suinoBrasil 2ºTrim2022

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porcinews.com 2º TRIMESTRE 2022

A VIDA INTRAUTERINA PODE INFLUENCIAR O DESENVOLVIMENTO

GASTRINTESTINAL DOS SUÍNOS? Thaís Garcia Santos, Letícia Pinheiro Moreira, Ana Luísa Neves Alvarenga Dias e Fernanda Radicchi Campos Lobato de Almeida

p. 46

A especificidade com amplo espectro! Inovação. Especificidade. Amplo espectro. Segurança. Tudo em um só produto para o controle das micotoxinas!

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04

Diversidade microbiana intestinal de suínos e quadros de disenteria suína

28

Amanda G. S. Daniel, Roberto Maurício C. Guedes

Luciano Roppa

Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais

12

Desequilíbrio entre a oferta e demanda de carne suína e os impactos na rentabilidade do setor

Médico Veterinário

32

Wagner Yanaguizawa

Analista do departamento de Pesquisa e Análise Setorial do Rabobank Brasil, com foco no mercado de proteína animal

18

IPVS2022 - Novas perspectivas da suinocultura: biossegurança, produtividade e inovação Dra.Fernanda Almeida, PhD.

Encontro regional ABRAVES – PR 2022 #SUPERANDODESAFIOS

36 20

A evolução da suinocultura Brasileira e a importância da realização 10º IPVS (International Pig Veterinary Society), em 1988

Avaliação da eficácia de um inativador de micotoxinas frente a um adsorvente em leitões na fase de creche

Fêmeas hiperprolíficas: existe manejo ideal durante a lactação? Cesar Augusto Pospissil Garbossa Laboratório de Pesquisa em Suínos da FMVZ/USP

Equipe Técnica de Suínos da VETANCO 1 suínoBrasil 2º trimestre 2022


porcinews.com 46

A vida intrauterina pode influenciar o desenvolvimento gastrintestinal dos suínos? Thaís Garcia Santos1, Letícia Pinheiro Moreira1, Ana Luísa Neves Alvarenga Dias2, Fernanda Radicchi Campos Lobato de Almeida1* Departmento de Morfologia, ICB, Universidade Federal de Minas Gerais. 2 Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia 1

54

Nutrição sustentável de suínos

70

Lúcio Francelino Araújo1, Luiz Antônio Vitagliano, Carlos Alexandre Granghelli1, Cristiane Soares da Silva Araújo2

Universidade de São Paulo, Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos 2 Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

Cândida Azevedo1; Henrique Cancian2

¹Zootecnista, MsC em Zootecnia e DsC em Ciência Animal e Pastagens ²Zootecnista.

1

62

Complexos multienzimáticos: melhoram a digestibilidade e desempenho nos suínos Equipe Adisseo

2 suínoBrasil 2º trimestre 2022

Intestino, o maior órgão imune do organismo – PARTE I

78

Rotavirose suína: epidemiologia, patogenia, sinais clínicos, diagnóstico e controle da doença Ricardo Yuiti Nagae¹, João Paulo Zuffo², Jônatas Wolf³ ¹Especialista corporativo saúde animal suínos ²Especialista corporativo saúde animal aves e suínos ³Gerente executivo saúde animal aves e suínos


IPVS2022 CONTROLE SANITÁRIO É O NOSSO CARTÃO DE VISITA!

E

m 1988, o Brasil sediou o 10º Congresso Mundial da IPVS e, após 34 anos, o 26º International Pig Veterinary Society retorna ao Brasil em um momento histórico para a suinocultura global. Com uma cadeia baseada nos prismas, sustentabilidade, competitividade e qualidade, os holofotes do mundo estão voltados para o Brasil. Quarto maior produtor e exportador de carne suína, o Brasil é o único país no mundo que não possui doenças de notificação obrigatória, tal fato, por si só já é um cartão de visita e o selo de qualidade da nossa produção. Além disso, possuímos inúmeras virtudes para mostrar ao mundo, dentre elas podemos destacar, a sustentabilidade! O Brasil atingiu recordes históricos na produção dos seus principais produtos do agronegócio e todos esses feitos foram realizados preservando o meio ambiente, temos hoje 66% do nosso território preservado.

Desmatamento e queimadas não representam o agronegócio brasileiro!

EDITOR

A pujança do agronegócio brasileiro está presente no cuidado com as pessoas. Mesmo durante o processo de pandemia, que assolou o mundo inteiro, o lugar mais seguro para estar, era dentro das nossas fábricas, dos nossos processos de produção. O agronegócio foi o setor que mais gerou empregos no Brasil, sendo o setor que continua gerando riqueza, uma alavanca para a economia brasileira. Isso é cuidado com as pessoas, é a sustentabilidade!

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Podemos ser protagonistas mundiais em alimentos. Temos que nos empoderar de nossas fortalezas e competências. Se o mundo quer alimento de alta qualidade, de absoluta sanidade, sustentável, competitivo, nós sabemos produzir e produzimos.

José Antônio Ribas Jr.

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DIREÇÃO TÉCNICA Fernanda Radicchi Campos Lobato de Almeida César Augusto Pospissil Garbossa

COORDENAÇÃO TÉCNICA E REDAÇÃO Cândida P. F. Azevedo suinobrasil@grupoagrinews.com

A cadeia suinícola é responsável com grandes compromissos em relação ao meio ambiente e fazemos isso com muita seriedade e ciência.

Sustentabilidade é sinônimo de eficiência de produção, que está inserida em todos os elos da cadeia suinícola. Eficiência de produção faz com que cada vez mais o setor consuma menos recursos naturais, seja poupando energia através da implantação de sistema fotovoltaico ou através da captação da água da chuva, para produzir proteína animal de excelência.

O Brasil produz suínos com muita ciência, muita dedicação, muito carinho e, acima de tudo, com muita sustentabilidade!

ANALISTA TÉCNICO Henrique Cancian

COLABORADORES Amanda G. S. Daniel, Roberto Maurício C. Guedes Wagner Yanaguizawa Luciano Roppa Fernanda Radicchi Campos Lobato de Almeida César Augusto Pospissil Garbossa Thaís Garcia Santos Letícia Pinheiro Moreira Ana Luísa Neves Alvarenga Dias

Fernanda Radicchi Campos Lobato de Almeida Lúcio Francelino Araújo Luiz Antônio Vitagliano Carlos Alexandre Granghelli Cristiane Soares da Silva Araújo Ricardo Yuiti Nagae João Paulo Zuffo Jônatas Wolf

ADMINISTRAÇÃO Inés Navarro Tel: +17866697313 suinobrasil@grupoagrinews.com www.porcinews.com

José Antônio Ribas Júnior, Presidente SINDICARNE/ SC e Diretor Técnico SuínoBrasil.

Preço da assinatura anual: Brasil 30 $ Extranjero 90 $ Revista Trimestral

3 SuínoBrasil 2º Trimestre 2022


DIVERSIDADE MICROBIANA INTESTINAL DE SUÍNOS E QUADROS DE DISENTERIA SUÍNA microbiota intestinal

Amanda G. S. Daniel, Roberto Maurício C. Guedes Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais

Introdução O trato gastrointestinal dos suínos abriga uma diversificada população de microrganismos que mantêm uma complexa interação com o hospedeiro

(Isaacson e Kim, 2012).

Esta interação é proveniente de uma coevolução (Ley et al., 2006) resultante da simbiose entre as partes que permitiu a adaptação e coexistência de espécies no trato gastrointestinal (Dubos et al., 1965).

4 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Diversidade microbiana intestinal de suínos e quadros de disenteria suína


Papel da microbiota entérica As funções exercidas e a estrutura dessas comunidades microbianas têm recebido uma atenção significativa ao longo de décadas, uma vez que cada vez mais estudos comprovam que um equilíbrio dessa microbiota possui influência no status de saúde de humanos e animais.

As principais funções da microbiota intestinal incluem: Durante a maturação intestinal e do sistema imune em neonatos, a microbiota exerce

no melhor aproveitamento de energia

função essencial no desenvolvimento de

e nutrientes absorvíveis,

um sistema imunológico competente (Berg,

Maturação do epitélio intestinal e

microbiota intestinal

Atividades metabólicas que resultam

1996; Bik, 2009).

sistema imune, A interação entre microrganismo, Proteção do hospedeiro contra

epitélio e tecido linfoide associado ao

a colonização de microrganismos

intestino auxilia no desenvolvimento dos

patogênicos (Guarner e Malagelada, 2003).

mecanismos de memória do sistema imune e na modulação da tolerância à colonização de microrganismos em

Dentre as principais funções da microbiota gastrointestinal incluem a função protetora, a estimulação do sistema imune e regulação da

mucosas (Moreau e Gaboriau-Routhiau, 1996). Além da interação e modulação da resposta imune, a microbiota indígena age de forma

resposta de hipersensibilidade

direta no controle de microrganismos

(Berg, 1996; Moreau e Gaboriau-Routhiau, 1996; Taguchi et al., 2002; Bik, 2009).

competitiva, controlam a colonização dos

patogênicos, uma vez que, por meio da inibição sítios por microrganismos exógenos (Taguchi

et al., 2002). O equilíbrio entre as espécies de bactérias residentes fornece estabilidade na população microbiana, entretanto, eventos que causam disbiose podem perturbar esse equilíbrio ecológico, levando à dominância de espécies oportunistas e ao desenvolvimento de enfermidades (Waaij, 1989).

5 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Diversidade microbiana intestinal de suínos e quadros de disenteria suína


Em estudos com animais livres de

Leser et al. (2000) compararam a

germes ou gnotobióticos (germ free)

microbiota de suínos saudáveis em

tem sido revelada a expansão da lâmina

relação a de animais com disenteria

própria do intestino estimulada pela

suína por análise de T-RFLP do gene

microbiota (Savage, 1977). Em animais

16S rRNA. Eles encontraram mudanças

criados em ambiente livre de germes,

que sugerem que a Brachyspira

observa-se menor desenvolvimento

hyodysenteriae desestabiliza o

das células da cripta, com menor

microbioma.

população epitelial celular em relação a ratos colonizados pela microbiota convencional (Alam et al., 1994).

microbiota intestinal

Fatores que influenciam a microbiota intestinal Dentre os fatores que podem influenciar na composição da microbiota, podemos destacar: A idade,

Disenteria suína A disenteria suína é uma das mais importantes enfermidades que afeta suínos de recria e terminação, sendo assim um fator limitante da produção de suínos devido à perdas econômicas consideráveis (Jacobson et al., 2005). Nos últimos anos, tem sido observada a reemergência de casos clínicos de disenteria suína no mundo (Clothier et al., 2011). No Brasil, desde 2010,

A linhagem, A localização no trato gastrointestinal, O uso de antimicrobianos,

novos surtos desta doença têm sido relatados

(Daniel et al., 2017). Brachyspira hyodysenteriae é o agente primário da disenteria suína, caracterizada por colite mucohemorrágica grave, com alta morbidade, podendo ser fatal em alguns casos (Taylor e Alexander, 1971).

O uso aditivos e probióticos, O tipo de dieta fornecida e É uma bactéria móvel, O estado de saúde dos animais. A composição do microbioma gastrointestinal também varia de acordo com o “status”

gram-negativa, espiralada, anaeróbia e de crescimento fastidioso.

de saúde do hospedeiro. Uma das mais importantes funções atribuídas ao microbioma é a capacidade de controlar a colonização de microrganismos patogênicos (Berg, 1996).

6 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Diversidade microbiana intestinal de suínos e quadros de disenteria suína


Relação entre microbiota, dieta e desenvolvimento da disenteria suína Sabe-se que a dieta e a microbiota possuem uma forte influência na ocorrência de sinais clínicos de disenteria suína (Durmic et al., 1998).

Dessa forma, ao manipular as condições ambientais do ambiente intestinal, há possibilidade de controlar essa população microbiana. A colonização por B. hyodysenteriae pode ser inibida por dietas altamente digestíveis (Pluske et al., 1996) ou

MICROBIOTA

ricas em inulina (Thomsen et al., 2007; Hansen et al.,

2010), por exemplo. O mecanismo de proteção pode envolver mudanças na microbiota colônica inibindo a infecção (Leser et al., 2000).

DISENTERIA microbiota intestinal

DIETA

Algumas publicações demonstram que a inoculação experimental de leitões gnotobióticos (germ free) não foi possível o desenvolvimento de doença clínica, demonstrando assim a necessidade de uma população microbiana intestinal específica para auxiliar no aparecimento dessa enfermidade (Meyer, et al., 1974; Meyer, et al.,

1975; Whipp, et al., 1979). A utilização de alimentos pouco digestíveis Alguns estudos demonstram os efeitos de diferentes dietas na colonização

aumenta a fermentação intestinal e a colonização bacteriana (Pluske et al., 1998).

e a presença de microrganismos importantes para o estabelecimento de sinais clínicos de disenteria suína (Meyer et

al., 1975; Wipp et al., 1979).

7 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Diversidade microbiana intestinal de suínos e quadros de disenteria suína


É observado que quando são utilizados carboidratos de fácil digestão e absorção no intestino delgado, resta pouco substrato energético para as bactérias presentes no intestino grosso, reduzindo a fermentação e elevando o pH intestinal, com baixa produção de ácidos graxos voláteis (Siba et al., 1996).

Um fator importante a ser considerado No caso da inulina é observado um aumento na concentração luminal de ácidos graxos voláteis, que por sua vez diminuem o pH luminal (Jensen e Jørgensen

1994), levando a uma diminuição na

é que algumas bactérias anaeróbicas que fazem parte da microbiota podem facilitar a colonização de B. hyodysenteriae, aumentando as chances do estabelecimento da doença (Whipp et al., 1979; Joens et al., 1981).

microbiota intestinal

proporção dos ácidos graxos de cadeia ramificada como ácido isobutírico e o ácido isovalérnico (Hansen et al., 2011), alteração essa que reduz a capacidade de propagação de B. hyodysenteriae no intestino grosso.

O efeito sinérgico entre a microbiota e as espiroquetas permite que ocorra beneficio mútuo decorrente dos produtos do metabolismo que auxiliam na produção de um microambiente favorável para a colonização e propagação de espiroquetas

De forma similar, as dietas compostas por

no ambiente colônico (Whipp et al., 1979).

matérias-primas cultivadas organicamente

Como mencionado anteriormente, foi

como carboidratos fermentáveis de

observado que animais germ free, inoculados

raízes de chicória, arroz cozido associado

experimentalmente com B. hyodysenteriae,

a proteína animal, sorgo e silagem de

não possuem capacidade de desenvolver

milho demonstram efeito protetivo no

quadro clínico típico de disenteria suína,

desenvolvimento de disenteria após o desafio

sendo necessária a presença de uma

experimental com B. hyodysenteriae (Prohaszka

microbiota que auxilie na colonização.

e Lukacs 1984; Pluske et al., 1996,1998; Siba et al., 1996; Thomsen et al., 2007; Hansen et al., 2011).

