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esta edição especial da Revista O Girolando, vamos mostrar um pouco do que foi a MEGALEITE 2011. Coroada de muito sucesso, contamos com a participação efetiva dos principais criatórios de Girolando do país, expondo os seus melhores animais, numa demonstração muito clara do processo evolutivo que a Raça se encontra. Para nós, enquanto diretoria, tem sido um aprendizado constante, e ao final de cada edição do evento temos procurado analisar os acertos e também os erros que houveram para buscarmos uma melhoria cada vez maior desta, que se tornou a principal exposição das raças leiteiras no Brasil. Nosso objetivo passa, necessariamente, por observar as principais tendências e exigências do mercado e do melhoramento genético, com o objetivo de darmos a nossa contribuição na busca da sustentabilidade da pecuária leiteira nacional, com o firme propósito de agregarmos em torno destes objetivos, toda a cadeia produtiva. As falhas e criticas que houveram nos servem de incentivo para aperfeiçoá-los, contribuindo para a evolução do processo. Entretanto, este curto período de tempo decorrido, nos mostrou uma dinâmica acelerada do dia a dia da nossa Associação, com exposições e leilões acontecendo por todo país, uma demanda crescente por registros e a proximidade do 1º Congresso Brasileiro da Raça Girolando, nos obrigando a manter um ritmo acelerado de trabalho. Tudo que foi relatado acima, nos dá mais uma demonstração da pujança da raça, das responsabilidades e desafios de nossa administração. Esta constatação, longe de assustar, nos estimula e reforça a disposição de seguir em frente, de trabalhar cada vez mais, para corresponder à confiança de nossos associados e atender as expectativas dos criadores, parceiros e da nossa Associação. Estamos fechando os números da MEGALEITE, que nos sinaliza um saldo positivo, graças ao apoio de todos os parceiros comerciais, em especial aos Parceiros Masters. Mais uma vez convivemos no Parque Fernando Costa, sete raças bovinas leiteiras e os bubalinos, em eventos diversos onde o melhoramento genético e o potencial de cada uma puderam ser avaliados. Os diversos elos da cadeia do agronegócio do leite estavam presentes, trazendo informações, inovações, proporcionando uma grande interação e oportunidade de negócios. Aspectos políticos, tanto de mercado quanto de meio ambiente, foram contemplados em paralelo com atividades educacionais e sociais. Tivemos ainda vários leilões com bons resultados, vários recordes batidos, demostrando credibilidade, liquidez e disposição de investimento por parte dos criadores. Instituímos ainda o Mérito Girolando, nas categorias Melhor Criador e Melhor Produtor de Leite, onde os agraciados foram: Dr. Gabriel Andrade e Sr. Orostrato Olavo Silva Barbosa, respectivamente. Aproveitamos para registrar os nossos sinceros agradecimentos a todos, que deram a sua parcela de contribuição para que estes bons resultados fossem alcançados. De nossa parte fica o compromisso de trabalharmos para criarmos e oferecermos condições melhores, para que a MEGALEITE 2012, supere a deste ano. E para finalizar, aproveitamos este espaço para “CONVOCAR” nossos associados e a todos que acreditam na pecuária leiteira brasileira e especialmente na Raça Girolando, para participarem do 1º Congresso Brasileiro da Raça Girolando, que acontecerá no Tauá Termas de Araxá, de 22 a 25 de setembro, para que juntos possamos escrever mais um capítulo da trajetória vitoriosa desta raça, patrimônio brasileiro, que acreditamos e trabalhamos para ser a grande opção dos países tropicais. Um abraço fraterno. Uberaba (MG), agosto de 2011. Diretoria - Triênio 2011/2013
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Editorial Jadir Bison
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pecuária leiteira vem conquistando um sólido espaço no setor de genética que tende a ser cada vez maior nos próximos anos. Esse impulso tem levado muitos pecuaristas a deixar de encarar a atividade apenas como uma fornecedora do alimento leite. Hoje, vários criadores, inclusive os pequenos e médios, estão direcionando seus negócios para serem produtores de genética, e não só para o Brasil, mas também para diversos países do mundo. A Megaleite foi uma prova disso. Criadores do México, da Venezuela, da Holanda e da Colômbia ficaram impressionados com a qualidade do rebanho brasileiro e com a eficiência tecnológica das propriedades. Outro bom termômetro desse momento feliz que vive o Girolando é a internet. No facebook e no twitter da Girolando, boa parte dos seguidores é de estrangeiros. Eles querem a todo momento saber informações técnicas sobre a raça ou querem levar para seus países a genética dessa raça genuinamente brasileira. Em terras brasileiras a procura pela raça também é grande. Na maioria dos Estados, a produção de leite tem como base o Girolando. E com a previsão da FAO de que nas próximas décadas o Brasil será o maior fornecedor de alimentos para o mundo, a demanda por genética aumentará consideravelmente. Quem tem trabalhado para atender essa necessidade de mercado, certamente já está um passo a frente. A Megaleite mostrou que não são poucos os criadores que já se atentaram para essa demanda. O Brasil tem hoje animais de alta qualidade e os criadores, pesquisadores e a Girolando estão trabalhando com afinco pelo melhoramento genético da raça. Nesta edição da revista O Girolando, vocês poderão conferir esse trabalho através dos resultados da Megaleite. Também trazemos informações importantes na área de sanidade, de tecnologia, de nutrição. Ainda temos resultados de várias exposições, do Ranking 2010/2011 e muito mais. Para ilustrar e mostrar que o brasileiro, acima de tudo, é alto astral, encerro com a foto de um animal Girolando que, além da genética de qualidade, mostra que sabe entreter o público. A pedido do tratador o animal faz pose para cumprimentar os visitantes. Boa sorte a todos nessa missão de fazer do Girolando a maior raça leiteira do mundo. Larissa Vieira Editora
EXPEDIENTE: Revista O Girolando - Órgão Oficial da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando - Editora: Larissa Vieira - lamoc1@gmail.com - Depto. Comercial: Mundo Rural (34) 3336-8888, Míriam Borges (34) 9972-0808 e Walkiria Souza (35) 9133-0808 - ogirolando@mundorural.org - Design gráfico: Jamilton Souza - Fotos: Jadir Bison e Ronaldo Luiz - Revisão: Maria Rita Trindade Hoyler - Conselho editorial: Leandro Paiva, Fernando Brasileiro, Milton Magalhães, Jônadan Ma, José Donato Dias Filho, Maria Inez Cruvinel, Mauricio Silveira Coelho, Miriam Borges - Impressão CTP: Gráfica 3 Pinti (34) 3326-8000 - Distribuição gratuita e dirigida aos associados da Girolando, ABCGIL e órgãos de interesse ligados à cadeia produtiva de leite. - Redação: Rua Orlando Vieira do Nascimento, 74 - CEP: 38040-280 - Uberaba/MG - Telefax: (34) 3331-6000 Assinaturas: ogirolando@ mundorural.org - Telefax (34) 3336-8888 - Walkiria Souza
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MEGALEITE 2011 mostra o sucesso da pecuária leiteira
Momento histórico para a raça Girlando
“Faz DNA?”: bioinformática, computação e genômica... tudo junto
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1º Congresso Brasileiro da Raça Girolando
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Entrevista - Olavo Gonçalves Código Florestal em debate Mérito Girolando homenageia grandes nomes da pecuária leiteira Nacional de Girolando encerra Ranking Resultados Megaleite 2011 Ranking Girolando 2010/2011 Torneio leiteiro mostra novos recordes na Megaleite 2011 Teste de Progênie Sumário de Touros 2011 Gir Leiteiro conquista novos recordes Zebu Leiteiro em foco Estreia de sucesso para o Pardo-Suíço Simental confirma presença para 2012 Giro pela MEGALEITE 2011 Sustentabilidade garantida Estrangeiros querem importar genética de Girolando Giroleite - Educação premiada Flashes Mercado do Leite: Alta até quando? 08
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Estratégias para aumentar a detecção de cios Alimentação para vacas leiteiras de alta produção Utilização da Cana-de-açúcar como alternativa na alimentação de novilhas leiteiras Descongelamento do sêmen bovino Como evitar a leucose enzoótica bovina O desafio da mastite clínica Sanidade - Cetose Brasileiros conhecem a pecuária francesa Programa de Higiene Ambiental 8ª ExpoGirolando EAPIC movimenta circuito paulista Expocordeiro movimenta circuito fluminense Colostro Transparência Giro Lácteo Girolando pelo Brasil Controle Leiteiro Contatos - E-mails e telefone
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS CRIADORES DE GIROLANDO TRIÊNIO 2011/2013 ESTES SÃO OS NOVOS CRIADORES, E ENTIDADES DE CLASSE QUE PASSARAM A INTEGRAR O QUADRO SOCIAL DA GIROLANDO NOS MESES DE MARÇO, ABRIL, MAIO, JUNHO E JULHO DE 2011. PROP. Nº 6462 6609 6567 6559 6594 6597 6566 6580 6579 6588 6590 6553 6536 6498 6528 6554 6606 6617 6539 6586 6432 6525 6598 6548 6550 6558 6560 6547 6615 6596 6502 6507 6599 6608 6534 6583 6589 6546 6564 6611 6618 6593 6524 6614 6555 6575 6616 6591 6538 6584 6571 6552 6572 6557 5990 6504 6551 6565 6604 6545 6529 6595 6577 6568 6576 6600 6563 6535 6592 6556 6523 6509 6585 6561 6562 6610 6603 6578 6543 6549 6582 6573 6574 6526 6602 6516 6601 6587 6607 6569
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CRIADOR Adriano Manoel Ribeiro André Luis Vinha Alzira Richard Furlaneti Bachiega André Camargo Teruel Aderson José Alves Aldenmon Arrais Ribeiro Alexsandro Donizzeti Campos Alessandra Carneiro de Oliveira Marques Aguinaldo de Azevedo Silva Júnior Armando da Costa Carvalho Anisio Inácio da Silveira Júnior Alexandre Gontijo Gonzaga Alberto Ferreira Antônio Moacir Rossi / Outros Antônio Waldir Martinelli Agropecuária Exitus Ltda Agropecuária Agroopegen Clarets Ltda Agropecuária Barreiro Alto Ltda Benedito Osdilei de Almeida Cláudio Caputo Furtado Clayton Gonçalves Dornelas Celso Domingos Moreira Camilo Dilele Viana de Almeida Carlos Alberto Baptista da Cunha Neto Carlos Alberto Vivas Motta Cristina Ruscitti Martins Carlos Henrique Oliveira dos Santos Souza Carlos Alberto de Carvalho Domingos Sávio Castro Horta Daniel Romano Thielmann Elias Camilo Jorge Eduardo de Oliveira Lopes / Marcelo Elias Rigueira Edmilson da Silveira Fercus Comercial Ltda GPL – Grupo de Produtores de Leite Gastão Sarmento de Mendonça Geraldo Antônio de Faria Guilherme Moura Cosenza Gustavo Frederico Burger Aguiar Geovane Peterle Fiório Guilherme Barcelos Vasconcelos Hamilton José Lopes de Castro Iraci de Assis Cunha Ivonete Alves Gois James Farllen Oliveira Martins José Eduardo Coelho Branco Junqueira Ferraz José Alberto Guimarães Costa Pinto José Alfredo Quintão Furtado José Cabello José Antônio Vieira Katiane Segura Melhado Borges Laudir Batista Campos Luiz Carlos Tostes Pinto Leonardo Pereira Costa Lincoln Mendes Garcia Luiz Rezende Carrijo Luciano da Costa Soares Lacide Benardina Rigoni Luciano de Carvalho Pontes Marcilio Navarro Ananias de Souza Marcelo Gontijo Cardoso Manoel de Àvila Fernandes Manuel de Medeiros Mozart José Ribeiro Nerian Bortolon de Faria Narcizo Rodrigues da Silva Norton Caetano Vasconcelos / Ronaldo Lemos Aguiar Otarci Nunes da Rosa Pedro Augusto Junqueira Ferraz Passatempo Embriões Ltda Ronaldo Araújo Rezende Ronaldo Orestes Moura Ronaldo Dias Troccoli Rogério de Oliveira Marcolan Roberto Antônio Guimarães Pereira Ronam Rezende de Castro Reinaldo Altimiras Nogueira Branco Reginaldo Sorrenti Marcello Júnior Sérgio Paulo de Andrade Sandro de Oliveira Prúcoli Solomon Jung Min Ma Salvador Coutinho Rodrigues Santa Tereza Agropecuária SA Thiago Luis Birolini Thiago Moreira Vasconcelos Victor Meirelles de Azevedo Valterson Balduino Romes Willian Mendes Quintão Wellerson José Silva Washington Fiuza Paulinelli
MUNCÍPIO Pontalina – GO São José do Rio Preto – SP Guarantã do Norte – MT Estrela do Sul – MG Campo Belo – MG Guaraí – TO Formiga – MG São Paulo – SP Barra Mansa – RJ Guarani – MG Rio Pomba – MG Jequitiba – MG Governador Valadares – MG Araçatuba – SP Sertãozinho – SP Passos – MG Pouso Alegre – MG Belo Horizonte – MG Taubaté – SP Rio Pomba – MG Coromandel – MG Bebedouro – SP Itaperuna – RJ Mimoso do Sul – ES Mimoso do Sul – ES Jataí – GO Salvador – BA Sete Lagoas – MG Barra Longa – MG Oliveira – MG Santo Antônio de Pádua – RJ Matias Barbosa – MG Caratinga – MG Tangará da Serra – MT Campo Grande – MS Rio Novo – MG Silveirânia – MG Lorena – MG Araxá – MG Rio Novo do Sul – ES Belo Horizonte – MG Juiz de Fora – MG Belo Horizonte – MG Tobias Barreto – SE Porteirinha – MG Rio de Janeiro – RJ Belo Horizonte – MG Rio Pomba – MG São José dos Campos – SP Rio Pomba – MG Cosmorama – SP Juiz de Fora – MG Piau – MG Paracatu – MG Joviânia – GO Mineiros – GO Rio Pomba – MG Jaru – RO Guaiçara – SP Barbacena – MG Bom Despacho – MG Uberlândia – MG São Paulo – SP Sacramento – MG Prata – MG Ipanema – MG Brasília – DF Cuiabá – MT Belo Horizonte – MG Dores do Indaiá – MG Luz – MG Rio de Janeiro – RJ Guarani – MG Cachoeiro de Itapemirim – ES Guanambi – BA Lagoa da Prata – MG Belo Horizonte – MG Volta Redonda – RJ Caçu – GO Mimoso do Sul – ES Uberaba – MG Rio de Janeiro – RJ Belo Horizonte – MG José Bonifácio – SP Uberlândia – MG Tambaú – SP Quirinópolis – GO Caratinga – MG Santo Antônio do Amparo - MG Luz - MG
Presidente: José Donato Dias Filho 1º Vice-presidente: Fernando Antonio Brasileiro Miranda 2º Vice-presidente: Maurício Silveira Coelho 3º Vice-presidente: Jônadan Hsuan Mim Ma 4º Vice-presidente: Ivan Adhemar de Carvalho Filho 1º Diretor-administrativo: Milton de Almeida Magalhães Júnior 2º Diretor-administrativo: Adolfo José Leite Nunes 1º Diretor-financeiro: Maria Inez Cruvinel Rezende 2º Diretor-financeiro: Eugênio Deliberato Filho Relações Institucionais e Comerciais: João Domingos Gomes dos Santos
Conselho Fiscal Jeronimo Gomes Ferreira Silvio de Castro Cunha Júnior Marcelo Machado Borges Suplentes Conselho Fiscal Eduardo Jorge Milagre José Alberto Paiffer Menk Luiz Carlos Rodrigues Conselho Consultivo Antônio José Junqueira Villela Joaquim Luiz Lima Filho Nelson Ariza Roberto Antônio Pinto de Melo Carvalho Rodrigo Sant’anna Alvim Suplentes Conselho Consultivo Geraldo Antônio de Oliveira Marques Guilherme Marquez de Rezende Leonardo Moura Vilela Rubens Stacciarini Tomaz Sérgio Andrade de Oliveira Júnior
Membros Conselho Deliberativo Técnico 2011/2013 Membros Natos Alisson Luis Lima Leandro de Carvalho Paiva
Representante do MAPA Superintendente Técnico
Membros Efetivos
Membros Suplentes
Limírio Cezar Bizinotto Marcello A. R. Cembranelli Milton de Almeida Magalhães Neto Valério Machado Guimarães
Juscelino Alves Ferreira Walter Roriz de Queiroz Tiago Moraes Ferreira Daniella Martins da Silva
CONSELHO DE REPRESENTANTES ESTADUAIS: AL – Paulo Emílio Rodrigues do Amaral AM – Raimundo Garcias de Souza BA – José Geraldo Vaz de Almeida BA – Luiz Tarquinio Duarte Pontes BA – Jorge Luiz Mendonça Sampaio CE – Cristiano Walter Moraes Rola DF – Dilson Cordeiro de Menezes DF – Erotides Alves de Castro DF – Ismael Ferreira da Silva ES – Rodrigo José Gonçalves Monteiro GO – Elmirio Monteiro Marques Júnior GO – José Mário Miranda Abdo GO – Léo Machado Ferreira GO – Itamir Antônio Fernandes Vale MG – Anna Maria Borges Cunha Campos MG – Carlos Eduardo Fajardo de Freitas MG – Horácio Moreira Dias MG – José Ricardo Fiuza Horta MG – Júlio Cesar Brescia Murta MG – Paulo Henrique Machado Porto MG – Salvador Markowicz Neto MS – Aurora Trefzger Cinato Real MS – Ronan Rinaldi de Souza Salgueiro MS – Rubens Belchior da Cunha
PA – Zacarias Pereira de Almeida Neto PB – Antônio Dimas Cabral PB – Yvon Luiz Barreto Rabelo PE – Cristiano Nobrega Malta PE – Eriberto de Queiroz Marques PR – Antônio Francisco Chaves Neto PR – Bernardo Garcia de Araújo Jorge PR – João Sala RJ – Filipe Alves Gomes RJ – Herbert Siqueira da Silva RJ – Jaime Carvalho de Oliveira RJ – Luciano Ferreira Guimarães RO – José Vidal Hilgert SE – Lafayette Franco Sobral SE – Ricardo Andrade Dantas SP – Adriano Ribeiro de Oliveira SP – Braulio Conti Júnior SP – Decio de Almeida Boteon SP – Eduardo Falcão de Carvalho SP – Pedro Luiz Dias SP – Roberto Almeida Oliveira SP – Virgilio Pitton TO – Eli José Araújo
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Entrevista
Olavo Gonçalves
Negócio em família
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os 80 anos de vida do criador Olavo Gonçalves, quase 30 são de dedicação à raça Girolando. Um trabalho que começa ainda de madrugada na Fazenda Santo Inácio, localizada na cidade mineira de Campo Florido, e continua ao longo do dia, sempre com a ajuda da família: a esposa Nair, o filho Placidino, que é zootecnista, e a nora Oracilda. A paixão pela pecuária, herdada do avô e do pai, agora chega à nova geração dos Gonçalves. O neto Gustavo estuda Zootecnia na Unesp/Jaboticabal e, sempre que pode, está na fazenda ajudando o avô a escolher os melhores touros para os acasalamentos. De olho no mercado de genética, os Gonçalves planejam ampliar os negócios para ofertar fêmeas de alta produção. Da Fazenda Santo Inácio já saíram animais melhoradores, como o touro Caxi OG, que hoje pertence a Vilmar Pereira Pires. O reprodutor é o primeiro a ter filhos registrados pela Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, no exterior. Em entrevista à revista O Girolando, Olavo Gonçalves fala sobre os avanços da pecuária nas últimas décadas, sobre o trabalho em família, sobre o crescimento da raça e a importância de estar atento às inovações tecnológicas. O Girolando - Como foi o início na pecuária leiteira? Olavo Gonçalves - Venho de uma família de produtores rurais. Meu avô criava a raça Caracu. Os bezerros eram vendidos para serviços de tração em carros de boi. Já meu pai tinha lavoura de cana de açúcar e criava Gir e animais mestiços, mas a pecuária não era sua atividade principal. Depois que meu pai faleceu, abandonei o engenho de cana e decidi investir apenas em pecuária. Nosso trabalho era focado em gado de corte, apesar de, desde 1962, criarmos a raça Gir. A mudança para a pecuária leiteira aconteceu em 1984, quando fiz um curso de inseminação artificial e passei a inseminar as vacas Gir para fazer o Girolando. Tivemos incentivo da Associação e conseguimos produzir bons animais, como o Caxi Potira e a
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de pastagem para aumentar o rebanho de fêmeas. Também temos várias doadoras da propriedade participando do Projeto Centenário Genética, da Copervale. Elas são aspiradas e os embriões produzidos são comercializados pela cooperativa. Recebemos uma parte do valor arrecadado com a transferência de embriões. Além de vender, também compramos embriões. Com isso, estamos conseguindo melhorar o rebanho e atender a demanda por fêmeas.
Colônia, que foram vendidos e hoje fazem sucesso pelo Brasil. O criador que quer ter sucesso no mercado precisa acreditar em sua seleção e valorizar seu rebanho. O Girolando - Estar atento às novidades do setor e conhecer bem a raça são importantes para ter sucesso na seleção do rebanho? Olavo Gonçalves - O cruzamento para começar é muito fácil, mas para prosseguir não é tão fácil. Fui aprendendo à medida que fui criando a raça. Temos um rebanho formado por animais de três graus de sangue (1/2, 1/4 e 5/8). Procuro participar de palestras técnicas para me informar sobre as novidades. Meu neto Gustavo está estudando Zootecnia e tem me auxiliado na hora de definir os acasalamentos. Procuramos utilizar sêmen de touros provados ou de animais com boa avaliação genética. Hoje a concorrência é muito grande. O criador tem de investir em genética para produzir bons animais, já que a concorrência é grande. Quem não investir em genética vai ficar para trás. O Girolando - Além da preocupação em utilizar sêmen de touros avaliados, que outros cuidados o senhor tem para promover o melhoramento genético do seu rebanho? Olavo Gonçalves - Participo do Controle Leiteiro desde a década de 90. Ele permite que tenhamos um controle maior da produção de nossos animais. Ao longo destes anos, as fêmeas têm mostrado uma grande evolução. Quando comecei na pecuária leiteira amarrava vaca para tirar dois litros de leite ou no máximo cinco litros de leite. Hoje, as fêmeas chegam a produzir 50 quilos por dia, com alimentação a base de pasto e uma pequena suplementação. Esta evolução no Controle Leiteiro é graças ao investimento em genética que fazemos constantemente. Além da boa produção, comendo basicamente pasto, a raça é bastante rústica, mostrando-se ideal para regiões de clima quente. Isso foi fundamental para decidirmos criar Girolando, já que estamos em uma cidade de temperaturas mais altas. O Girolando- O mercado para a raça está aquecido na região? Olavo Gonçalves - Estamos em uma região onde há poucos criadores de Girolando. A maior parte cria gado de corte e compra vacas leiteiras para produção de bezerros de corte, utilizando touros Nelore. Vendemos bezerras e novilhas para reposição. Este é um mercado promissor, no qual pretendemos investir cada vez mais. Vamos continuar produzindo leite, porém queremos ampliar a área
O Girolando - O governo federal adiou a entrada, em vigor, da Instrução Normativa 51. O senhor acredita que falta incentivo do governo para garantir aos produtores melhores condições de produção? Olavo Gonçalves - O litro de leite é muito barato. Enquanto uma garrafinha de água custa dois reais, o produtor recebe cerca de 70 centavos por litro de leite. Não temos muita ajuda do governo para modernizarmos a produção. O que recebemos a mais por produzir leite de maior qualidade é muito pouco e não nos permite fazer grandes investimentos. Os custos com alimentação também são caros. Mesmo assim, sempre tive a preocupação de produzir com higiene. Fomos aperfeiçoando o sistema de produção, investindo em genética, melhorando as instalações e pretendemos agora montar uma ordenhadeira mecânica para facilitar o trabalho. O Girolando - Além da genética, que outro cuidado o senhor adota para garantir uma produção de leite do rebanho? Olavo Gonçalves - Como dizem, o segredo é investir em raça e ração. Não adianta ter animais de boa genética e não cuidar da alimentação do rebanho. Os dois devem andar juntos. Na época do meu pai não havia esta preocupação. Muitos animais morriam indo em busca de comida. Eles iam para as beiras de córrego porque lá havia muita planta, conhecida como São José, mas acabavam caindo na água e morrendo afogados ao tentar alcançar a comida. Hoje temos o cuidado de fornecer aos animais bons pastos, e uma pequena suplementação na secada, para que eles não saiam andando por longas distâncias para procurar comida. O Girolando - Então, cuidar da pastagem deve ser uma preocupação constante do produtor? Olavo Gonçalves - Sem dúvida. Cuido do pasto para que ele não fique degradado, pois desenvolvo uma criação a pasto. Outra preocupação é manter a Reserva Legal e a Área de Preservação Permanente. O produtor rural precisa fazer a parte dele em relação à preservação do meio ambiente. Não se pode ficar pensando apenas em produzir. Podemos ter uma propriedade produtiva, mas em harmonia com o meio ambiente e que produza de forma sustentável. O Girolando - Um dos problemas enfrentados pelo setor é a falta de mão de obra qualificada. Trabalhar em família é uma alternativa para fugir do problema? Olavo Gonçalves - Achar mão de obra qualificada é difícil. Na região existe usina de cana. As pessoas preferem trabalhar na indústria ao invés da pecuária leiteira. Por isso, optamos por trabalhar em família. Tenho três filhos e um deles optou por continuar na fazenda. Placidino é formado em Zootecnia e cuida do manejo do gado, além da ordenha dos animais, trabalho que faz junto com a esposa, Oracilda. A parte dos acasalamentos e da seleção dos animais fica por minha conta. Até minha esposa ajuda na lida diária da fazenda. Meus outros filhos, apesar de não estarem no setor, estão pensando em fazer um trabalho em conjunto para ampliarmos os negócios.
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MEGALEITE 2011
Pitty
mostra o sucesso da pecuária leiteira
A Megaleite 2011 contou com 13 leilões em sua programação
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rincipal feira do setor leiteiro do Brasil, a MEGALEITE atraiu cerca de 40 mil pessoas ao longo dos dias 26 de junho a 3 de julho deste ano, no Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG). A exposição contou com dois mil animais das raças Indubrasil, Girolando, Gir Leiteiro, Guzerá, Pardo-Suíço,
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Simental, Sindi, além de búfalos. A excelente qualidade genética dos animais expostos fez com que as negociações tivessem expressiva alta. A comercialização nos 13 leilões, nos cinco shoppings de animais e nos estandes das empresas participantes da feira foi estimada em R$ 50 milhões.
Código Florestal em debate
Deputado Paulo Piau fala sobre as mudanças no Código Florestal durante audiência pública realizada na Megaleite 2011
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MEGALEITE também foi palco de importantes debates. Com a presença de diversas autoridades nacionais, a abertura oficial da mostra levou ao público presente as novidades do texto do Código Florestal que tramita no Senado. A audiência pública externa da Comissão da Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados contou com a presença de parlamentares que tiveram participação direta no novo texto da legislação ambiental que está sendo revista, como os deputados federais Paulo Piau (PMDB/MG) e Marcos Montes (DEM/MG). Também participaram o deputado federal Leonardo Vilela (atual secretário de Meio Ambiente de Goiás), o deputado estadual por Minas Gerais, Antônio dos Reis Lerin, o secretário de Agricultura de Minas, Elmiro Alves do Nascimento, o representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ricardo Saud, entre outras autoridades. Leonardo Vilela foi homenageado pela Girolando em decorrência do trabalho que vem realizando em prol da pecuária leiteira. Código Florestal – O Brasil conta com a maior área agricultável disponível no mundo. Caso não haja mudanças no Código Florestal, a maior parte dos produtores rurais irá trabalhar na ilegalidade. Segundo Paulo Piau, a legislação ambiental do país sofreu várias alterações nos últimos governos. Em 1934, o presidente Getúlio Vargas publicou o decreto 23.793, cujo art.23 determinava que nenhum proprietário poderia “abater” mais de 3/4 da vegetação existente em seu imóvel. Em 1965, Castelo Branco sancionou a Lei Federal 4.771, que previa 50% de Reserva Legal (RL) na Amazônia, 20% nas demais regiões do país e definição de Área de Preservação Permanente (APP) em 5m para mata ciliar. O governo de Fernando Henrique Cardoso aumentou o percentual da RL para 80% na Floresta Amazônica, 35% nas Áreas de Cerrado dentro da Amazônia Legal. A Proposição Novo Texto do Código Florestal surgiu em 2000, mas só agora em 2011 ocorreu a votação na Câmara dos Deputados. Paulo Piau, relator da Comissão de Negociação do Código Florestal, ministrou palestra sobre as alterações que a legislação, caso seja aprovada no Senado e sancionada pela Presidente Dilma Rousseff, promoverá no dia a dia do produtor rural.
