Opet & Mercado - É de Quem Sair na Frente (2012)

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CARREIRA | A “GERAÇÃO Y” MUDA O COMPORTAMENTO NAS EMPRESAS

& OPETMERCADO Publicação do Grupo Opet | Curitiba, Paraná | Número 17 | Ano IX | Circulação dirigida |

www.opet.com.br

EDUCAÇÃO, CURRÍCULO, ENTREVISTA, ESTÁGIO... Como vencer barreiras e conseguir o primeiro emprego

É DE QUEM SAIR NA FRENTE




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Ano IX Número 17 2013

CAPA

HÁ VAGAS

Para quem tem educação, determinação, foco e vontade de vencer

GRUPO EDUCACIONAL OPET Diretor-Presidente

José Antonio Karam Superintendente Educacional Adriana Veríssimo Karam Koleski Superintendente Editorial Cristina Swiatovski Diretora de Operações Daniele Veríssimo Karam

EDITORIAL

Quem esquece do primeiro dia de emprego? Do banco escolar à carteira assinada, o caminho pode ser mais tortuoso do que o imaginado. Apesar do avanço econômico do Brasil, que atraiu para indústria, comércio e serviços trabalhadores de todas as idades e formação profissional, o primeiro emprego continua com foco de atenção apurado. É por ele e nele que se determinam o interesse e desempenho do trabalhador que ocupará por vários anos cargos de um país determinado ao crescimento. Por isso, instituições sociais, profissionalizantes e de ensino investem no aluno aprendiz. Nesta edição, a revista Opet&Mercado ouviu especialistas em primeiro emprego e na Geração Y, conversou com empresas que oferecem vagas e com instituições que capacitam. E ouviu também aqueles que estão pela primeira vez trabalhando. Na entrevista principal desta edição, Sérgio Prosdócimo conta a sua trajetória empresarial e como suas ações revolucionaram e impulsionaram diferentes setores do mercado nacional. Empresas que recebem adolescentes contam quais as dificuldades em recebê-los e formá-los como profissionais. Mas também a gratificação de ver o desempenho melhorar dia a dia. O Grupo Educacional Opet é uma destas incubadoras de talentos. Em suas unidades, jovens aprendizes aprendem e fazem a diferença no bom andamento administrativo que ajuda a engrenagem a trabalhar sem falhas. Todos nós tivemos o primeiro emprego. Se hoje sabemos mais, é porque muitos neste caminho nos ensinaram. Talvez agora seja o momento de multiplicar informação, conhecimento e companheirismo. Dedique um pouco do seu tempo para alguém que pode fazer A diferença no futuro próximo. 4 OPET&MERCADO | NÚMERO 17 | 2013

Sede Rebouças (Centro) Avenida Getúlio Vargas, 892 CEP 80230.030 Curitiba, Paraná Telefone (41) 3028-2002 Sede Centro Cívico Rua Nilo Peçanha, 1635 CEP 80520.000 Curitiba, Paraná Telefone (41) 3028-2800 Sede Portão Rua Isaac Guelmann, 4387 (Rápida Centro-Bairro) CEP 81050.030 Curitiba, Paraná Telefone (41) 3092-2258 Central de Atendimento Telefone (41) 3028-2828

OPET&MERCADO Gerente de Marketing Corporativo Teodoro Luiz Pereira Neto Jornalista responsável Heidi Motomura (DRT 2651-PR) imprensa@opet.com.br Reportagem e edição de textos Marialda Gonçalves Pereira Ilustrações Theo Cordeiro Editoração Alexandre Victorino Nunes Opet&Mercado é uma publicação do Departamento de Marketing Corporativo. Artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do Grupo Educacional Opet. Tiragem 12.000 exemplares

www.opet.com.br


6 Z00M

Os 40 anos do Grupo Educacional Opet, políticos mirins e Prêmio Ozires Silva

10 ENTREVISTA

De office boy, a presidente da empresa. A experiência de Sérgio Prosdócimo

ESTA EDIÇÃO

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GERAÇÕES

Como os jovens da Geração Y estão mudando as relações de trabalho

CAMPO

Veja como o Programa Jovem Agricultor Aprendiz faz a diferença

Do estágio ao apagão de mão de obra, os desafios dos jovens

INICIATIVA

Centro de Aprendizagem prepara para entrevista do primeiro emprego

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Jovens de áreas de risco social recebem formação profissional

Dicas para antes, durante e depois da entrevista de emprego

CHANCE

ARTIGOS

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CARREIRA

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Opet completa 40 anos de atividades O Grupo Educacional Opet completou 40 anos em 25 de janeiro. Hoje, a Opet oferece ensino da Educação Infantil à Pós-graduação. O grupo teve origem de uma escola de profissão, que tinha como principal produto o curso de datilografia. Também eram ofertados cursos de Secretária Executiva, Auxiliar de Escritório, Prático em Contabilidade, entre outros. Uma comissão interna já foi formada para organizar as festividades em comemoração aos 40 anos da instituição de ensino.

Z00M PRIMEIRAS. NOTAS

Faculdades Opet com inscrições abertas para o Vestibular Agendado Estão abertas as inscrições para as provas Agendadas das Faculdades Opet. Elas ocorrem todas às terças-feiras à noite), no campus Centro (Rebouças) da Opet, na Avenida Getúlio Vargas, 892. As Faculdades Opet oferecem cursos superiores nas modalidades Bacharelado, Licenciatura e Tecnologia, com duração a partir de dois anos. Dispõem também de dois cursos a distância: Pedagogia e Gestão Comercial. Inscrições As inscrições para os processos seletivos podem ser feitas pelo site www.opet.com.br, pela Central de Atendimento (telefone (41) 30282828) e nos campus da instituição: CENTRO CÍVICO – Rua Nilo Peçanha, 1635, próximo ao Palácio Iguaçu. CENTRO – Avenida Getúlio Vargas, 892, próximo ao Shopping Estação. PORTÃO – Rua Isaac Guelmann (rápida centro-bairro), 4387, próximo do Hospital do Trabalhador.

Formação política correta para futuros cidadãos

Políticos mirins da Opet tomam posse Depois da diplomação pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE/PR), tomaram posse os políticos mirins dos Colégios Opet, para mandato 2012/2013. Assumiram Daniel de Castro, como Prefeito, Vinícius Grólli, como VicePrefeito, e Vereadores. Eles foram eleitos em votação, nos mesmos moldes de um pleito de verdade. Participaram da cerimônia de posse a Secretária Municipal da Educação, Liliane Sabbag; o Diretor-Presidente do Grupo Opet, professor José Antonio Karam; além de gestoras do Colégio

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Opet, alunos, pais e convidados. A Cidade Mirim foi fundada em 1970 pelo professor Ney Lobo. Eleitos PREFEITO: Daniel de Castro, VICEPREFEITO: Vinícius Grólli, PRESIDENTE DA CÂMARA: Felipe Pedroso Lopes, VEREADORES: Ana Carolina Mallin, Carolina Kops, Eduardo Schlichta, Gabriel Bragaushas, Leonardo Malinoski, Luana Leduc Karam, Lívia N. Zibe e Sava, Maria Clara Vieira, Maria Luiza Polak, Yasmim Born, Talissa Glock Paes.


ENTRE ASPAS

‘‘

Segurança no emprego é valer mais do que lhe estão pagando.” H. JACKSON BROWN

Escritor norte-americano, autor de Pequeno Manual de Instruções para a Vida

NA PONTA DO LÁPIS

40%

EmDestaque

dos jovens da América Latina não concluem os estudos secundários antes dos 24 anos, revela estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Pelo menos 30% das empresas consideram que a formação recebida na escola secundária não é suficiente para o desempenho das tarefas requeridas.

Palestra para estudantes e pais

Palestra do presidente do TC

Natalino recebeu o prêmio entregue pelo ex-ministro Ozires Silva

Acadêmico ganha Prêmio Ozires Silva Natalino Cordeiro da Cruz, acadêmico do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas das Faculdades Opet (campus Portão), foi o grande vencedor da 5ª edição do Prêmio Ozires Silva de Empreendedorismo. Ficou em primeiro lugar na categoria Empreendedorismo Social, com o projeto Rede Social Esportiva, que teve como orientador o Coordenador de Curso, professor Anderson Guiera. De acordo com Cordeiro da Cruz, o projeto é voltado para a revelação de jovens atletas, com diferenciais técnicos e físicos. Um dos objetivos é facilitar a busca por perfis pontuais dos atletas, conforme necessidade dos clubes, treinadores, empresários e federações.

Prêmio O Prêmio Ozires Silva identificou e premiou os melhores projetos nas áreas de empreendedorismo e sustentabilidade do Brasil, que contribuam para o desenvolvimento da sociedade. Empresas, pessoas físicas (por meio de Plano de Negócios) e comunidade acadêmica inscreveram seus projetos nas categorias Empreendedorismo Econômico, Ambiental, Educacional e Social. Promoveram o Prêmio o Instituto Superior de Administração e Economia – ISAE e o Grupo Paranaense de Comunicação – GRPCOM. A entrega da premiação aconteceu em Curitiba, com a presença de Ozires Silva.

O Presidente do Tribunal de Contas do Paraná, Conselheiro Fernando Augusto Mello Guimarães, deu palestra recentemente no Auditório da Sede Centro Cívico. Falou sobre “A importância da fiscalização do uso do dinheiro público”. Participaram alunos do 3º, 4º e 5º anos do ensino fundamental, pais e responsáveis. O Tribunal de Contas é parceiro da sociedade na fiscalização do dinheiro público. Fernando Guimarães visitou também as instalações da Cidade Mirim em companhia de gestores da Opet.

Editora participa de eventos A Editora Opet participou em 2012 de uma série de eventos relacionados à administração pública municipal: Congresso da Associação Paulista de Municípios; Fórum do Jubileu de Prata da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação de Santa Catarina; Fórum Estadual Extraordinário da Undime-PR; Seminário Internacional da UndimeMG. Também esteve presente em feiras de educação do país, como a Saber 2012 e a Educar, em São Paulo.

