Giulia Vercelli - Trabalho Final de Graduação

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Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) - POLITECNICO DI TORINO

O APITO EM NOVO TOM IL FISCHIO IN UN NUOVO TONO PROPOSTA DE REINSERÇÃO E REQUALIFICAÇÃO DO CONJUNTO INDUSTRIAL DA ANTIGA "COMPANHIA FIAÇÃO E TECELAGEM SÃO PEDRO"

Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo A.A. 2014

GIULIA VERCELLI - 143496 ORIENTADORAS: PROF. REGINA ANDRADE TIRELLO (UNICAMP) PROF. CHIARA LUCIA MARIA OCCELLI (POLITECNICO)


O APITO EM NOVO TOM

AGRADECIMENTOS O projeto de restauro é sempre uma tarefa complexa, que requer um grande investimento de conhecimento, experiência e boa vontade de muitas pessoas. A minha experiência pessoal tem sido ainda mais intensa, por ter passado os últimos dois anos longe da minha família, em um ambiente que me acolheu calorosamente. Gostaria de agradecer a todos aqueles que me apoiaram nesta fase da minha vida, seja de perto ou longe. À Helena Gatti por ser uma das pessoas mais especiais que eu tive a sorte de conhecer e com quem compartilhei a primeira parte deste trabalho. Aos meus pais por terem plenamente me apoiado e ao Fernando pelas excelentes revisões ortográficas portuguesas. A minha orientadora brasileira, professora Dra. Regina Tirello, que tem acompanhado e disponibilizado todo o seu conhecimento para o êxito do presente trabalho. Agradeço a professora Chiara Occelli pelo seu interesse em meus estudos e por ter adicionado a perfeita complexidade para esse trabalho. Também gostaria de agradecer as pessoas que me ajudaram a realizar tal projeto, com apoio e conselhos de grande valia.


O APITO EM NOVO TOM

O presente Trabalho Final de Graduação é o resultado de uma frutífera experiência internacional realizada na UNICAMP a fim de atingir o duplo diploma italo-brasileiro. A primeira parte do trabalho foi realizada a quatro mãos pelas alunas Giulia Vercelli (Politecnico di Torino) e Helena Gatti (Unicamp). A dimensão física do objeto de estudo, a quantidade significativa de material a ser levantado, as limitadas pesquisas existentes e o interesse das autoras para o patrimônio industrial, fizeram com que a decisão de formar essa equipe de trabalho fosse necessária, mas também espontânea. Os estudos realizados em conjunto fizeram com que pela primeira parte deste trabalho se chegasse a uma única diretriz de preservação e a uma única proposta de intervenção. Como este é um trabalho final que envolve estudantes de dois países (Brasil e Itália), onde a primeira parte contém premissas comuns e o processo de projeto em si tem sido desenvolvido de forma individual, decidiu-se inventar um edital de concurso como tentativa para justificar e tornar ainda mais interessante esta colaboração. CONCURSO PARA A REINSERÇÃO E REQUALIFICAÇÃO DO CONJUNTO INDUSTRIAL DA ANTIGA “CIA. FIAÇÃO E TECELAGEM SÃO PEDRO” Objeto do concurso: A prefeitura de Itu (SP), em colaboração com o CONDEPHAAT e o IPHAN, está realizando um concurso de projeto para a restauração e requalificação da antiga fábrica São Pedro. A ideia da competição vem da delicada situação do patrimônio arquitetônico de Itu. A cidade é rica em história e arquitetura, mas a política municipal por muitos anos têm voltado sua atenção para o crescimento econômico da cidade, deixando em segundo plano a proteção dos bens. Propõe-se a requalificação da antiga fábrica São Pedro como um grande recipiente de várias atividades com o maior número de usos possíveis. Esta será aberta ao público, irá ativar o espaço público do entorno e se relacionar com os outros bens do centro histórico. Trata-se de uma arquitetura de grande valor para a cidade de Itu, tanto do ponto de vista da memória do trabalho quanto do tipo de arquitetura industrial. A competição tem como objetivo identificar um projeto para a requalificação do complexo industrial e sua reinserção no contexto urbano. O programa do projeto precisará acomodar usos mistos compatíveis com a estrutura existente. Todos os eventos e atividades têm que reativar o espaço público envolvente e criar conexões com o centro da cidade. Cabe aos concorrentes gerar o programa mais adequado para o seu bom funcionamento. Elegibilidade das ações: Exige-se uma refuncionalização geral do complexo, onde os novos fluxos e caminhos sigam e evidenciem o antigo processo fabril. Não são permitidos projetos que violem a compatibilidade de usos e não atendem as restrições sobre a estrutura fabril. Qualquer tipo de remoção deve ser justificada por análises aprofundadas.


O APITO EM NOVO TOM SUMARIO

1.

INTRODUÇÃO

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2. CONTEXTO 2.1 Gente de quem? 2.2 Itu hoje 2.2.1 Educação e Cultura 2.2.2 Transportes 2.2.3 Economia 2.2.4 Turismo 2.2.5 Esporte e Lazer . Novos Projetos

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3.

p. 12

ITU E SUA VOCAÇÃO PATRIMONIAL 3.1 O crescimento urbano ao redor do centro histórico 3.2 Linha do tempo: cidade + patrimônio 3.3 O centro histórico 3.4 A preservação do Patrimônio Arquitetônico 3.5 A atuação do CONDEPHAAT 3.6 PAC – Cidades Históricas 3.7 O tombamento Municipal da “Companhia Fiação e Tecelgem São Pedro” 3.8 O tombamento Municipal da “Vila Operária da Fábrica São Pedro”

4. BREVE HISTÓRICO DA CIDADE DE ITU 4.1 De vila a município 4.2 O novo produto: o algodão 4.3 O pioneirismo da Fábrica São Luiz 4.4 O incentivo à vinda de insústrias para a cidade e “...a São Pedro nasce com mentalidades do século XX”

p.25

5. A “SÃO PEDRO” E O APITO COMO NOVO SÍMBOLO DE MARCAÇÃO DO TEMPO p.29 5.1 A história e as instalações da antiga Fábrica 5.2 A Fábrica e o operariado 5.3 Entrevista com o sr. Benedito Caldas, um antigo funcionário da Tecelagem e os contornos físicos e sociais de uma fábrica 5.4 Os efeitos da concorrência internacional 5.5 A vida que continua 6.

ARGUMENTAÇÃO CRÍTICA E TEÓRICA 6.1 Restauro Crítico 6.2 Patrimônio Industrial 6.3 Patrimônio e Cidade 6.4 Patrimônio e Sustentabilidade

7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO. O CONJUNTO ARQUITETÔNICO INDUSTRIAL E SEU CONTEXTO URBANO 7.1 Metodologia de reconhecimento dos edifícios preexistentes 7.2 Reconhecimento do Entorno 7.2.1 A inserção urbana do conjunto arquitetônco da antiga Fábrica 7.2.2 A Vila Operária 7.2.2.1 Estado de Conservação das casas

p.36

p.41

7.2.2.2 A “Planta Tipo” 7.3 Documentação e avaliação dos edifícios da Fábrica 7.3.1 Registro Fotográfico: O Fora 7.3.2 Registro Fotográfico: O Dentro 7.4 Estudo da Cronologia Arquitetônica 7.5 O Processo Fabril 7.6 Avaliação dos Edifícios do Conjunto Arquitetônico. Blocos 7.7 Levantamento Métrico e Desenho de Fachadas 7.7.1 O conjunto 7.7.2 Blocos 7.7.3 Estruturas de telhado 8.

LEGISLAÇÃO

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9.

PROJETOS DE REFERÊNCIA 9.1 SESC Pompéia 9.2 El Matadero Municipal de Madrid 9.3 Can Batlló. Barcelona, Espanha 9.4 Red Bull Music Academy. Matadero, Madrid 9.5 Cittadellarte, Fondazione Pistoletto. Biella, Italia 9.6 Gunpowder Mill. Waltham Abbey, Reino Unido

p.88

10. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO p.95 10.1 O intercruzamento das escalas arquitetônicas 10.2 Os fluxos autais da cidade de Itu e sua interferência na experiência urbana 10.2.1. Mudança de hábitos 10.3 Demandas e relações urbanas identificadas 10.3.1. Desafio do projeto: promover uma melhor gestão dos cidadãos de um outro “pedaço de cidade” 10.4 A proposta 10.4.1 A Recuperação da importância urbano-social do Conjunto Industrial da “Fábri- ca São Pedro” 10.4.2 Diretrizes de projeto 10.4.3 O solo 10.4.3.1. Os espaços abertos: a praça e os terraceamentos 10.4.3.2. Circulação interna e permeabilidade 10.4.4 Releitura tipológica das arquiteturas: uma cidade em fábrica 10.4.4.1. A cerca: limitação ou recurso projetual? 10.4.4.2. As portas 10.4.5 As novas funções 10.4.6 Diretrizes de intervenção 10.4.6.1. Conservação das caractéristicas fabris e arquitetônicas marcantes 10.4.6.2. Demolições 11. BIBLIOGRAFIA p.117

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O APITO EM NOVO TOM

TEXTOS ESCRITOS EM COAUTORIA POR GIULIA VERCELLI E HELENA GATTI


O APITO EM NOVO TOM

1. INTRODUCAO

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O APITO EM NOVO TOM 1. INTRODUCAO

“UM FIO QUE VENCEU 80 ANOS DE DESAFIOS”

Figura 01: Imagem do Folder comemorativo dos 80 anos da Companhia.

Este Trabalho Final de Graduação trata do levantamento arquitetônico e urbanístico-contextual da “Companhia Fiação e Tecelagem São Pedro”, desenvolvendo estudos relacionados ao significado memorial da Fábrica para a cidade de Itu e proposta de reabilitação e restauração predial para reinserção do conjunto arquitetônico ao ambiente urbano e social da cidade de Itu. A escolha de nosso objeto de estudo insere este trabalho no campo de pesquisa do patrimônio industrial e se deve à constatação da sua importância econômica e social para a cidade, bem como ao reconhecimento de um processo de reorganização urbana de fluxos e eixos de importância que afetou diretamente a área de implantação da antiga Fábrica. O fato a que nos referimos é a abertura da Avenida Galileu Bicudo em 2008 sobre o antigo leito ferroviário que por ali passava e às margens do qual se localiza a Fábrica São Pedro, aí instalada há 104 anos atrás. Itu, uma cidade tradicionalmente ligada às suas raízes caipiras, vive um momento importante em sua história em razão do surgimento deste novo eixo de organização urbana. Sua abertura foi responsável por reformular os fluxos da cidade, induzindo, com isso, novos pontos de interesse e desenvolvimento, novos caminhos para a fruição urbana. A “Companhia Fiação e Tecelagem São Pedro” iniciou oficialmente suas atividades com a produção de artigos têxteis na cidade de Itu em 1911. Famosa por adotar tudo o que havia de mais moderno na Europa, a tecelagem trouxe para o Brasil máquinas avançadas e técnicos europeus para orientar a produção e treinar a mão-de-obra local, a qual viria a ser sua futura geração de técnicos. A Fábrica, sinônimo de estabilidade e progresso, foi a maior das tecelagens que se instalaram em Itu e colaborou para a projeção da cidade no cenário têxtil industrial do estado de São Paulo e até mesmo do Brasil. Após o final da Primeira Guerra Mundial, foram construídas em seu entorno 100 casas destinadas a funcionários. Criou-se também uma cooperativa, além da construção de uma escola e um clube recreativo que contava com teatro e biblioteca, que na época somavam mais de 2000 empregos diretos, para funcionários e seus familiares. Essa postura colaborou para que a relevância da “Cia São Pedro” e seu empenho social sejam facilmente rotineiramente mencionados pelos cidadãos que viveram seu pleno funcionamento. A Cia Fiação e Tecelagem São Pedro inquestionavelmente pertence à memoria da cidade e representa um elemento do patrimônio sociocultural e arquitetônico profundamente enraizado na sociedade ituana. Basta iniciar uma “prosa” sobre o tema e as lembranças das pessoas de mais idade se apropriam do cenário urbano-industrial como palco para se descortinar. As dinâmicas cotidianas de grande parte dos ituanos foram por muito tempo ligadas ao apito da São Pedro, aos momentos da rotina de trabalho que ditavam um ritmo, um modo de viver cada dia. Além de ter sido de extema relevância para a economia e para o crescimento urbano da cidade, na medida em que constituiu-se como irradiador da ocupação dos arrabaldes da cidade, o “lado de lá” da ferrovia. Hoje a antiga Fábrica ressurge na paisagem urbana interpretando um novo grande papel, oferecendo-se ao seu entorno como potencial abrigo de novos usos e equipamentos para a melhoria da qualidade de vida da população, num momento em que a cidade carece de espaços públicos de qualidade, de centralidades urbanas coerentes com a expansão territorial sofrida nos últimos anos. A proposta deste TFG é a reabilitação consciente do edifício, considerando seus aspectos morfológicos, funcionais, estruturais, culturais e sociais, além de considerar o desenvolvimento urbano do entorno, as futuras diretrizes municipais para esta região da cidade, a vocação patrimonial já consagrada da cidade e as atuais e futuras demandas da sociedade local.

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O APITO EM NOVO TOM

2. A CIDADE DE ITU

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O APITO EM NOVO TOM 2. A CIDADE DE ITU

2.1. GENTE DE QUEM?

Figura 02: Infográfico do fenômeno de conurbação em ocorrência entre Itu e Sorocoba e Itu e Salto/Indaiatuba.

A construção de condomínios na cidade iniciou-se há, aproximadamente, 40 anos atrás, quando foi lançado o primeiro condomínio residencial fechado do Brasil, o Terras de São José. Destinado a um público bastante abastado, o condomínio chamou a atenção das incorporadoras e investidores imobiliário para esse novo potencial a ser explorado na cidade que, atualmente, conta com inúmeros outros condomínios de grande, médio e pequeno porte. Esse perfil de “cidade refúgio” atrai para Itu diferentes tipos de habitantes e frequentadores: os que moram e trabalham na cidade, pessoas que praticam movimento pendular entre Itu e as cidades da região (especialmente São Paulo) e outros que se deslocam para Itu durantes finais de semana, feriados e férias, além, claro, dos tradicionais turistas. Nesse sentido, é notável o aumento da quantidade de pessoas em supermercados e todo o comércio em geral nas vésperas de feriados e durante as férias. A soma entre turistas e tais “moradores sazonais” provoca, de fato, uma transformação no movimento natural da cidade. Os condomínios fechados, juntamente com a implantação de loteamentos em locais mais periféricos, induziram à formação de vários “sub-centros” comerciais e de serviços, processo que continua a ocorrer acompanhado de um movimento de avanço bastante agressivo do perímetro urbano sobre o rural, com uma aproximação entre antigas áreas industriais e novos loteamentos residenciais. Ao passo que se vive este acelerado crescimento urbano, a cidade conserva seu importante centro histórico como coração da cidade, responsável pela composição da imagem urbana de Itu aos olhos de grande parte dos que a conhecem. Porém, é importante destacar a interferência alarmante causada pelos “novos sub-centros” em relação ao “centro histórico”, na medida em que provocam um esvaziamento da região no tocante à assiduidade e à disponibilidade de serviços destinados a atender a população local Composto por moradias simples e menores, mescladas a importantes e imponentes igrejas casarões dos séculos XVIII e XIX, o atraente centro de tradição comercial e residencial, vem sendo modificado de acordo com os novos interesses do turismo em detrimento de sua função original de centralizador de serviços da pequena cidade. Nesse sentido, nota-se uma representativa expansão da região central da cidade, o que abriu espaço para a incorporação do patrimônio industrial, antes subjugado, ao patrimônio do centro “nobre” antigo já consolidado. Assim, as antigas Fábricas São Luiz e São Pedro ressurgem com grande força na paisagem central da cidade, inserindo-se com cada vez maior representatividade à imagem patrimonial da cidade.

Grandes indústrias vêm se instalando na cidade ao passo que o desenvolvimento do potencial turístico da cidade vem sendo cada vez mais tema de discussões e abordagens que visam o crescimento econômico do município. O fato é que o turismo, assim como em muitas outras cidades históricas, vem sendo visto como uma alternativa interessante tanto ao desenvolvimento econômico das cidades, quanto ao melhoramento urbano como um todo. Muito próxima da capital do Estado, a cidade também surge no cenário regional como “espaço de refúgio e descanso”, o que a torna bastante valorizada diante dos olhos do mercado imobiliário. Ao observarmos o crescimento urbano recente da cidade, nota-se que grande parte dos novos loteamentos implantados são murados, o que vem transformando inclusive os fluxos de circulação da cidade, na medida que os condomínios constituem-se em “ilhas” que precisam ser contornadas pelo sistema viário.

Figura 03: Corte esquemático do Centro Histórico. Observa-se o gabarito controlado a alturas máximas de 3 pavimentos e um mescla de tipologia construtivas: casarões, igrejas e pequenas casas e estabelecimentos.

Itu, distante 100 quilômetros da cidade de São Paulo, é uma cidade com ares e costumes típicos do interior, em que todos se conhecem, ainda que não pessoalmente, mas com certeza pelo sobrenome. E quando há dúvida, surge a clássica pergunta: “Você é gente de quem?”. Isso porque, embora bastante crescida e com uma população atual de 163.882 habitantes , todos, ainda que não nascidos na cidade, desenvolveram ao longo do tempo um enraizamento naturalmente construído através das relações de proximidade e amizade duradoura, típicas do interior. O centro histórico de Itu, com suas ruas apertadas e sinuosas se contrapõe ao traçado mais amplo e planejado que o circunda e que se expande cada dia mais transformando os longínquos arrabaldes em bairros urbanizados e inseridos na dinâmica urbana local e regional, haja visto o processo de conurbação que vem ocorrendo entre Itu e suas cidades lindeiras como Salto e Sorocaba (Figura 02).

indaiatuba

itu

A

areas em expressivo processo de conurbacao

A B

sorocaba

salto

B

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O APITO EM NOVO TOM 2. A CIDADE DE ITU Figura 05: Rua Paula Souza. Uma das ruas que compõe o “Eixo Histórico”. Fonte: arquivo das autoras.

2.2. ITU HOJE Segundo os dados da Prefeitura da cidade, a principal fonte de renda da população ituana, em sua maioria, é o comércio e setor de serviços. Sua composição é basicamente originada por descendentes de imigrantes portugueses, italianos, japoneses, além de migrantes de outras regiões do Brasil, em especial do Nordeste e do Paraná. Com uma área total de 639,981 km2, Itu localiza-se a uma altitude de 583 metros e a 101 km do município de São Paulo, na região oeste do Estado. Seu acesso se dá por três principais rodovias, a Rodovia dos Bandeirantes (via Rodovia Dom Gabriel Paulino Bueno Couto), a Rodovia do Açúcar e a Rodovia Presidente Castelo Branco (Figura 04). Mesmo já sendo considerada uma cidade de medio porte, Itu ainda apresenta ares de interior, especialmente por conta de seu centro histórico e pelo atmosfera de cidade pequena e pacata garantido pela população de idosa que continua vivendo nesta região da cidade. É também nesta área que estão localizados grande quantidade de edificações (Figura 05) e igrejas barrocas (Figura 06) de importância histórica do século XVIII e XIX, cuja análise será aprofundada no capítulo 3. A infra-estrutura local tem recebido investimentos e ampliações, mas a cidade ainda é bastante carente no que diz respeito a equipamentos de lazer e cultura e espaços de qualidade Figura 06: Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária, localizada na Praça Padre Miguel. Fonte: arquivo pessoal das autoras.

Figura 04: Infográfico dos acessos principais da cidade. Observa-se que a cidade apresenta uma posição estratégica por situar-se no intercruzamento de importantes rodovias do país, bem como situar-se bastante próxima a cidades paulistas de grande porte como Jundiaí, Campinas e Sorocaba, além da Capital, São Paulo.

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O APITO EM NOVO TOM 2. A CIDADE DE ITU 2.2.1. EDUCACAO

2.2.2. TRANSPORTES

O município possui grandes escolas públicas, basante tradicionais na cidade. Nestas estão matriculados alunos de várias cidades da região. Além disso, Itu conta com importantes faculdades nas mais variadas áreas do conhecimento (Humanas, Biológicas, Exatas e Tecnológicas), como o Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP), a Faculdade Tecnologica de Itu, que é a primeira faculdade pública da cidade, a FADITU e a Faculdade de Tecnologia César Lattes (Figura 07). A cidade também conta com considerável número de escolas particulares e cursos pré-vestibular. Além disso, encontramos na porção central da cidade museus que contam o envolvimento da cidade de Itu com o processo de Proclamação da República, história da nergia elétrica e também bibliotecas municipais. Em relação aos equipamentos culturais como teatros, a cidade apresenta relativa deficiência. Para a realização de apresentações de orquestras e corais, por exemplo, são utilizdas as igrejas barrocas. E para apresentações de dança ou teatro, utilizam-se pequenos teatros e anfiteatros particulares.

A cidade de Itu é considerada uma das principais cidades do Estado no tocante às questão da logística, por estar bem localizada em relação às principais rodovias do Estado de São Paulo (Figura 08). Internamente ao perímetro urbano, a Rodoviária de Itu localiza-se no centro da cidade e é servida por linhas que ligam a cidade a São Paulo, Jundiaí, Piracicaba, Indaiatuba, Itapetininga e Campinas, entre outras cidades. A cidade conta com um aeroclube, com pista para pequenas aeronaves, e localiza-se a apenas 37kmdo Aeroporto Internacional de Viracopos de Campinas, o qual vem sofrendo obras de expansão e se transformará no maior aeroporto de cargas da América Latina. Além disso, em seu entorno estão sendo construídas grandes estruturas para servir ao aeroporto como “porto seco”. Também há um projeto de interligação do aeroporto de Viracopos ao aeroporto de Guarulhos através de um trem de alta velocidade.

Figura 07: Infográficos dos equipamentos de cultura e educação da cidade de Itu.

Figura 08: Mapa das rodovias de São Paulo. Fonte: http://www.quebecnet.com.br/en/logistica.html

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O APITO EM NOVO TOM 2. A CIDADE DE ITU Figura 10: Linhas Férreas da Cia. Ytuana Fonte: http://vfco.brazilia.jor.br/ferrovias/mapas

A Ferrovia Ytuana, implantada no final do século XIX foi de extrema importância para o crescimento urbano e econômico da cidade. A Ytuana deu início à ligação com Piracicaba, saindo de Itaici, na linha-tronco, para Capivari e Piracicaba (então denominada Constituição). Posteriormente houve um prolonamento da linha de Piracicaba a São Pedro (Figura 10). Poucos anos depois, a Companhia Ytuana resolveu adquirir a navegação nos rios Piracicaba e Tietê, e planejou a linha férrea de Porto Martins a São Manuel de Botucatu.

Figura 11: Estação original de Itu - Foto c.1909, de Antonio Martins Coelho. Fonte:http://www.estacoesferroviarias.com.br/i/itu.htm

Figura 12: A estação em 2002. Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br/i/itu.htm

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O APITO EM NOVO TOM 2. A CIDADE DE ITU 2.2.3. COMPRAS E SERVICOS

2.2.4. TURISMO

A cidade tem um tradicional e consistente centro comercial concentrado entre as ruas Floriano Peixoto e Santa RIta. Nestas vias concentram-se grande quantidade de lojas, pequenos restaurantes e lanchonetes, bancos e farmácias. Além do centro, o bairro Vila Nova recentemente vem sofrendo uma interessante expansão no que se refere à serviços. Novas agências de bancos o tem escolhido como sede o que se explica pelo crescimento da ocupação residencial desta área da cidade e também pela implantação do novo bairro “Itu Novo Centro”, o qual abriga o Paço Municipal e localiza-se junto a uma área onde está sendo implantado o parque linear da cidade. A cidade também conta com um grande shopping referência da região, o Plaza Shopping Itu e com grandes supermercados e hipermercados. Itu também abriga importantes e grandes indústrias multinacionais como por exemplo a antiga Schincariol (hoje Brasil Kirin) (Figura 14), Kia do Brasil, Hewlett Packard (HP), Lenovo do Brasil, Jacuzzi do Brasil, Mabe, Pepsico.

É realmente impossível não vincular Itu aos objetos gigantescos, como o orelhão e o semáforo que decoram a Praça da Matriz. A fama das peças enormes acabou por encobrir outra Itu, repleta de encantos naturais e histórias que merecem ser descobertos. Largos, igrejas centenárias, museus e antiquários instalados em belos sobrados e casarões dos séculos 18 e 19, além de fazendas e belos parques. Chácaras e antigas fazendas das épocas áureas do plantio de cana, café e algodão, são abertas à visitação e demonstram em suas estruturas e construções preservadas o cotidiano da produção agrícola desenvolvida com êxito na região. Neste tipo de visitas, o contato com a natureza e a história dos ciclos econômicos do Brasil em sua época colonial e republicana são os destaques que atraem os turistas. A natureza é também destaque na Estrada Parque, antiga Estrada dos Romeiros que ainda hoje mantém a tradição das romarias feitas a pé e a cavalo rumo ao santuário de Pirapora do Bom Jesus. Localizada às margens do Rio Tietê e emoldurada por Mata Atlântica e antigas fazendas, reúne hoje restaurantes e lojinhas de produtos típicos. Outro segmento bastante explorado é o turismo ecológico e geológico desenvolvido no Parque do Varvito. Construído na área de uma antiga pedreira de 45 mil metros quadrados, remete à formação geológica da Era Glacial e oferece suas grutas, bosques, lagos, cascatas, quiosques, playground, anfiteatro e espaço para exposições como palco para visitas educativas e didáticas sobre a manifestação geológica. Para as crianças a “Cidade das Crianças”, um parquinho simples mas bastante movimentado por conta do playground e das atrações como Banco de Areia, Casa do Tarzan e Mini Cidade, além do Coreto, onde acontecem apresentações infantis. E para os que apreciam velocidade o Kartódromo Arena Schincariol, com pista profissional aprovada pela Federação Mundial de Kart também funciona à disposição de visitantes. O centro histórico é o local onde a cidade oferece ao longo do seu charmoso eixo turístico patrimonial um passeio ao período colonial que inicia-se na Praça da Independência, onde está a Igreja do Carmo, construção erguida há mais de 200 anos que exibe pinturas de teto assinadas por frei Jesuíno do Monte, um dos nomes consagrados da arte sacra brasileira. Da igreja, o percurso segue em direção ao Museu Republicano, e vai em direção à praça Padre Miguel, onde aprecia-se a imponente torre da Matriz da Candelária, de 1780. Em seu interior, ornado com acabamentos nos estilos barroco e rococó, estão pinturas de frei Jesuíno e um órgão de 700 tubos. Também na praça da Matriz estão as lojinhas de suvenires repletas de borrachas, lápis e cotonetes enormes e o Bar Alemão, um restaurante centenário que serve o famoso filé à parmegiana “de Itu” e doceria Senzala com as queijadinhas mais concorridas da região. O percurso segue pela rua Paula Souza onde estão os sobradões seculares, em sua maioria hoje utilizados como antiquários, o que permite ao turista adentrá-los e apreciar seus patios internos, as fachadas de azulejos ou as exposições permanentes. Mais em frente encontra-se a Igreja do Bom Jesus, local onde foi erguida a capela da fundação da cidade de Itu em 1610 (com a construção, em 1669, de uma nova igreja dedicada à Candelária, a antiga capela ficou sob o padroado de Nosso Senhor Bom Jesus da Cana Verde em homenagem aos então senhores de engenho), a Fábrica São Luiz que foi a primeira fábrica de tecidos à vapor do estado de São Paulo e hoje abriga exposições e venda de souvenires da cidade, e finalmente ao Largo do Cruzeiro, onde encontramos um cruzeiro erguido em cantaria (feito em granito rosa) atribuído a Frei Antônio de Pádua, e representa a única memória que resta do imponente conjunto formado pelas edificações do Convento e da Capela de Ordem Terceira, erguido pelos Franciscanos entre os séculos XVII e XVIII.

