Doutores Ana Carolina, Júlio Tércio, Vinícius e Ana Flávia fazem parte da equipe de médicos especializados que atendem na clínica
DeFato
Ao Leitor
Lições de sustentabilidade de Dona Carmita
A
conheci dia desses na porta da DeFato. Ela veio à procura de uma funcionária que já não trabalhava mais conosco. Quando contei isso para aquela senhora de sessenta e poucos anos foi nítido o desapontamento. Perguntei se elas eram parentes e ela respondeu que não, que veio buscar roupas usadas prometidas pela moça da recepção há alguns dias. E antes que a tristeza de não poder receber o que veio buscar lhe abatesse, Dona Carmita partiu logo para o plano B e me perguntou: “Você não teria na sua casa roupas que não usa mais?”. Pensei na obviedade da resposta, com um meio sorriso no rosto, tentando disfarçar o fato de ela ter descoberto um tesouro escondido em meu guarda-roupas. “Tenho sim, amanhã trago para a senhora”, respondi. Assim terminaria nossa conversa, não fosse a contrapartida inusitada que ela me ofereceu: na troca pelas roupas, me daria verduras fresquinhas, colhidas na sua horta. Foi então que descobri uma rede de escambo incrível, uma lição bem prática de consumo colaborativo. Dona Carmita precisava de roupas usadas não apenas para ela. Poderiam servir para crianças e homens também. Na casa dela, não há nem um, nem outro. Só a Rosa, sua ajudante. Porém, ela precisava dessas peças para “pagar” alguns produtos e serviços. Funciona assim: ela tem uma horta grande, mas como não consegue cuidar dela sozinha, pede ajuda a um vizinho. Para retribuir, oferece roupas como pagamento. E, para quem fizer a doação, dá em troca as verduras colhidas na horta – cuidada pelo vizinho que vai ganhar as roupas! Gostei tanto da ideia, que perguntei se poderia ir até a casa dela levar as roupas e conhecer a tal plantação. Ela me deu o endereço e disse que me
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esperaria no dia seguinte, às 10 horas da manhã. Dona Carmita é dessas pessoas que ainda dão valor à palavra empenhada. Saiu confiante, pois não perdera a caminhada. E eu, claro, não ousaria desapontá-la pela segunda vez. A horta de Dona Carmita dá gosto de se ver. Tem alface, couve, rúcula, espinafre, salsinha, manjericão, cebolinha e mais um monte de folhas verdes que não arrisco dizer o nome. Há também um pé de limão, um de banana e um de urucum (muito prazer!). Tudo plantado pelo vizinho-ajudante e muito bem cuidado pela Rosa. Deixei lá duas sacolas de coisas que não usamos mais em casa e levei outras duas cheinhas de amor, carinho, frutas e verduras orgânicas. Se somasse o valor pago nos pertences que deixei, faria compras no sacolão por seis meses, no mínimo. Mas a satisfação que tive com a experiência me deixou certa de que havia recebido muito mais que doado. Dona Carmita me ensinou que é possível conquistar sem dinheiro, dar valor pela utilidade e não pelo preço. Ela me lembrou que as relações interpessoais são muito mais prazerosas que as de consumo. Passados alguns dias, ela mandou perguntar se eu gostava de ovos caipiras e se queria alguns. Dessa vez, ela precisava de um cobertor ou um edredom. Vislumbrei um ótimo negócio e topei na hora. Engraçado, não vi galinhas quando fui até sua casa... Dona Carmita logo esclareceu: “Não tenho galinhas. Ganhei os ovos de uma vizinha, em troca de ter lavado e passado algumas roupas para ela.” Ah, essa Dona Carmita não cansa de me surpreender! Kelly Eleto
Diretora Geral Kelly C. Duarte Eleto Landim kelly@defatoonline.com.br Diretor Comercial Marcelo Eleto marcelo@defatoonline.com.br Chefe de Redação Sérgio Santiago sergio@defatoonline.com.br Editoria Rodrigo Andrade rodrigo@defatoonline.com.br Redação Renato Carvalho Tatiana Santos jornalismo@defatoonline.com.br Marketing/Eventos Bruno Rodrigues bruno@defatoonline.com.br Diagramação Pablo Carvalho arte@defatoonline.com.br Comercial comercial@defatoonline.com.br Administrativo/Financeiro financeiro@defatoonline.com.br Fundadores José Almeida Sana Marlete Moura Morais Sana DeFato é uma publicação mensal da Revista Itabira Ltda. Filiada ao Sindijori/Abrajori/MG Área de Circulação Centro-Leste, Centro-Nordeste, Médio Piracicaba, Jequitinhonha, Cidades Históricas e Turísticas e Grande BH Redação e Administração Av. Duque de Caxias, 240, loja 4 Esplanada da Estação, Itabira - MG (31) 3831-3656 DEFATOONLINE.COM.BR
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Melhorias
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Foi dada a largada
Fotos: Renato Carvalho/DeFato
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Política
Sumário
Chão batido com os dias contados
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Estradas
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Segurança
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Capa
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Comportamento
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Especial
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Dia dos Namorados
Atalhos perigosos
Patrimônio ameaçado
Tecnologia a favor da vida
Vai dar rock
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Mãos a massa
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Selfie do amor
Colunas
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Daniel Lança
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Márcio Labruna
Gestão para resultados municipais O profissional que toda empresa quer
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Janaina Depiné
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Antônio Roberto
Etiqueta na hora das compras Momento de dor
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DeFato
Cartas
Capa Sempre vejo os itabiranos falando mal da política, das autoridades e da cidade de Itabira. Sinceramente o WIN é digno de elogio. Muito bem realizado. Meus parabéns aos organizadores que sempre trouxeram nomes de expressão para palestrar. Anderson | João Monlevade
Junho 2014 Edição 258
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Tive a oportunidade de participar do evento e gostei muito do espaço, organização, palestras, foi muito bom. Mas gostaria de ressaltar o pequeno número de stands no evento pelo volume de pequenas empresas existentes na cidade. Conversando com alguns pequenos empresários, expressaram a dificuldade de participar devido ao alto valor dos stands para expor seu produto ou serviços. Sugiro no próximo evento buscar parcerias para reduzir esse valor dando oportunidade a mais empresas de participarem. Marcio Freitas | Itabira Editorial Há anos, a gente vem passando as páginas da revista DeFato, mas esta última edição, tenho que parabenizá-los pelo teor, inclusive, a reportagem sobre a família Alves, e mais diretamente ao Sr. Osvaldo, que um dia foi meu treinador de futebol. Bom, meu objetivo maior é para, particularmente, colocar Kelly Eleto no mais alto degrau de um editorial tão bem bolado como o último. Não sou de ficar bajulando pessoas, mas este me impressionou, e muito. Escrever é fácil Kelly, mas colocar as palavras em ordem e com uma sintonia tão autoexplicativa, não é para qualquer pessoa. Parabéns mesmo! E também chamo a atenção pela qualidade do material da própria revista. Continuem assim. Convivi muito pouco com o Sana, mas, sozinho, ele sobreviveu a todas críticas e aí está o resultado. Daniel Boone de Carvalho | Itabira
Um novo Valério Parabéns ao Luzardo e companheiros de luta. O VEC precisa do apoio da Vale e PMI, pois sem estes acredito ser mais difícil a retomada. Que encontrem o caminho. Sucesso. Luiz Miranda | Entre Rios de Minas Parabéns ao Presidente Luzardo pela iniciativa. É com medidas profissionais que o Valério vai sair do buraco que se encontra. Com esse planejamento, acredito que vão aparecer parceiros e patrocinadores pois agora existe um projeto! Agora é preciso a população abraçar a causa de resgatar o Valério. Não é hora de falar que não vai dar certo e unirmos todos para que dias melhores venham para nosso querido Dragão do Campestre. Valeriano Silva | Itabira Fera do Vôlei E tudo começou em Itabira. Nunca desista de seus sonhos, pois eles podem se iniciar em uma cidade e se concretizar no mundo repleto de oportunidades! Basta acreditar, trabalhar, saber esperar que Ele agirá! Talmo Oliveira | São Paulo Amo esse cara! Tive oportunidade de conhecer a pessoa maravilhosa que é. Título, status, nada tirou a humildade dele. Merece tudo de bom! Show! Luciene Lef | Itabira Duas vezes ecológico Efeito Unifei. Muito bom, positivo! Marco Antonio | Contagem Um caminho para a realização Doutora Daniela, a nossa Dani, linda e muito talentosa, meiga e muita atenciosa. Sua vocação é ser uma profissional muito sábia. Amei o texto. Parabéns! Jane Rolla | Ipatinga
DeFato
Beleza
Ainda mais bello Ampliação e reforma gera mais comodidade às clientes no Espaço Bernardo Bello
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Bernardo Bello e a modelo Mayara Magle
Fotos: Art Designer
Bernardo Bello reformou seu espaço para oferecer às clientes toda a comodidade que elas buscam
que toda mulher busca quando procura um centro de estética? Comodidade, conforto e sofisticação. Além de tudo isso, o local ainda precisa estar antenado às novas tendências, ter clima de atualidade. Foi pensando nisso que o hair stylist Bernardo de Campos Quintão Bello de Oliveira ampliou e reformou seu espaço. Nascido em Belo Horizonte, mas itabirano de coração, Bernardo Bello trabalha há dois anos no ramo da beleza. No espaço revitalizado, oferece serviços de maquiagem, penteado, escova e design de sobrancelhas. Tem também trabalho dedicado a noivas, madrinhas e adolescentes que vão comemorar os 15 anos, com acompanhamento para trocas de make e penteados, e editoriais de moda. O diferencial é a exclusividade. No Espaço Bernardo Bello apenas uma cliente é atendida por vez. O atendimento só é feito com horário marcado, sempre de segunda a sábado. Dessa forma, Bernardo consegue dispensar mais atenção às clientes, além de contribuir com a privacidade. “As clientes podem esperar pontualidade, carisma, profissionalismo e produtos de alta qualidade”, diz o profissional. □
O Espaço Bernardo Bello está localizado na rua Praia do Rosário, 108, bairro Penha - Itabira. Telefones: (31) 3831-4068 e (31) 9203-9359 E-mail: bello-mg@hotmail.com
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DeFato
Entrevista
JOÃO CARLOS COSTA GUIMARÃES
Planejamento para um legado
positivo
Professor da Unifei fala da importância do planejamento de fechamento de mina para os municípios não serem pegos de surpresa. Prevenir é sempre melhor que remediar Tatiana Santos
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em Poços de Caldas pela Alcoa Alumínio, líder global em produção de alumínio primário e maior mineradora de bauxita e refinadora de alumina do mundo. E, por isso mesmo, analisa com propriedade a importância do planejamento de fechamento de minas. Foi esse o tema da palestra proferida pelo professor em junho deste ano, durante a Semana do Meio Ambiente de Itabira. João Carlos falou sobre planos de fechamento de mina e sua relação com o futuro do município que deu origem à Vale. Na visão dele, tal qual Barão de Cocais, Itabira não está preparada para a notícia de que não haverá mais mineração na cidade. Então, o que fazer? Respostas na entrevista que vem a seguir: Professor João Carlos avalia que cidades mineradoras não se preparam para o fim da atividade econômica
Tatiana Santos/DeFato
N
o fim de 2012, uma notícia pegou de surpresa os administradores públicos e a população de Barão de Cocais: a mina de Gongo Soco seria fechada pela Vale. Um prejuízo que representaria quase 45% de queda na receita do município, que, naquela época, não estava preparado para tamanho golpe. A falta de planejamento, no entanto, não é exclusividade de Barão. Cidades mineradoras, em sua maioria, não se prepararam para o pior. Aquele ditado de que prevenir é melhor que remediar não é levado muito a sério. É o que analisa o doutorando em Engenharia Florestal João Carlos Costa Guimarães, 37 anos. Natural de Santo André, no interior de São Paulo, é professor do curso de Engenharia Ambiental da Unifei Itabira e especialista em recuperação de áreas degradadas. Conhece bem os impactos que a mineração causa, tanto ambiental quanto economicamente. Viveu essa fase quando foi responsável pela recuperação de área minerada
DeFato Antes de falarmos do fechamento, pode abordar como a abertura de uma atividade minerária impacta em uma população? Quando a empresa mineradora chega numa região, principalmente quando o empreendimento se torna extremamente influente, acaba mudando toda a economia daquela região e toda a dinâmica. Tem a chegada de um grande número de pessoas, especialmente nas etapas de construção de usina de beneficiamento, ferrovias, portos. Na empresa em que eu trabalhei, eles estavam abrindo uma mineração em Juruti, no Pará, em 2007. Eu pude presenciar essa situação. Um município de 20 mil habitantes, a maioria da zona rural. Quando a empresa chegou nessa região alterou toda a dinâmica econômica do município e até social. Houve período de ter seis mil pessoas de fora do município trabalhando lá. Isso muda todo o seu contexto. Economicamente, é um aporte grande de recursos para o município, mas isso às vezes acaba sendo em longo prazo. E quando a empresa sai a situação fica complicada. Como citado pelo senhor, a economia desses municípios acaba ficando comprometida com a saída dessas empresas. E então? Não só o Brasil, mas outros países também têm esse problema relacionado à economia. A mineração é diferente da agricultura, porque na agricultura há várias safras. Se fizer um bom manejo do solo, consegue-se manter sem uma data de sair. Na mineração não é assim. Quando acaba o recurso, não tem mais como permanecer no local. Essa saída da empresa é o grande problema. Quando vai chegando mais para o final da atividade, a entrada de recursos da empresa já não é tão significativa, porque o que tem de minério já é de baixo teor e os custos acabam elevando bastante. Tem que haver uma preocupação prévia de se pensar que lá na frente a empresa vai sair e é preciso que deixe um legado positivo para o município. Aí é que entra o contexto do fechamento de mina. A atividade da mineração não acaba no descomissionamen-
to. Ela continua dali para frente, até que a empresa realmente tenha adotado todas as medidas adequadas do ponto de vista ambiental e do ponto de vista socioeconômico. Quais medidas seriam essas? É possível dar exemplos de Itabira? Quando me convidaram para a palestra pensei exatamente nesta questão do plano de fechamento de mina. Ainda mais em Itabira, que é muito dependente da Vale. Até um período atrás, uma década ou um pouco mais, a ideia era a seguinte: a empresa atuava no município e quando encerrava as atividades de produção, simplesmente fechava. Faziam o que tinham de recuperação ambiental, faziam o descomissionamento, que é a desmontagem das estruturas
“A mineração é diferente da agricultura, porque na agricultura há várias safras. Se fizer um bom manejo do solo, consegue-se manter sem uma data de sair. Na mineração não é assim” físicas, e ficava por isso. Aqui para Itabira, pelo tipo de mina, a gente vai ter muito o contexto de estabilidade física de talude. Quando fazem estes cortes de encosta, vão ficando os taludes que se olharmos numa imagem de satélite ficam como uma escada. Aquilo é um material bastante instável. Isso seria prejudicial na questão de movimento de massa, pode descer uma encosta, acontecer o assoreamento de curso d’água. É preciso restabelecer a estabilidade física naquele local. E a garantia disso é trabalhosa. Há outro contexto aqui em Itabira, que é a questão dos campos rupestres que existem nessa região da Serra do Espinhaço. Algumas áreas que a Vale minera, e que têm o campo rupestre, depois da mineração não têm mais esses campos. Tem uma perda de biodiversidade. Na questão de biodiversidade, se tem uma redução, não adianta.
