SuínoBrasil 4º trimestre 2021

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4º TRIMESTRE 2021

ATUALIZAÇÕES SOBRE A INFLUENZA SUÍNA NO BRASIL Ana Fraiha p. 30



04

Restrições ao uso de óxido de zinco: o que devemos saber

18

Cinara da Cunha Siqueira Carvalho1, Marilu Santos Sousa2

Vitor Hugo Cardoso Moita¹, Antonio Marcos Souto Moita² e Maurício Cabral Dutra³

DSc Engenharia Agrícola - Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Zootecnia Universidade Estadual de Montes 2 Zootecnista Dra. Engenharia Agrícola Universidade Federal do Norte do Tocantins 1

¹Graduate Research Assistant - North Carolina State University (USA) ²Gerente de Serviços Técnicos Suínos Trouw Nutrition Brasil. ³Technical Services Manager Swine Division - JAPFA Comfeed Vietnam

10

Arginina e seus precursores como aditivos potenciais para matrizes suínas durante a gestação Nádia de Almeida Ciriaco Gomes¹, Gabriela dos Santos Madella¹ e Cesar Augusto Pospissil Garbossa²

Como o estresse por calor afeta a produtividade de matrizes suínas?

24

Peste suína africana: o que você diria a um produtor se tivesse a chance de sentar frente a frente com ele?

¹Aluna de Mestrado do Laboratório de Pesquisa em Suínos da FMVZ/USP ²Professor do Departamento de Nutrição e Produção Animal da FMVZ/USP

1 suínoBrasil 4º trimestre 2021


30

Atualizações sobre a Influenza Suína no Brasil

52

Ana Fraiha

Marcelo Gottschalk

Médica Veterinária (UFMG); Mestre em Ciência Animal (UFMG); Doutoranda em Ciência animal na Escola de Veterinária da UFMG - Área: Medicina Veterinária Preventiva com ênfase em doenças virais dos suínos e vacinologia.

38

Uma nova perspectiva para maximizar o potencial da fibra alimentar total, da xilanase e da saúde intestinal Diego Parra¹, William Greenwood² e Tiago Tedeschi dos Santos³ ¹ Technical Manager ² Sales and Technical Services Manager ³ Global Technical Director AB Vista

46

Actinobacillus pleuropneumoniae COMO ENFRENTAR ESSE DESAFIO? Diretor do Laboratório de Referência Internacional para Diagnósticos de Actinobacillus pleuropneumoniae

58

Nutrição e Ambiência no verão: quais estratégias utilizar? Bruno A.N. Silva¹ Hysla M.C. Cardoso² ¹ Professor de Nutrição e Produção de Suínos e Adaptação Ambiental; Instituto de Ciências Agrárias/ ICA, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Montes Claros, Brasil ² Mestranda em Zootecnia, Nutrição de Monogástricos, Universidade Federal de Lavras (UFLA -DZO), Lavras, Brasil

O mercado de grãos em 2021 Ariovaldo Zani CEO do Sindirações (Sindicato Nacional da indústria de Alimentação Animal) e presidente do CBNA (Colégio Brasileiro de Nutrição Animal)

suinobrasil.porcino.info 2 suínoBrasil 4º trimestre 2021


ATUALIZAÇÕES SOBRE A INFLUENZA SUÍNA NO BRASIL

J

A suinocultura nacional encerrou o ano de 2021 superando o cenário histórico de 2020. As exportações brasileiras de carne suína encerraram 2021 com total de 1,13 milhão de toneladas. É o maior resultado já alcançado pelos exportadores brasileiros em um único ano, e supera em 11% o volume exportado em 2020 (antigo recorde), com 1,02 milhão de toneladas. Na contramão deste cenário histórico, a elevação dos custos de produção foi um dos protagonistas da cadeia produtiva de suínos. A quebra histórica da safra de milho, agravada por um mercado altamente especulativo, manteve o principal insumo da cadeia suinícola em alta ao longo do ano, atingindo o maior preço nominal da história em maio/21, quando o valor da saca de 60kg ultrapassou os 100 reais em várias praças. E nesta edição a SuínoBrasil entrevistou o CEO do Sindirações (Sindicato Nacional da indústria de Alimentação Animal) e presidente do CBNA (Colégio Brasileiro de Nutrição Animal), Ariovaldo Zani, para explanar sobre as principais estratégias disponíveis no mercado para atenuar a alta dos custos com grãos. A capa desta edição traz o artigo de autoria da Médica Veterinária e Doutoranda em Ciência Animal na Escola de Veterinária da UFMG, Ana Fraiha, que vem para atualizar sobre a Influenza Suína, uma zoonose de importância econômica para o setor agropecuário. Outra doença que causa impactos econômicos para a cadeia suinícola é a pleuropneumonia suína, causada pela bactéria Actinobacillus pleuropneumoniae, é abordada pelo Diretor do Laboratório de Referência Internacional para Diagnósticos de Actinobacillus pleuropneumoniae,

A SuínoBrasil perguntou às lideranças do setor “O que você diria a um produtor se tivesse a chance de sentar frente a frente com ele?”, confira as declarações! Além disso, esta edição conta com a contribuição de Nutricionistas renomados explorando temas atuais da nutrição de suínos como o artigo “Restrições ao uso de óxido de zinco: o que devemos saber?” de autoria de Vitor Hugo Cardoso Moita, Antonio Marcos Souto Moita e Mauricio Cabral Dutra. Outro tema explorado é “Arginina e seus precursores como aditivos potenciais para matrizes suínas durante a gestação”, um artigo de autoria de Nádia de Almeida Ciriaco Gomes, Gabriela dos Santos Madella e Professor Dr. César Augusto Pospissil Garbossa.

EDITOR AGRINEWS LLC

PUBLICIDADE Karla Bordin +55 (19) 9 8177-2521 mktbr@grupoagrinews.com

DIREÇÃO TÉCNICA César Augusto Pospissil Garbossa

COORDENAÇÃO TÉCNICA E REDAÇÃO Cândida P. F. Azevedo

O verão exige atenção especial com a nutrição e as matrizes suínas. E para explorar esse tema o Professor Dr. Bruno A.N. Silva (UFMG) e a Zootecnista Hysla M.C. Cardoso abordam “Nutrição e ambiência no verão: quais estratégias utilizar?”. Ademais, as Professoras Drª. Cinara da Cunha Siqueira e a Drª. Marilu Santos Sousa explanaram sobre “Como o estresse por calor afeta a produtividade de matrizes suínas?” Por fim, o avanço em tecnologias na suinocultura foi abordado em artigo técnico da AB Vista.

COLABORADORES Vitor Hugo Cardoso Moita Antonio Marcos Souto Moita Mauricio Cabral Dutra Nádia de Almeida Ciriaco Gomes Gabriela dos Santos Madella Cesar Augusto Pospissil Garbossa Marcelo Gottschalk Sulivan Alves José Antônio Ribas

Marcelo Lopes Ana Fraiha Diego Parra William Greenwood Tiago Tedeschi dos Santos Ariovaldo Zani Cinara da Cunha Siqueira Carvalho Marilu Santos Sousa Bruno A.N. Silva Hysla M.C. Cardoso Leandro Hackenhaar Heloiza Irtes

ADMINISTRAÇÃO Inés Navarro

Convido a você leitor para explorar o que há de mais atual na suinocultura brasileira. Boa leitura!

Tel: +17866697313 suinobrasil@grupoagrinews.com www.suinobrasil.porcino.info

Preço da assinatura anual: Brasil 30 $ Extranjero 90 $ Revista Trimestral

Marcelo Gottschalk.

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RESTRIÇÕES AO

USO DE ÓXIDO DE ZINCO: O QUE DEVEMOS SABER?

nutrição

Vitor Hugo Cardoso Moita¹, Antonio Marcos Souto Moita² e Maurício Cabral Dutra³ ¹Graduate Research Assistant - North Carolina State University (USA) ²Gerente de Serviços Técnicos Suínos - Trouw Nutrition Brasil. ³Technical Services Manager Swine Division - JAPFA Comfeed Vietnam

D

entro da cadeia de produção suína, o período do desmame é uma das fases mais críticas e

determinantes para o desenvolvimento animal. Dentre alguns dos desafios enfrentados no período pós-desmame, podemos citar mudanças nutricionais, ambientais, hierárquicas e fisiológicas.

4 SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | Restrições ao uso de óxido de zinco: o que devemos saber?


Essas mudanças podem acarretar alterações morfofuncionais no intestino, como por exemplo, o comprometimento da integridade de barreira intestinal e suas vilosidades, e consequentemente levando à problemas relacionados a absorção e utilização de nutrientes, e alterações na microbiota intestinal. Paracelular

Transcelular

Dentre as soluções para esse problema,

Tight junctions normais

uma alternativa viável foi o início da suplementação de óxido de zinco (ZnO), que é um composto mineral inorgânico que passou a ser utilizado na produção suína desde o início da

PERMEABILIDADE INTESTINAL NORMAL

década de 90, mostrando excelentes resultados na prevenção da diarreia pós-desmame, além de aumentar as

nutrição

Abertura intercelular das tight junctions

taxas de crescimento dos animais.

Alergênico alimentar Inflamação

Na produção suína, principalmente nas dietas de creche, o uso de ZnO

Patógenos INTESTINO LESIONADO

tem sido amplamente utilizado de forma preventiva, porém, em doses

Além disso também estão interligadas com

terapêuticas, em torno de 1500 a

aparecimento e progressão da diarreia pós-

3000 ppm.

desmame, que por sua vez é um dos principais problemas para a suinocultura, podendo levar à desidratação severa e retardo no crescimento dos animais. Seu uso foi intensificado após as

Essa condição resulta em alta desuniformidade nos lotes e taxas de mortalidade próximas a 30%, e os custos adicionais para o manejo desses animais acometidos podem reduzir ainda mais a lucratividade dos produtores.

primeiras ocorrências de infecção pelo PCV-2 no Brasil no início dos anos 2000, bem como também após as restrições mais severas na utilização de antimicrobianos promotores de crescimento.

5 SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | Restrições ao uso de óxido de zinco: o que devemos saber?


Alguns pesquisadores acreditam que as moléculas de ZnO possuem fímbrias bacterianas similares à da bactéria Escherichia coli, evitando com que essas bactérias possam aderir à mucosa intestinal e sejam a posteriormente excretadas, visto que, aproximadamente 80% do ZnO ingerido é excretado pelos animais. Como ocorreu no caso da Colistina em

nutrição

2016 (Instrução Normativa MAPA 45), que em função da detecção de cepas

O possível banimento e/ou restrição

de Escherichia Coli carreadoras do gene

ao uso de ZnO dificilmente será

de resistência mcr-1, o qual pode ser

compensado com a inclusão de

transmitido facilmente entre espécies,

outro aditivo nutricional, podendo

inclusive para seres humanos, teve seu

levar ao retorno do uso imprudente

uso limitado como medicamento para a

de antimicrobianos por parte dos

saúde pública.

produtores.

O zinco é considerado um micromineral essencial para mantença de diversas funções

O ZnO quando suplementado em grandes

fisiológicas e metabólicas do animal. Como

quantidades também pode causar acúmulo de

já citado anteriormente, o ZnO destaca-se

íons em órgãos vitais como fígado, rins e pâncreas,

no combate à diarreia pós-desmame, que

devido ao processo de homeostase corporal.

muitas vezes pode estar associada também a altos níveis de bactérias patogênicas, como a Escherichia coli. E embora ainda não tenha seu mecanismo de ação totalmente elucidado, ZnO apresenta extrema eficácia na redução dessa bactéria e seus efeitos negativos.

O fígado, por sua vez, é responsável pela absorção e armazenamento de zinco no organismo, e altos níveis deste mineral podem causar toxicidade e impactar diretamente nos processos fisiológicos e metabólicos do animal.

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Em relação ao meio ambiente, o ZnO

Porém, quando avaliado no longo

pode causar complicações visto que

prazo, pode gerar complicações

é pobremente absorvido e altamente

relacionadas a microbiota

excretado pelo organismo.

intestinal, pois mesmo com a redução de cepas patogênicas, também ocorrerá uma redução

O excesso de zinco quando

de cepas benéficas, como

excretado no ambiente, gera uma contaminação no solo e nos

Lactobacillus e Bifidobacterium.

suprimentos hídricos do local

Enquanto o ZnO estiver suplementado

podendo levar a uma grave cadeia

na ração, esses efeitos podem não ser

de contaminação e assim impactar

observados, porém a partir da remoção

não apenas o meio-ambiente, mas

desse mineral é possível começar a observar

também a fauna e flora.

efeitos negativos associados à uma modulação negativa da microbiota intestinal.

E essa situação se agrava visto que a maioria das cadeias de produção no Brasil não possuem um nutrição

sistema de tratamento de dejetos adequados. Além disso, altas doses de ZnO também podem comprometer o ambiente intestinal e a diversidade bacteriana dos leitões. Quando avaliado em curto prazo, este mineral pode eliminar diferentes espécies patogênicas de bactérias como Escherichia coli e Clostridium perfringens.

O ZnO também pode alterar a expressão de genes associados a resistência bacteriana. De acordo com alguns pesquisadores, os genes das bactérias podem apresentar fenótipos relacionados ao mecanismo de resistência bacteriana contra antimicrobianos e metais pesados. Eles sugerem que do mesmo modo que o uso irracional de antimicrobianos podem criar resistência bacteriana a essas substâncias, o ZnO parece expressar o mesmo efeito. Como por exemplo, Staphylococcus aureus, que apresentou resistência à Meticilina (MRSA), é uma cepa mundialmente reconhecida como marcador de resistência aos antimicrobianos.

