Com o crescimento da nova classe C no Brasil e as novas oportunidades de comunicação nos canais digitais, fica cada vez mais fácil o acesso dos pequenos negócios ao quesito criação de estratégias para a conquista e satisfação dos seus clientes. Nesse texto, apresento alguns dados e ideias para as milhões de casas de materiais de construção refletirem sobre a importância de suas marcas na lembraça e no dia- a- dia das pessoas. Quando eu era criança no bairro onde morava em Fortaleza, achava interessante como os comércios da região eram reconhecidos ou pelo nome do proprietário ou pelo nome do estabelecimento. Era o caso de uma empresa de material de construção chamada “Imperatriz”, uma loja de material hidraúlico e elétrico que havia no bairro da Parquelândia. A Imperatriz era conhecida pelos seus serviços. Todos os moradores do bairro quando precisavam de um encanador ou um eletricista, e não sabiam para quem recorrer, procuravam direto na Imperatriz um contato de um profissional para a solução dos problemas domésticos. O fato era que o profissional indicado acabava comprando todo o material necessário na loja, e a Imperatriz ainda mandava buscar qualquer peça em um de seus fonecedores caso não tivesse a determinada peça no momento, ou seja, a Imperatriz tinha toda uma visão de mercado composta dentro das limitações conceituais do dono, mas de extrema precisão para a solução das necessidades daquela comunidade e daquela época. Porém, o que chama a minha atenção nos dias de hoje é que são poucas as casa de materiais de contrução que trabalham suas
marcas nas comunidades e que apresentam informações sobre soluções, necessidades e serviços que os estabelecimentos comerciais oferecem. E muitos parecem viver ainda nos dias da Imperatriz. Portas abertas só quando alguém precisa de um encanador e vai procurar a casa de construção do lado. As grandes casas em Fortaleza dedicam um investimento em marketing nos canais de comunicação de massa, posicionando suas marcas, apresentando- se como casas de soluções e chamam a atenção de determinados públicos pelo número de produtos que oferecem. Porém, essas ações não podem inibir os pequenos negócios, principalmente, os de periferia e justamente em uma época de possibilidades para todos. Hoje, com a velocidade das nossas vidas, ninguém mais quer perder tempo com certos serviços. Sem contar com o fato do número de residências de pessoas solteiras que precisam muitas vezes resolver pequenos problemas domésticos, mas faltam informações necessárias e profissionais com quem possam contar.
Essa realidade é constante. Hoje, com o barateamento de produtos como vestuário e produtos alimentícios, o brasileiro está se preocupando com a qualidade de sua moradia. O IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) apresentou em sua resvista “Desafios do Desenvolvimento” uma matéria assinada pelo pesquisador Jorge Luiz de Sousa (São Paulo – veja link da matéria: http://desafios2.ipea.gov. br/003/00301009.jsp?ttCD_CHAVE=2521), que ressalta que as famílias brasileiras estão gastando menos com alimentação e vestuário pelo fato das quedas dos preços nesses setores e estão investindo na melhoria de suas habitações. As pessoas mais pobres estão começando a elevar o consumo de bens duráveis, como casa, mobiliário, eletrodomésticos, eletrônicos, carro e outros. O artigo também apresenta que a habitação cresceu muito em termos de importância na questão orçamentária das famílias brasileiras. A habitação é o primeiro item do grau de importância para o consumo dessas famílias. Os dados do IPEA revelam que entre os 50% mais pobres, o comprometimento orçamentário com habitação cresceu de 17% em 1987 – 1988 e passou para 22% em 2002 – 2003 (veja dados no link acima citado) e isso há 10 anos atrás. Ou seja, existe uma busca pela melhoria de vida constante mediante o crescimento da nova classe “C” no país. Para André Torreta, consultor de marketing e negócios, autor do Livro Mergulho na Base da Pirâmide, há um cenário de profunda mudança no Brasil com relação aos desejos dessa nova classe. Isso se dá pelo simples fato de que, hoje, as pessoas de periferia têm dinheiro, e isso muda todo o quadro das necessidades, como Maslow apresenta na pirâmide da hierarquia das necessidades. Agora essa nova classe “C” está se posicionando. Com isso, querem uma melhor educação, um melhor sistema de saúde e melhores moradias, porque estão buscando melhores condições de vida. André Torreta fala que hoje 32% dos jovens de classe C têm um computador dentro de casa. Em seus estudos, André responde o
