


Everton Luís Krabbe Embrapa Suínos e Aves recorde


Equilíbrio da flora intestinal com alta performance zootécnica.





Ácidos Orgânicos
Carrier de Transporte Ativo Prebióticos


Everton Luís Krabbe Embrapa Suínos e Aves recorde
Equilíbrio da flora intestinal com alta performance zootécnica.
Ácidos Orgânicos
Carrier de Transporte Ativo Prebióticos
Estamos em um ano crucial para o Brasil e para o agronegócio global: a COP30. Esse evento não apenas colocará o país no centro das discussões climáticas, mas também será uma vitrine para o nosso setor produtivo. E aqui está o ponto-chave: no cenário atual, não basta sermos sustentáveis; precisamos parecer sustentáveis.
O mundo observa com atenção como os países produtores de alimentos lidam com questões ambientais, sociais e de governança. As exigências dos mercados internacionais estão cada vez mais rigorosas e, diante desse contexto, não podemos apenas focar na produtividade e nos custos. Sustentabilidade não é um acessório do negócio, mas um pilar estratégico que garante a perenidade do setor.
A geopolítica e a economia global atravessam momentos de incerteza. Tensões comerciais entre Estados Unidos e China, conflitos na Rússia e Ucrânia e oscilações de mercados trazem desafios e oportunidades. O Brasil, com sua capacidade produtiva e recursos naturais abundantes, pode se destacar ainda mais como fornecedor confiável e sustentável de alimentos. Mas para isso, precisamos de um posicionamento firme e estratégico.
É hora de ampliar o debate sobre como nossas cadeias produtivas adotam práticas sustentáveis de fato. Temos exemplos concretos: a intensificação sustentável, que permite produzir mais alimentos com menor impacto ambiental; a agricultura regenerativa, que recupera solos e fortalece ecossistemas; e o uso crescente de bioinsumos e energia renovável nas operações. Mas essas iniciativas precisam ser comunicadas de maneira eficaz, com transparência e credibilidade.
O setor privado tem um papel fundamental nessa narrativa. Precisamos demonstrar ao mundo que somos parte da solução para os desafios climáticos e não o problema. A criação da Sustainable Business COP30 (SB COP) pela CNI é um passo importante para garantir a participação ativa das empresas nesse debate. Não podemos deixar que apenas governos e ONGs moldem a percepção global sobre o agronegócio brasileiro.
Além de comunicar nossas práticas, devemos garantir que a sustentabilidade esteja embutida em nossa estratégia comercial. A competitividade no mercado internacional não se baseia apenas em preço, qualidade ou logística. A rastreabilidade, o bem-estar animal e a redução de emissões são aspectos cada vez mais determinantes para manter e conquistar novos mercados.
A COP30 será uma grande oportunidade para o Brasil demonstrar sua liderança e compromisso com uma produção agropecuária sustentável. Mas essa narrativa precisa ser construída desde já, com ações concretas e um discurso alinhado. Devemos reforçar a credibilidade das nossas práticas e apresentar soluções que beneficiem não apenas o setor produtivo, mas toda a sociedade.
O futuro do agronegócio passa pela sustentabilidade. Não basta sermos sustentáveis; temos que parecer sustentáveis e, mais do que isso, sermos reconhecidos como referência global. Este é o nosso desafio e também a nossa oportunidade na COP30.
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Revista Trimestral
ISSN 2965-4238
04
Estratégias nutricionais em desafios sanitários
Prof. Dr.Caio Abércio
da Silva¹, Prof. Dr.Rafael Humberto de Carvalho¹, Cleandro Pazinato Dias² e Marco Aurélio Callegari²
¹Universidade Estadual de Londrina
²Akei Animal Research
12
Uso de ácidos orgânicos e mananoligossacarídeos
na dieta de leitões
desafiados com Salmonella
Typhimurium: efeito nos órgãos, escore fecal e desempenho zootécnico
Ariane Miranda, Julio C. V. Furtado; Eduardo M. Ternu, José P. H. Sato, Gefferson
Silva, Inês Andretta, et al
¹Laboratório de Ensino Zootécnico - LEZO, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre-BR; ²Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Estadual de Santa Catarina, UDESC, Lages-BR; ³ Dr. Bata Brazil, Chapecó-BR; 4Vetanco Brasil, Chapecó-BR
Casuística de exames laboratoriais para suinocultura em 2024
Keila Catarina Prior, Suzana Satomi Kuchiishi, Marina Paula Lorenzett e Lauren Ventura Parisotto Centro de Diagnóstico de Sanidade Animal
Como otimizar o desempenho dos leitões pós-desmame com proteínas funcionais?
Luís Rangel
Médico Veterinário pela UFRGS Mestre em Agronomia com ênfase em Nutrição Animal pela USP
A fibra insolúvel na dieta da fêmea suína gestante como estratégia para mitigação da fome e garantia do desempenho – Parte I
Jaira de Oliveira, Ismael
França, Danilo Alves
Marçal, Luciano Hauschild Laboratório de Estudos em Suinocultura Unesp FCAV.
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp Câmpus Jaboticabal.
Efeito de um aditivo
Construindo um protocolo de sustentabilidade para a suinocultura brasileira - Parte I 34
tecnológico na dieta de porcas e seu impacto no desempenho da leitegada
Cleison de Souza
Serviço Técnico - Elanco
Everton Luís Krabbe
EMBRAPA Suínos e Aves
Como uma amostragem adequada pode garantir uma melhor acurácia analítica? 46
Clarice Speridião
Silva Neta
Consultora de Serviços TécnicosAgroceres Multimix
Prevenção e controle da transmissão de doenças através dos alimentos 54
Pedro E. Urriola
Professor Associado no Departamento de Zootecnia da Universidade de Minnesota
β -glucanos e Mananoligossacarídeos e microbiota intestinal: como modular a saúde de dentro para fora 64
Cândida P. F. Azevedo¹, Jéssica Mansur S. Crusoé², Leonardo F. da Silva³ ¹Zootecnista, MsC. Zootecnia, DsC. Ciência Animal e Pastagens –Coordenadora Técnica suínoBrasil ² Universidade de Federal ViçosaFlorestal, Minas Gerais (Brasil) ³ Universidade Federal da Grande Dourados – Dourados, Mato Grosso do Sul (Brasil)
O potencial inexplorado da Inteligência Artificial na produção suína
M. Verónica Jiménez Grez
Médica Veterinária, MSc em Etologia e Bem-estar animal
Prof. Dr.Caio Abércio da Silva1, Prof. Dr.Rafael Humberto de Carvalho1, Cleandro Pazinato Dias2 e Marco Aurélio Callegari2
1Universidade Estadual de Londrina
2Akei Animal Research
Aprodução intensiva de suínos, mesmo com todos os recursos preventivos e de suporte empregados, expõe os animais a desafios sanitários constantes.
Neste cenário, a compreensão da intensidade destes desafios é determinante para o estabelecimento dos limites e alvos da performance produtiva e reprodutiva que podem ser alcançados.
Portanto, o que pesa efetivamente nesta questão é como o animal responde a esses desafios, pois, mesmo com as medidas preventivas e terapêuticas que são aplicadas nas granjas, as condições ambientais inadequadas (gases, limpeza, temperatura, umidade...), de bem-estar e, por vezes, a contaminação das dietas com micotoxinas, não permitem uma plena expressão da imunidade e das respostas dos animais às adversidades dos agentes patogênicos que estão comumente presentes, gerando perdas.
Naturalmente, os esforços devem ser dirigidos para minimizar estas perdas, o que efetivamente nem sempre é de pleno domínio, demandando que, paralelamente, outras ações devam ser consideradas para melhorar este cenário.
Neste sentido, a nutrição, além do conceito de atendimento das exigências nutricionais dos animais nas diferentes idades, fases e funções, pode ser uma ferramenta importante para este enfrentamento.
Assim, podemos estabelecer três caminhos para, através da nutrição, suportar estas condições de desafio:
Fornecendo ingredientes (alimentos) funcionais e alguns substratos especí cos (que aportam uma energia mais disponível e aminoácidos especí cos demandados para atendimento das respostas imunes aumentadas dos animais)
Pelo uso de aditivos que melhoram o estresse oxidativo; e
Pelo emprego de aditivos que modulam as respostas imunes.
Relativo ao aporte de nutrientes, há ingredientes que de maneira direta atendem especialmente esta premissa (caracterizados como alimentos funcionais) e que têm paralelamente a habilidade de estimular as respostas imunes.
Neste sentido, se destacam o plasma suíno ou bovino (ou seu blend), a levedura autolisada, o ovo em pó, entre outros.
O plasma detém níveis elevados de imunoglobulinas que atuam na regulação do sistema imune intestinal.
A levedura autolisada contém nucleotídeos, importantes para o reparo e desenvolvimento de tecidos de rápido crescimento, como a mucosa intestinal.
O ovo em pó é um melhorador da resposta imune, uma vez que contém expressivas concentrações de imunoglobulinas.
Pelas suas características e custos estes ingredientes são comumente dirigidos para as primeiras rações de leitões em fase de creche.
Adicionalmente, estes alimentos também apresentam alta digestibilidade e são ricos em aminoácidos essenciais, se identificando com um cenário no qual o trato gastrintestinal, que em geral está mais comprometido neste momento de desafio pós-desmame, demanda mais alimentos que têm este perfil.
Indiretamente, o aporte de nutrientes demandados para as respostas imunes passa a atender tudo o que cerca este sistema de defesa, ou seja, fomenta a produção de citocinas, imunoglobulinas, células de defesa e as enzimas antioxidantes.
Um estudo com o uso de diferentes níveis de plasma para leitões em fase de creche apontou que os benefícios deste ingrediente na questão imune foram além das ações enquanto sua participação perdurou nas dietas (Silva et al., 2022).
A consolidação da saúde do animal, pelo seu emprego, se estendeu às fases finais de engorda (fases na qual o plasma não participou das dietas), entregando pesos mais elevados e menores índices de lesões pulmonares ao abate (Tabelas 1 e 2).
Quanto ao uso da levedura hidrolisada, observamos que o produto cumpriu um excelente papel de suporte de nutrientes vitais para o desmamado, promovendo a modulação da microbiota intestinal, entregando ótimos índices de desempenho (Barducci et al., 2024).
Quando a levedura hidrolisada foi associada à parede celular de levedura (um composto caracterizado como prebiótico) na dieta, os efeitos foram muito positivos na minimização dos quadros de diarreia (Tabela 3).
Tabela 1. Desempenho de suínos em fases de crescimento e terminação que receberam diferentes níveis dietéticos de plasma na fase de creche (valores em kg).
Dados submetidos à análise de Regressão. Silva et al. (2022)
Tabela 2. Índice de pneumonia de suínos ao abate que receberam diferentes níveis dietéticos de plasma na fase de creche (valores em kg).
Teste Kruskal-Wallis (p<0,05). Silva et al. (2022)
Tabela 3. Escore e índice de diarreia de leitões em fase de creche suplementados com dietas contendo plasma, levedura autolisada, levedura autolisada + parede de levedura, e plasma + levedura autolisada
Parâmetros
Plasma 0,183a
Leved. Autolisada 0,200a
Leved. Autolisada+parede de Leved. 0,050b
Leved. Autolisada+Plasma 0,183a p-valor 0,081
a - b Qui-quadrado (p≤0.05). Barducci et al. (2024)
Particular aos prebióticos, suas ações são amplas e especialmente dirigidas para fomentar o incremento das imunoglobulinas (Ig).
Considerando que as matrizes contemporâneas criam cada vez mais leitões e, adversamente, não suportam uma produção de colostro suficiente para atendimento destes, os prebióticos podem minimizar esta relação, pois têm a habilidade de melhorar qualitativamente a concentração de imunoglobulinas no colostro, como observamos (Carvalho et al., 2023) ao fornecer, via ração, a levedura Euglena gracilis β-Glucans (1,3) para matrizes em fase de gestação e lactação (Tabela 4).
Na via direta, alguns aditivos e alimentos funcionais podem, especialmente, promover o incremento de imunoglobulinas. Neste caso, se destacam os prebióticos.
As linhas de ação da nutrição podem ser associadas ou não, dependendo da fase que apresenta o problema e da natureza deste.
Assim, podemos simultaneamente fazer uso de minerais que estão vinculados à produção de enzimas antioxidantes, como o selênio (compreendendo que há no mercado selênios com melhor absorção e disponibilidade);
e de vitaminas, como a vitamina E, que também detém atividade antioxidante; empregar prebióticos, que incrementam as respostas imunes; e promover a suplementação dietética com aminoácidos envolvidos com as defesas do animal e que exercem ação antioxidante, como a metionina, cistina, treonina e triptofano.
Tabela 4. Médias de imunoglobulinas (IgG, IgA, e IgM) no colostro de porcas tratadas com dietas com β-Glucanos (1,3) versus controle.
a,b Teste de Wilcoxon–Mann–Whitney (p < 0.05). Carvalho et al.(2023)
Particular aos aminoácidos, animais sob desafios sanitários apresentam um menor apetite e, portanto, ao requererem estes substratos para a promoção das respostas imunes, usam do catabolismo do músculo esquelético para a síntese de proteínas de fase aguda e de outras células de defesa do corpo, além de mobilizá-los como substrato para a gliconeogênese.
