. A taxa de prenhez é obtida por meio da multiplicação de outras duas taxas: a de serviço pela de concepção, a cada 21 dias.

O monitoramento associado à IATF pode melhorar não só a taxa de serviço (a IATF permitindo o maior número possível de vacas inseminadas artificialmente no primeiro serviço e o monitoramento contribuindo para aumentar a eficiência de detecção dos cios subsequentes) como também pode contribuir no aumento da taxa de concepção através da determinação do momento de maior fertilidade da vaca.

Quando se considera o sistema de produção leiteira no Brasil, existem diversos sistemas e raças. Se levada em consideração a vaca Holandesa emprenhando aos 85 dias pós-parto, como ela tem persistência lactacional mais prolongada, assim como a duração de gestação um pouco mais curta, tem-se um período seco ideal ao redor de 60 dias. Entretanto, é um grande desafio conseguir conceber todas essas vacas aos 85 dias em condições normais na propriedade.

Quando se pensa em outras raças, como, por exemplo, a Girolando, a persistência lactacional tende a ser mais curta e a duração de gestação um pouco mais prolongada. Se deixarmos para conceber essa vaca aos 85 dias pós-parto, haverá um período seco mais prolongado, o que é indesejável e pode comprometer a eficiência de produção de leite da propriedade. Dessa maneira é importante conseguirmos emprenhar as vacas o mais cedo possível no período pós-parto, o que certamente aumentará a eficiência reprodutiva da fazenda.

Exemplo de manejo reprodutivo eficiente

Considerando a data do parto como o dia zero, com um período de espera voluntário de 45 dias e tendo ao longo de todo esse período as vacas monitoradas em relação à saúde, com uma condição corporal adequada e sem interferências ambientais negativas, por exemplo, de ambiente e de temperatura, já seria possível iniciar o protocolo de IATF aos 35 dias pós-parto, de modo que no dia de liberar as vacas para a reprodução todas já receberam a primeira IATF.

Após essa oportunidade de inseminação, como os animais estão sendo monitorados, há uma segunda excelente oportunidade de emprenhar essas vacas no seu cio de retorno. Ou seja, aquelas matrizes que não emprenharam na primeira IATF devem retornar em cio de 16 a 24 dias após a primeira inseminação (ou de 61 a 70 dias pós-parto). É um cio de alta fertilidade e que será detectado com muito mais eficácia através do monitoramento.

Diante disso, vê-se que é possível, sim, aumentar a eficiência reprodutiva lançando mão dessas duas ferramentas: o monitoramento e a IATF.

Ganho de ciclo

O que fazer com os animais cujo cio não foi identificado? Se por algum motivo não foi identificado que esses animais tiveram cio de retorno 21 dias após a IATF, por ser uma vaca de alta produção e consequentemente com um número menor de montas e um tempo menor de duração do cio, o produtor pode perder praticamente 20 dias de efetividade, considerando a espera até o diagnóstico para confirmar um animal negativo mais a duração de um protocolo novo.

Se for feito o uso do monitoramento para identificação que o animal apresentou o cio, é possível antecipar o diagnóstico em 20 dias. Com isso, o produtor ganha praticamente um ciclo desse animal. Então como visualizar essa informação? O sistema de monitoramento gera um relatório sobre quais vacas mudaram o comportamento, com aumento de atividade e queda na ruminação, mostrando ainda a intensidade desse cio e o melhor horário para inseminar o animal.

Ou seja, com ferramentas como um bom protocolo de IATF mais monitoramento é possível, de fato, melhorar a eficiência reprodutiva.

A eficiência reprodutiva pode ser melhorada com o sistema de monitoramento

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