Veja as principais alterações que o texto traz, segundo o deputado Paulo Piau: Não haverá autorizações para desmatamentos em APPs O art.8º (emenda 164) determina expressamente que é “vedada a expansão das áreas ocupadas” (parágrafo 4º), ou seja, não poderá haver qualquer supressão de vegetação em APP para a implantação de novas atividades agrícolas. As atividades já consolidadas em APPs não serão automaticamente mantidas • Três hipóteses de autorização para intervenção ou supressão de vegetação em APPs e a manutenção de atividades consolidadas até 22 de julho de 2008: 1) Utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental, previstas em lei; 2) Atividades agrossilvopastoris, ecoturismo e turismo rural; 3) Atividades estabelecidas no PRA, previsto no novo Código Florestal. • Ressalvado o parágrafo 3º do art.8º, desde que as atividades não estejam em áreas de risco e sejam observados critérios técnicos de conservação do solo. • Bem como deve ser respeitado o parágrafo 4º do mesmo dispositivo, que ressalva “os casos em que haja recomendação técnica de recuperação da área referida”. Não haverá exclusão da União na definição das regras do PRA • A redação do texto aprovado indica expressamente que “a União, os Estados e o Distrito Federal deverão implantar” (art.33º, parágrafo 1º) os PRA, não estando o Governo Federal excluído de tal incumbência, que se materializa por Decreto. • O art. 24º da Constituição Federal de 1988 determina que a Legislação Ambiental concorrente deva ser elaborada por todos os entes federativos.
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Secretário de Meio Ambiente de Goiás, Leonardo Vilela, recebeu homenagem na abertura oficial da feira
Não há anistia para os produtores rurais • As regras previstas no texto aprovado na Câmara Federal reproduzem exatamente a mesma lógica adotada no Decreto Federal nº 7.029/09, editado pelo Presidente Lula e pelo ex-ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, em seu art.6º. • O texto do novo Código Florestal é mais restritivo que o Decreto 7.029/09, que abrange situações ocorridas até 11 de dezembro de 2009, enquanto a Câmara dos Deputados restringe a aplicação de tais regras somente para áreas consolidadas antes de 22 de julho de 2008. • E determina que o prazo prescricional das multas fique suspenso enquanto estiverem sendo cumpridas as medidas de regularização ambiental. Reserva legal • Propriedades com até 4 módulos fiscais estarão dispensadas de recompor vegetação para Reserva Legal, mas deverão manter os remanescentes de vegetação existente, se forem inferiores aos percentuais exigidos em lei (20%, 35% ou 80%). • Para todas as propriedades será permitido computar as Áreas de Preservação Permanente na composição da Reserva Legal. • A Reserva Legal não precisará ser averbada em Cartório de Registro de Imóveis, bastando que seja inscrita diretamente no órgão ambiental, por meio do Cadastro Ambiental Rural, em procedimento simplificado que dispensa, inclusive, o georreferenciamento de toda a propriedade. • A compensação de Reserva Legal poderá ser realizada em outro imóvel, desde que esteja localizado no mesmo bioma, sendo que a União e os Estados poderão indicar áreas prioritárias para compensação. • A compensação da Reserva Legal também poderá ser realizada por meio de contribuição para um fundo público destinado à regularização fundiária de unidades de conservação. • Será admitida a utilização de espécies exóticas em até 50% da área de Reserva Legal que precisar ser recomposta, além de serem previstas outras possibilidade de uso econômico da Reserva Legal. • Nos municípios da Amazônia onde 50% ou mais do território for atingido por unidades de conservação de domínio público ou terras indígenas, poderá ser reduzida em 50% a Reserva Legal. • Para a fixação dos percentuais exigidos a título de Reserva Legal, será aplicada a lei do momento em que ocorreu a conversão do solo, mesmo que lei posterior exija percentual maior.
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Áreas de Preservação Permanente • Foram mantidas todas as metragens de Área de Preservação Permanente ao longo de cursos d’água, (de 30 a 500 metros). Entretanto, para fins de regularização de atividades consolidadas às margens de cursos d’água com largura de até 10 metros, será permitida a recomposição de 15 metros. • Em topos de morro e áreas com inclinação entre 25º e 45º será admitida a utilização de culturas lenhosas perenes ou de ciclo longo, bem como o pastoreio e atividades florestais. • O limite para contar a APP das matas ciliares será a borda da calha do leito regular do corpo d’água. • Expressamente fica reconhecido que apenas cursos d’água naturais geram obrigação de áreas de preservação permanente (e não cursos d’água artificiais). • Fica expressamente mencionado que as várzeas não são consideradas áreas de preservação permanente. • Em lagos, lagoas, reservatórios e outras acumulações de água com até 1 hectare de área, não será exigida APP. • Os lagos, lagoas e reservatórios artificiais que não utilizam curso d’água natural ficam dispensados de manter áreas de preservação permanente; • Será permitido o plantio de vazante em rios. Áreas consolidadas • Ficará garantida a continuidade de atividades consolidadas até 22 de julho de 2008, em áreas com inclinação entre 25º e 45º, bem como em topo de morros para algumas atividades (pastoreio, lenhosas e florestais). • Nas atividades desenvolvidas em cursos d’água de até 10 metros de largura, para a consolidação das atividades, a recomposição será de 15m (e não de 30m, como atualmente). • Nas demais áreas consolidadas em áreas de preservação permanente, que não forem mantidas diretamente pela lei, a manutenção da atividade dependerá da elaboração de Programas de Regularização Ambiental (PRA), pela União ou Estados, os quais devem identificar as áreas de risco e as medidas técnicas de conservação de água e solo, sendo vedada a expansão de atividades realizadas em APP. Quanto ao pagamento por serviços ambientais • Prevê a possibilidade de criação de programas de pagamento por serviços ambientais, especialmente para o financiamento de medidas de restauração de vegetação nativa para áreas importantes à produção de água. Quanto às multas e crimes • A aplicação e a cobrança de multas ficarão suspensas, quando decorrentes da supressão de vegetação em área de preservação permanente, de reserva legal ou de áreas de uso restrito, ocorridas até 22 de julho de 2008, desde que o proprietário entre no Programa de Regularização Ambiental. • Uma vez cumpridas as determinações do Programa de Regularização Ambiental, as multas suspensas serão consideradas convertidas em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente. • Cumpridas as determinações do Programa de Regularização Ambiental, poderão ser encerrados os processos penais relativos a crimes de supressão em áreas de preservação permanente e de reserva legal.
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Fotos: Pitty
Mérito Girolando homenageia grandes nomes da pecuária leiteira Familiares de Olavo Babosa e diretores da Girolando durante entrega da homenagem
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ela primeira vez, a MEGALEITE, principal feira do setor leiteiro do país, homenageou personalidades de destaque do agronegócio que vêm contribuindo para o crescimento da pecuária leiteira. Os homenageados deste ano foram os criadores Gabriel Donato de Andrade e Orostrato Olavo Silva Barbosa. A solenidade de entrega do Mérito Girolando aconteceu no dia 29 de junho, no Salão Nobre da ABCZ. Os dois homenageados desenvolvem importantes trabalhos na pecuária leiteira há décadas. O criador Olavo Barbosa, mineiro de Guaxupé, é o maior produtor de leite do Brasil. No ano de 2010, a produção total foi de 21 milhões de litros. Proprietário da Fazenda São José, localizada na divisa de Guaxupé com Tapiratiba (SP), iniciou na pecuária leiteira em 1960, com vacas Gir e touro Holandês. Olavo Barbosa utiliza as mais modernas tecnologias de reprodução em seu rebanho. Atualmente, montou um moderno laboratório de fertilização in vitro, onde todo o processo, desde a aspiração até o implante dos embriões, é realizado na fazenda. Olavo Barbosa foi representado pela filha Silvia Helena Silva Faria Barbosa, o neto Sérgio Ferraz Ribeiro Filho e o genro Jesser Esper. Mineiro da cidade de Arcos, Gabriel Donato de Andrade vem de uma família com longa tradição em seleção de cavalos e gado de leite. Ele tem colaborado intensamente para o desenvolvimento de tecnologias agropecuárias de ponta, adequadas às condições tropicais, em muitos casos em parceria com instituições científicas e órgãos públicos. É exemplo desta atuação a formação, na Fazenda Calciolândia,
de um dos melhores plantéis da raça Gir Leiteiro do país, selecionado desde 1962, sempre para a produção de leite a pasto. O criador foi representado pelo diretor da Calciolândia, Jordane José da Silva, e enviou uma mensagem de agradecimento: “Quero agradecer a lembrança de nosso nome, pela Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, que muito nos honra e valoriza, na condição de criador. Tenho consciência de que muitos companheiros merecem tanto quanto eu, ou mais, esta homenagem, e que aqui poderiam estar em meu lugar. Portanto, encaro este reconhecimento da forma que ensinava e recomendava Peter Druker, o mestre da administração, a alguém que recebe uma promoção: em vez de considerá-la um prêmio para usufruir, na verdade é um aumento da nossa responsabilidade. Temos procurado, ao longo de todos estes anos, trabalhando na criação e seleção de gado leiteiro, buscar o melhor e mais adequado, tanto para a indústria do leite, da qual já participei em um segmento da minha vida, e que é a que nos paga em última instância, quanto principalmente para o produtor de leite, elo mais fraco da cadeia, do qual participo com orgulho e para quem cada centavo faz diferença. A ciência e a tecnologia a cada dia nos amparam mais nesta lida e não devemos abdicar delas em momento algum. Muitos acreditam até que nos substituirão em breve. Mas nós criadores sabemos que existe uma interação entre nós humanos e os animais, que a ciência e toda tecnologia jamais conseguirão reproduzir. Assim, em vez de receber, na verdade quero prestar uma homenagem especial a todos os criadores que comigo compartilham o prazer e a felicidade desta jornada especial”.
Jordane José da Silva representou Gabriel Donato de Andrade
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Nacional de Girolando encerra Ranking
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Fotos: Jadir Bison
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22ª edição da Exposição Nacional de Girolando possibilitou a criadores de todo o Brasil e de outros países ver de perto a evolução genética da raça. As disputas na pista e no Torneio Leiteiro tiveram a participação de 718 animais. Este ano, a escolha dos grandes campeões ficou a cargo dos jurados Juscelino Alves Ferreira, Raul Pimenta de Castro, Nívio Bispo do Nascimento, José Renes da Silva, Fábio Fogaça e Fernando Boaventura. A final dos campeonatos foi comemorada com o desfile dos campeões e com a entrega da premiação aos ganhadores da Megaleite e do Ranking 2010/2011. Confira os campeões:
Grande Campeã 1/2
Campeões Girolando 1/2 sangue Melhor Fêmea Jovem: HIERARQUIA FIV BRADLEY VOLTA FRIA Proprietário: FILIPE ALVES GOMES Res. Fêmea Jovem: HERMANA EDUARD VOLTA FRIA Proprietário: FILIPE ALVES GOMES 3 Melhor Fêmea Jovem: SECRETARIA TEATRO MJG Proprietário: HENRIQUE COELHO MAGALHÃES
Grande Campeã 3/4
Melhor Úbere Jovem: ARMA FIV MEGATON MUTUM Proprietário: ALESSANDRA CARNEIRO DE OLIVEIRA MARQUES Res. Melhor Úbere Jovem: TAMARA MARIMBONDO JM Proprietário: GERALDO ANTONIO DE OLIVEIRA MARQUES 3º Melhor Úbere Jovem: FOLIA JM MONTE ALVERNE Proprietário: FILIPE ALVES GOMES Melhor Vaca Jovem: TAMARA MARIMBONDO JM Proprietário: GERALDO ANTONIO DE OLIVEIRA MARQUES Res. Melhor Vaca Jovem: FOLIA JM MONTE ALVERNE Proprietário: FILIPE ALVES GOMES 3ª Melhor Vaca Jovem: DIVA JM MONTE ALVERNE Proprietário: FILIPE ALVES GOMES
Grande Campeã 5/8
Melhor Úbere Adulto: IDALINA M Proprietário: HELOISA HELENA JUNQUEIRA DOS SANTOS Res. Melhor Úbere Adulto: ABELHA HPS Proprietário: HELOISA HELENA JUNQUEIRA DOS SANTOS 3º Melhor Úbere Adulto: ERMELINDA MERGULHÃO Proprietário: FILIPE ALVES GOMES
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Grande Campeão 3/4
Grande Campeã: ERMELINDA MERGULHÃO Proprietário: FILIPE ALVES GOMES Res. Grande Campeã: IDALINA M Proprietário: HELOISA HELENA JUNQUEIRA DOS SANTOS Campeões Girolando 3/4 sangue Melhor Fêmea Jovem: JPZ GEORGIA ARGEU LINDA FIV Proprietário: CONDOMÍNIO JPZ – JORGE PAPAZOGLU E OUTRO Res. Fêmea Jovem: ONDINA BABITONGA Proprietário: OTTO DE SOUZA MARQUES JUNIOR 3ª Melhor Fêmea Jovem: JPZ KATHERINE JAYZ OLIMPIA FIV Proprietário: CONDOMÍNIO JPZ – JORGE PAPAZOGLU E OUTRO
Grande Campeão 5/8
Grande Campeã: BARONEZA JURIST STA. LUZIA Proprietário: CONDOMÍNIO JPZ – JORGE PAPAZOGLU E OUTRO Res. Grande Campeã: MARCELA LEMMER STA. LUZIA Proprietário: ERIBERTO DE QUEIRÓZ MARQUES 3ª Melhor Vaca: DANÇARINA ELLIPSIS MORADA CORINTHIANA Proprietário: JERONIMO GOMES FERREIRA Grande campeão: ATUAL GOLDWYN CONAN TE Proprietário: FRANCISCO RANGEL DE QUEIROZ Res. Grande campeão: JPZ BASILEU ARGEU LINDA FIV Proprietário: CONDOMÍNIO JPZ – PAPAZOGLU E OUTROS
Melhor Úbere Jovem: CONDESSA LOCUST N. SRA. DO CARMO Proprietário: ENEAS RODRIGUES BRUM Res. Melhor Úbere Jovem: MARCELA LEMMER STA. LUZIA Proprietário: ERIBERTO DE QUEIRÓZ MARQUES 3º Melhor Úbere Jovem: BELDADE WILDMAN TE TANNUS Proprietário: DELCIO VIEIRA TANNUS
Campeões Girolando 5/8 sangue Melhor Fêmea Jovem: VITRINE FR RECREIO Proprietário: MILA DE CARVALHO LAURINDO E CAMPOS Res. Fêmea Jovem: HIGIENE LAGLORIA Proprietário: DANIEL DA SILVA / MAGNOLIA MARTINS SILVA 3ª Melhor Fêmea Jovem: ROXEDA CAETANO Proprietário: RODRIGO JOSÉ GONÇALVES MONTEIRO
Melhor Vaca Jovem: MARCELA LEMMER STA. LUZIA Proprietário: ERIBERTO DE QUEIRÓZ MARQUES Res. Melhor Vaca Jovem: BELDADE WILDMAN TE TANNUS Proprietário: DELCIO VIEIRA TANNUS 3ª Melhor Vaca Jovem: ATUAL FINEST BARBIE TE Proprietário: FRANCISCO RANGEL DE QUEIROZ
Melhor Úbere Jovem: LENDA FIV BOLTON M. CORINTHIANA Proprietário: JERONIMO GOMES FERREIRA Res. Melhor Úbere Jovem: ICH HUNGRIA LISTRADO Proprietário: JOÃO DOMINGOS GOMES DOS SANTOS 3º Melhor Úbere Jovem: NAZARE PYREX ONÇA Proprietário: RODOLFO ENGEL CAUHY
Melhor Úbere Adulto: BARONEZA JURIST STA. LUZIA Proprietário: CONDOMÍNIO JPZ – JORGE PAPAZOGLU E OUTRO Res. Melhor Úbere Adulto: DANÇARINA ELLIPSIS M. CORINTHIANA Proprietário: JERONIMO GOMES FERREIRA 3ª Melhor Úbere Adulto: CARICIA WINDSTAR TE TANNUS Proprietário: DELCIO VIEIRA TANNUS
Melhor Vaca Jovem: LENDA FIV BOLTON M. CORINTHIANA Proprietário: JERONIMO GOMES FERREIRA Res. Melhor Vaca Jovem: MELODIA JINTX 5 ESTRELAS Proprietário: AGENOR AFONSO DO AMARAL 3ª Melhor Vaca Jovem: ICH HUNGRIA LISTRADO Proprietário: : JOÃO DOMINGOS GOMES DOS SANTOS
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Grande Campeã: RBC BIGORNA Proprietário: TOMAZ SERGIO ANDRADE DE OLIVEIRA JR. Res. Grande Campeã: JAQUETA FAMOSO ALADO Proprietário: MARIA HELENA TAVARES DOMINGOS DOS SANTOS 3 Melhor Vaca: LENDA FIV BOLTON M. CORINTHIANA Proprietário: JERONIMO GOMES FERREIRA Melhor Macho Jovem: INVICTO FIV GOLDWYN VOLTA FRIA Proprietário: RODRIGO JOSÉ GONÇALVES MONTEIRO Res. Campeão: DANILO BABITONGA Proprietário: OTTO DE SOUZA MARQUES JÚNIOR Grande campeão: KING FRANK DOM NATO Proprietário: JOSÉ DONATO DIAS FILHO Res. Grande Campeão: NETUNO ASTRE RENASCER Proprietário: JOÃO DARIO RIBEIRO
Foto: Pitty
Melhor Úbere Adulto: BELINHA DENGOSO JJJ Proprietário: AMILTON ANTONIO RODRIGUES Res. Melhor Úbere Adulto: JAQUETA FAMOSO ALADO Proprietário: MARIA HELENA TAVARES DOMINGOS DOS SANTOS 3 Melhor Úbere Adulto: RAINHA SHADY IT Proprietário: ITAMIR FARIA VALLE
Curso de Julgamento atravessa fronteiras A 21ª edição do Curso Intensivo de Julgamento da Raça Girolando abriu a temporada da Megaleite. Mais de cem criadores e profissionais do setor pecuário do Brasil e da Colômbia participaram do evento. As aulas teóricas e práticas ocorreram no Parque Fernando Costa. O primeiro dia foi dedicado às palestras. Entre os temas abordados estão: a raça Girolando, o Programa de Melhoramento Genético da Raça, morfologia e características de tipo para julgamento, padrões raciais, entre outros temas. As aulas práticas aconteceram em dois dias. Os participantes aprenderam como julgar, a morfologia do gado leiteiro, a metodologia de registro genealógico dos animais, o padrão racial dos vários graus de sangue da raça, entre outros assuntos.
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Resultados Megaleite 2011
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Ranking Girolando
2010/2011
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Megaleite encerrou o Ranking Girolando 2010/2011. A premiação dos melhores do Ranking aconteceu durante a Nacional e contou com a presença de criadores de vários estados brasileiros. Com um número cada vez maior de exposições ranqueadas, a raça vem mostrando sua evolução genética em pistas de todo o Brasil. Esta edição do Ranking contou com 45 eventos ranqueados. O resultado completo pode ser conferido no site da Girolando (www.girolando.com.br).
Melhor Criador 1/2 1 Filipe Alves Gomes 2 Henrique Coelho Magalhães 3 Márcio Luís Mendonça Alvim 4 Gerci Luiz Maduro 5 Rubens Fonseca Santos 6 Marco Antônio Procópio de Oliveira 7 José Antônio da Silveira 8 Márcio Moraes Sampaio 9 Lauro Teixeira Penna 10 Salvador Markowicz Neto
Pontuação 863,41 847,07 736,16 661,16 563,36 542,99 528,31 489,16 462,46 440,70
Melhor Expositor 1/2 Pontuação 1 Filipe Alves Gomes 2.089,72 2 Heloisa Helena Junqueira dos Santos 1.798,02 3 Henrique Coelho Magalhães 956,07 4 Marco Antônio Procópio de Oliveira 873,35 5 Mario Gilberto Saraiva 667,14 6 Gerci Luiz Maduro 615,31 7 Paulo M. S. Gonçalves/Daniella M. da Silva 603,00 8 Agenor Afonso do Amaral 479,93 9 Agropecuária Boa Fé Ltda. 461,67 10 Tomaz Sérgio Andrade de Oliveira Jr. 374,33 Melhor Expositor 3/4 Pontuação 1 Délcio Vieira Tannus 1.547,69 2 Alexandre Saraiva de Moraes 1.116,04 3 Eriberto de Queiroz Marques 1.063,70 4 Luiz Paulo Levate 1.038,94 5 Francisco Rangel de Queiroz 858,74 6 Condomínio JPZ - Jorge Papazoglu e Outro 813,32 7 Márcio Moraes Sampaio 663,16 8 Roberto Almeida Oliveira e Outros 627,25 9 Reginaldo Cafalloni da Rosa 587,42 10 Paulo M. S. Gonçalves/Daniella M. da Silva 512,58
Melhor Criador 3/4 Pontuação 1 Délcio Vieira Tannus 1.649,47 2 Francisco Rangel de Queiroz 984,91 3 Márcio Moraes Sampaio 983,35 4 Eriberto de Queiroz Marques 969,40 5 José Coelho Victor 969,31 6 Condomínio JPZ - Jorge Papazoglu e Outro 847,17 7 Filipe Alves Gomes 813,44 8 José Antônio da Silveira 510,49 9 Roberto Almeida Oliveira e Outros 503,59 10 Paulo M. S. Gonçalves/Daniella M. da Silva 401,68
Melhor Expositor 5/8 1 José Donato Dias Filho 2 Mila de Carvalho Laurindo e Campos 3 Tomaz Sergio Andrade de Oliveira Jr. 4 Itamir Faria Valle 5 Délcio Vieira Tannus 6 João Domingos Gomes dos Santos 7 Nazareth Dias Pereira 8 Roberto Antônio Pinto de Melo Carvalho 9 Eugênio Deliberato Filho 10 Evandro do Carmo Guimaraes
Melhor Criador 5/8 1 José Donato Dias Filho 2 Mila de Carvalho Laurindo e Campos 3 Nazareth Dias Pereira 4 Délcio Vieira Tannus 5 Roberto Antônio Pinto de Melo Carvalho 6 Itamir Faria Valle 7 Evandro do Carmo Guimarães 8 Eugênio Deliberato Filho 9 José Alberto Paiffer Menk 10 Daniel da Silva/Magnólia Martins Silva
Melhor Criador/Expositor Pontuação 1 Délcio Vieira Tannus 2.503,02 2 José Donato Dias Filho 2.345,17 3 Mila de Carvalho Laurindo e Campos 1.527,47 4 Roberto Antônio Pinto de Melo Carvalho 1.276,38 5 Itamir Faria Valle 1.170,01 6 Paulo M. S. Gonçalves/Daniella M. da Silva 999,42 7 Nazareth Dias Pereira 981,59 8 Evandro do Carmo Guimarães 975,55 9 José Alberto Paiffer Menk 958,45 10 Henrique Coelho Magalhães 866,99
Pontuação 2.709,93 1.790,16 1.445,63 1.378,31 1.191,98 1.123,00 866,12 643,47 623,93 595,80
Pontuação 2.345,17 1.540,01 1.363,87 1.123,00 1.102,91 1.051,43 981,59 962,67 892,70 790,45
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Bruno Viana
Zootecnista Técnico do PMGG
Torneio leiteiro mostra novos recordes na Megaleite 2011
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om o melhoramento genético cada vez mais preconizado entre os produtores rurais no Brasil, essa tendência foi mostrada mais uma vez no torneio leiteiro nacional da raça Girolando, que aconteceu durante a MEGALEITE 2011. O torneio marcou sua 22ª edição, que ocorreu no período de 27 a 30 de junho de 2011, mostrando todo o potencial da raça leiteira dos trópicos. O torneio leiteiro contou com a presença de 43 animais entre as categorias novilha e vaca, dentro dos graus de sangue 1/2 Hol + 1/2 Gir, 1/4 Hol + 3/4 Gir, 3/4 Hol + 1/4 Gir, 5/8 Hol + 3/8 Gir e Puro Sintético. Dentro da competição foram realizadas dez ordenhas, sendo a maior pesagem desconsiderada (esgota). As ordenhas ocorreram às 14 horas, 22 horas e 6 horas, em três dias de competição. O evento proporcionou três novos recordes em produção leiteira no ranking nacional da raça Girolando, com os seguintes animais: Cabiuna Bandoli recordista vaca 1/4 Hol + 3/4 Gir, com produção de 170,660kg/leite e média de 56,887kg/leite, de propriedade de Luís Carlos Bandoli, ilustrada na foto abaixo:
Serra Bela Odyssey Bruna, recordista vaca 3/4 Hol + 1/4 Gir, com produção de 217,360kg/leite e média de 72,453kg/leite, de propriedade de Geraldo Antônio Oliveira Marques.
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Margarida FIV G JR, recordista novilha 1/4 Hol + 3/4 Gir, com produção de 127,860 kg/leite e média de 42,620kg/leite, de propriedade de Tomaz Sérgio Andrade de Oliveira Junior.
A recordista vaca 1/4 Hol + 3/4 Gir, Cabiuna Bandoli, e a também recordista vaca 3/4 Hol + 1/4 Gir, Serra Bela Odyssey Bruna, foram vendidas, sendo seus novos donos, o Sr. João Domingos Gomes dos Santos e o Sr. Ronaldo de Brito Leite.
Confira a premiação dos animais que ficaram em primeiro lugar, em sua categoria, na tabela abaixo:
Espera-se, a cada ano que passa, que o melhoramento genético da raça Girolando seja mostrado nos torneios leiteiros e rebanhos leiteiros no Brasil. Com isso, a Associação Brasileira dos
Criadores de Girolando vem investindo pesado em genética, cada vez mais acreditando no Teste de Progênie, provando reiteradamente a eficácia de seu programa, em todo o rebanho nacional.
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Marcello A R Cembranelli Coordenador Operacional PMGG
Teste de Progênie Sumário de Touros 2011
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m dos momentos mais esperados da MEGALEITE 2011 foi, sem dúvida, a divulgação do Sumário de Touros do Programa de Melhoramento Genético da raça Girolando (PMGG), que neste ano surpreendeu ainda mais, diante das novidades apresentadas. Como é sabido, o Teste de Progênie é responsável pela avaliação dos reprodutores da raça: através desta avaliação é possível identificar os indivíduos superiores e promover a multiplicação genética destes, de forma orientada, visando promover a sustentabilidade da atividade leiteira. Na presente avaliação genética foram utilizados 86.863 (no ano anterior foram 61.906) registros zootécnicos, com informações de controle leiteiro e genealogia dos rebanhos supervisionados pelo Serviço de Controle Leiteiro. Esse incremento de mais de 40% no número de registros zootécnicos, ocorreu graças a um trabalho dedicado e minucioso da equipe do PMGG, principalmente do técnico Wewerton Bibiano Resende Rodrigues, em parceria com a equipe da Embrapa Gado de Leite. Esses profissionais verificaram todas as lactações existentes e promoveram a integração dos dados, aumentando não só o número de informações, mas também a confiabilidade dos dados. Outra ação que refletiu bastante nos resultados foi o rastreamento de todas as filhas de touros em teste. Através das visitas técnicas nas propriedades de rebanhos colaboradores ou de contatos telefônicos, a equipe técnica do PMGG pôde fazer o levantamento da situação atual de todas as filhas de touros participantes do Teste de Progênie e o resgate de lactações que se perderam, principalmente de animais que foram comercializados pelos rebanhos colaboradores antes do final da primeira lactação ou, ainda, de lactações invalidadas por erro no envio das informações. Vale ressaltar que esse procedimento só foi possível devido à ampliação do quadro técnico do PMGG, que antes era composto por dois técnicos e, hoje, por quatro técnicos, mais dois no processamento dos dados. O desempenho produtivo ao primeiro parto, das 10.900 lactações em 288 rebanhos colaboradores, no período de 2000 a 2010, propiciou média de produção de leite, em 305 dias, de 3.937kg. Com médias de produção total de 4.318Kg e duração da lactação de 303 dias. A idade média ao primeiro parto é de 35,4 meses, demonstrando evolução em relação aos índices do ano anterior.