Recentemente publicamos (Tabela 5) um artigo (Silva et al., 2023) onde ao administrarmos 20% mais metionina em relação à dieta controle (devidamente formulada para atender as exigências dos animais) para suínos em fase de crescimento e terminação, obtivemos respostas positivas no desempenho e na quantidade de carne magra na carcaça, atribuídas a vários mecanismos vinculados ao ciclo deste aminoácido, incluindo a minimização do estresse oxidativo sistêmico.
Esta condição, por si só representa a necessidade aumentada destes substratos, que também têm funções específicas que envolvem, no caso da metionina, a síntese de creatina, poliaminas e da glutationa, que está envolvida na ativação de linfócitos T e citocinas; da treonina, que participa da síntese da mucosa intestinal e de proteínas e muco no intestino; do triptofano, que está envolvido com a resposta imune através de seu metabolismo pela Via da Quinurenina: (NAD+), e da síntese de serotonina (envolvida na regulação da ingestão de alimentos e comportamento) e melatonina (que atua como um antioxidante).
Os trabalhos nesta linha têm se mostrado cada vez mais comuns.
Tabela 5. Desempenho de suínos em fase de crescimento e terminação alimentados com dietas suplementadas com metionina seguindo as recomendações práticas (100%) ou sob níveis superiores em 20% (120%).
Teste F (P < 0.05; P < 0.10). Silva et al. (2023)
Relativo ao aporte de nutrientes para suínos em condições de desafios sanitários, há várias pesquisas que promoveram estes quadros usando diferentes recursos, com animais com distintas idades ou categorias.
Assim, cada situação tem uma particularidade, de maneira que a efetiva demanda destes nutrientes para os casos de desafios não está plenamente definida/ conhecida, não havendo, portanto, informações precisas que possam nortear estes ajustes.
Paralelamente, numa condição de desafio sanitário, o estresse oxidativo, que nas genéticas suínas modernas é uma condição mais presente, aumenta as demandas de alguns nutrientes, deixando mais complexa esta estimativa.
Todavia, se não suplementamos estes requerimentos (quando se computa os resultados de várias pesquisas, há um cenário que aponta que alguns aminoácidos devam ser suplementados em torno de 20% acima das exigências dirigidas para atendimento da manutenção e da performance zootécnica), vamos perder com a eficiência produtiva dos animais.
Assim, quando personalizamos uma dieta para condições de desafios sanitários, minimizamos estes danos ou até normalizamos as respostas produtivas.
Na prática, um bom exemplo é a última referência brasileira de nutrição de suínos (Rostagno et al., 2024), que estabelece as exigências para suínos destinados ao abate submetidos a uma condição térmica 5°C acima da zona de termoneutralidade (esta situação é por si só um desafio), onde os níveis de aminoácidos e proteína são aproximadamente 5% mais elevados, comparados com aqueles recomendados para suínos que estão alojados em ambientes com temperatura de conforto.
Adicionalmente, devemos reconhecer que com o movimento sacramentado de limitação do uso de antibióticos como promotores de crescimento e da redução do emprego dos choques preventivos com estas moléculas, além do banimento do óxido de zinco, associada à maior susceptibilidade que as genéticas suínas modernas têm ao estresse oxidativo, a nutrição dirigida para suportar os momentos de desafio deveria ganhar mais atenção.
Os antibióticos como promotores de crescimento ajudam a manter a saúde do animal.
Com o seu banimento há uma expectativa que haverá um maior crescimento microbiano no intestino e potencialmente a saúde intestinal e a utilização de aminoácidos serão pioradas.
Paralelamente, as demandas para a respostas imunes aumentam, requerendo, entre outros nutrientes, alguns aminoácidos específicos.
Assim, o papel da nutrição frente ao menor uso de antibióticos, segue nesta linha de maior aporte, preservado que este quadro deve ser tratado caso a caso, pois há granjas com poucos desafios e que têm resultados pouco expressivos com o uso de antibióticos.
O reconhecimento de um estado de desafio sanitário que supera os recursos natos do animal e que requer ajustes nutricionais, é determinante, apontando que ações devem ser prontamente implantadas.
Nestes casos, as experiências com o ajuste de alguns aminoácidos, uso de alimentos funcionais e de aditivos ou minerais envolvidos no incremento das respostas imunes e na minimização do estresse oxidativo, são positivas e amenizam, como consequência, os danos zootécnicos que são experimentados em nossas granjas.
Estratégias nutricionais em desafios sanitários BAIXAR EM PDF
Ariane Miranda¹, Julio C. V. Furtado¹; Eduardo M. Ternu², José P. H. Sato³, Gefferson Silva4, Inês Andretta¹, et al
¹Laboratório de Ensino Zootécnico - LEZO, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre-BR; 2Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Estadual de Santa Catarina, UDESC, Lages-BR; ³ Dr. Bata Brazil, Chapecó-BR; 4Vetanco Brasil, Chapecó-BR
INTRODUÇÃO
A salmonelose em sistemas de produção suína é uma preocupação global devido a questões econômicas e de saúde pública.
Ácidos orgânicos (AO) e mananoligossacarídeos (MOS) são aditivos alimentares que podem ser utilizados como estratégias de controle da salmonelose, visando obter condições favoráveis de desenvolvimento de microrganismos benéficos no trato gastrintestinal, além de perturbar as ações de certos tipos de bactérias, incluindo Salmonella spp., apresentando-se também como potenciais alternativas aos antibióticos promotores de crescimento. Contudo, ainda são poucos os dados disponíveis neste contexto.
Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito da adição de AO e MOS nas dietas sobre o peso e contaminação de órgãos, escore fecal e desempenho de leitões inoculados por via oral por Salmonella Typhimurium.
Foram utilizados 28 leitões machos desmamados aos 28 dias de idade. O experimento foi dividido nas fases de adaptação e experimental (prédesafio e pós-desafio; cuja duração foi de 5 e 14 dias, respectivamente).
Após o período de adaptação, os animais foram alojados individualmente e inoculados por via oral com uma dose de 5 mL contendo 109 UFC de S. Typhimurium. Os animais foram distribuídos aleatoriamente em um de quatro tratamentos:
T1: Controle (CON)
2
1
T2: CON + 2 kg/ton de aditivo contendo AO e MOS durante o período total (pré-desa o e pós-desa o)
T3: CON + 1 kg/ton de aditivo somente no período pós-desa o
4
T4: CON + 2 kg/ton de aditivo apenas no período pós-desa o. 3
Água e ração foram fornecidas ad libitum.
O peso corporal foi monitorado no início e no final de cada período (pré e pós desafio).
A análise fecal foi realizada a partir da avaliação visual das fezes seguindo os seguintes escores: fezes normais, que permanecem firmes e macias; fezes pastosas e úmidas que mantêm sua forma; fezes aquosas e líquidas (diarreia).
1 2 3
Ao final do experimento (dia 14), os leitões foram submetidos a eutanásia e os órgãos (coração, baço, fígado, pulmões e rins) foram coletados e pesados. O peso relativo dos órgãos foi calculado como:
Peso relativo do órgão (%)
peso do órgão x 100 peso vivo ao abate =
Amostras de fígado e baço foram coletadas e submetidas ao protocolo de isolamento bacteriano (contagem direta em placas com diluições seriadas).
Os dados foram analisados por ANOVA usando o procedimento GLIMMIX (software SAS 9.3). Cada animal foi considerado uma unidade experimental e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância.
A suplementação não influenciou (P>0.05) nas variáveis de desempenho (ganho de peso diário, consumo de ração e conversão alimentar, Tabela 1).
Além disso, não foram observadas diferenças entre os tratamentos (P=0,649) nas avaliações de escore fecal dos leitões, tampouco houve interação entre tratamento e períodos (dias) nesta variável (P=0,415).
Tabela 1. Desempenho (1 a 14 dias) de leitões suplementados com ácidos orgânicos e mananoligossacarídeo e desafiados por S. Typhimurium.
1 Erro padrão.
2 Probabilidade dos efeitos do tratamento.
3 Analisado considerando medidas repetidas ao longo do tempo.
Os pesos do fígado, coração, baço e rins foram menores nos grupos suplementados com AO e MOS em relação ao grupo controle (P<0,05); enquanto o peso absoluto e relativo do pulmão não diferiu entre os tratamentos (Tabela 2). Suplementação
Tabela 2. Pesos de órgãos e recuperação bacteriana no fígado e baço de leitões suplementados com ácidos orgânicos e mananoligossacarídeo e desafiados por S. Typhimurium.
Peso do órgão, g
Peso relativo do órgão, %
Leitões positivos, %
Recuperação de Salmonela, UFC/g
1 Erro padrão.
2 Probabilidade dos efeitos do tratamento. Médias com letras diferentes na mesma linha apresentam diferença entre si (P<0,05).
A suplementação de AO e MOS reduziu o número de animais positivos em média 21% no fígado e 33% no baço, considerando a média dos três grupos suplementados em comparação com o grupo controle (P<0,05, Tabela 2).
Além disso, a recuperação de S. Typhimurium em ambos os órgãos reduziu em média 0,99 UFC/g no fígado e 2,6 UFC/g no baço (P<0,05) nos grupos suplementados em relação ao grupo controle (P<0,05).
Resultados semelhantes já foram observados em outro estudo, o qual observou frequência significativamente menor de positivos no fígado e tendência a menor isolamento de S. Typhimurium em animais suplementados com AO e MOS (3).
Os resultados do presente estudo sugerem que os tratamentos com aditivos foram eficazes como estratégia para diminuir a infecção por S. Typhimurium, uma vez que, a depender da via de transmissão, o animal infectado pode apresentar presença da bactéria nesses órgãos.
Corroborando o efeito dos aditivos, os sistemas capilares presentes no fígado e no baço constituem um sistema de filtragem altamente eficiente, podendo ocorrer aumento de tamanho nesses órgãos como resposta quando há infecção.
A utilização de AO e MOS na dieta não fornece proteção completa em leitões desafiados oralmente por S. Typhimurium, porém diminui a prevalência de animais portadores dessa bactéria nos órgãos e diminui a pressão de infecção do ambiente.
Isso contribui para a biosseguridade do sistema produtivo uma vez que é fundamental minimizar potenciais ameaças à saúde animal.
Uso de ácidos orgânicos e mananoligossacarídeos na dieta de leitões desafiados com Salmonella Typhimurium: efeito nos órgãos, escore fecal e desempenho zootécnico BAIXAR EM PDF
Keila Catarina Prior, Suzana Satomi Kuchiishi, Marina Paula Lorenzett e Lauren Ventura Parisotto Centro de Diagnóstico de Sanidade Animal
produção mundial de suínos vem aumentando a cada ano, graças ao melhoramento genético, desenvolvimento de novas tecnologias e o uso de ferramentas de diagnóstico para manutenção da sanidade animal.
De acordo com os dados da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), a produção mundial de carne suína em 2023 foi de 124,5 milhões de toneladas.
Dessas, 5,3 milhões de toneladas foram produzidas pelo Brasil. E ainda, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2023, o rebanho suíno brasileiro de suínos era composto por 4.951.404 animais, o que coloca o Brasil como 4º maior produtor e exportador de carne suína do mundo, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Os laboratórios de diagnóstico animal desempenham um papel fundamental para a manutenção da sanidade da cadeia produtiva de suínos e, consequentemente, na produção de alimentos no mundo.
Esses laboratórios oferecem serviços de diagnóstico das doenças que acometem a produção, auxiliando a equipe técnica que atua nas granjas, na tomada de decisão quanto ao tratamento e controle das enfermidades.
No ano de 2024, o Laboratório CEDISA, realizou um total de 178.536 ensaios para a cadeia produtiva de suínos, dentre eles exames microbiológicos, histopatológicos, reprodutivos, imunológicos e biomoleculares.
Em relação ao diagnóstico de doenças da produção, o setor de Microbiologia recebeu 10.160 amostras para isolamento bacteriano, que geraram 1.207 antibiogramas. Também foram realizados 403 ensaios de concentração inibitória mínima e 165 testes de eficácia de desinfetantes.
Os resultados de isolamento das principais bactérias que acometem suínos encontram-se na Figura 1
É possível observar na figura 1, que as principais bactérias isoladas relacionadas ao sistema entérico foram a Escherichia coli e o Clostridium perfringens enquanto que para o sistema respiratório, Streptococcus suis e Actinobacillus pleuropneumoniae seguido da Pasteurella multocida.
O ensaio de antibiograma foi realizado pelo método de disco-difusão e a escolha dos antimicrobianos foi realizada pelo médico veterinário solicitante. Os resultados da frequência de resistência antimicrobiana das bactérias isoladas no laboratório CEDISA encontram-se nas Tabelas 1 e 2
1. Número de isolados das principais bactérias causadoras de doenças em suínos no ano de 2024.
Tabela 1 - Frequência de resistência antimicrobiana no ano de 2024 em isolados clínicos no – Laboratório CEDISA relacionados ao sistema respiratório de suínos.
Macrolideos, lincosamidas e estreptograminas
Nota: App = Actinobacillus pleuropneumoniae (n = 56); Gps = Glaesserella parasuis (n = 43); Pasteurella multocida (n = 58); Streptococcus suis (n = 150); NT = Não testado.