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CONEXÃO

A carreira profissional de quem faz Opet

COM O MERCADO

Quem – Débora Teixeira, Lucas Correia e Poliana Batista Curso – Gastronomia Onde trabalham – Restaurante Manu e Restaurante Madero

Quem – Valquíria Taveira, Mônica Salvadori, Ivanilde Gibertoni e Danielle Santos Curso – Pedagogia Onde trabalham – Aldeia Betânia, CE Infantil Ciranda e CE Infantil Espaço do Saber 8 OPET&MERCADO | NÚMERO 17 | 2013

Quem – Geneide Araujo de Almeida Curso – Curso técnico em Eletromecânica Onde trabalha – WHB Usinagem


Quem – Adriano Cozer Curso – Gestão da Produção Industrial Onde trabalha – Renault do Brasil

Quem – Ney Carlos Lopes Jr. Curso – MBA Executivo em Gestão Estratégica de Pessoas – RH Onde trabalha – Novartis Biociências

Quem – Elidiane Maria de Souza Curso – Ciências Contábeis Onde trabalha – TIM

Quem – Luís Guilherme de Brito Curso – Administração Onde trabalha – Masisa NÚMERO 17 | 2013 | opet&mercado 9


ENTREVISTA

Nove em cada dez alunos de cursos técnicos encontram colocação no mercado


DE GELADEIRA A PÃES, ELE É O CARA SÉRGIO PROSDÓCIMO COMEÇOU CEDO A TRABALHAR. DE OFFICE BOY A PRESIDENTE DE EMPRESA, ELE NÃO PENSA TÃO CEDO EM LARGAR OS NEGÓCIOS. TEM O CHAMADO TINO COMERCIAL E VOCAÇÃO PARA O SUCESSO O paranaense Sérgio Prosdócimo, 71 anos, é um dos principais empresários brasileiros. Filho caçula de quatro irmãos, começou a trajetória empreendedora de sucesso aos 12 anos de idade, quando trabalhou como office boy na então Lojas Prosdócimo, empresa do pai, João. Lá passou por diversos setores onde adquiriu experiências no negócio. Quatro anos depois, aos 16, partiu para mais um desafio: trabalharem outra empresa da família, a Refripar, fabricante de geladeiras e freezers. Função? No “chão de fábrica”, como operador de torno e outras funções técnicas até chegar à presidência do segundo maior conglomerado da linha branca do País. A Refripar chegou a empregar 9 mil funcionários. “Trabalhar em diversas funções me proporcionou uma rica experiência, pois aprender na prática me fez, lá na frente, um gestor melhor”, disse Prosdócimo. Em 1996, na onda de fusões e aquisições na área industrial, vendeu a Refripar aos suecos da Electrolux. “Vendi porque não tinha investimentos necessários para assegurar o controle acionário da empresa e por problemas de saúde – de coração. Até hoje passei por quatro cirurgias”, conta Prosdócimo. Na época tinha 56 anos, quase a mesma idade do jornalista Roberto Marinho que, aos 60 anos, fundou a TV Globo, uma das maiores emissoras de televisão do mundo.

Com muito dinheiro no bolso, poderia decidir-se pela aposentadoria, mas ele não parou de trabalhar, de investir. “Está no sangue. Não sei ficar parado. Quero ajudar o Brasil. O meu objetivo é criar empregos”, afirma. Primeiro investiu numa fábrica de embalagens, a Brasholanda, vendida a uma empresa finlandesa. Ao mesmo tempo entrou como sócio na DTcom, provedora de serviços de internet e de infraestrutura para educação corporativa. No ano 2000, ampliou ainda mais seus negócios ao adquirir a Charlotte, uma fábrica de pão falida. Como não tinha experiência no ramo trouxe um “expert” para trabalhar na fábrica e ajudar a reerguer o negócio, o pequeno empresário de Joinville (SC), João Pedro de Jesus, que hoje ocupa a função de diretor industrial. A aposta no negócio deu certo. A empresa, cuja fábrica de 4 mil metros quadrados está em Campo Largo (PR), passou de 32 para 250 funcionários e a receita de R$ 70 mil para R$ 2,5 milhões mensais. A Charlotte abastece com pães e torradas Curitiba e Região Metropolitana. Também terceiriza a produção para redes de supermercados como Walmart, Carrefour e a Indústria de Alimentos Parati, de Santa Catarina. Os mais recentes empreendimentos de Prosdócimo são a Paverblock, fabricante de blocos de concreto para construção e pavimentos para pisos, com sede em

Colombo, e a Alô Ingressos, do ramo de eventos, com sede em Curitiba. Juntas, as empresas empregam 80 funcionários. Por outro lado, Sérgio Prosdócimo presidiu por 12 anos o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade, o IBQP. Diante de tanta experiência no mundo do trabalho e sucesso profissional, a Opet & Mercado convidou-o para falar sobre empregabilidade. Qual o panorama de oferta e procura por mão de obra qualificada? Preocupante. No geral, os segmentos econômicos têm dificuldades para contratar bons profissionais, que estudam permanentemente, se atualizam, se qualificam. Com a globalização, o inglês é fundamental, por exemplo. O índice de desemprego está em qual faixa etária? Em nenhuma. O Brasil hoje é pleno emprego. Só não trabalha quem não quer. As empresas têm programas para atrair gente mais jovem, com pouca experiência mas com vontade de aprender? Acredito que a maioria tem. Os empresários querem gente com boa vontade, com interesse e ini[CONTINUA ]

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ENTREVISTA ciativa. Lembre-se: capacitar colaboradores é um investimento, não uma despesa. Há dificuldade em atrair mão de obra em qual segmento? No superior. Geralmente nos cursos técnicos os alunos aprendem teoria e prática ao mesmo tempo. Na graduação a maioria dos cursos não tem a parte prática. Os conteúdos aprendidos nas escolas estão alinhados às necessidades das empresas? Nem sempre. A gente sabe que há deficiências. Para saná-las é preciso que empresas e escolas se aproximem. Precisamos trabalhar em conjunto para identificar as necessidades do setor produtivo. Cooperação/parceira técnica é a solução. Minhas empresas estão de portas abertas para que estudantes e professores visitem-nas e vejam de perto o seu funcionamento. Como foi sua experiência no primeiro emprego? Gratificante. Comecei a trabalhar aos 12 anos de idade, apesar de o meu pai possuir alguns negócios. Comecei por baixo, como office boy e passei por outras diversas funções. A aprendizagem foi fantástica e me deu base para exercitar o empreendedorismo.

Trabalhar em várias funções resultou numa rica experiência profissional

Entrada mais cedo no mercado de trabalho A Opet&Mercado ouviu dois profissionais que cursaram o Ensino Médio Técnico do Colégio Opet e ingressaram no mercado de trabalho após a conclusão dos estudos: Éric Leopoldino, que estudou Publicidade e trabalhou, por seis anos no banco HSBC; e Ricardo Lazarin, que cursou Informática e atuou na Cinq Technologies. Por que optou pelo ensino técnico no ensino médio? Éric – Queria fazer Publicidade quando estava na 6ª série, mas para ter certeza, optei por fazer o ensino técnico. Ricardo – Justamente por este diferencial (teoria na prática). O que mais gostou do curso? Éric – A prática bem cedo. No início da faculdade senti falta da prática. Ricardo - Aprender e logo executar. O mercado de trabalho é assim. Que habilidades do curso aplica? Éric – Tenho olhar mais crítico em relação às produções cinematográficas. Ricardo - Elaboração de documentos técnicos e o envolvimento direto com tecnologias. Além de flexibilidade, convivência em equipe e decisão. O Ensino Médio Técnico facilitou o primeiro emprego? Éric – Mesmo na melhor escola, melhores professores, há coisas que só aprendemos na realidade da profissão. Ricardo –Na primeira entrevista de estágio, a minha futura chefe perguntou quais meus conhecimentos em informática. Atendi os requisitos. Estar adiantado profissionalmente foi fundamental. Você aplica os conhecimentos do curso técnico? Éric –Aprendi a criticar com argumentos e hoje sustento melhor meu ponto de vista. Ricardo - Sim, de forma integral. O que me proporcionou conforto e segurança nas atividades. O que é essencial para a formação? Éric – Força de vontade e compromisso. Não é porque você é estagiário que vai trabalhar como tal. Quanto mais responsabilidade mais conhecimentos. Ricardo - Habilidades que vão além do modelo tradicional. Qual a mensagem para os que queiram fazer o ensino técnico? Éric – Mesmo que não sigam o mesmo curso na faculdade, conhecimento nunca é demais. Ricardo - Dedicar-se ao médio técnico abrirá espaço de atuação. Não se surpreenda com perguntas como “Você tem mesmo esta idade?”, devido a tamanha antecipação profissional.

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CAPA

APENAS A FORMAÇÃO ESCOLAR NÃO É SUFICIENTE. O MERCADO EXIGE, MESMO DO APRENDIZ, CONHECIMENTO, DETERMINAÇÃO, FOCO E VONTADE DE VENCER 14 OPET&MERCADO | NÚMERO 17 | 2013


EDUCAÇÃO PARA VENCER O

primeiro emprego não se esquece. Independente da idade, profissão ou local onde começou. Em 2011, cerca de 2 milhões de brasileiros tiveram esta experiência, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), com o registro de suas carteiras assinadas. No Paraná, a procura pela carteira de trabalho aumentou 53% no ano passado em relação a 2010. Neste período foram emitidas 353.010 carteiras de trabalho em todo o estado. Em Curitiba, a oportunidade para o primeiro emprego também é animadora. A Agência do Trabalhador (serviço da secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Economia Solidária) tem hoje em torno de 60% de vagas em seus cadastros para candidatos sem experiência, com grande oportunidade para o primeiro emprego e para trabalhadores que desejam mudar de área. A Agência atende candidatos a partir de 16 anos, sem limite máximo, e as vagas – a maior parte nas áreas de comércio, mercado, alimentação e prestação de serviços - são negociadas de acordo com o perfil, idade, escolaridade e experiência. E é neste ponto que muitos jovens encontram dificuldades para começar a trabalhar. Experiência, ensinam consultores da área de Recursos Humanos, não significa

saber tudo sobre a função que ele vai desempenhar, mas ter iniciativa, determinação e, principalmente, ter prontidão. Desenvolver confiança e cidadania, além de buscar o autoconhecimento e participar de trabalhos voluntários, que permitam criar redes de relacionamento e ampliem o contexto sobre organizações, são formas de ter referências importantes para a conduta social. “O primeiro emprego não é fácil. O fundamental é o jovem demonstrar que está conectado com o mundo em que vive, pois esta sintonia é percebida positivamente pela maioria das empresas”, afirma o especialista em RH, Paulo César Guimarães, que é psicólogo empresarial, bacharel em Direito e especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlo Vargas. Ele lembra que para este esforço ser recompensado, deve existir também disposição pelo lado do contratante. “As empresas devem estar abertas e preparadas para desenvolver o potencial de cada novo colaborador, principalmente, aquele que estreia no seu primeiro emprego. É preciso integrá-lo, capacitandoo e criando condições favoráveis para que se adapte e mostre talento na empresa. Esta experiência profissional, muitas vezes, é determinante para o

surgimento do entusiasmo, interesse e comprometimento das pessoas, que nunca tiveram a oportunidade de conviver num ambiente empresarial”, diz Guimarães. De acordo com censo do Ministério da Educação, feito em 2010, o Brasil tem 51,5 milhões de estudantes matriculados na educação básica. Deste total, 85,4% estudam nas redes públicas. O número de alunos matriculados cai para 31 milhões no ensino fundamental e diminui à medida que se exige mais anos de estudo. Cerca de 6 milhões fazem cursos superiores (sendo 4,43 milhões em rede privada e 1,52 milhões em rede pública) e em cursos de ensino técnico estão outros 1,1 milhão de alunos. Mesmo com a economia brasileira aquecida e a melhoria gradual do nível educacional — em 2010 os investimentos do governo federal em educação corresponderam a 5% do PIB — é um desafio para o mercado absorver todos os anos o grande contingente de mão de obra, formada ou não. Por isso, além da educação recebida na escola, o jovem aprendiz ou menor aprendiz ou o candidato ao primeiro emprego deve buscar ao longo da vida escolar atividades que o diferenciem e com as quais aprenda para aplicar em sua futura vida profissional. [CONTINUA ]

