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MERCADO
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Publicação do Grupo Opet | Curitiba, Paraná | Número 18 | Ano X | Circulação dirigida
Em família | ONODERA É A PRIMEIRA DO PAÍS NA ÁREA ESTÉTICA
Empresas | DIFERENTES SOLUÇÕES GARANTEM SUCESSÃO NA GESTÃO
Aniversário | GRUPO OPET COMPLETA 40 ANOS DE EDUCAÇÃO
SUCESSÃO SEM VAIDADE Como empresas familiares devem se estruturar para se manter no mercado
Aristides Girardi | ECONOMISTA E HEAD HUNTER
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Editorial
Ano X | Número 18 | 2013 GRUPO EDUCACIONAL OPET Diretor-Presidente
José Antonio Karam
José Antonio Karam PRESIDENTE GRUPO EDUCACIONAL OPET
ALMA
e história
40 anos. Este é o tempo de existência do Grupo Educacional Opet. A data motivou a elaboração desta edição especial sobre sucessão empresarial familiar. Os desafios que nós enfrentamos para a consolidação do nome foram, possivelmente, os que muitos outros tiveram ao longo de suas histórias. De uma sala de aula improvisada, com mesas longas que lembravam as de uma churrascaria, ao patrimônio físico e intelectual que o grupo Opet tem hoje, olho e vejo como a educação é a única ação social capaz de transformar a sociedade. As pessoas têm sede de aprendizagem e de conhecimento. E me orgulho de ter participado e modificado a história de centenas de pessoas. Uma empresa familiar se faz com alma e história, e quando um destes itens se perde, a ruptura é inevitável. E isto temos na Opet! Alma, porque funcionários e professores defendem princípios dignos e conduta. E história porque estamos há 40 atendendo a educação, a princípio, em Curitiba e, hoje, em todo o Brasil.
Superintendente Educacional Adriana Veríssimo Karam Koleski Superintendente Editorial Cristina Swiatovski Diretora de Operações Daniele Veríssimo Karam Sede Rebouças (Centro) Avenida Getúlio Vargas, 892 CEP 80230.030 Curitiba, Paraná Telefone (41) 3028-2002 Sede Centro Cívico Rua Nilo Peçanha, 1635 CEP 80520.000 Curitiba, Paraná Telefone (41) 3028-2800 Sede Portão Rua Isaac Guelmann, 4387 (Rápida Centro-Bairro) CEP 81050.030 Curitiba, Paraná Telefone (41) 3092-2258 Central de Atendimento Telefone (41) 3028-2828
OPET&MERCADO Gerente de Marketing Corporativo Dani Moro Jornalista responsável Heidi Motomura (DRT 2651-PR) imprensa@opet.com.br Reportagem e edição de textos Marialda Gonçalves Pereira, Adriane Perin e Natália Nuñez Ilustrações Theo Cordeiro Editoração Alexandre Victorino Nunes Fotografia Daniel Sorrentino
Esta edição marca também os 10 anos da Revista Opet&Mercado, que assina a filosofia de trabalho do grupo, além de ser a publicação mais longeva de uma instituição de ensino do estado.
Opet&Mercado é uma publicação do Departamento de Marketing Corporativo. Artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do Grupo Educacional Opet. Tiragem 10.000 exemplares
Boa leitura!
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14 CAPA
Sucessão Os desafios e soluções da troca de comando nas empresas familiares.
ESTA EDIÇÃO
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Entrevista
Aristides Girardi discute a sucessão nas empresas
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História
Conselho
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Caso
E MAIS...
Os 40 anos do Grupo Opet e os 10 anos de Opet&Mercado
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Depoimento
Paulo Pimentel relata a venda do Grupo PP
Sucessão de mãe para filha garante crescimento da Onodera
Como a La Violetera facilitou o processo de sucessão
Dicas para turbinar sua carreira, artigos e crônica
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ZOOM PRIMEIRAS NOTAS
ESTÍMULO à leitura
A proposta é simples: em vez de comprar um livro novo, trocar com o amigo. Se o livro ficar guardado na estante, depois de ter sido lido e relido, ele perde sua utilidade. Mas, se passar de mão em mão, ainda pode encantar novos leitores com sua história. Foi com esse intuito que o Colégio Opet tem promovido a feira da Troca de Livros, CDs e DVDs.Além de promover a interatividade, a feira serviu também para estimular a leitura entre os estudantes.
COPA DO MUNDO movimenta setor gastronômico
O Centro de Pós-Graduação Opet promoveu, no Auditório do campus Centro, o Seminário “O Mercado Gastronômico Atual”. O evento reuniu duas personalidades referências do setor, em Curitiba: Saulo Caliari, que é administrador, economista, chef de cozinha, e proprietário da Cipria Importadora de Ervas, e Janaina Nakano, especialista em Padrões Econômicos e Gastronomia Andaluza na Internacional School of Hotel Management,Marbella, na Espanha. De acordo com os palestrantes, em decorrência da realização da Copa do Mundo de 2014 o setor vai movimentar ainda mais, com a vinda de turistas estrangeiros. Independente disso, o pleno emprego no Brasil e a melhoria da renda do trabalhador, possibilitam que as famílias possam se alimentar melhor, inclusive indo fazer refeições fora. Segundo dados do Jornal da Globo, um levantamento feito junto ao setor concluiu que a gastronomia movimentou R$ 180 bilhões no Brasil no ano passado, um crescimento de 80% em cinco anos. 6
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ALUNO DA OPET ganha prêmio nacional
Thiago (direita), com Kendy e Keiichi
Thiago Yoshiharu Itice, pós-graduado em HQ na Opet, foi o vencedor do 29º Prêmio Angelo Agostini, na categoria quadrinho independente, com “Last RPG Fantasy”. Promovido pela Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas de São Paulo, o prêmio elegeu os melhores de 2012. A premiação ocorreu, em março, no Memorial da América Latina, em São Paulo. Lançado pelo Estúdio Lobo Limão, que tem Itice como um dos proprietários, o Last RPG Fantasy mistura aventura e interatividade. Além de Itice, são proprietários do Lobo Limão Kendy Saito e Keiichi Mori.
PROJETO GRÁFICO de material didático Gustavo Fruet, com a nova prefeita da Cidade Mirim, Luana Karam
IMPORTÂNCIA da cidadania
Com a presença do prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, além de vereadores, foi realizada em 19 de abril, no Colégio Opet Unidade Centro Cívico, a posse dos estudantes eleitos para administrar a Cidade Mirim no ano letivo 2013/2014. Os empossados foram eleitos pelo voto direto dos colegas, em novembro de 2012. O processo foi semelhante ao de uma eleição oficial, com acompanhamento do TRE/PR. A nova prefeita da Cidade Mirim, Luana Leduc Karam, recebeu a faixa das mãos do antecessor, Daniel Pires de Castro. “Espero fazer uma boa administração”, disse ela. Gustavo Fruet recebeu ainda um documento dos alunos do Ensino Fundamental e Médio com sugestões para o alinhamento do Orçamento Municipal 2014, nas áreas de segurança, desenvolvimento econômico, emprego e renda.
Uma das preocupações da Editora Opet em relação aos materiais didáticos de seu Sistema de Ensino é fazer com que sejam atraentes e despertem a atenção de alunos e professores. A Editora mantém uma equipe de ilustradores e diretores de arte que trabalham o aprimoramento gráfico constante dos materiais. Em 2013, por exemplo, todas as capas foram redesenhadas, para associar ilustrações aos segmentos trabalhados (Educação Fundamental, Ensino Médio). Nos materiais do Ensino Fundamental, as quartas capas foram ilustradas para promover mensagens relacionadas à Educação Cidadã, paradigma educacional do Grupo Opet. Os calendários de parede – ferramenta de trabalho fundamental dos professores da Primeira Infância e do Ensino Fundamental – também foram redesenhados.