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Desde 1997, início do Teste de Progênie, até hoje, já foram testados 48 reprodutores integrantes dos sete primeiros grupos. Outros 57 touros encontram-se em fase de teste, com sêmen distribuído de 2006 a 2012. O tempo de teste é outro ponto importante que foi reavaliado e ajustado, pois se levarmos em consideração o tempo de distribuição do sêmen, que tem duração média de seis meses, somado ao de utilização do sêmen nos rebanhos colaboradores, que também é de seis meses, mais o tempo de gestação (9 meses) e, ainda considerando a idade média ao primeiro parto (36 meses), com período médio de lactação das filhas dos touros em torno de dez meses, e o período de avaliações e processamento dos dados, de mais quatro meses, temos um tempo médio para divulgação dos primeiros resultados, em torno de 71 meses (5 anos e 11 meses) após o início da distribuição do sêmen. O que estava ocorrendo era a divulgação com cinco anos, ou seja, antecipando a prova dos touros, que muitas vezes eram liberados com confiabilidade mínima ou não eram divulgados, causando frustração em todos os que aguardavam o resultado. Outro problema era devido à confiabilidade mínima: o touro poderia, de um ano para o outro, alterar muito seu resultado e novamente causar descontentamentos a todos os envolvidos e até colocar o programa em questionamento. Isso foi resolvido, e a partir deste ano só serão divulgados os resultados de touros que atingirem acima de 60% de confiabilidade, ou seja, acima do mínimo permissível, independente do número de anos necessários para execução, lembrando que se o reprodutor atingir
LION IMPÉRIO ITAÚNA (Lider do ranking geral)
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Florin Marker Dom Nato (1º colocado do 7º grupo)
RBC Bigorna (Grande Campeã 5/8 da MEGALEITE 2011)
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a confiabilidade antes dos cinco anos de teste, o mesmo será divulgado no próximo sumário. O sumário deste ano consta de 18 touros positivos para produção de leite, e 30 negativos, em que foram divulgados os resultados de touros do sétimo grupo, além de alguns do sexto e quarto grupos, que ainda não haviam sido divulgados anteriormente. O grande destaque deste ano ficou com o touro Florin Marker Dom Nato, reprodutor 5/8 Hol + 3/8 Gir, que obteve o 1º lugar do sétimo grupo, com PTA leite de 152kg, com confiabilidade de 70%, seguido pelo touro Tango Storm Renascer, com PTA de 75kg e confiabilidade de 63%. No ranking geral ocorreram grandes alterações: o reprodutor Lion Império Itaúna é o novo líder geral, com PTA de 313kg e confiabilidade de 80%; seguido por Kaien Celsius Itaúna, com PTA 303kg e confiabilidade 71%; vindo em terceiro lugar, Fausto Polo Itaúna, com PTA de 253kg e confiabilidade de 85%. Vale ressaltar que os três primeiros do ranking geral são reprodutores 5/8 Hol + 3/8 Gir, sendo o líder geral um animal Puro Sintético, e todos oriundos de um mesmo rebanho. Esse fato só vem consolidar o resultado do trabalho de anos de seleção no rebanho, para obtenção do Girolando Puro sintético, baseado em dados concretos, através das avaliações genéticas com acasalamentos dirigidos e lactações sem controle leiteiro seletivo ou tratamento preferencial das matrizes. Já passou da hora de o criador de Girolando deixar de trabalhar na base do “achismo” – precisa aprender a utilizar as ferramentas disponíveis no mercado, como o sêmen de touros provados. A era de adquirir sêmen apenas pela foto do touro, passou. É preciso saber interpretar as provas e realizar acasalamentos dirigidos, utilizar o controle leiteiro e o valor genético como ferramentas de seleção das matrizes, promovendo a multiplicação desses indivíduos superiores. Ter a pista de julgamento como resultado de um trabalho de seleção e não a ordem inversa, em que, porque um animal ganhou uma ou algumas exposições, multiplica-se esse animal desordenadamente, sem saber se o mesmo irá transmitir características desejáveis ou não aos seus descendentes. Um bom sinal de que estamos no caminho certo é o resultado das pistas deste ano, na MEGALEITE, pois a Grande Campeã 5/8 é filha de touro Puro Sintético. A grande novidade de 2011 no sumário foi a divulgação, pela primeira vez, do Sistema de Avaliação Linear Girolando (SALG) – os valores genéticos para cinco características de conformação foram incluídos e servirão para melhor direcionamento dos acasalamentos. A cada ano novas características serão incluídas, num total
Touros Classificados para o 13º Grupo do Teste de Progênie da Raça Girolando, ordenados por composição racial e ordem alfabética.
de 23, sendo 20 de conformação e três auxiliares, como facilidade de parto, temperamento e facilidade de ordenha. Ainda no mês de julho de 2011 ocorreu a seleção dos reprodutores que irão integrar o 13º grupo do Teste de Progênie. Foram inscritos 73 touros, sendo 34 touros 3/4 Hol+ 1/4 Gir, 29 touros 5/8 Hol+ 3/8 Gir e 10 touros PS. Para este ano foram disponibilizadas 36 vagas, sendo 30 para 5/8 ou PS e seis vagas para os reprodutores 3/4. Vale ressaltar que essas vagas são determinadas pelo número de matrizes disponibilizadas pelos rebanhos colaboradores, sendo necessárias, no mínimo, 220 matrizes para se testar um touro. As vagas desse grupo foram preenchidas por 20 touros 5/8 e ou PS e seis touros 3/4. Os reprodutores selecionados deverão proceder à coleta das 500 doses codificadas em central de inseminação artificial devidamente credenciada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e entregue à Girolando, até a data limite de 31 de outubro de 2011. Lembramos que a partir deste mês, até 30 de setembro de 2011, estão abertas as inscrições para o 14º grupo do Teste de Progênie da Girolando. Os integrantes desse grupo já irão participar
da prova de avaliação reprodutiva em parceria com a Epamig, que começa em novembro de 2011 e termina em maio de 2012, quando os aprovados disputarão uma vaga no referido grupo. Mais informações estão disponíveis no site da Girolando ou com os técnicos do PMGG. Todos esses resultados mostram a força do Girolando na busca da produção de leite para o mundo tropical, sendo, sem dúvida, a solução para a pecuária leiteira moderna e sustentável. Os números do mercado de inseminação artificial confirmam a procura pela genética de touros Girolando provados pelo Teste de Progênie da Embrapa/Girolando. É a raça que mais cresce na venda de sêmen no Brasil (38% em relação ao ano passado). Comercializou mais de 291.000 doses em 2010. Com certeza, isso é fruto da credibilidade dos resultados do Teste de Progênie. O Sumário de Touros Girolando 2011, com todos os dados da publicação, na íntegra, encontra-se disponível nos sites www.girolando.com.br e www.cnpgl.embra.br. Os exemplares dessa publicação também podem ser obtidos através da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando ou Embrapa Gado de Leite.
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Gir Leiteiro conquista novos recordes
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Concurso Leiteiro Grande Campeã: Via Fiv JMMA Criador e expositor: José Mário Miranda Abdo Res. Grande Campeã: Shiva TE CAL Criador e expositor: Gabriel Donato de Andrade 13ª Exposição Nacional do Gir Leiteiro Grande Campeã: Fécula TE F. Mutum Criador e expositor: Leo Machado Ferreira Res. Grande Campeã: Virna S. FIV Fundão Criador e expositor: José Ricardo Fiuza Horta Grande Campeão: Gabinete Silvânia Criador: Eduardo Falcão de Carvalho Expositor: Geraldo Antonio Marques Res. Grande Campeão: XSansão FIV JMMA Criador e expositor: José Mário Miranda Abdo
Jadir Bison
ais uma vez, a MEGALEITE foi palco da Exposição Nacional de Gir Leiteiro. A 13ª edição da feira teve 748 animais inscritos para julgamento e torneio leiteiro. Durante a mostra, que encerra o ranking de criadores e expositores 2010/2011, houve a entrega de prêmios aos primeiros colocados do Ranking da ABCGIL (Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro. A entidade lançou, durante a MEGALEITE, a pedra fundamental de sua nova sede, que será erguida no Parque Fernando Costa. O presidente da ABCGIL, Silvio Queiroz Pinheiro, disse que as raças zebuínas produtoras de leite são ferramentas de segurança alimentar para o mundo, que a seleção vai continuar e as batalhas que devem ser enfrentadas a partir de agora são as do protecionismo e reservas de mercado internacional. A raça Gir Leiteiro, que vem crescendo consideravelmente nos últimos anos, registrou novamente recorde de produção na MEGALEITE. A vaca Via Fia JMMA, de José Mário Miranda Abdo, que tinha conquistado o título mundial de produção para a categoria Vaca Jovem na primeira semana de junho, durante a exposição agropecuária de Morrinhos (GO), superou a própria marca no pavilhão de ordenha do Parque Fernando Costa, com o total 148,180 kg/leite e média de 49,393 kg/leite. Além do recorde mundial, a vaca foi a grande campeã do Torneio Leiteiro na MEGALEITE. Superou todas as concorrentes da categoria Vaca Adulta e foi o melhor úbere entre as Vacas Jovens. Confira todos os resultados:
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Zebu Leiteiro em foco
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s raças zebuínas leiteiras tiveram forte presença na MEGALEITE 2011, com quase mil animais inscritos para julgamento e concurso leiteiro. Pela primeira vez, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) realizou o Fórum Zebu Leiteiro. O evento teve como objetivo promover debates entre pesquisadores, técnicos e criadores. Foram debatidos os temas: avaliação genética, raças zebuínas de aptidão leiteira, coleta de informações/controle leiteiro, qualidade de leite, seleção genômica, sustentabilidade, mercado internacional e genética zebuína para produção de leite. Outros eventos da MEGALEITE que contaram com a participação das raças zebuínas foram os shoppings de animais e leilões. A ABCZ também divulgou seu programa de melhoramento genético, o PMGZ, no Salão Internacional, para criadores do Brasil e de vários outros países. Guzerá Sob a coordenação técnica da ABCZ, a raça Guzerá teve a segunda edição do Concurso Leiteiro da MEGALEITE. Treze fêmeas participaram da disputa. A grande campeã na categoria Vaca Adulta foi Gôndola, com produção total de 97,420 kg/leite e média de 32,473 kg/leite. Ela pertence ao criador Marcelo Garcia Lack. A campeã Vaca Jovem Britânia, de propriedade da Uniube, teve produção total de 63,730 kg/leite e 21,243 kg/leite. O presidente da ACGB (Associação dos Criadores de Guzerá do Brasil), Paulo Menicucci, disse que é importante demonstrar a capacidade de produção das raças zebuínas e promover ações para fomentar pesquisas. Indubrasil Outra raça zebuína que também participou da MEGALEITE foi a Indubrasil. A ABCZ coordenou a mostra das fêmeas que tiveram seu potencial leiteiro testado. A primeira colocada na categoria Vaca Jovem foi Gracita, com produção total de 52,800 kg/ leite e média de 17,600 kg/leite. Na categoria Vaca Adulta, venceu Boneca, com produção total de 43,700 kg/leite e média de 14,567 kg/ leite. Ambas pertencem a Renato Miranda Caetano. Sindi Considerada de dupla aptidão, a raça Sindi participou novamente da MEGALEITE, com sua Mostra de Animais. Contando com a coordenação técnica da equipe do PMGZ/ Leite da ABCZ, a Associação Brasileira dos Criadores de Sindi realizou a disputa das fêmeas inscritas. A primeira colocada da mostra foi Onda, pertencente à Uniube. Ela produziu 57,290 kg/leite no total e média de 19,097 kg/leite.
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Pitty
Estreia de sucesso para o Pardo-Suíço
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aça estreante na MEGALEITE 2011, a Pardo-Suíço levou à pista do Parque Fernando Costa 50 animais para a disputa da 1ª Exposição de Pardo-Suíço, em Uberaba. A alta qualidade genética dos animais em pista tornou mais árduo o trabalho do juiz norte-americano Mr. David Wallace, que teve a responsabilidade de escolher as grandes campeãs da mostra. “A MEGALEITE 2011 foi uma exposição muito bem organizada, em um parque com uma das melhores estruturas do Brasil. Ficamos muito satisfeitos e no próximo ano realizaremos a nossa Exposição Nacional da raça, na MEGALEITE 2012. Por Uberaba estar bem localizada e a feira acontecer em uma data onde os preços do leite alcançam os melhores patamares durante o ano, acreditamos numa participação de mais de 200 animais, vindos dos estados do Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país”, afirmou Luiz Sávio de Souza Cruz, presidente da Associação Brasileira de Criadores de gado Pardo-Suíço. Confira ao lado as campeãs de cada categoria:
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Campeã Bezerra Mirim Monte Alvão Ifranie Wonderment Expositor: Luiz Sávio de Souza Cruz Campeã Bezerra Sênior Monte Alvão Iracema Premium FIV TE Expositor: Luiz Sávio de Souza Cruz Grande Campeã Bezerra Monte Alvão Iracema Premium FIV TE Expositor: Luiz Sávio de Souza Cruz Campeã Novilha Mirim Monte Alvão Ietah Flashback TE Expositor: Luiz Sávio de Souza Cruz Campeã Novilha Junior Monte Alvão Hellen Ensign FIV TE Expositor: Luiz Sávio de Souza Cruz Campeã Novilha Sossego Nubia Pronto Expositor: José Carlos Viana Campeã Novilha Sênior Monte Alvão Gemelana Legacy Expositor: Luiz Sávio de Souza Cruz Grande Campeã Novilha Monte Alvão Ietah Flashback TE Expositor: Luiz Sávio de Souza Cruz Grande Campeã Júnior Monte Alvão Ietah Flashback TE Expositor: Luiz Sávio de Souza Cruz Campeã Vaca 2 Anos Júnior Monte Alvão Hofia Jetway TE Expositor: Luiz Sávio de Souza Cruz Campeã Vaca 2 Anos Sênior Monte Alvão Gogola Emory Expositor: Luiz Sávio de Souza Cruz Campeã Vaca 3 Anos Júnior FRG Caricia Zeus Expositor: Luiz Sávio de Souza Cruz Campeã Vaca 4 anos Royal Evelyn 74 Jade TE Expositor: Elisabeth Regina Lebbink Baldrat Campeã Vaca 5 anos Monte Alvão EL-Riki Primetime Expositor: Luiz Sávio de Souza Cruz Campeã Vaca Sênior Sossego Iara Playboy Expositor: José Carlos Viana Campeã Vaca Seca Jovem Sossego Kamila Playboy Expositor: José Carlos Viana Campeã Vaca Seca Adulta Sossego Flor Jade TE Expositor: José Carlos Viana Campeã Vaca Produtora Emerita Prata Monte Alvão Blue Moon Pretus TE Expositor: Luiz Sávio de Souza Cruz Grande Campeã da Raça Royal Evelyn 74 Jade TE Expositor: Elisabeth Regina Lebbink Baldrat 3ª Melhor Fêmea FRG Caricia Zeus Expositor: Luiz Sávio de Souza Cruz
Foto: Pitty
Simental
confirma presença para 2012
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raça Simental levou animais de alta qualidade genética para a MEGALEITE 2011. As fêmeas concorreram na 2ª etapa do Ranking do Torneio Leiteiro, promovido pela Associação Brasileira dos Criadores das Raças Simental e Simbrasil. O foco principal da disputa foi a produção de sólidos. Participaram expositores dos Estados de Minas Gerais e São Paulo. De acordo com o presidente da entidade, Alan Fraga, a MEGALEITE é um evento importante para a divulgação da aptidão leiteira do Simental. “Aproveitamos a oportunidade, para agradecer o convite de participação, na MEGALEITE 2011, à Associação do Girolando, e também a toda a organização do evento, e parabenizar pelos bons resultados alcançados. No próximo ano, devido ao grande interesse do público, gostaríamos novamente de estar presentes”, ressaltou.
Além de animais PO, foram expostos exemplares 1/2 Simental/Gir e 1/2 Simental/Girolando. As fêmeas que disputaram o Torneio Leiteiro passaram por oito ordenhas. Na categoria Vaca Precoce Leiteira, a vaca Layla da Batatais, de propriedade de José Henrique Aleixo, de Batatais (SP), obteve a produção de 79,480 kg/ leite. Na categoria Vaca Jovem Leiteira, a vaca Jioconda da Santa Andréa, de propriedade da Santa Andréa Agro Pec. Ltda., de Itararé (SP), obteve a produção de 89,215 kg/leite. A categoria Vaca Adulta Leiteira teve como campeã a vaca Celita da Santa Andréa, também da Santa Andréa Agro Pec. Ltda. A fêmea teve produção de 102,080 kg/leite. Já na categoria Vaca Vitalícia Leiteira, venceu Zigota da Santa Andréa, que tem 12 anos. Ela pertence à Santa Andréa Agro Pec. Ltda. e obteve a produção de 96,730 kg/leite.
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Giro pela MEGALEITE 2011 de Bubalinocultores. O mercado de búfalos está em expansão no Brasil. Cresce mais de 20% ao ano, no país, a procura por produtos derivados do leite de búfala. Este leite tem alto teor de nutrientes e pode ser consumido por pessoas alérgicas à lactose. Pitty
Fazu Alunos de vários períodos do curso de Zootecnia das Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu) vivenciaram, na prática, o dia a dia da pecuária leiteira do Brasil, durante a MEGALEITE 2011. De acordo com a coordenadora do curso de Zootecnia da faculdade, Sarita Bonagurio Gallo, aproximadamente dez alunos participaram de estágios durante a exposição. Através dessas oportunidades, os estudantes colocaram em prática alguns conhecimentos teóricos em setores variados da feira, como os de recepção dos animais, torneio leiteiro e pista de julgamento. Desfile de touros A ABS Pecplan foi palco do Desfile de Touros – Especial Leite 2011. O evento já entrou para a programação oficial da feira e ganhou destaque entre os criadores. Mais de 500 visitantes assistiram ao desfile dos touros de raças leiteiras da empresa, participaram de um chá da tarde especial e puderam fechar negócios em condições comerciais exclusivas. O evento foi aberto pelo diretor geral da ABS Pecplan, Márcio Nery. O gerente nacional de Negócios, Alexandre Lima e o gerente de Produto Leite, Klaus Hanser de Freitas, apresentaram detalhadamente cada touro, com resultados, opções de cruzamento, linhagens e todos os aspectos técnicos. Criadores do Brasil e de outros países, membros das associações que compõem a feira, diversas excursões de produtores e outros profissionais da área marcaram presença.
Bênção Momento ecumênico durante a MEGALEITE, a Missa em Ação de Graças contou com a presença de diretores da Girolando, colaboradores e produtores rurais. Pitty
Foto: ABS
Palestras Parceiros Master da Girolando ministraram, durante a MEGALEITE, palestras técnicas sobre temas variados. Os criadores acompanharam as novidades das empresas Nutron, Sersia France, Elanco, Pfizer, Semex, Intervet, CRV Lagoa, GEA Farm Technologies, RealH e ABS Pecplan.
Búfalos Os bubalinos foram uma atração à parte, na MEGALEITE. A docilidade dos animais chamou a atenção dos visitantes da feira. A Mostra dos Búfalos foi promovida pela Associação Mineira
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garantida
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eiterando seu papel de exemplo para a pecuária leiteira, a Girolando promoveu, durante os dias do evento, o projeto MEGALEITE SUSTENTÁVEL, sob a coordenação dos gestores e consultores de ecorrelações, Carlos Nogueira e Paulo Henrique Lopes, da Ciclo Soluções Sustentáveis. O projeto contou com a participação de estudantes da Universidade de Uberaba (Uniube) e da Faculdade de Talentos Humanos (Facthus), que promoveram ativamente o conceito de sustentabilidade, usando análises do uso racional da água para lavação dos animais, coleta seletiva do resíduo gerado na feira (desde os recicláveis, não recicláveis até os resíduos de saúde). Os tratadores receberam, de forma didática, informações sobre o projeto em reunião promovida no Salão Nobre, junto ao Pavilhão de Julgamentos do Parque Fernando Costa, quando lhes foram apresentadas ideias sobre a importância de se manterem limpos os pavilhões dos animais, bem como todo o parque. “Vocês lidam com um gado de elite, o melhor do Brasil. São como os mecânicos da Fórmula 1, que trabalham nos melhores carros... por isso, os boxes
Tratadores foram orientados quanto ao descarte de resíduos
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de vocês devem ser iguais aos das corridas, impecavelmente limpos e organizados”, destacou o gestor Paulo Henrique Lopes. Durante a feira, verificou-se que em sua grande maioria os tratadores absorveram, de forma interessada, o projeto, separando corretamente os resíduos gerados. Para este fim, foram distribuídos kits de coleta seletiva, compostos de um bigbag para colocação da sacaria de ração, dois bags de coleta seletiva de resíduos de saúde animal e garrafas pet para deposição dos resíduos perfurocortantes. Cerca de 100 quilos de resíduos de saúde animal foram coletados. Em todo o parque foram colocadas lixeiras e tambores nas cores da coleta seletiva, de forma estratégica, para contribuir ao máximo com a separação dos resíduos para reciclagem. A coleta seletiva de embalagens gerou mais de uma 1,4 tonelada de materiais que foram destinados para reciclagem. A maior parte dos materiais coletados foi de papelão, plásticos em geral, garrafas pet e latas de alumínio. Houve também a coleta de óleo de fritura gerado por restaurante que funcionou durante a feira. Os 129 litros de óleo coletados por uma empresa especializada foram trocados por detergente e água sanitária. De acordo com o gestor ambiental, Paulo Henrique Lopes, o projeto contou com o envolvimento de todos os profissionais que atuaram na feira. O responsável pelo Departamento de Marketing da Girolando, João Marcos Carvalho, criou, juntamente com os gestores, a placa alusiva às boas-vindas do evento, feita com caixinhas de leite descartáveis em parceria com a empresa Ecopak, de Uberaba. “É, sem dúvida, um grande exemplo para todo o Brasil, em que a Girolando demonstra sua capacidade de produção recorde de leite sem esquecer dos preceitos de sustentabilidade; afinal, trabalha-se este alimento tão essencial e saudável para o mundo, sem que esqueçamos do nosso próprio planeta. São projetos como estes que aglutinam forças para que a produção leiteira brasileira demonstre sua produção ‘sustensaudável’”, afirmou Lopes.
Edivaldo Ferreira Júnior Técnico Agrícola - PMGG
Megaleite adota medidas para garantir qualidade do leite
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população mundial está se importando cada vez mais com a qualidade e segurança dos alimentos, principalmente com a presença de perigos químicos e microbiológicos. Resíduos químicos, como antibióticos, são frequentemente detectados no leite, tanto no Brasil quanto no resto do mundo, sendo a utilização de medicamentos no controle da mastite a principal fonte de resíduos de antibióticos no leite. Diante do atual cenário, a GIROLANDO adotou medidas para assegurar a qualidade do leite produzido durante a MEGALEITE 2011. Foram dimensionados vários pontos de coleta e captação de leite dentro do parque de exposições, permitindo-se ordenha dos animais dentro dos pavilhões. A sala de ordenha foi projetada para ordenhar um menor número de animais simultaneamente, com o objetivo de facilitar a detecção e separação do leite com resíduos de antibióticos. A comissão organizadora do evento, juntamente com a
empresa responsável pela captação do leite, definiu o seguinte processo para controle da qualidade do leite: duas coletas diárias por tanque, sendo realizados testes para detecção de antibióticos em cada tanque antes da coleta. Isso possibilitou a separação do leite com resíduos de antibióticos e do leite “bom”. O leite “bom” foi direcionado para indústria e o leite com resíduos de antibióticos passou por um processo de tratamento de efluentes que permite, posteriormente, sua eliminação sem prejuízo algum para o meio ambiente. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), através da Instrução Normativa 51, que trata dos requisitos técnicos para o leite, salienta que o leite deve estar livre de resíduos de antibióticos e outros agentes inibidores do crescimento microbiano, sendo fundamental a conscientização dos produtores em respeitar os períodos de carência dos medicamentos, efetuando o descarte da produção e, assim, prevenindo a eliminação dos resíduos desses medicamentos no leite.
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Estrangeiros querem importar genética de Girolando
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qualidade dos animais brasileiros da raça Girolando impressionou criadores mexicanos que estão em Uberaba (MG) participando da MEGALEITE 2011, a principal feira do setor leiteiro do Brasil. Para o pecuarista Roberto Sancristobal Castro, que cria Girolando em Chiapas, Sul do México, o rebanho brasileiro apresenta qualidade genética superior a de outros países. “No México, as vacas produzem em média 12 quilos de leite por dia, em sistema a pasto. Queremos chegar ao patamar do Brasil, que tem vacas mais produtivas e de grande padrão racial”, afirmou Castro. No Brasil, a média diária de produção chega a 20 litros a pasto. O criador Alejandro Sanchez Sanchez cria raças de corte, como Brahman, mas está interessado em diversificar os negócios, investindo na pecuária leiteira. “Como o Sul do México é uma região de temperaturas mais altas, o Girolando é ideal para produção de leite por ser uma raça mais rústica, resistente a parasitas e de alta produção em sistema a pasto”, explicou. Como o custo dos grãos no México é muito elevado, os rebanhos são alimentados à base de capim. Apesar do interesse dos estrangeiros na genética bovina brasileira, o atual protocolo sanitário entre Brasil e México não permite o comércio de animais vivos e material genético. “Caso a importação fosse liberada, poderíamos melhorar a qualidade genética de nossos rebanhos”, assegurou Castro. A comitiva mexicana acompanhou os julgamentos da MEGALEITE e visitou empresas do setor e fazendas. A programação incluiu visitas às fazendas Boa Fé, São Geraldo, Terras de Kubera, Uniube e Estância Poty VR e às centrais de inseminação Alta Genetics e ABS Pecplan. Além da comitiva do México, passaram pela MEGALEITE 2011 grupos da Colômbia, Venezuela, Holanda e Índia. Vindo da terra natal do zebu, Satyajit Khachar, o marajá de Jasdan, esteve na feira conferindo a qualidade genética do rebanho brasileiro. A família de Satyajit cria Gir desde 1660 e a presença do marajá foi uma oportunidade para técnicos e criadores se atualizarem sobre a situação atual dos rebanhos na Índia e de como a raça é preservada na origem. “Sei que só este país tem condições de fornecer material genético em escala para o mundo”, ressaltou o marajá.
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Comitiva mexicana durante visita à Megaleite 2011
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Educação premiada
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rês mil alunos de escolas do Ensino Fundamental de Uberaba e 149 professores conheceram, durante a MEGALEITE, como funciona a cadeia produtiva do leite. A iniciativa faz parte do projeto Giroleite, organizado pela Girolando e Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). Para mostrar às novas gerações de onde vem o leite, 40 universitários da área de Ciências Agrárias guiaram os estudantes por 15 cenários didáticos, que incluiu pavilhões de animais, Museu do Zebu e outros estandes instalados na feira. Os participantes também assistiram a uma peça teatral sobre a importância do consumo de lácteos para a saúde humana. No final do passeio pelo universo pecuário, os alunos do Ensino Fundamental saborearam um lanche à base de lácteos. A etapa seguinte foi participar do Concurso Giroleite. Três alunos venceram a competição e receberam uma bicicleta como prêmio. As professoras também foram homenageadas. Na categoria Desenho (4 a 6 anos), a vencedora foi Rúbia Aparecida C. Silva, de 6 anos, da Entidade Criança Feliz. Na categoria Redação (7 a 10
anos), venceu Beatriz Eduarda Yokota, de 10 anos, da Escola Estadual Prof. Alceu Novaes. Na categoria Redação (acima de 11 anos), ganhou Thaisa Lagares Cordeiro, de 12 anos, da Escola Estadual Felício de Paiva. O projeto Giroleite contou com a parceria da Universidade de Uberaba (Uniube) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (IFTM). Os monitores do projeto são universitários das duas instituições de ensino superior.