Figura 13: Infográfico dos equipamentos de serviçose disponíveis à população.

Figura 14: Fábrica Schincariol em Itu. Fonte: http://www.panoramio.com/photo/11750616

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O APITO EM NOVO TOM 2. A CIDADE DE ITU

Figura 15: Charque que representa com humor os elementos turĂ­sticos da cidade. Fonte: www.itu.com.br

Figura 16: Fazenda da Serra. fonte: http://prazeresdeitu.wordpress.com/

Figuras 17 e 18: Turismo Rural e Parque do Varvito. fonte: http://prazeresdeitu.wordpress.com/

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O APITO EM NOVO TOM 2.2.5. ESPORTE E LAZER . NOVOS PROJETOS

2. A CIDADE DE ITU O PARQUE LINEAR. Segundo quanto relata a Prefeitura, o Parque Linear representa o maior projeto de manejo de águas pluviais do país, e contará com o repasse de 95 milhões de reais obtidos através de um convênio assinado entre a prefeitura e o Governo Federal (Figura 20). Aproximadamente 10 quilômetros de córregos serão revitalizados, sendo beneficiados os córregos do Brochado, Taboão e Guaraú. Estes principais córregos da cidade receberão drenagem e canalização em sua extensão e também a efetivação de parques lineares em suas margens, com a implantação de ciclovias e pista de caminhada (Figura 20).

Figura 18: Infográfico dos equipamentos de esporte e lazer existentes e dos novos projetos.

Figura 19: Desenho da implantação do Parque Linear. Fonte: http://www.parquelinear.com.br/

TREM REPUBLICANO. Atualmente está sendo levado a cabo um projeto de retomada de funcionamento do trecho Itu-Salto da antiga ferrovia O projeto pretende reativar um trecho de sete quilômetros de linha férrea entre Itu e Salto, promovendo uma movimentação do turismo na região. Será efetuada a reforma e reestruturação da estação ferroviaria de Itu, e para o primeiro semestre de 2014 está prevista a licitação para a colocação dos trilhos. Além disso, a Prefeitura Municipal divulgou recentemente, no Jornal Folha de São Paulo em 11.04.2014, que prepara uma parceria público-privada (PPP) para a construção de um complexo destinado a atividades culturais e turísticas junto à estação. O projeto prevê a construção de um hotel, torres de escritórios, teatro e museu, entre outras obras, no terreno onde localizava-se a antiga Estação Ferroviária da Cidade, hoje desocupado e de propriedade da prefeitura. VIDA EM MOVIMENTO. Projeto lançado recentemente pela Prefeiura, o “Vida em Movimento” representa um grande incentivo à prática de atividades físicas na cidade. Seu intuito principal é promover a prática de exercícios físicos e outras atividades na Avenida Galileu Bicudo (onde anteriormente passavam os trilhos da linha de trem), que fica fechada para veículos aos domingos entre a Praça Gasár Ricardo e a Rua Sorocaba. O que se observa é que em Itu os pontos mais atrativos atualmente são o centro histórico, com as suas igrejas e lojas para turistas, e o Parque do Varvito, único parque da cidade, sem nenhuma interligação entre eles. Considera-se portanto necessário para o desenvolvimento da cidade, a organização de um percurso que ligue o patrimônio da cidade como um todo, e que estimule a integração com a Fábrica, objeto desse estudo, e o interesse não somente do turista ocasional.

Figura 20: Mapa do percurso do programa Vida em Movimento. Fonte: http://www.vidaemmovimentoitu.com.br

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O APITO EM NOVO TOM

3. ITU E SUA VOCACAO PATRIMONIAL

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O APITO EM NOVO TOM 3. iITU E SUA VOCACAO PATRIMONIAL

3.1. O CRESCIMENTO URBANO AO REDOR DO CENTRO HISTORICO

o ribeirao guarau e o corrego taboao representam, ate o inicio do seculo XX, os limites fisicos do nucleo urbano de Itu.

destaque para o fato: a primeira vez que esses limites sao "extrapolados" ocorre com a fundacao da Fabrica Sao Pedro

atualmente estes corregos estao sendo "descanalizados" e seu leito tornando-se um parque linear (pagina 11).

na decada de 1950 ambos os corregos foram canalizados por conta da expansao urbana. esta medida gerou graves problemas de enchentes na area ocupada pela fabrica e bairros lindeiros.

os "feios" arrabaldes estao ganhando maior atencao e, assim, uma nova conotacao dentro do cenario urbanistico

Figura 21: Infográfico das etapas de crescimento do núcleo urbano da cidade de Itu até 1925. Observa-se a força de centralidade urbana representada pelo centro da cidade, hoje chamado centro histórico, que continua omo referência urbanísitca e afetiva para osituanos. A elaboração deste infográico foi baseada nos estudos e desenhos produzidos pelo arquiteto João Walter Toscano. Fonte: TOSCANO, João Walter. Itu: Centro Histórico. Estudos para preservação. Dissertação de Mestrado, orientador Prof. Sanovicz Abrahão. São Paulo, 1981.

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O APITO EM NOVO TOM 3. iITU E SUA VOCACAO PATRIMONIAL Figura 22: Desenho de estudo do Uso do Solo elaborado por João Walter Toscano em 1971. Fonte: TOSCANO, João Walter. Itu: Centro Histórico. Estudos para preservação. Dissertação de Mestrado, orientador Prof. Sanovicz Abrahão. São Paulo, 1981.

Ruas que ainda contem construcoes originais (a maioria dos moradores eram trabalhadores da Sao Pedro)

Elemento chave na ligacao entre o antigo centro historico e a nova ampliacao proposta

Proposta de expansao do centro historico

Atual centro historico - patrimonio IPHAN

Figura 23: Estudos feitos pelas autoras utilizando-se do material produzido por João Walter Toscano. Neste infográfico facilita-se o entendimento de um ponto de atenção deste TFG: a interação urbana entre “centro”, aqui representado pelo “eixo histórico” e a antiga Fábrica, ressaltando sua proximidade e, portanto, merecimento de atenção especial para o quesito “integração urbana do patrimônio industrial”

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3.3. O CENTRO HISTORICO Uma das cidades mais antigas do Estado de São Paulo, Itu possui considerável número de construções centenárias entre casarões, igrejas e ruas antigas. A cidade, que já foi conhecida por “Roma Brasileira”, graças a grande quantidade de igrejas, como “Cidade dos Exageros”, por conta do humorista Simplício, como “Boca do Sertão” e como “Ouro Preto Paulista”, contava com cerca de 40 sobradões até a década de 1940, os quais hoje encontram-se reduzidos a apenas 5 exemplares, segundo dados publicados pela Revista Regional em 2013. A beleza e a peculiaridade do centro histórico de Itu residem na diversidade arquitetônica existente, o que se atribui ao fato do não congelamento da economia, ou seja, pela existência de vários e diferentes momentos importantes para a economia local. A arquitetura do centro demonstra uma mescla de arquiteturas típicas dos séculos XVIII, XIX e XX, assim temos o barroco, o clássico, o eclético e o moderno coexistindo harmônicamente e fascinantemente lado a lado. A cidade teve seu crescimento urbano sempre concentrado no seu eixo central histórico, o qual desempenhou ao longo dos 404 anos de história um papel de local de encontros e trocas comerciais, concentrador das decisões e direcionador das mercadorias e produções locais. Era também o local das festas e celebrações religiosas tradicionais. O coração da cidade.

Figura 26: Foto da Rua Paula Souza. Fonte: arquivo pessoal das outoras.

Figura 24: Igreja Matriz de Nossa Senhora da Can- Figura 25: Forro da Igreja N.S. do Carmo. Pintura delária. Fonte: acervo pessoal das autoras. atribuída ao Pe. Jesuino do M. Carmelo. Fonte: www. panoramio.com

Figura 27: Nave da Igreja do Bom Jesus. Fonte: http://www.panoramio.com/photo

Figura 28: “Becão” ou Passeio Marcos Steiner. Fonte: arquivo pessoal das autoras.

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3.4. A PRESERVACAO DO PATRIMONIO ARQUITETONICO Segundo Beatriz Kühl , há um cuidado importante ao fazer uso das palavras “preservação”, “conservação” e “restauração”, pois deveriam estar sempre vinculadas a ações culturais, e não pragmáticas. Isso se deve ao fato de que a preservação, desde que se trabalha este conceito relacionado a patrimônios, é pautada por motivações de cunho cultural, ou seja, está diretamente relacionada à questões formais, documentais, simbólicas e memoriais, científicas e éticas. Nesse sentido, as questões de ordem prática relativas ao uso, à exploração econômica e à práticas político-partidárias deixam de ser únicas e dominantes para a preservação de um bem, e passam a ser indicativas, mas não determinantes para as decisões. Assim entendemos que todos os atos que visem o cuidado e a proteção de um bem cultural devem ser embasados em questionamentos mais amplos que tenham maior preocupação com a esfera social, suas implicações e reflexos na sociedade a que pertence.

3.5. A ATUACAO DO CONDEPHAAT Em maio de 1989, o Condephaat realizou um levantamento do centro histórico de Itu e criou um inventário de todas as construções que deveriam ser tombadas. Foram mais de 500 edificações inventariadas apenas na zona urbana da cidade, embora poucas tenham sido tombadas. Dentro da zona histórica e dentro da zona de predominância histórica, existem edifícios que foram evidenciados pelo seu caráter arquitetônico, os quais foram objetos de inventário mais detalhado. Assim, o centro histórico conta com cerca de 17 edifícios tombados individualmente sob Grau de Proteção 1, e inúmeras ruas e praças em tombamento sob Grau de Proteção 2, e que, segundo o Condephaat totalizam aproximadamente 240 imóveis de diferentes tipologias construídos a partir do século XVIII. A questão da conservação do patrimônio continua sendo um assunto muito delicado, por exigir o investimento de recursos para obras de reparo e manutenção dos edifícios, tema que representa um impasse entre poder público e os interesses

Figura 29: Infográfico do Patrimônio histórico de Itu tombado pelo CONDEPHAAT. Fonte: Plano diretor 2006, Secretaria Municipal de Planejamento, Obras e Serviços Viários. Elaborado pelas autoras. particulares dos proprietários dos bens tombados. Em 1970, o Condephaat se voltou às cidades históricas de São Paulo e desde esse momento vem dialogando o município, buscando alterar o quadro de indiferença com o importante patrimônio cultural e arquitetônico existente em nossa cidade e estimular um crescimento urbano vinculado ao desenvolvimento do sentido de valorização do patrimônio e integração entre novo e antigo.

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O tombamento municipal baseado nos levantamentos de 1989 acima citados é regido pela Lei 10.777, de 15 de julho de 2004, que tem alterações pela Lei 11.000. Foram aplicados aos bens inventariados em Itu dois diferentes graus de tombamento: Grau 1, em que a proteção do edifício é integral, externa e interna, e aplicado a edifícios de alto interesse histórico, arquitetônico e ambiental, e Grau 2, aplicado às edificações onde se destacam os valores do edifício dentro da paisagem em que se inserem, sendo assim o edifício pode sofrer alterações internas, mas deve obrigatoriamente manter preservados a fachada do edifício, os componentes arquitetônicos e a cobertura. Foi criado em Itu no ano de 2004, conforme a Lei 537/2004, o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural. Sob o objetivo de preservar os bens culturais e com valor histórico, arqueológico, artístico e monumental e responsável por auxiliar o Poder Público na proteção especial dos bens tombados (através de convênios específicos por registros e vigilância).

“Art. 1. Fica criado o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural do Município da Estância Turística de Itu, colegiado com atribuições de assessoramento ao Poder Executivo Municipal em matéria de preservação dos bens culturais móveis e imóveis existentes no Município que, dotados de excepcional valor histórico, arqueológico, artístico e monumental, devem ficar sob proteção especial do Poder Público Municipal.“ (LEI Nº 537/2004 - Prefeitura da Estância Turística de Itu) Figura 30: Restauro da fachada da Casa da Cultura. Fonte: http://itu.sp.gov.br

3.6. PAC - CIDADES HISTORICAS

Itu foi contemplada pelo governo federal com o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento – Cidades Históricas, recebendo recursos financeiros para a preservação de patrimônios e investimentos culturais. O PAC previa auxiliar a 173 cidades históricas em todo o país. Para aderir ao programa, o município, juntamente com o Estado e o Iphan, precisa elaborar um Plano de Ação que defina um planejamento integrado, coerente com o Sistema Nacional do Patrimônio Cultural e com outras ações. Em 1 de julho de 2010, a Prefeitura de Itu assinou o convênio APPC (Acordo de Preservação Patrimonial Cultural) , tendo sido uma das 14 cidades históricas paulistas que receberam o benefício. O investimento previsto para a cidade é de R$ 17,5 milhões num total de oito ações, entre elas a implantação do “Trem Republicano”, a reurbanização da Rua Paula Souza, Praça Padre Miguel, Rua Barão de Itaim e Floriano Peixoto , pretendendo subterrar toda a fiação elétrica e outras redes, permitindo a visualização total de fachadas históricas, além da instalação de luminárias a gás . O investimento também prevê o restauro do casarão que abriga a Casa da Cultura, restauração do Mercado Municipal, execução de obras na Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária e recuperação da originalidade de obras do padre Jesuíno do Monte Carmelo. Atualmente, a Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária e a Casa da CUltura estão em processo de restauro e o projeto de implantação do “Trem Republicano” está em fase inicial de execução; os outros projetos acima citados ainda não foram postos em prática.

Figuras 31 e 32: Imagens dos procedimentos de restauro do interior da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária. Fonte: http://projetooficinaescoladeitu.blogspot.com.br/

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3.7. O TOMBAMENTO MUNICIPAL DA COMPANHIA FIACAO E TECELAGEM SAO PEDRO A legislação geral que trata deste assunto é o Decreto-Lei nº 25 de 30 de novembro de 1937 e a Lei nº 3.924 de 26 de julho de 1961. No município de Itu, os atos de tombamento que visam colaborar para a conservação do seu grandioso patrimônio arquitetônico são atualmente regidos pela Resolução nº SC-85 de 07 de novembro de 2003. O tombamento da Fábrica São Pedro foi realizado através de um processo administrativo pelos órgãos responsáveis e de acordo com a legislação do Município. Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural, o qual foi criado com o objetivo de preservar os bens culturais e com valor histórico, arqueológico, artístico e monumental e que a Lei de criação deste Conselho ainda dispõe que os bens tombados terão proteção especial do Poder Público através de convênios específicos por registros e vigilância. Os procedimentos legais para o tombamento foram realizados pelo Governo Estadual no ano de 1986, em sua parte externa, para preserva-la como importante representante do patrimônio industrial, testemunho do trabalho fabril e do desenvolvimento técnico-econômico da cidade, bem como seu estilo de construção.

Figura 33: FIcha de Inventário da Fábrica São Pedro. Fonte: Arquivo da Bblioteca do Museu Republicano “Convenção de Itu”.

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3.8. O TOMBAMENTO MUNICIPAL DA VILA OPERARIA DA FABRICA SAO PEDRO

Figura 34: FIcha de Inventário da Vila Operária pertencente á Fábrica São Pedro. Fonte: Arquivo da Bblioteca do Museu Republicano “Convenção de Itu”.

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Figura 35: FIcha de Inventário da Vila Operária pertencente á Fábrica São Pedro. Fonte: Arquivo da Bblioteca do Museu Republicano “Convenção de Itu”.

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Figura 36: FIcha de Inventário da Vila Operária pertencente á Fábrica São Pedro. Fonte: Arquivo da Bblioteca do Museu Republicano “Convenção de Itu”.

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3.8. O TOMBAMENTO MUNICIPAL DA VILA OPERARIA DA FABRICA SAO PEDRO

Figura 37: FIcha de Inventário da Vila Operária pertencente á Fábrica São Pedro. Fonte: Arquivo da Bblioteca do Museu Republicano “Convenção de Itu”.

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3.8. O TOMBAMENTO MUNICIPAL DA VILA OPERARIA DA FABRICA SAO PEDRO

Figura 38: FIcha de Inventário da Vila Operária pertencente á Fábrica São Pedro. Fonte: Arquivo da Bblioteca do Museu Republicano “Convenção de Itu”.

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4. BREVE HISTORICO DA CIDADE DE ITU

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O APITO EM NOVO TOM 4. BREVE HISTORICO DA CIDADE DE ITU

4.1. DE VILA A MUNICIPIO

4.2. O NOVO PRODUTO: O ALGODAO

O povoado de Ytu, que se formou em torno de uma capela devotada a Nossa Senhora da Candelária (no lugar em que hoje fica a Igreja do Bom Jesus), foi fundado pelos Bandeirantes Domingos Fernandes e Cristóvão Diniz. Algum tempo depois o pequeno povoado foi elevado, em 1653, à “Freguesia de Santana do Parnaíba”. Durante quase 100 anos (de 1657 a 1750) a Vila de Itu não passou de um pequeno núcleo, com menos de 100 casas, concentradas no pátio da antiga Matriz e numa única rua que ia do pátio até a capelinha do primeiro povoado, sendo que boa parte destas casas pertenciam a fazendeiros. Alguns anos depois, em 1776, com o crescimento das lavouras da cana de açúcar e do algodão, a Vila cresceu, contando com 180 casas, tendo ainda as mesmas ruas de antes. Quem deu vida à localidade foram os artesãos (sapateiros, ferreiros, carpinteiros, tecelões, costureiras e fiandeiras), os quais representavam aproximadamente 60% dos habitantes locais. Os comerciantes interessados na venda de tecido, colchas e cobertores para outras regiões, promoveram o cultivo de algodão, e a produção caseira de tecidos. De 1785 a 1792, foram abertas novas ruas e em 1811, foi criada a Comarca de Itu. Pela Lei Provincial de 05 de fevereiro de 1842, a Vila de Itu foi elevada à cidade. Nessa ocasião, possuía algo em torno de 800 casas, momento no qual Itu foi considerada a cidade mais rica da Província de São Paulo, com importante participação na vida política e econômica. Em 1850, recebendo investimentos provenientes da mineração, a produção de açúcar em Itu respondia por 1/3 de toda a produção paulista e era escoado diretamente para o litoral santista, de onde partia para a exportação. Em 1860, em decorrência da crise no mercado internacional do açúcar, o plantio da cana entrou em decadência e causou conflitos entre os políticos e os fazendeiros ituanos e o Governo Imperial, o que resultou no surgimento do Movimento Republicano. E então, em 18 de abril de 1873, ocorreu o episódio conhecido como Convenção Republicana de Itu - uma reunião de 133 opositores da Monarquia, na maioria cafeicultores, no casarão onde morava Carlos Vasconcelos de Almeida Prado e sua família, no município do interior do Estado. Tal episódio aconteceu em Itu, pois toda a elite lá estava justamente porque na véspera de tal acontecimento houve a inauguração da Estrada de Ferro Ituana, ligando a cidade à Salto e à Jundiaí. O açúcar foi sendo gradativamente substituído pelo café. Com o aumento da produção cafeeira e com a ajuda do governo republicano, proclamado em 1889 vieram para Itu milhares de imigrantes, a maioria italianos, atividade econômica que se sustentou até 1935, pela concorrência de outras áreas de plantio e pelo esgotamento de suas terras. A cidade possuía, nesta época, cerca de 1800 casas. Itu não teve sua agricultura voltada ao café logo no início do ciclo cafeeiro. Enquanto o café fazia a fortuna de muitos fazendeiros no Oeste de São Paulo, a cana-de-açúcar e o algodão foram os grandes responsáveis por uma série de transformações na cidade. Figura 39: A indústria do Algodão. FOnte: Revista Campo e Cidade.

“O assunto é o algodão Que a uns fará Comendador e a outros fará barão Faz o que quer, Se for solteiro terá Dinheiro, e Logo terá mulher Viva o dinheiro do algodão Dará ao homem fina casca, e À mulher lindo balão” Ironia publicada pelo Jornal Correio Paulistano, em 1864. Como reflexo da riqueza iminente, durante a segunda metade do século XIX a pequena Vila de Itu mostrava sinais de intensa modernização. A construção da caixa d´água de abastecimento do município, a inauguração do Cemitério Municipal e a instalação dos colégios Nossa Senhora do Patrocínio, para meninas, da Congregação das Irmãs de São José de Chambery, na França, e São Luiz, para meninos, da Província Romana da Companhia de Jesus, conferiram àItu ares de urbanização e traduziam os objetivos e anseios da nova elite. Deixando um pouco mais de lado as tradições bandeirantes, o improviso dá lugar à preocupação com a educação de qualidade e à organização de um município inspirado nos moldes europeus. O tímido traçado urbano, antes marcado pela simplicidade, passa a refletir em seus novos casarões assobradados e edifícios públicos imponentes um novo ritmo para a comunidade, uma nova dinâmica econômica e social. O surgimento bastante fortalecido de um grupo político ituano, o qual se apresentava com grande eloquência em seus posicionamentos liberais nas discussões sobre o futuro político da nova nação, marca o cenário político local. Os latifundiários componentes desse grupo, e muitos outros importantes latifundiários ricos, senhores de escravos e católicos, alguns até analfabetos, foram os grandes responsáveis pela intensa transformação urbana e econômica sofrida por Itu a partir de 1860. Havia um costume que começava a se difundir entre os fazendeiros, chamados “ricos caipiras”, de enviar seus filhos para estudar na Europa. Esse contato com hábitos mais “civilizados”, maior erudição e cultura, também trouxe para Itu reflexos positivos e a influência direta dos costumes do “primeiro mundo”. Concomitantemente ao envio dos filhos mais velhos, já crescidos, ao exterior, os filhos menores eram educados nos novos colégios religiosos da cidade: o objetivo era educar as crianças dentro dos padrões europeus, num perfil de sociedade católica, visando formar uma elite culta e forte, preparada para conduzir os destinos do país. Estes alunos dos quais tratamos a pouco, são os mesmos que influenciaram a constituição de uma sociedade de vanguarda que passa a manufaturar na cidade o algodão produzido em larga escala nas fazendas, as quais lentamente deixavam de lado o açúcar e até mesmo o café, para investir no novo produto. Em 1857, o ituano Carlos Ilídio da Silva, proprietário da Fazenda São Carlos, tornou-se distribuidor

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de sementes de algodão para produtores de toda a região em nome da “Associação para o Suprimento de algodão de Manchester”, o que despertou os interesses das fazendas de Itu e Sorocaba pela produção de algodão. Até meados do século XIX, a produção de algodão no Brasil, já em larga escala, era toda exportada para a Inglaterra e Estados Unidos, onde os tecidos e roupas eram produzidos e posteriormente vendidos ao Brasil. Esse sistema onerava demasiadamente os tecidos e roupas consumidos aqui, além do fato de os produtos serem totalmente inadequados ao clima tropical. Além dessas questões que já despertavam para a necessidade de criar-se uma alternativa à importação dos produtos têxteis, houve também um importante e decisivo acontecimento histórico em 1861: a Guerra de Secessão. A guerra norte-americana discutia a questão da liberdade dos trabalhadores, onde a região norte defendia o trabalho livre para as novas indústrias e a região sul apoiava a continuidade da escravidão para a produção do algodão. Com essa grande tensão no país, houve um forte declínio do volume de algodão produzido, o que gerou uma enorme nova demanda a ser suprida pelos produtores, até então, secundários. O Brasil ganha espaço e as fazendas plantadoras de algodão de Itu, graças ao clima favorável da região, deram uma guinada em seu volume de produção a fim de conseguir suprir as novas demandas de exportação. Segundo o historiador Francisco Nardy Filho , já havia em Itu, em 1968, três máquinas de benefício de algodão (descaroçadeiras) em fazendas da região e havia também, fixado em Itu, um morador inglês bastante familiarizado com o trabalho em máquinas a vapor, além de uma caldeira enviada de São Paulo. Mesmo com a falta de uma estrada férrea que cortasse o município, Itu já reunia condições, mesmo que precárias, para o estabelecimento de um sistema industrial de fabricação de tecidos. Esse sistema necessariamente deveria ser à vapor, pois não havia a possibilidade de tratamento hidráulico em Itu. Ocorre então, que um grupo de investidores ituanos se reúne formando o Anhaia & Mendes, organização interessada em lançar-se ao mundo industrial. Realizam uma parceria com a Cia. Lidgerwood de Campinas, empresa especializada em instalação e comercialização de “Fábricas de Tecidos”, que realizava o planejamento da fábrica, a importação do maquinário e o treinamento do operariado. Desta união nasce a primeira Fábrica de Tecidos da cidade de Itu: a Fábrica São Luiz, aproveitando-se do complicado momento vivido pelos Estados Unidos.

uma importante transformação urbana em Itu, na medida em que ampliou o espaço urbano da cidade e impulsionou desenvolvimento e crescimento desse polo industrial. Até então, a maior parte dos bens de consumo eram importados da Europa ou manufaturados em oficinas com modo de produção artesanal. A presença dos investidores ingleses e a tecnologia trazida por eles foram os principais incentivos para que um grupo de ituanos, em 1868, decidisse montar na cidade uma das primeiras fábricas de tecidos a vapor do Estado de São Paulo. Dos cinco fundadores da Fábrica São Luiz pelos menos dois, Antonio Carlos de Camargo Teixeira e Manoel José de Mesquita, inicialmente dedicaram-se à cultura do algodão, os outros exerceram cargos políticos, como Luiz Antonio de Anhaia, idealizador do projeto e maior acionista da fábrica. A Fábrica São Luiz, fundada em 1869 na cidade de Itu, foi a primeira fábrica a vapor do Estado de São Paulo e a segunda do Brasil, responsável por abrir caminho para a expansão do setor têxtil –industrial na cidade e dar o pontapé inicial para o desenvolvimento de outros empreendimentos. Na época de sua inauguração, a Fábrica São Luiz representava um modelo nacional de empreendimento que passou a servir como modelo para a criação de outras fábricas do setor, tendo sua maquinaria foi importada, através da companhia inglesa Lidgerwood (que além de realizar a importação também foi responsável pelo projeto do edifício).

