Rovian Miotto e Janice Reis Ciacci Zanella p. 32
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Rovian Miotto e Janice Reis Ciacci Zanella p. 32
dos suínos no Brasil
A base para um programa eficiente de redução de antimicrobianos na suinocultura
Oprimeiro trimestre do ano (especificamente o mês de janeiro) foi desafiante para a suinocultura, mês de queda na demanda interna e externa e com estoques remanescentes do fim do ano anterior que acabam pressionando os preços pagos ao produtor. E ao contrário do esperado por agentes do setor, as vendas de carne suína se aqueceram na última semana de janeiro – geralmente, o encerramento do mês é marcado por baixa liquidez e pelo consequente recuo nos preços.
Para o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, Baseando-se em informações atuais, ponderando sobre o que aconteceu no passado, e constantemente revisando estas projeções, além do acompanhamento de alguns indicadores e movimentos do mercado, hoje ainda podemos afirmar que as perspectivas para a suinocultura em 2023 são boas, mas é preciso acompanhar fatores que interferem na demanda de nossa carne suína e, principalmente, nos custos de produção, tais como: produção e exportação de carne suína da União Europeia (hoje em baixa), movimentos do mercado chinês (velocidade de recuperação do rebanho que foi reduzido ano passado), câmbio influenciando nossas exportações de carne e grãos, clima brasileiro e realização da primeira e segunda safra de milho, demanda mundial de grãos e situação de
outros grandes exportadores de commodities (Argentina e Ucrânia), crise mundial anunciada como consequência da pandemia e da guerra da Ucrânia e conjuntura econômica brasileira, conclui.
E acompanhando o dinamismo da cadeia suinícola a primeira edição de 2023 da SuínoBrasil conta com temas atuais nas áreas de Patologia, Nutrição, Reprodução, Mercado. E a grande novidade para esse ano é que a suínoBrasil agora está dentro da porteira, trazendo para você leitor, esclarecimentos da rotina da granja. E a nossa primeira entrevista aconteceu na granja Agrosuínos, em que o Médico Veterinário Antônio Kleber esclareceu os principais questionamentos sobre a coleta de sêmen.
E a capa desta edição conta com a colaboração da Pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, Janice Zanella e do Pesquisador do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense, Rovian Miotto. No artigo “PCV4, uma nova ameaça à suinocultura?”, os autores abordam as espécies mais recentes descobertas como PCV3 e PCV4, que trazem preocupações crescentes na atividade suinícola, principalmente por se saber pouco a respeito das mesmas e de não haver medidas de controle como vacinas.
Boa leitura!
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Preço da assinatura anual:
Brasil 30 $
Extranjero 90 $
Revista Trimestral
Iuri Pinheiro Machado e Alvimar Jalles
Impactos da zearalenona na reprodução de suínos
Cesar Augusto Pospissil Garbossa Laboratório de Pesquisa em Suínos da FMVZ/USP
PCV4, uma nova ameaça à suinocultura?
Caio Abércio da Silva¹; Cleandro Pazinato Dias²; Marco Aurélio Callegari²; Adriana Berti Toscan³
Naiara Simarro Fagundes³
¹Universidade Estadual de Londrina;
²Akei Animal Research;
³Adisseo Brasil
Melhoradores de desempenho, que alternativa adotar?
Fabrício Santos Nutricionista de suínos na Agroceres Multimix
Rovian Miotto¹; Janice
Ricardo Lippke1 , Elisa de Conti2 e Filipe Fernando3
¹Gerente de Marketing Boehringer Ingelheim
²Consultora de novos negócios Boehringer Ingelheim
³Gerente Técnico de Suinocultura
Boehringer Ingelheim
Cândida Azevedo¹ e Henrique Cancian² ¹Zootecnista, MsC em Zootecnia e DsC em Ciência Animal e Pastagens ²Zootecnista
Antônio Kléber Médico Veterinário
Mariana Costa Fausto, Isamara da Silva Lemos e Maria Luísa Ferreira Carvalho Rola
Após um ano de crise histórica, a suinocultura brasileira encerra o ano de 2022 com crescimento da produção de suínos ao redor de 6% em relação a 2021, as exportações em volumes similares à 2021 e com um novo recorde de consumo per capita ano de carne suína, superando a marca dos 19 kgs.
Para o ano de 2023, espera-se um crescimento do abate entre 3 e 5% e um incremento das exportações na ordem de 2%, determinando um melhor ajuste entre oferta e demanda no mercado doméstico.
E para compreender o cenário da crise de 2022 e as perspectivas para 2023 a suínoBrasil entrevistou o Consultor de Mercados da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Iuri Pinheiro Machado e o Consultor de Mercados da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (ASEMG), Alvimar Jalles.
Iuri, ao analisarmos a crise que a suinocultura enfrentou em 2022 e compararmos com um cenário de sete anos atrás, haveria uma dificuldade de retirada dos animais das granjas. Gostaria que você comentasse sobre as ações que a ABCS vem fazendo e sobre a demanda por carne suína no mercado nacional.
Essa crise foi realmente diferente em função do aumento do crescimento da produção em curto espaço de tempo. Em questão de dois anos, praticamente (2019 -2021), tivemos um crescimento na produção de quase 20%. Crescimento expressivo em um curto período de tempo.
Em 2021 tivemos uma desaceleração das importações por parte da China, isso fez com que a oferta no mercado interno aumentasse de forma bastante significativa. Foi estimado a entrada de 300 mil toneladas de carne a mais, em relação ao ano anterior e isso fez com que os preços pagos ao produtor caíssem e, somado ao custo de produção elevado, tornou a atividade deficitária durante esse período.
Por isso que entendemos que se fosse há 7 anos atrás nós teríamos mais dificuldades, porque hoje temos pelo menos os canais de consumo e de comercialização muito melhores em comparação ao que nós tínhamos há, 7 ou 8 anos atrás.
E isso também é um trabalho do setor, o trabalho da ABCS, junto ao varejo, às indústrias para melhorar a forma de apresentação da carne suína, pra desenvolver o marketing da carne em si.
Então, realmente nós fizemos uma mudança de patamar e o trabalho de marketing deve continuar para que esse crescimento continue sendo aceito pelo mercado e o que a gente espera em termos de crescimento é que: o setor vai continuar aumentando a produção, mas não no mesmo ritmo que veio esses dois anos, de 8 a 9% ao ano, vai ser em um patamar próximo de 3 a 4% e aos poucos o mercado, o preço pago ao produtor deve chegar em um patamar que propicie lucratividade e uma maior estabilidade no setor.
Alvimar, eu gostaria que você comentasse agora sobre uma ressalva que você fez durante a PORKEXPO 2022: “Não se ganha mercado no grito, mercado é ciência, fundamentos, dados, fatos, arte que tá no feeling, inteligência e prática”.
O propósito da nossa abordagem é realmente desmistificar a formação de preços no Brasil. Porque ela vem sendo determinada ao longo dos anos de forma muito emocional, baseada exclusivamente em opiniões e na esteira desta falta de informações objetivas da oferta, principalmente oferta, vão se criando os mitos. E esses mitos, eles vão sendo enraizados nas pessoas e a gente começa a repetir como se fosse verdade. E depois, quando você vai conferir, analisando dados históricos, aquilo não corresponde à realidade.
Sempre escutamos que um dos problemas da carne suína é que o varejo não reduz o preço. Isso não resiste à um único gráfico, tá certo? E por quê? Porque quando a gente deflaciona os preços, percebemos que os cortes de carne suína, corrigidos pela inflação, estão caindo há muitos anos e às vezes eles tentam recuperar num curto espaço de tempo, mas a trajetória de longo prazo é de queda muito grande.
E por que isso é importante? Porque isso altera suas escolhas. Quando você entende de verdade o que está acontecendo, você observa a formação de preço, age em relação às flutuações de preço e vai cuidar da empresa, não fica preso na armadilha da reclamação sem sentido.
Precisamos entender de verdade o que está acontecendo através dos fatos, através dos dados.
É preciso entender e estudar os fundamentos de mercado. Mercado não é feito de boa vontade, mercado é feito de oferta e procura.
Mercado é litígio, litígio adulto, mercado não é benevolência, tá certo? Então, quando você junta os fundamentos de mercado com os dados objetivos e vai praticando-o durante várias semanas, temos mais de duzentas semanas de análise de preço baseado em dados e fatos. Não sou só eu, isto é um grupo que já funciona assim. Não se forma preços baseados em conceitos errados e/ou mitos.
O dilema da formação de preço ocupa um espaço tão grande na pauta da suinocultura que ninguém fala de planejamento, ninguém fala de balanço, na hora que está bom ninguém debate o futuro, a gente só discute a suinocultura na fase ruim. Porque a gente tá sempre numa luta com o frigorifico: “Em um momento vencemos, depois eles estão nos massacrando”. E nada disso é verdade!
O nosso objetivo, aqui baseado na história de sucesso de Minas Gerais, é tocar as pessoas sobre isso, para literalmente gerar reflexão. Ao analisarmos a pauta da suinocultura, principalmente a independente, ela tem dois debates, produtividade e preço.
Tal fato permite que você entenda de verdade o que está acontecendo e abra mão, descarte esses mitos, essas lendas
Não é que não sejam importantes, mas falta a pauta do planejamento e a pauta do balanço. Essa falta coloca o futuro da atividade em risco.
Acreditamos que, ao se cristalizar os conceitos e o jeito que o preço se forma, ele diminua de importância no debate, e precisamos trazer ao debate a questão do planejamento e a questão dos balanços e do caixa. Então essa é a nossa visão.
Iuri, gostaria que comentasse o seguinte questionamento: “A carne suína está barata?”. Neste sentido, qual o indicador deve ser considerado para responder a esse questionamento?
Temos que ter em mente que esse é sempre um conceito relativo. O que está caro, o que está barato.
Ao analisarmos uma carcaça suína hoje em relação ao que foi durante a pandemia em 2020, o preço está muito mais baixo. E manteve esse preço em 2021 e ao longo de 2022. Mas a gente tem que comparar justamente com as outras carnes, acho que esse é um ponto importante, não apenas com outras carnes, mas especialmente com a carne de frango.
Ao avaliar a carcaça suína tipo exportação em comparação com a carcaça resfriada de frango, observamos uma diferença de, aproximadamente, 30%, estando a carne suína mais cara que a de frango.
30% mais cara
Sabe-se que o custo de produção do suíno é mais alto que o do frango, pelo menos 40% se compararmos a conversão alimentar de um animal para o outro (1.65 para o frango e 2.3 para o suíno, por exemplo). Então, hoje a nossa carne em relação a carne de frango está muito barata, em relação a carne bovina nem se fala, já há alguns anos que a carne bovina descolou do preço.
Uma outra maneira para analisar se a carne está cara ou não, é com relação ao mercado de exportação.
Hoje nosso mercado de exportação está pagando pela nossa carne (cortes suínos principalmente, cortes de carne in natura) em torno de US$ 2.500/tonelada. Convertendo isso para reais, ainda se mantém próximo do valor da carcaça no doméstico. Do ponto de vista de atratividade, até para a exportação, nós já tivemos situações melhores.
Diante de tudo isso que podemos comparar, hoje podemos afirmar que a carne suína está barata! Para o consumidor final e infelizmente para o produtor também.
O que o setor pode fazer para não enfrentar uma crise como essa intensidade nos próximos anos?
Alvimar: Uma das sugestões é o estímulo a debates com a nossa cadeia em bases lógicas, adultas e maduras.