Para os agentes causadores de infecções respiratórias, destacam-se os altos percentuais de resistência para a maioria das classes de antimicrobianos dos isolados de Streptococcus suis e alta resistência às fluoroquinolonas dos isolados de Glaesserella parasuis.
O A. pleuropneumoniae apresentou maior resistência à oxitetraciclina. A P. multocida foi o agente que apresentou as maiores frequências de suscetibilidade, sendo a resistência máxima observada de 28,5% para enrofloxacina.
Já com relação aos agentes entéricos, observaram-se altas taxas de resistência das bactérias às tetraciclinas.
A menor taxa encontrada foi para o ceftiofur, variando de 6,7 a 22,7%.
C. perfringens e E. coli hemolítica apresentaram altas taxas de resistência perante às fluoroquinolonas e sulfonamidas. As bactérias Gram negativas apresentaram uma variação de 67,7 a 82,4% de
Tabela 2 - Frequência de resistência antimicrobiana no ano de 2024 em isolados clínicos no Laboratório CEDISA relacionados ao sistema entérico de suínos.
Classe Antimicrobiano
Clostridium perfringens (n = 88); Escherichia coli β hemolítica (n = 154) e não hemolítica (n = 313); Salmonella enterica (n = 30).
No setor de sorologia foram realizados 19.560 ensaios, com predominância nas análises de pesquisa de anticorpos para Actinobacillus pleuropneumoniae e Mycoplasma hyopneumoniae principalmente para monitoria de rebanhos.
Na tabela 3 constam os resultados de amostras encaminhadas para ensaios sorológicos para diagnóstico.
Tabela 3. Resultados sorológicos para Pesquisa de anticorpos em amostras de soro recebidas no Laboratório CEDISA no ano de 2024.
Em geral, os ensaios sorológicos na suinocultura são utilizados para o monitoramento da imunidade adquirida pelos animais após a vacinação, bem como, para a identificação precoce da circulação de determinado agente infeccioso na granja avaliada, em se tratando de granja considerada livre para o patógeno em questão.
Na área de reprodução foram realizados 6.043 ensaios de morfologia espermática, 1.151 ensaios de concentração do sêmen, 844 ensaios de motilidade espermática e 3.132 ensaios de isolamento bacteriano em amostras de sêmen.
Na área de biologia molecular, foram realizados 10.418 ensaios, sendo 9.796, para detecção dos principais patógenos que acometem a suinocultura industrial e 622 ensaios de tipificação, conforme a tabela 4.
O ensaio molecular com maior número de amostras, foi a detecção de Mycoplasma hyopneumoniae com 1.812 amostras, seguido de Brachyspira pilosicoli e Brachyspira hyodysenteriae.
Os ensaios de Detecção de M. hyopneumoniae, B. pilosicoli e B. hyodysenteriae são frequentemente solicitados por suspeita no envolvimento de casos clínicos, e também são doenças importantes de monitoramento para as empresas, como medida preventiva da entrada dessas enfermidades nas granjas.
Com relação ao percentual de positividade nas amostras dos ensaios moleculares, destaca-se a detecção de Pasteurella multocida, onde 68,48% das amostras recebidas tiveram resultado positivo, seguida de Glaesserella parasuis com 64,34% de positividade.
Ainda foi possível observar em comparação com o ano de 2023, que houve aumento na detecção de Leptospira spp. de 0,8% (2/237 amostras positivas) em 2023 para 3,37% (9/267 amostras) em 2024, e ainda Parvovírus teve um percentual de positividade de 0,35% em 2023 (1/282 amostras) e 13,87% (38/274 amostras) em 2024.
Sobre as tipificações realizadas pela técnica de PCR, destaca-se a análise de Identificação de Fímbrias e Toxinas de Escherichia coli com a predominância das toxinas termoestáveis Stb em 112 isolados e STa em 88.
Tabela 4. Resultados das análises de PCR das amostras para diagnóstico do Laboratório CEDISA no ano de 2024.
Tipificação de
Não tipificável
As fímbrias mais prevalentes foram a F18 em 33,6% e a F4 em 18,3% dos casos.
Na tipagem de Circovírus tipo 2 (PCV2), predominando o tipo PCV2d.
Para Actinobacillus pleuropneumoniae, o sorotipo 8 foi o mais prevalente (33,9%) seguido dos sorotipos 5 e 7.
Para Clostridium perfringens a predominância foi do tipo A beta 2 (87,9%).
No caso da Glaesserella parasuis o sorotipo 12 foi detectado em 61,2% das amostras.
Para Pasteurella multocida, 82,3% das amostras foram do tipo A.
01 02 04 05 06 07 08 03
Para Streptococcus suis 25% foram pertencentes ao sorotipo 9 e 18% ao sorotipo 2.
Por m, para subtipagem de In uenza suína, 57% das amostras foram classi cadas como H1N1.
No ano de 2024 foram realizados 1.475 exames histopatológicos e 192 ensaios de imuno-histoquímica.
Recentemente, o laboratório CEDISA, implantou a patologia digital, na qual a leitura dos tecidos é realizada a partir da digitalização da lâmina histológica utilizando-se o equipamento Aperio CS2.
A aquisição dessa tecnologia permite a realização de exames histopatológicos com maior acurácia e possibilita o compartilhamento de casos clínicos com especialistas da área para discussões e estudos.
Ainda, no ano de 2024, foi implantado o ensaio de Sequenciamento tipo Sanger para ORF2 do PCV2. A ORF2 é a região que codifica a proteína do capsídeo viral, sendo essa, a região mais variável da estrutura desse vírus e utilizada para classificação do genótipo.
A partir dos resultados dessa sequência, é possível construir uma árvore filogenética, que pode ser utilizada para identificar o genótipo do PCV2, determinar ancestrais comuns dessa cepa e estabelecer a relação evolutiva entre elas
Também é possível realizar uma análise de divergência com esses dados, podendo observar variações genéticas entre as cepas de uma mesma propriedade ou diferentes estabelecimentos.
Os dados obtidos pelo Laboratório
CEDISA no ano de 2024, auxiliam para estabelecer um panorama geral dos principais agentes envolvidos com as manifestações clínicas das doenças que acometem a suinocultura brasileira atualmente.
Casuística de exames laboratoriais para suinocultura em 2024
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Referências bibliográficas. Sob consulta aos autores.
Médico
Luís Rangel
Veterinário pela UFRGS
Mestre em
Agronomia com ênfase em Nutrição Animal pela USP
Como otimizar o desempenho dos leitões pós-desmame com proteínas funcionais?
Anutrição durante os estágios iniciais de crescimento é fundamental para garantir a saúde e o bem-estar dos leitões.
Em meio a uma realidade cada vez mais desafiadora, de redução de uso de antimicrobianos, matrizes hiperprolíficas produzindo maior
número de leitões desmamados com menor peso e outros obstáculos, os suinocultores têm enfrentado dificuldades no pós-desmame, o que pode resultar em perdas substanciais.
As proteínas funcionais do plasma (SDP) provaram ser uma ferramenta eficaz para mitigar esses problemas, promovendo o crescimento sustentável e reduzindo a incidência de doenças.
As doenças pós-desmame, especialmente a diarreia pósdesmame (DPD), representam uma das principais causas de perdas econômicas na produção de suínos.
Na Europa, as taxas de mortalidade relacionadas à DPD podem chegar em alguns casos de 20 a 30%, devido ao surgimento de cepas de E. coli resistentes a restrições aos tratamentos tradicionais como óxido de zinco e antibióticos.
A DPD não afeta apenas a sobrevivência dos leitões, mas também causa atraso no crescimento e custos elevados de tratamento, afetando diretamente a rentabilidade da granja.
A manutenção do fornecimento de proteínas funcionais do plasma durante o tempo necessário no pós-desmama é crucial para sua contribuição efetiva para o crescimento e a sobrevivência dos leitões, proporcionando benefícios que se estendem aos estágios subsequentes da vida dos animais.
Essas proteínas apoiam o sistema imune, aumentam a absorção de nutrientes e melhoram a saúde sistêmica geral, levando a um melhor ganho de peso e menores taxas de mortalidade. De acordo com um estudo recente, os suínos alimentados com dietas contendo SDP apresentaram uma melhora de 63% na sobrevivência em comparação com aqueles alimentados com proteína isolada de soja (PIS).
Neste estudo, os suínos foram inicialmente alimentados com dietas contendo 4,12% de PIS ou 5% de SDP por 21 dias após o desmame. No sétimo dia, todos os suínos, susceptíveis geneticamente à infecção por E. coli, foram desafiados com Escherichia coli enterotoxigênica F18 (ETEC).
É importante observar que nenhum antibiótico ou eletrólito foi administrado durante todo o estudo, o que pode explicar as altas taxas de mortalidade observadas.
Os resultados demonstraram que os suínos alimentados com SDP não tiveram somente taxas de sobrevivência mais elevadas, mas também apresentaram aproximadamente 1,5 kg a mais do que os alimentados com a PIS no 21º dia após o desmame.
A manutenção da inclusão de SDP na segunda dieta pós-desmame reforça ainda mais os benefícios observados na primeira fase. A continuidade no fornecimento dessas proteínas ajuda os suínos a manter a saúde intestinal ideal e um sistema imune resistente, permitindo um crescimento contínuo e sustentável.
Pesquisas ressaltam os importantes benefícios do fornecimento das proteínas funcionais do plasma de forma sustentada nas primeiras 3 a 4 semanas pós-desmame, demonstrando melhores taxas de sobrevivência, maior crescimento – e menor carga patogênica em suínos desmamados.
Ao manter a inclusão de SDP durante as 3 primeiras dietas de creche, os produtores podem ajudar a desenvolver sistemas imunes mais robustos e uma melhor absorção de nutrientes, resultando em animais mais resistentes e saudáveis. O uso estratégico de proteínas funcionais do plasma oferece uma solução sustentável para aprimorar o desenvolvimento dos leitões e a eficiência geral da granja.
Como otimizar o desempenho dos leitões pós-desmame com proteínas funcionais?
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Referências bibliográficas Sob consulta ao autor.
Jaira de Oliveira, Ismael França, Danilo Alves Marçal, Luciano Hauschild Laboratório de Estudos em Suinocultura Unesp FCAV. Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp Câmpus Jaboticabal.
Os avanços no melhoramento genético, nutrição, ambiência e sanidade proporcionaram uma melhoria na produtividade das matrizes suínas no decorrer dos anos, tornando as fêmeas cada vez mais prolíferas.
O aumento no número de leitões nascidos por parto tem gerado consequências para as fêmeas suínas, como:
Aumento do crescimento fetal total no final da gestação
Prolongamento da duração do parto
Aumento da demanda de leite pelos leitões associado a uma limitação fisiológica na produção de colostro e leite pela matriz.
A ocorrência de partos cada vez mais longos implica em maiores desafios na sobrevivência e vitalidade dos leitões ao nascer, estando associado a um consequente aumento do número de natimortos (pré ou intraparto).
Além disso, há um risco para a saúde reprodutiva das fêmeas para os próximos ciclos associados a ocorrência de partos longos, uma vez que o ambiente uterino fica exposto à contaminação por mais tempo (BORTOLOZZO et al., 2023).
O aumento do fornecimento de energia na ração é uma estratégia nutricional comumente observada ao final da gestação, visando fornecer energia suficiente para o desenvolvimento fetal e garantindo acúmulo de reservas corporais da fêmea para o período de lactação.
Contudo, esse modelo de dieta geralmente está associado a uma menor concentração de fibra dietética (OLIVIERO et al., 2009). Nesse sentido, estudos já demonstraram que uma diminuição no teor de fibra na alimentação de fêmeas suínas gestantes tem efeitos negativos sobre o comportamento, a motilidade intestinal e o desempenho dos leitões.
A constipação ou presença de excesso de material fecal no cólon pode resultar na oclusão parcial do canal de parto, podendo gerar quadros de distocia e, por consequência, aumento na duração do parto.
Além disso, outro aspecto importante relacionado aos programas nutricionais adotados para fêmeas suínas gestantes é que mesmo atendendo às exigências energéticas, ao longo da gestação o volume de ração fornecido é baixo quando comparado ao potencial de consumo voluntário das fêmeas (D'EATH et al., 2009).
Essa é uma prática que expõe os animais ao risco de entrarem, recorrentemente, em um estado de fome ao longo de todo período de gestação, uma vez que no Brasil essas dietas são concentradas e formuladas a base de cereais e grãos com baixo teor de fibra (D'EATH et al., 2009).
Na União Europeia, a fome crônica de fêmeas gestantes é um assunto discutido como uma questão central de bem-estar animal, sendo que o fornecimento de alimentos ricos em fibra com objetivo de aumentar a saciedade deve ser realizado pelos suinocultores (JENSEN et al., 2015).
As fibras dietéticas são carboidratos que englobam compostos como:
Hemiceluloses
β-glucanos de ligação mista
Pectinas
Polissacarídeos não amiláceos
Oligossacarídeos não digeríveis
Gomas e mucilagens
Lignina
Amido resistente
Os suínos não apresentam enzimas endógenas para digerir esses compostos. Devido à extensa quantidade de características que as fibras podem ter, as mesmas podem ser classificadas de acordo com a origem, composição química e propriedades físico-químicas, além de subcategorizações adicionais baseadas no grau de polimerização (LA TORRE et al., 2021).