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Recentemente foi pesquisada em sistemas de produção brasileiros e revelou 80% de positividade para a mesma, sendo 60% dos sistemas positivos para a presença do gene czrC, que é o gene codificador de resistência ao zinco e cádmio.

Interações nutricionais negativas também podem ser causadas pelo uso excessivo e imprudente do ZnO. A principal delas é relacionada ao complexo fósforo-fitato. O fitato é um fator antinutricional presente nas rações de leitões, e a molécula de fitato pode complexar diferentes minerais no

Com relação as restrições ao redor do mundo, a União Europeia (UE) está desde dezembro de 2016 em processo para a redução gradativa do uso de ZnO.

nutrição

organismo, como fósforo e cálcio.

A partir de junho de 2022, o uso terapêutico de ZnO será tolerado apenas com doses inferiores a 150 ppm.

O Canadá atualmente inclui o ZnO em quantidades que variam de 2500 a 5000 ppm, porém seguindo o mesmo caminho da UE passou a limitar a inclusão em 350 ppm.

A China também começou a destinar esforços para reduzir a inclusão de ZnO em suas rações. As doses normalmente praticadas variam entre 2200 e 2500 ppm, porém desde 2018 o governo chinês limita a inclusão para 1600 ppm. Os Estados Unidos e o Brasil por sua vez Um dos minerais com maior afinidade à essa molécula é o zinco, e o excesso de zinco pode causar uma redução da atividade da enzima fitase por indisponibilizar os complexos fósforo-fitato para ação da fitase.

ainda não possuem nenhuma restrição vigente em relação ao uso de ZnO. Porém como são grandes potências na cadeia de produção e exportação de carne suína, têm recebido pressão internacional para o banimento ou redução nas doses atualmente praticadas em seus sistemas de produção.

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Atualmente diversas estratégias nutricionais

Além disso, estes aditivos podem ser

têm sido utilizadas para a redução do uso

combinados entre si podendo gerar mais

do ZnO e de antimicrobianos, dentre as

benefícios à fisiologia e metabolismo digestivo

quais vários aditivos nutricionais foram

do animal. Entretanto, é muito difícil que um

desenvolvidos para este propósito. Dentre eles

único aditivo seja capaz de simular o efeito da

podemos citar:

adição de antimicrobianos ou ZnO.

1

Ácidos orgânicos de cadeia curta; 2

Ácidos graxos de cadeia média ou os seus monoglicerídeos;

CONCLUSÃO Por isso a combinação de grupo de aditivos via água ou ração, bem como

3

Extrato de planta e óleos essenciais;

melhoria nas condições ambientais, ajustes nutricionais, adoção de boas práticas de manejo reduzindo o estresse pós-desmame

4

Pré e Probióticos;

podem atuar sinergicamente como efeitos preventivos e ou curativos e assim

Simbióticos

viabilizando uma redução ao uso irracional e imprudente de ZnO e antimicrobianos.

nutrição

5

Restrições ao uso de óxido de Zinco: o que devemos saber?

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reprodução e nutrição

ARGININA E SEUS PRECURSORES COMO ADITIVOS POTENCIAIS PARA MATRIZES SUÍNAS DURANTE A GESTAÇÃO Nádia de Almeida Ciriaco Gomes¹, Gabriela dos Santos Madella¹ e Cesar Augusto Pospissil Garbossa² ¹Aluna de Mestrado do Laboratório de Pesquisa em Suínos da FMVZ/USP ²Professor do Departamento de Nutrição e Produção Animal da FMVZ/USP

INTRODUÇÃO A fase de gestação requer um aporte maior

A Arginina (ARG) é considerada um

de nutrientes, tanto para a matriz quanto

aminoácido condicionalmente essencial na

para os fetos em desenvolvimento e, nesse

dieta para algumas categorias de animais

sentido, a nutrição aminoacídica é primordial,

pois está associada a importantes funções

influenciando positivamente a maturação dos

nos processos reprodutivos, como um bom

principais sistemas (muscular, cardiovascular,

desenvolvimento da placenta e dos fetos (Wu

digestório, respiratório e esquelético).

et al., 2013).

10 SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | Arginina e seus precursores como aditivos potenciais para matrizes suínas durante a gestação


As exigências de aminoácidos aumentam progressivamente ao passar da gestação, pela maior retenção de nitrogênio nos fetos e estruturas relacionadas ao desenvolvimento da glândula mamária (WU, 1997).

114 dias

A transferência placentária inadequada de aminoácidos é um fator que contribui

À vista disso, o uso de aminoácidos

com maior acometimento de crescimento intrauterino retardado (CIUR) em mamíferos (LIN et al., 2014). Essa característica acarreta alta morbidade e mortalidade perinatal, maior chance de doenças, pior desempenho produtivo, menor qualidade de carcaça e carne

funcionais tem sido amplamente discutido nos últimos anos (WU et al., 2013), isso inclui o fornecimento da L-arginina (ARG) e seus precursores, o N-carbamoil glutamato (NCG) e a L-citrulina (CIT).

(ALVARENGA et al., 2013; WU et al., 2006).

Considerada um aminoácido dinâmico,

Além disso, o ON tem funções na regulação da

está presente em diversos processos

expressão gênica, sinalização celular e atividade

metabólicos, ora como produto, ora como

enzimática (WU et al., 2013), que contribui para

substrato. A partir da atuação das arginases,

a implantação, embriogênese, quiescência

outros compostos podem ser sintetizados,

uterina durante a gestação, crescimento,

conforme a necessidade do organismo

desenvolvimento e sobrevivência fetal

(KNOWLES; MONCADA, 1994).

(PALENCIA et al., 2018).

reprodução e nutrição

ARGININA

Entre as moléculas derivadas da ARG pode-se citar o óxido nítrico (ON) e as poliaminas, que participam ativamente do desenvolvimento fetal com o intuito de beneficiá-lo (BAZER et al., 2015). O óxido nítrico tem sido associado ao aumento do fluxo sanguíneo (REYNOLDS

O

et al., 2006), enquanto as poliaminas estimulam angiogênese, embriogênese e crescimento placentário (WU et al., 2005).

N 11

SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | Arginina e seus precursores como aditivos potenciais para matrizes suínas durante a gestação


Ademais, o ON auxilia: Desenvolvimento e crescimento da placenta, Manutenção da prenhez, Fisiologia do parto, Função ovariana, Desenvolvimento folicular e Ovulação, Além de participar da regulação da pressão sanguínea, resposta imune, agregação plaquetária e neurotransmissão (KWON et

reprodução e nutrição

al., 2004).

Em contrapartida aos benefícios, a ARG possui antagonismo quanto à absorção intestinal, na borda em escova, com a lisina e a histidina, visto que ocorre competição pelos mesmos sítios de absorção (D’MELLO, 2003).

Como resultado, níveis elevados de ARG na dieta (acima de 630 mg ARG/ kg/PV/dia) em suínos podem causar competição pelos transportadores, prejudicando a absorção de lisina (WU et al., 2016). O período de suplementação é outro Além disso, a ARG possui algumas

fator que pode interferir nos resultados,

limitações como a curta meia vida biológica

por esta razão, é recomendado dividir

em mamíferos (45 min em ovelhas aos

a suplementação. O primeiro terço da

105 dias de gestação) (WU et al., 2007)

gestação é ligado à formação das fibras

devido à grande atividade da arginase que

musculares primárias, enquanto no terço

rapidamente degrada a ARG nos tecidos

final, os fetos mostram o maior crescimento

(KWON et al., 2004; MORRIS, 2002).

(WOODAL et al., 1996).

12 SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | Arginina e seus precursores como aditivos potenciais para matrizes suínas durante a gestação


De acordo com Garbossa et al. (2015), ao estudar a suplementação de 1% de ARG, para porcas gestantes dos 25 a 53 dias, foi observado maior diâmetro da fibra muscular em leitões nascidos de matrizes suplementadas quando comparado aos

Ainda, pode potencialmente melhorar os resultados da gestação devido ao aumento nas concentrações de ARG no sangue materno e nos fluidos uterinos (ZENG et al., 2012).

leitões nascidos de fêmeas do tratamento controle.

Diante disso, o uso de precursores de ARG como o NCG e a CIT são necessários, uma vez que, estes não possuem curto

reprodução e nutrição

período de meia vida em mamíferos, não provocam antagonismo com a lisina, além de serem mais viáveis devido ao menor custo quando comparados a ARG (ZHANG et al., 2014).

N-CARBAMOIL GLUTAMATO O NCG é um análogo estrutural do N-acetil glutamato, um substrato primário do N-acetil glutamato sintase em uma das muitas frações da via sintética da ARG (WU; KNABE; KIM, 2004), o qual possibilita maior eficiência na síntese de ARG pelos suínos.

Em revisão realizada por Palencia et al. (2018) os autores demostraram que a suplementação de NCG leva a efeitos

O NCG é estável tanto in vivo quanto in vitro,

positivos, aumentando o número de fetos ou

é resistente à degradação pela aminoacilase

nascidos totais, bem como, aumenta o peso

(FRANK et al., 2007), além de ter um custo

dos fetos ou nascidos vivos. Vale ressaltar

de aquisição menor do que a ARG (SUN et al.,

que, através da segmentação de microRNAs

2017) e não causar interferência na absorção

(miR-15b, miR-222), das expressões gênicas

intestinal de triptofano e aminoácidos

de VEGFA e sintase endotelial na veia

básicos (CHACHER et al., 2013). Essa

umbilical de ON, consequentemente regula-

molécula ativa a carbamoilfosfato sintetase,

se a função e o volume, fornecendo mais

uma enzima chave no processo da síntese de

nutrientes e oxigênio do tecido materno para

ARG em enterócitos, a partir de fosfato de

o feto (LIU et al., 2012).

carbamoil e ornitina (ZHANG et al., 2014).

13 SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | Arginina e seus precursores como aditivos potenciais para matrizes suínas durante a gestação


L-CITRULINA A CIT, também precursora da ARG, é um aminoácido que escapa do metabolismo hepático e aparece no sangue para ser absorvido pelos rins e convertido em arginina através das enzimas argininosuccinato sintase (ASS) e argininosuccinato liase (ASL) (MORRIS,

reprodução e nutrição

2002).

A CIT pode ser sintetizada a partir da

Em geral, a CIT é mais eficaz que a ARG em

glutamina, glutamato e prolina no intestino

aumentar as concentrações de ON devido

delgado da maioria dos mamíferos

ao seu menor catabolismo hepático e maior

(incluindo humanos, suínos e ratos)

biodisponibilidade quando fornecida aos

(MARINI, 2012).

animais (WU et al., 2012), além de não ser metabolizado pela arginase (BAHRI et al., 2013).

Há estudos que indicam que o ON e poliaminas derivadas da CIT são fundamentais para a sobrevivência embrionária, organogênese e crescimento fetal, além da manutenção Além disso, possui uma degradação limitada na placenta, sendo eficientemente

do tônus vascular e hemodinâmica (BAHRI et al., 2013).

transferido da mãe para o feto e favorecendo a melhoria dos parâmetros reprodutivos, como o número de animais nascidos, menor mortalidade fetal e desenvolvimento fetal durante a gestação (WU et al., 2013).

Na tabela 1 é apresentado um resumo dos principais resultados observados com a o fornecimento de ARG, NCG e CIT para fêmeas gestantes.

14 SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | Arginina e seus precursores como aditivos potenciais para matrizes suínas durante a gestação


Tabela 1. Resultados de trabalhos que utilizaram arginina, N-carbamoil glutamato ou citrulina para fêmeas gestantes.

AUTOR

MOLÉCULA

ESPÉCIE

QNT

P.S

RESULTADO

Bass et al. 2017

ARG

Porcas

1%

Garbossa et al. 2017

ARG

Porcas

1%

25-53 d gestação

N° LNT > C

Luise et al. 2020

ARG

Porcas

0,25%

Toda gestação

Tendência para n° LNVT > C, taxa de leitões CIUR e mortos de 0-3 d idade < C

Mateo et al. 2007

ARG

Porcas

1%

30-114 d gestação

24% PLN e 22% n° LNV > C

Nuntapaitoon et al. 2018

ARG

Porcas

0,5%

Oksbjerg et al., 2019

ARG

Porcas

25g/dia

Pérez; Trottier. 2001

ARG

Porcas

0,96%; 1,34% ou 1,73%

Feng et al. 2018

NCG + Vit C

Porcas

0,05% cada

Frank et al. 2007

NCG

Leitões

Liu et al. 2012

NCG

Porcas

Wu et al. 2012

ARG ou NCG

Porcas

Zhang et al. 2014

NCG

Marrãs

0,05%

Toda gestação

6,57% PMLNV > C

Zhang et al. 2018

NCG

Cordeiros CIUR

0,1%

7-28 d idade

Função intestinal CIUR > C

Zhu et al. 2015

NCG

Marrãs

0,05%

0-28 d de gestação

Agarwal et al., 2017

CIT

Ratos

2,5; 7,5 ou 12,5 g/kg de dieta

Durante 14 dias

Liu et al. 2019

CIT

Porcas

1%

6 d antes do parto ao desmame

A partir do d 93 gestação NS para n° LNT, n° LNV e PLV (durante 35 dias)

6,5% PLN > C PLN e nº FM > C

A partir do d 110 gestação ao desmame A partir do d 85 gestação ao desmame

NS para GPD; PPm < C; EAm > C em altas temp.

