Especial Nutrição - aviNews Brasil 2ºTRI 2023

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CONTEÚDO

Valéria dos Santos Moreira Coordenadora de Produto M.Cassab

Innocentini Médico veterinário e consultor técnico comercial de aves de postura na Agroceres Multimix

Miliane Alves da Costa e Alexandre Barbosa de Brito Equipe técnica AB Vista

A importância da saúde intestinal para aves de corte e postura Avaliação de fontes de cálcio na digestibilidade do fósforo e eficácia da enzima fitase 110 126 Equipe técnica Biochem Peter Surai, PhD, Vitagene and Health Research Centre, UK Artigo especial: Antioxidante natural e qualidade do ovo 104 A utilização de óleos essenciais em poedeiras 120
AGPROFITO a nova tecnologia da Agroceres Multimix frente à substituição aos antimicrobianos 114 103 aviNews Brasil 2º Trimestre Junho 2023 ESPECIAL NUTRIÇÃO
Rafael

ANTIOXIDANTE NATURAL E QUALIDADE DO OVO

Ébem aceito que o ovo é um dos produtos mais nutritivos do nosso cardápio diário. De fato, os ovos são produtos deliciosos, versáteis, acessíveis, satisfatórios, convenientes e densos em nutrientes. Eles são importantes fontes de nutrientes como selênio, colina, luteína, vitamina B12 e vitamina K, que muitas vezes são deficientes em nossa dieta.

Os ovos são uma importante fonte de ácidos graxos essenciais e proteínas de alta qualidade.

É importante ressaltar que os ovos são incluídos na dieta da maioria das pessoas, independentemente de suas diferenças culturais e religiosas.

Na verdade, a proteína do ovo é frequentemente considerada como um padrão para a nutrição humana.
aviNews Brasil 2º Trimestre 2023 | Antioxidante natural e qualidade do ovo 104

Durante vários anos, entre 1980-2000, houve uma série de publicações afirmando que o consumo de ovos poderia ter efeitos prejudiciais para a saúde humana devido ao nível de colesterol comparativamente alto.

No entanto, uma análise mais detalhada dos dados da pesquisa dedicada aos efeitos dos ovos na saúde mostrou algumas inconsistências.

Além disso, referências positivas a uma necessidade essencial de colesterol raramente aparecem em discussões dietéticas.

O fato é que o colesterol é uma parte vital e funcional de todas as células e tecidos, onde é parte integrante de uma série de processos estruturais e regulatórios.

Foi comprovado que o consumo de colesterol em si não é uma das principais causas de doenças vasculares cardíacas. Parece provável que os danos à íntima dos vasos causados por radicais livres e respostas inflamatórias sejam mais importantes do que o colesterol no início da doença;

Por exemplo, a manutenção da fluidez da membrana celular, tão essencial para a passagem e excreção e metabólitos, função cerebral e nervosa, produção hormonal, síntese de vitamina D e função imunitária, para citar apenas alguns. Portanto, hoje podemos dizer "Um ovo por dia é OK!".

A produção global de ovos cresceu de forma constante na última década e atingiu mais de 86 milhões de toneladas métricas no final de 2020, um aumento de 26% em relação ao nível de produção de 64 milhões de toneladas de 2010. O Brasil está entre os dez maiores produtores de ovos do mundo, chegando a 53 bilhões de unidades em 2020.

A pesquisa inicial sobre o colesterol foi conduzida usando modelos animais muito sensíveis ao colesterol, como os coelhos, e esses resultados não podem ser transferidos para a população humana;

Na população humana, os indivíduos não experimentam uma resposta uniforme ao colesterol dietético e há uma certa porcentagem daqueles que são muito mais sensíveis ao colesterol em comparação com outros. Fatores como etnia, estado hormonal, obesidade, distúrbios lipoprotéicos, predisposição genética e alguns outros podem ser responsáveis por essa variação na resposta;

Os ovos contêm nutrientes como a colina que diminue a assimilação de colesterol da dieta. O nível de colesterol no corpo humano é estritamente regulado: quando seu consumo é baixo a síntese de colesterol aumenta, enquanto o aumento do colesterol dietético inibe sua síntese.

Existe o chamado "colesterol bom", que é o colesterol HDL e o "colesterol ruim" ou o chamado colesterol LDL. Em muitos ensaios, o aumento do nível de colesterol devido ao consumo de ovos estava relacionado ao colesterol bom;

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PRODUÇÃO DE OVOS E ESTRESSES COMERCIALMENTE RELEVANTES

Ao considerar um maior crescimento da indústria de ovos em todo o mundo e no Brasil em particular, é necessário levar em conta informações sobre vários fatores que afetam negativamente a indústria de ovos.

Diversos fatores são responsáveis por diminuir o desempenho produtivo e reprodutivo das aves e comprometer sua saúde.

Os principais estresses comercialmente relevantes na produção avícola podem ser classificados em 5 grupos principais, sendo:

Internos (desafios de doenças, vacinação, disbiose).

Estresses fisiológicos (alta produção de ovos, alta taxa de crescimento, envelhecimento);

Ambientais (temperatura, amônia e poeira);

Nutricionais (micotoxinas e oxidação lipídica) e,

Tecnológicos (transferência de pintinhos, desbaste);

Por exemplo, a vitamina E como principal antioxidante da membrana biológica chamada de principal citadora da defesa antioxidante, enquanto os carotenoides são "serviços de comunicação", os flavonoides poderiam ser chamados de "polícia antioxidante e vitamina C - "forças especiais" da defesa antioxidante. É importante ressaltar que o selênio como parte de 25 selenoproteínas no corpo animal/frango poderia ser chamado de "o principal executivo da defesa antioxidante".

