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Besouros vetores
A transmissão de vírus de plantas por coleópteros, apesar da escassez de estudos, tem grande potencial de causar prejuízos econômicos a cultivos agrícolas
A
disseminação de vírus de plantas na natureza pode ocorrer de diferentes formas. O próprio homem se constitui no maior “vetor” destes patógenos pela facilidade de levá-los a grandes distâncias, seja para diferentes países ou continentes. Porém, na natureza, estes micro-organismos são transmitidos principalmente por outros organismos vetores, que podem ser: fungos (por exemplo Polymyxia graminis), nematoides (Xiphinema spp.) e artrópodos (Brevipalpus phoenicis).
Dentro desta última classe destacam-se os insetos sugadores - afídeos, tripes, cigarrinhas e moscas-brancas - e os mastigadores, com ênfase para os coleópteros. Os insetos atravessaram um longo período de evolução e adaptação frente às suas plantas hospedeiras. Sendo assim, não é surpreendente que alguns grupos tenham desenvolvido diferentes modelos de associação com suas correspondentes hospedeiras, utilizando estratégias distintas, sejam essas na sua biologia ou na sua
alimentação. Um exemplo básico são os afídeos e as cigarrinhas que pertencem à mesma família, mas possuem alvos diferentes para obter alimento. Enquanto os pulgões priorizam os tecidos floemáticos, as cigarrinhas preferem se alimentar no xilema, ou seja, possuem métodos de exploração diferentes, assim como uma nutrição diversa, locais de alimentação etc. Por outro lado, é preciso lembrar alguns princípios que envolvem as doenças de etiologia viral. O primeiro é que o vírus ou as partículas de vírus são parasitas intracelulares obrigatórios, então, necessitam de uma célula viva para poder realizar sua replicação utilizando a “maquinaria celular” da planta e desta maneira dar início à infecção. Talvez este fato explique o porquê de a grande maioria dos insetos vetores pertencer ao grupo dos sugadores (Hemiptera: Homoptera), pois o mais importante aspecto é que neste processo a célula vegetal envolvida não é danificada (a introdução do estilete é intercelular), diferente de como ocorre com os vírus transmitidos por besouros, já que este grupo André Shimohiro
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Cultivar HF • Fevereiro / Março 2020