No entanto, quando esses animais são co-

Por outro lado, uma alimentação rica em

infectados com Fusobacterium necrophorum,

soja e uma alta porcentagem de fibras

estirpes de Bacteroides vulgatus, Clostridium

aumentam as chances de aparecimento

e Listeria, individualmente e em diferentes

da doença (Jacobson et al., 2004).

combinações, em associação com B. hyodysenteriae, há desenvolvimento de quadro de disenteria.

8 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Diversidade microbiana intestinal de suínos e quadros de disenteria suína


Recentemente, foi publicado um trabalho

Em relação às espécies bacterianas presentes

que caracterizava populações presentes em

sem sinais clínicos são observadas maiores

quadros de disenteria suína e observadas

proporções de espécies de Bifidobactéria e

alterações na microbiota detectando

Megasphaera, que inibem a colonização da

diferenças de diversidade microbiana em

B. hyodysenteriae (Mølbak et al., 2007).

animais experimentalmente infectados. A abundância relativa de: É verificado ainda um aumento nos Brachyspirales,

gêneros Brachyspira, Campylobacter, Mogibacterium, Anaerotruncus, Oscillospira e Desulfovibrio spp. em

Campylobacterales,

animais com disenteria, enquanto Lactobacillus, Roseburia, Synergistales,

Desulfovibrionales e

Bifdobacterium spp., e um Desulfovibrio spp. foram encontrados em animais

Enterobacteriales foram maiores em animais com disenteria na mucosa.

Fusobacterium foi observado em maior abundância nos conteúdos luminais de suínos

Enquanto:

com disenteria suína (Burrough et al., 2017). Um aumento significante de Fusobacterium também

Clostridiales,

foi relatado em amostras de suínos com diarreia associadas à infecção pelo vírus da diarreia epidêmica suína (PED) (Koh et al., 2015), bem como

Erysipelotrichales e

animais com diarreia inespecífica (Yang et al., 2017), sugerindo que esse achado pode refletir a

Fusobacteriales

disbiose associada com certos tipos de diarreia.

foram significativamente mais abundantes no conteúdo luminal.

Para suínos inoculados que não desenvolveram disenteria, Burkholderiales foram mais abundantes tanto na mucosa quanto no conteúdo do lúmen. Bacteroidales e Synergistales foram mais abundantes em raspagens mucosas, e Lactobacillales e Bifdobacteriales foram mais abundantes em conteúdo luminal quando comparado com suínos doentes (Burrough et al., 2017).

9 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Diversidade microbiana intestinal de suínos e quadros de disenteria suína

microbiota intestinal

resistentes (Burrough et al., 2017).


Bactérias do gênero Campylobacter têm sido associadas à suínos com disenteria

(Doyle, 1948). Em uma investigação de amostras fecais, a cultura de Campylobacter foi obtida de animais com diagnóstico laboratorial da doença associada à Brachyspira, sugerindo uma interação potencial entre essas bactérias no intestino grosso (Burrough et al., 2013).

Considerações finais Ainda são necessários mais estudos para o melhor entendimento da função da microbiota no estabelecimento da

microbiota intestinal

infecção por Brachyspira hyodysenteriae auxiliando assim no futuro em medidas de controle através da modulação da dieta e populações microbianas presentes no ambiente colônico.

Diversidade microbiana intestinal de suínos e quadros de disenteria suína

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Referências bibliográficas sob consulta dos autores. Desulfovibrio spp. foi mais prevalente na superfície da mucosa dos animais positivos. Estas são bactérias redutoras de sulfato com potencial para degradar as mucinas sulfatadas, que compõem parte da barreira do muco (Earley

et al., 2015). De fato, uma redução nas mucinas sulfatadas foi relatada anteriormente em suínos com disenteria aguda (Wilberts et al., 2014) e esta quebra na organização do muco colônico mostrou fornecer locais de ligação para B. hyodysenteriae (Quintana- Hayashi et al., 2015).

10 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Diversidade microbiana intestinal de suínos e quadros de disenteria suína


20 anos de

história


DESEQUILÍBRIO ENTRE A OFERTA E DEMANDA DE CARNE SUÍNA E OS IMPACTOS NA RENTABILIDADE DO SETOR

mercado

Wagner Yanaguizawa Analista do departamento de Pesquisa e Análise Setorial do Rabobank Brasil, com foco no mercado de proteína animal

O mercado mundial de carne suína sofreu fortes mudanças nos últimos três anos, como resultado de choques não apenas do lado da demanda (Covid-19 e queda do poder de compra da população), mas também do ponto de vista da oferta devido a: Peste suína africana, Aumento dos custos de produção, Interrupção da cadeia de abastecimento.

Inicialmente, vimos um desequilíbrio entre os níveis globais de oferta e demanda, em que a forte queda na produção gerou preços recorde do suíno vivo e elevou as margens de produção em praticamente todas as regiões.

12 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Desequilíbrio entre a oferta e demanda de carne suína e os impactos na rentabilidade do setor


Dessa forma, após dois anos de redução na produção mundial de carne suína (2019 e 2020), impulsionada principalmente pela China e por desafios internos com a peste suína africana, a recomposição do rebanho suíno chinês em 2021 permitiu a recuperação da oferta mundial.

Como resultado, a atratividade da produção foi afetada negativamente e importantes mercados como China e Brasil já adotaram medidas para reduzir o ritmo de produção, afetados principalmente por um cenário de incerteza e volatilidade, mesmo que a curto prazo.

Para contextualizar sobre o cenário, a produção de carne suína na China no ano passado teve um aumento de 25% em comparação com o ano anterior e atingiu cerca de 49 milhões de toneladas. Para este ano, projetamos um aumento adicional de 3% comparado com 2021, mantendo o ritmo crescente de fornecimento.

Em relação ao mercado brasileiro, a atual queda acentuada na rentabilidade do setor produtivo é resultante dos anos entre 2019 a 2021 marcados pelo forte aumento na produção, com foco em atender à crescente demanda chinesa, mas também atendendo uma maior demanda interna de

mercado

carne suína. No entanto, no final de 2021, os níveis de oferta excederam a demanda, assim como os preços dos grãos subiram. Além disso, a mudança nos hábitos de consumo favorável à demanda de carne suína ocorreu por conta do aumento significativo nos preços da carne bovina devido à escassez da oferta e ao período de retenção das fêmeas. Desta forma, os preços do gado vivo e da carne bovina O resultado inevitável do cenário é a maior

atingiram níveis recordes.

pressão sobre o comércio mundial desta proteína, o que também provocou uma queda nos preços do suíno vivo.

Por outro lado, a aquecida demanda mundial por grãos para a produção de ração, somada aos conflitos na Ucrânia e na Rússia, levou os preços das rações a níveis nunca vistos na história.

13 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Desequilíbrio entre a oferta e demanda de carne suína e os impactos na rentabilidade do setor


Combinados com a queda do poder aquisitivo da população em geral, causada principalmente pelos efeitos

A menor demanda chinesa neste ano

da crise econômica provocada pela

já impactou as remessas brasileiras. Em

pandemia da Covid-19, o consumo per capita em 2021 registrou o menor volume dos últimos 16 anos. Como resultado, o consumo de frango e carne suína aumentou nos últimos anos, demonstrando a perda de poder de

março/22, as exportações acumuladas registraram uma queda de 7% em comparação com o mesmo período do ano passado em volume, além de outra queda de 17% em valor.

compra de parte da população brasileira, que até 2019 tinha mais acesso ao consumo de carne bovina e atualmente é incapaz de fazê-lo. Em 2021, a produção brasileira de carne suína foi de 4,9 milhões de toneladas, em

mercado

comparação com 2019, o aumento foi de 765.000 toneladas. Apenas para fins de comparação, o volume é superior à produção da Argentina, que é o 2º maior produtor

Somente o mercado chinês reduziu as compras em 34% no mesmo período. Hong Kong, o segundo maior destino de exportação do produto, teve outra queda de 36%. Em 2021, o mercado chinês representava 48% de todo o volume de exportações brasileiras e atualmente a taxa está em 38%.

de carne suína da América do Sul, com uma produção anual de 695.000 toneladas (USDA). Para este ano, o Rabobank projeta uma interrupção na taxa de crescimento da produção de carne suína, com uma redução de 3% em relação ao ano anterior.

Com isso, a demanda externa continuará sendo guiada pela China e pela recuperação do rebanho suíno, além do consumo interno, ainda sob o efeito da política de tolerância zero para novos casos de Covid-19.

14 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Desequilíbrio entre a oferta e demanda de carne suína e os impactos na rentabilidade do setor


Novos mercados na América do Sul, como Argentina e Uruguai, assim como Cingapura e

Ainda no mercado interno, os

Filipinas, têm ocupado o espaço deixado pela

altos preços elevados da carne

China. Porém, a curto prazo é improvável que

bovina favoreceram a competitividade

o efeito de substituição esteja nos mesmos

da carne suína. Em compensação, os

níveis, o que deverá resultar em uma queda

altos preços das rações e um cenário

nos embarques na comparação anual.

de pressão negativa sobre o valor da carne bovina devem afetar ainda mais a

A situação da produção de carne

atratividade do consumo desta proteína

suína no mercado chinês é semelhante

no curto prazo no Brasil.

ao cenário brasileiro, em termos de margens. Em março deste ano, o preço dos leitões mais baixo em relação ao ano anterior. Como

Inicialmente, havia a expectativa

resultado, a perda de margem por cabeça na

de ver os preços das rações mais

fase de acabamento foi em torno de CNY 500/

baixos no segundo semestre de 2022,

cabeça. O governo tem feito novas compras no

dadas as boas margens dos últimos

mercado interno para repor os estoques, mas

anos, que ampliaram o interesse

as estratégias para reduzir o ritmo de produção

em aumentar as áreas de produção.

têm sido inevitáveis. Um cenário semelhante ao

Outro ponto é o período de colheita

da produção brasileira, com maior descarte de

da segunda safra de milho, no final

reprodutores, redução no peso médio de abate

do primeiro semestre, que representa

e flexibilidade na formulação de rações para

entre 70-75% da oferta nacional, e

reduzir custos.

que pressionaria os preços para baixo.

mercado

vivos estava em torno de CNY 12/kg, 50%

15 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Desequilíbrio entre a oferta e demanda de carne suína e os impactos na rentabilidade do setor


Entretanto, o fenômeno natural La Niña,

Outro fator primordial é a guerra entre

que compromete principalmente as safras

os países do leste europeu, Rússia e

de verão por suas baixas temperaturas,

Ucrânia, que trouxeram à tona grande

teve um impacto negativo sobre a soja,

preocupação para o agronegócio

no início deste ano.

brasileiro no início do ano e, apesar de não atingirem as expectativas preocupantes, continuam como sinal

ANO NORMAL

de alerta para os produtores.

O conflito aumentou a demanda internacional

Ventos alísios fracos

por grãos brasileiros e, com a exportação de insumos para fertilizantes comprometida, todas as commodities agrícolas foram

Água quente

afetadas em diferentes níveis e razões. Com

Água fria

a demanda alta, as possibilidades de um cenário de preços mais baixos de ração foram

mercado

significativamente limitadas.

ANO DE LA NINÃ

Em março deste ano, o preço das

Ventos alísios fortes

rações foi 15% mais alto, comparado com o ano passado. Embora a alimentação represente cerca de 70%

Água quente

dos custos, outros itens importantes

Água fria

também registraram elevação no valor, tais como: combustível, eletricidade, frete, fertilizantes, mão de obra, entre outros.

Especialistas afirmam que o fenômeno apresenta grande possibilidade de persistir até o início de 2023, com

Segundo dados levantados pela Empresa

expectativa de níveis de chuva abaixo

Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),

da média para algumas regiões

no Estado do Paraná, o custo para a produção

brasileiras, principalmente o Centro-

em março/22 de um suíno vivo foi elevado

Oeste e Sul.

para R$ 7,61/kg vivo, representando o valor nominal mais alto da série historicamente, além de um aumento percentual de 13% em relação ao ano anterior.

16 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Desequilíbrio entre a oferta e demanda de carne suína e os impactos na rentabilidade do setor


CONCLUSÕES Ao analisarmos o faturamento da

mercado

produção, o preço do suíno vivo registrou forte queda a partir de novembro de 2021, com estabilização em fevereiro de 2022 e, a partir de março deste ano, vem assumindo ritmo de recuperação. Os preços diários em abril de 2022 já atingiram o nível mais alto deste ano, mas continuam 14% inferiores em relação ao mesmo período do ano passado.

Essa taxa será importante para repassar os aumentos de custos e melhorar a rentabilidade da atividade. A curto prazo, os dois principais desafios serão

Já os preços da carne suína devem

a competitividade em relação à carne

manter uma taxa de crescimento, causada

bovina, devido à menor diferença de

principalmente pela recuperação sazonal

preços, e a recuperação do poder

da demanda doméstica, puxada após o

aquisitivo da população após as fortes

feriado de Carnaval.

quedas causadas pela crise econômica dos últimos anos pandêmicos. Como resultado, esperamos que a produção deste ano veja uma interrupção

Desequilíbrio entre a oferta e demanda de carne suína e os impactos na rentabilidade do setor

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na taxa de crescimento dos últimos três anos, com uma queda de cerca de 3% em relação ao ano anterior.

17 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Desequilíbrio entre a oferta e demanda de carne suína e os impactos na rentabilidade do setor


Eventos 2022

#SUPERANDODESAFIOS

ENCONTRO REGIONAL ABRAVES - PR 2022

Nos dias 16, 17 e 18 de março a programação foi composta por temas atuais do setor, como:

Com o tema “Superando desafios”, o tradicional

Senecavírus,

evento técnico e científico da suinocultura do

Desafio sanitários,

Paraná, o Encontro Regional ABRAVES-PR, fez história em sua XVI edição e atingiu público recorde, mais de 500 congressistas no primeiro evento totalmente presencial da cadeia suinícola, no Teatro Municipal de Toledo – PR.

Destinos de animais mortos, Peste Suína Africana, ESG e Gestão de pessoas.

18 SuínoBrasil 2º trimestre 2022 | Encontro regional abraves – pr 2022


No primeiro dia oficial do XVI Encontro da

O segundo dia do evento contou com palestras

Associação Brasileira de Veterinários Especialistas

de um time surpreendente para abordar o

em Suínos Regional do Paraná - ABRAVES-PR

tema pessoas! E o recado foi dado:

foram debatidos as principais doenças emergenciais presentes na suinocultura global sob o ponto de vista gerencial, negócios e ESG.

“É preciso cuidar das pessoas que chegam e “plantar sonhos de futuro” em suas mentes!”,

(Presidente da Abraves – PR).

Eventos 2022

“É com informação que venceremos!”, Gefferson Almeida

Profissionais renomados do setor como, Everson Zotti (ABRAVES – PR), José Antônio Ribas Júnior (ABPA e SINDICARNE – SC); Jonatas Wolf (Seara); Vamiré Sens Jr. (Seara); Abel Ricieri Guareschi Neto (MAPA); Valdecir L. Mauerwerk (Frimesa); Otamir Cesar Martins (ADAPAR); Rodrigo da Silveira Nicoloso, Airton Kunz e Everton Luis Krabbe (Embrapa) são alguns nomes que completaram a grade de palestras do primeiro dia oficial do Encontro Regional ABRAVES-PR.

destaca Naldo Dalmazo.