Nos momentos de boas fases, ninguém fala nada, está tudo certo. Mas em momentos ruins, todo mundo quer discutir a suinocultura. Nós temos que conversar sobre a suinocultura em todas as fases, inclusive na boa fase!
E já me perguntaram isso: “Alvimar, você acha que essa crise seria evitável?”
A minha opinião: “não, de jeito nenhum, ela não seria evitável, ela poderia não ser nesta proporção”.
Isso, porque se durante a boa fase tivéssemos conversado abertamente dos riscos, certamente alguns profissionais teriam tido posições diferentes.
E por que eu chamo atenção pra isso? Porque tem um hábito arraigado ainda (precisamos perdêlo) de que ao fazer análise e se ela não for sempre positiva, esse analista, esse interlocutor está torcendo contra. E não tem nada disso! É justamente ao fugir do debate que a gente planta a crise no próximo ciclo. Então é justamente ao contrário do que se pratica hoje.
E uma outra contribuição, que eu gostaria de comentar é que, quando você começa a fazer balanço (financeiro, contábil) ocorre uma mudança da sua visão sobre a sua empresa. Você para de misturar leitão nascido vivo com cheque devolvido, porque hoje é tudo num balaio só, você começa a se transformar.
Após um ano de balanço, você é uma pessoa. Após três anos funcionando fazendo balanços, você será outra pessoa. Cinco, dez, quando você tiver dez anos de balanço, o jeito que você vai encarar o seu negócio, pensar sobre ele, agir sobre ele, vai ser totalmente diferente quando você não tinha nada e achava que só ter desmamados/matriz/ano e peso de venda resolvia o problema.
Concluindo, longe de nós termos a pretensão de dar uma solução pro futuro, o que fazemos são reflexões, propostas. Mas como eu disse, o debate tem que ser ampliado, sair do preço e da produtividade e incorporar balanços e planejamentos, a partir daí a gente amadurece de verdade e minimiza as crises, não vamos extingui-las porque o capitalismo é feito de crises.
A esfera do produtor como indivíduo que gerencia o seu negócio como Alvimar disse, que tem controle sobre o seu negócio e
A esfera institucional, das associações, dos grupos de produtores, das empresas.
E essas duas esferas elas precisam de informação. Isso é o mais importante, a gente tem que ter informação em tempo real, para definir cenários futuros.
Por exemplo, se eu sei quanto que vendeu de sêmen agora, eu sei que daqui a dez meses eu vou ter uma produção equivalente àquela venda de sêmen que foi feita no país hoje ou naquela região.
Iuri: Crise vai ter sempre, concordo plenamente com o Alvimar, qualquer atividade entra em crise. E o que que provoca uma crise? Normalmente é oferta, excesso de oferta!
Nós tivemos uma crise que em determinado momento tínhamos excesso de oferta e o custo elevado também. Vamos colocar assim o que teoricamente estaria nas nossas mãos:
Teríamos que raciocinar em duas esferas:
E trabalhando com essas informações, com os produtores e os agentes da cadeia, eles propriamente vão regular o mercado sem necessidade de haver um ente superior ou um ente governamental para regular esse mercado.
O mercado desregula justamente através dessa dor da crise ou através da informação. Com informação eu consigo antever cenários e aí eu, como produtor, vou dizer assim:
“Eu vou assumir o risco de daqui a dez meses, daqui a um ano e meio eu estarei vendendo meus animais no mercado superofertado mas eu vou assumir esse risco porque eu acho que outros vão sair da atividade e eu vou assumir aquele mercado e aquela oportunidade que vai ter lá”
“Eu vou me precaver de tal forma que agora eu vou segurar minha produção, não vou ampliar o meu plantel e vou passar por essa crise até que a gente tenha margens positivas novamente”.
Outro ponto fundamental a ressaltar é que nós não definimos o preço, quem define é o mercado. Mas o nosso custo, parte dele, grande parte dele a gente pode controlar.
Comprando estrategicamente os grãos, tendo uma gestão dos insumos correta, operando nesse mercado futuro de grãos com uma série de ferramentas, são maneiras de pelo menos termos uma previsibilidade em termos de custos.
O preço que eu vou vender é o mercado que ditará lá na frente.
Agora, parte do custo eu posso fazer, comprando antecipadamente o grão, produzindo o meu grão, tendo um travamento nos preços do farelo e do milho. São esferas que a gente tem que trabalhar.
Não é fácil, é uma questão complexa, mas a cada crise que passa, existe uma seleção natural em que aqueles produtores menos eficientes, aqueles que não fizeram caixa para aguentar a crise, acabam saindo do setor e vão ficando aqueles mais estruturados e que entendem melhor o mercado.
Isso é um paradoxo, faz com que as crises também durem mais. Se estou mais estruturado, demoro mais para sair da atividade ou reduzir a minha produção para controlar. Então devemos ter em mente uma situação de que a suinocultura realmente mudou de patamar, e que nós em função dessa mudança de patamar, também temos que mudar o nosso patamar de controle de informações, de busca de informações.
Nesse contexto está inserida a ASEMG, que pode expandir esta plataforma para outros estados, afim de ter um controle regional e até nacional de produção, de retenção de animais nas granjas, de comportamento de mercado. E essas outras informações que vão dar subsídio para o produtor definir, individualmente, se ele crescerá ou não na atividade.
Para encerrar esse bate-papo, qual é o horizonte a curto e médio prazo pra suinocultura nacional?
ALVIMAR: Eu tenho mais de trinta anos de formado e tem quarenta anos que a suinocultura de Ponte Nova está desaparecendo e ela não desaparece nunca.
Nós temos que fazer exatamente o que nós dois estamos falando: “cada um tem que ir aperfeiçoando a sua gestão para superar desafios que às vezes a gente nem conhece”.
“Ocorreu uma elevação do consumo de carne suína, mesmo com a redução de renda no país. Isso porque ela tem um estímulo muito forte vindo do mercado externo. Quando a gente analisa as três principais carnes e coloca em uma mesma ótica, a curva de consumo somada tem a mesma curva do PIB per capita. Ou seja, o futuro também depende das melhores condições das pessoas. Para os empresários prosperarem é muito importante que as pessoas tenham renda para se alimentarem melhor.
IURI: Objetivamente no curto e médio prazo, acredito que, devemos fechar 2022 e manter em 2023 o crescimento mais razoável em torno de 4% de produção. Esse é um crescimento que nós conseguimos atender oscilações no mercado de exportação e ao mesmo tempo manter o crescimento um pouco acima do vegetativo, dentro do mercado doméstico e que haja um ajuste entre oferta e demanda que permita que o produtor tenha lucro.
Isso é o que entendemos que deva acontecer em 2023. Claro que existem oscilações sazonais, a gente sabe que o início do ano é sempre mais complicado, há uma melhora na demanda do mercado interno no segundo semestre. Com relação ao custo de produção, temos uma expectativa de safra de grãos muito boa para o Brasil em 2023.
Existem outros fatores, como câmbio, a guerra da Rússia X Ucrânia, se ela se agravar ou se ela se resolver, tudo isso pode interferir nesse mercado internacional. Finalizando, eu acredito que vai ser um ano melhor do que esse, 2023 pode ser um ano mais estável, mas ainda um ano de recuperação porque realmente foi praticamente um ano e meio de produtores operando no vermelho.
O mercado da suinocultura em 2022 e perspectivas para 2023
POR CALOR
A metionina é um aminoácido sulfurado (AAS), considerado em dietas comerciais para suínos,
de transsulfuração, transmetilação e transaminação no epitélio intestinal e da doação do grupo metil, importante para a metilação do DNA e na defesa antioxidante, que decorre da ação intrínseca de sua molécula ou como precursora da cisteína e glutationa, além de ser também precursora da carnitina, creatina e poliamina, envolvidas na proliferação e diferenciação celular.
As exigências nutricionais de metionina para os suínos estão descritas nas principais tabelas de referência mundial, todavia pode-se considerar que estas não estão completamente identificadas com as demandas impostas pelo progresso genético pelo qual os animais são continuamente submetidos.
Isso é muito preocupante, considerando a taxa de expansão da produção de suínos nos trópicos. Portanto, descobrir o real impacto dessas condições nos suplementos alimentares é determinante para a otimização do desempenho dos animais.
As fontes de metionina mais utilizadas são a: Neste aspecto, uma dieta deficiente em AAS em suínos em crescimento pode alterar sua taxa de deposição de proteína e composição de proteína tecidual, afetando assim sua carcaça e o rendimento de carne. Também, a deficiência de AAS pode:
Modi car o per l de aminoácidos dos tecidos
O equilíbrio glutationa-redox e
DL metionina (DL-Met)
L metionina (L-Met) e
DL-2-hidroxi-4-metiltiobutanoico (OH-Met)
O tipo de bra muscular
Adicionalmente, sob condições de estresse térmico pelo calor os padrões de utilização de nutrientes podem ser alterados, comprometendo o desempenho e a qualidade da carcaça, sendo demandados maiores níveis de glutationa total (GSH) e glutationa oxidada (GSSG).
A biodisponibilidade destas fontes de metionina em geral são consideradas semelhantes, especialmente quando as dietas são suplementadas em níveis equimolares, não obstante tenha sido verificado que suínos suplementados com OH-Met mostraram uma mudança pronunciada de metabólitos secundários de ácido biliar e esfingosina no jejuno e no íleo, respectivamente, indicadores
A maioria dos estudos sobre diferentes fontes de metionina em suínos concentra-se nos efeitos em leitões na fase de creche e apenas alguns foram realizados para comparar os efeitos de fontes sintéticas de metionina no desempenho nas fases de crescimento e terminação
Diante do exposto, desenvolvemos uma avaliação para identificar o impacto de diferentes fontes de metionina (DL-Met ou OH-Met), fornecidas de acordo com as exigências atualmente estabelecidas para os níveis de AAS e acima destes, sobre o desempenho zootécnico e as características de carcaça em suínos em fases de crescimento e terminação, submetidos às condições de calor.
A avaliação envolveu 200 animais distribuídos em blocos ao acaso (peso corporal e sexo), em esquema fatorial 2 × 2 com duas fontes de metionina, DL-metionina 99% ou OH-Metionina 88% e duas doses de metionina (100% AAS ou 120 % do nível de AAS), em base equimolar, considerando à concentração dos produtos. 200
As dietas foram formuladas para atender as recomendações de aminoácidos da Tabela Brasileira de Aves e Suínos (2017), exceto para os AAS, que variaram com as doses de metionina.
A temperatura e a umidade relativa variaram amplamente diuturnamente durante todo o experimento, sendo os valores médios iguais a 27,12 ± 4,51 °C e 61,72 ± 5,65%, respectivamente.
Durante a fase de crescimento II (92 a 122 dias de idade), o consumo diário de ração (p < 0,001) e o ganho de peso diário (p < 0,05) aumentaram com os altos níveis de AAS (Tabela 1).
Altos níveis de AAS também proporcionaram maior ganho de peso diário durante todo o período do experimento (0,91 versus 0,86 kg; p < 0,05) e maior peso final (108,88 versus 104,17 kg, p < 0,05).
Avaliação
Tabela 1. Desempenho de suínos alimentados com dietas suplementadas com DL-Metionina ou OH-Metionina de acordo com recomendações para aminoácidos sulfurados ou acima destas.