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Flashes
Equipe ABS Pecplan
Equipe Elanco
Equipe Embriosêmen
Equipe Semex
Espaço GEA
Espaço Nutron
Espaço Pfizer
Espaço RealH
Jônadan Ma com a Equipe MSD Saúde Animal
Luiz Sávio de Souza Cruz (Pardo-Suíço) Milton Tatiane Tetzner e Welington Shiroma (CRV Lagoa) Fernando Brasileiro e José Henrique Aleixo (Simental) Magalhães, Silvio Queiroz (ABCGIL) e Donato
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Flashes
Adriano Paiva, Alvimar Jr e Herbert Siqueira
Alessandra Arnaud - Fazendas Reunidas Arnaud Amanda e Roberto Oliveira (Girolando RPM)
Betinho e Roberto Carvalho - Girolando RBC
Dimas J. J. de Castro (Girolando da Origem) e Equipe ARAP Newton Ramos (Girolando Mauá)
Evandro e Mônica Guimarães
Família Girolando Monjolinho
Fátima Helena, Maria Helena e Germano Novais
Maria Natividade, Luiz Carlos Bandoli, João Domingos e Maria Helena
Felipe Picciani e Marcelo Gonçalves
João Magalhães (Girolando Mauá) e Geraldo Marques (Estância Bom Retiro)
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Flashes
João Victor Coelho e Míriam Borges
Jônadan Ma, Elizabeth Mendes e Dr. Cezar José Donato e Silvio Queiroz Mendes
Júlio César, Juliano e Luciene (Fazenda JJC)
Luciano Leão, Celso Menezes e Maria Cristina Magnólia Silva (Fazenda Valinhos) e Daniela A. G. Leão Martins (Java Pecuária)
Mila Carvalho Laurindo e Campos e Wagner Milton Magalhães, Adolfo Nunes e Eugênio Minoro Júnior, Valdo Henrique e Valdo FavoCampos - Fazenda Recreio Deliberato reto
Renato Miranda e José Roberto Gomes
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Ricardo Andrade e Tomaz Sérgio - Girolando Mu- Thiago e Jerônimo Ferreira (Morada Corinthiaquém na)
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Momento Histórico para a Raça Girolando
Leandro de Carvalho Paiva Superintendente Técnico
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central de inseminação artificial Alta Genetics enviou no ano de 2008 alguns embriões de Girolando para o Canadá, com o intuito de produzir animais nascidos no país para serem futuros produtores de sêmen e doadoras de embriões, disponibilizando também esse material genético a outros países que, da mesma forma, possuem interesse pelo gado Girolando e não possuem protocolo sanitário com o Brasil. Sempre houve um grande interesse de que esses animais fossem devidamente registrados pela Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, o que pôde ser realizado após autorização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e do Governo Canadense, no início de 2011. Além de embriões da raça Girolando foram enviados também embriões de raças zebuínas, como Gir Leiteiro, Guzerá e Nelore. Destes embriões de Girolando nasceram seis animais, sendo cinco machos e uma fêmea, sendo que um dos machos veio a falecer após alguns meses de vida. Os registros genealógicos de nascimento e definitivo dos animais Girolando foram efetuados nos municípios de Conrich e Balzac, na província de Alberta, oeste do Canadá, no dia 18 de julho de 2011. Todos os animais são 5/8 Holandês + 3/8 Gir, provenientes do mesmo acasalamento, filhos do touro Caxi OG (5/8 Hol + 3/8 Gir), de propriedade de Vilmar Pereira Pires e oriundo do criatório de Olavo Gonçalves, com a matriz Grenda Gim das Três Passagens (5/8 Hol + 3/8 Gir), oriunda do criatório de Carlos Eduardo Ferreira. Os animais já se encontram em fase de reprodução em uma das centrais de inseminação artificial da Alta Genetics no Canadá. De acordo com os técnicos canadenses, existe um grande interesse pelo gado Girolando devido à sua excelente rusticidade e grande capacidade de produção de leite em diferentes sistemas de manejo, o que poderá proporcionar aos produtores canadenses a realização de cruzamentos com o Girolando, objetivando um animal produtivo com mais longevidade. A produção de sêmen e embriões no Canadá também proporcionará a produtores de outros países um maior acesso à genética brasileira, conhecida mundialmente como uma das mais adaptadas e de melhor resposta às condições do mundo tropical. A viagem ao Canadá foi realizada entre os dias 16 a 21 de julho de 2011. Fui acompanhado durante a viagem pelo Gerente Administrativo da Central Alta Genetics do Brasil, Luis Alfredo Garcia Deragon, Médico Veterinário que também é responsável pela coleta de sêmen dos touros na central. Foi uma honra efetuar os registros dos animais e participar diretamente desse momento histórico para a raça, pois esta foi a primeira vez que animais Girolando foram registrados fora do Brasil. Além de executar os registros dos animais, aproveitamos também a viagem para conhecer as instalações da Alta Genetics
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no país, bem como alguns reprodutores Holandeses utilizados pelos criadores brasileiros, como Wildman, Minister, Baxter, Jayz, Armstead e entre outros. Conhecemos também o trabalho desenvolvido em fazendas de leite da região, que trabalham com gado Holandês e alguns cruzamentos entre raças europeias. Podemos observar que os produtores de leite canadenses são extremamente eficientes em produzir leite, demonstrando muita preocupação com a qualidade genética e com a qualidade dos alimentos oferecidos aos animais. Outro ponto muito positivo é que cerca de 80% dos rebanhos leiteiros canadenses utilizam a inseminação artificial, um exemplo para outros países que ainda exploram muito pouco essa técnica de reprodução. Outra característica que nos chamou a atenção é em relação à longevidade dos animais, o que causa muita preocupação entre os produtores canadenses, pois atualmente a vida produtiva do rebanho é muito baixa, o que provoca uma alta taxa de reposição de matrizes. Sem dúvida alguma a raça Girolando cada vez mais vem conquistando seu espaço e mostrando sua força, isso só vem consolidar todo o trabalho realizado por criadores, associação e empresas parceiras. Parabenizamos a Alta Genetics e Girolando pela iniciativa. A seguir, fotos realizadas durante a viagem:
Alta Caxi 074, primeira fêmea Girolando registrada fora do Brasil.
Alta Caxi Four
Alta Caxi One
Leandro Paiva realizando o primeiro registro genealógico da raça Girolando no Canadá.
Alta Caxi Three
Luis Alfredo Deragon e Leandro Paiva sendo recebidos pela equipe da Alta Genetics no Canadá. Luis Alfredo Deragon e Leandro Paiva após a reali- zação dos registros genealó- gicos no Canadá.
Alta Caxi Two Lote de novilhas holandesas em fazenda no Canadá.
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Mercado do Leite: Alta até quando?
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preço do leite subiu em média 0,8% no pagamento de julho, que remunera a produção de junho. Foi a menor alta no ano, mas o mercado retomou a firmeza. De acordo com levantamento da Scot Consultoria, a média nacional ponderada ficou em R$0,82 por litro. Veja a figura 1. Figura 1 - Preço do leite ao produtor, média nacional, em R$/litro.
Fonte: Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br
No Sul, a produção havia dado sinais de recuperação em junho, mas o frio e a geada que atingiram a região prejudicaram a produção. A concorrência entre os laticínios é grande também em Minas Gerais, São Paulo e Goiás. A alimentação mais cara em 2011 contribui para menores investimentos por parte do pecuarista. Em Minas Gerais, o preço do leite subiu 1,0% no pagamento
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Rafael Ribeiro de Lima Filho Zootecnista Scot Consultoria
de julho, referente à produção de junho. O produtor mineiro recebeu, em média, R$0,861 por litro. Nas regiões de Belo Horizonte e Governador Valadares os valores máximos chegaram a R$1,01 por litro. Em 52% das empresas pesquisadas no estado o volume captado em junho e julho (parcial) diminuiu. Em São Paulo, a alta foi de 2,0% frente ao pagamento anterior. O preço médio do estado, de R$0,892/litro, é o mais alto no país e aproximadamente 9,0% acima da média nacional. A oferta é pequena no mercado spot, ou seja, o leite comercializado entre as indústrias. O preço, considerando a média ponderada de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, ficou em R$1,00 por litro, com negócios em até R$1,20/litro em Minas Gerais. CUSTOS E EXPECTATIVAS Segundo o Índice Scot para o Custo de Produção da Pecuária de Leite, o custo médio da atividade no primeiro semestre de 2011 subiu 39,5% em relação a 2010. A alta para o produtor foi de aproximadamente 10% neste período. A expectativa para este ano é de que o pico de preço para o produtor ocorra no pagamento de agosto, ao redor de R$0,83-R$0,84 por litro (média nacional). Em 2010, o pico de preço ocorreu em maio, com o produtor recebendo, em média, R$0,75 por litro de leite. Para o pagamento a ser realizado em meados de agosto, 68% das empresas pesquisadas acreditam em estabilidade de preço e 22% disseram que o leite vai subir.
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Wagner Arbex 1 Elizângela Guedes 2 Leonardo Gerheim de Andrade 3 Isabella Silvestre Barreto Pinto 4 Isabela Fonseca 5 Marta Fonseca Martins 1 Marcos Vinícius Gualberto Barbosa da Silva 1
“Faz DNA?”: bioinformática, computação e genômica... tudo junto
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ste texto tomou por base o artigo “Bioinformática como ferramenta nas pesquisas atuais” e sua palestra homônima, apresentados no III Encontro de Genética e Melhoramento da Universidade Federal de Viçosa, que comemorava 30 anos do Programa de Pós-graduação em Genética e Melhoramento, dessa mesma universidade.
O que é bioinformática? Apesar de a bioinformática ser uma área de pesquisa estabelecida há cerca de 30 anos, poucas são as pessoas que, até hoje, se arriscam a propor uma definição para ela e, com certeza, para qualquer proposta que se faça sempre haverá um questionamento, um complemento ou uma alteração sugerida por algum outro interlocutor. Entretanto, nada mais normal do que tal reação, pois, apesar de, praticamente, já ter atingido a “maturidade” científica, a bioinformática apresenta muitos e variados aspectos que, dependendo da forma como se percebe, podem ser tomados diferentes atributos para sua definição. Além disso, ainda existem outras áreas de estudo próximas, tal como, a “biologia computacional”, tornando ainda mais complexa a definição de bioinformática. Em específico, diferen1 - Pesquisador(a) da Embrapa Gado de Leite 2 - Bolsista da Embrapa Gado de Leite (Pós-doutorado - Capes) 3 - Bolsista da Embrapa Gado de Leite (ICT - Fapemig) 4 - Bolsista da Embrapa Gado de Leite (BAT II - Fapemig) 5 - Doutoranda em Genética e Melhoramento na Universidade Federal de Viçosa
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temente do que se pensava há poucos anos, biologia computacional não é um simples sinônimo para bioinformática, apesar da estreita relação entre elas. Uma das referências que marca a origem e o trabalho em bioinformática é a sua atividade no Projeto Genoma Humano - que foi finalizado no início deste século - juntamente com a com a sua aplicação em diversos projetos genoma de diferentes espécies, quando foram utilizados sistemas de computação de grande aporte computacional no tratamento do volume de dados gerado por tais projetos. Tais atividades necessitavam de profissionais especializados na área e, nesse contexto, foi possível perceber o surgimento da figura de um novo profissional. Ou melhor, de um novo perfil de profissional que deveria entender o problema biológico, tratá-lo de
forma a criar um modelo de representação do mesmo, implementar o modelo e, por fim, analisar o resultado concebido. Era necessário um profissional que possuísse conhecimento suficiente de biologia molecular, para, no mínimo, entender o problema; matemática e probabilidade, de forma que fosse capaz de estabelecer um modelo de representação do problema; computação, possibilitando a implementação da solução correta e apropriada, sendo esta inicialmente conhecida ou não; e estatística, para que as soluções fossem comprovadamente confiáveis. Logo, a figura desse profissional ficou conhecida como “biólogo computacional” ou “bioinformata” e, com esse profissional, surge uma nova área de conhecimento que recebeu algumas denominações, tais como “biologia computacional” e “bioinformática”, sendo essas as mais comuns, e também outras não muito utilizadas, mas bastante interessantes, como “biologia molecular in silico”. É fato que todos os termos utilizados na denominação desta nova área não trouxeram junto uma definição precisa do conceito a ser apresentado. Além disso, chegavam a ser contraditórias, visto que em alguns momentos a bioinformática era definida como um subconjunto da biologia computacional, mas, em outros momentos, enunciava-se o inverso. Atualmente, e a cada dia e de forma mais intensa, é possível perceber que não há uma predominância da biologia sobre a informática ou vice-versa. A natureza do problema a ser tratado é que determina o enfoque inicial adotado na abordagem do problema. Isto é, a biologia computacional e a bioinformática possuem abordagens distintas e que podem ser complementares nas atividades de pesquisa e desenvolvimento. Como descrito na Wikipedia6, a bioinformática, da mesma forma que a biologia computacional, envolve o uso de técnicas aplicadas de matemática, ciência da computação e estatística para resolver problemas biológicos. Além disso, como área de conhecimento, a bioinformática é formada principalmente por duas grandes disciplinas das ciências biológicas e da computação: a biologia molecular e a inteligência artificial, além de agregar muitos elementos de outras disciplinas destas duas ciências. Na busca de uma definição para bioinformática, o professor João Carlos Setúbal, um dos pioneiros desta área no Brasil, em algumas de suas notas de aula faz uma conceituação hierárquica da área de atuação da bioinformática, em relação ao “mundo dos seres vivos”, que é uma hierarquia de camadas de complexidade crescente, começando pelas moléculas e sequências biológicas – DNA, RNA e proteínas – as quais são estudadas e analisadas individualmente. A partir do primeiro nível desta hierarquia, segue-se a interação entre moléculas, momento em que se torna importante entender a função de cada uma destas; a célula, em que se busca entender como funcionam os processos celulares; e ainda os tecidos e órgãos, os indivíduos, as populações e a biosfera. Notadamente, a bioinformática atua maciça e predominantemente nas “primeiras camadas”, ou seja, entre as moléculas e as sequências, e a interação entre as moléculas e os processos celulares; contudo, as camadas
superiores desta hierarquia tornam o conhecimento exigido para a sua abordagem muito amplo e, portanto, não devem ser tratadas pela bioinformática, como relatada até o momento, mas, por áreas específicas de outras ciências, tais como: biologia, química, física, bioquímica e ecologia, sempre acompanhadas da modelagem matemática, estatística e computacional. Assim, por uma visão objetiva e pragmática, a bioinformática consiste no desenvolvimento e no uso de técnicas de informática, de modelagem matemática e computacional e de modelagem probabilística e estatística para resolver problemas de biologia molecular, estabelecendo uma convergência tecnológica a partir do uso do conhecimento proveniente das áreas que a fundamentam. Voltando ao bioinformata, seria inocência idealizar que, para atender a tantas exigências, com o nível de conhecimento e complexidade esperados, esse profissional devesse ter obrigatoriamente uma formação tão ampla e profunda quanto se queira imaginar em relação a todo conhecimento envolvido. Ocorre, porém, como já foi enunciado de várias formas, que a bioinformática é multidisciplinar, o que normalmente provoca a especialização do profissional em determinada sub-região ou, eventualmente, em um grupo de disciplinas correlacionadas. O perfil e as necessidades do bioinformata promovem, naturalmente, o trabalho não em equipes e entre equipes, devido à amplitude do campo de conhecimento, formando as redes de pesquisa. As ferramentas de bioinformática e a bioinformática como ferramenta Como é próprio das ciências aplicadas, a bioinformática pode ser utilizada sob dois diferentes aspectos. Em uma primeira abordagem, a “ferramenta de bioinformática” pode ser complementar ou basilar e fornecer infraestrutura para o desenvolvimento de outros trabalhos de pesquisa. Já a “bioinformática como ferramenta” nas pesquisas é responsável pela interpretação do conhecimento gerado, que será utilizado por outras áreas de pesquisa. Provavelmente, o exemplo mais notório de utilização das ferramentas de bioinformática é o seu uso no armazenamento de dados, que permite o tratamento a priori de diversos tipos de dados da era genômica. Ou seja, após o trabalho nos laboratórios e nas bancadas para obtenção dos mesmos, ficou a cargo da bioinformática a identificação, a organização, o armazenamento, a recuperação, a classificação, a apresentação, dentre outros das informações geradas. O segundo aspecto de utilização da bioinformática é a ge-
6 - http://en.wikipedia.org/wiki/Bioinformatics/ (Jun/2011).
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ração de conhecimento para outras áreas: a bioinformática como ferramenta nas pesquisas atuais. Não se discute estreita ligação da bioinformática com os projetos genomas, entretanto a estes não se restringe. No decorrer da última década os trabalhos de bioinformática têm sido cada vez mais diversificados e próximos da área em que estão sendo aplicados os resultados dos trabalhos. Inicialmente, pode-se pensar que esta discussão trata somente de definir pesquisa aplicada, ou melhor, na aplicação direta dos resultados nas áreas de estudo, mas o diferencial está na capilaridade dos trabalhos e nos números do mercado de bioinformática. Há cinco anos, a Research & Consultancy Outsourcing Services publicou em seu relatório Bioinformatics Market Update 2006, que com a aplicação da bioinformática nos processos de seleção, identificação e validação de drogas, o mercado, em todo o mundo, tinha a expectativa de crescer cerca de três vezes em oito anos, partindo de US$ 6,3 bilhões, em 2002, e chegando a US$ 19,5 bilhões já no final de 2010. Além disso, esse mesmo relatório previa que o mercado de bioinformática cresceria, em sua totalidade, a partir de 2006 e até 2010, a uma taxa de 16% a cada ano. Os números desse mercado só não são mais expressivos quando comparados à inserção e ao impacto das aplicações dos trabalhos no meio acadêmico e, até mesmo, no cotidiano e no dia a dia popular. Há pouco tempo, ninguém seria capaz de imaginar que um apresentador, em um programa de auditório em televisão, desafiaria um participante diante de meios e ferramental científico. Hoje, contudo, é comum ver apresentadores de sucesso, “organizando” um circo em que, juntamente com a plateia aos brados, desafia um possível progenitor, que parece estar entregue aos leões - ou seria aos ratinhos: “faz DNA?”. Sem dúvida, isto é pesquisa científica aplicada como poucas vezes se vê. A bioinformática como ferramenta de melhoramento genético para a pecuária Os trabalhos e resultados oriundos de estudos em genética e, mais recentemente, em genômica e bioinformática, estão sendo amplamente utilizados no melhoramento genético animal para a pecuária, delineando novos caminhos para o aprimoramento genético dos animais a cada geração. Alguns desses trabalhos e resultados
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podem ser vistos na série de artigos publicados pela equipe da Embrapa Gado de Leite, na revista O Girolando e que se iniciou na edição 69, em setembro de 2009. Como exemplo, o texto “Seleção genômica nos programas de melhoramento genético de raças bovinas leiteiras” (O Girolando, dezembro/2009), trata da evolução dos métodos científicos de avaliação genética, iniciada na década de 50, que se baseavam exclusivamente em medidas fenotípicas e dados de pedigree, até os dias atuais, com a implementação da seleção genômica como complemento às avaliações genéticas tradicionais. Nesse aspecto, a Embrapa Gado de Leite já se encontra trabalhando no desenvolvimento de estratégias para implementação da seleção genômica nas raças Gir e Girolando, marcando o início de um novo período para a pecuária nacional, visto que pouquíssimos são os países que já fazem seleção genômica em bovinos de leite e, até onde se sabe, o Brasil será o primeiro país a implantar a seleção genômica em raças leiteiras que não são de origem europeia. Outro exemplo, o texto “A utilização da informática na agropecuária e o impacto da bioinformática no melhoramento genético animal” (O Girolando, março/2010) faz um panorama da evolução do uso da informática na agropecuária durante a última metade da década passada, relata o início dos trabalhos de bioinformática no mundo, ainda na década de 80, e a recente utilização de suas ferramentas na pecuária. O uso da bioinformática na pecuária, para o melhoramento genético dos animais, vem se destacando, entre outras, a identificação de informação genômica associada a características de interesse, por exemplo, características de interesse econômico, tal como aptidão positiva para produção de leite. A aplicação direta desse exemplo, é que, uma vez identificadas as características de interesse, essas informações podem ser usadas em conjunto com outras ferramentas de bioinformática, o que torna possível, por exemplo, a implantação de programas de seleção genômica, como abordado acima. Nesse ponto é possível perceber que, para o melhoramento genético dos animais e o consequente desenvolvimento da pecuária, a pesquisa e a tecnologia que devem ser aplicadas estão baseadas na ideia do “tudo junto”, onde as técnicas e as ferramentas da bioinformática, da computação e da genômica se complementam em prol do resultado desejado.
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Dr. Hernando Lopez
Gerente de Contas Empresariais da ABS América Latina - ABS Global
Estratégias para aumentar a detecção de cios
O
sucesso reprodutivo é um dos fatores críticos que determina o fluxo de leite e de reposição de novilhas em qualquer leiteria. Obviamente, para que um programa reprodutivo tenha sucesso, a maioria dos fatores de manejo do rebanho precisa interagir de maneira correta, desde a condição nutricional e sanitária, até a técnica de inseminação artificial e a detecção de cio. Infelizmente, entre estes fatores está a baixa taxa de detecção de cio, que representa um dos principais problemas que afetam a eficiência reprodutiva de rebanhos brasileiros. A taxa de detecção de cios também é conhecida como a taxa de submissão à inseminação e, na verdade, representa a porcentagem de vacas aptas a serem inseminadas (que passaram pelo período de espera voluntário e que se deseja inseminar) e que foram, de fato, inseminadas durante um período de 21 dias, independente de este procedimento ter ocorrido após observação de cio ou em um programa de inseminação artificial em tempo fixo (IATF). Isso quer dizer que a combinação eficiente de uma ótima detecção visual de cio combinada ao uso estratégico da IATF representa uma oportunidade essencial para aumentar a taxa de detecção de cios e as chances de prenhez do rebanho. Em geral, os pontos a serem melhorados para o aumento da detecção de cios estão associados à técnica utilizada no pro-
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cedimento, ao estado de saúde do rebanho, ao ambiente no qual as vacas expressam cio e ao sistema geral de manejo reprodutivo. Pontos importantes a serem considerados no manejo e nas instalações da propriedade: - Estabeleça um procedimento padrão de operação: É necessário estabelecer claramente e comunicar o pessoal encarregado sobre quais procedimentos devem ser seguidos na detecção de cios. Esta comunicação (de forma escrita e visível) deve incluir, no mínimo, quem são os responsáveis pela detecção dos cios, onde deve ser realizada, por quanto tempo e com que frequência, que características para a detecção de cios estão sendo consideradas, como aplicá-las e interpretá-las, e ainda o que fazer quando a vaca é detectada em cio. - Utilize registros: É importante manter as informações do rebanho atualizadas e, mais do que isso, é necessário poder confiar nessas informações, para que a tomada de decisões sobre a inseminação seja correta. A informação mínima a que se deve ter acesso durante a detecção de cios deve incluir o número de dias pós-parto da vaca e o cio ou inseminação anteriores. É importante relatar todo o período de cio independente de a vaca ter sido inseminada ou não. Essa informação é valiosa na tomada de decisões de futuras insemi-
nações. Além disso, o uso de registros confiáveis ajuda a gerar uma lista de vacas “potenciais” (aquelas que estiveram em cio 18-24 dias atrás) que podem ser avaliadas em mais detalhes. - Otimize o tempo de observação: Observe as vacas em momentos e locais onde haja maior probabilidade de expressão de cio. É sabido que a maioria da atividade de cio ocorre no início da noite e de manhã cedo. Esse conceito não se aplica para algumas leiterias. Sem dúvida, em leiterias com sistemas de manejo mais intensivos (múltiplas ordenhas, múltiplos períodos de alimentação, movimento e manipulação de animais pelos currais) tem-se observado que a expressão de cio ocorre praticamente em qualquer momento. O problema é que a vaca “moderna de alta produção” tende a expressar cios mais curtos e menos intensos, tornando a detecção de cios mais complicada (Gráfico 1).