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CAPA

A consultora e orientadora de carreiras, Soraya Gervásio, diz que a melhor conduta é começar com empregos ou atividades voluntárias durante o curso. “Não espere concluir a graduação para procurar emprego, o que dará uma base muito acadêmica. É importante, por exemplo, conhecer o fluxo processual de uma empresa, mexer com nota fiscal e balanço, entender lançamentos financeiros, ir à frente do cliente e negociar, além de conhecer a produção interna. Este conhecimento, mesmo que não seja tão estruturado com a carteira assinada, facilita muitos tipos de contratações para que essas pessoas possam pegar experiência”, disse. Ela recomenda que o candidato procure para o primeiro emprego uma empresa cujos produtos ele admira e/ ou compre, e onde seria o local que ele gostaria de trabalhar. Isso se torna um facilitador porque o candidato terá afinidades com a empresa e, mesmo sem experiência profissional, ele terá prazer em trabalhar em uma estrutura que admira. Para o empregador, vale apostar em um candidato assim. Outra dica importante da consultora se refere ao comportamento do aluno. Soraya lembra que os professores estão sempre de olho nos alunos que têm facilidade para a matéria, e nos que têm bom relacionamento e boa convivência. “Vale um puxão de orelha nos alunos que gostam de matar aula e que demonstram

desleixo com o aprendizado e com a própria aparência. São valorizados os alunos com conhecimento e cultura. Portanto, cuide-se e leia sempre”. Entrar no mercado pode ser uma tarefa ainda mais fácil – apesar de algumas adversidades - que a de se manter e crescer profissionalmente. A concorrência é grande e a dedicação do interessado tem que ser ainda maior. Aproveitar oportunidades no início da carreira fará a diferença ao longo dos anos. Contatos se multiplicam quando o profissional tem ética, responsabilidade e comprometimento com a empresa ou com o cliente para o qual trabalha. Os jovens que estão entrando no mercado de trabalho hoje encontram amparo legal que não existia há alguns anos. Entretanto, ambas gerações encontraram dificuldades e facilidades neste ingresso ao mundo profissional. Este jovem deve os seus direitos e facilidades que a lei assegura e que o mundo corporativo executa. O começo é difícil para quem escolhe seguir a carreira jurídica, médica, administrativa, filosófica ou jornalística. É difícil porque é o novo, e o novo requer atenção, dedicação, tempo e paciência pelos resultados e reconhecimentos. Para o coach Homero Reis, presidente da Homero Reis e Consultores, o jovem profissional tem um grande aliado, coisa que “os mais antigos” não tiveram no início da carreira: as redes

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sociais. Segundo ele, as plataformas sociais auxiliam muito nos contatos com o mundo empresarial e servem de peneira atualizada e eficiente na busca de oportunidades. “É uma comunicação ágil, no perfil dos jovens, e uma excelente ferramenta, desde que usada corretamente, para divulgação de demandas e ofertas do mercado”, afirma. Amparo legal A entrada de adolescentes no mercado de trabalho, como aprendizes, está prevista na Lei n° 10.097, de 19 de dezembro de 2000, que determina que estabelecimentos de qualquer natureza são obrigados a contratar aprendizes. A exceção vale para microempresas, as empresas de pequeno porte e as entidades sem fins lucrativos que tenham por objetivo a educação profissional. O número de aprendizes deve variar entre 5% e 15% dos trabalhadores de cada um de seus estabelecimentos, cujas funções demandem formação profissional, exceto as que demandem habilitação profissional de nível técnico ou superior. Em todo o país, vários serviços da indústria e do comércio, cooperativas e entidades sem fins lucrativos estão aptas a formar aprendizes. Para participar, ele deve frequentar a escola (a menos que tenha concluído o ensino fundamental) e estar inscrito em programa de aprendizagem. O resto é com ele.



ARTIGOS PESSOAS

QUEM TEM MEDO DA GERAÇÃO Y?

Jovens ousados e desafiadores chegam ao mercado com muita vontade de inovar. Como serão recebidos?

Os jovens da Geração Y, nascidos entre as décadas de 1980 e 1990, e que hoje começam a compor o mercado de trabalho, cresceram em um cenário de facilidades pessoais proporcionadas, em grande parte, pelos avanços tecnológicos. Isso fez com que desenvolvessem intimidade com as ferramentas de comunicação. Gostam de desafios para demonstrar potenciais que proporcionem feedbacks rápidos e constantes, bem como reconhecimento. São pragmáticos, mas perdem o foco com facilidade. São contestadores, mas demonstram dificuldade em lidar com fracassos. A definição é de Sidnei Oliveira, especialista em Geração Y, sócio-fundador da Kantu Educação Executiva e consultor associado da Empreenda Consultoria, em São Paulo. Procurado com frequência por empresários e educadores de todo o país e do exterior, para falar sobre estes jovens multifacetados que entram no mercado, Oliveira afirma que existe um grande impacto decorrente da dificuldade de integração entre veteranos e jovens. Cerca de 20% dos líderes nas empresas pertencem à Geração Y (fonte – Hay Group) e são formados por jovens com elevada qualificação acadêmica (MBAs, inglês fluente, etc). Estudos apontam que a Geração Y representa cerca de 35% da força de trabalho. Nos próximos quatro anos este volume estará acima de 50%. “Empresas ligadas às novas tecnologias estão mais preparadas para recebê-los, principalmente, as atreladas à Internet, uma indústria nova e ainda sem muitos procedimentos rígidos, que proporciona um ambiente perfeito para acolher estes jovens”. Há empresas e gestores um pouco assustados com as características desta geração e em diversos momentos observa-se

o despreparo em promover as mudanças que se mostram necessárias e urgentes. “O que mais se vê é a constante busca por modelos que permitam o ‘enquadramento’ dos jovens em processos organizacionais que foram estabelecidos nos últimos 30 anos”, afirma. Este cenário tem pressionado os jovens a constantes adaptações. As expectativas atuais da Geração Y são formadas por estímulos intensos e diferentes, por isso a adaptação não é fácil. “Haverá equilíbrio na medida em que esta geração alcance posições mais consolidadas, na qual mostre maturidade e experiência”. Conflito De acordo com autora Fela Moscovici, o conflito tem funções positivas para o aprimoramento pessoal como quebra de paradigma, saída da estagnação, emergência de problemas que poderiam ficar escondidos e busca de soluções. É neste cenário que jovens e veteranos se encontram. “Há diferenças de estilo, ritmo e expectativas. O ritmo e a energia dos jovens, que nos mais veteranos são substituídos pela experiência e conhecimento do ambiente de trabalho, causam desconforto em ambas as gerações”, afirma Oliveira. O desafio é refinar a comunicação, conscientizando que há contribuições mútuas que podem e devem ser consideradas. Neste caminho há um mediador em potencial, que é o RH. Este deve trabalhar a interação entre veteranos e jovens para que ambos se beneficiem das contribuições de cada geração, bem como avaliar modos de trabalho, possibilidades de home office, bom ambiente de trabalho, projetos inovadores, além do auxílio no desenvolvimento da trajetória profissional com reconhecimentos e feedbacks constantes para o melhor aprendizado.

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Educação Por mais que o sistema de ensino tente melhorar, quase sempre está defasado com o que a tecnologia oferece. A tecnologia que surgiu nos últimos 20 anos afetou tanto o sistema cognitivo da Geração Y como de todas as pessoas de outras gerações. O maior impacto desse comportamento é refletido na comunicação. As novas tecnologias estão transformando completamente a linguagem com um novo conceito que é a conectividade. Todos podem se conectar sem necessariamente se comunicar. A educação e formação não são privilégios apenas da escola. Seja na escola, universidade, em casa ou no trabalho, os ambientes precisam estar integrados no papel de orientar os jovens. Professores, pais e gestores têm que adotar um papel de mentoria e de orientação à nova geração. Devem zelar pelos valores humanos deles e dar referências pessoais sem expectativas que eles as sigam. “É pouco eficaz dizer a um jovem da Geração Y que ‘quando era jovem também sentia coisas semelhantes e por isso optou por algumas escolhas’. Este tipo de argumento costuma ser bastante fraco, pois o cenário do ‘quando era jovem’ certamente era completamente diferente do atual. Uma alternativa a esta situação é se colocar na situação atual do jovem e imaginar – com toda experiência acumulada – como se comportaria nesta realidade, por mais estranha e absurda que possa parecer”, diz Oliveira. Desafios A Geração Y nasceu em um mundo mais complexo e repleto de tecnologias para facilitar o dia a dia das pessoas. Isto conferiu um cenário mais protegido e prático para o desenvolvimento dessa geração. Os investimentos na educação desses jovens criaram uma pressão por resultados e a consequência é um grande número de jovens com baixa tolerância a frustrações, com ansiedade crônica. O caminho para isso é um só: a nova geração precisa aprender a falhar, precisa de cicatrizes. “Essa geração possui qualidades que não existiam nas gerações anteriores, e a melhor forma de ajudá-los a aproveitar estas características é ensiná-los a fazer escolhas, principalmente àquelas baseadas em valores humanos positivos, como ética”.


Seja sempre espetacular Sidnei Oliveira esteve em mais de 300 cidades no mundo e afirma que em cada uma ganhou experiências ímpares. De office boy a consultor foram anos de estudo e de perseverança. Como foi seu primeiro emprego? Iniciei aos 14 anos como office boy no Banco Real onde fiz carreira e fiquei por 20 anos. As maiores oportunidades foram decorrentes da exposição prematura aos desafios e a presença constante de mentores que souberam me ajudar a desenvolver meus talentos. Como se determinou para chegar onde está? Sempre imaginei que, para alcançar um objetivo, seria necessário ter uma meta, uma estratégia, uma dose de ousadia e alguma sorte. Criei metas desafiadoras que eu pudesse alcançar no curto prazo, renovando ou criando novas metas à medida que as superasse. O objetivo é parte da estratégia que, somado a um desejo profundo de transformar e inovar as coisas ao meu redor, proporcionou uma trajetória de vida, até agora, muito gratificante. O restante eu posso dizer que tive muita sorte de ter as oportunidades certas em diversos momentos. Olhando para o começo da carreira, que avaliação faz e o que diria para quem está hoje no primeiro dia do emprego? Tenho orgulho de minha trajetória até aqui e acredito que isso seja uma forma de avaliar como sucesso. Para quem está começando eu desafiaria a ser sempre espetacular em cada coisa que estiver fazendo, lembrando que melhor do que fazer o que gosta, sempre será gostar do que faz. Sidnei Oliveira: “O ritmo e a energia dos jovens causam desconforto”

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FORMAÇÃO

Aula prática do Jovem Agricultor Aprendiz: conhecimento, autoestima elevada e fim das ilusões com a cidade

O JOVEM QUE FAZ A DIFERENÇA NO CAMPO Orientações para jovens de 14 a 18 anos definem o novo e próspero rumo do trabalho rural no Brasil 20 OPET&MERCADO | NÚMERO 17 | 2013