Não foi observada interação significativa entre a fonte de metionina e o nível de AAS para quaisquer características de carcaça (Tabela 2)
É reconhecido que a maior suplementação de AAS pode afetar a composição de aminoácidos das proteínas teciduais, o equilíbrio glutationa-redox e o tipo de fibra muscular. No entanto, os animais que receberam OH-Met tiveram maior (p < 0,05) profundidade de lombo (58,37 versus 55,21 mm) e os que receberam maiores doses de metionina apresentaram maior (p < 0,05) peso de carcaça (78,16 versus 74,70 kg) e mais (p < 0,05) quilogramas de carne magra na carcaça (43,69 versus 41,90 kg).
Tomados em conjunto, esses resultados demonstraram que a suplementação com altos níveis de aminoácidos sulfurados em condições de calor proporcionou carcaças mais pesadas e carne mais magras.
Contrariamente, a redução da oferta de AAS (em 36% da quantidade recomendada pelo NRC 1998) diminuiu a retenção proteica e o ganho de peso diário e levou a um aumento na retenção lipídica (Aguilera et al., 2010).
Neste sentido, em um estudo conduzido com porcas (Zhang et al., 2015) foi demonstrado que, ao fornecer às fêmeas metionina 25% acima da recomendação do NRC 2012, as matrizes produziram mais leite e de melhor qualidade, levando a um melhor desempenho de suas leitegadas.
Outra hipótese para explicar o melhor ganho de peso e o maior peso final dos animais alimentados com maiores quantidades de AAS está associado ao potencial genético dos animais utilizados em nosso estudo, os quais detinham maior deposição muscular e, consequentemente, maiores exigências de aminoácidos do que o recomendado pelas exigências descritas nas Tabelas clássicas de nutrição.
Esta hipótese é sustentada por estudos que apontaram que as demandas de aminoácidos mudam à medida que os genótipos melhoram.
Relativo aos dados de carcaça, nossos resultados também estão de acordo com outros estudos que sugerem que a suplementação de metionina tem um impacto mais significativo no peso final e no peso da carcaça do que no rendimento da carcaça.
Particular aos efeitos positivos sobre a profundidade de lombo de suínos alimentados com dietas suplementadas pela OH-Met, em comparação àqueles alimentados com DL-Met, estes podem ser decorrentes da absorção da OH-Met, que ocorre no final do duodeno, contrário ao da DL-Met, que acontece no final do jejuno, o que evita competições com a microbiota intestinal e favorece o aproveitamento da metionina em sua forma OH-Met.
Em climas tropicais, o aumento da suplementação de metionina em suínos em crescimento e engorda proporcionou melhor ganho de peso diário e peso final.
Atribui-se, por esta razão, que as concentrações plasmáticas de taurina são mais elevadas em comparação à DL-Met, indicando maior potencial de OH-Met para converter a metionina em sua forma biodisponível para síntese proteica.
Além disso, altas dosagens de metionina proporcionaram carcaças mais pesadas e mais kg de carne magra. Animais suplementados com metionina na forma de OH-Met apresentaram maior profundidade de lombo, sendo o desempenho e características de carcaça semelhantes aos da DL-metionina, mostrando a mesma eficácia do OH-Met e da DL-MET em 100% e o potencial da OH-Met como fonte desse aminoácido.
*O artigo completo deste trabalho está disponível em: https://www.mdpi.com/2076-2615/12/17/2159
Na União Europeia, inclusive, a prática antecede a esse movimento, sendo proibida desde janeiro de 2006, apenas permitida para uso terapêutico a partir de prescrição veterinária.
No Brasil, estamos passando por um processo de conscientização e estabelecendo políticas de maior controle do uso de melhoradores de desempenho e antibióticos na alimentação animal, com maior regulação e fiscalização por parte do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), seja em plantas de produção de rações e premixes, ou em produtores rurais.
Diante desse cenário, quais seriam nossas opções para manter a mesma eficiência produtiva sem a utilização de antibióticos enquanto melhoradores de
Inúmeras alternativas nutricionais vêm sendo pesquisadas e estudadas como:
Acidos orgânicos
Probióticos
E os resultados encontrados apontam para a possibilidade de manter eficiência produtiva similar à hoje alcançada com o uso dos aditivos antibióticos melhoradores de desempenho.
Dentre as alternativas citadas acima, os extratos vegetais e óleos essenciais vêm demonstrando excelentes resultados enquanto alternativas eficientes aos antibióticos melhoradores de desempenho.
Orégano, canela e pimenta malagueta
Mistura de óleos essenciais
Canela, tomilho e orégano
Diminui a quantidade de bactérias totais do íleo, aumentou a relação lactobacillus: enterobacterias
Manzanilla et al (2004)
Inibiu a proliferação de E.coli hemolítico em leitões recém-desmamados Losa et al (2001)
Inibiu a proliferação de E.coli patogênica no intestino de leitões Namkung et al (2004)
Tomilho, cravo, orégano, eugenol e carvacrol Aumentou o ganho de peso Oetting et al (2006)
Cravo e orégano O ganho de peso foi similar ao grupo tratado com antibiótico Costa et al (2007)
Mistura específica de extratos de plantas
Extrato de alho envelhecido, alicina
Chá preto (Camellia sinensis)
Polifenóis de plantas (de coco e taninos de plantas)
Aumentou o ganho médio diário e diminuiu a conversão alimentar em suínos de terminação Liu et al (2008)
Aumentou o ganho de peso, melhorou parâmetros da imunidade local não específica de leitões
Diminui o número de clostridios e enterococos nas fezes de leitões
Diminui in vitro a adesão e a ligação de toxinas de E. Coli enterotoxigênico
Fonte: Adaptado de Vondruskova et al. (2010).
Tatara et al (2008)
Zanchi et al (2008)
Verhelst et al (2010)
Tabela 1. Extrato de plantas e óleos essenciais na alimentação de suínos
Existem trabalhos científicos indicando que os óleos essenciais, extratos vegetais e suas combinações podem apresentar efeitos na manutenção da saúde intestinal dos animais, atuando como antioxidante, antibacterianos e imunoreguladores (Lee et al., 2004).
Alguns extratos de plantas atuam como melhoradores de desempenho em suínos, tendo como hipótese a habilidade que apresentam de modular o sistema imune (Sads e Bilkei, 2003; Janz et al., 2007), podendo atuar no mecanismo de produção de citocinas (Liu et al., 2012).
Experimentos desenvolvidos no Núcleo de Tecnologia e Inovação da Agroceres Multimix com um blend de óleos essenciais e extratos vegetais demonstraram maior proteção do sistema imune de suínos.
Em sua grande maioria, as ações positivas desses produtos são observadas quando há uma combinação de blends de óleos essenciais e/ ou extratos vegetais. Combinados com ácidos – em uma determinada concentração, inclusão e situação encontrada a campo -, eles podem ainda apresentar ação eficiente na manutenção da saúde intestinal dos animais.
Atuando como um antimicrobiano natural, o composto preservou a capacidade digestiva dos intestinos, melhorou o sistema imune e refletiu na redução de diarreias.
CONTROLE DE DIARREIA
Os animais tratados com o blend de óleos essenciais e extratos vegetais não apresentaram diferenças significativas em mortalidade dos lotes e a qualidade das escretas foram preservadas em relação ao óxido de zinco.
Suínos avaliados entre 21 e 35 dias, apresentaram um peso de 10,24 kg aos 35 dias, quando tratados com o blend de óleos essenciais, ante os 9,12 kg dos animais tratados com Zinco e Cobre.
Sem promotor
Halquinol
Óleos essenciais
O consumo médio diário de ração também foi 21,7% maior nos animais tratados com o aditivo natural, alcançando 0,28 kg, ante os 0,23kg obtidos pelos suínos tratados com Zinco e Cobre.
Dados de desempenho aos 35 dias de idade
Dados de desempenho aos 63 dias de idade
Vale destacar que essa capacidade de modulação do sistema imune apresentada por alguns extratos vegetais deve ser aplicada enquanto método para prevenir o aparecimento de enfermidades e não para tratar patógenos já estabelecidos.
Ou seja, em condições sanitárias estáveis, os extratos vegetais e óleos essenciais vêm se mostrando uma alternativa viável para a substituição aos aditivos melhoradores de desempenho.
Melhoradores de desempenho, que alternativa adotar?
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Os experimentos, desenvolvidos com altíssimo rigor científico, demonstraram a viabilidade de se promover o desempenho animal a partir da utilização de produtos de base vegetal e natural.
O termo micotoxina é derivado de “mykes”, que significa fungo” e “toxicon” que significa veneno. A micotoxina zearalenona (ZEA) é um metabólito secundário tóxico produzido por fungos do gênero Fusarium, que podem ser comumente encontrados em cereais e outros grãos, como milho, cevada e trigo.
Devido às suas propriedades estrogênicas, a ZEA tem sido associada a efeitos negativos na reprodução de suínos, os quais incluem:
Alterações no ciclo estral
Redução da fertilidade de machos e fêmeas e
Aumento da mortalidade fetal (Gong et al., 2018).
A ZEA é uma toxina branca, cristalina, solúvel em gordura, tem ponto de fusão relativamente alto (164 a 165 °C) e, ainda, é estruturalmente semelhante ao hormônio sexual 17
Portanto, a intoxicação por ZEA sempre deve ser considerada como diagnóstico diferencial em casos de falha reprodutiva.
Além dos efeitos diretos na reprodução, a ZEA também pode ter efeitos indiretos na saúde dos suínos.
Cesar Augusto Pospissil Garbossa Laboratório de Pesquisa em Suínos da FMVZ/USPEstudos têm mostrado que a exposição a altas doses de ZEA podem afetar a saúde intestinal e o sistema imunológico dos suínos, além de causar aumento do estresse oxidativo, o que pode levar a danos celulares e aumento do risco de doenças.
A contaminação pelas micotoxinas em cereais pode ocorrer antes e depois da . A produção de micotoxinas por fungos pode ocorrer tanto durante o crescimento da planta, quanto na fase de maturidade dela, bem como na colheita e no processamento dos grãos.
Existem relatos de que aproximadamente 70% da alimentação animal está contaminada por micotoxinas sendo a ingestão de alimentos contaminados a principal forma de exposição dos suínos à ZEA.
A ZEA é formada, principalmente, antes da colheita, no entanto, o crescimento contínuo de fungos e a síntese de ZEA pode continuar enquanto houver más condições de armazenamento.
70% da alimentação animal está contaminada por micotoxinas
A ZEA é resistente ao cozimento e à , o que significa que a contaminação por essa micotoxina pode ser detectada tanto em alimentos processados, quanto em grãos crus. Isso determina implicações significativas na produção de suínos,
já que os suínos geralmente são alimentados com ração baseada em milho e outros cereais e, devido a essa grande resistência, a ZEA não pode ser removida ou ter sua toxicidade anulada durante os processos normais de fabricação de ração.
Dados do DSM World Mycotoxin Survey de 2022 demonstram que, na América do Sul, a chance de uma amostra de ingredientes testar positiva para micotoxinas foi de 59%, sendo a fumonisina a mais prevalente (50%), seguida pela ZEA, com 47% de prevalência nas amostras analisadas.
Ainda, de acordo com o mesmo documento, nas amostras de milho a ZEA é a terceira micotoxina mais prevalente, com dose média de 220 µg/kg.
Já para os outros cereais avaliados (trigo, cevada, centeio, aveia, arroz, sorgo e milheto), a ZEA passa a ser a segunda mais prevalente, com dose média de 32 μg/kg.