O XVII encontro ABRAVES – PR já tem data marcada, dias 14,15 e 16 de março de 2023!

Encontro regional Abraves – PR 2022

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19 SuínoBrasil 2º trimestre 2022 | Encontro regional abraves – pr 2022


AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE UM INATIVADOR DE MICOTOXINAS FRENTE A UM ADSORVENTE EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE nutrição

Autores: Equipe técnica de suínos da Vetanco

M

icotoxinas são produtos secundários do metabolismo de fungos, e sua presença

nos grãos utilizados para a fabricação de rações pode causar diversos problemas zootécnicos e sanitários na suinocultura intensiva.

20 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Avaliação da eficácia de um inativador de micotoxinas frente a um adsorvente em leitões na fase de creche


As micotoxinas de maior importância para a produção animal são produzidas por fungos dos gêneros Aspergillus e Fusarium quando expostos a determinadas circunstâncias ambientais e nutricionais.

Enquanto as micotoxinas produzidas pelos Aspergillus (p. ex. Aflatoxina) são formadas especialmente pós-colheita ou na estocagem dos grãos e rações,

Além disso, o plantio direto sobre palha

aquelas produzidas pelos Fusarium

aumenta a ocorrência dos fungos do

(p.ex. Fumonisina, Tricotecenos

gênero Fusarium e, consequentemente,

e Zearalenona) são originadas

observa-se maior contaminação dos

geralmente no campo.

grãos por micotoxinas derivadas de seu

nutrição

crescimento.

Este fato é importante para definir estratégias de controle de micotoxinas, já que o

Cada micotoxina possui

tratamento dos grãos com inibidores

características moleculares

de crescimento fúngico e melhorias no

específicas, que determinam a forma

armazenamento, afetam diretamente a

e grau de toxicidade para os animais.

ocorrência de Aflatoxina, mas tem pouca

Porém, sabe-se que grande parte

influência no controle das Fusariotoxinas

das micotoxinas, mesmo em níveis

presentes nos grãos.

considerados baixos, são potentes agentes imunossupressores.

Este é um dos motivos pelos quais observa-se uma redução na ocorrência

O modo tradicional de prevenção das

de Aflatoxinas, haja visto, todas as

micotoxicoses em suínos é através do uso

melhorias implementadas nos processos

de adsorventes, sejam eles minerais ou

de tratamento e estocagem dos grãos

orgânicos. Os adsorventes sequestram as

nos últimos anos, porém o mesmo não

toxinas, impedindo sua absorção intestinal.

ocorre com Fumonisinas, Zearalenona

Consequentemente, reduzem-se os efeitos

e Tricotecenos.

nocivos para o organismo do animal.

21 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Avaliação da eficácia de um inativador de micotoxinas frente a um adsorvente em leitões na fase de creche


MATERIAL E MÉTODOS A dificuldade de adsorção das micotoxinas oriundas dos fungos Fusarium, associada à evolução na área de biotecnologia, permitiram o desenvolvimento de novas tecnologias para o controle de micotoxinas.

O experimento foi conduzido pelo Instituto Federal Catarinense, em uma unidade produtora de leitões localizada na cidade de Concórdia/SC. A propriedade possui cerca de 150 matrizes, submetidas a manejo reprodutivo de 21 dias, e é integrada a uma importante cooperativa regional.

Pesquisadores húngaros desenvolveram um Inativador Enzimático de Micotoxinas, derivado da fermentação

nutrição

de leveduras do tipo Saccharomyces.

Este inativador (DETOXA PLUS®) possui um complexo enzimático para a biotransformação das principais micotoxinas que afetam os suínos, especialmente aquelas que não são

Os leitões provenientes de dois desmames

adequadamente sequestradas pelos

consecutivos, foram classificados com o

adsorventes convencionais.

objetivo de obter grupos homogêneos (peso e sexo) e divididos em 2 tratamentos denominados de Grupo Controle (GC) e Grupo Teste (GT).

O objetivo do experimento aqui demonstrado foi avaliar os ganhos zootécnicos e econômicos da utilização do Inativador Enzimático de Micotoxinas (DETOXA PLUS®) frente a um Adsorvente de Micotoxinas normalmente utilizado na suinocultura brasileira.

22 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Avaliação da eficácia de um inativador de micotoxinas frente a um adsorvente em leitões na fase de creche


A ração fornecida durante todo o período de creche dos animais pertencentes ao Grupo Controle continha 2 kg/ton de um adsorvente comercial antimicotoxinas, composto por parede de levedura, aluminossilicatos e fitoterápicos.

A ração foi misturada na propriedade e pesada antes de ser fornecida aos animais. Todas as dietas produzidas foram amostradas para quantificação de

nutrição

micotoxinas. A ração fornecida ao Grupo Teste continha em sua formulação 1 kg/ ton de um Inativador Enzimático de

Os parâmetros zootécnicos avaliados

Micotoxinas (DETOXA PLUS®).

foram:

Foram realizadas duas repetições (desmames) com, respectivamente, 130 e 112 leitões, marcados individualmente com brincos e pesados na entrada e na saída da creche. Em cada repetição, os leitões foram divididos igualmente entre Grupo Teste e Grupo Controle e

Ganho de Peso Total (GP); Ganho de Peso Diário (GPD); Consumo de Ração (CR) e Conversão alimentar (CA).

distribuídos em 4 baias (GT = baia 1 e baia 2; GC = baia 3 e baia 4).

Os dados foram submetidos à análise de variância através

O período de creche durou 35 dias na primeira

do procedimento GLM, além

repetição e 40 dias na segunda. A dieta durante o

da realização de estatísticas descritivas.

experimento foi dividida em 3 fases:

Baseando-se nos dados de conversão

Pré-Inicial 1;

alimentar, foi calculado o custo de produção por leitão e, posteriormente,

Pré-Inicial 2 e

o ganho econômico obtido a partir do

Inicial.

de Micotoxinas (DETOXA PLUS ®).

tratamento com o Inativador Enzimático

23 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Avaliação da eficácia de um inativador de micotoxinas frente a um adsorvente em leitões na fase de creche


RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados das análises de micotoxinas da ração fornecida nas duas repetições do experimento são apresentadas na tabela abaixo (Tabela 1), onde também comparam-se com os limites máximos recomendados pelo LAMIC – UFSM (www.lamic.ufsm. br). As análises foram realizadas no laboratório MERCOLAB. ZEARALENONA (ppb)

FUMONISINA (ppb)

T-2 (ppb)

AFLATOXINA (ppb)

REPETIÇÃO 1

44,5

850

25,7

ND**

REPETIÇÃO 2

<25

1440

<25

ND**

Limite Máx.*

10

100

0

0

Não foi observada diferença significativa no consumo de ração entre os grupos controle e teste nas duas repetições realizadas, como mostra o gráfico 1. Porém, como o ganho de peso foi afetado pelos tratamentos, o parâmetro conversão alimentar apresentou melhoria significativa nos Grupos Teste (DETOXA PLUS ®). 29 27

26,06 25,05

25

O gráfico 2 mostra que o grupo que recebeu o Inativador Enzimático (DETOXA PLUS ®) apresentou índice de conversão alimentar 11,33% menor que o grupo com ração contendo o adsorvente (1,41 contra 1,59) no primeiro desmame. A segunda repetição demonstrou padrão semelhante, com uma conversão 7,73% menor no grupo tratado com o Inativador Enzimático (1,55 contra 1,68). Esta melhoria significa uma diminuição de 2,71 kg de ração necessária para que um leitão de 6 kg chegue a um peso de 23,5 kg. -0,155

1,8

23

21,36 20,66

21

1,6

19 17 15

1,4

Repetição 1 Repetição 2

Gráfico 1: Consumo de ração por animal (kg).

1,59 b

1,635

1,55 a 1,48

1,5

16,67 16,27

Grupo controle

1,68 b

1,7

Conversão alimentar

Consumo de ração (kg)

nutrição

Tabela 1: Análises de micotoxinas da ração fornecida nas duas repetições do experimento. * Recomendado pelo LAMIC para suínos na fase inicial. ** Não detectado.

Média

Grupo tratado

1,3

1,41 a

Repetição 1

Repetição 2

Grupo controle

Média Grupo tratado

Gráfico 2: Conversão alimentar (kg/kg). *Letras diferentes entre os tratamentos indicam diferença estatística (P ≤ 0,05).

24 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Avaliação da eficácia de um inativador de micotoxinas frente a um adsorvente em leitões na fase de creche


Considerando o custo médio da ração de creche R$ 2,90/

ao final do período.

Em relação ao Ganho de Peso Diário (Gráfico 3) e ao Ganho de Peso Total (Gráfico 4), os grupos tratados com o Inativador Enzimático também presentaram resultados superiores em ambas repetições. O GPD do Grupo Teste foi 35 g/dia e 29 g/dia superior ao Grupo Controle nas repetições 1 e 2, respectivamente. +32g

16

13,02

14 12 10 8

10,50a

14,12

11,52b

Repetição 1 Repetição 2 Média Grupo controle Grupo tratado

Gráfico 4: Ganho de peso total por animal (kg). *Letras diferentes entre os tratamentos indicam diferença estatística (P ≤ 0,05).

420 b 391 a

400 350 300

16,72 15,55a

b

335 b 300

377 345

a

nutrição

Ganho de peso diário (g)

450

Ganho de peso total (kg)

kg, isto geraria uma economia estimada de R$ 7,86 por leitão

+1,10kg

18

Em média, o grupo alimentado com o Inativador Enzimático (DETOXA PLUS ®) ganhou 1,1 kg de peso vivo a mais durante o período de creche, comparado ao grupo com adsorvente. Esta diferença equivaleria à aproximadamente 2 dias a menos na creche, possibilitando maior vazio sanitário ou maior

Repetição 1 Repetição 2 Média Grupo controle Grupo tratado

peso de saída da creche e assim, maior rentabilidade.

Gráfico 3: Ganho de peso diário por animal (g). *Letras diferentes entre os tratamentos indicam diferença estatística (P ≤ 0,05).

Avaliando toda a fase de creche, os leitões que receberam a dieta contendo o Inativador de Micotoxinas apresentaram Ganho de Peso Total 1,02 kg e 1,17 kg (Repetição 1 e 2, respectivamente) superior ao grupo tratado com o adsorvente.

25 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Avaliação da eficácia de um inativador de micotoxinas frente a um adsorvente em leitões na fase de creche


CONCLUSÃO Os resultados do experimento demonstraram ganhos significativos de performance (Conversão Alimentar e Ganho de Peso) em leitões que consumiram o Inativador Enzimático de Micotoxinas (DETOXA PLUS ®), comparados aos que consumiram ração contendo o adsorvente comercial. A inclusão de DETOXA PLUS ® gerou um resultado econômico excelente ao produtor

nutrição

durante a fase de creche.

Avaliação da eficácia de um inativador de micotoxinas frente a um adsorvente em leitões na fase de creche

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26 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Avaliação da eficácia de um inativador de micotoxinas frente a um adsorvente em leitões na fase de creche


mais de

35%

dos suínos no Brasil consomem Dysantic atualmente A base para um programa eficiente de redução de antimicrobianos na suinocultura


EVOLUÇÃO DA SUINOCULTURA BRASILEIRA E A IMPORTÂNCIA DA REALIZAÇÃO 10º IPVS (INTERNATIONAL PIG VETERINARY SOCIETY), EM 1988. A

Luciano Roppa

IPVS

Médico Veterinário

A História da vinda do IPVS para o Brasil em 1988

E

m 1982, fomos ao México no 7º Congresso da IPVS para pleitear a realização deste evento no Brasil. O Comitê Organizador

nos informou que para realizar o congresso eram necessárias 3 condições essenciais: 1ª ter uma Associação ativa de Veterinários Especialistas em Suínos, 2ª Realizar um congresso Nacional e 3ª Realizar um Congresso Latino-Americano.

28 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | A evolução da suinocultura Brasileira e a importância da realização 10º IPVS (International Pig Veterinary Society), em 1988.


Cumpridas estas etapas, estaríamos aptos a pleitear o Congresso Mundial da IPVS. E aí começou a jornada:

Os objetivos de trazer um Congresso da IPVS para o Brasil em 1988 Em 1988, o Brasil era o 10º maior produtor

1983

em 1983 foi fundada a ABRAVES,

mundial e não tinha exportações expressivas. Era o período pós Peste Suína Africana (1978) e era o início da tecnificação através dos suínos híbridos. Tínhamos a certeza de que era um país com todas as condições de se tornar um líder mundial

1984 realizamos o Congresso Latino-Americano com 800 participantes no Copacabana

nesta área. Não faltavam terra, água, clima,

1984

técnicos especialistas, decidido a tornar este

Palace Hotel (RJ) e

segmento um dos mais relevantes no mundo.

nomeação durante o 9º IPVS (Bélgica).

Os objetivos eram de capacitar os técnicos brasileiros nas diferentes áreas

IPVS

1986 conseguimos a

1986

produção de grãos e um corpo atuante de

de atuação da suinocultura, promover o intercâmbio com técnicos de outros países e para mostrar ao mundo uma suinocultura séria e eficiente, que viria

Em Agosto de 1988, com o apoio

nos anos seguintes a se tornar uma das

do Ministério da Agricultura e

maiores do mundo.

da EMBRAPA-CNPSA Concórdia, realizamos o 10º Congresso

1988

Mundial da IPVS, no antigo Hotel Nacional, na praia de São Conrado, RJ.

Compareceram 1.233 participantes, de 46 países. Tive a honra de ser o Presidente do Congresso e tive como principais colaboradores o Dr. Sergito Souza Cavalcanti (Vice-presidente), Dra Isabel Scheid (Presidente do Comitê Técnico), Dr. Flauri Migliavacca (Secretário Executivo) e Dr. David Barcellos (Presidente da ABRAVES).

29 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | A evolução da suinocultura Brasileira e a importância da realização 10º IPVS (International Pig Veterinary Society), em 1988.


A contribuição do IPVS 1988 para a suinocultura brasileira A realização do IPVS contribuiu para a grande revolução que alicerçou o crescimento da suinocultura brasileira, que saltou de um modesto 10º lugar para o de 4º maior produtor e exportador mundial de carne suína.

Para dar um exemplo, em 1988

IPVS

a diarreia pós desmame matava 20 a 30% dos leitões desmamados. Foi

Principais tópicos abordados no 10º IPVS, em 1988

durante o IPVS que veio a tecnologia do uso do Óxido de Zinco, que praticamente erradicou o problema em nosso país.

