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Capítulo 4 - Sincretismos

- C A P Í T U L O I V -

Sincretismos

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SINCRETISMO É UMA PALAVRA MUITO utilizada para descrever a fusão de diferentes cultos religiosos, ou a síntese de elementos originários de visões diversas do mundo. Aqui vamos usar essa palavra para descrever a ocupação do território brasileiro no tempo presente, uma vez que essa abriga povos de origens distintas.

Mapa das comunidades remanescentes de quilombos de São Paulo

Desenho de Luisa Quintal

COMUNIDADES QUILOMBOLAS

Além dos núcleos urbanos fundados por vilas a mando da Coroa Portuguesa, se formaram também as comunidades quilombolas, remanescentes de quilombos, que são hoje, no estado de São Paulo, compostas por mais de 1,4 mil núcleos familiares. Pode-se observar que elas emergem no entorno da cidade de São Paulo, entretanto, as vilas formadas no interior do estado também foram submetidas ao domínio da Coroa e interferências desta com diversas reformas urbanas na intenção de recriá-las aos moldes das cidades europeias.

Habitação Quilombola de Ubatuba

Desenho de Luisa Quintal

SINCRETISMO ENTRE OCUPAÇÕES INDÍGENA, QUILOMBOLA E IMIGRANTE

A cidade Ubatuba, no Estado de São Paulo, onde desaguam na Bacia de Ubatuba os rios Grande e Indaiá possui quatro comunidades quilombolas reconhecidas, o Quilombo da Caçandoca, Quilombo do Camburi, Quilombo Fazenda Picinguaba e Quilombo Sertão do Itamambuca. As construções atuais misturam os saberes e técnicas tradicionais dos indígenas e dos povos africanos como o uso de materiais naturais, como técnicas de pau a pique e adobe, bambu, cipó e madeira com as técnicas dos povos colonizadores, como o uso da alvenaria.

ALDEAMENTOS INDÍGENAS

Os aldeamentos indígenas tiveram enorme importância no projeto de expansão e manutenção do poder da Coroa Portuguesa na região central do, hoje, Brasil. Serviram como instrumento de combate, principalmente, aos povos Kayapó, que resistiram por longo tempo à dominação portuguesa. Através do Mapa da Capitania Geral de Goiás é possível notar toda a violência empregada no domínio do território em um curto período de tempo. (DIAS, 2017)

Planta da aldeia São José de Mossâmedes de 1774 (s/ registro de autoria).

Fonte: DIAS, 2017.

Planta do aldeamento indígena de São José de Mossâmedes, (s/d e s/ registro de autoria).

Fonte: CHAIM, 1983.

Planta do aldeamento indígena de São José de Mossâmedes de 1774.

Desenho de Amanda Reis a partir da Planta da aldeia de S. Iosé de Mosamedes, de 1774, alterado por Thiago C. Dias (2017).

ALDIA DE SÃO JOSÉ DE MOSSÂMEDES

O plano da aldeia de São José de Mossâmedes serviu como modelo e suporte para a fundação de outros aldeamentos pelo sertão posteriormente. Apresentava “arquitetura racionalmente pensada para tornar os aldeados produtivos, civilizados e cristãos” (DIAS, 2017). Além disso, foi pensado como barreira para a proteção de Vila Boa de Goiás e como expansão do território de disputa com os Kayapó. (DIAS, 2017)

Projetos de ALDEIAS para civilizar "ÍNDIOS"

Desenho de Amanda Reis.

Quilombo de Redenção, próximo de Natividade

A edificação aparenta ser de pau a pique com a cobertura cerâmica, indicando a influências mistas em suas construção Desenho de Mariana Lamenza

Aldeamentos indígenas para

Durante o processo de dominação , a Coroa tentou criar diversos aldeamentos, presumidamente segundo os padrões retilíneos europeus. Uma dessa aldeias foi Graciosa, que após anos de negligencia, falhou e resultou em conflitos entre os indígenas e não indígenas Desenho de Mariana Lamenza

Destruição do Quilombo dos Piolhos e a recaptura dos escravos que neles se abrigavam. Os abutres sobrevoando a construção indicam que o ataque deixou vítimas fatais.

Colagem digital de Giulia Sgarbi. Adaptado de: Moacyr Freitas

O QUILOMBO DOS PIOLHOS

Ao mesmo tempo que Villa Bela - nova capital planejada pela coroa do Mato Grosso prosperava, a população quilombola crescia. O grande Quilombo dos Piolhos, onde escravos e indígenas fugitivos da região de Vila Bela se abrigavam, foi destruído em 1770. A arquitetura quilombola, no Brasil - o que também, através de pesquisas, parece englobar o que acontecia na região do Pantanal - era feita por meio de técnicas construtivas de terra crua (como o pau-a-pique), com ripas e varas amarradas em forma de grelha e posteriormente embarreadas. A cobertura deveria ser leve - pois a parede não suportava muito peso - e normalmente era feita de palha.

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