50 mg/kg PC

Durante 7 dias (12/12 horas)

28% PC > C

0,1%

90-107 d gestação

SF e DR > C

1,0% ARG ou 0,1% A partir do d 90 gestação NCG ao parto

LNT, LNV e PLD > C

Tendência para n° LNV, PMLNV do grupo ARG e NCG > C

N° FT e FVT d 28 gestação > C e ME < C Fluxo de arginina e a [ ] plasmática > suplementação de ARG nas mesmas [ ] Tendência para TMPD e TRP < C, NS para TR porcas, n° LNV e M

ARG: L-arginina; NCG: N-carbamoil glutamato; CIT: L-citrulina; [ ]: concentração; C: controle; d: dias ; DR: desempenho reprodutivo; EAm: eficiência alimentar matriz; FM: fibras musculares; FT: fetos totais; FVT: fetos vivos totais; GPD: ganho de peso diário; LNT: leitões nascidos totais; LNV: leitões nascidos vivos; LNVT: leitões nascidos vivos totais; M: mumificados; ME: mortalidade embrionária; NS: não significativo; PC: peso corporal; PLD: peso dos leitões ao desmame; PLN: peso da leitegada ao nascimento; PLV: peso de leitões vivos; PMLNV: peso médio dos leitões nascidos vivos; PPm: perca de peso matriz; P.S: período de suplementação; QNT: quantidade; SF: sobrevivência fetais; TMPD: taxa de mortalidade pré-desmame; TR: taxa de respiração.

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SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | Arginina e seus precursores como aditivos potenciais para matrizes suínas durante a gestação

reprodução e nutrição

A partir do d 85 gestação ao parto A partir do d 30 gestação aos 28 d lactação


CONSIDERAÇÕES FINAIS Como observado a L-arginina possui efeitos benéficos relacionados ao desempenho reprodutivo das matrizes suínas, no entanto, apresenta algumas limitações como a curta meia vida biológica em mamíferos, antagonismo com a lisina se presente em grandes quantidades na dieta e elevado custo. Nesse sentido os precursores de L-arginina

reprodução e nutrição

como o N-carbamoil glutamato e a L-citrulina se demonstram promissores como substitutos, podendo ser uma forma mais viável em se obter os benefícios proporcionados por esse aminoácido funcional pois são capazes de aumentar a biossíntese de ARG.

Arginina e seus precursores como aditivos potenciais para matrizes suínas durante a gestação

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Referências bibliográficas sob consulta dos autores.

16 SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | Arginina e seus precursores como aditivos potenciais para matrizes suínas durante a gestação


SUMMIT 2022

31 DE MARÇO E 1º DE ABRIL DE 2022 HOTEL PULLMAN SP VILA OLÍMPIA SÃO PAULO/SP

VENHA TER UMAVISÃO 360

MUITO ALÉM DE 2022 ABPA - Associação Brasileira de Proteína Animal

Ricardo Santin

Investidores Olhando para o Agro - XP Investimentos

Leonardo Alencar

O que Esperar do Mercado Nacional e Internacional

Gestão de Risco & Viabilização KPMG Consultoria

Mercado de Grãos na Avicultura e Suinocultura

Recursos Humanos: Novo Olhar para Dentro da Granja

Mercado Consumidor: Impacto Tecnológico

Perspectiva dos Desafios de Sustentabilidade e Mudanças Climáticas

As Novas Demandas e Oportunidades de Negocios em Sustentabilidade

Marcos Jank

Giovana Araujo

Alexandre M. de Barros

Kali Simioni

JOSÉ ANTONIO RIBAS JR

ANTÔNIO MÁRIO PENZ JR

Carlos Saviani

• Principais lideranças das cadeias de aves e suínos • Tendências mais importantes da produção animal • Perspectivas para o mercado de grãos • Sustentabilidade • Mesa redonda com a agroindústria

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INSCRIÇÕES ABERTAS VAGAS LIMITADAS


O ESTRESSE POR CALOR AFETA COMO

A PRODUTIVIDADE DE

MATRIZES SUÍNAS?

Cinara da Cunha Siqueira Carvalho DSc Engenharia Agrícola - Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Zootecnia Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes

Marilu Santos Sousa

Ambiência

Zootecnista Dra. Engenharia Agrícola Universidade Federal do Norte do Tocantins

INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, a suinocultura no Brasil tornou-se uma atividade de intenso desenvolvimento, por fornecer ao mercado consumidor fontes proteicas saudáveis e com custo mais acessível para a população.

As exportações crescentes para a China, Chile, Japão, além do aumento no consumo interno brasileiro, fizeram a produção brasileira de carne suína saltar de 3.237 milhões de toneladas para 4.436 milhões de toneladas em 2020 (ABPA, 2020). Para 2021, devido ao aumento significativo no preço da carne bovina e a crise econômica registrada no país, esperase números ainda mais significativos para a cadeia produtiva de carne suína em virtude do aumento no consumo interno per capita.

18 Suíno Brasil 4º trimestre 2021 | Como o estresse por calor afeta a produtividade de matrizes suínas?


Entretanto, produzir carne suína com qualidade e quantidade ainda é considerado um desafio devido as exigências do controle ambiental, algo especialmente necessário quando adotamos o sistema intensivo de criação.

O Brasil por ter boa parte da sua extensão territorial localizada na faixa tropical, exige importantes

Ambiência

investimentos em ambiência nas granjas suinícolas.

Isso porque as altas temperaturas registradas em regiões específicas do Brasil ou estações do ano, podem influenciar de forma negativa no sistema produtivo, e os suínos por possuírem dificuldade em dissipar calor e realizar a termorregulação, acabam por alterar o comportamento ingestivo, acarretando em: Menor ganho de peso; Queda na produção de leite para a leitegada; Leitões com menor peso ao nascer.

19 Suíno Brasil 4º trimestre 2021 | Como o estresse por calor afeta a produtividade de matrizes suínas?


Sem um ambiente adequado, o animal é incapaz de demonstrar seu máximo potencial genético, de manter a

Observar as respostas fisiológicas desses animais, tais como:

salubridade e de nutrir-se de forma adequada, tanto em função do consumo de ração, como também em função do

Frequência respiratória.

aproveitamento de nutrientes, devido ao desvio de energia para a manutenção da temperatura corporal.

Temperatura retal e

Assim, temperaturas do ar (faixa de conforto térmico) acima das

Temperatura de superfície

recomendadas para cada fase da criação, prejudicam o bem-estar, afetando a produção e reprodução, e caso não sejam adotadas medidas para evitar o estresse por calor,

Ambiência

os animais podem vir a óbito.

é fundamental uma vez que, a partir de qualquer alteração, modificações serão detectadas no consumo alimentar e consequentemente no desempenho produtivo e reprodutivo.

CUIDADOS NO PRÉ E PÓS PARTO

Seguindo essa premissa, o produtor também será prejudicado, uma vez que a produtividade do seu plantel é diminuída. Neste sentido, a manutenção do conforto térmico ambiental é de fundamental importância para se garantir o maior desempenho zootécnico dos suínos, evitando assim que eles diminuam a eficiência de utilização da energia disponível (KERR et al. 2003, 2008).

Soares et al. (2017) avaliando as respostas fisiológicas de matrizes suínas durante o período que antecede e após o parto, verificaram alteração na frequência respiratória em função do ambiente climático e ingestão de alimentos.

20 Suíno Brasil 4º trimestre 2021 | Como o estresse por calor afeta a produtividade de matrizes suínas?


Para que os valores de temperatura retal e frequência respiratória A temperatura de superfície

atinjam valores considerados

corporal e retal tendem a

prejudiciais para a salubridade

ser maiores nos instantes

das matrizes, é necessário o

que antecedem o parto e

investimento em sistemas de

após o parto, em virtude das

ventilação e em alguns casos onde

alterações hormonais.

a umidade relativa é inferior a 50%, se faz necessário também a instalação de nebulizadores.

1

CUIDADOS NA MATERNIDADE

MORTE DOS FETOS E AUMENTO NO NÚMERO DE LEITÕES MUMIFICADOS

Uma fase extremamente importante e que demanda cuidados especiais, é

2 2

REDUÇÃO NO NÚMERO DE LEITÕES NASCIDOS

a maternidade onde deve-se atender às diferentes temperaturas de conforto para os animais alojados, entre 16 e

3 3

22°C para as matrizes, enquanto as REDUÇÃO DE ATÉ 25% NA PRODUÇÃO DE LEITE

temperaturas de conforto para leitões em amamentação deve estar entre 30 e 32°C (Baêta e Souza, 2010; Oliveira Júnior et

4

4

al., 2011). REDUÇÃO DO PESO DOS LEITÕES

De acordo com Ferreira (2011), embora no início da gestação não apresente resultados tão expressivos, há uma forte evidência de que o estresse por calor resulta em aumento no número de leitões mumificados, ou mesmo na redução do número de leitões nascidos vivos. Fêmeas quando submetidas ao calor no final da gestação (102 a 110 dias), pode ocorrer morte

Assim, as porcas que são mantidas em

dos fetos, indicando que o fornecimento de um

baias de parição semiabertas apresentam

ambiente térmico adequado torna-se crucial

melhores condições de bem-estar quando

para que se alcancem bons índices produtivos.

comparadas às porcas mantidas em baias

A exposição de porcas a 32°C, temperatura que ocorre facilmente nos meses de verão em algumas regiões do Brasil, resulta em declínio de até 25% na produção de leite das porcas, causando redução no peso dos leitões.

de parição convencionais sem refrigeração do piso e apresentam menor incidência de comportamentos anormais, como frequência de ida no bebedouro sem a necessidade de beber água e a frequência de permanência em pé (Oliveira Júnior et al., 2011).

Suíno Brasil 4º trimestre 2021 | Como o estresse por calor afeta a produtividade de matrizes suínas?

21

Ambiência

1


Em sala de parto convencional, as

Além disso, o ganho de peso é reduzido

porcas tendem a perder mais peso,

quando os animais se encontram em situações

devido a mobilização das reservas

de desconforto térmico influenciando

corporais para manter seu potencial de

diretamente no seu desempenho.

produção e se adaptar às adversidades do ambiente térmico, quando comparado a animais manejados em sala de parto convencional com resfriamento do piso sob a porca e sala de parto semiexterna sem gaiola e com acesso a campo vedado (Oliveira Júnior et al., 2011).

Os suínos apresentam glândulas sudoríparas afuncionais, queratinizadas e para realizar a manutenção de sua temperatura corporal (homeotermia), torna-se necessário fornecer aos animais alternativas para a realização de trocas de calor, como por exemplo aumentando o contato corporal com a superfície e por meio de trocas evaporativas (RODRIGUES et al., 2010).

ALTERNATIVA PARA DIMINUIR O ESTRESSE POR CALOR

Ambiência

Santos et al. (2018) avaliando o uso de modificadores ambientais em granjas na região do semiárido

A presença da lâmina d’água nas baias possibilita que os animais troquem calor por processos sensíveis. Os suínos, quando confinados e sob estresse térmico tendem a se espojar sobre suas próprias fezes e urina na

mineiro, verificaram que a oferta de lâmina d’água nas baias, reduz a temperatura de superfície corporal de suínos na fase de terminação, principalmente no período da tarde quando são registrados os maiores valores de temperatura do ar.

INSTALAÇÕES É imperativo pensar que, o projeto das instalações para suínos deve buscar priorizar o máximo possível os recursos naturais promovidos pela ventilação natural do local. Isso porque, as medidas que exigem menor custo, são as modificações ambientais primárias e devem ser implantadas inicialmente na instalação.

22 Suíno Brasil 4º trimestre 2021 | Como o estresse por calor afeta a produtividade de matrizes suínas?

tentativa de perder calor (CARVALHO et al., 2004). Ainda, para os animais alojados no sistema intensivo de suínos criados ao ar livre (SISCAL), outra opção de trocas de calor, é o chafurdamento.


Em regiões de predominância de altas

1

temperaturas na maior parte do ano, as instalações devem ser totalmente

AUMENTO NO CONSUMO DE ALIMENTO

1

abertas, bem ventiladas e com beirais e

2

cortinas para evitar a entrada de chuva em

2

seu interior e evitar que a radiação solar atinja os animais (Tinôco, 2001; Ferreira, 2011;

AUMENTO NA PRODUÇÃO DE LEITE

3

Santos et al., 2018). 3

De acordo com o Centro Nacional

4

de pesquisas de suínos e aves da

4

MAIOR NÚMERO DE LEITÕES NASCIDOS

MAIOR PESO DO LEITÃO AO NASCER

EMBRAPA (CNPSA), as instalações isolantes, paredes de cores claras, presença de lanternim ou exaustores nos telhados. Os prédios devem ser construídos na orientação lesteoeste visando reduzir o ganho de calor solar na construção, e serem projetados para possibilitar a instalação de nebulizadores e ventiladores.

