CD Luciano Salvador Bahia

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SALVADOR QUINTA-FEIRA 29/5/2014

CENA Texto escrito nos anos 70 será a 91ª montagem dirigida por Márcio Meirelles

Teatro Vila Velha comemora 50 anos com Jango, peça de Glauber

Arquivo Ag. A TARDE

Arquivo A TARDE

Glauber Rocha: Jango é o único texto para teatro feito por ele

O presidente Jango foi deposto pelo Golpe Militar de 1964

O diretor Márcio Meirelles comemorou 60 anos de idade

O Teatro Vila Velha sagra-se como espaço de arte e cidadania

O Tetro Vila Velha comemora 50 anos de fundação em grande estilo. O diretor teatral Márcio Meirelles, que na última segunda-feira completou 60 anos de idade, anuncia que vai dirigir, com os atores da Universidade Livre do TVV, o único texto para teatro feito pelo cineasta Glauber Rocha. Trata-se da peça Jango, escrita em 1976, que aborda a vida do presidente João Goulart durante o exílio, depois de ser deposto pelo Golpe Militar de 1964. Meirelles, 42 anos de teatro, revela que a montagem, contada a partir do ponto de vista de Jango, conta com personagens da época, como Luis Carlos Prestes, Carmem Miranda, Luis Buñuel, Regis Debray e Miguel Arraes. A previsão de estreia é o dia 31 de julho.

Fernando Vivas /Ag. A TARDE

Grande produtividade

“Tenho grande admiração pelo pensamento político e estético de Glauber Rocha” MÁRCIO MEIRELLES, diretor

sas Perdidas, peça que dialoga com o filósofo Slavoj Zizek e o clássico Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. Em Defesa das Causas Perdidas, obra homônima de Slavoj Zizek, investiga o cerne das chamadas políticas totalitárias. O diretor baiano afirma que a ideia de montar Jango surgiu quando trabalhava nas peças

Hamlet e Macbeth, em comemoração aos 450 anos de Shakespeare.

Golpes

“Estas peças falam de golpes para tomada de poder. Um belo dia, discutindo, caiu a ficha e me lembrei que, desde o final da década de 80, tinha este texto de Glauber, que também fala do

golpe e tem tudo a ver com os 50 anos do Vila e 50 anos da ditadura militar”, frisa. Ainda segundo o encenador, o texto foi escrito durante os dias 13 e 15 de novembro de 1976 e termina com a morte hipotética de João Goulart. O que não deixa de ser curioso, pois na vida real, pouco menos de um mês depois, em 6

Mazzo Guimarães/ Divulgação

MÚSICA

Abstraia, Baby é o nome do mais novo disco de Luciano Salvador Bahia. O show de lançamento acontecerá hoje, às 20h30, no Café-Teatro Rubi, pelo projeto Quanto Vale seu Aplauso, em que a plateia decide quanto deve pagar. Cantor, compositor, violonista, pianista e produtor musical, Luciano segue uma carreira múltipla desde 1986. A direção artística do álbum é assinada por Leonel Pereda e Ronaldo Bastos, mas toda a parte de arranjos e gravações no estúdio ficaram por conta de Luciano. Com 11 faixas, o disco é completamente autoral. E sobre o seu processo de composição, o artista conta que na relação entre letra e música uma completa a outra. "Às vezes, você tem uma letra simples, mas quando junta com a música, resulta numa canção incrível". Artista múltiplo, Luciano revela que se sente realizado mais

60 anos

Sobre como encarou fazer 60 anos, Meirelles disse que é um marco que provoca reflexões. “Mas sou muito feliz em ter o privilégio de estar lúcido, produtivo, compartilhando o saber. Não gosto quando me chamam de jovem. Acho que, com o passar do tempo, temos uma visão mais alargada da vida e nos tornamos mais generosos”, concluiu o encenador.