4.3. O PIONEIRISMO DA FABRICA SAO LUIZ Itu e grande parte das cidades vizinhas como Salto, Porto Feliz, Jundiaí, possuíam importantes plantações de algodão. Este fato despertou interesse em investidores ingleses, que viram na região um grande potencial para a instalação e o fortalecimento da indústria de tecidos no Brasil. Aos poucos, estes investidores ingleses que passaram a importar do Brasil o algodão, iniciaram uma parceria com os fazendeiros de Itu. Esta parceria consistia no investimento em tecnologia têxtil-industrial em troca do fornecimento do produto, o que explica o pioneirismo creditado às tecelagens ituanas, equipadas com o que havia de mais moderno em maquinário e técnicas de produção. A necessidade de um meio eficiente de escoamento da produção agrícola da região fez com que o lavrador José Elias Pacheco Jordão, proprietário da Fábrica a partir de 1888, fizesse surgir a Companhia Ytuana de Estrada de Ferro e Navegação. Além das inúmeras facilidades que trouxe para o cenário econômico da cidade, a “nova estação”, inaugurada em 17 de abril de 1873, também foi responsável por

Figura 40: Vista da Antiga Fábrica São Luiz. Fonte: ituantiga.blogspot.com

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4.4. O INCENTIVO A VINDA DE INDUSTRIAS PARA A CIDADE E "...A SAO PEDRO NASCE COM MENTALIDADES DO SECULO XX" No início, a fábrica ituana produzia um algodão caracterizado como grosso, que era utilizado principalmente para a confecção de roupas de escravos, trabalhadores da agricultura e para o ensacamento de sal em Santos, e empregava mulheres, que na época tinham dificuldade em conseguir emprego, e crianças, que trabalhavam principalmente nos teares. Possuía também uma creche para os filhos dos funcionários e assistência médica e social. Era um diferencial em relação a outras fábricas do Estado que não davam importância para esse tipo de serviço social. A diretoria da Fábrica São Luiz, inicialmente, não requisitou imigrantes, sendo estrangeiros apenas 10% dos trabalhadores, tendo em vista que boa parte dos ex-escravos se refugiaram nas cidades após a abolição e que a maior parte dos imigrantes que vieram a Itu foram empregados na agricultura para suprir a falta do negro nas lavouras da cidade. Mesmo assim, a Fábrica São Luiz foi uma das maiores empregadoras de imigrantes na cidade, já que eram poucas as indústrias presentes no município. No rastro do sucesso da Fábrica São Luiz, nasceram em Itu, nas primeiras décadas do século 20, diversas fábricas de fiação e tecelagem. Entre elas destacaram-se a Companhia de Fiação e Tecelagem São Pedro, de 1910, fundada por um grupo de acionistas liderados por Francisco de Paula Leite Barros e Augusto de Oliveira Camargo, (respectivamente sogro e genro), a qual, décadas mais tarde, foi vendida para os italianos Vincenzo Inglese, Renato Marelli e o comendador Venerando Guelpa; a Fábrica de Tecidos Perseverança, de 1912; a Maria Cândida, do mesmo grupo da São Pedro, de 1925; e a Fabril Redenção, de 1942; na década de 50 surgiu a Itil – Indústria de Tecidos Itu Ltda, que pertencia às famílias Labronice e Germigniani.

Entre 1907 e 1908 a Câmara Municipal de Itu votou e aprovou o novo Código de Postura Municipal, o qual tinha como premissas a reordenação atividades econômicas e sociais, organizando os espaços, o controle de abertura de novos empreendimentos, a cobrança de impostos e regularização do trabalho de ambulantes. Além disso, o novo código também estendia suas preocupações às diretrizes urbanas, determinando novos alinhamentos e dimensões para ruas, que deveriam ter largura superior a 16 metros e praças, calçamentos e guias m pedra laje, cantaria ou cimento. O novo Código surge num momento em que a falta de infra-estrutura urbana, como sistema de canalização, esgoto e abastecimento de água, se constituía num entrave para o crescimento urbano e industrial da cidade. “E a indústria? Quem ser arriscará a instalar uma fábrica qualquer em uma cidade onde a água encanada é insuficiente e, para essa pouca, não há es coamento sem ser sobre as sarjetas? Com tais instalações reclamadas, aí sim, Itu será a cidade preferida para habitação dos ricos e para a instalação de proveitosas indústrias ”. Palavras de um articulista em 1904. TRINDADE, Jaelson. Op. cit., p.54. Visando atrair as indústrias para a cidade, o novo Código de Posturas propunha, em sue título V, capítulo III, Art.296:

“Todo aquele que de óra em deante n’esta cidade, construir ou crear estabelecimentos industriaes de grande escla, taes como fábricas de tecidos de mais de 50 teares, nos quaes sejam ocupados mais de 100 operários, a Câmara fornecerá gratuitamente, dentre os terrenos municipaes, os que forem suficientes e adaptáveis para tal fim e o estabelecimento ficará isento de respectivo imposto durante dois anos, a contar da data do seu funcionamento. Parágrafo único: sendo concedidos todos os terrenos municipaes ora disponíveis, os novos estabelecimentos gozarão do abatimento de 50% no respectivo imposto durante o prazo de 5 annos ”. Código de Posturas da Câmara Municipal de Ytu – 1907/1908 Neste momento, membros de uma das famílias latifundiárias mais ricas da região, a família Paula Leite de Barros, concretizam aquele que foi o maior investimento de capital em Itu na primeira metade do século XX: a Cia. Fiação e Tecelagem São Pedro. Em 1910, a São Pedro é inaugurada dando inicio à produção de artigos têxteis na cidade. Figura 42: foto da Fábrica São Pedro na década de 1910. Fonte: Acervo do Museu Republicano de Itu

Figura 41: Mulheres trabalhando na Fábrica Sâo Luiz. Fonte: Revista Campo e Cidade

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5. A "SAO PEDRO" E O APITO COMO NOVO SIMBOLO DE MARCACAO DO TEMPO

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5.1. A HISTORIA E AS INSTALACOES DA ANTIGA FABRICA Surge no cenário ituano um novo grupo de investidores: os grandes latifundiários. A família Paula Leite, uma das ricas famílias da cidade abastadas graças ao seu capital aplicado à indústria agroexportadora, foi a responsável pelos investimentos para a fundação da Companhia Tecelagem e Fiação São Pedro. São os primeiros passos dos ituanos a caminho de um modelo liberal de economia, produção e mercado. Beneficiando-se das leis municipais de incentivos, o casal Pedro de Paula Leite Barros e Maria Cândida de Paula Leite Camargo, detentor de considerável patrimônio, através do qual, aliados a outros parentes também interessados no investimento, realizaram os investimentos para a criação da São Pedro e em 1911 a Fábrica inicia oficialmente suas atividades com a produção de artigos têxteis na cidade de Itu.

Os edifícios da Fiação Maria Cândida eram de linhas arquitetônicas mais modernas, sendo um grande salão, sem subdivisões, sustentado por inúmeras colunas, as quais eram também utilizadas para a separação das fases da produção de fios.

“Esta companhia contractou a construção dos edifícios para a fábrica com o sr. Luiz Amiratt. No dia 9 foram iniciados s trabalhos de marcação e nivelamento do terreno. O contracto entre as partes é para ser entregue pelo empreiteiro dentro de 6 mezes uma parte do edifício para poder ser iniciado o assentamento das máchinas, e dentro de um anno ser a concussão final” Jornal “A Cidade de Ytu” – 11 de janeiro de 1911 O local escolhido para a implantação da fábrica foi um grande terreno localizado às margens do Córrego do Brochado e da Ferrovia Ituana, nos arrabaldes da cidade. O prédio de tijolos à vista e arquitetura simples e tipicamente industrial. O maquinário, da marca inglesa Schill & Company foi adquirido junto à importadora Casa Érico, pelo valor de 15.300 libras esterlinas. Por exigência da seguradora, foi feita uma alteração no projeto original de distribuição do maquinário, separando as máquinas de fiação das de tecelagem. Em 1912, a São Pedro deu início às suas atividades funcionando com 150 teares e 200 operários, com um capital de 500.000$. Ao longo das duas décadas seguintes, a empresa contratou cerca de mil novos empregados especialmente em decorrência do rápido crescimento do mercado consumidor local e regional, e além disso, pelo mesmo motivo, foi criada em 1924 a Fiação Maria Cândida (cujo nome homenageia a esposa do sr. Pedro, também sócia da fábrica, falecida logo em seguida à criação da nova planta da São Pedro) em edifício distante da tecelegem e destinada exclusivamente à preparação de fios.

Figura 43: Croqui dos edifícios pertencentes à Fábrica São Pedro, Fonte: Folder comemorativo dos 70 anos da empresa

Figura 44: Fachada principal da Fiação Maria Cândida. Fonte: Revista Campo e Cidade. Famosa por adotar tudo o que havia de mais moderno na Europa, a tecelagem trouxe para o Brasil máquinas avançadas e técnicos europeus para orientar a produção e treinar a mão-de-obra local, a qual viria a ser a geração futura de técnicos. Em 1911 foi construída uma hidroelétrica própria para a fabricação de energia para a São Pedro. A usina, de turbinas importadas da Europa, foi instalada no rio Tietê, na atual Rodovia dos Romeiros, caminho para Cabreúva, e também fornecia energia elétrica para a pequena cidade e Cabreúva e para as fazendas da região e, posteriormente, para as casas da Vila Industrial construída pela Companhia. Figura 45: Foto áerea da Hidroelétrica São Pedro. A energia gerada posteriormente tambem foi usada para a iluminação de vilas em Itu e em Cabreúva. Fonte: Revista Campo e Cidade.

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5.2. A FABRICA E O OPERARIADO Ao final da década de 1940, criou-se uma cooperativa para funcionários, na qual vendiam-se produtos de primeira necessidade a preços subsidiados, além da construção de uma escola e creche para os filhos de funcionários, que naquela época, somavam quase 2000 empregos diretos. Posteriormente construiu-se também um clube recreativo, o Clube São Pedro que contava com teatro e biblioteca, e também, no edifício ao lado, um consultório dentário, o qual era coordenado pelo dentista Dr. Francisco Pompe Nardy. Ambos os equipamentos eram destinados exclusivamente ao atendimento de funcionários e seus familiares.

Figuras 48 e 49: Banda S. Pedro e Curso de Costura para funcionários. Fonte: Rev. Campo e Cidade

Figura 46: Fotos da Hidroelétrica São Pedro. Fonte: Folder comemorativo dos 70 anos da Companhia. Em 1925 inicia-se a construção da Vila Operária. Foram construídas aproximadamente 100 casas também com isenção de impostos oferecida pela Câmara Municipal de Itu. “Vila Operária. Quando Itu começou a crescer (1867) surgiram as indústrias. O operariado forma-se na cidade com a fundação da Fábrica São Luiz. Era pouco numeroso, não atingindo 100 pessoas (mulheres e crianças). Em 1886, chegaram milhares de imigrantes italianos e o número de operários cresceu. Localiza-se na rua José Santoro”. Revista Tempo - n°01 (arquivos da Biblioteca Municipal de Itu) Figura 47: Ortofoto da Vila Operária. Fonte: arquivo pessoal das autoras.

Figuras 50 e 51: Times de futebol da S. Pedro. Fonte: Revista Campo e Cidade

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5.3. ENTREVISTA COM O SR. BENEDITO CALDAS, UM ANTIGO FUNCIONARIO DA FABRICA E OS CONTORNOS FISICOS E SOCIAIS DE UMA FABRICA

Figura 52: Infográfico com a localização dos equipamentos destinados aos funcionários oferecidos pela Companhia. Elaborado pelas autoras. A Fábrica São Pedro, juntamente com a Fiação Maria cândida, empregou, além de rapazes, grande número de moças com idade em torno de 15 anos para trabalharem nos teares. Colaborou para o surgimento e fortalecimento de novas relações sociais, e então para o surgimento de uma classe operária. A mão-de-obra, antes dominada por negros e pardos, será incorporada por imigrantes e pela própria população local oriunda das fazendas ituanas. A máquina, pouco a pouco, ganha papel central na organização do processo de trabalho, impondo um sistema diferente de relações entre patrões e empregados. O patrão, capitalista e detentor do conhecimento, mantém a alienação de seus subordinados visando a manutenção de sua posição e propriedade. Esse período de industrialização foi inegavelmente um momento de grande êxodo rural, tanto por representar esperanças de uma nova vida e novas condições de trabalho, quanto por haver coincidido com um momento bastante complicado vivido pelas lavouras de café, em acentuada decadência até sua derrocada em 1929. Aqueles que não vinham para a cidade para trabalhar nas indústrias, iam para o ramo comercial, mas todos acabavam por instalar-se no perímetro urbano.

Helena Gatti, uma das autoras deste trabalho, realizou esta entrevista em outubro de 2013, quando surgiu a primeira intensão em fazer da Fábrica um tema de TFG. O senhor Benedito Caldas, ex-funcionário da Companhia, e atual funcionário da família proprietária dos edifícios onde esta funcionou é responsável pela zeladoria das instalações e organização do funcionamento e utilização das instalações alugadas para diversos usos. Esta entrevista foi de fundamental importância para que tivéssemos um primeiro contato bastante consistente com a Fábrica e também para que a então superficial ideia de tomar este patrimônio industrial por tema de estudo tomasse força e um pouco mais de corpo. Neste momento pudemos entender um pouco mais sobre a organização da fábrica, seu crescimento ao longo do tempo, as dimensões de sua produção e influência e importância para a economia da cidade. Nascido no ano de 1930, Caldas começou a trabalhar na Fábrica São Pedro por volta de 1947, tendo sido registrado em 1952, e é um dos únicos, dentre os funcionários mais antigos da fábrica que ainda está vivo. Contratado para trabalhar no setor de construções, Caldas começou como pedreiro e com o passar do tempo passou a ser mestre de obras. Desta forma, esteve intensamente envolvido na construção de todos os prédios que foram realizados posteriormente à construção da Fábrica São Pedro, segundo ele, finalizada por volta de 1910, quando o terreno era apenas um matagal. Segundo ele, os recuos dos galpões com relação às ruas em seu entorno eram da ordem de 20m, o que foi se perdendo totalmente com o tempo, algo que se pode observar pela implantação atual e a relação direta entre os galpões e as vias do entorno. Além de cuidar das obras, o sr. Caldas estava envolvido na manutenção e limpeza da Fábrica e, por ter contato com pessoas de áreas distintas durante tanto tempo, era uma figura bastante querida por todos. Segundo ele, nos primeiros anos do funcionamento da tecelagem, quando ainda não havia leis trabalhistas, chegou por várias vezes a passar o dia e a noite trabalhando na fábrica para fazer reparos de emergência, a fim de garantir que o funcionamento das linhas de tecelagem não fosse interrompido, as quais funcionavam 24h por dia, divididas em 3 turnos de funcionários. Tais ocorrências são motivo de orgulho para ele, bem como a Fábrica São Pedro se constituía num motivo de orgulho enorme para a cidade. Segundo sr. Caldas, o funcionamento da tecelagem se resumia aos seguintes passos: comprava-se algodão bruto, produziam-se os fios e tecidos, e após algum tempo, optou-se por produzir-se roupas também. Inicialmente os teares e todo o maquinário eram à vapor, posteriormente é que chegaram os equipamentos elétricos e passou-se a utilizar a energia elétrica produzida pela hidrelétrica particular da empresa. Com o passar do tempo e a modernização do maquinário, a relação funcionários/tear mudou bruscamente: com as máquinas a vapor precisava-se de dois funcionários para cada tear, e com as máquinas elétricas, um funcionário podia cuidar de 5 cinco teares ao mesmo tempo. Segundo o sr. Caldas, como a empresa ia muito bem, nunca se demitiam funcionários por esse tipo de razão, o que se fazia era remanejá-los para outras (muitas vezes, novas áreas) áreas da empresa. Para ele, essa opção pela incorporação de um novo nicho de mercado, se deve a dois fatores: o mercado passou a reduzir qualidade e vender peças a preços muito baixos, o que dificultou a manutenção da qualidade e preços praticados pela fábrica até então; além disso, problemas de cunho familiar (herdei

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5.4. OS EFEITOS DA CONCORRENCIA INTERNACIONAL ros não conseguiram administrar a empresa e acabaram tendo sucessivos problemas, o que os obrigou até mesmo a algumas tentativas malsucedidas de venda da tecelagem). A questão familiar tem grande peso nos relatos do sr. Benedito, na medida emque ele se preocupa bastante em destacar o modo como a fábrica era originalmente conduzida, em que os fundadores da tecelagem costumavam trabalhar juntamente com os operários, ensinando e supervisionando o serviço, acompanhando tudo de perto, algo que para ele, foi fundamental para o crescimento da fábrica, manutenção da qualidade e envolvimento e estímulo dos funcionários. Esse diferencial foi se perdendo com o tempo e a morte dos fundadores e, com a partilha entre os herdeiros, a tecelagem perdeu em qualidade administrativa por falta de experiência. As vendas malsucedidas, anteriormente citadas foram duas, ambas foram marcadas por mal pagamento dos compradores, o que resultou na retomada do controle da empresa por parte do herdeiros. Vale ressaltar que tais vendas envolviam apenas o maquinário e o direito de uso do espaço, porém o prédio nunca deixou de ser de propriedade da família. Quando decidiu-se pelo encerramento da fábrica, por volta do final da década de 80/ início da década de 90, com a ocorrência do Plano Collor, iniciaram-se problemas de ordem trabalhista, pois não se conseguiu pagar todo o devido aos funcionários. Este processo está em andamento até os dias atuais. As 70 casas operárias, construídas por volta de 1920, de propriedade da Fábrica, foram entregues aos funcionários ou a seus herdeiros, como forma de pagamento da dívida. Porém, essa questão ainda não está solucionada e algumas casas encontram-se em más condições de preservação. Lamentavelmente, apos o plano cruzado, momento em que a empresa estava entre as maiores do Brasil no ramo, a “São Pedro” entrou em crise financeira, tendo sido para o grupo econômico CARMIN, que não cumpriu os compromissos assumidos e acabou per ser despejada, processo que se estendeu até o final de 2002.

Em 1944 a Fábrica foi vendida para um grupo de industriais: os sócios Dr. Vicenzo Inglese, Renato Marelli e Comendador Venerando Guelpa. Após algum tempo, o italiano Inglese assume sozinho a direção da empresa, contando, neste período, com o trabalho e apoio dos filhos Juliet, Dário e do genro Mássimo Tommasini. Na década de 1950, passa-se a priorizar a modernização de equipamentos, haja visto que a vitalidade industrial na época não permitia obsolências e tampouco estagnação da política de marketing. A tecelagem seguiu em franco desenvolvimento até meados da década de 1960, quando começou a sofrer com a agressividade da concorrência e foi gradativamente diminuindo suas atividades; a Cia. e Tecelagem São Pedro entra em concordata. Figura 54: Moderrnização do maqunário. Fonte: Folder comemorativo dos 70 anos da Companhia.

Figura 53: Benedito Caldas gentilmente nos antendeu em nossas inúmeras visitas à Fábrica. Nos forneceu informações preciosas sobre a história e funcionamento da fábrica. Fonte: Revista Campo e Cidade.

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5.5. A VIDA QUE CONTINUOU NOS ANOS SEGUINTES O prédio onde funcionava a Fiação Maria Cândida foi arrendado para o empreendimento comercial “Weekend Market”. O local funcionava apenas aos finais de semana e era composto por pequenas bancas de objetos pessoais e dos mais variados gêneros; as bancas eram montadas espalhadas pelo grande salão do antigo prédio. Infelizmente o empreendimento durou poucos meses. Desde fevereiro de 2008 a empresa Fidelity Processadora e Serviços, uma das mais importantes operadoras de cartão de crédito da América Latina, inaugurou sua nova filial nas instalações da antiga da Fiação Maria Cândida.

Figura 55: Moderrnização do maqunário. Fonte: Folder comemorativo dos 70 anos da Companhia. Na década de 1970 toma-se uma nova postura frente às pressões do mercado internacional: sob o objetivo de diversificar a sua linha de produção, foi implantada uma nova divisão da confecção. Tem início então, a produção do tecido Denin Indigo Blue que culminou com a marca Harley, que ficou bastante conhecida em todo o país. Apesar da iniciativa bem sucedida, com a modernização dos equipamentos e a compra de novas máquinas e teares, ao final da mesma década a Fábrica já havia reduzido seu quadro de funcionários para 600 pessoas. Em 1977, uma caldeira elétrica entrou em funcionamento e as máquinas movidas a óleo combustível foram substituídas. Tal previsão, inicialmente indicada para 1981 foi antecipada e além disso, para alavancar a marca Harley, foi aberta em São Paulo, na Alameda Franca, n°235, uma loja especializada nos jeans Harley, e também havia uma loja de fábrica em Itu. A loja local sempre esteve dentro das imediações da Fábrica, porém foi organizada em três espaços diferentes ao longo do tempo. Na metade dos anos 1980, a Cia se encontrava em graves dificuldades financeiras, com problemas relacionados à pagamentos atrasados, processos trabalhistas e na área cível. Em 1990 a Cia. e Tecelagem São Pedro encerra suas atividades definitivamente, por incompatilidade entre sua produção e as exigências do mercado e o avanço tecnológico da industrialização. Fechava as portas a Indústria Têxtil que mais empregou na cidade de Itu, guardando em seu edifício passos da industrialização paulista e esperanças do povo ituano em viver dias de bonança.

Figura 56: Infográfico com a atual distribuição dos usos existentes nas dependências da antiga fábrica.

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Atualmente,a Fidelity emprega cerca de 3000 funcionários, considerada a maior empresa empregadora da região. Nos últimos dez anos a São Pedro vem alugando partes independentes de suas construções para os mais variados fins. Ali funcionaram um restaurante, prática de paintball, uma igreja evangélica, além de várias famílias que adaptaram as estruturas fabris para fim residencial. No conjunto principal da tecelagem atualmente funcionam uma academia, parte de uma fábrica de colchões que realiza a montagem de estruturas de camas e colchões no local, depósito de uma distribuidora de doces, um ateliê e também vivem ali 4 famílias. Esses usos, em especial a academia, vem conferindo à fábrica uma atmosfera instigante por promoverem um movimento interno bastante intenso diariamente. Em entrevista com proprietários e professores da academia pudemos perceber que além de um interesse em oferecer aos alunos um ambiente agradável e adequado à pratica de atividades físicas, há também uma postura bastante nobre nessas pessoas que se dedicam de fato a cuidar das estruturas por respeitar sua importância histórica enquanto patrimonio. Como podemos observar nas fotos, as melhorias promovidas pelos proprietários da academia em seu prédio e área externa que utilizam como estacionamento são notáveis e foram capazes de preparar um ambiente, até então abandonado, para receber de volta em suas estruturas novas energias provenientes de sua reinserção, ainda que parcial e tímida, à vida de Itu no século XI.

Figura 58: Depósito. Fonte: acervo das autoras.

Figura 59: Ateliê. Fonte: acervo das autoras.

Figura 61: Moradia. Fonte: acervo das autoras.

Figura 60: Antigo Paint Ball. Fonte: acervo das autoras.

Figura 57: Foto interna da Academia Fama. Fonte: acervo pessoal das autoras.

Figura 62: Moradias. Fonte: acervo das autoras.

Figura 63: Fabrica de Colchões. Fonte: acervo das autoras.

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6. ARGUMENTACAO CRITICA E TEORICA

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“A memória é o único paraíso do qual não podemos ser expulsos” Johann Paul Richter

6.1. RESTAURO CRITICO O trabalho com patrimônio passa por uma necessidade de renúncia do arquiteto à crença de que para transformar é necessário refazer. Renúncia ao seu ego que lhe aponta opções de refazimento e o impede de olhar para seu objeto de estudo de uma maneira mais humilde, mais admiradora. A consciência de que o trabalho sobre o pré-existente traz uma fascinante e perigosa dificuldade, na medida em que “..certas questões podem acolher tratamento alternativo, luzes diversas das que projetamos e aspectos que subestimamos” (MENEZES, 2006). O respeito à obra, a busca por seu entendimento, a imersão em sua história e em seus significados, a busca pela compreensão das questões projetuais a que este projeto respondeu em sua época de pleno funcionamento. Somente a partir da compreensão dessas relações de troca expressiva entre a espacialidade do trabalho e do corpo, a cidade ou território pode explicitar seus valores e, eventualmente, se regenerar. O restauro crítico, segundo a teoria de Cesare Brandi, constitui-se num processo histórico-crítico originado a partir da análise histórica e formal das obras sobre as quais intervir e não de categorias genéricas pré-determinadas. De acordo com a Carta de Veneza de 1964, para conservar e revelar os valores estéticos do monumento sem apagar as marcas adquiridas ao longo do tempo, a restauração deve seguir princípios fundamentais: reversibilidade, distinguibilidade, mínima intervenção e compatibilidade. Acerca da importância e dificuldade desta questão e considerando uma escala mais ampla de trabalho com o patrimônio industrial, acredita-se que

“as especificidades dos edifícios e sítios industriais e as dificuldades para o seu reconhecimento como patrimônio cultural são os principais motivos que dificultam um tratamento adequado nos projetos de readaptação para novos usos. Ao atuar em áreas industriais desativadas, a prioridade geralmente é de ordem funcional: busca-se verificar qual o potencial que os edifícios possuem para abrigar novos usos ou quais as possibilidades para nova ocupação dessas áreas após a demolição; a verificação de suas qualidades históricas e estéticas, portanto, nem chega a ser aventada. Esse tipo de abordagem se fortalece ainda mais quando consideramos a escala urbana desse patrimônio”. (RUFINONI, 2009) Nosso desafio é propor uma nova organização das “peças” que compõe o conjunto arquitetônico da “Antiga Fábrica São Pedro”. Quer-se, sob uma leitura contemporânea, buscar uma transformação urbana através da reabilitação deste conjunto que tão bem representa o Patrimônio Industrial da cidade de Itu e, através de decisões responsáveis, buscar minimizar os impactos ao edifício e propor a maior interação possível com a comunidade, garantindo sentido à preservação do patrimônio e vida ao patrimônio preservado.

