aviNews Brasil 1º tri 2024

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pág. 60 MARÇO 2024 USO DE HORMÔNIOS NA ALIMENTAÇÃO DE FRANGO: MITO OU VERDADE? vol. 21 núm. 1 (2024)
Mário Penz Jr.
Antônio

AVICULTURA, DA TERRA AO CÉU

Ao fechar o ano de 2023 com recorde de exportação em todos os produtos oriundos da avicultura (ovos in natura e processados, genética e carne de frango), a avicultura brasileira abre 2024 com obstáculos que podem impactar diretamente na “estrada” que irá trilhar neste ano. A começar pelo chão...

O Sul do Brasil, que abrange a trinca de produção de aves no país, vive as limitações da ausência de investimentos logísticos para movimentação de matéria prima e ou produtos acabados.

Vemos em Santa Catarina, a interdição da BR-470/SC, na altura de Rio do Sul (SC), como um episódio da trágica série sobre a deterioração da malha rodoviária do estado. No oeste catarinense, região mais afetada pela recente cratera aberta no km 143 da BR-470, o parque agroindustrial que responde por mais de 60 mil empregos diretos e 480 mil indiretos. Falando em números em 2022 foi gerada uma receita de R$ 7 bilhões, apenas nesse quadrante – dinheiro que irriga a economia de centenas de municípios catarinenses.

Como a região, já traz de outros estados mias de 5 milhões de toneladas/ano de grãos, apenas falando de milho e soja, por modal rodoviário, o que se vê é um exodo das empresas para outras regiões com melhor acesso, menor distância, e e maior facilidade de escoamento das produções, já que os portos que são outro capitulo à parte, afinal o Porto de Itajai, está fora de operação desde 2022.

Partindo para... o céu...

Outra fonte de atenção deve ser a questão climática e seus impactos na produção de grãos especialmente milho e soja, que são os principais componentes das dietas das aves. As condições climáticas adversas reduziram o potencial produtivo das lavouras e a produção está estimada abaixo de 150 milhões de toneladas.

Apesar do aumento da área de lavoura de soja que irá diluir o efeito do El Ñino e que a segunda safra de milho concentra 75% da produção, seus efeitos sobre a safra de verão devem ser levados em conta. O fenômeno resultou em fortes chuvas no Sul do país, o que prejudicou o início do ciclo do milho.

Como sempre, o caminho da avicultura não será uma jornada fácil, mas também como sempre, será possível!

Boa Leitura!

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Revista Trimestral

1 aviNews Brasil 1º Trimestre Março 2024

04

Adriano Bailos

Especialista em incubação e consultor em incubatórios Opinião do especialista

06

Impacto da qualidade de ovos férteis e pintos de um dia no percentual de perdas e condenações nas plantas de abate de frangos no Brasil - Parte I

Eder Barbon

Especialista em Processos de Qualidade da Cobb-Vantress

20

12

Estratégias no uso prudente de anticoccidianos em frango de corte

M.V., M.Sc. Dino Garcez

DGbioss consultoria técnica

FloraMax-B11 Hatchery e Zymospore - Probióticos seguros e com qualidade comprovada, sem riscos para Saúde Única global

Victor Dellevedove

Cruz¹, Fabrizio Matté 2 , Patrick Roieski2 e Luiz

Eduardo Takano2

¹Universidade Estadual de Londrina - UEL 2Vetanco Brasil

Dicas para gerenciar poedeiras comerciais em clima quente 26

Thomas Calil

Gerente global de produtos Lohmann Breeders

AveLive chega à 4a edição durante o SIAVS 2024

Agroceres Multimix e AviNews Brasil

31 2 aviNews Brasil 1º Trimestre Março 2024

Qual a relevância da qualidade da cama nas produções avícolas?

Henrique Cancian e Tainara

C. Euzébio Dornelas Zootecnista

Oportunidades e desafios para sua produção em 2024

Dra Gabriela Cardoso Dal Pont Gerente de soluções para avicultura NOVUS para as Américas

A importância do NIRS na produção animal

Maite Vidal Mendonça

Nutricionista de aves na Agroceres Multimix

Ano é marcado por produção e exportação recorde; embarques devem continuar impulsionando setor em 2024

Luiz Henrique Alves de Melo

Analista de Proteína Animal do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP

Proteção contra a laringotraqueíte infecciosa com o auxílio da VAXXITEK®

Nestor Ledesma Martínez

Departamento de Medicina de Aves e Zootecnia, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Universidade Nacional Autônoma do México

O melhoramento genético garante uma produção futura mais sustentável: seleção genética equilibrada e otimizada com a genômica

Eduardo Souza

Geneticista, Vice-Presidente de Pesquisa e Desenvolvimento, Aviagen, Inc.

Uso de hormônios na alimentação de frango: mito ou verdade?

Antônio Mário Penz Júnior

Prof. Titular Aposentado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Diretor Global para Contas Estratégicas da Cargill Animal Nutrition

Equipe técnica Boehringer Ingelheim

Antioxidantes na alimentação de poedeiras

Christine Laganá

Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Polo Regional do Leste Paulista

42
34
Patologia do sistema imune no diagnóstico da imunodepressão em aves 70
56 60 82 86 76 3 aviNews Brasil 1º Trimestre Março 2024
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OPINIÃO DO ESPECIALISTA

O calor extremo em diversas regiões do Brasil pode interferir na incubação dos ovos férteis? Existem manejos que podem ser adotados visando diminuir o impacto das altas temperaturas sobre os parâmetros de incubação? Nesta edição Adriano Bailos, o consultor em incubatórios e especialista em incubação industrial, fala sobre:

Cuidados que as altas temperaturas externas exigem para uma boa incubação

TEMPERATURA é de longe o principal parâmetro que temos que controlar no processo de incubação, porém quando falamos de temperatura não podemos nos limitar somente ao que acontece dentro das incubadoras, este parâmetro precisa de muita atenção já a partir da postura dos ovos férteis, passando pela incubação até a chegada dos pintinhos na granja. Em se tratando do manejo de ovos em dias muito quentes, o ideal é que estes sejam fumegados e levados à sala de ovos da granja o mais rápido possível. Estas salas devem ter um bom potencial de resfriamento, uma vez que são abertas várias vezes durante o dia para receber ovos quentes que vem dos galpões.

Ainda falando de sala de ovos da granja, é muito importante que tenhamos docas de carregamento isoladas e o caminhão resfriado sempre antes do carregamento. Os colaboradores das granjas devem estar instruídos a não carregar, caso o caminhão não esteja na temperatura ideal.

O impacto das altas temperaturas externas se estendem também ao transporte das aves até a granja. No Brasil mais de 95% dos caminhões de transporte são ventilados, ou seja, estão à mercê da temperatura externa, Ações como molhar os caminhões antes do carregamento, diminuir os volumes de carga, direcionar apenas uma entrega por viagem, fazer checklist dos ventiladores e bicos de nebulização, ou até utilizar gelo na preparação do ar dos baús, com certeza vão amenizar os impactos das altas temperaturas externas no transporte das aves.

4 Opinião aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Opinião do especialista

Durante o transporte desses ovos, o motorista deve estar muito bem treinado para não fazer paradas desnecessárias e para acompanhar a temperatura do baú a fim de que o range de temperatura estipulado pelo corpo técnico não seja ultrapassado. Outra coisa que pode ajudar muito no transporte é instalar uma telemetria para que possamos acompanhar as temperaturas dos baús, mesmo durante o durante o transporte.

Na chegada desses ovos no incubatório em dias muito quentes, ter uma doca de descarga isolada e climatizada, além de efetuar uma descarga rápida, fará com que não haja um choque térmico, evitando um aumento de mortalidade inicial e uma possível condensação dos ovos, condensação esta que além de potencializar essa mortalidade ainda vai aumentar bastante contaminação.

Em novos incubatórios totalmente climatizados, a influência das temperaturas externas quase não traz prejuízos para o resultado. Porém, sabemos que a realidade das plantas de incubação no Brasil, em muitos casos, ainda não é a ideal. Mais de 50% dos incubatórios brasileiros são “ventilados” e não climatizados, ou seja, o ar que é insuflado na planta tem praticamente a mesma temperatura externa. Não raramente, em algumas regiões brasileiras, as temperaturas ambientes ultrapassam os 35ºC, e quando isso acontece não é difícil ver incubadoras e nascedouros superaquecidos, prejudicando as eclosões e principalmente a qualidade das aves.

Portanto, mesmo que seja uma planta antiga com incubadoras de estágio múltiplo, fazer uma climatização, com controle de temperatura e pressão de ar, é imprescindível para amenizar o impacto das altas temperaturas externas. Esta mesma climatização deve existir nas salas de pintinhos, afinal a temperatura nas caixas de transporte tem em torno de 8ºC a 10ºC a mais que o ambiente em que estão, daí a grande importância da climatização deste ambiente.

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5 Opinião aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Opinião do especialista

IMPACTO DA QUALIDADE DE OVOS FÉRTEIS E PINTOS DE UM DIA NO

PERCENTUAL DE PERDAS

E CONDENAÇÕES NAS

PLANTAS DE ABATE DE FRANGOS NO BRASIL PARTE I

Eder Barbon

Especialista em Processos de Qualidade da Cobb-Vantress

Indiscutível e incontestável a evolução da indústria avícola mundial nos últimos 30 anos. Chegamos na avicultura 4.0, onde a contribuição da tecnologia é imprescindível para continuarmos avançando.

O crescimento populacional aumentará a demanda por alimentos, principalmente por proteína animal. Para atender a essa demanda, a produção animal deve continuar crescendo em escala, mas principalmente em produtividade, sem esquecer da responsabilidade com a sustentabilidade.

Impactos

das megatências na produção de aves

Aumento da produtividade das aves

Bem-estar dos animais e transparência nos processo

Redução da pegada ambiental

Aumento da complexidade dos sistemas de produção de aves

Redução de custos para melhorar a competitividade Restrições quanto ao uso de antibióticos como promotores de crescimento

6 Abate aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Impacto da qualidade de ovos férteis e Pintos de um dia no percentual de perdas e condenações nas plantas de abate de frangos no Brasil

A evolução nas áreas de genética, nutrição, ambiência, e no manejo na indústria avícola, proporcionaram drásticas reduções na idade de abate das aves. As linhagens atuais apresentam excepcional ganho de peso diário (GPD) e conversão alimentar (CA).

A seleção genética dos últimos 30 anos, especificamente, proporcionou incríveis ganhos de produtividade das aves à campo e seguirá evoluindo.

Isto possibilitou a redução da idade de abate, em virtude da evolução no ganho de peso diário (GPD), minimizando a necessidade de espaço para alojamento (Produção de mais Kg de carne por metro quadrado, em um menor período de tempo) e, consequentemente, economia em construções de galpões.

A redução na conversão alimentar (CA) proporcionou economia de 1,5 Kg de ração por ave com peso de 2,5Kg, desde 1990, reduzindo significativamente o consumo de matéria-prima, principalmente milho e soja. Estes ganhos estão em linha com a tendência mundial da pegada ambiental.

Melhoras Anuais na Taxa de Conversão Alimentar (FRC) 2025

Progresso genético anual alcançado de 0.02 a 0.035 (2 a 3.5 pontos) na taxa de conversão alimentar (FRC) para um peso de 2.5 kg (5.5 lb).

Melhorias Anuais de Peso (42 dias)

O peso melhorou anualmente de 45 a 70 g (0.1 a 0.15 lb) aos 42 dias. O peso de mercado de 2.5 lg (5.5 lb) é atingido entre meio e um dia mais cedo a cada ano.

Assim como os ganhos em GPD e CA, a evolução genética garantiu melhorias imensuráveis no rendimento de carcaça nas plantas de abate, especialmente na carne de peito. A melhoria no rendimento de carcaça, impactou positivamente e garantiu fantásticas reduções dos custos de abate.

7 Abate aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Impacto da qualidade de ovos férteis e Pintos de um dia no percentual de perdas e condenações nas plantas de abate de frangos no Brasil
2020 2015
2005 2000
2010
1995 1990
1.425 1.60 1.70 1.80 1.90 2.00 2.10 2.20
2020
2005 2000 1995 1990
2025
2015 2010
3,35 3,00 2,77 2,54 2,32 2,09 1,86 1,63 7.4 6.6 6.1 5.6 5.1 4.6 4.1 3.6 kg Ib

Ganhos genéticos anuais alcançados de 0.3 a 0.4% no rendimento da Carne de Peito (aos 42 dias).

Estes são itens fundamentais para a Sustentabilidade!

Evolução de rendimento de carne 48 dias de idade - 03 a 0,5% aa

Concomitante à evolução do campo, os setores de abate e processamento de aves, seguiram o mesmo caminho e foram praticamente obrigados a se adaptar à evolução das novas carcaças.

Passamos de uma indústria manual e empírica para uma indústria moderna, automatizada e tecnológica, com padronização dos processos (POP’S), que possibilitaram aumentar a velocidade de abate, proporcionando às fabricas uma maior eficiência, produtividade, redução de custos dos processos, economias significativas em litros de água consumidos por ave abatida, energia elétrica e mão de obra.

A implantação na indústria de programas de HACCP, ou APPC, Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle, sistemas de gestão de segurança de alimentos que são mundialmente reconhecidos, onde a segurança dos alimentos é mapeada em projeto de análise e controle dos perigos biológicos, químicos e físicos na produção, aquisição, manuseio, fabricação, distribuição, preparação e consumo de matéria-prima de produtos alimentícios, garantem a segurança dos alimentos do campo à mesa (Fork to the Table), de maneira eficaz e eficiente.

Os programas de Segurança do Trabalho e Práticas de Segurança e Saúde do Trabalho (SST), conjunto de medidas que são adotados a fim de minimizar os acidentes em decorrência do trabalho, doenças ocupacionais, assumindo assim a proteção ao indivíduo e ao coletivo em seu ambiente de trabalho, também foram priorizados pela indústria avícola.

8 Abate aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Impacto da qualidade de ovos férteis e Pintos de um dia no percentual de perdas e condenações nas plantas de abate de frangos no Brasil
2000 1995
Ganhos Anuais no Rendimento da Carne de Peito (%)
2025 2020 2015 2010 2005
1990
28.7 27.2 25.2 23.2 21.2 19.2 17.7 15.2 1986 1995
2015 2020

Frente a essa fantástica evolução e ganhos de produtividade, nos deparamos com um grande entrave que impacta negativamente a Indústria

Avícola Brasileira e diminui significativamente sua competitividade, comparado aos grandes players mundiais, que são as perdas durante o abate e processamento das aves.

Comparativamente, o Brasil é o país que mais descarta produtos nas plantas de abate de aves por condenações, reduzindo a sua competitividade entre 2% e 2,5% (Agristats/MAPA, 2023). De acordo com os volumes anuais de abate de frangos de corte no Brasil (ABPA, 2023), esses volumes podem representar até 270 milhões de toneladas de carne descartados por ano.

De acordo com a classificação do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) e suas atualizações, intitulado Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA), as condenas nos abatedouros podem ser classificadas em Parcial (descarte de parte da carcaça ou vísceras) ou Total (descarte da carcaça inteira).

Dentre as principais causas de condenas no Brasil estão:

Alterações mais frequentes encontradas nas aves: Aerossaculites, hemorragias musculares, Artrites, Aspecto repugnante, Canibalismo, Caquexia, Celulite, Contaminações gastrointestinal e biliar, Lesão de Pele, Lesão Inflamatória, Lesão traumática, Neoplasia, Septicemia, Síndrome ascítica, Miopatias e Falhas tecnológicas, que são alterações nas carcaças ou partes e vísceras, oriundas de falhas no processo de abate.

De acordo com dados do SIGSIF e PGA do MAPA, 2023, as principais causas de condenações parciais no Brasil são as contaminações, variando entre 4% e 8%, seguidos por problemas de pele e artrites.

Contaminações: Como principal causa das condenas parciais no Brasil, as contaminações podem ocorrer externamente ou internamente nas carcaças, as quais são retiradas da linha de abate e enviadas à linha do DIF, para serem cortadas e retiradas as partes contaminadas, diferentemente de outros países, onde as carcaças contaminadas são lavadas.

Em lotes com altos porcentuais de carcaças contaminadas, além do impacto das perdas, em muitos momentos, faz-se necessário a redução na velocidade de abate, perdendo-se produtividade, além da sobra de aves para serem posteriormente abatidas, que impactará em grandes prejuízos para a indústria.