Obra do historiador Frede Abreu será lançada hoje, no Forte Santo Antônio

realizado na composição: "É a parte que mais me interessa, é onde posso mostrar o meu trabalho de forma mais completa". Enredos curiosos e situações inusitadas dominam as letras do compositor, a exemplo de A Noite de Ontem Nunca Aconteceu e Vergonha.

EDUARDA UZÊDA ABSTRAIA, BABY / LUCIANO SALVADOR BAHIA

SELO DUBAS/ DISTRIBUIÇÃO UNIVERSAL

Parcerias

No disco, há participações de amigos e parceiros de trabalho, como a cantora e compositora Cláudia Cunha. "Já tocamos juntos, dirigi trabalho dela, somos parceiros de muito tempo", diz Luciano. Cláudia é parceira em Nem Venha e uma das convidadas do show. “Ela me deu uma melodia e me pediu para fazer algo curto e simples. Só que acabei fazendo algo completamente diferente”, diz ele, que também vai receber Márcia Castro no palco. No disco, outra parceria de longa data é com Fabiano Xavier. Ambos compuseram Maciota.

Meirelles fala de sua relação com o cineasta: “Tenho grande admiração pelo pensamento político e estético de Glauber Rocha. Ele faz parte da minha formação, assim como Zé Celso, Milton Santos, Celso Furtado, entre outros”, acrescenta. Márcio explica por que a opção de montar o texto com alunos da Universidade Livre do TVV: “Este projeto, a universidade, é a síntese do que tem sido o Vila Velha, um centro de formação, inovador, de construção de atores políticos, que entendam que fazer teatro implica um compromisso com a sociedade”, diz, acrescentando que a juventude não tem referência de quem foi realmente Jango, da sua importância para o país. “O texto de Glauber mostra que a circunstância é que faz a ação e que quando se está em determinados lugares e se tem que tomar decisões, nem sempre elas são do seu agrado pessoal. Jango, por exemplo, poderia ter resistido. Ele tinha apoio, mas sabia que poderia haver uma greve civil”, frisou.

LETRAS

Luciano Salvador Bahia lança segundo CD no Café-Teatro Rubi GISLENE RAMOS

de dezembro do mesmo ano, Jango morreu durante o exílio em sua fazenda em Mercedes, na Argentina. A peça, além do regime militar, trata de períodos como a Era Vargas, os governos de Juscelino e Jânio Quadros. Possivelmente, como o cineasta baiano trabalhava com audiovisual, a montagem poderá utilizar deste recurso. “Mas não posso dizer com certeza. São coisas que se decidem durante o processo”, enfatiza o diretor.

Admiração por Glauber

EDUARDA UZÊDA

Sem dúvida o diretor mais produtivo de teatro este ano – desde janeiro já montou as peças Troilus e Créssida, Por Que Hécuba, O Último Godot, Esperando Godot, além de Experimentos Macbeth e Hamlet –, Meirelles anuncia nova montagem do romeno Matéi Visniec. E mais: em junho, em Cabo Verde, dirige Em Defesa das Cau-

Fernando Vivas / Ag. A TARDE

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MUSIC / R$ 19,90

No show de hoje, Luciano conta com convidadas especiais

O ator, cantor e compositor Eduardo Dussek se junta a Luciano na bem humorada Tango do Mal. Já a cantora e cineasta Ava Rocha divide os vocais na música Não Precisa, uma carente dor de cotovelo. Para Luciano, na música brasileira, sobretudo dos anos 1970 e 80, havia uma maior diversificação de temas e foi um

período com mais liberdade musical. O artista diz que se nutre do cotidiano em suas composições: "O comportamento das pessoas me interessa, gosto de observar as coisas do dia a dia e gosto de falar disso nas minhas letras”. Apesar da música brasileira ter um histórico de abordar diversos assuntos, Luciano ironi-

za: “Hoje em dia, eu costumo dizer que você tem duas saídas, ou faz música para as pessoas dançarem, ou faz uma música de amor". LANÇAMENTO DO CD ABSTRAIA BABY, DE