Dentre seus efeitos no metabolismo, a fibra alimentar pode regular o apetite, melhorar as respostas glicêmicas e lipídicas, regular o colesterol plasmático limitando a absorção de sais biliares, melhorar a função digestiva e regular a digestão e absorção de nutrientes (HAN et al., 2023).
Apesar dos benefícios da inclusão de fibras na dieta serem amplamente conhecidos, a escolha da fonte de fibra é essencial para o sucesso da sua utilização, pois certos alimentos fibrosos podem ser mais suscetíveis ao desenvolvimento de micotoxinas do que outros.
As micotoxinas são metabólitos secundários tóxicos produzidos por vários fungos, como Aspergillus, Penicillium e Fusarium, que podem contaminar alimentos e rações em todas as fases da cadeia produtiva (PIERRON et al., 2016).
Os suínos são animais sensíveis às micotoxinas, e principalmente durante a fase reprodutiva, os efeitos prejudiciais à saúde são exacerbados.
Nesse contexto fontes de fibras solúveis, por se tratar de fontes tradicionalmente oriundas de cereais de inverno no Brasil, apresentam um maior risco de contaminação do que as fontes insolúveis.
Assim, a inclusão de fontes de fibra insolúvel torna-se uma ferramenta nutricional importante para melhorar o estado de saciedade, diminuir a ocorrência de constipação e melhorar a cinética de parto, devido às suas características físico-químicas e baixo risco de contaminação.
saciação, na saciedade e no comportamento em fêmeas
Para compreender como a fibra insolúvel pode mitigar a fome da fêmea suína gestante é necessário a diferenciação de dois termos: a saciação e a saciedade.
O primeiro (saciação) consiste no processo que leva à interrupção da alimentação, que pode ser acompanhado por uma sensação de satisfação, ou seja, reconhecimento do processo de alimentação, sensação a curto prazo.
O segundo (saciedade), é a sensação de que persiste após a ingestão de alimento, suprimindo a ingestão adicional de energia até que a fome retorne, ou seja, a sensação prolongada de satisfação (D’EATH et al., 2018).
Esse processo (Figura 1) pode ser dividido em diferentes estágios (sensorial, cognitivo, pósingestivo e pós-absortivo) que são influenciados diretamente pela quantidade, composição e características do alimento a ser ingerido (BENELAM, 2009).
SensorialCongnitivo Pós-absortivo Pós-ingestão
Início
Final
Figura 1. Modelo da cascata da saciedade proposto por Blundell et al. 1987
Assim como nos humanos, o primeiro estágio é sensorial. A ingestão de alimento pelos animais é influenciada pela textura, sabor, cheiro e outros aspectos dos alimentos. Na sequência, após a ingestão, quando o alimento chega ao estômago, inicia-se a fase pós-ingestiva.
Com a distensão do estômago o organismo, que possui uma complexa rede de comunicação e reconhecimento da alimentação, envia sinais ao cérebro, iniciando o processo de saciação.
O processo de digestão então é iniciado e continua quando o bolo alimentar chega ao intestino. Nesse momento, os hormônios que promovem a saciação e a saciedade são liberados no intestino.
Na fase pós-absortiva, os nutrientes e o status do processo de digestão são detectados por receptores em vários locais do corpo, incluindo o cérebro, fornecendo informações sobre o estado nutricional do animal, caracterizando o estado de saciedade (BENELAM, 2009).
De maneira geral, assumimos na nutrição que os animais se alimentam para atingir um objetivo nutricional de sobrevivência e desenvolvimento.
Esse cenário pode ser observado em granjas de produção intensiva de suínos por todo o mundo, e a inclusão de fibra nas dietas durante a gestação é capaz de aumentar a saciedade pós-prandial como consequência do atraso no esvaziamento gástrico, enchimento intestinal e influência nos metabólitos e hormônios plasmáticos (JENSEN et al., 2015; HUANG et al., 2020).
Desse modo, sentir fome tem um valor adaptativo importante, entretanto, a motivação alimentar do animal, irá variar de acordo com os fatores internos inerentes ao próprio animal, como o seu estado nutricional e com fatores externos, como padrão de alimentação, disponibilidade e características do alimento.
Quando essa motivação alimentar é exacerbada ou frustrada o animal pode redirecionar essa motivação e desenvolver comportamentos anormais, como por exemplo, brigas e estereotipias (D’EATH et al., 2018).
Sob o comportamento alimentar, especificamente, a inclusão da fibra pode aumentar o tempo necessário para alimentação, mesmo com uma ingestão de nutrientes e energia semelhante a dietas mais concentradas.
Caro leitor, na segunda parte deste artigo vamos aprofundar um tema essencial: "Constipação: impactos na fêmea gestante e desempenho dos leitões". Você verá como esse problema pode afetar a saúde das matrizes e comprometer o desenvolvimento dos leitões, além de estratégias para prevenção e manejo eficiente.
A fibra insolúvel na dieta da fêmea suína gestante como estratégia para mitigação da fome e garantia do desempenho – PARTE I BAIXAR EM PDF
Cleison de Souza
Serviço Técnico - Elanco
Anutrição das porcas durante o ciclo reprodutivo é um fator determinante para a saúde dos leitões e a eficiência produtiva na suinocultura.
Diversas estratégias são realizadas neste sentido e, este artigo trará os principais benefícios do uso de um Aditivo Tecnológico inovador para a suinocultura, bem como a sua contribuição para a melhoria dos índices produtivos das granjas.
Mineral Bioativo é um aditivo natural rico em minerais com propriedades antimicrobianas e estudos têm destacado o seu uso na ração animal como uma solução para:
Melhorar a saúde intestinal das porcas
Reduzir a mortalidade
Aumentar o número de leitões nascidos vivos e
Otimizar o desempenho da progênie.
Neste artigo, abordaremos os principais benefícios dos minerais bioativos na suinocultura e como eles podem contribuir para a melhoria dos índices produtivos das granjas.
O uso do Mineral Bioativo resulta em dois principais efeitos: um direto e outro indireto.
O efeito direto ocorre no trato gastrointestinal das porcas. Quando um mineral bioativo se dissolve em um meio aquoso ácido (como o do trato gástrico) ocorre a liberação de íons Fe2+, Fe3+ e Al3+. A hidrólise e a liberação dos íons Fe3+ e Al3+ ajudam a manter o ambiente levemente mais ácido.
O aumento da concentração desses íons leva à precipitação de ferro e alumínio na superfície bacteriana, causando a alteração do dobramento e oxidação das proteínas da membrana pela produção de peróxido de hidrogênio, o que resulta na instabilidade da membrana bacteriana.
Após cerca de uma hora, esse ferro precipitado começa a penetrar desordenadamente na bactéria junto com o peróxido de hidrogênio. Dentro da célula, o peróxido de hidrogênio reage com o excesso de ferro, causando a oxidação das proteínas e danos ao DNA bacteriano, levando à destruição da bactéria.
Já o efeito indireto ocorre pela melhora do status oxidativo da porca. A ovulação, gestação e lactação são exemplos de períodos que impõem um estresse oxidativo significativo, impactando a taxa de sobrevivência do embrião, espessamento do muco uterino, afetando a nidação dos embriões.
Além disso, o estresse oxidativo também é influenciado pela exposição a metabólitos secundários da microbiota intestinal.
O Mineral Bioativo favorece a modulação da microbiota intestinal, reduzindo metabólitos secundários associados ao estresse oxidativo e promovendo a expressão de enzimas antioxidantes, como a superóxido dismutase (SOD) e a glutationa peroxidase (GPX).
Esse mecanismo melhora a saúde uterina, favorecendo a fertilidade e o desenvolvimento embrionário.
A mortalidade de porcas em sistemas de produção suína representa um desafio significativo para a sustentabilidade e a eficiência das granjas. A morte das matrizes suínas pode ser causada por uma combinação de fatores genéticos, ambientais e de manejo.
A saúde e a longevidade das porcas são comprometidas por diversos problemas, entre eles:
Problemas reprodutivos, como prolapso uterino, falha reprodutiva e infecções uterinas;
Doenças infecciosas crônicas, a exemplo da pleuropneumonia suína e da doença de Glässer;
Doenças osteoarticulares, que afetam a mobilidade e o bem-estar;
Doenças cardiovasculares, que podem comprometer a circulação e a função cardíaca;
Distúrbios metabólicos, que interferem no equilíbrio fisiológico e na produtividade
Ainda o estresse térmico, manejo inadequado, nutrição deficiente e práticas reprodutivas mal conduzidas aumentam os riscos de complicações fatais.
O estresse oxidativo também desempenha um papel significativo na saúde das matrizes. O acúmulo de radicais livres pode danificar células e tecidos, comprometendo processos metabólicos essenciais.
Esse estresse crônico pode resultar em inflamação sistêmica, prejudicando a capacidade de defesa do organismo e acelerando o envelhecimento celular, o que, por sua vez, afeta diretamente a longevidade e a produtividade das fêmeas.
A capacidade do Mineral Bioativo modular a microbiota intestinal ajuda a combater bactérias patogênicas, prevenindo infecções que poderiam comprometer a saúde dos animais, promovendo a integridade intestinal.
O Mineral Bioativo colabora para a redução da mortalidade de porcas por meio de diferentes mecanismos (Figura 1).
Mortalidade de matrizes suínas
<0,05
Mineral Bioativo Com Mineral Bioativo Porcas em lactação (%)
O seu uso na dieta aumenta a α-diversidade e a proporção de bactérias benéficas, como Bifidobacterium, Lactobacillus, Prevotella e Ruminococcus, favorecendo uma microbiota intestinal mais diversificada e saudável.
Ao modular a microbiota intestinal, o Mineral Bioativo contribui para a redução do estresse oxidativo, pois influencia os metabólitos produzidos pela microbiota, especialmente a concentração de ácidos biliares secundários.
Além disso, impacta na virulência dos patógenos no sistema digestivo, reduzindo sua capacidade de colonização e de perturbação do ambiente intestinal, diminuindo a inflamação intestinal.
Dessa forma, há um melhor controle das principais causas da produção de radicais livres do trato gastrointestinal, minimizando os danos celulares e fortalecendo a resistência das porcas a desafios ambientais e metabólicos.
A fertilidade das porcas é um dos principais fatores determinantes da rentabilidade na produção suinícola. As mudanças na microbiota causadas pelo Mineral Bioativo melhoram o status oxidativo da porca, pois o trato gastrointestinal é um dos principais locais de produção de espécies reativas.
O uso do Mineral Bioativo contribui significativamente para a qualidade dos leitões ao promover uma série de benefícios. Matrizes suplementadas com Mineral Bioativo apresentam uma maior produção de colostro/ leite, garantindo melhor nutrição para os leitões. Isso resulta em animais mais vigorosos, com maior taxa de sobrevivência, já que a imunidade passiva transferida pela porca é fortalecida.
Promovendo a diminuição do estresse oxidativo na gestação, um período caracterizado por alta atividade metabólica da placenta.
Isso leva à redução da concentração de citocinas embriotóxicas no trato reprodutivo, minimizando a morte embrionária pré e pós-implantação. Além disso, a menor presença de radicais livres impede o espessamento excessivo da camada de muco uterino, facilitando a nidação dos embriões e aumentando a taxa de nascimentos.
O sucesso na criação de suínos vai além da quantidade de leitões nascidos vivos, é essencial garantir um bom desempenho nas fases iniciais de crescimento.
Além disso, a suplementação favorece o equilíbrio da microbiota intestinal desde a gestação até a lactação, minimizando a ocorrência de doenças digestivas e contribuindo para um crescimento mais saudável.
Dessa forma, o uso do Mineral Bioativo promove o ganho de peso dos leitões de maneira eficiente, reduzindo a necessidade de intervenções veterinárias e potencializando o desempenho na fase inicial da suinocultura (Figura 2).
P = 0,052
Sem Mineral Bioativo 2,25b Com Mineral Bioativo 2,48a
Figura 2. Ganho de peso diário de leitegada (Kg/leitegada/dia) de porcas suplementadas ou não com Mineral Bioativo. Fonte: Elanco Animal Health. Data On File.
01
02
Melhoria na Qualidade dos Leitões:
Aumento da viabilidade embrionária e melhor desenvolvimento dos leitões devido à redução do estresse oxidativo.
Aumento da Taxa de Desmame:
Maior número de leitões desmamados, mesmo sem alterações signi cativas no total de nascidos vivos em leitegadas grandes (≥15 leitões).
03
Redução da Mortalidade:
Menos perdas durante a gestação e menor mortalidade em porcas, associadas à melhora na produção de leite.
Melhoria na Microbiota Intestinal: 04
05
Desempenho Superior da Leitegada:
Ganho médio diário de peso da leitegada.
A inclusão de um Mineral Bioativo na alimentação de porcas é uma estratégia eficaz para melhorar a saúde intestinal, reduzir a mortalidade, aumentar o número de leitões nascidos vivos e otimizar o desempenho produtivo, promovendo maior bemestar animal nas granjas.