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Grande atenção ao Se na produção avícola nos últimos 30 anos está relacionada à deficiência global de Se e necessidade de encontrar uma forma ideal de Se suplementar para ser usado em condições de "nutrição precisa".

Por exemplo, na publicação mais recente na Poultry Science, baseada em um estudo realizado no Brasil com poedeiras com idade entre 50 a 70 semanas alojadas sob estresse térmico, demonstrou-se que a substituição de selenito de sódio por OH-SeMet esteve associada a melhora significativa na produção de ovos (de 88,8 para 90,4%), número de ovos postos (2,3 ovos extras/galinha), com melhora altamente significativa da FCR por massa de ovos (1,95 vs 2,05; de Brito et al., 2023)

De fato, evidências acumuladas indicaram claramente que a inadequação do Se dietético poderia ser responsável pela diminuição do desempenho produtivo e reprodutivo das poedeiras, comprometimento da saúde e deterioração da casca e da qualidade interna dos ovos.

Por outro lado, a dose ótima de suplementação de Se mostrou-se uma ferramenta eficaz para a produção de ovos e manejo da qualidade nas granjas comerciais em todo o mundo.

É importante ressaltar que, no mesmo estudo, a qualidade interna dos ovos determinada como Unidade Haugh, também melhorou nos dias 0, 10 e 20 de armazenamento dos ovos. Deve-se mencionar que o Se orgânico na forma de OHSeMet também poderia melhorar a qualidade da casca do ovo, como foi demonstrado em um estudo realizado na Itália (Tufarelli et al., 2015). De fato, a força de quebra da casca mostrou-se aumentada, enquanto uma porcentagem de ovos quebrados diminuiu.

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PRODUÇÃO DE OVOS ENRIQUECIDOS COM SELÊNIO

Parece provável que, usando a forma suplementar ideal de Se é possível produzir ovos enriquecidos com Se entregando cerca de 50% RDA em Se e que poderia ser uma maneira importante de melhorar o status de Se da população em geral.

De fato, demonstrou-se que OH-SeMet é uma forma nutricional mais eficaz (em comparação com selenito de sódio e Se-levedura) de Se para enriquecimento de ovos (Jlali et al., 2013). A tecnologia foi desenvolvida na Escócia há 25 anos (Figura 2).

Nos últimos 20 anos, uma variedade de ovos enriquecidos com Se e antioxidantes foram produzidos e chegaram às prateleiras dos supermercados em vários países do mundo (Figura 3).

OUTROS BENEFÍCIOS DO SELÊNIO ORGÂNICO PARA AVES EM ENVELHECIMENTO

Quando se fala em produção de ovos enriquecidos com Se, deve-se notar que o investimento para a produção desse ovo seria pago pela melhoria da produção de ovos e melhoria da qualidade dos ovos.

Portanto, um rótulo "Se-enriquecido" poderia vir gratuitamente, dando a oportunidade de criar novas marcas com opções relacionadas à saúde.

Figura 2. O começo da história do ovo enriquecido Figura 3. Ovos antioxidantes/enriquecidos com Se em todo o mundo
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Pesquisas recentes indicaram claramente que o Se tem uma gama de propriedades promotoras de saúde.

De fato, a ação anti-inflamatória do Se é mediada pela regulação do fator especial de transcrição NF-(B), que é responsável pela síntese de uma gama de citocinas pró-inflamatórias e envolvido na regulação de várias funções em frangos.

Além disso, o estado ótimo de Se é responsável pela homeostase redox em várias células e tecidos e está envolvido na regulação do sistema imunológico.

Regulação do sistema imunológico

Principal forma natural de Se

Proteção antioxidante

CONCLUSÕES

Homoeostase redox

Melhora na qualidade dos ovos Reserva no organismo Participa da composição de diversas enzimas

o conceito de Se orgânico foi desenvolvido com base no entendimento de que o SeMet é a principal forma natural de Se e no frango pode ajudar a construir reservas de Se nos músculos e melhorar a capacidade adaptativa das aves sob várias condições de estresse.

De fato, em condições de estresse, geralmente o consumo de ração é reduzido e a oferta de alimentos também é reduzida. Em tais condições, o catabolismo proteico pode ajudar a liberar algum SeMet das proteínas musculares e ajudar a manter as defesas antioxidantes sob vários estresses comercialmente relevantes. O status de Se ideal também pode ajudar a manter a saúde intestinal. Isto é especialmente importante durante o envelhecimento.

A produção comercial de ovos está associada a uma série de estresses que são responsáveis pela diminuição de seu desempenho produtivo e reprodutivo e comprometimento do estado de saúde, incluindo a imunossupressão.

Portanto, os antioxidantes dietéticos estão entre os principais meios nutricionais para lidar com estresses comercialmente relevantes.

O selênio, como executivo-chefe da rede de defesa antioxidante, quando fornecido em dosagem ideal e forma nutricional eficaz, pode ajudar a melhorar a capacidade adaptativa das camadas a vários estresses.

Em particular, quando as poedeiras são alojadas após 60 semanas, muitos problemas com a qualidade da casca do ovo e sua saúde aparecem.

Além disso, há também uma grande oportunidade de produzir ovos enriquecidos com Se, o que poderia ser uma abordagem importante para lidar com a deficiência de Se na população humana em todo o mundo.

Antioxidante natural e qualidade do ovo

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Figura 4. Ação do Se-metionina no organismo.
aviNews Brasil 2º Trimestre 2023 | Antioxidante natural e qualidade do ovo ESPECIAL NUTRIÇÃO 109

A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE INTESTINAL PARA AVES DE CORTE E POSTURA

Omanejo adotado nos primeiros dias de vida da ave é de fundamental importância para a saúde e desempenho nas fases subsequentes, especialmente para pintinhos de baixa viabilidade.