“A reutilização, que consiste em reintegrar o edifício desativado a uso normal, subtraí-lo a um destino de museu, e certamente a forma mais paradoxal, audaciosa e difícil da valorização do patrimônio. Como

mostraram repetidas vezes, sucessivamente, Riegl e Giovannoni, o monumento é assim poupado aos riscos do desuso para ser exposto ao desgaste e usurpações do uso: dar-lhe uma nova destinação é uma operação difícil e complexa, que não deve ser basear apenas em uma homologia com sua destinação original. Ela deve, antes de mais nada, levar em conta o estado material do edifício, o que requer uma avaliação do fluxo dos usuários potenciais”. (CHOAY, 2001)

6.2. PATRIMONIO INDUSTRIAL “É preciso possuir, não somente o que os homens pensaram e sentiram, mas o que suas mãos realizaram, o que sua força executou, o que seus olhos contemplaram todos os dias de sua vida” John Ruskin O patrimônio industrial, dentro dos variados tipos de patrimônio cultural que este conceito abarca, apresenta uma valiosa singularidade: sua simplicidade expressiva com pouca ou quase nula emotividade em sua arquitetura, porém construções imbatíveis quando o assunto é dignidade e inquestionáveis quanto à resposta ao uso. Segundo a Carta de Nizhny Tagil, “O patrimônio industrial compreende os vestígios da cultura industrial que possuem valor histórico, tecnológico, social, arquitetônico ou científico. Estes vestígios englobam edifícios e maquinaria, oficinas, fábricas, minas e locais de tratamento e de refino, entrepostos e armazéns, centros de produção, transmissão e utilização de energia, meios de transporte e todas as suas estruturas e infra-estruturas, assim como os locais onde se desenvolveram atividades sociais relacionadas com a indústria, tais como habitações, locais de culto ou de educação”. Com poucos ornatos, os conjuntos industriais parecem organizar-se como guetos, encerrados em si mesmos como uma pequena “urbe”, com vias principais e secundárias que trabalham e conectam de maneira muito precisa os espaços de trabalho. Friamente falando, a falta de qualidade estética é superada pela monumentalidade dos conjuntos fabris, e este patrimônio passa a suscitar interesse e curiosidade por seu significado e por sua atual inserção na paisagem, bastante diferentes de suas relações originais com a cidade. Segundo Sergio Pace , “..quando uma fábrica fecha, quando as máquinas param, o mais impressionante é o silêncio. Os espaços da produção permanecem cheios de coisas por algum tempo, mas a multidão de pessoas desapareceu. No entanto, as vozes daqueles que trabalharam por muitos anos dentro dessas paredes vão ecoar por muito tempo. O silêncio que assedia uma fábrica abandonada é ambíguo e enganoso, e o risco para aqueles que desejam entender o espaço industrial abandonado é fascinar-se por aquela imensidão e monotonia, perdendo de vista a complexidade das lutas sociais que cada parte do espaço abrigou” (PACE, 2008). As dimensões consideráveis destes conjuntos, antigamente comumente localizados nos arrabaldes urbanos, conferem-lhes grande presença urbana, na medida em que grande parte das fábricas antigas, através do rápido processo de crescimento horizontal das cidades, foram “incorporadas” pelas zonas urbanas.

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A história do trabalho representa muito para nossa sociedade, ainda que muitos relutem em aceitar e evitem a exposição da dureza do trabalho braçal em meio ao ensurdecedor maquinário das antigas fábricas, foi graças a esse momento que alcançamos o desenvolvimento tecnológico e social de hoje.

“... para saber para onde vamos, necessitamos também saber de onde viemos, contemplar os testemunhos de como outros homens enfrentavam problemas parecidos e tratar de tirar uma lição de crítica e de respeito por suas conquistas e fracassos”. (LANDIRILAR, 1982)

Reabilitar as estruturas fabris antigas, ou seja, torna-las novamente aptas a integrar as dinâmicas urbanas contemporâneas, torna-se uma tarefa bastante delicada e de grande responsabilidade que deve ser extraída de incansáveis análises urbanísticas dos fluxos, demandas e costumes do local e seu entorno. É a arte de extrair novas expressões, novos conceitos de formas antigas e possibilitar a reflexão sobre os aspectos sobre os quais se desenvolve nossa história, elucidando “...até que ponto está gravitando sobre a nossa vida tudo aquilo que constituiu e constitui o desenvolvimento tecnológico desde as primeiras técnicas”(LANDIRILAR). A arqueologia industrial representa

“...o estudo das fábricas, moinhos, máquinas a vapor, estradas de ferro etc, desenvolvido sob o cunho de arqueologia industrial, surgiu na Inglaterra, na década de 1950, quando Donald Dudley, um latinista da Universidade de Birmingham, começou a organizar visitas dos seus estudantes a antigas instalações industriais na região, prática que foi seguida por amadores preocupados com a preservação dos antigos vestígios da industrialização e que acabou por abrir um novo campo de investigação centrado no conhecimento dos aspectos materiais da Revolução Industrial” (THIESEN, Beatriz) Nesse contexto a preocupação inicial de teóricos como Kenneth Hudson era evidenciar a necessidade de documentar e preservar os artefatos. Esses estudos pioneiros, abarcados pela recém-criada arqueologia industrial, voltavam-se tanto à discussão sobre os limites cronológicos que a nova disciplina deveria abarcar quanto aos métodos de registro e identificação das edificações existentes, e aos critérios de seleção de quais artefatos deviam ser preservados. Podemos nos referir à arqueologia industrial como um vasto campo que compreende todos aqueles vestígios que o homem deixou de suas atividades para transformar as primeiras matérias. Sua valorização passa então pela necessidade de atrair atenção para essa arquitetura “dura”, para a sua revelação dentro do seu próprio campo histórico e sua integração com o panorama arquitetônico atual. É importante ressaltar que nosso tema está assentado sobre dois pontos importantes: a história social e tecnológica. Tal expansão conceitual de patrimônio cultural para um grupo cada vez maior de artefatos abriu caminho para a identificação e reconhecimento de diversos exemplares arquitetônicos e conjuntos urbanos relacionados à industrialização.

“... tudo isso permite uma reconstrução que nos abre necessariamente a porta de uma reconsideração da arquitetura industrial através de novos prismas: a monumentalidade de algumas construções, o atrevimento inovador de soluções técnicas em que a beleza das linhas, os novos materiais construtivos, aportam o ar de nosso tempo; uma reconciliação da estética das funções em sua influência sobre a arquitetura moderna, um reconhecimento cultural da arquitetura dos engenheiros” (Um monumento industrial em el paisaje urbano de Madrid: la actuación de Atocha”. In: I Jornadas sobre la Proteción y Revalorización del Patrimonio Industrial. Bilbao, 1982)

Trabalhar pela conservação do patrimônio significa ir contra a atual tendência contemporânea que nos aproxima da uniformidade, a qual anula as verdadeiras raízes, formas de entender a vida e a cultura de povos do mundo. Significa não apenas valorizar um bem por sua representatividade cultural, mas também destaca-lo pela sua capacidade de materialização e identificação do cidadão com o território ao qual pertence.

“Seja como for, o caminho mais seguro para criar, no campo do patrimônio cultural, condições mais favoráveis para a inclusão social é, sem qualquer dúvida, o reconhecimento da primazia do cotidiano e do universo do trabalho nas políticas de identificação, proteção e valorização e, consequentemente, de maximização do potencial funcional” (ULPIANO, 2006)

6.3. PATRIMONIO E CIDADE “...não se “secciona” historicamente os centros dos demais espaços das cidades e, do mesmo modo, não é possível se referir aos centros apenas pelos motivos de sempre, ou seja, pela infraestrutura instalada, pela facilidade de transporte, pelo acesso aos serviços e ao comércio, pelo estoque de edifícios (em geral caracterizados como antigos), mas também porque nesses centros, histórias urbanas e sociais se somam expondo constantes, e também diferentes, aspectos da identidade e da memória.” (OLIVEIRA,Carolina)

De acordo com as discussões da “I Jornadas sobre la Proteción y Revalorización del Patrimonio Industrial”, não se pode separar o uso que será dado ao patrimônio de seu significado e de seu local de implantação. A ação deve ser conjunta com um planejamento da porção do território, considerando a realização de uma “operação cultural” de implantação do projeto, a fim de garantir que a ação de reabilitação seja realmente compartilhada por toda a população e assim, eficaz. Tal planejamento deverá ter em conta não apenas as necessidades atuais do bem e de seu entorno, mas tam

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6.4. PATRIMONIO E SUSTENTABILIDADE bém a consciência de como se chegou a tal realidade, é ler no existente todo o sentido do passado. Landirilar esclarece que o patrimônio industrial representa um conjunto de conceitos e objetos característicos da recente história industrial, o qual marcou fortemente a raiz evolutiva de nossas cidades. Nesse sentido, pelo fato de serem apontadas como o principal fator de urbanização na história das cidades, as indústrias, de fato, foram desenvolvedoras de tecido urbano ao seu redor, especialmente desenhando ruas e vias estratégicas para a construção de habitações operárias e para a chegada e saída de produtos e suprimentos, além de estabelecendo estruturas que acabavam por atrair outras indústrias à região. Essa influência na trama urbana resulta em morfologias variadas, redes de vias organizadas justapostas ou sobrepostas a caminhos originais, resultando na criação de novos núcleos dentro da cidade. Seguindo este raciocínio, segundo Manoela Rufinoni , é importante que adotemos duas escalas diferenciadas de intervenção e gestão buscando o desenvolvimento de um organismo urbano “pluripolar”. Nesse sentido, tanto os trabalhos de criação de novas vias e bairros quanto a preservação de parcelas urbanas deve fazer parte do escopo do planejamento urbano para a cidade nas escalas local, regional e territorial. Atualmente, ações de reabilitação de conjuntos industriais vem sendo apontadas como protagonistas de uma ampla renovação urbanística e com isso, de regeneração econômica e social. Massimo Preite se refere a esse tipo de ação como “Efeito Guggenhein”, em que um equipamento de impacto é inserido ao ambiente urbano e provoca efeitos consistentes de regeneração de áreas degradadas, dinamização sociocultural, desenvolvimento econômico e até mesmo projeção regional, nacional e até mesmo internacional do local. O patrimônio industrial surge para o ambiente urbano como oportunidade de recompor um sentido, uma ambiência, um estilo, uma sensação urbanos. De acordo com Ulpiano, a cidade, por ser produto das relações entre os homens, não é de fato o problema. A dificuldade está nos equivocados propósitos das operações urbanas, projetos públicos e privados (em suas mais variadas escalas) que vem propagando um novo modelo de cidade, no qual o espaço público é deixado de lado em detrimento de outras prioridades. Desta forma, é importante que ao trabalhar com a reabilitação do patrimônio busquemos desenvolver em nossos projetos conceitos como ”a contiguidade, a possibilidade de reiteração, de continuidade, de integração de apropriações multiformes e de enraizamento pessoal e comunitários nos demais traçados da vida corrente” (MENEZES, 2006) concebendo nossas intervenções “...pela base, centrando as preocupações no habitante pois ele é que deve ser o fruidor prioritário da “coisa boa” (MENEZES, 2006).

Atualmente o conceito de sustentabilidade vem sendo discutido e considerado em seu sentido mais amplo. A palavra “sustentável” remete a uma postura de trabalho, a uma intensão projetual, a um método de trabalho que se equilibra sobre três pilares: ambiental, econômico e social. Esta premissa torna-se cada vez mais presente, e em muitos casos norteadora, de projetos arquitetônicos e urbanísticos nas mais variadas escalas, bem como do desenvolvimento de instrumentos jurídicos e urbanísticos de gestão do patrimônio público com um todo. Nesse sentido, delineia-se uma diretriz de práticas de projeto e intervenção urbanas e arquitetônicas que visa dota-los de uma capacidade real de constituírem-se viabilizadores e instrumentos efetivos de transformações político-espaciais. Através de ações que visem o benefício da cidade como um todo, buscando fornecer à região atributos como a fruição e a facilidade de deslocamento, legitimidade urbana, acesso à cultura, oportunidades de lazer e infraestrutura urbana. O ato de dar um novo uso ao que se tornou obsoleto segue esta lógica: aproveitamento racional das arquiteturas do passado através de ações integradoras e compatíveis com o desenvolvimento sustentável e com as necessidades da região. Poeticamente falando, trata-se de trazê-las de volta à luz da vida cotidiana, à contemporaneidade, com o devido respeito aos anos de experiência que carrega em suas estruturas e às demandas urbanas. O cruzamento dos temas “Patrimônio” e “Sustentabilidade” se dá em muitos pontos. Ambientalmente falando, trata-se de um reaproveitamento de um ambiente construído e mais do que isso, “micro espaço” urbano consolidado, redução de geração de resíduos ao evitar uma demolição e uma nova construção. Já nos âmbitos social e econômico, refere-se a oportunidades de incremento da qualidade de vida na cidade, de fomentação das relações urbanas e econômicas, tomando o cuidado de manter com o mercado uma relação bastante definida, servindo-se dele e não servindo a ele. Seu sucesso está intimamente ligado à interdisciplinaridade e à concepção e implantação de estratégicas integradoras e colaborativas.

“A arqueologia industrial interessa a várias áreas do conhecimento, em especial às humanidades, estando ligada à antropologia, à sociologia e à história – social, do trabalho, econômica, das ciências, da técnica, da engenharia, da arte, da arquitetura, das cidades etc. Pode ser entendida como o esforço multidisciplinar – de inventários, de registro, de pesquisas histórico-documentais e iconográfica, de entrevistas, de levantamento métrico e análises de artefatos e de edifícios e conjuntos e de sua transformação no decorrer do tempo, de seus materiais, de suas estruturas, de suas atuais patologias, de sua inserção na cidade ou território, de sua forma de ligação com os variados setores da sociedade, de suas formas de recepção e percepção, e sendo reconhecidos como bem cultural, de projeto de restauração – para se estudar as manifestações físicas, sociais e culturais de formas de industrialização do passado, com o intuito de registrá-las, revelá-las, preservá-las e valorizá-las. Estudos dessa natureza alcançam maior profundidade se forem realizados esforços consistentes e constantes pelos variados domínios do saber de maneira articulada” (KUHL, Beatriz)

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A presença do passado supõe um recurso estético e, mais do que isso, representa uma convivência necessária para a cidade contemporânea na medida em que se constitui em matéria viva de compreensão do passado e pensamento do futuro pelas gerações futuras. O equipamento recuperado adquire uma função de integração e passa a representar uma nova centralidade urbana através de sua reabilitação enquanto novo ponto de interesse, de experiência espacial, de encontros e de vida em comunidade, através do tratamento da “..problemática do patrimônio cultural no seu nervo próprio: o de fato social.” (MENEZES, 2006 Figura 64: Foto de feira livre que acontece todos os sábados na Rua Dr. Graciano Geribello, lateral da Fábrca. Fonte: arquivo pessoal das autoras.

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7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO. O CONJUNTO ARQUITETONICO INDUSTRIAL E SEU CONTEXTO URBANO

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O APITO EM NOVO TOM 7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO. O CONJUNTO ARQUITETONICO INDUSTRIAL E SEU CONTEXTO URBANO

7.1. METODOLOGIA DE RECONHECIMENTO DOS EDIFICIOS PREEXISTENTES

“Non si ha un buon restauro senza la pubblicazione dei metodi seguiti, dei procedimenti e delle tecniche adottati, dei risultati conseguiti a partire da una ben precisa situazione di degrado, danneggiamento o d’incongrua e pericolosa utilizzazione. Ciò vale per ogni tipo di restauro, ma in special modo per quello architettonico nel quale la complessità stessa dell’oggetto richiede forme di documentazione, ai fini della predetta pubblicazione, più complete ed estese di quante ne potrebbero risultare, ad esempio, in un dipinto. Fra tali forme documentarie, accanto alla fotografia e ad altre più moderne tecniche d’indagine, resta pur sempre in posizione preminente il rilievo grafico e, più in generale, quel particolare avvicinamento all’architettura costituito dal disegno.” (Carbonara, 1990) Na pesquisa histórica e arquitetônica do patrimônio, as maiores dificuldades são a falta de informações sobre o tema estudado e o difícil acesso ao material existente, seja por se tratarem de acervos privados ou por burocracias existentes. Tendo em vista tais circunstâncias, buscou-se elaborar uma metodologia de trabalho e pesquisa baseada na teoria de Giovanni Carbonara, afim de conhecer profundamente a Companhia de Fiação e Tecelagem São Pedro, e assim, desenvolver o exercício de projeto sobre o pré-construido. 1 Tal metodologia de rilievo foi dividida em cinco etapas:

A.

PESQUISA HISTÓRICA E ICONOGRÁFICA

Para organizar o trabalho de estudo e análise, especialmente quando o objeto em estudo é complexo, é oportuno proceder de forma sistemática a partir do geral para o particular. Antecipadamente deve ser especificado a localização territorial do objeto de estudo, fornecendo dados para sua identificação (região, província, localidade, referências cadastrais), especificando se trata-se de um edifício isolado ou parte de uma cidade. Também é necessário esclarecer a função do uso atual, o estado geral de conservação, restrições de proteção existente ou propostas. As escassas informações em forma de publicações, textos e estudos encontrados foram elaborados a partir da contribuição de João Walter Toscano ao diagnóstico patrimonial do acervo existente na cidade de Itu elaborado pelo CONDEPHAAT em 1977.

1.Con la parola rilievo si vogliono intendere, com’è noto, i due momenti distinti e susseguenti dell’operazione vera e propria di rilevamento e della resa grafica che la esplicita in tavole di assoluta chiarezza; attraverso l’impiego di un disegno naturalistico in certi casi, convenzionale e per certi aspetti astratto in altri. In tal caso si dovrà riservare particolare cura alla definizione, in legenda, di non equivoche simbologie grafiche (CARBONARA, 1990). Com a palavra rilievo se entendem as duas fases distintas da operação de levantamento e da restituição gráfica que se explicíta em pranchas de clareza absoluta; através da utilização de um desenho naturalista, em alguns casos, con-

Foram encontrados artigos de jornais locais do começo do século XX que relatam acontecimentos da região e algumas linhas sobre os donos da Companhia. Na busca de documentação acerca da Companhia, foram visitados da cidade de Itu: o Museu Republicano Convenção de Itu e a Biblioteca Municipal. O acervo do Museu disponibilizou fotografias antigas da Fábrica, as quais são de grande importância para a elaboração do estudo cronológico. Foram encontradas também as fichas do tombamento do centro histórico, processo n. 26907 de 1989 e os Planos Diretores de 1992 e 2006 com anexos mapas da evolução de Itu. Tivemos acesso também aos arquivos Pessoais do senhor Benedito Caldas, antigo funcionário da Fábrica, o qual nos forneceu uma cópia de um antigo mapa (acreditamos que date da década de 1980).

B.

PRODUÇÃO DE ORTOFOTO (rilievo indiretto)

Neste período foram elaborados ortofotos, com o mínimo de distorções possíveis, usando os príncipios da fotogrametria digital. O levantamento fotográfico, como o levantamento gráfico, é considerado uma forma de leitura do monumento: o mesmo programa do estudo fotográfico nasce de uma pré-compreensão crítica do objeto de estudo. Tal programa deve ser desenvolvido de acordo com a qualidade do monumento: isso envolve necessariamente uma seleção prévia das imagens a serem gravadas, em plena consciência da impossibilidade de documentar toda a realidade do objeto arquitetônico. Dois tipos de fotografias nos interessam em maneira direta: por um lado as fotos que pretendem ilustrar a qualidade espacial e pictórica do trabalho, chamadas de “fotografias de arquitectura”; por outro lado, a ajuda técnica de execução do levantamento gráfico e do estudo de consistência física e de degradação do objecto, chamado “fotografia de serviço”. Para que tudo isso fosse possível, procurou-se tirar fotografias a 45º e perpendiculares ao plano de cada uma das fachadas. Foram tomadas fotografias de diversos ângulos e níveis de aproximação, utilizando uma Câmera Lumix Panasonic DMC-TZ5. A fase de processamento dos dados consistiu de duas etapas: a sobreposição e alinhamento das fotografias e a restituição fotogramétrica realizada através do Adobe Photoshop e Adobe Illustrator. A fotogrametria arquitetônica digital mostrou-se ser uma tecnologia fundamental para a documentação do patrimônio arquitetônico. Requer vários cuidados para obter produtos precisos e de qualidade. A etapa de levantamento fotográfico é extremamente importante e influencia diretamente o produto final, uma vez que permite determinar os recursos a serem usados, a quantidade de fotos e os ângulos adequados para a tomada fotográfica. O material produzido através desta técnica torna-se importante instrumento de análise crítica das fachadas do edifício fabril, viabilizando os estudos cronológicos e de patologias.

vencional e de certos aspectos abstractas nos outros. Neste caso, é preciso prestar especial atenção à definição, na legenda, de símbolos gráficos não duvidosos.

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O APITO EM NOVO TOM 7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO. O CONJUNTO ARQUITETONICO INDUSTRIAL E SEU CONTEXTO URBANO

Figura 65: Sequencia de fotos tomadas em campo, minuciosamente tratadas em Photoshop e Ilustrator conforme procedimento anteriormente citado, utilizadas para a montagem de ortofoto. Fonte: arquivo pessoal das autoras.

Figura 66: Ortofoto de uma das fachadas internas da antiga Fábrica produzida através da montagem e tratamento das fotos acima. Fonte: arquivo pessoal das autoras

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Figura 66: Mapa da Fábrica São Pedro. Fonte: Arquivos pessoais de Benedito Caldas

C.

LEVANTAMENTO MÉTRICO ARQUITETÔNICO (rilievo diretto)

Entre as técnicas de levantamento arquitetônico, o desenho e o rilievo diretto é uma das mais utilizadas. É definido levantamento diretto porque as medições são efetuadas diretamente no objeto à ser levantado. Levantamento científico, portanto, de um lado por causa do rigor geométrico e da precisão das medições; por outro lado por causa do valor de interpretação crítica que está assumindo, no respeito da sua própria objetividade, e para a necessária compreensão histórica do objeto estudado; por um lado ainda em relação à integridade dos aspectos que deve se investigar. O iter operativo se divide em duas fases: uma de levantamento de campo, outra de restituição das medidas (desenho). Para o levantamento de campo foram utilizadas trenas tradicionais, com a ajuda de uma trena laser para medir as alturas dos edifícios. Foi encontrada apenas uma planta do conjunto no arquivo pessoal de um antigo funcionário da fábrica, o senhor Benedito Caldas, hipoteticamente datável aos anos 80. Deste modo, o levantamento existente nesta pesquisa é fruto de medições, desenhos e comparações realizados inteiramente pelas autoras.

D.

DIAGNÓSTICO DE CONSERVAÇÃO

Tendo como ponto de partida os mosaicos fotográficos elaborados, é possível encontrar indícios nas fachadas da fábrica, tais como alterações de revestimentos, cores e materiais, além de patologias diversas.

E.

RESULTADO: O ESTUDO CRONOLOGICO

O estudo da cronologia arquitetônica do edifício basea-se na comparação entre as ortofotos e registros fotográficos do estado atual do conjunto, com as fotografias antigas encontradas. O entendimento da cronologia e a distinção das fases construitivas representa o maior desafio e ao mesmo tempo é resultado natural do processo de pesquisa e levantamento. Ao final das etapas acima citadas, obteremos material para basear e direcionar a composição de nossas diretrizes projetuais, buscando assegurar a preservação do patrimônio fabril existente da cidade de Itu. Segue imediatamente, além da prioridade de entender o restauro como necessidade de conservação e adotar os critérios relevantes para o respeito da autenticidade e originalidade do objeto em questão, a importância de uma documentação cuidadosa e completa do que o objeto era, é e será, antes, durante e após a intervenção. Então, será possível desenvolver o projeto, a partir das diretrizes pré-estabelecidas.

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7.2. RECONHECIMENTO DO ENTORNO

7.2.1. A INSERÇÃO URBANA DO CONJUNTO ARQUITETÔNICO DA ANTIGA FÁBRICA A antiga fábrica hoje percebe-se integrada à cidade e localiza-se na área centro-leste da cidade (Figura 67). Essa tipologia de patrimônio arquitetônico geralmente surgia nas áreas de periferia da cidade, mas hoje, graças as modificações do plano diretor e ao ampliamento da cidade, encontra-se parte de uma nova centralidade urbana, mas sem integrar-se aos outros bens (figura 68). Situa-se em uma região de fácil acesso, próximo à entrada da cidade, realizada pela Rodovia Santos Doumont, e do lado do antigo centro histórico. Situado em uma quadra originalmente ao lado da linha do trem, a área corespondente ao conjunto fabril hoje encontra-se limitado pela Avenida Galileu Bicudo (1), Rua Padre Bartolomeu Tadei (2) e a Rua Doutor Graciano Geribelo (3) (Figura 67). A Avenida Galileu Bicudo (1) é caracterizada como uma avenida perimetral que compõe o anel viário de Itu. É uma das avenidas mais movimentadas da cidade. Tem grande tráfego durante o dia. Durante os domingos a Avenida fica fechada aos carros para deixar espaço a ciclistas, pedestres, esportivos e familias. Onde hoje passa a Avenida, até os inicios dos anos 1990 passava a famosa Estrada de Ferro da Companhia Ytuana. A Rua Padre Bartolomeu Tadei (2) e a Rua Doutor Graciano Geribelo (3) têm tráfego médio de carros e ônibus, enquanto são ruas voltadas ao acesso local. Podemos afirmar que nessa região ao redor da fábrica o tráfego não é intenso: o trânsito é moderato somente nos horários de pico na Avenida e nas ruas do centro histórico. Analizando o entorno da fábrica através de mapas pessoais e observando o cotidiano do bairro, é possível extrair mais informações. De fato pode-se notar que próximas á fábrica há muitas áreas atualmente livres (Figura 67). Essas podem representar uma grande potencialidade no nosso projeto.