Em estudo desenvolvido por Liu e Applegate (2020), observou-se que a ZEA é a micotoxina mais prevalente em amostras de soja e farelo de soja mundialmente.
limite de ZEA para leitões e marrãs
100 μ g/kg
limite de ZEA para matrizes e animais de engorda
250 μ g/kg
De acordo com a Comissão Europeia de Segurança Alimentar (UE), os limites regulatórios para a concentração de ZEA em rações de leitões e marrãs é de 100 µg/kg e para matrizes e animais de engorda é de 250 µg/kg.
Dessa forma, o monitoramento sistemático dos ingredientes e da ração com o objetivo de determinar os níveis de contaminação por ZEA e outras micotoxinas relevantes é de
Como mencionado anteriormente, os suínos pertencem à espécie mais afetada pelos efeitos da ZEA, haja vista ela se ligar em receptores específicos de estrogênio e simular os efeitos desse hormônio.
Os sinais de hiperestrogenismo podem ser observados quando da ocorrência de níveis de ZEA em 180 µg/kg de ração, os quais se tornam mais pronunciados em níveis mais elevados.
Possivelmente, a maior susceptibilidade dos suínos à ZEA está associada ao fato das vias metabólicas desses animais serem direcionadas à produção do metabólito mais estrogênico que a ZEA: o α-ZEL. A atividade estrogênica do α-ZEL é de 3 a 100 vezes maior do que a ZEA e, ainda, sabe-se que o α-ZEL é 17 vezes mais potente do que o α-etinilestradiol.
A manifestação clínica da contaminação por ZEA em fêmeas suínas é bastante variável, dependendo da dosagem ingerida, duração e fase do ciclo reprodutivo em que a fêmea foi exposta.
A ZEA determina efeitos deletérios até mesmo para marrãs sexualmente imaturas, como:
Impacto negativo sob a maturação do oócito
Distúrbio do desenvolvimento siológico dos folículos
Alteração da estrutura histológica do útero e ovários
Inchaço e vermelhidão da vulva e
Aumento de tamanho e peso do sistema genital.
De forma semelhante, marrãs púberes e matrizes também são muito afetadas pela ZEA, podendo apresentar sinais clínicos como:
Atraso do primeiro estro
Anestro
Aumento do intervalo desmame-cio
Cio ininterrupto
Pseudociese
Aumento do tamanho da glândula
mamária
Retenção do corpo lúteo
Hiperestrogenismo juvenil da leitegada
Diminuição do peso da leitegada
Maior natimortalidade
Aumento de leitões com splay leg
Redução do número de fetos
Aumento da mortalidade embrionária
Degeneração de blastócitos
Aborto
Inibição da maturação folicular pré-ovulatória e, até mesmo
Maior ocorrência de prolapsos (patologia que vem apresentando aumento nos últimos anos).
Além do impacto da ZEA nas fêmeas, também foram observados efeitos deletérios da micotoxina sobre o desempenho reprodutivo de machos. Entre as principais alterações pode-se citar:
A contaminação por micotoxinas em cereais destinados a serem ingredientes para ração animal deve ser neutralizada através de boas práticas agrícolas. No entanto, a prevenção completa da formação de micotoxinas raramente é alcançada.
Aumento das glândulas mamárias (feminização)
Esses efeitos negativos possivelmente associam-se à redução da produção de testosterona pelas células de Leydig nos testículos.
Além dos efeitos observados nos cachaços, ainda são relatados na literatura efeitos negativos in vitro sobre os espermatozoides, como:
Redução da motilidade
Aumento das anormalidades da cabeça
Diminuição da viabilidade
Comprometimento da funcionalidade da membrana espermática e estabilidade da estrutura da cromatina e
Efeito negativo na reação do acrossoma
Possivelmente, esses efeitos se devem ao fato da ZEA ligar-se aos receptores de estrogênio localizados nos espermatozoides.
Somado a isso, a utilização de variedades de plantas resistentes a fungos, seleção cuidadosa de grãos de cereais e armazenamento adequado são eficazes na redução da contaminação por fungos.
Outra forma de controlar a ZEA é através da utilização de adsorventes, tais como a bentonita, zeólita e fosfato de cálcio, que são adicionados à ração para adsorver e remover a micotoxina.
Estudos mostraram que a adição de adsorventes pode ser eficaz na redução da absorção de ZEA pelos suínos e, consequentemente, reduzir os efeitos
Além disso, a utilização de probióticos pode ser benéfica no controle da ZEA. Estudos têm mostrado que a adição de probióticos como Bacillus subtilis e Saccharomyces cerevisiae pode reduzir a quantidade de ZEA absorvida pelos suínos e diminuir os efeitos tóxicos.
Ainda, a aplicação de microrganismos degradadores de micotoxinas ou enzimas microbianas como aditivos alimentares pode ser um método específico, eficaz e irreversível para a remoção de micotoxinas.
No entanto, a atividade de uma enzima degradadora de micotoxinas no trato gastrointestinal e a segurança dos produtos de degradação formados devem ser cuidadosamente avaliadas.
A melhor forma de controle da micotoxina ZEA em ingredientes para ração e na ração de suínos é através da prevenção da contaminação.
Somado a isso, deve-se gerenciar o risco de contaminação pelas micotoxinas através da implementação de uma estratégia integrada que inclua boas práticas para cultivo e armazenamento de grãos, bem como amostragem e análise regulares.
Assim, os resultados das análises de micotoxinas podem ser usados para tomada de decisões sobre os níveis de inclusão de matérias-primas e também na escolha de produtos com ação antimicotoxina, que impedem a passagem de micotoxinas para a corrente sanguínea.
Como demonstrado, é praticamente impossível produzir alimentos para monogástricos sem que estejam contaminados com ZEA. Dessa forma, compreender como a ZEA prejudica a produção e reprodução dos suínos e estar ciente acerca dos sintomas causados pela ZEA, identificar e saber como prevenir problemas antes que eles ocorram é fundamental para maximizar a saúde, o bem-estar, o desempenho e, consequentemente, o lucro da atividade suinícola.
Rovian Miotto1 e Janice Reis Ciacci Zanella2
1Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense.
2Embrapa Suínos e Aves, Concórdia, SC
Os circovírus são os menores vírus de DNA fita simples de replicação autônoma, não envelopados e com simetria circular (MANKERTZ et al., 1997).
Pertencem à família Circoviridae, gênero Circovirus (ROSÁRIO et al., 2017) e até o presente momento já foram identificados quatro tipos de circovírus suínos (PCV) capazes de infectar suínos, que são:
PCV1 é considerado não patogênico, e foi diagnosticado como infectante de cultivo celular em linhagem de células renais de suíno (PK-15).
PCV4
Circovírus suíno tipo 1 ou PCV1, Circovírus suínos PCV2 e os mais recentes descobertos PCV3 e
(ZHAI et al., 2019; ZHANG et al., 2020).
Na década de 90, uma nova espécie de PCV foi associada a uma nova síndrome descoberta, a qual, causava definhamento e descarte de animais recém desmamados, assim foi denominada de Síndrome Multissistêmica do Definhamento dos Suínos (SMDS), sendo conhecido como PCV2, atualmente é um dos agentes de maior importância na suinocultura brasileira e mundial.
O PCV3 foi descoberto no ano de 2016, sendo causador de Dermatite Suína e Síndrome da Nefropatia (PDNS), doença cardíaca, falhas reprodutivas, e doença respiratória (PALINSKI et al., 2017).
Já o novo circovirus tipo 4 (PCV4) foi detectado no ano de 2019 em Hunan, na China, a partir de amostras de suínos com severos sintomas clínicos, como sintomas respiratórios, entéricos e sinais de PDNS. É um vírus DNA circular de fita simples com genoma de 1770 nucleotídeos que contém duas fases abertas de leitura (ORF's) sendo denominadas ORF1 e ORF2 (ZHANG et al., 2020).
Com a intensificação da suinocultura, a partir dos anos 2000, ocorreu o aumento do número de infecções virais em suínos, e como consequência o surgimento de novos patógenos (TURLEWICZ-PODBIELSKA; AUGUSTYNIAK; POMORSKA-MÓL, 2022).
As espécies mais recentes descobertas como PCV3 e PCV4, trazem preocupações crescentes na atividade suinícola, principalmente por se saber pouco a respeito das mesmas e de não haver medidas de controle como vacinas (OPRIESSNIG et al., 2020).
Nas análises filogenéticas realizadas das amostras isoladas em 2019, foi mostrado que o PCV4 tem alta identidade de nucleotídeos (66,9%) com o circovírus de Furão (MiCV), já para outros PCVs tem baixa identidade (43,2–51,5%) conforme figura 1 (ZHANG et al., 2020) e também associado a circovirus de morcego (SUN et al., 2021)
Estudos retrospectivos realizados por HOU et al., em 2021, na China, mostraram que PCV4 estava presente em amostras coletadas em 2012, o que nos mostra que o mesmo já circula em suínos há pelo menos uma década.
Já em outro estudo, em amostras de soro coletadas em 2008 os animais possuíam anticorpos para PCV4 (GE et al., 2021).
Quanto à patogênese, esta não está bem estabelecida até o presente momento. Porém, o que se sabe é que o mesmo foi detectado em vários tecidos, em animais de diferentes faixas etárias e apresentando coinfecção com outros patógenos.
Buscando entender a dinâmica de infecção, realizou-se uma imunoistoquímica para a presença de antígenos de PCV4 nos órgãos, nos quais:
Pulmão
Fígado
Linfonodos
Baço Rim
Intestino grosso
Foram positivos para o teste (NIU et al., 2022). Assim, nos mostra que o PCV4 possui um amplo tropismo tecidual, facilitando tanto a transmissão horizontal quanto a vertical.
Seu genoma foi detectado em soros e outros tecidos, incluindo coração, fígado, baço, pulmão, rim, linfonodo, amígdala, intestino e cérebro (OPRIESSNIG et al., 2020).
Um estudo realizado por NIU et al., em 2022 infectando experimentalmente suínos com PCV4, demonstrou alterações morfológicas nos órgãos dos animais com 35 dias após a infecção. Neste mesmo estudo também foi possível replicar o vírus em cultivo celular, em fibroblastos de rim suíno (PK-15).
Dois animais foram infectados pela via intranasal com PCV4. Os leitões do grupo infectado apresentaram as características patológicas da esplenite proliferativa, com cápsula densa, borda espessa, textura dura e áspera.
O pulmão apresentava-se atrofiado e em colapso total, com sangramento e lesões brancas na superfície.
O rim apresentava foco necrótico branco no córtex renal, com a borda afiada.
Os linfonodos estavam brancos e aumentados de tamanho de 1,5 a 3 vezes (Figura. 2)
O fígado apresentava hiperplasia intersticial hepática, esclerose, pouca elasticidade e foco necrótico branco na superfície.
Apesar da circovirose ser um problema importante para a suinocultura brasileira, até o presente momento, no nosso conhecimento, nenhum estudo foi publicado no Brasil buscando identificar o PCV4. Isso é preocupante, pois, recentemente, o PCV3 já foi identificado em suínos no Brasil (TOCHETTO et al., 2018).
Sabe-se que o PCV4 está presente na Ásia, mas não em demais continentes (WANG et al., 2022).
Vale a pena ressaltar que o PCV4 foi encontrado tanto em animais clinicamente doentes como em animais clinicamente saudáveis (NGUYE et al., 2021). Isso nos leva a pensar que pode não ser patogênico para todos os suínos, mas dependente de algumas circunstâncias, como:
Manejo Coinfecções
Imunidade do suíno
Ambiente
Alimentação
Carga viral (NIU et al., 2022).
O PCV4, como descrito, está presente por uma década no continente Asiático e restrito ao seu território. Porém no Brasil, por ser o quarto maior produtor e quarto maior exportador global de carne suína, deve-se ter atenção e prevenir a entrada e disseminação deste novo vírus.
