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Editorial
Por Prof. José Abreu
Os livros, a leitura e a liberdade.
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Portugal comemorou, ha uns dias atra s, os 47 anos de um movimento que terminou com um Portugal obscuro, desigual, corrupto, mesquinho e medí ocre. Um Portugal em guerra com os outros e consigo mesmo. Um Portugal onde os livros e a leitura eram perseguidos, onde escritores e poetas, investigadores e cientistas, viam as suas obras mutiladas e proibidas. Onde uma imensa parte da populaça o era analfabeta, onde muitas crianças na o o podiam ser e onde a escola era so para alguns -e na o para todos. Portugal foi cumprindo os desí gnios do movimento que lhe deu a liberdade: descolonizou, democratizou-se e desenvolveu-se, numa caminhada que foi encontrando obsta culos, percalços e encruzilhadas. Uma caminhada que vamos fazendo todos os dias, em liberdade, numa estrada onde os livros chegam a todos, atrave s de uma imensa rede de bibliotecas de leitura pu blica e escolares, onde escritores e investigadores nos proporcionam o prazer do conhecimento, a alegria e as tristezas de mil e uma personagens que ganham vida no papel e nas nossas mentes, que nos acompanham ao longo de dias, (por vezes ao longo da vida) que mos marcam, nos enternecem, que nos espantam, que nos seduzem. Sa o assim os livros que podemos escrever e ler, em liberdade, a qualquer hora e em qualquer lugar, sem o medo de sermos censurados, perseguidos, maltratados. O poder da escrita, o poder da leitura da o-nos o poder de vencer aqueles que te m medo do conhecimento, dos sentimentos, das emoço es, da imaginaça o, da vida. Por isso, aquele dia de Abril de 1974, tambe m foi o dia que nos devolveu a paixa o da leitura e da escrita, sem limites, sem barreiras, em liberdade. Foi o dia que a poesia Sophia De Mello Breyner ta o bem celebrou:
Esta é a madrugada que eu esperava O dia inicial inteiro e limpo Onde emergimos da noite e do silêncio E livres habitamos a substância do tempo