Existe uma legislação específica para o fechamento de mina? O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) já coloca alguns guias e manuais falando sobre o plano de fechamento de mina, para que se pense nesta questão de sustentabilidade, de se buscar algo mais saudável. Para que na saída do empreendimento o município continue tendo alguma saúde econômica. O grande ganho do fechamento de mina entra nesta questão socioeconômica, que é uma preocupação realmente diferente. Ou seja, a empresa tem que ajudar o município e também atuar de forma participativa com os atores da região, de maneira a tentar ver qual é a maior vocação daquela região em ternos de atividade econômica; de forma que consiga manter certo padrão de arrecadação e consiga se manter com outras atividades. De que maneira o plano de fechamento é estabelecido? A ideia é que a empresa tenha que apresentar um plano de fechamento para ser executado após o seu término de operação, inclusive com algumas formas para medir o avanço de cada ação que será proposta. Envolve prefeitura, empresa, órgão ambiental e população da região. A ideia é que a saída seja o menos impactante possível. Mas o que acontece? Essa deliberação normativa é de 2008 e coloca que apenas dois anos antes do fechamento é que a empresa tem que apresentar esse plano. Atualmente, a Vale não teria obrigatoriedade de apresentar nada. Então, qual a oportunidade do município? A legislação coloca que sempre uma esfera menor pode ser mais restritiva do que a maior. Ou seja, se o Estado exige dois anos antes para ser apresentado, o município pode exigir que na próxima renovação de licença de operação a empresa já apresente seu plano. E o plano é uma coisa dinâmica, adaptável à realidade da região. Todos os guias internacionais falam que o ideal é que o planejamento seja elaborado no estudo de viabilidade do empreendimento, ou seja, antes da empresa se instalar já deve pensar em um plano porque já tem que ter provisão JULHO, 2014 defatoonline.com.br
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DeFato
Entrevista
de recursos para quando encerrar suas atividades. O plano é permanente ou existe a necessidade de renovação, por exemplo? Ao longo da vida do empreendimento esse plano vai sendo atualizado, porque durante essa operação a empresa faz pesquisa mineral e pode descobrir novas reservas e ampliar sua vida útil. É o caso da Vale, que hoje beneficia o minério de menor teor. O que era rejeito, passou a ser produto e isso amplia muito a vida útil. Ou pode ocorrer também uma mudança grande no mercado e esse mineral cair tanto o preço que passa a ser inviável manter aquele negócio e a empresa pode fechar precocemente, mesmo ainda tendo recurso mineral para ser explorado. Ela pode descobrir outro mineral que faça a mesma função e que seja mais barato, então, esse produto passa a não ser interessante. Tem várias coisas que podem ocorrer durante a operação. A própria deliberação normativa do Copam (Conselho de Política Ambiental) coloca justamente essa questão. Ela cita que o plano deve ser desenvolvido já desde o estudo de viabilidade, porém só tem que ser apresentado dois anos antes. E tem um detalhe: em alguns países, os órgãos ambientais obrigam os empreendedores a prover recurso dentro do custo que é previsto no plano de fechamento ao longo do tempo, para ter garantia financeira. Ou seja, se a empresa quebrar e entrar em falência, o governo tem recurso para poder arcar com todas as despesas decorrentes do fechamento. A ideia é essa. Não ter um passivo, seja ambiental ou socioeconômico, para o município. E isso não é previsto na deliberação normativa do Copam. A oportunidade é essa. Criar uma Lei Municipal e colocar para o plano ser apresentado antes e ter um fórum de discussão com a população, porque é importante todo mundo ter esse conhecimento, sobre qual a vida útil que se vislumbra, e isso deve ser colocado às claras. Não pode ser uma coisa velada, por questões de marketing ou estratégia da empresa.
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Negociar no momento da renovação da licença, então, seria a melhor solução? Supomos que a empresa tivesse que fazer sua renovação de licença para daqui a cinco anos, por exemplo. E se fosse publicada uma lei municipal obrigando a apresentação do plano já na próxima renovação de licença de operação? A empresa traria seu plano e uma primeira versão dele e faria uma discussão com a população e, ao longo do tempo, faria alterações até chegar a algo que fosse mais viável para o município. Quando se pensa na questão socioeconômica, não adianta mudar toda a realidade nos últimos dois anos, esse prazo é muito curto. Tem a questão de Barão de Cocais (Mina de Gongo Soco), que não fechou ainda e eles estão tendo um respiro a
mais. Mas uma hora vai acontecer. Mas também existem outras oportunidades. No contexto ambiental eu particularmente não me preocupo tanto, porque não adianta. Se tem um empreendimento de mineração, vai ter degradação. Isso é inevitável. A sociedade demanda da mineração. Tudo tem mineração. O grande desafio mesmo é essa questão socioeconômica, que em minha opinião é uma oportunidade para o município e também para a empresa. Para Itabira se desvincular um pouco da mineração, o que seria necessário? Em primeiro lugar, acho que deveria ser feito um grande estudo, para saber qual a vocação do município, em termos de economia, em termos sociais.
DeFato Uma coisa que pode ser interessante para diversificar a questão econômica, por exemplo, é a universidade. Hoje temos a Funcesi e a Unifei com nove cursos, o que é muito pouco para um município deste tamanho. Eu faço doutorado em Lavras, onde tem a Universidade Federal de Lavras (Ufla). Lá, a cidade é um pouco menor que Itabira, mas a universidade deve ter uns 40 cursos hoje. Traz muito recurso para o município. Se a universidade entrar em greve, cai 50% do movimento do comércio. Ela é muito importante. E uma universidade sempre está ali, dificilmente você vai vê-la fechar. Viçosa passa por isto também. Então, se Itabira se tornasse um polo educacional, seria um fomento para a economia. Tem a questão do turismo que o município tem. Seria uma alter-
nativa. Tem um problema sério que é a questão de água no município. Falam em se fazer uma transposição de água do rio Tanque para essa bacia. Talvez com essa oferta maior de água, poderia se trazer outros empreendimentos. Mas isso aí teria que ser criado um fórum de discussão, que entraria justamente no plano de fechamento de mina. E como a empresa se beneficia? Porque o empreendedor, especialmente os grupos grandes, poderão levar todo este know how de um de fechamento bem executado em uma mina e, inclusive, divulgar isso, até para divulgar sua imagem em relação ao empreendimento. Hoje eu acho que está tudo muito incipiente, é um ‘calcanhar de Aquiles’ dentro da mineração. Como Sérgio Santiago/DeFato
É preciso planejar: mineração rende bons retornos econômicos, mas, e quando acabar?
é que você deixa um legado positivo social? Acho que isso não é tão simples. A ideia é mitigar isso daí, mas 100% não se consegue reduzir. O que está sendo criado para quando ela fechar? Como será a recolocação de mão de obra? É uma coisa a se pensar. O senhor acha que Itabira estaria preparada para o encerramento das atividades da Vale? Itabira não está preparada para quando a Vale encerrar as atividades. Hoje temos a Unifei que veio para a cidade. Mas o que a gente vê na Unifei, se a gente comparar a arrecadação de impostos provenientes de alunos e docentes com o que vem da Vale, é insignificante, creio eu. É lógico, com a saída do empreendimento de mineração para um município que é extremamente dependente, não adianta, vai ter uma redução mesmo, e isso é inevitável. E não é nem culpa da empresa. Isso é uma coisa natural. Assim como tem etapas durante a operação que o município ganha muito. Por exemplo, a arrecadação daqui é de 7 bilhões de reais com impostos, que gera um PIB elevado para um município de pouco mais de 100 mil habitantes. Mas a grande oportunidade que existe é a seguinte: o estado de Minas Gerais, por ser o principal estado minerador da federação, acabou criando uma deliberação normativa que fala justamente do plano de fechamento de mina. E essa deliberação coloca entre outras coisas, essa preocupação socioeconômica. □
“Itabira não está preparada para quando a Vale encerrar as atividades. Hoje temos a Unifei, mas se a gente comparar a arrecadação de impostos provenientes de alunos e docentes com o que vem da Vale, é insignificante” JULHO, 2014 defatoonline.com.br
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DeFato
Anote
As obras de duplicação da BR-381, entre Belo Horizonte e Governador Valadares, iniciadas em maio, começam a ganhar forma e alimentam a esperança dos moradores das cidades próximas à rodovia. A obra que mais chama a atenção de quem percorre a 381 entre Belo Horizonte e Governador Valadares é a construção de dois túneis, próximo a Antônio Dias, no Vale do Aço. Um deles terá 409 metros de extensão e o outro 432 metros. A previsão é de que sejam concluídos em um ano e meio e o valor total do contrato é de R$ 56,95
Edésio Ferreira/EM
Ganhando forma
milhões. Em vários trechos entre Caeté e o trevo de Barão de Cocais máquinas e caminhões trabalham escavando terrenos e recolhendo a terra. A duplicação dos oito lotes já licitados da rodovia envolverá 1.220 máquinas e
equipamentos, 29.120 toneladas de aço e 48,2 quilômetros de metros quadrados em terraplenagem. Em relação à mão de obra estimada pelas empresas, está prevista a contratação de 5.729 trabalhadores e cerca de 14 milhões de refeições.
comunidades. Será apresentado aos moradores o Programa de Defesa e Proteção do Patrimônio Cultural da Sede e dos distritos e quais serão os trabalhos e projetos desenvolvidos. A FIP foi contratada após
a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta entre o Ministério Público e a Anglo American, sendo o valor de R$ 7 mi. destinados à preservação e recuperação do patrimônio cultural.
A Prefeitura de Conceição do Mato Dentro é parceira do Ministério Público e da Fundação Israel Pinheiro em um rol de atividades e projetos desenvolvidos para preservar e salvaguardar o patrimônio cultural do município. Serão realizados pela FIP projetos de restauração e revitalização, inventário do patrimônio imaterial já existente e um registro de um patrimônio imaterial que ainda será definido após as pesquisas e levantamentos realizados junto à comunidade. A estimativa de duração é de 18 meses de trabalhos contínuos, com o apoio e auxílio direto da Secretaria de Cultura e Patrimônio Histórico, principalmente no que diz respeito às intervenções feitas nas
Sérgiio Santiago/DeFato
Patrimônio cultural
Terceirona A Terceira Divisão do Campeonato Mineiro já tem data marcada para começar. A Federação Mineira de Futebol (FMF) divulgou que a competição terá início no feriado de 7 de setembro. O Valério estreia fora de casa, em Muriaé, contra o Nacional. Além do Dragão, mais 11 equipes estão na disputa. O arbitral que definiu a fórmula do
campeonato e os clubes participantes foi realizado na sede da entidade que controla o futebol Mineiro. Os 12 times foram divididos em três grupos de quatro. As equipes jogam entre si, em turno e returno, e as duas melhores se classificam para um hexagonal. Nessa fase, todos jogam entre si, novamente dentro e fora de casa. Campeão e vice sobem para o Módulo II.
Governador empossado Divulgação
O empresário itabirano Vicente Bernardes foi empossado novo Governador do Distrito 4520 do Rotary Club. A cerimônia ocorreu no dia 21 de junho, no clube Ativa, em Itabira. Além de presidentes de entidades rotarianas, que também receberam posse, o prefeito de Itabira, Damon de Sena compareceu à solenidade.
Em maio, Vicente já havia sido empossado para o mesmo cargo na XLIII Conferência Distrital, em Caxambu. Na primeira fala oficial como governador eleito, o itabirano agradeceu a confiança de todos os companheiros. Outros dois itabiranos já ocuparam a governadoria do distrito 4520: Márcio Antônio Labruna e José Luiz Scaglioni Filho.
R$ 523 milhões Os vereadores de Itabira aprovaram, em turno único, o projeto que institui a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o ano de 2015. A matéria é uma espécie de norteamento para o governo e deve ser aprovada antes da Lei Orçamentária Anual (LOA), que é analisada mais para o fim do ano. A LDO contém ações programadas para serem realizadas pela Prefeitura no
ano que vem e também a previsão orçamentária de Itabira, que é de R$ 523 milhões. A estimativa de arrecadação para 2015 está 22% acima da receita de 2014, avaliada em R$ 425 milhões. A votação na Câmara ocorreu com muita tranquilidade e recebeu os votos favoráveis de todos os vereadores presentes. Sete emendas foram apresentadas e também passaram por unanimidade.
DeFato
Anote
A Prefeitura de São Gonçalo do Rio Abaixo realiza um grande censo municipal através do Programa Casa a Casa. A ação vai permitir que todos os moradores do município contribuam direta ou indiretamente na construção de uma nova história. Desde o último mês, recenseadores percorrem a cidade ouvindo a opinião de cada são-gonçalense. Em breve, a Prefeitura terá uma espécie de mapeamento sobre a situação de cada casa (como está o abastecimento de água, o escoamento de esgoto, a coleta de lixo, etc.); das famílias (se tem algum morador à procura de emprego, se tem alguém que
Morreu no dia 3 de julho o alfaiate Francisco de Almeida. Chiquinho, como era conhecido por quase toda Itabira, tinha 99 anos e foi acometido por uma pneumonia. Ele nasceu no dia 9 de março de 1915 e colecionava grandes histórias. Foi um dos primeiros funcionários da Vale e estava em campo na primeira partida do Valério,
parou de estudar e deseja dar continuidade), entre outros assuntos. Com base no resultado do censo, a Prefeitura terá
condições de aprimorar as metas de obras e ações, executando o que a população mais necessita.
Globoesporte.com
Chiquinho Alfaiate
Acom PMSGRA
Censo municipal
quando só funcionários da mineradora atuavam pelo clube. O time perdeu por 6 a 2 para o América. O apelido é fruto da profissão que escolheu e exerceu por 80 anos. A alfaiataria, na rua doutor José de Grisolia, no bairro Pará, era ponto de encontro para rodas de bate-papos. Chiquinho Alfaiate terá o ano de 2015 dedicado ao seu centenário. A votação e aprovação por unanimidade da homenagem aconteceu em fevereiro, na Câmara de Vereadores. Seu corpo foi sepultado no Cemitério da Paz.