Os 368 trabalhos apresentados resumem bem as principais enfermidades prevalentes no Mundo naquela época: 41 eram sobre Pneumonia Enzoótica e Pleuropneumonia, 35 sobre Doença de Aujeszky,

Hoje, transcorridos 34 anos, temos técnicos renomados e reconhecidos pela comunidade internacional, temos uma carne de alta qualidade (exportada para mais de 100 países), temos uma sanidade invejável (livre de importantes enfermidades que assolam

31 sobre Nutrição,

vários centros importantes de produção) e

28 sobre Colibaciloses, Disenteria Suína e

resultados zootécnicos muito superiores aos

Campylobacter,

dos países chamados “avançados”.

28 sobre Reprodução e IA, e 20 sobre Rinite Atrófica.

temos suinocultores eficientes que obtêm

O Quadro 1 mostra o que era a suinocultura no Brasil em 1990 e o quanto evoluiu até hoje:

30 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | A evolução da suinocultura Brasileira e a importância da realização 10º IPVS (International Pig Veterinary Society), em 1988.


2021 4,890

Participação na produção mundial, %

1,5

4,5

Exportações, mil T

12

1.130

Participação na exportação mundial, %

0

9,2

Consumo (kg/hab)

7,1

17,3

Abates, milhões cabeças

17,7

52,9

Rebanho, milhões cabeças

33,6

40,6

Desfrute, %

57

130

Peso médio abate, kg carcaça

64,9

92,3

Idade média de abate, dias

180

140

Conversão alimentar, kg

3,6

2,1

16-18

29,5

Desmamados/porca/ano (média)

IPVS

1990 1,040

Produção carne, milhões T

Quadro 1. Evolução da suinocultura Brasileira, 1990 a 2021 Fonte: Luciano Roppa, 2022

Trazer o IPVS de volta ao Brasil após 34 anos é uma marca histórica. É o reconhecimento mundial da importância do Brasil como um dos líderes neste segmento. É a coroação desta geração de jovens, que com seu entusiasmo e dedicação, têm mantido o país na sua contínua caminhada para a produção de um alimento de altíssima qualidade.

A evolução da suinocultura Brasileira e a importância da realização 10º IPVS (International Pig Veterinary Society), em 1988.

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31 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | A evolução da suinocultura Brasileira e a importância da realização 10º IPVS (International Pig Veterinary Society), em 1988.


IPVS2022

NOVAS PERSPECTIVAS DA SUINOCULTURA: BIOSSEGURANÇA, PRODUTIVIDADE E INOVAÇÃO

IPVS2022

A

pós 34 anos o 26º International Pig Veterinary Society retorna ao Brasil em um momento histórico para a suinocultura

global. E nesta edição a Professora Doutora Fernanda Radicchi Campos Lobato de Almeida, Presidente do IPVS2022 conversou com a redação da SuínoBrasil sobre a vinda do IPVS para o Brasil! A suinocultura global vivencia um momento histórico com surtos da Peste Suína Africana, principalmente na Ásia e Europa, restrição ao uso de antibióticos e óxido de zinco na nutrição animal, produção e exportação de carne suína brasileira recordes, elevação histórica dos custos de produção, dentre outros fatos marcantes. Qual a relevância para a cadeia suinícola nacional a realização do IPVS no Brasil, após 34 anos?

Inicialmente, podemos mencionar que

Dra. Fernanda Almeida, PhD

é um grande orgulho para nós, já que são pouquíssimos os países na história da associação IPVS que sediaram o evento por mais de uma vez.

32 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | IPVS2022 Novas perspectivas da suinocultura: biossegurança, produtividade e inovação


Vale ressaltar também que é o reconhecimento do papel de destaque do nosso país dentro do cenário do agronegócio mundial. Com a realização do IPVS2022, esperamos entregar uma suinocultura diferente, baseada na sustentabilidade, valorizando a biosseguridade, e almejando o aumento da produtividade.

Quais foram os principais desafios para trazer o maior evento da suinocultura global para o Brasil? Há quantas edições a Associação Brasileira dos Veterinários Especialistas em Suínos tem se esforçado para trazer o evento para o país?

O maior desafio foi escolher uma cidade para sediar o evento. Cidade Com isso, almejamos que o nosso

segura, quanto ao aspecto sanitário,

País continue se destacando no

mas ao mesmo tempo, com grande apelo

cenário do agronegócio mundial.

turístico. Foi assim que optamos por realizar o

O Brasil ocupa uma posição de destaque no ranking da suinocultura global, como 4º produtor e exportador. Quais são os principais pontos da evolução da suinocultura nacional se compararmos o

IPVS2022

IPVS2022 na cidade do Rio de Janeiro.

Quanto às tentativas para trazer o congresso IPVS ao Brasil, estamos envolvidos nesta missão desde 2012, no Congresso IPVS sediado na Coreia do Sul.

ano de 1988 (1ª Edição do IPVS no Brasil) e a suinocultura de 2022?

Tais pontos poderiam ser resumidos nos seguintes: Advento da fêmea hiperprolífera, Controle do uso de antimicrobianos, Aprimoramento das práticas de biosseguridade e Avanços na área da nutrição (aspectos imunológicos e nutrição de precisão).

33 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | IPVS2022 Novas perspectivas da suinocultura: biossegurança, produtividade e inovação


O evento, tem como tema “Novas perspectivas para a suinocultura: biosseguridade, produtividade e inovação”. Gostaria que a senhora comentasse sobre a programação do evento e quais as expectativas da Diretoria.

Qual mensagem a senhora gostaria de deixar ao público do 26° International Pig Veterinary Society Congress?

Com o objetivo de aliar práticas de biosseguridade a técnicas inovadoras para o melhor controle de enfermidades, levando a maior produtividade, pretendemos proporcionar um grande fórum de discussão sobre temas atuais

Para chegar até aqui, enfrentamos muitos desafios. Mas cada minuto na organização desse importante evento da suinocultura mundial valeu a pena. O resultado de tal esforço vocês verão em junho. Esperamos ansiosos por vocês!

e de extrema relevância para a

IPVS2022

suinocultura mundial de forma holística. A aliança entre técnicas inovadoras de produção, traduzindo em maior rendimento, certamente levará o setor suinícola a elevados patamares de excelência.

Comente sobre a experiência de ser a primeira mulher a presidir o principal evento da suinocultura global?

Confesso que é uma mistura de sentimentos: ao mesmo tempo em que me sinto honrada e feliz, percebo que é uma grande responsabilidade. E lá se vão mais de 10 anos de muita

IPVS2022 Novas perspectivas da suinocultura: biossegurança, produtividade e inovação

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dedicação. O resultado disso tudo vocês terão a oportunidade de ver daqui a poucos dias no IPVS2022.

34 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | IPVS2022 Novas perspectivas da suinocultura: biossegurança, produtividade e inovação


IPVS2022 26 international pig veterinary society th

congress - rio de janeiro - brazil

21 a 24 Junho Rio de Janeiro - RJ

O principal evento mundial da SUINOCULTURA Acesse e confira a Programação Completa

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FÊMEAS HIPERPROLÍFICAS: EXISTE MANEJO IDEAL DURANTE A LACTAÇÃO?

manejo

Cesar Augusto Pospissil Garbossa Laboratório de Pesquisa em Suínos da FMVZ/USP

INTRODUÇÃO

N

a produção de suínos, a seleção

Um dos principais desafios se deve à relação

genética para características

entre o tamanho da leitegada e a mortalidade dos

economicamente importantes, como o

leitões.

número de leitões nascidos, resultou em vários desafios de saúde e bem-estar, aumentando os

Como demonstrado pelo benchmarking da

níveis de mortalidade considerados normais,

Agriness (2022), no Brasil, no ano de 2021,

bem como em mudanças significativas nas

a granja recordista chegou à inacreditável

rotinas de manejo, principalmente durante o

marca de 41,15 desmamados/fêmea/ano.

parto e lactação.

36 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Fêmeas hiperprolíficas: existe manejo ideal durante a lactação?


Apesar de ter sido alcançado algum êxito em reduzir o impacto negativo das grandes leitegadas através de estratégias genéticas, nutricionais e de manejo, essa ainda é uma variável que traz um grande desafio mundial para o sistema produtivo de suínos. A relação entre a mortalidade e leitegadas

Além dos efeitos deletérios sobre os leitões,

numerosas é associada a vários fatores,

a hiperprolificidade pode afetar a saúde das

incluindo:

matrizes, reduzindo a longevidade dessas

O aumento da duração de parto, Natimortos e leitões que sofrem hipóxia,

fêmeas, devido ao grande desafio metabólico a que elas são submetidas, tornando-as mais suscetíveis ao estresse térmico e apresentando maior perda de condição corporal.

Competição pelos tetos e, consequente,

Ainda, esse cenário é agravado pela grande variação de peso dentro das leitegadas. Nesse sentido, em leitegadas numerosas ocorre a elevação de 30 a 40% no número de animais com crescimento intrauterino retardado (CIUR).

Nesse sentido, se os desafios para a saúde e bem-estar das matrizes não

manejo

Redução da ingestão de colostro.

forem enfrentados, haverá impactos negativos sobre o desempenho e sobrevivência dos leitões, o que determina a perda dos benefícios alcançados ao incrementar o número de leitões nascidos.

AMBIENTE Todos os leitões recém-nascidos são predispostos à hipotermia, haja vista não apresentarem gordura do tipo marrom e possuírem baixas reservas de glicogênio.

Apesar da hipotermia raramente ser considerada como a causa de morte em rebanhos comerciais, ela é, em grande medida, precursora de esmagamento, fome e morte por doenças.

37 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Fêmeas hiperprolíficas: existe manejo ideal durante a lactação?


O desafio térmico no momento do nascimento é bastante complexo, o que se deve à acentuada diferença entre a zona de termoneutralidade das porcas e dos leitões recém-nascidos. Outra possibilidade é o fornecimento de material

manejo

de nidificação para as fêmeas, trazendo benefícios tanto para fêmeas (comportamento natural da A elevada temperatura ambiente exigida pelos leitões prejudica o consumo de ração pelas porcas, impactando negativamente o peso dos leitões ao desmame, determinando efeitos negativos na produtividade, bem-estar e saúde das porcas.

espécie em construir ninhos), quanto para leitões (menor perda de calor). No entanto, esse tipo de manejo é inviável ao sistema de esgoto usual das granjas nacionais. Contudo, haja vista a IN 113 do MAPA, vale ressaltar que, em breve, esse manejo será obrigatório, exigindo modificações nas granjas.

Dessa forma, microambientes que proporcionam conforto térmico às porcas (ar sobre a nuca delas, piso resfriado, etc.) e uma fonte de calor para os leitões, como lâmpada ou piso aquecido, são imprescindíveis para garantir a boa saúde, bem-estar e desempenho dos animais na fase de maternidade: porcas e leitões.

38 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Fêmeas hiperprolíficas: existe manejo ideal durante a lactação?


MANEJO COM AS MATRIZES

Outro manejo que pode contribuir é a composição da dieta, com o incremento da fibra dietética durante os períodos de transição e pré-parto, melhorando o status

Um ponto importante a ser considerado em relação às fêmeas é a associação entre leitegadas grandes e a maior

energético, reduzindo a natimortalidade, a constipação e melhorando, ainda, a qualidade do colostro.

duração de parto, com consequente incremento na mortalidade dos leitões.

Além disso, trabalhos da nossa equipe demonstraram que a suplementação com aditivos

Recentemente, alguns pesquisadores

energéticos durante o parto pode

demonstraram a íntima relação do status

trazer benefícios para a porca e leitões.

duração do parto. De uma forma geral, o

Ainda, a inclusão de maiores níveis

manejo das fêmeas após a transferência para

de ingredientes fermentáveis e

as instalações de maternidade preconiza a

adequação de aminoácidos essenciais

restrição alimentar para minimizar problemas

na dieta podem beneficiar a qualidade

associados às síndromes metabólicas, sendo

embrionária, bem como, o peso dos

as fêmeas geralmente alimentadas uma a

leitões e, assim, minimizar a variação

duas vezes ao dia, o que desestabiliza o status

de peso entre os leitões de uma mesma

energético.

leitegada.

manejo

energético da fêmea no periparto com a

Dessa forma, recomenda-se que as fêmeas sejam alimentadas mais vezes ao dia, minimizando o intervalo entre o consumo de ração e o parto (ideal de três horas).

39 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Fêmeas hiperprolíficas: existe manejo ideal durante a lactação?


MANEJO COM OS LEITÕES Quando o número de leitões excede a capacidade de amamentação das fêmeas, alguma intervenção se faz necessária. Inicialmente, deve-se identificar leitões de baixa viabilidade, ou seja, que estão com a sua saúde e bem-estar em risco, como leitões com CIUR.

A gravidade do grau de CIUR determina a viabilidade ou não das intervenções de manejo para promover a sobrevivência do leitão, permitindo a decisão de manutenção do animal no plantel ou a

manejo

eutanásia dele.

Os leitões nascem com baixas reservas de energia corporal, o que os torna dependentes de fontes exógenas de energia para assegurar a termorregulação, localizar e competir pelo teto, e escapar de movimentos potencialmente perigosos da porca. Dessa forma, o fornecimento de energia aos leitões logo após o nascimento garante melhor capacidade de mamar o colostro e, consequentemente, maximiza a sobrevivência e o crescimento neonatal, devendo seguir algumas premissas que assegurem o sucesso da sua utilização:

Os leitões devem estar aquecidos no momento do consumo, o suplemento deve fornecer energia suficiente aos leitões, sem torná-los letárgicos e sem lhes dar uma sensação prolongada de saciedade, a suplementação deve ocorrer enquanto a porca ainda produz colostro (antes das 12 horas pós-parto), sendo ideal o fornecimento de pelo menos duas doses nas primeiras 24 horas.

40 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Fêmeas hiperprolíficas: existe manejo ideal durante a lactação?


ASSISTÊNCIA AO PARTO A assistência ao parto é fundamental, exigindo instrução dos colaboradores para desobstrução

MAMADA PARCELADA

das vias aéreas, secagem e manutenção de uma fonte de calor aos leitões, o que traz melhorias na sobrevivência e no desempenho dos leitões.

Aproximadamente 30% das porcas hiperprolíficas fornecem quantidade insuficiente de colostro para as suas leitegadas.

Devido à duração média dos partos de porcas hiperprolíficas ultrapassar os 450 minutos, existe

manejo

um risco de que os leitões nascidos mais tarde não estejam adquirindo colostro em quantidade e qualidade suficientes.

Dessa forma, a mamada parcelada ajuda a garantir que todos os leitões ingiram colostro de sua própria mãe.

Para isso, o manejo é realizado dividindo-se a leitegada em dois O manejo de colostragem é fundamental para assegurar o bom desenvolvimento dos leitões, haja vista eles nascerem sem nenhum tipo de anticorpo. Portanto, ajudar os leitões a encontrar um teto logo após o nascimento pode reduzir a mortalidade. Protocolos mais complexos com administração de colostro

grupos demarcados, que são alternados a cada 90 minutos, garantindo que os leitões mamem com sucesso várias vezes nesse período. Alternar esses grupos pelo menos durante as primeiras 12 horas pós-parto é o ideal.

bovino e oxigênio também demonstram efeitos benéficos sobre a mortalidade e desempenho dos leitões.

