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Emissões de CO2 na Pós-colheita – Eng. Domingo Yanucci

Emissões de CO2 na Pós-colheita

Eng. Domingo Yanucci

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Consulgran / Granos / Grãos Brasil diretoria@graosbrasil.com.br

Ouvimos muito sobre o aquecimento global, o efeito estufa, as mudanças climáticas, etc.. Sabemos que ano após ano é difícil para nós, na maioria das regiões, conservar grãos. Já que quanto mais alta a temperatura, mais difícil é o armazenamento e conservação. A tendência global é para noites menos frias e invernos menos frios e, o que é importante, menos horas frias. Nesse caso, vamos fazer um exercício sobre a responsabilidade dos armazens de grãos sobre esse efeito, muitas vezes desastroso e até agora imprevisível em termos de sua magnitude e consequências. Não sabemos se chegamos a um ponto de não reversão do aquecimento, mas sem dúvida a diminuição da emissão de gases de efeito estufa ajudará nosso planeta de várias maneiras. Para se referir aos gases de efeito estufa, utiliza-se a sigla GEE, que inclui CO2 equivalente (CO2 eq), que considera seis gases de efeito estufa que estão dentro do Protocolo de Kyoto: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido de nitrogênio (NO), hidrofluorocarbonos (HFC), perfluorocarbonos (PFC) e hexafluoreto de enxofre (SF6).

EXEMPLO

Tomemos um armazem que recebe 60.000 toneladas e tem capacidade estática de 25.000 toneladas, do total de grãos que recebe a mitade secos, 50% a uma taxa de secagem de 3%. Considerando um frete méio de 200km para a totalidade do estoque.

Estipulamos um consumo de 6 kwh/ton recebido e um consumo equivalente a 2,5 kg de lenha por ponto de secagem por tonelada.

Isso significa um consumo anual dentro do armazem de: 360.000 kwh 225.000 kg de lenha

Aqui, consideraremos as emissões diretas, como do secador e outras despesas de energia elétrica e despesas de frete curtas. Não consideraremos neste cálculo outras emissões indiretas, como matérias-primas, viagens, serviços de terceiros, etc.

As emissões da energia elétrica consumida dependem das fontes da mistura elétrica. Em termos aproximados podemos falar de 180g CO2 / kwh (0,18 Kg / Kwh).

Consumo de energia elétrica: 360.000 kwh x 0,18 Kg CO2/Kwh = 64.800 kg CO2

No caso da lenha, consideramos a emissão de 0,85 kg CO2 / kg

Consumo de combustível na secagem: 225.000 kg x 0,85 kg CO2 / kg = 191250 kg CO2

No caso do transporte de 60.000 toneladas, consideramos caminhões de 30 toneladas, que viajam carregados cerca de 200 km, o que significa 2.000 viagens a 200 km (400 km de ida e volta), e tomamos uma emissão de 0,17 kg CO2/km.

Emissões do transporte: 2.000 x 400 km x 0,17 kg / km = 136.000 kg CO2

Somando as emissões de eletricidade, secagem e custos de transporte, chegamos a: 392.050 kg CO2 / ano

Para o exemplo analisado: 6,53 kg de CO2 / tonelada trabalhada.

Secagem significa 49% e transporte 35%, ou seja, juntos representam 84% do total.

Aqui pretendemos apenas fazer um exercício e mostrar uma situação, isso levado a os milhões de toneladas que são produzidas, geram importantes volumenes, que devem ser levados em consideração. Por exemplo, para cada 100 milhões de toneladas temos 653.000 de ton de CO2 gerados pelos 3 aspectos pós-colheita que analisamos.

Deve-se considerar que esta é apenas uma pequena parte do que significa produção e comercialização de grãos; no nível do produtor, temos valores importantes e os transportes subsequentes também aumentam significativamente.

Não estamos considerando em esta matéria a liberação de CO2 produzida por a massa de grãos durante a armazenagem. Sabemos que os fungos, insetos e o mesmo grãos liberam CO2 e esta produção é maior quando piores são as condições de conservação.

A diferença dos paises que usam gas, quando o secagem e com lenha, a produção da mesma serve para captar CO2, e isto e positivo.

Cabe perguntar-se o que podemos fazer em nossa especialidade?:

Claro, é conveniente reduzir o consumo de combustíveis fósseis na secagem, por isso devemos levar em conta: 1. Projeto de máquinas com recuperação de calor, 2.Uso de sistemas de secagem-aeração. 3.Sistemas de monitoramento e automação. 4. O uso de combustíveis renováveis ou resíduos de biomassa (especialmente se forem obtidos perto das usinas de silos) pode ajudar. 5.Seque o menos necessário e durante o dia. 6.Isolamento térmico em áreas frias.

É comum comentarmos que se for preciso secar, deve secar o mais rápido possível, mas se evitar de ligar o secador, melhor.

No caso de transporte, 1. Transporte ferroviário ou fluvial, ajuda a reduzir as emissões. 2.Transformar, gerar valor agregado ao grão o mais próximo possível de sua área de produção.

Gerar energia elétrica própria

Aproveitar a geração de eletricidade por meio da transformação da energia eólica ou solar são alternativas altamente recomendadas. Muitas regiões têm bons ventos ou exposição solar interessante.

Equipamentos de resfriamento, que consomem energia elétrica, sem dúvida, ajudam a evitar a secagem excessiva da mercadoria e reduzem as emissões dos silos.

Por exemplo, no antigo Egito conseguiam a conservação com cereais a 7% de umidade, nessa condição mesmo com altas temperaturas pode ser preservado. Atualmente, trabalhando com umidade em base úmida, com por exemplo 14% como base comercial, nos temos duas alternativas: diminuir a umidade ou diminuir a temperatura. Não adianta diminuir a umidade da base de comercialização se não formos recompensados. Vemos na tabela de equilíbrio higroscópico que as isotermas com temperaturas mais baixas estão localizadas na parte superior, ou seja, podemos conseguir a mesma conservação com temperaturas mais baixas e umidades mais altas. Baixar a temperatura de 5 a 10 ° C permite reduzir as perdas respiratórias em 50-75% (emissão que não consideramos neste artigo) e aumentar a umidade de armazenamento, o que evita o uso de combustíveis para secar excessivamente e evita perdas de peso desnecessárias.

Não devemos apenas cuidar do solo para nossos filhos e netos, devemos cuidar também do clima. Não podemos sair do planeta pior do que o recebemos, tomar consciência é o primeiro passo, ver alternativas técnicas é o segundo e assumir uma atitude de mudança é essencial.

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