Desenvolvimento rural Hendrigo Costa/ACOM PMSGRA
A Prefeitura de São Gonçalo do Rio Abaixo e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) assinaram convênio para a execução de um programa de desenvolvimento nas áreas econômica e social do setor rural, que visa a melhoria das condições econômicas e sociais da população rural. Os pequenos produtores rurais vão
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receber capacitação nas áreas de tecnologia agropecuária e gerencial, visando a utilização correta de máquinas, equipamentos, insumos, crédito rural e outros, de modo a conseguirem aumento de produtividade, de renda e melhoria de condições de vida. O convênio tem vigência de 60 meses e serão investidos recursos próprios estimados em R$ 85.248,00, por ano.
ACOM PMJM
Obras na avenida A Prefeitura de João Monlevade está recuperando a pista da avenida do Contorno e construindo um muro de arrimo próximo ao Clube Recreativo, no bairro Vila Tanque. Desde dezembro de 2011, o trânsito estava sendo realizado em apenas metade da avenida, já que parte da pista cedeu com as chuvas. A via já recebeu bate estaca, preparo do solo e está sendo iniciada a construção do muro de arrimo. As obras que tiveram início em maio deste ano, estão sendo executadas pela empresa Rocha e Rocha Construtora, no valor de R$ 87.798,80, e a previsão é de que os serviços sejam finalizados no próximo mês.
O 26° Batalhão de Polícia Militar, em parceria com a Cruz Vermelha Brasileira – Filial do Município de Itabira – e com os
Escoteiros Mirins de Itabira, realizou este mês a entrega das peças recebidas durante a Campanha do Agasalho 2014, que ocorreu entre fevereiro e março. Foram coletados 4.776 peças, além de 110 cobertores novos. Duas entidades beneficentes foram contempladas: Serviço de Obras Sociais (SOS) e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).
Divulgação
Campanha do agasalho
DeFato
Anote Thamires Lopes/ACOM PMSB
Saúde bucal Funciona desde o início do mês em Santa Bárbara a carreta OdontoSesc, que vai levar assistência odontológica gratuita e a educação em saúde bucal às comunida-
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1.800 procedimentos, atendendo em média 180 pacientes. O número corresponde a um mês de atendimento em um Posto de Saúde da Família (PSF).
Talmo Tatiana Santos/DeFato
A partir de agosto, a estudante do 9º período do curso de Farmácia da Funcesi, Carmélia Rosalina Alves de Sá, terá uma nova casa. Vai morar em Nova York, nos Estados Unidos. A jovem de 23 anos foi aprovada pelo programa Ciência sem Fronteiras, do Governo Federal, que busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. Ela vai estudar na Universidade de Saint Jhon’s, durante um ano e meio, e depois volta para o Brasil para concluir os estudos.
Funcesi
Sem fronteiras
des de baixa renda. O projeto, que fica na cidade até 29 de março, é fruto de parceria entre prefeitura local e o Serviço Social do Comércio (Sesc). A estimativa é realizar
Diferente do que informou DeFato na edição 258, de junho, o nome dos pais do ex-jogador e atual treinador de vôlei Talmo Curto de Oliveira são: Normília Curto de Oliveira (foto) e Murilo Conceição de Oliveira (in memorian).
DeFato
Ouro Preto Acom PMOP/Divulgação
Shows na praça da Estação comemoraram o aniversário de Ouro Preto e arrastaram multidões
303 anos de história Ouro Preto organiza programação encorpada para comemorar mais um aniversário. Cultura e entretenimento na cidade que parece não envelhecer
M
úsica, teatro, danças e outras manifestações artísticas tomaram conta de Ouro Preto neste mês de julho. Tudo para marcar os 303 anos de história desde que o povoado foi elevado a Vila Rica. Grandes shows e espetáculos se espalharam pela cidade durante uma semana e arrastaram multidões para os principais pontos turísticos. O aniversário de Ouro Preto é comemorado no dia 8 de julho, mas teve festa na cidade entre os dias 4 e 11. A programação é integrante do Festival de Inverno da Ufop, mas ganha autonomia e recebe identidade visual e produção próprias. A Semana de Ouro Preto tem programação musical e teatral erudita e popular, além de parcerias com restau-
rantes da cidade para que as atividades cheguem bem perto da população. O Largo da Igreja do Rosário, um dos mais importantes cartões postais da cidade, foi cenário para shows da cena musical nacional. Entre os artistas, destaque para Lô Borges - que abriu o primeiro dia de programação - Paulinho Moska, Teatro Mágico e Marina de La Riva. Na praça Tiradentes, tradicional local de eventos populares em Ouro Preto, apresentações dos grupos Raça Negra e Jota Quest e da dupla sertaneja Victor e Léo. Intervenções Além da programação musical no Palco Rosário e na praça Tiradentes, a Semana de Ouro Preto contou com apresentações artísticas não anunciadas,
no formato pop-up art: onde a lógica é de surpreender o público com músicos que surgem tocando pelas ruas um sax, um violoncelo ou um clarinete; ou artistas circenses que circulam pelas ruas e também estátuas vivas representando personagens históricos da cidade. O teatro de rua também teve vez. Junto a grupos locais se apresentaram o Grupo de Dança Primeiro Ato, com o espetáculo Pequenos Atos de Rua, e o Grupo Maria Cutia, com o espetáculo Do Jeito que a Gente Gosta. As ruas da cidade também foram tomadas por 15 grupos de congado, em um cortejo-homenagem a forte influência do sincretismo religioso no período colonial. Grande programação para uma cidade de história enorme. Já são 303 anos, mas Ouro Preto parece não envelhecer.□ JULHO, 2014 defatoonline.com.br
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DeFato
São Gonçalo do Rio Abaixo
De casa nova
Com apoio da prefeitura, Apae constrói sede mais confortável em São Gonçalo do Rio Abaixo
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paisagismo. Nas etapas iniciais foram gastos R$ 2,280 milhões, com recursos provenientes de subvenção da Prefeitura de São Gonçalo. A última fase está orçada em R$1,2 milhão com previsão de início no próximo semestre. A sede em obras conta com corredores adaptados e salas de aula, vídeo, informática, reuniões, professores e diretoria. Os banheiros são adaptados e há espaços para oficinas profissionalizantes, além de pátio, biblioteca, refeitório, cozinha, lavanderia, dispensa, entre outros. A nova Apae também foi planejada para oferecer aos alunos ambientes equipados para atendimento especializado como fisioterapia, fonoaudiologia, odontologia, médico, terapia ocupacional e assistência social. A mobília já está em fase de aquisição e terá carteiras exclusivas e ergonômicas (com apoiadores de pés e tampo móvel). Esteiras e bicicletas
ergonômicas irão equipar a sala de fisioterapia. Móveis da atual sede da Apae, em bom estado de conservação, como arquivos e prateleiras serão aproveitados. Serviços A Apae de São Gonçalo atente 72 alunos e oferece serviços de educação até a 4ª série do ensino fundamental, além de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Quinze estudantes que frequentam a rede regular de ensino estão incluídos na equipe da Apae já que recebem atendimento na entidade. Os alunos apaeanos participam de oficinas de informática, e, por meio de parcerias com Cras, frequentam aulas de capoeira, dança, biscuit, artesanato, entre outras atividades. A entidade também conta com Assistência Social e Escola de Pais que prestam atendimento às famílias dos estudantes. □
Hendrigo Costa/ACOM PMSGRA
A
partir de agosto, alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de São Gonçalo do Rio Abaixo terão novo endereço. Com auxílio da prefeitura, a entidade constrói uma sede que vai proporcionar mais conforto aos atendidos. A segunda etapa das obras segue em fase final, permitindo a mudança antes da conclusão total do serviço. A nova sede está instalada em um terreno de 3.600 metros quadrados na rua Januária, bairro Guanabara. As obras começaram em fevereiro de 2013 e foram construídas em etapas, com fundação e alvenaria, na primeira fase, e acabamento e instalações elétricas, na segunda etapa. A construção ainda contempla uma terceira fase que consiste na construção de piscina aquecida, quadra coberta, banheiros e vestiários externos e
Nova sede da Apae vai proporcionar mais conforto aos estudantes
DeFato
Cidades Mineradoras
Conceição
cresce Loteamentos às margens da MG-010 surgem para atender à demanda comercial e residencial em Conceição do Mato Dentro. Em apenas um deles, 5 mil unidades serão colocados à venda
Fotos: Sérgio Santiago/DeFato
Sérgio Santiago
Hotel Vistainn Express é prova do crescimento de Conceição do Mato Dentro
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DeFato
Cidades Mineradoras
H
á 25 anos, quando Joaquim José de Miranda comprou um terreno às margens da MG-010 para fazer um loteamento, em Conceição do Mato Dentro, muita gente riu dele. Naquela época os conceicionenses não tinham ideia de como a cidade se transformaria anos mais tarde. Quinzé, como é conhecido, não desistiu de seu propósito, mesmo sendo orientado pelos amigos e parentes do contrário. “Eles riam de mim e falavam: ‘Vender lote? Só se for para criar lagartixa’”, relembra. Em meados de 2006, a ideia do projeto se concretizou e o terreno pedregoso virou um loteamento com 223 unidades. Antes de formalizar a documentação, Quinzé vendeu algumas áreas ao lado da rodovia para levantar recursos necessários à aprovação do empreendimento. Com os registros em mãos, não demorou aparecer propostas de clientes diversos, alguns muito influentes, interessados em adquirir parte de sua propriedade.
A essa altura, a mineração já era notícia no Brasil inteiro e atraia investidores de todo canto. A área, que muitos não davam valor, estava no caminho do crescimento da cidade e Quinzé teve a oportunidade que muitos - inclusive os incrédulos - gostariam de ter. A história do conceicionense de 65
“Eles riam de mim e falavam: ‘Vender lote? Só se for para criar lagartixa’” anos ilustra como Conceição do Mato Dentro está crescendo. Nas mesmas imediações de seu terreno, sentido Belo Horizonte, outros loteamentos estão sendo formalizados. De acordo com o chefe de Gabinete da Prefeitura, Vulmar José Procópio, são pelo menos dois grandes empreendimentos, um deles com quase 400 unidades. Há previsão de se construir no local, inclusive, um condomínio fechado de alto padrão e
Empresário Joaquim José de Miranda apostou no crescimento de Conceição e se deu bem
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mais um hotel. Ciente desse crescimento, o grupo Vista Hoteis inaugurou na cidade, no dia 1º deste mês, o Hotel Vistainn Express – prova de que o município tem capacidade de atrair investimentos. Localizado ao lado do Clube Social, próximo ao loteamento de Quinzé, o empreendimento tem como objetivo atender à demanda crescente por hospedagem na região, principalmente por causa do projeto Minas-Rio. O Vistainn Express tem 72 apartamentos, dos quais 32 foram ocupados logo na inauguração. Praticamente todos os hóspedes são funcionários da Anglo American e suas terceirizadas. Quando o grupo anunciou o projeto, em 2012, a previsão era investir R$ 13 milhões nas obras de construção. De acordo com Milena Penido, gestora da rede, a empresa é formada por um grupo de investidores que está sempre em busca de oportunidades. E eles entenderam que Conceição é o lugar certo para apostar.