Sabe-se dos desafios que um novo vírus pode causar num rebanho sem proteção ou imunidade, principalmente por conhecer tão pouco a respeito da dinâmica de infecção nos suínos por PCV4 e da sintomatologia clínica. Por isso são necessários estudos mais aprofundados a respeito deste vírus no continente asiático onde se faz presente, e cabe aos demais países produtores de suínos, melhorar as medidas de biosseguridade e controle de possíveis doenças que possam vir a comprometer o sistema de produção
PCV4, uma nova ameaça à suinocultura?
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Referências bibliográficas
Sob consulta dos autores.
¹Gerente de Marketing Boehringer
²Consultora de novos negócios Boehringer Ingelheim
³Gerente Técnico de Suinocultura Boehringer Ingelheim
Reprodução
Eficácia, segurança e proteção contra todos os genótipos do circovírus suíno, em todo o ciclo produtivo
A infecção por PCV2 pode ter sérias consequências em matrizes
A infecção do PCV2 impacta tanto em leitoas de reposição quanto em matrizes em todos os estágios do ciclo reprodutivo.
Tabela 1: Sinais clínicos da infecção por PCV2 em matrizes1
Momento da infecção durante a gestação
Sinais clínicos
Consistentemente, ocorre:
Morte e reabsorção de embriões
Leitegadas com menor número de leitões nascidos
Retorno ao estro
Inicial (1° – 35° dia)
Morte dos embriões Leitegadas pequenas Retorno ao estro Intermediário (35° – 70° dia)
Fetos mumificados Abortos
Final (70° – 115° dia)
Fetos mumificados Natimortos Leitões recém-nascidos fracos Abortos
A infecção por PCV2 em matrizes pode resultar em perdas reprodutivas, bem como em infecção subclínica, e impactar negativamente o desempenho reprodutivo.
ImpranFLEX® é um adjuvante que confere excelente eficácia e segurança à Ingelvac CircoFLEX®.
Tabela 2: Segurança da Ingelvac CircoFLEX® em matrizes no período de gestação e lactação.
As matrizes infectadas durante a gestação podem não apresentar sinal clínico, mas ainda transmitir o PCV2 através da placenta para os embriões e fetos (infecção subclínica).
Foi demonstrado que Ingelvac CircoFLEX® é segura em todas as fases de gestação e lactação.
Performance de matrizes vacinadas com Ingelvac CircoFLEX®
Matrizes e leitoas vacinadas com Ingelvac CircoFLEX® antes da cobertura apresentaram uma taxa de parto 6% maior quando comparado às não vacinadas (90,6% vs. 84,59% respectivamente).
A melhora na taxa de parto foi observada em todas as parições, com melhores resultados nas primíparas
Melhora numérica nos leitões nascidos totais, nascidos vivos e redução nos leitões natimortos.
Tabela 3: Performance reprodutiva comparando matrizes vacinadas e não vacinadas com Ingelvac CircoFLEX®.
Leitoas de reposição:
A vacinação de leitoas com Ingelvac CircoFLEX® após a seleção ou durante a quarentena é importante para protegê-las de falhas reprodutivas após a introdução na granja.
Matrizes:
A vacinação de matrizes com Ingelvac CircoFLEX® ajuda a reduzir os sinais clínicos associados ao PCV2 e pode aumentar o desempenho reprodutivo.
Vacinação de Leitoas Vacinação de Matrizes Vacinação de leitões ao desmame
Protege as leitoas quando alojadas no rebanho de porcas Protege contra os sinais clínicos de PCV2, como falhas reproductivas
Aumento de 6% na taxa de parto, resultou em 2.049 leitões desmamados a mais.
Ingelvac CircoFLEX®, pode ser utilizada em suínos a partir de 3 semanas de vida, inclusive em matrizes na fase de gestação e lactação.
Protege contra os sinais clínicos associados ao PCV2 (fallas reprodutivas)
Proteção superior sem comprometer a segurança Reduz a mortalidade e os sinais clínicos
Vacinação recomendada com Ingelvac CircoFLEX® (1 dose de 1 mL)
Vacinação após a Seleção ou durante a quarentena. No máximo 15 dias antes da primerira inseminação
Massal: a cada 6 messes
Gestação: terço final
Lactação: 7 a 10 dias após o parto
Referências bibliográficas Sob consulta.
Proteção de Ponta a Ponta
Vacinação aos 21 dias misturada com Ingelvac MycoFLEX® na forma de FLEXcombo®
Eficácia, segurança e proteção contra todos os genótipos do circovírus suíno, em todo o ciclo produtivo.
Asuinocultura nos últimos anos apresenta-se com mudanças e evoluções e sua gestão em busca de resultados exige da cadeia produtiva uma qualidade nunca antes vivenciada no Brasil e no mundo. Somos fortemente influenciados por fatores extras que impactam e determinam nossa realidade e a forma de conduzir nossa produção:
Mercado consumidor exigente e participativo
Safra de grãos e o impacto nos custos de produção
Maior oferta de proteínas no mercado impactando preço final
Taxa cambial oscilante
Guerra na Ucrânia e aumento no valor dos insumos
Desafios sanitários e surtos globais
Implantação da IN113 referente ao bem-estar animal juntamente com a necessária racionalização e prudência de uso dos antibióticos na suinocultura.
Apesar destes desafios, observamos no campo ganhos crescentes na produtividade zootécnica, resultado positivo do potencial genético com a implantação dos conceitos de manejo reprodutivo, com a aplicabilidade nas áreas de nutrição, instalações e ambiência.
Ambiência
Essa complexa interrelação de fatores de êxito somente pode ser transformada em ganhos práticos e rentáveis quando desenvolvemos e capacitamos uma equipe de recursos humanos absolutamente bem treinada, motivada, comprometida com os resultados.
O desmamado mais amado do Brasil é aquele leitão que atende às diferentes exigências nas fases produtivas e que, ao abate, assegura toda a qualidade que objetivamos entregar ao nosso consumidor de carne suína. O animal com maior nível de saúde, em lote uniforme, com o melhor desempenho zootécnico para a sua categoria e que foi desenvolvido em menor custo possível.
Mas basta comemorarmos este aumento da quantidade de leitões por parto se nem sempre logramos mesmo sucesso em qualidade?
A genética moderna alterou o perfil dos rebanhos de fêmeas gestantes, lactantes e sua prole determinando novas demandas de produção.
Com o objetivo de buscar essa resposta, resumimos o que seria nosso mais completo e desejado animal que concentra as necessidades da cadeia produtiva como um todo.
O índice percentual de leitões desmamados reduz à medida em que aumentam os leitões nascidos totais por leitegada e tornam-se mais desafiadores em qualidade.
São desafios experimentados na atualidade da suinocultura:
O crescimento médio anual de 0,3 leitão exige uma nutrição de alta especi cidade e que atenda maiores demandas para a fêmea e para os lactantes;
Existe uma correlação indireta que gera maiores adversidades sanitárias e de conformação física no campo associados à morte ou condenação por problemas locomotores, prolapsos de órgãos pélvicos e distúrbios respiratórios ou gastrointestinais;
Convivemos com maior coe ciente de variação em nascidos e desmamados conforme aumentou também os nascidos totais e peso total de leitegada por parto;
NASCIDOS X ENTREGUES
Existe inevitável frustração a todos dos sistemas de produção pela incapacidade de mantermos proporcional o sucesso de nascidos igual ao de abatidos.
O mercado oferta diversas oportunidades de intervenções através de complementos e aditivos alimentares, manejos diferenciados que visam qualificar a produtividade no chamado período de transição, fase que contempla os últimos 30 dias gestacionais até 10 dias seguintes ao parto. Os objetivos são múltiplos e destacamos os mais relevantes:
Potencializar o desenvolvimento e produção mamária em colostro e leite
Desmamar o maior número e peso de leitões com a melhor viabilidade
Reduzir transtornos metabólicos periparto além da mortalidade das porcas
Minimizar catabolismo lactacional e melhorar fertilidade no parto seguinte
E por tudo citado, se questiona qual seria o ponto de equilíbrio entre ter quantidade, mas com uma qualidade assegurada até o fim da cadeia produtiva.
Alguns exemplos de publicações focadas nestes objetivos: A suplementação de fontes extras de fibra durante a gestação e seu efeito em reduzir a duração do parto (Feyera, 2017); ou fornecer várias refeições antes do parto reduz a taxa de nascidos mortos e aumenta a sobrevivência dos leitões (Miller, 2020 - Gourley, 2020); ainda, como destaca em texto Ferrari, 2014:
“A ingestão de colostro e o peso ao nascer são fatores importantes que contribuem para a sobrevivência e ganho de peso dos leitões e, garantir que os leitões consumam colostro em quantidade suficiente e imediatamente após o nascimento pode contribuir para a ocorrência de uma menor taxa de mortalidade na maternidade”.
A fêmea gradativamente está mais eficiente, produtiva e rentável.
Temos vivenciados, de forma muito merecida eu diria, um enorme destaque aos desempenhos do setor maternidade enfatizando conquistas em taxas de nascimento, sobrevivência e consequentes e premiados índices de desmamados por parto e por ano.
Vale ressaltar que, nenhum destes ganhos poderia ser obtido sem uma excelente e dedicada participação da fêmea suína e aproveito esta oportunidade para aqui registrar esse mérito que nem sempre é valorizado e focado quando efetivamos investimentos em:
Entretanto, suas exigências são proporcionais a esse êxito e, quando não devidamente atendidas, frequentemente comprometemos os resultados zootécnicos, o equilíbrio sanitário do rebanho e sua capacidade de retorno sobre o investimento, viabilidade e longevidade produtiva.
Qualidade de instalações
Equipamentos
Insumos e aditivos que facilitem sua rotina produtiva.
Diante deste cenário, listamos alguns relevantes pontos de trabalho e empenho que devemos assegurar na gestão qualificada da fêmea suína:
Programa de recebimento na propriedade com ênfase na adaptação sanitária, imunológica e reprodutiva para uma reposição adequada em quantidade e qualidade – incluir o quarentenário para reposição de animais;
Sistemas consistentes de limpeza e desinfeção que minimizem a carga infectante em todas as instalações;
Equipe de recursos humanos treinada e comprometida na execução dos manejos que assegurem conforto, qualidade e regularidade nas tarefas diárias; que entendam sua responsabilidade e relevância no processo produtivo como um todo; causas, consequências e alternativas corretivas quando a ótima expectativa não ocorre e necessitamos revisão nos procedimentos.
Gestão do sistema de fornecimento da água de bebida com uso de programas robustos e gerenciáveis na potabilidade qualificada e constante em índices físicoquímicos e microbiológicos;
Nutrição de precisão que viabilize rações formuladas e produzidas com padrões alimentares atualizados e compatíveis com alta performance;
Gestão da ambiência como diferencial que viabiliza o potencial genético. Extremos de temperatura, principalmente o calor – são desafiadores e comprometem o equilíbrio metabólico e funcional;
Monitoria sanitária individual e de rebanho mais intensa que minimize os impactos patológicos clínicos e subclínicos;
O setor de maternidade é um ambiente absolutamente exigente onde necessitamos harmonizar as demandas distintas da porca e de sua leitegada tanto em confortos ambientais, térmicos, sanitários, como alimentares para duas classes animais bastante diferentes.