Gráfico 1 - Relação entre produção de leite e a duração do cio
Por essas razões, a recomendação é a observação das vacas tantas vezes quanto seja possível em intervalos de 6-8 horas (três ou quatro vezes por dia é o ideal) ou usar instrumentos eficientes para a detecção de cios. Em geral, durante os períodos de alimentação e ordenha a expressão de cio é limitada, assim como durante períodos de temperatura e umidade altas. Por outro lado, há registros de que durante o movimento dos animais (de ida ou de volta da ordenha ou durante as trocas de currais) a expressão de cio aumenta. - Ofereça um piso com superfície adequada: Um piso com superfície confortável e com boa aderência permite que as vacas se sintam mais seguras para procurar as companheiras que estejam em cio, montá-las e permitir que as outras as montem. Os currais com piso de terra ou pastagem, quando bem manejados (secos, com superfícies macias, sem áreas de compactação e livres de pedras) oferecem excelente ambiente para a expressão de cios. Os currais com piso de concreto apresentam ambiente mais adverso para a atividade de monta. O cimento liso, úmido e com baixa aderência faz a vaca se sentir insegura e diminuirá sua atividade de monta. Os pisos de concreto seco e com ranhuras fornecem uma superfície segura para a expressão de cio. - Evite a superpopulação: As vacas precisam de espaço suficiente para interagir entre si e expressarem cio. Em instalações
com superpopulação, além de se criar um ambiente com espaço físico limitado para a atividade de monta, cria-se também um alto grau de estresse devido a constante competição por comida, água e espaço para as vacas se deitarem. Sob estas condições, a atividade de cio é afetada de maneira drástica. - Minimize os problemas de cascos: Vacas com os cascos em más condições não montam e não permitem serem montadas por outras vacas. O tratamento imediato dos animais com problemas nos cascos, bem como o estabelecimento de uma rotina para identificação e monitoramento da incidência de laminite no rebanho (avaliação do aparelho locomotor) são estratégias básicas para aumentar a saúde das vacas e a atividade de monta. Também é crítico minimizar o tempo em que as vacas estão em pé em superfícies de concreto (o que é associado ao tempo de ordenha, número de ordenhas e grau de conforto das camas), bem como os demais fatores de riscos de laminites. - Utilize ferramentas extras para a detecção de cios: O uso de artifícios extras para a detecção de vacas em cio tem sido amplamente difundido na indústria. A maior parte dessas ferramentas se baseia na identificação de alguma mudança de comportamento da vaca em cio, como, por exemplo, a atividade de monta e o aumento da circulação das vacas pelo galpão. Uma das ferramentas utilizadas com mais sucesso para a detecção de cios é a aplicação de uma marca de giz apropriado na base da cauda da vaca, que quando recebe a monta apaga a marca feita com o giz. Existem algumas condições mínimas para que essa técnica funcione. A mais importante delas é que se aplique o giz em todos os animais com possibilidade de entrar em cio todos os dias. Esse contato diário com todas as vacas é que cria a possibilidade de detecção dos cios. Se as observações não forem diárias (e isso se aplica a todos os sistemas de detecção de monta) não se saberá quando a vaca entrou em cio e não se poderá inseminar ou se irá inseminar sem critério, tornando as probabilidades de prenhez mínimas. Outras condições para que o uso da técnica com o giz tenha sucesso são as técnicas de aplicação (quantidade de giz, tamanho e espessura da marca) e interpretação, o que depende, por sua vez, das instalações (currais com piso de terra ou de concreto). - Utilize todas as informações disponíveis: Use todas as informações à disposição para tomar a melhor decisão possível. Algumas vacas são relativamente fáceis de se identificar em cio, enquanto outras são mais difíceis e requerem pesquisa mais profunda. Nesse caso, além dos sintomas primários e secundários de cio, utilize as informações disponíveis nos registros e aquelas obtidas com as ferramentas de detecção de cios. Se for necessário, apalpe as vacas para verificar a presença de tônus uterino e de muco na vagina. Lembre-se: um bom técnico detector de cios não é aquele que detecta e insemina mais vacas em cio, mas sim aquele que insemina mais vacas que realmente estavam em cio. Pontos importantes a serem considerados no sistema de manejo reprodutivo - Controle a variação de dias em lactação em relação à primeira inseminação: É comum encontrar leiterias em que as vacas (mais de 20%) recebem a primeira inseminação com mais de 100 dias em lactação. Estas vacas, elegíveis para serem inseminadas, por alguma razão não foram detectadas ou não expressaram cio. Para evitar isso, estabeleça uma meta de dias em lactação para
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a qual a grande maioria das vacas (ao menos 95%) receba a primeira inseminação. A incorporação de um protocolo de inseminação artificial em tempo fixo garante a taxa de submissão ou de inseminação do rebanho. - Faça o diagnóstico de gestação precoce e reconfirme-o: A identificação rápida de vacas que não ficaram prenhes após a inseminação e daquelas que perderam a gestação de forma precoce é uma estratégia crítica para aumentar a taxa de submissão. Essas vacas devem ser rapidamente incorporadas ao grupo de vacas elegíveis à inseminação através do uso de uma estratégia de recolocação das vacas no protocolo de sincronização. - Reinicie o protocolo ou ressincronize: Vacas com diagnóstico negativo de gestação devem ser colocadas imediatamente no grupo de vacas elegíveis para inseminação. Com os protocolos atuais, a grande maioria (ao menos 95%) das vacas diagnosticadas vazias deve ser inseminada novamente dentro de dez dias após o diagnóstico de gestação. Esta recolocação rápida das vacas vazias no grupo de inseminação aumenta a chance de prenhez das vacas na fazenda. Em geral, a combinação eficiente de práticas de manejo que promovam a expressão e a detecção de cios, aliada ao diagnóstico de gestação precoce, aumentam as possibilidades de inseminação em curto prazo. Esta é
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a melhor estratégia para aumentar as chances de as vacas elegíveis à IA na leiteria serem inseminadas e tornarem-se prenhes no menor intervalo de tempo possível. Para mais informações (fotos e vídeos) visite: http://www.absamericalatina.com/chalk/index_po.shtml
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Alimentação
José Leonardo Ribeiro Zootecnista da Guabi
Maurício Farias
para vacas leiteiras de alta produção
P
ara desempenhar suas funções vitais, produtivas e reprodutivas, animais precisam de nutrientes em quantidade e qualidade compatíveis com seu peso corporal, estado fisiológico, nível de produção e fatores ambientais aos quais estão expostos. Dentre os ruminantes, vaca de leite em lactação é a categoria de maior exigência nutricional. Na fase inicial de lactação ocorre balanço energético negativo, pois a energia obtida com a ingestão de nutrientes é inferior a requerida para manutenção, recuperação da condição corporal e atividade reprodutiva e, principalmente, para produção de leite. Vacas primíparas têm exigência energética ainda maior, pois necessitam de energia para o crescimento. A energia requerida para lactação é reflexo da contida no leite produzido. Por sua vez, a concentração de energia do leite é resultado da soma do calor gerado pela combustão da gordura, proteína e lactose contidas no mesmo. Portanto, quanto maior a produção de leite, maior a demanda energética e protéica. O aumento da produção deve ser acompanhado pelo aumento da oferta de energia fermentecível no rúmen, visando multiplicação de microrganismos e incremento de proteína degradável no rúmen. Na prática, vacas de alta produção exigem maiores cuidados com a alimentação, visto serem muito mais exigentes em quantidade e qualidade dos alimentos ingeridos. Para que uma vaca
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finalize a lactação com produção superior a 9.000 quilos de leite, com pico superior a 45 kg/dia, é essencial o monitoramento de todo alimento consumido (volumososo e concentrado). A participação ideal dos alimentos volumosos na composição da ração (quantidade de alimento inferida em 24 horas), varia de 45 a 50% da MS total. Nesta proporção, o custo e a qualidade do leite produzido são mais vantajosos ao produtor. Para maior participação dos alimentos volumosos, os mesmos terão que apresentar alto valor nutritivo. Os principais representantes desta categoria, destinados às vacas de alta produção, são as silagens de milho ou sorgo e feno de gramíneas. A maior preocupação com os alimentos volumosos é baseada na limitação de ingestão de MS, definida pelos mecanismos de distensão e quimiostático. Silagem de milho com teor de MS inferior a 30% é sinônimo de fermentação acética, cujo odor de vinagre irá limitar a ingestão pela ação do mecanismo quimiostático. Se o tamanho médio de partículas (TMP) desta silagem for superior a 2 cm, sua ingestão será limitada pelo mecanismo de distensão. Alimentos com maior TMP permanecem mais tempo no rúmen (menor taxa de passagem), resultando em menor ingestão e maior custo energético para manutenção de bactérias ruminais. Uma boa silagem de milho deve apresentar teor de MS próximo de 33%, FDN e FDA abaixo de 50 e 32%, respectivamente, e
Maurício Farias
NDT superior a 65%. A energia líquida para lactação gerada por esta silagem será próxima de 1,5 Mcal/ kg MS. Em silagens com baixo valor nutritivo (NDT de 58,5%), a energia líquida de lactação será de 1,3 Mcal/kg MS. Para animais que ingerem mais de 12 kg MS de silagem, esta diferença é significativa. Menor teor de NDT é indicativo de menor proporção de grãos e maior participação de fibra (FDN), a qual é inversamente proporcional a ingestão. Por sua vez, baixos teores de FDN e FDA são indicativos de maior ingestão e digestibidade do alimento. Para maior ingestão, o TMP da silagem de milho deve variar de 1 a 2 cm. Deve-se tomar cuidado com a repicagem antes do fornecimento, pois esta prática reduz sensivelmente o TMP, resultando em perda de efetividade da fibra. A efetividade de fibra é calculada multiplicando o teor de FDN pelo percentual de MS retida em peneira de 1,2 mm. É fundamental a avaliação desta variável quando o assunto é ambiente ruminal saudável. Por exemplo, feno de gramínea e casca de soja apresentam teores de FDN próximos de 65%. No entanto, 0,98% do feno permanece retido na peneira, contra apenas 0,03% da casca de soja. Conclui-se que apesar do mesmo teor de FDN, a efetividade do feno (63%) é muito superior a da casca de soja (2%). Para manter o pH ruminal acima de 6,2 e, com isso, maximizar a digestão de fibra e/ou síntese de proteína microbiana, é necessário que o teor de fibra efetiva seja superior a 20% MS. Em dietas desafio, para obtenção deste valor, em muitos casos a presença do feno de gramíneas se faz necessária, pois apresenta alta efetividade, seguido pelo feno de leguminosa e silagem de milho. Para maior aproveitamento do feno, este deve ser picado com TMP de 4 cm. Não é recomendado maior TMP, pois resultaria em dificuldade de ingestão e/ou bocado nutricionalmente desuniforme. Se for muito picado, reduzirá sensivelmente a atividade total de mastigação. Ao reduzir o TMP do feno de alfafa de 2,5 para 0,5 cm, a atividade de mastigação passa de 52 min/kg MS para 30 min, redução de 31% na mastigação. A quantidade de feno fornecido para vacas de alta produção irá variar de 2,0 e 3,0 kg/dia. Com exceção do caroço de algodão, os demais concentrados apresentam baixa efetividade, mas são fundamentais para o fornecimento de energia, proteína, fósforo, dentre outros nutrientes. O principal representante dos concentrados protéicos é o farelo de soja, alimento com alto teor de PB, alta aceitabilidade, digestibilidade e degradabilidade ruminal. Para vacas de alta produção, nos primeiros 100 dias de lactação o requerimento de proteína não degradável no rúmen (PNDR) é maior (40 a 45% da PB ingerida). Por isso, para reduzir a degradabilidade ruminal deste farelo, o uso de tratamento térmico, como a peletização, aumenta a quantidade de PNDR, conhecida como “by pass”. Outra forma de incrementar a quantidade de aminoácidos absorvidos no Intestino Delgado (ID) seria o uso simultâneo de mais fontes protéicas, tais como protenose e farelo de algodão. Os grãos de cereais se destacam por fornecer grande quantidade de energia aos ruminantes, devido ao elevado teor de amido (72% no caso do milho). Para maior aproveitamento desta energia, o tratamento com umidade e temperatura expande o amido e rompe as membranas protéicas. Ração peletizada traz benefícios, pois o amido apresentará maior capacidade de absorver água, o que potencializa a ação enzimática e otimiza o processo de digestão. Apesar da digestão do amido ser 25% mais eficiente no ID, se comparada à digestão no rúmen, a mesma não deve ser priorizada neste local, pois o pâncreas não é capaz de produzir enzima em quantidade e tempo necessários. Em adição, o fígado não é capaz de metabolizar toda glicose digerida pelas amilases e absorvida no ID. Vacas de alta pro-
“Na prática, vacas de alta produção exigem maiores cuidados com a alimentação, visto serem muito mais exigentes em quantidade e qualidade dos alimentos ingeridos.” 71
Para maior efeito da Mon em selecionar bactérias gram negativas, reduzir a produção de metano e a proteólise, cada quilograma de concentrado deverá conter 25 mg de Mon (400 mg de Mon/vaca/ dia). O Bic tem grande capacidade tamponante e solubilidade no rúmen. Quando fornecido a estes animais (150 a 200 g/dia), será rapidamente diluído no líquido ruminal. Ao fornecer 0,75% da dieta total em Bic (26 kg MS x 0,75% = 195 g), o pH ruminal se mantém numa faixa que permite sobrevivência de bactérias celulolíticas, além de estimular o consumo de MS por elevar a taxa de passagem. A fermentação ruminal destas vacas será beneficiada quando estas ingerirem Saccharomyces cereviseae. Cepas específicas destas Lev são ativas no rúmen e, por isso, promovem anaerobiose. Como resultado haverá aumento da digestão de fibra, maior regulação do pH ruminal, o que previne a laminite. O aparelho locomotor precisa estar sadio, pois vacas de alta produção passam grande parte do tempo em pé. Por isso, a ingestão de Bio contribuirá para o fortalecimento da queratina dos cascos, reduzindo os riscos de ranhuras na parede e hemorragia da sola. Para que este benefício seja observado, o fornecimento da Bio deverá ser diário, em quantidades que variam de 15 a 20 mg/vaca/ dia. Nesta quantidade, trabalhos mostram incremento da produção de leite. A Bio atua no metabolismo de propionato, na gliconeogênese e na síntese de ácidos graxos. É preciso conhecer as particularidades de cada alimento. O sucesso na alimentação dependerá da correta homogeneidade da mistura (volumoso + concentrado), bem como da frequência de arraçoamento e qualidade e quantidade de água fornecida (3,5 a 5,5 kg/kg MS ingerida). Em rebanhos comerciais, por questão de manejo, estes animais deverão receber pelo menos três tratos diários. Com relação a animais que participam de torneios leiteiros, o número de tratos diários deverá saltar para cinco ou seis. Quanto maior a frequência de trato, maior será o interesse do animal pelo alimento e melhor será sua qualidade. Isto se traduzirá em maior ingestão, componente fundamental que explica o desempenho animal. Jadir Bison
dução ingerem grande quantidade de concentrado energético e têm boa capacidade de digerir amido no ID. Dados de literatura apontam valores próximos a cinco quilos de amido, embora a partir de três quilos a eficiência da digestão seja diminuída. Por isso, é essencial que nem toda energia seja proveniente de carboidratos não estruturais, mas também de ácidos graxos presentes em sementes de oleagenosas. O caroço de algodão é interessante para, juntamente com alimentos peletizados, compor parte da ração. Com teores de PB, fibra e extrato etéreo acima de 20% na MS, este alimento deve ser preconizado na fase inicial de lactação. A limitação do uso se deve ao elevado teor de óleo. Para evitar decréscimo da digestão da fibra e/ou intoxicação das bactérias ruminais, o teor de extrato etéreo ingerido não deve exceder 6 a 7% da MS total. Em média, se fornece de dois a 3 kg/vaca/dia, de caroço. Para atender os requerimentos de macro e microelementos minerais é fundamental a adição de aproximadamente 3% de núcleo mineral vitâminico, por meio de ingestão forçada (produto com 6,0% P), quando a ração é confeccionada na propriedade. No caso de ração pronta, esta adição na maioria dos casos não se faz necessária. Nos dois casos, os animais devem ter livre acesso a suplemento mineral com 8% P. Os aditivos e vitaminas também contribuem para o desempenho produtivo das vacas. Atualmente, há vários aditivos que contribuem para o incremento da produção de leite. Dentre eles, merecem destaque a monensina sódica (Mon), virginiamicina, o bicarbonato de sódio (Bic), a biotina (Bio) e as leveduras Saccharomyces cerevisiae (Lev). Sem exceção, favorecem o bom funcionamento do rúmen. Alguns, quando usados simultaneamente têm efeito simbiótico (Lev e Mon). O sucesso dependerá da quantidade fornecida. Para demonstrar valores quantitativos dos aditivos, será padronizada uma vaca holandesa com 650 quilos de peso, produzindo 50 quilos de leite e ingerindo 26 kg/MS/dia. A relação V:C representará 45:55 do total ingerido, portanto 16 quilos de concentrado.
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Adriano Henrique do Nascimento Rangel 1 José Maurício de Souza Campos 2 Dorgival Morais de Lima Júnior 3 Emerson Moreira de Aguiar 1
Utilização da Cana-de-açúcar como alternativa na alimentação de novilhas leiteiras*
O
uso da cana-de-açúcar na alimentação animal, principalmente de ruminantes, tem importância cada vez maior no Brasil, com o objetivo de reduzir o custo da alimentação, sem perdas expressivas de desempenho animal. Sistemas de produção bovina, tanto de leite quanto de corte, vêm adotando a canade-açúcar em substituição às silagens de milho e sorgo, que são as fontes de alimentos volumosos mais utilizados. Neste contexto, tem crescido o interesse, entre técnicos e produtores, do aproveitamento desta forrageira em sistemas de produção mais elaborados, com maior produtividade em leite e em recria de animais leiteiros, onde se projeta idade ao primeiro parto próxima dos 24 meses. A criação de fêmeas leiteiras constitui um dos pontos mais importantes no estabelecimento de um sistema de produção de leite, estando diretamente relacionada com a sua sustentabilidade, pois representa o futuro material genético de reposição do rebanho. Portanto, estes animais deverão apresentar potencial de produção de leite e longevidade superior à média do rebanho, a um custo de criação inferior ao preço
de mercado (Campos & Assis, 2005). A elevada idade ao primeiro parto conduz ao aumento no custo de criação de fêmeas leiteiras que, em grande parte dos sistemas de produção de leite, chega a ser maior que os preços praticados no mercado (Gomes, 2001). Segundo Machado (1993), ao analisar dados de peso e altura de 2.197 novilhas provenientes de 24 rebanhos com produção média de 7.000kg por vaca, que participaram, em 1992, do “Sistema Diagnose de Gerenciamento de Rebanhos Leiteiros (ABCBRH)”, mesmo em sistemas de produção mais tecnificados, que exploram gado puro, cerca de 75% das fazendas conseguiam que as novilhas atingissem peso de cobertura aos 15 meses, o que projeta uma idade ao primeiro parto, de 24 meses; no entanto, somente 17% conseguiram que as novilhas atingissem peso para o parto aos 24 meses de idade. Mostrando que somente uma pequena parcela dos animais em recria conseguem atingir o desenvolvimento recomendado, isso porque outros itens como manejo e ambiente podem retardar o crescimento dos animais.
* O Artigo é parte do trabalho intitulado: Desempenho e parâmetros nutricionais de fêmeas leiteiras em crescimento alimentadas com silagem de milho ou cana-de-açúcar com concentrado (R. Bras. Zootec., v.39, n.11, p.2518-2526, 2010) 1 Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias, UFRN/EAJ, Natal, RN. e-mail: adrianohrangel@yahoo.com.br 2 Professor Visitante Nacional Sênior da UFRPE/UAG, Garanhuns, PE. 3 Zootecnista, M.Sc. Doutorando do Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia, UFRPE, Recife, PE. e-mail:juniorzootec@yahoo.com.br
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Além do peso, medidas biométricas como altura de cernelha ou altura de garupa podem servir de instrumento na classificação de fêmeas. De acordo com Hoffman (1997), apenas a mensuração do peso corporal não é satisfatória para avaliar desenvolvimento corporal, pois não incorpora variações genéticas e da fase de crescimento, além de não diferenciar animais de mesmo peso e com composição de carcaça diferente. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de fêmeas leiteiras em crescimento alimentadas com dietas contendo cana-de-açúcar com diferentes níveis de concentrados (1,3; 2,0 e 2,7 kg/dia) em relação a uma dieta à base de silagem de milho com 1,3kg/dia de concentrado. Foram utilizadas 20 novilhas leiteiras, sendo doze da raça Holandesa e oito da raça Pardo Suíça, com peso médio inicial de 176kg. O delineamento experimental adotado foi em blocos casualizados, com cinco blocos, sendo cada animal considerado uma unidade experimental e os blocos formados de acordo com o peso inicial e a raça dos animais. Os tratamentos experimentais foram constituídos de uma dieta à base de silagem de milho, com 1,3kg /dia de concentrado, em comparação a três dietas à base de canade-açúcar corrigida com 1% da mistura de ureia e sulfato de amônia (9:1) (ureia), com 1,3; 2,0; e 2,7kg/dia de concentrado. A relação volumoso:concentrado correspondeu, no início do experimento, a 75:25, 60:40 e 45:55, respectivamente, para cada nível de fornecimento da ração concentrada adicionada à canade-açúcar corrigida, e a 75:25 na dieta à base de silagem de milho. As dietas foram isoprotéicas e formuladas para atender as exigências de novilhas leiteiras para ganho de peso corporal de 0,800kg/dia, segundo o NRC (2001). As novilhas foram alojadas em baias individuais cobertas, com comedouros individuais de concreto e bebedouros automáticos, com 8,0m2 de área, sendo 5,6m2 com piso cimentado e 2,4m2 de área para descanso, na qual foi utilizada cepilha
de madeira como cama. As baias foram limpas diariamente, sendo as camas trocadas sempre que necessário. No início e no final do experimento e a cada período de 28 dias, após jejum de sólidos de 12 horas, os animais foram submetidos à pesagem individual. Para melhor caracterização do desenvolvimento corporal aferiu-se também, a cada período, o perímetro torácico e a altura de cernelha e de garupa. A Tabela 1 mostra as médias para o peso inicial (PVI) e peso vivo final (PVF), ganhos de peso total (GPT), ganhos médios diários (GMD), ganhos médios diários de altura de cernelha (AC), altura de garupa (AG) e perímetro torácico (PT) para dietas experimentais. Verifica-se que a dieta à base de cana-de-açúcar com o maior nível de fornecimento de ração (2,7kg/concentrado) proporcionou ganho de peso médio diário igual ao tratamento com silagem de milho. Resultado semelhante tem sido observado em trabalhos com vacas leiteiras quando se aumenta o fornecimento de concentrado em dietas à base de cana-de-açúcar (Costa, 2004; Oliveira, 2005). Quando se comparam as dietas à base de cana-de-açúcar não se observou diferença no GMD (kg/dia); entretanto, biologicamente não se pode desconsiderar o maior ganho de peso para o fornecimento de 2,7kg de concentrado. Maior GMD (kg/dia) foi observado para o tratamento com silagem de milho em relação às dietas à base de cana-deaçúcar (1,3 e 2,0 kg/concentrado/dia). Destaca-se entre os tratamentos com cana-de-açúcar o ganho médio diário dos animais suplementados com 1,3kg/ dia de concentrado, de 0,60kg/dia, que projeta uma idade ao primeiro parto próxima de 27 meses, o que é satisfatório para as condições de criação semi-intensiva no Brasil. Com relação a AC, AG e PT, expressos em cm/dia não houve diferença (P>0,05) entre as dietas experimentais. Os valores de AC e AG estão próximos dos encontrados por Teixeira (2005) com fêmeas leiteiras em crescimento. Os resul-
Tabela 1 – Médias para peso inicial e final, ganhos de peso total (GPT), ganhos médios diários (GMD), ganhos médios diários de altura de cernelha total (AC), altura de garupa (AG), perímetro torácico (PT), altura de cernelha (kg/cm), altura de garupa (kg/cm) e perímetro torácico (kg/cm) obtidas para as dietas à base de silagem de milho (SN) e de cana-deaçúcar (CA)
Médias seguidas de mesma letra na mesma linha não diferem (P>0,05) pelo teste de Tukey.
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Jadir Bison
tados de AC (cm) ao final do experimento no presente trabalho (117,07cm) ficam na faixa de valores médios de 117,0cm preconizados por James (2001) para a raça Pardo Suíça, da mesma idade, em pesquisa de padrões de desenvolvimento e requerimento de nutrientes em novilhas leiteiras nos EUA. Quanto ao ganho de peso vivo em kg/cm de altura de cernelha, altura da garupa e perímetro torácico, não foi observada diferença (P>0,05) entre os tratamentos. A Associação Brasileira de Criadores de Gado da Raça Holandesa estabelece padrões de crescimento diferenciados, sendo maior nos rebanhos de maior potencial de produção de leite. Entretanto, a relação AC (kg/cm) é igual para todos os rebanhos: 6 kg de peso corporal/cm de ganho de altura de cernelha, para que os animais
não fiquem baixos e gordos. No presente trabalho a relação AC (kg/cm) encontrada para a dieta à base de cana-de-açúcar com 1,3 e 2,0 de concentrado é próxima à proposta da ABCGH, com tendência de aumentar à medida que se elevou o fornecimento de concentrado nas dietas à base deste volumoso. Este comportamento também foi observado na dieta à base de silagem de milho. Resultados semelhantes têm sido encontrados por outros autores, com o aumento de nitrogênio não protéico ou pelo aumento na relação energia/proteína na dieta (NRC, 2001). A cana-de-açúcar corrigida, com maior participação de ração concentrada, próxima da relação volumoso: concentrado de 45:55, na base seca da dieta, pode ser utilizada em substituição à silagem de milho em sistemas de produção de leite .
Bibliografia CAMPOS, J. M. S.; ASSIS, A. J. Alimentação de novilhas leiteiras. In: III Simpósio Mineiro de Nutrição de Gado de Leite, 3., Belo Horizonte, 2005. Anais... Belo Horizonte, 2005. p.155-176. COSTA, M. G. Cana-de-açúcar e concentrados em diferentes proporções para vacas leiteiras. 2004. 66 f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2004. GOMES, T. G. Economia da produção leiteira. Belo Horizonte: Itambé, 2001. 132 p. HOFFMAN, P. C. Optimun body Size of Holstein replacements heifers. Jornal Animal Science, v. 75, p. 836-845, 1997. JAMES, R. E. Growth standards and nutrient requerents for dairy heifers – weaning to calving. Advances in Dairy Technology, v. 13, p. 63, 2001. MACHADO, P. F. Criação de novilhas – Padrões de crescimento e necessidades nutricionais. Gado Holandês, n. 416, p. 19-21, 1993. NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC. Nutrient requirements of dairy cattle. 7. ed. Washington, D.C.: National Academic Press, 2001. 381 p. OLIVEIRA, A. S. Casca de café ou casca de soja em substituição ao milho em dietas à base de cana-de-açúcar para vacas leiteiras. 2005. 97 f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2005. TEIXEIRA, R. M. A. Desempenho, síntese de proteína microbiana e comportamento ingestivo de novilhas leiteiras alimentadas com casca de café em substituição à silagem de milho. 2005. 54 f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2005.
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Ricardo Reuter Ruas
Médico Veterinário Consultor da ASBIA - Associação Brasileira de Inseminação Artificial
Descongelamento do sêmen bovino
O
sêmen aplicado deve ser de boa qualidade fecundante e sanitária e procedente de empresas credenciadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), como aquelas filiadas à Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia). Muitos estudos comprovam que nenhum outro método se mostra tão eficiente para o trabalho de campo quanto o descongelamento feito em água à temperatura entre 35 e 37°C. Quando o sêmen é descongelado em temperaturas inferiores a estas (no bolso, na mão, água a temperatura ambiente, “na vaca”, etc) o tempo de descongelamento é maior, permitindo nova organização de cristais de gelo, o que provoca danos em várias partes dos espermatozóides. Entre os danos destacamse quebra da cauda e rompimento das membranas plasmáticas (parede celular) e do acrossoma (responsável pela penetração no óvulo). Na temperatura entre 35 e 37°C, por 30 segundos, a velocidade de descongelamento é rápida o bastante para evitar a reorganização destes cristais, o que promove a sobrevivência de maior número de espermatozóides viáveis, proporcionando maior poder fecundante da dose descongelada, conforme mostra o gráfico na página seguinte:
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Gráfico 1. Mostra efeito do descongelamento em apenas uma das partes dos espermatozóides.
Houve um incremento de 28,4 % na eficiência da inseminação. Devemos ainda considerar que neste rebanho cada inseminação perdida significa atrasar em 21 dias a produção de 413kg de leite; em 15 vacas significou 6.195kg de leite, e quanto mais inseminações perdidas mais fêmeas em atraso e maior a perda anual da produção de leite. Gráfico 4. Mostra diferença nas taxas de prenhez obtidas com os dois métodos de descongelamento no uso da IATF em vacas secas PO Holandesas, Inhaúma-MG.
Entre outras variáveis o descongelamento do sêmen exerce grande influência na taxa de prenhez, e entre todos os métodos o Descongelador Eletrônico tem se revelado como o mais eficiente, conforme mostram os gráficos abaixo: Gráfico 2. Taxas de Prenhez obtidas conforme o método de descongelamento, em experimento realizado na segunda metade da estação de monta nas fazendas Lagoa Grande e Kaylua – extremo sul da Bahia.
Onde todos os fatores foram favoráveis o equipamento eletrônico aumentou taxas de prenhez já elevadas. Estes dados mostram que mesmo em fazendas onde já se obtém elevados índices, ainda há ganhos que podem ser conseguidos com o uso desse equipamento. Diferença de 12,6% na taxa de prenhez, p< 0.05. Gráfico 3. Mostra diferença nas taxas de prenhez obtidas em teste realizado na Embrapa – CNPGL – Coronel Pacheco, com 124 inseminações em cada método de descongelamento ao longo de dois anos, diversos touros e inseminadores, em vacas 1/2 Sangue, com produção de 6.000kg/ leite/ ano.
Economia de uma dose a cada duas prenhezes, índices de serviços de 1,75 e 2,25.
Obs.: Os gráficos mostram dados obtidos com o Descongelador Eletrônico de Sêmen Fertilize®
Em IATF, por proporcionar o descongelamento de várias palhetas simultaneamente, dispensa o preparo da água, manuseio do botijão e espera de 30 segundos para cada dose descongelada. Além de elevar a taxa de prenhez com economia em sêmen e melhor aproveitamento de protocolos resultando em mais crias nascidas por ano, reduz em relação ao preparo manual cerca de 50% o tempo de execução do trabalho, em torno de um minuto por vaca inseminada. O uso do descongelador eletrônico de sêmen elevou as taxas de concepção, obtendo-se, desta forma, maior eficiência de serviço, o que está de acordo com Wiggin, Almquist, 1975; Senger, 1976; Mazur, 1984; Bamba e Cram 1988 a, b; Brown, 1990; 1991; DeJarnette, 2000 e O’Connor, 2000. Quando um grande número de fêmeas precisa ser inseminado no mesmo horário ou na prática da IATF, o trabalho pode ser agilizado com a retirada e o descongelamento simultâneo de doses de sêmen a serem utilizadas. Esse procedimento padroniza em boa qualidade a taxa de descongelamento e o tempo mínimo do descongelamento de cada uma das palhetas a serem utilizadas, o que está de acordo com os trabalhos de Jondet; Rabadeux, 1980; Morkholm; Filset, 1988; Brown, 1991 e Diniz, 1992. Podemos deduzir que todo o esforço feito pela equipe de trabalho da propriedade para elevada eficiência reprodutiva, se converte em melhores resultados quando usado o Descongelador Eletrônico de Sêmen, tornando eficiente e constante um procedimento de outra forma variável. Sêmen Sexado Se para o sêmen convencional o equipamento eletrônico faz tanta diferença na taxa de prenhez, no uso do sêmen sexado essa diferença tende a ser ainda maior, pois o mesmo requer ainda mais cuidados no manuseio, sendo imprescindível um perfeito descongelamento para garantir o sucesso do trabalho. O Descongelador Eletrônico de Sêmen constitui-se em tecnologia prática, precisa e eficaz, tornando o trabalho mais fácil, rápido e produtivo, por manter a temperatura da água de descongelamento em 35,5°C. Nele você pode descongelar até cinco doses de palheta média ou 10 de palheta fina por vez, e armazenar até 80 doses para serem usadas em até 90 minutos, reduzindo, além do tempo de trabalho, o manuseio do botijão, o que favorece também a melhor conservação da qualidade do sêmen em estoque.