Sérgio Santiago
Aos poucos, desenvolvimento vai mudando cenário de Conceição do Mato Dentro
Outro lado No outro lado da cidade também há espaço para crescer. Às margens da mesma rodovia estadual, sentido Dom Joaquim, é possível ver diversas construções recentes e áreas propícias à expansão urbana. Há nas imediações, inclusive, um loteamento em fase de aprovação com pelo menos 5 mil unidades para vender. De acordo com Vulmar, tanto de um lado quando do outro, as áreas comercializadas mesclam residência, comércio e indústria. Sentido Dom Joaquim, a tendência é haver mais áreas industriais – empresas que vão prestar serviços para a mineração, por exemplo – incluindo, possivelmente, a nova
sede da Cooperativa dos Produtores Rurais. No lado oposto, a expectativa é que haja mais residências, embora galpões e construções dedicadas ao comércio e serviços também tenham espaço. Esse crescimento era esperado pelas autoridades, mesmo que o município não tenha se preparado adequadamente. Só depois que a mineração explodiu em Conceição é que o Governo do Estado contratou a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para fazer o Planejamento Regional Estratégico para o Médio Espinhaço. Na época, o prefeito Reinaldo César de Lima Guimarães não economizou nas críticas ao “abandono do Estado”. O plano, que é feito há
um ano e meio, deve apresentar seu resultado em breve. A despeito das nuances políticas, a iniciativa privada faz sua parte. Empresários de diversas cidades do Brasil não perderam tempo e apostaram no desenvolvimento. “O município passou por um período de descontinuidade política muito grande. Para você ter uma ideia, foram sete prefeitos em quatro anos. Isso deixou a coisa meio sem controle e acompanhamento”, afirmou Vulmar, ao ressaltar que não se pode privar a cidade de crescer e o povo de ter emprego. Agora, não tem mais jeito. A mineração chegou, com seus desafios e oportunidades. Quem souber (e puder) aproveitar, aí está a chance. □ JULHO, 2014 defatoonline.com.br
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DeFato
Política
Foi dada a largada Pela região, candidatos já saem às ruas atrás dos votos que podem os levar à Assembleia Legislativa de Minas Gerais ou à Câmara Federal, em Brasília
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stá valendo. Passada a Copa do Mundo, começa no Brasil uma nova disputa que promete ser tão acirrada quanto o torneio de futebol conquistado pelos alemães. É hora da política. Teve início em julho o período oficial de campanhas para as eleições do dia 5 de outubro. Candidatos à presidência, aos governos de estados e ao parlamento estão nas ruas na caça aos votos consagradores. Pela região, postulantes às cadeiras da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e da Câmara Federal buscam apoios e se apegam em trajetórias políticas e empresariais, heranças familiares e na liderança religiosa. Na região de abrangência de DeFato, os candidatos apresentam perfis variados. Políticos experientes e gente que coloca o nome à disposição pela primeira vez. Ex-prefeitos, ex-vice e
Candidatos a Deputado Estadual Conceição Winter (PPS) Ex-vice-prefeita de João Monlevade
Ricardo Freitas (PRTB) Presidente do Clube do Cavalo de Itabira
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Élson Vital (PT)
João Izael (PSL) Padre em João Monlevade e Bela Vista de Minas
Thiago Cota (PPS) Empresário, filho do prefeito de Mariana, Celso Cota
Advogado, empresário e ex-prefeito de Itabira
Tião da Antena (PTC) Empresário e ex-vereador de Itabira
Nozinho (PDT) Empresário e ex-prefeito de São Gonçalo do Rio Abaixo
Tito Torres (PSDB) Empresário, filho do ex-deputado estadual Mauri Torres
ex-vereadores, empresários, herdeiros e até padre. Todo mundo na corrida eleitoral. A largada já foi dada. Três ex-prefeitos tentam se eleger deputado. O ex-prefeito de Itabira, João Izael Querino Coelho (PSL), e o de São Gonçalo do Rio Abaixo, Raimundo Nonato Barcelos (Nozinho – PDT), tentam uma vaga na Assembleia de Minas. Já o ex-chefe do Executivo de Santa Bárbara, Antônio Eduardo Martins (Toninho
Timbira – PSL), é postulante a uma vaga na Câmara Federal, em Brasília. De João Monlevade vem a ex-vice-prefeita da cidade, Conceição Winter (PSB), candidata a deputada estadual. Com passagens por Câmaras Municipais, Sebastião Ferreira da Silva (Tião da Antena – PTC), ex-vereador de Itabira, tenta ir para a ALMG; e Gleiser Boroni (PSL), de Ouro Preto, quer se eleger deputado federal. Assembleia de Minas e Câmara dos Deputados, no Congresso Nacional: os sonhos de quem vai às ruas pedir votos
Fotos: Divulgação
Candidatos a Deputado Federal Adilson da Vale Verde (PTN) Empresário do ramo da constução civil em Itabira
Gleiser Boroni (PSL) Advogado, ex-vereador e ex-secretário de Cultura e Turismo de Ouro Preto
Dalton Albuquerque (PEN) Publicitário em Itabira
Otagildo Simões (PSOL) Empresário do ramo automotivo em Itabira
A área empresarial também fornece candidatos. Em Itabira, os empresários Otagildo Simões (PSOL), do ramo automotivo, e Adício Soares (PTN), da construção civil, vão disputar vagas na Câmara Federal. Outro que deseja ir para Brasília é o publicitário itabirano Dalton Albuquerque (PEN). Já Ricardo Freitas (PRTB), do meio rural, quer ser deputado estadual. A lista tem ainda “herdeiros políticos”. Em Monlevade, é candidato a uma cadeira na ALMG Tito Torres (PSDB), filho do ex-deputado e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Mauri Torres. Em Mariana, está na disputa para entrar na Assembleia de Minas Thiago Cota (PPS), filho do atual prefeito da cidade, Celso Cota. Para completar os participantes da corrida eleitoral, tem o padre Élson Vital (PT), de João Monlevade, que venceu a resistência da Igreja Católica para ser candidato a deputado estadual. Campanha A campanha foi autorizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a partir do dia 6 de julho. As convenções partidárias foram realizadas no mês anterior e os registros de candidaturas seguiram até o último dia 5. Neste ano, os candidatos, partidos e coligações podem utilizar, das 8h às 22h, alto-falantes ou amplificadores de som, nas suas sedes ou em veículos, e realizar, das 8h às 0h, comícios e utilizar aparelhagem de som fixa. Também está liberada a propaganda na internet, desde que não seja paga. Nas emissoras de rádio e televisão o horário eleitoral gratuito está marcado para ter início no dia 19 de agosto. □
Toninho Timbira (PSL) Ex-prefeito de Santa Bárbara
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DeFato
Cidadania
Gestão para resultados municipais
H Daniel Lança Advogado e gestor público, com Especialização e Mestrado em Ciências Jurídico-Políticas pela Universidade de Lisboa – Portugal. É também procurador-geral do município de Itabira www.perrellilanca.adv.br
“Entre o surgimento de uma demanda social (problema) e o efetivo cumprimento da política pública (solução) havia um enorme hiato temporal”
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á tempos, no Brasil, via-se política exclusivamente como jogo de poder pelo próprio poder. Seus fins e meios dedicavam-se à conquista do direito de exercer autoridade e deixavam de lado o interesse público, sem o cuidado com a gestão. Daí vem a imagem negativa dos “políticos” e a presunção juris et de jure do “sacaneamento” da maioria sobre a boa-fé de alguns poucos que enveredavam pela política para fazer o que é justo . A realidade brasileira começou a atentar para a “reforma administrativa” a partir do Governo Vargas, especialmente com a criação do Departamento Administrativo do Setor Público (Dasp). Mas foi a partir do Plano Real que se viu impulso mais radical, por não só pretender profissionalizar a Administração Pública como mostrar à comunidade que não poderia ser mais estanque. Após o ano 2000, começamos a ter gestões inovadoras, pautadas por eficiência e profissionalismo gerencial, iténs fundamentais para o melhoramento das políticas públicas. Vale ressaltar o que tem sido feito atualmente no plano regional concernente à gestão para resultados municipais e para o aprimoramento da administração pública gerencial. Um entrave percebido foi a morosidade. Entre o surgimento de uma demanda social e o efetivo cumprimento da política pública havia um enorme hiato temporal. As causas são o tempo enorme da licitação e a falta de domínio da cadeia de controle e comando da máquina pública. Administrar uma “empresa” de 5 mil funcionários e orçamento considerável é complexo. Nesse diapasão, Itabira tomou iniciativas para solucionar entraves burocráticos que circulam o nosso país:
a eficiência nos processos de compras públicas e o controle de indicadores de desempenho de todas ações estratégicas, seja das áreas meio ou fim. A primeira delas quer tornar as compras públicas mais céleres, sem perder a moralidade e a transparência. O indicador medido (199 dias para o processo de concorrência pública) tem meta de 30% de redução até o fim de 2014. Cada área meio tem suas próprias metas, e um sistema de TI integra, administra e monitora cada passo e cada prazo. Nas áreas finalísticas, a meta é o cumprimento do Plano de Governo, pautado por programas estratégicos e ações, com gestores responsáveis e prazos. Tais metas são pactuadas entre o prefeito e os secretários municipais (Acordo de 1ª Etapa), e depois entre os secretários e servidores (Acordo de 2ª Etapa), seguindo estrita cadeia de controle e comando que podem ser monitorados em reuniões gerenciais ou on line pelo prefeito. Aos servidores públicos participantes do Programa de Gestão para Resultados Municipais, um ônus e um bônus. Haverá um intenso processo de aprendizado e um desgastante processo de monitoramento das metas e indicadores de desempenho pactuados. Àqueles que cumprirem suas metas, caberá à Administração Pública o pagamento de Prêmio de Produtividade, estabelecido recentemente pela Lei Municipal nº. 4.689/14. Um avanço necessário e importante para o aprimoramento da gestão pública, nos moldes da iniciativa privada, para melhor desenvoltura, eficácia e aproximação das políticas públicas com o interesse social. Esperamos que tais avanços sejam perenes e parte da práxis administrativa, e não somente ação de um governo e esquecido pelos demais. Ganhará o cidadão. □
DeFato
Melhorias Sérgio Santiago/DeFato
Fim da poeira: estrada que liga Morro do Pilar a Santo Antônio deve estar pavimentada nos próximos dois anos
Chão batido com
dias contados Projetos de asfaltamento de estradas na região prometem melhorar a vida de moradores de várias cidades
N
o período de seca, poeira. No chuvoso, lama e buraco. Quem mora nos cantos mais afastados das Minas Gerais sabe como é difícil a vida quando se precisa das complicadas estradas de terra. Para os moradores de alguns municípios da região, essa realidade está prestes a mudar. Pelo menos três projetos de asfaltamento estão em curso em algumas vias problemáticas que vão, enfim, melhorar o ir e vir de muitas famílias. Um dos trechos é o que liga Morro do Pilar a Santo Antônio do Rio Abaixo. Segundo informações de prefeitos das cidades envolvidas, o Governo do Estado prevê a estrada pavimentada em no máximo dois anos. A obra faz parte do programa Caminhos de Minas e a empresa responsável pelo projeto de engenharia já foi contratada pelo Departamento de Estradas de Rodagens (DER). Entre Morro do Pilar e Carmésia, outro pedaço de chão complicado, os
45 km devem deixar de ser terra num futuro não muito distante. O asfaltamento será feito por meio de uma parceria público-privada entre a Manabi e o Governo do Estado. Não há, neste caso, previsão de início das obras, mas a notícia já anima. Em estágio mais avançado estão as obras do tão sonhado asfaltamento entre o distrito itabirano de Senhora do Carmo e Itambé do Mato Dentro, que recomeçaram neste mês. A empresa responsável por entregar a rodovia no ponto de inaugurar é a BT Construções, de Uberlândia, e tem 240 dias para isso. Pelo serviço, receberá R$ 6 milhões do governo estadual. A rodovia era para estar asfaltada desde 2010, mas a primeira empreiteira que venceu o processo licitatório passou por vários problemas e não deu conta de entregar a obra. Na ocasião da assinatura da ordem de reinício, no dia 29 de março deste ano, o prefeito de Itambé, José Elísio de Oliveira Duarte, guardou como lem-
brança a caneta que usou para rubricar o documento. A solenidade aconteceu na abertura do 11º aniversário do Museu do Tropeiro, em Ipoema, com a presença de dois secretários de estado. Em Itabira, a Prefeitura abriu licitação para asfaltar 4 km entre o Distrito Industrial do município à comunidade de Candidópolis. O aviso de edital foi divulgado no Diário Oficial do Município no dia 20 de junho. A obra custará cerca de R$ 5 milhões e será feita com recursos municipais. A melhoria do acesso é uma reivindicação antiga dos moradores da comunidade, que sofrem com buracos e lama principalmente em épocas de chuva. Apesar de o percurso ser relativamente pequeno, o secretário municipal de Obras, Sebastião Ayres, adiantou que será preciso construir pontes e fazer drenagens em diferentes pontos. Num segundo momento, os 2 km restantes até o Posto Agropecuário também serão transformados. Chega de poeira.□ JULHO, 2014 defatoonline.com.br
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DeFato
Estradas
Atalho
Curva no KM 468 é a mais perigosa na rodovia que liga Itabira a Nova Era
Estrada que liga Itabira a Nova Era, palco de inúmeros acidentes e que já suporta um tráfego acima do esperado, deve receber um fluxo de veículos ainda maior com a duplicação da BR-381 Sérgio Santiago
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m meados de 2012, motoristas que passavam pela rodovia estadual que liga Itabira a Nova Era, a MGC-120, reclamavam de um problema irritante: buracos. Dois anos depois, a situação é outra. A estrada, que foi totalmente
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reformada por um consórcio contratado pelo Governo de Minas, está em boas condições. O que preocupa agora é o aumento do tráfego de veículos, velocidade e acidentes. Estrada bem pavimentada, curvas acentuadas e motoristas inconsequen-
tes resultam em carretas tombadas, carros batidos e vítimas entre as ferragens. E a tendência é piorar com as obras de duplicação da BR-381, que estão começando. Para fugir das interrupções, motoristas, principalmente de veículos pesados, vão preferir
Fotos: Sérgio Santiago/DeFato
o desvio e o tráfego deve aumentar consideravelmente – assim como os acidentes. Desde a inauguração, o trecho de cerca de 30 km é usado como atalho por caminheiros que trafegam pela BR-381 sentido Vale do Aço. Além de encurtar a viagem, os motoristas buscam evitar uma serra nas proximidades de João Monlevade. O problema é que o traçado simples da pista, sem acostamento e com excesso de curvas perigosas, tornam o trajeto muito arriscado. Renato de Lima, 48 anos, é motorista de caminhão há quatro anos e trabalha por conta própria. Pelo menos duas vezes por semana ele passa pela estrada Itabira-Nova Era, geralmente transportando cargas de Ipatinga, no Vale do Aço, para Belo Horizonte ou vice-versa. “Já perdi a conta de quantos acidentes presenciei”, comenta. Quando conversou com DeFato, Renato estava parado com seu caminhão fora da pista, próximo à entrada da mina da Belmont, esperando auxílio. O veículo havia dado um problema mecânico no dia anterior e ele precisou procurar um espaço no meio da vegetação rasteira para ficar fora de perigo – já que não há acostamento
Caminhoneiro Renato de Lima passa constantemente pela rodovia e já presenciou vários acidentes
ao longo da via. “A estrada está muito boa. O problema são os motoristas imprudentes”, diz ele, ao citar alguns caçambeiros (como são conhecidos os motoristas de carreta da caçamba) que passam pelo local a mais de 100 quilômetros por hora. Erro de planejamento Ainda em 2012, durante uma reunião na Câmara de Vereadores de Itabira, o então diretor regional do Departamento de Estradas de Rodagens (DER), Álvaro Eduardo Goulart, foi bem sincero ao ser questionado pelos vereadores sobre a MGC-120. “Esta rodovia foi um erro crasso de planejamento”, disse, referindo-se aos cálculos de fluxo de veículos, sobretudo os de grande porte. Na época, pela contagem do DER, a estrada estava recebendo mais de 4 mil veículos por dia, quando deveria ser no máximo mil. A pavimentação não aguentou. De lá para cá o asfalto foi refeito, mas os cálculos não. Até o fechamento desta edição, o DER não tinha dados atualizados sobre a quantidade de automóveis que trafegam pela estrada diariamente. Mesmo sem estatísticas recentes, motoristas que usam o trecho com frequência relatam que o movimento está cada vez maior. Visando conter os impactos causados pelas obras de duplicação da 381, o DER prevê aumentar a fiscalização entre Nova Era e o trevo da MG-434 com a BR-381, conhecido como trevo de Itabira. De acordo com o chefe do Núcleo de Fiscalização do órgão, José Homério, cinco radares controlam a velocidade ao longo do percurso, além de uma balança próximo ao trevo do Itabiruçu, em Itabira, que inibe o excesso de cargas. Equipes da Polícia Rodoviária Estadual também vão aumentar a fiscalização em pontos estratégicos. JULHO, 2014 defatoonline.com.br
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DeFato
Estradas
Socorro Colisões frontais e capotamentos lideram o ranking de acidentes na estrada, de acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros de Itabira, tenente Eliseu Washington Gonçalves Marques. Ele mesmo participa de salvamentos eventuais, como no dia 22 de abril deste ano, quando um caminhoneiro ficou preso às ferragens após tombar a carreta que dirigia. O veículo estava carregado com vasilhames de cerveja e capotou no km 463. Após receber o chamado, tenente Washington e sua equipe foram para o local fazer um
resgate dramático que durou três horas. O bombeiro afirma que a ausência de pontos de ultrapassagem ao longo da rodovia também contribui para a incidência de colisões. Como a pista é simples e os veículos carregados andam devagar, quem vem atrás perde a paciência e não espera o momento oportuno de passar à frente. Outro agravante são as curvas em declives, como a do km 468, próximo a Capoeirana. O caminhoneiro Renato de Lima já testemunhou vários tombamentos no local. Embora bem sinalizada, a curva é bastante fechada e a descida é forte.
