Amor para um escocês

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Foto: Arquivo da autora

Escandalos & Canalhas

L

maio de 1834

“Se você quer romance, chame um escocês.”

illian Hargrove viveu sozinha por anos, enclausurada, ansiando por amor e companhia. Sem acreditar que os seus sonhos pudessem um dia se tornar realidade, a mais bela jovem da Inglaterra se envolve com um artista libertino e mentiroso, que promete amá-la para sempre e implora para que ela pose como sua musa para um escandaloso retrato. Encantada pelo carinho e pela admiração que recebe dele, Lily aceita a proposta e se entrega de corpo e alma ao homem mais falso de Londres, mas fica exposta para toda a Sociedade, tornando-se motivo de piada e vergonha.

A jovem, entretanto, não esperava que um bruto escocês, recentemente intitulado Duque de Warnick e nomeado seu guardião, atravessasse a fronteira da Inglaterra para impedir que a ruína a alcançasse. Warnick chega em Londres com um único objetivo: casar sua protegida – que é bonita demais –, transferindo o problema para outra pessoa, e, em seguida, voltar à sua vida tranquila na Escócia, longe daquele lugar odioso que é Londres. O plano parece perfeito, até Lily declarar que só se casaria por amor, e o duque escocês perceber que, aparentemente, há algo naquele país de que ele realmente gosta...

“Eu recomendo qualquer coisa da autora Sarah MacLean” – Lisa Kleypas Acompanhe Sarah MacLean: www.sarahmaclean.net @sarahmaclean www.pinterest.com/sarahmaclean/ www.facebook.com/sarahmaclean sarahmaclean.tumblr.com instagram.com/sarahmaclean

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ISBN 978-85-8235-431-5

9 788582

354315

Série Escândalos e Canalhas - 2

M ac L ean

Amor para um escocês

S A R A H M A C L E A N passou grande parte de sua infância entre os livros da biblioteca de sua cidade, em Rhode Island. Formou-se em História e em Antropologia Cultural pela Smith College, e em Educação pela Universidade Harvard, antes de se mudar para Nova York, onde escreveu o seu primeiro livro. No início de 2012, lançou a série pré-vitoriana O Clube dos Canalhas, cujo livro Entre o amor e a vingança recebeu em 2013 o Prêmio RITA. O terceiro volume da série, Entre a ruína e a paixão, ganhou o RITA em 2014. Quando não está escrevendo romances, viaja pelos Estados Unidos para discutir sua posição nos estudos culturais e de gênero. É colunista no jornal americano The Washington Post, e também tem colunas publicadas no The New York Times e na Parents Magazine. Sarah vive em Nova York com o marido, a filha, o cachorro e uma coleção gigantesca de romances.

Vol. 2 / Edição 1

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S arah M ac L ean

Série

S arah

“Uma mulher arruinada socialmente e um duque misterioso nos entregam um romance intenso e envolvente. É um livro sobre escândalos, perdão e superação. Quando cheguei ao final, quis voltar ao início e relê-lo.” Anelise Besson Blog Anne & Cia “Sarah MacLean tem o poder sublime de avivar emoções através dos seus personagens. Impossível não se envolver com a intensa história de amor entre um bruto duque escocês e sua linda pupila escandalosa, nessa narrativa sexy e cheia de romance.” Luci Vieira Blog Every Little Book

Amor para um escocês

“Com diálogos ácidos e viciantes, a autora Sarah MacLean vem mostrar para todos nós que os brutos também podem amar. Isso pode acontecer da forma mais deliciosa possível, com direito a joelhos masculinos atraentes e um kilt de tirar o fôlego.” Anne Magno Blog Garota Pai D’égua “A escrita da autora flui com muita suavidade. Com diálogos cheios de humor e delicadeza, foi possível conhecer intimamente os personagens. Uma história de amor que vai arrancar suspiros.” Yohanna Cavalcanti Lira Blog Eu Pratico Livroterapia


Copyright © 2016 Sarah Trabucchi Copyright © 2017 Editora Gutenberg Título original: A Scot in the Dark Publicado originalmente nos Estados Unidos pela Avon, um selo da HarperCollins Publishers. Todos os direitos reservados pela Editora Gutenberg. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica, sem a autorização prévia da Editora.

editora

revisão

Silvia Tocci Masini

Nilce Xavier

editoras assistentes

revisão final

Carol Christo Nilce Xavier

Mariana Paixão

assistente editorial

Andresa Vidal Vilchenski

Carol Oliveira (sobre imagem de Oleksandr Lipko [Shutterstock])

preparação

diagramação

Andresa Vidal Vilchenski

Larissa Carvalho Mazzoni

capa

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil MacLean, Sarah Amor para um escocês / Sarah MacLean ; tradução A C Reis. -- 1. ed. – Belo Horizonte : Gutenberg Editora, 2017. -- (Série Escândalos e Canalhas ; 2) Título original: A Scot in the Dark ISBN 978-85-8235-431-5 1. Ficção histórica 2. Ficção norte-americana I. Título II. Série.

