Construção de salas limpas
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Alberto Nascimento*
Salas limpas:
cronograma e dicas para construção A
construção de uma sala limpa envolve cinco palavras - chave que influenciarão a sua operação: projeto, equipamentos, procedimentos, pessoal e manutenção
Os projetos de arquitetura para salas limpas são desenvolvidos para ambientes com atividades realizadas em condições controladas, em várias classificações e pressões, para indústrias de produção de fármacos, alimentos, cosméticos, componentes eletrônicos, biotecnologia, áreas hospitalares, dentre outras. Para tais ambientes, qualquer contaminação por poeira e partículas, as dificuldades de higienização, falta de resistência aos agentes de descontaminação podem causar comprometimento no processo produtivo e dos processos operacionais, com queda na qualidade e na segurança dos produtos e serviços produzidos. Segundo a engenheira Helena Tanaka, da Isodur, a informação básica inicial para o desenvolvimento de um projeto é que tipo de material ou produto será produzidos nas salas limpas para definição de quais materiais de acabamento utilizar na arquitetura, e quais condições a manter (temperatura, umidade relativa, classificação e pressão). “Sempre atendendo às re-
gulamentações nacionais definidas pela Anvisa e normas internacionais para produção destinada ao mercado internacional”, alerta. A construção de uma sala limpa envolve cinco palavras-chave que influenciarão a sua operação: projeto, equipamentos, procedimentos, pessoal e manutenção. Na escolha de um projeto para uma sala limpa específica deverão ser realizadas as seguintes considerações: a primeira é relativa à “função”, isto é, deverá ser considerado o ambiente e controles específicos necessários na sala limpa em particular. A segunda consideração é a relativa à “operação”. Esta inclui o fluxo de trabalho e procedimentos necessários para obter o controle desejado do produto. A terceira consideração é a relativa à facilidade de manutenção. Segundo Tadeu Gonsalez, Diretor Comercial para a América Latina da Divisão Construção Civil e Salas Limpas da Dânica, os móveis e equipamentos a serem utilizados em salas limpas deverão ser selecionados de forma a minimizar a manutenção
*Com a colaboração de Alexsandro Gomes Brocco, Alexis Joseph Steverlynck Fonteyne, Erick Kovacs, Helena Tanaka, Humberto Barbato, João Felipe Martin Meca, Luciano Figueiredo, Marcelo B. do Vale, Marco Adolph, Mario Carneiro, Nina Jacobi, Ricardo Messias e Robert van Hoorn. 10
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Divulgação Asmontec
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- Economia de chapas; - Dutos mais leves e rígidos; - Montagem silenciosa e ágil;
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e limpeza. “Uma variedade de móveis para salas limpas são hoje projetados, devendo em geral possuir o mínimo de cantos vivos, bem como evitar ressaltos, saliências, fendas, aberturas e gretas. Os acabamentos deverão ser duros, pouco flexíveis, não escamáveis e resistentes ao desgaste ou abrasão”, resume. Os operadores de salas limpas são usualmente a maior fonte de contaminação da área. Eles não somente locomovem contaminantes para o interior das salas limpas na sua própria pessoa, como também continuaram gerando-os durante desempenho das suas funções. Gonsalez ressalta que
Uniformes