É o trecho com mais alto índice de acidentes na estrada. José Homério, do DER, afirma que a culpa de tantas curvas é da topografia. Sem entrar em detalhes (para isso seria necessário consultar o projeto), o chefe de Fiscalização afirmou que tanto na estrada de Nova Era quanto na do Forninho (LMG-779), que liga Itabira a João Monlevade, as principais dificuldades técnicas de pavimentação giraram em torno do relevo. Exatamente por isso, alargar a pista ou construir acostamento não estão nos planos do governo, pelo menos por enquanto.
Trânsito de veículos pesados já é intenso na MGC-120 e deve piorar com as obras na BR-381
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Crime A ocasião faz o ladrão, diz um ditado. Entre Itabira e Nova Era, basta tombar uma carreta para ver que o dito popular é mesmo verdade. Saqueadores aparecem antes mesmo da chegada da polícia e fazem a festa. E os produtos nem precisam ser de alto valor econômico – há casos em que cargas de vasilhames vazios, cimento e até cal desaparecem rapidamente. Sem medo, os saqueadores carregam o que podem, mesmo sob as câmeras dos repórteres policiais que cobrem todos os acidentes na região. Um caso emblemático aconteceu em dezembro de 2011. Um caminhoneiro autônomo, na companhia da esposa, viajava durante a noite de Belo Horizonte para Nova Venécia (ES), quando teve a visão ofuscada pelos faróis de outro veículo e acabou tombando o caminhão no canto da pista. Imediatamente surgiram vários saqueadores - como se estivessem de plantão na beira da rodovia - cortaram as cordas que prendiam a lona e levaram toda a carga de milho, açúcar, óleo e batata. Não satisfeitos, os homens ainda roubaram o rádio do caminhão e as roupas do motorista, que teve um prejuízo estimado em R$ 25 mil. De acordo com o delegado de Polícia Civil, Juliano Alencar, o principal problema em casos de saques é a dificuldade de identificar os autores. Segundo ele, quem saqueia está cometendo o crime de furto, delito previsto no artigo 155 do Código Penal. A pena pode variar de dois a oito anos de prisão, se o crime for praticado coletivamente. Para os caminhoneiros que preferem a MGC-120 como opção à BR-381, cuidado. O tráfego vai aumentar, a estrada vai ficar ainda mais cheia e não são apenas os socorristas que estão de plantão em casos de acidente. Os ladrões de carga também. □
Acidentes constantes De janeiro a junho deste ano, pelo menos seis acidentes envolvendo caminhões, alguns deles com vítimas fatais, foram registrados pelas autoridades na MGC-120, entre Itabira e Nova Era. A seguir, um resumo das principais ocorrências. Fotos: Silvio Andrade
13 de janeiro
26 de janeiro
3 de abril
22 de abril
7 de maio
24 de junho
Tarde de segunda-feira, próximo a Itabira. Uma mulher morreu em um acidente envolvendo um carro de passeio e uma carreta, carregada com soda cáustica. A tragédia aconteceu no km 450 da rodovia, pouco depois do bairro Praia, na localidade de Laboreaux. A vítima dirigia uma Palio Weekend sentido Itabira e bateu de frente com a carreta, que trafegava no sentido contrário. A mulher morreu no local.
Madrugada de domingo, região de Capoeirana. Um caminhão com placa de Petrolina (PE) pegou fogo após tombar em uma curva. O motorista foi socorrido e levado ao Hospital São José, de Nova Era, mas não resistiu aos ferimentos. De acordo com o Hospital, o homem chegou à unidade de saúde já sem vida. O Corpo de Bombeiros de Itabira teve trabalho para conter as chamas, que deixaram o caminhão completamente destruído.
Tarde de quinta-feira, km 453. Uma mulher morreu em uma batida envolvendo dois caminhões, por volta das 16h30. A vítima estava de carona em um dos veículos que transportava refrigerante. O acidente também aconteceu em uma curva. Equipes de socorro foram ao local e levaram um dos condutores para o hospital. O caminhoneiro seguia de BH para Cel. Fabriciano, cortando caminho pela rodovia estadual. Tarde de terça-feira. Mais um acidente grave registrado na sinuosa rodovia, desta vez com vítima. Uma carreta carregada com vasilhames de cerveja tombou em uma curva, no km 463, e o motorista ficou preso às ferragens. Várias equipes de socorro foram para o local. O resgate dramático do condutor durou cerca de duas horas e contou com a participação do comandante do Corpo de Bombeiros de Itabira, tenente Washington. O caminhoneiro foi socorrido com suspeita de fratura em uma das pernas, além de vários ferimentos.
Manhã de quarta-feira, km 464. Uma carreta carregada com grafite, que fazia parte de um comboio com três veículos, tombou após a carga puxar para a esquerda em uma curva. O motorista, de 28 anos, soprou o bafômetro, bem como os demais colegas. Os testes deram negativo. A carga era transportada de Pedra Azul para Contagem.
Tarde de terça-feira e mais um acidente no km 468. A Polícia Rodoviária Estadual foi para o local após o chamado e deparou com uma carreta que transportava escória de ferro-gusa tombada com a cabine prensada no barranco. O motorista conseguiu sair, mas desmaiou na pista. Ele apresentava ferimentos pelo corpo e foi levado ao Hospital Margarida, em João Monlevade, por uma equipe de resgate voluntário.
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DeFato
Assaltos
Patrimônio
ameaçado
Rede de Comerciantes Protegidos surge como alternativa para tentar frear o crescimento do índice de assaltos a estabelecimentos em Itabira
Tatiana Santos
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o dia 22 de maio deste ano, em Itabira, quatro bandidos com capacetes invadiram uma lanchonete no bairro Amazonas, renderam três funcionários que trabalhavam no local e promoveram um arrastão. Levaram aproximadamente mil reais e ainda roubaram pertences de clientes.
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Pouco mais de um mês depois, a cena se repetiu. Desta vez, 11 fregueses tiveram os celulares subtraídos pelos assaltantes, que também levaram dinheiro do caixa. O comerciante proprietário da lanchonete, que não quis se identificar, revela que investiu cerca de R$ 9 mil para equipar o estabelecimento com circuito
interno de segurança, composto por 16 câmeras. Não foi o suficiente para inibir os bandidos. “Não tive retorno nenhum com as câmeras, porque do primeiro para o segundo assalto, os delegados não tinham nem começado a investigação”, relatou. A lanchonete funciona há sete anos em Itabira com atendimento no horário
Reprodução
Cena que tem se tornado rotineira em Itabira: câmaeras de vigilância fragram o momento do assalto a um estabelecimento comercial
Silvio Andrade
noturno. Para evitar que o comércio seja novamente vítima de bandidos, o proprietário tem adotado algumas medidas. O estabelecimento já fecha as portas duas horas antes do habitual e será totalmente rodeado por grades. Também não é descartada a contratação de um segurança. Novos métodos Essa sensação de insegurança tem alterado não só a rotina de estabelecimentos comerciais em Itabira como também da Polícia Militar. Para tentar frear a incidência de assaltos, a PM tem adotado novos métodos. Uma delas é a Rede de Comerciantes Protegidos, iniciada no mês de junho. De acordo com o capitão Werner Leonardo Santos, comandante da 83º Companhia da Polícia Militar, o programa consiste no policiamento voltado à patrulha de prevenção e tem como propósito envolver os comerciantes no combate ao crime. Na prática, há a disponibilidade de equipes para atendimento prioritário aos proprietários de estabelecimentos. O funcionamento do programa é bem parecido com a Rede de Vizinhos, que teve início em Itabira em fevereiro de 2010. Os donos de estabelecimentos cadastrados criam uma relação de proximidade e ficam atentos a movimentações estranhas. “Gera um envolvimento maior dos comerciantes que, por contatos telefônicos com a Polícia Militar, promovem um acionamento mais rápido. E essa equipe de patrulha se estende em um turno de serviço com foco na atenção ao cidadão, restabelecendo a sensação de segurança”, explica o capitão. O militar diz ainda que, por meio do programa, os comerciantes serão orientados pela Polícia Militar sobre como se prevenir e/ou agir em casos de assaltos e furtos. Embora esteja apenas no início, os empresários têm se mobilizado e aderido à causa. A patrulha conta com o fundamental apoio da Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Agropecuária de Itabira (Acita) e Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL).
Para frear violência focalizada na região do Major Lage, PM tem deixado viaturas no local
Números em alta, medo também Segundo o proprietário da lanchonete, por causa das ações criminosas, funcionárias pediram demissão, por medo de que o episódio se repetisse. As consequências negativas dos constantes assaltos, além da perda de mão de obra, são os prejuízos psicológicos e financeiros. “Todos os comerciantes da região já foram assaltados. No segundo assalto, senti 15% de queda nos lucros, especialmente no mês de julho”, conta, desanimado. Com o psicológico abalado, o comerciante, que faz parte da Rede de Vizinhos Protegidos, reclama da falta de rondas motorizadas, especialmente à noite, e destaca que a Guarda Municipal colaboraria com a segurança dos comerciantes. No primeiro assalto sofrido ele diz que não cogitou fechar as portas, por imaginar que a ação não se repetiria ou que os criminosos fossem presos. Mas o segundo roubo já mudou esse panorama. Caso a situação volte a acontecer, ele não descarta a possibilidade de atender somente com serviço de tele-entregas ou mesmo mudar de
ramo de atuação. “A sensação é de insegurança, medo, instabilidade e falta de perspectiva de futuro”, resigna-se. O medo pode ser traduzido em números. Somente no ano passado, a Polícia Militar de Itabira registrou 292 ocorrências de crimes violentos contra o patrimônio. Em 2012 tinham sido 106. Os números de 2014 não foram fornecidos, por causa do impedimento da lei eleitoral, segundo a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). Mas a sensação de insegurança é capaz de apontar que a situação não mudou tanto. Comércios na região do bairro Major Lage têm sido alvos frequentes de assaltantes. Por causa disso, a Polícia Militar tem dispensado mais atenção a esse ponto da cidade. Constantemente, uma viatura, ou até mesmo a Base Comunitária Móvel, tem ficado de prontidão no cruzamento entre a rua Prefeito Virgilino Quintão e a avenida Osório Sampaio. A intenção é inibir a ação dos criminosos ou dar a resposta mais rápida caso o crime aconteça. JULHO, 2014 defatoonline.com.br
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Assaltos
Assaltado cinco vezes Outro empresário que não tem tido sossego é Gilson Alcântara Alves, dono da Drogaria Alcântara, rede de farmácias com oito lojas na cidade. Em apenas oito meses, ele já amarga cinco assaltos. No ano passado, uma de suas lojas foi alvo de bandidos por duas vezes. De acordo com ele, todos os seus estabelecimentos possuem aparatos de segurança, como câmeras e alarmes, o que não impede a ousadia dos bandidos, que, na maioria das vezes, cometem o crime à luz do dia. “Hoje eles não estão nem aí. Eu atribuo isso às drogas e ao sistema. Pois quando é menor de idade, eles apreendem, mas depois a Justiça solta”, revolta-se. Com 90 funcionários, Gilson diz
que essa onda de assaltos tem o levado a ter prejuízos incalculáveis. Em cada ofensiva, os ladrões levam, além de dinheiro do caixa, pertences dos colaboradores das drogarias. Uma funcionária, que presenciou um dos roubos e ainda teve uma arma apontada à cabeça, diz estar superando o trauma vivenciado. “Eles nos trancaram no escritório, com uma arma na cabeça e ameaçando. Hoje estou mais tranquila, pois estou no escritório. Mas nos primeiros dias não queria nem ir trabalhar”, desabafa. O comerciante diz que sempre que há a informação de droga apreendida, é usual que no dia seguinte haja algum assalto na cidade. Ele analisa que os entorpecentes estão diretamente ligados aos saques. Gilson conta que a Polícia Militar sempre vai ao estabelecimento,
orienta e monitora, porém acredita que a quantidade de militares é pequena para o número de crimes cometidos atualmente. Diante disso, o comerciante também teve que mudar as rotinas e alguns procedimentos internos para minimizar as ocorrências. À mercê dos meliantes, o empresário já até pensou em encerrar as atividades, mas acaba voltando atrás na decisão. “Já pensei em fechar, mas pelo cliente, não faço isso. Ainda que tenham assaltos, mesmo assim, os clientes acabam comprando”, diz. O que todos esperam é que as medidas adotadas pela PM apresentem resultados e que a Rede de Comerciantes Protegidos prove que a união realmente faz a força. E que a criminalidade pare de ditar a rotina dos itabiranos.□
DeFato
Empreendedorismo
O profissional que toda empresa quer
O Márcio Antônio Labruna Eletrotécnico, Matemático, pósgraduado em Gestão Empresarial pela PUC-MG e ex- presidente da Associação Comercial, Industrial de Serviços e Agropecuária de Itabira. É gerente do Inovatec.