O resfriamento de piso é também uma alternativa para possibilitar a troca térmica por condução, das porcas em gestação. Silva et al. (2009) descrevem que o resfriamento do piso sob as porcas aumenta a ingestão

Ambiência

devem ter telhados de barro,

diária de ração e lisina, levando a uma menor perda de peso corporal, menor intervalo desmame-estro e melhorando também o comportamento de amamentação das porcas, levando a uma maior produção de leite e,

O paisagismo circundante além

consequentemente, maior ganho de peso de

de possibilitar o bem-estar visual,

leitões e ninhadas durante o período de lactação.

auxilia na redução da incidência da radiação solar indireta refletida pelo piso e sobre o telhado. Tais características construtivas, evitam eritemas nos suínos, visto que, são animais com a pele extremamente sensível a radiação solar.

CONCLUSÃO Os desafios enfrentados pelo suinocultor brasileiro são ampliados em função das altas temperaturas ambientais, que podem reduzir a produtividade, prejudicando o bem-estar dos animais, e, por conseguinte o produtor, do ponto de vista econômico. Porém com a adoção de manejo correto em todas as fases de criação, é possível minimizar essas perdas.

Como o estresse por calor afeta a produtividade de matrizes suínas?

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23 Suíno Brasil 4º trimestre 2021 | Como o estresse por calor afeta a produtividade de matrizes suínas?


PESTE SUÍNA AFRICANA:

sanidade

O QUE VOCÊ DIRIA A UM PRODUTOR SE TIVESSE A CHANCE DE SENTAR FRENTE A FRENTE COM ELE?

24 SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | Peste Suína Africana: o que você diria a um produtor se tivesse a chance de sentar frente a frente com ele?


O que eu diria é: não peque nos detalhes! O sustento de sua família e a segurança alimentar do país está em suas mãos! A Peste Suína Africana é altamente contagiosa e letal para os rebanhos!

O principal ponto de atenção é a alimentação! Muito cuidado com o que é servido para os animais em sua granja! Não dê resto de alimentos!

Evite visitas desnecessárias e só aceite em sua granja pessoas que fazem parte da produção da sua granja! Se viajar, lembre-se: não traga nenhum produto

Sulivan Alves Diretora Técnica da Associação Brasileira de Proteína Animal

de suínos na bagagem! O resto deste produto pode chegar à alimentação dos animais da unidade produtora e virar um problema sanitário!

E se tiver qualquer dúvida, contate o

Foi desta forma que a Peste Suína Africana se

seu responsável técnico e acesse o site

inseriu no Brasil pela última vez, há 40 anos atrás. E fique atento às pessoas que trabalham em sua propriedade! A régua dos cuidados vale para todos!

www.brasillivredepsa.com.br

Quanto mais isolada a sua granja, maior é a biosseguridade de sua propriedade.

Nas granjas, evite visitas de

Se viajar para o exterior,

Não receba visitantes

pessoas que não fazem parte

evite visitas às instalações

provenientes de países com

do sistema produtivo!

produtoras. E não traga

focos de PSA!

qualquer produto cárneo!

25 SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | Peste Suína Africana: o que você diria a um produtor se tivesse a chance de sentar frente a frente com ele?


É dever te todos nós zelar por este patrimônio. Cada um fazendo sua parte e cobrando os demais para que façam a sua. Neste tema não há espaço para erro tampouco uma segunda chance. No quesito dentro da porteira, a biosseguridade da granja é

sanidade

José Antônio Ribas Júnior Presidente do Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado de Santa Catarina (SINDICARNE)

fundamental. Cuide bem disso!

Desde o acesso a granja que deve ser restrito e sob todas as regras de vazio sanitário, todos os insumos devem ter procedência confiável e use o serviço

Prezado Produtor e Produtora Rural, vocês são o Brasil que dá certo.

de assistência técnica veterinária para dúvidas e melhorias. Juntos, vamos fazer que o “da porteira para fora” também funcione.

Resiliente, protagonista de suas causas e competente em seguir em frente.

Empresa, entidades de representação, órgãos oficias, enfim, todos devem cumprir seu papel. Temos um imenso

Alimentando o Brasil e o Mundo e gerando

desafio: manter o Brasil livre de doenças

riquezas com sustentabilidade. Neste sentido,

excludentes de mercado. Desta forma,

todos temos um compromisso fundamental com a

teremos anos a frente de muitas

sanidade de nossos rebanhos.

oportunidades e crescimento. Conto contigo e conte comigo.

Costumo dizer que “custo machuca, sanidade mata”.

26 SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | Peste Suína Africana: o que você diria a um produtor se tivesse a chance de sentar frente a frente com ele?


Manter o Brasil livre da PSA é uma responsabilidade compartilhada entre órgãos oficiais de vigilância, entidades representativas do setor privado e, principalmente, cada produtor que deve manter medidas de biosseguridade rigorosas no seu sistema de produção, o que inclui o treinamento de toda a equipe. As medidas mais importantes de biosseguridade são aquelas que determinam o maior fechamento possível das granjas. Adquirir reprodutores e sêmen somente de Granjas de Reprodutores Suídeos Certificadas (GRSC); Só receber animais com Guia de Trânsito

Presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS)

Animal (GTA), e Nota Fiscal válidos; Não fornecer restos de comida para os suínos; Manter isolamento físico da granja (alambrado), evitando a entrada de

Primeiramente é preciso entender que a PSA é uma doença muito grave, a qual ainda não existe vacina e cuja única forma eficaz de controle é a eliminação dos rebanhos afetados. O vírus é

pessoas e animais estranhos (domésticos e asselvajados); Não permitir a entrada de pessoas que estiveram em local de risco ou em viagens ao

muito resistente e pode permanecer viável por

exterior sem que cumpram um vazio sanitário

vários meses na matéria orgânica e em produtos

mínimo de uma semana;

cárneos contaminados.

Banho e troca de roupa para todos os que acessam as granjas; Desinfetar materiais que adentrem na granja; Adquirir insumos para alimentação animal de procedência confiável; Controlar pragas (roedores e insetos); Dar especial atenção à limpeza e desinfecção de veículos que transportam animais e insumos; Comunicar ao Serviço Veterinário Oficial sempre que houver alguma suspeita da doença.

27 SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | Peste Suína Africana: o que você diria a um produtor se tivesse a chance de sentar frente a frente com ele?

sanidade

Marcelo Lopes


Para quem está longe da Peste Suína Africana, esta doença soa mais como uma oportunidade. Porém, só quem está perto ou tenha sido afetado por ela sabe a desgraça que ela representa. O atual surto de Peste Suína, que começou em 2007 na Europa, já dizimou 25% do rebanho suíno mundial. Trouxe grandes prejuízos e alguns ganhos. Em especial na China, provocou grandes mudanças na forma de se produzir suínos. Fez milhares de produtores abandonarem a atividade e incentivou investidores a entrarem, e em poucos meses mega granjas com dezenas de milhares de matrizes foram construídas. Passamos por excesso de oferta, advinda da liquidação dos rebanhos, para um período

sanidade

de quase 2 anos de grande escassez, o qual, devido ao forte incentivo governamental e de rentabilidade, levou a um excesso de produção que fez os produtores entrarem

Leandro Hackenhaar Global Technical Lead - Cargill Animal Nutriion

no vermelho a partir de junho, sendo que somente em meados de outubro a oferta e

Nos países que permanecem livres,

a demanda voltou a se equilibrar e alguns

especialmente após a identificação de um

setores deixaram de perder dinheiro.

novo foco, há um grande alvoroço, a Peste Suína “volta à mídia”, mas um número

Muita volatilidade e tudo ocorrendo muito mais

significativo de produtores e governos aos

rápido do que o esperado. Nunca se imaginou que

poucos vão perdendo o foco, desta forma

em apenas 2 anos a produção voltaria a patamares

não são devidamente implementadas as

pré PSA. Também não se esperava que a atual

ações necessárias para conter a entrada e

crise poderia passar “tão rápido”.

disseminação da enfermidade.

Desta forma, tanto pelos efeitos diretos da doença, como de seus efeitos colaterais nos preços, seguimos “no meio do furacão”. Claro que os recentes progressos no desenvolvimento da vacina representam uma enorme esperança, mas é importante ter clareza de que a vacina ainda está em desenvolvimento, portanto não se pode contar com ela.

Estamos longe de poder começar a baixar a guarda, na verdade, estamos no período em que devemos seguir reforçando-a. A sanidade dos rebanhos tem um valor inestimável, justifica grandes esforços para preservá-la.

28 SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | Peste Suína Africana: o que você diria a um produtor se tivesse a chance de sentar frente a frente com ele?


Entender as formas de contaminação do vírus é essencial para sua prevenção. Precisamos ter atenção com a provável introdução do vírus através de carne suína contaminada pelo vírus. O vírus tem alta sobrevivência em carnes de animais que estavam positivos ao abate. Evitar a introdução de carne suína nas granjas é um dos pontos mais importantes. Evitar que nossos colabores tenham contato com suinos domésticos ou de caça, como javalis. São animais que podem se fora e o diagnóstico pode ser tardio. Possuir uma boa barreira sanitária com

Heloíza Irtes

Gerente de Sanidade LATAM Topigs Norsvin

delimitação de áreas limpa/sujas. O vírus pode estar em roupas e calçados de quem teve contato com o vírus. E para tudo funcionar, é preciso Evitar que os suinos tenham contato direto ou indireto com outras espécies

educar nossos colaboradores e pessoas ligadas à suinocultura.

capazes de agir como fômites (ex: animais que se alimentam de carcaças). Um bom manejo de composteiras é fundamental. Cercas periféricas em bom estado e capazes de conter suínos selvagem de entrar na granja, também são de extrema importância. Fornecer água de qualidade e tratada. O vírus tem alta resistência no ambiente e a água pode carregá-lo. Peste Suína Africana: o que você diria a um produtor se tivesse a chance de sentar frente a frente com ele?

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29 SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | Peste Suína Africana: o que você diria a um produtor se tivesse a chance de sentar frente a frente com ele?

sanidade

contaminar com restos de alimentos jogados


ATUALIZAÇÕES SOBRE A INFLUENZA SUÍNA NO BRASIL Ana Fraiha

patologia

Médica Veterinária (UFMG); Mestre em Ciência Animal (UFMG); Doutoranda em Ciência animal na Escola de Veterinária da UFMG - Área: Medicina Veterinária Preventiva com ênfase em doenças virais dos suínos e vacinologia.

A carne suína é a proteína animal mais consumida no mundo, sendo o Brasil o quarto maior produtor e exportador, ficando atrás apenas da China, União Europeia e Estados Unidos. Os sistemas de criação de suínos vêm evoluindo de forma permanente e levaram à adoção de métodos de criação em confinamento, com o aumento da densidade de animais nas instalações e maior concentração de granjas em determinadas áreas geográficas.

Embora essas mudanças tenham contribuído para aumentar os índices de produtividade e

H1N1

econômicos do setor, houve um aumento do risco do surgimento de doenças infecciosas na suinocultura, em especial as doenças respiratórias, que levam a perdas econômicas significativas que recaem tanto sobre os produtores rurais quanto sobre a indústria. Entre as doenças respiratórias que afetam os suínos, destaca-se a gripe suína causada pelo vírus da influenza A suína (SIAV).

30 SuínoBrasil 4º trimestre 2021 | Atualizações sobre a Influenza suína no Brasil


Características da Influenza suína Embora a doença caracterize-se por uma baixa taxa de mortalidade (inferior a 1%), tem alta morbidade (podendo acometer até 100% do rebanho) o que gera perdas econômicas significativas devido à redução do ganho de peso, custos com medicamentos para controlar a doença clínica, bem como abortos esporádicos associado a hipertermia em porcas afetadas. Os sintomas clínicos mais comuns da doença aguda são: Febre; Apatia;

patologia

Anorexia; Dificuldade para respirar; Tosse; Conjuntivite;

Além da importância econômica para o setor agropecuário, a doença é

Secreção nasal, podendo ser purulenta

uma zoonose, gerando uma grande

quando a doença estiver associada a

preocupação para a saúde pública. O

infecções secundárias;

mais recente exemplo de transmissão do vírus dos suínos para humanos foi

Redução na fertilidade e aumento na taxa

a emergência do H1N1 pandêmico de

de abortos.

2009, que disseminou rapidamente na população humana e resultou em uma pandemia.

No Brasil, estima-se que até 94% dos rebanhos apresentam histórico de infecção pelo vírus, destacando a importância da doença no país.

31 SuínoBrasil 4º trimestre 2021 | Atualizações sobre a Influenza suína no Brasil


Conhecendo o vírus da influenza O vírus da influenza infecta diferentes espécies

patologia

como humanos, aves e suínos. Possui genoma do tipo RNA, dividido em oito segmentos que codificam pelo menos 10 proteínas virais. Na sua superfície viral, destacam-se duas importantes glicoproteínas: Hemaglutinina (HA) e

Outro fenômeno ligado a variabilidade genética do vírus está relacionado a rearranjos virais. Como o genoma do vírus é segmentado, quando dois ou mais subtipos diferentes de SIAV infectam uma mesma célula pode haver trocas de segmentos genômicos, resultando na formação de novos subtipos ou linhagens virais diferentes.

Neuraminidase (NA). As glicoproteínas de superfície são importantes para determinar a especificidade do vírus para infectar diferentes espécies e são os principais alvos do sistema imune do hospedeiro. Devido a algumas características intrínsecas do genoma viral, o vírus da influenza apresenta alto índice de mutação genética, principalmente nos genes que codificam a HA e NA.