O uso de produtos que combatem bactérias patogênicas e reduzem o estresse oxidativo pode ser uma abordagem inovadora e eficaz para melhorar a saúde e a longevidade das matrizes suínas.
A combinação da ação antimicrobiana e suporte antioxidante do Mineral Bioativo ajuda a fortalecer o organismo das porcas, melhorando a eficiência produtiva e promovendo maior bem-estar animal dentro das granjas.
Favorece a microbiota fermentadora de bras, promovendo melhor digestão e saúde intestinal.
Para mais detalhes sobre o uso e benefícios de um aditivo tecnológico inovador na suinocultura, entre em contato com a Equipe da Elanco.
Efeito de um Mineral Bioativo na Dieta de Porcas e seu Impacto no Desempenho da Leitegada
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O poder da nutrição na viabilidade e sustentabilidade da produção.
Everton Luís Krabbe
Embrapa Suínos e Aves
Sustentabilidade: há diferentes compreensões em relação ao que é sustentabilidade
A sustentabilidade na suinocultura abrange diversos aspectos, desde o manejo ambiental adequado até a viabilidade econômica e o bem-estar animal.
É um conceito holístico que exige a consideração de múltiplos indicadores para garantir que as práticas adotadas sejam benéficas não só para a produção, mas também para a sociedade e o meio ambiente.
A suinocultura precisa compreender que o desenvolvimento de um protocolo brasileiro de sustentabilidade é um movimento importante e imprescindível que deve ser realizado e, assim, sair da mera narrativa da sustentabilidade.
É necessário mostrar, mergulhar em cada um dos indicadores de sustentabilidade da suinocultura brasileira. Ao final, gerando um indicador mensurável e auditável e, mais, comparável com outras realidades dentro e fora do país.
Também, é importante frisar que um protocolo de sustentabilidade não tem como propósito tornar a produção de suínos mais complexa.
O objetivo é gerar indicadores em suas diferentes áreas e assim permitir uma análise, podendo assim, ser observado onde as práticas são positivas (sustentáveis) e onde existem oportunidades para melhorar o desempenho em prol da sustentabilidade.
Portanto, permite um diagnóstico do momento e que permitirá identificar oportunidades de tomada de ações. Melhorias que, se implementadas, poderão otimizar os resultados da atividade.
Fundamental lembrar que uma das áreas de análise da sustentabilidade é o aspecto econômico da produção.
Portanto, deduz-se que, se porventura indicadores econômicos não sugerem uma atividade sustentável, obviamente ações que aprimorem estes indicadores serão necessários, uma vez que aquilo que não é sustentável economicamente, inevitavelmente levará ao final da atividade.
A relevância crescente da sustentabilidade para empresas e consumidores
Nos últimos anos, o tema da sustentabilidade tem ganhado uma importância sem precedentes nas agendas corporativas e nas mentes dos consumidores ao redor do mundo.
Esse movimento reflete uma crescente consciência sobre a necessidade de práticas empresariais mais responsáveis e alinhadas com a preservação do meio ambiente, bem como um compromisso com o bem-estar social e econômico.
Cada vez mais, empresas de diversos setores estão incorporando a sustentabilidade em seus relatórios anuais.
Essa prática não apenas demonstra transparência e responsabilidade, mas também atende às expectativas de um mercado que valoriza a ética e a responsabilidade socioambiental.
Relatórios de sustentabilidade detalham ações e resultados em áreas como:
Paralelamente ao aumento da transparência corporativa, os consumidores estão se tornando cada vez mais conscientes e seletivos em relação aos produtos que compram e às empresas que apoiam.
As novas gerações, em particular, estão na vanguarda deste movimento. Millenials e a geração Z, por exemplo, são conhecidos por sua preferência por marcas que demonstram um claro compromisso com a sustentabilidade.
Essa conscientização reflete nas decisões de compra, onde os jovens consumidores estão dispostos a pagar um prêmio por produtos que são produzidos de forma sustentável.
Apoio a comunidades locais
Esses relatórios são ferramentas cruciais para a comunicação com investidores, consumidores e outras partes interessadas, mostrando o compromisso da empresa com práticas que não degradam o meio ambiente nem exploram injustamente as pessoas.
Iniciativas como essas não só melhoram a imagem da empresa, mas também, frequentemente, resultam em vantagens competitivas e comerciais.
Eles questionam a origem dos alimentos, as condições de trabalho nas fábricas e o impacto ambiental das práticas de produção. As empresas que não se adaptam a essas expectativas correm o risco de perder relevância no mercado.
A crescente demanda por práticas sustentáveis está forçando mudanças em toda a cadeia de produção.
Desde a agricultura e pecuária até a manufatura e distribuição, as empresas estão sendo incentivadas a adotar métodos que minimizem o impacto ambiental e maximizem o bem-estar social. Isso inclui práticas como:
Agricultura regenerativa Redução do uso de plásticos
Implementação de energias renováveis e
Promoção de condições de trabalho justas
Além disso, certificações e selos de sustentabilidade estão se tornando um fator decisivo na escolha dos consumidores. Selos como Fair Trade, Rainforest Alliance e os de produção orgânica são altamente valorizados e podem influenciar significativamente as decisões de compra.
Esse movimento em direção à sustentabilidade não é apenas uma tendência passageira, mas sim uma mudança fundamental na forma como os negócios são conduzidos e como os consumidores interagem com as marcas.
Em suma, a sustentabilidade deixou de ser uma opção e se tornou uma necessidade imperativa para as empresas que desejam prosperar no mercado. Os relatórios anuais de sustentabilidade e a consciência crescente das novas gerações são evidências claras de que práticas empresariais responsáveis são o caminho a seguir.
A preferência por práticas sustentáveis está moldando o futuro dos negócios e criando um ambiente onde a ética e a responsabilidade são tão valorizadas quanto a lucratividade.
Então, quais os parâmetros que devem ou podem compor um protocolo de sustentabilidade da suinocultura?
Quando nos baseamos em protocolos já existentes, observa-se que um grande número de indicadores são apresentados. Nem sempre a relevância de cada um destes é igualmente importante ou prioritária.
Por isso, um dos caminhos para a implantação de um protocolo de sustentabilidade pode ser um protocolo implantado por etapas, com uma versão inicial mínima, focada nos indicadores de maior relevância, e futuramente uma versão de protocolo mais completo, com um conjunto maior de indicadores.
Uma forma prática de estabelecer o conjunto de indicadores e métricas para a suinocultura é estruturar um modelo mental que consiste em quatro grandes dimensões (áreas): Meio ambiente, Social, Animal e Econômico.
Imagem 1. As quatro dimensões que compõe um protocolo de sustentabilidade
Dentro de cada uma destas dimensões, um conjunto de indicadores pode ser aplicado.
Não perca a segunda parte do artigo "Construindo um Protocolo de Sustentabilidade para a Suinocultura Brasileira"!
Nesta continuação, o autor apresentará os principais parâmetros que devem ou podem compor um protocolo de sustentabilidade para a suinocultura, abordando aspectos ambientais, sociais e econômicos essenciais para um setor mais responsável e eficiente.
Acompanhe e descubra como a sustentabilidade pode transformar a suinocultura brasileira!
Construindo um protocolo de sustentabilidade para a suinocultura brasileira - Parte I BAIXAR EM PDF
Clarice Speridião Silva Neta
Consultora de Serviços Técnicos - Agroceres Multimix
Aamostragem é uma etapa crítica na análise de um produto acabado, com impacto direto na confiabilidade dos resultados obtidos. Apesar de sua aparente simplicidade, a coleta da amostra deve seguir rigorosos critérios metodológicos para assegurar representatividade e precisão dos dados.
A etapa inicial do controle de qualidade é a amostragem, essencial para assegurar a confiabilidade dos resultados da análise. O princípio fundamental consiste em garantir que uma pequena fração represente fielmente o material total a ser examinado.
Para isso, é crucial utilizar equipamentos adequados para cada tipo de ingrediente ou produto, além de verificar se a amostra está no estado sólido ou líquido.
Antes de começar a coleta da amostra, é essencial seguir algumas regras para garantir segurança e higiene. Veja quais são:
Se tiver barba ou bigode, cubra-os com uma máscara;
02. Use luvas sempre que houver risco no manuseio da matéria-prima;
Remova acessórios como anéis, relógios e pulseiras;
Passe pelo pedilúvio (um tapete ou bandeja com solução de limpeza) para higienizar os sapatos e evitar a contaminação dos materiais;
Utilize botas plásticas ou protetores para os pés.
Para produtos ensacados é recomendado a utilização de um calador simples. A sacaria deverá ser perfurada em um ângulo de 30º, ou seja, o calador deverá ser inserido inclinado, em movimentos giratórios e em profundidade (Figura 1).
1. Calador simples (Esquerda) e demonstração de coleta (Direita). Fonte: Adaptado de Couto (2008).
Para ingredientes ou produtos acabados a granel, é aconselhável utilizar um calador composto. O procedimento envolve a retirada de pequenas amostras em diferentes pontos da carga, alcançando uma profundidade de até dois metros. O calador pode ser inserido tanto na posição vertical quanto inclinada.
O responsável pela coleta deve introduzi-lo fechado até o fundo do veículo, abrir girando a extremidade e, em seguida, despejar a amostra em um balde ao inverter sua posição (Figura 2).
2.
Vale salientar a importância da aleatorização na coleta de amostras no caminhão. A Figura 3, baseada na carga em toneladas, demonstra o número de pontos a serem amostrados:
Capacidade: até 15 toneladas
Capacidade: 15 a 30 toneladas
Capacidade: Acima de 30 toneladas
Figura 3. Amostragem em veículos graneleiros, de acordo com a capacidade. Fonte: Adaptado de Couto (2008).
Caso a carga seja recebida em big bag, segue recomendação para coleta:
Tabela 1. Valores recomendados para cargas em big bag
Número de big bag na carga Número de big bag amostrados
Até 10 toneladas 5
De 11 a 20 toneladas 7
Acima de 20 toneladas 10
Para ingredientes à granel que são estocados em silos, é recomendado o uso de sonda de profundidade ou torpedo. Indicado para amostras em profundidades de até seis metros e que tenham, no mínimo, cinco a oito pontos de coleta de amostras (Figura 4)
Pontos Amostrados
Superfícies da Massa de Grãos
Figura 4. Pontos a serem amostrados em silos. Fonte: Adaptado de Couto (2008).
O caneco tipo pelicano é indicado para a coleta de amostras em cargas em movimento, como em dutos de descarga, esteiras e bicas de carreta.
Além dos caladores e sondas manuais, há equipamentos mais avançados, como o sistema pneumático, que permite a extração de amostras em grandes profundidades por meio de ar comprimido.
Caso não haja equipamentos específicos, como o calador, a amostragem deve ser feita coletando-se material de vários pontos distintos, formando uma amostra representativa (pool). A escolha aleatória dos pontos de coleta é um princípio essencial para garantir a confiabilidade e a representatividade do processo.
Figura 5. Amostrador de líquidos tipo bomba. Fonte: Adaptado de Couto (2008).
Para ingredientes líquidos, recomenda-se o usodo tipo bomba (Figura 5).
É importante que sejam amostradas as partes superior, intermediária e inferior, pois há o risco de segregação dos componentes. Amostras líquidas devem ser coletadas em garrafas bem vedadas, evitando extravasamento e comprometimento da análise.
A quantidade apropriada de amostra para análise pode variar significativamente. É muito comum o recebimento de amostras que variam de 50g até mais de 1kg. No entanto, dependendo dos ensaios solicitados, essa quantidade pode ser insuficiente ou desnecessária.
Para análises de proteína bruta, matéria seca, extrato etéreo, matéria mineral, cálcio e fósforo, recomenda-se o envio de 500 gramas, garantindo a viabilidade e a representatividade dos testes laboratoriais.
Para a realização das análises do coeficiente de variação (CV) da mistura, é obrigatório o envio de 10 amostras representativas, coletadas em diferentes pontos ao longo do processo produtivo de um mesmo lote/batida. Cada amostra deve conter, no mínimo, 500 gramas para garantir a precisão e acurácia dos resultados.
A correta identificação das amostras é essencial, devendo ser acompanhada do máximo de informações possíveis, preferencialmente registradas na ficha de coleta, garantindo a correspondência exata entre a amostra e os dados fornecidos. Algumas sugestões:
Nome do cliente;
Identi cação da amostra (milho, farelo de soja, ração, concentrado, núcleo, premix, etc);
Data de coleta;
Espécie/Fase;
Fabricante/Fornecedor;
Cidade do Fabricante/Fornecedor;
Lote; Componentes a serem analisados;
Observações.
As amostras recebidas variam desde materiais acondicionados em sacos de papel até aquelas enviadas em embalagens plásticas.
Embora o ideal seja a utilização exclusiva das embalagens plásticas ou aquelas padronizadas pelo laboratório em questão, reconhece-se que essa prática pode não ser viável em todos os casos.
Portanto, recomenda-se que as amostras sejam acondicionadas, no mínimo, em sacos plásticos impermeáveis e devidamente vedados antes do envio.
O uso de embalagens inadequadas, como sacos plásticos de baixa resistência, pode comprometer a integridade da amostra, resultando em perdas ou contaminações durante o transporte.