labruna.inovatec@gmail.com
“Estamos numa época em que pessoas autômatas cada vez mais perdem sua serventia”
mundo do trabalho não é o mesmo. Hoje exige pessoas versáteis, com conhecimentos e habilidades diversificados, que tenham autonomia e espírito empreendedor. Vestir a camisa da empresa, benefícios, estabilidade e hierarquia parecem itens hoje tirados de uma velha e antiquada receita de bolo. O novo profissional deve ser cooperativo, arrojado, multidisciplinar e mega conectado. As empresas buscam aqueles que tenham lógica de raciocínio, bom senso, capacidade de aprender, condições para ler, entender e processar as informações e habilidades para trabalhar em equipe. É em casa que tudo começa. A família possui uma atuação direta, influenciando ativamente no comportamento e valores dos jovens e sobretudo no seu modo de socialização. Com certeza uma boa escola completa qualquer formação. O novo profissional também deve desenvolver competências úteis frente às tendências de mercado. Na Conferência Mundial de Educação Para Todos, realizada na Tailândia em 1990, foram definidos quatro pilares da educação que são metas para o desenvolvimento educacional em todos os países signatários. Esses pilares são: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros e aprender a ser. Pode se perceber que são objetivos que vão muito além da informação ou mesmo do mero desenvolvimento de um conhecimento intelectual. Abarcam toda a formação humana e social do indivíduo. Podemos ainda analisar pelas ten-
dências do mercado discutidas pela Espm/Ipes/FEA-USP: • Terceirização: mais flexibilização e maior quantidade de freelancers; • Dinamismo: mudar de emprego com maior frequência, principalmente os jovens. • Remoto: o trabalho a partir de casa, sobretudo nas grandes capitais. • Novidade: surgimento de novas profissões principalmente nas áreas de tecnologia. • Promissor: bem-estar, tecnologias, longevidade e inovação. A educação não cria emprego, mas ela é essencial para conquistar empregos e para manter as pessoas empregadas. Não basta apenas ter diploma, o importante é saber e ter competência para resolver problemas, ser capaz de adquirir conhecimentos diversos. Estamos numa época em que pessoas autômatas cada vez mais perdem sua serventia. O mercado profissional e as empresas precisam de pessoas que pensem, perguntem, compreendem, critiquem e ajam, ajudando a construir e reconstruir novos ideais. Precisamos associar às boas relações interpessoais, os devidos valores e comportamentos sociais, a aquisição de conhecimento e desenvolvimento de competências que transformem jovens em pessoas eficazes e, acima de tudo, cidadãos conscientemente críticos. Tudo isso compartilhado torna qualquer indivíduo em um profissional que toda empresa quer, bastando para isso a oportunidade certa para a pessoa certa. □
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DeFato
Vale Verde é reconhecida por zelar pela segurança dos colaboradores
Preocupação da Vale Verde com a integridade dos colaboradores se destaca e rende homenagens à construtora itabirana
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issão número um: sempre se atentar à segurança. É dessa forma que há quase 30 anos a Construtora Vale Verde tem se expandido. O cuidado com a integridade física dos colaboradores é uma constante dentro da empresa. E todo esse zelo tem rendido reconhecimentos. Em 20 de junho, a Vale premiou a construtora de Adício Dias Soares com troféu e certificado pelo excelente desempenho nas políti-
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cas de segurança, dentro da chamada Caminhada de Segurança, que acontece mensalmente na área da mineradora. Funcionários e diretores da construtora, além de representantes da Vale e da Concremat (empresa que fiscaliza terceirizadas da mineradora), se reuniram num amplo refeitório para o momento solene de premiação e discursos. A Vale Verde alcançou 95,21 pontos, numa escala que vai de 0 a 100, e foi uma das únicas a cumprir todas as exi-
gências da contratante. De acordo com os fiscais da Vale, poucas terceirizadas conseguem o reconhecimento. “Este prêmio é pela qualidade das políticas de segurança na obra. Só neste canteiro são 236 dias sem acidente”, disse um dos representantes da mineradora. As normas estipuladas pela Vale, que trata com rigor a segurança das pessoas no ambiente de trabalho, estão estabelecidas em duas planilhas com centenas de itens. A Vale Verde
sempre conquistou nota acima dos 90 pontos. Desta vez, foi mais de 95, graças ao esforço coletivo dos diretores, da Mais reconhecimento equipe de segurança e dos trabalhadores de forma geral. Ser reconhecida pelo zelo com a Adilson da Vale Verde, funda- segurança não é novidade para a Vale dor da empresa e parceiro da Vale há Verde. No mês de março, a empresa mais de 25 anos, disse que esse reco- itabirana recebeu da Vale outra honhecimento motiva a equipe a traba- menagem. A mineradora considerou lhar ainda mais. “É muito importante a construtora como exemplo de boas para todos nós. Fizemos o máximo de práticas em prevenção de acidentes de esforço e conseguimos. Isso pra gente trabalho, enfatizando a participação é de uma grandeza imensurável. Mostra que a empresa está em sintonia com os funcionários”, afirmou. Só na obra da barragem no bairro Bela Vista, onde aconteceu a premiação, a Vale Verde trabalhou com 180 funcionários durante mais de um ano. Com a obra chegando ao fim, a equipe está sendo desmobilizada e transferida para outro canteiro também da Vale. “Nos sentimos lisonjeados. Só tenho a agradecer aos funcionários e à Vale por mais este reconhecimento”, disse. Fundador da Vale Verde, Adício Soares, entre os filhos e Hugo e Hudson
da Vale Verde na Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho na Mineração 2013 (Sipatmin). Poucas empresas contratadas foram agraciadas pela homenagem. De Itabira, apenas a Vale Verde. De acordo com Comissão Interna de Prevenção de Acidentes da Vale, a construtora apresentou “as melhores boas práticas sobre saúde, segurança e meio ambiente, visando sempre a busca pelo zero acidente”. Adílson diz que não esperava receber um prêmio tão importante – embora sua empresa seja parceira da Vale desde a fundação. “Para nós é uma honra e um reconhecimento do trabalho que procuramos desenvolver, atendendo sempre da melhor forma todos os nossos clientes”, disse o empresário. □ JULHO, 2014 defatoonline.com.br
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Capa
Fotos: Renato Carvalho/DeFato
Tecnologia a favor da vida
Doutores Vinícius, Ana Flávia, Ana Carolina e Júlio Tércio fazem parte da equipe de médicos especializados que atendem na clínica
Serviço Especializado em Tomografia (SET Diferencial) inaugura em Itabira uma nova era em diagnóstico por imagem. Clínica investiu R$ 1 milhão na compra de equipamento que realiza exames de alta qualidade
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aumento da expectativa de vida do brasileiro, hoje em torno dos 76 anos, deve-se muito ao avanço da medicina e da tecnologia. Equipamentos modernos manipulados por médicos especializados permitem diagnósticos precoces e tratamentos eficazes de diversas doenças antes difíceis de curar. Em Itabira, cidade polo em saúde no interior de Minas Gerais, não é diferente. Há quase 20 anos
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atendendo pacientes itabiranos e de cidades situadas num raio de até 300 km, o Serviço Especializado em Tomografia (SET Diferencial) fez mais um grande investimento na modernização dos seus equipamentos: comprou um tomógrafo de 16 canais, modelo Somaton Emotion, da Siemens, e se tornou a única clínica da região a ter um aparelho tão avançado. Em dez anos, esse é o terceiro tomógrafo adquirido pelo SET. O último
tinha apenas dois canais e atendia toda a demanda, mas os diretores decidiram que era hora de melhorar. “Foi um avanço significativo”, afirma doutor Roberto Sampaio Barros, diretor-presidente da clínica, ao explicar que quanto mais canais tem o aparelho, melhor é a definição do exame. É como se fosse uma câmera digital. Quanto mais megapixels, maior a resolução da foto. O investimento foi de cerca de R$ 1
Doutores Roberto Barros, presidente do SET, e Antônio Camilo, diretor
milhão. Doutor Roberto diz que, além de realizar um exame com muito mais definição, o novo tomógrafo o faz com uma rapidez incrível e identifica lesões mínimas, impossíveis de serem vistas pelo equipamento usado até então. Isso sem falar nos exames que antes não eram possíveis de se fazer, como a colonoscopia virtual, e que agora passam a ser oferecidos no SET. Outro detalhe é que o equipamento também pode ser utilizado para exames odontológicos, com a finalidade de auxiliar em procedimentos de implantodontia, cirurgias e patologias da mandíbula e maxila. A responsável, neste caso, é a doutora Clarissa Magalhães Leal Sana, dentista especialista em radiologia. Qualidade sempre A clínica nasceu em 1996 da união de 13 médicos itabiranos de famílias tradicionais, como Martins da Costa, Camilo, Barros e Alvarenga - este ano, inclusive, comemora-se o centenário de doutor Altamir Nunes de Barros, pai de Roberto Barros. A ideia se mostrou viável e os médicos empreendedores transformaram a empresa numa das melhores da região. Eficientes na gestão, os diretores contrataram profissionais gabaritados e compraram equipamentos de ponta, que são substituídos à medida que a tecnologia avança. Doutor Roberto assegura que só é possível obter um exame de qualidade se o profissional for qualificado e tiver à disposição uma ferramenta adequada. “Se você tem um Schumacher,
precisa dar a ele uma Ferrari”, compara. Alguns profissionais, como o médico neurologista Júlio Tércio Alvarenga, acompanham a evolução dos serviços de diagnóstico em Itabira desde o princípio. Doutor Júlio foi um dos sócios-fundadores do SET e responsável, nos primeiros anos, por todos os exames tomográficos e seus respectivos laudos. “O primeiro tomógrafo foi comprado quando a clínica ainda funcionava na rua Santa Maria. Tenho a honra de ter sido o pioneiro”, lembra o médico, formado em 1976. “Fizemos esse nome pela qualidade, agilidade nos laudos e nos exames. A gente não se furta em fazer exames à noite, em pacientes do Pronto-Socorro e de outras cidades. Eles têm meu celular, me ligam, faço nos fins de semana e em qualquer horário”, conta.
Para doutora Ana Flávia Magalhães Leal, também especialista em radiologia e diagnóstico por imagem, o tomógrafo moderno, além de produzir exames com muito mais qualidade e comodidade ao paciente, ajuda no trabalho do próprio profissional. “Na verdade, é um tomógrafo que veio para ajudar os pacientes, mas para facilitar o nosso dia a dia também. É possível fazer reconstruções de fraturas, mostrar em 3D, fazer um exame de coluna inteiro. Antes isso não era possível”, explica. Desde o final de junho deste ano, os pacientes atendidos pela clínica estão sendo diagnosticados pelo novo aparelho. E não são apenas clientes com condições de pagar por um exame particular ou assistidos por um plano de saúde, como Unimed, Pasa/Vale, Ipsemg e outros. O SET atende também pelo Serviço Único de Saúde (SUS), consórcios intermunicipais (Ciscel, Ciscem, Cismepi e Cisvas) e pacientes do Hospital Nossa Senhora das Dores, Pronto-Socorro Municipal e de outras cidades. São 15 profissionais trabalhando diariamente, entre enfermeiros, atendentes e biomédicos, sem contar os médicos especializados. Outro ponto importante de se destacar é a evolução do contraste, comumente usado em tomografias. Segundo doutor Vinícius Braga Martins da Costa, especializado em tomografia computadorizada, os efeitos colaterais de tal procedimento hoje são muito menores do que há alguns anos. “Hoje em dia a porcentagem de pacientes que têm reações adversas ao Exames realizados pelo novo equipamento permitem identificar lesões mínimas imperceptíveis até então
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DeFato Clínica será transferida para o edifício Quality Life Center, prédio a ser construído na avenida Carlos Drummond de Andrade
contraste é muito menor. Isso é importante ressaltar”, explica o médico, ao dizer que muitas pessoas ainda ficam receosas quanto ao método. Segundo ele, o contraste venoso é usado para detectar, por exemplo, lesões de rastreamento de câncer, tumores, embolia e doença renais. “É quase uma rotina num exame de tomografia”, completa. Atuando na base do tratamento de qualquer doença, o SET tem como missão produzir exames cada vez mais completos e proporcionar tratamentos cada vez mais eficazes. Doutora Ana Carolina Guerra, especializada em radiologia e diagnóstico por imagem, ressalta a importância disso. “Um exemplo é a neurocirurgia. Se fizermos uma angiotomografia de crânio com qualidade, será possível ter uma neurocirurgia com qualidade. Se os exames conseguem dar toda informação, fica mais fácil para o médico cirurgião”, exemplifica. Próximo dos 20 anos, o SET se orgulha de sua história e planeja contribuir ainda mais com a saúde das famílias de toda a região. Assim que o edifício Quality Life Center estiver pronto, na avenida Carlos Drummond de Andrade, no Centro, a clínica será transferida para o prédio visando aumentar a capacidade de atendimento. Segundo os diretores, com a mudança os exames de raio X e mamografia digitais, que já são oferecidos pela clínica, serão duplicados. Ou seja, muito mais pessoas serão atendidas pela competente equipe à disposição e sempre com equipamentos de última geração. □
O que é Tomografia
É um método utilizado com a finalidade de detectar e tratar doenças diversas. Durante a tomografia, quase qualquer parte do interior do corpo humano pode ser vista com clareza. As imagens são produzidas por um aparelho de raios-x que fica girando ao redor do paciente. O médico, posicionado em outra sala, observa através de uma tela a reprodução do organismo. É uma excelente forma de avaliar os órgãos e a estrutura do corpo como um todo. Através dela é possível identificar alterações em áreas de difícil acesso.
Sala técnica de aquisição de imagem digital de raio x e mamografia
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Equipe SET: profissionais capacitados e sempre prontos para prestar o melhor atendimento
Dr. Júlio Tércio Alvarenga “A inovação na Medicina é um espanto. Quando me formei, em 1976, não tinha tomógrafo. Para fazer exame de crânio, por exemplo, a gente injetava um ar na espinha do paciente que subia para a cabeça. Depois tirávamos a radiografia. Para injetar contraste, furava um buraco na testa da pessoa com saca-rolha e injetava o contrate lá dentro do cérebro. E esse contraste, numa pessoa que fez o exame há 40 anos, está até hoje no organismo. Não é absorvido. São coisas absurdas, da Idade Média. Hoje os exames estão cada vez menos invasivos e com mais qualidade. Este aparelho novo então, é um espetáculo! A visão é muito melhor, a segurança do diagnóstico é muito maior”. Dra. Ana Flávia Magalhães Leal “Hoje com um tomógrafo de 16 canais a gente consegue avaliar com muito mais precisão, com mais detalhes e ter mais segurança no diagnóstico.
Nesses dez anos que estou aqui, é o terceiro tomógrafo adquirido pelo SET. Se você for pensar, não é tanto tempo assim. A verdade é que a evolução tecnológica do século 21, não só médica, é impressionante. Há dez anos a gente falava em tomógrafo de 4 canais. Hoje tem de 128. A gente realmente não pode ficar aquém”. Dr. Vinícius Braga da Costa “Hoje em dia a Medicina é muito voltada para exames médicos. E o diagnóstico é feito praticamente baseado neste tipo de exame de imagem: ultrassom, tomografia e ressonância. Isso aumenta muito a detecção precoce da doença e faz com que as pessoas possam viver mais, prevenir doenças e diagnosticar precocemente. Com esse diagnóstico, o tratamento é bem mais eficaz. Esse aparelho novo tem condições de detectar lesões que a gente nem imaginava de ver há uns anos atrás. Outra coisa que a gente não pode esquecer é que o contraste
usado no exame evoluiu e tem muito menos efeito colateral. Hoje em dia, a porcentagem de pacientes que tem reações diversas é muito menor” Dra. Ana Carolina Guerra “A radiologia é a base de outras especialidades. Se você tem um diagnóstico bem formado, bem montado, com laudos bem feitos, consegue ajudar as outras especialidades a evoluir. Um exemplo: a neurocirurgia. Com um aparelho que faz uma angiotomografia de crânio com qualidade, você consegue ter uma neurocirurgia com qualidade. Estamos falando de cirurgia de crânio, de coluna. Com exames que conseguem dar toda informação de diagnóstico, fica mais fácil para uma cirurgia. A oncologia é outra especialidade que é muito embasada na radiologia. E tem ainda o controle de dose de radiação, que pode ser mais intensa onde há necessidade de melhor qualidade de imagem. É uma coisa nova que tem nesses aparelhos”. □
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Saúde
Saúde em debate Mudanças no atendimento hospitalar em Itabira priorizam o atendimento pelo SUS e geram preocupações entre usuários de plano de saúde
Renato Carvalho
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udanças na área da saúde estão no centro de uma importante discussão em Itabira. O município possui dois hospitais para atender uma população de 110 mil habitantes (Censo 2010). O Carlos Chagas (HCC), assim como o Nossa Senhora das Dores (HNSD), dividem o atendimento entre público e suplementar, ou seja, planos de saúde. No entanto, a recomendação do Ministério Público em transformar o atendimento do HCC em 100% Sistema Único de Saúde tem causado debates e divergências entre a população. O Hospital Carlos Chagas é manti-
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do pela prefeitura e, por isso, na visão do Ministério Público, deveria funcionar 100% pelo SUS. Em 2013, o então secretário de Estado de Saúde, Antônio Jorge de Souza, apoiou a recomendação. “O Hospital 100% SUS atende a todos, mas não discrimina convênio e população em geral. Isso elevaria a qualidade do atendimento do Sistema Único de Saúde”, defendeu. Desde o ano passado, o diretor técnico do HCC, Gastão de Magalhães, reclama da mudança. Ele argumenta que a realidade de Itabira é diferente da de outros municípios, pois metade da população possui plano de saúde.