OLHAR BRASILEIRO em Terras Portuguesas
Foto de Flávio Damm em exposição na mostra
Até junho, acontece no Museu da Fotografia de Curitiba ( Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 533, Centro) a Exposição Olhar Brasileiro em Terras Portuguesas. A mostra tem como um dos patrocinadores o Grupo Opet e é uma iniciativa de Portugal e Brasil para divulgar a cultura portuguesa em terras brasileiras. De acordo com a curadora da exposição e professora do curso de Comunicação das Faculdades Opet Milena Costa, o apoio da instituição de ensino foi bastante relevante para que a mostra virasse realidade, pois não é tarefa fácil levantar recursos para a área cultural. MERCADO 7
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COM O MERCADO
A carreira profissional de quem faz Opet
QUEM | Eliã de Oliveira CURSO | Produção Multimídia ONDE TRABALHA | Livrarias Curitiba
QUEM | Isabô Cantarelli CURSO | Direito ONDE TRABALHA | TJPR
QUEM | Luciane Antunes CURSO | Recursos Humanos ONDE TRABALHA | CAW
QUEM | Lucas de Castro Bueno CURSO | Análise e Desenvolvimento de Sistemas ONDE TRABALHA | Korp Informática 8
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QUEM | Isabela Godoi CURSO | Estética e Cosmética ONDE TRABALHA | Emporium da Beleza
QUEM | Isabella C. Louza CURSO | Publicidade e Propaganda ONDE TRABALHA | Spaipa (Coca-Cola)
QUEM | Laize Monique W. Auer CURSO | Administração ONDE TRABALHA | Votorantim
QUEM | Pamela Cristina F. Ferreira CURSO | Gestão Financeira ONDE TRABALHA | Renley
QUEM | Osmar Volski CURSO | Logística ONDE TRABALHA | Audi/VW do Brasil MERCADO MERCADO 99
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Aristides Girardi | ECONOMISTA E HEAD HUNTER 10
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Entrevista
SUCESSÃO
Entre a família e o risco do novo As empresas familiares são 90% dos negócios no Brasil. O consultor Aristides Girardi conta o que mais atrapalha nos processos sucessórios: con�litos provocados por vaidades pessoais
Aristides Girardi, economista e Head Hunter Chief da Starhunter no Brasil, é um homem de muitos números. Incluem-se nesta lista os 27 mil executivos que o seguem no Linkedin, os 5 mil no Facebook, os 1,2 mil executivos que fizeram coaching com ele, os 45.900 resultados no Google, os 13 segmentos da economia nos quais atuou, além de três livros e centenas de artigos e textos publicados sobre o mundo corporativo e gestão de carreira. O blog de Girardi (www.falecomoheadhunter.blogspot.com) foi eleito nos últimos dois anos como o melhor sobre empreendedorismo do Brasil. Para atender o alto nível de demanda diária, informação é a base do trabalho dele. Além dos jornais brasileiros, estão na leitura do dia a dia o espanhol La Flecha (diário de ciência e tecnologia no qual acompanha a dança das cadeiras no mundo) e o NYT, além de publicações especializadas no mundo corporativo, gestão empresarial e mercado de executivos. Expert em gestão empresarial familiar, ele afirma que o executivo não é o lado mais fraco na estrutura, mas o que fala mais alto é o sobrenome da outra parte. Por outro lado, os executivos oriundos da família, além de herdar a cultura, a tradição e os segredos do negócio, precisam aperfeiçoar suas habilidades e competências de gestão, para no mínimo, competir em igualdade com os profissionais de mercado, se-
não, faltamente serão preteridos em favor de executivos contratados. Mesmo mergulhado no universo empresarial, com viagens e palestras agendadas até o fim do ano, ele abriu espaço para receber a revista Opet&Mercado e conversar sobre sucessão empresarial familiar, assunto que domina como poucos.
Sua empresa é familiar? A Starhunter é uma empresa profissional. Tentei fazê-la uma empresa familiar, mas não deu certo. Como temos a ambição de torná-la em breve uma empresa internacional, não há outro caminho a não ser mantê-la nesta direção. Quais os maiores desafios para a sucessão familiar empresarial? O maior é a escolha certa do perfil do sucessor. Quando o fundador não tem filhos, ou tem vários, mas nenhum com perfil empreendedor, há muita dor de cabeça. É difícil encontrar ou preparar um sucessor que pensa, age e trabalha como o fundador e que tenha a capacidade de preservar os valores plantados sobre os quais foi construída a personalidade da empresa. Outro desafio é manter harmonia entre os membros da família. Quanto mais a família cresce, mais aumentam os conflitos que afetam MERCADO 11
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diretamente a empresa. Uma sucessão mal conduzido pode decretar o fim da empresa. No Brasil, 70% das empresas familiares fecham após a morte do seu fundador. Apenas 4% chegam a 100 anos de existência. Há espaço para empresas familiares num mercado competitivo e globalizado? A sensação de que as empresas familiares estão sendo exterminadas é falsa. A empresa familiar é uma entidade forte no mundo inteiro. Companhias controladas por famílias representam 80% do universo empresarial do planeta. No Brasil, das mais de 8 milhões de empresas que estão em funcionamento, 90% são empresas familiares. Entre as 300 maiores empresas privadas, a esmagadora maioria continua controlada por famílias. E no futuro haverá espaço para estruturas de linha sucessória sanguinea? Sempre. Importante destacar que há famílias no controle das empresas, mas com gestão totalmente profissionalizada, independente se a origem dos gestores é a família ou o mercado. A linha sucessória sanguínea é a ordem natural de uma sucessão, e tem sido ao longo dos anos, um importante limitador para a perpetuação da maioria das empresas. Mas para outras tem sido a garantia para virar o negócio de outras gerações. A cada geração aumenta o conflito, diretrizes e objetivos entre herdeiros? Pais, filhos, primos, irmãos, marido e mulher são personagens que povoam as histórias bem e mal sucedidas no mundo corporativo familiar. É preciso ter cautela para afirmar qualquer coisa neste universo. O certo é que qualquer empresa, 12
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“As empresas familiares que realmente se preparam para o mercado são aquelas em que as vaidades pessoais são deixadas de lado” de controle familiar ou profissional, não sobrevive a um ambiente permanente de conflitos. Só há uma forma de sobreviver aos conflitos: juntando os sócios em torno da mesa, todas as semanas, o ano inteiro, e mostrando que a harmonia é o ingrediente básico para aumentar a data de validade da empresa. No Paraná várias empresas familiares fecharam as portas ou foram vendidas. Na sua avalição, o que ocorreu? Creio que cada uma das empresas paranaenses que desapareceu ou foi vendida nas últimas décadas, teve motivos particularmente específicos. Pela convivência que tive com muitas delas, e com alguns de seus fundadores, percebi que todos, de alguma forma, falharam no quesito sucessão. Para o público, a sensação é de que os motivos foram políticos, de gestão, econômicos ou de mercado. Mas quem acompanhou os bastidores destas empresas sabe que o perfil centralizador, comum à maiorias dos fundadores, e a demora em iniciar o processo de sucessão, foram fatais para as pretensões de perpetuação das empresas. Da mesma forma, outras empresas paranaenses, e não são poucas, sobreviveram às mudanças
e globalização do mercado, porque no tempo certo, tiveram a coragem de iniciar o processo de sucessão. Há executivos que preferem sair da estrutura familiar para outras empresas? Alguns não conseguem conviver com a cultura de empresa familiar, na qual as interferências de parentes dos fundadores são quase sempre desproporcionais. Eles reclamam da falta de autonomia e culpam a centralização do fundador pela lentidão na obtenção de resultados. Em compensação, outros preferem trabalhar na empresada famíliar, pois a ligação direta com o centro do poder proporciona agilidade nas decisões e oferece possibilidades de resultados em menor tempo. Tenho observado ao longo dos anos que muitos executivos se demitem em grandes organizações, igualmente, porque não recebem a sonhada autonomia para trabalhar e decidir. Aliás, um sonho impossível no mundo capitalista, tanto em empresa familiar como em qualquer outro ambiente corporativo. Como acertar o caminho? As empresas familiares que realmente se preparam para o mercado são aquelas em que as vaidades pessoais são deixadas de lado e, no momento oportuno, os sócios que não atendem ao perfil profissional necessário para administrar a empresa aceitam uma posição em um Conselho de Acionistas e abrem caminho para aqueles que são preparados para a gestão do negócio. O que existe de fato é uma compreensão de que as profissionalizadas, na grande maioria, tiveram na origem o rótulo de empresa familiar e hoje estão em outra fase, nas mãos de acionistas que buscam os melhores gestores profissionais para administrar seus investimentos.