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Poliana de Castro Melo Jurada Efetiva Girolando Doutoranda em Medicina Veterinária Preventiva Unesp Jaboticabal policame@yahoo.com.br
Como evitar a leucose enzoótica bovina
A
leucose enzoótica bovina (LEB) é uma das doenças mais graves do rebanho bovino leiteiro. É uma doença infecciosa altamente contagiosa, de evolução crônica, que acomete bovinos leiteiros devido às condições intensivas ou semi-intensivas a que são submetidos. É causada por um retrovírus da família Retroviridae, que parece afetar a resposta imune humoral e celular dos bovinos infectados, provocando diminuição na produtividade e aumento na mortalidade. A maioria dos animais infectados não desenvolve nenhuma das formas da doença ou quaisquer outros sinais clínicos, permanecendo portadores do vírus, sendo que 30% deles desenvolvem uma linfocitose persistente e apenas de um a 10%, com idade entre 4 a 8 anos, desenvolvem linfossarcoma, caracterizando a forma clínica da doença. Histórico Os primeiros relatos sobre a leucose bovina, de autoria de Leisering, foram publicados na literatura médica alemã, em 1871 (LEISERING, 1871 citado por JOHNSON & KANEENE, 1992). A primeira descrição detalhada de leucose bovina (LB) foi feita por Knuth e Volkmann (1916). Na primeira metade do século XX diversos trabalhos foram publicados sobre leucose, de modo que se teve conhecimento de que a doença existia em praticamente toda a Europa. Os relatos de linfossarcoma bovinos aumentaram nos períodos pós-guerras (imediatamente após a primeira e a segunda guerras mundiais), devido à intensificação das práticas comerciais, levando à introdução de animais infectados em áreas até então livres da doença. De acordo com SCHALM et al. (1975), FELDMAN foi o primeiro pesquisador a suspeitar da etiologia infecciosa da leucose bovina e constatou,
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em 1930, que pouco menos da metade dos bovinos com linfossarcoma exibia um quadro hematológico caracterizado por linfocitose marcante. Em 1959 é que foram descritos os primeiros casos individuais de leucose, tanto no Rio de Janeiro, por SANTOS et al., quanto no Rio Grande do Sul, por MERCKT et al. Etiologia e patogenia Existem duas formas de leucose bovina: a enzoótica e a esporádica. A leucose enzoótica, ou seja, a LEB, é causada por um retrovírus da família Retroviridae, subfamília Oncornavirinae, gênero Deltaretrovírus, que engloba o HTLV (do inglês Human T-cell Leukemia Vírus). O VLB infecta geralmente animais acima de dois anos de idade e causa linfoproliferações tumorais multicêntricas ou localizadas, ou ainda tumorações em órgãos linfóides não linfóides, antecedidas por sintomatologia clínica variável, dentre as quais podem-se incluir: emagrecimento, apatia, paralisia e aumento de volume de linfonodos superficiais, como sinais mais comuns (PARODI, 1987). A forma esporádica, até o presente momento é considerada como de etiologia não viral e desconhecida. Esta leucose esporádica pode apresentar-se na forma multicêntrica juvenil, que atinge principalmente bovinos de até seis meses, sendo marcada por amplas infiltrações em órgãos linfóides; na forma tímica, caracterizada na maioria das vezes por proeminentes lesões tumorais na timo de bovinos da faixa etária entre seis meses e dois anos de idade; e na forma cutânea, exteriorizada pela presença de nódulos tumorais disseminados no tecido epitelial, que ocorre em bovinos de qualquer idade, sendo mais comum na faixa etária entre dois e três anos (PARODI, 1987). O VLB infecta preferencialmente os linfócitos do tipo B, embora o DNA pró-viral do VLB também tenha sido detectado em células T, monócitos e granulócitos. Atua no sistema linfóide, determinando a desorganização dos seus tecidos e órgãos, principalmente os linfonodos, que perdem suas características primárias e são substituídos por um novo tecido, de natureza neoplásica, formando os linfossarcomas, podendo acarretar em um processo leucêmico (CORDEIRO, et al., 1994). A infecção tem início pela interação da glicoproteína do envelope viral a um receptor da superfície celular. O curso da infecção pelo VLB sugere um processo de vários estágios. Os linfócitos B são as primeiras células alvo e os bovinos infectados pelo VLB só apresentam anticorpos no soro após quatro a oito meses de contágio. Meios de transmissão A transmissão horizontal é a principal via de disseminação do VLB. O vírus pode ser transmitido por contato direto com sangue e outros fluídos biológicos contaminados com linfócitos infectados (RE-
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BHUN, 2000). O contato físico prolongado de bezerros susceptíveis com animais portadores do vírus; o consumo de água contaminada com sangue infectado, e a inoculação de ovelha com saliva de animais soropositivos para o BLV não resultaram na transmissão da infecção. A principal fonte de infecção do BLV para os bovinos é a transmissão iatrogênica, por agulha, material cirúrgico, luva de palpação, tatuador ou qualquer outro procedimento que possa transmitir linfócitos de um animal para o outro (DIMMOCK et al., 1991). A transmissão vertical por via transplacentária do VLB também é possível, mas provavelmente ocorre em menos de 10% das fêmeas infectadas ou, então, os bezerros podem adquirir a doença nos primeiros dias de vida através do colostro e do leite da mãe infectada. HÜBNER et al. (1997) encontraram em rebanho leiteiro, no Estado do Rio Grande do Sul, 4,8% (2/41) bezerros congenitamente infectados pelo VLB, ao detectarem anticorpos pela IDGA, antes que estes animais tivessem mamado o colostro. A infecção pelo VLB está estritamente relacionada às práticas de manejo adotadas nas propriedades, principalmente às mais tecnificadas e, consequentemente, às que possuem os maiores índices de produção devido ao manejo intenso, como: palpação retal, imunização, transfusão sanguínea e cirurgias, as quais permitem a transferência e linfócitos infectados. A vacinação em massa sem cuidados higiênicos quanto ao uso de agulhas e a aglomeração de animais são também fatores que influem no grau de transmissibilidade da doença, embora quanto à vacinação, AMORIL (2005), tenha observado que a prática de vacinação habitual esteve relacionada estatisticamente com índices mais baixos de infecções pelo VLB. Sinais clínicos A LEB caracteriza-se por um curto período de viremia pósinfecção, seguido por um longo período de latência antes do aparecimento de sinais clínicos. Após intervalo de 10 a 12 dias, partículas virais estão presentes na corrente sanguínea, induzindo uma resposta imune humoral com a produção de anticorpos específicos
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para as proteínas virais p24 e gp51 (PORTETELLE et al.,1978). A maior parte dos animais infectados permanece assintomática por longos períodos de tempo. Posteriormente, alguns animais, em média 30% dos infectados, podem apresentar aumento no número de linfócitos B circulantes, caracterizando um quadro de linfocitose persistente, enquanto que outros (2 a 5%) podem desenvolver linfossarcomas. Uma das características dos animais infectados pelo BLV é a produção persistente de anticorpos, sugerindo constante ou periódica estimulação do sistema imunológico por antígenos virais. O aumento de linfonodos superficiais pode ser comum, mas esta hiperplasia pode, também, ocorrer apenas em tecidos linfóides viscerais. Ocorre invasão frequente do sistema digestório, sendo comum no abomaso, causando obstruções ou úlceras que podem se manifestar clinicamente como anorexia, timpanismo recorrente e perda de peso. Neoplasias localizadas na medula espinhal originam perturbações neurológicas como paralisia de membros posteriores; e casos de falência cardíaca em bovinos são frequentemente associados à linfossarcomas no miocárdio. Os linfossarcomas podem ainda ser encontrados no útero, rins e olhos (exoftalmia). Na cavidade abdominal, podem ser identificados através da palpação retal. Porém, se a patologia está restrita a órgãos ou linfonodos viscerais o diagnóstico pode ser extremamente difícil. Os linfossarcomas são encontrados com maior frequência em animais entre quatro e oito anos de idade, quando a doença é geralmente fatal. Nos casos avançados, os animais com linfossarcoma, que são enviados ao abate, em estabelecimento com serviço de inspeção veterinária, poderão ter parte ou toda a carcaça condenada. Diagnóstico O diagnóstico clínico é baseado em sinais clínicos, como: emagrecimento progressivo, anorexia, paralisia progressiva dos membros posteriores, aumentos de linfonodos superficiais e exoftalmia, associados ao diagnóstico laboratorial, epidemiológico e às
avaliações post-mortem colaboram no diagnóstico confirmatório da doença (SILVA et al, 2008). Um dos materiais utilizados para o diagnóstico da LEB é o soro sanguíneo obtido através da colheita de sangue total por punção venosa em frasco esterilizado sem anticoagulante e posterior coagulação do sangue e separação do soro. O soro deve ser enviado ao laboratório congelado ou resfriado em isopor com gelo (SANTOS & MELLO, 1989) e é utilizado para provas como IDGA, Elisa e Radioimunoensaio (RIE) e PCR. Fragmentos de linfonodos superficiais ou formações tumorais de aspecto firme e coloração esbranquiçada em tecidos linfóides, abomaso e útero podem ser colhidos através de biópsia em animais vivos, e este material deve ser fixado em formalina a 10% para realização de métodos diretos como avaliações histopatológicas. Tratamento A prevenção é de fundamental importância, pois até o momento não existem tratamentos ou vacinas eficientes disponíveis. A utilização de medicamentos imunossupressores favorece a disseminação viral, ocasionando maior resposta celular. O que se institui é a terapia de suporte, com o intuito de melhorar o quadro geral do animal, para que seu sistema imune possa ser capaz de combater a doença, mas no caso de neoplasias, essa terapia se torna insatisfatória, podendo culminar na morte do paciente (SILVA et al., 2008). Medidas preventivas e profiláticas O controle da doença é difícil, devido à sua grande disseminação, principalmente nos rebanhos leiteiros, por evoluir lentamente, apresentando grande número de animais assintomáticos e devido à inexistência de um programa de controle oficial. Pelo fato de ainda não existir nenhum método de imunização eficaz, disponível comercialmente, para o controle da LEB as práticas de manejo,
baseadas no conhecimento das formas de transmissão, são a única alternativa eficiente para o controle e erradicação da doença (SHIRLEY et al., 1997). Algumas medidas profiláticas, para limitar a disseminação do vírus no rebanho: utilizar agulhas descartáveis para evitar a contaminação de animais negativos; desinfetar instrumentos à base de iodo ou cloro; utilizar uma luva por palpação retal; assepsia dos instrumentos cirúrgicos e aqueles utilizados para identificação do animal; instituir programa de controle de mosquitos hematófagos e eliminar animais positivos, analisar procedência de embriões para transferência em propriedades que dispõem de biotécnicas aplicadas à reprodução (SILVA et al., 2008); fornecer o colostro e leite de vacas não infectadas pelo VLB. Uma forma de inativar o VLB do leite ou colostro é submetêlos a um tratamento térmico de 56ºC por 30 minutos, pois este procedimento não inativa os anticorpos virusneutralizantes. A elaboração de um programa de controle para a LEB tem sempre como base o levantamento sorológico para a identificação dos animais sororeagentes. Na prática, estes exames devem observar alguns pontos importantes, tais como: testes sorológicos que são realizados em animais com idade inferior a seis meses, podem apresentar resultados falso-positivos, devido à presença de anticorpos colostrais; para evitar resultados falso-negativos, amostras de soro de vacas devem ser analisadas, pelo menos, seis semanas antes e após o parto; possíveis alterações na resposta imunológica devido ao estresse ambiental ou decorrente do manejo podem interferir no teste IDAG, fornecendo resultados falso-negativos. A eliminação de todos os animais soropositivos para o BLV de um rebanho é uma medida capaz de erradicar a infecção em poucos meses, mesmo em criações com alta taxa de prevalência, porém é uma medida de altos custos econômicos, em especial naqueles rebanhos que a taxa de infecção chega a 80%.
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Luiz Henrique Celani
O desafio da
Médico Veterinário Laboratórios Pfizer Saúde Animal Gerente Contas Chave Leite
mastite clínica A Mastite pode levar à destruição das células epiteliais que produzem os principais constituintes do leite: proteína, gordura e lactose.
A
mastite é uma inflamação da glândula mamária, que pode ser causada por bactérias, agentes químicos, traumas físicos, mas, na maioria dos casos, é resultante da invasão de bactérias através do canal do teto. A inflamação se desenvolve no interior do úbere e tem a finalidade de destruir ou neutralizar as bactérias e suas toxinas, e permitir que a glândula retome sua produção normal. Entretanto, pode ocorrer também pela destruição de células epiteliais responsáveis pela produção dos principais constituintes do leite (proteína, gordura, lactose), com redução da produção de leite no animal. A mastite pode se apresentar na forma clínica, quando são visíveis alterações no leite (presença de grumos, pus, sangue, leite aquoso), associada ou não a alterações do úbere (inchaço, febre e dor). Dependendo da bactéria envolvida, há a possibilidade de comprometimento do animal, que pode se apresentar febril, desidratado, apático e correr risco de morte se não for atendido em tempo. Essa é uma característica da chamada mastite clínica hiperaguda e os sinais se devem mais à ação de toxinas liberadas pelas bactérias do que propriamente à infecção. Outra forma clínica da mastite, a gangrenosa, pode resultar quase na morte do animal. Em grande parte dos rebanhos, a forma clínica da mastite é a mais evidente e a que maiores preocupações causa ao produtor. Entretanto, a forma mais comum e responsável pelos maiores prejuízos é a subclínica, que alguns especialistas preferem chamar de infecção subclínica, que o produtor não consegue detectar a olho nu. Neste caso, não há alterações visíveis no leite e no úbere. Para sua detecção, é imprescindível a realização de testes, para evidenciar o aumento de células somáticas. Considera-se que para cada caso de mastite clínica ocorram aproximadamente 40 casos de mastite subclínica. O ENVIO DE AMOSTRAS DE LEITE PARA ANÁLISE É O MODO MAIS CONFIÁVEL DE DETECTAR A MASTITE SUBCLÍNICA A maioria das mastites é causada pelas bactérias Streptococcus agalactiae, Staphylococcus aureus, Streptococcus dysgalactiae, Streptococcus uberis e Escherichia coli. Os agentes causadores da mastite são classificados em dois grupos: os “contagiosos” (mastite contagiosa) e os “ambientais” (mastite ambiental). Microrganismos contagiosos As mastites causadas por essas bactérias tendem a se apresentar na forma subclínica e a se tornar crônicas. Elas são transmitidas de um animal para o outro, principalmente pelas mãos dos ordenhadores e equipamentos de ordenha, geralmente contaminados a partir do leite de animais infectados. Os rebanhos com mastite contagiosa, em geral apresentam altas contagens de células somáticas (CCS). A transmissão dos microrganismos contagiosos entre os animais se dá principalmente durante a ordenha. A desinfecção dos tetos após a ordenha (pós-dipping) tem como
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Para detecção da mastite subclínica é imprescindível a realização de testes, para evidenciar o aumento de células somáticas.
principal função tentar reduzir sua disseminação. O tratamento de vaca ao final da lactação, com antibióticos adequados para o período seco, elimina a maioria desses patógenos. Os principais microrganismos desse grupo são os seguintes: Staphylococcus aureus: encontrado no úbere, na pele e nos pelos dos animais, em abscessos e feridas, na pele do homem e de vários animais e em vários outros locais e materiais. Dificilmente eliminado dos rebanhos, pode ser controlado com a adoção de procedimentos higiênicos, especialmente durante a ordenha. É moderadamente suscetível a antibióticos quando a infecção é detectada no início. Infecções crônicas (antigas) geralmente são de difícil cura. Essa bactéria causa redução expressiva da produção de leite do animal infectado. Streptococcus agalactiae: habita exclusivamente o úbere e não sobrevive fora da glândula mamária por longos períodos. É suscetível à penicilina e, uma vez eliminado, não contamina facilmente os animais novamente, a não ser que outras vacas infectadas sejam incorporadas ao rebanho. Também causa redução expressiva da produção de leite do animal infectado, além de aumento da CCS. Streptococcus dysgalactiae: é encontrado em qualquer ambiente: úbere, pele, rúmen, fezes, currais. Pode ser controlado com medidas adequadas de higiene. Bactérias desta espécie são moderadamente suscetíveis a antibióticos. Mycoplasma bovis: é um microrganismo que ocupa posição intermediária entre bactérias e vírus. Não possui parede celular como as bactérias e não é afetado pela maioria dos antibióticos. Como não existe tratamento eficaz disponível, o controle deste patógeno se faz evitando sua introdução no rebanho, por meio de animais infectados. São raros no Brasil casos comprovados de infecção por este agente. Microrganismos do ambiente A principal fonte das bactérias deste grupo é o ambiente. Elas são frequentemente encontradas em barro, águas paradas, esterco, materiais usados como cama, pele dos animais e várias outras fontes. As infecções tendem a se apresentar na forma clínica aguda e, algumas vezes, na forma hiperaguda, em que os animais apresentam febre, perda de apetite, desidratação e, ocasionalmente, morte por toxemia. Os principais representantes deste grupo são: Escherichia coli e outras bactérias do grupo dos coliformes (klesibella e Enterobacter): encontradas no esterco, barro, águas poluídas e em camas de material orgânico (palha, serragem, maravalha, raspas de madeira), contaminadas com fezes. Streptococcus uberis e outros estreptococos (que não Streptococcus agalactiae): mais frequentemente isoladas das fezes, úbere, pele dos animais e rúmen. Podem ser controladas pela manutenção de úberes sempre secos, ambientes de ordenha limpos e higiene geral adequada.
Pseudomonas aeruginosa: habitam ambientes úmidos. São facilmente introduzidas na glândula mamária, como resultado de tratamentos intramamários realizados sem higiene e sem os devidos cuidados. São resistentes à maioria dos antibióticos, mas seu controle pode ser realizado com adoção de bons procedimentos higiênicos. O papel da Contagem de Células Somáticas (CCS) como diagnóstico à mastite subclínica Para se avaliar a situação da mastite subclínica em um rebanho, podemos realizar o CMT ou a contagem de células somáticas (CCS). O método conhecido como CMT (sigla de California Mastitis Test) é prático, barato e pode ser realizado ao lado dos animais, fornecendo resultados imediatos. Consiste na observação da reação do leite com reagente e corante que facilitam a leitura do teste. A desvantagem do CMT é que ele apenas estima o conteúdo de células, de forma subjetiva, o que exige do operador discernimento na leitura e interpretação dos resultados. A maneira mais eficaz e com maior confiabilidade dos resultados consiste na coleta do leite individual dos animais e envio de amostras de leite para laboratórios especializados para análise de CCS. A CCS pode ser feita em equipamentos automatizados, que possibilitam o exame de grande número de amostras e a redução do custo da análise. As células somáticas presentes no leite compreendem: as células epiteliais dos alvéolos (2 a 20% do total), sendo as demais (80 a 98%) conhecidas como células de defesa (leucócitos, principalmente neutrófilos, linfócitos e macrófagos). Estas células estão geralmente presentes em pequeno número (até 50.000 ou mesmo 100.000 por ml, no úbere sadio), mas em presença de inflamação, podem alcançar contagens, em alguns casos, de vários milhões por mililitro de leite. Normalmente considera-se que um animal com mais de 200.000 céls/ml tem grande probabilidade de estar infectado. A taxa de mastite dos rebanhos pode ser estimada com base na CCS, de acordo com estudos realizados em vários países (Tabela 1). A interpretação dos resultados é feita considerando-se o possível número de animais infectados e, especialmente, os prejuízos causados pela perda de produção, como podemos acompanhar na tabela abaixo:
Princípios dos tratamentos de mastite Nem sempre um único antibiótico é apropriado para todas as bactérias causadoras de mastite. A seguir, alguns princípios gerais para serem aplicados em propriedades leiteiras levando em
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conta considerações farmacológicas da terapia da mastite. • Os fatores principais que têm mais influenciado o regime de tratamento são a meia-vida do antibiótico (duração e tempo em que a droga é ativa) e a concentração mínima inibitória de um princípio ativo (concentração mínima necessária para a droga “matar” a bactéria). • Especialmente para antibióticos que têm meia-vida relativamente curta (< 10-12 horas), é melhor aumentar a frequência do tratamento, diminuindo o intervalo entre as aplicações, do que aumentar a concentração da dose. • Para alcançar tempo efetivo para matar a bactéria causadora da mastite, o tratamento inicial deve ser mantido sem a troca constante de antibióticos. Exceto nos casos em que o teste de suscetibilidade indicar o contrário. • Quando antibióticos são administrados, exceto via intravenosa, maior dose pode ser indicada pelo veterinário e a meia-vida da droga pode se estender. Isso pode impactar no período de carência do leite/carne e na forma de tratamento. Estabelecer protocolos de tratamento para atender diferentes tipos de mastite é importante. Enquanto é impraticável a cultura microbiológica de cada caso de mastite antes do tratamento, a cultura microbiológica rotineira para monitorar o padrão epidemiológico do rebanho - e alguma alteração no tratamento em curso - ajuda a determinar o antibiótico e o curso de tratamento apropriado para cada caso de mastite. A seguir estão recomendações para estabelecer protocolos de tratamento para vários tipos de mastite: Mastites severas ou coliformes Mastites clínicas que incluem comprometimento sistêmico da vaca são denominadas severas. Organismos coliformes (bactérias gram-negativas fermentadoras de lactose da família Enterobacteriaceae) são causadores mais comuns desta forma de mastite na maioria dos rebanhos. Além do mais, casos de mastite clínica que resultam na perda de teto ou até na morte da vaca são predominantemente causados por coliformes. Assim, o tratamento primário da mastite clínica severa deve ser direcionado contra organismos coliformes, apesar de que se deve levar em conta que outros organismos podem estar envolvidos. O tratamento da mastite clínica severa é uma situação que obriga a tomada de decisão. Neste caso, é necessário ao menos tratar os sinais sistêmicos da vaca. A primeira preocupação é tratar o choque induzido pelas endectoxinas, com fluídos e terapias de suporte (hidratação) e a aplicação de anti-inflamatórios à base de isoflupredona. A terapia com antibióticos pode ter importância secundária quando comparada ao tratamento suporte para evitar o choque endotóxico, mas permanece como parte integral do protocolo de tratamento para mastite severa. Coletivamente, um protocolo de tratamento para mastite clínica severa deve incluir: (1) Administração de cuidados de suporte, especialmente soros para a vaca que demonstre sinais de choque; (2) Terapia antibiótica para manter efetiva concentração da droga no plasma (sangue), selecionando um antibiótico sistêmico com amplo espectro de atividade, e (3) Administração apropriada de terapia antibiótica intramamária. Mastite clínica leve e moderada Protocolo primário para mastite severa: - antibiótico intramamário - antibiótico injetável - cuidados de suporte: anti-inflamatório + hidratação. O senso comum e o histórico individual de rebanho devem determinar o curso do planejamento terapêutico para casos
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A forma clínica da mastite é a mais evidente e a que maiores preocupações causa ao produtor mas é a subclínica que gera mais prejuízos
de mastite leve/moderada. Para ocorrências iniciais de episódios clínicos para qualquer quarto afetado, especialmente aqueles causados por Streptococcus, usa-se infusão antibiótica intramamária com espectro de ação para organismos gram-positivos. Se os quartos afetados repetem a mastite com regularidade e na ausência de sinais clínicos, repetidos tratamentos da infecção intramamária não são justificados. Em casos em que o protocolo de tratamento padrão que vem sendo utilizado não surta efeitos em alguns animais, cujo quadro clínico reincida com muita frequência, o melhor é estender a terapia nos animais por um período mais prolongado (7 a 8 dias) do que trocar por outros antibióticos ou aumentar a quantidade de cada dose. Protocolo primário para mastite leve/moderada: - antibiótico intramamário - se moderada + antibiótico injetável. Mastite subclínica Esse tipo de mastite, diagnosticada via alta contagem de células (CCS), não representa urgente potencial de perda completa de função de glândula mamária ou risco à vida da vaca. A terapia é administrada sob a premissa de que os custos de tratamento pesarão mais do que os ganhos compensatórios de produção que se seguem após eliminação da infecção intramamária e pode também
resultar no decréscimo do reservatório de infecção para vacas sadias. O fato de a taxa de cura do tratamento da mastite subclínica durante a lactação apresentar resultados geralmente insatisfatórios, faz com que a decisão em tratar ou não seja obrigatoriamente acompanhada pela avaliação de um veterinário. O sucesso da cura do tratamento da mastite subclínica durante a lactação depende de uma série de fatores, principalmente da bactéria que causa a infecção e das condições nas quais a vaca se apresenta (ordem e fase de lactação, número de quartos infectados, duração da infecção, entre outros). Dicas do tratamento • os tratamentos dos casos clínicos durante a lactação devem ser realizados imediatamente após o diagnóstico; • os animais afetados devem ser identificados, marcados (com cordas, bastões de giz colorido), separados na ordenha e ordenhados por último. Antes de aplicar o antibiótico intramamário, a extremidade dos tetos deve ser desinfetada com os lenços umedecidos que acompanham alguns medicamentos. A não desinfecção da extremidade dos tetos pode acarretar em mais infecção da glândula mamária.