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constantemente pelos operadores da sala limpa. A manutenção periódica, como definida anteriormente, é uma operação de maior alcance e necessita de várias horas, devendo-se realizar uma ou duas vezes por semana”, afirma o diretor da Dânica. Quando da seleção de pessoal para tarefas críticas, a primeira consideração é a de estar absolutamente certo da capacidade do indivíduo para executar a operação. Gonsalez alerta que o operador deverá ter capacidade para efetuar seu serviço de forma a não comprometer a limpeza da sala. “Deverá ser instruído para considerar a contaminação em toda a área e não somente na sua área de trabalho, bem como conhecer todos os tipos de contaminação. Normalmente é difícil é difícil achar pessoal altamente disciplinado para
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A empresa farmacêutica que está construindo áreas classificadas limpas necessita passar informações básicas ao fornecedor, para que haja uma especificação correta de roupas e EPIs. “Sabemos que cada cliente tem sua característica, mas na prática todas seguem a NBR/ ISO 14.644-1. De qualquer forma, para apresentarmos uma vestimenta adequada, precisamos saber quais os tipos de produtos ou medicamentos que serão produzidos e qual a classificação de cada área, para definirmos o melhor tecido, modelo, classificação da área e o processo pelo qual serão higienizados os uniformes”, resume Erick Kovacs, Supervisor Nacional de Vendas – Cleanroom, da Alsco. “Após estes procedimentos, as vestimentas serão higienizadas conforme a necessidade do cliente, seguindo as normas vigentes”, conclui. Dentre os tipos de tecidos de poliéster que atendem a esse mercado, com características e parâmetros exclusivos para uniformes de salas 12
as pessoas que entram na área devem estar vestidas de forma a minimizar sua contribuição à contaminação. “A roupa usada na sala limpa é o material que está mais freqüentemente em contato com peças de trabalho e superfícies limpas, devendo ser selecionadas com o intuito de minimizar o transporte de contaminantes, não constituindo uma fonte à contaminação”, diz. Sobre a manutenção, esta necessitaria de dois tipos diferentes de operação: a manutenção preventiva, realizada pelo pessoal que opera a sala limpa, e a manutenção periódica de limpeza, que poderá ou não ser realizada pelo próprio pessoal de operação. “A manutenção preventiva constitui um esforço persistente, que deve ser realizado em todo momento e
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limpas, Kovacs destaca: - Tecidos que não desprendem fibras e partículas; - Tecidos com fios de multifilamentos contínuos; - Composição com fibras sintéticas; - Tecidos com diversas gramaturas; - Composição de Poliéster com filamentos de carbono; - Tecidos de Poliéster com filamentos de carbono e hidro-repelentes; - Estrutura que não permitem passagem de partículas. Kovacs destaca que a RDC 17 tem impacto de forma indireta sobre as vestimentas, pois não faz menção de como preparar o produto, apenas deixando clara a necessidade de controle (Artigos 97 e 98 e seus parágrafos únicos). O tipo de controle e forma de processo, segundo ele, está mais claro na NBR ISO 14.644-5 e IEST-RP-CC003-3, normas usadas e aplicadas ao processo da empresa. Segundo o supervisor, a Alsco segue todos os procedimentos e processos, que seriam registrados através de documentos, laudos externos e inter-
nos, sempre seguindo os controles necessários para cada etapa, principalmente quando se fala em três pontos importantes: Instalações - A empresa a ser contratada deverá atender todos os requisitos aplicáveis a uma área de Cleanroom e fornecer os procedimentos que assegurem a qualidade de higienização, de forma a garantir a não contaminação por partículas dentro de uma área classificada. Validações - A empresa contratante deverá ater-se a certificados e documentos que validem e comprovem o rigor da lavanderia quanto ao seu controle. Procedimentos - A empresa a ser contratada deve atender todos os procedimentos e normas requeridas pela contratante, a fim de garantir os processos aplicados.