Por conta disso, existem diferentes tipos/

Vírus originários desses rearranjos

linhagens de HA e NA que formam

virais, caso sejam transmitidos de

combinações distintas como por exemplo:

indivíduo a indivíduo, apresentam o

H1N1, H1N2, H3N2. Como a HA e a NA são

potencial de desencadear pandemias,

os principais alvos do sistema imune, as

uma vez que encontram uma

mudanças nessas proteínas podem favorecer

população altamente susceptível em

que os vírus escapem da neutralização por

decorrência da ausência de imunidade

anticorpos do hospedeiro gerados tanto por

prévia ao novo vírus formado.

infecções, quanto por vacinações prévias.

32 SuínoBrasil 4º trimestre 2021 | Atualizações sobre a Influenza suína no Brasil


A importância do suíno na epidemiologia da doença O suíno exerce um papel importante na epidemiologia da influenza, pois a espécie pode se infectar com subtipos virais originários de humanos, aves e suínos, possibilitando o surgimento de novos vírus com potencial pandêmico, após troca de segmentos genômicos de vírus originários de espécies distintas. Devido a esta característica, foi então proposto que os suínos podem servir como um “sítio de mistura” (mixing vessel), para os vírus da influenza humano e aviário.

Até 2009, o vírus da influenza suína não exercia

Três subtipos virais de SIAV circulam na população suídea mundialmente: H1N1, H1N2 e H3N2, havendo ainda linhagens diferentes

patologia

Diferentes subtipos e linhagens do vírus da influenza suína no Brasil grande importância para a cadeia suinícola brasileira. Porém, o vírus vem ameaçando a

para cada subtipo que podem ser encontradas

produção de suínos desde o surgimento do H1N1

em diferentes regiões geográficas. No Brasil,

pandêmico, em 2009, quando vários surtos de

as principais linhagens circulantes em suínos

doença respiratória aguda, associadas ao vírus,

compreendem em H1N1 pandêmico de 2009

foram descritos em granjas

(H1N1pdm09), H3N2, H1N1 e H1N2 ambos de

produtoras de suínos.

origem sazonal humana.

Após a pandemia, vários estudos sorológicos foram realizados

H3N2

2009

H1N1 H1N2

em plantéis brasileiros, os quais revelaram uma alta e maior prevalência de H1N1pdm09.

33 SuínoBrasil 4º trimestre 2021 | Atualizações sobre a Influenza suína no Brasil


Um estudo realizado em 2011 nos estados do RS, PR, SC, SP, MG e MS mostrou que a linhagem H1N1pdm09 foi a mais prevalente nos rebanhos, seguido por H1N2 e H3N2. Neste mesmo estudo, observou-se também

2011

uma prevalência significativa de animais infectados com dois vírus diferentes como: H1N1pdm09 com H1N2 ou H3N2.

Em 2012, outro estudo realizado em granjas de suínos no estado de MG indicou que 26,2% dos

2012

animais testados tinham anticorpos contra

Em 2014–2015, outro estudo

patologia

H1N1pdm09 e apenas

sorológico realizado em granjas

1,57% tinham anticorpos

com animais não vacinados,

contra o H3N2.

de vários estados brasileiros,

2014 2015

mostrou que 96% dos rebanhos analisados testaram positivo para a presença de anticorpos contra H1N1pdm09 e 68% foram positivos para H3N2, dos quais 36%

Dados de detecção do

apresentaram co-infecções

vírus em plantéis a partir de técnicas moleculares, como o teste de PCR,

2011

evidenciaram maior

2015

detecção do H1N1pdm09

com o H1N1pdm09.

ATÉ

desde 2011 a até 2015, mostrando também a ocorrência de animais infectados com duas ou três linhagens virais, sendo a maioria com o envolvimento do H1N1pdm09.

De fato, o H1N1pdm09 teve uma maior importância no setor suinícola após a pandemia de 2009 e devido a sua maior prevalência foi possível observar o envolvimento dessa linhagem em co-infecções com outras linhagens de menor prevalência. No entanto, a partir de 2017 alguns dados evidenciaram mudanças no perfil de circulação das linhagens predominantes no Brasil.

34 SuínoBrasil 4º trimestre 2021 | Atualizações sobre a Influenza suína no Brasil


Já no ano de 2019, analisando amostras de demanda recebidas em laboratórios de diagnóstico, foi evidenciado por meio de testes

A partir de amostras de demanda, recebidas

moleculares (PCR) uma maior ocorrência das

em laboratórios de diagnóstico e provenientes

linhagens H1N1 ou H1N2 de origem sazonal

de diferentes estados do Brasil, foi evidenciado

humana, as quais são diferentes da linhagem de

que no período de 2017 a 2018 dados de testes

H1N1pdm09. Essas linhagens têm importância

sorológicos (para a detecção de anticorpos) e

visto que, apenas alguns casos de infecção em

moleculares (para a detecção viral por meio

humanos foram relatados no Brasil, sendo estes

do teste do tipo RCR), sugeriram um aumento significativo na ocorrência de H3N2 nos plantéis, bem como co-infecções entre H1N1pdm09 e H3N2 e uma diminuição na detecção de

casos relacionados a trabalhadores que tiveram contato com suínos doentes. A alta detecção dessas linhagens em

H1N1pdm09. A maior ocorrência de H3N2

suínos acende um alerta por seu potencial

na população suína nesses anos pode estar

patologia

de infectar e se disseminar na população

relacionada a maior ocorrência desse subtipo na

humana, que é susceptível as mesmas.

população humana, neste mesmo período.

Sabe-se que a transmissão do vírus influenza dos humanos para os suínos é mais fácil de ocorrer do que a rota inversa, destacando a importância da implementação de protocolos de biosseguridade nas granjas e da vacinação anual dos trabalhadores para evitar a transmissão inter-espécie.

35 SuínoBrasil 4º trimestre 2021 | Atualizações sobre a Influenza suína no Brasil


No Brasil, uma vacina comercial monovalente e inativada contra a linhagem H1N1pdm09 foi licenciada em 2014. Outra vacina comercial viva modificada para o controle dos subtipos H1N1 e

A importância da vacinação e monitoramento dos vírus circulantes

H3N2 foi aprovada em 2020, e vacinas autógenas também estão autorizadas para uso no país. Sabe-se que diferentes linhagens do vírus da influenza circulam no país, e devido a isso nem todas podem

patologia

oferecer proteção satisfatória aos animais. Torna-se importante o monitoramento sorológico e molecular para detectar os vírus circulantes em cada região ou granja e avaliar a implementação de métodos de controle nos plantéis.

A vacinação é o método mais utilizado no controle e prevenção da influenza suína e a grande variação genética entre os vírus circulantes em diferentes regiões e/ou países faz com que haja uma variação na composição das vacinas.

O monitoramento do vírus da influenza circulantes em suínos, além de fornecer informações relevantes para os veterinários de campo aplicarem medidas de controle nas propriedades, torna-se essencial para estabelecer atualizações nas vacinas. A vigilância epidemiológica em suínos e em humanos também é uma importante ferramenta para se prever surtos em ambas as espécies.

36 SuínoBrasil 4º trimestre 2021 | Atualizações sobre a Influenza suína no Brasil


Considerações finais A ocorrência de diferentes subtipos ou linhagens do vírus da influenza

patologia

suína varia geograficamente e ao longo do tempo. A implementação de biosseguridade nas granjas, incluindo a vacinação de trabalhadores rurais contra influenza humana, auxilia na prevenção da doença em suínos. O uso de vacinas na população suídea é o principal método de prevenção da doença na espécie. O monitoramento do vírus da influenza suína por testes sorológicos e moleculares auxilia na tomada de decisões sobre métodos de controle da doença nos plantéis, além de fornecer dados para a atualização de vacinas.

Atualizações sobre a Influenza Suína no Brasil

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37 SuínoBrasil 4º trimestre 2021 | Atualizações sobre a Influenza suína no Brasil


UMA NOVA

PERSPECTIVA PARA MAXIMIZAR O POTENCIAL DA FIBRA ALIMENTAR TOTAL, DA XILANASE E DA SAÚDE INTESTINAL Diego Parra¹, William Greenwood² e Tiago Tedeschi dos Santos³

nutrição

¹ Technical Manager AB Vista ² Sales and Technical Services Manager AB Vista ³ Global Technical Director AB Vista

O conceito de fibra alimentar total Polissa carí deo sN ão Am

Celulose

Lignina

Pectina

Hemicelulose

38 SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | Uma nova perspectiva para maximizar o potencial da fibra alimentar total, da xilanase e da saúde intestinal

Lig n a in

“polímeros de carboidratos com um grau de polimerização não inferior a 3, que não são digeridos e/ou absorvidos no intestino delgado”.

+ ) NA ibra Bruta (FB) P F ( os ce tergente Ácid ilá o (F m De DA ra e b i ) F gente Neu r e t e D tro m (FD e a r N Fib

)

Fisiologicamente, a fibra é definida como o conjunto de carboidratos que não são digeridos e absorvidos no trato intestinal superior, chegando intactos ao cólon ou ceco. Então, o Codex Alimentarius em 2005 definiu fibra alimentar como

Fibra alimentar


Para adotar esse conceito de fibra alimentar total, novas matrizes nutricionais devem ser desenvolvidas para considerar todos os carboidratos presentes nos ingredientes, incluindo principalmente as quantidades e tipos de PNA, além de ter um grande conhecimento de suas frações solúveis e insolúveis, correlacionando isso com o comportamento gastrointestinal dos animais.

Porém, no contexto da nutrição animal, o uso da palavra fibra é amplo, confuso e quimicamente mal definido (Choct, 2015). Como exemplo, a fibra bruta (a principal referência de fibra usada até hoje nos rótulos e para registro de rações para animais) representa apenas uma proporção muito pequena de cerca de 20% da fibra alimentar de ingredientes e rações para animais.

Segundo Choct (2015), a definição de fibra alimentar causa enorme controvérsia, porque também houve inúmeras definições, às vezes confusas, ao longo dos anos; incluindo definições baseadas em efeitos fisiológicos e métodos de determinação.

Tal abordagem direciona melhor a próxima etapa, como a definição de fibra e de seus componentes PNA, e, portanto, a um melhor entendimento de como a composição e as características da fibra podem afetar o desenvolvimento intestinal, a fermentação no trato intestinal inferior, e, consequentemente, o desempenho animal. Além disso, uma melhor compreensão das características da fibra de diferentes ingredientes permite entender o possível impacto que as ferramentas disponíveis nos mercados (ácidos, processo de moagem, peletização, diferentes ingredientes, carboidrases, etc.) poderiam ter sobre essas características.

39 SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | Uma nova perspectiva para maximizar o potencial da fibra alimentar total, da xilanase e da saúde intestinal

nutrição

De relevância direta para a nutrição de monogástricos, o autor recomenda definir a fibra alimentar como “a soma do conteúdo total de polissacarídeos não amiláceos (PNA) e lignina”.


NIR como uma ferramenta para caracterizar a fibra alimentar total A tecnologia NIR utiliza luz infravermelha próxima para predizer, de forma rápida e fácil, a qualidade nutricional dos ingredientes e das rações para animais.

nutrição

Tradicionalmente, a tecnologia NIR tem sido usada para a análise bromatológica de nutrientes, incluindo umidade, proteína e fibra bruta. Estes resultados podem ser utilizados para, por exemplo, aceitar/ liberar o uso de ingredientes e alimentos e identificar tendências na qualidade da matéria prima, que ajudem a atualizar a formulação, garantindo uma qualidade consistente da ração.

Para entender melhor a fibra alimentar total em diferentes ingredientes para alimentação animal; a AB Vista coletou aproximadamente 1.700 amostras de ingredientes de 24 países diferentes ao longo de 5 anos (Gomes et al., 2020). Essas amostras foram analisadas de acordo com o método proposto por Englyst et al. (1994), e também, moídas e analisadas usando um equipamento NIR de bancada (FOSS DS2500) com espectrômetro monocromático (FOSS A / S Hillerød, Dinamarca).

Como resultado, a AB Vista desenvolveu um conjunto de calibrações NIR que podem ser usadas para predizer parâmetros relacionados à fibra alimentar total, incluindo: PNA total e insolúvel

Avanços recentes na tecnologia de calibração NIR permitem a predição de nutrientes adicionais, como lisina reativa e total do farelo de soja, energia metabolizável de cereais e P-fítico, à nível de indústria.

Arabinose + xilose total e insolúvel A relação arabinose:xilose tanto nas frações total quanto nas insolúveis de arabinose e de xilose. Glicose total e insolúvel como parte de PNA. Ainda, com base na composição acima, a composição de outros PNA, como pectina e porções solúveis de cada grupo, pode ser calculada de forma rápida e fácil

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Conteúdo de PNA Insolúvel, Solúvel e Total em Matérias Primas (%) Insolúvel

Farelo de Glúten de Milho, 60%

Solúvel Sorgo Milheto Milho Arroz

Como reduzir os efeitos antinutricionais da fibra alimentar e potencializar seu impacto positivo? PNA solúvel e insolúvel continuam apresentando propriedades antinutritivas significativas para os animais.

