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ENTRE A CULTURA, A NATUREZA E O ABISMO
Campo Fraturado SOS (2021), Ana Maria Tavares
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Exposição Zona da Mata
Foto: Karina Bacci
A SOMA DE ESFORÇOS PROMOVE O REPOSICIONAMENTO DE PENSAMENTO E PERMITE A REFLEXÃO SOBRE COMO ARQUITETURA E ARTE PODEM CONFLUIR COM O FUTURO EM QUESTÕES AMBIENTAIS, TRANSFORMANDO PAISAGENS
POR PAULA SANTANA
“Diante do Brasil em febril convulsão, violentamente retrógrado, Zona da Mata é hoje todo o País. Alinhados ao desafio mundial, precisamos mais do que nunca nos reposicionarmos frente ao nosso pacto de país e sociedade, a começar por reconhecer saberes ancestrais que não soubemos acalentar, sem aprisioná-los em um passado histórico, mas como parte fundamental de nosso desejável presente”, afirma o trio Ana Magalhães, Marta Bogéa e Cauê Alves no texto curatorial da mostra. O projeto coletivo entre MAC e MAM investe na metáfora simbólica que lança luz aos problemas latentes no Brasil quando se refere à natureza e suas ambientações, numa ligação histórica entre essas duas instituições que integram o eixo cultural do Ibirapuera, São Paulo.
Contraponto ou desdobramento da exposição Zona da Mata, a instalação Campo Fraturado, SOS, obra de Ana Maria Tavares, vem com ineditismo numa composição de imagens manipuladas digitalmente. A proposta é de uma paisagem mineral metalizada, modulada por detalhamentos enquadrados e por uma espécie de caligrafia tátil escrita em Braile da sigla SOS. Para o curador-chefe do MAM, Cauê Alves, os elementos que apontam para a ideia de futuro são tratados pela artista como algo já sedimentado, como resto petrificado do passado. “Em vez de promessa de felicidade, de crença num mundo melhor, a obra parece falar da falência e da impossibilidade de salvação”, pontua. Trata-se de um design imaginário orientado para o futuro, segundo a ótica dos curadores. “De certa forma, Campo Fraturado, SOS é um chamado e um alerta, quase uma visão em abismo das sobras das marcas da humanidade na terra”, completa a artista.