41 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Fêmeas hiperprolíficas: existe manejo ideal durante a lactação?


TRANSFERÊNCIA DE LEITÕES A transferência de leitões envolve a realocação de alguns ou todos os leitões

MÃE DE LEITE

de sua mãe para uma porca adotiva, ou a troca de leitões entre porcas, dependendo do tamanho, vigor e sexo dos leitões, bem como das características físicas dos tetos da porca, manejo que não deve ser realizado antes das

manejo

12 horas de vida.

A utilização de mães de leite é indispensável em rebanhos hiperprolíficos. Esse manejo pode ser realizado em um ou dois passos.

Nesse sentido, para que a transferência seja

Na estratégia de um passo, uma porca

bem-sucedida, alguns aspectos devem ser

que desmamou seus próprios leitões,

considerados, como a:

normalmente três semanas pós-

Avaliação do complexo mamário quanto aos tetos funcionais; Primíparas devem receber tantos leitões

parto, recebe leitões recém-nascidos excedentes de várias ninhadas para amamentar por mais três a quatro semanas.

quanto a glândula mamária permita; A transferência dos leitões deve ocorrer entre 12 e 24 horas após o nascimento e deve ser reduzida ao mínimo possível, para evitar a transmissão de doenças; e,

Já a estratégia de dois passos envolve duas porcas: a primeira desmama seus próprios leitões três semanas pós-parto e recebe uma leitegada inteira da segunda porca, a qual amamentou os seus próprios leitões por cinco

Leitões muito pequenos ou muito

a sete dias pós-parto, e a segunda porca

grandes devem ser movidos e

recebe leitões recém-nascidos excedentes de

realocados para uma leitegada de

diferentes ninhadas.

tamanho similar.

De uma forma geral, o manejo em dois passos é o mais adequado, haja vista

Ainda, deve-se ressaltar que a transferência

o período da porca como mãe de leite

de leitões supranumerários em um

ser mais curto, bem como, a qualidade

lote de parição (comum em rebanhos

do leite oferecido aos leitões ser mais

hiperprolíficos) não resolverá o problema.

adequada à idade deles.

42 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Fêmeas hiperprolíficas: existe manejo ideal durante a lactação?


ALIMENTAÇÃO SUPLEMENTAR

CRIAÇÃO ARTIFICIAL A criação artificial se resume à remoção dos leitões de suas mães e alocação em locais especializados, onde serão alimentados com sucedâneo lácteo até a idade de desmame.

O fornecimento de sucedâneo para os leitões é uma estratégia alternativa para garantir o aporte nutricional aos leitões. Com o uso do sistema de aleitamento suplementar, as porcas podem suportar um maior número de leitões do que o

Esse ambiente deve conter fonte de calor

Apesar desse sistema ser uma

para garantir o conforto térmico dos

possibilidade por minimizar o uso

leitões, cochos de leite e água, bem como o

de mães de leite, é um sistema de

fornecimento de ração na forma de creep-

manejo que apresenta custo elevado.

feeeding. Essa tecnologia pode ser usada

Ainda, deve-se ressaltar que esse sistema de

em substituição às mães de leite, e o fato de

alimentação não fornece a mesma qualidade

os leitões serem alimentados ad libitum em

nutricional do leite de porca e, assim,

um ambiente controlado, no qual o risco de

predispõe a um maior índice de brigas entre

esmagamento é inexistente, torna-a bastante

os leitões pelo acesso ao teto.

manejo

número de tetos que possuem.

atraente. Os benefícios do creep-feeding para os leitões No entanto, os sistemas de criação artificial representam um investimento financeiro bastante elevado, bem como suscita preocupações quanto à separação

a partir dos 10 dias de idade estão relacionados à garantia de um aporte nutricional, haja vista a impossibilidade de produção de leite para toda a leitegada, bem como, pelos benefícios associados à adaptação digestiva precoce dos leitões, onde

antecipada da porca, o que pode ser considerada uma forma de desmame precoce e, consequentemente, não seguir as diretrizes da IN 113 do MAPA.

o consumo de ração acarreta em secreções de enzimas digestivas e desenvolvimento intestinal, preparando adequadamente os leitões para o desmame.

43 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Fêmeas hiperprolíficas: existe manejo ideal durante a lactação?


Várias são as estratégias para minimizar o impacto negativo causado por leitegadas grandes. No entanto, não existe uma solução exata e perfeita que consiga extinguir os efeitos deletérios causados por essa característica.

manejo

Nesse sentido, o uso pactuado de diferentes tecnologias se faz necessário para garantir as vantagens econômicas do aumento de número de nascidos.

Ainda, deve-se ressaltar a avaliação cuidadosa da manutenção de leitões CIUR no plantel, haja vista essa característica trazer prejuízos econômicos para a saúde e bem-estar dos animais.

Fêmeas hiperprolíficas: existe manejo ideal durante a lactação?

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44 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Fêmeas hiperprolíficas: existe manejo ideal durante a lactação?


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VIDA INTRAUTERINA PODE INFLUENCIAR O DESENVOLVIMENTO GASTRINTESTINAL DOS SUÍNOS? A

saúde intestinal

Thaís Garcia Santos1, Letícia Pinheiro Moreira1, Ana Luísa Neves Alvarenga Dias2 e Fernanda Radicchi Campos Lobato de Almeida1 1Departmento de Morfologia, ICB, Universidade Federal de Minas Gerais. 2Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia. E-mail: falmeida@icb.ufmg.br

Introdução Saúde intestinal tem sido um termo muito utilizado recentemente. Contudo, a sua definição ainda não está clara. Em humanos, a saúde intestinal está inicialmente relacionada às doenças inflamatórias. Por outro lado, o foco em suínos é baseado na prevenção de doenças e maximização do desempenho, por meio do aproveitamento de nutrientes e eficiência de crescimento.

46 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | A vida intrauterina pode influenciar o desenvolvimento gastrintestinal dos suínos?


Este fato proporcionou o aumento no

vários fatores. Dentre eles insultos

número de conceptos (fetos e suas

durante a vida pré-natal, comprometendo

membranas), mas o tamanho do útero não

o desenvolvimento fetal, podem ser

acompanhou tal incremento, tornando o

considerados a fonte primária de prejuízos

espaço uterino e a eficiência placentária

para a mesma.

limitados.

Há evidências de que a nutrição

Assim, o peso dos leitões ao

inadequada e a capacidade uterina

nascimento tornou-se cada vez

limitada seriam os principais

mais heterogêneo, sugerindo

insultos capazes de comprometer o

uma correlação negativa entre o

desenvolvimento fetal na espécie suína.

número de leitões e o peso médio

saúde intestinal

A saúde intestinal é influenciada por

ao nascer.

Neste contexto, a privação de nutrientes durante a vida intrauterina poderia alterar o metabolismo fetal, levando a alterações permanentes na estrutura, função e metabolismo corporal.

Leitões que apresentam baixo peso ao nascimento podem representar até 30% de uma leitegada, sendo considerado a principal causa da redução da sobrevida neonatal, incluindo o atraso

Os avanços do melhoramento

do crescimento pós-natal.

genético na suinocultura têm propiciado a geração de fêmeas com alta performance reprodutiva, capazes de conceber

30%

leitegadas numerosas.

47 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | A vida intrauterina pode influenciar o desenvolvimento gastrintestinal dos suínos?


Desenvolvimento do sistema gastrintestinal na espécie suína Em suínos, a principal causa do baixo peso é a restrição intrauterina de crescimento (RIUC), condição em que o feto não atinge o potencial de crescimento devido a insuficiência placentária. Nesta espécie, portanto, a RIUC ocorre de forma natural e severa.

O desenvolvimento do trato gastrintestinal em mamíferos é influenciado tanto por fatores genéticos e hormonais quanto pela transição da nutrição parenteral para a nutrição enteral após o nascimento. A maturação intestinal é particularmente rápida durante o período perinatal, sendo induzida por nutrientes e moléculas bioativas presentes no colostro e no leite, que primariamente, são absorvidas pelos enterócitos.

saúde intestinal

Em um ambiente uterino desfavorável, uma das estratégias de sobrevivência fetal é o redirecionamento do fluxo sanguíneo para o cérebro em detrimento de órgãos como o intestino delgado, o que compromete o seu desenvolvimento normal. Esta condição contribui para o baixo peso permanente e o desenvolvimento de doenças entéricas, aumentando a intensidade de medicação

Estas células têm função de absorver proteínas do líquido amniótico, colostro e macromoléculas como hormônios, imunoglobulinas e fatores de crescimento. Isto é particularmente importante para os suínos, já que a placenta desta espécie não permite que as imunoglobulinas sejam transferidas para o feto durante a gestação.

e os custos associados.

Neste sentido, a fim de maximizar o crescimento desses animais, a demanda nutricional tem sido elevada em todas as fases de crescimento. No entanto, ainda é necessário ampliar o conhecimento sobre a capacidade digestiva e imunológica do intestino delgado de leitões acometidos pela RIUC nas diversas fases do ciclo de produção.

48 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | A vida intrauterina pode influenciar o desenvolvimento gastrintestinal dos suínos?


Nas primeiras semanas de vida, mudanças importantes ocorrem no intestino. Aumento do fluxo sanguíneo para a mucosa e redução da resistência vascular basal,

A domesticação dos suínos desacelerou o desenvolvimento estrutural e funcional da mucosa do trato gastrintestinal, sendo o desmame precoce um dos grandes contribuintes para tal fato. Em condições comerciais, a

Acúmulo de proteínas do colostro

transição do desmame implica em mudanças

nos enterócitos,

repentinas da dieta do leite materno para a

Aumento da mitose destas células e

e a mudança para um novo ambiente em uma

inibição de sua morte.

idade mais jovem do que seria em condições

ração. Além disso, a separação abrupta da mãe

à maturação do intestino, ou seja, a mudança para um tipo adulto de digestão e absorção.

naturais ocasiona grande estresse fisiológico.

saúde intestinal

Este processo está estritamente associado

Em suínos, o desmame precoce contribui com inúmeras disfunções fisiológicas intestinais, como: Redução da atividade mitótica nas

A maturação intestinal inclui também mudanças marcantes no peso relativo do intestino delgado, na atividade enzimática da borda em escova, bem como na capacidade de transporte de íons e nutrientes, sendo tais mudanças mediadas em parte pela alteração da dieta.

Além da estimulação da dieta, um aumento temporário nos níveis circulantes de cortisol após o desmame desempenha papel importante na maturação bioquímica deste órgão.

criptas, Aumento da morte dos enterócitos, Substituição mais lenta de enterócitos imaturos pelos do tipo adulto e Modificação do perfil de enzimas da borda em escova.

O conjunto destes fatores pode resultar em uma redução significativa da digestibilidade dos nutrientes na primeira semana após o desmame, levando a consequências na saúde e no desempenho subsequente dos animais.

49 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | A vida intrauterina pode influenciar o desenvolvimento gastrintestinal dos suínos?


Consequências da RIUC para o desenvolvimento do intestino delgado

Leitões recém-nascidos acometidos por esta

Inúmeros estudos têm demonstrado que em

absorção intestinal. Constatou-se menor

suínos, a RIUC pode prejudicar o desenvolvimento

espessura da mucosa, criptas mais profundas

do duodeno, jejuno e íleo desde o nascimento

e menor relação altura de vilosidades /

até a vida adulta. Leitões acometidos por RIUC

profundidade de criptas. Contudo, mesmo

apresentam menor peso e comprimento do

apresentando alterações estruturais, não foram

intestino delgado, que pode ser consequência da

observadas alterações na atividade enzimatica

menor expressão de receptor de hormônio de

(Tabela 1).

condição apresentaram redução da área

saúde intestinal

crescimento (GH) na mucosa. A RIUC compromete a integridade da

Em contrapartida, em leitões de 65

mucosa intestinal e por consequência

dias de idade, a atividade enzimática

prejudica a colonização da

da quimiotripisina foi diminuída,

microbiota. Por exemplo, alterações

sendo observada redução da atividade

na quantificação de bactérias dos

enzimática da amilase em animais de

gêneros Firmicutes, Proteobacteria,

150 dias (Tabela 2).

Ruminococcaceae, Lactobacillus e Ochrobactrum no intestino delgado foram associadas à RIUC em suínos nas fases de crescimento e podem servir como um alvo futuro para a intervenção

Portanto, são animais que

da microbiota intestinal nestes animais.

apresentam problemas de

Neste grupo de animais, também foram

desempenho em função do

observados redução da diversidade

comprometimento da digestão

microbiana cecal e fermentação

de carboidratos e proteínas,

bacteriana no intestino grosso durante

principais componentes da dieta

a fase de crescimento.

nessas fases do ciclo de produção.

Estudos recentes indicam que, além do comprometimento estrutural e funcional do intestino delgado, existe o comprometimento imunológico deste órgão. Por exemplo, após o desmame, leitões acometidos por RIUC aumentaram a expressão de fatores que favorecem o processo inflamatório em comparação aos irmãos nascidos com peso normal.

50 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | A vida intrauterina pode influenciar o desenvolvimento gastrintestinal dos suínos?


Tabela 1. Parâmetros histomorfométricos do intestino delgado de suínos de peso normal ao nascimento (PN) e acometidos pela restrição intrauterina de crescimento nas diferentes fases do ciclo de produção. Parâmetros

Recém-nascido

26 dias

PN

RIUC

PN

Altura do vilo (μm)

446 ± 26

441 ± 21

Profundidade da cripta (μm)

124 ± 4

Altura da mucosa (μm) Razão: Vilo/ Cripta

65 dias

150 dias

RIUC

PN

RIUC

PN

RIUC

306 ± 44

322 ± 49

313 ± 23a

193 ± 23b

395 ± 39a

245 ± 39b

111 ± 9

305 ± 19

287 ± 21

441 ± 22a

525 ± 22b

578 ± 67

554 ± 66

557± 53

571 ± 29

536 ± 103

486 ± 115

833 ± 37

785 ± 37

1054 ± 208

1236 ± 205

3,4 ± 0,3

4,0 ±0,2

1,0 ± 0,1

1,1 ± 0,1

0,7 ± 0,1a

0,3 ± 0,1b

0,6 ± 0,1

0,40 ± 0,01

Duodeno

Área de superficie do vilo (mm2)

0,20 ± 0,01 0,20 ± 0,01 0.13 ± 0.02 0,12 ± 0,03 0,14 ± 0,02a

0.0 ± 0.00b

0,25 ± 0,02a 0,12 ± 0,01b

Área absortiva (mm )

0,65 ± 0,03 0,60 ± 0,03 0,55 ± 0,10

a

0,57 ± 0,10

0,36 ± 0,02

0,67 ± 0,10a 0,42 ± 0,01b

2748 ± 257

3209 ± 481

4238 ± 254

0,5 ± 0,1

Células caliciformes/Cripta (mm2) 3415 ± 350 3306 ± 477 3222 ± 169 2862 ± 252 ab

b

4145 ± 256

Médias seguidas por letras diferentes, na linha, diferem (P<0,05).