17-02457

CDD-813 Índices para catálogo sistemático: 1. Ficção : Literatura norte-americana 813

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Série Escândalos e Canalhas - 2

S arah

M ac L ean

Amor para um escocês

Tradução:

A C Reis



— Você não gosta de Londres. — Londres não deveria se ofender. Eu não gosto é da Inglaterra. Ela franziu o cenho. — Nós temos excelentes atrativos aqui. Ele arqueou as sobrancelhas. — Cite um. — Shakespeare. — Shakespeare não é melhor que os autores escoceses. — Lily arregalou os olhos, espantada. Ele abriu um sorriso zombeteiro. — Vamos lá, diga o que Shakespeare tem de melhor. — Tudo é ótimo. É Shakespeare — ela fez uma pausa e acrescentou: — Romeu e Julieta. — Crianças sem juízo que se matam por causa de uma paixonite. — Essa é uma das maiores histórias de amor de todos os tempos — ela declarou, depois de um momento de indignação. — A menos que você conheça algo melhor. — E suponho que você conheça? — Claro. — Ele se inclinou para a frente, em meio às sombras, e carregou no sotaque. — Se você quer romance, peça-o a um escocês.



Escandalos & Canalhas Vol. 2 / Edição 1

Domingo, 9 de maio de 1834

A PUPILA MALUCA DE WARNICK

OUVIMOS de fonte fidedigna que os jogadores de St. James estão apostando que um certo duque retornou a Londres para lembrar sua pupila – que já não é nenhuma criança – que as fofocas que ela provoca não o ajudam em nada. O Duque de Warnick aproveita o frescor da primavera para desempenhar o papel de casamenteiro para a Srta. Lillian Hargrove, agora conhecida como

SRTA. MUSA por todos que ouviram (ou, melhor ainda, que viram!) falar da pintura promíscua que escandalizou a Sociedade e fez o CANALHA ESCOCÊS viajar para o sul! Esperase muita agitação com a chegada do Demônio das Highlands (e Duque por acidente). Só podemos concluir que a primavera trará mais xadrez para a cidade… e para a sociedade.

MAIS NOTÍCIAS EM BREVE.



Escandalos & Canalhas Prólogo

Março de 1829

DEVASTAÇÃO DUCAL! DOZE DIAS DE ESCURIDÃO E MORTE *** O ilustríssimo Bernard Settlesworth acreditava que nome era uma questão de destino. De fato, como o terceiro de uma linhagem de advogados da aristocracia, era difícil que não acreditasse nisso. Bernard tinha imenso orgulho de seu trabalho, que executava com afinco em praticamente todos os dias do ano. Afinal, ele dizia para si mesmo, a aristocracia britânica se sustentava com o trabalho duro de homens como ele. Sem os Bernard Settlesworth do mundo para organizar registros contábeis e administrar propriedades imensas com grande perícia, a Câmara dos Lordes desabaria, sem deixar nada que não o pó das linhagens e das fortunas ancestrais. Ele fazia o trabalho dos lordes, garantindo que a aristocracia permanecesse em pé. E financeiramente saudável. E embora ele se orgulhasse de todos os aspectos de seu trabalho, não havia nada de que Bernard gostasse mais do que se reunir com herdeiros recentes, pois eram nesses momentos que ele fazia o que sabia melhor: atribuir valores. Quer dizer, Bernard gostava dessa parte do trabalho até a tragédia se abater sobre o Ducado de Warnick. Dois marqueses. Seis diferentes condes e baronetes. Um cavalheiro proprietário de terras e seus três filhos. Um vigário. Um capitão de navio. Um chapeleiro. Um criador de cavalos. E um duque. Perdidos em uma sucessão de tragédias que incluiu, mas não se limitou a, um desastre de carruagem, um acidente de caça, um roubo com consequências trágicas, um afogamento no Tâmisa, uma gripe com resultado infeliz e um incidente bastante perturbador com um pássaro. Dezessete duques, para ser honesto, Bernard pensou. Todos mortos. Em um período de duas semanas. 11