seguinte questionamento: “o que é luxo para a classe C?” E ele lista três quesitos para a compreensão desse “luxo”. O primeiro é o luxo inacessível, que é o luxo de que se tem conhecimento de sua existência, mas não se sabe por conceito ou percepção, como diz a música do Zeca Pagodinho: “nunca vi, nem comi, eu só ouço falar. O segundo é o luxo da auto- estima, que se define pelo viver bem, comer bem, vestir bem e outros; o terceiro luxo é o luxo do pertencimento que se trata do luxo de ser bem tratado. Então, com base nesse dois cenários, posso afirmar que as diversas casas de materias de construção, espalhadas pelas periferias, perdem em não perceberem a importância de um planejamento estratégico de marketing e de comunicação para as suas casas. É bem verdade que em décadas como 80 e 90, com canais de comunicação limitados aos veículos de massa, como televisão, rádio, jornal, revista e outdoor certos investimentos eram considerados inatingíveis pelo custo de produção e veiculação nesses meios. Dados recentes publicados na Revista HSM Management do bimestre Setembro/ Outubro de 2012, Luiz Landa fala que “O marketing está morto. Os consumidores não acreditam mais nas mensagens publicitárias tradicionais. Agora se voltam para as mídias sociais em busca de experiência únicas, já testadas e de efeito imediato. As redes e os blogs colhem clientes, e as marcas, pela primeira vez na história, podem chamar seus seguidores pelo nome.” Agora faço a pergunta que não quer calar: Onde estão as empresas de materiais de construção que ainda não ganharam os canais digitais no tocante à provocação da melhoria habitacional das pessoas? Outro dado relevante foi um estudo realizado pela Hitwise e publicado recentimento no portal dos Administradores.com (veja matéria no linck: http://www.administradores. com.br/informe-se/administracao-e-negocios/call-centers-servico-pode-ser-terceirizado/71691/), que apresenta o seguinte ranking das redes sociais no Brasil: o Facebook é a rede social mais visitado no Brasil, seguida pelo canal de vídeos Youtube e o terceiro lugar é hab-
itado pelo imortal Orkut. Isso nos mostra uma série de oportunidades estratégicas que podemos desenvolver no quesito criação de conteúdo textual e produção de vídeos explicativos, casando com uma série de ações de relacionamento nos canais do Facebook e do Orkut. Um blog para uma Empresa de Material de Construção julgo como básico e de extrema importância para a construção de provocações criativas para seus consumidores. Poderia apresentar sugestão de melhorias no lar, ambientação, decoração, ventilação, enfim, uma série de temas que poderão ser casados com todos os produtos disponíveis na loja. Um blog associado a uma rede de relacionamento como facebook e orkut, trazendo temas relevantes e oferecendo soluções para as donas de casa, tem todas as chances de ser um grande sucesso para a loja. Uma outra ação que julgo de muito valor e que casa perfeitamente com a criação do blog e com a construção dessa rede de relacionamento é a criação de uma série de eventos de relacionamento, que terão temas com foco nos produtos da loja. Curso para mulheres e para solteiros de eletricidade e hidráulica básica, eventos com abordagem na cor da casa, decoração, jardinagem, ambietanção, manutenção de pisos e paredes, enfim, uma série de eventos úteis para a vida das pessoas na comunidade. São ações de custos relativamente baixos, mas com alta performance para o engajamento nas redes de relacionamento e no envolvimento com a loja como um todo. Como diriam os nossos amigos da Nestlé, existem mil maneiras de se preparar Neston. Marketing de relacionamento é uma ferramenta de pouco uso das empresas desse segmento e uma estratégia eficaz para o crescimento da participação no mercado. O que vai fazer a diferença é o interesse do gestor pelo desenvolvimento das ações e o bom planejamento focado no público potencial. Fábio Mesquita Torres Publicitário da Grão Novo