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Capa
SUCESSÃO FAMILIAR
Desa�io de gerações ANTES DE PENSAR EM PLANO DE SUCESSÃO, É PRECISO MAPEAR TODAS AS POTENCIALIDADES
Por mais sólido que seja um negócio familiar, a troca de comando durante a sucessão de cargos de liderança é um momento crítico. A forma como o processo acontece pode significar um futuro próspero e equilibrado ou a venda e até o fechamento da empresa. A preocupação em organizar a sucessão tem o objetivo de perpetuar estas empresas que têm grande importância na economia nacional e internacional. Grupos familiares controlam 35% das empresas do mundo e, no Brasil, esta característica é ainda mais forte. Dos 300 maiores grupos privados do país, 270 são empresas familiares que, segundo o BNDES, são responsáveis por 12% do PIB na área de agronegócios, 34% na indústria e 54% na área de serviços. “As empresas familiares nascem, crescem e desaparecem com muita rapidez”, diz a advogada Silviane Scliar Sasson, do escritório Sasson, Pinterich, Talamini & Bussmann Advocacia. Pesquisa do Sebrae mostra que apenas cinco de cada 100 empresas familiares brasileiras chegam à terceira geração. Estudos também revelam que os conflitos 14
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O planejamento sucessório deve começar ainda com a presença do fundador na empresa. É ele quem conhece a dinâmica da família e do negócio e pode nortear essa transição
familiares não resolvidos são a causa mais frequente do seu desaparecimento. Segundo Silviane, mesmo com acesso à tecnologia e com bom posicionamento no mercado, as disputas familiares, sejam por poder ou patrimônio, podem acabar minando o negócio. “É muito difícil estabelecer limites entre família, propriedade e empresa”, afirma. O planejamento sucessório deve começar ainda com a presença do fundador na empresa. “É ele quem conhece a dinâmica da família e do negócio e pode nortear essa transição”, explica Silviane. Não há modelo a ser seguido e cada empresa deve elaborar o seu. “Tem que haver transparência total, planejamento multidisciplinar e, às vezes, além do gestor, é necessário um psicólogo para estabelecer e lidar de maneira paralela com as diferenças e conseguir separar os interesses pessoais dos negócios”, diz. Empresas com muitos núcleos familiares podem criar um conselho específico para a discussão das questões privadas. Este órgão pode ser permanente, tendo em sua formação um representante
O grande dilema da sucessão familiar é que o fundador tem toda uma visão que seu filho não necessariamente terá
de cada núcleo. As pessoas envolvidas no processo de sucessão de uma empresa precisam entender a diferença entre herdeiro e sucessor. “Herdeiros todos são, mas sucessores são apenas os que têm vocação”, ressalta a advogada. “Mesmo o herdeiro deve saber exercer seu papel de cotista, de acionista, fiscalizar, eleger quem vai assumir o comando, cobrar transparência e resultados. Tudo dentro de uma convivência harmônica entre herdeiros e sucessores”. Garantir a segurança do sucedido, ver se ele ficará em outro cargo, visar seu bem estar finaceiro após o seu afastamento, ajuda no êxito do processo de sucessão. Segundo a advogada, muitos não têm coragem de largar o bastão com medo de perder qualidade de vida
e também a qualidade do negócio. “Profissionalizar a empresa, não é afastar a família e sim deixar de gerir de maneira intuitiva, efetuar um processo de transição natural, considerar a entrada de novos sócios e delimitar conflitos.” Mas então planejar seria o segredo para uma sucessão empresarial familiar dar certo e garantir a sobrevivência em um mercado cada vez mais acirrado? Tudo indica que sim. O melhor jeito de uma sucessão empresarial acontecer é de forma planejada e estruturada de modo a não causar traumas nem paralisação. Colocado assim parece simples. Mas, encontrar o momento certo para abrir mão do controle do negócio e entregá-lo à geração seguinte é um desafio que as empresas, em especial as de
perfil familiar, enfrentam. E preparar o sucessor com tranquilidade, levando-o a conhecer bem não apenas a empresa que assumirá, mas também o mercado do qual faz parte, é um processo longo que precisa ser iniciado cedo. Quando a sucessão empresarial é também familiar a situação ganha contornos mais delicados. “A diferença é que em uma empresa familiar você não escolhe os sócios. Se a pessoa se sente meio presa, acaba criando dificuldade de relacionamentos”, pontua o gestor de empresas Kléber Oliveira, apontando um ponto nevrálgico do complexo universo das empresas familiares. Há 34 anos atuando como consultor, Oliveira foca seu trabalho em diagnóstico e planejamento estratégico, um processo MERCADO 15
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que ele chama de ‘profissionalização de empresas familiares. “O empresário jovem, com filhos pequenos, não pensa em sucessão. Mas sucessão não é só o gestor sair da empresa. Ele pode ficar impedido por alguma razão e provocar uma paralisação se ninguém mais estiver preparado para assumir”, observa. Se de um lado está o sucessor, do outro, em geral, está o fundador. A situação pode gerar choques de pensamentos que, alimentados pelos laços familiares, exigem cuidado no trato. “A palavra sucessão é muito forte, dá impressão de aposentadoria compulsória, o que não cabe mais hoje em dia com as pessoas de 60 anos a mil por hora”, diz Oliveira. Este processo tem que ser gradual e pode acontecer com o fundador ainda atuando. “É preciso quebrar esse tabu. Toda empresa vai crescer, se desenvolver e
terá que enfrentar a crise. Se estiver preparada, saberá como agir”. Ainda com base nos dados do Sebrae, lembrando que quase 95 % das empresas são de origem familiar, alguns dados, segundo o consultor, são alarmantes e não é por acaso que se observa o surgimento de vários modelos de cursos para preparação de sucessores. “Em apenas 30% dos casos, a troca de comando da primeira para segunda geração consegue se realizar. E da segunda para terceira, apenas 5%. A falha de planejamento de sucessão é uma das razões”, analisa Oliveira. Planejamento estratégico é primordial para expandir os negócios ou simplesmente se manter em mercados cada vez mais competitivos. “Plano de sucessão virou um ISO 9000. Eles são exigências de grandes empresas antes de assinar contratos estratégicos com
fornecedores”. Por tudo isso, para não perder dinheiro e tempo lá diante o melhor é não pular etapas é fazer uma sucessão gradual, lenta e bem organizada. Com um herdeiro que combine lealdade, conhecimento e competência, adquiridos sem protecionismo e com experiência em outras empresas que não as da família. Desta forma, o sucessor tem mais chances de chegar ao posto de comando exercendo uma liderança conquistada e sem temer a sombra do carisma do pai e/ou do avô e tios. “O grande dilema da sucessão familiar é que o fundador tem toda uma visão que seu filho não necessariamente terá. Será outra pessoa, com outro estilo.Terá que passar pela aceitação de funcionários, clientes, desafios grandes para quem está assumindo e que exige preparo também psicológico”, pondera Oliveira.
PASSO A PASSO da sucessão
familiar, segundo Oliveira
Um ponto fundamental é que o herdeiro não tenha seu primeiro emprego na empresa da família, pois fora dali terá outra visão de trabalho e de autoridade, não impregnada pela questão familiar. Questões emocionais e comportamentais não podem ser negligenciadas. Kléber Oliveira já se defrontou com casos críticos que exigiram o acompanhamento de psicólogos organizacionais para tratar de conflitos que permeavam as relações. Outro ponto importante é a assessoria jurídica para criar um acordo societário detalhado. “A empresa não é uma extensão do ambiente familiar e ela vem primeiro. Até porque os filhos crescem, casam, chegam os cunhados, sobrinhos e empresas pequenas podem ficar sem caixa para tanta gente”, alerta o consultor Oliveira.
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Nossa história
OPET 40 ANOS
de determinação e foco ASSIM AGIU O CRIADOR DA OPET, JOSÉ ANTONIO KARAM, PARA LEVAR ADIANTE A EDUCAÇÃO, ÚNICA AÇÃO SOCIAL CAPAZ DE MODIFICAR UMA SOCIEDADE
Nos anos 70, os jornais de Curitiba traziam cadernos volumosos de classificados com ofertas de emprego para pessoas com prática em escritório, uma qualificação escassa na época. O crescimento da cidade e a consequente instalação de empresas, pedia este tipo de perfil profissional que a cidade não tinha. Foi neste momento que José Antonio Karam, um professor desempregado, teve o pulo do gato: abrir uma escola que ensinasse o dia a dia de um escritório. “Eu poderia me incluir em qualquer uma daquelas vagas porque tinha conhecimento, mas eu enxerguei naquilo uma forma de negócio. Se tantas pessoas não têm a prática, e eu tenho, então eu posso ensinar”, afirma. E assim nasceu a Opet*, inicialmente com o nome de Curso de Práticas e Técnicas em Escritório. A primeira sala, cedida dentro do colégio 19 de Dezembro, no centro de Curitiba, tinha instalações improvisadas, com mesas compridas, como as de churrascarias, e quatro máquinas de escrever alugadas, que eram refugos do patrimônio da Rede Ferroviária Federal Paraná / Santa Catarina. Eram alugadas porque ele não tinha dinheiro para comprá-las. Nos primeiros dias foram 15 alunos, mas os classificados dos jornais passaram a anunciar a existência do curso e os alunos começaram a aparecer. De 15 para 40 e meses depois chegou a centenas. Prática - professor Karam, como é chamado por professores e funcionários da Opet, lembra que os cursos deram condição de a pessoa iniciar o trabalho em um escritório. “Tinha datilografia e eles aprendiam a trabalhar numa máquina Facit, com calculadora e somadora. Dávamos a formação que o mercado queria 18
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e que outras instituições de ensino não tinham. As empresas começaram a absorver os alunos, a procura pelas aulas aumentava e eu não tinha concorrente. Foi excelente!”, conta. Além da teoria, a estratégia de aprendizagem incluía simulações, com no máximo 10 alunos, sobre a rotina diária de um escritório como admissão, pagamento, IR, cartão ponto, folha de pagamento, contribuição social e FGTS. Era uma prova de fogo, segundo ele. Além do curso de práticas de escritório, que era bastante genérico, a Opet passou a ter cursos de secretariado, para secretárias executivas. Nele, elas aprendiam português, correspondência comercial, etiqueta, arquivo, orientação sobre o modo se vestir e de se comportar, e ter atitude dentro da empresa. Nesta época, no corpo docente havia professores que tinham estas competências e alguns eram da UFPR. Cerca de 1.800 alunos chegaram a frequentar os cursos livres. “A construção da Opet sempre foi passo a passo. Construir bem feito com seriedade. Desde o início criamos o material didático, o que acabou sendo o berço da nossa editora”, diz. Pioneirismo - Com a qualificação da mão de obra para escritórios a pleno vapor, a Opet se voltava para a área de informática, até então uma novidade cara e cheia de dificuldades. Foi a primeira escola de informática da cidade e a novidade atraiu muitos alunos, lotando turmas da manhã à noite. Karam lembra que surgiram concorrentes, mas que não conseguiam repetir o sucesso do método da Opet. “Tínhamos facilidade de verificar o que o mercado que-
Sede da Opet nos ano 80, na Praça Tirandes, no centro de Curitiba, e uma das sedes atuais, a do Bom Retiro
“Não preparamos alunos para servir. Preparamos líderes”
ria. E foi justamente a associação da educação para o mercado, e vice-versa, que fundamentou a Opet”. Em 1985 foi criado o Colégio Opet que começou com 200 alunos e, no auge, chegou a ter 4 mil. Foi a maior escola particular do Paraná de cursos técnicos. O próximo passo foi a criação das Faculdades Opet, processo que teve ajuda junto ao MEC do então professor Elias Abrahão (já falecido). Com as aulas da faculdade acontecendo, o grupo contabilizou nas duas unidades que tinha, cerca de 4 mil alunos. Desde então o Grupo Opet não para de crescer. São três unidades em Curitiba que totalizam 800 funcionário e milhares de alunos, além dos polos EAD. Atualmente 120 mil alunos das redes pública e privada do país são atendidos pelos materiais criados pela Editora Opet. O Sistema de Ensino Opet atende a primeira infância (0 a 3 anos), educação infantil (0 a 5 anos), ensino fundamental (primeiro ao nono ano), ensino médio e EAD.