“Atendemos 50% SUS e 50% convênios. Tudo isso precisa ser levado em conta”, disse. Neste ano de 2014 o assunto voltou a ser fortemente discutido. O vereador Geraldo Torrinha, membro da Comissão de Saúde da Câmara, propôs uma audiência pública para debater as providências que os planos de saúde tomariam com a mudança para não prejudicar os atendimentos. Ele também destacou que é grande a parcela da população que usa a saúde complementar e que seria difícil encontrar vagas para os usuários dos planos na cidade, sendo que teriam apenas o
Fotos: Renato Carvalho/DeFato
Hospital Carlos Chagas é centro de discussões em Itabira: deve ser 100% SUS ou também atender planos de saúde?
HNSD como opção. Outra opinião contrária à mudança é do médico anestesista Carlos Roberto Souza. Em artigo enviado a DeFato, ele defende que a mudança seria um retrocesso. “Isso porque, embora somente quarenta por cento de seus usuários sejam originários da medicina supletiva e sessenta por cento sejam usuários do SUS, o seu custo é financiado em mais de sessenta por cento pelas receitas da medicina supletiva”, disse. “É, sem qualquer dúvida, um modelo de Serviço Hospitalar Público que se autofinancia”, completou. O trem já saiu Na audiência pública realizada pela Comissão de Saúde da Câmara de Itabira, compareceram vereadores, o secretário municipal de Saúde, Reynaldo Damasceno, e o promotor de Justiça do Ministério Público, Mateus Fernandes, além do diretor técnico do Hospital Carlos Chagas (HCC), Gastão de Magalhães; do provedor do Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD),
Vaquimar Vaz; e representantes dos planos de saúde Unimed e Pasa/EMS. O subsecretário de Estado de Saúde, Thiago Lucas Silva, também acompanhou o debate. Com muita participação popular, vários questionamentos foram feitos e a principal questão levantada era sobre a possibilidade de reversão da decisão e o alongamento do prazo proposto para essas mudanças. O promotor Mateus Fernandes esclareceu que a decisão sobre a mudança no atendimento é judicial, ratificada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, e não haveria mais como mudar. “É um trem que já saiu da estação. Agora precisamos definir como esse trem vai chegar”, comparou. Márcio Cury, diretor-presidente da Unimed Itabira, destacou a pretensão da empresa em construir seu próprio hospital, mas que seria demorado. Já o Pasa/EMS explicou que o plano possui uma clínica para atendimento de aposentados e que pretendem ampliá-la para atender a todos clientes. No entanto, a ação só supriria parte da lacuna dos atendimentos ambulatoriais, excluindo internações e pronto-atendimento. O provedor do HNSD, Vaquimar Vaz, ressaltou que seria impossível atender 100% da demanda, mas que o hospital estaria se preparando para a mudança. Ele destacou que o hospital continuará a atender os planos de saúde, mas lembrou que, por ser gerido por uma instituição filantrópica, o hospital precisa atender no mínimo 60% pelo
SUS. Do outro lado, Gastão Magalhães, do HCC, pediu um tempo para que se adaptem às mudanças. Dias após a audiência, o Ministério Público se reuniu com representantes dos planos, Conselho Municipal de Saúde, vereadores e com o secretário de Saúde, Reynaldo Damasceno. O MP esclareceu em nota que o atendimento no HCC será 100% SUS somente após o término da licitação para definir a futura entidade mantenedora do hospital. Depois de escolhida, a entidade ganhadora terá seis meses para iniciar suas atividades no HCC, e consequentemente, os pacientes de planos de saúde somente serão atendidos no HNSD.□
Planos de saúde A Unimed Itabira reuniu seus associados no final de junho para discutir ações a serem tomadas pela empresa, entre elas estava a viabilização de parceria na construção de unidade hospitalar própria. No entanto, a imprensa não pôde acompanhar a reunião e a Unimed não comentou o que foi debatido. Já o Pasa/EMS, de acordo com informações do Conselho Municipal de Saúde, alugou um imóvel na Avenida João Pinheiro para melhorar o atendimento ambulatorial de seus clientes.
Audiência pública sobre o atendimento hospitalar teve bastante participação do público JULHO, 2014 defatoonline.com.br
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DeFato
Comportamento
Vai dar rock
No mês em que se comemora o Dia Mundial do Rock, amantes do estilo musical expõem suas opiniões, gostos e expectativas sobre o cenário atual. Ainda há espaço para a contestação? Renato Carvalho
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ntre variados ritmos musicais, o Rock and Roll sempre se destacou por seu estilo agressivo e letras fortes. Com diversas variações, é, talvez, um dos tipos musicais mais abrangentes, e atualmente passa por um processo de renovação. No Brasil, o rock nacional teve seu auge nas décadas de 1980 e 1990, perdendo destaque a partir da virada do novo século. O gênero teve início na transição das décadas de 40 e 50 com influências do blues, country e uma pitada de rhythm and blues. Sofreu preconceito já no princípio e passou a quebrar tabus. O som do rock, ca-
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racterizado por guitarras destorcidas, contrabaixo marcando a música e uma bateria forte, logo fez a cabeça de pessoas no mundo todo. Elvis Presley, tido como o Rei do Rock, ajudou na popularização do estilo e na quebra de conceitos em sua época. Em 13 de julho comemora-se o Dia Mundial do Rock. A data foi escolhida em homenagem ao Live Aid, megaevento que aconteceu nesse mesmo dia, em Londres,
em 1985, e contou com a participação de ícones do gênero na época, como Queen, The Who, Led Zeppelin, U2, David Bowie, Black Sabbath e outros. E é para marcar a data que DeFato foi atrás de pessoas que vivenciam o rock diariamente. São roqueiros do passado e do presente, com curiosidades e características bem peculiares.
Foi em 1986 que surgiu a primeira banda de rock em Itabira, a Apoliom. Um dos fundadores, Túlio Torres, tem hoje, com 46 anos e se considera um dos dinossauros do rock na cidade. “Naquela época a dificuldade era enorme, o sacrifício era triplicado. A gente montou essa banda que fez um grande sucesso não só em Itabira, mas também na região e em Belo Horizonte”, conta. Túlio começou a gostar e acompanhar o rock desde novo. Teve o primeiro contato perto dos 14 anos, com Pink Floyd, apresentado pelo namorado de sua irmã na época. “Quando escutei o Pink e aquelas guitarras, aquele timbre maravilhoso, letras irreverentes que tinham conteúdo e que queriam reivindicar algo, aquilo ali bateu diretamente na minha personalidade”, destacou. Atualmente o rock nacional perdeu espaço na grande mídia e novas bandas com propostas inovadoras parecem cada vez mais raras. Grande parte desse problema se deve, na opinião de Túlio, a inversão de valores presente nos dias atuais. “O
rock no Brasil se tornou uma lagoa. Antigamente a gente tinha um rio, podia ser pequeno, mas se você tocasse 90% de músicas cover nos shows, você era hostilizado. Hoje, se você tocar 90% autoral, eles não te contratam. Então a gente ficou na contramão da evolução”, aponta o roqueiro. Para Túlio, a forma para mudar esse panorama é “as pessoas voltarem a ser pessoas, voltarem a enxergar lá dentro e reivindicar realmente o que querem”. Ele afirma que é preciso que as pessoas se atentem ao conteúdo e mensagem das músicas, e que as ouçam como arte, e não só como entretenimento. “A música não tem fronteira. Música é sentimento. Se você vai ao cinema e vê aquela cena triste, sem trilha alguma, você fica angustiado. Quando começa uma música bem feita, forte, você cai em prantos. Ou seja, a música é alma pura. E hoje perdemos um pouco disso na música nacional”. Pensando mais além, Túlio critica a prioridade que os grandes meios de comunicação dão às músicas “efême-
“Quando escutei o Pink e aquelas guitarras, aquele timbre maravilhoso, letras irreverentes que tinham conteúdo e que queriam reivindicar algo, aquilo ali bateu diretamente na minha personalidade” Túlio Torres
ras”. Segundo ele, há o interesse em reproduzir músicas com pouco conteúdo, que não façam as pessoas pensar e que não façam questionamentos. “A música é uma ponte essencial para a mudança social e cultural. A música pode levar ao desastre ou a evolução, e para mim, no nosso caso, por enquanto está sendo o desastre”, criticou. Atualmente na banda Skellter, Túlio acredita na força do rock. “O rock nunca vai deixar de existir porque entre mil sempre vai nascer aquele que vai pensar diferente e querer conteúdo. E o rock proporciona isso”, finalizou. JULHO, 2014 defatoonline.com.br
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DeFato Nova geração Do outro lado, mas com ideias parecidas, a jovem banda itabirana Venal acredita que o gênero está, aos poucos, se moldando aos tempos modernos. O grupo tem cinco componentes, sendo eles Igor Oliveira, vocalista, Victor Seara, guitarrista, Samuel Elon, guitarrista, Lucas Andrade, baterista, e Filipe Melo, baixista. Com quatro anos de existência, eles definem o som da banda como alternativo. “Buscamos referências das músicas brasileiras. Na verdade a banda é uma grande mistura. Gostamos de rock, MPB, Bossa Nova”, contou o vocalista. Parte da nova geração do rock, a banda concorda com o experiente Túlio quando o assunto é exposição na mídia. Para eles, o rock de protesto é algo pouco comercial nos dias atuais. O guitarrista Victor acredita que a ditadura militar favoreceu muito a popularização do rock no Brasil, com letras definidas e opositoras ao regime. “Hoje vivemos um período mais tranquilo. Ao invés de falarem do coletivo, as bandas hoje falam do pessoal, dos problemas do cotidiano”, definiu. Seara ainda acredita que atualmente é perigoso fazer críticas coletivas devido a divergências de opiniões. “Hoje se você vai fazer música sobre política, corre-se o sério risco de abraçar uma causa que não é o foco da banda. Uma música que critique a esquerda, por exemplo, seria automaticamente uma propaganda de direita”, justificou. Com a grande diversificação, com vários estilos dentro do mesmo gênero, a banda defende que a atitude é que define se a banda é ‘rock’ ou não. Desta forma, explicam a ideia com base no nome do grupo. “O próprio nome da banda, Venal, remete a algo visceral, de dar o sangue”, apontou Seara. “Na
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Venal a gente caracteriza a rebeldia tocando músicas que não são pesadas, como se imagina do rock, mas fazemos com a nossa postura, com a nossa energia”, completou Igor. Para os integrantes da Venal, a
“Hoje vivemos um período mais tranquilo. Ao invés de falarem do coletivo, as bandas falam do pessoal, dos problemas do cotidiano” Vítor Seara (Banda Venal)
maior dificuldade atualmente não é tocar rock, e sim tocar músicas autorais. “As pessoas vão aos bares para se divertir e não para conhecer o trabalho da banda. E o mercado funciona da mesma forma. Preferem o que já deu certo ao que tenta inovar”, destacaram. Diante desse percalço, a banda vê o cenário independente como a saída e
sucesso do rock. “O cenário independente acontece mesmo sem apoio da mídia. Existe o público, ainda limitado, mas que sempre acompanha. A internet ajuda muito nesse aspecto. As novas bandas de rock estão tocando, só que não têm o apoio e nem é tão rentável como antes”, declarou Seara. A insistência em querer ser como no passado incomoda a banda. “Não vão surgir bandas como antigamente porque o momento é novo. As pessoas precisam tirar um pouco da cabeça que a gente tem que reviver as coisas do passado. Havia um contexto para acontecer, que é diferente de hoje. O que está sendo feito daqui pra frente é baseado no que temos hoje, mas sem deixar as referências antigas de lado”, explicaram. Com uma postura otimista, Venal aposta no crescimento do espaço do rock na mídia e espera que o seu trabalho tenha visibilidade. “A gente precisa que o pessoal se desligue da
imagem antiga do roqueiro, do estereótipo, e se ligue mais na atitude das bandas, nas mensagens que são passadas”, pediram. “O futuro do rock é a internet e a cena independente”, definiu Seara justificando que com a rede mundial de computadores cada pessoa faz uma busca direcionada de acordo com seu interesse. “Vamos chegar a um momento que teremos cada vez mais pessoas interessadas, conhecendo as novas bandas, se encontrando pela internet, gerando número e força para esses grupos. O espaço na mídia aparecerá automaticamente”, finalizou Seara. Colecionador de discos Tadeu de Freitas, de 34 anos, tem uma forma específica de demonstrar o seu apreço pelo rock. Ainda na infância, foi influenciado por amigos que gostavam de música. “Eu ia para casa de amigos para escutar músicas. Cada um gostava de um estilo diferente: Genesis, Pink Floyd, metal como Iron Maiden, Sepultura”, contou. Seu primeiro disco foi do Ultraje a Rigor, presente de sua madrinha. “Meu irmão ganhava muitos discos também, mas ele abandonou o barco e ficou tudo para mim”, brincou. Tadeu, então, passou a comprar discos de vinil esporadicamente, já que o preço era alto. Com a criação do CD, os vinis desvalorizaram e começaram a perder espaço.