9 Abate aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Impacto da qualidade de ovos férteis e Pintos de um dia no percentual de perdas e condenações nas plantas de abate de frangos no Brasil

Podemos considerar que jejum préabate inadequado, ineficiência dos equipamentos na planta e baixa uniformidade dos lotes, são as principais causas no aumento das contaminações gastrointestinais. Lotes desuniformes, além da perda de rendimento, dificultam a regulagem e ajustes dos equipamentos automáticos de evisceração e cortes.

A origem do baixo percentual de uniformidade pode ocorrer devido a composição dos lotes de matrizes com idades superiores a 10 semanas, baixa uniformidade dos ovos, qualidade dos pintinhos, desafios sanitários, qualidade das rações, falhas no manejo (principalmente inicial), etc.

Foto de um lote de frangos (Carcaças) com baixo percentual de uniformidade, dificultando o ajuste dos equipamentos de evisceração e aumento nas contaminações.

Além das condenas por contaminação fecal, biliar e alimento, temos observado aumento de condenas parciais por contaminação não gastrointestinal de gema retida na cavidade abdominal, evidenciando possíveis problemas de alta contaminação de ovos incubados ou processo de incubação.

Segundo Seelent, 2022, pintinhos oriundos de ovos férteis contaminados e planta de Incubação sem os controles devidos, como temperatura dos ovos, temperatura do embrião, perda correta de umidade e janela de nascimento ideal, podem gerar pintinhos de baixa qualidade, o que impactará diretamente nos resultados zootécnicos dos frangos.

Fotos de relato de caso: Ovos contaminados, gema retida na cavidade abdominal de carcaças condenadas parcialmente por contaminação interna não gastrointestinal, 2023.

Franco et al., poultry Science, 2023 “Ovos de cama sanitizados após 120 minutos da coleta tem aumento de contaminação do saco da gema.” Segundo relato de Boerjan, 2018, pintinhos com umbigo mal cicatrizado, além de retenção de gema, crescem mais lentamente, levando a um menor peso no abate, Tona et al.,2005; O’ Dea e Fasenko,.2007.

Impacto da qualidade de ovos férteis e Pintos de um dia no percentual de perdas e condenações nas plantas de abate de frangos no Brasil – Parte 1

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10 Abate aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Impacto da qualidade de ovos férteis e Pintos de um dia no percentual de perdas e condenações nas plantas de abate de frangos no Brasil

ESTRATÉGIAS NO USO PRUDENTE DE ANTICOCCIDIANOS EM FRANGOS DE CORTE

M.V., M.Sc. Dino Garcez DGbioss consultoria técnica

Acoccidiose é uma doença causada por protozoários do gênero Eimeria, mundialmente distribuída que gera perdas estimadas em U$ 14 bilhões por ano para o setor avícola global.

Em condições favoráveis ao seu desenvolvimento, lesionam o epitélio intestinal e, portanto, interferem na digestão e absorção dos nutrientes, prejudicando o desempenho zootécnico (conversão alimentar, ganho de peso, mortalidade e uniformidade). Além disso, favorecem a ocorrência de outras enfermidades, a exemplo da enterite necrótica.

Dentre os métodos de controle e prevenção da coccidiose destacam-se o uso de anticoccidianos e de vacinas. Além disso, as boas práticas de manejo (em especial o da cama aviária) e os programas de monitoria da qualidade intestinal são de suma importância na prevenção e diagnóstico a campo, respectivamente.

O uso em larga escala e por longos períodos dos anticoccidianos bem como a falta de novas moléculas têm levado ao aumento crescente da resistência das Eimerias, o que gera perdas econômicas significativas para as agroindústrias.

12 Anticoccidiano aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Estratégias no uso prudente de anticoccidianos em frangos de corte

Dada a amplitude deste assunto, esse artigo se enfocará em abordar o uso prudente de anticoccidianos em frangos de corte a fim de orientar práticas que visem preservar a eficiência dos mesmos, visto que são as principais ferramentas disponíveis no controle da coccidiose.

Micro-organismos do gênero Eimeria são parasitas intracelulares intestinais obrigatórios, apresentam três fases de desenvolvimento, sendo que duas fases ocorrem no hospedeiro e uma, no ambiente (esporogonia).

Em frangos de corte, três espécies de alta patogenicidade estão envolvidas, a E. acervulina (EA), a E. maxima (EM) e a E. tenella (ET) afetando distintas porções do trato gastrointestinal – TGI (Figura 1).

Os seus ciclos de replicação duram entre cinco e sete dias dependendo da espécie e, a cada ciclo, ocorre um aumento exponencial do número de oocistos infectantes, de uma maneira geral os quadros clínicos ocorrem a cada três ciclos.

Os principais sinais clínicos verificados são a presença de aves apáticas, com penas eriçadas e diarreia acompanhados de uma redução no consumo de ração e água do lote.

Adicionalmente, podem ocorrer fezes com aspecto muco sanguinolento (típica nos casos de EM), aquosas e com passagem de ração que contribuem para o aumento da umidade da cama e piora da conversão alimentar. Por fim, presença de sangue na cama (indício da presença de ET) pode levar ao aumento súbito da mortalidade plantel.

13 Anticoccidiano aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Estratégias no uso prudente de anticoccidianos em frangos de corte
Figura 1 – Distribuição das lesões no TGI de acordo com a espécie de Eimeria. Fonte: Phibro Saúde Animal E. acervulina E. maxima E. tenella

Além dos sinais, o diagnóstico pode ser obtido através da necropsia empregando-se a metodologia desenvolvida por Johnson & Reid (1970) que quantifica os escores de lesão intestinal em um range de 0 a 4.

Há uma correlação negativa (r =0,59) entre os escores de lesão por EA e o ganho de peso diário (GPD). Em outras palavras, quanto maiores os escores de lesão por EA, pior é o GPD do lote.

Por fim, a histologia e a contagem de oocistos (ex. Mini-Flotac®) podem ser adotados como métodos auxiliares no diagnóstico preciso.

Nos casos clínicos mais graves (ex. EM escores 3 e 4), verifica-se um embalonamento do intestino e engrossamento das paredes intestinais podendo ocorrer enterite necrótica simultaneamente.

Lesões de EM e EA podem ser diferenciadas sendo que a EM causa lesões avermelhadas (Foto) no jejuno e íleo que podem ser observadas tanto na mucosa quanto na serosa intestinal e a EA, lesões esbranquiçadas no duodeno e jejuno.

Ambas afetam a permeabilidade celular permitindo o extravasamento de proteínas na luz intestinal e reduzem a absorção de nutrientes.

Já a ET afeta o epitélio cecal, microscopicamente pode gerar alto nível de destruição de vilos intestinais, o que em alguns casos causa hemorragias e pode levar à morte das aves.

Por outro lado, a coccidiose subclínica é muito mais frequente do que se imagina, estima-se que representa cerca de 80% do total de casos e gera a maior parte das perdas econômicas. Nestes casos, os principais indícios são a piora dos parâmetros zootécnicos dos lotes sem sinais aparentes.

14 Anticoccidiano aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Estratégias no uso prudente de anticoccidianos em frangos de corte
Foto – Lesões de E. maxima (escore 2) no jejuno

A dose infectante de oocistos esporulados é um fator crucial na ocorrência da doença, o que se relaciona com a sua multiplicação fora do hospedeiro. Para que haja esporulação, três fatores são fundamentais:

A presença de oxigênio, temperatura e umidade ideais, maiores taxas de esporulação são verificadas com temperatura e umidade ao redor de 20°-25° C e 75% respectivamente.

20-25º

Portanto, é fundamental que seja observada a boa qualidade do ambiente interno dos galpões (em especial da cama) nas primeiras três a quatro semanas de vida das aves, período que coincide com o pico de oocistos e a maturação do sistema imune das aves.

Segundo dados obtidos através do programa de monitoria AVIS, provenientes das agroindústrias brasileiras no ano de 2023, a prevalência de EM, EA e ET em frangos de corte foi de 10%, 9,4% e 2,7% respectivamente (n. = 6.748 aves).

De maneira similar, os escores médios de lesão (EML) mais elevados foram verificados para EM e EA (ambos com 0,12), já a ET apresentou EML de 0,03.

Classes de anticoccidianos

Os anticoccidianos podem ser classificados em duas classes principais, os sintéticos (ou químicos) e os ionóforos sendo comumente utilizados de maneira isolada ou através de combinações sinérgicas que potencializam os seus efeitos isolados e permitem prolongar o seu uso (Quadro 1).

Ionóforos Divalentes Ionóforos Glicosídicos

Ionóforos Monovalentes Sintéticos Classes ,

Combinacoes

Nicarbazina Monensina Maduramicina Lasalocida Nicarbazina/Salinomicina

Decoquinato Narasina Semduramicina Nicarbazina/Narasina

Robenidina Salinomicina Nicarbazina/Monensina

Ácido 3 -Nitro

Princípio Ativo

Amprolio

Nicarbazina/ Maduramicina

Nicarbazina/ Semduramicina

Diclazuril Ácido 3-Nitro/Salinomicina

Clopidol+ Metilbenzoquato Ácido 3-Nitro/Monensina

Halofuginona Diclazuril/Salinomicina

5 Anticoccidiano aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Estratégias no uso prudente de anticoccidianos em frangos de corte
Quadro 1 – Classes de anticoccidianos disponíveis no Brasil. OBS. princípios ativos aprovados pelo MAPA.
75%

Os sintéticos são produzidos por síntese química, possuem modo de ação específico interferindo no metabolismo do parasita levando à morte do mesmo.

Já os ionóforos, são produzidos por fermentação, possibilitam uma maior entrada de íons pela membrana celular das Eimerias, o que leva a sua destruição pela perda do equilíbrio osmótico. Dependendo do íon relacionado e da sua estrutura química, os ionóforos podem ser classificados como monovalentes, divalentes ou glicosídicos.

No quadro 2 a seguir, pode-se verificar as recomendações de uso, bem como a suscetibilidade (teórica) das Eimerias ao ionóforos. Outro ponto importante a se considerar, é que os ionóforos apresentam efeito antimicrobiano auxiliando no controle de enterites bacterianas em especial nos programas livres de antibióticos (AGPfree).

Quadro 2 – Anticoccidianos ionóforos – recomendações de uso e suscetibilidade (teórica) das Eimerias. *Apresenta baixa eficácia sob condições de estresse calórico nas referidas doses.

16 Anticoccidiano aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Estratégias no uso prudente de anticoccidianos em frangos de corte
Dose (ppm) Período de carência
Eimerias Salinomicina 44-84 zero (até 72 ppm) EA>EM>ET Monensina 100-120* zero EA=EM>ET Narasina 60-80 zero EA=EM>ET Semduramicina 20-25 zero EM=ET>EA Maduramicina 5-5,5 5 d antes do abate ET>EA>EM Lasalocida 75-125 5 d antes do abate ET=EM>EA
Princípio Ativo
Suscetibilidade das

O problema da resistência

O uso extensivo destes produtos associado a escassez de novas moléculas (o mais recente ionóforo foi lançado em 1986) têm propiciado a geração de resistência anticoccidiana o que resultou em diminuição da eficácia dos mesmos, isso pôde ser comprovado através dos testes de sensibilidade in vivo (ASTs) realizados no Brasil recentemente (KRAIESKI, A.L. et. al., 2021).

Vale ressaltar que as Eimerias desenvolvem resistência mais rapidamente contra os agentes sintéticos (não permitem escapes) do que contra os ionóforos.

A resistência cruzada entre os ionóforos monovalentes (salinomicina/ monensina/narasina) está amplamente reportada na literatura. Embora em menor grau, também há reportes de resistência entre diferentes classes de ionóforos (lasalocida/maduramicina, maduramicina/monensina/salinomicina).

Como mitigar a resistência

Apesar dos ASTs revelarem diferenças marcantes entre a eficiência das moléculas sobre as Eimerias, não significa que haja perda total da mesma, mas ressaltam a importância de permitir o seu “descanso” afim de preservar a sua eficácia.

17 Anticoccidiano aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Estratégias no uso prudente de anticoccidianos em frangos de corte
Ionóforos Sintéticos

Isso pode ser realizado através da rotação de programas onde se utiliza o princípio ativo (combinado ou não) ao longo de todo o ciclo produtivo durante um determinado período. Assim, a rotação de anticoccidianos é crucial para o uso prudente e otimização do potencial dos anticoccidianos.

Recomenda-se que o uso de sintéticos seja feito de maneira estratégica, em períodos com maior desafio, com duração de 2 a 3 meses no máximo observando-se as particularidades de cada molécula (ex. Nicarbazina a 120 ppm na ração associada com estresse calórico apresenta alta toxicidade) e possíveis restrições de países importadores de alimentos.

Já no caso dos ionóforos, devido ao ritmo mais lento de geração de resistência, o seu uso pode ser estendido (Ex. ionóforo monovalente + nicarbazina nas fases iniciais e monovalente nas demais fases durante 6 meses NO MÁXIMO!).

Aqui o ponto chave é que, devido ao modo de ação similar, os ionóforos monovalentes apresentam alto risco de resistência cruzada entre si. Já risco de desenvolvimento de resistência cruzada entre ionóforos de diferentes classes é baixo. Portanto, no caso do exemplo acima, o programa subsequente deveria conter agentes de diferentes classes (ex. ionóforo glicosídico ou divalente).

Entretanto, é possível que um determinado isolado de Eimeria desenvolva resistência a ionóforos glicosídicos e, ainda seja suscetível a ionóforos monovalentes ou vice-versa.

Daí a importância da monitoria da qualidade intestinal através de necropsia assim como do acompanhamento (em tempo real) dos indicadores zootécnicos a cada troca de programa visando tomadas de decisão mais acuradas.

Considerações finais

Os anticoccidianos são as principais ferramentas disponíveis no controle de coccidiose A fim de preservá-los é essencial aplicar critérios técnicos na definição dos programas, ou seja, utilizá-los de maneira prudente. Adicionalmente, a monitoria da qualidade intestinal e a gestão dos dados zootécnicos em tempo real são fundamentais no acompanhamento dos mesmos.

Por fim, a rotação entre princípios ativos anticoccidianos, ainda que estes estejam sendo efetivos num dado momento, irá potencializar sua eficiência quando utilizados futuramente resultando um melhor retorno econômico a longo prazo para as agroindústrias.

Estratégias no uso prudente de anticoccidianos em frangos de corte

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18 Anticoccidiano aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Estratégias no uso prudente de anticoccidianos em frangos de corte

Nova geração de aviários Zucami

AVIÁRIO VISION para GALINHAS POEDEIRAS

AVIÁRIO GREEN WAY para GALINHAS POEDEIRAS

AVIÁRIO GREEN START para CRIA-RECRIA

FLORAMAX-B11 HATCHERY E ZYMOSPORE

PROBIÓTICOS SEGUROS E COM QUALIDADE COMPROVADA SEM RISCOS PARA SAÚDE

ÚNICA GLOBAL

Victor Dellevedove Cruz1, Fabrizio Matté2, Patrick Roieski2 e Luiz Eduardo Takano2

1Universidade Estadual de Londrina - UEL 2Vetanco Brasil

Um microrganismo para ser considerado probiótico, ele deve atender a algumas características, segundo Fuller e Cole (1989):

Ter a capacidade de aderência ao epitélio intestinal;

Ser capaz de colonizar e sobreviver no intestino do hospedeiro;

Ter ação frente à patógenos;

Não produzir substâncias tóxicas;

Ser cultivável em escala industrial;

Ser viável para comercialização, entre outras.

Diversos estudos têm demonstrado a capacidade probiótica de realizar a inibição de bactérias patogênicas tanto in vitro (REID, 2000; COMAN et al., 2014) quanto in vivo, demonstrando a importância de testes preliminares para o sucesso da comercialização destes (LIU et al., 2016; MOREIRA et al., 2021).

Com isso uma grande variedade de células de tecidos têm sido utilizadas como modelo para determinar a adesão de células microbianos no intestino (TASSEL & MILLER, 2011).

Os estudos de cultivo celular podem ser feitos a partir de vários tipos celulares como, cultivo primário o qual é obtido diretamente do tecido animal, humano ou vegetal, porém as células podem se multiplicar um número limitado de vezes, o cultivo de linhagens contínuas, que são células isoladas de diferentes tipos de tecidos conhecidos e registrados na literatura, tendo a vantagem de se dividirem por mais tempo e cultivo de células transformadas ou imortalizadas, estas geralmente derivam de células cancerígenas, como a HEp-2, e tem a vantagem de se dividirem indefinidamente, o que a faz muito viável para experimentos em laboratório (ALP & KULEASAN, 2019).