operar em salas limpas. O problema de adaptação ao trabalho em salas limpas é principalmente de origem psicológico”, diz. Segundo Gonsalez, a operação de salas limpas tem sido provavelmente a área mais sujeita ao estabelecimento de normas e regras. “Cada instalação possui uma série de regras apropriadas à sua função, embora para todas as salas limpas sejam praticamente similares. É muito importante que o operador compreenda a razão destas regras e que esse conhecimento ajude a observá-las. Os procedimentos a seguir explicados de como entrar nas salas limpas e sair das mesmas, e as regras para operação no interior das áreas, são os típicos encontrados na prática normal”, explica. Em relação ao projeto de sala limpa, este exige uma vasta gama de conhecimentos. Segundo Gonsalez, além dos conhecimentos arquitetô-
nicos particulares a esta aplicação, o engenheiro projetista deverá possuir amplos conhecimentos sobre as técnicas de ar condicionado e ventilação, materiais de construção e equipamentos, aparelhos de iluminação, técnicas de filtragem de líquidos e ar, procedimentos de esterilização, métodos de fabricação, fluxogramas de materiais e de pessoas, engenharia de embalagem, manutenção e métodos sanitários bem como uma série de outros conhecimentos especializados. A melhor solução, prossegue o diretor da Dânica, seria iniciar os trabalhos com uma análise completa do projeto a ser executado. “Deverá ser realizada uma avaliação completa de todos os fatores que possam eventualmente afetar a correta operação de uma sala limpa antes de iniciar o projeto final. O projetista deverá verificar os componentes necessários e
existentes no mercado para projetar uma sala limpa de acordo com as exigências da contratante”, afirma. A sala limpa deverá ser projetada como uma área integrada às restantes dependências da instalação, considerando-se principalmente a sequência operacional do sistema a ser implantado. “Materiais, fluxo de pessoas, serviços auxiliares e outros fatores deverão ser considerados em relação ao resto da instalação. As consultas com o usuário sempre serão de grande proveito para a obtenção de um ótimo projeto”, diz. Dicas
de projeto
As características de um projeto de arquitetura para salas limpas de diversos tipos de indústrias ligadas às ciências da vida dependem do tipo de informações que o cliente final tem da área. De acordo com Mario
Divulgaç
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Móveis e equipamentos a serem utilizados em salas limpas deverão ser selecionados de forma a minimizar a manutenção e limpeza
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Carneiro, diretor da Swell Engenharia, se o cliente já possui todo tipo de informação de produção dos produtos que irá colocar no mercado (tipo de produto, quantidade de produção, etc) e com base nas normas da Anvisa, seria necessária a elaboração de um fluxo de todo o processo, como entrada e saída da matéria prima e embalagens, entrada e saída e saída de pessoas, fluxograma de produção, etc. Com base nessas informações, cria-se um layout básico. “Com base nesse layout, temos que considerar o projeto de ar condicionado para atingirmos a temperatura e umidade relativa necessárias para o processo, cascata de pressão, classificação das áreas, etc.”, diz Para isso, no entanto, seria necessário que o cliente possuísse em seu quadro uma ou um grupo de pessoas que tenham esse tipo de conhecimento. “Caso contrário, é conveniente que o cliente contrate uma empresa ou um profissional que tenha essa experiência para auxiliá-lo”, diz. João Felipe Martin Meca, coordenador de contratos e comercial da Asmontec, também destaca como característica principal do projeto de arquitetura da Sala Limpa a análise da necessidade do cliente e a execução seguindo as resoluções normativas e normas vigentes. “Nesse processo, devem ser ade14