Essa adequação permite que em um período de tempo muito curto, possamos executar ações tão relevantes e rentáveis como o:
Parto
Puerpério materno
Colostragem
Produção leiteira e Amamentação da prole e gestão alimentar que assegure à fêmea a manutenção física para um novo ciclo produtivo pós-desmame, e aos leitões a fase decisiva em seu objetivo de crescer forte, saudável e uniforme.
A porca deve assegurar proteção, alimentação e sobrevivência aos leitões, enquanto estes, revertem em multiplicação do seu peso até a desmama e, também uma adaptação funcional, metabólica e sanitária para as fases seguintes de vida.
Convivemos com diversas e detalhadas recomendações sobre atendimento de parto conforme o sistema de produção atendido na consultoria. Este tema requer treinamento constante, atualizações e uma flexibilidade de procedimentos em cada caso.
Hoje gostaria de dedicar atenção especial ao profissional que tem uma das funções mais importantes do sistema de produção: o parteiro.
São características do excelente parteiro:
OBSERVAÇÃO, CALMA E TRANQUILIDADE
Para identi car cada demanda e agir conforme sua necessidade;
TREINAMENTO
Evolução constante e capacitação progressiva;
HUMILDADE E SOLIDARIEDADE
Para buscar auxílio nas adversidades e receber ajuda quando necessário e auxiliar aos colegas quando assim se exigir;
DEDICAÇÃO E EMPENHO
Por sua relevância em tomar decisões conforme se apresenta o desafio, por sua capacidade individual de exercer uma tarefa que pode determinar sucesso ou fracasso após um investimento de 115 dias gestacionais, por sua necessidade de entender que cada fêmea precisa de um protocolo de atendimento e/ ou intervenção. Deveríamos sempre nos certificar de que o parteiro esteja bem atendido em suas necessidades e instrumentos para exercer com dedicação e qualidade sua função.
Juntamente com o comprometimento são fundamentais ao pro ssional que exerce tão relevante trabalho e que requer excelência rotineira
Diante de todos pontos já citados, passamos então a descrever algumas características a serem almejadas quando buscamos conquistar o desmamado mais amado do Brasil: Segundo Bierhals e Magnabosco (2014):
As primeiras 72 horas de vida dos leitões são as mais críticas, onde a mortalidade nesse período é superior comparado a todo o restante do ciclo de criação do suíno, onde todo manejo tem por objetivo de aumentar o índice leitões/porca/ano.
A primeira mamada dos leitões é o fator mais importante para a ingestão de colostro, que é crucial para sua sobrevivência e crescimento.
O tempo médio da primeira mamada variou de 27 a 62 minutos (TUCHSCHERER M. et all.,2000) e o intervalo do toque do úbere até a primeira mamada foi em média de 9 minutos (Balzani, A., 2016).
Diante destas premissas, precisamos assegurar que nosso leitão receba os melhores cuidados possíveis neste período crítico e, para tanto, evitar as principais causas de mortalidade ou refugagem em leitões lactantes:
Baixo peso ou reserva corporal ao nascer e/ ou reduzida vitalidade
Gestão ineficiente de colostro
Dificuldades que acarretem intervalo superior a 20 minutos para primeira mamada
Fêmea com incapacidade de fornecer o colostro e o leite
Alta competitividade entre irmãos dificultando acesso aos tetos mamários
Dificuldade de locomoção ou anormalidades motoras / traumatismos
Alojamento com programa de higiene, limpeza ou vazio sanitário comprometidos
Hipotermia e seus agravantes por esmagamento ou diarréias e anemia ferropriva em seus quadros clínicos ou subclínicos. – ex. E. coli, Clostridioses ou Cystoisospora suis
Ausência de suporte ou recursos material ou humano – assegurar domínio das técnicas e suas justificativas, causas e consequências para ampliar a expectativa de sucesso em sua realização rotineira qualificada
Resumidamente: qualquer situação ou ambiente que desafie o leitão com frio, fome, gases tóxicos, umidade ou alta contaminação ambiental.
Finalizamos reforçando a enorme relevância dos setores de gestação e maternidade e todos agentes envolvidos em sua complexidade na busca por atender as grandes demandas da fêmea e de sua leitegada. Estas primeiras semanas de vida concentram a fase mais importante para o desenvolvimento e maturação do leitão, e são ações que terão reflexo em todas as fases subsequentes de seu crescimento até o abate.
O desmamado mais do Brasil é aquele animal que consegue concentrar toda a qualidade sanitária, imunológica, física e metabólica, com os melhores índices zootécnicos para a sua categoria animal e que obtém a melhor viabilidade financeira para o empresário suinocultor e consequente qualidade de produto ao mercado consumidor.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
Sob consulta do autor.
Otrato respiratório é o primeiro local de infecção para muitos patógenos. As infecções respiratórias em suínos surgem com mais frequência durante períodos de maior amplitude térmica (noites frias com dias relativamente quentes).
Para uma ótima gestão preventiva das doenças respiratórias, os programas de vacinação, de medicação e de manejo são ferramentas muito importantes. Apesar destes vários programas de vacinação e medicação, as doenças respiratórias são comuns e de difícil controle na suinocultura.
Alguns dos sintomas de comprometimento do sistema respiratório são:
Diminuição do ganho de peso
Piora na conversão alimentar
Queda na uniformidade dos lotes e
Aumento na incidência de pneumonias e condenações por pleurites no frigorífico.
Os problemas respiratórios são, frequentemente, resultado de inflamação/contaminação e, como resultado, acúmulo excessivo de muco nas vias aéreas. Por isso torna-se fundamental amenizar estes sintomas, de maneira muito precoce, para prevenir problemas secundários e maiores prejuízos zootécnicos e financeiros.
Devido à crescente tendência de redução do uso de antimicrobianos, é importante a adoção de ferramentas alternativas para melhoria da saúde respiratória.
A Biochem possui em seu portfólio o produto BronchoVest®, um aditivo composto pelos óleos essenciais de eucalipto e hortelãpimenta e por cristais de mentol.
O grande diferencial do produto está na ação sinérgica e de alta concentração dos princípios ativos 1,8-cineol e mentol, com características que se complementam e trabalham em conjunto para auxiliar no alívio dos sintomas respiratórios.
Neste cenário, uma terapia complementar com aditivos naturais como suporte adicional pode levar à melhoria do bem-estar animal, do desempenho e da eficiência da produção.
Os óleos essenciais têm se apresentado como uma alternativa na produção animal, sendo utilizados frequentemente como substitutos aos antibióticos e melhoradores de desempenho no sistema entérico. Porém, quando abordamos o sistema respiratório, nota-se um número menor de estudos e variedade de produtos no mercado.
BronchoVest® possui efeito antimicrobiano comprovado contra patógenos que causam infecções respiratórias, efeito descongestionante e calmante das mucosas das vias aéreas.
Ainda, durante períodos de calor, o mentol promove sensação refrescante, facilitando assim a respiração. Ao promover suporte à saúde respiratória dos animais durante períodos de desafio, podemos melhorar a vitalidade e produtividade.
Os primeiros estudos com BronchoVest® foram realizados com aves. Estes demonstraram, dentre os principais benefícios:
Redução da sintomatologia respiratória frente aos desafios sanitários
Padronização da titulação vacinal quando usado após a vacinação
Redução das reações vacinais
Redução das condenações no frigorífico por aerossaculite e
Melhoria do desempenho zootécnico de frangos de corte, reprodutoras pesadas e postura comercial.
Recentemente foram realizados dois estudos em granja comercial no Brasil, com leitões em fase de creche e fêmeas em maternidade.
Para as fêmeas em maternidade, o uso de BronchoVest® promoveu redução da frequência respiratória 24 horas pós-parto e melhoria do consumo de ração. Consequentemente os leitões destas fêmeas apresentaram aumento no ganho de peso e melhoria do escore fecal.
Como conclusão geral, BronchoVest® possui eficácia comprovada para redução de sintomas respiratórios em suínos, o que, de maneira indireta, pode levar à melhoria do bem-estar e estado geral de saúde, permitindo melhoria do desempenho de leitões desmamados e fêmeas em lactação.
Para leitões em creche, a utilização de BronchoVest® reduziu os sintomas respiratórios e, como consequência indireta, a incidência de diarreia, o que consequentemente reduziu a necessidade de tratamento individual com antibióticos e melhorou o desempenho nas fases préiniciais.
BronchoVest®: a solução natural para controle de problemas respiratórios na suinocultura
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Odistúrbio do desenvolvimento intestinal é uma das principais causas de morbidade e mortalidade de leitões no período pósdesmame. No desmame ocorrem mudanças significativas nas exigências nutricionais dos leitões, que iniciam o consumo de ingredientes indigeríveis para manter a alta taxa de formação da estrutura intestinal e maturação funcional.
As células do epitélio intestinal e o sistema imunológico são de suma importância para a digestão, absorção, função de barreira e homeostase no organismo. As complexas interações que ocorrem no intestino entre os nutrientes e o epitélio da mucosa desempenham funções importantes na manutenção e/ou regulação da saúde dos leitões.
Partículas de alimento Bacterias comensais Tight junctions saudáveis
Células sanguíneas
Muco
Fluxo sanguíneo
Devido às influências adversas na morfologia intestinal após o desmame, as funções intestinais podem ser incompletas, resultando em diminuição das capacidades digestiva, absortiva, de barreira e imunológica.
Para minimizar os impactos adversos do desmame e suas consequências subsequentes, estratégias nutricionais apropriadas devem ser consideradas para maximizar o desempenho dos leitões desmamados.
A adaptação às dietas secas contendo componentes complexos é o primeiro fator desafiador enfrentado pelos leitões após o desmame, uma vez que a maioria dos nutrientes é fornecida pelo leite da porca antes do desmame.
Os nutrientes das dietas sólidas estimulam o desenvolvimento posterior dos intestinos e a deficiência de nutrientes essenciais pode resultar em disfunção intestinal, diarreia e até morte.
Nos últimos anos, os aminoácidos têm sido reconhecidos como importantes nutrientes que promovem o desenvolvimento intestinal e a saúde dos leitões.
Entretanto, dietas com altos níveis de soja (maior concentração de fatores antinutricionais) podem causar atrofia das vilosidades.
Os nutricionistas da produção animal estão empenhados em otimizar as exigências nutricionais, e os aminoácidos são os nutrientes mais comumente afetados em leitões desmamados. Sendo assim, uma melhor compreensão dos aminoácidos é necessária para atender as exigências nutricionais dos leitões nas práticas de produção.
Níveis mais baixos de proteína na dieta demonstraram ser uma estratégia nutricional para melhorar a estrutura e a função intestinal de leitões desmamados, mas podem resultar em suprimento insuficiente de aminoácidos e comprometimento do desempenho dos leitões.
Portanto, é necessário equilibrar os aminoácidos cristalinos em uma dieta com menor inclusão de ingredientes proteicos, para evitar a deficiência de aminoácidos.
Os aminoácidos e seus metabólitos são reguladores da transdução de sinais celulares, da expressão gênica e da modificação póstraducional de proteínas, principalmente no intestino.
O equilíbrio ideal entre os aminoácidos na dieta e na circulação é essencial para a homeostase sistêmica e a ingestão adequada de aminoácidos é especialmente importante para a fisiologia intestinal de leitões desmamados.
A arginina é um aminoácido condicionalmente essencial para suínos em todas as fases da produção de suínos (Didelija et al., 2017). A adição de arginina à dieta basal pode melhorar o desempenho de linhagens modernas de suínos.
Nutricionistas animais propuseram maiores exigências dietéticas de arginina para maximizar o crescimento do leitão, a produção de leite da porca e a sobrevivência fetal (Gao et al., 2017).