Portanto, o objetivo deste estudo é verificar características desejáveis em probióticos através de testes in vitro testando produtos os FloraMax-B11 Hatchery (FMB11Hatchery) e Zymospore. Demonstrando sua segurança no uso dentro da produção animal contribuindo com as especificações preconizadas de uma saúde única e global. Além, de demonstrar sua capacidade de atuar no crescimento de bactérias patogênicas.

20 Probióticos aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | FloraMax-B11 Hatchery e Zymospore - Probióticos seguros e com qualidade comprovada sem riscos para Saúde Única global

METODOLOGIA

Os experimentos foram realizados no Laboratório de Bacteriologia Básica e Aplica (Nip3) da Uel em conjunto com a Vetanco Brasil a qual forneceu os produtos probióticos, FMB11 Hatchery e Zymospore para os testes. Os testes de adesão e competição foram realizados em triplicata para cada amostra utilizada e feitos em 3 dias distintos, sendo os resultados mostrados, as médias.

Ensaio de adesão quantitativa e qualitativa in vitro: foi realizado como descrito por Delley et al., (2015) e Scaletsky, Silva e Trabulsi (1984), com adaptações, utilizando células Vero fornecidas pelo Laboratório de Virologia Básica e Aplicada da UEL.

Para realização do ensaio, foram realizadas duas metodologias a fim de avaliar qualitativa e quantitativamente a adesão bacteriana, utilizando-se placa de 24 poços com lamínulas redondas esterilizadas.

As cepas de E. coli 042 (controle positivo), HB101 (controle negativo) e probióticos foram semeadas em caldo BHI e caldo MRS, respectivamente, e incubadas por 24h (UPEC em B.O.D. e probióticos em estufa incubadora de CO2, ambas a 37ºC).

Para avaliação qualitativa da adesão bacteriana, as lamínulas foram fixadas com metanol, durante dez minutos, e coradas com May-Grünwald e Giemsa, ambos corantes por dez minutos. Em seguida, foram observadas em microscópio óptico em objetiva de imersão a 100x.

Para mensurar a adesão quantitativa bacteriana, foi adicionada a solução de Triton X-100 (0,1%) em cada poço. Após cinco minutos, foi realizada diluição seriada (10-1 – 10-5) e semeadura do poço e das diluições em ágar MacConkey e ágar MRS.

Teste de competição: O teste de competição foi feito de modo quantitativo em triplicata, em que foram utilizadas as amostras probióticas e o controle positivo E. coli 042.

Esse teste segue os mesmos procedimentos do teste de adesão quantitativa, sendo diferenciado após a primeira inserção do meio de cultura DMEM em cada poço, onde foram adicionados 50 µl de caldo contendo a amostra controle, juntamente com 50 µl dos probióticos testados nos mesmos poços, o que não acontece no teste de adesão pois não se mistura amostras de controle com as de probiótico.

21 Probióticos aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | FloraMax-B11 Hatchery e Zymospore - Probióticos seguros e com qualidade comprovada sem riscos para Saúde Única global

Teste de suscetibilidade aos antimicrobianos: Utilizando a técnica de Disco Difusão, seguindo as normas do “Clinical and Laboratory Standards Institute”.

Para testar a suscetibilidade aos antibióticos, foram selecionados 16 diferentes antimicrobianos: Cefazolina, Cefotaxima, Cefoxitina, Ertapenem, Ciprofloxacina, Vancomicina, Tetraciclina, Gentamicina, Ampicilina, Amoxicilina, Clindamicina, Cloranfenicol, Fosfomicina, Levofloxacina, Linezolida, Penicilina G. Posteriormente, foi realizada a leitura dos halos de inibição, comparando os valores obtidos com os pontos de corte estipulados pelo BrCAST (2021) e Charteris et al. (1998).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ensaio de adesão invitro

A capacidade de aderência às células intestinais, é uma condição importante para as cepas probióticas com objetivo de que haja colonização no organismo do hospedeiro, assim, o probiótico consegue se multiplicar e exercer suas características benéficas (COLLADO; MERILUOTO; SALMINEN, 2007).

Os ensaios demonstraram a capacidade de adesão às células Vero de ambos os probióticos. No teste qualitativo, é possível observar as bactérias aderidas às células Vero, estando acumuladas em grande quantidade ao redor das células (Figuras 1 e 2)

Este padrão de adesão pode ser comparado ao comportamento bacteriano ao colonizar o intestino. A Figura 3 observa-se o controle negativo no qual as bactérias utilizadas não aderiram as células Vero, um bom parâmetro visual para comparação.

Na adesão quantitativa, foram calculadas as quantidades de bactérias aderidas por poço segundo a metodologia citada anteriormente. A contagem de células do teste quantitativo dos produtos utilizados foram similares ao controle positivo (E. coli 042), demonstrando a capacidade de adesão em ambos os produtos testados (Tabela 1).

Isolados Adesão Bactérias aderidas/poço

Controle - Negativa -

Controle + Positiva 4,3 x 10⁶

FloraMax-B11 Positiva 2,5 x 10⁶

Zymospore Positiva 5,2 x 10⁶

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Figura 1: Teste adesão qualitativa FMB11 Hatchery. Probióticos aderidos as células Vero. Figura 2: Teste adesão qualitativa Zymospore. Probióticos aderidos as células Vero. Figura 3: Teste de adesão qualitativa, controle negativo, não houve adesão. Tabela 1: Resultados do Teste adesão Qualitativa em células Vero

COMPETIÇÃO

Além da boa capacidade de adesão, uma das características primordiais dos probióticos é a capacidade de inibição ou exclusão competitiva contra patógenos aderidos nas células do hospedeiro.

Grande parte das bactérias ácido láticas sintetizam proteínas de superfície celular que auxiliam a conexão dessas bactérias ao trato gastrointestinal, permitindo uma maior imunorregulação e inibição de agentes patogênicos (RUBEN et al., 2019).

O teste de competição demonstrou que a comparação entre as médias do crescimento das bactérias quando colocadas sozinhas com as células de linhagem e em competição entre a cepa controle e probiótico, nos mostrou que a média de contagem de bactérias por poço foi menor na competição (Tabela 2), propondo que pode ter havido tanto uma competição por sítios de ligação nas células Vero, quanto uma possível inibição por produção de componentes bacterianos pelos probióticos.

TESTE DE SUSCETIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS

Um dos aspectos que conferem segurança pelo uso de probióticos é a não obtenção e propagação de genes de resistência aos antibióticos, podendo ocorrer de bactérias entéricas não patogênicas transferirem seus genes de resistência para microrganismos patogênicos na microbiota, assim, o isolamento de cepas que apresentem poucos genes de resistência a antibióticos são o ideal (NOOHI N et al., 2014).

O teste de sensibilidade foi realizado com 15 tipos diferentes de antimicrobianos. Em ambos os probióticos, sua porcentagem de susceptibilidade aos antimicrobianos testados foi de 73%, dos 15 testados os probióticos foram sensíveis a 11 como demonstrado na Tabela 3.

Tabela 2: Resultados do teste de competição.

23 Probióticos aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | FloraMax-B11 Hatchery e Zymospore - Probióticos seguros e com qualidade comprovada sem riscos para Saúde Única global
Isolados Média de colônias Bactérias aderidas/poço MRS MacConkey MRS MacConkey Controle + (E. coli 042) - 8 8 x 106 Zymospore 56 19 5,6 x 105 1,9 x 103 FMB11Hatchery 51 23 5,1 x 10⁵ 2,3 x 104

Segundo o Capítulo II, Seção III, Art. 8° da –RDC Nº 241, de 26 de julho de 2018 (Brasil, 2018) e o Guia Para Instrução Processual de Petição de Avaliação de Probióticos para Uso em Alimentos publicado pela (ANVISA, 2021), para que um probiótico seja utilizado comercialmente, ele deve apresentar sensibilidade a no mínimo dois antibióticos.

Tanto FMB11 Hatchery quanto Zymospore foram sensíveis a mais de dois antimicrobianos de importância tanto veterinária quanto humana, seguindo padrões estabelecidos.

CONCLUSÃO

Testes in vitro mostram sua grande importância norteando futuros testes in vivo e também são descritos no Guia Para Instrução Processual de Petição de Avaliação de Probióticos para Uso em Alimentos publicado pela ANVISA (2019) como testes mínimos a serem feitos para que o produto seja comercializado.

Ambos os probióticos testados, FMB11 Hatchery e Zymospore, obtiveram ótimos resultados em características esperadas de probióticos, aderindo a células tanto qualitativamente quanto quantitativamente.

Probióticos

FMB11 Hatchery

Zymospore

Antimicrobianos

CFZ– TET – GEN– ERT – CIP –VAN – LEV – LNZ – FOS – AMO - CLO

CFZ – CTX – TET – GEN – ERT – CIP – FOS – VAN – LEV – AMO - PEN

Tabela 3: Resultado de susceptibilidade aos antimicrobianos testados frente aos probióticos. AMO – Amoxicilina; CTX – Cefotaxima; CFZ – Cefazolina; CIP – Ciprofloxacina; CLO – Cloranfenicol; FOS – Fosfomicina; GEN – Gentamicina; LEV – Levofloxacina; LNZ –Linezolida; ETP - Ertapenem; PEN – Penicilina G; TET – Tetraciclina; VAN - Vancomicina.

Quando colocados em um mesmo ambiente disputam pelos sítios de ligação e podem produzem substâncias que afetam o crescimento de outras bactérias, também sendo sensíveis a diversos antimicrobianos de importância veterinária e humana, mostrando um ponto muito importante em sua segurança.

O presente estudo foi feito em células Vero as quais são padrão para esse tipo de estudo, em futuros estudos, estes podem ser feito em células primárias retiradas diretamente do intestino de animais abatidos para comparação, como também, podem ser feitos estudos in vivo já que os resultados demonstrados neste estudo são promissores.

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DICAS PARA GERENCIAR POEDEIRAS COMERCIAIS

EM CLIMA QUENTE

Gerente global de produto Lohmann Breeders

Oestresse por calor tem sido um desafio recorrente em países de clima quente, como o Brasil. Altas temperaturas podem ser devastadoras para o bem estar dos animais e a atividade de postura comercial como um todo, especialmente quando combinadas a altos índices de umidade relativa.

Ao estarem fora de sua zona de conforto, que é de 18oC a 24oC, as aves sob estresse por calor perdem muita eficiência produtiva, pois seu sistema termorregulador envida muitos esforços na busca de estabelecer condições fisiológicas de temperatura corporal, que está na faixa de 40-42oC (Anderson, 2006).

Acima de 24oC de temperatura ambiente, as aves lançam mão de alguns mecanismos de perda de calor, como radiação, convecção, condução e evaporação.

26 Estresse térmico aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Dicas para gerenciar poedeiras comerciais em clima quente

Quando a temperatura ultrapassa os 30oC, a ave perde eficiência termorregulatória e passa a contar obrigatoriamente com perdas por evaporação, afetando ainda mais seu desempenho produtivo e condições de bem-estar, chegando ao risco de ameaçar sua viabilidade.

As respostas zootécnicas mais comuns nessas condições são:

Redução no consumo de alimento (o que diminui o tamanho dos ovos) e no índice de produção do plantel. Temperaturas muito altas também causam excessiva ofegação e desequilíbrio ácidobásico, piorando a qualidade de casca e consequentemente o aproveitamento dos ovos produzidos.

Aproximando-se dos 40oC o consumo de ração cairá drasticamente e o de água subirá (caso esteja com temperatura na faixa de 18oC a 25oC).

E a combinação de altas temperaturas com altos níveis de umidade relativa, como funciona?

Quanto maior a temperatura, mais a ave deve contar com a perda de calor por evaporação. Por outro lado, quanto maior a umidade relativa, menor a capacidade de perder calor por essa via. Dessa forma, a umidade relativa desempenha um papel crucial no entendimento do estresse por calor das aves.

A combinação da umidade relativa com a temperatura leva ao conceito de índice de estresse por calor (IEC) nas aves de postura (Tabela 1).

27 Estresse térmico aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Dicas para gerenciar poedeiras comerciais em clima quente
ºC/UR 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 20 63 63 63 64 64 64 64 65 65 65 66 66 66 66 67 67 67 67 68 68 22 64 65 65 66 66 66 67 67 67 68 68 69 69 69 70 70 70 71 71 72 24 66 67 67 68 68 69 69 70 70 70 71 71 72 72 73 73 74 74 75 75 26 68 69 69 70 70 71 71 72 73 73 74 74 75 75 76 77 77 78 78 79 28 70 70 71 72 72 73 74 74 75 76 76 77 78 78 79 80 80 81 82 82 30 71 72 73 74 74 75 76 77 78 78 79 80 81 81 82 83 84 84 85 86 32 73 74 75 76 77 77 78 79 80 81 82 83 84 84 85 86 87 88 89 90 34 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 36 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 93 94 95 96 97 38 78 79 81 82 83 84 85 86 88 89 90 91 92 93 95 96 97 98 99 100 Valor EIEC < 70 70 - 75 76 - 81 > 81
Tabela 1. Indice de estresse por calor para poedeiras comerciais. Fonte: Lohmann do Brasil, 2022; Planalto Postura, 2022

Diante dessas situações, algumas ações de manejo devem ser levadas em consideração, em função do nível de estresse por calor que se encontram as aves. Entre elas, podemos destacar:

Densidade de alojamento: A perda de calor sensível é inversamente proporcional a quantidade de aves no galpão, não importa o sistema de alojamento adotado. Em outras palavras, quanto mais aves alojadas no galpão, mais difícil será para elas atingirem a temperatura siológica ideal sob condições de estresse por calor.

Manuseio das aves: Devemos evitar qualquer tipo de manejo que provoque manuseio, movimentação ou agitação das aves nos períodos quentes do dia, como por exemplo, vacinações, tratamentos de bico, transferência, seleção etc.

Temperatura da água: Fornecer água fria ajudará na termorregulação dos animais. Leeson et al., (2000) reportaram diferenças de até 12% de produção e 12g de consumo de ração em aves que receberam água fria (18ºC a 25ºC) comparadas às aves que receberam água na temperatura de 33ºC.

Para que a água fornecida esteja sempre em temperatura adequada, recomenda-se isolar as caixas d’água e tubulações externas, fazer o “ ushing” do sistema frequentemente e, se possível, adicionar barras de gelo nas caixas nos momentos mais quentes do dia. Além disso, deve-se assegurar que haja bebedouros su cientes e que eles estejam em perfeitas condições de funcionamento.

Em condições de calor extremo, recomenda-se também acrescentar bicarbonato de sódio na ração, numa tentativa de neutralizar o desequilíbrio ácido-básico causado por excessiva ofegação, como citado anteriormente.

Horário de arraçoamento: O consumo de ração leva a um aumento na produção de calor. Logo, é necessário fornecer a ração nos momentos mais frescos do dia. Uma alternativa é oferecer o “lanche da meia noite”, que é o fornecimento de uma parte da ração diária no período noturno, sempre resguardando um tempo de 3 horas de escuro antes e depois do “lanche”. O acender das luzes por pouco tempo (2:00h máximo) não provocará efeitos prejudiciais no plantel.

Durante os horários mais frescos do dia, as aves precisam ser estimuladas a buscarem os comedouros, que devem ser ativados com maior regularidade. Não permitir que os comedouros quem cheios em demasia e fazer com que pelo menos uma vez ao dia as estejam vazios também são medidas que podem melhorar o consumo.

Ventilação: Nos momentos de estresse por calor, deve-se promover maior velocidade de ar sobre as aves, seja em galpões com pressão negativa ou não. No caso de se utilizar resfriamento evaporativo por placas ou nebulizadores, o índice de estresse por calor é um ponto de atenção, pois ao baixar a temperatura, a umidade relativa subirá e, embora a temperatura baixe, o Índice de Estresse por Calor pode se manter elevado (até mais alto que anteriormente).

28 Estresse térmico aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Dicas para gerenciar poedeiras comerciais em clima quente

NUTRIÇÃO EM CLIMAS QUENTES

Convém suplementar as aves com vitaminas e eletrólitos. A dieta das aves deve seguir um critério de formulação baseado nos índices de estresse por calor de cada região e época do ano.

Adequados níveis de energia e aminoácidos, combinados com um perfeito equilíbrio entre ingredientes (aumento de uso de óleo em substituição a carboidratos como fontes energéticas, por exemplo) são ferramentas poderosas para mitigar os efeitos deletérios de produtividade e bem-estar animal nas condições de estresse por calor.

Para otimizar os resultados nas suas condições de criação, busque formulações específicas junto à casa genética fornecedora das aves.