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quadas eventuais falhas e principalmente esclarecido ao cliente todas as necessidades que serão implantadas”, diz. Materiais A especificação da quantidade de pass-throughs, portas, visores, divisórias, forros e seus respectivos materiais de acabamento é realizada a partir do layout básico e das condições básicas do projeto de ar condicionado. Sobre os materiais usados na construção, tudo vai depender da área em questão. Mario Carneiro afirma que, para as áreas de produção, normalmente trabalha com divisórias, portas e forro em chapa de aço branca e visores de vidro duplo. Para as áreas de lavagem, ele sugere o uso de divisórias em aço inox e, para as áreas de embalagem, além das divisórias em aço branco, também seria possível trabalhar com divisórias e biombos de vidro simples. Quanto às portas, devem seguir sempre as mesmas características dos ambientes em questão. “Sempre lembrando que, nas antecâmaras, as portas devem ser intertravadas”, diz. Para os pass-throughs, a Swell normalmente trabalha com acabamentos em aço inox - ou na sua totalidade, ou apenas na parte interna. “Para
esse tipo de equipamento podemos ter diversas variações de construção, podendo ser simples (com duas portas) duplo (com quatro portas), este último servindo para entrada e saída de materiais, sem ocorrer a contaminação cruzada. Podem ainda ser construídos com insuflamento de ar, temporizador para abertura das portas, etc.”, explica. “Sempre lembrando que, como o pass-through é uma pequena antecâmara, todas as portas devem ser intertravadas. Para as áreas menos críticas, em determinados casos, é aceito apenas uma sinalização sonora, informando que uma das portas permanece aberta”, complementa. Helena Tanaka afirma que, para as divisórias, o material de acabamento deve ser o mais liso possível para facilitar a limpeza e não acúmulo de pó, prevendo acabamentos próprios para perfeita vedação e estanqueidade. Já as portas, afirma a engenheira, deverão ter a máxima estanqueidade possível com ferragens em aço inoxidável e acessórios com guilhotinas de vedação. Ela sugere ainda visores com vidros duplos, de 4 a 6 mm de espessura, com superfícies lisas, impermeáveis e de fácil limpeza. Sobre o forro autoportante, este deve atender às condições de estanqueidade, continuidade, uniformidade e ser selado de forma que seja evi-
tada a contaminação do espaço acima dos mesmos, recebendo o mesmo acabamento das divisórias. “Já o isolamento interno (núcleo isolante) pode ser em PUR (poliuretano), PIR (poliisocianurato), EPS (poliestireno expandido), LV (lã de vidro) e LDR (lã de rocha), em várias densidades e espessuras”, conclui. Cronograma A respeito do cronograma de construção de uma sala limpa, João Felipe Martin Meca, coordenador de contratos e comercial da Asmontec, ressalta que o cronograma da obra varia de caso a caso. Segundo ele, no entanto, deve seguir os seguintes passos: - Definição do layout e materiais construtivos; - Construção da estrutura de sustentação da sala;
- Fixação de tirantes e suportes de forro falso; - Instalação de forro falso; - Instalação de Perfis e Suportes de Divisórias; - Instalação de divisórias; - Recortes de forro falso; - Instalação de Portas; - Instalação de Visores; - Acabamentos e Siliconização; - Limpeza fina da sala. Mario Carneiro diz que o projeto executivo é realizado entre 20 e 30 dias, aproximadamente. A partir do projeto executivo pronto, haveria a compra e fabricação dos materiais, que, segundo Carneiro, pode variar de 20 a 45 dias. A montagem poderia ser iniciada aproximadamente 20 dias após a aprovação do projeto, devendo ser finalizada aproximadamente 60 dias após a aprovação do projeto. “Nesse ínterim, temos os acabamentos com perfil arredonda-
do, luminárias, intertravamento de portas, etc.”, diz. “O prazo normal para uma obra normalmente é de 90 a 120 dias. Obviamente, todo esse processo depende muito do tamanho da obra, que dependendo do caso, pode chegar a 180 dias”, acrescenta. O coordenador de obras da Dânica, Ricardo Messias, afirma que existem três formas que devem ser adotadas como principio para elaboração de um de um cronograma de Salas Limpas: em primeiro lugar, a quantidade e o grau de dificuldade do local da obra. Em segundo, o projeto em que são definidas as etapas, fases e materiais que serão usados na obra “por onde devo começar”. Em terceiro, o prazo estipulado pelo cliente para conclusão da obra e o link entre tarefas entre terceiros. “Este é sempre o grande gargalo da montagem, pois os prazos geralmente são sempre apertadíssimos e é quando fechamos
Construção de salas limpas Tabela 1: Cronograma
Construção de salas limpas da obra da
Libbs (atualmente
em execução) demonstrando os links entre tarefas e trabalhos simultâneos
o cronograma definindo etapas, fases e equipes para tal montagem”, diz Messias. Um exemplo real de cronograma seguido pela Dânica pode ser visto na Tabela 1.