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Najara Fernanda do Nascimento Alves
Médica Veterinária, pós-graduanda em reprodução de bovinos – Equipe ReHAgro
Cetose, um dos distúrbios metabólicos mais comuns no período de transição, é pouco diagnosticado e provocado principalmente pelo balanceamento inadequado da dieta durante o período de transição
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ntre as doenças que acometem os animais no período de atender a alta demanda de lactose na fase produtiva, ocorre uma transição, a cetose se destaca pela significativa influência grande mobilização de ácidos graxos das reservas corporais. Estes na produção, composição do leite e na reprodução. Alguns são oxidados no fígado, formando o acetil CoA, um dos compostos autores mostram que a vaca acometida deixa de produzir cerca de intermediários para formação de glicose e de corpos cetônicos. 1 a 1,4 kg de leite/dia e as perdas podem chegar até 233 quilos nos Os níveis séricos aumentados de ácidos graxos livres não primeiros cem dias de lactação. esterificados (AGNES) interferem diretamente na composição do O aumento de até 30% da demanda energética no final da leite na relação gordura, que se eleva, e proteína, que fica diminuída. gestação e de até 75% no início da lactação, associados à redução Em condições normais, os corpos cetônicos formados a da capacidade de ingestão de matéria seca são fatores predispopartir dos AGNES serão metabolizados por vários tecidos, incluindo nentes para uma desordem no metabolismo de lipídios e carboios músculos. Nos casos de cetose, a produção destes compostos dratos. ultrapassa a capacidade de uso pelos tecidos periféricos. Assim, A cetose é uma doença comum em vacas de leite de alta eles passam a se acumular no organismo animal, elevando seus produção e com elevado escore corporal ao parto (Figura 1). Ocorníveis sanguíneos. Isso provoca no animal uma acidose metabólica re, principalmente, entre o oitavo dia e a sexta semana após o parto (Gráfico 1). Neste período, o animal passa pelo balanço energético negativo, em que o apetite diminui, influenciado pela ação de hormônios estrogênicos e outros fatores que fazem com que o animal consuma menos energia do que necessita para se manter. Por isso, o organismo passa a mobilizar parte da energia acumulada na forma de tecido adiposo. Essa gordura mobilizada é metabolizada no fígado em corpos cetônicos (β-hidroxibutirato, acetoacetato e acetona), que serão utilizados como fontes de energia para o animal. O incremento de corpos cetônicos no sangue se denomina cetose. A explicação se deve ao fato de nos ruminantes somente 10% da glicose necessitada estar disponível na forma de glicose. As fontes de energia de uma vaca em lactação normal são provenientes do fígado, sob a forma de ácidos graxos voláteis (AGVs), proteína bacteriana, pequena quantidade de glicose e proteínas não degradáveis no rúmen. Na tentativa de compensar o balanço energético negativo e aumentar a gliconeogênese para Figura 1: Escore corporal elevado. Animais com escore acima de 3,5 apresentam 2,04 vezes mais chances de desenvolver a cetose após o parto, devido a maior intensidade do balanço energético negativo
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e hipoglicemia ainda mais grave. Além dos efeitos no sistema digestivo, estes compostos atuam na hipófise, diminuindo a liberação do GnRH. Com isso, interferem negativamente no ciclo reprodutivo do animal. Vacas de alta produção leiteira geralmente apresentam algum nível de cetose durante a curva ascendente de lactação. A doença pode predispor ou aparecer secundariamente a outras doenças que levam à debilidade física do animal. É classificada em clínica ou subclínica. Clínica: o animal apresenta diferentes sinais clínicos, incluindo sensoriais, motores e nervosos. É mais diagnosticada, mas menos comum do que a outra forma. Subclínica: o animal não apresenta nenhuma manifestação clínica da alteração. A elevação da concentração sérica de corpos cetônicos será prejudicial aos tecidos do organismo. Alguns pesquisadores afirmam que esta é a forma mais prevalente da doença e que, por falta de diagnóstico, gera mais prejuízos econômicos que a forma clínica. Quanto a sua origem, é dividida em: Primária: o animal não possui dieta adequada e por isso mobiliza parte de suas reservas corporais. Secundária: a ingestão de alimentos está diminuída. É o que acontece com o animal em balanço energético negativo, devido, principalmente, à superalimentação no período que antecede o parto. Pode ser secundária também às broncopneumonias, deslocamento de abomaso, acidose lática ruminal, retículoperitonite e problemas locomotores. Alimentar: O animal ingere alimentos ricos em precursores cetogênicos. Espontânea: Alta concentração de corpos cetônicos no sangue mesmo ingerindo uma dieta aparentemente adequada. Sinais clínicos: • Perda de apetite (pode chegar a 50%), principalmente pelo concentrado;
Figura 3: Depressão no estado geral
• Sinais clínicos nervosos: sonolência, olhar fixo, cambaleio, ataxia, andar em círculos, espasmos e cegueira parcial são comuns; • Pode apresentar comportamento bizarro com hiperestesia, agressividade e delírio; • Odor de acetona no hálito e urina; • Diminuição da produção leiteira; • Rápida perda da condição corporal; • Alguns animais podem apresentar excitação, mas em sua maioria ficam apáticos. Alguns autores falam ainda em fezes secas e firmes, depressão moderada, relutância em se movimentar, motilidade ruminal reduzida se o animal apresentar anorexia por muitos dias. Em alguns casos, foram observados depravação de apetite e odor de acetona até mesmo no leite. Diagnóstico Uma vez que os corpos cetônicos são solúveis no plasma, filtráveis e passam facilmente para a glândula mamária, pode
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ser feito através do leite (onde são encontrados 3 - 5% do total existente no organismo), sangue (10% do total) e urina (40% do total). O acetoacetato e a acetona são muito voláteis, por isso os testes que demandam mais tempo devem ser específicos para o β-hidroxibutirato (BHBA). Exame no sangue β-hidroxibutirato (BHBA) entre 10-20mg/dl (0,6 a 1,18mmol/l) confirmam o diagnóstico de cetose subclínica. Acima de 30mg/dl (1,7mmol/l) nos casos clínicos.
de glicose, fornecimento de precursores como propionato ou propilenoglicol via oral; • Em casos muito graves: injeções intramusculares de glicocorticóides, como a dexametasona (20mg / animal). Alguns autores sugerem associação de 500ml de glicose (50%) via endovenosa, a 150ml de propilenoglicol via oral, durante dois ou três dias consecutivos. Dependendo do estado do animal, associar o glicocorticóide e a insulina (0,33 U/kg de peso vivo a cada 12h) durante dois a três dias.
Exames na urina e no leite - Coleta de urina e avaliação de BHBA em laboratório: presença de corpos cetônicos acima de 80 mg/dl na fase clínica e de 20-60mg/dl - subclínica; - Tanto na urina quanto no leite pode ser feita a Prova de Rothera (nitroprussiato de sódio) com tiras ou fitas, pó ou comprimido. Fazer através das tiras é mais fácil e rápido, já que os kits podem ser facilmente adquiridos; - O kit de tiras avalia também o pH urinário, que nos casos de cetose fica abaixo do normal, que é entre 5,0 e 8,0.
Prevenção • Balanceamento correto da dieta ao período de transição, para novilhas e vacas; • Inclusão de ionóforos na dieta: resulta no aumento de precursores de gliconeogênese. O uso da monensina sódica na dieta promove redução de distúrbios ruminais como acidose lática e cetose; • Alguns autores citam o uso de BST como medida preventiva, porque resulta em aumento do consumo de matéria seca pelo animal. Com isso, menores concentrações de ácidos graxos livres e corpos cetônicos, além de resultar em aumento da glicemia.
Tratamento Tem por objetivo principal o aumento de precursores e aporte de glicose: • Correção de déficit alimentar, dieta de qualidade e balanceada para período de transição; • Fluidoterapia, administração subcutânea e endovenosa
Conclusão A cetose é uma doença pouco diagnosticada, provocada, principalmente, pelo balanceamento inadequado da dieta animal durante o período de transição, o que agrava o balanço energético negativo e, consequentemente, predispõe o animal a esta e outras doenças metabólicas, gerando prejuízos produtivos e reprodutivos.
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Divulgação
Brasileiros conhecem a
pecuária francesa A
Forcegen e um grupo de criadores de Minas Gerais viajaram até a França para conhecer o melhoramento genético, o rebanho e fazer visitas às fazendas francesas. Participaram da viagem o diretor da Embriosemen, Agnaldo Trevisan; o diretor da Forcegen, Joãzinho; o médico veterinário Régis José de Carvalho; o veterinário e criador Maurício Silveira Coelho, e o produtor Leo Pereira, do grupo ACP e Filhos. O veterinário Régis José de Carvalho considera que mesmo sendo diferente o clima, a situação de poder produzir mais e o tamanho das propriedades, fica claro que a genética utilizada cabe perfeitamente nas condições em que estamos trabalhando no Brasil, e em toda a parte leiteira brasileira. Régis ressalta ainda ter ficado muito satisfeito com a produção e o úbere das vacas. “O que mais me chamou a atenção foi a produção de sólidos, mas principalmente na proteína. Acho difícil encontrarmos produção tão boa como aquela com níveis de proteína tão alto. Estamos sofrendo cobrança sobre os sólidos, mas muito mais sobre a proteína. Não vejo muita diferença nos alimentos utilizados lá em relação aos daqui; então, só me resta concluir
que temos de fato maior produção de proteína dos animais.” Já para o médico veterinário e criador Maurício Silveira Coelho, do grupo Cabo Verde - Fazenda Santa Luzia, um dos maiores criadores de Girolando do Brasil, conhecer a França e o seu sistema de produção de leite foi uma oportunidade extraordinária. “Pudemos ver de perto todo o trabalho de melhoramento genético da raça holandesa dentro das premissas de valorizar um animal funcional, que tenha bom sistema mamário, e longevidade dentro do sistema de produção proposto. Outro ponto importante dessa seleção que observamos foi o grande peso que é dado para a parte de sólidos do leite, uma vez que a França tem foco na produção de queijos e derivados.” Léo Pereira, um dos maiores produtores de leite do Brasil, também esteve na viagem à França e relata sobre a experiência. “Conhecer melhor a excelente genética HOLSTEIN FRANCESA, dá condições de avaliação, tanto para utilizar quanto recomendar os produtos comercializados pela SERSIA, que já são utilizados pelo Grupo ACP e Filhos. Tenho tranquilidade e confiança no trabalho que está sendo realizado nesta parceria.”
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Guilherme Augusto Vieira
Médico Veterinário, MSc, Doutorando em História das Ciências Agrárias, Professor do Curso de Veterinária da Unime- Bahia, Autor do livro: Como montar uma farmácia na fazenda. gavet@uol.com.br;guilherme@farmácianafazenda.com.br www.farmacianafazenda.com.br
Proposta de um Programa de Higiene Ambiental em Fazendas Leiteiras: Melhoria da Qualidade do Leite
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pecuária leiteira apresenta vários processos produtivos especializados ao longo de suas atividades, deixando de ser uma atividade simples e de subsistência para se tornar uma atividade com finalidade empresarial e econômica. A exploração moderna e tecnificada da pecuária leiteira envolve a produção de leite de alta qualidade, “seguro”, com baixos níveis de contaminação microbiológica e a manutenção de um alto padrão sanitário do rebanho. O leite, por natureza, é um alimento rico em nutrientes, contendo proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e sais minerais. Sua qualidade é um dos temas mais discutidos atualmente dentro do cenário nacional de produção leiteira. Depois de secretado do úbere, o leite pode ser contaminado por microrganismos a partir de três principais fontes: de dentro da glândula mamária, da superfície
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exterior do úbere e tetos, e da superfície do equipamento e utensílios de ordenha e tanque (SANTOS e FONSECA, 2001). Um dos principais problemas encontrados em fazendas leiteiras é a grande produção de resíduos orgânicos produzidos durante os vários processos operacionais diários na propriedade (CAMPOS, 1998; FONSECA e SANTOS, 2000). De acordo com os autores, a concentração de animais em uma área reduzida (realização de operações ordenha, alimentação e tratamentos) promove grande formação de lama, que na maioria das vezes é resultante de uma mistura de esterco, urina, barro e umidade. Consequentemente, esta passa a ser uma fonte crítica de patógenos associados à ocorrência de mastite e microrganismos que afetam a qualidade do leite.
Segundo Sobestiansky (2002), um bom programa de limpeza e desinfecção é a base para uma boa saúde animal, uma vez que, em condições de confinamento, a gravidade e a ocorrência das enfermidades estão diretamente relacionadas ao nível de contaminação do ambiente. Com o objetivo de propor melhorias na qualidade do leite e também na saúde dos rebanhos leiteiros, o presente artigo tem como principal objetivo apresentar uma proposta de um programa de higiene ambiental (PHA) em fazendas leiteiras, não focando apenas na higiene da ordenha e do tanque de expansão, mas pensando na fazenda como um todo.
- Higiene e limpeza dos bezerreiros; - Manejo de dejetos e detritos; - Controle integrado de pragas; - Escolha dos desinfetantes e detergentes; - Rodolúvios, pedilúvios e pulverização dos veículos; - Educação sanitária dos funcionários e proprietários.
As principais etapas do PHA A seguir serão descritas as principais etapas do Programa de Higiene Ambiental em fazendas leiteiras. a) – Processos de higiene da ordenha Segundo Amiot (1991), uma ordenha mal conduzida comPrograma de Higiene Ambiental de Granjas Leiteiras promete a qualidade do leite, promovendo sua contaminação, princiConforme Vieira de Sá (1979), o processo de higiene nas fapalmente por deficiências na higiene das tetas, mãos dos ordenhazendas de leite possui dois objetivos: Preservar a saúde dos animais dores e materiais envolvidos. (evitando a proliferação de doenças e estresse) e evitar a contaminaHá dois processos distintos de ordenha: ordenha manual e ção do leite (impedindo a deterioração e a proliferação de microrgaordenha mecânica: nismos deteriorantes e patogênicos). O mesmo autor considera que A ordenha manual consiste na extração do leite por meio todo o processo de higienização, incluindo as etapas de limpeza e de contrações manuais. No processo ocorre a espremedura do teto sanitização, deve ser de caráter geral e abranger todos os processos que se encontra cheio de leite, sendo que a mão do ordenhador presentes na fazenda leiteira. comprime-o progressivamente, de cima para baixo, obrigando o leite Vieira (2007) enfatiza que em uma fazenda de produção leia sair para o exterior. Segundo Neiva (1991), este processo pode teira estão presentes vários processos que envolvem a higiene, deslevar à baixa qualidade do leite, se não forem observados todos os de a do pessoal, passando pela higiene do ambiente, incluindo a dos padrões de higiene, principalmente do ordenhador, das tetas e dos tanques de armazenamento e a da ordenha, conforme demonstrado recipientes. no quadro 1. A ordenha mecânica consiste na extração do leite por intermédio de máquinas. Quadro 1 - Principais processos de higiene que ocorrem em uma fazenda de produção leiteira Degasperi e Piekarski (1988) e Neiva (1991) destacam que a ordenha deve ser realizada em ambientes tranquilos, limpos e higienizados, como também em recipientes de manuseio limpos e higienizados e tanques para armazenamento do leite. Deve obedecer a horários, ser rápida, contínua, suave e de fácil execução. Enfatizam, ainda, que deve seguir uma sequência: higienização da mão do ordenhador (manual ou mecânica), lavagem e secagem do úbere, remoção dos primeiros jatos, procedimentos manuais (ordenha manual) – colocação das teteiras (ordenha mecânica), retirada das teteiras, aplicação de antissépticos e soltura dos animais. Fonte: Elaborado pelo autor b) – Higienização de estábulos e salas de A adoção do Programa de Higiene Ambiental (PHA) nas faordenha zendas leiteiras tem o objetivo de sistematizar os vários processos A higiene dos estábulos e salas de ordenha deve ocorrer diade higiene realizados em suas propriedades, lembrando que os proriamente e após a saída dos animais (logo após o “trato” das vacas prietários já o realizam de maneira intuitiva. em lactação e ordenha). Um PHA nas granjas leiteiras constitui importante fator preOs pisos de paralelepípedos, presentes na maioria dos estáventivo na produção de leite “seguro” e higiênico, além de controlar bulos das nossas fazendas, dificultam bastante a higienização, pois as doenças nos animais e aumentar a produtividade. Dentre os befezes, detritos, restos de rações, fômites, secreções e demais dejenefícios que traz ao produtor, podem-se citar: tos acumulam-se nas frestas e reentrâncias, favorecendo a prolifera- Melhoramento do desempenho e da produtividade; ção de microrganismos e insetos. - Diminuição com gastos de medicamentos; A má higienização destes pisos favorece a incidência de - Diminuição da incidência de mortes de bezerros; mastites ambientais e doenças parasitárias e infecciosas, principal- Diminuição dos gastos com mão-de-obra; mente em animais jovens. Portanto, os funcionários responsáveis - Diminuição da incidência de colibacilose, mastites ambienpela operação de limpeza e higiene destes locais devem fazê-la de tais, doenças parasitárias e respiratórias. modo criterioso, com bom jateamento de água nas frestas e aplicação correta dos detergentes e desinfetantes em todo o ambiente. As principais etapas do Programa de Higiene Ambiental são: c) – Higiene e limpeza de bezerreiros - Processos de higiene da ordenha; Estas instalações devem ser limpas e desinfetadas diaria- Higiene dos estábulos e/ou sala de ordenha; mente. Se houver cama de capins, deve-se promover a retirada da
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cama conjuntamente com as fezes e partes úmidas, logo em seguida colocando nova “leva” de capins, limpos e higiênicos. Estes procedimentos preventivos evitarão perdas por diarréias e demais doenças. Se o local do bezerreiro for de alvenaria e cimentado, devese promover o jateamento de água, com aplicação de detergentes e desinfetantes. Lembrando que nestes locais não deve permanecer a umidade, fator importante no aparecimento de doenças respiratórias. d) – Manejo de dejetos e detritos Um dos principais problemas encontrados em fazendas leiteiras é a grande produção de resíduos orgânicos produzidos durante os vários processos operacionais diários na propriedade (CAMPOS, 1998; FONSECA e SANTOS, 2000). A principal falha no manejo de dejetos é o seu destino. A construção de esterqueiras é de fundamental importância para o controle higiênico-sanitário das propriedades. Todos os produtores de leite sabem da importância deste assunto, pois além de controlar insetos alados, o tratamento de dejetos gera benefícios diretos e indiretos com a utilização do esterco tratado nas lavouras, além da melhoria do aspecto das instalações. A esterqueira não pode ser subdimensionada, pois acarreta a necessidade de remoção mais frequente do material tratado, além de prejudicar a fermentação das fezes e promover o extravasamento do conteúdo para o ambiente e cursos de água, contaminando o meio ambiente e favorecendo a proliferação de insetos. A esterqueira também não deve ser construída próxima a cursos de água. e) – Controle integrado de pragas A presença de pragas em instalações leiteiras está associada ao péssimo estado higiênico das instalações. As mais comuns são os insetos alados (moscas) e roedores. As moscas, segundo Pardi et al., carregam enterobactérias que vão contaminar o ambiente e os alimentos. A maioria dos produtores utiliza inseticida, esquecendo a adoção de medidas higiênicas das instalações e o manejo correto do esterco produzido na fazenda. O método recomendado é a utilização do Controle Integrado de Pragas, com ações físicas e químicas, como manejo adequado dos dejetos, medidas higiênicas, utilização correta dos inseticidas com alternância de bases químicas, a fim de se evitar a resistência. Os roedores devem ser combatidos nas áreas externas (tocas) e internas, principalmente nos depósitos de rações e grãos.
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Transmitem a leptospirose, que provoca aborto nas vacas, além de ser letal para seres humanos e demais animais. O uso de rodenticida deve ser adotado seguindo critérios preconizados pelos fabricantes. f) – Escolha dos detergentes e desinfetantes Geralmente os fazendeiros compram detergentes e desinfetantes utilizando como critério a variável custo, sem se preocupar com os critérios técnicos. Recomenda-se a indicação de desinfetantes e detergentes por parte de técnicos responsáveis. Deve-se evitar a “empurroterapia” utilizada nas lojas de produtos agropecuários, lembrando que cada produção possui uma realidade diferente. O desinfetante ideal deve possuir algumas características: - Potência e seletividade contra microrganismos alvos; - Baixo custo; - Ausência de toxicidade para animais e manipuladores; - Amplo espectro de ação antimicrobiana; - Estabilidade química; OBS. O desinfetante deve ser sempre utilizado na dosagem preconizada, evitando a ideia de baixar dose e custo, pois não se obtém o efeito desejado, além de poder ocorrer uma seleção de microrganismos resistentes. g) – Uso de rodolúvios e pedilúvios Os novos tempos da pecuária leiteira requerem modificações em sua estrutura. Uma delas é a adoção de rodolúvios com arco de higiene, pois com a coleta granelizada, os caminhões percorrerão várias propriedades desprovidas de medidas higiênico-sanitárias e, com isso, poderão tornar-se disseminadores de infecções. O rodolúvio deve estar localizado na entrada da granja e apresentar as seguintes características: - Ser plano; - Ter um “quebra-molas” para que os veículos passem obrigatoriamente devagar; - O piso deve ser firme; - O comprimento deve ser suficiente para que as rodas dos veículos sejam cobertas pela solução; - Deve ter depósito para receber a solução usada; - Deve ter um ralo de retorno. Os pedilúvios devem estar localizados na entrada da granja e saída de cada instalação. Podem ser em caixa de metal, madeira ou em formas de caixa de concreto integrada na própria construção do piso com um sistema de drenagem próprio. Sua largura deve ocupar a largura da porta e ter um
comprimento tal que evite que o funcionário ou visitante, ao dar um passo, deixe de pisar na solução. A solução desinfetante dos pedilúvios deve ser trocada diariamente, enquanto que a dos rodolúvios semanalmente, desde que estejam protegidos contra chuvas. H) – Educação sanitária dos funcionários e proprietários Na execução diária das atividades em fazenda de produção leiteira, os funcionários devem ser orientados e treinados no sentido de desenvolver aspectos de higiene pessoal. As cooperativas e agroindústrias leiteiras devem promover programas contínuos de educação sanitária para os colaboradores das fazendas, assim como os seus proprietários. A educação sanitária desenvolverá aspectos de higiene e, consequentemente, ocorrerá melhoria na qualidade do leite. O funcionário que trabalha diretamente na produção do leite, em nível de fazenda, deve ser enquadrado na categoria de profissionais manipu-
ladores de alimentos. Deve-se também promover campanhas educativas no sentido de conscientizar os trabalhadores rurais a se protegerem com vacinas anti-rábicas e antitetânicas. Considerações O presente artigo não teve o intuito de “ensinar o Padre Nosso ao vigário”. Os fazendeiros já realizam todos os processos descritos em suas fazendas diariamente. O objetivo final do artigo foi apenas propor uma sistematização dos processos de higiene ambiental em fazendas leiteiras, com a finalidade de produzir leite de qualidade. O Brasil precisa cada vez mais melhorar a qualidade do seu leite, para poder se firmar como um dos maiores produtores de leite, não só de modo quantitativo, mas também qualitativo. Neste ponto, a higiene é de fundamental importância.
V- Referências AMIOT, Jean. Ciencia y Tecnología de la leche, Zaragoza: Acríbia, 1991 BRITO, J. R., BRITO, M. A.V.P. Qualidade higiênica do leite. Juiz de Fora: Embrapa Gado de leite,1998 ; CAMPOS, A. – Manejo de Dejetos de Bovinos – In: Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, 27, 1998, Poços de Caldas. Anais, Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola, 1998. P.233-279; -DEGASPERIS. A.R.;PIEKARSKI, P. R.B. – Bovinocultura Leiteira: Planejamento, Manejo e Instalações – Curitiba: Livraria do Chain Editora, 1988; FONSECA, L.F.; SANTOS,M. Qualidade do leite e controle de mastite - São Paulo: Lemos Editorial, 2000. FONSECA, L. F.e SANTOS, M. V. Importância e Efeito de Bactérias Psicrotróficas sobre a Qualidade do Leite. IN: Higiene Alimentar. V.15, n82, p.13-19, março 2001; NEIVA, Rogério Santoro – Bovinocultura de Leite – Lavras, MG: ESAL/FAEPE,1991; SOBESTIANSKY, J. Sistema Intensivo de produção de suínos: Programa de biossegurança. Goiânia: Pfizer, 2002; SÁ, M. VIEIRA de; SÁ, F. Vieira de. As vacas leiteiras. 6 ed. Lisboa: Livraria Clássica Editora, 1979. VIEIRA, G. A. – Apontamentos de aulas – UNIME – FTC - Fundação Visconde de Cairu, 2007.