Figura 68: Corte sem escala da região central da cidade. Destaque o baixo gabarito predominante e para a proximidade entre a antiga Fábrica São Pedro e a região onde situam-se as igrejas e construções tombadas em grau 1 pelo CONDEPHAAT.

Figura 67: Análise dos fluxos de trânsito na área da fábrica.

PROXIMIDADE COM O EIXO CENTRO HISTORICO ANTIGA FABRICA SAO PEDRO

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O APITO EM NOVO TOM 7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO. O CONJUNTO ARQUITETONICO INDUSTRIAL E SEU CONTEXTO URBANO Pode-se afirmar que o centro é dividido da cidade nova pela Avenida Galileu Bicudo em duas zonas: a residencial, geralmente de baixo gabarito, e a central de uso diversificado (Figura 69). O padrão socio-econômico do entorno é predominantemente de classe média e a principal atividade da região é o comércio, intercalados por serviços, escolas, estacionamentos, oficinas e habitações. São zonas diversificadas, nas quais se destacam os seguintes usos: Comércio: lojas de roupa e acessórios, magazines, antiguidades, móveis, lojas de carros e também o Mercado Municipal. Serviços: advogados, estacionamentos, bares e lanchonetes. Cultura: museus e bibliotecas. Institucional: escolas e igrejas. Residencial: na maioria de baixo gabarito com até três andares. O centro possui poucas praças de convivio e descanso com vegetação antiga e a maioria oferece feiras durante os finais de semana. Há un grande número de escolas, cursinhos e faculdades localizadas dentro do perimetro central. No entanto, existem apenas duas bibliotecas, sendo uma de propriedade da USP de São Paulo. A população que frequenta a área central da cidade é, em sua maioria, de média renda. No entanto, há uma pequena região elitizada, com lojas de marca, escolas particulares e condomínios de alto padrão, localizada na parte oeste do centro. Atraidos pela oferta de turismo gastronômico, cultural e rural, o público vem de outros bairros e outras cidades pelo trasporte público ou por veiculos particulares. É portanto um tipo de ocupação passageira. Além disso, por conta da grande concentração de escolas, há um grande fluxo de estudantes. No bairro da vila operária da fábrica São Pedro há uma boa concentração de moradores da terceira idade e maior parte dos moradores é de medio-baixa renda.

Figura 69: Análise dos usos e gabaritos ao redor da Fábrica.

Figura 70: Foto aérea da Fábrica e seu entorno. Fonte: Acervo pessoal das autoras.

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7.2.2. A VILA OPERARIA

As 35 moradias que hoje compõem o grupo de casas operárias distribuem-se ao longo de duas quadras emplantadas em terrenos em declive, na Rua Graciano Geribello, Rua José Santoro e na Rua Gustavo de Paula Leite (Figura 71). Construidas a partir de 1925 em alvenaria de tijolos portantes, suas fachadas não tem ornatos ou detalhes decorativos relevantes, destacando-se apenas nas superfícies murarias, demarcadoras da estrutura (Figura 72 53).

Do ponto de vista contruitivo são edificadas em alvenaria de tijolos revestidos por argamassa. O telhado, em duas águas, é estruturado em madeira serrada e coberto por telhas francesas, com beiral de cimalha de alvenaria. Tanto as portas, quanto as janelas eram, originalmente, de madeira, sendo as portas de duas folhas e janelas tipo guilhotina (Figura 73). No que diz respeito a fachada, elas podem ser divididas em dois sub-grupos: Sub-brupo 01: Casas que apresentam uma fachada com dois vãos: uma porta e uma janela (Figura 74). Sub-grupo 02: Fachada com uma porta e duas janelas (Figura 75). Figura 72: Vista de algumas das casas operárias do conjunto. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 71: Maquete eletrônica da São Pedro. Em destaque as casas operárias do conjunto. As portas e janelas de madeira conferem um ritmo previsível ao conjunto de casinhas operárias, as quais apresentam algumas descaracterizações pontuais: diversas casas presentam vãos de portas e janelas alterados ou fechados. Quanto à tipologia, apesar de plantas bastante assemelhadas, podem-se distinguir dois tipos de construção, conforme suas características de implantação no lote: as casas de meio de quadra e as casas de esquina. Sem recuos frontais, com amplo quintal que ocupa quase metade da área total do lote. Têm planta simples: com três dormitórios sem janelas, cozinha, sala e uma fossa séptica ao fundo do lote.

Figura 73: Casa que apresenta ainda as características originais. Fonte: Arquivo pessoal das autoras.

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7.2.2.1 ESTADO DE CONSERVACAO DAS CASAS

A maioria das casas operárias do conjunto hoje está locada para moradia. Internamente, as alterações são de ordem diversa, boa parte por necessidade de cada morador, bem como mudanças no modo de morar ocorridas para os tempos atuais. Externamente, boa parte das fachadas sofreram modificações (Figuras 77, 78, 79 e 80). No entanto estas apresentam troca de esquadrias, o que apesar de alterar um pouco as dimensões das envasaduras originais, não compromete a leitura do conjunto de casas.

Figura 74: Casa pertencente ao sub-grupo 01, apresentando algumas modificações de caixilhos e acréscimo de grades de proteção. Fonte: arquivo pessoal das autoras.

Figura 75: Casa pertencente ao sub-grupo 02, também apresenta alterações de vão e acréscimo de grades de proteção nas janelas. Fonte: Arquivo pessoal das autoras.

Figuras 77 e 78: Exemplo de casas que sofreram modificações. Fonte: Arquivo pessoal das autoras.

Figura 76: Fachada com duas portas frontais, portas que indicam uso misto, ou seja, comercial e residencial. Fonte: Arquivo pessoal das autoras.

Figuras 79 e 80: Exemplo de casas que sofreram modificações. Fonte: Arquivo pessoal das autoras.

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Ortofoto 1: Rua José Santoro, lado par

Ortofoto 2: Rua José Santoro, lato impar

Ortofoto 3: Rua Gustavo de Paula Leite, lado par

Ortofoto 4: Rua Dr. Graciano Geribello

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7.2.2.2 A PLANTA TIPO

Procurou-se selecionar uma casa emblemática, que pudesse representar o conjunto de casas operárias sintetizando suas principais características. Para tanto se selecionou o exemplar com características consideradas mais próximas de um estado contruitivo original (Figura 82). A casa selecionada está localizada no meio da quadra, com duas janelas a duas folhas e uma porta em madeira. A planta, de acordo com as informações do morador, se aproxima muito da original, e a única intervenção pela qual a casa passou foi a anexação de um sanitário aos fundos da construção. (Figura 81).

Figura 82: Casa que apresenta ainda as características originais. Fonte: Arquivo pessoal das autoras.

Figura 81: Planta da casa operária tipo. Escala 1:200.

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7.3 DOCUMENTACAO E AVALIACAO DOS EDIFICIOS DA FABRICA

Toda proposta de restauração do património arquitetônico deve ser fundamentada através de cuidadosa pesquisa histórico-documental, iconográfica e bibliografica, minucioso rillievo , exame de técnicas construtivas e dos materiais, de sua estrutura, patologias e análise tipológica e formal. Esse reconhecimento leva a entender suas fases construtivas no decorrer do tempo, assim como sua configuração e problemas atuais. A etapa do levantamento de campo é fundamental na concepção de um projeto de restauração. Esta representa uma fase bastante trabalhosa e de alto nível de detalhamento, implicando levantamento métrico detalhado dos edifícios do conjunto e um processamento específico padrão para correção das fotografias de fachada. A retificação das fotos é realizada a fim de eliminar as distorções causadas pela lente da câmera e então, produzir uma imagem suficientemente confiável dar suporte o desenho técnico posteriormente desenvolvido. Para levantamento de material base para os estudos métricos-formais, realizamos também inúmeras visitas de campo para a documentação gráfica e fotográfica da situação atual do conjunto. Tais momentos também foram decisivos para o reconhecimento da interessante atmosfera existente nos espaços intersticiais do conjunto, bem como para a realização de entrevistas com usuários do local, atualmente fragmentado por uma diversidade de novos usos. Foram analizadas também fontes documentais e iconográficas através do levantamento bibliográfico e documental a respeito da historia de Itu e especificamente do período industrial, porém esbarramos na inexistência de análises ou estudos realizados acerca da Fábrica São Pedro, sua história, representatividade no meio industrial ou mesmo como patrimônio cultural da cidade. A Cia. E Tecelagem São Pedro é citada muitas vezes em artigos que tratam da industrialização do interior paulista, da importante fase têxtil ocorrida e do pioneirismo da Fábrica São Luiz, já citada neste trabalho, porém nunca foi objeto principal de estudos aprofundados. A inicial admiração é transformada então, através do conhecimento adquirido, em respeito pela obra. Além disso, nos proporciona maior apropriação do nosso objeto de estudo e intimidade com suas instalações, estruturas e materiais, e inclusive com as dinâmicas que se desenrolam atualmente em seu conjunto. Auxilia-nos a vivenciar um bem cultural que possui papel memorial e interesse formal, histórico e social, e que guarda consigo um enorme potencial de centralidade urbana de impacto. Temos plena consciência de que qualquer intervenção implica mudanças, porém acreditamos que tais alterações devem ser cuidadas para que não interfiram na consciência física e formal do bem. Respeitando esta postura, trabalhamos na construção de um processo de levantamento histórico-critico fundamental para embasar e constituir-se no ponto de partida de nossas propostas.

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O APITO EM NOVO TOM 7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO. 7.3.1 REGISTRO FOTOGRAFICO : O FORA

Figura A1: vista da Avenida com a Fábrica no fundo.

Figura A2: vista da Avenida Galileu Bicudo.

Figura A3: vista da Rua Geribello com a Matriz no fundo.

Figura A4: Rua José Santoro, vila operária.

Fonte das imagens: arquivo pessoal das autoras, março 2014.

Figura A5: vista da Avenida com a Fábrica no fundo.

Figura A6: vista externa da Fábrica por Rua B. Tadei.

Figura A7: entrada principal da Fábrica na Rua B. Tadei.

Figura A8: antigas casas dos engenheiros.

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O APITO EM NOVO TOM 7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO. 7.3.2 REGISTRO FOTOGRAFICO : O DENTRO

Figura B1: pátio central da Fábrica.

Figura B2: entrada por Rua B. Tadei.

Figura B3: rua interna à Fábrica que une os dois ingressos.

Figura B4: entrada pela Avenida Galileu Bicudo.

Fonte das imagens: arquivo pessoal das autoras, março 2014.

Figura B5: vista do antigo galpão de expedição.

Figura B6: vista do pátio central.

Figura B7: vista do antigo refeitório.

Figura B8: entrada da antiga créche.

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O APITO EM NOVO TOM 7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO.

Figura B9: vista do pátio interno com a chaminé no fundo.

Figura B10: vista da tecelagem a esquerda e dos banheiros a direita.

Figura B11: vista do bloco de embalagem e expedição.

Figura B12: vista do telhado caido do bloco de expedição.

Fonte das imagens: arquivo pessoal das autoras, março 2014.

Figura B12: vista do estado de conservação do pequeno anexo do atelier.

Figura B13: vista do pátio com os galpões de expedição no fundo.

Figura B14: ex lavanderia hoje atelier de um artista local.

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O APITO EM NOVO TOM 7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO.

Figura C1: vista dos galpões de expedição.

Figura C2: estado de abandono do setor de confecção.

Figura C3: a vegetação domina perto das caldeiras.

Figura C4: vista lateral do pequeno anexo ao atelier.

Fonte das imagens: arquivo pessoal das autoras, março 2014.

Figura C5: antigo bloco de confecção.

Figura C6: entrada lateral à antiga área de tinturarias da tecelagem.

Figura C7: cabine de força.

Figura C8: vista interna da caldeira.

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O APITO EM NOVO TOM 7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO.

Panoramica 1: vista panoramica dos setores de confeção.

Panoramica 2: vista panoramica da vegetação entre a caldeira e o setor de confecção.

Panoramica 3: vista panoramica da cabine de força (no fundo) e do setor de confeção (a direita).

Panoramica 4: vista panoramica da tecelagem (a esquerda) e dos galpões de expedição (a direita).

Panoramica 5: vista panoramica da caldeira e da entrada para o local do paint ball.

Fonte das imagens: arquivo pessoal das autoras, março 2014.

Panoramica 7: vista panoramica do pátio central.

Panoramica 6: vista panoramica do setor de espedição (a esquerda), da tecelagem (a direita) e do setor de manutenção (no fundo). Panoramica 8: vista panoramica do pátio central.

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7.4. ESTUDO DA CRONOLOGIA ARQUITETONICA

As informações aqui apresentadas foram identificadas a partir de fotos, imagens e um mapa antigo que complementam os estudos cronológicos, além de entrevista com o senhor Benedito Caldas, funcionário do setor de obras da Fábrica São Pedro desde 1945.

da hoje características mais próximas ao estado original, em alvenaria de tijolos argamassada e com estrutura do telhado e tesouras em madeira, recoberto por telhas francesas. O piso em todos os ambientes é concreto queimado e as janelas em ferro. A fábrica passou pela primeira ampliação em 1920 quando foi edificado um novo galpão para hospedar todo a setor de manutenção e carpintaria, utilizando a mesma tipologia de construção (Figura 87). A terceira ampliação na decada de 30 comportou a edificação de três novos blocos, a partir do momento que a fábrica estava em expansão e precisava de mais espaço para dedicar à confecção e expedição dos produtos (o procedimento fabril será ilustrado no capitulo 7.5). Esse conjunto sofreu muitas alterações posteriores, e parte dele atualmente não têm mais o telhado. A quarta fase de 1945-1947 compreende os blocos de escritórios e créche, e a ampliação do galpaõ original da tecelagem para a Rua Graciano Geribelo (Figuras 83 e 84). Apesar de possuírem características comuns aos outros períodos, tais como o uso de alvenaria de tijolos argamassados e piso cimentício, nestes trechos as estruturas do telhado são mistas e a cobertura é parte em telhas francesas, parte em telhas de eternit. Fator mais evidente é a tipologia da fachada, que se diferencia das fachadas antigas e mantêm um estílo próprio. O quinto e último periodo difere-se significamente dos demais galpões fabris que formam a Companhia. Estão implantados ao fundo do lote, em sei blocos e uma caixa d’agua. São edificados em alvenaria de tijolos argamassada, com estrutura do telhado e tesouras em madeira, e cobertura em telhas francesas e eternit.

Figura 83: Infográfico para o estudo da cronologia arquitetônica da fábrica. A Cia. Fiação e Tecelagem São Pedro, fundada em 1910 e oficialmente inaugurada em 1911, funcionou até a decada de 80. Ao longo desse tempo teve sua composiçao original modificada, processo normal em estabelecimentos fabris que buscam se modernizar e ampliar sua produção conforme o desenvolvimento tecnológico e as diretrizes adotadas pela empresa. Iniciada a partir de um edifício que abrigava a fiação e tecelagem ao lado da ferrovia, passou por modificações e ampliações, surgindo novos edifícios acoplados aos já existentes (Figura 83). Apenas o galpão original da tecelagem, que não foi alvo de ampliações, tem ain-

Figura 84: Vista da maquete eletrônica para o estudo da cronologia da fábrica.

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Figura 85: Outra vista da maquete eletrônica para o estudo da cronologia da fábrica.

Figura 86: Foto mais antiga encontrada. Estima-se que seja de meados da década de 1910. Nesta foto se destaca, em primeiro plano, a casa antiga esquina das Ruas do Patrocínio com a Padre Bartolomeu Tadei (Morro de Teatro). Ao fundo o Bairro Alto; no canto superior esquerdo, o Asilo de Mendicidade N. Sra. Da Candelária e mais abaixo a primeira configuração identificada do prédio da Cia. Fiação e tecelagem São Pedro. Fonte: Acervo da Biblioteca da USP, Museu Republicano de Itu.

Figura 87a: vista da fábrica na decada de 1920 com a nova ampliação. Fonte: Acervo da Biblioteca da USP, Museu Republicano de Itu.

Figura 87b: vista área da cidade na década de 1940. Fonte: Acervo do Museu Republicano de Itu.

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Figura 90: vista da rua principal da Vila Operária a partir da Avenida Dr. Graciano Geribello, na década de 1970. Fonte: Coleção Júlio Abe Wakahara - Acervo do Museu Republicano de Itu

Figura 88: vista do acesso principal à fábrica em 1958. Fonte: Coleção Júlio Abe Wakahara - Acervo do Museu Republicano de Itu.

Figura 91: vista aérea das três fábricas: São Pedro (em cima), São Luiz (a esquerda) e Maria Cándida (a direita) na década de 1970. Fonte: Revista Campo e Cidade, agosto/setembro 2004.

Figura 89: vista do acesso segundário da Fábrica São Pedro década de 1970. Fonte: Coleção Júlio Abe Wakahara - Acervo do Museu Republicano de Itu.

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7.5 O PROCESSO FABRIL

De fundamental interesse para o entedimento da Fábrica é o estudo do fluxo de produção dentro da São Pedro. Graças à entrevista ao senhor Benedito Caldas foi possível criar um infográfico (Figura 91) para uma melhor explicação do processo e dos fluxos de produção. A Fábrica São Pedro foi implantada numa região topografia mais elevada da cidade e área de característica brejosa (vale ressaltar que, na época de sua fundação as terras localizadas nesta área da cidade eram pouco valorizadas pelo mercado imobiliário por conta disso), próximo à recém implantada Ferrovia Ytuana e ao córrego do Brochado. Aproveitando os incentivos municipais, a empresa tirou proveito do local explorando vários poços freáticos (evidenciados em azul) até hoje utilizados, os quais representavam uma grande riqueza para a produção da tecelagem. Foi necessário criar duas caixas d’agua (evidenciadas como A e B) para atender o aumento da produção (A) e também para filtrar a água suja (B) utilizada na tinturaria antes de jogá-la de volta para o río. Segundo o senhor Caldas a fábrica criou um excelente sistema de esgoto que atende até a vila operária do lado, atravessando a fábrica inteira antes de chegar no río.

Procedemos aqui resumindo o processo de produção (Figura 91): 1. Os sacos de algodão chevagam à entrada principal transportados em carroças, no início do século, e, posteriormente, em caminhões. Na portaria, os sacos passavam por um primeiro controle de qualidade para então serem entregues ao galpão de depósito de fios. 2. Os fardos eram aqui depositados, assim como os fios e panos, para serem preparados para depois entrar na tecelagem. Segundo o senhor Bendito Caldas na época que ele entrou na fábrica, em 1945, crianças trabalhavam na fábrica realizando a separação dos caroços do algodão, sobre tudo filhos dos próprios operários. 3. Depois da preparação dos fios, o algodão entrava no gigantesco setor de tecelagem, no qual era possível encontrar muitos maquinários para a lavoração.

Figuras 92 e 93: Seção de Preparação de Fios. Fonte: Blog “historiadeindaiatuba.blogspot.com.br”

Figura 91: Fluxo de produção. Infográfico elaborado pelas autoras.

Figuras 94 e 95: Vista do estoque de algodão. Fonte: Blog “historiadeindaiatuba.blogspot.com.br”

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Até a década de 40 a Fábrica funcionava a vapor de lenha. Quando a fábrica precisou incrementar a produção foram construidos uma nova caldeira, um tanque de óleo combustível, uma cabine de força e a caixa d’agua. 5. Os tecidos prontos passavam então para a última grande fase do ciclo de produção. Seguindo a linha continua dos edifícios, o produto primeiro era cortado e depois passava para a confecção, seguindo as indicações da modelagem. O setor de confecção chegava a produzir 2000 peças por dia. 6. Depois entrava na sala de acabamento 7. O produto pronto era assim lavado. 8. Enfim passado para depois ir para a embalagem. 9. Embalagem. 10. Enfim, os estoques embalados eram prontos para a expedição no Brasil inteiro.

Figuras 97 e 98 : Sala dos batedores de algodão. Fonte: Blog “historiadeindaiatuba.blogspot.com.br”

Figuras 99 e 100: Seção de Cardas e Passadeiras. Fonte: Blog “historiadeindaiatuba.blogspot.com.br” 4. Os tecidos entravam em seguida na tinturaria para receber os ultimos tratamentos

Figura 102: Caldeira a vapor elétrica. Fonte: Blog “historiadeindaiatuba.blogspot. Figura 103: Estoque de tecidos aguardando o embarque. Fonte: Blog “historiadeindaiatuba.blogspot.com.br” com.br”

Figura 104: Sala de acabamento, Fonte: Blog “historiadeindaiatuba.blogspot.com.br”

Figuras 101: Seção de Urdideiras. Fonte: Blog “historiadeindaiatuba. blogspot.com.br”

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Figura 105: Embarque de tecidos. Fonte: Blog “historiadeindaiatuba.blogspot.com.br” 11. Atrás dos galpões de expedição foi aberta uma loja para a venda direta dos produtos da fábrica a um preço mais baixo. 12. Os ultimos três setores estão ligados diretamente à fábrica, enquanto setores de suporte. São esses: o edifício que hospeda toda a manutenção, carpintaria e marcenaria. 13. O bloco dos escritórios da administração. 14. A creche para os filhos dos operários.

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O APITO EM NOVO TOM 7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO. O CONJUNTO ARQUITETONICO INDUSTRIAL E SEU CONTEXTO URBANO

7.6 AVALIACAO DOS EDIFICIOS DO CONJUNTO ARQUITETONICO. BLOCOS

O conjunto da Cia. Fiação e Tecelagem São Pedro, de aproximadamente 24.000m2 (15.100m2 de área construida), é formado por 13 edificações que apresentam características compositivas marcantes e caractéristicas da arquitetura fabril, apesar das pontuais descaracterizações decorrentes de reformas, ampliações ou adequação de usos. Para melhor exposição da análise, decidiu-se dividir o conjunto em treze blocos conforme ilustra o infográfico (Figura 106).

mente do estilo originário do conjunto. Às estruturas posteriores mantêm a mema tipologia das antigas em tijolos à vista (em algumas partes atualmente rebocado). Além da falta de cuidado construitivo, as construções mais recentes dificultam a percepção da implantação antiga em alguns pontos da fábrica e agridem a integridade do conjunto especialmente por fazerem conexões que interrompem e interferem de maneira pouco cuidadosa nos edifícios da fundação da fábrica (Figuras 107 e 108). Figura 107: Foto da interferência do bloco 6 no bloco 5. Fonte: arquivo pessoal das autoras.

Figura 108: Foto da interferência do bloco 6 no bloco 7. Fonte: arquivo pessoal das autoras.

Figura 106: Divisão da fábrica em blocos. Infografico elaborado pelas autoras. Os espaços interiores dos galpões são simples e despojados de adornos. Caracterizam-se por grandes áreas livres pontuadas pelos muitos pilares em madeira e tesouras aparentes, que estruturam o telhado, além dos forros e das aberturas envidraçadas tipo “shed” que tornam os pavilhões extremamente bem iluminados. Nas pesquisas de campo realizadas no desenvolvimento deste trabalho observou-se que as ampliações realizadas nas décadas de 40 e de 50 diferenciam-se substancial-

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BLOCO 1: a. Usos originais: fiação, tecelagem, depósito, corte, preparação fios, almoxarifado, resíduo, flanela, preparação rolos, tinturaria e rama. b. Usos atuais: parte é ocupada por uma academia e outra por uma fábrica de colchões, e já foi utilizado como espaço de prática de paintball. c. Área total: 9000 m² d. Elementos componentes: Pé direito de aproximadamente 8m, com cobertura de telhas cerâmicas de origem francesa e aberturas envidraçadas tipo “shed”. Os elementos estruturais são todos constituídos em madeira: tesouras, pilares e vigas. O forro, também constituído de madeira, ccontava com uma camada de isolamento em lã de vidro. Na parte utilizada pela academia o forro de madeira foi completamente retirado, enquanto que na área utilizada pela fábrica de colchões este ainda encontra-se mantido. As paredes apresentam variação de acabamento: algumas encontram-se rebocadas e pintadas e outras sem reboco, apenas com pintura tipo caiação no espaço interno. e. Estado de conservação: a área utilizada pela academia está bem conservada, porém sofreu algumas descaracterizações como abertura e fechamento de vãos, pintura e retirada do forro de madeira. A área utilizada pela empresa de colchões apresenta, além de novos vãos e abertos e outros provisoriamente fechados, mau estado de conservação. Já a área abandonada dos fundos, apresenta-se bastante degradada e ainda apresenta sinais e materiais da prática do paintball. Figura 109: Bloco 1. Fonte: arquivo pessoal.

Figura 110: Foto da fachada principal do Bloco 1, atualmente vem sofrendo pequenas reformas realizadas pelos proprietários da academia visando sua melhor conservação. Fonte: arquivo pessoal. Figura 111: Foto interna mostrando atual utilização pela fábrica de colchôes.do Bloco 1. Fonte: arquivo pessoal. Figura 112: Bloco 1, fundos; e Figura 112: Bloco 01, academia Fonte: arquivo pessoal

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BLOCO 2: a. Usos originais: portaria b. Usos atuais: residência unifamiliar c. Área total: 50m² d. Elementos componentes: Pé direito de aproximadamente 3m, com cobertura de inclinação mínima de telhas cerâmicas produzidas em Itu, embutida por platibandas. Apresenta esquadrias de forma ortogonal, que se diferenciam bastante das esquadrias encontradas nos blocos mais antigos. A estrutura é de concreto e a alvenaria recebe dois tipos de acabamento: reboco com pintura e tijolinhos decorativos. e. Estado de Conservação: O bloco encontra-se em boas condições estruturas, embora o acabamento das paredes esteja bastante desgastado.

Figura 113: Bloco 2.Fonte: arquivo pessoal.