Em situações pontuais de crises e desafios enfrentados no mercado avícola, pode-se observar uma queda na viabilidade de aves de um dia, com causas multifatoriais.

Somado a isto, a busca pela redução de uso de antimicrobianos é uma realidade mundial, e para os produtores se tornarem competitivos nestes cenários torna-se essencial a adoção de manejos profiláticos visando melhoria da performance animal e redução da necessidade de manejos sanitários corretivos.

Sabe-se que a saúde geral da ave está diretamente relacionada com a saúde intestinal, que por sua vez está relacionada com um balanço positivo da microbiota intestinal (eubiose).

O desenvolvimento desta microbiota ocorrerá nos primeiros dias após o alojamento das aves na granja, o que pode favorecer a colonização intestinal por microrganismos patogênicos.

Equipe técnica Biochem
aviNews Brasil 2º Trimestre 2023 | A importância da saúde intestinal para aves de corte e postura 110

Visando evitar infecções oportunistas nas fases iniciais de vida da ave, o que pode prejudicar a saúde e desempenho nas fases seguintes, é muito importante a utilização de ferramentas visando a colonização intestinal precoce por bactérias benéficas, como aditivos probióticos de qualidade e de forma estratégica.

Os probióticos à base de bactérias ácido láticas, que tenham característica de rápida colonização, podem ser fornecidos via água de bebida dos animais de maneira estratégica, como nos primeiros dias de alojamento, após manejos estressores e eventuais antibioticoterapias.

Para maior assertividade, o uso contínuo de probióticos via ração é interessante no sentido de continuidade dos benefícios sanitários e zootécnicos durante a produção, evitando ou reduzindo a necessidade de uso de antimicrobianos.

É interessante que os probióticos utilizados via ração tenham característica de resistência ambiental, como resistência ao processamento térmico das rações, para assegurar que as bactérias probióticas cheguem íntegras ao intestino das aves.

Este probiótico deve possuir potencial de rápida modulação benéfica da microbiota, além de fortalecer a imunidade intestinal dos animais. Estas cepas probióticas colonizam rapidamente o intestino dos animais, atuando por exclusão competitiva com microrganismos patogênicos, evitando assim que estes infectem o epitélio intestinal e causem infecções.

Além disto, produzem ácido lático eficientemente, que pode ser convertido em ácidos graxos de cadeia curta e serem utilizados por bactérias benéficas e pelas células intestinais como fonte energética.

O ácido produzido reduz o pH do meio intestinal, controlando indiretamente a proliferação de algumas bactérias patogênicas. Desta maneira, assegura-se a saúde intestinal de aves nos primeiros dias de vida, com benefícios adicionais de melhoria da imunidade local e integridade do intestino.

A Biochem possui em seu portfólio soluções em aditivos probióticos de alta qualidade, com rigoroso critério técnico e efetividade comprovada por vários estudos realizados em laboratório e a campo.

O programa de Saúde Intestinal Biochem recomenda o uso dos produtos HatchGel SP®e B.I.O.Sol® no incubatório, B.I.O.Sol® nos primeiros três dias de alojamento dos animais e TechnoSpore® via ração. HatchGel SP®e B.I.O.Sol®, aplicados juntos já no incubatório, promovem efeitos benéficos ampliados.

aviNews Brasil 2º Trimestre 2023 | A importância da saúde intestinal para aves de corte e postura ESPECIAL NUTRIÇÃO 111

HatchGel SP® é um produto em gel para aplicação em pintinhos no incubatório. Além de atuar como um carreador ideal para substâncias aplicadas via oral, possui em sua composição spirulina, a qual possui potencial de ação como prebiótico e imunoestimulante, e compostos estabilizadores de água e protetores vacinais.

Pela sua composição em spirulina, possui coloração verde escura natural, que atrai naturalmente os pintinhos e permite a rápida autoinoculação das gotículas de gel.

O produto B.I.O.Sol® possui em sua composição a cepa probiótica Enterococcus faecium e a betaína anidra. A cepa Enterococcus faecium, uma bactéria ácido láctica, irá conferir rápida colonização do epitélio intestinal e exclusão competitiva com bactérias patogênicas, além de produzir, eficientemente, ácido lático.

A betaína anidra possui função osmólito, ou seja, evita a desidratação de células intestinais, promovendo assim melhoria da integridade intestinal e consequentemente estabilização das funções intestinais de digestão e absorção de nutrientes.

O produto TechnoSpore® é composto pela cepa Bacillus coagulans DSM 32016, a qual possui características de bactérias formadoras de esporos e de bactérias ácido láticas, já que é resistente ao calor (a temperaturas de até 100ºC) e capaz de produzir ácido lático, respectivamente.

TechnoSpore® atua modulando beneficamente a microbiota intestinal dos animais, favorecendo o crescimento de bactérias benéficas e inibindo bactérias patogênicas Gram-positivas (Clostridium spp.) e Gram-negativas (E. coli e Salmonella spp.). Além disso, TechnoSpore® modula a imunidade dos animais e pode melhorar a digestibilidade dos nutrientes da dieta.

A adoção do programa de saúde intestinal Biochem, com o uso de B.I.O.Sol® e TechnoSpore®, resulta em benefícios sobre a saúde intestinal das aves, através de melhoria da microbiota e preservação da integridade intestinal, mantendo as funções digestivas e absortivas normalizadas, e desta maneira, favorecendo a máxima expressão genética para desempenho.