A qualificação profissional há tempo chegou à área rural do Brasil. Nos últimos anos, o jovem destas regiões foi o grande foco da atenção de organismos como Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), que trabalha para melhorar a vida no campo e incentivar a agricultura, setor que, em 2011, foi responsável por 22,74% do PIB nacional. O programa Jovem Agricultor Aprendiz (JAA), criado em 2000, atendeu de 2005 a 2011 cerca de 22 mil alunos, de 14 a 18 anos, nos 399 municípios do Paraná. A proposta é corrigir problemas como ausência de conhecimento das famílias rurais para resolver ineficiências na execução das atividades agropecuárias, necessidade de melhorar o desempenho no trabalho e incrementar a produtividade. O foco do trabalho do Senar-PR recai também sobre a ausência de oportunida-

des para jovens no meio rural, levando ao êxodo rural, ausência de qualificação profissional neste setor e a necessidade de valorização do agropecuário. Em contraturno escolar, o JAA trabalha o jovem como cidadão no meio em que ele vive, com técnicas de ensino vivencial e momentos interdisciplinares em gestão pessoal e gestão agrossilvipastoril. As aulas ficam a cargo de engenheiros agrônomos, veterinários, zootecnistas e administradores rurais. O sucesso do JAA decorre da determinação do corpo técnico do Senar-PR, mas também das parcerias — com prefeituras, comunidades e sindicatos — para apoio a visitas técnicas, transporte e alimentação. “O objetivo é levantar a autoestima deles mostrando as oportunidades existentes no campo. Em todo o processo estão as tradições familiares no conteúdo programático,


desde cidadania a agropecuária. Assim, o jovem constrói a identidade dele e, aos poucos, percebe a realidade do meio que o cerca”, diz a coordenadora do Jovem Agricultor Aprendiz, Regiane Hornung. Na visão do jovem, segundo a coordenadora, a vida na cidade parece fácil e bem melhor, porque oferece mais tecnologia e inovações. “Mas eles só perceberão que existe muita disputa e briga por colocação no mercado de trabalho após se defrontarem com as dificuldades e, muitas vezes, hostilidade da ‘cidade grande’. Ao fazerem o programa JAA a visão das diferenças do campo e de cidade, e as vantagens e desvantanges destes dois ambientes, são percebidas e as decisões melhor definidas”, comenta Regiane. Participação Além do módulo básico ou gestão do agronegócio, o aluno JAA aprende cidadania, meio ambiente, competência para o trabalho, gestão rural, solos e pecuária. Em uma aula técnica sobre solo, por exemplo, acontecem ao mesmo tempo aulas de matemática e de geografia. Neste mesmo contexto, o instrutor aproveita para questionar o aluno como está o solo da propriedade, se a pastagem é boa para o gado, se a gestão está atendendo as metas traçadas. “Desta forma percebemos que o jovem aprendiz começa a definir a área de atuação, se é pecuária, orgânica, mecanização, fruticultura, olericultura ou cana de açúcar. Com a escolha feita, o aluno define os módulos complementares que oferecemos e que aumentam a qualificação profissional dele. Entre 14 e 18 anos, muitos não querem trabalhar, mas por outro lado, muitos ajudam suas famílias levando o conhecimento adquiri-

Em 5 anos, o programa Jovem Agricultor Aprendiz atendeu 22 mil jovens de 14 a 18 anos do no programa para casa”, disse Regiane. A equipe do Senar-PR sabe das dificuldades em transpor as barreiras de gerações (principalmente no campo onde os valores hierárquicos são mais rígidos que na cidade), mas durante o processo muitos pais acabam participando junto com os filhos e até se inscrevem em outros cursos oferecidos pelo serviço. Interesse Por que o Jovem Agricultor Aprendiz tem excelentes resultados onde é implantado? Parte deste sucesso é atribuído às aulas práticas que despertam o gosto pelo trabalho com a terra. Jaqueline Brandt e Denilton Cristiano Canani, ambos de 16 anos, moram no distrito de Abapan, no município de Castro, e fizeram os cursos de gestão e de mecanização. Com históricos familiares diferentes (os pais de Jaqueline não são agricultores), os jovens definiram suas profissões após terem feito os cursos. “Sempre me interessei pela agricultura e o JAA abriu uma porta para mim. Consegui saber e identificar o rumo que eu quero na minha vida”, disse Jaqueline, que pretende fazer faculdade de Agronomia e trabalhar em diferentes setores associados à área agropecuária para ter mais

experiência e conseguir melhor colocação e, consequentemente, melhor salário. Para Denilton os cursos reforçaram a ideia de seguir os passos dos avós, que são agricultores. “A agricultura é interessante porque há diversas formas de trabalhar. No meu futuro farei Veterinária ou Agronomia e hoje sei disso porque cursos como os do JAA fazem a diferença. Antes não havia nada que orientasse os jovens que moram na área rural. Muitos foram embora porque não havia emprego. Mas eu pretendo estudar em Ponta Grossa e voltar para aplicar aqui o que eu aprendi”, afirma. O mesmo entusiasmo com esta qualificação profissional é compartilhado pelos proprietários rurais. Roelof Harm Rabbers tem 25 anos, é filho de agricultor e seus avós chegaram a Castro vindos da Holanda. Em julho de 2011, Rabbers recebeu um grupo de alunos para aulas práticas e percebeu o interesse e o entusiasmo dos jovens. Na propriedade de 600 hectares são plantados soja, milho, feijão e trigo no inverno, trabalho que ocupa 15 funcionários que estão na lida as 7h30 às 20 horas, se necessário. “Agricultura não é um trabalho fácil, mas é muito gratificante. E percebo que este fascínio não se perde porque quando recebo alunos do JAA para aulas práticas, os olhos deles brilham frente às possibilidades que a terra oferece. Dirigir uma colheitadeira e um trator então é a aventura do dia”, diz. Resultados Antes do nascimento do Jovem Agricultor Aprendiz, o Senar-PR vinha se deparando com uma procura grande de jovens menores de 18 anos em cursos de Formação Profissional Rural. Porém, o Se-

nar não atua com menores de 18 anos nesta modalidade. “A partir do JAA percebemos a satisfação das famílias pelo fato de seus filhos fazerem um curso que gostam e de terem melhorado o comportamento em casa e o desempenho escolar. Este é um resultado gratificante porque consideramos que são menos jovens desocupados nas ruas e um menor número deles envolvimentos com drogas. O que em situação contrária desencadearia uma série de outros problemas como aumento de gravidez de meninas com 14 e 15, prostituição, alcoolismo e até mesmo abandono do lar”, relata Regiane, lembrando o triste quadro em muitas regiões do país, tanto rural como urbana, onde não há educação de qualidade e orientação profissional. Futuro Para 2012 estão programadas 241 turmas no módulo básico (gestão do agronegócio), e para complementação, será implantado o JAA-Pronatec, uma continuação técnica com cursos específicos de 160 horas em bovino e mecanização. A coordenadora Regiane Hornung explica que para estas ações serão feitas reciclagem e atualização de instrutores para que eles trabalhem com assuntos voltados à adolescência, como vivem e como estão as gerações Y e Z, considerados públicos alvo para o trabalho da instituição. “O palestrante desta fase será Marcos Meier e trabalharemos o assunto sucessão familiar com o autor do livro ‘Meu filho Um Dia Tudo Isto Será Teu’, de Richard Jakubaszko. A proposta é conscientizar os participantes porque o assunto faz parte da vida de todos, tanto alunos rurais, urbanos, como a sociedade em geral”, diz Regiane.

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INICIATIVA

BEABÁ REFORÇADO PARA COMEÇAR

Além de aulas de português e matemática, Centro de Aprendizagem prepara adolescente para a entrevista do primeiro emprego

Semanalmente, cerca de 1.500 adolescentes, entre 14 e 18 anos, passam pelos portões da Associação de Educação Familiar do Paraná, mantenedora do Centro de Aprendizagem Profissional para Adolescentes Maria Adelaide, em Curitiba. Eles vão lá para aprender a trabalhar. Meninos e meninas participam de cursos que os capacitam para a entrevista ao primeiro emprego e de outros cursos quando são contratados por uma das 300 empresas da região, que oferecem vagas para o menor aprendiz. Entre elas, o Grupo Educacional Opet que tem 17 menores aprendizes nas suas quatro unidades (Centro Cívico, Rebouças, Editora e Gráfica). O Cemade faz o encaminhamento de jovens ao primeiro emprego desde 1993, muito antes da criação da lei (em 2000), que determinou direitos e deveres para o menor trabalhador. Em 2005 foi assinado o decreto que regulamentou a lei e ampliou a idade, na qualidade de aprendiz, entre 14 e 24 anos, salvo para pessoas com deficiência, sem limite de idade. O foco de atenção do Centro continuou sendo o adolescente, dos 14 aos 18 anos. “Para participar eles se cadastram nas ruas da cidadania ou nos CRAS como menor aprendiz, com idade mínima de 14 anos. O pré-requisito é a renda familiar de até três salários mínimos. A Fundação de Ação Social (FAS) encaminha o aprendiz para o Centro, que em 50 dias é preparado para a entrevista de emprego”, conta a assessora jurídica e administrativa do Centro, Simone Selva Cavalcante Pereira. Neste período, eles participam do módulo básico, com reforço em português, matemática e informática, e aprendem sobre saúde integral, legislação, ética, relações interpessoais, planejamento pessoal e noções de serviços administrativos. “Muitos chegam com precariedade de higiene, de hábitos na fala, no trato e no

vestir. Eles têm dificuldades típicas dos adolescentes em relação à escola, são oriundos de programas sociais (como bolsa família ou outros programas de ajuda do governo), geralmente os pais não têm escolaridade avançada e muitos têm dificuldades de aprendizagem. O trabalho de resgate é grande”, comenta Simone. No Centro, recebem orientações de psicólogos, pedagogos e assistentes sociais. “Queremos que reflitam sobre o fortalecimento de vínculos familiares, na empresa, como lidar com o chefe e mostrar que o mundo com a família é diferente do mundo do trabalho”, complementa a pedagoga Andréia de Oliveira. Na escola Após os 50 dias do curso eles aguardam a vaga de emprego. Caso o adolescente faça duas entrevistas e não preencha a vaga, ele passará por uma psicóloga para saber qual ponto deve melhorar para a próxima entrevista. Mas cerca de 90% dos adolescentes que passam pela capacitação são contratados. Todos os anos, 890 adolescentes fazem a pré-preparação. Destes, 820 chegam pela parceria com a prefeitura de Curitiba e os outros 70 através da Associação de Aposentados do Banco do Brasil, que patrocina o módulo básico. Quando empregados, os aprendizes assinam contrato de aprendizagem com o Centro e, por dois anos, devem estar vinculados à escola, à empresa (capacitação prática) e ao Cemade (capacitação teórica). São capacitados simultaneamente os que estão e os que ainda vão entrar no mercado de trabalho. Também é feito o acompanhamento de notas e frequência. Por lei, o adolescente deve estar, neste período de dois anos, na escola regular, fazendo o curso na entidade (no caso o Cemade) e trabalhando.

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Dois anos depois Setenta por cento dos aprendizes são reencaminhados, efetivados na própria empresa ou têm indicação para outra após o período de dois anos. Simone Selva comenta que uma empresa pública, por exemplo, não tem como contratar o aprendiz, mas indica-o para um de seus fornecedores. Geralmente eles saem do contrato de aprendizagem com emprego garantido. Ela relata que há vários exemplos de sucesso que passaram pela instituição, como o aprendiz que se tornou gerente de RH de uma rede hoteleira e outros que passaram em concursos do Banco do Brasil. Um dos mais relevantes foi o de uma menina criada na Vila Torres. A mãe era analfabeta e tinha 20 filhos criados em situação precária de alimentação e de higiene. A última informação que a equipe teve, há alguns anos, foi que ela trabalhava como supervisora no call center de uma multinacional, que havia passado em um concurso do BB e estava esperando ser chamada, e que fala fluentemente três idiomas. “Então, este é um programa que dá certo. Se não fosse pela lei, muitas empresas, não contratariam na qualidade de aprendiz. Inicialmente algumas relutam, mas quando percebem que há a possibilidade de ajudar na promoção de alguém, se encantam com o trabalho social. A própria empresa nos procura para colocar o aprendiz na vaga quando acaba o contrato de aprendizado”, diz Andréia de Oliveira. Prática Na Opet, o projeto foi estruturado no início de 2009 para se adequar às exigências do mercado, às necessidades da instituição e para proporcionar aos menores de idade oportunidade de trabalho. O gerente de RH da Opet, José Mauricio Buckeridge, reforça que o projeto aprendiz proporciona vivência e conhecimento ao menor, considerando que o ingresso no mercado de trabalho está cada vez mais competitivo e exigente. “Asseguramos a formação técnico-profissional, compatível com o desenvolvimento físico, moral e psicológico, e com orientação eles executam as tarefas necessárias com zelo e diligência. E o trabalho deles foi incorporado ao nosso dia a dia. O suporte dado pelos aprendizes aos colaboradores do Grupo agiliza bastante os processos internos”, afirma.