Tabela 2. Atividade enzimática específica de enzimas do intestino delgado de suínos de peso normal ao nascimento (PN) e acometidos pela restrição intrauterina de crescimento nas diferentes fases do ciclo de produção Parâmetros

Recém-nascido

26 dias

PN

RIUC

PN

383 ± 93

417 ± 93

162 ± 35

65 dias RIUC

PN

150 dias RIUC

PN

RIUC

73 ± 12

71 ± 11

84 ± 11

Duodeno Lactase (U/mg)

132 ± 35

92 ± 13

Amilase (U/mg)

1,00 ± 0,40 1,55 ± 0,30 1,65 ± 0,40 0,39 ± 0,50

1,80 ± 0,20

1,55 ± 0,20 1,31 ± 0,10a 0,85 ± 0,10b

Lipase (U/mg)

0,12 ± 0,10 0,19 ± 0,10 0,08 ± 0,10 0,05 ± 0,10

0,04 ± 0,10

0,06 ± 0,10

0,03 ± 0,10

0,02 ± 0,10

Quimiotripsina (U/mg)

579 ± 150

201 ± 28

237 ± 53

267 ± 59

330 ± 80

376 ± 76

731 ± 104

532 ± 127

Tripsina (U/mg)

779 ± 165

400 ± 113

406 ± 91

242 ± 105

382 ± 103

635 ± 98

295 ± 73

115 ± 79

ab

Médias seguidas por letras diferentes, na linha, diferem (P <0.05).

51 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | A vida intrauterina pode influenciar o desenvolvimento gastrintestinal dos suínos?

saúde intestinal

2


saúde intestinal

Dessa forma, a limitação dos processos imunológicos e digestivos pode predispor a ocorrência de doenças metabólicas, elevadas morbidade e mortalidade. Especula-se, ainda, que as alterações morfofisiológicas e inflamatórias do intestino delgado sejam um dos principais contribuintes para o pior desempenho desses animais acometidos pela RIUC ao longo da sua vida pós natal.

A vida intrauterina pode influenciar o desenvolvimento gastrintestinal dos suínos?

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Referências sob consulta dos autores.

52 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | A vida intrauterina pode influenciar o desenvolvimento gastrintestinal dos suínos?



NUTRIÇÃO

SUSTENTÁVEL DE

SUÍNOS

Lúcio Francelino Araújo1, Luiz Antônio Vitagliano, Carlos Alexandre Granghelli1, Cristiane Soares da Silva Araújo2 1Universidade de São Paulo, Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos - lfaraujo@usp.br 2Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

Nutrição

A abordagem sobre o tema nutrição sustentável de suínos é, ao mesmo

Por outro lado, é desafiadora já que a

tempo, empolgante e desafiadora.

nutrição sustentável apresenta diferentes facetas, dentre as quais pode-se destacar o aspecto econômico, o ambiental e o nutricional propriamente dito.

Empolgante porque a suinocultura é uma atividade dinâmica e que oferece grandes oportunidades para o seu

ECONÔMICO

crescimento e desenvolvimento.

NUTRICIONAL

54 SuínoBrasil 2º trimestre 2022 | Nutrição sustentável de suínos

AMBIENTAL


É fato que o fator mais oneroso do custo de produção de suínos é sua alimentação. O aumento na demanda

A produção de suínos é a atividade

pela produção de carne suína, em

que produz a maior quantidade de

função da peste suína africana

dejetos por quilograma de peso

que surgiu em diferentes partes do

animal vivo.

mundo, bem como a elevação do custo dos principais ingredientes que intensificado pelos conflitos que ocorrem em alguns países europeus, contribuíram para o agravamento desta situação. Assim sendo, a busca de alternativas nutricionais para a redução dos custos de produção torna-se ferramenta indispensável para atender adequadamente a exigência dos animais de forma sustentável.

Ademais, ressalta-se o fato de que os animais aproveitam somente uma parcela dos nutrientes que são ingeridos por meio da dieta consumida. Esta condição representa uma dupla perda já que, se estes dejetos não forem adequadamente manejados, os nutrientes presentes na sua composição trarão um desequilíbrio ambiental pela contaminação dos solos e dos mananciais de água, além da indisponibilidade de parte dos nutrientes que são eliminados pela falta de utilização pelo animal.

Estima-se que 20% das enfermidades que atingem o homem, especialmente as crianças estão, direta ou indiretamente, ligadas às contaminações da água.

55 SuínoBrasil 2º trimestre 2022 | Nutrição sustentável de suínos

Nutrição

fazem parte das dietas dos animais,


No caso dos animais em terminação, estima-se que chegam a excretar até 75% do nitrogênio e 76% do fósforo ingerido (Figura 1).

NITROGÊNIO

38

46

67

CRESCIMENTO

75

76 Figura 1: Porcentagem de excreção de nutrientes em função da quantidade ingerida (Van der Peet- Schwering et al., 1999)

TERMINAÇÃO

Nutrição

DESMAMADOS

63

FÓSFORO

Neste sentido, uma das alternativas que pode ser utilizada para minimizar estes impactos seria o uso de enzimas exógenas na dieta.

Redução na excreção de nutrientes.

Em 1925, o Dr. George Hervey publicou o primeiro trabalho demonstrando o potencial das enzimas em melhorar o desempenho e a digestibilidade de nutrientes em animais. A partir de então, novas pesquisas foram desenvolvidas e, atualmente, o uso de enzimas na nutrição de suínos é uma realidade e apresenta pelo menos três objetivos principais:

56 SuínoBrasil 2º trimestre 2022 | Nutrição sustentável de suínos

Minimização do impacto ambiental.

Diminuição do custo da formulação e, consequentemente.


O desmame é um dos momentos mais importantes no sistema de criação de suínos. Atualmente, o uso de blends de enzimas

Neste período, os leitões são separados

podem ser destinados para os diferentes

abruptamente das porcas, transportados e

estágios de produção e é dependente do

alojados em uma nova instalação. Somam-

tipo de ingrediente utilizado nas dietas,

se a estes fatos, a convivência com animais

bem como do seu custo de inclusão.

provenientes de outras leitegadas bem como a ingestão de dietas com uma textura diferente da que se alimentavam anteriormente, o que os

Há que se ressaltar a importância de compreender como estas

tornam mais propensos a apresentarem quadro de diarreia.

enzimas trabalham conjuntamente para hidrolisar seu respectivo substrato bem como o seu modo de ação nas dietas para maximizar a eficiência produtiva.

O mecanismo de ação do óxido de zinco ainda não está completamente elucidado. No entanto, tem sido demonstrado melhorias: saúde intestinal,

de uma nutrição sustentável seria o uso de

aumento na digestibilidade e absorção

Nutrição

Outro fator relacionado com a importância

de nutrientes,

doses terapêuticas de óxido de zinco na

redução de citocinas pró-inflamatórias,

dieta de suínos, notadamente de leitões.

ação antioxidante, etc.

Desta forma, o óxido de zinco é comumente utilizado, especialmente nas dietas de leitões desmamados, com a finalidade de prevenir o surgimento de diarreia e garantir o melhor desenvolvimento dos animais.

57 SuínoBrasil 2º trimestre 2022 | Nutrição sustentável de suínos


Entretanto, a partir de junho de 2022 a União Europeia irá proibir o uso desta fonte de zinco, nos níveis atualmente praticados, e permitirá a sua utilização apenas como um aditivo alimentar, considerando-se uma inclusão máxima de 150 ppm do mineral na dieta.

Em estudo conduzido por Bak et al. (2015) no período de 1986 a 2014, a aplicação de dejetos suínos ricos em zinco aumentou a

Estas medidas foram tomadas com o

sua concentração no solo de 2-5% para 24%

objetivo de diminuir o impacto ambiental,

o que pode propiciar riscos significativos

já que os níveis de zinco administrados

para espécies aquáticas devido à lixiviação

são considerados excessivos e, como

do elemento dos campos fertilizados para as

parte deste mineral não será utilizada pelo

águas subterrâneas.

animal, o excedente será excretado para o

Nutrição

meio ambiente. Além disso, o excesso de zinco prejudica a: absorção de outros oligominerais, altera a composição da população bacteriana intestinal e aumenta a incidência de genes tolerantes aos antibióticos.

Neste sentido, uma das alternativas para a diminuição na excreção deste mineral seria o uso de fontes orgânicas/quelatos de zinco. Por conta de suas características físicoquímicas, o zinco é um elemento não volátil, não degradável e sua dispersão contínua de longo prazo dos dejetos nas culturas pode aumentar progressivamente sua concentração em solos e águas subterrâneas, atingindo níveis perigosos para a vida vegetal e animal.

Isto se deve ao fato de que podem ser utilizadas em menor quantidade, são mais biodisponíveis que as fontes inorgânicas proporcionando, desta maneira, melhor taxa de eficiência de sua utilização pelos animais. Entretanto, estas fontes por si mesmas, não apresentam potencial para prevenir e controlar a diarreia pós-desmame.

58 SuínoBrasil 2º trimestre 2022 | Nutrição sustentável de suínos


Diante deste contexto, embora existam diferentes aditivos disponíveis, que possuem ação comprovada no controle de bactérias patogênicas causadoras de diarreia, um dos grandes desafios da indústria é encontrar o melhor caminho para substituir o uso de óxido de zinco na

Vale destacar que os tópicos mencionados

dieta de leitões.

anteriormente podem ser empregados

Provavelmente, ainda não se tenha um único aditivo alimentar que seja tão eficiente quanto o óxido de zinco no controle da diarreia, no entanto

neste conceito, já que se objetiva também a redução de custos da dieta, a diminuição da contaminação ambiental bem como melhor desenvolvimento dos animais. Nutrição

existem potenciais produtos no mercado que compartilham vários dos mecanismos de ação desta fonte inorgânica de zinco. Por último, mas não menos importante, destaca-se a nutrição sustentável de

Com o emprego da nutrição de precisão, é possível reduzir os custos de produção em até 8%, a excreção de fósforo e proteínas em até 25% e a emissão de gases em até 6%.

suínos baseada no conceito de nutrição de precisão. Existem várias ferramentas que podem ser utilizadas para o emprego da nutrição de A nutrição de precisão adota uma

precisão, no entanto destaca-se as equações

abordagem em que o nutricionista

de predição que são desenvolvidas para

fornece ao animal a quantidade

buscar associar o melhor desenvolvimento

adequada de nutrientes proporcionando

dos animais em diferentes situações:

a máxima expressão de seu potencial genético com o menor custo de produção possível.

estresse pelo calor, menor conversão alimentar, peso desejado dos animais para o abate, etc.

59 SuínoBrasil 2º trimestre 2022 | Nutrição sustentável de suínos


O consumo de rações por fases é

3 fases Multifases

SEM

P, %

Consumo médio diário, kg/dia

2,460

2,480

0,030

0,602

Ganho de peso médio diário, g/dia

949

972

7,5

0,078

Conversão alimentar, kg/kg

2,58

2,59

0,023

0,775

Ingestão proteica, kg

35,4

32,8

0,42

0,005

Retenção proteica, kg

13,1

13,1

0,09

0,801

Excreção N, kg

3,57

3,15

0,067

0,005

Ingestão P, g

1.040

1.006

12,7

0,103

Excreção P, g

676

663

14,8

0,553

Retenção P, g

364

343

8,3

0,117

Custo (U$/animal)

78,42

77,41

-

-

fundamental para ajustar de forma mais adequada as necessidades nutricionais dos suínos. Animais durante a fase de engorda apresentam aumento no consumo de alimentos em contraste com a diminuição das suas exigências nutricionais. Desta maneira, quanto menor o número de fases das rações fornecidas num programa alimentar para os animais neste período, maior será o custo de produção e menor a sua eficiência alimentar (Tabela 1).

Nutrição

A qualidade dos ingredientes não pode ser deixada a segundo plano. Independentemente da região geográfica, os principais ingredientes de uma dieta de suínos representam commodities que podem ser comercializados em qualquer parte do mundo. É preciso atentar para este fato, pois a composição bromatológica dos nutrientes pode ser influenciada pela constituição do solo, pela adubação, pelas condições climáticas, dentre outros.

Por isso, a análise dos ingredientes utilizados em uma dieta, antes de sua formulação, é essencial para garantir a redução nos custos e assegurar a quantidade adequada de nutrientes requerida pelos animais.

60 SuínoBrasil 2º trimestre 2022 | Nutrição sustentável de suínos

Tabela 1: Efeito da quantidade de fases, num programa de alimentação, sobre o desempenho de suínos durante o crescimento e a terminação.


Tratamentos

PB (%)

EM Kcal/kg

P disp (%)

Lis (%)

Met (%)

Tre (%)

Trip (%)

Integração

45,32

2.205

0,206

2,466

0,523

1,462

0,562

Universidade

44,39

2.166

0,197

2,417

0,496

1,412

0,542

Inverno

43,21

2.172

0,194

2,327

0,462

1,345

0,512

Outono

45,05

2.148

0,204

2,472

0,517

1,450

0,558

Primavera

45,14

2.191

0,202

2,487

0,520

1,463

0,565

Verão

46,03

2.231

0,204

2,482

0,540

1,490

0,573

Local

Estações

Tabela 2: Composição nutricional do farelo de soja utilizado em diferentes localidades e em estações do ano.

nutricional do farelo de soja utilizado nas dietas produzidas na Universidade e em uma empresa Integradora nas diferentes estações do ano. Foi possível observar que pode ocorrer uma diferença de até 16,9% no conteúdo de metionina, 10,90% de triptofano, 6,7% de lisina e 6,5% no teor de proteína bruta.

Baseado nestas considerações, o emprego de uma nutrição sustentável na suinocultura possibilita: Nutrição

Utimi (2016) avaliou a composição

Utimi, 2016

a diminuição dos custos, a redução da contaminação ambiental e a otimização do sistema de produção por meio da prática do conceito de nutrição de precisão. Desta forma, é possível assegurar a sustentabilidade da atividade e melhorar o retorno econômico para o produtor.

Nutrição sustentável de suínos

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61 SuínoBrasil 2º trimestre 2022 | Nutrição sustentável de suínos


COMPLEXOS MULTI-ENZIMÁTICOS MELHORAM A DIGESTIBILIDADE E DESEMPENHO NOS SUÍNOS

nutrição

Autores: Equipe Adisseo

E

xistem inúmeras interações entre enzimas, substratos e os

órgãos do trato digestivo. Por conta disso, a avaliação dos efeitos das enzimas por si só não é suficiente, a interação das enzimas com cada substrato deve ser levada em consideração.

62 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Complexos multi-enzimáticos: melhoram a digestibilidade e desempenho nos suínos


Em associação, as enzimas irão atacar fatores antinutricionais que são encontrados em cada combinação de matérias primas, liberando seus nutrientes. Compreender estes efeitos sobre a saúde intestinal, é a melhor maneira de avaliar as melhorias na digestibilidade dos alimentos.

