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Coluna Mercado Agrícola

Agro continua a dar sustentabilidade à economia brasileira

Asafra 2019/20 já está fechada, com os últimos números próximos de 250 milhões de toneladas, recorde histórico de produção, mesmo com seca sobre as lavouras da safra de verão no Sul e problemas também na safrinha. O novo Plano Safra aumentou o volume de recursos, que chegaram a R$ 236,3 bilhões, frente aos R$ 222,7 bilhões do ano passado. A pandemia vai passar e o agronegócio brasileiro vai ser fundamental para ajudar a juntar os pedaços da economia em frangalhos para voltar a crescer e recuperar os milhões de empregos que estão sendo perdidos com o coronavírus. O setor agrícola segue forte e as exportações brasileiras também.

MILHO

A colheita do milho da safrinha segue em bom ritmo, com os produtores entregando os contratos programados e segurando parte para negociar à frente. As apostas são de que entre setembro e outubro o mercado reaja, com espaço para crescer em cotações. Dessa forma, com demanda mais forte no final do ano e exportações fluindo, o mercado pode ganhar ritmo. No momento a corrida é para atender os contratos programados, que estão pagando mais que o grão disponível, com poucos fechamentos novos. Os indicativos são de safra pouco acima de 70 milhões de toneladas, com o Mato Grosso na liderança com mais de 32 milhões de toneladas. O volume total da safra do Brasil deve andar perto de 100 milhões de toneladas e a exportação tende a ficar entre 32 e 35 milhões de toneladas neste ano. A demanda interna deve seguir aquecida porque há forte demanda por carnes na exportação, o que dará fôlego ao setor de ração nestas próximas semanas e meses.

SOJA

O mercado da soja do Brasil já negociou quase 90% da safra, fato histórico, porque normalmente este nível de negócios somente era atingido entre novembro e dezembro e agora já há pouco produto para atender o mercado interno no segundo semestre. Haverá locais que terão de importar soja, como o Rio Grande do Sul, que deve comprar alguns volumes do Paraguai. As exportações perderam ritmo em novos negócios, mas os embarques seguem em ritmo acelerado. O complexo soja deve fechar o ano com mais de 100 milhões de toneladas embarcadas.

ARROZ

Muitos produtores aproveitaram as fortes altas do primeiro semestre e já venderam

Curtas e boas

quase toda a safra. As exportações seguem aceleradas e tudo aponta para recorde de exportação neste ano, com tendência de ultrapassar 1,5 milhão de toneladas exportadas, o que dá fôlego aos indicativos internos. A safra, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foi de 11,1 milhões de toneladas, enquanto a demanda interna deve ultrapassar esse número e há grandes volumes sendo exportados. Havia pouco mais de 500 mil toneladas de estoque inicial e as importações no primeiro semestre foram muito fracas devido ao dólar em alta. O segundo semestre tende a ser de indicativos firmes e alta demanda.

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TRIGO - O mercado segue favorável aos produtores, com cotações atrativas que variam dos R$ 1.100,00 aos R$ 1.250,00 por tonelada no Brasil. A nova safra nos campos registra aproximadamente 10% de crescimento na área, com potencial para colheita de seis milhões de toneladas, quase um milhão a mais que a safra passada. Os produtores estão investindo em boa tecnologia para ganhar em produtividade e qualidade. A demanda deve passar de 12 milhões de toneladas, conforme a Conab, e com isso o Brasil, mesmo crescendo em produção, deve crescer em importação, o que favorecerá os produtores.

EUA - Os produtores plantaram a safra no período ideal. Agora anseiam por clima ideal em julho e agosto para garantir uma safra de 400 milhões de toneladas de milho e 112 milhões de toneladas de soja. Se houver calor extremo nestes dois meses, parte deste potencial será comprometida. O verão está chegando mais cedo e com previsão de que deve ser quente. A safra está nos campos e os riscos ainda serão grandes.

CHINA - A China tem sofrido com o calor neste verão e assim há indicativos de que parte da safra local possa estar sendo comprometida. Mas o fator importante do país é que seguem comprando agressivamente soja, milho, trigo e arroz. Para não correr riscos, querem aumentar os estoques para não sofrerem como ocorreu neste último fevereiro, em plena pandemia, quando registram os estoques mais baixos desde 2013. Cogita-se que vão importar mais de 95 milhões de toneladas de soja neste ano e devem bater a marca de 100 milhões de toneladas nesta nova safra de 2020/21. É preciso muita comida para suprir mais de 1,5 bilhão de habitantes do país.

ARGENTINA - A safra dos argentinos está fechando com bons números, com a soja pouco abaixo de 50 milhões de toneladas e o milho próximo disso também. Os primeiros dados da safra 2021 também apontam para isso. Os produtores temem que o governo venha a abocanhar mais uma fatia do setor neste novo ano em função da grande crise financeira que atinge o país. Já há problemas para receber os novos insumos para a safra que vem pela frente, devido à disputa cambial, onde o governo quer que os produtores paguem com câmbio maior que o negociado inicialmente. Se isso ocorrer, parte dos negócios deve ser desfeita e fertilizantes e defensivos podem não chegar aos campos. Resta a dúvida se o país irá conseguir plantar o que está programado. Desta forma, a nova safra ainda é uma incógnita, o que impulsiona as cotações internacionais.

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