A importância da saúde intestinal para aves de corte e postura

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AGPROFITO A NOVA TECNOLOGIA DA AGROCERES MULTIMIX FRENTE À SUBSTITUIÇÃO AOS ANTIMICROBIANOS

Quando observamos os sistemas produtivos de aves no Brasil e no mundo, percebemos que há uma forte pressão (seja regulatória, ou do consumidor) no sentido da produção livre de antimicrobianos, em especial no que diz respeito à sua aplicação como melhoradores de desempenho. Ano após ano temos menos moléculas disponíveis e o nosso desafio em buscar alternativas de eficiência similar se torna maior.

A Agroceres Multimix é uma empresa brasileira que desde sua origem, em 1945, traz em seu DNA a inovação e a aplicação de tecnologias ao agronegócio. Assim aconteceu com a semente de milho híbrido, com as genéticas de suínos e, agora, com alternativas aos antimicrobianos empregados no sistema.

Toda inovação nasce em Patrocínio (MG), onde situa-se o Centro de Pesquisas próprio da empresa, com capacidade de estudos nas áreas de bovinos (corte e leite), suínos e aves (matrizes, postura e frangos de corte).

Rafael Médico veterinário e consultor técnico comercial de aves de postura na Agroceres Multimix
aviNews Brasil 2º Trimestre 2023 | Agprofito: a nova tecnologia da Agroceres
aos antimicrobianos 114
Multimix frente à substituição

Respeitando todas as regras de bioética e bem-estar animal, estamos atentos às mais diversas movimentações e demandas dos produtores, em busca de novas soluções que agreguem à produção.

Inspirados no caso de sucesso do nosso simbiótico Agprosymbios, tecnologia formada por cepas exclusivas de probióticos da Agroceres Multimix associadas à prebióticos, que nos entregou resultados bastante robustos no que se refere a desempenho de campo e contra patógenos causadores de salmoneloses e clostridioses, fomos estudar novas soluções.

O embrião do projeto foi gestado dentro do nosso grupo técnico, formado por zootecnistas, veterinários e agrônomos (mestres e doutores), que pesquisou ferramentas que pudessem ser complementares entre si e apoiassem o setor na superação dos desafios de campo, mesmo quando da ausência do uso dos antimicrobianos.

Após muitos estudos e entendimento do exato funcionamento de cada molécula alternativa, optou-se pela cuidadosa e específica associação de óleos essenciais, extratos fitogênicos e prebióticos.

O Centro de Pesquisas possibilitou a experimentação de diferentes fontes de cada um desses componentes e, dois anos de pesquisas depois (trabalhos com frangos de corte, matrizes e aves de postura comercial), repetidos alguns trabalhos, chegou-se à fórmula ideal e a máxima sinergia entre:

Óleos essenciais

Esses compostos são metabólitos secundários naturais das plantas, que produzem tais substâncias como medida de proteção a injúrias ambientais, ou de predadores.

A depender da planta e da parte dela que é processada para a extração, há maior ou menor concentração de diferentes princípios ativos.

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Para que haja eficiência antimicrobiana, elegemos a associação de dois óleos essenciais que possuem características hidrossolúveis e lipofílicas, o que permite a abertura da membrana celular, que leva a alterações nas características físico-químicas do meio celular, levando a bactéria à morte (lise).

Com o controle da população intestinal patogênica, menores serão as injúrias causadas ao intestino e à barreira intestinal.

Extratos fitogênicos

O intestino das aves é, em certa medida, uma grande barreira formada por enterócitos ligados lado a lado, com função de absorver os nutrientes presentes nos alimentos que as aves consomem, e não permitir o acesso de microorganismos à corrente sanguínea (bacteremia, viremia etc.).

Os enterócitos ligam-se, uns aos outros, por meio das tight junctions (junções apertadas, em tradução livre), que têm por objetivo impedir a passagem de íons, ou microrganismos pelo espaço entre um enterócito e outro.

O uso de extratos fitogênicos faz com que essa ligação entre enterócitos seja mais forte e mais difícil de ser transposta por possíveis agressores.

Quando partimos do pressuposto de que 70% da imunidade do animal está ligada a um intestino saudável, bem povoado e com uma barreira forte e eficiente, passa a fazer todo sentido a utilização de uma combinação de princípios ativos naturais, que entreguem uma microbiota intestinal com população de bactérias patogênicas sob controle e enterócitos com ligações mais fortes entre si.

Foram mais de dois anos de pesquisa e vários experimentos em nosso Centro de Pesquisas, observando interessantes resultados desta cuidadosa e exclusiva associação, então batizada de Agprofito.

Agprofito vai a campo

Chegando a um produto tecnicamente bem elaborado, com uma base experimental robusta e atuação bem definida, partimos para o campo em busca de resultados que vêm bastante alinhados com as expectativas.

Tivemos a oportunidade de desafiar o produto em diferentes situações e pudemos constatar resultados muito interessantes, os quais expomos a seguir. Todos os casos são situações reais de campo, gentilmente cedidas por produtores, cujos dados e identidades serão preservados.

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1º desafio - milho fora de tipo

Em uma situação de campo, a nossa tecnologia foi desafiada frente ao milho fundo de silo. Essa é uma condição bastante desafiadora por termos o principal ingrediente da dieta com níveis nutricionais abaixo do esperado/ formulado e, muitas vezes, com teores elevados de micotoxinas (nesta situação fumonisina).

Quando o Agprofito foi utilizado nessa situação, pudemos observar: melhor produção, menos mortalidade e maior quantidade de ovos por ave alojada no período.

2º desafio - tifo aviário (pós-vacinação)

Quando fomos acionados, a granja se encontrava com quadro clínico de Salmonella Galinarum, com lotes irmãos que foram desafiados e vacinados. O desafio ao Agprofito, em um primeiro momento, seria para que não houvesse recidiva no lote tratado.