Alguns dos menores aprendizes que passaram pela Opet

Quem deve contratar aprendizes Estabelecimentos de qualquer natureza que tenham no mínimo sete empregados estão obrigados a atender a cota estipulada pela Lei n°10/097/00, oferecendo de 5% a 15% de seu quadro de funcionários para aprendizes, conforme artigo 429 da CLT.

Fazer a diferença A assessora e a pedagoga se emocionam ao falar das mudanças que ocorrem com os adolescentes a partir do momento em que entram no Centro, dispostos a aprender e a mudar de vida. Muitos, após a conclusão do curso, voltam para contar como estão suas vidas. “É gratificante ver o adulto encaminhado e os olhos cheios de esperança de quem ainda está no banco escolar”, diz Simone. Ela tem a convicção de que se não houvesse este programa, e outros similares, o destino destes adolescentes seria caótico. Mas também está ciente que nem todos que passam pelo Centro têm encaminhamento e querem melhorar de vida. “A gente observa que alguns seguem pelo crime, drogas e prostituição. Mas há muitos que aproveitam a oportunidade e saem deste mundo”, afirma Simone. Segundo ela, o programa não é ainda melhor e mais efetivo pela falta de incentivo do próprio governo. Se todas as empresas que se enquadram no perfil de contratação do menor aprendiz agissem como especifica a lei, se evitaria

que um adolescente, por falta de oportunidade, fosse tentado pelo crime ou sofresse qualquer outra privação”. Das 300 empresas parceiras do Cemade, algumas abrem novas vagas, por ocasião da revisão do Ministério do Trabalho, e outras só repõem as vagas que são obrigatórias por lei. Porém, a cada dia surgem mais empresas e a fiscalização é atuante, então novas vagas são ofertadas. Por que aderir? Simone Selva responde com um exemplo simples, mas eficiente, considerando que além da questão social, é natural que o empresário pense no lucro do negócio. “Suponhamos que eu seja dona de um supermercado e que eu dê o emprego a um jovem. Ele vai consumir no meu estabelecimento e em outros e isso gera consumo que gera lucro. É um raciocínio simples e lógico, Por que não aderir?”. Outra vantagem defendida por ela, é que o empresário formará um profissional nos moldes dele. “Quem não contrata um jovem aprendiz está jogando um profissional em potencial para o concorrente”.

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APOIO

PROFISSIONALIZAÇÃO PARA QUEM PRECISA Parceria entre Opet e Secretaria Municipal Antidrogas atende jovens de áreas de risco social de Curitiba O grupo educacional Opet, através do Opet Placement, abriu no ano passado as portas de seus laboratórios de informática para receber jovens de 14 a 18 anos que integram o Movimento Poty. A ação é uma das atividades da Secretaria Municipal Antidrogas para adolescentes, no período de contra turno escolar. Os jovens participantes são oriundos de áreas de vulnerabilidade social das nove regionais de Curitiba. O programa também é destinado para os cadastrados que participam regularmente do programa

Bola cheia e para os envolvidos em ações de pichação em equipamentos públicos na cidade, todos mantidos pela prefeitura de Curitiba. No segundo semestre de 2011 foram feitos na Opet cursos de capacitação em web design — CorelDraw, Photoshop e Dreamweaver, com 25 alunos em cada turma. As aulas foram ministradas pelos melhores alunos do curso de multimídia da Opet, na primeira parceria entre a OP e a Secretaria. “Para o grupo Opet foi uma honra ser parceiro de um

projeto como este que abre caminhos profissionais com educação e qualificação”, afirma a analista administrativa da OP, Marli Regina Silva. O Movimento Poty foi estruturado em 2009 para ofertar cursos e oficinas nas áreas de informática e web design, além de repassar orientações para a cidadania, preservação do meio ambiente e prevenção ao uso de drogas. O programa cria oportunidades de geração de renda e primeiro emprego, estimulando a criatividade e talento dos jovens.

“O conhecimento nestas ferramentas tecnológicas permite que os jovens desenvolvam pequenos sites, projetos e intervenções gráficas e disputem o tão sonhado primeiro emprego no mercado de trabalho de nossa capital. O material didático é gratuito e eles recebem também orientações e material de prevenção contra as drogas, além de alimentação e vale-transporte para se deslocar até o local das aulas”, informou o assessor técnico da secretaria municipal Antidrogas, Nelson Francisquinho da Silva. A avaliação pós curso mostra que os alunos saem satisfeitos. Como a maioria tem 18 anos incompletos, alguns conseguiram estágio em agências de publicidade por iniciativa própria, outros por indicação de terceiros. Para dar prosseguimento ao investimento, a Secretaria fez convênio com a agência do primeiro emprego visando a colocação desses jovens no mercado de trabalho.

Grupo de jovens formandos de curso em parceria da Opet com a Secretaria Municipal Antidrogas de Curitiba...

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Mudanças Com novos conhecimentos e abertura de oportunidade profissional, os adolescentes percebem que podem cursar uma faculdade nos próximos anos, desde que continuem com a dedicação e entusiasmo que mostraram durante o curso. “Percebemos o entusiasmo e visão de um futuro promissor. Eles sabem que fazer um curso superior não é impossível”, diz Nelson da Silva. Além das aulas em web design, a cada ação do Movimento Poty os adolescentes participam de palestras sobre prevenção a drogas, como parte do projeto Papo Legal, da Secretaria Municipal Antidrogas. Nestes encontros eles interagem com o psicólogo e tiram dúvidas, aprendem os efeitos das substâncias no organismo, o risco do uso de drogas e o importante papel da prevenção. Um dos participantes do Movimento Poty se destacou pelo entusiasmo com que

participou das aulas. Emerson Socorro Carneiro, 19 anos, morador do bairro Cajuru, diz que, com as informações repassadas terá mais cuidado: “A palestra é importante porque deixa claro sobre coisas que não devemos fazer e usar em nossas vidas”. Estrutura Os professores participantes do Movimento Poty atendem um novo tipo de público. Nelson da Silva lembra que esta é uma forma diferente de trabalho com forte viés em responsabilidade social. Os professores participantes geralmente estão em período de estágio, no último ano de curso, e são orientados por professores a ministrarem aulas para adolescentes de áreas de risco social. “Com este contato eles conhecem um pouco da realidade e da capacidade dos jovens de regiões menos favorecida e ajudam a formar pessoas com muito mais interesse em aprimorar-se”, afirma.

A Secretaria Antidrogas participa com dois monitores (além dos professores/monitores cedidos pela Opet) que orientam e acompanham todos os trabalhos desenvolvidos durante o curso, e conta também com psicólogo que aborda os efeitos das substâncias psicotrópicas no organismo humano. O curso tem a duração de 20 horas/aula, distribuídas em 10 dias (segunda a sexta) com duas horas cada, e busca preencher o horário do contra turno escolar dos jovens. As parcerias da secretaria municipal antidrogas com instituições educacionais oferecem condições adequadas de aprendizagem, como receber orientação de professores capacitados, além de conteúdo e material de qualidade ofertado aos mesmos gratuitamente. No caso da Opet, o interesse foi recíproco. “Foi uma união de sucesso. E é do nosso interesse que a parceria com a Opet continue”, afirma Silva.Para tanto, conta-

tos iniciais foram retomados para que esse processo seja efetivado o quanto antes. O assessor técnico Nelson da Silva diz que o Movimento Poty continua. É lema desta ação desenvolver habilidades em benefício próprio, de suas famílias, tornando-se amanhã um cidadão respeitado, e, preferencialmente, gozando de uma vida saudável, livre de qualquer tipo de drogas. “O curso é um instrumento de sociabilização e ficamos muito satisfeitos quando vemos estas crianças sendo preparadas para enfrentar os desafios do futuro”, diz ele. Para Marli Regina Silva, analista administrativa da Opet Placement, “nada melhor para motivar esses jovens do que oferecer alternativas de aprendizagem. Este é um trabalho da secretaria, mas no qual temos importante participação. Encontrar uma instituição governamental que trabalhe pela educação, assim como nós fazemos, é gratificante e espetacular”, afirma.

...Oportunidade de geração de renda, primeiro emprego e incentivo à criatividade e ao talento

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EMPREGO próprio, do próximo e a preservação do meio ambiente. “A coordenação acompanha e identifica alunos com perfil e interesse em trabalhar junto ao Projeto. Muitos que fizeram o curso de informática e cidadania oferecido pela EIC tornaram-se monitores e hoje atuam de forma promissora no mercado de trabalho”, afirma Gisele.

A gerente Gisele Coutinho e Fernando Moreira: “Estamos todos sempre aprendendo”

PERTINHO DE CASA

Empreendimento comercial em região populosa de Curitiba contrata jovens da vizinhança A possibilidade de trabalhar perto de casa, com as facilidades que isto representa, é o sonho de muitos, principalmente de quem vive em grandes centros urbanos. Em Curitiba, pessoas que moram perto do shopping Jardim das Américas, no bairro do mesmo nome, têm esta oferta. Pelo fato de o empreendimento estar entre bairros populosos (Jardim das Américas, Cajuru, Campão da Imbuia e Jardim Botânico, região leste da cidade), ele se configura como excelente oportunidade para jovens, que visam ingressar no mercado de trabalho. Tanto no staff do Shopping como nas equipes das

200 lojas, o empreendimento possui abertura para pessoas sem experiência profissional. No caso das vagas oferecidas, entre as atividades que recebem pessoas em seu primeiro emprego, estão monitor do Clubinho Kids — espaço infantil do Shopping —, divulgação de ações promocionais e atendimento das campanhas de prêmios. Levantamento feito pela administração nos últimos sete anos, mostra que cerca de 100 jovens, acima de 18 anos e sendo o primeiro emprego, trabalharam em atividades coordenadas pelo empreendimento. A gerente de Marketing do Shopping Jardim das Améri-

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cas, Gisele Coutinho, comenta que até o momento, a avaliação indica que estas vagas contribuem muito para a formação dos jovens. Para ela, “o primeiro emprego ajuda a criar a postura profissional, ensina responsabilidades e contribui com o futuro profissional do jovem”. Para atender tanto a administração do Shopping como os lojistas, foi criado um banco de dados com os currículos entregues e que está aberto para a busca do perfil que eles procuram para seus negócios. Projeto social O Shopping tem ainda o Projeto Social Escola de Informática e Cidadania (EIC) com oferta de cursos de informática e cidadania a jovens, adultos e pessoas da terceira idade. A EIC capacita esta mão de obra para o mercado de trabalho, abordando temas vinculados ao comportamento do ser humano em sua vivência diária, direitos e deveres além de trabalhar dentro da metodologia projetos sociais, despertando nos alunos a consciência quanto ao bem-estar

Aprendizado Fernando Joaquim da Silva Moreira, 19 anos, mora na região e está há um ano no empreendimento. Ele entrou como primeiro emprego, através da Campanha de Prêmios do Shopping, onde ficou por três meses, e posteriormente foi realocado para o setor administrativo. Hoje ele é auxiliar financeiro, responsável por pagamento de contas, entregas e trabalho de cartório. Ele conta que o primeiro emprego mudou muito o comportamento dele, passou a ter outra visão do mundo e valorizou mais o estudo. A rotina da semana agora é entre o trabalho e as aulas à noite, num cursinho preparatório para o vestibular. No fim do ano ele prestará exames para o curso de Administração. “Antes estudava em casa e fazia cursos esporádicos. A vida agora é bem melhor e foi pelo trabalho que eu descobri isto. O que está em jogo é a minha carreira profissional, por isso quero investir e não vou perder tempo”, diz. Neste primeiro semestre de 2012, o Shopping Jardim das Américas está com três funcionários que se enquadram na especificação de primeiro emprego. “É gratificante ver esses jovens talentos crescendo pessoal e profissionalmente dentro da nossa estrutura. Tantos outros passaram por aqui, o que nos permitiu ensinar e também aprender. Estamos todos sempre aprendendo”, diz Gisele Coutinho.