CONCLUSÃO

Com manejos básicos e nutrição adequada, pode-se mitigar os efeitos prejudiciais do estresse por calor nas aves, mantendo-se elevados padrões de produtividade e bem-estar animal. A assessoria da casa genética fornecedora das aves é a referência número um para alcançar os melhores resultados.

Dicas para gerenciar poedeiras comerciais em clima quente

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29 Estresse térmico aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Dicas para gerenciar poedeiras comerciais em clima quente
FEIRA & CONGRESSO Visite nosso site para saber mais: www.siavs.com.br ORGANIZAÇÃO siavs@abpa-br.org +55 11 3095-3120 S I VS A 2024 O MAIOR EVENTO DA AVICULTURA E DA SUINOCULTURA DO BRASIL AGORA É MULTIPROTEÍNAS! DE PROTEÍNA ANIMAL S A L Ã O IN T ERN A CION A L BRASIL | SÃO PAULO 06 A 08 DE AGOSTO 2024 DISTRITO ANHEMBI - SP

Entrevistar mais de 20 lideranças da avicultura brasileira é a meta do AveLive para o dia 7/8, durante o SIAVS (Salão Internacional de Proteína Animal) 2024. A ação, que é realizada pela Agroceres Multimix, chega à sua 4ª edição e é transmitida ao vivo pelo canal oficial da empresa no Youtube, sendi que e este ano conta com a parceria da aviNews Brasil.

Ricardo Santin, presidente da ABPA, José Antonio Ribas Jr, Diretor da Seara Alimentos, Neivor Canton, presidente da Aurora Coop, e Irineo da Costa Rodrigues, presidente da Lar Cooperativa, foram alguns dos entrevistados da última edição do Avelive.

Para desenvolver a ação, um estúdio de TV totalmente equipado para uma excelente transmissão, é montado no estande da Agroceres Multimix.

VAI REUNIR MAIS DE 20 LIDERANÇAS DA AVICULTURA BRASILEIRA DURANTE O SIAVS 2024

SERÃO MAIS DE 9 HORAS DE CONTEÚDO AO VIVO NO YOUTUBE DA AGROCERES MULTIMIX!

Em 2022 a ação proporcionou nove horas ininterruptas de transmissão ao vivo. Lideranças da avicultura de postura, como Leandro Pinto, presidente da Mantiqueira Brasil, e Ricardo Faria, presidente da ACAV e da Granja Faria, também participaram do AveLive em 2022.

“O SIAVS é um evento de referência não só para a avicultura e suinocultura brasileiras, mas mundial”, pondera Ricardo Ribeiral, Diretor da Agroceres Multimix.

“A Avelive proporciona um ambiente de muita troca de informações com os principais líderes do setor. Ao longo destas 4 edições, temos dedicado bastante energia para entregar o melhor para este evento”, completa.

31 AveLive aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | AveLive vai reunir mais de 20 lideranças da avicultura brasileira durante o SIAVS 2024

Além de reunir nomes das agroindústrias, a ação também busca a visão das lideranças regionais da avicultura brasileira. Sindiavipar, ACAV, ASGAV, AGA, AVIMIG, AVIPE e AVES-ASES foram algumas das entidades representadas no AveLive em 2022.

“Levar informação de qualidade ao setor é o principal objetivo desta ação e temos conseguido atingi-lo com excelência nas últimas três edições do AveLive”, salienta Eric Wood, gestor de Marketing da Agroceres Multimix.

“Não tenho dúvidas de que neste ano de 2024 conseguiremos novamente dar visibilidade à avicultura brasileira, sob o ponto de vista das mais importantes lideranças do setor”, completa.

Para Luis Carrasco, que é Diretor do grupo editorial agriNews, a parceria entre a aviNews Brasil e a Agroceres Multimix é perfeita, considerando que o objetivo do AveLive é gerar informação qualificada e de vanguarda para o setor.

“Trata-se de duas empresas muito comprometidas em entregar trabalho sério e qualificado, à altura do que é produzido pelo agronegócio brasileiro”, salienta Luis Carrasco. “É muito certo que teremos uma edição histórica do AveLive neste ano de 2024”, completa.

AveLive vai reunir mais de 20 lideranças da avicultura brasileira durante o SIAVS 2024 BAIXAR EM PDF

32 AveLive aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | AveLive vai reunir mais de 20 lideranças
durante o SIAVS 2024
da avicultura brasileira

Aavicultura de corte no Brasil é uma das atividades econômicas mais avançadas tecnologicamente, com altos níveis de produtividade e excelentes índices de conversão alimentar.

O Brasil ocupa lugar de destaque na avicultura de corte mundial, sendo o segundo maior produtor e maior exportador.

Em relação a produção de ovos, em 2023 foram 25,4 mil toneladas embarcadas, número que supera em 168,1% o total exportado em 2022 (ABPA, 2023)

No decorrer do processo, a cadeia de produção avícola tem se organizado para atender aos requisitos de ESG que atualmente orientam as demandas dos consumidores e os compromissos corporativos.

QUAL A RELEVÂNCIA DA QUALIDADE DA CAMA NAS PRODUÇÕES AVÍCOLAS?

Henrique Cancian e Tainara C. Euzébio Dornelas Zootecnista

Com base nesses princípios, a gestão da cama no interior do aviário está intrinsecamente ligada aos aspectos ambientais, à ambiência e consequentemente à saúde das aves.

A cama aviária é utilizada para oferecer uma melhor qualidade de vida às aves durante sua permanência no galpão, seja ele para corte, ou, hoje, para criações de postura livre de gaiolas, pois colabora no conforto térmico, evita o contato direto com o piso, prevenindo a formação de calos de pata e peito nos animais, além de fazer a absorção e incorporação das excretas, descamação, penas e restos de comida e água que caem de comedouros e bebedouros.

34 Qualidade de cama aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Qual a relevância da qualidade da cama nas produções avícolas

A composição desse substrato varia de acordo com o material-base, o tipo de aviário, a manutenção dos bebedouros, a densidade animal, a microbiota das aves, a composição da ração e a idade do lote.

Qualidade microbiológica e contaminação da cama de frango

A qualidade da cama é, em grande parte, determinada pelo manejo, o qual influencia diretamente na eficiência da produção e pode afetar a ocorrência de problemas como pododermatites, estresse respiratório, além de doenças parasitárias e infecciosas.

Todavia, a carga de microrganismos residuais na cama reutilizada precisa ser considerada na preservação das condições sanitárias dos lotes e inocuidade da carne de frango.

É por isso que o manejo da cama visando mitigar riscos microbiológicos é uma das principais preocupações da cadeia produtiva.

A substituição da cama de frango a cada novo lote foi inicialmente sugerida com base na ideia de que uma nova cama promoveria um padrão sanitário mais rigoroso para os lotes.

Entretanto, é importante destacar que a cama recém-trocada possui uma maior carga de bactérias provenientes do ambiente, ao passo que a cama reutilizada entre lotes é predominantemente composta por microrganismos residuais das excretas das aves (Cressman et al., 2010).

Como observado por Vaz et al. (2017) que apontou que, a carga média inicial de enterobactérias na cama antes do alojamento do primeiro lote foi superior à média observada na cama reutilizada do terceiro ao sexto lote.

De acordo com o resultado exposto a cima, Vaz (2022), aponta duas observações importantes:

O reuso da cama sob a ótica do bom manejo não piora sua qualidade microbiológica e,

A cama nova precisa de intervenção antes do alojamento do primeiro lote de frangos.

35 Qualidade de cama aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Qual a relevância da qualidade da cama nas produções avícolas

As enterobactérias, que são naturalmente encontradas no intestino de animais e seres humanos, também servem como bons indicadores da qualidade microbiológica da cama desde o primeiro alojamento dos pintinhos.

Ao longo de ciclos sucessivos, a cama de frango reutilizada e submetida a controle de microrganismos residuais apresentou maior redução de enterobactérias nos primeiros três lotes, tendendo a estabilização a partir do quarto ciclo de uso (Vaz et al., 2017).

Durante ciclos subsequentes, a cama de frango reutilizada, sujeita a controle de microrganismos residuais, demonstrou:

Uma redução maior de enterobactérias nos primeiros três lotes e

Uma tendência à estabilização a partir do quarto ciclo de uso (Vaz et al., 2017).

Voss-Rech et al. (2019) também identificaram a tendência de redução linear da carga média de enterobactérias na cama ao longo de lotes sucessivos em granjas comerciais por pelo menos seis lotes consecutivos.

Dessa forma podemos presumir que uma vez que a microbiota da cama está estabelecida, a carga de bactérias tende a se manter estável.

Os microrganismos patogênicos são possivelmente os indicadores mais cruciais a serem avaliados no manejo da cama aviária, uma vez que a reutilização entre lotes pode promover a persistência e disseminação de agentes responsáveis por doenças avícolas ou zoonoses. No que tange as doenças presentes na produção avícola, a presença de oocistos residuais viáveis de Eimeria spp. na cama de frango reutilizada é um indicador do risco de coccidiose.

Esta condição, que causa danos intestinais, pode facilitar a colonização por Clostridium perfringens e, comumente, levar ao desenvolvimento de enterite necrótica.

37 Qualidade de cama aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Qual a relevância da qualidade da cama nas produções avícolas

A detecção de oocistos na cama do primeiro lote destaca a onipresença das eimerias em granjas de frangos de corte.

Geralmente, o pico de concentração desses oocistos na cama ocorre entre 2 e 4 semanas de idade, independentemente do uso regular de anticoccidianos e vacinas vivas nos lotes (Chapman et al., 2016; Jenkins et al., 2017).

a prática de reutilizar a cama para vários lotes está integralmente incorporada à rotina de produção, prolongando sua vida útil.

Importância da qualidade da cama em produções avícolas de corte e de ovos livres de gaiola

Visto o impacto da microbiologia da cama na sua qualidade podemos presumir que ela não só serve como isolante térmico, mas também atua ativamente no desempenho e bem-estar do animal.

Nas discussões envolvendo o bemestar na produção de frangos de corte e de ovos livres de gaiola, têm-se dado grande enfoque para que as aves tenham espaço para que possam expressar seu comportamento natural, dessa forma é importante destacar que a qualidade da cama tem relação com a densidade de alojamento, pois à medida que o número de animais por m2 aumenta, também aumentam a quantidade de derramamento de água e ração, assim como a quantidade de esterco que a cama deve absorver, e assim a umidade e os níveis de amônia também aumentam.

A umidade da cama ou o teor de umidade é o fator mais importante que leva a lesões nas patas de frangos de corte. Alguns estudos relatam que a umidade da cama superior a 30% leva ao comprometimento da condição das patas (Alabi et.al., 2024; Wu e Hocking, 2011).

O material da cama serve como isolante térmico, controla a umidade do chão e por isso é importante estar atento não somente ao material, mas também o tamanho das partículas, pois além da saúde dos pés eles também podem interferir na saúde intestinal das aves.

Alguns materiais podem não ser ingeridos pelos pintos no início da produção, mas um frango no final do ciclo produtivo pode ingerir esse material contaminado. O consumo de pequenas partículas de materiais pode causar o enchimento do sistema digestivo, suprimindo assim o consumo de ração (Durmus, et.al., 2023).

38 Qualidade de cama aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Qual a relevância da qualidade da cama nas produções avícolas

Em frangos de corte as lesões de patas levam à redução do consumo de ração, prejuízo no ganho de peso e diminuição da eficiência de conversão alimentar nas aves.

Esses parâmetros de desempenho são de extrema importância para a indústria avícola, pois influenciam diretamente a lucratividade e a sustentabilidade dos sistemas de produção de frangos de corte.

Já no caso de galinhas poedeiras, o bem-estar das galinhas pode ser prejudicado devido ao risco aumentado de distúrbios nos ossos da quilha e nas patas nos sistemas livres de gaiola, esses distúrbios relacionados a cama podem comprometer a produção.

Hiperqueratose, dermatite podal e bumble foot são os problemas de saúde mais comuns nas patas das aves.

A hiperqueratose é a proliferação da camada córnea da pele da planta do pé e é causada por carga de pressão prolongada nas almofadas dos pés durante a posição em pé, (Weitzenbürger et al., 2006 ; Rönchen et al., 2008 ).

Dermatite podal é o termo para infecção do epitélio das almofadas metatarsais (Wang et al., 1998). O bumble foot se manifesta como inchaço e inflamação graves da almofada do pé.

40 Qualidade de cama aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Qual a relevância da qualidade da cama nas produções avícolas

Dessa forma para promover o bem-estar plantar das aves deve-se levar em conta alguns fatores como:

É de suma importância o entendimento de que o manejo da cama de frango é ponto fundamental de um bom programa de biosseguridade na produção avícola.

O material do piso dos níveis do aviário, uma vez que estas são construídas com arame metálico ou ripas de plástico;

O material da cama, para que seja bem drenado e não acumule umidade;

O material e a higiene dos poleiros e ninhos (no caso de poedeiras), pois esses também podem absorver umidade no momento em que as aves o estão utilizando;

O tamanho da partícula do material da cama;

A densidade de alojamento;

Entre outras observações.

A dinâmica da microbiota presente na cama, a especificidade dos desafios sanitários e a influência de fatores ambientais e do aviário inferem na qualidade da cama. Não existe uma intervenção única e simplificada que seja apropriada para todas as situações.

É crucial realizar uma avaliação individual de cada granja, levando em conta sua situaçãoa específica e os desafios enfrentados, a fim de identificar com precisão as intervenções adequadas.

Qual a relevância da qualidade da cama nas produções avícolas

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41 Qualidade de cama aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Qual a relevância da qualidade da cama nas produções avícolas

OPORTUNIDADES E DESAFIOS PARA A SUA PRODUÇÃO EM 2024

Dra. Cardoso, quais são alguns dos desafios para os produtores de aves em 2024?

Muitos veem o começo do ano como um novo começo – repleto de possibilidades de fazer melhor e mais e aproveitar ao máximo cada oportunidade. Os desafios ainda existem, mas não parecem tão intimidador em janeiro.

Gabriela Cardoso, Ph.D., gerente de soluções para avicultura da NOVUS para as Américas, compartilhou recentemente suas ideias sobre as oportunidades e desafios que a indústria avícola pode enfrentar neste novo ano e como a NOVUS pode ajudar nossos produtores parceiros a alcançar suas metas em 2024.

Um desafio significativo que presenciamos, especialmente na América do Norte, é a eclodibilidade e a qualidade dos pintainhos.

São necessárias aves para criar aves e qualquer impacto no tamanho da produção prejudicará os resultados financeiros do produtor.

Como não sabemos a causa exata deste problema, esta é uma oportunidade para os nutricionistas aproveitarem ao máximo aos aditivos alimentares, particularmente os minerais orgânicos bisquelatados que comprovadamente apoiam o desempenho das matrizes e a qualidade dos ovos e pintainhos.

42 Aditivos aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Oportunidades e Desafios para a sua Produção em 2024
Dr. Gabriela Cardoso Dal Pont Gerente de soluções para avicultura NOVUS para as Américas

Há algum tempo que a sustentabilidade tem sido uma prioridade para toda a cadeia agrícola, se pede aos produtores que façam mais com menos recursos.

É aqui que os aditivos alimentares podem fazer uma grande diferença. Na NOVUS, os produtos são Made of More™, ou seja, oferecem algo a mais além do esperado.

Por exemplo, além de fornecer zinco, cobre ou manganês orgânicos, os minerais bisquelatados MINTREX® são uma fonte de metionina, o que significa que os produtores podem reduzir seu nível de inclusão de metionina na dieta.

E, como os minerais orgânicos bisquelatados

MINTREX® são altamente biodisponíveis, menores dosagens são necessárias na alimentação dos animais e também há menor excreção de minerais para o meio ambiente.

Os aditivos da NOVUS também apoiam a qualidade da carne e dos ovos mesmo com o uso de ingredientes alternativos, apoiando a sustentabilidade de várias maneiras.

Qual é o maior desafio para a indústria avícola em 2024 que você diria e como a NOVUS pode ajudar os clientes a solucionar esse problema?

Em 2023, o aumento dos preços dos componentes para a alimentação dos animais devido aos aumentos dos preços da energia e logística, juntamente com a gripe aviária, a complicada situação geopolítica em várias regiões e o aumento da procura tornaram difícil a garantia de uma boa rentabilidade aos produtores.

Embora alguns desses fatores certamente diminuam ou se resolvam em 2024, a lucratividade continuará a ser uma prioridade para o setor.

Os produtores que priorizam a rentabilidade financeira podem buscar através da nutrição inteligente e aditivos de alta qualidade da NOVUS.