Considerando que todas as etapas supracitadas foram realizadas corretamente, quais os possíveis resultados obtidos?
O coeficiente de mistura de ração na nutrição de suínos é um indicador da homogeneidade da mistura dos ingredientes na ração, garantindo que cada porção forneça a mesma quantidade de nutrientes aos animais.
Esse coeficiente é essencial para assegurar a uniformidade na alimentação, prevenindo deficiências ou excessos nutricionais que podem afetar o desempenho dos suínos.
Ele é medido por meio de análises laboratoriais, geralmente utilizando marcadores como sódio ou neste caso, o fósforo para avaliar a variação da concentração dos componentes ao longo da mistura.
Valores mais baixos de variação indicam uma mistura mais homogênea, enquanto valores altos sugerem a necessidade de ajustes no processo.
Um coeficiente de variação (CV) inferior a 10% é considerado adequado para rações bem misturadas, garantindo a nutrição equilibrada.
No gráfico 1 é possível observar o coeficiente de variação de algumas rações tanto na forma farelada quanto peletizada, baseadas no nutriente fósforo.
Ração Inicial 2 Ração Reprodutor Farelada Peletizada
Gráfico 1. Coeficiente de variação de rações na forma farelada e peletizada em diferentes fases de criação de suínos. Fonte: Dados Agroceres Multimix*
Os coeficientes de mistura foram obtidos de amostras coletadas conforme a recomendação supracitada. Os resultados indicam que, o fato de as coletas terem sido feitas de forma sistemática, permitiu ganhos satisfatórios nos resultados de CV assim como no teor de fósforo.
Ainda que elas tenham sido submetidas ao processo de peletização, os resultados são ainda mais consistentes, evidenciando a homogeneidade de mistura, o benefício da peletização e, consequentemente, equilíbrio entre o formulado e o analisado.
Uma amostragem adequada é essencial para garantir a precisão dos resultados analíticos, pois assegura que a porção coletada represente fielmente o material total.
A escolha correta dos equipamentos, a definição de pontos estratégicos de coleta e a aplicação de técnicas apropriadas minimizam erros e variações, reduzindo o risco de resultados inconsistentes.
Além disso, a randomização e a padronização do processo são fundamentais para evitar segregações e viabilizar análises confiáveis. Assim, um procedimento de amostragem bem planejado contribui diretamente para a qualidade dos produtos e a tomada de decisões assertivas com base nos dados obtidos.
Como uma amostragem adequada pode garantir uma melhor acurácia analítica?
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Referências bibliográficas. Sob consulta à autora.
Pedro E. Urriola
Professor Associado no Departamento de Zootecnia da Universidade de Minnesota
1
A disseminação de patógenos através da ração é de grande relevância para a indústria de nutrição animal. Neste contexto, pesquisadores têm concentrado seus esforços em demonstrar a capacidade de sobrevivência de vírus em ingredientes, dietas completas e superfícies relacionadas à produção e distribuição de rações balanceadas.
2
A análise de risco é uma ferramenta essencial que permite a avaliação qualitativa e quantitativa do risco de propagação de doenças em situações predefinidas.
No campo da segurança alimentar, é essencial realizar avaliações e gerenciamento de riscos para garantir a segurança dos alimentos que consumimos.
3
Desenvolvemos um modelo quantitativo de avaliação de risco para ser usado como base para estimar o risco de PSA entrar nos EUA e em outros países livres da doença por meio de outros tipos de importações de ingredientes para ração suscetíveis à contaminação.
Poderia ser aplicado no desenvolvimento de estratégias para mitigar riscos e estabelecer pontos críticos de controle com a finalidade de inativar o vírus da PSA durante os processos de produção, armazenamento e transporte de ingredientes alimentícios.
4
Uma abordagem equilibrada e baseada em riscos fornece uma estrutura robusta para gerenciar com eficiência a segurança alimentar e a saúde animal, garantindo assim resultados positivos em termos de prevenção de doenças e otimização da produção.
Prevenir a transmissão da Peste Suína Africana (PSA) é um dos principais desafios mundiais para veterinários.
Em países onde esta doença é endêmica, ela causou inúmeras perdas aos produtores de suínos e piorou a segurança alimentar.
Embora existam várias rotas de transmissão de doenças infecciosas como a PSA, a rota de transmissão transmitida pela ração é crucial para a indústria de rações (Shurson et al., 2022).
Nesse sentido, pesquisadores têm focado sua atenção em demonstrar a sobrevivência do vírus da PSA em ingredientes, dietas completas e superfícies envolvidas na produção e distribuição de alimentos balanceados (Dee et al., 2018).
Embora esses experimentos demonstrem a sobrevivência do vírus em condições simuladas de laboratório, ainda não há evidências que sustentem a transmissão real do vírus por alimentos ou uma quantificação da frequência com que essa transmissão ocorre.
Portanto, o objetivo deste artigo é descrever esforços recentes para quantificar o risco de transmissão de PSA em ingredientes destinados à dieta de suínos, importados ou produzidos nos EUA.
A análise de risco é uma ferramenta fundamental que permite uma avaliação semiquantitativa e quantitativa do risco de transmissão de doenças em cenários prédeterminados (OMS, 2002).
Nesse sentido, o termo “perigo” refere-se à capacidade de uma ação ou evento causar dano.
“Risco” é definido como a probabilidade de ocorrência de um evento prejudicial.
É essencial destacar isso, pois grande parte da literatura sobre a sobrevivência de vírus, como a PSA em alimentos, não quantifica a probabilidade de ocorrência do evento em questão.
Disponível em:
O exemplo a seguir ilustra a diferença entre risco e perigo no contexto da segurança alimentar:
Foi confirmado que o vírus da PSA pode sobreviver, quando introduzido experimentalmente, em certos ingredientes de ração sob condições ambientais que simulam o transporte transoceânico (Schambow et al., 2022).
Bactérias patogênicas em carne crua. Imagine que você tem carne crua na sua cozinha que contém bactérias nocivas como a Salmonella. Essas bactérias têm a capacidade de causar doenças se consumidas.
Probabilidade de doença pelo consumo de carne crua contaminada. Se você decidir cozinhar a carne em uma temperatura segura antes de comêla, o risco de ficar doente por causa de bactérias presentes na carne será significativamente reduzido.
Na segurança alimentar, é crucial avaliar e gerenciar tanto os perigos quanto os riscos para garantir a segurança dos alimentos que consumimos.
Entretanto, esses modelos não abordaram a probabilidade de sobrevivência do vírus em diferentes intervalos de tempo e em várias temperaturas às quais os ingredientes da ração são expostos antes de serem incorporados às dietas suínas.
Neste contexto, desenvolvemos um modelo quantitativo de avaliação de risco para estimar a probabilidade de que um ou mais navios oceânicos transportando milho ou farelo de soja (25.000 toneladas) contaminados com PSA sejam importados para os EUA anualmente, usando a seguinte equação:
pPPA = [p0 × (1 − p1) + (p0 × p1 × pR) + (1 − p0) × pR] × (1 − p2) × (1 − p3)
Em que:
pPPA é a probabilidade de importação do vírus da PSA em uma ou mais embarcações oceânicas.
p0 é a probabilidade de contaminação inicial pelo vírus da PSA.
p1 é a probabilidade de inativação do vírus durante o processamento.
pR é a probabilidade de recontaminação de alimentos já processados.
p2 é a probabilidade de inativação do vírus durante o transporte.
p3 é a probabilidade de inativação do vírus durante a espera no despacho aduaneiro.
Para modelar p1, usamos dados relacionados às condições de processamento do milho e da soja (por extrusão ou extração por solvente), incluindo tempos e temperaturas.
Também usamos valores de D (tempo para redução de 90% ou 1-log) derivados de estudos de inativação térmica de PSA em soro suíno e sobrevivência em ingredientes de ração durante o transporte transoceânico.
Exploramos vários cenários hipotéticos usando valores determinísticos para p0 e pR (1%, 10%, 25%, 50%, 75% e 100%) para avaliar sua influência no risco.
Nosso modelo estimou a inativação completa da PSA após extrusão ou extração por solvente, independentemente da probabilidade inicial de contaminação pelo vírus.
Foi descoberto que a taxa de recontaminação (variando de 1% a 75%) teve um impacto significativo no risco de um contêiner de farelo de soja contaminado com PSA entrar nos EUA.
As estimativas de risco mediano variaram de 0,064% [0,006%–0,60%;
intervalo de probabilidade de 95%], assumindo um valor de p0 de 1,0%, até 4,67% (intervalo de probabilidade de 95% de 0,45%–36,50%), assumindo um valor de pR de 75,0%.
Em outras palavras, isso implica que pelo menos um contêiner de farelo de soja contaminado com o vírus da PSA seria importado uma vez a cada 1563 a 21 anos, respectivamente.
Se considerarmos a suposição de que todo o milho cru foi contaminado (p0 = 100%) e não houve recontaminação (pR = 0%),
a probabilidade média de um navio transportando milho contaminado com PSA entrar nos EUA seria de 2,02% (intervalo de probabilidade de 95% de 0,28% a 9,43%), ou uma vez a cada 50 anos.
Valores de recontaminação entre 1% e 75% não alteraram, significativamente, o risco associadoao milho.
Ficou evidente que os dias de transporte, a sobrevivência do vírus durante o transporte (valor D) e o número de navios carregados foram os parâmetros mais influentes para aumentar a probabilidade de um contêiner de farelo de soja ou milho contaminado com o vírus ser transportado da PSA para entrar nos EUA.
O modelo ajudou a identificar lacunas de conhecimento que tiveram maior impacto nos valores de produção e desempenhou o papel de um quadro de referência que poderia ser atualizado e ajustado à medida que novas informações científicas se tornassem disponíveis.
Em última análise, esse modelo pode ser aplicado no desenvolvimento de estratégias para mitigar riscos e estabelecer pontos críticos de controle com a finalidade de inativar o vírus da PSA durante os processos de fabricação, armazenamento e transporte de ingredientes alimentícios.
Também contribuiria para o desenvolvimento e implementação de medidas de biossegurança destinadas a prevenir a introdução do vírus da PSA nos Estados Unidos e em outros países livres da doença.
Em rações animais e ingredientes alimentícios, não há limites regulatórios microbiológicos específicos para vírus (Sampedro et al., não publicado).
Com este contexto em mente, o conceito de objetivo de desempenho (OD) para a produção de lotes de plasma suíno seco por spray dried foi proposto neste estudo, com o objetivo de atingir a ausência de partículas virais infecciosas.
Os níveis de OD de -7,0, -7,2 e -7,3 log TCID50/g foram estimados para três tamanhos de lote (10, 15 e 20 toneladas) de plasma suíno seco por spray dried.
Uma pesquisa abrangente sobre a presença do vírus da diarreia epidêmica suína (PEDV) no plasma suíno cru produzido globalmente revelou uma concentração de -1,0±0,6 log TCID50/ml, calculada a partir de uma curva padrão derivada de TCID50 -qPCR.
A concentração média do vírus da PSA no plasma cru de suínos foi estimada em 0,6 log HAD50/ ml (0,1-1,4, IC de 95%) em um cenário pré-surto, envolvendo coleta de plasma de suínos virêmicos, assintomáticos e não detectados.
Para atender aos níveis de OD propostos neste estudo, eles avaliaram diferentes cenários de processamento, incluindo a abordagem de linha de base:
Secagem por spray dried + armazenamento de calor, bem como abordagem de linha de base + radiação ultravioleta (UV).
Os resultados mostraram que tanto o cenário de processamento de linha de base quanto o de linha de base + UV excederam o limite de 95% e 100%, respectivamente, alcançando assim a conformidade com os níveis de OD exigidos para o PEDV, e tudo isso adaptado a diferentes tamanhos de lote.
Em relação ao vírus da PSA no plasma suíno seco por spray dried antes do surto, foi alcançada uma taxa de conformidade de 100% em todos os cenários de processamento avaliados.
Entretanto, pesquisas adicionais são essenciais para discernir os mecanismos subjacentes à inativação viral em alimentos durante o armazenamento.
Essa compreensão mais profunda é essencial para impulsionar a implementação de esforços eficazes de gestão de riscos à segurança alimentar em todo o mundo.
A análise de risco representa uma ferramenta essencial para tomar decisões assertivas.
Sem sua implementação, existe o risco de adoção de abordagens ineficazes que deixam a porta aberta à propagação de doenças.
Prevenção
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Por outro lado, é importante destacar que intervenções desnecessárias podem aumentar os custos de produção e restringir o uso de produtos alimentares e aditivos que comprovadamente são benéficos nas dietas de suínos.
Em última análise, uma abordagem equilibrada e baseada em riscos fornece uma estrutura robusta para gerenciar com eficiência a segurança alimentar e a saúde animal, garantindo assim resultados positivos em termos de prevenção de doenças e otimização da produção.