Foi uma sequência de acontecimentos – dezessete no total – jamais vista na história britânica. Mas Bernard não era outra coisa que não um profissional dedicado, ainda mais quando recaía sobre ele o papel de protetor de um título tão antigo e venerável, incluindo suas vastas terras (ainda mais vastas em consequência das mortes sucessivas e rápidas de dezessete homens, dos quais vários morreram sem deixar herdeiros) e sua imensa fortuna (tornada ainda mais imensa pelo mesmo motivo). E foi nesse contexto que Bernard Settlesworth se viu diante do grande portal de pedra do Castelo de Dunworthy, sentindo o frio e o vento selvagem da Escócia, face a face com Alec Stuart, antes 17º na linha de sucessão do Ducado de Warnick e agora o único herdeiro conhecido do título. “Face a face” não era exatamente como ele poderia descrever a situação. Depois de ser recebido por uma bonita jovem, Bernard foi deixado esperando, rodeado por tapeçarias imensas e um punhado de armas antigas que pareciam ter sido presas sem muito cuidado à parede. E assim ele esperou. E esperou. Depois de três quartos de hora, dois cachorros grandes apareceram, maiores do que quaisquer outros que ele já vira. Animais cinzentos e selvagens, que se aproximaram com movimentos enganosamente preguiçosos. Bernard se encostou na parede de pedra, na esperança de que eles decidissem procurar outra vítima mais apetitosa. Mas não. As feras se sentaram aos seus pés, com as cabeças peludas quase alcançando seu peito, e sorriram para Bernard, sem dúvida pensando que o advogado devia ser muito apetitoso. Bernard não gostou daquilo. De fato, pela primeira vez em sua carreira, ele considerou a possibilidade de que advocacia não fosse uma profissão assim tão agradável. E então o homem chegou. Ele tinha cabelos castanhos e aparentava ser mais selvagem que os cachorros e maior do que a casa. Bernard nunca tinha visto um homem tão grande – mais de dois metros, ele calculou, e pesando possivelmente uns 120 quilos, distribuídos pelo corpo largo e musculoso, sem um grama de gordura. Bernard pôde constatar isso porque o homem estava sem camisa. Na verdade, também não usava calças. Ele vestia um kilt e carregava uma espada de lâmina larga. Por um momento Bernard se perguntou se teria viajado no tempo e no espaço, em sua jornada pela Escócia. O ano, afinal, era 1829, mas aquele escocês fazia parecer que Bernard tinha chegado três séculos antes. O homenzarrão o ignorou e atirou a espada na parede, onde ela ficou, como se presa pela pura vontade de seu dono – o mesmo dono que virou as costas para Bernard e fez menção de sair. 12


Bernard pigarreou, um som que ecoou mais alto do que ele pretendia naquele imenso saguão de pedra, alto o bastante para fazer aquele gigante se virar e lançar um olhar penetrante na direção do advogado – que mais parecia um anão em comparação com o senhor do castelo. — Quem é você? — ele perguntou, depois de um longo silêncio. Pelo menos foi o que Bernard pensou ter ouvido. As palavras saíram carregadas na língua do homem, envoltas em um pesado sotaque escocês. — Eu… eu… — Bernard procurou se recompor e desejou parar de gaguejar, apesar de estar cercado de feras caninas e humana. — Estou aguardando uma reunião com o dono da casa. O homem emitiu um som grave que Bernard imaginou ser uma manifestação de divertimento. — Cuidado. Estas pedras não vão gostar de ouvir você dizer que elas têm um dono. Bernard piscou várias vezes. Ele tinha ouvido histórias de escoceses loucos, mas não esperava encontrar um. Talvez ele não tivesse entendido direito no meio daquela confusão de erres enrolados e sílabas perdidas. — Perdão? — ele disse. O homem o estudou por um longo momento. — O meu perdão ou o do castelo? — Por… — Bernard não soube o que responder. Ele não iria pedir desculpas ao castelo, iria? Ele inclinou a cabeça. — O Sr. Stuart está? O homenzarrão deu um passo para trás e Bernard teve a clara impressão de que seu óbvio constrangimento agradava àquele bruto. Como se não fosse ele que deveria estar constrangido, andando daquele jeito, seminu, pelo castelo. — Está. — Estou esperando por ele há quase uma hora — disse Bernard, e os cachorros, sentindo sua irritação, puseram-se de pé, claramente ofendidos com aquilo. Bernard engoliu em seco. — Angus. Hardy. — No mesmo instante eles recuaram para o lado do dono. E foi então que Bernard se deu conta. Ele encarou o homem seminu à sua frente. — Você é ele. — Sou, mas você ainda não disse quem é. — Alec! — a voz de uma jovem ecoou pelo castelo. — Tem um homem aqui. Ele disse que é um advogado de Londres! O novo Duque de Warnick não tirou os olhos de Bernard enquanto respondia, elevando a voz: — Ele também disse que está me esperando há uma hora. 13


