“Na África, quando morre um ancião, é uma biblioteca que queima.” Amadu Hampâté Bâ
Palavras de griot Antigamente, não existia escrita nos países da África Ocidental. Todos os fatos marcantes, a história das pessoas, a fundação das aldeias, o nome dos reis e de suas batalhas, tudo era memorizado e transmitido oralmente, de pai para filho, nas famílias de griots. Poeta, músico e contador de histórias, o griot era uma figura tão impor‑ tante (temida, até!) que, quando morria, não podia ser enterrado num cemitério comum, pois acreditava‑se que chamaria a seca. Com suas armas e suas joias ele era, então, sepultado no oco de um baobá, árvore gigante quase mágica, que, além da sombra e dos frutos, oferecia aos homens e aos animais a água da chuva armazenada no seu tronco. Água suficiente para saciar a sede do es‑ pírito do griot, que ficaria feliz em ouvir suas histórias contadas e recontadas por outros griots para outras crianças, sentadas em volta do baobá... Na África de hoje, mudanças foram trazidas pela escola, o jornal, o rádio e a televisão. Mas os contos tradicionais ainda conseguem divertir e sobretudo despertar as crianças para as sutilezas da vida, com histórias cheias de humor e sabedoria. 4
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