BLOCO 3: a. Usos originais: creche, lavandeira, copa, administração, escritório, setores de compras e vendas, gerência, almoxarifado b. Usos atuais: atualmente sem uso c. Área total: 1100m² d. Elementos componentes: Pé direito de aproximadamente 3m, com cobertura de inclinação mínima de telhas cerâmicas produzidas em Itu, embutida por platibandas. Apresenta esquadrias de forma ortogonal, que se diferenciam bastante das esquadrias encontradas nos blocos mais antigos. A estrutura é de concreto e a alvenaria recebe dois tipos de acabamento: reboco com pintura e tijolinhos decorativos. e. Estado de Conservação: Fechamento completo de vãos. Figura 114: Bloco 3. Fonte: arquivo pessoal

Figura 115: Bloco 3. Fonte: arquivo pessoal

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BLOCO 4: a. Usos originais: manutenção mecânica, carpintaria, depósito, marcenaria, refeitório, garagem b. Usos atuais: salas de aula de luta e spinning c. Área total: 1000m² d. Elementos componentes: Pé direito de aproximadamente 8m, com cobertura de telhas cerâmicas de origem francesa em formato duas águas desprovidas de forro. Os elementos estruturais são todos constituídos em madeira: tesouras, pilares e vigas. As paredes apresentam variação de acabamento: algumas encontram-se rebocadas e pintadas e outras sem reboco, apenas com pintura tipo caiação no espaço interno. e. Estado de Conservação: Fechamento completo de vãos. Figura 116: Bloco 4, vista da fachada interna. Fonte: arquivo pessoal.

Figura 117: Bloco 4, vista da Rua Pe. Bartolomeu Tadei. Fonte: arquivo pessoal.

BLOCO 5: a. Usos originais: expedição, depósito, loja, embalagem, sala de reunião, gerência de custos e vendas. b. Usos atuais: depósito e residência unifamiliar c. Área total: 1200m² d. Elementos componentes: Pé direito de aproximadamente 8m, com cobertura de telhas cerâmicas de origem francesa e aberturas envidraçadas tipo “shed”. Os elementos estruturais são todos constituídos em madeira: tesouras, pilares e vigas. O forro, também constituído de madeira, contava com uma camada de isolamento em lã de vidro. Apresenta cobertura externa anexa (acredita-se ser para facilitar e proteger os materiais retirados pelos caminhões na expedição) com estrutura e telhas metálicas. e. Estado de Conservação: Grande parte dos vãos apresenta-se fechado com alvenaria e o interior de algumas das salas encontra-se tomado por vegetação rasteira.

Figura 118: Bloco 5, vista da fachada interna. Fonte: arquivo pessoal.

Figura 119: Bloco 5, vista externa do acesso à antiga loja na Rua Padre Bartolomeu Tadei. Fonte: arquivo pessoal.

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BLOCO 6: a. Uso original: Lavanderia, recebimento e facção b. Uso atual: Atelier e galeria de artista plástico c. Área total: 300m² d. Elementos componentes: Pé direito de aproximadamente 5m, com cobertura de duas águas de telhas metálicas. Os elementos estruturais do edifício são todos de concreto, enquanto as tesouras que estruturam o telhado são de madeira. O acabamento das paredes é feito com reboco e pintura. Apresenta caixilhos bastante ortogonais que diferenciam-se quanto à formato, dimensões e material dos encontrados nos galões originais. e. Estado de Conservação: Recentemente, cerca de um ano atrás, parte do galpão foi pintado e reformado para adaptar-se ao novo uso atelier artístico). A outra parte continua bastante danificada e apresenta as marcas de provável incêndio sofrido anteriormente e aparentemente é utilizada como depósito.

Figura 122: Bloco 6, área utilizada como espaço de exposições. Fonte: arquivo pessoal das autoras.

Figura 120: Bloco 6. Parte utilizada pelo artista plástico como ateliêFonte: arquivo pessoal.

Figura 121: Bloco 6. Fonte: arquivo pessoal.

Figura 123: Bloco 6, área utilizada como espaço de exposições. Fonte: arquivo pessoal das autoras.

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O APITO EM NOVO TOM 7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO. O CONJUNTO ARQUITETONICO INDUSTRIAL E SEU CONTEXTO URBANO

BLOCO 7: a. Uso original: confecção, acabamento, limpeza e passamento b. Uso atual: não há c. Área total: 1100m² f. Elementos componentes: Pé direito de aproximadamente 8m, com cobertura de duas águas de telhas cerâmicas de origem francesa. Os elementos estruturais são todos constituídos em madeira: tesouras, pilares e vigas. As paredes apresentam variação de acabamento: as internas encontram-se rebocadas e pintadas, enquanto as externas apresentam-se com tijolos à vista. g. Estado de Conservação: este é o bloco mais danificado da fábrica, todo o seu telhado foi retirado por inquilinos destes galpões para viabilizar a secagem de madeiras (segundo informações fornecidas pelo senhor Benedito Caldas), e os elementos componentes restantes encontram-se em péssimo estado de conservação. Figura 124: Bloco 7, vista interna. Fonte: arquivo pessoal.

Fiuras 125 e 126: Bloco 07. Fonte: arquivo pessoal das autoras.

BLOCO 8: a. Uso original: confecção, modelagem, bordado, amostra e banheiros b. Uso atual: não há c. Área total: 350m² d. Elementos componentes: Pé direito de aproximadamente 4m, com cobertura de duas águas de telhas cerâmicas produzidas em Itu. Os elementos estruturais do edifício são todos de concreto. O acabamento das paredes é feito com reboco e pintura. Apresenta caixilhos ortogonais e outros com formatos em formas variadas, sendo que todos diferenciam-se quanto à formato, dimensões e material dos encontrados nos galões originais. Apresenta forro estruturado em madeixa e com fechamento de chapas que se assemelham a compensado de madeira pintado em branco. e. Estado de Conservação: Há cerca de 15 anos o local foi reformado e adaptado para o funcionamento de um restaurante. Vãos foram abertos e outros fechados. O fechamento do forro encontra-se todo retirado e muitos vidros estão quebrados.

Fiuras 127 e 128: Bloco 08. Fonte: arquivo pessoal das autoras. Figura 01: Bloco 5, vista do interior do conjunto. Fonte: arquivo pessoal.

Figura 01: Bloco 5, vista externa do acesso à antiga loja na Rua Padre Bartolomeu Tadei. Fonte: arquivo pessoal.

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O APITO EM NOVO TOM 7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO. O CONJUNTO ARQUITETONICO INDUSTRIAL E SEU CONTEXTO URBANO

BLOCO 9: a. Uso original: sanitários masculinos e femininos b. Uso atual: duas residências unifamiliares c. Área total: 130m² d. Elementos componentes: Pé direito de aproximadamente 4m, com cobertura de duas águas de telhas de eternit. Os elementos estruturais são todos constituídos em concreto. As paredes tem acabamento em reboco e pintura. e. Estado de Conservação: o bloco encontra-se em estado de conservação considerável, embora acredita-se que esteja bastante modificado internamente por conta do novo uso. Além disso, foram abertos novos vãos na fachada.

Figuras 129 e 130: Bloco 9. Fonte: arquivo pessoal.

BLOCO 10: a. Uso original: manutenção civil, oficina de confecção e tanque de óleo combustível b. Uso atual: não há c. Área total: 110m² d. Elementos componentes: Pé direito de aproximadamente 7m, com cobertura de duas águas de telhas de eternit. Os elementos estruturais são todos constituídos em concreto. As paredes tem acabamento em reboco e pintura. e. Estado de Conservação: o bloco encontra-se em estado de conservação considerável, embora tomado internamente por vegetação.

Figuras 131 e132: Bloco 10. Fonte: arquivo pessoal

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O APITO EM NOVO TOM 7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO. O CONJUNTO ARQUITETONICO INDUSTRIAL E SEU CONTEXTO URBANO

BLOCO 12:

BLOCO 11: a. Uso original: caldeiras b. Uso atual: depósito de banheiros químicos c. Área total: 220m² d. Elementos componentes: Pé direito de aproximadamente 10m, com cobertura de duas águas de telhas de Eternit e lanternim central na cumeeira. Os elementos estruturais são todos constituídos em concreto. As paredes apresentam variações de acabamento: algumas com tijolo à vista e outras com acabamento em reboco e pintura. e. Estado de Conservação: o bloco encontra-se em estado de conservação regular. Os vidros estão quebrados e internamente há sinais de modificações, partes quebradas e outras rebocadas novamente das paredes. Parte do piso está ofendido por vegetação

a. Uso original: cabine força e casa de bombas b. Uso atual: não há. c. Área total: 210m² d. Elementos componentes: Pé direito de aproximadamente 15m, com cobertura de duas águas de telhas cerâmicas. Os elementos estruturais são todos constituídos em concreto. As paredes apresentam variações de acabamento: algumas com tijolo à vista e outras com acabamento em reboco e pintura. e. Estado de Conservação: o bloco encontra-se em estado de conservação regular. Os vidros estão quebrados, a estrutura do lanternim encontra-se bastante danificada e internamente há sinais de modificações, partes quebradas e outras rebocadas novamente das paredes. Parte do piso está ofendido por vegetação.

Figuras 132 e 133: Bloco 11. Fonte: arquivo pessoal.

Figuras 134 e 135: Bloco 12. Fonte: arquivo pessoal.

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O APITO EM NOVO TOM 7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO. O CONJUNTO ARQUITETONICO INDUSTRIAL E SEU CONTEXTO URBANO

BLOCO 13: a. Uso original: caixa d´água b. Uso atual: caixa d´água c. Volume total: 1.000.000l d. Área total: 360 m² e. Elementos componentes: Paredes em alvenaria e elementos estruturais em concreto. Cobertura em telhas cerâmicas e estrutura de telhado em madeira. f. Estado de Conservação: o bloco encontra-se em estado de conservação regular. A vegetação que a rodeia está bastante crescida. Figuras 136 e 137: Bloco 13. Fonte: arquivo pessoal.

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O APITO EM NOVO TOM 7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO. O CONJUNTO ARQUITETONICO INDUSTRIAL E SEU CONTEXTO URBANO

7.7 LEVANTAMETO METRICO E DESENHO DE FACHADAS 7.7.1 O CONJUNTO

Figura 138: Planta desenhada em Autocad através de planta documental fornecida por Benedito Caldas e conferências métricas realizadas no canteiro. Escala 1:1000

73


O APITO EM NOVO TOM CORTES GERAIS . ESCALA 1.500

7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO. O CONJUNTO ARQUITETONICO INDUSTRIAL E SEU CONTEXTO URBANO

CORTE A-A'

CORTE B-B'

CORTE C-C'

CORTE D-D'

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O APITO EM NOVO TOM 7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO.

A 7.7.2 OS BLOCOS

BLOCO 1: Nucleo original da fabrica

B

A

A'

B'

Descrição arquitetônica e material: núcleo original da fábrica, apresenta uma organização modular da planta, com pé direito de aproximadamente 8 m, tesouras tipo “shed” de madeira de 8 m de vão, por uma área total de 9.000 m2. Elementos estruturais todos constituídos em madeira (Figura 1.1). Estado de conservação: sofreu descaracterizações com abertura e fechamento de vaõs (Figura 1.4), pintura das paredes e retirada do forro de madeira. A área abandonada na parte sul, ampliação de 1945, apresenta-se bastante degradada e ainda apresenta sinais e materiais da prática do paintball (Figuras 1.9 e 1.10).

+3.00

E

Escala 1:500

01

5

10

20 m

75


O APITO EM NOVO TOM 7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO.

BLOCO 1 | FACHADA NORTE . VISTA A

Descrição arquitetônica e material: cobertura de telhas cerâmicas de origem françesa e aberturas envidraçadas tipo “shed”.

Figura 1.1: vista da tesoura de madeira.

Figura 1.2: vista da tesoura de madeira.

Estado de conservação: a fachada norte do bloco 1 (vista A), atualmente vem sofrendo pequenas reformas realizadas pelos proprietários da academia visando sua melhor conservação. A parede da fachada externa apresenta variação de acabamento: parte rebocada e pintada e parte sem reboco, mostrando a alvenaria de tijolos. Na parte utilizada pela academia o forro de madeira foi retirado, mas contava com uma camada de isolamento em lã de vidro.

Figura 1.3: vista da academia.

Ortofoto da fachada Norte, vista A.

Fachada Norte, vista A.

Corte A-A’

Escala 1:250

Corte B-B’

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O APITO EM NOVO TOM 7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO.

BLOCO 1 | FACHADA OESTE . VISTAS B e C

Estado de conservação: a área utilizada pela empresa de colchões apresenta paredes internas apenas com pintura tipo caiação (Figura 1.5). O forro encontra-se ainda mantido (Figura 1.7). As tesouras de madeira encontra-se em bom estado de conservação, porém algumas foram retiradas e substituidas por uma linha baixa de ferro. Externamente a parede apresenta pátinas, humidade ascendente, presença de vegetação, vidros quebrados e ausência de reboco (Ortofoto B).

Figura 1.4:detalhe do estado de conservação.

Figura 1.5: vista interna dos galpões.

Figura 1.6: vista interna.

Figura 1.7: vista da estrutura do telhado.

Ortofoto da fachada Oeste, vista B.

Fachada Oeste, vista B.

Fachada Noroeste, vista C.

Escala 1:250

Ortofoto da fachada Noroeste, vista C.

77


O APITO EM NOVO TOM BLOCO 1 | FACHADAS SUL E LESTE . VISTAS D e E

7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO.

Ortofoto da fachada Sul, lado Rua Graciano Geribello.

Fachada Sul, vista E.

Ortofoto da fachada Leste, vista D.

Fachada Leste, vista D.

Figura 1.8: acesso Sul do bloco 1.

Figura 1.9: vista interna do ampliamento de 1945-1947.

Figura 1.10: vista interna da รกrea Sul do bloco 1, antigamente utilizada como espaรงo para o paintball.

Escala 1:500

01

5

10

20 m

78


O APITO EM NOVO TOM 7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO.

BLOCO 3 | FACHADAS OESTE, LESTE e SUL . VISTAS A, C e B

Ortofoto da fachada Leste, vista C.

Fachada Leste, vista C.

Ortofoto da fachada Oeste, vista A.

+0.00

Fachada Oeste, vista A.

C

+3.00

B

+3.00

A

Planta.

Descrição arquitetônica e material: pé direito de aproximadamente 3 m, com cobertura de inclinação mínima de telhas cerâmicas produzidas em Itu, embutida por platibandas. Apresenta esquadrias de forma ortogonal, que se diferencíam bastante das esquadrias encontradas nos blocos mais antigos (Ortofoto A). A estrutura é de concreto e a alvenaria recebe dois tipos de acabamento: reboco com pintura e tijolos decorativos (Ortofoto B). Área total de 1.100 m2. +3.00 +0.80

Fachada Sul, vista B. Escala 1:250

Ortofoto della fachada Sul, vista B.

Estado de conservação: apresenta fechamento completo de muitos vaõs. Originariamente abrigava os setores de gerência e administração, além da lavanderia e créche para os filhos dos operários. Hoje encontra-se parte em sem uso e em parte utilizado como depósito de uma loja de doces. Escala 1:500

01

5

10

20 m

79


O APITO EM NOVO TOM BLOCO 4 | FACHADAS SUDESTE, SUL e OESTE . VISTAS C, A e B

7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO.

Ortofoto da fachada Suleste, vista C.

Descrição arquitetônica e material: cobertura de telhas cerâmicas de origem francesa em formato de duas águas desprovidas de forro. Elementos estruturais em madeira: tesouras, pilares e vigas (Figuras 4.1, 4.2, 4.3). Área de 1.000 m2. Estado de conservação: paredes com variação de acabamento. Apresenta fechamento completo de vãos.

Fachada Suleste, vista C.

Ortofoto da fachada Sul, vista A.

Fachada Sul, vista A. Escala 1:250

+3.00

Planta.

Fachada Oeste, vista B. Escala 1:250

Escala 1:500

01

5

10

20 m

80


O APITO EM NOVO TOM BLOCO 5 | FACHADAS SUL E LESTE . VISTAS A e B

7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO. Descrição arquitetônica e material: pé direito de aproximadamente 8 m, com cobertura de telhas cerâmicas de origem francesa em formato de duas águas desprovidas de forro. Elementos estruturais em madeira: tesouras, pilares e vigas (Figura 5.1). Apresenta cobertura externa anexa, acredita-se para proteger os materiais retirados pelos caminhões na expedição, com estrutura e telhas metálicas. Área total de 1.200 m2. Estado de conservação: grande parte dos vãos apresenta-se fechado com alvenaria e o interior de algumas das salas encontra-se tomado por vegetação rasteira (Figura 5.2).

Ortofoto da fachada Sul, vista A.

Fachada Sul, vista A. Escala 1:250

C

B

Ortofoto da fachada Leste, vistaB. +3.00

A Fachada Leste, vista B. Escala 1:250

Planta.

Escala 1:500

01

5

10

20 m

81


O APITO EM NOVO TOM BLOCO 6 | FACHADAS LESTE E SUDESTE . VISTAS C E B

Figura 6.1: fachada Leste, vista A.

7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO.

Figura 6.2: fachada Leste, vista A.

Figura 6.3: fachada Suleste, vista B.

Figura 6.4: vista interna.

Figura 6.5: vista interna do Atelier.

Ortofoto da fachada Leste, vista C.

Fachada Leste, vistas A-C.

+6.60

B

+7.00

Planta. Escala 1:350

Fachada Suleste, vista B. Escala 1:250

+4.80

+3.00

C

A 82


O APITO EM NOVO TOM 7. METODOLOGIA E RECONHECIMENTO.

BLOCOS 8 E 9 | FACHADAS NORTE, SUL, LESTE E OESTE . VISTAS A, B, C e D BLOCO 8: antigo setor de confecção, depois restaurante (1950)

C

Fachada Sul, vista A.

B

+5.00

D

Ortofoto da fachada Sul, vista A, bloco 8.

+5.00

+4.00

Fachada Oeste, vista B.

A Planta. Escala 1:350

Ortofoto da fachada Oeste, vista B, bloco 8.

+5.00

+4.00

Fachada Leste, vista D.

Fachada Norte, vista C.

Ortofoto da fachada Norte, vista C, bloco 8. BLOCO 9: banheiros e vestiários para os funcionários (1950)

Planta. Escala 1:350

Ortofoto da fachada Leste, vista A, bloco 9.

A

+3.00

Fachada Leste, vista A.

Escala 1:250

83


O APITO EM NOVO TOM

7.7.3 ESTRUTURAS DE TELHADO

3

1. Tesoura a “shed” - Academia 2

495

1

468

650

2. Tesoura com lanternim - Atelier

150

Tesoura tipo shed de madeira de lei de 8,10 m de vão, duas pernas, apoiada nos pilares esturturais de madeira. Possui duas escoras e um tirante metálico central, sendo tais peças assembladas por encaixes. Possui linha baixa.

1200

3. Tesoura - Academia de judo

Tesoura de madeira de lei de 12 m de vão, duplamente engastada nas paredes de alvenaria. Possui um lanternim, um pendural central e quatro escoras, sendo tais peças assembladas por encaixes. Possui linha baixa. A asna é amarrada por duas abraçadeiras de ferro nas pernas e um estribo no pendural, sendo engastada à parede por duas presilhas de ferro e argamassa. Tesoura de madeira de lei de 9 m de vão, duas pernas, engastada nas paredes de alvenaria e apoiada num pilar central de madeira. Possui um pendural central e duas escoras, sendo tais peças assembladas por encaixes. Possui linha baixa. A asna é amarrada por duas abraçadeiras de ferro nas pernas e um estribo no pendural. Escala 1:100

84


O APITO EM NOVO TOM

300

4. Tesoura com lanternim - antiga Cabine de Força

5

700

4

Tesoura de madeira de lei de 8 m de vão, duplamente engastada nas paredes de alvenaria. Possui um lanternim, um pendural central e duas escoras, sendo tais peças assembladas por encaixes. Possui linha baixa. A asna é amarrada por duas abraçadeiras de ferro nas pernas e um estribo no pendural, sendo engastada à parede por duas presilhas de ferro e argamassa.

700

900

5. Tesoura com lanternim - antiga Caldeira

150

800

1200

Tesoura de madeira de lei de 12 m de vão, duplamente engastada nas paredes de alvenaria. Possui um lanternim, um pendural central e quatro escoras, sendo tais peças assembladas por encaixes. Possui linha baixa. A asna é amarrada por duas abraçadeiras de ferro nas pernas e um estribo no pendural, sendo engastada à parede por duas presilhas de ferro e argamassa. 0

Escala 1:100

1

2

3

4

5 m

85


O APITO EM NOVO TOM

8. LEGISLACAO

86


O APITO EM NOVO TOM 8. :LEGISLACAO

O bairro no qual a Fábrica se situa é considerado uma Zona de Predominância Residencial (ZPR-1) e diretrizes para seu desenvolvimento fazem parte da Lei complementar nº 2, de 14 de julho de 2010, a qual “estabelece normas complementares ao plano diretor participativo da Estância Turística de Itu, dispõe sobre o parcelamento, disciplina e ordenamento do uso e ocupação do solo do município da Estância” (Figura 127). Art. 75. Fica permitido para os imóveis, até dois pavimentos, localizados nas Zonas de Predominância Residencial ZPR-1 e ZPR-2 e Zona de Predominância Comercial ZPC-1, a cobertura de recuo obrigatório com laje de concreto, laje pré-moldada, telhas de barro, telha de fibrocimento ou qualquer material semelhante, desde que atenda as seguintes exigências: I - em edifícios estritamente residenciais, a cobertura do recuo frontal poderá somente ser utilizada para abrigo de veículo; II - em prédios com finalidade mista, isto é, residencial, comercial ou de serviço, a cobertura do recuo frontal poderá ser usada para instalação de pequeno comércio; III - em prédios comerciais o recuo frontal obrigatório também poderá ser coberto; IV - o recuo obrigatório do pavimento superior de prédio assobradado poderá ser edificado; V - não serão permitidos balcões, marquises ou saliências projetadas sobre o passeio,exceto o beiral máximo de 60 cm (sessenta centímetros) dotado de dispositivo coletor de águas pluviais; VI - fica permitido o fechamento do recuo frontal com portas que não venham obstruir a iluminação e ventilação do compartimento contíguo; VII - fica proibida a cobertura com laje e/ou telheiro dos recuos laterais e de curva em terrenos de esquina, sendo autorizada somente até a área do recuo frontal, isto é, até o início da construção principal; VIII - a taxa de ocupação em terrenos localizados nas zonas mencionadas neste parágrafo deverá considerar toda edificação existente no terreno, como: edícula, construção principal, abrigo e telheiros. Parágrafo Único - Ficam proibidas as atividades industriais e de serviços nos recuos obrigatórios. Parágrafo Único - As edículas poderão ser assobradadas e deverão ter taxa de ocupação máxima de 20% da área do terreno nas zonas ZPR-1, ZPR-2, ZPC-1, ZCC e ZCI, e de 15% nas demais zonas, sendo que nos lotes de meio de quadra, independente da zona em que se encontrem, poderão ocupar a extensão total da largura dos lotes. Nos lotes de esquina, não poderão ocupar o recuo lateral e o da curva de concordância para o logradouros laterais. Em qualquer caso, poderá possuir, no máximo, dois pavimentos, qualquer que seja o zoneamento. Art. 187. As atividades abaixo descritas, consideradas incômodas, deverão possuir sistema de acústica de acordo com as normas técnicas vigentes: I - boates, danceterias e similares; II - teatro, cinemas; III - todas as atividades que impliquem em locução e/ou execução de música ao vivo ou por outros meios; IV - igrejas, templos e demais locais de culto; V - indústrias e oficinas; VI - veículos e outros meios ambulantes com propaganda sonora.

Figura 139: Zoneamento do perímetro urbano, Prefeitura da Estância Turistica de Itu, Lei de uso e ocupação do solo, anexo II, 2010. Escala 1:15000.

87


O APITO EM NOVO TOM

9. PROJETOS DE REFERENCIA

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O APITO EM NOVO TOM 9. REFERENCIAS 9..1. SESC POMPEIA . LINA BO BARDI . SAO PAULO, BRASIL

O SESC Pompéia foi um projeto realizado pela arquiteta Lina Bo Bardi que transformou em SESC uma antiga Fábrica de Tambores localizada no Bairro Pompéia, na cidade de São Paulo. O projeto promoveu, de 1977 a 1982, a restauração dos galpões tendo seus princípios e critérios básicos fundamentados na Carta de Veneza, trabalhando uma concepção espacial dinâmica dando destaque à história viva do edifício. O objetivo do projeto sempre foi conceber um quipamento não convencional de lazer. Suas palavras fortes eram “abrangência” e “flexibilidade”, associadas à crença de que a função principal da arquitetura está em prover e construir o espaço da convivência. A reabilitação visava não uma transformação radical, mas uma adaptação do espaço para torna-lo privilegiado e pronto para servir de cenário às mais variadas experiências dos usuários; queria-se construir, a partr de uma fábrica, uma outra realidade. Grande exemplo de articulação coerente da arquitetura com a cultura popular, a história e a cidade.

“Um ponto luminoso na cidade. (...) Uma pequena cidade sem automóveis que reúne e abriga pessoas para celebrar a vida”. Lina Bo Bardi Figura 140: Foto da rua interna do acesso principal do SESC Pompéia. Fonte: Arquivo pessoal de Helena Gatti

Figura 141: Foto interna de um dos galpões do SESC Pompéia. Fonte: arquivo pessoal. Figura 142: Perspectiva à mão do SESC Pompéia. Fonte: http://architecture.risd.edu

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O APITO EM NOVO TOM 9. REFERENCIAS 9.2. EL MATADERO MUNICIPAL DE MADRID . INAQUI CARNICERO, IGNACIO VILA, ALEJANDRO VISEDA . MADRID . ESPANHA O projeto de recuperação do antigo matadouro da cidade de Madrid realzado em 2004, segundo seus arquitetos, tinha um desafio: conceber um uso digno e não supérfluo, condizente com uma sociedade em constante mudança em seus hábitos e em seus espaços de ócio, formação e diversão. Planejar a mudunça de um uso prosaico, industrial, por outro que proceda a abertura desse mundo complexo à cidade, e isto da melhor maneira possivel por e para os cidadãos, através da cultura. Os trabalhos foram resultado de análises do fluxo cultural da região, compreendendo urbanisticamente os equipamentos existentes e os faltantes, aliados à entendimentos da implantação do conjunto, suas dimensões, condições físicas, população local. Um conjunto de informações dos mais variados temas transformaram-se em base para o processo de reitegração urbana do conjunto e a concepção de novas expressões para esta forma antiga. Alguns dos galpões recebram reparos e até pequenas restaurações, enquanto outros sofreram mínimas intervenções apenas para torna-los aptos a uma nova ocupação. A versatilidade espacial foi premissa para este projeto. Este projeto destaca-se também por um interessante trabalho de comunicação visual, bem como apresenta intervenções arquitetônicas de personalidade e materiais distintos do original, comferindo ao espaço uma atmosfera marcante. Esta qualidade estética visivel em todas as partes que compôe o antigo matadouro também pode ser atribuída ao mobiliário cuidadosamente escolhido e disposto pelos galpões.