Como o leite da porca é relativamente deficiente em arginina, a suplementação de arginina para leitões pode aumentar significativamente a concentração sérica de arginina, reduzir os níveis de amônia e aumentar o peso do leitão (Sciascia et al., 2019).
Os leitões são muito sensíveis ao fornecimento de arginina na dieta, e a insuficiência de arginina levará rapidamente à hiperamonemia e até à morte (Zielinska et al., 2011).
A suplementação com arginina antes do desmame pode aumentar o crescimento e desenvolvimento intestinal após o desmame (Dai et al., 2012). Estes dados sugerem ainda que a inclusão de arginina na dieta é necessária para garantir o máximo desempenho dos leitões.
Leitões podem efetivamente usar citrulina na dieta para sintetizar arginina. Portanto, adicionar arginina ou citrulina equivalente à dieta de desmame pode aumentar a concentração de arginina no soro e o desempenho do leitão.
A adição de arginina à dieta basal após o desmame pode aumentar o peso e o desenvolvimento do intestino, crucial para a saúde dos leitões.
O glutamato é considerado um aminoácido não essencial, e um dos aminoácidos mais abundantes em alimentos e tecidos animais, representando 5% a 15% da proteína da dieta.
O glutamato é um aminoácido livre altamente abundante no leite e nas células e é um regulador chave da expressão gênica e da sinalização celular (Tan et al., 2019).
Além disso, a suplementação dietética com glutamato pode reduzir a perda de músculo esquelético em suínos causada por endotoxinas (Donnerer & Liebmann, 2009).
Entretanto, o glutamato pode ser limitado ao fornecer dietas com baixo teor de proteína durante a gestação, lactação e período de desmame.
A suplementação com glutamato reduz a perda de peso da porca durante a lactação e aumenta o teor de glutamina no leite (Hou et al., 2018).
A adição de glutamato às dietas de leitões lactentes e desmamados promove melhorias significativas na morfologia intestinal e função imunológica, promovendo assim melhorias no desempenho (Li et al., 2016).
A suplementação dietética com glutamato é essencial para a saúde dos leitões desmamados, o que é especialmente importante para leitões alimentados com uma dieta contaminada por micotoxinas (Duan et al., 2014).
De acordo com os resultados do estudo, a suplementação com glutamato após o desmame aumentou a altura das vilosidades intestinais e a capacidade das células epiteliais de proliferar, diferenciar e resistir à oxidação.
Além disso, o glutamato dietético de forma dependente da dose reduziu a incidência de diarreia pós-desmame (Duan et al., 2014).
A treonina é o segundo aminoácido limitante nas dietas de suínos e desempenha um papel fundamental na manutenção da integridade da mucosa intestinal e na função de barreira em leitões (Zhang et al., 2019).
A adição de treonina à dieta reduz a produção de enzimas digestivas e aumenta a permeabilidade das células pericelulares intestinais. A maior parte da treonina dietética é usada para a síntese de proteínas da mucosa intestinal, especialmente para a síntese de mucina (Bortoluzzi et al., 2018).
O conteúdo de treonina no lúmen intestinal pode afetar a síntese de mucina intestinal e outras proteínas. Portanto, a demanda de treonina em leitões desmamados aumentará para manter as funções do intestino.
A treonina é essencial para melhorar a estrutura e morfologia intestinal em leitões em condições fisiológicas e patológicas.
Bactérias patogênicas
Mucina
Epitélio intestinal
Como um aminoácido essencial em suínos, o triptofano desempenha um papel importante na regulação imunológica, regulação da digestão, antiestresse e regulação da síntese de proteínas.
Como a mucina não é digerida e reutilizada pelo intestino, a secreção intestinal de mucina é uma perda líquida de treonina.
Na produção de suínos, a adição de triptofano pode melhorar o desempenho nas fases de crescimento e terminação, além de melhorar a saúde de leitões desmamados.
Estudos demonstraram que a inclusão de triptofano na dieta de leitões desmamados reduziu, significativamente, a frequência e a duração das lutas entre os leitões e melhorou a integridade do epitélio intestinal (Koopmans et al., 2006).
Além disso, a concentração de cortisol na saliva dos leitões foi aumentada, enquanto as concentrações de norepinefrina e glândula adrenal reduziram com a adição de triptofano (Ruan et al., 2014).
Os aminoácidos sulfurados (AAS) podem afetar o metabolismo e a função celular participando da regulação dos processos de metilação e status redox (Elremaly et al., 2016). Após o desmame, existem três razões principais para a deficiência de aminoácidos sulfurados em leitões:
A inclusão de AAS na dieta pode não atender às demandas de crescimento e desenvolvimento dos leitões
A ingestão de ração dos leitões é drasticamente reduzida, resultando em ingestão insuficiente de aminoácidos
Aumento do catabolismo de AAS causado pelo estresse do desmame, resultando em disponibilidade insuficiente.
O intestino é um órgão importante para o metabolismo de AAS no organismo. Cerca de 20% dos AAS da dieta são transmetilados em cisteína e homocisteína no intestino (Song et al., 2017).
A cisteína é o aminoácido limitante da taxa de síntese de glutationa e é o principal antioxidante celular em mamíferos. Como precursora da glutationa, a cisteína na dieta desempenha um papel fundamental na função antioxidante do epitélio intestinal (Su et al., 2018)
Além disso, cisteína e glutationa também podem regular a proliferação e diferenciação de células epiteliais regulando o status redox (Wu et al., 2017).
Os aminoácidos de cadeia ramificada (BCAAs do inglês - branched-chain amino acids) são substratos essenciais para a biossíntese de proteínas.
A suplementação dietética de BCAA pode regular o metabolismo energético nas células epiteliais intestinais do leitão, ativando as diferentes vias, reduzindo assim os níveis de espécies nocivas (Hu et al., 2017).
A suplementação dietética de BCAAs promove a atividade das enzimas digestivas intestinais, a expressão do transportador epitelial de nutrientes, a função de barreira e a microbiota intestinal dos leitões (Wolffram et al., 1986; Noren et al., 1971). A regulação da expressão de genes e proteínas envolvidas em vias de sinalização é um mecanismo potencial para a ação dos BCAAs.
Além disso, a suplementação dietética com BCAAs pode melhorar a taxa de sobrevivência de leitões prematuros e melhorar o desempenho durante o desmame (Buddington et al., 2018).
Como aminoácidos funcionais, os BCAAs participam e regulam as principais vias metabólicas para melhorar o desenvolvimento intestinal e sistêmico em leitões desmamados. Os BCAAs têm um efeito protetor no status redox intestinal e na abundância de genes relacionados em leitões desmamados com retardo de crescimento (Huang et al., 2017).
Foi relatado que os BCAAs dietéticos têm um efeito positivo na proliferação e diferenciação das células epiteliais intestinais de leitões (Hu et al., 2017). Os BCAAs fornecem grupos amino para a síntese de glutamato e aspartato no intestino e também fornecem energia diretamente para o transporte de nutrientes e renovação de proteínas intracelulares (Wang et al., 2018).
Compreender a dependência do desenvolvimento intestinal dos nutrientes pode ajudar os nutricionistas a fornecer suporte nutricional ideal para a saúde dos leitões desmamados. Os aminoácidos são importantes nutrientes funcionais envolvidos na manutenção da morfologia e funções intestinais.
A fim de minimizar o impacto da remoção de antibióticos em leitões desmamados, é necessário desenvolver alternativas eficazes. A alimentação com uma dieta com inclusão de aminoácidos cristalinos após o desmame é uma estratégia que pode melhorar o desenvolvimento intestinal e a saúde dos leitões.
Aminoácidos e o desenvolvimento intestinal e saúde dos leitões
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A coleta de sêmen suíno pode ser considerada o ponto de partida para uma dose inseminante de qualidade. Todos os procedimentos realizados com base na coleta têm como objetivo único:
prolongar ao máximo a viabilidade espermática, lembrando sempre que não é possível melhorar a qualidade de um ejaculado, mas somente mantê-la ou minimizar suas perdas.
E quem recebeu a suínoBrasil foi a granja Agrosuínos e o Médico Veterinário Antônio Kleber irá esclarecer alguns questionamentos sobre a coleta de sêmen.
Tendo em vista a rotina da granja, qual o momento ideal para a coleta do sêmen? Qual a frequência ideal para coleta de sêmen?
É importante que o macho seja conduzido tranquilamente ao local onde se encontra o manequim, e, preferencialmente, após o arraçoamento e limpeza das instalações, quando o ambiente estiver calmo.
E o que irá determinar a frequência de coletas é o total de porcas que irão desmamar suas respectivas leitegadas.
O esquema da granja, hoje, fraciona a coleta de sêmen em duas vezes por semana. As coletas são realizadas às quintas-feiras e aos sábados.
Como o desmame ocorre nas segundasfeiras, já é possível determinar quantas matrizes irão para a inseminação artificial.
Quais aspectos devem ser considerados para a estrutura da sala de coleta de sêmen?
O objetivo desta instalação é proporcionar o melhor ambiente para que estes machos não tenham nenhum estresse durante a coleta de sêmen.
A sala de coleta é composta pela área de limpeza do prepúcio e o manequim.
O manequim deve ter uma estrutura para suportar o peso dos reprodutores e, proporcionar um conforto no momento da coleta de sêmen.
A fim de proporcionar conforto térmico aos reprodutores, a sala dispõe de ventiladores para circulação de ar, além disso, as coletas são realizadas nos períodos mais frescos do dia, sempre no período da manhã, o mais cedo possível.
“O nosso objetivo é proporcionar todo o conforto e minimizar tanto a pressão de infecção, com o estresse desse animal.”
Segurança, conforto ambiente e higiene são fundamentais para termos uma coleta de qualidade e, consequentemente, proporcionar uma melhor condição de vida e bem-estar a esse animal, sempre com foco em manter a qualidade da dose inseminante.
O manequim de coleta deve ser o único objeto instalado na sala de coleta de sêmen. Quais as principais características desse equipamento?
O manequim é muito simples. É uma estrutura que reproduz a estrutura corporal da fêmea.
Quando o macho reprodutor deve ser apresentado ao manequim? E como é realizado o treinamento do reprodutor?
Na rotina da granja o macho reprodutor é transferido para o setor de reprodução após a estadia na quarentena.
Ao ser alocado no setor de reprodução é fornecido uma ração específica para melhorar a condição corporal e para minimizar o estresse da mudança de ambiente respeita-se um intervalo de 4 a 5 dias para adaptação do macho ao novo ambiente.
Posteriormente, o macho reprodutor é conduzido, diariamente para a sala de coleta, onde é mantido por 20 minutos.
“Essa apresentação é realizada para adaptação do macho à rotina de coleta de sêmen”, pontua Kléber.
Como eu disse prezamos pela segurança, sendo assim, a estrutura é composta por aço inox para que não enferruje e cause problemas como quebra do equipamento e queda do animal.
Nosso manequim é regulável, a depender da altura do animal é possível regular a altura do equipamento, que também é uma forma de garantir conforto e segurança ao reprodutor e ao operador.
Essa apresentação é realizada até o momento que o macho realiza a monta no manequim, uma vez que o animal subiu no manequim é realizado o esgotamento.
Esse sêmen é coletado para análise para determinação da viabilidade espermática do macho reprodutor.
“O esgotamento é um momento de conforto para o animal!”
O método mais utilizado para a coleta de sêmen é denominado “Método da Mão Enluvada”.
Quais as etapas desse método?