O resultado da combinação de diferentes enzimas é o que a Adisseo

nutrição

coletivos, assim como sua influência

chama de Efeito Feedase. Este efeito descreve os resultados da ação de inúmeras enzimas exógenas (utilizadas simultaneamente) na digestibilidade, assim como na liberação de energia e de

A atividade sinérgica de diferentes enzimas é capaz de aumentar a degradação de mais polissacarídeos não-amiláceos (PNAs), reduzindo seus efeitos antinutricionais e melhorando os processos digestivos.

nutrientes. Em outras palavras, é o efeito global de um complexo multienzimático sobre o substrato da dieta e sobre o próprio animal - em relação à digestibilidade e à saúde intestinal - resultando em um desempenho melhor e mais preciso.

63 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Complexos multi-enzimáticos: melhoram a digestibilidade e desempenho nos suínos


Melhora na digestibilidade com Rovabio® Advance Melhoria da digestibilidade em leitões Para demostrar a capacidade de um complexo de carboidrases (Rovabio® Advance) de liberar nutrientes provenientes da porção indigestível da dieta, um estudo foi realizado para avaliar a digestibilidade em leitões alimentados com

nutrição

dietas à base de trigo, cevada e soja.

O estudo envolveu 60 leitões desmamados (Large White x Landrace) entre 28 e 70 dias de idade. O ensaio foi realizado na Adisseo, no “Centro de Expertise e Pesquisa em Nutrição Animal” (CERN), em Commentry, França (Ref 1). O programa de alimentação era composto por duas fases:

A alimentação foi oferecida ad libitum em pellets e Rovabio® Advance foi adicionado por aplicação pós-peletização.

Primeiramente uma dieta pós-desmame,

Durante o estudo (0-42 dias), a adição de

do dia 0 a 14

Rovabio® Advance resultou em (Tabela 01):

Uma segunda dieta, do dia 15 a 42.

Aumento significativo do peso final (+3.2%); Ganho de peso (+5.1%) e Taxa de conversão alimentar (-2.8%)

64 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Complexos multi-enzimáticos: melhoram a digestibilidade e desempenho nos suínos


Controle

+ Advance

Melhora (%)

7,00

6,90

-

14 dias

11.1

11.00

-0,9%

42 dias

27,70

28,60

+3,2%

451,00

458,00

+1,6%

Peso corporal, kg Inicial

Ingestão alimentar, g/dia 0-14 dias 14-42 dias

1100

1110

+1,3%

0-42 dias

882,00

894,00

+1,4%

0-14 dias

292,00

292,00

-

14-42 dias

594,00

630,00

+6,1%

0-42 dias

493,00

518,00

+5,1%

0-14 dias

1,549

1,571

+1,4%

14-42 dias

1,847

1.764

-4,5%

0-42 dias

1,774

1,725

-2,8%

Ganho de peso corporal, g/dia

nutrição

Taxa de conversão alimentar, g/dia

Tabela 1. Efeitos de desempenho com Rovabio® Advance. Controle: Dieta à base de trigo, cevada e farelo de soja.

Melhoria da digestibilidade em fêmeas suínas Para validar o conceito de digestibilidade global de alimentos, também foi mensurado o efeito de Rovabio® Advance em fêmeas suínas em término de gestação e durante o período de lactação. Parâmetros como escore de condição corporal e os efeitos subsequentes no desempenho da progênie foram registrados (Ref 2).

65 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Complexos multi-enzimáticos: melhoram a digestibilidade e desempenho nos suínos


Rovabio® Advance aumentou significativamente (Figura 1):

Melhora na digestibilidade com Rovabio® Advance Phy

Número de leitões nascidos vivos em 4.4%; Peso dos leitões ao nascimento em 6.3% e

Número de leitões

alimentação de suínos para limitar o uso de fósforo inorgânico e melhorar

Peso ao desmame em 5.3%.

14,00 13,50 13,00 12,50 12,00 11,50

As fitases também são utilizadas na

a digestibilidade de P e Ca pela degradação dos fitatos.

Tamanho de leitegada a

A fim de demonstrar a sinergia de

b

diferentes enzimas no desempenho de suínos em crescimento, uma multi-carbohidrase foi adicionada à fitase, formando o complexo Rovabio®

leitões nascidos vivos

Controle

leitões desmamados

Advance Phy, da Adisseo.

Controle + Rovabio Advance

kg

nutrição

O estudo realizado na Universidade

6,00 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00

Peso dos leitões b

a

Estadual de Dakota do Sul avaliou o efeito do Rovabio® Advance Phy no desempenho de suínos em crescimento e em terminação (Jezez-Bogota et al., 2020).

b

a

peso ao nascimento

Controle

peso ao desmame

Controle + Rovabio Advance

Figura 1. Resultados em leitões: desempenho da leitegada

Estes resultados demonstram que o uso de Rovabio® Advance oferece uma maior quantidade de nutrientes às porcas, o que favorece a gestação de um número maior de leitões mais pesados. Da mesma maneira, Rovabio® Advance oferece um suporte nutricional melhor para as porcas durante o período de lactação, resultando em leitões mais pesados ao desmame.

66 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Complexos multi-enzimáticos: melhoram a digestibilidade e desempenho nos suínos


machos Duroc foram utilizados no experimento realizado no Centro de Educação e Pesquisa em Suínos da Universidade Estadual de Dakota do Sul (Brookings, SD), nos EUA. Cinco dietas tradicionais americanas, à base de milho-trigosoja foram formuladas da seguinte forma: Controle Positivo (CP): Especificações de nutrientes com base no NRC (National Research Council) de 2012. Controle negativo 1 (CN1): -3% NE, -3% AAd, -0,134% Pd, -0,119% Ca Controle negativo 2 (CN2): -5% NE, -5% digAA, -0,134% Pd, -0,119% Ca CN1+Rovabio® Advance Phy

a a

ab bc

Cp

c

CN1

CN1 + Ad Phy

CN2

CN2 + Ad Phy

Gráfico 1. O complexo de multi-carboidrases com fitase (Rovabio® Advance Phy) melhorou eficiência alimentar em suínos. Estes dados demonstram que a adição do complexo multi-carboidrases com fitase, foi capaz de recuperar o desempenho reduzido causado pelas dietas com níveis nutricionais inferiores. A redução nos nutrientes permitida pela inclusão do Rovabio® Advance Phy resultou em uma economia de €20/t de ração em comparação ao controle positivo, o que equivale a €4,50 por animal. A melhora no desempenho pode

CN2+Rovabio® Advance Phy

ser explicada principalmente por um aumento na digestibilidade aparente total (DAT) da matéria seca, energia bruta,

Ao longo de todo o período de

proteína bruta e fósforo (Gráfico 2).

crescimento (34 a 120 kg de peso corporal), os suínos alimentados com qualquer uma das dietas de controle negativo, sem enzimas, tiveram desempenho reduzido em relação ao

DAT(%)

grupo controle positivo.

A adição de Rovabio® Advance Phy às duas dietas controle negativo resultou em melhor desempenho. O gráfico 1 mostra que eficiência alimentar atingiu pelo menos o mesmo nível do controle positivo.

90 a ab 80 bc c c 70 60 50 40 30 20 10 0

a

bc c c ab

a

bbba

ab ab a bc b

Matéria seca Energia bruta Proteína bruta

CP CN1 CN1 + Rovabio Advance Phy

Fósforo

CN2 CN2 + Rovabio Advance Phy

Gráfico 2. Efeito do tratamento dietético na DAT de matéria seca, energia bruta, proteína bruta e fósforo

67 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Complexos multi-enzimáticos: melhoram a digestibilidade e desempenho nos suínos

nutrição

cruzamento de fêmeas Landrace-Large White e

Proporção do ganho alimentaer

Um total de 276 suínos híbridos provenientes do

0,39 0,38 0,37 0,36 0,35 0,34


digestíveis podem ser reduzidos em 5%, junto de uma redução de 0,134% de P digestível e 0,114% de Ca na dieta de suínos – sem nenhum efeito negativo no desempenho zootécnico ou no conteúdo mineral dos ossos (Gráfico 3).

Cinza óssea (fêmur), %

Isso significa que a EL e os aminoácidos

45 40 35 30 25 20 15 10 5 0

a

a

a

ab

b

CP

CN1

CN2

CN1 + CN2 + Rovabio® Rovabio® Advance Phy Advance Phy

Gráfico 3. Efeito do tratamento no conteúdo mineral dos ossos (fêmur)

nutrição

Conclusão A nutrição de suínos é afetada pela qualidade de matérias-primas e pelo nível de fatores antinutricionais nas dietas. Suínos hiperprodutivos são geneticamente capazes de melhorar seu desempenho quando recebem quantidades adequadas de nutrientes, porém, o aumento nos níveis nutricionais das dietas demanda um alto investimento. Independentemente do custo das dietas, o custo de matérias primas como milho, trigo e soja são sempre relativamente elevados, obrigando

A utilização de um complexo multicarbohidrase mais fitase, tendo sua recomendação de uso desenvolvida sob a abordagem Feedase, pode ser uma solução para ambas as questões, oferecendo equilíbrio ideal entre produção e investimento. Esta abordagem pode fornecer melhorias no desempenho por um custo menor de produção, ou diminuir o custo de alimentação enquanto mantém os níveis de desempenho dos animais.

nutricionistas e produtores a equilibrarem as especificações e o custo das dietas, com objetivo de otimizar os custos nutricionais com ração por kg de peso vivo produzido.

Essa é a solução exigida pela indústria de produção animal. Mais de 20 estudos científicos diferentes realizados in vivo corroboram o efeito

Complexos multi-enzimáticos: melhoram a digestibilidade e desempenho nos suínos

Feedase destes dois complexos multi-

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Advance Phy) em suínos em todo o mundo,

enzimáticos (Rovabio Advance e Rovabio permitindo que a Adisseo possa fazer a

Referências internas (Ref1 e Ref2) - relatórios de estudos estão disponíveis mediante solicitação.

recomendação ideal que se adapte às condições de cada produção.

68 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Complexos multi-enzimáticos: melhoram a digestibilidade e desempenho nos suínos



INTESTINO,

O MAIOR ÓRGÃO IMUNE DO ORGANISMO – PARTE I Cândida Azevedo¹; Henrique Cancian² ¹Zootecnista, MsC em Zootecnia e DsC em Ciência Animal e Pastagens; ²Zootecnista.

saúde intestinal

A

s células imunes e estruturas linfoides presentes no trato gastrintestinal (TGI) constituem o maior órgão imune do organismo. As bases do sistema imunológico associado à

mucosa intestinal são divididas em cinco esferas, sendo elas:

1

Barreira epitelial, barreira física, camada de células epiteliais (enterócitos

3

Placas de Peyer, local de início das respostas imunes adaptativas, estrutura

e colonócitos), células caliciformes

organizada de vários folículos linfoides

produtoras de muco (Células de Goblet),

com centros germinativos;

células de Paneth produtoras de substâncias bactericidas (defensinas), células transportadoras (células M),

4

linfócitos T intraepiteliais;

2

Tecido linfoide difuso, macrófagos, células dendríticas, mastócitos, linfócitos T efetores, células T reguladoras, plasmócitos secretores de IgA dispersos

Folículos linfoides isolados, local de

na lâmina própria da mucosa; e

início das respostas imunes adaptativas, estrutura organizada de populações de células imunes;

5

Linfonodos mesentéricos, local de início das respostas imunes adaptativas contra antígenos intestinais trazidos pelo sistema linfático (Gonçalves et al., 2016).

70 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Intestino, o maior órgão imune do organismo – Parte I


Microvilos

A superfície da mucosa é revestida por

Vesículas secretoras com mucina

um muco formado por mucinas, que são secretadas pelas células de Goblet e criam uma barreira que impede que partículas maiores, incluindo a maioria

Retículo endoplasmático rugoso

com a camada de células epiteliais

(Turner, 2009).

saúde intestinal

Complexo de Golgi

das bactérias, entrem em contato direto

Núcleo As mucinas contêm diferentes

Mitocôndria

oligossacarídeos e incluem glicoproteínas secretadas e de superfície celular. As mucinas secretadas, incluindo MUC2, MUC5 e MUC6, formam um gel hidratado de 300 a 700 μm de espessura que tem duas camadas: uma camada externa menos densa que normalmente é colonizada por bactérias e

Bactérias patogênicas

uma camada interna densa que está ligada ao epitélio e é livre de bactérias.

Mucina

Epitélio intestinal

71 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Intestino, o maior órgão imune do organismo – Parte I


As células de Paneth, situadas nas criptas

A expressão de REGIIIγ por células

do intestino delgado, secretam α-defensina.

epiteliais intestinais requer sinais

Enquanto que no cólon, β-defensinas são

de receptores Tool Like (TLRs) em

produzidas por células epiteliais absortivas nas

resposta a organismos comensais,

criptas intestinais, algumas constitutivamente e

e sua produção é aumentada após

outras em resposta à citocina pró-inflamatória

colonização e infecção por patógenos

IL-1 (Abbas et al., 2015).

(Abbas et al., 2015).

A resposta imune inata inicia a partir da mediação pelo reconhecimento de padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs), bem como pelos receptores celulares de reconhecimento de padrões (PRRs). Os TLRs funcionam como PRRs

saúde intestinal

em mamíferos e desempenham um papel essencial no reconhecimento de componentes microbianos e resposta imune inata.

Os TLRs são divididos em dois subgrupos, dependendo da sua localização celular e especificidade em relação aos respectivos PAMPs.

Um grupo é composto por TLR-1, TLR-2, TLR-4, TLR-5, TLR-6 e TLRAlém disso, as células de Paneth secretam uma lectina do tipo C, proteína γ derivada de ilhas de regeneração III γ (REGIIIγ), que bloqueia a colonização bacteriana na superfície epitelial. A REGIII γ e seu homólogo REGIIIα ligam-se ao peptidoglicano de bactérias Gram-positivas.

10 que são expressos em superfícies celulares e reconhecem componentes de membrana microbiana tais como lipídeos, lipoproteínas e proteínas. Já o outro grupo é composto por TLR-3, TLR-7, TLR-8 e TLR-9, que são expressos exclusivamente na vesícula intracelular e fazem o reconhecimento do DNA microbiano (Cario, 2005).