Cândida P. F. Azevedo¹, Jéssica Mansur S. Crusoé², Leonardo F. da Silva³
¹Zootecnista, MsC. Zootecnia, DsC. Ciência Animal e Pastagens – Coordenadora Técnica suínoBrasil
² Universidade de Federal Viçosa - Florestal, Minas Gerais (Brasil)
³ Universidade Federal da Grande Dourados – Dourados, Mato Grosso do Sul (Brasil)
Amodulação da microbiota
intestinal a partir da utilização de aditivos zootécnicos, tais como pré e probióticos tornou-se uma das alternativas na nutrição animal a fim de atender a legislação que proíbe o uso de antibióticos, em doses subterapêuticas, como promotores de crescimento na produção animal.
Os prebióticos são classificados como ingredientes seletivamente fermentados que resultam em mudanças específicas na composição e/ou atividade da microbiota do trato gastrointestinal (TGI), conferindo benefícios à saúde do hospedeiro.
Embora o conceito de prebiótico tenha sido elucidado ao longo dos anos, para ser considerado um prebiótico eficiente, propõe-se que o aditivo atenda aos seguintes critérios, os quais devem ser comprovados por estudos in vitro e in vivo:
Não digestível (resistência à acidez estomacal, digestão enzimática e absorção intestinal na parte superior do TGI)
Boa fermentação pela microbiota do intestino grosso e
Estimulação seletiva do crescimento e atividade de bactérias.
Os prebióticos incluem uma pluralidade de polissacarídeos não-amiláceos (PNAs) ou oligossacarídeos, dentre eles:
Mananoligossacarídeos (MOS)
Oligofrutose
Malto-oligossacarídeos
Lactitol
Xilo-oligossacarídeo
Isomaltooligossacarídeo (IOS)
Frutanos (FOS e inulina)
Galactanos (galactooligossacarídeos (GOS)
Lactulose
Glucoligossacarídeo
Soja-oligossacarídeo
Pirodextrinas
Os prebióticos possuem vários efeitos benéficos em animais e humanos a partir dos seguintes mecanismos de ação:
01 Estímulo seletivo de microrganismos bené cos da microbiota intestinal com atividade imunomoduladora (como Bi dobacterium e Lactobacillus)
02 Inibe a adesão epitelial e invasão de microrganismos patogênicos
03 Aumento da produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCCs), vitaminas, bacteriocinas e outros compostos antimicrobianos. Butirato, propionato, acetato e piruvato são capazes de alterar bene camente a expressão de citocinas e melhorar a imunidade
04 Melhora a integridade intestinal;
05 Aumenta a produção de muco
06 Aumento de citocinas anti-in amatórias
07 Diminuição de citocinas pró-in amatórias
08 Efeitos bené cos no tecido linfático associado ao intestino ou GALT (do inglês, gut-associated lymphoid tissue) e no sistema imunológico da mucosa
09 Aumentando, consequentemente, a IgA da mucosa, alterando a expressão de citocinas e linfócitos, aumentando a IgA secretora
10 Melhorando o desenvolvimento do intestino delgado
11 Aumento da altura das vilosidades, profundidade da cripta e número de células caliciformes por vilosidade.
O β-glucano é um polissacarídeo funcional constituinte da parede celular de fungos, bactérias e cereais (aveia, centeio e cevada, etc). Possui várias funções biológicas, tais como:
Ativação da função imunológica
Anti-inflamatório e Regulação da glicose.
A molécula de β- glucano geralmente compreende resíduos de glucopiranosil ligados em β-1,3 com um pequeno número de cadeias laterais de resíduos de glucopiranosil ligados em β-1,6.
As ligações glicosídicas especiais e as ligações de hidrogênio intermoleculares contribuem para um tipo de estrutura molecular helicoidal única que é facilmente reconhecida pelas células do sistema imunológico (Xiong et al., 2015).
Os glucanos podem ter uma influência substancial na composição da microbiota intestinal, o que não apenas ajuda a digestão, mas direta e indiretamente pode apoiar as atividades imunológicas do tecido linfóide associado ao intestino (GALT), que representa o maior órgão imunológico em mamíferos (Vetvicka et al.,2014).
Estudos indicam que o β-glucano pode promover melhorias no desempenho de ratos, frangos de corte, peixes, suínos e, devido aos seus efeitos imunomodulatórios, antitumorais, antimutagênicos, anti-inflamatórios.
Os β-glucanos originalmente usados como imunomoduladores de amplo espectro também podem melhorar a saúde do TGI, aumentando as funções de barreira da mucosa e contribuindo para o aumento do desempenho animal.
Para avaliar os efeitos dos glucanos sobre os parâmetros imunológicos em suínos com ascariose experimental (animais infectados via oral com ovos infectantes de Ascaris suum na dose de 20.000 ovos por leitão), Benková et al. (1992) combinaram glucanos com imunoglobulina suína e zinco e, observaram elevação significativa dos níveis de células T e B do sangue periférico e estímulo da atividade fagocítica das células da série branca do sangue.
Além disso, os autores constataram que esta combinação ofereceu 65% de proteção contra a ascariose. Esses efeitos foram observados já nos primeiros dias de infecção. A produção dos diversos tipos de imunoglobulinas pode ser afetada pelos glucanos, com doses menores favorecendo a IgA (Sauerwein et al., 2007)
Em estudo conduzido por Li et al. (2006) foi demonstrado que dietas suplementadas com glucanos regulam parcialmente a síntese de citocinas pró-inflamatórias TNF-α e IL-6 modulando o sistema imune, mas também regulando o metabolismo de nutrientes.
Além disso, a citocina antiinflamatória IL-10 regulada por glucanos que inibe a proliferação de células T e a diferenciação funcional, incluindo a secreção de citocinas Th1 e Th2, que simultaneamente exibe a via de transdução de sinal de NF-κB (Clarke et al., 1998).
Adicionalmente, um estudo demonstrou que a suplementação com β-glucanos influenciou, particularmente, a expressão de fenótipos de linfócitos, proliferação de células linfóides em resposta à estimulação ex vivo da adesão de Escherichia coli enterotoxigênica a enterócitos.
A proporção de subpopulações de células T CD4 nos linfonodos mesentéricos, placas de Peyer e células T CD8 no sangue periférico foi maior em leitões alimentados com β-glucanos.
Os autores concluíram que uma maior ingestão nutricional de glucanos resultou em um aumento de leucócitos do sangue periférico e, especificamente, aumentou a contagem de células T virgens.
Os mananoligossacarídeos (MOS) são carboidratos não digestíveis compostos por blocos de manose e podem ser encontrados na parede celular de levedura em formação complexa.
Saccharomyces cerevisiae é uma levedura muito utilizada nas indústrias de panificação e cervejaria e a partir destes processos obtêm-se, exclusivamente, os MOS que são utilizados na nutrição animal.
A parede celular de S. cerevisiae contém manana-proteínas e glucanas, os principais constituintes da parede celular externa são polímeros de manana com ligações α(1-6) e α(1-2) ou, em menor extensão α(1-3) de cadeias laterais limitadas.
No epitélio intestinal, as enzimas do animal não são capazes de clivar essas ligações e, portanto, os MOS não têm valor nutritivo direto, mas demonstrou sua efetividade na manutenção da saúde intestinal.
Estudos in vitro evidenciam que, na presença de manano, certos patógenos entéricos gram-negativos com fímbrias tipo-1 específicas para manose, como Salmonella spp. e Escherichia coli, se ligam por meio de fímbrias aos compostos de manana.
Tal fato pode reduzir a colonização do epitélio intestinal por estes microrganismos, uma vez que as fimbrias estarão ocupadas e não se ligarão aos carboidratos da membrana do epitélio intestinal, posteriormente inibindo a produção de metabólitos tóxicos que promovem danos no epitélio intestinal.
A fixação destas bactérias no epitélio intestinal ocorre através da interação entre as fímbrias e as glicoproteínas da superfície de enterócitos, que são ricas em manose (receptores de lecitina).
Alguns resultados sugerem que a suplementação dietética de MOS pode reduzir o número de bactérias nocivas no intestino grosso se a exposição ao patógeno for elevada, como na pósinfecção.
Em contrapartida, outros estudos não comprovaram que o número de patógenos (facultativos) foi de fato afetado pelos MOS dietético. Dependendo da sua estrutura química (ligações e proporção de manose), a eficiência dos produtos de manano pode diferir em relação ao seu potencial para moderar a proliferação de E. coli e Salmonella Typhimurium
O MOS dietético pode agir de forma indireta ou diretamente sobre o sistema imune. Tendo em vista que, a microbiota pode modular a imunidade local do hospedeiro, o deslocamento induzido pelos MOS na microbiota intestinal pode resultar em alterações de determinadas variáveis imunológicas.
Estudos relatam que a inclusão de produtos de manano na dieta aumenta diretamente a competência imunológica de suínos, particularmente de fêmeas e leitões pós-desmame (Halas e Nochta, 2012).
Estudos com camundongos, cães e aves constataram que o MOS dietético aumenta a IgA secretora em diferentes segmentos da mucosa intestinal.
O aumento da produção de IgA da mucosa é provavelmente atribuível a uma ativação da defesa imunológica local através dos receptores de ligação à manose localizados na superfície do intestino.
Além disso, os autores sugerem que o MOS aumenta a resistência a doenças em suínos, promovendo a apresentação de antígenos, aumentando assim a mudança de uma resposta imune inata para uma adaptativa.
Os β-glucanos e os mananoligossacarídeos demonstram ser estratégias promissoras na modulação da microbiota intestinal de suínos e, consequentemente, promoção da saúde intestinal, impactando diretamente o bem-estar animal e o desempenho produtivo.
Halas e Nochta (2012) afirmam que é provável que os MOS auxiliem na manutenção da integridade intestinal e, consequentemente, na função digestiva e absortiva do intestino após o desmame.
Portanto, a síndrome de má absorção associada a esse período pode ser aliviada com a suplementação dietética de MOS.
Seus efeitos incluem o fortalecimento da imunidade, a melhoria da integridade da barreira intestinal e a otimização do desempenho zootécnico.
Dessa forma, seu uso na nutrição suína representa uma abordagem sustentável para reduzir a dependência de antibióticos e promover a saúde dos suínos de maneira sustentável e eficaz.
β-glucanos e Mananoligossacarídeos e microbiota intestinal: como modular a saúde de dentro para fora BAIXAR EM PDF
Referências bibliográficas. Sob consulta aos autores.
M. Verónica Jiménez Grez.
Médica Veterinária, MSc em Etologia e Bem-estar animal
Oobjetivo deste artigo é explorar e compartilhar informações relevantes sobre o uso da tecnologia na cadeia de produção de suínos e como a inteligência artificial pode desempenhar um papel benéfico como uma ferramenta de monitoramento em tempo real para o bem-estar dos suínos em ambientes de produção, transporte e processamento.
Existem inúmeros estudos científicos focados em identificar os desvios cruciais que podem afetar o bem-estar animal e discutir como a inteligência artificial pode intervir para detectar e antecipar tais situações.
É essencial gerenciar essas questões de forma adequada e eficaz para promover o bem-estar dos suínos.
Nesse sentido, as novas tecnologias devem ser implementadas de forma responsável e ética, tendo como objetivo principal melhorar a qualidade de vida dos suínos do setor suinícola.
Melhorar a qualidade de vida dos suínos em todas as etapas da cadeia produtiva é um grande desafio devido a múltiplos fatores, como:
Falta de mão de obra
Limitações de tempo
Acúmulo de múltiplas tarefas.
Com o avanço da tecnologia, essas ferramentas podem ser utilizadas favoravelmente para essa finalidade, mesmo quando não foram inicialmente projetadas para isso.
Ao estabelecer políticas de bem-estar animal, juntamente com programas específicos, para direcionar o cuidado, a saúde e o manejo dos animais, as empresas do setor enfrentarão grandes desafios para priorizar a prevenção em detrimento do tratamento.
A incorporação da Inteligência Artificial (IA) posiciona-se como um recurso fundamental para:
Detecção precoce de doenças
Detecção de mudanças no comportamento animal.
Quantificação de lesões em carcaças no matadouro
Esse processo é baseado no uso de sensores, câmeras, microfones e outros equipamentos que executam suas funções programadas com precisão e em tempo real.
A implementação dessas tecnologias e a correta interpretação de seus resultados permitem identificar desvios e problemas relacionados aos animais, seu ambiente e métodos de manejo, entre outros fatores.
Automatizar a entrega de informações por meio de relatórios contribui para esse objetivo, fornecendo insights abrangentes e oportunos.
Essas descobertas não apenas apontam áreas para melhorias, mas também identificam oportunidades para atingir metas pré-estabelecidas, que são essenciais tanto para o sucesso produtivo quanto para o bem-estar dos suínos.
Entre as opções disponíveis, a IA e a tecnologia da pecuária de precisão surgem como alternativas importantes.
Dispositivos como microfones e câmeras para monitoramento e reconhecimento automáticos oferecem uma abordagem promissora para encontrar soluções para a indústria pecuária e seu compromisso com o bem-estar dos suínos.
De acordo com Wang et all. 2022, a IA já se tornou parte fundamental do manejo animal, pois, por meio de sensores e câmeras, é possível monitorar informações biométricas (sons e vocalizações), comportamento e saúde do animal, de forma a utilizar esses indicadores de bem-estar animal para:
Na hora de tomar a decisão de implementar a IA no sistema de produção, com base nos resultados positivos dos estudos realizados e seu uso benéfico durante a vida do animal, tanto na granja quanto no abatedouro, é fundamental considerar uma série de fatores de viabilidade, como:
Acesso à internet de boa qualidade ou uma rede interna que conecte os equipamentos com os computadores, gestores e a logística correspondente.