Crescimento – para ter hoje estes números, Karam disse que foi preciso, teimosia, determinação e foco. “O crescimento da Opet não é o trabalho de uma única pessoa. Há uma pessoa que idealizou, mas que tem seguidores, cada qual com a sua função. E este é o nosso sucesso, o envolvimento de todos e de cada um”, afirma. Defensor de que a educação é a única maneira de transformar uma sociedade, ele percorre a retrospectiva e diz que o trabalho que feito é muito significativo. “Não vejo outra ação social que tenha condição de causar efeito como a educação. É um trabalho constante e que não é de uma pessoa, mas de um conjunto de diretrizes, normas, comportamentos, ações que moldam o ser humano. E a escola reúne isto”, afirma. O próximo passo para o crescimento do grupo será a criação de cursos de engenharias, pedido que já está protocolado junto ao MEC, e a expansão dos cursos a distância. Em comemoração aos 40 anos do Grupo Opet será lançado um livro sobre a trajetória com depoimentos do fundador, José Antonio Karam, e de outras 15 pessoas que tiveram papel relevante na estruturação da instituição.
* Opet – Organização Paranaense de Ensino Técnico
10 ANOS
de educação e mercado
Ao aniversário de 40 anos do grupo Opet, soma-se a comemoração pelos 10 anos de circulação da revista Opet&Mercado, publicação voltada para os cursos técnicos, de graduação e pós. A cada edição um tema é abordado e sobre este são ouvidos especialistas (do Brasil e de outros países), articulistas, buscados cases, dicas e opiniões. Entre os entrevistados da Opet&Mercado, nestes anos, estão Domenico de Masi, Stephen Covey, o ex-ministro Delfim Netto, o astronauta Marcos Pontes, a filósofa belga Chantal Mouffe, a especialista em RH Cecília Shibuya e o empresário Sérgio Prosdócimo. É a publicação mais longeva – e sem interrupção - entre todas as feitas por instituições de ensino superior do Paraná. “Chegar aqui foi um esforço de todos e a revista teve também este papel. É um marco para a instituição.”, diz Karam. A partir desta edição, a Opet&Mercado apresenta modificações que a deixam mais moderna no visual e facilitam a leitura. É distribuída para alunos do grupo educacional Opet, empresários e setores da administração pública. MERCADO 19
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Pessoas
PASSOS
rumo à maturidade da empresa CONSELHOS DÃO SUPORTE E PARTICIPAM DAS DECISÕES EM EMPRESAS FAMILIARES PROFISSIONALIZADAS
Dentro do processo de sucessão de uma empresa familiar que busca a profissionalização, a criação de conselhos administrativos, fiscais e familiares é fundamental para uma gestão mais eficiente e madura. O conselho deve fiscalizar, ajudar a decidir e orientar. Além disso, tem que dar suporte ao presidente executivo (CEO) que ocupa uma função solitária e precisa debater, partilhar ideias em um universo que não pode se restringir ao âmbito da visão da família proprietária. Para conhecer esta situação, a revista Opet&Mercado conversou com duas empresas para saber como encontraram a solução que mantém o sucesso empresarial tendo fundadores e herdeiros por perto. 20
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“A experiência só pode ser bem sucedida se
for baseada na transparência de informações e na veracidade de questões contábeis e financeiras”, Jorge Tarasuk,
LA VIOLETERA A tradicional empresa curitibana La Violetera, fundada em 1928, referência na comercialização de frutas secas, azeites, azeitonas e conservas para todo o Brasil, mudou no ano passado o rumo de sua gestão. Os proprietários, Faissal Assad Raad e Bernardete Demeterco Raad, optaram por buscar no mercado um executivo com experiência de trabalho em empresas alimentícias e multinacionais para administrar a empresa. Passando dos 60 anos de idade, o casal não via a possibilidade de os filhos, que se dedicam a outro negócio da família, assumirem a direção. Em setembro de 2012, a família contratou Jorge Tarasuk, 56 anos, executivo com grande conhecimento de varejo, que trabalhou na Quaker e durante 20 anos atuou na PepsiCo. Aposentado, ele atuava como consultor, e aceitou o desafio de dirigir uma empresa de cunho familiar. “Eles queriam alguém para tocar a parte executiva. Alguém com uma visão diferente, que levasse
Jorge Tarasuk DIRETOR GERAL DA LA VIOLETERA para a empresa a bagagem das multinacionais”, conta Tarasuk. Desde que assumiu várias transformações de ordem prática foram acontecendo. Para economizar, a empresa (antes da entrada de Tarasuk) tirou o depósito de um lugar alugado e o transferiu para dentro do espaço da empresa. O executivo percebeu que isso estava provocando um gargalo, como problemas de embarque de mercadorias o que poderia gerar demora na distribuição em períodos mais importantes para a empresa, que são os três meses que antecedem Natal e Ano Novo, quando os produtos comercializado por eles são mais consumidos. Ele teve a percepção de que esta ‘eco-
nomia’ seria tola. Economizaria por um lado e poderia perder muito por outro. Ele decidiu pela transferência do depósito para um espaço alugado, mesmo gerando custo. Na nova configuração, a empresa conta também com um gerente industrial e um gerente financeiro. Mantém reuniões semanais com Bernardete Demeterco, que estava à frente da empresa, antes que Tarasuk assumisse. Foi a forma encontrada para afinar as ideias e entender a filosofia e a dinâmica de La Violetera. “A experiência só pode ser bem sucedida se for baseada na transparência de informações e na veracidade de questões contábeis e financeiras”, afirma Tarasuk.
SABARÁLCOOL A Sabarálcool, sediada em Francisco Beltrão, Sudoeste do Paraná, é uma empresa familiar profissionalizada com 30 anos de existência. Produz cana de açúcar, açúcar e etanol e é também exportadora açúcar. O faturamento anual é de R$ 250 milhões. A empresa começou a trabalhar no planejamento de sucessão em 2002, em função de problemas societários enfrentados pela geração anterior e também pela noção sobre a importância absoluta do assunto para sobrevivência e perpetuação dos negócios. A sucessão foi concebida e planejada por Ricardo Rezende e Dayse Rezende, filho e esposa do fundador, Ricardo Albuquerque Rezende, que faleceu em 2012. A estruturação aconteceu a partir das próprias experiências e de conhecimentos adquiridos junto a especialistas. “Foram três anos de reuniões semanais fora da empresa para concebermos e formalizarmos o modelo”, conta Ricardo Rezende Filho, engenheiro agrônomo com MBA em Gestão Empresarial com foco em finanças corporativas. Ele é o atual diretor presidente e está na Sabarálcool desde 2001, onde começou como assessor de diretoria. O sucesso da gestão se deve, segundo Rezende, a muito diálogo, bom senso e foco no resultado. As metas são atingidas pelo trabalho em equipe, distribuindo de forma equânime mérito e responsabilidade. “É muito difícil. Há que se fazer exercício diário de separação entre gestão, família e propriedade”, diz. Para ele, a relutância em constituir um conselho com pessoas de fora é coisa do passado. “Hoje em dia isto não é mais tabu. É necessário, contudo, que o conselheiro contratado tenha conhecimento necessário do negócio e do ambiente em que está inserido,”, destaca. MERCADO 21
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Empresas
DE MÃE para �ilha
VISÃO EMPREENDEDORA, RESPEITO E SINTONIA DA DUPLA FIZERAM DA ONODERA ESTÉTICA A MAIOR REDE DE FRANQUIA DO SEGMENTO DE BELEZA A Onodera Estética é exemplo de sucessão familiar bem sucedida. A empresa foi criada em 1981, quando Edna Onodera passou a promover aulas de jazz, sessões de massagens e limpeza de pele na escola de judô do seu marido nos dias sem treinos. A resposta da clientela foi imediata e a lição da mãe determinada foi bem aprendida pela filha mais velha, Lucy, que desde criança acompanhou de perto o envolvimento e o dia a dia do trabalho familiar. “Ela ficava bisbilhotando tudo, sempre foi intrometida, graças a Deus!”, conta Edna, sobre a filha que começou com recepcionista na clínica. “Tenho certeza absoluta que sem a aptidão dela para o negócio, eu sozinha não chegaria tão longe com as franquias”, assegura a proprietária que hoje detém 56 unidades espalhadas pelo Brasil de uma rede que não para de crescer e com faturamento anual de R$64 milhões. Crescimento - A pequena Lucy foi desde os dois anos de idade, a companheira inseparável de Edna, participando inclusive das panfletagens que a mãe fazia na rua. Como “assistente”, estava sempre na “cola da mãe”. Assim conheceu o funcionamento e a cultura da empresa e não tardou para apresentar suas próprias ideias. “Somou a experiência dela com a teoria que eu recebia na faculdade”, conta a hoje empresária de 34 anos, que cursou Administração e fez da Onodera o 22
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seu campo de estudos, aplicando o que aprendia em sala de aula no ‘estágio familiar’. “O lado bom é que aprendi tudo muito mais cedo. Em compensação, não tive a visão de grandes empresas, o que me trouxe alguma limitação. Para suprir esta carência, volta e meia contrato uma consultoria”, afirma. Confiança e dedicação foram essenciais nesta história de afinidades. “Ela sempre me deu muita autonomia, confiou em mim. Se os pais não confiam, a relação pode ficar bem complicada”, pondera a filha, única entre os quatro herdeiros na empresa da família. “Não precisei indicar cursos, ela sempre teve iniciativa”, contrapõe a mãe, orgulhosa. Dona de uma personalidade forte e independente, Lucy nunca teve nenhuma proteção materna. “Ao contrário. É da personalidade dela gostar de desafios”, avalia Edna. Sem conflito - “Não teremos o problema da sucessão. Será uma passagem tranquila”, afirma Edna que, aos 57 anos, administra ao lado da filha, e em harmonia com outros filhos as dezenas de unidades da Onodera. Hoje, Lucy cuida da parte de negócios e expansão da rede, na mais perfeita harmonia familiar. Uma química que se traduz em rentabilidade para empresa e bem estar para a família, que teve as regras bem definidas para um perfeito funcionamento de uma empresa familiar.