Garantir que eles estejam usando aditivos apoiados por pesquisas cientificas robustas e projetadas para apoiar a maximizar o ROI por meio da otimização da saúde e do desempenho animal é um passo positivo para garantir a lucratividade.

43 Aditivos aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Oportunidades e Desafios para a sua Produção em 2024

Onde você acha que a NOVUS se diferencia de outros fornecedores de aditivos para nutrição animal no que diz respeito às oportunidades em 2024?

Existem muitas tecnologias disponíveis no mercado que afirmam melhorar o desempenho das aves e a lucratividade de modo geral.

Mas não basta somente dizer que um produto funciona. A NOVUS possui inúmeras pesquisas e testes de campo que comprovam a eficácia dos produtos que oferecemos em diversos cenários do mundo real.

Nossas equipes também são especialistas e qualificadas no que fazem – entendendo verdadeiramente os objetivos dos produtores e oferecendo sugestões que funcionarão para eles.

Como a rentabilidade é mais importante do que nunca, nutricionistas e fornecedores de aditivos para nutrição animal devem trabalhar juntos para encontrar a solução mais eficaz para cada desafio e/ou objetivo específico de produção.

Outra oportunidade está na redução contínua do uso de antibióticos. Muitas grandes empresas de frango de corte estão declarando “sem uso de antibióticos” em seus produtos e divulgações. Tornar essa afirmação uma realidade requer foco na integridade intestinal dos animais.

Felizmente, podemos apoiar os nossos clientes com soluções nutricionais inteligentes que otimizam a qualidade intestinal e tornam a produção sem antibióticos uma realidade.

O que você pensa sobre as grandes oportunidades ou desafios para a indústria avícola em 2024? Gostaríamos de escutar suas ideias. Entre em contato com a nossa equipe através do site:

Intelligent Nutrition | Novus International, Inc.

www.novusint.com

Oportunidades e Desafios para a sua Produção em 2024 BAIXAR EM PDF

44 Aditivos aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Oportunidades e Desafios para a sua Produção em 2024

Atualmente, alimentar o mundo exige cada vez mais dos produtores. A NOVUS é a empresa de nutrição inteligente que oferece tecnologias avançadas, baseadas em pesquisas científicas voltadas a ajudar os produtores a fazerem mais, com menos. Estamos aqui para causar impacto positivo onde atuamos — e mostrar ao mundo o que podemos fazer com isso.

NOVUSINT.COM

® é uma marca comercial da Novus International, Inc., e está registrada nos Estados Unidos e em outros países. TM Made of More é uma marca registrada da Novus International, Inc. ©2024 Novus International, Inc. Todos os direitos reservados. VISITE NOSSO ESTANDE NO SBSA 2024

PATOLOGIA DO

SISTEMA IMUNE NO DIAGNÓSTICO DA IMUNODEPRESSÃO EM AVES

Nestor Ledesma Martínez

Departamento de Medicina de Aves e Zootecnia

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

Universidade Nacional Autônoma do México

As linhagens modernas de aves são caracterizadas por seu alto desempenho. Os avanços na genética, nutrição, manejo, ambiência e reprodução melhoraram significativamente os parâmetros de produção.

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aviNews Brasil 4º trimestre 2023 | Patologia do sistema imune no diagnóstico de imunodepressão em aves
Patologia

Agentes físicos como mudanças bruscas de temperatura, manejo durante vacinações, seleção, reagrupamento.

Embora as aves de hoje sejam mais eficientes e produtivas, também são menos rústicas do que no passado, por isso são mais suscetíveis a doenças.

Devido a este aumento da suscetibilidade, a produção moderna exige medidas rigorosas de biossegurança e calendários de vacinação eficientes.

Atualmente, existem mais e melhores vacinas, no entanto, é necessário que o sistema imunológico das aves esteja em ótimas condições de funcionamento.

O sistema imunológico está constantemente sujeito a agentes imunossupressores de vários tipos;

Agentes químicos como micotoxinas e aminas biogênicas.

Agentes biológicos como os vírus.

Devido à etiologia multifatorial da imunossupressão, o diagnóstico nem sempre é simples, sendo necessária história clínica, autópsias e, quando apropriado, exames laboratoriais complementares.

É muito importante que o profissional de campo conheça as alterações macroscópicas que podem ser observadas no sistema imunológico durante a necropsia. Isso orienta o diagnóstico e facilita a coleta de amostras.

A seguir são discutidos os aspectos mais relevantes da patologia do sistema imunológico orientado para a imunossupressão.

Fígado Glândul a de Harder

SISTEMA IMUNE

Amígdalas cecais Baço

Timo

Fabricius

Fabricius

Médula

Bursa d e óssea

47 micotoxinas aviNews América Latina Marzo 2023 | Prevalencias de micotoxinas en Latinoamérica 2022

O sistema imunológico das aves é composto por órgãos linfóides primários e secundários.

Durante a fase embrionária, as células indiferenciadas migram do saco vitelino para a medula óssea, timo e bursa de Fabricius.

Nestes órgãos as células diferenciam-se em linfócitos T ou B onde expressam marcadores de superfície e através da seleção negativa são eliminados os linfócitos que não são úteis.

Posteriormente, eles migram para órgãos linfóides secundários, como baço, tonsilas cecais, glândula de Harder, tecido linfóide associado à mucosa e centros germinativos no tecido conjuntivo.

BURSA DE FABRICIUS

Ocorre apenas em aves, localiza-se na parte dorsal da cloaca, ligada ao intestino através de um ducto.

A bursa de Fabricius é o local de diferenciação dos linfócitos B e capta antígenos no momento em que a ave defeca, já que a camada muscular lisa do intestino continua na bursa de Fabricius para que a contração do músculo faça a bursa funcionar como uma bursa, botão de sucção.

No interior da bursa de Fabricius podem ser observadas folhas maiores e menores, cobertas por um epitélio cilíndrico e contendo folículos linfóides sustentados por uma matriz de tecido conjuntivo.

A interpretação de lesões em órgãos linfóides requer levar em consideração a idade das aves e o calendário de vacinação, uma vez que os órgãos linfóides primários sofrem atrofia quando as aves atingem a maturidade sexual e a maioria das vacinas que são aplicadas rotineiramente provocam alterações nos órgãos linfóides.

Cada folículo linfóide é constituído por um córtex e uma medula, separados por uma camada de células córtico-medulares que são contínuas com as células do epitélio que cobrem as folhas.

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aviNews Brasil 4º trimestre 2023 | Patologia do sistema imune no diagnóstico de imunodepressão em aves
Figura 1. Bursa de Fabricius em aves com 4 semanas de idade (Foto: Cortesia de María Teresa Casaubon Hugenin).
Patologia
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A bursa de Fabricius, na ausência de agentes infecciosos ou imunossupressores, deve estar presente até as 12 ou 14 semanas de vida da ave, momento em que inicia sua involução, de forma que às 20 semanas restem apenas vestígios.

Nas aves de produção, o uso de vacinas, principalmente contra a infecção da bursa de Fabricius causa atrofia antes desse período.

A bursa de Fabricius com involução é vista macroscopicamente como um nódulo pequeno, duro, branco-amarelado.

Ao microscópio as folhas são pequenas, os folículos perderam a diferenciação entre córtex e medula, o epitélio apresenta dobras e cistos.

TIMO

O timo nas aves está localizado ao longo do pescoço, é composto por 6 a 7 lobos que correm paralelos às veias jugulares e ao nervo vago.

No timo, diferenciam-se os linfócitos T. Macroscopicamente, os lobos do timo podem ser vistos com pequenos lóbulos e quando cortados, um córtex e uma medula são diferenciados.

Na ausência de agentes infecciosos ou imunossupressores, o timo deve permanecer até 15 ou 17 semanas, período após o qual começa a involuir de modo que às 30 semanas restam apenas vestígios.

O exame histológico dos timos involuídos mostra perda de córtex e fibrose medular.

Em pintinhos com 1 dia de idade é comum encontrar conglomerados de heterófilos no tecido subepitelial; estes são focos de granulopoiese extramedular e são comuns em vários tecidos do frango.

MEDULA ÓSSEA

Apenas ossos não pneumáticos, como o fêmur e o tibiotarso, possuem medula óssea; é considerado um órgão linfóide primário e secundário, uma vez que surgem da medula óssea:

Células indiferenciadas que migram para o timo e bursa de Fabricius na vida embrionária e;

Por outro lado, são fonte dessas mesmas células em animais adultos ou no repovoamento do timo e bursa após danos graves com perda de linfócitos.

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aviNews Brasil 4º trimestre 2023 | Patologia do sistema imune no diagnóstico de imunodepressão em aves
Patologia

BAÇO

O baço está ligado à moela e ao proventrículo pelo seu lado visceral, é um órgão linfoide secundário, é constituído por uma cápsula de tecido conjuntivo e trabéculas nas quais:

Os centros germinativos (polpa branca) e arteríolas.

Células dendríticas.

Glóbulos vermelhos (polpa vermelha).

O baço em pintinhos jovens é um centro de granulopoiese e em aves mais velhas um centro de apresentação de antígenos.

ATROFIA DE ÓRGÃOS LINFOIDES

Além da involução das aves relacionada à idade, há muitos fatores que causam atrofia linfoide.

As aves estão sujeitas a fatores de estresse como:

Calor; Frío; Manejo; Vacinação; Restrições alimentares;

Seleção e reagrupamento entre outros.

Que desencadeiam a secreção de glicocorticóides que causam apoptose nas células linfoides.

PROCESSO DE APOPTOSE

O processo de apoptose é normal em aves durante os processos de seleção negativa de clones que não são úteis. Em um corte histológico de órgãos linfoides, observa-se apoptose, descrita nos textos como “céu estrelado”.

Este aspecto é considerado fisiológico, a menos que a apoptose seja tal que o tamanho do órgão diminua.

Por outro lado, as micotoxinas são consideradas agentes imunossupressores que causam atrofia dos órgãos linfóides; o mecanismo de atrofia segue duas vias:

Inibem a síntese proteica e a replicação de ácidos nucleicos, necessárias para a diferenciação e proliferação de células linfoides e;

As aves rejeitam os alimentos, o que gera tensão e liberação de glicocorticóides.

Se for observada diminuição do tamanho dos órgãos linfoides, as micotoxinas devem ser consideradas no diagnóstico diferencial.
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aviNews Brasil 4º trimestre 2023 | Patologia do sistema imune no diagnóstico de imunodepressão em aves
Patologia

No caso do timo ocorre atrofia abundante por apoptose nos casos de infecção pelo vírus da anemia infecciosa. Este vírus transmitido verticalmente tem como alvo os linfócitos T e as células germinativas da medula óssea.

Aves com menos de 5 semanas apresentam atrofia grave do córtex do timo, reduzindo consideravelmente o tamanho do timo; às vezes, durante a necropsia, os timos podem passar despercebidos.

NECROSE E INFLAMAÇÃO

Além da apoptose, a necrose também produz atrofia dos órgãos linfóides, mas neste caso o processo inflamatório pode aumentar temporariamente o tamanho do órgão.

No caso da bursa de Fabricius, o agente mais conhecido é a infecção pelo vírus da bursa de Fabricius (IBF), também conhecida como doença de Gumboro. As alterações que o vírus provoca na Bursa de Fabricio foram bem caracterizadas.

A necrose das células linfoides com edema entre os folículos e o epitélio germinativo, bem como a infiltração de heterófilos são as primeiras alterações.

Quando a infecção é causada por cepas muito virulentas (cepas quentes), ocorrem hemorragias.

Durante os primeiros 3 a 5 dias a bursa de Fabricius aumenta de tamanho e após uma semana ocorre proliferação de células córtico-medular e fibrose com diminuição do tamanho da bursa, o epitélio apresenta dobras e é possível visualizar cistos.

Essas alterações não são exclusivas do IBF, uma vez que outros agentes como o vírus da doença de Marek (MD), o reovírus e o vírus da doença de Newcastle (NCD) também podem causar necrose e inflamação.

Por esse motivo, o diagnóstico de IBF pela histopatologia deve ser acompanhado da determinação de anticorpos pela técnica de ELISA ou soro de neutralização viral.

Figura 2. Atrofia grave do timo em ave de 8 semanas.
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Patologia

Um caso particular é a infecção pelo vírus IBF por cepas variantes, pois não causam necrose e inflamação e a bursa de Fabricius apenas atrofia; esses vírus causam a morte de células linfoides por apoptose.

Na ausência de infecções secundárias, a bursa de Fabricius pode se recuperar após 8 semanas; neste caso, áreas de regeneração caracterizadas por intensa coloração basofílica podem ser vistas próximas aos folículos despovoados.

A regeneração depende da ausência de infecções secundárias. Se houver complicação bacteriana ou infestação criptosporídica, a bursa de Fabricius apresenta exsudato que varia de fibrinoso a fibrinocaseoso que pode preencher a bursa.

A necrose e inflamação do timo são raras, geralmente estão associadas à aplicação de vacinas emulsionadas, neste caso observa-se uma reação granulomatosa.

Por outro lado, é possível observar necrose de células linfoides e hialinização de arteríolas nos casos de ECN na sua apresentação velogênica ou na Influenza Aviária (IA), particularmente com o vírus H5N2.

A maioria dos agentes virais que causam imunossupressão com necrose ou apoptose de células linfóides causam diminuição das células do baço e, quando o sistema imunológico é constantemente estimulado por outros vírus e bactérias, ocorre hiperplasia linfóide.

A olho nu, a superfície do corte pode ser visualizada com pontos brancos, que microscopicamente correspondem a nódulos de hiperplasia linfoide. Nos casos de ECN ou IA ocorrem áreas de infarto com hialinização das arteríolas.

DOENÇAS

LINFOPROLIFERATIVAS

Nas aves, os vírus da Doença de Marek (MD) e da Leucose Linfoide (LL) causam neoplasias de células linfoides (Linfomas) que ocorrem em vários órgãos.

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Figura 3. Linfoma por doença de Marek em coração e pulmão de aves de 12 semanas.
Patologia

Doença de Marek

A doença de Marek tem 5 apresentações dependendo do local de infiltração de linfócitos T. Com exceção da apresentação cutânea, as demais apresentações são transformantes não produtivos, ou seja, não são produzidos vírions completos e a célula infectada se transforma em neoplásica.

As manifestações clínicas dependem do órgão infiltrado, assim as aves apresentam:

Cegueira na apresentação ocular.

Paralisia ou corte pendular na apresentação nervoso.

Vários distúrbios, incluindo diarréia, dispneia, insuficiência renal, ascite, etc.

O acima exposto depende do órgão infiltrado na apresentação visceral. Neste caso, os órgãos apresentam nódulos firmes e brancos na maioria dos casos. A apresentação muscular é a mais rara.

CONCLUSÕES

A interpretação das lesões no sistema linfóide, bem como as repercussões no rebanho, requer história clínica detalhada, seleção correta das aves e exames são muito úteis testes sorológicos complementares.

Os frangos de descarte ou seleção nem sempre são os mais representativos do lote. Já nessas aves os órgãos linfoides geralmente apresentam atrofia porque seu consumo alimentar é sempre menor.

Da mesma forma, como as lesões do sistema linfoide podem ser causadas por diversos agentes, é necessário que o clínico esteja familiarizado com os testes sorológicos e os resultados obtidos.

Leucose Linfoide

Dentro do diagnóstico diferencial com LL deve-se considerar que LL é apenas visceral, por isso é importante:

O nervo e a bursa do exame de Fabricius.

O aparecimento de células neoplásicas.

A era dos pássaros.

A leucose linfoide apresenta infiltração intrafolicular (dentro dos folículos linfóides) na bursa de Fabricius e o tumor é comum. Enquanto nos casos de EM a infiltração em interfolicular (fora do folículo, ocupando o tecido conjuntivo entre o epitélio e os folículos) e por outro lado a presença de nódulos é menos frequente.

Nos últimos anos, os testes moleculares têm fornecido dados valiosos no diagnóstico e na epidemiologia das doenças virais imunossupressoras; no entanto, não se deve perder de vista que um resultado positivo num teste PCR nem sempre tem valor diagnóstico.

Por exemplo: no caso do vírus da anemia infecciosa comum em frangos de corte com seis ou sete semanas de idade ou em frangas de reposição com 10 semanas de idade. Nessa idade, a infecção pelo vírus não causa imunossupressão, portanto a única presença do material genético do vírus na amostra não é necessariamente a origem do quadro observado e outras possibilidades devem ser descartadas.