— Imaginei que nada de bom poderia vir de um advogado janota de Londres — a voz feminina entoou. — Por que eu o incomodaria no meio do seu treino? — Por quê, não é mesmo? — o escocês respondeu. — Perdão. Minha irmã não gosta dos ingleses. Bernard concordou com a cabeça. — Você tem algum lugar onde possamos conversar em particular? — Como eu gosto ainda menos dos ingleses do que a minha irmã, nós não precisamos fazer cerimônia. Você pode muito bem dizer aqui mesmo o motivo da sua visita. E depois pode ir embora. Bernard imaginou que a visão que aquele homem tinha da Inglaterra iria mudar um bocado depois que descobrisse ter se tornado um nobre do reino. Um nobre extremamente rico. — Claro. É com grande prazer que eu anuncio que, há exatos doze dias, o senhor recebeu o título de Duque de Warnick. Ao longo de sua carreira, Bernard testemunhou todo tipo de reação ao receber a notícia da herança. Ele presenciou a devastação daqueles que perderam pais amados e reconheceu a avidez no rosto daqueles que não amavam seus genitores. Testemunhou o choque de herdeiros distantes e a alegria daqueles cuja sorte mudava em um piscar de olhos. E, em seus momentos menos agradáveis, Bernard também presenciou o devastador fardo da herança – quando um nobre recém-intitulado descobria que seu título vinha acompanhado apenas de uma dívida incapacitante. Contudo, nos mais de vinte anos em que servia às camadas superiores da aristocracia, Bernard nunca se deparara com a apatia. Até aquele momento em que o escocês que ele tinha cruzado um país para encontrar disse, com muita calma: — Não. — E lhe deu as costas, encaminhando-se para a saída com os cachorros atrás de si. — Vossa… Vossa Graça? — Bernard gaguejou, confuso. Uma longa gargalhada acompanhou o título honorífico. — Eu não estou interessado em um título inglês. E, com certeza, não quero ser a graça de ninguém. E com isso, o vigésimo-primeiro Duque de Warnick, último de uma linhagem venerável e rico como um rei, desapareceu. Bernard esperou mais uma hora no torreão de pedra e três dias inteiros na única estalagem do vilarejo próximo, mas o duque não teve interesse em falar de novo com ele. E foi assim que, ao longo dos cinco anos seguintes, o duque raramente deu as caras em Londres e, quando o fazia, ignorava tudo que dizia respeito 14


à aristocracia. Em poucos meses, a sociedade londrina percebeu o desdém dele e decidiu que era ela, na verdade, que o desdenhava, e não o contrário. Os nobres concluíram que não valia a pena desperdiçarem tempo ou energia com O Duque Postiço. Afinal, o décimo sétimo na linha de sucessão não era um duque de verdade. Essa visão a seu respeito agradava bastante a Alec Stuart, escocês orgulhoso, e ele retomou sua vida sem pensar mais nas obrigações do título. Como não era nenhum monstro, administrou suas imensas propriedades com grande cuidado, garantindo que as pessoas que dependiam das terras ducais vivessem bem e com prosperidade. Mas ele evitava Londres, acreditando que enquanto a Inglaterra o ignorasse, ele poderia ignorar a Inglaterra. E a Inglaterra de fato o ignorou, até o momento em que não pôde mais desviar a atenção dele. Até o momento em que uma carta chegou, revelando que, além das propriedades, dos criados, das pinturas e tapeçarias que ele tinha herdado, além do título que ele não pretendia usar, o Duque de Warnick havia herdado algo mais. Uma mulher.

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