Edna e Lucy TRABALHO CONJUNTO GARANTIU EXPANSÃO
“Ela ficava ali bisbilhotando tudo, sempre foi intrometida, graças a Deus! Tenho certeza absoluta que sem a aptidão dela para o negócio, eu sozinha não chegaria tão longe com as franquias”. Edna Onodera
MUDANÇA sem estresse O caso do grupo de comunicação RIC, com sede em Curitiba (PR), é peculiar. Fundada há 25 anos pelo empresário Mario Petrelli, a Rede Independência de Comunicação está mudando de comando, mas sem um sucessor familiar. Quando Petrelli decidiu entrar para o ramo da comunicação tinha mais de 50 anos. Convidou os filhos, de 23 e 28 anos, para entrar na empreitada junto. “Ele me presenteou com a participação acionária”, diz Leonardo Petrelli que, aos 53 anos, assumiu as responsabilidades pela RIC-PR, enquanto o irmão, Marcelo, 48 anos, assume o lado catarinense do grupo. “Não estamos sucedendo meu pai. É mais um afastamento dele do dia a dia para iniciar um processo, aí sim, de construção da uma segunda geração”, esclarece ele. Quando aceitou o convite do pai, Leonardo Petrelli tinha carreira profissional. Formado em Comunicação, trabalhou na Rede Globo, empreendeu projetos individuais, além
de ter sido diretor da TVA. “Estava satisfeito, mas fui provocado pelo desafio. Do mesmo modo que meu irmão, na área de gestão”, afirma Leonardo que, ao longo dos 25 anos ocupou vários cargos na RIC. “Minha formação era mais em produção de conteúdo televisão e cinema, do que gestão. Desenvolvi este outro perfil”. Agora, os irmãos irão pensar na “verdadeira” sucessão. Um gestor, defende Leonardo, tem que estar preparado para ocupar os espaços, enfrentar o desafio de preparar o corpo diretivo para continuar crescendo e para a governança cooperativa, que permite a participação familiar no grupo. “Há um ambiente de troca de ideias”, explica ele. “É um setor que sempre desperta interesse dos jovens, mas não significa que os hoje seduzidos serão os que enfrentarão os desafios para vir a serem sucessores. Estamos preparando o corpo diretivo que tem que ter formação e experiência de pelo menos cinco anos fora do grupo”. MERCADO 23
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SUCESSO
com planejamento PATRICE GAIDZINSKI, PROFESSORA DA HSM EDUCAÇÃO, FALA COMO UMA EMPRESA FAMILIAR ENFRENTA FORÇAS E FRAQUEZAS, OPORTUNIDADES E AMEAÇAS NO DIA A DIA
A HSM promoveu nos dias 7 e 8 de maio, em São Paulo, o Fórum Family Business 2013 para debater a ‘gestão da empresa familiar no século 21: como construir o futuro com sucesso’. Participaram do evento os especialistas John Davis (maior autoridade mundial em gestão de empresas familiares), William Ury (especialista em negociação e gestão de conflitos), John Wells (professor de management da Harvard Business School), Randel Carlock (administrador e consultor) e Nigel Nicholson (professor de comportamento da London Business School). Foram debatidos temas como sucessão eficiente, venda da empresa familiar, negociação com eficiência
com membros da família, como criar empresas familiares mais inteligentes, planejamento paralelo e guerras em família. A professora do curso de empresas familiares da HSM Educação, Patrice Gaidzinski, participou dos debates e fez o encerramento do Fórum Family Business 2013. Na sequência, ela conversou com a revista Opet&Mercado sobre sucessão empresarial familiar. Em suas palavras finais no encerramento do evento, Patrice disse que considera que alguém ter fundado uma empresa e tê-la feito chegar a um lugar de destaque no mercado é prova de competência, mas ter nascido em uma empresa familiar é um presente da vida.
Fórum reuniu em São Paulo maiores especialistas do mundo em sucessão empresarial familiar
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O momento é de alerta para a gestão empresarial familiar? Não acredito que o momento seja de alerta. O que tem acontecido é que cada vez mais as empresas familiares do mundo, e como consequência do Brasil, estão se dando da conta de que precisam de ferramentas diferenciadas de gestão da sua empresa familiar. A gestão da empresa familiar é diferente da gestão da empresa não familiar. É muito importante que as famílias controladoras de empresas encontrem espaço para planejar e organizar um plano estratégico para a família e que este esteja alinhado ao Plano Estratégico do Negócio. Somente com este diferencial, ou seja, a família conversando sobre si, sobre a continuidade do controle acionário dentro da família, sobre um Plano de Sucessão e sobre regras de entrada e saída dos membros familiares que queiram trabalhar na gestão, é que teremos um diferencial positivo na gestão da empresa familiar. Na sua opinião, qual o futuro de uma empresa familiar? Pesquisas do mundo inteiro mostram que as empresas familiares, quando organizadas através de suas famílias controladoras, têm maior rentabilidade que as empresas não familiares, assim como são as melhores empresas para trabalhar. Vejo que se as empresas familiares fizerem um foco na Governança Familiar tanto quanto nos processos administrativos e de gestão, a tendência da mortalidade das empresas familiares na terceira e quarta geração tenderá a diminuir, portanto terão um futuro promissor. Algumas empresas familiares são vendidas para terceiros outras criam conselhos. Como devem ser
conduzidas estas situações? A Governança Corporativa e Familiar é o melhor “guarda-chuva” para as famílias empresárias colocarem as ferramentas de gestão, separando os três subsistemas que compõem a empresa familiar, isto é, a família, o negócio e a propriedade. Os Conselhos de Administração e de Família são estruturas de grande auxílio para que os assuntos estejam cada vez mais separados. A montagem dos Conselhos pode ser uma grande alternativa para a continuidade das empresas familiares. Porém, se a família decide vender a empresa nada pior que uma venda mal feita, na qual os proprietários
“Conselhos de
queiram trabalhar no negócio da família entendam que somente entrarão na empresa por meritocracia de suas competências administrativas, e não pelo fato único de terem nascido em uma família empresária. Para tal, é importante que a família converse e estabeleça programas de desenvolvimento para os jovens herdeiros, desde muito cedo. O espírito empreendedor e os valores éticos da família precisam ser trabalhados e reforçados. Apesar de toda a rapidez do mundo atual, este é um processo de longo prazo e necessita planejamento e envolvimento de todos. Somente assim poderemos desenvolver verdadeiros líderes capacitados tecnicamente, emocionalmente e realmente comprometidos com a continuidade da família.
não consigam acordar uma saída digna do negócio. É importante preservar a riqueza e a família, assim eles poderão, quem sabe, iniciar um novo negócio, ou com a preservação da riqueza poderão encontrar outros caminhos profissionais que tragam uma felicidade possível para cada pessoa.
Disputas familiares são as principais causas do fim das empresas? As disputas de poder muitas vezes trazem grandes conflitos para as famílias empresárias, mas também sucessores mal preparados, decisões lentas diante de um segmento e de mercado ágil podem atrapalhar a continuidade do negócio. A empresa familiar é um negócio como outro qualquer que precisa estar atento as inovações de seus produtos para não perder a competitividade. O adicional é a família se profissionalizar na mesma velocidade da gestão, compreendendo os talentos necessários para administrar o negócio, assim como o seu papel de acionista no acompanhamento da gestão.