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aviNews Brasil 4º trimestre 2023 | Patologia do sistema imune no diagnóstico de imunodepressão em aves
Patologia

EO MELHORAMENTO GENÉTICO GARANTE UMA

PRODUÇÃO FUTURA MAIS SUSTENTÁVEL:

SELEÇÃO GENÉTICA EQUILIBRADA E OTIMIZADA COM A GENÔMICA

Décadas de progresso em bem-estar animal, desempenho e eficiência

m um complexo sistema de produção de carne necessário para alimentar uma população crescente, ao mesmo tempo que busca minimizar o impacto ambiental, a seleção genética equilibrada é essencial.

O foco central do nosso trabalho é otimizar a produtividade das aves, equilibradas com o bem-estar animal e a sustentabilidade ambiental, buscando maximizar o resultado econômico.

Fazemos isso por meio do uso de tecnologias de última geração aliadas a práticas inovadoras de seleção genética, potencializadas pelas ferramentas genômicas.

Nas últimas duas décadas, a genética em frangos de corte teve um progresso notável. Na década de 2000, aos 42 dias de idade, um frango comum pesava 2,3 Kg, com uma taxa de conversão alimentar (C.A.) de 1,91. Avançando para 2020, o mesmo frango pesa agora 3,1 Kg, com uma C.A. de 1,64.

Este avanço se traduz em um ganho de peso anual de 40 gramas, uma melhoria de 1,3 ponto em C.A. e um aumento de 0,3% no rendimento de carne a cada ano.

2000

aos 42 dias

frango comum pesava 2,3 Kg, (C.A.) de 1,91

2020

pesa 3,1 Kg, C.A. de 1,64.

56 Melhoramento genético aviNews Brasil 4º Trimestre 2023 | O melhoramento genético garante uma produção futura mais sustentável: seleção genética equilibrada e otimizada com a genômica

Estas melhorias beneficiam os produtores de aves, tanto econômica quanto ambientalmente. Uma melhor conversão alimentar reduz o consumo de ração e aumenta a eficiência na utilização dos nutrientes, reduzindo poluentes como resíduos de nitrato e fosfato, e diminui as emissões de gases de efeito estufa.

A melhora genética em conversão alimentar se traduz na redução da pegada de carbono da avicultura em 1% ao ano.

Os frangos de corte atuais já produzem 50% menos pegada de carbono do que os frangos da década de 1970, e com uma redução adicional de 15% prevista até 2030.

Aproveitamento da inovação genética

A sustentabilidade continua sendo uma força motriz em nossa indústria avícola. Nós, na Aviagen, usamos tecnologias como monitoramento das aves com uso de transponders e galpões com equipamentos para medir o consumo de ração em tempo real, o que nos permite calcular a conversão alimentar com muita precisão.

Modelos matemáticos complexos preveem o potencial genético das aves, ajudando-nos a selecionar aves eficientes e robustas.

A melhoria da C.A. não contribui somente para a sustentabilidade ambiental, mas também reforça a eficiência econômica ao reduzir os custos da alimentação.

Durante 15 anos, para produzir um frango de 2,5 quilos, os avanços genéticos em C.A. reduziram o requerimento de ração em meio quilo e a necessidade de água em um litro. A maior eficiência alimentar conserva água e requer menos uso do solo.

O objetivo é produzir mais alimentos com menos recursos, assegurando um foco sustentável e ambientalmente responsável à avicultura.

O potencial genético através do uso da genômica

A genômica, o uso da informação de DNA para prever o potencial genético, revolucionou a seleção genética de frangos de corte. Os dados genômicos nos permitem avaliar o potencial genético com maior precisão para identificar aves com características superiores de saúde, bem-estar animal e desempenho, tendo como resultado lotes mais robustos e produtivos.

57 Melhoramento genético aviNews Brasil 4º Trimestre 2023 | O melhoramento genético garante uma produção futura mais sustentável: seleção genética equilibrada e otimizada com a genômica

A genômica revela qualidades únicas das aves.

Permite decisões de seleção mais precisas com respeito às características de produção de ovos ou potencial de eclosão, anteriormente dependentes somente de qualidades familiares provenientes das fêmeas;

A seleção genômica melhora a precisão do valor genético em até 50%, especialmente para características com baixa variabilidade genética;

Complementa as técnicas de seleção já existentes, fornecendo informações valiosas para o processo seletivo.

Hoje, discernimos a configuração genética de cada ave e a herança específica de seus pais, impulsionando a melhoria no desempenho ao longo das gerações.

Foco multidisciplinar

Os eficientes frangos de corte atuais resultam da colaboração entre geneticistas, nutricionistas, especialistas em manejo e veterinários. Juntos, eles entregam aos produtores lotes de reprodutores de alta qualidade, capacitando-os para alimentar os consumidores do mundo todo.

A seleção genética é vital para manter o equilíbrio na produtividade, no bem-estar animal e na sustentabilidade ambiental. Os investimentos contínuos em P&D permitem um progresso genético sustentável, que se traduz em um melhoramento contínuo da produção em todo o mundo.

Nosso compromisso com a sustentabilidade permite que os produtores alimentem uma população global crescente, por meio de uma carne de frango nutritiva e saudável.

O melhoramento genético garante uma produção futura mais sustentável: seleção genética equilibrada e otimizada com a genômica

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58 Melhoramento genético aviNews Brasil 4º Trimestre 2023 | O melhoramento genético garante uma produção futura mais sustentável: seleção genética equilibrada e otimizada com a genômica
aviagen.com Saiba mais:
MELHOR PERFORMANCE DO MERCADO O MENOR CUSTO EM TODA A CADEIA PRODUTIVA MAIOR RENDIMENTO
PINTOS A MAIS POR FÊMEA PONTOS MELHOR EM C.A. 2 RAÇÃO POR PINTO -10,5% +0,4% +0,6% PEITO PERNAS VIABILIDADE +0,6%
RESULTADOS A OLHOS VISTOS A
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USO DE HORMÔNIOS NA ALIMENTAÇÃO DE FRANGO: MITO OU VERDADE?

Antônio Mário Penz Júnior Prof. Titular Aposentado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Diretor Global para Contas Estratégicas da Cargill Animal Nutrition

Desde o início do desenvolvimento da avicultura mundial, um dos paradigmas que sempre exige justificativas dos técnicos, é de como os frangos a cada ano são produzidos com mais eficiência?

Normalmente, o que prevalece são considerações de leigos que atribuem esta eficiência ao uso de substâncias indevidas na alimentação dos frangos, em especial os hormônios, e que promovem este crescimento “anormal”.

Estas considerações indevidas têm se tornado mais frequentes, especialmente com o aumento do apelo de que nós, seres humanos, devemos buscar alimentos produzidos de “forma natural”.

Quando estas informações equivocadas são apresentadas em ambientes restritos, o prejuízo é irrelevante.

Entretanto, vários médicos, nutricionistas e jornalistas têm redigido artigos, textos e livros, ou usado os meios de comunicação para apresentar suas opiniões, todas infundadas, comprometedoras e prejudiciais ao bom entendimento desta questão.

Estes profissionais não procuram se aproximar do segmento produtivo para entender, com maior profundidade, como a evolução tecnológica da avicultura vem ocorrendo.

60 Melhoramento genético aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Uso de hormônios na alimentação de frangos mito ou verdade?

Claro, é muito mais fácil admitir, sem se envolver, que isto tem ocorrido a mercê de atitudes técnicas indevidas e prejudiciais. Entretanto, o que nós técnicos devemos fazer é não deixar que pessoas menos qualificadas, e completamente afastadas do segmento produtivo, se manifestem com posições baseadas em relatos falsos ou, pelo menos, indevidos.

Nós temos as informações. Nós dispomos do conhecimento. Então, por que temos tido dificuldade em apresentar os fatos verídicos e que serviriam para tranqüilizar os consumidores?

Esta discussão, para ser correta deve ser apresentada no plano técnico, que é pouco atrativo. Além do mais, tanto os especialistas com “opinião feita” quanto os meios de comunicação em geral, deverão alterar posturas e opiniões já “estabelecidas”.

Tendo em vista os prejuízos que estas posições têm causado, confundindo a opinião pública, é importante que, além dos técnicos, de forma individual, as associações de classe, também continuem se posicionando. Tem que ficar claro que essas informações são indevidas, não favorecem o entendimento de qualquer cidadão e, ao contrário, distorcem os fatos com argumentos e considerações insensatos.

desde que esta atividade tornou-se especializada e competente. Este aumento de consumo tem ocorrido em todas as sociedades, sejam elas em desenvolvimento ou desenvolvidas.

Os produtos chegam às mesas dos consumidores deste a forma menos elaborada, como frango inteiro, ou até na forma de produtos processados ou como alimento pronto para o imediato consumo.

Então, é importante que afirmemos à opinião pública que a avicultura mundial não usa hormônios como aditivos das dietas de frangos. Na verdade, existem várias razões legais e técnicas que justificam o não uso de hormônios. Este artigo tem a intenção de apresentálas para colaborar com o devido esclarecimento da sociedade.

61 Melhoramento genético aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Uso de hormônios na alimentação de frangos mito ou verdade?

Inicialmente, o progresso no desempenho das aves está fundamentalmente baseado em uma intensa atividade de pesquisa nas áreas de genética, nutrição, sanidade e no entendimento das relações destes conhecimentos através do manejo da produção destes animais.

Os frangos são os animais domésticos que têm o maior número de pesquisadores trabalhando para melhor conhecê-los e melhor produzi-los.

Inclusive é significativo o número de informações que têm sido obtidas destes estudos e que são aplicadas na produção de outros animais domésticos e também para melhorar a nutrição dos seres humanos.

Já no final da década de setenta, os pesquisadores, a partir dos dados de desempenho observados, podiam prever que os frangos, a cada ano, precisariam de um dia a menos para atingir o mesmo peso obtido no ano anterior. Esta estimativa vem sendo confirmada e, tudo indica que, pelo menos por mais alguns anos, estes valores continuarão sendo observados. Entretanto, para os leigos, este desenvolvimento não é possível em condições normais e se justifica pelo uso de substâncias anabolizantes, os ditos hormônios.

Esta observação é indevida. É falsa!

A razão para tal desenvolvimento é simples de ser entendida. É através do melhoramento genético, em especial, que estes patamares de produtividade são alterados. Na prática, nas linhas genéticas industriais, a seleção das aves é conduzida pela escolha dos grupos de animais mais eficientes.

Na seleção, animais com menor velocidade de crescimento e pior conversão de alimento em carne são retirados e somente os mais qualificados são selecionados para compor o grupo que servirá de base genética para a próxima geração dos frangos de corte.

Como as populações em avaliação são numerosas, a pressão de seleção a cada ano é elevada, permitindo progressos no desempenho muito significativos e incomparáveis, quando comparados com outras espécies domésticas.

Na prática, esta seleção dos animais ganhadores se viabiliza pelo avanço dos conhecimentos das necessidades nutricionais dos animais, de sua sanidade e da forma em melhor criá-los. Isto possibilita que um animal diferenciado, em um ambiente favorável, expresse todo o seu potencial genético.

62 Melhoramento genético aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Uso de hormônios na alimentação de frangos mito ou verdade?

Sob o ponto de vista legal, o uso de hormônios ou de substâncias citadas como quimicamente similares aos hormônios é proibido em vários países.

No Brasil, em 06 de janeiro de 1976, o então Presidente da República, Ernesto Geisel, através do decreto de número 76986, artigo seis, proibiu a adição de hormônios em alimentos para animais.

Desta forma, desde aquela data não existe a possibilidade de livre comércio destas drogas em nosso País. Sendo assim, o primeiro impasse que a indústria avícola teria que superar seria a aquisição indevida, contínua e sistemática de hormônios, para incluir nas dietas empregadas na alimentação dos frangos.

Pelo tamanho da indústria avícola brasileira (de janeiro a setembro de 2023, foram produzidas 27,5 milhões de toneladas de alimento - SINDIRAÇÕES), este comércio seria impossível de ser mantido sem que ocorresse qualquer denuncia clara, objetiva e não as simples especulações levianas do emprego sistemático dos mesmos.

Na indústria avícola brasileira não há espaço para a informalidade. Aqui consumimos, aproximadamente, 46 kg frango/capita e exportamos 33% da nossa produção para mais de 160 países (mais de 5 milhões de toneladas de frangos/ano).

Nossa produção e consumo atingem esses patamares pela forma qualificada, dando plena atenção a segurança alimentar.

Para concluir com esses argumentos expeculativos e irrelevantes, como poderia uma determinada empresa se satisfazer com piores resultados sistemáticos sem tentar identificar o que as demais estariam fazendo para ter melhores desempenhos de seus frangos?

O grau de relacionamento dos técnicos e empresários da avicultura brasileira, através de órgãos de classe e de sociedades científicas, é tão intenso que este "segredo" seria impossível de ser mantido pelas empresas usuárias desta tecnologia indevida.

Porém, ainda no campo da especulação, seria impossível o desconhecimento de qualquer beneficio dos hormônios pois a literatura técnica disponível é universal e de livre acesso a qualquer técnico que tenha curiosidade ou interesse em consultá-la. E aqui está o ponto mais importante.

Claro que alguém mais interessado em levar a discussão adiante poderia afirmar que pelo menos parte da indústria avícola poderia se valer deste expediente.

64 Melhoramento genético aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Uso de hormônios na alimentação de frangos mito ou verdade?

A maioria das informações disponíveis na literatura internacional indica resultados controversos de qualquer hormônio no beneficio do desempenho dos frangos de corte.

No passado ainda foram estudadas substâncias conhecidas como betaadrenérgicas, também chamadas substâncias semelhantes aos hormônios, na alimentação dos animais domésticos. Teoricamente, essas substâncias permitiriam a redução da concentração de gordura e aumentariam a concentração de proteína nas carcaças dos animais.

Ao contrário, os resultados das pesquisas demonstraram que em frangos de corte os benefícios destas substâncias eram extremamente controversos onde, na maioria das vezes, elas não promoveram qualquer vantagem, quando usadas na forma recomendada.

Insisto em dizer que este tipo de informação não é privada. Encontrase perfeitamente divulgada na literatura científica internacional e, por conseqüência, disponível a qualquer indivíduo que esteja interessado em ter informação sobre o assunto.

Um outro fator complicador dentro deste tema é que além dos resultados serem tremendamente contraditórios, os níveis que estes produtos deveriam ser utilizados, para eventualmente responder, fariam com que seus custos de suplementação ficassem inviáveis.

Mais uma vez, mesmo que a indústria avícola fosse na sua totalidade inescrupulosa (o que não é), e que, coletivamente, não tivesse qualquer sensibilidade com a segurança alimentar do ser humano, ela também não aproveitaria esta alternativa pois, comprovadamente, os resultados contraditórios não permitiriam o emprego economicamente viável dessa alternativa.

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Então, a pergunta que fica é por que as aves produzidas pela indústria avícola brasileira são tão precoces e tão diferentes daquelas produzidas de forma extensiva, ou em fundo de quintal (galinhas caipiras)?

Claro que a primeira razão já foi abordada e está sustentada em uma pesquisa extremamente qualificada, voltada para o aprendizado dos fundamentos básicos do desenvolvimento desta espécie e também com a aplicação prática destes conhecimentos ao nível de granja.

Os frangos de corte produzidos pela indústria avícola, embora da mesma espécie daqueles produzidos extensivamente, são oriundos de linhagens industriais, que vem sendo geneticamente desenvolvidas ao longo dos anos, exatamente para ser mais precoces e para produzir carcaças de melhor qualidade.

Outra indagação frequente é aquela de por que as carcaças dos frangos de corte, produzidos pela indústria avícola, são muitas vezes menos amarelas, mais pálidas, e têm uma gordura menos consistente do que aquela das aves produzidas no fundo de quintal?

Isto também tem servido de argumento dos leigos como efeito dos hormônios. A resposta para isto é muito simples e mais uma vez nada tem a ver com o emprego de hormônios.

A pigmentação dos frangos tem sido menos intensa pelo uso de alimentos que não dispõem de pigmentos nas suas composições e que, quando usados, terminam não fornecendo pigmentos para serem absorvidos pelas aves, como ocorre quando as rações tem milho (rico em pigmentos), alfafa, etc.

Entretanto, fazer um frango mais pigmentado é muito fácil. Porém, a coloração amarela em nada altera a qualidade nutricional da carcaça.

Esta característica é puramente estética e existem países, como o México, que preferem carcaças mais pigmentadas do que aquelas produzidas no Brasil e em alguns países europeus.

Cabe ressaltar que o Japão e os países da Comunidade Europeia, no momento, são os mercados importadores mais exigentes, e também procuram por frangos com carcaças pouco pigmentadas.