72 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Intestino, o maior órgão imune do organismo – Parte I


Nessas condições, o organismo animal, para ser efetivamente protegido, deve possuir sistemas de defesas que detectem

A ruptura da integridade da

e eliminem os microrganismos invasores de

barreira epitelial, caracterizada

maneira eficiente, preferencialmente sem

pelo aumento da permeabilidade

produzir dano tecidual e desconforto, função

intestinal, resulta na invasão tecidual

atribuída ao sistema imune adaptativo

por bactérias patogênicas, bem como

(Levinson, 2016).

no aumento dos antígenos dietéticos

As respostas imunes adaptativas

ao aumento da síntese de citocinas

no TGI são iniciadas em conjuntos

inflamatórias pelas células do sistema

discretamente organizados de linfócitos

imune na mucosa, podendo originar

e de células apresentadoras de

uma resposta imune exacerbada

antígenos intimamente associados ao

e patológica, culminando em um

revestimento da mucosa epitelial do

processo de inflamação intestinal

intestino, bem como nos linfonodos

(Gonçalves et al., 2016).

mesentéricos (Abbas et al., 2015).

saúde intestinal

intactos na mucosa intestinal que levam

RUPTURA DA INTEGRIDADE DA BARREIRA EPITELIAL Partículas de alimento

Transporte paracelular

Bactérias patogênicas Vírus

Bacterias comensais Muco

Glúten Transporte transcelular Toxina

Tight junctions saudáveis

Células sanguíneas

Ruptura tight junctions Fluxo sanguíneo

INTESTINO NORMAL/ SAUDÁVEL

INTESTINO LESIONADO

73 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Intestino, o maior órgão imune do organismo – Parte I


Tecidos linfoides organizados, não encapsulados, constituídos por células do sistema imunológico, são localizados associados às superfícies mucosas dos tratos

No GALT, o tecido linfoide está distribuído

respiratório, gastrointestinal e urogenital,

ao longo de estruturas, tais como:

e são chamados coletivamente de MALT

Os gânglios linfáticos

(mucosa-asssociated lymphoid tissue/tecido

(LN) mesentéricos,

linfoide associado a mucosa).

A lâmina própria (LP) como as placas de Peyer (PP) no íleo, ou

Especificamente na mucosa do

como agregados linfoides mais

TGI encontra-se o sistema GALT

difusos (Vega-Lopez et al., 2012).

(gut-associated lymphoid tissue), constituído por tecido linfoide denso

saúde intestinal

(Gonçalves et al., 2016).

CD4 f +

(CD)

MHC class II e Antígenos

a Células M

Lúmen intestinal

h

Cúpula subepitelial Naive CD4+ Placas de Peyer

Antígenos livres

Lâmina própria

TDA

b

Cripta Vasos linfáticos aferentes c

Fluxo Carreamento sanguíneo de antígenos por CD

Naive CD4+

Parede intestinal Linfonodo periférico

Distribuição sistêmica Fonte: Calder, 2013.

74 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Intestino, o maior órgão imune do organismo – Parte I

Linfonodo mesentérico

CD4+ tolerante

d

Vasos linfáticos eferentes


Além dessas estruturas, células apresentadoras de antígeno (APCs), células dendríticas (DCs) e macrófagos, células T, e áreas de células B, com centros germinativos na LP, e células natural killer (NK) compõem a estrutura do GALT (Cunha, 2013).

A principal via de distribuição de antígenos no lúmen para o GALT ocorre através de células especializadas, células microfold (M), que estão localizadas em regiões do epitélio intestinal denominadas de epitélio da cúpula ou associado ao folículo (FAE)

(Abbas et al., 2015).

proeminentes são as placas de Peyer,

Essas células possuem características

encontradas principalmente no íleo

morfológicas únicas, incluindo a presença

distal, e em pequenos agregados dos

de glicocálix reduzido, borda em escova

folículos linfoides ou folículos isolados

irregular e microvilosidades reduzidas. Vale

no apêndice e no cólon.

ressalta que, as células M são altamente

saúde intestinal

As estruturas do GALT mais

especializadas em fagocitose e transcitose de macromoléculas do lúmen intestinal, antígenos particulados e microrganismos As placas de Peyer têm a estrutura de folículos linfoides, com centros

patogênicos ou comensais através do epitélio (Mabbott et al., 2013).

germinativos contendo linfócitos B, células T auxiliares foliculares, células dendríticas foliculares e macrófagos. Os centros germinativos nos folículos são circundados por células B foliculares imaturas que expressam IgM e IgD. Uma região denominada cúpula localizada entre os folículos e o epitélio de revestimento contém linfócitos B e T, células dendríticas e macrófagos (Abbas et a., 2015).

75 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Intestino, o maior órgão imune do organismo – Parte I


Embora as células M exerçam um papel primordial na resposta imune contra microrganismos luminais, alguns microrganismos patogênicos evoluíram de forma a ludibriar o mecanismo de ação das células M, utilizando-as como rota de invasão pela barreira mucosa.

Na primeira parte do artigo “Intestino, o maior órgão imune do organismo” ressaltou-se a estrutura do tecido linfoide associado ao intestino (GALT). E na segunda parte será explorada a sequência do mecanismo de resposta imune do GALT, que inclui: Células dendríticas;

O melhor exemplo descrito é

saúde intestinal

o da Salmonella typhimurium,

Linfócitos T e B;

similar ao patógeno humano S. typhi, que causa febre tifoide. As células M

Citocinas inflamatórias.

expressam lectinas que permitem a ligação específica e a internalização dessas bactérias. As bactérias são citotóxicas para as células M, levando ao

Intestino, o maior órgão imune do organismo – Parte I

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aumento da permeabilidade intestinal e, posteriormente, à proliferação de microrganismos (Abbas et al., 2015).

76 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Intestino, o maior órgão imune do organismo – Parte I

Referências sob consulta dos autores.


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ROTAVIROSE SUÍNA:

EPIDEMIOLOGIA, PATOGENIA, SINAIS CLÍNICOS, DIAGNÓSTICO E CONTROLE DA DOENÇA patologia

Ricardo Yuiti Nagae¹, João Paulo Zuffo², Jônatas Wolf³ ¹Especialista corporativo saúde animal suínos ²Especialista corporativo saúde animal aves e suínos ³Gerente executivo saúde animal aves e suínos

INTRODUÇÃO

A

rotavirose é uma das principais gastroenterites virais em neonatos de diferentes espécies

animais, incluindo o homem. Apesar dos rotavírus estarem relacionados antigenicamente, o rotavírus suíno acomete apenas a espécie suína. Em suínos os surtos de diarreia ocorrem principalmente em leitões lactentes e recém desmamados causando perdas econômicas relacionados a mortalidade, refugagem, perda de peso e uso de medicamentos.

78 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Rotavirose suína: epidemiologia, patogenia, sinais clínicos, diagnóstico e controle da doença


A proteína VP6 (capsídeo intermediário) é um antígeno comum dos RV, denominado antígeno de grupo, que permite a

EPIDEMIOLOGIA

classificação dos RV em espécies, também denominados grupos de RV. Existem

A rotavirose suína está presente na maioria dos planteis mundiais e estudos mostram que a maioria dos suínos adultos apresentam sorologia

identificados 10 grupos (A-J), sendo que cinco afetam os suínos (A, B, C, D e H) onde o grupo A é o mais prevalente.

positiva ao agente, ou seja, são portadores. A doença é causada pelo rotavírus (RV) suíno, pertencente à família Reoviridae, gênero Rotavírus, vírus RNA de fita dupla, esférico, 70 a 100nm de diâmetro, capsídeo com simetria icosaédrica e sem camadas proteicas:

patologia

envoltório. O capsídeo é formado por três VP4

VP1/VP3

Capsídeo interno, dsRNA

VP2

Intermediário e Externo.

VP6

VP7

O seu genoma consiste em 11 segmentos de RNA de fita dupla que codificam seis proteínas estruturais: VP1, VP2, VP3, VP4,

Proteínas estruturais:

VP1, VP2, VP3, VP4, VP6 e VP7;

Proteínas não estruturais:

NSP1, NSP2, NSP3, NSP4 e NSP5 ou NSP6.

Segmento ARN

NSP1, NSP2, NSP3, NSP4 e NSP5 ou NSP6.

1 2 3 4

VP1 VP2 VP3 VP4

5

NSP1

6

VP6

7 8 9

NSP2 NSP3 VP7

10

NSP4

11

NSP5, NSP6

VP8* VP5* Proteina

VP6 e VP7 e seis proteínas não-estruturais:

Figura 1. Esquema estrutura do rotavírus. Corte transversal da partícula de rotavírus de tripla camada. Fonte: Crawford et al., 2017.

79 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Rotavirose suína: epidemiologia, patogenia, sinais clínicos, diagnóstico e controle da doença


PATOGÊNESE E SINAIS CLÍNICOS O período de incubação varia de 2 a 4 dias e a transmissão é fecal-oral. O vírus tem tropismo por enterócitos maduros e acomete o intestino delgado invadindo e destruindo as vilosidades do epitélio intestinal. O resultado é a atrofia das vilosidades que ocasionam a má absorção e diarreia osmótica, que dificultam a digestão de açúcares e transporte celular de nutrientes e eletrólitos que levam o leitão à:

patologia

Desidratação, Deficiência de energia e

A categoria de animais mais frequentemente afetada são os leitões

Hipoglicemia.

entre 2 a 6 semanas, que são expostos ao vírus por animais portadores, principalmente durante o parto, e podem desenvolver uma doença clínica

Rotavírus

Lise do enterócito e má absorção Diarreia secretora e osmótica

ou subclínica.

do agente é a sua resistência às condições ambientais e a desinfetantes, o que assegura a sua

Lise celular

Uma característica importante

Retículo endoplasmático

sobrevivência nas instalações de criação de suínos, tornando o vírus endêmico no plantel. O RV pode ser encontrado em fezes e manter sua infectividade por 7 a

Peptídeos/aminas Neurotransmissores

9 meses em temperatura ambiente.

Sistema nervoso entérico Figura 2. Potenciais mecanismos de patogênese do rotavírus. A replicação do vírus dentro dos enterócitos induz a diarréia osmótica. Fonte: Vlasova et al., 2017.

80 suínoBrasil 2º Trimestre 2022 | Rotavirose suína: epidemiologia, patogenia, sinais clínicos, diagnóstico e controle da doença


Os principais sinais clínicos da rotavirose

A proteção dos anticorpos maternos persiste

são: anorexia, vômitos ocasionais e

por 3 a 4 semanas e os surtos ocorrem

diarréia, principalmente em leitões entre 2

frequentemente quando os leitões atingem

e 6 semanas de idade ou pós-desmame.

uma idade em que ultrapassa este período, ou quando não receberam níveis de proteção dos

A frequência e gravidade dos

anticorpos maternais suficientes para proteção

sintomas dependem da dose

contra o grau de exposição ao vírus.

infectante, da imunidade adquirida pela ingestão de anticorpos maternais do colostro/leite e envolvimento de outros enteropatógenos. A mortalidade é variável entre 3 a 20%; comumente a mortalidade é baixa e a morbidade alta.

Neste caso pode ocorrer a diarréia em 12 a 48 horas após a infecção, principalmente em leitões com 5 dias a 3 semanas de idade ou logo após o desmame. Surtos graves em leitões lactantes com 1 semana são mais frequentes em leitegadas de primíparas,

patologia

devido a menor imunidade materna repassada ao leitão através do colostro.

Portanto, os sinais clínicos podem variar de acordo com a idade dos animais: Leitões lactantes: a diarreia apresenta coloração amarelada a cinzenta, pastosa, desidratação moderada e podem ocorrer vômitos, persistindo por 3 a 4 dias. A morbidade é variável mas apresenta-se uma baixa mortalidade. O quadro pode ser agravado caso ocorram infecções Quando a infecção ocorre associada a outros agentes entéricos podem causar sinais clínicos mais graves

simultâneas ou as condições de higiene, ambiência e temperatura forem precárias.

resultando em uma mortalidade

Leitões desmamados podem

mais elevada.

apresentar uma diarreia aquosa com presença de ração mal digerida. Matrizes ocorre uma diarreia transitória ou subclínica.

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A

LESÕES Na necrópsia a parede intestinal apresentase fina, flácida e bastante transparente com presença de líquido e detritos no interior do intestino delgado e cólon.

B

Na microscopia observa-se atrofia segmentar das vilosidades e hiperplasia epitelial em criptas.

patologia

A

Figura 4. Corte histológico de intestino delgado de leitão. (A) Severa atrofia e fusão das vilosidades. (B) Atrofia das vilosidades e vacuolização dos enterócitos. Fonte: Almeida, et al., 2018.

DIAGNÓSTICO B

O histórico, sinais clínicos e lesões são importantes mas não são diagnósticos conclusivos. A confirmação da rotavirose suína é baseada na combinação de avaliações histopatológicas com presença de atrofia das vilosidades do jejuno ou íleo e na detecção do RV por PCR em fezes.

Figura 3. (A) intestino de leitões sem infecção-grupo controle. (B) Intestino de leitões infectados, parede do intestino transparente e conteúdo fluído amarelado. Fonte: Wang et al., 2017

A disseminação do vírus é maior nas fases iniciais da doença, portanto, as amostras devem ser obtidas de leitões em fase aguda. Diagnósticos diferenciais incluem a colibacilose, coccidiose, salmonelose, gastroenterite transmissível (TGE).

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A redução da pressão de infecção está relacionada às boas práticas de manejo com o leitão:

CONTROLE E TRATAMENTO Não existe terapia específica para a diarreia por RV. A terapia de suporte como hidratação com uso de eletrólitos, fornecimento de calor e ambiente seco são importantes para redução da gravidade do quadro entérico.

Sistemas tudo dentro/tudo fora Vazio sanitário com limpeza e desinfecção adequadas Rotina diária de higiene e limpeza Evitar a mistura de leitões na maternidade e de origens na creche

O uso de antibióticos não é eficaz para combater o vírus, porém,

Garantir conforto ao leitão com ambiente seco, fornecimento de calor

pode ser indicado em caso de ocorrência de doenças bacterianas

patologia

concomitantes.

Fatores importantes para o desenvolvimento da RV estão relacionados a: Baixa temperatura ambiental, Má nutrição da porca e leitões, Qualidade/ingestão de colostro e Exposição dos leitões a grandes quantidades de partículas virais infectantes. Portanto, o controle é realizado com a redução da pressão de infecção e aumento da imunidade do plantel.

Figura 5. Ambiente limpo, seco e com conforto térmico, garantir ingestão leite. Fonte imagens: Ricardo Nagae

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A imunização do plantel pode ser realizada através de uso de vacinas ou exposição induzida. Atualmente existem vacinas com o vírus vivo modificado ou inativado que induzem boa resposta imunológica com a produção de anticorpos presentes no colostro e no leite. Porém, a maioria das vacinas é obtida para controlar a infecção por rotavírus de tipo A e estudos mostram a ausência de

patologia

proteção cruzada entre os sorogrupos.

Como alternativa pode ser utilizada a imunização por exposição induzida de marrãs e matrizes com uso de fezes/intestino de leitões com diarréia, técnica conhecida como “feed back entérico” que mostra ser efetiva para o aumento da imunidade passiva.

Diante do exposto, destacam-se os pontos de relevância na prevenção da patologia: Vacinação correta Imunização por exposição induzida“feedback” de marrãs e matrizes gestantes Garantir ingestão colostro Garantir um ambiente limpo, seco e com conforto térmico

Rotavirose suína: epidemiologia, patogenia, sinais clínicos, diagnóstico e controle da doença

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Referências sob consulta dos autores.

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