Porém, além de eliminar a recidiva, observamos desempenho muito melhor em relação à recuperação pósvacinação.

Os gráficos são próprios e refletem situação real de campo

% de postura, desa o fundo de silo 88% 86% 84% 82% 80% 78% 92% 90% 50 47 48 49 %Postura Agpro to % Postura Controle Resposta pós vacinação Salmonella 88% 86% 84% 82% 80% 76% 78% 94% 92% 90% 47 38 39 40 41 42 46 45 44 %Postura Agpro to % Postura Controle aviNews Brasil 2º Trimestre 2023 | Agprofito: a nova tecnologia da Agroceres Multimix frente à substituição aos antimicrobianos ESPECIAL NUTRIÇÃO 117
Os gráficos são próprios e refletem a situação real de campo

3º desafio - mortalidade elevada

O produtor vinha com resultados muito ruins em seu rebanho em função de desafios sanitários. Uma das principais queixas e impacto negativo em resultados recaía sobre a mortalidade.

Quando a equipe técnica da Agroceres Multimix foi acionada, identificou-se quadro de colibacilose, com participação eventual de Salmonelose. Observou-se também ocorrência de elevada presença de micotoxinas em algumas situações pontuais. Em se tratando de campo, normalmente não se tem um problema isolado, mas sim, a associação de diferentes problemas, o que torna os desafios maiores. Com a introdução do Agprofito foi possível observar redução da mortalidade no lote tratado.

Conclusão

É urgente o desenvolvimento de novas tecnologias para substituição aos antimicrobianos melhoradores de desempenho. O desenvolvimento dessas ferramentas precisa ser muito bem desenhado e entendido para que se tenha sucesso na substituição.

Importante lembrar que o tema da substituição aos antimicrobianos não pode ser visto de maneira a isolar um produto e imputar todo o resultado a ele.

Os produtos alternativos, como Agprosymbios e Agprofito, são tecnologias cuidadosamente construídas e bem estudadas, validadas experimentalmente e a campo, porém, precisamos atuar também em manejo, biosseguridade, bem-estar animal e ambiência para termos pleno sucesso em trabalhar livres de antimicrobianos.

Agprofito: a nova tecnologia da Agroceres Multimix frente à substituição aos antimicrobianos

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% Mortalidade mensal 6 5 4 3 2 1 0 8 7 Novembro Setembro Outubro 3.54 3.80 5.07 2.79 7.21 3.31 Com Agpro to Sem Agpro to aviNews Brasil 2º Trimestre 2023 | Agprofito: a nova tecnologia
aos antimicrobianos 118
da Agroceres Multimix frente à substituição

A UTILIZAÇÃO DE ÓLEOS ESSENCIAIS EM POEDEIRAS

Aavicultura de postura no Brasil vem crescendo ano após ano e hoje representa o 6º maior produtor de ovos do planeta.

Dentre os desafios encontrados na atividade de produção de ovos, garantir as aves um bom status sanitário ainda é um dos principais gargalos. Inúmeras medidas podem ser tomadas para reduzir ou eliminar estes desafios.

aviNews Brasil 2º Trimestre 2023 | A utilização de óleos essenciais em poedeiras 120

Cuidados principalmente relacionados ao manejo, ambiência e medidas de biosseguridade estão entre as principais formas de se obter sucesso na produção, paralelamente, o fornecimento de aditivos que contribuam para o status imunológico das aves vem com o foco de auxiliar a garantir os bons resultados.

Aliado a esse cenário, o aumento das restrições quanto ao uso de antibióticos melhoradores de desempenho na avicultura de postura e a própria pressão do consumidor final nos faz buscar alternativas que contribuam para a saúde da ave.

Nesse sentido os fitonutrientes podem ser definidos como compostos vegetais bioativos que têm benefícios para a saúde quando consumido na dieta. Tais compostos vegetais incluem:

Flavonoides;

Carotenoides;

Componentes dos óleos essenciais, como cinamaldeído, carvacrol, timol entre outros (LEE et al., 2011).

Os óleos essenciais são produtos do metabolismo secundários das plantas, e ao trabalhar com esses compostos na sua forma natural existe uma dificuldade em ter uma concentração padrão dos ativos, visto que a produção na planta é susceptível a fatores como clima, fertilidade do solo, maturação, geografia entre outros.

Assim, uma alternativa é a utilização de ativos sintéticos idênticos aos naturais, através de blends de ativos que demonstrem sinergia quando combinados.

Os principais efeitos de destaque dos óleos essenciais são o efeito antimicrobiano, imunomodulador, anti-inflamatório e antioxidante (Abo Ghanima et al., 2020).

Qualidade de ovos

Imunológico

Melhora de desempenho Anti-in amatório Antioxidante
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Devido sua característica lipofílica os óleos essenciais podem atravessar a membrana das bactérias causando a sua desestabilização, assim, ocorre o dano a membrana citoplasmática, vazamento de conteúdo citoplasmático, coagulação do citoplasma e depleção da forma motora de prótons (KARACA, 2011), além disso, ativos como o cinamaldeído tem efeito sobre a proteína FTsZ, envolvida na divisão celular bacteriana (ALBANO, 2016).

Ademais, os óleos essências podem atuar na função imunológica em aves melhorando a resposta humoral através do aumento da produção de imunoglobulinas, além de atuar na expressão gênica de citocinas pró inflamatórias reduzindo os danos causados pelos processos inflamatórios (Abd El-Hack e Alagawany (2015); Wang et al. (2021))

Outro efeito muito interessante relacionado a utilização dos óleos essenciais é o potencial antioxidante desses bioativos. Os radicais livres produzidos em grande quantidade em momentos de estresse, seja patológico ou até mesmo estresse térmico, são altamente reativos e podem causar danos celulares. Os óleos essenciais têm o efeito de neutralizar esses compostos através da doação de elétrons.