Figuras 143 e 144: Fotos internas dos galpões do antigo matadouro. Fonte: Arquivo pessoal de Helena Gatti

Figura 142: Foto da praça interna do antigo matadouro. Fonte: www.ociopormadrid.es Figuras 145 e 146: Fotos internas dos galpões do antigo matadouro. Fonte: Arquivo pessoal de Helena Gatti

Figura 147: Implantação do conjunto. Fonte: Google Earth

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O APITO EM NOVO TOM 9. REFERENCIAS 9.3. CAN BATLLO. BARCELONA, ESPANHA.

Em Barcelona a estratégia urbana adotada em relação à realidade pós-industrial foi a destruição sistemática dos complexos fabris com excepção das chaminés, talvez como representantes de um período histórico diferente. Diferente o destino da fábrica têxtil Can Batlló que se estende por 13 hectares no distrito de La Bordeta (Sans) no meio de uma batalha que foi entre, por um lado, a avidez dos proprietários, com a cumplicidade da Prefeitura, e por outro as solicitações e necessidades dos moradores locais. Em 1976 o Plano Urbano previa que essa área fosse usada como uma área verde e área de bairro urbano. Após 35 anos de protestos pelos habitantes da região eles obtiveram uma vitória histórica e o complexo foi devolvido à comunidade. O Grupo Gaudir viu desaparecer a sua proposta especulativa que incluía a construção de um grande complexo residencial na terra em questão. No dia 11 de junho de 2011 teve uma ocupação do recinto industrial: o aumento da pressão sobre o assunto fez com que as autoridades locais cedessem aos cidadãos um pavilhão, o bloco 11. Para os habitantes esta foi a oportunidade de auto-gerir uma área nova e entrar no debate sobre o futuro do património industrial da cidade. A associação Can Batlló está tomando medidas para garantir a renovação completa do pavilhão. Todo sábado de 10.00 a 14.00 horas é dia de trabalho para aqueles que acreditam nesse projeto. Em breve abrirá uma biblioteca local com material doado pelos cidadãos. Mas é apenas o começo de uma longa lista de metas que prevê, entre outras coisas, a abertura das salas de exposição, zonas verdes, habitação social, criação de instalações adequadas para cooperativas de casas, escolas, etc. (Figura 143).

Figura 148: Imagens da ocupação do recinto e do complezo da fábrica. Fonte: www.canbatllo.wordpress.com Figura 149: Imagem do cartaz da Can Batlló. Fonte: www.canbatllo.wordpress.com

Figura 147: Imagens dos ambientes e atividades organizadas pelos ciadãos . Fonte: www. http://canbatllo. wordpress.com

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O APITO EM NOVO TOM 9. REFERENCIAS 9.4. RED BULL MUSIC ACADEMY. LANGARITA-NAVARRO ARQUITECTOS. MATADERO, MADRID, ESPANHA, 2011. Em muitos aspectos, este projeto compartilha a lógica de uma boneca Matryoshka russa. Não só no sentido mais literal, físico, em que um lado é directamente incorporado no outro, mas também no sentido temporal, na qual uma se origina dentro da outra. A Red Bull Music Academy (RBMA) é um festival de música anual nômade. Para os últimos 14 anos, este evento foi realizado em uma cidade do mundo diferente, acolhendo os sessenta participantes internacionais pré-selecionados e cercando-os com músicos, produtores e DJs, dando-lhes a oportunidade de experimentar e trocar conhecimentos e ideias sobre o mundo da música. A edição de 2011 RBMA ia ser realizada em Tóquio, mas, devido aos efeitos devastadores do terremoto, o local teve que ser mudado. Com apenas cinco meses para planejar, a cidade de Madrid assumiu. O espaço criativo conhecido como Matadero Madrid, que está localizado em um complexo de armazéns industrial início do século 20, foi designado como novo local do evento. A RBMA lançou a programação para a nova Nave de Música (armazém de música), um espaço dedicado especificamente à pesquisa creational. Usando a instalação existente como ponto de partida e dado o seu caráter experimental, o projeto de construção foi abordado como uma estrutura temporária com base nos critérios de adaptabilidade e reversibilidade que tornam mais fácil para reconfigurar completamente ou parcialmente ao longo do tempo. Nestas circunstâncias, e em uma situação de emergência, o trabalho começou em uma infra-estrutura capaz de atender as necessidades técnicas e acústicas precisas do evento, além de acelerar, promovendo e enriquecendo uma série de encontros artísticos extremamente intensos que ocorreria entre músicos. Como resultado, o projeto se desenvolveu no interior do armazém, na forma de uma estrutura urbana fragmentada na qual a relação variável entre proximidade e independência, e pré-existência e desempenho poderia oferecer estágios inesperados para sua comunidade de habitantes. Figura 150: Foto externa das “Naves de Música”. Fonte: www.archdaily.com

Figuras 151 e 152: Foto do interior de uma das “Nave de Música” e a ambiência. Fonte: www.archdaily.com Nos encantou a maneira lúdica e alegre escolhida pelo escritório para lidar com o projeto. A mescla dos materiais e cores escolhidos foi absolutamente feliz ao encontrar-se com a estética do matadouro, criando uma atmosfera atraente..

Figura 153: Elevações do projeto para a Nave 5 do Matadouro. Fonte: www.archdaily.com

Figura 154: Vista interna da Nave 5 do Matadouro. Fonte: www.archdaily.com

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O APITO EM NOVO TOM 9. REFERENCIAS 9.5. CITTA DELL'ARTE, FONDAZIONE PISTOLETTO. BIELLA, ITALIA.

A Fundação Pistoletto nasceu em 1998 como um centro multicultural e multi-sectorial por uma ideia de Michelangelo Pistoletto, um dos fundadores da Arte Povera que imagina um novo papel para o artista, mais dinâmico e envolvido na dinâmica social. Com esta intuição do artista um edifício industrial é transformado em uma fábrica de idéias. “Cittadellarte” é uma organização social sem fins lucrativos, reconhecida pela região do Piemonte. Localiza-se em Biella na antiga fábrica de produção de lã Trombetta (sec. XIX), um complexo de arqueologia industrial protegido pelo Ministério da Cultura. “Cittadellarte” na verdade é um vasto laboratório onde a criatividade torna-se o ponto de encontro entre culturas e econômias diferentes. A fundação é um poderoso gerador de energia, um lugar para repensar as coisas, compartilhar pontos de vista, para estudar e fazer pesquisas. O próprio nome “ Cittadellarte” evoca dois significados: o da cidadela, que é uma área protegida e bem defendida, onde eles podem se alimentar e desenvolver projetos de arte, e o da cidade, que se refere à idéia de abertura e de complexas relações com o mundo. “Cittadellarte” é organicamente estruturada em um sistema celular. Ela é configurada em um núcleo primário, que é dividido em partes diferentes. Estas são conhecidas como “Uffizi”. Cada Organismo realiza suas próprias atividades dirigidas a uma área específica do sistema social. O objetivo dos Uffizi é produzir uma mudança ética e sustentável, atuando tanto globalmente como localmente. Os Uffizi se ocupam de arte, educação, ecologia, economia, política, espiritualidade, produção, trabalho, comunicação, arquitetura, moda e alimentos. Figura 155: Imagens do artista Pistoletto, da obra dele, a “Venere degli stracci”, e de algumas salas dedicadas aos laboratorios. Fonte: www.cittadellarte.it Figura 156: Imagem da antiga fábrica de lã em Biella. Fonte: www.cittadellarte.it

Figura 157: Imagem de um dos laboratorios de Cittadellarte. Fonte: www.cittadellarte.it

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O APITO EM NOVO TOM 9. REFERENCIAS 9.6. GUNPOWDER MILL. POLLARD THOMAS EDWARDS ARCHITECTS. WALTHAM ABBEY, REINO UNIDO O esquema do projeto para o Granpowder Mill envolve a conversão sensível de edifícios históricos abandonados e a adição de um novo elemento moderno em um local cercado por bosques e parques. Este projeto foi desenvolvido em dois edifícios do início do século 20, a Casa de Força e a Torre da Água. Optou-se por desenvolver a conversão dos edifícios em um novo escritório sede para atendimento de clientes, mantendo-se fiel à história industrial do local. O projeto inclui uma nova estrutura de vidro de três andares, que completa o complexo de escritórios e incorpora um terraço no último piso, que liga os três edifícios e oferece vistas magníficas sobre os prados da água adjacentes. O projeto trabalha cores e materiais bastante sóbrios, compondo um ambiente corporativo de imagem marcante, embora formado pela mistura de materias contemporâneos e antigos.

Figuras 160, 161 e 162: Fotos do Gunpowder Mill. Fonte: www.archdaily.com Figura 163: Foto da maquete do Gunpowder Mill. Fonte: www.archdaily.com

Figuras 158 e 159: Fotos internas do Gunpowder Mill, destaque para a sobriedade e elegância dos ambientes projetados. Fonte: www.archdaily.com

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TEXTOS ESCRITOS POR GIULIA VERCELLI


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10. PROPOSTA DE INTERVENCAO

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10.1. O INTERCRUZAMENTO DAS ESCALAS ARQUITETONICAS

“Como reencontrar a subversão que esse espaço parecia suscitar, tal como ele havia sido desenhado no início?” Jean Baudrillar e Jean Nouvel, Les Objets Singuliers – Architecture et philosophie

Por acreditar na necessidade de um planejamento que fomente a ordenação e a distribuição estratégica de fluxos, atividades e prioridades na cidade e identificando na “Fábrica São Pedro” um enorme potencial enquanto ferramenta de transformação das dinâmicas urbanas e enquanto representante legítimo de um momento importante e decisivo para o crescimento da cidade, esta proposta será articulada da seguinte maneira: A. Intervenções em escala do objeto: concentrando-se especificamente na recuperação do conjunto arquitetônico da antiga Fábrica São Pedro, através da restauração de seus edifícios e da sua reintegração à dinâmica urbana de Itu.

Desta forma, propoe-se uma reorganização espacial fazendo com que as partes funcionem de maneira complementar e eficientemente integrada, considerando que a cidade de Itu necessita de novas centralidades destinadas à população local e não apenas ao turismo. Através do estudo conteudo nesse trabalho é possível testemunhar que o conjunto industrial da antiga Fábrica ganha cada vez maior evidência dentro da paisagem urbana contemporânea, o que faz com que a Fábrica adquira uma posição geográfica mais central do que o tradicional centro histórico para a cidade. Tal fato aliado a todas as informações já levantadas e estudadas, faz crer de maneira mais incisiva na oportunidade de transformação urbana representada pela antiga Fábrica.

Figura 165: Croqui de estudos da ampliação do centro histórico. Fonte: Arquivo pessoal.

B. Intervenções em escala urbana: as consequências dessa intervenção serão observadas no entorno imediato porque será oferecerecida ao bairro uma nova área de uso público de qualidade. Esta poderá representar o motor de novas transformações urbanas que interessam a integração do Centro Histórico com o tesido moderno (Figura 164). Quer se propor a união do traçado do Parque Linear, já em realização ao longo do corrego Brochado, com o patrimônio industrial, ligando o percurso da ciclovia e do pedestre com a circulação interna da fábrica e promover uma nova apropriação do espaço público. Além disso, um sistema de praças verdes ligará a fábrica ao centro, com um percurso pedestre através dos espaços livres internos às quadras que separam a Fábrica da Praça da Matriz (Figura 169).

Figura 164: Croqui de estudos dos tipos de desenho urbano a serem integrados. Fonte: arquivo pessoal

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10.2 OS FLUXOS ATUAIS DA CIDADE DE ITU E SUA INTERFERENCIA NA EXPERIENCIA URBANA A região central da cidade, por não ser em sua totalidade objeto de tombamento pelo IPHAN, vem sofrendo com sucessivas demolições de suas pequenas e tradicionais casas de fachadas simples e grandes janelas voltadas para a rua. Essas demolições, ao contrário do que se imagine à primeira vista, não ocorrem com o objetivo de abrir espaço para grandes empreendimentos imobiliários ou lojas de departamento como acontece em muitas cidades; em Itu as pequenas e compridas casas cedem seu lugar a grandes estacionamentos.

Figura 166: A prioridade dada aos automóveis tem sido especialmente nociva à áreas de traçado urbano antigo, onde os automóveis literalmente roubam o lugar os moradores e dos pedestres.

Figura 167: Infográico de estudo da quantidade de vagas para estacionamento ao redor da fábrica e do percurso veicular permitido por carca e descarga dentro da fábrica. O entorno atualmente tem capacidade para 180 carros. Elaborado pela autora. Figura 168: Estudo de ralação entre os acessos da fábrica e os nós de atividade (análise SNAP). O pedestre pode percorrer distâncias de 500 m sem ter que recorrer aos meios de transporte. Trata-se da mesma distância que separa o centro da fábrica. Elaborato pela autora.

A imagem tradicional da cidade composta pela antiga tipologia residencial está sendo paulatinamente destruída: a região central vem sofrendo ações desmedidas que não levam em conta o enorme potencial sociocultural e econômico do centro histórico, bem como colaboram para a decomposição de uma estrutura urbana peculiar de mais de quatro séculos. É necessário chamar a atenção para um uso apropriado das potencialidades da área. A leitura correta do espaço é o caminho mais seguro para um funcionamento de sucesso.

10.2.1. MUDANCA DE HABITOS Imaginando que este projeto gerará uma nova e grande demanda de fluxos em direção à antiga Fábrica, foram desenvolvidos estudos sobre os fluxos atuais e a disponibilidade de vagas ao longo das vias do entorno para receber esta demanda. O entorno estudado atualmente teria capacidade para estacionamento de aproximadamente 180 carros ao longo das vias públicas, as quais encontam-se hoje praticamente inutilizadas pois não há demanda por estacionamento por falta de ocupação efetiva desta área (Figura 167). Há um equívoco na compreensão do real protagonista das ações da cidade, por priorizar-se o veículo automotor em detrimento do pedestre. Desta forma, através de métodos de análise e observação do entorno urbano foram compreendidas melhor as dinâmicas locais para que pudéssemos fundamentar e justificar o seguinte partido: dar preferência e infraestrutura adequada a formas de deslocamento mais saudáveis e menos poluidoras que o automóvel (Figura 168). Propoe-se uma mudança de hábitos, que começe por a realização da ciclovia na cidade inteira. O fato da grande Avenida Galileu Bicudo estar fechada ao trânsito a cada domingo para que os habitantes possam praticar esportes já é um ótimo motivo de suporte ao funcionamento de uma ciclovia na Avenida e que ligue a São Pedro ao centro histórico.

Figura 169: Croquis do sistema de praças verdes que liga a fábrica ao centro. Elaborado pela autora.

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10.3 DEMANDAS E RELACOES URBANAS IDENTIFICADAS A cidade necessita espaços de qualidade que convidem à permanência, ou seja, que acolham e ampliem os tradicionais “percursos históricos” propostos aos turistas. Esse novo modo de pensar a cidade distancia-se das práticas atualmente utilizadas, que tendem a afastar a população local da fruição plena das tradições e “história edificada” de sua própria cidade. A ausência de atrativos ou razões para um passeio pelo centro é patente. E isso não significa que a população local não o frequenta mais e sim que o centro histórico para ela limita-se a um simples centro de serviços, desassociando-se das possibilidades de lazer, cultura, e experiências mais plenas do espaço público. A utilização limitada dos percursos, praças e avenidas também é um fenômeno observado na Avenida Galileu Bicudo (página 45), a qual é regida por uma legislação urbana bastante específica. Ocorre que, quando da abertura da avenida, desapropriaram-se quintais de casas existentes no local, fazendo com que a avenida tivesse apenas como fachadas os fundos de tais construções, sem fazer nada para realizar uma parte acolhedora da cidade. O objetivo será promover uma transformação da condição de “via de passagem” para “via de permanência”.

10.3.1 DESAFIO DO PROJETO: INTEGRAR E PROMOVER UMA MELHOR GESTAO DOS CIDADAOS DE UM OUTRO "PEDACO DE CIDADE" A inclusão da comunidade e dos usuários das dependências da antiga Fábrica faz-se crucial no processo de desenvolvimento e implantação da proposta, para que seja construído desde a base do projeto um sentimento de reapropriação do conjunto pela cidade. A questão da memória urbana e do trabalho industrial contidas neste conjunto fabril são consideradas elementos chave para a concretização deste objetivo. Quer-se, através de intervenções mínimas e distinguíveis, para que se possa estabelecer uma relação de respeito entre “antigo” e “novo” e ao mesmo tempo de interação, de fruição. O objetivo é fazer com que essas estruturas voltem a fazer parte do cotidiano. Quer-se com essa oportunidade vencer a barreira invisível formada pela antiga linha do trem, oferecendo à cidade não apenas a materialização da memória do trabalho, mas sim , um espaço de acolhimento e intensa experiência urbana.

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10.4 A PROPOSTA Dizer que uma fábrica está vazia não significa privá-la de seu significado e memória, mas lê-la em um momento histórico em que a função original deixou de existir. Faltam apenas os usos que a ocupavam: as marcas permanecem, e no caso da São Pedro são muitas. O símbolo dessas presenças que acolhe todos os visitantes é a chaminé, visível a partir de qualquer ponto da fábrica. A fábrica abandonada parece paradoxalmente ainda viva, apesar da ausência dos sons das máquinas e das vozes dos trabalhadores, como também do apito que marcava o dia de trabalho. O espaço está vazio mas não livre. Isso se percebe na repetição de vãos e no ritmo da estrutura: tudo é regido por uma ordem de simetrias contínuas, às vezes até um pouco alterada, mas ainda reconhecível. Tudo é imóvel mas ainda vivo, graças à luz que inunda os espaços imensos e as tesouras de madeira, dando-lhe um caráter monumental. De fora dos blocos parecem, à primeira vista, claramente separados uns dos outros, mas visitando-os e passando por eles percebemos a relação que os torna parte do mesmo corpo. A caldeira e também a cabine de força, estruturas autônomas e coração da fábrica, são alguns dos setores da antiga fábrica têxtil capazes de viver de forma independente, símbolos do trabalho e da energia que transformava a matéria-prima em um fio fino. A percepção geral é de estar na frente de complexo fechado em si mesmo, no qual as duas únicas entradas não conseguem mitigar esta sensação de isolamento, de modo que o único lado que está voltado para o centro histórico da cidade parece um escudo, quase cego e desprovido de outras aberturas.

10.4.1. A RECUPERACAO DA IMPORTANCIA URBANO-SOCIAL DO CONJUNTO INDUSTRIAL DA FABRICA SAO PEDRO

10.4.2. DIRETRIZES DE PROJETO Entre os aspectos mais marcantes entrando nos ambientes da fábrica a memória da vida passada ainda está presente e perceptível. Um dos principais objetivos será preservar e reavivar a memória: re-usar não só formas e espaços, mas também os significados, permitindo que a arquitetura e a história criem um cenário perfeito e aberto para a inclusão de novas funções compatíveis. Propoe-se a inclusão de atividades estrategicamente selecionadas através de dois parâmetros fundamentais: demandas urbanas e diversidade. O funcionamento 24 horas de alguns serviços propostos dentro do projeto de reabilitação do conjunto apresenta-se como uma resposta a uma demanda bastante grande de toda a cidade. Não há, por exemplo, padarias ou pequenos mercados funcionando no período noturno, ou quando há uma farmácia ou uma loja de conveniência, encontra-se ilhada em meio à acentuada redução dos fluxos de pessoas e até mesmo de automóveis por toda a cidade, o que reduz drasticamente a frequência de consumidores. A determinação e distribuição dos novos usos foram norteadas pelo conhecimento das necessidades locais e da própria cidade como um todo. As atividades aparecem estrategicamente a fim de compor e atrair uma diversidade de pessoas e horários de frequência, fazendo com que esse novo “pedaço” de cidade de generosos 25.000m2 incremente a vida urbana local e possa, de fato, ser integrado ao ambiente urbano existente. É importante destacar que a academia, uso que acreditamos ser o atual responsável pela agradável e instigante atmosfera encontrada nas dependências da fábrica, já se prova eficiente e de importância vital para o nosso objeto. Através de uma reformulação do traçado do Parque Linear (paragrafo 2.2.5) será possível adequar a circulação para promover uma maior frequência de peões e ciclistas na área de projeto.

A fim de definir concretamente as novas funções através de uma boa leitura do complexo, optou-se por articular o discurso ao longo de dois temas principais: o tema do solo e o tema tipológico.

Dar continuidade ao seu espírito de criação, de vida, de praticidade e produção. Exatamente por isso que concentrou-se tanto em compreender a atmosfera em que vivia a cidade no momento da fundação da fábrica. Seus quase dois mil trabalhadores eram como um mar de pessoas que inundava os arredores da fábrica nos horários de entrada e saída. O impacto urbano era diário e passou a compor parte importante da dinâmica social da cidade, e a localização da São Pedro numa área retirada do “burburinho” central amplia para nós a importância desta informação. A criação do clube, da créche, da cooperativa e de outros equipamentos destinados aos funcionários e seus familiares, tornaram mais intensa a experiência fabril, reforçando a representatividade da fábrica e toda sua estrutura e dinâmica para Itu. Essa vida intensa, esse relacionamento declarado entre fábrica e cidade é o que se quer recuperar. É o que acredita-se ter o real sentido para o projeto. A recuperação das antigas instalações da Fábrica resultará de sua conversão para atividades de fato capazes de atrair de volta para a fábrica o “mar de gente ao som do apito” e contar às gerações atuais a história industrial da cidade.

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10.4.3. O SOLO A primeira questão a ser discutida é a leitura do solo. A partir de uma análise aérea da cidade de Itu é facilmente reconhecível o leito de um pequeno riacho, o córrego Brochado, que define a forma arquitetônica do vale. Este encontra-se hoje canalizado e parte do seu curso subterrâneo, mas a forma ainda é visível em toda a Avenida Galileu Bicudo. Lembre-se que esta Avenida foi desenhada sobre a linha desativada da Estrada de Ferro Sorocabana, antiga linha ferroviária construida seguindo a evolução natural do pequeno vale. Outro fator a favor da importância de interpretar a forma do sol é o local onde a fábrica São Pedro está localizada, construída “além” da ferrovia e do limite da cidade, nas margens do córrego Brochado (Figura 173). Descendo para uma escala de maior detalhe é possível ver como a fábrica adapta o seu próprio desenho ao do solo e do rio que o atravessa, ocupando em parte a área de um meandro sinuoso do Brochado, e em parte, a parte superior do terraço do rio. É possível ver claramente como o vaguear do riacho ao longo do tempo criou uma paisagem de ilhas, que consiste em terrenos e edifícios encravados por percursos: é o caso do bloco ao lado da Avenida que parece separado do resto do complexo pela presença de uma rua interna de comunicação directa entre as duas entradas (Figura 174). Todas essas marcas ajudam a dar identidade ao complexo como um edifício de águas, um objeto fluvial. Ligar de volta os edifícios à sua terra por meio desta re-leitura cartográfica é uma grande operação para restaurar a identidade e dignidade da antiga fábrica.

Observando as curvas de nível da área percebe-se como a altura do solo diminui a partir do ponto mais alto da fábrica em direção curso de água de cerca de 6 metros. A área imediatamente ao redor do riacho é uma espécie de planície de inundação, área ampla que pode receber aleatoriamente as águas do rio durante as inundações. Por esta razão é compreensível que haja uma diferença de 3 metros entre a Avenida Galileu Bicudo e o nível interno da fábrica, de forma a constituir uma barreira para possíveis inundações. É interessante interpretar o solo para se obter arquiteturas. A planície de inundação parece passar aparentemente despercebida sob a fábrica, mas deixa vestígios de sua existência na morfologia do solo, a qual é uma importante referência para o desenho da praça interna da fábrica, bem como para a criação de espaços públicos e ligações de transporte com o centro da cidade. Seguindo essa interpretação propõe-se a criação de uma conexão entre o projeto do Parque Linear a ser implantado ao longo do riacho e a Fábrica São Pedro, para que esta entre em um sistema de conexões em escala urbana, e o planejamento de uma ciclovia ao longo do parque e do córrego que atravesse, consequentemente, a Fábrica. Para conectar a fábrica ao centro, será realizado um percurso de ruas estreitas e praças verdes, semelhante ao eixo histórico, que ligue a São Pedro com a praça da Igreja Matriz, a Praça Padre Miguel. Esta rota aproveita da presença de alguns lotes vazios estreitos e profundos, que criam um novo sistema de praças verdes menores (Figura 172).

Figura 170: base das águas de Itu. Fonte: Prefeitura de Itu.

Figura 171: desenho do percurso da agua no “vale” Figura 172: eixo de ruas estreitas e praças verdes per- do Brochado, determinando a planice de inundação. pendicular ao eixo histórico. Elaborado pela autora. Elaborado pela autora.

Figura 173: stralcio della carta topografica di Itu con indicazione della São Pedro, scala 1:50.000. Fonte: acervo IBGE, 1981.

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10.4.3.1. OS ESPACOS ABERTOS: A PRACA E OS TERRACEAMENTOS O projeto para a remodelação do “Claustro” (parágrafo 10.4.4.) começa por uma reflexão sobre o caráter da cidade e o papel da água. As questões abordadas propõem a praça como ponto de encontro, onde podemos reconhecer os caracteres morfológicos da própria cidade. A complexidade do programa da São Pedro requer uma hierarquia de espaços. Por isso, propõe-se que o complexo seja dividido em três áreas principais. O claustro é proposto como um conjunto de espaços onde há um ponto de encontro da cidade comercial (mercado e outras atividades), a cidade das instituições e serviços, e para a cidade religiosa (Basílica). Estas considerações nos levam a melhorar os elementos existentes tentando integrar o projeto com o pré-existente (Figura 175). Em uma análise em planta é facilmente identificada uma outra diferença acentuada no complexo: o lado direito do lote, a ilha da planície de inundação que inclui a cidade das instituições e a cidade religiosa, é caracterizada por geometrias regulares e limpas. A cidade comercial, ao contrário, por ser a área onde existe a diferença de altura, é a com mais estratificação de edifícios, preparados para acolher vários tipos de comércio. O projeto é deliberadamente simples: a intenção é criar um lugar estimulante em que os cidadãos possam sentir-se os donos. A praça é concebida e percebida como um único lugar pela identidade dos seus elementos (naturais e artificiais) e o uso de materiais. O projeto é criado pelo surgimento simbólico da água, para lembrar que estamos perto de um rio, em um edifício de águas (Figura 176).