E quais são os pontos de atenção para o coletador durante a coleta?
A técnica de coleta pelo “Método da Mão Enluvada” é um procedimento simples, realizada pela estimulação mecânica do pênis, com a fixação manual da extremidade do pênis.
Os pontos de atenção durante a coleta são:
Evitar o contato de sujidades com o pênis e o
Uma vez que o sêmen foi coletado, como é realizado armazenamento das doses inseminantes?
Logo após a coleta de sêmen, é retirada uma alíquota da amostra para calcular a concentração de espermatozoides, para determinar quantas doses serão obtidas a partir do ejaculado coletado. Além disso, é mensurado as características de qualidade do sêmen, motilidade e vigor.
Cuidado para o pênis não escorregar da mão do coletador
Atenção para separar as quatro fases do ejaculado (secreções uretrais; fase rica; fase pobre; fase gelatinosa).
A análise de qualidade é realizada por microscopia eletrônica, em que é observado a viabilidade espermática. Para isso, o sêmen é colocado em uma placa de aquecimento, para manter a temperatura corporal do macho, e assim manter os espermatozoides íntegros.
Antes de determinar o número de doses inseminantes, faz-se uma pré-diluição (1:1), em que os espermatozoides são diluídos em uma solução que oferece nutrientes e proteção contra choques térmicos e osmóticos.
“Quanto maior a motilidade e o vigor, maior a viabilidade espermática do sêmen.”
Essa técnica tem como objetivo ambientar as células espermáticas ao novo meio em que serão diluídas. Vale lembrar que esta solução deve estar na mesma temperatura do ejaculado, para assim manter sua qualidade.
Uma vez realizada a pré-diluição, é realizado o cálculo da concentração espermática Para o cálculo da concentração, utilizamos uma dose de sêmen diluída em formol salino (1:200) e preenchemos ambos os lados da câmara de Neubauer.
Preenchido, esperamos 3 minutos para que as células decantem e então levamos a câmara para o microscópio, onde é realizada a contagem.
Contamos os dois lados da câmara e depois calculamos a concentração de espermatozoides no ejaculado, assim podemos calcular a quantidade de doses para inseminação.
A coleta de hoje continha 200 ml de ejaculado e após os cálculos serão obtidas 27 doses inseminantes. Para obtenção das doses serão adicionados 1160 mL de diluente à pré-diluição.
Após o envase essas doses serão levadas para a câmara de armazenamento à temperatura 16ºC e 18ºC e sua utilização em até 48-72 horas após a coleta.
No nosso caso, as matrizes serão inseminadas no período tarde (mesmo dia da coleta de sêmen).
Assista a entrevista completa em nosso canal no Youtube, AgriNews TVBrasil
Pontos de atenção para a coleta de sêmen
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Mariana Costa Fausto – maricfausto@gmail.com
Isamara da Silva Lemos - Isamaralemosvet@gmail.com
Maria Luísa Ferreira Carvalho Rola - marialuisa_ferreira@yahoo.com.br
Acoccidiose em suínos, também conhecida como isosporose ou cistoisosporose é causada pelo protozoário Cystoisospora suis e afeta principalmente leitões lactantes, provocando diarreia de cor amarelada ou acinzentada com odor fétido e frequentemente pastosas (SHRESTHA, 2017).
Apesar de ser considerada uma doença de baixa mortalidade e alta morbidade, nem todos os leitões de uma mesma leitegada são igualmente afetados, resultando em pesos de desmame reduzidos e desiguais que provoca perdas econômicas significativas na produção (STINGELIN, 2017).
Além do seu papel como patógeno primário, o Cystoisospora suis é comumente associado a quadros de diarreias multifatoriais quando em ação com outros agentes comuns nessa fase, tais como rotavírus, Clostridium perfringens e E. coli, o que eleva a mortalidade no setor (ÓZSVÁRI, 2018).
De acordo com Sobestiansky (2012), embora a coccidiose seja tipicamente uma doença de leitões na fase de maternidade, nos últimos anos, devido ao desmame precoce, a enfermidade também tem sido observada no início da fase de creche.
Anteriormente denominado Isospora suis, em 2005 esse protozoário foi reclassificado como Cystoisospora suis e pertencente ao gênero Cystoisospora (Barta et al., 2005).
Seu ciclo acontece através da esquizogonia e a gametogonia.
A esquizogonia ocorre de forma assexuada, quando o leitão ingere o ococisto esporulado encontrado no ambiente. Após a ingestão acontece a excistação, onde a parede desse oocisto é digerida levando a liberação de esporozoítos no intestino do animal (SOBESTIANSKY et al., 2012).
Estes penetram e multiplicam em células epiteliais ou lâmina própria da mucosa, onde se transformam em trofozoítos, dando origem assim a primeira geração chamada de esquizontes.
Já os esquizontes produzem uma primeira geração de merozoítos, que saem da célula original e penetram nas células saudáveis, formando a segunda geração de esquizontes (BOWMAN D., 2010).
Já a gametogonia acontece de forma sexuada, quando um merozoíto produzido no final da esquizogonia, chamado de telomerozoíto penetra em uma célula saudável e se desenvolvendo em macro e microgametas que se fundem formando o zigoto, também conhecido como oocisto (Figura 1).
Os oocistos são liberados na luz intestinal pela ruptura da célula hospedeira, chegando ao ambiente através das fezes, onde a uma temperatura entre 24 a 27°C e umidade de 80-85% esporularão em até 48 horas.
EXTERNO
Oocisto maduro com esporozoítos
Oocistos imaturos com esporoblastos
Oocisto maduro com esporozoítos
Ingestão
Esporozoítos liberados do oocisto reinvasão Invasão
INTERNO
= Oocistos nas fezes
Por serem altamente resistentes à dessecação e compostos antimicrobianos, é praticamente impossível de serem eliminados após terem sido introduzidos na granja (SOBESTIANSKY et al., 2012).
A idade de exposição e a carga parasitária tem um importante papel no curso da doença.
Assim, na fase de maternidade, a contaminação dos animais pode ocorrer em qualquer momento, ou seja, logo após o parto ou próximo ao desmame.
Os leitões se contaminam ingerindo os oocistos presentes no piso das gaiolas que podem ter sido eliminados pela fêmea, ser remanescentes das leitegadas anteriores ou ainda ter sido transportados de outras instalações de maneira mecânica, ou seja, por meio de vassouras, botas e vetores (moscas e roedores).
Vale considerar que o tipo de piso da granja pode contribuir com a ocorrência da doença, uma vez que pisos concretos predispõem o acúmulo de matéria orgânica e consequentemente à doença (Figura 2).
Os leitões que se contaminam mais jovens tendem a ser mais sensíveis e demonstrar quadro clínico mais grave. De maneira geral, o período de incubação varia entre 3 a 5 dias e, normalmente, os sinais clínicos se iniciam com vômitos seguido de diarreia fétida, amarelada a acinzentada, cremosa a pastosa, especificamente na segunda semana de vida (Figura 3).
Contudo, quando a exposição e a carga parasitária são altas, os leitões podem apresentar sinais clínicos dentro de até 48 horas.
Figura 2: Diarreia causada por Cystoisospora suis em leitegadas com idade de 8 a 15 dias de vida Figura 3: Diarreia coletada em leitões provenientes de leitegadas com idade de 8 a 15 dias de vidaOs animais acometidos apresentam a região do períneo impregnada de fezes, mostram-se apáticos e com os pêlos arrepiados devido a desidratação que a doença provoca. Além disso, ocorre uma queda brusca no desempenho, provocando uma refugagem desses animais (Figura 4).
Tais lesões tornam os leitões mais susceptíveis a infecções por agentes como colibacilose e clostridiose (CHAE et al., 1998). Além disso, estas provocam um impacto significativo no crescimento e no bem-estar ao longo da vida dos animais, causando queda no ganho de peso e desenvolvimento mesmo em leitões que não manifestaram sinais clínicos (MAES et al., 2007).
Uma vez que a diarreia se inicia, ocorre comprometimento da parede intestinal devido a ruptura das células das vilosidades da mucosa intestinal levando a um quadro de enterite fibrinosa.
As principais técnicas utilizadas são a Técnica de Sheather que tem o princípio de centrifugo-flutuação utilizando uma solução saturada de sacarose. Para diagnóstico quantitativo por flutuação, utiliza-se a técnica de Gordone Whitlock também conhecida como Contagem de Ovos por Grama de Fezes (OPG) (Figura 5), e o Método de Willis para o diagnostico qualitativo por oocistos, também através do princípio da flutuação.
O diagnóstico da coccidiose se dá através doexame coproparasitológico.
Para realização dos testes, as fezes devem ser coletadas diretamente da ampola retal dos animais e não no ambiente (Figura 6).
Em média os leitões demorarão seis dias para começar a excretar oocistos e excretam por aproximadamente três dias. Assim, cuidados devem ser tomados na interpretação dos testes com intuito de evitar resultados falso negativos.
Por se tratar de um protozoário, a diarreia não responde à antibioticoterapia.
Em casos de surgimento da doença, uma atenção deve ser dada às condições ambientais como forma de conferir suporte e diminuir o desafio dos animais.
Para isso é importante cuidar da limpeza das baias, evitar correntes de ar e variações
bruscas de temperatura, bem como estimular a ingestão de leite pelos leitões para melhorar o quadro de desidratação
É importante e necessário também considerar o diagnóstico diferencial para outras causas de diarreia prédesmame, incluindo E. coli e C. perfringens e diarreia induzida por estresse ambiental, especialmente associada a correntes de ar e variações bruscas de temperaturas.
decorrente da contaminação pelo agente.
Práticas de manejo que envolvem estrutura das instalações, medidas de higiene e vazio sanitário das gaiolas de maternidade e manejo correto dos animais interferem diretamente no risco de ocorrência e transmissão da doença.
Assim, como medida de prevenção deve-se assegurar de que os protocolos de preparação e limpeza pré-parto da sala de maternidade sejam seguidos bem como os protocolos de limpeza das fêmeas e aparelhos mamários antes do alojamento nas gaiolas.
E por fim para contribuir no controle, prevenção e diminuição dessa enfermidade nos animais, deve ser realizado o tratamento metafilático com toltrazuril no terceiro dia de vida dos animais para suprimir a multiplicação do parasito, a destruição dos enterócitos e a eliminação de oocistos no ambiente.
Uma vez que a disseminação da doença pode ocorrer por fômites é de extrema importância separação de materiais e equipamentos de limpeza individual para cada setor e também a adoção de pé dilúvio com solução desinfetante em cada sala de maternidade.
Após o parto deve-se remover diariamente, e várias vezes ao dia, toda matéria orgânica das instalações onde os animais estão alojados e não menos importante, deve-se realizar o controle de moscas e roedores, que podem veicular os oocistos e realizar a transmissão cruzada entre lotes.
Até o momento não se tem uma solução isolada que consiga acabar com a coccidiose e suas consequências, mas sim um conjunto de estratégias que minimizem o impacto negativo causado pela doença e prejuízos econômicos dentro da produção.
Coccidiose e seu impacto na produção de suínos BAIXAR EM PDF
O microbioma intestinal é um componente essencial da saúde animal. Ela precisa crescer e amadurecer bem para garantir a resiliência do rebanho. Signis - o primeiro de uma nova classe de aditivos, os estimbióticos, influenciam o desenvolvimento do microbioma ao fornecer uma população microbiana benéfica. Quanto mais saudável for o microbioma, mais saudáveis serão os benefícios. Descubra por que Signis está recebendo tanta atenção em www.abvista.com