Que preparo os herdeiros devem ter para dar continuidade ao negócio, considerando atualmente a rapidez na gestão e nas comunicações? Mais do que nunca é importante que os jovens herdeiros que
Boa vontade resolve? Somente boa vontade não resolve nada em lugar nenhum se não estiver acompanhado de ações planejadas e concretas com a situação em si. A empresa familiar não seria diferente neste quesito.
Administração e de Família são estruturas de grande auxílio para que os assuntos estejam cada vez mais separados”
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QUEM
ocupará o posto
EM UM PROCESSO DE SUCESSÃO DE UMA EMPRESA, A MAIOR DÚVIDA É QUEM ASSUMIRÁ AS FUNÇÕES DE LIDERANÇA PERPETUANDO VALORES, ACOMPANHANDO AS EXIGÊNCIAS DO MERCADO, MELHORANDO PRODUTIVIDADE E FATURAMENTO
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Um fator que costuma gerar problemas neste momento de transição é o excessivo apego à empresa acalentado por seus fundadores. “Quando se trata de amor à marca, ao produto ou ao tipo de serviço que presta, este sentimento é benéfico, pois permite mudanças na estrutura e adaptação ao novo tempo”, diz Rosa Yazbek, psicóloga e pós-graduada em gestão, e sócia-diretora da RC Yazbek Consultoria Organizacional. “Mas quando o fundador prefere preservar aquela primeira máquina, comprada com tanto sacrifício, em vez de substituí-la por equipamentos mais modernos, ou prefere manter sistemas de trabalho ultrapassados apenas por que foi ele quem os criou, trata-se de um amor paralisante”, comenta. Nas empresas em que os pioneiro-fundadores ainda estão presentes na gestão, é fundamental que eles se ocupem da passagem planejada do bastão para as gerações futuras. “Isso deve acontecer o quanto antes possível, antecipando que, por qualquer razão, eles não estejam mais presentes no dia a dia da empresa. Desta forma, eles podem criar condições para a perenidade dos negócios”, observa. Nesta transição, um dos passos é definir os sucessores, um momento de analisar competências. “A competência é uma junção de atributos relacionados que mesclam características de personalidade, conhecimentos, habilidades e valores que mostram o âmbito possível do desempenho”, define Rosa. Metodologia - Nesta busca de quem ocupará qual cargo e ficará responsável por determinadas funções, há uma ferramenta que pode ser de grande valia. O assessment é uma metodologia de análise construtiva que oferece subsídios quanto a características comportamentais, competências, motivações, talentos, forças e vulnerabilidades de cada profissional. “Um programa de assessment agrega valor, pois possibilita a leitura de cada profissional sob vários ângulos, levando à melhor adequação das necessidades organizacionais e individuais”, destaca Rosa Yazbek, cuja empresa tem como um dos pilares de sua consultoria esta metodologia. Para ela, o Modelo de Gestão por Competências tem sido referencial consistente para empreender profunda renovação. “Cabe às gerações atuais potencializar os aspectos positivos da empresa, neutralizar os negativos e incorporar novos impulsos, em direção ao futuro”.
Rosa Yazbek | PSICÓLOGA E SÓCIA-DIRETORA DA RC YAZBEK
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TROCA DE COMANDO
na área de comunicação do PR GRUPO PAULO PIMENTEL FOI VENDIDO PARA O PRINCIPAL CONCORRENTE, POR INICIATIVA DE SEU FUNDADOR
Paulo Pimentel | FUNDADOR DO GRUPO GPP
O Grupo Paulo Pimentel (GPP) foi um dos mais fortes da comunicação do Sul do País. Fundado nos anos 60, chegou a ter quatro emissoras de televisão, revista, rádios, além dos jornais O Estado do Paraná e Tribuna do Paraná. Seu fundador, Paulo Pimentel, tinha uma carreira consolidada como advogado em São Paulo quando veio para o interior do Paraná iniciar uma trajetória que o colocaria à frente de um dos maiores conglomerados de comunicação do País e o tornaria político de destaque. Foi governador, enfrentou os militares, perdeu a concessão da repetidora da Rede Globo, rádios e uma revista foram fechadas, mas se manteve firme em suas opiniões, para na década de 80 reconstruir a empresa. Do alto de seus 84 anos, analisa essa trajetória com serenidade, lembrando detalhes de encontros e conversas de bastidores e não arreda pé da convicção de que fez tudo que tinha para fazer. Em 2007, vendeu as emissoras de televisão e, em 2011, os dois jornais foram para as mãos de seu principal concorrente, porque o próprio Pimentel o 28
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convenceu a comprar. A venda, garante, não foi por falta de herdeiros para tocar o negócio, mas porque ele não entregaria “o abacaxi” do tamanho que estava para a filha e a neta. “As duas queriam continuar. Se houvesse condições financeiras de suportar a empresa, que se apresentava deficitária e sem perspectivas, teria deixado para elas”, diz. As quatro filhas passaram pela TV Iguaçu, mas tomaram rumos diferentes. Ficou Vera Lucia Lunaderlli Pimentel. Entre os netos, Claudia Slaveiro optou pelas redações e o neto Daniel Pimentel Slaviero é presidente da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert). “Não era minha intenção vender. Mas ficamos eu e a filha. A neta estava para casar. Juntou a isso um período difícil para mídia impressa e economicamente ficou inviável”, diz. “Se eu pudesse compraria a Gazeta do Povo, mas como eles estão mais fortes, os convenci a comprar”, afirma. Vivência - O que os consultores cobram caro para ensinar ele sempre soube. Para ele, herdeiro tem que ser bem preparado. “E para isso tem mandar para fora, fazer cursos, ficar peritíssimo. Não há nenhuma diferença em familiar ou não. O que existe é preparação.
Dicas a+
Rodrigo Scama
Suelen Rodrigues
Luciana Sankari
DICAS de quem entende
QUER SABER MAIS DA SUA PROFISSÃO OU CONHECER O QUE OUTROS PROFISSIONAIS FAZEM? TRÊS PROFESSORES DA OPET FORAM CONVIDADOS PARA FALAR SOBRE SUAS ÁREAS
Rodrigo Scama - professor de Produção Multimídia, Sistemas de Informação, Desenvolvimento para web e Gestão de TI das faculdades Opet No mundo conectado, a produção multimídia parece ser infinita. Computadores, tablets, celulares e televisões estão integrados. Que tal conhecer mais sobre isso? Um livro interessante é Design de Interação, de Rogers, Sharp e Preece, que ensina as bases da produção multimídia em diversas abordagens. E como os jornais de papel sobreviverão em um mundo que lê pela internet? Segundo Jacek Utko é pelo design. Para compreender o trabalho dele, assista o vídeo em http://www.ted.com/ talks/jacek_utko_asks_can_design_ save_the_newspaper.html Para terminar, indico o filme Design & Thinking, documentário de 2012 que mostra como pensar e planejar pode mudar a vida e o cotidiano das pessoas.
Suelen Rodrigues - nutricionista e professora do curso de Gastronomia da Opet
Luciana Sankari - Coordenadora do Curso de Estética e Cosmética das Faculdades Opet
Você sabe o que é mito ou verdade na cozinha? Colocar alimento quente na geladeira azeda? • Mito, o que faz azedar é deixar o alimento em um recipiente muito grande, o que resfria apenas a lateral deixando o meio morno.
Com a chegada do inverno aumentam os cuidados com a pele. O rosto e as mãos são as regiões mais expostas e as que mais sofrem com o ressecamento pelas baixas temperaturas. Proteção Solar. As condições climáticas podem ser prejudiciais à pele. O vento retira a umidade do ar e durante os dias frios esquecemos que também devemos usar filtro solar. Opte por protetor que contenha ingredientes hidratantes naturais e que seja adequado ao seu tipo de pele. Hidrate-se. Beba água e não se esqueça de hidratar os lábios. Se sua pele é oleosa não quer dizer que não precisa de hidratação. Lembre-se que pele oleosa não é sinônimo de pele hidratada. Tratamentos estéticos são indicados para esta época do ano. Os mais indicados para manchas, rugas e cicatrizes de acne são a base de ácidos que provocam a descamação da pele e renovação celular.
Ovo deve ser lavado para ser armazenado na geladeira? • Mito, ovos lavados perdem a película protetora, o que facilita a entrada de bactérias. Alimento não deve ser recongelado? • Verdade. Quando congelados, os alimentos formam cristais de gelo e isso faz com que cause ruptura nas fibras. E quando congelado o alimento, as bactérias ficam em latência e após serem descongelados entram novamente em ação. Comer ovos faz mal para saúde? • Mito, os ovos têm nutrientes que fazem bem à saúde como a colina que ajuda na manutenção do sistema cardiovascular.