Ao utilizar três diferentes níveis do Bioessence (Blend de ativos da MCassab) em galinhas com 30 semanas de idade, observou-se efeito benéfico sobre a modulação da flora no conteúdo cecal (Tabela 1) através da redução de bactérias patogênicas, e aumento da flora benéfica, o que se reflete na saúde e resposta das aves.

Tabela 1. Efeito do Bioessence sobre o conteúdo cecal de galinhas de 30 semanas suplementadas com diferentes níveis. Letras minúsculas na mesma coluna indicam diferença significativa p(<0,05), letras maiúsculas indicam diferença significativa (<0,01)

Lactobacillus Bifidobacterium E.coli Salmonella 50 gramas de Bioessence 6,42 ± 0,11Aa 7,56 ± 0,07A 6,40 ± 0,07Aa 5,04 ± 0,06Aa 100 gramas de Bioessence 7,09 ± 0,11B 8,02 ± 0,15B 6,21 ± 0,07Bb 4,80 ± 0,08Ab 150 gramas de Bioessence 6,88 ± 0,05B 7,67 ± 0,08A 6,25 ± 0,06ABb 4,90 ± 0,10A Controle negativo 6,09 ± 0,14CD 7,26 ± 0,09C 7,02 ± 0,07C 5,80 ± 0,12C Controle positivo 6,20 ± 0,16AD 7,53 ± 0,12A 6,39± 0,07Aa 5,30 ± 0,10B aviNews Brasil 2º Trimestre 2023 | A utilização de óleos essenciais em poedeiras 122

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Em outro estudo realizado com aves de 30 semanas de idade, observou-se uma maior produção de imunoglobulinas nas aves suplementadas com o Bioessence, promovendo uma melhora da resposta imune (Tabela 2) após 60 dias de fornecimento do produto.

Com base nessas premissas, avaliamos o Bioessence em uma granja comercial no verão, onde é muito comum picos de altas temperaturas na região onde a granja se localiza. As aves com 48 semanas de idade foram suplementadas com diferentes doses do produto, após o período de teste, foi possível observar seu efeito sobre conversão alimentar (Gráfico 1) e taxa de postura (Gráfico 2).

significativa diferenças (P <0,05).

Além dos efeitos supracitados em relação aos efeitos dos óleos essenciais, há um efeito positivo em índices zootécnicos, sobretudo em situação de desafio, como em estresse térmico, por exemplo.

Tabela 2. Efeito do Bioessence sobre índices imunológicos em aves suplementadas com diferentes níveis. Letras diferentes indicam diferença Gráfico 1. Conversão alimentar frente a adição de Bioessence na dieta de poedeiras. Gráfico 2. Efeito do uso de Bioessence sobre a taxa de postura.
Efeito do Bioessence sobre CA 1,40 1,38 1,36 1,34 1,32 1,30 1,44 1,42 75 gramas Conversão alimentar Inclusão de produto Controle 50 gramas 1,42 1,39 1,34 Efeito de Bioessence sobre taxa de postura (%) 94,5 94 93,5 93 92,5 92 91,5 95,5 95 75 gramas Taxa de postura Inclusão de produto Controle 50 gramas 93,34 92,97 94,95 IgG (μg/ml) IgA (μg/ml) IgM (μg/ml) Controle negativo 936c 61 376 Controle positivo 1.043bc 50 426 50 gramas de Bioessence 1.309a 65 526 100 gramas de Bioessence 1.241a 64 423 150 gramas de Bioessence 1.191b 64 425 aviNews Brasil 2º Trimestre 2023 | A utilização de óleos essenciais em poedeiras 124

Além da melhoria sobre os índices zootécnicos, os ovos das aves foram classificados (Tabela 3) durante a utilização do produto e o Bioessence promoveu uma maior porcentagem de ovos extra em relação ao controle:

Ao utilizar tecnologias como o Bioessence, a melhoria no status imunológico e status antioxidante das aves refletem em uma melhor condição corporal, por consequência é possível observar o efeito benéfico do produto sobre conversão alimentar e taxa de postura, que trazem ganho econômico, aliado aos ganhos.

Quando há remuneração por peso de ovos também é possível observar outro ponto que contribui para que o produto seja um investimento com retorno certo.

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Peso dos ovos Classificação Controle 50 gramas 75 gramas < 47,99 gramas Pequeno - -48 a 57,99gramas Grande 49% 29% 38% 58 a 67,99 gramas Extra 50% 67% 61% >68 gramas Jumbo 1% 4% 1% aviNews Brasil 2º Trimestre 2023 | A utilização de óleos essenciais em poedeiras ESPECIAL NUTRIÇÃO 125
Tabela 3. Classificação dos ovos de acordo com o peso. Classificação de acordo com Portaria SDA nº 747- 06 de fevereiro de 2023

AVALIAÇÃO DAS FONTES DE CÁLCIO NA

DIGESTIBILIDADE DE FÓSFORO E EFICÁCIA DA ENZIMA FITASE

Quando falamos em nutrição de aves, o cálcio (Ca) figura um dos principais nutrientes pois é o mineral mais abundante no organismo animal e desempenha funções críticas na mineralização óssea, além de estar presente em outras funções importantes do corpo (Mejeed, 2020).

O cálcio é considerado essencial no processo de formulação de rações, visto que sua deficiente pode ocasionar importantes perdas produtivos devido à má formação de tecido ósseo, controle das funções celular, tecido muscular e nervoso (Kim et al., 2019).