JOVENS bastante influência tanto no Brasil como no exterior, onde pretendo fazer carreira. Antes de me decidir, pesquisei na internet, perguntei às pessoas e fui a feiras de cursos. Se estou neste caminho, buscando um bom emprego, devo a oportunidade a este curso. Caso contrário eu não poderia ter este sonho”. Ela afirma que pesquisou e se desanimou com os valores cobrados pelos cursinhos prévestibulares. “A universidade fica inacessível e praticamente só entra quem tem condições de pagar um cursinho. Mas agora há a chance de outros, como eu, se sobressaírem no vestibular, o que é ótimo. Meu esforço neste ano terá como recompensa ver meu nome na lista dos aprovados”. Evelyn, Caio (na frente) e turma do Creação: estudo pelo nome na lista de provados

HORA CERTA, LUGAR CERTO

Conheça o Creação, um curso pré-vestibular gratuito para alunos de escolas públicas

Em uma sala no 11° andar do edifício do Instituto de Engenharia do Paraná, no centro de Curitiba, uma turma de estudantes espera o início da aula. O que parece um fato corriqueiro tem detalhes que mostram como a união de entidades beneficia jovens que querem estudar, mas que não têm condições financeiras para pagar as aulas. O curso é o Creação PréVestibular, criado em 2009 pelo Crea-PR (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná) por sugestão de um aluno, e que se consolidou pela parceria com o IEP. O Creação atende jovens e adultos de baixa renda, que

sempre estudaram em escola pública ou que tiveram bolsa em escola particular, e que pretendem ingressar em cursos de graduação. As aulas são gratuitas e a única despesa dos alunos é o custo das apostilas. São 30 professores voluntários, entre graduandos, mestrandos e doutorandos, que se revezam na semana em aulas de matemática, física, química, português (gramática e literatura), inglês, espanhol, geografia, história e biologia. “Nossa função é a de colocar estes adolescentes frente às possibilidades da educação e da profissão. Não atendemos diretamente o primeiro em-

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prego ou o menor aprendiz, mas fazemos um trabalho tão importante como estes”, afirma a coordenadora do programa, Cacilda Redivo. Como complemento, os alunos têm uma grade de palestras com profissionais de diversas áreas, um instrumento valioso para orientá-los em suas escolhas. Recompensa Seguindo os passos do irmão, Caio Araújo Lopes, 20 anos, é um dos alunos do Creação neste ano e forte candidato a uma vaga em Engenharia da Computação no próximo vestibular. “Se não fosse pela gratuidade eu não poderia estar estudando. Tenho um exemplo em casa de que o curso é bom”, diz ele, entusiasmado com a dedicação dos professores e com o conteúdo das aulas. Outra forte candidata a entrar na universidade no próximo ano é Evelyn Nunes Rezler, 17 anos. Apaixonada por matemática, diz que o curso escolhido será Engenharia Civil e os motivos ela deixa claro. “É uma área que está se sobressaindo, paga bem e tem

Experiência Há quatro anos no Creação, Bruno Kerber de Oliveira, 24 anos, é coordenador voluntário de atividades e foi inicialmente professor das turmas. Licenciado em matemática e mestre em educação de matemática, ele defende que o curso dá oportunidade a quem tem necessidade. Ele reconhece que a qualidade do curso ajuda na preparação dos alunos e que faz a diferença na hora de disputar uma vaga. “Eles teriam uma dificuldade a mais pelo nível de ensino que é dado nas instituições públicas de ensino médio. Não que eles não sejam capazes, mas teriam mais dificuldade. Aqui nós damos apoio, mas a força de vontade deles e iniciativa é o que pesam mais”, disse. Para aproximar ainda mais o mundo acadêmico destes alunos, a coordenação organiza todos os anos um encontro entre os atuais e ex-alunos. E entre os professores voluntários há vários exalunos. “É a certificação para os alunos do Creação de que os planos deles podem seguir adiante”, disse Oliveira.


BATOM ENTRE MOTORES Antigo reduto masculino vê cada vez mais mulheres ocuparem postos de trabalho Motores

Talita e Jéssica: vantagem para a empresa e a estagiária

e maquinários pesados parecem não combinar muito com uma menina de 16 anos. Mas este foi o ambiente que Jéssica dos Santos Pereira, escolheu para começar a trabalhar: a unidade da Perkins Motores do Brasil, em Curitiba. Hoje, aos 21 anos e cursando o terceiro ano de Engenharia de Produção, ela reconhece que foi a escolha certa e que esta decisão fez toda a diferença na vida pessoal e profissional. Assim como Jéssica, dezenas de jovens passaram pelos departamentos da Perkins, desde que a indústria se instalou na Cidade Industrial de Curitiba, em 2003. Para ingressar em qualquer um dos setores da indústria é exigência que os aprendizes estejam cursando o ensino médio e também um curso técnico. Antes, a oportunidade de emprego era por contrato com os guardas mirins e menores aprendizes, através do Senai. Hoje a indústria tem apenas aprendizes maiores de idade encaminhados pela Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) Gerar Aprendiz Legal, onde fazem o curso técnico (são três aprendizes na logística de fábrica e um na produção). De acordo com a Faixa Preta 6 Sigma da Perkins do Brasil (nomenclatura para cargos da Perkins), Talita Lago Braga, a avaliação da participação dos aprendizes é bastante positiva. “Aqui eles têm a oportunidade de se desenvolverem e podem

fazer planos para o futuro, uma vez que começam a conhecer a indústria na prática. Para a empresa é sempre bom ter pessoas jovens, com ideias novas e sem os eventuais ‘vícios’ de trabalho. Eles geralmente são dedicados, esforçados e dispostos a aprender. É uma relação positiva para ambos os lados”, diz ela. Superação Para continuar com o aprimoramento educacional e profissional, os aprendizes maiores de idade participam aos sábados de cursos ministrados pelo Gerar (comércio e varejo, logística, ocupações administrativas, prática bancária, auxiliar de produção industrial, telesserviços). Jéssica, a menina que começou aos 16 anos entre motores, teve a primeira função no departamento de Recursos Humanos. Depois passou pela logística e hoje está como estagiária no departamento de manutenção, onde auxilia na compra de material e no planejamento. Além da experiência profissional e do convívio com os colegas de trabalho, ter salário ao fim de 30 dias é um grande estímulo para continuar investindo na carreira. “Isso me ajudou a planejar gastos e a pensar em investimentos futuros. Aprendi a dividir meus horários para que todas as atividades fossem cumpridas dentro do planejado. O trabalho também me deu o sentido de organização em vários setores da minha vida.”

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EXPERIÊNCIA

Márcia Klatt, coordenadora administrativa do IOC: “Uma situação que me alegra ver”

APRENDENDO A CRESCER

Mudança de comportamento e amadurecimento: características dos jovens no primeiro emprego

Aos 15 anos, Gustavo André Pinheiro Zanatta tem a primeira experiência profissional. Empregado como menor aprendiz há cinco meses no Instituto de Oftalmologia de Curitiba, dá os primeiros passos na área administrativa. Tímido e avesso a fotos, Gustavo foi encaminhado ao trabalho pela mãe. Os irmãos também participam do projeto menor aprendiz, em outras empresas, e um deles está com a carreira encaminhada, segundo a família. “Também quero ser uma pessoa bem sucedida”, diz Gustavo. O Instituto de Oftalmologia de Curitiba (IOC) recebe menores aprendizes desde

2008 através de uma seleção de candidatos, que devem estar inscritos em uma instituição credenciada. Atualmente são dois jovens (outros cinco já passaram pela instituição), com idades entre 15 e 18 anos que trabalham no IOC. Além do aprendizado no dia a dia, o Instituto oferece aos sábados curso de aprendizagem teórica, com atividades de Empreendedorismo Social. A coordenadora administrativa do IOC, Márcia Klatt, informa que são várias as instituições conveniadas para a realização do Programa de Aprendizagem. O Instituto de Oftalmologia tem contratação junto à empresa para depois

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começar a fazer o processo seletivo dos menores. Assim que aprovado, é contratado na condição de estar matriculado no curso da instituição conveniada e na Escola. Também são ofertados cursos de educação continuada e ambientação. “Esta ambientação consiste em apresentar os ambientes e serviços da clínica. A educação continuada é feita em treinamentos junto com os outros funcionários para que o menor aprendiz saiba como é a conduta no IOC e como se portar diante dos colegas, médicos e chefia”, diz Márcia. Exemplar Para permanecer no trabalho, a situação escolar do aprendiz deve ser de boa a ótima. Márcia acompanha de perto o desempenho de cada um através da presença em sala de aula e notas que o menor tem na avaliação escolar. O boletim é apresentado a cada semestre ou trimestre conforme a instituição. Sempre que necessário, a família do menor é envolvida no processo. “O acompanha-

mento constante permite avaliar cada um de maneira singular. Por mais que sejam da mesma faixa etária, eles têm experiências e habilidades diferentes, e também levam o aprendizado de maneira distinta. São observados sintonia com grupo, comportamento junto a colegas e chefes. O acompanhamento é imprescindível, pois no começo é muito difícil criar esse discernimento”, afirma Márcia. Gustavo confessa que no começo não levou o trabalho no IOC muito a sério. Mudou: “Tenho 15 anos e não posso mais ter atitudes infantis”. A mudança de comportamento foi sentida pelos colegas de trabalho, em casa e pelos amigos. “Trabalhar faz a diferença. Não só porque agora tenho meu dinheiro para ir ao cinema, e não peço mais para a minha mãe, como pela atitude com o meu futuro. Quero ser alguém e sinto que estou no processo de amadurecimento. Tenho muito a trilhar, mas sei que chegarei bem longe”, diz. Experiência Formada em contabilidade e nos últimos 13 anos frente à administração do Instituto de Oftalmologia de Curitiba, Márcia relata que seu primeiro emprego, em uma empresa de outro setor, não foi tão confortável como a dos menores aprendizes, mas a situação a fortaleceu para aprender e superar dificuldades. “Estou realizada profissionalmente, mas o começo foi difícil. Como acompanho há alguns anos a entrada de jovens no mercado, posso dizer que existe uma condição muito favorável e propícia para o bom crescimento profissional. Tanto escolas como instituições estão empenhadas e trabalham para formar um cidadão com ensino e um profissional qualificado. É uma situação que me alegra ver e presenciar.”