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1º Congresso Brasileiro da Raça Girolando
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pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, Elizângela Guedes, que falará sobre a resistência da raça às enfermidades infecciosas e parasitárias. O terceiro dia do Congresso Brasileiro da Raça Girolando trará dois temas relacionados à produção. Ronaldo Braga Reis, professor da Escola Veterinária da UFMG, destacará os desafios na ordenha de vacas Girolando F1, e o Prof Marcos Neves Pereira da Universidade Federal de Lavras abordará sobre o potencial do Girolando para alta produção de leite e de sólidos. Para encerrar o Congresso, haverá mesa redonda com os palestrantes, para discussão dos temas apresentados. Inscrições - Os interessados em participar do Congresso poderão optar por quatro tipos de pacotes. O Pacote Completo inclui hospedagem para os 3 dias, alimentação e taxa de inscrição no valor de R$750,00. A hospedagem será no Tauá Grande Hotel e Termas de Araxá. O Pacote Palestra dá direito a alimentação e a taxa de inscrição, sem hospedagem, pelo valor de R$450,00. Já o Pacote Acompanhante, para quem irá junto com um participante do Congresso, mas não assistirá às palestras, terá direito a hospedagem e alimentação, pelo valor de R$550,00. Para quem quer garantir apenas o acesso ao evento, existe o Pacote Inscrição, no valor de R$150,00. Os pacotes são individuais. O pagamento pode ser parcelado pelo cartão de crédito ou pelo boleto bancário. A realização do evento está a cargo da Associação do Girolando, em parceria com a Embrapa, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Embrapa Gado de Leite. Saiba mais: www.girolando.com.br/congresso marketing@girolando.com.br (34) 3331-6000 Divulgação
s inscrições para o 1º Congresso Brasileiro da Raça Girolando estão abertas e podem ser feitas on-line (http://www.girolando.com.br/congresso) ou nas principais exposições da raça. O evento está marcado para o período de 22 a 24 de setembro, no Tauá Grande Hotel e Termas de Araxá, em Minas Gerais. A expectativa é de que mais de 500 pessoas, entre pesquisadores, produtores rurais, técnicos e estudantes do Brasil e de outros países, participem deste importante Congresso. Com o tema “Da consolidação nacional à expansão mundial da genética adaptada”, o Congresso terá uma série de palestras sobre as novidades nas áreas de genética, melhoramento animal, cruzamentos, fertilidade, ordenha, produção de sólidos e sanidade. A abertura oficial do evento será feita às 8h30 do dia 23 de setembro, pelo presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, José Donato Dias Filho, e pelo chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Duarte Vilela, além de varias outras autoridades que devem estar presentes. Para abrir o ciclo de palestras teremos o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Marcos Vinicius Barbosa da Silva apresentando “ Os Resultados e Perspectivas do Programa Nacional de Melhoramento do Girolando “ O professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fernando Henrique Madalena, falará sobre estratégias de cruzamentos na pecuária de leite no Brasil, pesos econômicos e objetivos de seleção. No período da tarde, a programação será aberta pelo professor da Unesp Araçatuba, José Fernando Garcia, que apresentará o tema “Uso de ferramentas de biologia molecular no melhoramento da raça Girolando”. Já a formação do banco de DNA da raça Girolando será apresentada pela pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, Marta Martins. O professor da Unesp Botucatu, José Vasconcelos, abordará as novidades na área de produção, fertilidade e termotolerância na raça. A rodada de palestras do segundo dia do Congresso será encerrada pela
Criador Geraldo Marques, presidente da Girolando José Donato, gerente Produto Leite CRV Lagoa Tatiane Tetzner e superintendente geral da Girolando Eduardo Izoldi
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8ª ExpoGirolando
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om 221 animais inscritos para mostra e julgamento, a 8ª ExpoGirolando/ 5º Circuito Interestadual RJ/MG/SP movimentou a cidade de Jacareí (SP). A exposição de Girolando fez parte da programação da 29ª Feira Agropecuária e Industrial de Jacareí, que ocorreu de 8 a 17 de julho, na Escola Agrícola. No primeiro dia de julgamento passaram pela pista da Fapija animais 1/4 de sangue e bezerras baby. A disputa não conta pontos para a exposição ranqueada. No segundo dia ocorreu o julgamento dos animais adultos. O jurado Fábio Fogaça foi o responsável pela escolha dos grandes campeões. A feira ainda teve o Leilão Vale Show. Além da mostra e julgamento de animais, os visitantes puderam conhecer os produtos da Grife Girolando, no Escritório Técnico Regional da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando em Jacareí, que funciona na Escola Agrícola. A entidade também divulgou, no local, o 1º Congresso Brasileiro da Raça Girolando, que ocorrerá em Araxá (MG), de 22 a 24 de setembro. Confira os campeões:
Melhor Expositor/Criador: José Donato Dias Filho Girolando 1/2 Melhor Fêmea Jovem: Chilena Sansão FIV Mauá Expositor: Condomínio João Magalhães e Filhos Melhor Vaca Jovem: América Blitz FIV do Conde Expositor: Enéas Rodrigues Brum Grande Campeã: Abelha HPS Expositor: Heloisa Helena Junqueira dos Santos Girolando 3/4 Melhor Fêmea Jovem: Patty M Expositor: Marcos Moraes Sampaio Melhor Vaca Jovem: Condessa Locust N. Sra. do Carmo Expositor: Enéas Rodrigues Brum Grande Campeã: Dançarina Ellipsis Morada Corinthiana Expositor: Enéas Rodrigues Brum Girolando 5/8 Melhor Fêmea Jovem: Estilista FIV Falcon Cafalloni Expositor: Reginaldo Cafalloni da Rosa Melhor Vaca Jovem: Ieta Florin Dom Nato Expositor: José Donato Dias Filho Grande Campeã: Deuzoith Dede da Mu-mu Expositor: José Alberto Paiffer Menk Melhor Macho Jovem: Lord Florin Dom Nato Expositor: José Donato Dias Filho
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EAPIC movimenta circuito paulista
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38ª EAPIC (Exposição Agropecuária de São João da Boa Vista), realizada de 8 a 17 de julho, contou com julgamento da raça Girolando. Fábio Fogaça foi o jurado da feira, que teve 153 animais inscritos. Os julgamentos da raça ocorreram entre os dias 8 e 9 de julho, no Recinto de Exposições José Ruy de Lima Azevedo, na cidade de São João da Boa Vista (SP). Confira os campeões:
Melhor Expositor/Criador: José Alberto Paiffer Menk Girolando 1/2 Melhor Fêmea Jovem: Cachoeira Blitz JJC Expositor: Isomério Ferreira dos Reis Melhor Vaca Jovem: Pirâmide I Nobre da Origem Expositor: Luís José Marrichi Biazzo Grande Campeã: Arisca NR Expositor: Luís José Marrichi Biazzo Girolando 3/4 Melhor Fêmea Jovem: Bela Morty FB Rio Bonito Expositor: Fábio José Biazon Dias Melhor Vaca Jovem: Dádiva Touchdown da Mu-mu Expositor: José Alberto Paiffer Menk Grande Campeã: Dádiva Touchdown da Mu-mu Expositor: José Alberto Paiffer Menk Melhor Macho Jovem: Balão Morty FB Rio Bonito Expositor: Fábio José Biazon Dias Grande Campeão: Viúvo FIV Paramount Santa Luzia Expositor: José Coelho Victor Girolando 5/8 Melhor Fêmea Jovem: Grinda Netuno da Mu-mu Expositor: José Alberto Paiffer Menk Melhor Vaca Jovem: Rosa Branca da Vazta Expositor: Marco Antonio Tarifa de Lima Grande Campeã: Deuzoith Dede da Mu-mu Expositor: José Alberto Paiffer Menk Melhor Macho Jovem: RBC Danúbio Goldwin FIV Expositor: Roberto Antônio Pinto de Melo Carvalho Grande Campeão: RBC Carate Expositor: Roberto Antônio Pinto de Melo Carvalho
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Expocordeiro movimenta
circuito fluminense
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69ª Exposição Industrial e Agropecuária de Cordeiro aconteceu entre os dias 16 e 24 julho no Estado do Rio de Janeiro. A raça Girolando entrou na pista do Parque de Exposições Raul Veiga nos dias 21 e 22 de julho. A responsabilidade de julgar os 114 animais inscritos ficou a cargo do jurado Euclides Prata Santos Neto. Confira os grandes campeonatos: Melhor Expositor/Criador: Mila de Carvalho Laurindo e Campos Girolando 1/2 Melhor Fêmea Jovem: Dita FIV Alambari Expositora: Hérica Cristina Ferreira Diniz Gonçalves Melhor Vaca Jovem: Varjão Fofa FIV Expositor: Gerci Luiz Maduro Grande Campeã: Varjão Fofa FIV Expositor: Gerci Luiz Maduro Girolando 3/4 Melhor Fêmea Jovem: Ondina Babitonga Expositor: Otto de Souza Marques Júnior Girolando 5/8 Melhor Fêmea Jovem: Vitrine FR Recreio Expositor: Mila de Carvalho Laurindo e Campos Melhor Vaca Jovem: Portela FR Recreio Expositor: Mila de Carvalho Laurindo e Campos Grande Campeã: Portela FR Recreio Expositor: Mila de Carvalho Laurindo e Campos Melhor Macho Jovem: Danilo Babitonga Expositor: Otto de Souza Marques Júnior
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COLOSTRO estejam corretamente identificados, o técnico deverá proceder à marcação do número de nascimento, utilizando boa parte de seu tempo durante a visita para realização deste procedimento. ATENÇÃO: Quando for realizar a marcação a fogo ou tatuagem pela primeira vez, entre em contato com o Departamento Técnico da Girolando ou com um técnico de sua preferência e solicite instruções. DNA – obrigatoriedade para FIV e TE
Exposições Ranqueadas 2011/2012 A partir do Ranking Girolando 2011/2012, que se iniciou após a MEGALEITE 2011, 100% dos animais participantes de exposições ranqueadas deverão possuir genealogia conhecida, ou seja, livro fechado. As exposições que não cumprirem esta regra serão automaticamente excluídas do ranking. O regulamento de exposições encontra-se disponível no site www.girolando.com.br. Comunicações On-line (Web associado) Estamos finalizando os testes referentes às comunicações online. Nesta fase inicial, os associados poderão realizar as comunicações de cobertura e de nascimento. Após o início das comunicações on-line não será mais permitido enviar comunicações via e-mail ao Setor de Controle de Genealogia. O associado que tiver interesse em iniciar o cadastro das comunicações através do site da Girolando, deverá entrar em contato com a Superintendência Técnica para obter maiores informações. Controle de Genealogia e Registro Genealógico de Nascimento – CGN / RGN Ao receberem o controle ou registro de nascimento todos os animais deverão estar identificados pelo número de nascimento, através de marcação a fogo, na perna esquerda, ou através de tatuagem na orelha, também colocada do lado esquerdo do animal. A marcação e a tatuagem deverão conter os quatro dígitos do número do CGN ou RGN, com boa visibilidade. A marcação ou tatuagem pode ser realizada por qualquer pessoa autorizada pelo criador (técnico responsável pelo rebanho, vaqueiro, etc.) ou por ele próprio, desde que realizada antes da inspeção dos animais. Este procedimento permitirá ao técnico do Serviço de Registro Genealógico da Raça Girolando (SRGRG) dedicação maior de seu tempo durante a visita técnica à propriedade, para o fornecimento de orientações e instruções quanto ao trabalho de seleção realizado pelo criador. Caso os animais não
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Os criadores que utilizam as técnicas de FIV e TE para reprodução devem ficar atentos quanto à obrigatoriedade do exame de DNA com qualificação de parentesco dos genitores (pai e mãe) para que os produtos possam receber o controle ou registro de nascimento (CGN ou RGN). O material para controle genealógico de animais provenientes de TE ou FIV somente são liberados para os técnicos de registro pelo Setor de Controle de Genealogia após o recebimento do exame de DNA com qualificação dos pais (bilateral). Sendo assim, orientamos os criadores a providenciarem, após o nascimento dos animais, conforme orientações dos laboratórios, a coleta de material para ser enviado ao laboratório, com o intuito de agilizar a verificação de parentesco. É importante também que as doadoras, ao entrarem em programas de TE ou FIV, tenham seu material coletado e enviado ao laboratório, garantindo a certeza de que os produtos poderão ser testados no futuro, evitando problemas em casos de morte ou venda das doadoras. Vale ressaltar que a escolha do laboratório a realizar os exames é feita pelo criador, devendo ser um laboratório idôneo que esteja devidamente credenciado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para esta finalidade. Sistema de Identificação Unificado - SIU Como já dito em edições anteriores, a Girolando irá implantar, em 2011, o Sistema de Identificação Unificado, conhecido como SIU. Farão parte deste sistema: a identificação do animal através de um registro único, fotografia do animal e identificação particular do criador, além da marcação - a fogo - do “G baldinho” na face direita do animal, nos casos de controle ou registro de nascimento. A identificação particular do criador será composta por uma Série Única, com três ou quatro letras e por numeração sequencial do rebanho (CGN ou RGN atual). Já está disponível o cadastro da Série Única do criador. Mais informações poderão ser obtidas junto à Superintendência Técnica da Girolando. ADT – Autorização de Transferência O certificado de controle de genealogia ou registro genealógico possui vários benefícios e vantagens, sendo uma delas a comprovação de propriedade do animal. Esta comprovação é muito importante em diversas situações, como por exemplo: par-
ticipação do animal em exposições oficiais, transporte ou venda do animal para fora do estado, inscrição do animal no Serviço de Controle Leiteiro, entre outras situações. Ao adquirir um animal é importante que o comprador solicite ao vendedor a Autorização de Transferência (ADT) e o certificado original, para que a transferência possa ser concretizada. Somente com a apresentação destes documentos o criador conseguirá transferir o animal para seu nome, usufruindo de todos esses benefícios e vantagens. Para a realização da transferência os documentos deverão ser enviados ao Setor de Expedição de Certificados da Girolando. Após os procedimentos internos, um novo certificado será enviado ao proprietário atual dos animais. Orientamos a todos que solicitem ou forneçam a ADT sempre que for realizada qualquer compra ou venda de animais registrados ou controlados, evitando, assim, possíveis transtornos. Vale lembrar que nos casos de venda parcelada ou venda a prazo o vendedor tem o direito de fornecer a ADT e o certificado original somente após a quitação da última parcela ou do valor total da dívida, conforme previsto em lei. Em alguns casos são realizados acordos entre as partes para a antecipação da transferência e liberação do certificado original. O formulário de ADT poderá ser solicitado a qualquer momento junto ao Departamento Administrativo da Girolando ou através do e-mail: girolando@girolando.com.br.
Devolução de comunicações e documentos Desde o ano passado, após auditoria do Mapa, o Setor de Controle de Genealogia da Girolando está devolvendo as comunicações de cobertura, nascimento ou qualquer outro tipo de documento referente ao Serviço de Registro Genealógico que não esteja devidamente preenchido. A falta de preencimento dos campos de registro ou controle, nomes dos pais e falta de preenchimento do número da CDC na comunicação de nascimento (CDN) são as pendências que ocorrem com mais frequência. Pedimos a todos os associados que preencham devidamente os formulários para evitar a devolução dos mesmos. Reposições de brincos de identificação Informamos que as reposições de brincos de registro ou controle e de rebanho de fundação devem ser solicitadas junto ao Setor de Controle de Genealogia, para que possam ser confeccionados e, em seguida, repostos por um técnico do SRGRG. A Associação está trabalhando junto à empresa fornecedora do material, um produto mais resistente e durável, que venha a minimizar a perda dos brincos de identificação. Leandro de Carvalho Paiva Superintendente Técnico
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Gestão 2011 – 2013
Dados dos Associados Associados ativos em 31/12/2010 Novos associados no período Associados que retornaram ao quadro Desligamento de associados Associados ativos em 15/07/2011 Balancete 01/01/2011 a 30/06/2011 Receitas Despesas Resultado Resultados (Janeiro/Junho – 2011) RGD RGN RF TOTAL
2.138 233 16 79 2.308 R$ 2.725.073,19 R$ 2.046.906,75 R$ 678.166,44 34.713 11.179 2.035 47.927
Megaleite 2011: A Megaleite, como a feira do Agronegócio do Leite, em sua 8ª edição, mostrou claramente o seu caráter de Mega evento. A Diretoria Executiva, desde o triênio anterior, já vinha trabalhando para garantir a sustentabilidade financeira do evento. Felizmente graças a iniciativas, bem sucedidas, com os Parceiros Masters, o trabalho e apoio de muitos, tivemos este ano uma emenda parlamentar do Deputado Federal Aelton Freitas, sempre amigo e prestativo, as contas do evento mantiveram-se equilibradas. Registros de Touros no Canadá: Atendendo solicitação do Canadá, o Brasil, através do MAPA, autorizou a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando a efetuar os registros de 05 animais, quatro machos e uma fêmea nascidos naquele país. Os embriões que deram origem a estes exemplares foram enviados a matriz da Alta Genetics, que viabilizou a viagem do Superintendente Técnico Leandro Paiva ao Canadá para os registros. Programa de Melhoramento Genético da Girolando: A Girolando adquiriu mais um automóvel Fiat – Uno, no valor de R$ 25.656,40 (vinte seis mil, seiscentos e cinquenta e seis mil reais e quarenta centavos), para melhor atender os serviços do nosso PMGG. Graças a intervenção direta do nosso associado e amigo Va-
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lentin Rizziolli, a quem agradecemos, a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, conseguiu ser atendida em condições especiais. Nossos esforços agora, são no sentido da renovação dos outros 03 veículos, que temos dentro parceria com o MAPA – EMBRAPA – Gado de Leite.
Fundo de Investimento para o Teste de Progênie: Durante a Megaleite 2011 foi realizada a 3ª reunião do Comitê Gestor e Fiscal do Fundo de Investimento do Teste de Progênie, com a participação dos proprietários de touros, representantes das centrais de inseminação artificial, da diretoria executiva, técnicos da Girolando e da Embrapa gado de leite. Entre vários assuntos discutidos relacionados ao teste de progênie, foi realizada a eleição do Comitê Gestor 2011/12 que ficou assim definido; representantes dos proprietários de touros os associados Roberto Antônio P. Melo Carvalho e Valério Machado Guimarães, pela diretoria executiva da Girolando, Milton de Almeida Magalhães Junior e Jônadan Hsuan Min Ma e os representantes das Centrais Márcio Nery (ABS PecPlan) e Christian Milani (Alta Genetics), as demais centrais poderão participar das reuniões, mas não terão direito a voto. Esse fundo de investimento foi criado para captação de recursos para o desenvolvimento do teste de progênie e marketing dos touros Girolando, sendo que para cada dose de sêmen vendida, R$ 0,60 (R$ 0,30 do proprietário do touro mais R$ 0,30 da central de inseminação) será creditado na conta específica do fundo de investimento. O repasse dos valores de janeiro a julho deste ano será realizado pelas Centrais de Inseminação no mês de agosto. Nos períodos subsequentes, os depósitos serão realizados mensalmente.
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Mérito Rural 2011 A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) comemorou, no dia 7 de julho, os seus 60 anos. Na mesma data – Dia do Produtor Rural Mineiro – foi entregue a Medalha do Mérito Rural. O vice-presidente da Girolando, Jônadan Ma, representou a entidade na solenidade. A comenda distingue pessoas e instituições que tenham prestado relevantes trabalhos em prol do meio rural em Minas Gerais ou no Brasil. Entre os homenageados com a Grande Medalha estão os deputados federais Aldo Rebelo (PCdoBSP) e Paulo Piau (PMDB-MG).
Núcleo Girolando MS O Núcleo Girolando MS promoveu, em julho, dois eventos no Mato Grosso do Sul. Criadores da região participaram da palestra “Impacto da reprodução e IATF na produção de leite”, ministrada pelo gerente técnico da MSD Saúde Animal, João Paulo Barbuio, no dia 21 de julho, no auditório da Acrisul. O outro evento promovido foi o 1º Leilão Virtual Núcleo dos Criadores de Girolando de Mato Grosso do Sul, no dia 24 de julho. Marketing reforçado Para alavancar ainda mais o crescimento da raça, a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando está investindo em marketing. A entidade conta agora com um Departamento de Comunicação e Marketing, que irá desenvolver a comunicação estratégica organizacional junto ao mercado nacional e internacional para promover a raça, além de seus produtos e serviço. “Teremos como base um sistema gerencial integrado, utilizando como ferramenta o composto de comunicação: propaganda, publicidade, assessoria de imprensa, promoção de vendas, parcerias, venda pessoal, internet, marketing direto e relações públicas. Buscaremos atingir, com a utilização holística de todos os elementos deste composto, uma comunicação transparente da nossa parte junto ao nosso consumidor-alvo”, disse o responsável pelo Departamento de Marketing, João Marcos Car-
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valho dos Santos. Segundo ele, uma comunicação bem planejada aumentará a aderência da marca Girolando na memória de seu público. “Vamos analisar a melhor forma de expor nosso produto/serviço, criar estratégias para nosso marketing corporativo, identificar nosso público alvo, nosso público em potencial, e alcançá-los de forma eficaz”, informou Santos.
SRC SUPPLY Buscando fornecer uma completa linha de produtos e equipamentos aos produtores e profissionais ligados ao agronegócio, a SRC Supply, com sede em Blumenau-SC, possui uma infraestrutura funcional e inteligente para melhor atender as necessidades do mercado. Em parceria com a multinacional ANICAM, a empresa disponibiliza linha completa de materiais como Tosquiadeiras, Cabrestos, Bomba de Drench, Spray Clear Magic, Tatuadores, Descongeladores elétricos de sêmen, entre inúmeros outros produtos importados dos EUA. Informações adicionais no site www.srcsupply.com.br ou por telefone (47) 3231.0444. Leilão A Fazenda Recreio realizou no dia 22/07, durante exposição de Cordeiro, estado do Rio de Janeiro, o 1º Leilão Fazenda Recreio e Convidados, com transmissão pelo canal Terra Viva. O leilão, que contou com a assessoria de BMB e Boi Assessoria, foi realizado pela EMBRAL Leilões e alcançou média, por animal, de R$9.414,19. Dentre os lotes mais valorizados do Leilão, destaque para doadora Jacutinga FR Recreio que teve comercializada 50% de suas cotas por R$12.000,00 e adquirida por José Orlando Bordin e a bezerra Zaida FR Recreio que foi licitada por R$16.800,00, e seu comprador foi Paulo Roberto Gerk Tavares.
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Criadores paulistas conhecem PMGG O Programa Girolando foi tema de palestra técnica realizada no dia 28 de maio, em São Luís do Paraitinga (SP). O técnico do ETR-SP da Girolando, Rafael Tavares, ministrou a palestra e destacou o avanço genético da raça e do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG). O evento, ocorrido na propriedade do criador Paulo Justos, contou com a presença do diretor da associação Eugênio Deliberato, do conselheiro da entidade em São Paulo, Adriano Ribeiro de Oliveira, e de diversos produtores da região. Reunião no ETR-SP No dia 31 de maio, aconteceu no ETR-SP a 1ª reunião administrativa de coordenação técnica. Participaram do encontro o responsável técnico do ETR-SP Euclides Prata, o conselheiro Adriano Ribeiro, o diretor Eugênio Deliberato e o criador José Alberto Paiffer Menk. Alguns dos assuntos discutidos foram a regulamentação, o fomento e a maior representação da raça junto ao Estado de São Paulo.
produção de leite. O técnico da Girolando, Bruno Viana, esteve no dia 9 de junho em Córrego Dantas para ministrar uma palestra com o tema “A raça Girolando e Teste de Progênie”. Mini-curso Bruno Viana também destacou as vantagens da criação da raça Girolando para estudantes de Uberaba (MG). No dia 7 de junho, ele ministrou o mini-curso “Diferenciação de graus de sangue em animais da raça Girolando” no Instituto Federal do Triângulo Mineiro. O evento fez parte da Semana de Ciências Agrária. CRV Lagoa Embryo Após lançar, com grande sucesso, o programa CRV Lagoa Embryo, disponibilizando embriões das raças Nelore e Guzerá em parceria com o Instituto de Zootecnia de Sertãozinho (IZ), a CRV Lagoa amplia a oferta e agora também disponibilizará embriões das raças Girolando e Holandês. Na raça Girolando, a parceria foi feita com a Fazenda Santa Luzia, tradicional criatório, localizada em Passos (MG), que fornecerá os embriões, e a empresa In Vitro Brasil, de Mogi Mirim (SP), que será responsável pelo processo de aspiração e da produção dos embriões. Dessa forma, a CRV Lagoa disponibiliza, além da sua consolidada bateria de touros, a outra metade que compõe a genética de um animal, oferecendo também fêmeas cuidadosamente selecionadas. Serão oferecidos pacotes de no mínimo 30 embriões transferidos ou congelados, sendo que o acasalamento dessas matrizes será realizado com sêmen sexado de fêmea da consolidada bateria de touros da CRV Lagoa.
Sêmen gratuito Produtores rurais da cidade mineira de Córrego Dantas receberão gratuitamente doses de sêmen de touros da raça Girolando para aumentar a produção de leite e a qualidade genética de seus rebanhos. As doações foram viabilizadas graças ao convênio firmado entre a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando e a Prefeitura de Córrego Dantas. O governo municipal desenvolve o programa “Nova Geração”, cujo intuito é promover o melhoramento genético do rebanho local. A Secretaria Municipal está fazendo o levantamento da quantidade de doses que serão necessárias para inseminar as fêmeas do rebanho local. Pelo convênio firmado, 70% das doses serão doadas pela Girolando e os outros 30% pela Prefeitura. O material genético fornecido pela associação pertence a touros participantes do 12º Grupo do Teste de Progênie, cujo objetivo é selecionar reprodutores geneticamente superiores para
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Depto. Técnico Depto. Financeiro / ADM / MKT Escritórios Técnicos Regionais (ETRs)
Cargo e/ou Setor Zootecnista - Superintendente Técnico do SRGRG Zootecnista - Sup. Técnico Substituto e Técnico do SRGRG Zootecnista - Técnico do SRGRG Zootecnista - Técnico do SRGRG Zootecnista - Técnico do SRGRG Zootecnista - Técnico do SRGRG Zootecnista - Técnico do SRGRG Méd. Veterinário - Coord. Operacional do PMGG e DPZ Zootecnista - Técnico do PMGG e DPZ Técnico Agrícola - Técnico do PMGG e DPZ Zootecnista - Técnico do PMGG e DPZ (Juiz de Fora/MG) Eng. Agrônomo - Departamento de Exposições e Ranking
Email lpaiva@girolando.com.br eneto@girolando.com.br fboaventura@girolando.com.br jlopes@girolando.com.br jsilva@girolando.com.br jferreira@girolando.com.br lbizinoto@girolando.com.br mcembranelli@girolando.com.br bviana@girolando.com.br ejunior@girolando.com.br wrodrigues@girolando.com.br salmeida@girolando.com.br
Telefone (34) 3331-6000 (34) 9972-3965 (34) 8835-7019 (34) 9134-8666 (34) 9972-7882 (34) 9978-2237 (34) 9972-2820 (34) 3331-6000 (34) 3331-6000 (34) 3331-6000 (34) 3331-6000 (34) 3331-6000
Eduardo Izoldi José Mauad Edlaine Boaventura Paula de Oliveira Renata Cristina Nabor Paim Carolina Castro Tassiana Giselle Jean Carlos Nivaldo Faria Jair Júnior Luiz Fernando João Marcos Larissa Vieira
Superintendente Geral Superintendente Administrativo/Financeiro Faturamento Cobrança Contas a Pagar e Grife Girolando Contabilidade Secretária da Presidência e Diretoria Secretária da Superintendência Técnica e Dep. de Julgamento Serviço de Controle Leiteiro Expedição de Certificados Controle de Genealogia Tecnologia da Informação Depto. de Comunicação e Marketing Assessora de Imprensa
eizoldi@girolando.com.br jfilho@girolando.com.br eboaventura@girolando.com.br pgoncalves@girolando.com.br rcarvalho@girolando.com.br npaim@girolando.com.br cteles@girolando.com.br / diretoria@girolando.com.br tsilva@girolando.com.br / djrg@girolando.com.br joliveira@girolando.com.br nfaria@girolando.com.br jjunior@girolando.com.br lmoura@girolando.com.br jsantos@girolando.com.br imprensa@girolando.com.br
(34) 3331-6000 (34) 3331-6000 (34) 3331-6000 (34) 3331-6000 (34) 3331-6000 (34) 3331-6000 (34) 3331-6000 (34) 3331-6000 (34) 3331-6000 (34) 3331-6000 (34) 3331-6000 (34) 3331-6000 (34) 3331-6000 (34) 3331-6000
ETR-BH (Belo Horizonte) Jesus Lopes Júnior André Junqueira Nilo do Valle Katislene Oliveira
Coordenador Técnico Zootecnista - Técnico do SRGRG Zootecnista - Técnico do SRGRG Secretária
jlopes@girolando.com.br ajunqueira@girolando.com.br nvale@girolando.com.br etrbh@girolando.com.br
(34) 9134-8666 (37) 9964-8872 (31) 9954-7789 (31) 3334-5480
ETR-RJ/ES (Itaperuna) Fernando Boaventura Érico Ribeiro Lucas Facury Ariane
Coordenador Técnico Zootecnista - Técnico do SRGRG Zootecnista - Técnico do SRGRG Secretária
fboaventura@girolando.com.br eribeiro@girolando.com.br lfacury@girolando.com.br etrrj@girolando.com.br
(34) 8835-7019 (28) 9939-1501 (22) 9862-8480 (22) 3822-3255
ETR-SP (Jacareí) Euclides Prata Rafael Ribeiro Márcia
Coordenador Técnico Méd. Veterinário - Técnico do SRGRG Secretária
eneto@girolando.com.br rribeiro@girolando.com.br etr_jacarei@girolando.com.br
(34) 9972-3965 (12) 9779-2333 (12) 3959-7292
ETR-GO/DF (Goiânia) Limírio Bizinotto Carlos Eduardo Vanessa
Coordenador Técnico Méd. Veterinário - Técnico do SRGRG Secretária
lbizinoto@girolando.com.br calmeida@girolando.com.br etr_goiania@girolando.com.br
(34) 9972-2820 (62) 8175-3720 (62) 3203-5813
ETR-NE (Recife) Pétros Medeiros Janaina
Méd. Veterinário - Técnico do SRGRG Secretária
pmedeiros@girolando.com.br etr_recife@girolando.com.br
(34) 9807-1040 (34) 3331-6000
Relação de Núcleos
Representante
Empr. Prest. de Serviços
Associação Brasileira dos Criadores de Girolando
Nome Leandro Paiva Euclides Prata Fernando Boaventura Jesus Lopes Júnior José Renes Juscelino Ferreira Limírio Bizinotto Marcello Cembranelli Bruno Viana Edivaldo Júnior Wewerton Rodrigues Sérgio Esteves
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Campo Grande – MS Guarantã do Norte – MT Itarumã – GO Itabuna – BA Ji Paraná – RO Lajinha – MG Lins – SP Maceió – AL Paracatu – MG Salvador – BA
Contato Email Dagmar Ferreira dagmarezende@hotmail.com Heitor Corrêa heitor.cl@bol.com.br Jurandir Ribas ribas.mt@hotmail.com Rubens Assis plantarecolher@uol.com.br Jorge Miranda Guilherme Pereira ghpguilherme@gmail.com Antônio Carlos acarlosbrum@bol.com.br Marcelo Junqueira marcelo.medvet@ig.com.br Domicio Arruda domicioarrudasilva@superig.com.br Ironaldo Monteiro ironaldoam@hotmail.com João Batista joaobmelo@oi.com.br Marcelo Schettini macelovet2007@hotmail.com Nivio Bispo niviovet@hotmail.com
Aracaju – SE Ranilson Cavalcanti Arapongas - PR Gilmar Sartori Brasília – DF Luiz Ricardo Barra do Garças – MT Adelino José Cacoal – RO Pedro Alves Cuiabá – MT Luiz Henrique Garanhuns – PE Igor Cunha Ana Carolina Goiânia – GO Márcio Antônio Gurupi – TO Pedro da Silveira Jataí – GO Loni Soares Novo Mundo – MT Luiz Solano Palmas – TO Nicolau Muzzi Terra Nova do Norte – MT Anderson Linares Tomé Açu – PA Rogério Barbosa www.girolando.com.br - (34) 3331-6000 (PABX) - Vanessa/Daniella
ranilsonrego@yahoo.com.br gilmarsartori@yahoo.com.br lrdecastro@gmail.com adelino.robl@hotmail.com pedromariba@hotmail.com lhvargas@uol.com.br igor@locusgenetica.com.br anakrolcabral@yahoo.com.br mutigor@uol.com.br iatogpi@bol.com.br lonifilho@yahoo.com.br solanoagro@bol.com.br topsemenn@yahoo.com.br sonalf@bol.com.br samvetilab@bol.com.br
Telefones (67) 9231-7121 / 9679-3440 (67) 9997-8464 (66) 9991-1128 / 9967-5232 (64) 3659-1276 / 9244-2320 (73) 3212-5832 / 8822-4626 (69) 3421-5736 / 9981-6745 (33) 3331-1183 / 9905-6480 (14) 3522-5952 / 9785-1739 (82) 3358-5082 / 9997-0088 (82) 3235-1625 / 8816-9960 (82) 9981-9085 (38) 3671-5750 / 9962-1517 (71) 3115-2728 / 8879-2657 (79) 3247-3326 / 9971-1335 (43) 3275-1811 / 9972-7576 (61) 9676-7207 (66) 3401-5787 / 8114-9999 (69) 3225-2942 / 9225-7025 (65) 8138-041 (87) 3761-5486 / 9639-3906 (62) 3249-6343 / 8404-6136 (62) 8420-4540 / 9607-2078 (63) 3312-4591 / 8127-0080 (64) 8402-3918 / 9964-3465 (66) 3539-6103 / 9209-7898 (63) 3215-4178 / 9911-9872 (66) 9622-6622 (91) 3734-1558 / 9114-3400
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