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A aplicação do revestimento de piso é outra etapa importante da construção de Salas Limpas. A definição da fase em que deve ser instalado o revestimento, no entanto, gera conflitos. É o que afirma Alexis Joseph Steverlynck Fonteyne, diretor da Anapre (Associação Nacional de Pisos e Revestimentos de Alto Desempenho). “Em princípio, seria uma etapa antes da instalação das máquinas, equipamentos e outros elementos que forem assentados sobre o revestimento; porém, muitas vezes, esta movimentação de instalação danifica muito o revestimento e obriga uma recuperação posterior”, explica. “Uma das boas soluções é instalar o revestimento e em seguida protegê-lo adequadamente até a sua inauguração definitiva”, acrescenta. Independentemente desses detalhes, Fernanda Ristori, gerente de marketing da Ace Revestimentos, ressalta que, para aplicação do produto, é necessário que o piso esteja “nivelado e liso, sem desníveis, seco e isento de umidade, firme e sem rachaduras, limpo, livre de sujeiras”. Na prática, diz Fonteyne, os revestimentos mais utilizados neste ambientes são os de quartzo colorido, autonivelante, multilayers e argamassados com duas a três demãos de pintura, ou seja, bem selados. O diretor da Anapre também destaca as cores, que segundo ele devem ser claras, por aumentarem a luminosidade, denunciarem as sujidades e cansarem menos a vista, gerando ambientes de fácil controle e agradáveis de trabalhar. A respeito das vantagens e desvantagens dos revestimentos citados, Fonteyne afirma que os revestimentos de quartzo colorido são mais du16
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ráveis e esteticamente mais bonitos. Já os revestimentos autonivelantes seriam mais lisos. “Revestimentos multilayers pintados são mais baratos e fáceis de fazer manutenção. Revestimentos argamassados são mais resistentes a impactos”, completa. As dúvidas sobre os revestimentos são comuns. Fonteyne conta que a mais frequente diz respeito à textura da superfície. “Há um mito de que a superfície deve ser quanto mais lisa possível e, assim, a escolha natural seria o revestimento autonivelante. Na verdade, o mais importante é o selamento da superfície, de modo a não ter cavidades, pontos de aderência de sujeiras, serem fáceis de lim-
par e resistentes a riscos e à abrasão. Um piso pode ter uma certa textura, desde que seja muito bem selado”, diz. Nina Jacobi, gerente comercial da Durocolor, aponta para a necessidade da análise da utilização e das condições a que será submetido o piso acabado e também das condições do substrato para poder dimensionar a espessura do piso com as respectivas camadas e o preparo do substrato, em função das condições de resistência e contaminações existentes. Segundo ela, a escolha do piso deve ser feita em função da utilização e das condições locais. “Deverão ser considerados o tráfego (intensi-
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Piso deve ter cor clara, por aumentar a luminosidade, denunciar as sujidades e cansar menos a vista, gerando ambientes mais agradáveis para trabalhar
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dade, carga e tipo de rodas), tipo de produtos químicos que poderão ser derramados e tempo de exposição do piso aos mesmos, agressões mecânicas a que o piso estará submetido como arraste de materiais, batidas de lanças de empilhadeiras, cargas pontuais, disponibilidade de limpeza do piso, temperatura de uso e outras peculiaridades relativas a utilização da área”, esclarece. Nina avisa que é fundamental uma análise técnica do substrato em relação à resistência, planicidade, juntas do pavimento, textura da superfície, grau de umidade e contaminações para tomar as providências necessárias de forma que o piso seja aplicado sobre uma base sólida que ofereça garantia. “Usualmente chamamos de piso a superfície acabada, que é a superfí18