Porém, devido seu baixo custo, em dietas de aves muitas vezes o Ca está em excesso por ser utilizado frequentemente como veículo para preenchimento de fórmulas de prémisturas, não sendo considerada sua contribuição na formulação das dietas (Kim et al., 2018).

Miliane Alves da Costa e Alexandre Barbosa de Brito Equipe técnica AB Vista
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Por mais importante que ele seja, o excesso de cálcio na dieta pode interferir na disponibilidade de outros minerais como fósforo, magnésio, manganês e zinco. Ainda, ele pode quelar lipídios tornandoos-indisponíveis, reduzindo o perfil energético ração e pode se ligar ao fosforo inorgânico no intestino e formar o fitato-Ca prejudicando a disponibilidade de P (Lee e Bedford, 2016).

Está bem documento que o Ca tem um impacto prejudicial na utilização do fósforo fítico e sabendo deste efeito interativo do cálcio e da fitase no cenário de nutrição de aves, muito se tem falado nos últimos anos dos efeitos prejudiciais dessa interação em relação a eficácia da fitase e solubilidade de Ca e P.

Nos frangos, o principal local de atividade das fitases é na parte superior do sistema digestivo, como proventrículo e moela, que possuem menor pH. O cálcio uma vez em excesso, pode aumentar o pH no proventrículo e prejudicar a ação da pepsina, podendo comprometer o processo de digestão de proteínas, o uso de aminoácido, assim como redução do potencial de hidrólise da molécula de fitato pela enzima fitase, deixando o fitato mais disponível para interações, potencializando assim seu efeito antinuticional.

Porém, qual o real motivo da interação do cálcio na eficácia da fitase?

Taxa de inclusão na dieta?

Granulometria?

Fonte de cálcio?

De acordo com Kim et al. (2018), o aumento dos níveis de inclusão de Ca total na dieta (valores de 0,6, 0,8 e 1,0% de Ca) interferiram na digestibilidade ileal aparente do fósforo (AID P), com comportamentos distintos quando a solubilidade destas fontes, como vamos falar mais adiante.

Figura 1. O principal local de ação das fitases são o proventrículo e moela
Proventrículo Moela Ca Ca Ca aviNews Brasil 2º Trimestre 2023 | Avaliação das fontes de cálcio na digestibilidade de fósforo e eficácia da enzima fitase ESPECIAL NUTRIÇÃO 127

Assim, muitos trabalhados tem demostrado que a redução dos níveis de cálcio tem importante papel na eficiência de hidrólise da fitase e consequentemente na performance do animal.

Costa (2019) observou que a redução da inclusão de cálcio nas dietas em 18 e 36% das recomendações de Rostagno et al. (2017) proporcionou melhorias no ganho de peso e conversão alimentar de frangos de corte com a utilização de 1500FTU de fitase, assim como Walk et al. (2013) observaram que frangos alimentados com redução dos níveis de cálcio e fósforo e com a inclusão de 1000 ou 1500 FTU de fitase apresentaram maiores consumo de ração e ganho de peso e, consequentemente, foram mais eficientes em relação as aves dos demais tratamentos.

A redução do suprimento do cálcio dietético aumenta a solubilidade do fitato no intestino, o que favorece a atuação da fitase endógena e exógena, resultando em maior degradação do fitato.

A maior degradação do fitato resulta em melhor utilização do fósforo orgânico.

O calcário, a fonte predominante de Ca nas rações de aves em todo o mundo e pode ter tamanhos de partícula muito diferentes, o que afetará a concentração de Ca reativo (solúvel).

Há um impacto prejudicial bem documentado do Ca na digestibilidade do P, mas o impacto do tamanho da partícula do calcário, que está altamente correlacionado com sua solubilidade é um fator determinante no grau de impacto do Ca do calcário na utilização do P (Kim e. al. (2018) e Walk et al. (2012)).

É aceito que diferentes granulometrias de calcário variam em solubilidade, e é bem conhecido que o calcário fino in vitro é mais solúvel do que o calcário grosso (Managi e Coon, 2007, Kim et al., 2018) e no ventrículo, acredita-se que partículas grosseiras de calcário sejam retidas por mais tempo.

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Em um estudo realizado por Majeed et al. (2020), as diferenças na solubilidade das partículas grossas e finas de calcário influenciaram a digestibilidade de P inorgânico e Ca, com o fino causando maior variabilidade na digestibilidade de Ca e P inorgânico. Em estudos com frangos de corte, à medida que o tamanho das partículas de calcário aumentou, a digestibilidade in vivo do Ca aumentou (Kim et al., 2018 ).

Anwar et al. (2016) concluíram que frangos que alimentados com partícula de cálcio maiores

tiveram melhor digestibilidade de Ca e P inorgânico aos 28 dias.

De acordo com os autores, quando o calcário foi fornecido na forma de pó, observou-se um maior impacto do Ca na digestibilidade do P e a redução na digestibilidade do P só pode ser parcialmente recuperada mesmo com 1000 FTU fitase/kg de inclusão.

De acordo com Majeed et al. (2020), na ausência de fitase o cenário de granulometria do calcario é ainda mais prejudicial e que o grau de redução da digestibilidade ileal do P foi dependente do tamanho da partícula do calcário adicionado e que a adição de 1000FTU de fitase/kg poderia aliviar o efeito negativo.

Existem grandes variações entre as fontes de calcário usadas comercialmente, seus tamanhos de partícula e sua solubilidade em pHs baixos. Como a solubilidade do calcário tem grande impacto no AID P, o tamanho das partículas da fonte de Ca também deve ser considerado, além da concentração total de Ca na dieta para formular adequadamente a dieta.