CARREIRA

SORRIA, VOCÊ ESTÁ SENDO ENTREVISTADO As primeiras impressões causadas pelo candidato no contato inicial com a empresa e o entrevistador são determinantes para se manter no processo de seleção. Tome cuidado com a apresentação pessoal e a linguagem verbal e corporal APRESENTAÇÃO 1. Seja pontual: nunca chegue após o horário agendado e não peça para mudar a agenda, exceto por força maior. 2. Não assuma outros compromissos próximos ao horário de sua entrevista, pois podem ocorrer imprevistos, remanejamentos ou a entrevista poderá ser longa. A ENTREVISTA 1. Você poderá passar por mais de um tipo de entrevista e em departamentos diferentes, num contexto individual ou em grupo, envolvendo um ou mais entrevistadores / observadores. 2. Nas entrevistas em grupo, o tempo para cada participante se apresentar é menor, sendo a objetividade e a clareza da comunicação ainda mais necessária. Cada entrevistador tem um estilo e desenvolve uma técnica própria. Por isso, mantenha o equilíbrio e responda tudo o que for solicitado. 3. As perguntas costumam ser abertas, do tipo: fale-me de seu interesse pela empresa. Por isso é importante refletir sobre o que falar. É importante ter claras as respostas quanto a: • Objetivos e expectativas em relação ao estágio/cargo, em relação à empresa e aos seus objetivos de vida em geral (estudos, vida pessoal e profissional). • Conhecimento profissional: para quem ainda não trabalhou ou estagiou,

os motivos da escolha do curso atual, interesses e preferências e ambientes de trabalho serão avaliados. • O que você está buscando na empresa / estágio deve ser expressado. É importante associar as qualidades que você possui com as qualidades necessárias para ser bem sucedido no trabalho. Lembre-se: explicitar argumentos e exemplos das habilidades e conhecimentos que possui, contam pontos positivos na percepção do avaliador. 4. Contexto Educacional: ao ser questionado sobre o assunto, tenha em mente uma avaliação crítica sobre a escolha e o aproveitamento do(s) curso(s) realizado(s). Lembre-se: estudar e auto desenvolver-se é questão de sobrevivência no mercado de trabalho. 5. Contexto Familiar: o meio familiar exerce grande papel no caráter, na motivação e no interesse dos indivíduos. Será solicitado que fale a respeito. 6. Autopercepção: é comum ser feito o questionamento sobre sua personalidade. Pontos fortes e pontos a melhorar. Lembre-se: seu autoconhecimento poderá refletir sua maturidade e o preparo para assumir responsabilidades. 7. Pretensão Salarial: para o Estágio é comum os valores de bolsa-auxílio serem pré-estabelecidos. Deixe que esta questão seja abordada pelo entrevistador.

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ANTES DA ENTREVISTA • É importante ter informações a respeito da empresa (tamanho, produtos e serviços, situação financeira etc.) isso demonstra real interesse pela empresa. • Chegar com antecedência não é só uma questão de pontualidade, mas de oportunidade para familiarizar-se com o ambiente, observar o clima e a cultura da empresa e aproveitar também para respirar e relaxar. • Tome cuidado com a roupa que você estiver usando, para que seja apropriada ao ambiente de trabalho da empresa. • Lembre-se de desligar seu celular para evitar interrupções desagradáveis por ocasião da entrevista. • Em seus primeiros contatos com o entrevistador faça-os de maneira calma e tranqüila. Quanto tratamento, tanto pode ser usado o estilo formal (Sr. ou Sra.) ou informal (você). Se for pessoa que aparenta ter mais idade que você, o correto é usar o formal, a menos que seja por ele induzido.


MERCADO • Grave o nome do entrevistador. Nunca esqueça o nome deles e muito menos os troque. Procure chamá-lo pelo nome, sempre que possível. • Mantenha um clima de cordialidade durante toda a entrevista, evitando estabelecer polêmica, discussão, argumentação e comentários desconfortáveis. • Esteja atento para saber como se comportar diante das perguntas, respostas, considerações e observações, pois todos os seus atos, palavras, gestos, posturas e atitudes estarão sendo analisados e levados em consideração. • Apresente-se confiante. Fale com clareza, naturalidade, espontaneidade e de maneira articulada e verdadeira. Tenha cuidado com sua gramática, o uso de gírias e os vícios de linguagem. DURANTE A ENTREVISTA • Aja com naturalidade, mantenha a calma. Faça bom uso da atitude corporal. • Preste atenção nas perguntas sobre suas atividades e competências; responda e participe de forma objetiva e honesta.

• Transmita segurança e autoconfiança. Demonstre seu interesse e seu potencial. Não tente ser diferente do que você é. • Seja autêntico e natural: Seja você mesmo • Não há respostas prontas ou “fórmulas mágicas” que garantam a conquista de uma vaga, mas sim um conjunto de fatores que você apresentará e que deverá ser percebido de forma positiva pelo entrevistador. Eis os motivos porque é tão importante saber transmitir quem somos, o que queremos e como podemos contribuir com a empresa. • Postura corporal: o entrevistador observa você por completo: o seu jeito de sentar, de andar, os movimentos de braços, pernas e pescoço, o jeito como você o olha, o timbre de voz e outros gestos ou seus atos durante a entrevista. • Falando de você e dos seus interesses: normalmente o entrevistador vai conduzindo a entrevista, fazendo perguntas, propondo interrupções, fazendo observações, pedindo explicações etc.

Mas alguns usam outras técnicas, quase não fazendo perguntas ou interrupções, deixando você livre para se apresentar. Sempre que possível, evite respostas fechadas como “sim” ou “não”, procurando desenvolver um raciocínio completo. • Procure mostrar suas expectativas com criatividade. Deixe transparecer o que realmente gosta de fazer, procurando demonstrar os motivos e desafios que o levaram a se interessar pela vaga. • Em algum momento você terá oportunidades para fazer perguntas. Faça perguntas que dizem respeito aos desafios e oportunidades que a posição oferece e outros esclarecimentos que possam ajudá-lo em suas argumentações na própria ou em próximas entrevistas. APÓS A ENTREVISTA • Faça uma análise de como você se saiu. É uma forma de avaliar possíveis erros e melhorar seu desempenho em novos processos em que participar. Fonte: Instituto Euvaldo Lodi/PR

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ARTIGOS

APAGÃO DE MÃO DE OBRA QUALIFICADA No ano passado, 1,7 milhão de vagas nas agências públicas de emprego não foram preenchidas

ALEX CANZIANI DEPUTADO FEDERAL, PRESIDENTE DA FRENTE PARLAMENTAR DA EDUCAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL

Só há uma resposta para esta pergunta: trabalhar cada vez mais por uma educação melhor. Um país não pode se desenvolver sem educação de qualidade. Sabemos que os países do primeiro mundo ou desenvolvidos investiram pesado na educação e na qualificação profissional. O Brasil precisa investir mais não só em profissões de nível superior, mas também na educação profissional. Segundo a prestigiada Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, há uma carência drástica de trabalhadores capacitados na agroindústria. Por tudo isto é que precisamos continuar a expansão das escolas técnicas, espalhar os cursos técnicos pelos quatros cantos do Brasil, ao mesmo tempo em que devemos melhorar a qualificação do próprio ensino. A propósito, temos uma pequena história. A formação do trabalhador no Brasil começou nos tempos mais remotos da colonização, tendo como os primeiros aprendizes de ofícios os índios e os escravos. Com o advento do ouro em Minas Gerais, foram criadas as Casas de Fundição e de Moeda e com elas a necessidade de um ensino mais especializado. Dando um salto na linha do tempo, em 1909, o presidente Nilo Peçanha criou, por

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meio do Decreto nº 7.566, a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica. As 19 Escolas de Aprendizes Artífices foram instituídas para oferecer ensino profissional gratuito. Em 1937, foi outorgada outra Constituição Federal, que previa o ensino técnico, profissional e industrial, e foi assinada a lei que alterou o nome de “Escolas de Aprendizes Artífices” para “Liceus Industriais”. Com as mudanças, a ideia de que esse tipo de ensino era destinado às mais baixas categorias sociais começou a mudar, pois o ensino profissional foi equiparado ao ensino acadêmico, com a promulgação da Lei nº 4.024/61, que fixava as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. No ano de 1971, o ensino médio foi profissionalizado por causa da urgência em se formar técnicos. Isso se refletiu também em um aumento no número de cursos técnicos e de pessoas matriculadas. Em 1978, as Escolas Técnicas Federais do Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro foram transformadas em Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefet), que se preocupavam, inicialmente, em formar engenheiros de operação e tecnólogos. Aliás, mais tarde criaríamos, no âmbito do Paraná, a primeira universidade do país no gênero, transformando o Cefet local na Universidade Tecnológica Federal. Tivemos o orgulho de ser o relator do projeto que criou a UTFPR. O período entre os anos 80 e 90 foi marcado pelo desenvolvimento na área de tecnologia, o que fez com que Escolas Técnicas Federais e Escolas Agrotécnicas Federais de todo o país fossem progressivamente se transformando naqueles Cefets. Os Cefets, as Escolas Agrotécnicas, as Escolas Técnicas Federais e parte das escolas técnicas vinculadas às univer-

sidades se uniram para formar os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, o IF, cujo projeto também relatamos. Estas instituições abrangem desde cursos técnicos de nível médio até a pós-graduação, passando por licenciaturas e cursos superiores de tecnologia. A Rede Federal de Educação Profissional está vive a maior expansão de sua história. De 1909 a 2002 foram construídas 140 escolas técnicas no país e, nos últimos sete anos, o Ministério da Educação entregou várias unidades das 214 novas previstas. Para assegurar o crescimento, o MEC está investindo R$1,1 bilhão, gerando 500 mil vagas nas mais de 354 escolas de Educação Profissional e Tecnológica em todo país. É preciso formar cada vez mais técnicos para evitar que o país não sofra um ‘apagão de mão de obra qualificada’. Mesmo assim, ainda que haja investimento, existem muitas lacunas profissionais que precisam ser preenchidas. No ano passado, 1,7 milhão de vagas oferecidas nas agências públicas de emprego não foram preenchidas, índice considerado recorde. Engenheiros e nutricionistas estão entre as ocupações com maior sobra de vagas. Dados do Sine, rede pública formada por agências de emprego, associada ao Ministério do Trabalho, mostram que apenas 39% das vagas oferecidas em 2009 foram preenchidas. Em 2008, na mesma rede, 42% foram ocupadas. No ano anterior, 48%. O principal motivo para o não preenchimento dos postos é a falta de qualificação da mão de obra, o que compreende baixo nível de escolaridade, carência de preparo técnico e pouca experiência. As escolas técnicas devem proliferar por todo o país para atender a de-


manda do mercado, que não para de crescer. Estudos feitos pela indústria apontam para um aumento do desequilíbrio entre oferta e procura por mão de obra qualificada até 2014, exigindo a formação de cerca de 3 milhões de trabalhadores por ano para atender a demanda do setor. Sabemos que a economia do país vem crescendo significativamente. No entanto, estamos enfrentando um ‘apagão de mão de obra’, e os grandes centros urbanos têm sérias dificuldades para encontrar profissionais qualificados, principalmente nas engenharias. Além dos engenheiros, faltam técnicos, tecnólogos, operadores de máquinas. A saúde também está sofrendo com a