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COACHING
para alunos de pós MÓDULOS PREPARARÃO PARA O MERCADO DE TRABALHO CERCA DE 600 ALUNOS NESTE ANO
No inicio de 2013, o grupo educacional Opet deu um passo importante para a formação de seus alunos. O módulo Coaching foi incluído em todos os MBAs como disciplina diferencial para o desenvolvimento profissional e direcionamento no mercado. Nos anos anteriores, somente os MBAs Gestão Empresarial, Gestão de Pessoas e Psicologia das Organizações, recebiam este módulo. A expectativa é criar um elo maior entre as tendências de mercado e os que estudam na Academia. Empresas de diversos segmentos incluem programas de Coaching para o refinamento de suas lideranças e formação de sucessores e futuros líderes, e agora esta prática é aberta para os alunos da instituição. “Nossos alunos buscam em sua formação de Pós, a evolução de competências técnicas e comportamentais, assim como em suas carreiras nas empresas que atuam. Pretendemos criar uma cultura de pós graduação com diferenciais que agreguem efetivamente vida empresarial e à vida pessoal, criando vantagens competitivas e crescimento executivo”, afirma a gestora de Pós-Graduação da Opet, Jane Vechi de Souza. Estrutura o módulo contempla o desenvolvimento de um projeto de vida e de carreira. O aluno recebe por meio de exercícios de Assessment o mapeamento de seu perfil, com a sinalização de potenciais, competências e possíveis gaps, (pontos a 30
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Jane Vechi de Souza
desenvolver) para uma profissão mais sênior. Na sequência, inicia a elaboração do PDI – Plano de Desenvolvimento Individual. A coordenadora diz que o módulo é o fiel da balança profissional: está na maturidade que o aluno adquire nos aspectos comportamentais e nas várias formas de visualizar o mundo externo. Professores já perceberam a clarificação de valores e crenças, quem ele é na essência, os pontos fortes, habilidades e competências, e pontos frágeis. “Esta estratégia possibilita maior consciência do estado atual e o estado desejado. O aluno desenha uma linha de tempo construtiva e mapeia a trajetória com mais sabedoria e sustentabilidade”, afirma. Exigência do mercado - O programa oferece aos alunos maior segurança em relação a autoestima profissional, pessoal, forças e fraquezas. Equipa com ferramentas, conhecimentos, estimulando a aprendizagem e o desenvolvimento sustentável de competências, para que diante das possibilidades alcance seus mais desafiadores objetivos pessoais e profissionais. Mesmo com poucos meses de aplicação, o módulo apresenta resultado que são mensuráveis. “Per“Coaching é como cebe-se um bom retorno no indique café da manhã, todos amigos Opet. Recebemos novos alunos por indicações de qualidade e o precisam de um” que a Pós tem agregado para a carreira. Teoria e prática se mesclam, com cases e simpósios”. A previsão Jane Vechi de Souza é que cerca de 600 alunos concluam o módulo ao fim deste ano.
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Carreira
COMO ALCANÇAR uma carreira feliz
Um pro�issional realizado rende mais do que um insatisfeito Um profissional realizado rende mais do que um insatisfeito. Mas como é possível alcançar a satisfação na carreira? Confira 10 dicas simples que podem levar você até a felicidade na carreira Não se iluda: o valor do seu salário representa muito pouco na sua satisfação. Embora o trabalho seja uma necessidade fazê-lo sem vontade torna as coisas ainda piores. Para desempenhar um bom trabalho é fundamental se sentir feliz e realizado com a sua carreira. Mas alcançar este sentimento é mais complicado do que parece. Exige maturidade e empenho por parte do profissional. Confira a seguir 10 dicas para alcançar uma carreira feliz no seu atual trabalho:
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1. Construa relacionamentos Cultive bons relacionamentos com superiores e colegas de trabalho, isso fará com que você se sinta mais motivado e satisfeito. Encontre um mentor que possa ajudá-lo a impulsionar sua rede de contatos e o seu trabalho. 2. Encontre um propósito É comum encontrar profissionais que se preocupam tanto com as tarefas diárias que esquecem o principal motivo para estarem naquela função. Encontre um propósito para que você esteja fazendo o que faz. Existe um objetivo maior que leva você a trabalhar naquilo, pense nele. 3. Agradeça A gratidão tem participação fundamental para a geração da felicidade. Portanto, uma boa maneira de se sentir feliz na carreira é ser grato por todas as suas conquistas, mesmo as menores. 4. Desafie a si mesmo O tédio é a criptonita da felicidade. Se você acreditar que está desempenhando papeis simples demais se sentirá descontente. O ideal é desafiar a si mesmo. Pergunte aos seus superiores que tarefas você pode desempenhar além das suas próprias, para se sentir incentivado. 5. Desconecte-se quando sair Cerca de um terço da sua vida é gasto no trabalho. Reserve os outros dois terços para cuidar da sua vida pessoal, amigos, família, diversão e interesses próprios. Quando sair do trabalho, desconecte-se.
7. Olhe além do âmbito corporativo Assim como você quer fazer parte de algo maior, também vai se sentir mais feliz se manter em mente que as funções que desempenha terão efeito em outros âmbitos da sua vida. O seu trabalho faz parte de você, mas não define quem você é. Descubra como as funções que você desempenha podem afetar outras áreas da sua vida. 8. Mantenha o foco no futuro Você precisa ter consciência de que não ficará em uma empresa para sempre. As oportunidades profissionais aparecem e você deve aproveitá-las. Pense em como o cargo que você ocupa agora pode ajudá-lo ao longo da sua carreira. Assim você trabalha com mais dedicação e se sente mais satisfeito ao saber que poderá usar aquilo futuramente. 9. Não pense apenas no dinheiro Não se iluda: o valor do seu salário representa muito pouco na sua satisfação. A verdade é que se você se preocupar só com isso se sentirá mais insatisfeito, acreditando que trabalha demais e ganha de menos. Avalie honestamente as suas funções e, se for o caso, negocie o seu salário. Mas não condicione a sua felicidade ao salário que você ganha. 10. Minimize as incertezas Uma mudança na carreira pode trazer muita insegurança. Por isso, para ser feliz na sua nova vida profissional é fundamental reduzir incertezas tanto quanto for possível. Preste atenção ao novo mercado de trabalho, pesquise a fundo, converse com profissionais que trabalham com isso há um tempo.
6. Contribua para algo maior que você Para se sentir satisfeito com o seu trabalho pense que ele contruibui para algo maior do que as suas necessidades. É claro que conseguir pagar as próprias contas traz satisfação, mas não é bom pensar que você é parte de algo maior?
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EMPRESAS familiares Abrir o próprio negócio, gerir com eficiência e transformá-lo em um empreendimento bem sucedido é uma tarefa que exige do empresário um perfil de liderança bastante apurado. A tarefa ainda pode ganhar um desafio extra se a empresa for familiar. O principal ponto de atenção é não ultrapassar os limites do bom senso e separar o que é trabalho do que é vida pessoal para que relações não sejam arranhadas. Conceitualmente as empresas familiares são negócios constituídos por membros de uma família, que em muitos casos são proprietários e colaboradores da organização e podem trabalhar em tempo integral ou parcial. Pode-se dizer que uma empresa também é familiar quando há sucessões de uma geração para a outra. De fato, estas empresas são um fenômeno mundial e está presente em todos os setores do mercado corporativo. As empresas familiares são a forma predominante de empresa em todo mundo. Estão ocupando uma parte tão grande da nossa paisagem econômica e social que nós se quer nos damos conta. As empresas familiares geram metade do produto nacional bruto dos Estados Unidos, ocupam posições dominantes em todas as economias mais desenvolvidas na Ásia e dominam o segmento de pequenas e médias empresas na Europa. Com exceção da China e na América Latina, constituem a principal forma de propriedade privada na maioria dos setores industriais. Embora as empresas familiares na prática tenham nascido através de ideias, comprometimentos e investimentos de pessoas que fazem parte de um laço familiar, elas influenciam nas diretrizes da gestão estratégica da empresa e são proprietárias ou acionistas da organização. A história muitas vezes
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se repete, os filhos estudam em universidades conceituadas e os pais, por sua vez, administram os negócios com sua experiência, não se importando com as teorias pertinentes da administração. A partir desse ponto, os conflitos começam a surgir e as divergências passam a ser motivos de discussões. O problema acarretado por essas discussões é que nem sempre as divergências acabam ao sair da organização, mas continuam no ambiente familiar domiciliar. Acontece, frequentemente, quando um sucessor quer fazer alguma mudança, como alguma alteração nos paradigmas existentes, o gestor tenta fazer com que as coisas fiquem mais difíceis. Não porque gosta de ver o fracasso dos seus familiares, mas sim para defender seu espaço ou até mesmo seu cargo dentro da organização. Empresário ou executivo em uma organização é muito além de ser filho ou até mesmo o proprietário do negócio, para tal é necessário assumir algumas habilidades para a ocupação do cargo, tais habilidades são: conhecimento conceitual do negócio, experiência, liderança e vocação. Nas empresas familiares, culturalmente existem mecanismos adaptativos e acumulativos, a cultura sofre mudanças, e tais mudanças sofrem resistência por parte daqueles que estão envolvidos no processo. Obviamente, se olhada por outro lado, a resistência é uma desvantagem que atravanca o processo de mudanças que muitas vezes seriam revolucionárias e teriam um resultado positivo para o coletivo organizacional. A cultura empresarial e familiar está entrelaçada uma a outra de tal forma que a mudança da cultura empresarial faz com que mude também a cultura da família em seus lares. Entende-se que o modelo de