A obra Batuque, Luta Braba, do historiador Frede Abreu (1946-2013), terá lançamento, hoje, às 18 horas, no Forte do Santo Antônio. A obra, selecionada pelo edital Arte em Toda Parte, da Fundação Gregório de Matos, e editada pelo próprio Acervo de Frede Abreu, visa difundir, trazer a origem, a musicalidade e a importância do batuque para várias manifestações populares. O prefácio do livro é do antropólogo e poeta Antônio Risério, amigo do historiador que dedicou a vida aos estudos e difusão da capoeira e manifestações populares, além de lutas similares, como a punga, o batuque, o tambor de crioula, a bassula e o mouringue.

LUCIANO SALVADOR BAHIA / HOJE, ÀS 20H30, CAFÉ-TEATRO RUBI (SHERATON HOTEL

LANÇAMENTO DE BATUQUE, LUTABRABA /

DA BAHIA) / CAMPANHA QUANTO VALE SEU

HOJE, 18H/ FORTE DE SANTO ANTÔNIO ALÉM

APLAUSO (PAGUE QUANTO QUISER)

DO CARMO / CENTRO HISTÓRICO/ GRÁTIS

Cena alternativa local canta Caymmi

Clube do Vinil tem reuniões no Portela

O poeta Lahirí Galvão e os músicos Rafael Pondé, Peu Tanajura, Ricardo Machado e Felipe Guedes apresentam nesta quinta-feira sua própria homenagem ao centenário de Dorival Caymmi. O show O Que é Que o Baiano Tem? levará ao palco do Commons Studio Bar parte do repertório de Dorival nos arranjos próprios da banda. Para abrir a pista, o evento conta com a participação da DJ Anap. Os ingressos custam R$ 10 na lista amiga (no www.commons.com.br) e R$ 15 na porta da casa. Hoje, às 22 horas.

A partir de hoje, quinta-feira sim, quinta-feira não, o Portela Café abriga as reuniões quinzenais do Clube do Vinil. A proposta do Clube, idealizado por Antonio Portela, é de promover a interação entre os apreciadores dos bolachões – com música, cerveja gelada e comidinhas para incrementar os encontros. A novidade é um desdobramento das três edições da Feira do Vinil já realizadas no Portela – e que continuam: dia 8 tem. Colecionadores ou não, todos são bem-vindos à reunião, que tem entrada livre.

CURTAS Os Dois Brasis ganha segunda edição Nesta sexta-feira, a partir das 19 horas, acontece o relançamento da obra Os Dois Brasis, do professor Germano Machado. O evento, que será realizado na Casa de Cultura da Câmara Municipal (Centro), marca a comemoração dos 50 anos de publicação da obra, que em 2014 chega à sua segunda edição. O livro é uma breve introdução ao clássico Os Sertões, de Euclides da Cunha. Nele, há uma citação inicial de Afrânio Coutinho sobre o estilo euclidiano, além de capítulos sobre a obra Os Sertões.

Vaner Casaes / Ag. A TARDE /23.7.2011

O professor Germano Machado publicou o livro há 50 anos

Rumos 2014 anuncia 104 selecionados João Donato, Siba, Nação Zumbi. Estes são alguns dos 104 nomes selecionados pelo programa Rumos 2014, do Itaú Cultural, dentre 15.120 inscritos. Também estão na lista projetos como Memória João das Neves - 50 anos de teatro brasileiro, que propõe a organização e disponibilização do acervo do dramaturgo, fundador do Grupo Opinião. Neste ano, pela primeira vez, o Itaú Cultural rompeu com o modelo tradicional de patrocínio no país, deixando de selecionar iniciativas em áreas específicas, como artes visuais e música,

para separá-las por modalidades de produção cultural: formação, divulgação de repertório, finalização.

A partir deste ano, o Programa Rumos passou a receber propostas por modalidades de produção cultural


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