67 Melhoramento genético aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Uso de hormônios na alimentação de frangos mito ou verdade?

Porém, para que as aves fiquem mais pigmentadas e sem qualquer benefício na qualidade da carcaça, custa caro e não está relacionado com o tipo de linhagem usada.

Caso as galinhas caipiras fossem produzidas sem alimentos ricos nestes pigmentos, certamente teriam suas carcaças menos amarelas. É importante que seja dito que a cor da carcaça não deve ser considerada como sinônimo de boa saúde do animal abatido.

A gordura também é um problema bastante discutido. Os geneticistas e os nutricionistas têm trabalhado intensamente para reduzir a sua concentração nas carcaças. Os avanços têm sido marcantes.

Porém, a diferença da gordura das galinhas caipiras e dos frangos de corte de linhagens comerciais está baseada em dois aspectos essenciais. Inicialmente, as galinhas caipiras são abatidas mais velhas e a relação de água:gordura em suas carcaças é menor.

Em outras palavras, aves mais velhas têm, proporcionalmente, menos água na carcaça e mais gordura e os pigmentos fixam-se fundamentalmente no tecido adiposo.

Assim, a gordura destas aves é mais amarela e mais firme. Já os frangos de corte, de linhagens industriais, são abatidos mais precocemente, onde a relação água:gordura é maior e, proporcionalmente, têm mais água na carcaça. Isto dá à gordura da carcaça uma aparência menos firme e, eventualmente, menos amarela, se menos pigmentos participaram da composição da dieta.

Desta forma, é importante ressaltar que toda e qualquer acusação individual ou coletiva com relação à qualidade da carcaça de frangos de corte deve ser contestada, pois tem sido feita de forma leviana e, via de regra, sem fundamento. Confundir hormônio com nutrientes como vitaminas, minerais, aminoácidos, etc. tem sido muito comum.

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Estas opiniões descabidas podem prejudicar um setor dos mais tecnicamente desenvolvidos em nosso País e que tem gerado emprego, alimento e riqueza e que não pode ficar com a imagem de que está produzindo, de forma irresponsável, alimento para os brasileiros e para cidadãos de outros países.

O expediente que vários influenciadores têm usado é muito prejudicial. Se valem do desconhecimento dos cidadãos para, com palavras e frases de efeito, despertar a dúvida e a insegurança.

Eles dizem: “Deixem de comer frango frango.” Os hormônios suplementados às dietas dos frangos comprometem o balanço hormonal dos seres humanos que os consomem. Ao contrário, nós técnicos devemos, com argumentos como os apresentados, afirmar que “Não deixem de comer frangos, pois são saudáveis.

Não deixem de comer frangos pois eles nos oferecem uma quantidade significativa de nutrientes, com condições de preço incomparáveis e nas mais variadas formas de apresentação. ”

Assim, concluo afirmando que nossa missão como técnicos é de não tolerar estas afirmativas falsas e nossas associações de classe deverão continuar sendo mais rigorosas com todos os indivíduos que se valem do despreparo natural do cidadão para criar um clima de dúvida e insegurança.

Uso de hormônios na alimentação de frangos mito ou verdade?

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A IMPORTÂNCIA DO USO DO NIRS NA PRODUÇÃO ANIMAL

Maite Vidal Mendonça Nutricionista de aves na Agroceres Multimix.

OQualidade

agronegócio é um dos mais importantes segmentos da economia brasileira. De acordo com os dados do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP), a participação do setor na economia, no ano de 2022, foi de 25% do PIB (Produto Interno Bruto).

Nesse cenário, a produção de proteína animal é fundamental para a economia do país. O VBP (Valor Bruto da Produção) gerado pela produção de frangos de corte entre 2010 e 2021, por exemplo, registrou um aumento de 54% (ABPA, 2022).

De acordo com Deepa et al. (2016), com o aumento da concorrência na indústria de alimentação animal e as estreitas margens de lucro, a necessidade de melhorar a eficiência do processo de produção e a redução de desperdícios aumentaram cada vez mais no decorrer dos anos.

Dentre os custos envolvidos na produção animal, a nutrição é responsável por 80% do custo de produção. Segundo dados da ABPA (2022), a nutrição atingiu 75,36% e 81,10% do custo de produção do frango e suíno vivo, respectivamente, no ano de 2021.

Dessa maneira, fica evidente a necessidade de sempre formular as rações visando a atender as exigências nutricionais dos animais, bem como elaborar as rações garantindo a qualidade das matériasprimas e uma boa mistura, a fim de oferecer alimentação adequada para atender o máximo do potencial genético das aves.

70 aviNews Brasil 4º Trimestre 2024 | A importância do uso do NIRS na produção animal
de matérias-primas

Qualidade das matérias-primas

O monitoramento e a inspeção de ingredientes é uma ferramenta fundamental para garantir a qualidade das matérias-primas, o que se traduzirá, no final, em produtos superiores para a alimentação dos animais de produção, e, portanto, em maior lucro operacional.

Contribuem para a variabilidade e qualidade final dos ingredientes utilizados nas rações animais (MANZKE et al., 2011), fatores como:

A genética da semente;

A fertilidade do solo;

O clima;

O manuseio;

O processamento e a armazenagem;

A mistura de lotes, entre outros aspectos.

A utilização de matérias-primas com alta variabilidade, sem uma monitoria, ou controle do que se está recebendo na fábrica, favorece o fornecimento de rações fora do padrão esperado em termos de formulação. Isso resulta em:

Dificuldade de formular com maior precisão;

Redução do potencial produtivo dos animais e,

Perdas econômicas.

NIRS

Uma maneira de avaliar as amostras de matériasprimas com rapidez e eficiência é através do uso do NIRS (Near Infrared Spectroscopy).

A espectroscopia NIRS facilita medições, em tempo real, em todas as etapas da produção, desde a análise da matériaprima até a verificação dos ingredientes e do produto acabado (WOODCOCK et al., 2008; BERZAGHI; RIOVANTO, 2009).

De acordo com Pasquini (2018), o NIRS é um tipo de espectroscopia vibracional de alta energia realizada na faixa de comprimento de onda de 750 a 2500 nm. Segundo Rech e Werner (2020), após a onda eletromagnética produzida pelo NIRS incidir na amostra a ser analisada, uma parte será absorvida e outra refletida.

As ligações covalentes das substâncias orgânicas absorvem essa energia, que é transformada em vibração das ligações moleculares. A radiação que não é absorvida é refletida, analisada e quantificada.

71 aviNews Brasil 4º Trimestre 2024 | A importância do uso do NIRS na produção animal
de matérias-primas
Qualidade

Assim, quando uma amostra é irradiada, a luz é absorvida seletivamente, de acordo com as frequências de vibração específicas das moléculas presentes e esse processo dá origem a um espectro (GIVENS; DEAVILLE, 1999).

O espectro depende dos grupos funcionais que absorvem a radiação NIRS que, por sua vez, estão correlacionados aos principais componentes químicos, físicos e/ou sensoriais de uma substância.

Todas as informações decorrentes da interação da luz com a amostra, bem como artefatos instrumentais, coleta de dados e erros computacionais são responsáveis pela composição do espectro (BURNS; CIURCZACK, 2007).

Detector

Luz refletida difusa

Luz refletida

Luz refletida difusa

Amostras

Após a obtenção dos dados espectrais é necessário processálos matematicamente para extrair as informações sobre as propriedades químicas das amostras. Para tal, é necessário construir um modelo de previsão geralmente denominado calibração. A calibração é um modelo de regressão que permitirá a previsão da composição química com base em dados espectrais (BERZAGHI; RIOVANTO, 2009).

Vantagens do NIRS

Cabe destacar que, além da rapidez de análise, a espectroscopia NIRS oferece outras vantagens importantes em relação aos métodos químicos tradicionais. Trata-se de um método físico, não destrutivo, que requer preparação mínima (ou nenhuma) da amostra e sua precisão é alta.

Além disso, não são necessários reagentes e não há produção de resíduos, o que contrasta com a análise química tradicional. Através do NIRS é possível avaliar diversos parâmetros da mesma amostra, simultaneamente, e é possível analisar a mesma amostra quantas vezes forem necessárias.

Uma vez calibrado, o espectrômetro NIR é simples de usar e um único operador pode analisar diversas amostras (GIVENS et al., 1997; BERZAGHI; RIOVANTO, 2009).

Assim sendo, o NIRS pode ser utilizado como um método alternativo rápido e simultâneo para prever os valores nutritivos dos alimentos, ocasionando melhoria do controle de qualidade e eficiência, conduzindo a uma maior rentabilidade e competitividade (DEEPA et al., 2016; SAMADI et al., 2018).

72 Qualidade de matérias-primas aviNews Brasil 4º Trimestre 2024 | A importância do uso do NIRS na produção animal
Fonte de luz NIR

Qualidade de matéria-prima

O NIRS permite a elaboração de um banco de dados robusto de resultados de matérias-primas recebidas, que possibilita a criação de um padrão de qualidade de compra para cada matéria-prima, favorecendo assim a classificação dos fornecedores.

Soma-se a isso, a possibilidade de melhores negociações de compra e recebimento de matérias-primas, devido ao conhecimento sobre a variabilidade delas de acordo com a região e com parâmetros pré-estabelecidos no padrão de qualidade.

A classificação dos fornecedores colabora com a redução da variabilidade dos ingredientes, o que permite aumentar o número de amostras e construir uma base de dados robusta para atualização de matrizes nutricionais.

Ao formular rações com matrizes nutricionais mais próximas da composição nutricional das matériasprimas que se tem a campo, é possível trabalhar com formulações mais precisas, visando o atendimento das exigências nutricionais dos animais, possibilitando melhores resultados zootécnicos.

Ademais, as informações e controle obtidos através do NIRS possibilitam ao nutricionista realizar estudos econômicos por meio de formulações, por um lado e, por outro, beneficiam os setores de suprimentos e qualidade para tomada de decisões mais rápidas e precisas

Origem

A espectroscopia do infravermelho próximo não é uma tecnologia descoberta recentemente. Pelo contrário, ela se consolidou a partir da década de 60, após os estudos e trabalho de Karl Norris em diferentes áreas da produção animal (BERZAGHI; RIOVANTO, 2009).

E, ainda hoje, o NIRS é ampla e prosperamente usado em diversas áreas, como por exemplo a agrícola, farmacêutica, de controle de processos, medicina, controle de qualidade, entre outras. Além do mais, há a possibilidade de novos usos práticos a serem descobertos para os próximos anos (CAMPESTRINI, 2005; BURNS, CIURCZACK 2007).

73 aviNews Brasil 4º Trimestre 2024 | A importância do uso do NIRS na produção animal Qualidade de matérias-primas

Pontos de Atenção

Diante do exposto, são muitas as vantagens do NIRS, com exceção da dependência de um método de referência (requer análises químicas e físicas precisas como amostras de referência), sendo fundamental reconhecer que, se forem usados valores de calibração incorretos, o NIRS fará uma previsão incorreta (UNDERSANDER et al., 2006).

Vale destacar ainda que é fundamental obter um grande conjunto de dados para incorporação na calibração, possuir pessoal altamente treinado para o desenvolvimento dos modelos de calibração e considerar que a baixa sensibilidade do sinal pode limitar a determinação de substâncias com concentrações menores.

Além disso, a transferência de calibração é limitada entre instrumentos diferentes e a interpretação de dados espectral pode ser complicada.

O alto investimento financeiro inicial para a instrumentação também pode representar um importante obstáculo para a compra (CAMPESTRINI, 2005; BERZAGHI; RIOVANTO, 2009).

Em contrapartida, Deepa et al. (2016) alertam que, apesar de ser necessário investir altos custos para a implementação da tecnologia NIRS e realizar retransmissões em quimiometria, a longo prazo, e se for desenvolvida adequadamente, a aquisição e uso do NIRS se torna muito rentável para a empresa.

Em suma, a tecnologia NIRS desempenha e desempenhará um papel central em muitas indústrias e setores produtivos, visando impulsionar as cadeias de produção de alimentos para atender a requisitos de padrões de qualidade cada vez mais elevados (BERZAGHI; RIOVANTO, 2009).

Portanto, conclui-se que o NIRS é importante, uma vez que possibilita formular rações com maior garantia de qualidade das matériasprimas e com maior precisão nutricional, beneficiando o desempenho dos animais e retorno financeiro para a empresa.

E ainda, o uso do NIRS de forma eficiente dentro de uma empresa, significa a mudança de forma de trabalho, onde a interação entre as áreas de suprimentos, garantia de qualidade e nutricionistas será constante e muito benéfica.

REFERÊNCIAS Sob Consulta junto à autora

74 aviNews Brasil 4º Trimestre 2024 | A importância do uso do NIRS na produção animal
de matérias-primas
Qualidade
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ANO É MARCADO POR PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO RECORDES; EMBARQUES DEVEM CONTINUAR IMPULSIONANDO SETOR EM 2024

Luiz Henrique Alves de Melo Analista de Proteína Animal do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.

Oano de 2023 foi marcado por produção e exportação recordes no setor avícola brasileiro. Foram 10,1 milhões toneladas de carne de frango produzidas de janeiro a setembro (últimos dados disponíveis), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No front externo, foram enviadas 5,1 milhões de toneladas da proteína no acumulado de todo o ano, volume 6,8% superior ao de 2022, de acordo com a Secretária de Comercio Exterior (Secex).

A receita obtida, de R$ 48,9 bilhões, ficou 2,7% abaixo da do ano anterior, por conta da desvalorização do dólar, de 4,7% no período, e da queda no valor pago pela carne.

Entre os cinco principais destinos, a China foi o principal, aumentando as compras de carne de frango brasileira em expressivos 26,3% em relação a 2022, para 682,6 mil toneladas de janeiro a dezembro do ano passado.

76 Mercado aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Ano é marcado por produção e exportação recordes; embarques devem continuar impulsionando setor em 2024

Os Emirados Árabes Unidos ocuparam a segunda colocação do ranking, ao importar 441,1 mil toneladas, leve retração de 1%. O Japão, por sua vez, elevou em 2,7% suas aquisições, para 381,3 mil toneladas.

Para a Arábia Saudita e África do Sul, os aumentos foram de 10,8% e 19,8%, respectivamente, totalizando 376,9 mil toneladas e 340,4 mil toneladas de produtos de origem avícola.

No Brasil, os primeiros casos de H5N1 foram detectados em maio do ano passado, em aves silvestres. Devido aos esforços e sinergia tanto da iniciativa privada como de órgãos públicos, nenhum plantel comercial foi atingido até o momento.

Ainda assim, houve consequências e prejuízos significativos para o setor, mesmo o Brasil sendo considerado livre da doença, segundo critérios da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), que só altera o status sanitário quando os casos são detectados em granjas comerciais.

Todo esse contexto econômico-sanitário global fez com que muitos demandantes externos se voltassem ao Brasil, favorecendo, inclusive, a estratégia do setor nacional de diversificar cada vez mais os destinos da carne.

O recorde no volume embarcado pelo Brasil em 2023 foi impulsionado por fatores relacionados ao conflito no Leste Europeu entre Rússia e Ucrânia, que perdura desde 2022 – antes da guerra, a Ucrânia ocupava a posição de sexto maior exportador da proteína –, e aos surtos de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1) ao redor do mundo.

77 Mercado aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Ano é marcado por produção e exportação recordes; embarques devem continuar impulsionando setor em 2024
China 1
Emirados Árabes Unidos
2 Japão 3

Em set/23, foi renovado o convênio entre a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), com duração até 2025, para promoção de exportação de proteínas, dentre elas a avícola.

O acordo tem como meta fortalecer e sustentar o Brasil como o maior player no cenário internacional – mais de um terço de toda carne de frango transacionada no planeta tem origem brasileira.

Sendo assim, a aposta para 2024 deve continuar sendo o mercado externo, com novos investimentos em missões comerciais, campanhas entre outras iniciativas.

Estudos do Cepea indicam que a produção nacional de carne de frango deverá atingir cerca de 13,9 milhões de toneladas neste ano, 2% acima do esperado para 2023. A exportação, por sua vez, pode ultrapassar a marca de 5,1 milhões de toneladas, também renovando seu recorde.

Por outro lado, incertezas sobre a economia global e eventuais movimentações geopolíticas podem afetar as relações comerciais do Brasil, como a escalada do conflito no Oriente Médio – iniciada entre Israel e Hamas em outubro do ano passado –, área considerada crucial para as exportações brasileiras de carne de frango, ou mesmo a eclosão de novos conflitos derivados desse, como a tensão entre os Houthis (milícia que reside no Iêmen) e forças do Ocidente (Estados Unidos da América e Reino Unido) na região do Mar Vermelho.