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cie de uso, mas o piso é composto pela base mais o revestimento, ou, do pavimento mais o revestimento de piso. Portanto, para o sucesso do sistema piso, é igualmente importante a escolha do revestimento e o preparo da base ou substrato”, explica. Soluções
para climatização
Não existe uma única solução de sistema de ar condicionado para salas limpas. Cada situação deve ser analisada em termos da aplicação, dos requisitos do usuário e das exigências normativas. De acordo com Humberto Barbato, diretor da Neu Luft, este “diagnóstico” inicial é a base para formatação da solução e quão melhor for a simbiose clienteprojetista, melhores seriam as chances de sucesso. “Com a base definida, cabe ao engenheiro projetista
iniciar a sua viagem e utilizar a criatividade para desenhar a solução, ou seja, os fluxogramas da instalação, sempre respeitando as exigências normativas, inclusive as ambientais e de olho no budget do investimento. Nem sempre a melhor solução técnica será a melhor, pois poderá não atingir os objetivos do budget previsto”, afirma. A respeito de equipamentos e acessórios para ambientes classificados, o mercado oferece uma série de boas opções. Um exemplo é o Grupo Tosi, que ampliou sua atuação no segmento de climatização de salas limpas, lançando na última edição da FEBRAVA (Feira Internacional de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação, Aquecimento e Tratamento do Ar) a sua nova linha de Unidades Especiais para Tratamento de Ar (UTAs). “É uma concepção de equipamento desenvolvido para a máxima excelência no controle e tratamento de ar, dispondo de infinitas possibilidades de configuração através de sua enorme gama de componentes: filtros, trocadores, ventiladores, aquecedores, umidificadores, recuperadores, etc. É aplicado a projetos especiais de climatização, cujo grau de exigência tecnológica e responsabilidade técnica são extremamente elevados. É utilizado principalmente, pelos segmentos hospitalar e farmacêutico”, explica o engenheiro de aplicação da Tosi, Alexsandro Gomes Brocco. A novidade da Set-Ar Equipamentos e Condicionadores para o mercado de climatização para instalações do tipo salas limpas é o Split Hospitalar. O equipamento é completo, com unidade evaporadora, unidade condensadora e controle (termostato). A unidade evaporadora é horizontal padrão sala limpa, com bandeja em inox e filtros de ar classe G4 / F9 / A3. Está disponível nas capacidades 1,5TR (18.000 BTU/h) e 3TR (36.000 BTU/h), e pode ser fornecida já com grelhas e difusores. “A grande vantagem do modelo
IBQ-HP é que pode ser instalado em salas limpas, hospitais, laboratórios e farmácias de manipulação, tal como é instalado um split comum para conforto, pois já vem completo de fábrica, dispensando qualquer adaptação”, informa a empresa. A Refrin fabrica captores tipo caixote e em formatos especiais construídos em aço inox 304 ou 316, que juntamente com dutos soldados e flangeados compõem os sistemas de exaustão localizada para ar contaminado proveniente dos processos diversos que podem ocorrer em uma sala limpa. Marcelo B. do Vale, diretor da Refrin, explica que o tratamento de ar em aplicações de salas limpas é considerado missão crítica que ocorre nas situações de captação, exaustão geral e localizada, ventilação, ar para processo industrial ou climatização ambiente, sendo o controle da
pureza do ar presente no ambiente um dos principais requisitos técnicos das Salas limpas. “Neste sentido, os dutos e conexões ocupam lugar de destaque, pois é o item responsável pelo transporte de 100% do ar tratado e ar a ser descartado, tendo a responsabilidade de separá-lo, impedindo qualquer contato com o ar do entreforro, e também impedindo que vazamentos indesejáveis venham a causar suspensas de pós e partículas no entreforro, situação que pode, por exemplo, colocar em risco todo um lote de produção em andamento”, diz. A principal solução que a Multivac-MPU possui para a rede de dutos em salas limpas são os dutos em Painéis de Alumínio Pré-Isolados, a MPU - MultiVac Poliuretanos. “No caso de salas limpas, os dutos em painéis pré-isolados têm algumas vantagens: a superfície de alumínio