Esses efeitos podem ser reduzidos com o uso de carboidrases, principalmente a xilanase, devido à alta inclusão do complexo arabinose e xilose normalmente presente nas dietas (aproximadamente 40 a 50% do PNA total) e à alta resistência da arabinoxilose à hidrólise e dissolução no TGI, na ausência de uma xilanase.

nutrição

As calibrações NIR podem ser usadas para predizer esses parâmetros em ingredientes para ração com ótima precisão. A figura 1 mostra o conteúdo típico de PNA insolúvel, solúvel e total em uma variedade de ingredientes para a ração. Mais importante ainda, é a variação regional e sazonal do PNA total e insolúvel que pode ser efetivamente monitorada havendo um equipamento NIR no local.

Trigo Farelo de Glúten de Milho, 21% Triticale

Complexo arabinose e xilose 40 a 50% do PNA total

Soja Integral Cevada Farelo de Soja

Historicamente, os mecanismos pelos quais uma xilanase era usada concentravam-se no aumento da digestibilidade nutricional dos ingredientes devido:

Farelo de Arroz Farelo de Colza DDGs

À redução da viscosidade,

Aveia

No melhor aproveitamento do alimento consumido e

Farelo de Girassol Farelo de Trigo

0

5

10

15

20

25

30

Figura 1. Conteúdo de PNA insolúvel, solúvel e total de uma variedade de ingredientes comumente usados para rações, conforme a predição pelo NIR. Adaptado de Gomes et al., 2020:

No aumento da eficácia das enzimas digestivas endógenas.

Mas, atualmente, sabe-se que esse não é o efeito mais importante da enzima.

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nutrição

A proporção de fibras solúveis nos ingredientes diminuiu ao longo do tempo e a nova geração de xilanases é capaz de fornecer outro efeito aos animais devido a maneira de quebrar a cadeia dos arabinoxilanos.

Essa alteração na solubilidade da fibra de cereais nos últimos anos, reduzindo o impacto desta fibra solúvel na viscosidade intestinal, não tornou irrelevante o uso de carboidrases. Na verdade, abriu caminho para perceber que até então, o impacto da fibra na nutrição de monogástricos quase não era considerado:

Atualmente, o uso de enzimas exógenas é atribuído à sua capacidade de degradar os elos que ligam as cadeias fibrosas, gerando frações de menor grau de polimerização denominadas xilo-oligossacarídeos (XOS), gerando um caminho para o desenvolvimento da microbiota intestinal (Ribeiro et al. al., 2018).

o impacto positivo da fibra na fermentação no intestino grosso e o desenvolvimento de um microbioma fermentador de fibra.

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Esses XOS consumidos pelo microbioma serão os precursores de um melhor desenvolvimento do microbioma degradador de fibras e, como a fermentação de carboidratos requer um processo lento de adaptação, não é fácil manter um equilíbrio adequado da flora microbiana, quanto maior a nossa capacidade de determinar o microbioma conforme a idade, maior será a adaptabilidade de nossos animais e seu microbioma.

nutrição

O efeito resultante das β-1,4-xilanases exógenas seria gerar uma variedade destes XOS. Tais oligossacarídeos têm um efeito positivo sobre o microbioma que coloniza a porção distal do trato gastrointestinal. Portanto, os efeitos benéficos resultantes da inclusão de β-1,4xilanases em dietas à base de cereais podem resultar em modulações mais robustas do microbioma do ceco, uma vez que gera uma série de compostos altamente fermentáveis no ceco, além de direcionar a atividade em arabinoxilanas solúveis e viscosas.

No entanto, deve ser esclarecido que o mecanismo de quebra das cadeias arabinoxilanas por todas as xilanases não é o mesmo. Nem todas as enzimas produzem XOS com o grau correto de polimerização para o qual o microbioma tem um apetite maior, enquanto alguns produtos podem até hidrolisar esses oligossacarídeos em açúcares livres e reduzir esses efeitos benéficos.

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Além disso, o desenvolvimento desse microbioma degradador de fibra aumentará a produção de ácidos graxos voláteis (AGV), como ácidos acético, propiônico e butírico. Esses ácidos são fontes de energia para enterócitos, que por sua vez, melhoram a saúde intestinal e, ao mesmo tempo, atuam como gatilhos para hormônios intestinais, como o hormônio peptídico intestinal (PYY).

nutrição

Esse fator determinará uma melhora na digestibilidade das dietas, uma vez que aumenta a retenção de alimentos no estômago/moela. Quando XOS obtidos em um grau específico de polimerização são associados às xilanases exógenas, uma forte ação estimulante é gerada das bactérias que degradam a fibra nas câmaras de fermentação distais de monogástricos, gerando o chamado efeito estimbiótico, um estímulo da microbiota do intestino grosso para degradar fibra.

Dessa forma, podemos definir aditivos estimbióticos como aqueles que podem estimular um microbioma a degradar fibras e aumentar sua fermentabilidade, mesmo quando usados em doses claramente baixas. Isso permite uma contribuição significativa para a produção de ácidos graxos voláteis (AGV).

Além disso, interferimos positivamente no modelo de digestibilidade de alguns nutrientes (especialmente proteínas), reduzindo sua concentração no trato intestinal inferior e, assim, sua fermentação no ceco, o que é desejável.

Esses fatos nos levam a considerar a estrutura do intestino, seu funcionamento ideal e como ele pode ser influenciado para melhorar a saúde e a produtividade animal.

Uma nova perspectiva para maximizar o potencial da fibra alimentar total, da xilanase e da saúde intestinal

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“Treinando” o microbioma animal para o aproveitamento da fibra: uma nova perspectiva do modo de ação das enzimas degradantes de fibra

Enzimas degradadoras de fibra (PNAases) têm sido usadas comercialmente por mais de 30 anos. Historicamente, o foco principal sobre as PNAases estava em diminuir os efeitos anti-nutricionais da fibra, mas este vem mudando para os subprodutos da quebra da fibra.

“Nós sabemos que determinados produtos oriundos da quebra de PNA são benéficos e atuam na adaptação da microbiota intestinal, o que pode aumentar o aproveitamento da fibra e o desempenho”. Dr Gemma Gonzalez Ortiz, Gerente de Pesquisas, AB Vista

Quando as enzimas degradam a porção PNA, oligossacarídeos de cadeia curta são produzidos; estes são fermentados por bactérias no intestino, aumentando a produção de ácidos graxos de cadeia curta. Este efeito tem sido chamado de efeito prebiótico, e é considerado como um dos mecanismos de ação das PNAases, que pode ser muito

do que simplesmente melhorar a digestibilidade de fibra e a fermentação de oligossacarídeos produzidos. Quando suplementada via dieta por um longo período, a xilanase tem mostrado aumentar, efetivamente, a capacidade das bactérias do ceco em digerir fibra. Isto sugere que as xilanases causam um efeito de “treinamento” no microbioma cecal, resultando em mudanças adaptativas ao longo do tempo que aumenta a capacidade de degradar fibra (Figura 1). Isto significa que as PNAases estão fazendo muito mais do que se sabia – elas contribuem para o desenvolvimento de uma microbiota mais benéfica e, com isso, melhoram a eficiência na absorção de nutrientes da dieta pelo animal hospedeiro.

Figura 1. Amostras de conteúdo cecal de aves alimentadas com dietas contendo ou não xilanase (Econase XT) foram usadas como inóculo em ensaio de fermentação para monitorar a produção de ácidos graxos voláteis (AGV). O inóculo cecal de aves pré-expostas à xilanase aumentou a produção de butirato em comparação com as aves do grupo controle. 19 17 15

Butirato mM

A busca crescente sobre como as carboidrases agem está abrindo uma nova perspectiva do seu papel nas estratégias nutricionais para melhorar o desempenho.

13 11 9 7 5 Controle Conteúdo cecal aves do controle

C+PNA de trigo Conteúdo cecal – aves com xilanase

“Precisamos olhar para as PNAases como ferramentas para acelerar a habilidade do microbioma intestinal em degradar fibra. Em vez de degradar quantitativamente a fibra da parede celular vegetal, estas enzimas estão, efetivamente, aumentando a capacidade intrínseca do animal em digerir fibras, o que tem implicações significativas na seleção de classes de enzimas PNAases e de dosagens”. Dr Mike Bedford, Diretor de Pesquisas, AB Vista

Para saber mais sobre a pesquisa citada neste artigo e outras pesquisas relacionadas, visite www.abvista.com ou entre em contato com o representante local da AB Vista.


O maior desafio para o suinocultor em 2021 foi, sem dúvida, o custo de produção. A quebra histórica da safra de milho, agravada por um mercado altamente especulativo, manteve o principal insumo da cadeia suinícola

O MERCADO DE GRÃOS EM 2021

em alta ao longo do ano, atingindo o maior preço nominal da história em maio/21, quando o valor da saca de 60kg ultrapassou os 100 reais em várias praças. Após a colheita da segunda safra houve um recuo nos valores do grão, mas ainda em patamares que não permitiram margens positivas diante do baixo

entrevista

preço do suíno vivo.

A SuínoBrasil conversou com o CEO do Sindirações (Sindicato Nacional da indústria de Alimentação Animal) e presidente do CBNA (Colégio Brasileiro de Nutrição Animal), Ariovaldo Zani, sobre as principais estratégias disponíveis no mercado para atenuar a alta dos custos com grãos. Este ano, devido à possível escassez de ingredientes para alimentação, principalmente, de aves e suínos, o Comitê Executivo de Gestão/GECEX da Câmara de Comércio Exterior/CAMEX zerou até o final de 2021, as tarifas de importação do milho e da soja, farelo e óleo, oriundos de fora do Mercosul.

46 SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | O Mercado de grãos em 2021

Além disso, foi autorizada a importação de milho geneticamente modificado dos Estados Unidos para aliviar o setor. Você acredita que este cenário perdurará até o próximo ano, ou há perspectivas de ajuste entre produção e demanda de grãos para o ano de 2022? As perspectivas são muito boas. Pra solucionar e aliviar essa preocupação, as safras americana e argentina prometem ser generosas. Além disso, a CONAB tem uma previsão de aumento expressivo e recuperação da produtividade, principalmente da segunda safra.


Muito embora devemos entender que nós estamos num momento em que o patamar de preço para os grãos, embora aliviado e deve aliviar mais um pouco por conta dessa recomposição dos estoques globais, já se posicionou em um outro degrau. E que a indústria tem que se adequar ao novo cenário, que pode realmente levar a um aumento nos preços dos alimentos, algo que já está sendo observado.

De maneira geral, há perspectivas muito boas. As projeções são muito favoráveis a uma recomposição nos estoques, principalmente do milho, que preocupava muito os produtores.

Existe alguma quantificação de quanto de alívio representou essas iniciativas do governo de retirada de impostos para importação de grãos? De quanto de alivio isso representou no bolso do suinocultor?

Apesar de todo esse esforço salutar das autoridades para buscar todo milho possível, como a questão de zerar o imposto de importação de produtos origens mesmo fora do MERCOSUL, e de isentar o PIS COFINS tanto no desembaraço quanto na comercialização, e ainda, simplificar o processo de importação de eventos modificados, que tem toda uma burocracia da CTNBio, todos os fatores foram somados, foi perceptível nas estatísticas que a continuou sendo de países do MERCOSUL como Argentina e Paraguai. Então, os países do MERCOSUL já tinham vantagem. A modificação viria principalmente dos Estados Unidos. De fato, apesar de todo esse esforço realizado, que eu parabenizo, no entanto,ele praticamente não foi necessário, porque a gente continuou suprido com o que tinha. No fundo, os esforços serviram sim para tentar esfriar um pouco o ímpeto, que é justo e legal, do produtor do milho continuar elevando seus preços. O detentor do milho tem o direito de cobrar aquilo que ele acha que merece, resta ao comprador pegar ou não.

O que temos acompanhado, ouvido, é que pouco favoreceu, porque o câmbio atrapalhou muito esse ano e continua atrapalhando. Essa desvalorização acentuada, exagerada da nossa moeda. No final das contas quanto você vai importar, internalizar o produto, o preço ficou muito próximo do que a oferta do mercado interno. No fundo não faltou milho, na verdade, o preço que era proibitivo.

47 SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | O Mercado de grãos em 2021

entrevista

Então, em termos gerais, os estoques globais de grãos tendem a melhorar, isso faz com que haja mais oferta levando a um alívio no custo do produto. Evidentemente esse alívio talvez não demande a manutenção de uma série de procedimentos que foram necessários e que estão relacionados às questões tributárias. Sendo assim, por si só, o cenário se ajusta.


Então, pelas estatísticas que se vê é que praticamente nada veio de fora, a não ser da Argentina e do Paraguai. Então, enfim, parabéns outra vez por essa iniciativa, no entanto, ela parece não ter sido necessária. Em 2021, o ex-ministro Francisco Turra, vem liderando o movimento “Otimização de culturas de inverno”, devido à apreensão do setor de aves e suínos com os custos de insumos. Considerando os aspectos quantitativos dos grãos, quais os fatores limitantes para a inclusão das culturas de inverno na ração de suínos?

entrevista

Seja suínos ou aves, enfim, animais monogástricos, o trigo, por exemplo, é uma alternativa, porém seu custo, tem que ser levado em consideração. Então, dependendo das circunstâncias, ele pode até se tornar inviável por conta do preço. Deve-se sempre considerar o custo de oportunidade.