Diante do alto risco que paira sobre a localidade, navios tiveram que mudar a rota habitual –acarretando no aumento do frete marítimo, ou até mesmo em cancelamentos. Todo esse cenário, pode resultar em efeitos negativos para o setor exportador avícola nacional.

MERCADO DOMÉSTICO

Mesmo com o bom ritmo das exportações em 2023, os preços do frango no mercado doméstico caíram com força. Além da produção recorde, a pressão também esteve atrelada à perda de competitividade frente à carne bovina.

78 Mercado aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Ano é marcado por produção e exportação recordes; embarques devem continuar impulsionando setor em 2024

A menor diferença do ano entre as proteínas avícola e bovina foi registrada em setembro, quando o frango inteiro resfriado negociado no atacado da Grande São Paulo esteve 8,83 Reais/kg abaixo da carcaça casada bovina.

Trata-se também da menor diferença entre as duas carnes desde out/19. Segundo dados do IBGE, de janeiro a setembro de 2023, foram abatidos no Brasil 24,64 milhões de bovinos, 11,4% acima do registrado no mesmo período de 2022 e o maior volume desde 2014.

As quedas mais intensas nos preços da carne de frango ocorreram em julho. Naquele período, o produto inteiro resfriado – também no atacado da Grande SP – teve média de R$ 5,64/kg, a menor desde junho/20, em termos reais (deflacionado pelo IPCA de dez/23).

De janeiro a dezembro, na mesma região, o produto foi cotado à média de R$ 6,69/kg, forte baixa de 13% sobre o ano anterior.

Para o frango vivo, os valores verificados em junho foram os menores em termos reais (deflacionamento pelo IGPD-I de dez/23) desde maio/20 – de R$ 4,49/kg, em média no atacado do estado de São Paulo. Na comparação anual de janeiro a dezembro, houve retração de 11%, com a média a R$ 4,85/kg em 2023.

Para 2024, além do desempenho da economia brasileira, as perspectivas de crescimento do setor de avicultura estão condicionadas ainda ao fato de o Brasil continuar sem registrar casos de Influenza Aviária em granjas comerciais.

O surgimento da doença em planteis industriais pode resultar em queda na produção e em restrições às importações da carne brasileira em alguns países, causando importantes prejuízos para toda a cadeia produtiva, mesmo que essas as barreiras ocorram parcialmente e de forma regionalizada.

Além disso, para evitar alta disponibilidade de carne de frango, o setor tem adotado a estratégia de ajustar o alojamento de aves de corte em consoante com as demandas interna e externa e a oferta global, evitando fortes desvalorizações no mercado doméstico, como ocorreu no ano passado.

De fato, dados preliminares de abate divulgados pelo IBGE no dia 9 de fevereiro apontam que houve queda de 3,2% no 4º trimestre de 2023, em relação ao trimestre anterior, e de 2,3%

80 Mercado aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Ano é marcado por produção e exportação recordes; embarques devem continuar impulsionando setor em 2024

PODER DE COMPRA

Apesar dos preços baixos do frango vivo em 2023, o poder de compra de avicultores melhorou frente ao milho, importante insumo utilizado na atividade.

Isso porque o cereal se desvalorizou de forma ainda mais acentuada. Frente ao farelo de soja, outro importante componente empregado na avicultura de corte, o poder de compra caiu, em termos reais.

Para 2024, o avicultor pode vislumbrar um cenário de rentabilidade um pouco melhor do que a observada entre 2018 e 2022, sobretudo em decorrência das recentes desvalorizações do milho e do farelo de soja – o que vai depender das boas condições das lavouras do Brasil, Argentina e Estados Unidos da América, tendo em vista que a oferta mundial desses grãos é concentrada nesses três grandes players.

Ano é marcado por produção e exportação recordes; embarques devem continuar impulsionando setor em 2024

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81 Mercado aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Ano é marcado por produção e exportação recordes;
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Proteção contra laringotraqueíte infecciosa, doença de Marek e doença de Gumboro em uma única aplicação;

Segurança comprovada;

A mais recente inovação da líder em vacinas de Marek vetorizadas!

Ocorre principalmente em galinhas, sendo que o vírus fica alojado na traqueia e no gânglio trigêmeo nas formas ativa e latente, respectivamente, e persiste em aves infectadas por toda a vida.

Os vírus reativados a partir do estado latente podem ser excretados e causar doença em aves suscetíveis.

82 Doenças respiratórias aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Proteção contra a laringotraqueíte infecciosa com o auxílio da VAXXITEK®

Causa, sintomatologia clínica e lesões graves na traqueia:

A transmissão ocorre por meio de partículas suspensas no ar ou fômites;

Os sinais clínicos incluem secreção nasal, estertores úmidos, tosse e respiração ofegante;

Frequentemente, as aves infectadas podem apresentar doença respiratória grave com eliminação de sangue do trato respiratório pela tosse.

Formas graves (C–E) e brandas (A, B) de laringotraqueíte. Na forma grave, a ave está ofegante, tosse e pode expectorar muco sanguinolento, tem conjuntivite grave com hemorragia na laringe e parte superior da traqueia (C, D). Podem ocorrer alterações diftéricas que causam obstrução na traqueia e na laringe (E). A forma mais branda é caracterizada por secreção nasal e ocular e conjuntivite leve (A, B).

A SOLUÇÃO: VAXXITEK® HVT+IBD+ILT

Desenvolvido pelo líder em tecnologia de vacina vetorizada contra doença de Gumboro A Boehringer Ingelheim foi a primeira a introduzir as vacinas vetorizadas com herpesvírus de peru (HVT), usando um vírus para controlar múltiplas doenças, fornecendo soluções revolucionárias para a avicultura.

Formulada para conferir proteção confiável

Aves foram vacinadas com VAXXITEK® HVT+IBD+ILT por via subcutânea com 1 dia de idade e depois desafiadas aos 29 dias de idade com o vírus da laringotraqueíte infecciosa. As aves SPF vacinadas in ovo foram desafiadas aos 25 dias de idade.

83 Doenças respiratórias aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Proteção contra a laringotraqueíte infecciosa com o auxílio da VAXXITEK®
B C D E
A

As aves vacinadas por via subcutânea com 1 dia de idade apresentaram 93,3% de proteção clínica contra laringotraqueíte aos 29 dias de idade

As aves vacinadas in ovo apresentaram 96,7% de proteção clínica contra a laringotraqueíte aos 25 dias de idade

A administração de VAXXITEK®

HVT+IBD+ILT confere imunidade contra laringotraqueíte a partir dos 25 dias de idade (in ovo) ou dos 29 dias de idade (subcutânea).

A administração da VAXXITEK®

HVT+IBD+ILT por via subcutânea ou in ovo confere proteção confiável contra a laringotraqueíte.

PROTEÇÃO CONFERIDA POR VAXXITEK®

Melhoria do bem-estar animal através de menos aplicações de vacinas

A sólida base imunológica proporcionada pela estrutura da VAXXITEK® HVT+IBD permite produtividade, reduz o uso de antibióticos e dá suporte ao retorno sobre o investimento

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Amplie seu portfólio de vacinas usando a estrutura VAXXITEK®

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Programa de vacinação simpli cado do campo para o incubatório Segura e fácil de usar

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Mudar a vacinação do campo para o incubatório reduz o estresse e manejo

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A mesma plataforma de tecnologia VAXXITEK® assegura a expressão gênica adequada

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Vacina 3-em-1: Proteção contra doença de Marek, doença de Gumboro e laringotraqueíte infecciosa

Redução do tempo de trabalho permite aumento da lucratividade

Proteção contra a laringotraqueíte infecciosa com o auxílio da VAXXITEK® BAIXAR EM PDF

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Doenças respiratórias

Proteção contra a laringotraqueíte infecciosa com o auxílio da VAXXITEK®

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abcd

ANTIOXIDANTES NA ALIMENTAÇÃO DE POEDEIRAS

Christine Laganá Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Polo Regional do Leste Paulista

Ainclusão de fontes lipídicas na dieta de poedeiras é uma prática comum, posto que promovem aumento da densidade energética, melhoria na conversão alimentar, a palatabilidade das rações, e, também, facilitam a absorção e digestão de componentes não lipídicos, além de serem fontes de ácidos graxos essenciais.

86 Nutrição de poedeira aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Antioxidantes na alimentação de poedeiras

Além das funções já citadas, os lipídeos apresentam ação únicas no organismo que são somente exercidas por eles, como:

O fornecimento de vitaminas lipossolúveis e ácidas graxos essenciais;

Redução da velocidade de passagem favorecendo a digestão e absorção (Bertechini, 2012), entre outras.

Favorecimento da absorção e aproveitamento de substancias lipossolúveis tais como vitaminas, caroteno e ácidos graxos;

Estímulo para a liberação do hormônio colecistoquinina (CCK) que tem efeitos no aumento da liberação de suco pancreático rico em enzimas;

A maior parte da síntese dos lipídeos das aves se dá no tecido hepático.

Por haver a lipogênese quase que exclusivamente no fígado as aves estão mais predispostas a transtornos metabólicos como a lipídose hepática (Bertechini, 2012).

A adição de óleos ou gorduras na ração como fonte de ácidos graxos insaturados é essencial para obter uma adequada nutrição e produção dos animais (Nogueira et al.,2014).

No período que antecede o início da postura as frangas diminuem o consumo de ração devido ao estresse metabólico de produção, este fato sugere a necessidade de se elevar os níveis dietéticos de energia para que a ave possa acumular reservas para a produção.

Observa-se o estresse agindo sobre a fisiologia das aves em todas as fases da criação, o que produz reações metabólicas de oxidação, que, em níveis elevados prejudicam o desempenho e aumentam a predisposição às doenças, uma vez que o estresse oxidativo altera o funcionamento do sistema imune (Souza, 2022).

Uma ressalva importante e que é característica comum aos não ruminantes é que o perfil de ácidos graxos da dieta influencia diretamente no perfil lipídico depositado tanto na carcaça como nos ovos.

O ovo é considerado um dos alimentos mais completos, pois além de ser um alimento natural e uma fonte de proteína de baixo custo, contém ainda gorduras, vitaminas, minerais e reduzida concentração calórica.

É uma importante reserva de nutrientes favoráveis à saúde e preventivos de doenças, agindo nas atividades antibacteriana, antiviral e na modulação do sistema imunológico (Amaral et al., 2016).

87 Nutrição de poedeira aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Antioxidantes na alimentação de poedeiras

Devido à sua composição, rica em ácidos graxos essenciais, os ovos estão sujeitos à oxidação lipídica logo após a sua postura.

De acordo com Amensour et al., (2010), embora os processos oxidativos não serem vistos como um entrave, quando adicionados à dieta ingredientes ricos em ácidos graxos insaturados e, consequentemente, a produção de ovos enriquecidos nesses ácidos de cadeia longa, pode haver uma maior susceptibilidade à deterioração oxidativa, afetando a qualidade dos ovos e resultando na produção de compostos tóxicos.

A oxidação é um mecanismo que pode ocorrer em tecidos vegetais e animais e também em subprodutos obtidos dos mesmos como gorduras e óleos.

Catalisadores, como a luz, calor, radicais livres, íons metálicos e pigmentos induzem com a presença de oxigênio, um processo complexo que denominamos oxidação lipídica. (Laguerre et al., 2007).

A oxidação lipídica durante o processamento e armazenamento dos alimentos é de grande importância. À medida que os lipídeos poli-insaturados oxidam, formam hidroperóxidos, que são susceptíveis de oxidação adicional ou decomposição em produtos de reação secundária, tais como aldeídos de cadeia curta, cetonas e outros compostos oxigenados que podem afetar negativamente na qualidade global dos alimentos, incluindo o aroma, o sabor, valor nutricional e produção de compostos tóxicos (Vercellotti et al., 1992).

A exposição à luz, as condições de estocagem, o processamento, o tempo e a temperatura do ovo podem ocasionar danos oxidativos.

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Nutrição
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A utilização de compostos antioxidantes encontrados na dieta ou mesmo sintéticos é um dos mecanismos de defesa contra os radicais livres que podem ser empregados nas indústrias de alimentos, cosméticos, bebidas e também na medicina, sendo que muitas vezes os próprios medicamentos aumentam a geração intracelular desses radicais (Doroshow, 1983; Halliwell et al., 1995; Weijl et al., 1997).

O mercado atual quer assegurar a confiabilidade nos produtos gerados pelas cadeias produtivas de alimentos de origem animal através de certificações e regulamentações internacionais que consideram inclusive o bem-estar animal como política de responsabilidade quanto à qualidade e segurança dos alimentos.

Diante do exposto, observa-se um avanço nas pesquisas que visam incluir na dieta de poedeiras, produtos alternativos viáveis como extratos vegetais (Fukayama et al., 2005) e vitaminas que tem demonstrado apresentar ação antimicrobiana, antioxidante e que promovem melhorias no desempenho e resposta imune animal (Brugalli, 2003).

Os minerais, tais como selênio, cobre, zinco, manganês e ferro, bem como vitaminas como C, E e A, carotenoides como beta-caroteno, licopeno e luteína, e taninos, como as catequinas, são notáveis por seu papel na defesa contra a oxidação. (Halliwell & Gutterdge, 1999).

Compostos encontrados nas células das plantas, como licopeno, xantina, beta-caroteno, luteína, criptoxantina, zeaxantina e astaxantina, que são precursores da vitamina A, também são antioxidantes, pois podem oxidar os radicais de oxigênio, o que é essencial para neutralizar essas moléculas prejudiciais. (Valduga, 2009).

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Nutrição

Substâncias fenólicas são produtos do metabolismo secundário das plantas e podem ser encontradas em tecidos vegetais, tanto livres quanto ligadas a açúcares e proteínas. Essas substâncias possuem propriedades antioxidantes, pois agem como agentes de oxi-redução, contribuindo para a neutralização de radicais livres no organismo (Silva, 2010).

Com a finalidade de melhorar o desempenho das aves e a qualidade dos ovos, devido à presença de atividade antioxidante muitos estudos têm sido realizados com a inclusão de compostos vegetais na alimentação para poedeiras.

Radwan et al. (2008) constataram que a inclusão orégano, alecrim, tomilho ou açafrão pode melhorar o desempenho produtivo das galinhas, auxiliar a estabilidade oxidativa dos ovos e diminuir a oxidação dos lipídios da gema durante o armazenamento.

Özeku et al. (2011) relataram melhoria significativa da altura do albúmen e valores de unidade Haugh, em ovos de poedeiras alimentadas com mistura de óleos essenciais de orégano, louro, sálvia, murta, erva doce e citrus.

Zhao et al. (2011) concluíram que adicionar gengibre em pó à ração de poedeiras aumentou a massa de ovos produzidos e a estabilidade lipídica da ração e dos ovos durante o armazenamento.

Freitas et al. (2013) verificaram que a adição de antioxidante sintético ou dos extratos etanólicos de manga melhoraram a qualidade do albúmen e a estabilidade lipídica dos ovos.

Papadoupoulou et al. (2017) observaram que a inclusão de polifenois contidos na azeitona através da inclusão na dieta via água potável de galinhas poedeiras contribui para reduzir os danos induzidos pelo estresse oxidativo.

91 Nutrição de poedeira aviNews Brasil 1º Trimestre 2024 | Antioxidantes na alimentação de poedeiras

A suplementação com polifenóis do chá (600 mg/kg) alivia parcialmente os efeitos adversos, que foram refletidos pelo aumento da atividade de enzimas antioxidantes, regulando positivamente a expressão de genes relacionados a antioxidantes em galinhas poedeiras e aumentando os aminoácidos livres da gema do ovo, segundo estudos de Zhou et al. (2021).

Os extratos e os óleos essenciais de plantas são utilizados há muito tempo na medicina humana e, mais recentemente, explorado na produção animal.

Outros compostos, como o óleo de semente de maracujá que são ricos em tocoferóis, fitoesteróis, carotenoides e compostos fenólicos, e conhecidos por proteger o organismo contra a ação de oxidante tiveram sua ação antioxidante investigada (Da Silva & Jorge, 2017).

O uso de aditivos alimentares fitogênicos ou plantas herbáceas recebeu recentemente uma atenção muito maior como alternativas aos antibióticos tradicionais, probióticos e prebióticos e certamente será num futuro próximo uma alternativa saudável para a produção avícola de qualidade.

Antioxidantes na alimentação de poedeiras

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Nutrição de

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