gestão profissional apresentado e ensinado pelas escolas de administração é um modelo de sabedoria convencional. A sabedoria não-convencional funciona para os gestores de empresas familiares. É sabido as inúmeras limitações que as empresas familiares têm, porém, a longevidade é maior do que as não familiares. De fato, 20% das empresas familiares continuam em operação 50 anos após a fundação, o que incluiria a terceira geração de proprietários. É importante entender que os principais pontos do universo das empresas familiares, como o fato de possuírem forças peculiares que mais do que compensam suas fraquezas, mas nem sempre terem consciência dessas forças. Suas características são uma orientação voltada para o pensamento de longo prazo, crescimento como resultado e não como meta, ênfase na continuidade e nas reputações pessoais. É apontado que um dos grandes problemas das empresas não-familiares é a frequente incapacidade dos fundadores de planejar a continuidade e, enquanto ainda vivos e ativos, ceder o
controle de forma cordata para a próxima geração. Apesar de saber que o nepotismo não garante sucesso, já vimos que, na maioria dos casos, filhas e filhos de empreendedores de sucesso se tornam excelentes empresários e líderes. Isso ocorre porque, embora possa haver desvantagens na sucessão familiar em vez de sucessão baseada em competência, existem muitas vantagens, desde que os membros da família sejam criados com os valores da empresa, aprendam sobre os relacionamentos e as perspectivas de longo prazo e desenvolvam uma noção intuitiva de como fazer as coisas. Um dos grandes problemas ainda é o conflito familiar. Podem existir rivalidades entre irmãos na segunda geração, podendo gerar problemas empresariais. Essas rivalidades podem surgir porque irmãos tendem a ter estilos diferentes de gerenciar e administrar, e costumam ser muito competitivos. Essas diferenças podem proporcionar diversidade de potencial, de perspectiva e de criatividades aos negócios. O correto é saber separar o conflito pessoal do con-
flito profissional, pois existe o lado emocional do negocio. A família prefere tratar cada membro igualmente e vêem injustiça na desigualdade. Preferem remuneração e status igualitários. Outro desafio é o grande crescimento da família até a terceira geração. Importante entender que as empresas familiares têm foco sobre a continuidade, isso muda a atitude e a mentalidade e influencia de forma significativa levando a uma dose de prudências e a evitar erros, pois consideram o risco com muito cuidado e endividam-se menos. Para os lideres de empresas familiares a reputação pessoal tem grande peso na continuidade dos negócios. É na região sudeste que as coisas acontecem. Quase 60% das maiores empresas familiares do Brasil estão localizadas em SP, RJ e MG. (Pesquisa Prosperare junto às empresas do Serasa). As empresas familiares mantêm o mesmo tamanho por um longo tempo lidando com nichos de mercado seguros obtendo o crescimento como resultado. O pensamento de longo prazo significa que as empresas familiares podem agir contra a correnteza e podem comprar e vender contra as tendências da sabedoria convencional do mercado. Os donos podem ter segurança pessoal e deixar o dinheiro na empresa, contanto que eles não sintam que a empresa precisa segurar tudo que eles possuem. A profissionalização das empresas familiares é fundamental, a peça-chave para seu sucesso. De fato, garante altos padrões de governança, gestão e performance, a profissionalização é também um antídoto contra eventuais desavenças familiares que possam a longo prazo comprometer a saúde e até mesmo a sobrevivência do negócio. MERCADO 35
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Artigo
SUCESSÃO FAMILIAR
É um Processo e não um Evento!
Sucessão: desafio de toda organização em especial às familiares, pois nestas, é uma das principais dificuldades. No contexto mundial, as empresas familiares são a maioria significativa, encontrando-se entre 70% a 99% das empresas (Lourenzo, 1999), e são empregadoras de grande vulto. Apenas 33% das empresas realizam a sucessão da primeira para a segunda geração e destas apenas 50% realizam a sucessão para a terceira geração. (Lourenzo, 1999) Uma das principais dificuldades nas empresas familiares é a troca do comando, pois com freqüência há falta de planejamento da sucessão e não há desenvolvimento de sucessores. É fundamental a sucessão ser vista e entendida como um “Processo e não um Evento”. Não é incomum ouvirmos falar: “quando o Fulano se formar..., quando o Cicrano fizer 21 anos...” como se estes episódios/eventos garantissem ou preparassem o indivíduo à gestão da empresa. A sucessão deve ser pensada como um processo, com critérios de competências definidos, exigências do perfil, preparo para assumir responsabilidades e tomadas de decisões..., características que vão além dos conhecimentos técnicos e familiaridade com a organização. Por ser um processo é lento! Não deve ser tratada apenas sobre o processo jurídico, tendo como principal agente o advogado. O processo sucessório é permeado muito mais por dificuldades comportamentais que por aspectos legais e objetivos.
Talvez a principal pergunta a ser respondida pelo fundador e/ou pela família é: “Qual é o maior interesse: a Empresa ou a família?” Esta simples pergunta, mas de complexa decisão, norteará a condução do processo sucessório. A clareza da prioridade facilitará às tomadas de decisões e consequentemente à tranqüilidade na gestão, pois isto claro a todos envolvidos, facilitará a adesão às decisões do fundador e minimizará os possíveis desconfortos entre os herdeiros. Esta definição de prioridades auxiliará as ações junto aos resultados apresentados pelos sucessores. No mundo corporativo lealdade e dedicação não são suficientes. Hoje o indivíduo tem que ser competente! O resultado apresentado deverá ser a evidência para a permanência ou não nas funções assumidas pelos sucessores. Por isso a prioridade definida: Empresa ou família? O que fazer ao constatar improbidade administrativa de um filho? As empresas não familiares demitem. As empresas familiares, se a prioridade for a família, postergam a mudança, relevam... para evitar o desconforto e manter a harmonia na festa do final de ano. O entendimento de que a sucessão é um processo e não um evento permitirá a todos o alinhamento de expectativas, a identificação com os papéis e funções, a escolha pela responsabilidade a ser assumida e a oportunidade de um planejamento para a troca de comando, considerando inclusive o benefício da orientação direta do sucessor pelo sucedido.
Claudia Cosentino é Consultora & Associada da PARANÓS Assessoria em Relações Humanas e Consultoria Empresaria
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Crônica
ARAUCÁRIA
no deserto Luís Henrique Pellanda Escritor e jornalista, autor dos livros ‘O macaco ornamental’ e ‘Nós passaremos em branco’
Tenho uma araucária de estimação. Criança, eu cochilava debaixo dela depois de brincar no pátio onde se erguia, solitária, em meio à poeira dos ônibus. Já na época era um pinheiro centenário, estava ali desde quando o Capão Raso parecia ser mesmo selvagem, antes de chegarem os condomínios, os shoppings e os biarticulados. Dizem que um rio corria perto da árvo-re, mas que fim levou? Foi sepultado por engenheiros? Secou a caminho do Iguaçu? Por ordem de quem? É certo que sumiu do bairro, assim como o mato que inspirou seu nome. As cobras e os sapos também desa-pareceram, e até as saracuras que eu, meni-no, perseguia por lá. Morreram, é claro. Mas onde foram 38
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parar os funcionários da velha viação? Os mecânicos, motoristas e cobradores que jogavam bola na quadra de areia aos pés da araucária, cadê? No inverno, sapecavam pinhões na bor-racharia, numa fogueira acesa num tambor de lata. Onde acendem seu fogo, hoje? Não só estes homens evaporaram, feito o rio que nunca vi, como também os ônibus que man-tinham vivos, rodando pelas canaletas re-cém-abertas. Aquela frota não existe mais. Virou sucata ou foi transferida para longe, com a papelada dos escritórios. O pátio se tornou um deserto e os barracões, ruínas, esqueletos pichados. Uma escavadeira remexeu o terreno, mas cuidou de não se meter com a araucá-ria, ainda bem. Ela continua firme junto aos torrões de terra vermelha arrancados do chão duro. A árvore resiste ao tempo e às falências, mas até quando? Parece mesmo que o mundo a poupa de propósito, como se alguma providência a guardasse para um fim superior, especial. Pois haverá, eu sei, um minuto conveniente para o seu desaba-mento. Não me canso de olhá-la. Agora serve de poleiro aos carcarás, que se refugiam en-tre suas grimpas. Curitiba é um furacão on-de rodopiam três milhões de almas, e os pássaros já não sabem onde é seguro voar. Por isso os gaviões do Capão Raso se escondem na araucária da minha infância, e vivem dos pombos que se multiplicam sob o zinco dos galpões da empresa-fantasma. Eu não resisto. Sempre que volto ao bairro, visito minha araucária. Percorro a-quele cenário onde tanta coisa já foi criada e esquecida. Reencontro o seu solo sulcado, as trincheiras se apagando, os prédios vazi-os, o antigo pavilhão administrativo, as du-chas coletivas. Ali roncaram motores, con-sumiram-se poços de óleo e combustível, a força e o desespero de dez mil homens por mais de meio século, em busca de seus so-nhos e de sua sobrevivência. Tudo acabou. Ou antes, deu espaço à pequena guerra diária entre os pombos e os carcarás, assistida pelo monumental pinhei-ro que se recusa a cair. Permanece existin-do. Só torço para que não o derrubem antes de sua hora. Ele está à espera de algo gran-de. Sua missão é maior do que a nossa.
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