Porém, durante um momento de necessidade ou na oportunidade de uso, o trigo é uma alternativa! No entanto, ele tem um perfil nutricional diferente, que exige a adição de gordura vegetal ao entrar como substituto do milho na dieta. Dessa forma, o preço da gordura vegetal também influencia na inclusão do trigo na dieta. Estamos vivendo um momento em que o esmagamento de soja para produção de óleo, com suas peculiaridades, e por conta da valorização do produto, por exemplo do óleo de soja, levou ao aumento de preço da gordura vegetal.

48 SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | O Mercado de grãos em 2021

Por isso, ao usar a gordura associada ao trigo para substituir o milho na dieta, pode ser que o resultado final fique mais caro, o que gera a dificuldade de incluir o trigo na alimentação animal. então essa já é uma dificuldade.

Fora os outros ingredientes, os cereais de inverno como o triticale, o sorgo, a cevada e a aveia, por exemplo, que também possuem um coeficiente nutricional satisfatório, mas ainda tem uma oferta muito pequena tamanha a demanda que a indústria suinícola possui.

Uma alternativa seria aumentar a produção

Para produzir mais o agricultor precisa ter a certeza que ele vai ter a demanda. Então a indústria demandadora que tem esse interesse na matériaprima, precisa firmar esses compromissos, e a recíproca é verdadeira.


O produtor da pecuária precisa ter certeza, que na hora que ele investir em armazenamento ele terá o produto disponível. Pois é necessário separar as matérias-primas, não é recomendado misturar tudo junto no silo, tem que estar separado. Então se o produtor hoje opera com um ou dois ingredientes, e vai adicionar um terceiro, vão ser necessários mais silos, isso demanda investimento financeiro e para isso é necessário a certeza do suprimento do novo grão. Então é uma mão de duas vias, os dois lados têm que convergir.

Sobre o DDG, a aplicação dele na ração de suínos, quais as vantagens e desvantagens?

Existe uma limitação de adição, tem a proporção máxima que pode ser utilizada, além dessa quantidade o DDG começa a trazer transtornos, problemas relacionados ao metabolismo do animal.

Por outro lado, o DDG é sim uma alternativa já amplamente utilizada, principalmente, nos Estados Unidos. Uma vez que, 40% da produção americana de milho é utilizada na produção de etanol, o que resulta em bastante DDG disponível. Além do seu uso interno, os Estados Unidos exportam esse coproduto.

Apesar dos desafios citados, no entanto, é evidente que pelas condições climáticas da região Sul as culturas de inverno são favorecidas e há possibilidade de aumentar de sobremaneira a área plantada, a produtividade e assim, a oferta para aliviar esses problemas que vão crescendo relacionados à disponibilidade de milho.

Então é evidente que para o Brasil tendo essa disponibilidade ela também vai ser utilizada. É um produto que tem o seu coeficiente nutricional e benefício ambiental, até porque ele é um produto que está favorecendo a produção de etanol que é um biocombustível.

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entrevista

O DDG possui alguns compostos que fazem parte da sua constituição natural quando ele é produzido, que em excesso evidente se caracteriza como fatores antinutricionais. Provocando um efeito adverso.


Por enquanto, a oferta que se tem diante da produção está entorno de 7 milhões de toneladas de produção desse ingrediente, segundo a CONAB. A produção atual é praticamente toda consumida pelos ruminantes, principalmente a pecuária de corte. Com a tendência e perspectiva de aumento cada vez maior na produção de etanol, consequentemente, haverá mais DDG disponível, que certamente, será incorporado na alimentação de aves e suínos.

entrevista

Existe algum determinante do ponto de vista econômico que o aporte de DDG é uma alternativa viável para a suinocultura?

Então, o que nós estamos acompanhando, o mundo evoluindo, a tecnologia, e essa preocupação com o meio ambiente, não se formula mais ao menor custo. Hoje a maioria dos produtores levam em consideração diversos outros fatores. E a questão voltada ao meio ambiente é uma delas que está entrando na equação.

Assim, não é só buscar o insumo mais barato, e sim, levando em conta inclusive o ciclo de vida dos produtos, dos insumos utilizados. É o inventário de carbono. A pegada de carbono de cada ingrediente.

Sim. Em termos de custo, quando você formula, o processo de formulação tem uma matemática envolvida que busca um equilíbrio em termos de custo que você pode oferecer respeitando os requisitos nutricionais daquela espécie animal. Então, o DDG entra num pacote e começa a competir com os demais insumos. Por enquanto o que se vê é que ele tem sim potencial de ser incorporado.

Lógico que tudo vai depender muito da dinâmica, da oferta, quanto está disponível e qual a disponibilidade dos outros ingredientes. Às vezes você não tem o que fazer, falta determinado ingrediente, embora o outro é mais caro ele vai ter que entrar, porque senão você não consegue fechar a dieta.

50 SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | O Mercado de grãos em 2021

Isso já é uma prática comum de observação, inclusive nós estamos trabalhando juntamente com a EMBRAPA, calculando e estabelecendo métricas e encontrando a pegada de carbono dos insumos que são utilizados na alimentação animal. Nós já temos sido cobrados dos clientes externos, e até internos, acerca do potencial de emissão desses insumos.


Portanto, esse é um outro fator que é também considerado, não é só preço do ingrediente. É o preço, a disponibilidade, e hoje mais essa variável relacionada ao meio ambiente.

Você quer acrescentar alguma coisa que a gente deixou de abordar?

Acho que o que ia falar acabei falando que é da nossa parceria com a EMBRAPA voltada ao estudo do ciclo de vida dos insumos que foi o “Inventario de carbono dos insumos de produção animal”. Que é importante para desmistificar a visão distorcida que, principalmente, europeus tinham, do potencial de agressão ambiental que o nosso milho e a nossa soja têm quando comparados ao milho e a soja deles. Ou o milho e a soja produzido nos Estados Unidos.

Então tem algumas variáveis que não eram bem entendidas pelos europeus, por exemplo, a questão da terceira safra brasileira, que são três safras na mesma área, eles não levavam isso em conta, além da questão dos fertilizantes utilizados e uma série de outros fatores. E a nossa parceria com a EMBRAPA elucidou a questão.

Tem outro fator como a questão de mobilização e uso da terra que é um grande problema, é um bode na sala que infelizmente por muito tempo o Brasil e a Argentina sofreram.

entrevista

Então, é uma somatória de processos que estão envolvidos na produção e na criação dos animais que cada um tem o seu percentual de contribuição.

E os cálculos eram feitos de maneira que mostrava o Brasil como grande poluidor, o que de fato não era e gerou uma discussão muito grande da destruição das florestas para substituição por áreas produtivas, um processo que foi realizado na Europa há muitos anos e também nos Estados Unidos, mas era contabilizado apenas para o Brasil nos últimos anos, o que dava uma grande desvantagem para o país.

O Mercado de grãos em 2021

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51 SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | O Mercado de grãos em 2021


Actinobacillus pleuropneumoniae

COMO ENFRENTAR ESSE DESAFIO? Marcelo Gottschalk Diretor do Laboratório de Referência Internacional para Diagnósticos de Actinobacillus pleuropneumoniae

patologia

A pleuropneumonia suína é uma doença com forte impacto econômico para o setor suíno em todo o mundo, causada pela bactéria Actinobacillus pleuropneumoniae (App), da qual existem atualmente 19 sorotipos ou “variedades”. Variedades da doença Existem três variedades de infecção / doença: clínica aguda crónica subclínica

No caso da forma subclínica, os animais podem ser infectados sem apresentar sinais clínicos ou lesões nos pulmões, podendo-se observar duas possibilidades nestes casos: Animais infectados por pequenas cepas virulentas que não causam problemas. Na verdade, mais de 70% das granjas estão infectadas com um ou mais sorotipos não virulentos, o que não é considerado um grande problema. Animais infectados por cepas de sorotipos virulentos que, potencialmente, podem causar sinais clínicos a qualquer momento (entrada de outras infecções, mudanças no manejo, etc.).

52 SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | Actinobacillus pleuropneumoniae - Como enfrentar esse desafio?


O suíno é hospedeiro natural do App, portanto sua introdução nas granjas ocorre por meio dos animais portadores. A transmissão desta bactéria também pode ocorrer de forma indireta (vento, roupas, ferramentas, etc.), embora seja menos frequente. A probabilidade de transmissão indireta do App está relacionada à qualidade das medidas de biossegurança implementadas na propriedade e à densidade das propriedades vizinhas a uma distância reduzida. Em granjas infectadas, o contágio geralmente ocorre pelo ar, quando os animais estão em contato ou próximos. A entrada de marrãs de reposição é considerada um dos pontos críticos na transmissão da infecção, principalmente quando animais negativos são introduzidos em uma maternidade infectada, ou viceversa.

Um dos grandes problemas do App é que não existe um método seguro e confiável de aclimatação, sendo a vacinação dos animais de reposição negativa a única alternativa. Nos sistemas de integração, o reagrupamento na engorda de leitões de diferentes maternidades, alguns deles infectados, costuma ser suficiente para causar a manifestação da doença. É importante lembrar que a morbidade e a mortalidade variam muito entre as diferentes propriedades e dentro de uma única propriedade ao longo do tempo. Essas variações podem ser decorrentes das condições de manejo e/ou virulência da cepa. Fatores predisponentes que favorecem o desenvolvimento da Pleuropneumonia Suína:

Os leitões que nascem desses animais são excretores da bactéria em maior número do que os de matrizes mais velhas. Matriz não infectada

Matrizes infectadas

Leitões eliminam algumas bactérias (via respiratória)

Presença de enfermidades como a pneumonia enzoótica

Má ventilação

Elevada densidade de alojamento

Mudanças bruscas de temperatura

Matrizes e leitões agora estão infectados e liberam mais bactérias (via respiratória) SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | Actinobacillus pleuropneumoniae - Como enfrentar esse desafio?

patologia

Como enfrentar o desafio da Pleuropneumonia Suína? - O primeiro passo é saber como é transmitido

53


FORMA AGUDA

Diagnóstico da Pleuropneumonia Suína

A forma aguda da doença é caracterizada por febre, perda de apetite, dificuldade respiratória, tosse e em certos casos morte súbita, com espuma sanguinolenta nas cavidades nasais e/ou boca sendo observada em animais mortos, e hiperemia (cor avermelhada) na região do abdômen.

O diagnóstico da Pleuropneumonia Suína é baseado no reconhecimento da sintomatologia clínica e análises laboratoriais.

Tendo em vista a rápida evolução da doença, que pode levar à morte em poucas horas, a observação atenta dos animais é fundamental.

SINAIS CLÍNICOS

Os sintomas clínicos podem ser observados em qualquer idade, embora ocorram com maior frequência durante a engorda, menor frequência no período do desmame e raramente em animais adultos. Anorexia

A doença aguda é relativamente fácil de diagnosticar, pois as lesões pulmonares são características, mas devem ser confirmadas com o isolamento do agente causador, e estudos de sensibilidade podem ser realizados contra diversos antimicrobianos.

Dispneia e tosse

Hiperemia

Febre FORMA AGUDA

A identificação do sorotipo (sorotipagem) permite o acompanhamento epidemiológico por sorologia (detecção de anticorpos).

Espuma sanguinolenta

FORMA CRÔNICA

patologia

A forma crônica se manifesta com tosse ocasional e piora da conversão alimentar, com lesões pulmonares claras no frigorífico. Tosse ocasional

Nestes casos, o isolamento da bactéria dessas lesões crônicas é mais difícil.

Lesões pulmonares

FORMA CRÔNICA CA ↑

A melhor forma de fazer o diagnóstico é com a sorologia.

FORMA SUBCLÍNICA A infecção subclínica, na ausência de lesões pulmonares, é um dos aspectos mais perigosos da doença. Muitas granjas estão infectadas, mas o equilíbrio imunológico e o manejo adequado evitam a manifestação dos sinais clínicos. A única forma de diagnóstico é por sorologia.

O valor da sorologia FORMA SUBCLÍNICA

A introdução de reprodutores infectados em maternidades livres de App é uma importante via de entrada da infecção na propriedade que favorece o aparecimento de sinais clínicos na engorda. Nestes casos, a detecção da infecção deve passar pela aplicação da sorologia. A detecção de anticorpos por sorologia é um método diagnóstico indireto, pois consiste na detecção da resposta imune dos animais contra uma infecção passada. Portanto, o teste usado deve ser altamente sensível e específico.

54 SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | Actinobacillus pleuropneumoniae - Como enfrentar esse desafio?


Em termos gerais, podemos diferenciar dois tipos de testes sorológicos: Teste específico de sorotipo: detecta anticorpos contra o antígeno purificado da bactéria Teste que detecta todos os sorotipos de App: detecta anticorpos direcionados contra a toxina ApxIV (Tabela 1) Toxinas de App

1, 5, 9/11

Apxl

ApxII

ApxIII

ApxIV

2, 3, 4, 6, 8, 15

10, 14

7, 12, 13

GRANJAS CONVENCIONAIS POSITIVAS PARA APP

Tabela 1. Toxinas produzidas por diferente cepas de App.

GRANJAS NEGATIVAS APP

clínicos)

✓ Confirmação de suspeita de infecção crônica com base em lesões pulmonares

✓ Monitoramento de anticorpos maternos para estabelecer a idade da primeira dose da vacina (bacterinas)

Produção de toxinas

Ao trabalhar com granjas convencionais (provavelmente infectadas por sorotipos não virulentos), apenas o teste de sorotipo específico. Nessas granjas, não é útil usar o teste de detecção para todos os sorotipos de App, pois detecta tanto granjas infectadas por sorotipos patogênicos quanto aquelas infectadas por sorotipos não patogênicos, o que implica na obtenção de resultados positivos que são difíceis de interpretar e não indicam o nível de risco.