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O cálcio ocorre abundantemente na natureza e as fontes minerais mais utilizadas são calcários calcítico ou dolomítico, carbonato, sulfato e fluoreto de cálcio, tendo estas fontes valores de biodisponibilidade variáveis.

A variação da disponibilidade do cálcio nos alimentos deve-se principalmente à composição química e associação física do cálcio com outros componentes, formando em alguns casos compostos de baixa ou alta solubilidade.

De forma resumida, quando se tem um nível de solubilidade alta das fontes de calcário, os resultados de digestibilidade serão maximizados se o nutricionista optar por formular com requerimentos ligeiramente mais baixos de Ca; e reduzidas no caso contrário.

Agora, no caso de fontes de calcário de baixa solubilidade, os resultados de digestibilidade serão maximizados se o nutricionista optar por formular com requerimentos um pouco mais elevados do que aqueles usados nas fontes descritas anteriormente; respeitando-se, claro, os limites descritos nos tópicos anteriores.

Iniciando esta parte da revisão, é importante comentar que solubilidade não se relaciona diretamente a digestibilidade deste mineral e de outros minerais relacionados.

De forma geral, podemos ter uma digestibilidade de macro e micro minerais maximizada independente da solubilidade das fontes de cálcio, dependendo da estratégia de formulação que o nutricionista adote.

Sabendo que as fontes de cálcio apresentam diferentes disponibilidades e solubilidades, qual o real impacto da solubilidade das fontes de cálcio no processo de digestão do animal na solubilidade do cálcio e fósforo, interação com a fitase e consequentes efeito na performance e mineralização óssea das aves?

aviNews Brasil 2º Trimestre 2023 | Avaliação das fontes de cálcio na digestibilidade
e eficácia da enzima fitase 130
de fósforo

Muitos sais de Ca têm uma solubilidade dependente do pH e podem ter disponibilidade limitada no intestino delgado.

Em particular, o pH do intestino do frango muda de acordo com a região, desde o ambiente ácido do proventrículo e da moela , onde o pH é definido pela secreção de ácido clorídrico, até o ambiente menos ácido, quase neutro em todo o intestino, onde o pH é governado pelo bicarbonato de sódio.

Walk et al. (2012) afirmaram que fontes altamente solúveis de Ca podem aumentar a capacidade tamponante da digesta e isso facilita a formação do fitato de Ca. Hamdi et al. (2015) avaliaram fontes de cálcio com diferentes solubilidades (in vitro e in vivo) e observaram que a solubilidade do Ca modifica de acordo com o pH do meio e que a ordem de classificação da solubilidade do cálcio mudou dependendo do pH (figura 1).

Ainda no estudo de Hamdi et al. (2015) o pH da moela e do proventrículo não foi significativamente afetado pela fonte de Ca, assim como também não houve efeito na eficiência alimentar das aves.

Conforme os mesmos autores, os resultados mostraram que houve diferença na digestibilidade do Ca com as diferentes fontes estudadas, mas não foi observado diferenças entre as fontes de Ca na digestibilidade ileal de P. Esses resultados tornam questionável a explicação da digestibilidade limitada de P com fontes de Ca altamente solúveis.

Adaptado de Hamdi et al. (2015).

Digestibilidade ileal do Ca % Digestibilidade ileal do P % Cloreto de Ca 73,7a 83,0 Calcário 67,1b 82,2 Fosfato tricálcio 66,8b 79,7
Ca (mg/l) 1000 800 600 400 200 0 2.69 6.52 6.01 5.27 4.77 4.18 3.53 1200 pH CaCO3 (-) CaCO3 (+) CaCl2 (+) CaCl2 (-) TCP (-) TCP (+) aviNews Brasil 2º Trimestre 2023 | Avaliação das fontes de cálcio na digestibilidade de fósforo e eficácia da enzima fitase ESPECIAL NUTRIÇÃO 131

Como dissemos anteriormente, a solubilidade do cálcio no processo digestível da ave parece estar muito mais relacionada a quantidade adicionada de cálcio adicionado a dieta e o tamanho da partícula do que com a fonte e dose de fitase adicionada.

50 40 30 20

A. 0 FTU/kg

Retornando ao trabalho descrito por Kim et al. (2018), podemos observar um efeito positivo no incremento da AID P com o uso fitase, redução de níveis de Ca e com uso de fontes de Ca de baixa solubilidade (P<0,001); porém quando se avalia o efeito de interação entres estes dados para a mesma variável dependente (AID P), fica demonstrado que não houve efeito significativo quanto a interação de níveis de fitase x solubilidade de fontes de cálcio (P=0,374).

Ca 0,6% Ca 0,8% Ca

Ca=0,108; Tamanho de partícula < 0,001; Interação = 0,380

B. 1000 FTU/kg

Foi observado, porém, uma tendencia estatística (P=0,10) quanto avaliamos a relação entre níveis de Calcio e fontes de calcário (Gráfico 01).

Ca = 0,002; Tamanho de partícula = 0,002; Interação = 0,001

Avaliação das fontes de cálcio na digestibilidade de fósforo e eficácia da enzima fitase

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Grafico 01. Impacto da concentração de Ca (formulado) e o efeito o tamanho de partícula na digestibilidade de fósforo com uso ou não de fitase.
10 70 60 1,0%
PAR
Digestibilidade de P, %
PUV PAR
PUV Sem calcário
Digestibilidade de P, % 50 40 30 20
a ab bc ab c 10 70 60 1,0% Ca 0,6% Ca 0,8% Ca Sem calcário aviNews Brasil 2º Trimestre 2023 | Avaliação das fontes de cálcio na digestibilidade de fósforo e eficácia da enzima fitase 132
ab

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