Reserva de energia
Viabilidade de instalação
Durabilidade do material
Segurança
Sanitização e higiene de equipamentos durante períodos de vazio sanitário.
Detectar problemas de bem-estar precocemente e em tempo hábil. Fornecer intervenções e tratamentos oportunos.
Isso ajudará a aumentar a produtividade e a lucratividade da propriedade.
O treinamento deve incluir aspectos como:
Os objetivos do projeto
Utilização e gestão de equipamentos
Verificação de controles
Treinamento sobre operação e manutenção em caso de falhas técnicas
Tudo isso contribuirá para o sucesso da gestão dessas tecnologias, garantindo assim seu uso correto e a obtenção dos resultados esperados.
Vale ressaltar que a IA, além de ser uma ferramenta de avaliação e obtenção de informações objetivas, é útil para avaliar conformidades ou falhas em biossegurança (por exemplo, o monitoramento passo a passo dos procedimentos de biossegurança por operadores, visitantes ou qualquer pessoa autorizada a entrar na granja, etc.).
O monitoramento em tempo real dos animais, detectando certos parâmetros relevantes desde o nascimento até a morte por meio da tecnologia, exige saber usar e processar as informações obtidas para poder gerenciá-las adequadamente, pois poderemos ver o que não podemos “observar permanentemente ou ter uma pessoa naquele lugar dia e noite”.
Está emergindo como uma ferramenta valiosa para medir indicadores de bem-estar animal na ausência de humanos, permitindo a tomada de decisões oportunas.
A capacidade de identificar e antecipar mudanças precoces, bem como abordar falhas ou complicações que podem afetar o bem-estar dos suínos, seja nas instalações, no ambiente ou no manejo, representa um avanço significativo.
Da mesma forma, analisar a qualidade das interações entre a equipe e os animais facilita a avaliação do programa de treinamento de campo.
Se necessário, permite fazer ajustes no treinamento, detectar comportamentos abusivos ou negligentes e incentivar boas práticas.
Os vídeos gerados se tornarão recursos valiosos para sessões de treinamento.
É fundamental ressaltar que a adoção dessas tecnologias não tem como objetivo substituir as tarefas diárias realizadas pelos operadores.
Em vez disso, ela se posiciona como uma ferramenta que auxilia na detecção e avaliação de interações entre humanos e animais, saúde, comportamento, ambiente, entre outros.
Isso abrange desde contatos com trabalhadores até procedimentos de manuseio, incluindo aqueles realizados por pessoal externo sem contato rotineiro com animais.
A consequência não só leva a uma melhoria na precisão da detecção de problemas de bem-estar animal, mas também contribui para encontrar
VERIFICAÇÃO DO CUMPRIMENTO DAS NORMAS DE BEM-ESTAR ANIMAL
As empresas que optam por certificar seus sistemas de produção para o bem-estar animal devem garantir que os padrões exigidos para a certificação sejam rigorosamente cumpridos em todos os momentos.
Entretanto, sem a presença de um auditor externo nas instalações, existe a possibilidade de que os procedimentos não sejam realizados conforme descrito na documentação e que a supervisão, a identificação e o treinamento subsequente necessários para atender aos padrões sejam comprometidos.
O uso de sensores em pontos críticos que, por exemplo, detectem a presença ou passagem de uma pessoa e acionem imediatamente o chuveiro ou soem um alarme, pode ajudar a evitar o descumprimento de alguma das etapas obrigatórias do protocolo de biosseguridade. Essa tecnologia também pode ser usada com ativação automatizada para entrada ou saída de equipamentos em sistemas produtivos.
Por meio de indicadores quantitativos, podemos estabelecer uma série de parâmetros destinados à avaliação do bemestar animal e dos processos de manejo.
No que diz respeito a estes indicadores, distinguem-se duas categorias principais:
Indicadores diretos
São aqueles que se concentram nos animais e fornecem informações sobre sua saúde, conforto e comportamento.
Indicadores indiretos
Elas se relacionam com o ambiente, incluindo a infraestrutura dos recintos e áreas de manejo dos animais, como corredores, rampas e pontos de embarque, bem como os procedimentos diários de manejo.
Essa abordagem permite uma avaliação objetiva e completa do sistema de produção ou das instalações de processamento, com o objetivo de verificar o grau de conformidade estabelecido. Vale ressaltar que, essa abordagem também é aplicável na avaliação do transporte de animais.
O crescente interesse de consumidores e clientes no manejo de animais em sistemas de produção, transporte e abate tornou-se mais relevante hoje, impulsionado em parte pelo acesso a informações online.
Entretanto, essas informações disponíveis na internet muitas vezes não refletem com precisão as práticas reais dentro dos sistemas de produção.
Essa dinâmica motivou as empresas a explorar, desenvolver e implementar novas ferramentas baseadas na ciência em seus programas de gestão, com o objetivo de avaliar o bem-estar real dos animais e tomar medidas adequadas.
Nesse contexto, o uso de tecnologia e ferramentas como QR codes se apresenta como um recurso valioso.
Esses códigos podem vincular informações essenciais que dão suporte às práticas de criação, produção e manejo de animais, o que levou algumas empresas a abrir suas operações para vídeos que documentam o processo de produção e manejo de seus animais.
Isso permite demonstrar a conformidade com regulamentações, legislações e requisitos específicos do cliente, reforçando o comprometimento com o bem-estar animal.
O uso da tecnologia disponível oferece a obter indicadores mensuráveis que podem fornecer informações precisas sobre as condições de criação dos animais
Essa transparência objetiva fomentar a confiança dos consumidores, permitindo que eles conheçam com mais detalhes as condições de vida dos animais da cadeia
Manter a saúde dos animais tem se tornado um processo cada vez mais informado, graças à consideração de aspectos físicos e critérios que definem sua condição.
Explorando ainda mais o campo da saúde suína, estudos adicionais voltaram seu foco para aspectos como a detecção oportuna de distúrbios respiratórios e problemas locomotores em animais.
Por exemplo, Finger (2014) desenvolveu um sistema capaz de identificar sinais de doenças respiratórias com base na detecção da presença de “tosse”, que está associada a patologias respiratórias vivenciadas por suínos.
Por sua vez, pesquisas como a de Gómez (2021) têm focado sua atenção no aumento da temperatura corporal como um indicador relevante da saúde e bem-estar dos suínos.
Outros buscam avaliar o peso e/ou a condição corporal dos animais, uma abordagem inovadora foi apresentada no estudo realizado por Chen (2023), que utilizou um modelo baseado em uma rede de função de base radial (FBR) para prever o peso corporal por meio de medidas como comprimento corporal, altura e circunferências torácica, abdominal e da cintura, gerando assim um peso previsto.
É crucial observar que essa abordagem aproveita parâmetros corporais unidimensionais que permanecem relativamente constantes mesmo quando a postura dos suínos muda na instalação, algo que era uma desvantagem em estudos anteriores.
O uso da IA permite a identificação de sinais clínicos como lesões de pele, mordeduras de flanco, claudicação, secreção nasal, lesões de ouvido, lesões de cauda, sinais respiratórios, diarreia e comportamentos anormais (SmartPigHealth).
Os autores desses estudos concordam em destacar a importância de usar critérios objetivos e medições precisas para avaliar e gerenciar o bem-estar animal na indústria suína.
Aproveitar tecnologias e abordagens inovadoras como as mencionadas acima demonstra um compromisso contínuo com o bem-estar e a qualidade de vida dos suínos, contribuindo assim para o avanço contínuo deste setor.
No estudo de Brünger (2019), usando reconhecimento automatizado de objetos em imagens, as lesões na cauda foram pontuadas em uma escala de 0 a 3 e as perdas na cauda foram pontuadas como presença (1) ou ausência (0) de perda total da cauda.
Tentativas foram feitas para desenvolver avaliações automatizadas de lesões de carcaça na cadeia de abate usando várias formas de algoritmos.
Redes neurais podem avaliar lesões na cauda em imagens de suínos abatidos com confiabilidade comparável à de observadores humanos.
O uso da IA nos dá uma compreensão aprofundada das interações entre suínos dentro de seus grupos sociais.
Essas informações são essenciais para desvendar a hierarquia social e a dinâmica do grupo, incluindo possíveis agressões entre indivíduos na mesma baia, bem como identificar comportamentos anômalos que podem indicar problemas nos animais.
Nesse sentido, já existem sistemas para avaliar a dermatite plantar em frangos de corte (Vanderhasselt et al., 2013) e um sistema para registrar a presença ou ausência de lesões na cauda e nas orelhas em suínos (Blömke y Kemper, 2017).
Pesquisadores da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Saskatchewan e do Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação estão buscando avaliar e classificar lesões de pele em carcaças de suínos, identificando o tipo de lesão e sua gravidade.
Para isso, as carcaças são filmadas após escaldamento e depilação, obtendo-se uma imagem do dorso e uma vista lateral. Assim, a partir das imagens é possível observar áreas de interesse como cauda, flanco e ombro. Por fim, os relatórios são enviados ao abatedouro e à granja.
Mudanças ou alterações no comportamento individual ou de grupo dos suínos podem ser detectadas, tanto durante o dia quanto à noite.
Isso inclui identificar momentos de maior atividade, seguir rotinas naturais (sem a influência de um observador presente) e a capacidade de antecipar possíveis brigas ou conflitos por recursos.
A IA tem a capacidade de processar vídeos em tempo real, usando algoritmos de reconhecimento de imagem ou som.
Alguns autores conseguiram configurar a IA para reconhecer padrões normais de comportamento, de modo que eles pudessem identificar ou detectar qualquer atividade incomum que fosse indicativa de doença, estresse ou medo.
A IA também pode identificar aumentos na frequência e no nível de decibéis das vocalizações emitidas pelos suínos em estágios críticos da vida, bem como problemas no ambiente.
Essas funcionalidades permitem a implementação de intervenções precoces e adequadas em programas de saúde animal, bem como em diversos procedimentos de manejo, como transferências e procedimentos de rotina.
Alcançar uma gestão bem-sucedida na indústria suína foi possível graças à implementação de tecnologias avançadas.
Por meio dessas ferramentas, conseguimos monitorar sistemas automatizados de água e alimentação que, apoiados por sensores inteligentes, têm a capacidade de registrar o consumo e detectar possíveis falhas.
Além disso, essa tecnologia fornece informações valiosas, como mudanças nos padrões de alimentação, que podem ser indicativas de problemas de saúde nos animais.
O trabalho de Briefer et al. (2022) contribuiu para essa abordagem ao classificar vocalizações de baixa e alta frequência ao longo da vida dos suínos com o objetivo de criar uma ferramenta automatizada de monitoramento de emoções.
A conclusão deles enfatiza a possibilidade de desenvolver um sistema de reconhecimento automático que permita a detecção em tempo real dos estados emocionais dos animais.
Serviços de monitoramento automatizados criam relatórios e alertas diários sobre o desempenho, permitindo que os produtores monitorem remotamente.
Neste contexto, um estudo publicado por He (2021) intitulado “Predição do peso corporal em suínos em crescimento a partir de dados de comportamento alimentar usando algoritmos de aprendizado de máquina” produziu resultados significativos.
O estudo concluiu que os dados coletados sobre o comportamento alimentar, gerenciados por meio de IA, contribuem efetivamente para prever o peso final dos suínos em crescimento.
A relevância desta tecnologia não se limita apenas à previsão de peso. A coleta sistemática de dados permite relatórios automatizados, transformando informações brutas em análises detalhadas e acionáveis para tomada de decisões.
Essa capacidade de análise informada não apenas otimiza o trabalho na indústria, mas também promove o bem-estar animal ao permitir uma intervenção precisa e oportuna.
A implementação de sensores especializados permite o monitoramento preciso e contínuo dos parâmetros ambientais registrados pelos programas de controle ambiental, ajustandoos ao que é recomendado por especialistas para suínos.
Essa abordagem não apenas fornece uma compreensão mais detalhada do conforto e do ambiente dos suínos, mas também permite que medidas proativas sejam tomadas para garantir sua saúde e bemestar.
Um dos aspectos fundamentais é a avaliação das condições ambientais do alojamento, podendo medir constantemente alguns parâmetros-chave como a temperatura ambiente, a umidade, a qualidade do ar e o aumento de gases nocivos, como NH3 e CO2.
Ao detectar desvios e emitir alertas oportunos para que o gestor tome a decisão correta, essas tecnologias já são uma ferramenta essencial para manter condições ambientais confortáveis e, além disso, entender como esses fatores impactam diretamente no bem-estar animal.
As informações coletadas por esses sensores fornecem uma visão detalhada das condições em que os suínos são mantidos.
Isso não apenas permite que você ajuste seu ambiente para garantir seu conforto, mas também fornece uma compreensão mais profunda de como as flutuações ambientais podem influenciar seu bem-estar geral.
Ao levar esses dados em consideração, os produtores podem implementar medidas de gestão direcionadas e eficazes para mitigar quaisquer efeitos negativos na saúde e no conforto dos animais.
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