Ilhas

Terraco fluvial

Diferenca de altura Planice de inundacao

Figura 175: croquis das três cidades. Elaborado pela autora.

Figura 176: croquis dos terraceamentos e do “corte” da água. Elaborado pela autora.

Figura 174: leitura do solo segundo a asociação de “termos fluviais” ao vale do corrego Brochado. Sem escala. Elaborado pela autora.

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10.4.3.2. CIRCULACAO INTERNA E PERMEABILIDADE Em linha com a vontade de clareza formal para a nova imagem da praça, os materiais utilizados no projeto são essencialmente quatro: água, pórfiro e o concreto, já utilizado nas ruas adjacentes ao projeto, e o Varvito, material historicamente presente no local. O “Claustro” é confrontado com um segundo espaço público, caracterizado por uma morfologia não plana, que o projeto tem a intenção de traduzir através de terraceamentos, tradução arquitetônica das curvas de nivel, ou seja, planos horizontais unidos por rampas que permitem fácil acesso aos edifícios. Propoe-se tratar com terraceamentos também a atual área livre ao Sul da fábrica, para modelar o solo e criar um diálogo entre o dentro e fora da fábrica (Figura 177). Trata-se de uma área pertencente à Prefeitura hoje abandonada, mas até poucos anos atrás abrigava as tendas de circos itinerantes: poderia no futuro ser usada novamente para essa função, especialmente após à inclusão de uma escola de circo entre as novas funções dentro da fábrica (ver secção 10.4.5.) e, em qualquer caso, deve ser inserido como espaço verde pertencente ao Parque Linear.

São as combinações dos edifícios que criam as entradas de acordo com uma distribuição “a pente” das estradas em relação à Rua Graciano Geribello, a qual também une a vila operária (Figura 178). O acesso e a circulação dentro do complexo é livre: trata-se de uma área apenas para pedestres e bicicletas, na qual que é garantido o acesso de veículos de emergência e pequenos caminhões para descarregar mercadorias (Figua 167). É possível atravessar a fábrica em direção Norte Sul ou Sudoeste Norte seguindo um caminho indicado pelo piso principal. A acessibilidade é garantida em todas as áreas do complexo. O caminho da ciclovia acompanha o córrego onde se define o nascimento da ilha, permitindo uma travessia da fábrica e voltando em seguida para a ciclovia do Parque Linear (Figura 180).

Figura 178: distribuição “a pente” dos acessos. Ela- Figura 179: fluxo de pedestres. Elaborado pela autora. borado pela autora.

Figura 180: ciclovia. Elaborado pela autora. Figura 177: tradução arquitetônica das curvas de nivel em terraceamentos. Sem escala. Elaborado pela autora.

Figura 181: percurso das linhas de ônibus urbano. Elaborado pela autora.

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10.4.4. RELEITURA TIPOLOGICA DAS ARQUITETURAS A tentação de ler com olho moderno a fábrica nasce das muitas semelhanças na organização espacial encontrada entre a Fábrica de São Pedro e os Tipos de fundação de Itu. Este exercício foi decisivo para a definição dos novos usos. A cidade deve, de facto, a sua organização urbana por dois importantes conventos que surgiram na parte mais alta da cidade: o Convento Franciscano, localizado no extremo Oeste, e o Convento do Carmo no extremo Leste (Figura 182). Até 1925 eles determinaram a expansão do urbana de acordo com uma grelha ortogonal de ruas estreitas alternadas com grandes praças (Figura 183).

Figura 182: planta da cidade de Itu em 1774. Fonte: Walter Toscano para o Condephaat.

É possível ler dentro da São Pedro alguns espaços da “cidade conventual”: a basílica, com as suas 9 naves e o narthex, no que foi o edifício principal da fábrica; em frente, do outro lado da praça, há um “edifício a corte” com um pátio interno, o claustro. Edifícios em linha encontra-se nos outros lados da praça (Figura 184). Estes edifícios são como “cortados” pela parede perimetral, como se tivesse sido introduzida sobre uma pré-existência, determinando a forma imcompleta dos blocos do conjunto industrial.

Figura 184: croquis de interpretação tipologica do conjunto segundo os Tipos de fundação da cidade de Itu. Elaborado pela autora. Na verdade a análise cronológica nos permite dizer que o conjunto originalmente não estava fechado: os edifícios que nasceram pelos vários ampliamentos determinaram o perímetro atual e criaram uma atmosfera de fechamento.

Figura 185: representação esquemática dos ampliamentos da fábrica. Elaborado pela autora. Figura 183 planta da cidade de Itu em 1905, onde aparece per ultima vez o Convento de S. Francisco antes que fosse demolido. Fonte: Walter Toscano para o Condephaat.

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10.4.4.1. A CERCA: LIMITACAO OU RECURSO PROJETUAL? A tentativa de inserir com o projeto novos valores e significados traz consigo o objetivo de criar espaços que trazem novas relações e novos fluxos. A cerca representa o limite físico, visual e funcional da fábrica, sentida por aqueles que se beneficiam de vivê-la e atravessá-la continuamente. A operação projetual sobre este limite pode ter três tipos de soluções:

3. Finalmente poderia-se inserir novos acessos limitando-os ao prospecto Noroeste (restaurar a entrada da antiga loja) e Sul (para facilitar o acesso à nova área de mercado). Desta forma, a cerca é cortada por vários eixos, sem que sua atmosfera de isolamento seja cancelada. O espaço dentro da cerca não é apenas atravessável, mas torna-se permeável.

1. Manté-lo como ele é, com apenas os dois acessos existente pela Avenida Galileu Bicudo, limitando no entanto o potencial da intervenção.

2. A segunda opção é cortar o espaço contido dentro da cerca criando uma segunda entrada na Rua Doutor Graciano Geribello. A relação criada entre as entradas tornaria o espaço permeável transversalmente de Norte a Sul.

A tentativa de fazer a São Pedro permeável e atravessável poderia ser traduzida no surgimento de alguns problemas, tais como o controle do acesso de amplos espaços à noite e a ocupação dos mesmos lugares por pessoas socialmente perigosas. Certamente a cerca mantida como um circuito fechado restringe estas questões, mas também a capacidade da estrutura para se tornar um centro de encontro e agregação. Criar novos percursos de fato melhora a relação com o ambiente e facilita a utilização da área, mas o muro permite perceber a fábrica em um sistema unificado e sua preservação mantém a unidade das atividades no interior.

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10.4.5. AS NOVAS FUNCOES O ingrediente que torna a São Pedro diversificada mas ao mesmo tempo unificada é o caminho que fazia o produto (fio) durante o período de sua atividade. É intenção tentar manter essa continuidade na produção na organização hierárquica dos novos usos e nas ligações internas.

O programa será organizado na seguinte forma: • ÁREA DE MERCADO: Propõe-se que parte do mercado que ocorre ao longo da Rua Graciano Geribello seja trazido para dentro da fábrica, abrindo um espaço para a venda de produtos alimentícios. A antiga cabine de força torna-se parte deste sistema como um espaço de mercado coberto onde os vãos que abrigavam os trasformadores vão ser ocupados por prateleiras de exposição de produtos. Além disso, prevê a conversão do depósito adjacente em um salão de barbeiro. •HORTAS COLETIVAS: Hortas urbanas geridas pela Cooperativa Mista de Itu organizadas entre as ruínas do antigo setor de confecçionamento e embalagem. Aqui memória e sustentabilidade coexistem. • PADARIA: A antiga caldeira volta à vida como o coração pulsante do complexo e mantém a sua identidade de centro para a produção de calor e energia, hospedando os cursos de panificação e pastelaria. • RESTAURANTE: Volta em função a estrutura já utilizada no passado como restaurante, ponto de encontro ao longo do caminho que serpenteia dentro do complexo, entre a área mais alta dos terraceamentos e área plana dos serviços consolidados. Ele irá beneficiar a área externa para colocar mesas com vista panorâmica do resto da fábrica.

Figura 186: croquis esquemático do ciclo de produção e da distribuição das nova funções. Elaborado pela autora. Figura 187: modelo 3D das novas funções. Elaborado pela autora.

• ATELIER: Quer-se manter o espaço do atual atelier reforçando as atividades de laboratório e oficinas, além da sala de exposições com as peças criadas pela artista e seus alunos. • FÁBRICA DA MÚSICA: Área dedicada à música, com oficinas de música para jovens e adultos, salas de ensaio e um auditório para apresentações no âmbito do programa de actividades geridas pelo Banco do Tempo. • EDIFÍCIO A CORTE: Centro administrativo do conjunto, com espaço para escritório das diversas associações. Aqui encontram-se a sede da Cooperativa Mista Itu, que tem a tarefa de gerir as hortas coletivas, a “Casa do Bairro” com a associação “Apenas um recorte - Banco do Tempo a Itu”, que favorece o encontro entre os habitantes do bairo através do mecanismo da troca. A troca é concebida como um motor de integração e criação de laços de confiança entre as pessoas do bairro. O tempo doado determina o valor de cada atividade trocada; isso permite colocar no mesmo nível a dignidade e importância de cada competência. O Banco do Tempo é expressão de um modelo econômico solidal alternativo ao câmbio monetário e com base na reciprocidade. As atividades da associação são abertas a todos, especialmente aos jovens trabalhadores e estudantes. Na Casa do Bairro há um café, uma cicloficina artesã, um espaço de co-working, um Banco do Tempo, uma sala de reuniões, balcões de informação e espaços de escuta; é possível participar de oficinas de arte, aulas de dança, de disciplinas orientais, música e canto, linguagem e ciências da computação; organizar festas de aniversário, conferências, shows; propor atividades para projetar e criar com os outros. Para realizar todas as atividades a Casa do Bairro também usará outras áreas do conjunto, como as hortas, o aletier, o auditório e o narthex, bem como ocupando a praça para atividades ao ar livre. Desta forma, garante-se uma utilização constante de espaço.

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P.T.

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collettivi Barbiere comprensivo di servizi igienici

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P.T.

• SERVIÇOS DE 24 HORAS: A ILHA Este sector da “cidade das instituições” abriga serviços abertos 24 horas, para garantir alguns serviços básicos para os moradores do bairro e tornar a antiga fábrica acessível, mesmo durante a noite. • DEPÓSITO: Ponto de informação e vigilância na entrada pela Rua Bartolomeu Tadei. Aqui estão localizados materiais e equipamentos móveis para o complexo, tais como cadeiras, mesas e outros móveis, bem como materiais para a manutenção das áreas externas. Existe também um espaço para a coleta seletiva do conjunto. • NARTHEX LÚDICO: Contentor do tempo livre com uma ampla área de lazer e lúdica ladeada por uma biblioteca popular e um tabuleiro de xadrez gigante, ferramenta importante para o desenvolvimento do programa de “xadrez psicomotor”. O objetivo deste programa não aponta para o ensino do jogo de xadrez em si, mas tem como objetivo promover, através do xadrez, um caminho de crescimento e novas competências a vários níveis (afetivos, cognitivos, relacionais).

m2 P.T.

210

1^ P.

210

m2 P.T.

• CATEDRAL DA SAÚDE Organizado no grande espaço da basilica há a academia e um pequeno centro de reabilitação. A nave central da basilica foi intencionalmente deixada livre para uma maior “monumentalidade” deste grande ambiente e todos os equipamentos são direcionados para um transecto imaginário. As outras naves acolhem equipamentos para vários esportes, como artes marciais e ginástica artística. Todas as funções estão inseridas como em grandes pilares imaginários. O centro de reabilitação abriga cabines de massagem curativos, vestiários, piscinas para a reabilitação ortopédica, psicomotora, vascular e tratamentos osteomusculares e uma enfermaria.

m2 P.T.

144

P.T.

560

P.T.

35

P.T.

P.T. P.T. P.T. P.T. P.T. P.T. P.T.

820

BLOCCO 11 - EX CALDAIA: IL PANIFICIO FUNZIONE Panificio comprensivo di area espositiva e vendita diretta aperta 24 ore, servizi igienici, ufficio, magazzino Produzione dei prodotti di panetteria e pasticceria comprensiva di magazzino e cella frigorifera BLOCCO 8 - EX SETTORE MODELLI: RISTORAZIONE FUNZIONE Ristorante per 120 persone sedute comprensivo di sala, cucine, deposito, servizi igienici e ufficio BLOCCO 6 - EX LAVANDERIA E IMBALLAGGIO: L'ATELIER FUNZIONE Atelier comprensivo di laboratori di pittura e disegno, spazi espositivi, sala per workshop e servizi igienici

BLOCCO 5 - EX SETTORE DI SPEDIZIONE E NEGOZIO: MUSICA IN FABBRICA m2 FUNZIONE 89 Hall di entrata e servizi igienici 318 Sala per concerti con 126 persone sedute 101 Sala prove e attivitá di laboratorio per i giovani 68 Sala prove e audizioni Dietro le quinte, comprensiva di 2 accessi di servizio, camerini e servizi 196 igienici 104 Deposito dietro le quinte 240 Spazio al coperto per musica e attivitá all'aperto BLOCCO 4 - EX SETTORE DI MANUTENZIONE: EDIFICIO A CORTE m2 FUNZIONE

P.T.

97

Ciclofficina artigiana comprensiva di affitto bici e parcheggio esterno

P.T.

86

Appartamento del custode e famiglia

P.T.

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Sede amministrativa della Cooperativa Mista de Itu comprensiva di segreteria, ufficio amministrativo e servizi igienici

BLOCCO 7 - EX SETTORE DI CONFEZIONAMENTO: GLI ORTI COLLETTIVI m2 FUNZIONE Orti collettivi, deposito sementi e attrezzi, vendita diretta sul mercato 800 di gestione della Cooperativa Mista de Itu

m2 P.T.

BLOCCO 12 - L' EX CABINA DI FORZA: IL MERCATO FUNZIONE Mercato coperto comprensivo di spazi espositivi per la vendita di prodotti artigianali Mercato coperto comprensivo di banchetti per l'esposizione e la vendita dei prodotti freschi e alimentari di produzione degli orti collettivi Barbiere comprensivo di servizi igienici

325

m2 P.T.

• ESCOLA DE CIRCO: A escola de circo oferece um curso de dois anos para o artista de circo contemporâneo profissional seguidos de um ano de pesquisa individual artística. Prevê o ensino de disciplinas teóricas e práticas com laboratórios de artes circenses para crianças. Incentiva a criação de programas para os teatros, praças e grandes eventos. As artes do malabarismo e expressão corpórea incentivam a criatividade e colaboração, bem como reforçam a confiança mútua e a auto-estima.

BLOCCO 7 - EX SETTORE DI CONFEZIONAMENTO: GLI ORTI COLLETTIVI m2 FUNZIONE 10 PROPOSTA DE INTERVENCAO Orti collettivi, deposito sementi e attrezzi, vendita diretta sul mercato 800 di gestione della Cooperativa Mista de Itu

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BLOCCO 11 - EX CALDAIA: IL PANIFICIO FUNZIONE Panificio comprensivo di area espositiva e vendita diretta aperta 24 ore, servizi igienici, ufficio, magazzino

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O APITO EM NOVO TOM 10 PROPOSTA DE INTERVENCAO

10.4.6. DIRETRIZES DE INTERVENCAO Após uma análise crítica dos edifícios da cronologia de construção tem sido possível estabelecer diretrizes de intervenção com base na mínima intervenção.

10.4.6.1. CONSERVACAO DAS CARACTERISTICAS FABRIS E ARQUITETONICAS MARCANTES Foram seleciononadas as características mais expressivas do complexo, a fim de preservar a identidade do edifício, destacando sua importância para a cidade de Itu. Decidiu-se dar prioridade e ao mesmo tempo tirar partido de algumas características arquitetônicas: a grande caldeira, fonte de energia da Companhia, a cabine de força, as estruturas de madeira das tesouras, a iluminação e ventilação natural através dos “sheds”, os amplos espaços e o ritmo das naves, o ritmo das fachadas e alvenaria em tijolo a vista. Os edifícios vão seguir de uma maneira geral, as seguintes medidas de precaução:

• Lavagem de fachadas com jacto de água a baixa pressão

• Impermeabilização de alvenaria

• Eliminação das pragas de plantas usando biocidas

• Limpeza dos rebocos realizados com materiais inadequados

• Limpeza dos caixilhos de madeira com produtos especiais e dos caixilhos de metal

com escovas de ferro

• Substituição de vidros

• Remoção de elementos degradados

• Remoção de reboco danificado pela umidade e aplicação de anti salinidade e reboco

“aerante” compatível

• Consolidação e reparação do reboco existente

• Substituição de calhas e pluviais

• Reparação e reforçamento de estruturas de telhado, quando necessário

• Remoção e substituição de telhados de amianto com painéis fotovoltaicos

• Restauração do forro de madeira, onde presente

• Recuperação dos caixilhos e substituição de vidro nos “sheds” que permitem a ventila

ção no interior do edifício

• Reabertura dos vãos originais, quando necessário

• Substituição de piso onde precise intervir com iglu de barragem contra umidade asc

endente (no caso da academia, o nárthex e escritórios, onde há uma longa permanên

cia em contato com o solo).

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O APITO EM NOVO TOM 10 PROPOSTA DE INTERVENCAO

As adições irão respeitar o princípio da distinguibilidade. Neste sentido, serão utilizadas:

• Divisórias de vidro ou painéis de madeira removíveis

• A galeria do claustro e a estrutura do telhado do mercado serão feitas com pilares de

aço e painéis fotovoltaicos. Serão utilizados pilares tubulares de metal com seção

quadrada 25x25 e base de concreto armado, como os pilares já existentes na fábrica

para suportar o telhado do edifício a corte

• Os ambientes que exigem espaços insonorização (tais como salões de dança da acade

mia, o auditório e salas de ensaio) serão fechadas por vidro, no caso do salão de dança,

ou irão ser instalados painéis móveis direcionáis de madeira, no caso do auditório

• Nas áreas externas será colocado mobiliário urbano do design contemporâneo.

Figura 188: Infográfico e 3D da cronologia dos edifícios da fabrica. Em vermelho os edifícios demolidos. Elaborados pela autora.

10.4.6.2. DEMOLICOES Para alguns blocos de edifícios localizados em direção ao fundo do lote e de mais recentes de construção (prédios que remontam aos anos 50, com pouco interesse estrutural, funcional e estético, bem como em estado de conservação crítico), decidiu-se propor a demolição, apoiada nesta decisão a partir de estudos cronológicos, de valor arquitetônico e composição, a fim de manter a atmosfera de “urbe industrial” e a circulação interna-externa. As fachadas principais da fábrica serão totalmente preservadas, com a recuperação das janelas fechadas e a substituição de luminárias danificadas com outros que respeitam as características materiais e formais do edifício. Tendo já amplamente esclarecido a importância de manter intacta a cerca, serão demolidos: 1. 2. 3. 4. 5.

Os tanques de água, não funcionais nem interessantes do ponto de vista da recuperação da es trutura fabril O bloco de banheiros e vestiários, que sofreu alterações graves devido à sua conversão em resi dência abusiva O antigo edifício de escritório dos pedreiros com um tanque de óleo combustível em anexo O bloco menor ao lado do atelier, que apresenta graves danos por causa de um incêndio A parede que define a ilha ao longo da Avenida Galileu Bicudo dando continuidade ao edifício em linha dos serviços 24 horas. A demolição permitirá a conexão com o percurso pedonal para o centro e dar maior visibilidade à fábrica externamente (Figura 189).

Serão demolidas também algumas paredes internas aos blocos, tendo em vista as novas funções adotadas no complexo. Todas as ações propostas terão uma linguagem contemporânea para ser distinguíveis das características pré-existentes na fábrica.

Figura 189: Schizzo della proposta di demolizione del muro lungo la Avenida Galileu Bicudo.

10.4.6.3. MATERIAIS Entre os materiais das áreas externas se dará prioridade para a utilização da pedra local, o Varvito, para a realização das calçadas; a pavimentação da praça será em pórfiro, enquanto se usará o pórfiro vermelho para evidenciar o traçado da ciclovia através da fábrica. Os pavimentos internos serão mantidos, exceto nos espaços em que se torne necessária a instalação de um sistema de barreira contra a umidade ascendente com iglús: neste caso será realizada uma pavimentação de resina. No Narthex recreativo será utilizada resina transparente com pedras de rio afogadas, para seguir o desenho da água na praça externa. As novas coberturas e as de amianto substituídas terão painéis fotovoltaicos. A fachada da nova estrutura do mercado voltada para a rua se adaptará à parede existente e serão aplicadas placas de metal de vários tamanhos para dar continuidade à altura da parede, mas ao mesmo tempo para distinguir a nova intervenção.

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O APITO EM NOVO TOM 10 PROPOSTA DE INTERVENCAO

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O APITO EM NOVO TOM Fachada Rua Santoro, lado direito ESCALA: 1.350

10 PROPOSTA DE INTERVENCAO

Proposta de intervenção das fachadas das casas da vila operária. Propoe-se recuperar os vãos originais encontrados nas fachadas e substituir os caxilhos encontrados atualmente por outros padronizados, porém que respeitem as características materiais e formais da construção. Embora a Vila Operária não seja o objeto principal de estudo deste TFG, quer-se, com esta medida, complementar a proposta de requalificação da antiga Fábrica através da recuperção da ambiência tradicionalmente composta pela fábrica e sua vila.

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O APITO EM NOVO TOM

11. BIBLIOGRAFIA

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O APITO EM NOVO TOM 11. BIBLIOGRAFIA LIVROS, TESES E ARTIGOS CONSULTADOS • CARBONARA, Giovanni. Restauro dei monumenti: guida agli elaborati grafici. Napoli: Liguori, 1990. • CARBONARA, Giovanni. Brandi e a restauração arquitetônica hoje. Desígnio, 2006, n. 6, p. 35-47. • CARBONARA, Giovanni. Restauro architettonico, principi e metodo. Roma: M.E. Architectural Book and Review, 2012. • CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. São Paulo: Editora UNESP, 2001. • Cidadela da Liberdade: Lina Bo Bardi e o Sec Pompéia / Organização de André Vainer e Marcelo Ferraz. São Paulo, 2013. • DOUET, James. Industrial Heritage Re-tooled. The TICCIH guide to Industrial Heritage Conservation. Linconshire, UK, 2012. • HUDSON, Kenneth. Industrial Archeology: an introduction. London: Baker, 1966. • KUHL, Beatriz Mugayar. Preservação do Patrimônio Arquitetônico da Industrialização, Problemas Teó ricos de Restauro. São Paulo, Ateliê Editorial, 2008. • KÜHL, Beatriz Mugayar. Algumas questões relativas ao patrimônio industrial e à sua preservação. Arti go disponível em: http://www.labjor.unicamp.br/patrimonio/materia.php?id=165, acesso em abril de 2014. • LANDIRILAR, Pedro Miguel Etxenike. In: I Jornadas sobre la Proteción y Revalorización del Patrimonio Industrial. Bilbao, deciembre 1982. Departamiento de Cultura del Gobierno Vasco. • MARTINS,Sarah Viliod. Projeto para a reabilitação da histórica Usina Monte Alegre de Piracicaba, SP: Centro UMA. Trabalho de Conclusão de Curso. Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp . Campinas, 2012. • MENEGUELLO Cristina. Patrimônio industrial como tema de pesquisa, Anais do I Seminário Internacio nal História do Tempo Presente, Florianopolis, 2011. • MENEZES, Ulpiano Toledo de Bezerra. A cidade como bem cultural. Áreas envoltórias e outros di lemas, equívocos e alcance da preservação do patrimônio ambiental urbano. In: Patrimônio: atualizan do o debate. São Paulo, 2006. • NARDY. Francisco Filho. Fábrica de Tecidos São Luiz: a Primeira Fábrica de Tecidos a vapor fundada em São Paulo. São Paulo. Revista dos Tribunais, 1949. • OLIVEIRA, Carolina Fidalgo de. Sustentabilidade nas cidades - preservação dos Centros Históricos. Artigo disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.125/3569. Consultado em abril de 2014. • PACE, Sergio. La scena vuota. Progetti di conoscenza del patrimonio industriale di età contempora nea. In: Progettare per il patrimonio industriale, 2008. • PREITE, Massimo. La Reutilización del Patrimonio Minero em la Toscana. Universidad de Florencia. • RUFINONI, Manoela Rossinetti. Tese de doutorado: Preservação e Restauro Urbano. Teoria e prática de intervenção em sítios industriais de interesse cultural. São Paulo, 2009. • RUFINONI, Manoela Rossinetti. Preservação do Patrimônio Industrial na cidade de São Paulo. Disserta ção (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004. • SFEIR, Maira. Práticas do cotidiano:Restauro e requalificação das fabricas de Sorocaba. Trabalho de Conclusão de Curso. Faculdade de Engenharia Civil, Arquiteura e Urbanismo da Unicamp.Campinas,2009 • SILVEIRA e FRANCISCO, Edgard e Luís Roberto de. Itu, quatro séculos de comércio. Itu, 2010. • THIESEN, Beatriz Valladão. Arqueologia industrial ou arqueologia da industrialização? Mais que uma questão de abrangência. Artigo disponível em: http://www.labjor.unicamp.br/patrimonio/materia. php?id=161, acesso em abril de 2014.

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TOSCANO, João Walter. Itu, Centro Histórico: estudos para preservação, dissertação de mestrado, prof. orientador Sanovicz Abrahão, São Paulo 1981. Um monumento industrial em el paisaje urbano de Madrid: la actuación de Atocha. I Jornadas sobre la Proteción y Revalorización del Patrimonio Industrial. Bilbao, 1982. Departamiento de Cultura del Gobierno Vasco. TIRELLO Regina A., SFEIR Maira, BARROS Maira C. e MARTINS Sarah V., Projetos de reabilitação de conjuntos industriais históricos em centros urbanos paulistas: usos possíveis na contra corrente dos “centros culturais”, in: Arqui Memória 4, 2013.

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Código de Posturas da Câmara Municipal de Ytu – 1907/1908 Carta de Veneza 1964 Carta de Nizhny Tagil 2003

SITES CONSULTADOS • • • • • • • • • • • • •

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BIBLIOTECAS CONSULTADAS • • • •

Acervo do Museu Republicano de Itu Bilbioteca Municipal de Itu Biblioteca Central da Unicamp Biblioteche del Politecnico di Torino

PERIODICOS E FOLDERS • Revista Campo e Cidade. Edição no.32, agosto/setembro 2004, Uma fábrica de Histórias. • Folder comemorativo dos 70 anos da Companhia Fiação e TecelagemSão Pedro.

114



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