falta de médicos, anestesistas, enfermeiros. Há também carência nas ciências sociais. Isso porque é preciso ter leitura e escrita, hoje um diferencial. Um estudo do governo mostra que a expansão da pós-graduação brasileira é puxada, em primeiro lugar, pelo aumento de doutores na área de humanas, e não nas ciências exatas e biológicas. Precisamos de mais doutores em todas as aéreas. O Brasil ainda tem apenas 1,4 doutor por mil habitantes, enquanto os EUA têm 8,4 e a Alemanha, 15,4. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico, CNPq, afirma que a queda na formação de quadros em ciências exatas é preocupante. O órgão afir-

ma ainda que procura apoiar a formação de engenheiros e cientistas lançando editais voltados para essas aéreas, assim como facilitado o acesso a bolsas a alunos que se interessarem pelas áreas. De qualquer forma, o foco ainda é a qualidade, e independentemente da área. Quem está no mercado de trabalho tem, na média, sete anos de escolaridade. No Japão, Coreia e Estados Unidos, a média é de 10 anos, e com qualidade, o que ainda não é nosso caso. No entanto, pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística aponta que o jovem brasileiro está estudando mais e trabalhando de menos. Segundo o instituto, a proporção de jovens entre 15 e 17 anos que procuram emprego caiu 27%. Para especialistas, a principal causa da mudança é a valorização da educação num ambiente profissional cada vez mais competitivo. De acordo com o Banco Mundial, somos o país que mais rapidamente aumentou a escolaridade média da população entre 1990 e 2010 (de 5,6 para 7,2 anos) – tomamos o recorde que era da China. Os indicadores educacionais mais recentes confirmam o empenho do Governo e da sociedade em saldar a enorme dívida do Brasil com a educação. Mas não são poucos os nossos desafios futuros. Um deles é duplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta. Também entendemos que ainda há bastante espaço a ser ocupado pela iniciativa privada. Temos boas universidades e faculdades particulares que podem preencher os requisitos necessários para a oferta de uma educação de qualidade. Em 2011 demos um passo extremamente relevante para o ensino técnico. Aprovamos o

Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico, o Pronatec, composto de um conjunto de ações cujo objetivo central será ampliar as oportunidades de formação profissional de qualidade. E dentro deste contexto, criamos a Frente Parlamentar da Educação, que sensibilizou rapidamente grande número de deputados. A Frente, que orgulhosamente presidimos, tem o compromisso de honrar esse momento especial que o Congresso vive, com a tramitação do novo plano nacional de educação. Seu papel, no entanto, vai, além disso. Estamos contribuindo para o aperfeiçoamento das ações e programas atuais, ajudando a monitorar seus resultados e discutindo novas ideias. Atuamos para que o tema Educação seja inserido como prioridade na agenda nacional, e procuramos difundir a relevância de ofertar educação de qualidade a todos os brasileiros. Neste contexto, a Câmara dos Deputados deve votar, em breve, o Plano Nacional de Educação, que definirá as novas metas a serem cumpridas nos próximos 10 anos. Atuamos intensamente neste campo, uma vez que somos o vice-presidente da comissão responsável pela análise do PNE na Câmara dos Deputados. Levantamos a bandeira da educação – sem distinções de nível, etapa ou modalidade – como o mais importante instrumento de inclusão social e de redução de desigualdades sociais. Mas esta bandeira também tem que ser empunhada pelos pais e pelas mães, porque é na família que se inicia a formação do cidadão e a própria educação. Cabe à escola, entretanto, dar algo tão valoroso quanto: o conhecimento.

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ARTIGOS

A VANTAGEM DO ESTÁGIO

Não é apenas a primeira etapa da carreira profissional. É também uma transição para a vida adulta

JOSÉ RIBAMAR BRASIL DOS REIS PRESIDENTE DO CENTRO DE INTEGRAÇÃO EMPRESA-ESCOLA DO PARANÁ - CIEE/PR

Em agosto deste ano, o Centro de Integração Empresa-Escola do Paraná (CIEE/PR) completará 45 anos de atuação com programas de estágios para estudantes. Tudo começou em 1967 quando era notório certo descompasso entre a formação acadêmica e a capacitação profissional do estudante para ingressar no mercado de trabalho, apesar das oportunidades do mundo corporativo. Diante dessas circunstâncias, empresários, educadores e gestores públicos uniram esforços na tentativa de diminuir a distância entre as necessidades do desenvolvimento e a falta de experiência dos jovens matriculados em cursos de formação profissional ou técnica. Era preciso também aproximar escolas e empresas no aspecto da melhor associação entre o conhecimento teórico dos alunos e a prática no

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ambiente de trabalho. O CIEE/ PR nasceu com a finalidade de viabilizar a integração das instituições educacionais e empresas, por meio do estágio de estudantes concebido e praticado em condições diferenciadas das regras da legislação trabalhista. Estágio não é emprego e isso ficou bem claro desde as primeiras normatizações. O CIEE/PR é uma associação civil de direito privado, sem fins lucrativos e reconhecida de utilidade pública em nível federal, estadual e por dezenas de municípios paranaenses, representado em todas as regiões do Paraná por mais de 50 unidades. Nas últimas quatro décadas, centenas de milhares de estudantes tiveram no estágio uma experiência ímpar de iniciação e treinamento, visando à profissionalização. O estágio de estudantes não representa apenas a primeira etapa na construção de uma futura carreira profissional. Ele marca, sobretudo, o início de transição do jovem para a vida adulta, quando este começa a ter contato com novas responsabilidades, a gerir o próprio controle dos afazeres pessoais e profissionais e a administrar a bolsa-auxílio recebida das empresas. Pesquisas nos meios universitários demonstram que o comportamento dos estagiários é muito diferente dos jovens que ainda não iniciaram períodos de estágio. Esses, os estagiários, são mais responsáveis, amadurecem mais rápido e assimilam melhor os ensinamentos teóricos e práticos nas escolas de origem. Além disso, percebemos ao longo dos anos e no contato com cada nova leva de candidatos ao mercado de trabalho, que eles aguçam o senso crítico, tornando-se mais atentos e exigentes nos questionamentos em aula.

Para o estudante, o estágio facilita o acesso ao mercado de trabalho, antecipando experiências e habilidades práticas exigidas pelas empresas, em condições favoráveis e compatíveis com o período de estudos. Nos termos da Lei nº 11.788/2008, o estágio é um ato educativo complementar, de natureza pedagógica, para estudantes regularmente matriculados em escolas de nível médio, técnico e superior. Desde 2008, os estagiários passaram a ter mais direitos e garantias, valendo ressaltar o recesso remunerado a cada ano de trabalho e a redução da jornada para seis horas diárias ou 30 horas semanais. A lei assinada há quatro anos também estabeleceu maior rigor na proteção contra eventuais distorções do estágio. Quanto às empresas, estas também se beneficiam com a prática do estágio. Este período é ferramenta eficaz de seleção e recrutamento de pessoal. Muitas empresas usam o sistema para descoberta e contratação de novos talentos, que depois de treinados são efetivados como empregados. As empresas que assim agem, cumprem relevante papel de responsabilidade social na formação e qualificação de futuros profissionais. Além do estágio de estudantes, o CIEE/ PR oferece o Programa Aprendiz, destinado para jovens acima de 14 anos de idade com dezenas de cursos gratuitos livres para capacitação em diferentes áreas profissionais. Estas duas atividades representam diferenciais importantes do CIEE/PR, possibilitando a participação de maior número de jovens no processo de formação e qualificação para o mercado de trabalho. Os programas de estágio e aprendizes, bem como a grade de cursos gratuitos, estão no site: www.cieepr.org.br


NÃO BASTA SEGUIR A CARTILHA Dificuldade em conseguir o primeiro emprego esbarra na falta de preparo do candidato. Estudo e interesse por áreas distintas ajudam sempre Na

busca do primeiro emprego, haverá momentos de dúvidas e tensões. Estejam preparados, aspirantes ao primeiro emprego. O número de vagas de estágios deve crescer 8% em 2012 no Brasil. Esqueça a velha fórmula “estudar e fazer um curso superior, pegar o diploma, arrumar um bom emprego, trabalhar por algumas décadas, se aposentar e curtir a vida”. Este era o cenário de antigamente, mas as coisas mudaram e continuam em evolução. A maioria dos casos de desemprego esbarra na má formação do candidato. Português, matemática, redação e postura durante a entrevista são responsáveis por uma pessoa não conseguir o emprego. As matérias escolares são responsáveis por até metade das eliminações nas primeiras fases dos processos seletivos. Ao jovem que busca ser efetivado não basta cumprir prazos e roteiros. Vivemos a era da informação, da velocidade e da orientação para resultados. Precisamos conhecer os aspectos relacionados ao ramo da empresa. Caso contrário, como aplicar nossos conhecimentos em benefício da empresa e gerar resultados? A única maneira é com estudo e aprendizado contínuos. O primeiro emprego pode surgir por diversos motivos como ajudar a família ou custear os estudos. É justamente neste momento que bate a falta de confiança e dúvida sobre qual o melhor caminho seguir.

De acordo com o analista de RH Bonnie Facioli, do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), em 10 anos aconteceram mudanças no formato do estágio. A principal é a presença do computador e, principalmente, da internet. Seguindo Facioli, este fator gera um ponto positivo, que é a diversidade de informação que o estagiário consome. São conhecimentos variados ofertados o tempo todo e em qualquer lugar, inclusive em cursos a distância, que contam no currículo. Perguntas chaves devem ser respondidas para melhor preparação como, por exemplo, por onde começar? Como enfrentar uma entrevista de emprego? Quanto tempo demora para conseguir um emprego? Consigo me adaptar? É recomendável que o estudante se adapte à cultura interna da empresa e conheça seu funcionamento. Pesquisa da InterScience indica que 64% dos estagiários são efetivados pelas empresas após o estágio. Sair da faculdade direto para o mercado sem essa experiência é muito difícil. O estagiário precisa adquirir outros conhecimentos para estar preparado para o mercado de trabalho. Além da boa formação acadêmica é importante ter outras bases extra-curricular como informática e idiomas, cultura geral e trabalho social. Também são valorizadas competências individuais como trabalho em equipe, iniciativa criatividade comunicação verbal e ética.

É possível se preparar para o primeiro emprego se preocupando com três questões: • Em qual mercado atuar (conhecer bem sua área é fundamental); • Como elaborar um bom currículo (na internet poderá encontrar modelos); • Como se preparar para a entrevista (veja páginas 32 e 33). Depois de passar por este primeiro estágio preparatório, o jovem deve se preocupar com outras três questões importantes: • Construir uma boa rede de relacionamento (networking); • Definir metas e objetivos; • Desenvolver características comportamentais e técnicas para a área desejada. Não importa a idade e sim o preparo. Procure informações sobre as empresas que deseja trabalhar e considere as opções para seu primeiro emprego. O que você gostaria de fazer e onde. Faça uma lista. Seja persistente! reitere o interesse pela vaga. Tenha flexibilidade, não esteja limitado a um horário específico. Crie seu network e use sempre. “Fazer elogios sinceros, dizer por favor e obrigado sempre que o momento permitir são atitudes que podem transformar o mundo” (M. C. Lahóz). Atualize-se. Participe de cursos e concursos. Caso esteja difícil conseguir a primeira oportunidade de trabalho, busque um estágio não remunerado. Toda iniciativa é válida para estar em contato com profissionais da área.

ALCEU CRUZ PROFESSOR E CONSULTOR DE MARKETING E COMUNICAÇÃO

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HUMOR

THEO

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