O teste de detecção para todos os sorotipos de App só pode ser usado no caso de granjas negativas para todos os sorotipos de App, como ferramenta de vigilância epidemiológica.

Sorotipos 2 e 4/7 Granjas positivas App

✓ Identificação da origem de uma infecção ✓ Avaliação de risco da granja (sem sinais

Granjas negativas App

✓ Estudo da cinética de anticorpos em uma granja infectada, para estabelecer um programa de vacinação ou tratamento metafilático

✓ Avaliação de granjas que fornecem animais de reposição

Chaves para o tratamento e prevenção da Pleuropneumonia Suína Para ser eficaz, o tratamento deve ser iniciado desde o início da doença, imediatamente após o aparecimento dos sinais clínicos.

patologia

Sorotipos de App

Em quais situações a sorologia de App é recomendada?

Porém, é importante levar em consideração que o uso de antimicrobianos pode reduzir mortalidade e lesões, mas não elimina a infecção, uma vez que os animais permanecem como portadores. O primeiro tratamento deve ser feito por via parenteral, pois os animais doentes comem e bebem menos. É importante identificar os animais tratados, a fim de verificar que não continuem a apresentar sinais clínicos, pois, do contrário, podem ser indicativos do desenvolvimento de resistência antimicrobiana ao produto utilizado. Em granjas com surtos agudos, mesmo que a temperatura seja baixa (inverno), é importante melhorar a ventilação para promover a circulação de ar adequada.

55 SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | Actinobacillus pleuropneumoniae - Como enfrentar esse desafio?


TRATAMENTO

Em casos de doença aguda, existem dois métodos de prevenção: Proteger diretamente os leitões (vacinação) Reduzir a carga de App nas mães (antibióticos e / ou vacinas) e / ou leitões (antibióticos)

No entanto, devemos ter em mente que os regulamentos atuais podem restringir significativamente o uso de antibióticos.

Vacinação de leitões

patologia

Para a vacinação de leitões, existem várias opções de vacinas: Toxinas purificadas (vacinas de subunidade)

✓ Em teoria, todos os sorotipos ✓ Anticorpos para toxinas (neutralização) ✓ Eles não reduzem a carga bacteriana Bacterinas (bactérias inteiras mortas)

✓ Sorotipo específico ✓ Anticorpos para a bactéria (opsonização e destruição da bactéria) ✓ Auxiliam a reduzir a carga bacteriana

Vacinas mistas (bactérias inteiras mortas enriquecidas com toxinas)

✓ Em teoria, todos os sorotipos + proteção suplementar contra os sorotipos incluídos na vacina ✓ Anticorpos contra bactérias (sorotipos incluídos) e neutralizadores (toxinas)

É impossível prever que tipo de vacina deve ser usada em cada granja, pois os resultados variam, por isso é necessário decidir o tipo de vacina. Se os resultados não forem os esperados, o tipo de vacina deve ser alterado (bacterina versus toxinas). As vacinas reduzem os sinais clínicos, as lesões no frigorífico e aumentam o ganho de peso, mas não eliminam o estado de portador.

Ao vacinar leitões, é importante levar em consideração: A presença de anticorpos maternos: a aplicação das vacinas deve ser efetuada para evitar a interferência dos anticorpos maternos, tendo em vista o nível de anticorpos recebidos e que os anticorpos contra as toxinas têm uma duração mais longa. Por este motivo, deve-se tentar não dar a primeira dose da vacina antes das 8 semanas de idade, e em situações extremas recomenda-se administrar até 3 doses.

O momento do aparecimento de casos clínicos Presença de PRRS: foi observado que, se a vacina for administrada no momento de uma forte circulação do vírus PRRS, a resposta imune contra a vacina pode ser seriamente afetada. É possível que esse fenômeno dependa da cepa viral ou que o vírus afete a resposta vacinal ao App.

56 SuínoBrasil 4º Trimestre 2021 | Actinobacillus pleuropneumoniae - Como enfrentar esse desafio?


Para reduzir a carga do App, especialmente no desmame, você pode:

✓ Tratar as mães antes do parto e durante a lactação com antibióticos

No entanto, é importante ter em mente que o uso de antibióticos pode ser conflituoso e deve ser evitado.

✓ Tratar os leitões ao nascer e alguns dias

antes do desmame (antibióticos de ação prolongada)

✓ ✓ ✓

Vacinar as mães (essencial com uma bacterina do mesmo sorotipo que causa a doença) Reduzir o desmame para um máximo de 21 dias

O método de teste sorológico e eliminação de animais positivos (com tratamento antimicrobiano geral para “paralisar” a infecção) produziu resultados contraditórios. Essa metodologia só pode ser usada em granjas com um número limitado de matrizes. A metodologia do desmame precoce medicamentoso pode oferecer bons resultados, principalmente quando o desmame é realizado antes dos 18 dias de vida, embora essa “regra” seja relativa, pois depende de fatores como o nível de infecção e anticorpos maternos presentes nas porcas, o tratamento com antibióticos implementado, o sorotipo, etc. Este método não elimina a infecção das matrizes, mas gera leitões negativos. O princípio da eliminação com antibióticos não é uma alternativa muito válida, uma vez que os animais permanecem portadores até que prove o contrário. patología

Como podemos reduzir a carga do App?

Envie leitões para outra granja

É necessário levar em consideração quais são os sorotipos mais prevalentes em cada região.

Erradicação de App - missão possível? Uma vez que existem métodos para diagnosticar a infecção e monitorar as granjas para garantir que estejam livres da infecção, a erradicação é possível. O despovoamento e repovoamento com animais não infectados é um método que oferece bons resultados, mas é drástico e caro. Se a granja não tiver métodos de biossegurança ou estiver em uma área com alta densidade de granjas de suínos, os riscos de recontaminação podem ser altos.

Quase todas as granjas comerciais estão infectadas com um ou mais sorotipos de App. As cepas virulentas podem estar presentes nas granjas sem sinais clínicos. A vacinação é uma alternativa válida, embora se deva ter cuidado com o uso de bacterinas caso o sorotipo presente na granja não seja conhecido. Nem o tratamento com antibióticos nem a vacinação parecem ser capazes de eliminar completamente o estado de portador.

Actinobaciluus pleuropneumoniae - Como enfrentar esse desafio?

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NUTRIÇÃO E AMBIÊNCIA NO VERÃO: QUAIS ESTRATÉGIAS UTILIZAR? Bruno A.N. Silva1 e Hysla M.C. Cardoso2 1 Professor de Nutrição e Produção de Suínos e Adaptação Ambiental; Instituto de Ciências Agrárias/ ICA, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Montes Claros, Brasil 2 Mestranda em Zootecnia, Nutrição de Monogástricos, Universidade Federal de Lavras (UFLA -DZO), Lavras, Brasil

A

s temperaturas elevadas resultam em diversas alterações metabólicas, endócrinas e produtivas nos animais. Os suínos, como animais homeotérmicos, possuem um sistema de controle do

nutrição

ambiente interno, que é acionado quando o ambiente externo apresenta situações desfavoráveis.

Sob condições de estresse por calor, os suínos reduzem o consumo voluntário como forma de reduzir a produção de calor endógeno devido ao efeito termogênico do alimento.

REDUÇÃO DE CONSUMO

PRODUÇÃO DE CALOR ENDÓGENO

58 SuínoBrasil 4º trimestre 2021 | Nutrição e ambiência no verão: quais estratégias utilizar ?


Esta redução no consumo é dependente de fatores

Parte do calor é produzido no

relacionados à categoria animal, tais como:

corpo dos animais pelos processos de digestão e absorção de nutrientes, o que é denominado

Peso vivo.

incremento calórico. Raça e sexo.

Além disso, o consumo voluntário também sofre alterações. Muitos trabalhos demonstram que o consumo voluntário reduz

Fatores ambientais tais como instalações,

conforme aumenta a temperatura ambiente.

manejo alimentar e condições climáticas. A redução do consumo de ração resulta em perdas na performance produtiva e reprodutiva dos suínos o que gera prejuízos para o setor produtivo. Devido ao reconhecimento que o estresse térmico por calor representa

Por exemplo é possível perceber que a capacidade de dissipação de calor corporal dos animais é maior antes das refeições da manhã. Esses dados sugerem que o estresse por calor reduz o consumo voluntário principalmente

um problema, para uma maior eficiência

no período diurno, de modo que o

altas temperaturas, o objetivo de diversas pesquisas nos últimos anos tem sido o de

manejo de arraçoamento noturno é um

nutrição

na produção de suínos em regiões com

fator importante nessas condições.

desenvolver soluções para mitigar os impactos negativos do estresse térmico por calor.

ESTAS SOLUÇÕES INCLUEM ESTRATÉGIAS DE MANEJO DA TEMPERATURA DO AMBIENTE DENTRO DA INSTALAÇÃO

Já as estratégias nutricionais podem

VENTILADORES

SISTEMAS EVAPORATIVOS

representar técnicas alternativas que poderiam ser recomendadas para minimizar os efeitos negativos do estresse por calor sobre o consumo, metabolismo e integridade intestinal.

REFRIGERAÇÃO DO SOLO - INTENSIFICAR AS PERDAS DE CALOR DO ANIMAL

RESFRIAMENTO POR GOTEJAMENTO

RESFRIAMENTO DA NUCA COM VENTILAÇÃO FORÇADA

59 SuínoBrasil 4º trimestre 2021 | Nutrição e ambiência no verão: quais estratégias utilizar ?


Para suínos em terminação, os efeitos do estresse por calor no consumo voluntário são capazes de

nutrição

diminuir a taxa de crescimento.

Em relação ao processo digestivo propriamente dito, várias alterações podem ocorrer na saúde intestinal. Aspectos morfológicos e histológicos

Tais aspectos podem induzir à disbiose

do órgão, por exemplo:

levando ao comprometimento do funcionamento da barreira intestinal, o que é favorável à indução da hiperpermeabilidade intestinal facilitando a ação da microbiota patogênica.

Altura de vilosidades. Profundidade de criptas. Integridade das junções oclusivas. Hipoxia e dano oxidativo.

60 SuínoBrasil 4º trimestre 2021 | Nutrição e ambiência no verão: quais estratégias utilizar ?


É comum nessa situação que seja desencadeada

Aumentar o consumo de alimento pela

uma resposta inflamatória e estresse oxidativo,

porca na lactação é um dos maiores desafios

de modo que o uso de antioxidantes na dieta

para o nutricionista em condições de clima

funciona como mitigador das respostas negativas

tropical. Ajustes na nutrição proteica podem

e sistêmicas frequentes nessa condição.

proporcionar redução do incremento calórico e menor desgaste da porca durante a lactação, principalmente em condições de alta temperatura ambiental, com benefícios para o seu desempenho reprodutivo após o desmame.

O aumento da densidade nutricional da ração vem sendo sugerida como alternativa de sustentar o aporte de nutrientes para a porca em lactação que apresenta queda do consumo de alimento durante períodos de estresse por calor. Entretanto, alguns trabalhos têm mostrado que esta alternativa nem sempre

nutrição

resulta em benefícios para os animais.

Isso pode ser explicado, em parte, pela limitação

Considerando matrizes gestantes e em lactação é necessário maior atenção, pois os efeitos negativos comprometem a saúde das fêmeas e sua longevidade no sistema, bem como a produtividade em relação ao número de leitões nascidos vivos e desmamados.

da resposta, devido às alterações endócrinas e metabólicas que ocorrem com a porca em lactação, o que sugere limitada capacidade de compensar, por meio da nutrição, os efeitos prejudiciais das altas temperaturas sobre o desempenho das matrizes suínas lactantes.

61 SuínoBrasil 4º trimestre 2021 | Nutrição e ambiência no verão: quais estratégias utilizar ?


A utilização de aditivos pode ser outra alternativa para melhorar a eficiência digestiva ou estimular o consumo voluntário de ração em momentos em que as fêmeas tem mais aptidão.

nutrição

A suplementação da ração com palatabilizante pode aumentar em até 20% o consumo de ração pela porca em lactação entre as 02:00h e 10:00h da manhã, com reflexos positivos na produção de leite e no ganho de peso da leitegada.

Já o uso de leveduras, complexos enzimáticos e/ ou fibras funcionais podem melhorar o aproveitamento digestivo dos nutrientes e modular a composição do leite trazendo benefícios para o ganho de peso da leitegada. Em suma, as estratégias a serem utilizadas devem se adequar às necessidades mais urgentes de cada categoria, de modo a atenuar prejuízos sobre o ganho de peso, consumo, conversão alimentar e o retorno econômico. Em função do aumento da produção de suínos nas regiões tropicais e subtropicais, as estratégias nutricionais e ambientais podem mitigar os impactos negativos do estresse por calor e permitir melhoras no desempenho produtivo. Entretanto, a expressão do potencial genético dos suínos sob condições de estresse por calor requer uma combinação apropriada de soluções nutricionais e de manejo ambiental.

Nutrição e Ambiência no verão quais estratégias utilizar?

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62 SuínoBrasil 4º trimestre 2021 | Nutrição e ambiência no verão: quais estratégias utilizar ?


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