que não tem óleo e não favorece o crescimento de bactérias e que não deixa o ar entrar em contato com o isolamento térmico. A grande estanqueidade dos dutos que superaram a Classe 4 (NBR 16401) ou Classe C (DW 144), minimizando as contaminações e reduzindo o consumo de energia. O isolamento em espuma rígida de poliuretano expandido que fornece um dos melhores isolamentos térmicos do mercado”, diz o diretor da empresa Robert van Hoorn. Filtragem Na construção de uma sala limpa, a concepção do sistema de filtragem do ar é ponto-chave. Existem inúmeras maneiras de instalá-lo. De forma geral, de acordo com o gerente comercial do Grupo Veco, Luciano Figueiredo, os préfiltros e filtros são instalados na
máquina de ar condicionado ou em caixas de filtragem logo após a máquina, e os filtros HEPA são instalados terminais em difusores de insuflamento faceando o teto das salas limpas. “É importante ressaltar que não se pode esquecer da instalação de pré filtros na tomada de ar externo. Outra forma possível, mas menos recomendada, a instalação dos três estágios de filtragem na máquina de ar condicionado ou em uma caixa de filtragem logo após a máquina. Esta instalação é aceitável para salas de menor criticidade, normalmente ISO 8”, afirma. Figueiredo explica que os pré-filtros têm a função de reter as partículas maiores que se encontram em suspensão, normalmente partículas maiores que 5 ou 10 microns. Podem ser planos, plissados ou na forma de filtros bolsa, construído com meio filtrante em fibras sintéticas. “O filtro fino é um filtro intermediário e tem a função de reter as partículas normalmente maiores que 1 mícron. Podem ser construídos com papel de microfibra de vidro, papel de misto de fibras sintéticas, celulósicas e microfibra de vidro e tipo bolsa com meio filtrante em fibras sintéticas”, afirma. “Os pré-filtros e filtros finos têm a função de reter o maior número possível de partículas aumentando a vida útil dos filtros HEPA. Os filtros HEPA são responsáveis pela
Dúvidas
Divulgação Grupo Veco
Construção de salas limpas
Os filtros HEPA são os responsáveis efetivos por garantir o grau de limpeza da sala. retenção das partículas submicrônicas e são os responsáveis efetivos por garantir o grau de limpeza da sala e, aliado ao número de trocas de ar por hora, garantem também a classificação das salas limpas”, conclui. Marco Adolph, supervisor de laboratório da TROX, explica que os filtros HEPA, usualmente, são o último estágio de filtragem e podem ser montados tanto em fancoils, quanto em dutos e forros filtrantes. “Em salas de fluxo unidirecional, os filtros são posicionados no forro, sobre a área de processo. Esse tipo de construção também é observada em equipamentos de fluxo unidirecional. Nas salas de fluxo turbulento de ar, podem ser encontrados nos dutos e ou em caixas terminais”, explica. Os pré-filtros e filtros finos, segundo Adolph, são utilizados para proteger os filtros mais nobres e caros que são os filtros HEPA e Ulpa.
sobre o assunto
O coordenador de obras da Dânica, Ricardo Messias, afirma que as principais dúvidas dos usuários geralmente aparecem na elaboração do projeto e continuam quando se inicia a montagem. Dentre elas, ele destaca os questionamentos associados à fixação dos forros e divisórias, portas visores e, principalmente, sobre os acabamentos. “Estes são os que dão a ‘cara’ à Sala Limpa e os clientes sempre têm duvidas sobre como ficarão, qual será o aspecto após a finalização”, diz. Mario Carneiro, diretor da Swell Engenharia, diz que o tipo de material a ser utilizado, classificação das áreas, controle ou não da umidade relativa, cascata de pressão e dimensões das salas são aspectos comumente apontados pelos usuários “A solução para isso é sempre partir de um projeto o mais detalhado possível. Eu sempre digo para os meus clientes que se, ‘perdermos’ um pouco mais de tempo na discussão do projeto, vamos economizar muito tempo lá na frente”. 20
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