Foi então que passou a ganhar vários exemplares e chegou a comprar discos por até 50 centavos. A coleção só aumentava e o gosto pela música também. “O vinil é muito bonito, e
“Eu sou fã incondicional do rock dos anos 70, mas não vou me vestir como um roqueiro daquela época. É importante se adequar às realidades do tempo” Tadeu de Freitas
ele tem uma captação muito especial. A frequência de grave e de agudo são bem mais amplas, é bem gostoso”, explicou. Atualmente, contando CDs, vinis e fitas K7, Tadeu possui mais de mil exemplares. A paixão pelo rock é antiga. Quando tinha 15 anos, Tadeu pediu ao pai uma bateria, no entanto acabou ganhando um teclado. Mesmo assim ele não desistiu. Usava o efeito de bateria no teclado e ficava simulando o som do instrumento desejado. Mais tarde, um amigo de seu irmão resolveu vender sua bateria e Tadeu viu ali a oportunidade de obter o instrumento. Já com a bateria, Tadeu teve algumas experiências com algumas bandas, como a Amantes de Juanita, Caco de Vidro e Popai. Cada uma com um estilo diferente, mas sempre rock. “No caso da Popai eram músicas com mui-
to deboche, palavrão, era uma coisa para libertar. Itabira é uma cidade com horizonte limitado, então a gente encontrava essa forma de se libertar”, relatou. O colecionador morou por quatro anos na Inglaterra e traz de lá exemplos que poderiam, segundo ele, ajudar a cena do rock no Brasil. “Tem muita música eletrônica, muito reggae no sul de Londres, mas o rock é muito forte, é herança das décadas anteriores. Deixaram um legado de rock incrível e tem muita banda de rock com músicas novas”, destacou. Ele acredita que no Brasil a mentalidade das pessoas precisa mudar quanto a valorização de novas bandas. “Nas lojas de discos de lá (Inglaterra), os CDs mais novos são mais caros que os antigos”, contou. “Eles têm uma visão diferenciada de valorizar o que é novo, o que tá vindo em detrimento ao velho. Isso talvez seja uma das coisas que estejam travando o rock no Brasil, a gente precisa de movimento”, completou. Hoje ele acredita que as pessoas precisam se adequar aos novos tempos. “Eu sou fã incondicional do rock dos anos 70, mas não vou me vestir como um roqueiro daquela época. É importante se adequar às realidades do tempo”, finalizou. □
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DeFato
Especial
Em meio a máquinas, farinhas e outros ingredientes, os padeiros trabalham 24 horas para servir os produtos que não podem faltar à mesa Renato Carvalho
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padeiro e tinha o desafio de trabalhar durante a noite. Por 18 anos ele enfrentou a madrugada e conseguiu desenvolver suas habilidades. Já como padeiro, durante uma experiência, conseguiu produzir uma massa grande, com menos fermento, e assim acabou com a necessidade de trabalho pesado a noite. O padeiro sempre esteve disposto a orientar os mais novos e inexperientes. Interessado no trabalho do pai, um de seus filhos, Rodrigo Araújo, subia em cima de uma lata grande para ir aprendendo na padaria. Hoje trabalha com o pai. “Minha família foi construída através do meu trabalho. Uma filha minha estuda Administração e trabalha nessa área na mesma padaria. Um dos meus filhos
também é padeiro, e o outro foi para a Vale dirigir caminhão, apesar de saber o trabalho de padaria. A filha mais nova, graças a Deus, está cursando Engenharia de Mobilidade na Unifei”, contou orgulhoso. A modernidade das máquinas e a vontade de aprender facilitaram o trabalho de ‘Tião’. “Fazer o pão que alimenta muita gente é o que me deixa feliz, que me entusiasma. Eu aposentei, mas não quis parar. Meu prazer é colocar a mão na massa”, destacou o padeiro. O segredo, segundo Tião, é ser humilde, trabalhar com dedicação, empenho e muito amor. “Você tem que abrir mão de muitas coisas. É preciso ter muita responsabilidade, m a s fazer tudo com carinho. Você precisa saber a quantidade certa de in-
Fotos: Renato Carvalho/DeFato
pão é um dos alimentos mais básicos e comuns na mesa das famílias brasileiras. Que casa não tem um pãozinho de sal para acompanhar um café? Na Bíblia, o pão está presente em diversas passagens. Na mais famosa, a da Santa Ceia, é tido como sagrado e identificado como o corpo de Cristo. Sagrado ou não, o fato é que o alimento faz parte do cotidiano das pessoas e muitas vezes o pesado trabalho dos padeiros é esquecido. No dia 8 de julho comemora-se o Dia do Panificador. A data tem origem na história de Santa Isabel, padroeira dos padeiros. Isabel era Rainha de Portugal, que vivia momentos difíceis no fornecimento de trigo, e consequentemente, na fabricação do pão. Ela, então, distribuía, escondida, pães para a população. Sebastião de Araújo Oliveira tem 59 anos e há 44 trabalha na produção de pães, sendo 25 como padeiro titular. Nascido em São Sebastião do Rio Preto, veio para Itabira aos 16 anos para trabalhar na Panificadora Itabirana, onde está até hoje. Na época, começou como faxineiro, limpando a padaria, mas sempre de olho no serviço de padeiro. “Eu via aquelas coisas bonitas e pensava ‘esse trem é bom demais, quero aprender’”, contou Sebastião. Ele pediu uma oportunidade e recebeu o aval positivo, mas havia uma condição. “Eu tinha que aprender só depois do meu horário de trabalho. Eu ficava até mais tarde só para aprender aquilo que tinha me encantado”, disse. Sebastião se tornou ajudante de
DeFato gredientes para não desperdiçar. E ainda é preciso ter bom senso e tirar um pão mais corado, outro mais claro, para conquistar todo tipo de cliente”, ensina. Aprendizado constante Do outro lado da história está Jaderson Gleison de Oliveira, 31 anos, ou Jardel, como todos o chamam. Ele não tem o tempo de trabalho de Tião, mas sobra experiência. No ramo há 15 anos, está há 13 na Oficina do Pão. Ele entrou na profissão por necessidade. Seus irmãos trabalhavam fora, o pai havia morrido, então tratou de arrumar um emprego. Começou em uma padaria como ajudante de padeiro, sem saber fazer nada, e aos poucos foi desenvolvendo suas habilidades. Passou brevemente por um supermercado e aos 18 anos entrou na padaria na qual está até hoje. “Quando comecei era muito difícil de conseguir a classificação de padeiro. Os padeiros entravam na frente para você não ver o que eles estavam fazendo, com medo de descobrir o segredo deles. Hoje o acesso é muito mais fácil, e a padaria me proporcionou isso”, contou Jardel, destacando que fez cursos no Senac de panificação, confeitaria, bombom e doces. Atualmente Jardel trabalha com confeitaria e tem um horário mais tranquilo, de 6h às 13h, apesar de já ter trabalhado de madrugada. “Trabalhava a qualquer hora que fosse preciso. De 12h às 20h,
0h às 6h, não tinha problema”, conta. A confeitaria é sua nova paixão e ele sempre que pode assiste a vídeos na internet de cheffs confeitando bolos. “Quando vejo, penso que não sei nada. Assisto para tentar tirar algo novo. Não é porque estou há 13 anos na padaria que não preciso aprender novas coisas”, ressalta Para Jardel, o trabalho dos padeiros se valorizou mais quando supermercados passaram a oferecer produtos de padaria. “O número de vagas aumentou, e faltou profissional. Os padeiros de padaria tiveram que se aprimorar, buscar cursos para oferecer produtos melhores. Até o salário melhorou”, apontou. O padeiro espera por uma escola técnica na área de panificação industrial em Itabira. Segundo ele, o local mais próximo onde há cursos é em João Monlevade e é inviável para o profissional estudar.
“O padeiro não tem muito para onde crescer no mercado em Itabira. Então, com curso técnico você tem espaço em grandes empresas para produzir ou ensinar em outras padarias”, esclareceu. Mesmo com toda dificuldade e esforço, o padeiro conta que cada um possui sua forma de produzir. “É preciso conhecer todos os produtos com os quais você trabalha. O importante é o resultado final e a satisfação do cliente”, finalizou. Então, mãos à massa, porque na mesa não pode faltar pão. □
DeFato
Dia dos Namorados
Parceria:
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ebre atual das redes sociais, a foto no estilo selfie tem ganhado cada vez mais adeptos. São anônimos e famosos que não se cansam de virar a máquina ou os celulares para eles mesmos e fazer o
Promoção realizada pelo Grupo DeFato e salão Naura Cabeleireira premiou casal de namorados com um dia de beleza registro. O Grupo DeFato entrou na onda e contou com o apoio do salão Naura Cabeleireira para colocar no ar a promoção “Selfie do Amor”. Casais se fotografaram e lutaram pelas curtidas para ganhar um dia de beleza.
Os ganhadores foram Daniela Isabel Meneses, 22 anos, e Andrews Stefanne do Carmo, 23. No dia 25 de junho a agenda dos “pombinhos” foi bem cheia. Daniela chegou ao estabelecimento por volta das 11h, o na-
Renato Carvalho/DeFato
O casal Andrews e Daniela e a prorietária do salão Naura Cabeleireira, Naura Couto
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morado, às 13h. Eles passaram por uma super-produção, com direito a cabelo, maquiagem e relaxamento para ambos. Juntos há um ano e um mês, o casal teve a oportunidade de viver uma tarde diferente daquela em que estavam acostumados. Os dois são estudantes de Engenharia de Produção. Andrews é gestor administrativo e Daniela diretora de uma marca de cosméticos. Apesar de se considerar um rapaz vaidoso, Andrews não tem o hábito de frequentar salões de beleza, porém gostou muito da experiência. “Tenho que dedicar mais tempo a mim”, assumiu. A namorada, que já estava feliz com a conquista do prêmio, se mostrou ainda mais satisfeita quando foi informada, já no salão, que passaria por vários procedimentos de beleza. “Quando fiquei sabendo a quantidade de serviços que teríamos, eu nem acreditei. Fiquei muito surpresa”, declarou a moça, admirada. Também pudera. Daniela passou por hidratação capilar, coloração nos cabelos, Banho de Lua (esfoliação do corpo, clareamento dos pelos e hi-
Dezenas de participantes Dezenas de casais participaram da promoção “Selfie do Amor” enviando fotos e declarações para a redação. No encerramento do concurso eram mais de 2 mil curtidas. Aproximadamente 30 casais tiveram as fotos exibidas no Facebook do Grupo DeFato. Daniela conta que, pelo fato de conhecer muitas pessoas, ela tomou a iniciativa de enviar uma foto para ‘tentar a sorte’ no concurso cultural. Apesar de ter sido de maneira despretensiosa, os jovens se surpreenderam com a quantidade e a rapidez em que a imagem foi curtida na página de DeFato. Em pouco tempo, eles já eram o segundo casal com o maior número de likes. A namorada admite que a partir daí levou a competição a sério e chegou a fazer uma campanha entre os amigos na rede social. No final, eles levaram 327 curtidas e Daniela e Andrews ganharam este inesquecível presente de Dia dos Namorados.
Daniela foi contemplada com tratamento de beleza e se sentiu em um dia de princesa
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Fotos: Tatiana Santos/DeFato
Apesar do pouco cabelo, Andrews recebeu tratamento completo, até com hidratação
dratação da pele), banho aromático e relaxante na banheira de hidromassagem, além de massagem. Ela também recebeu os serviços de manicure e pedicure. Depois de uma limpeza de pele com hidratação facial, uma moderna maquiagem deu o toque final ao look da moça. Entre brincadeiras e piadas sobre o seu pouco cabelo, Andrews não ficou para trás e também se rendeu à hidratação capilar e aparou as “madeixas”, recebeu limpeza de pele com hidratação facial e, além de ter feitas as unhas dos pés e das mãos, também ganhou uma massagem relaxante. Com uma rotina bastante tumultuada devido ao trabalho e aos estudos, os jovens aproveitaram os momentos. Até espumante foi servido aos dois para comemorar a data. Depois que o casal, com a beleza ainda mais acentuada, finalizou a produção, perto das 17h30, a hora foi de fazer o balanço do dia e concluir que a experiência valeu a pena: “Era um dia que precisávamos ter para cuidar da gente. Estou me sentindo em um dia de princesa”, se empolgou Daniela. □
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EM ITABIRA: AV. VILA LOBOS, 82, ESPLANADA DA ESTAÇÃO - TEL: 31 3831-3588
DeFato
Culinária
Rendimento: 8 porções
Pão de milho com legumes INGREDIENTES
MODO DE PREPARO
-1 embalagem de mistura para pão de milho -½ pacote de fermento seco biológico -1 xícara (chá) de leite (200 ml) -2 dentes de alho picados -1 colher (sopa) de azeite -200g de peito de peru defumado em cubinhos -1 abobrinha média (de 200g) -2 tomates maduros sem pele e sem semente picados -Sal e pimenta-do-reino -1 xícara (chá) de parmesão ralado grosso -Manteiga para untar a forma
Massa
Coloque a mistura para pão em uma tigela, misture o fermento e vá juntando o leite aos poucos, amassando a cada adição até que a massa desgrude da tigela. Passe a massa para uma bancada limpa e seca e sove-a por 5 minutos ou até que fique lisa e macia. Volte a massa para a tigela (polvilhada com farinha), cubra com um pano e deixe descansar por 15 minutos.
Recheio
Com uma frigideira larga e de fundo grosso, refogue o alho no azeite. Junte o peito de peru, a abobrinha e o tomate e refogue rapidamente até que
a abobrinha fique cozida, mas ainda firme. Tempere com sal e pimenta e deixe esfriar.
Montagem
Abra a massa em um retângulo (19 x 37cm), polvilhe metade do queijo parmesão sobre a massa (reserve uma parte para polvilhar sobre o pão). Distribua o refogado de legumes sobre a massa, espalhando por igual. Enrole-a como um rocambole e coloque em uma forma de bolo inglês (10 x 24cm) untada com manteiga. Cubra o pão e deixe-o crescer até que dobre de volume (cerca de 1 hora). Polvilhe o restante do queijo sobre o pão e leve para assar em forno médio pré-aquecido (180º C) por cerca de 40 minutos .
infantil
Envie a foto de sua criança para: sociedade@defatoonline.com.br
MARIA VICTÓRIA FONSECA
BEATRIZ FERREIRA DANIEL
MARCO ANTÔNIO PAULO
Pais: José Varley Fonseca Damaris Luciana da Silva
Pais: Evando da Silva Daniel Camila Paula Daniel
Pais: Wanderlúcio de Araújo Paulo Cláudia das Graças Fonseca Paulo
ISADORA PEREIRA RODRIGUES
SOFIA AKISSA
THAYLA AMORIM DE FREITAS
Pais: João Pereira Rodrigues Zélia Pereira Rodrigues
Pais: Geraldo Ferreira Andrea Ferreira
Pais: Luciano Ferreira de Freitas Cleonice Amorim de Freitas
LUCAS BETTERO VITOR
HANNA DINIZ
DAVI SOUZA FRAGA SILVA
Pais: Rodrigo Ângelo Vitor Eline de Assis Bettero do Valle
Pai: Weksley Diniz
Pais: Tiago Fraga Kelly Fraga
2 ANOS
8 ANOS
10 MESES
4 MESES
3 ANOS
8 ANOS
11 MESES
5 MESES
7 MESES
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DeFato
Flash Social
Fotos: DeFato e divulgação
Art Designer
A apresentadora Fátima Bernardes, do programa Encontro, recebeu a jornalista Janaina Depiné, que assina a coluna “Elegante Sempre” na Revista DeFato
As “DeFatetes” Letícia Pereira, Marcela Affá, Thaise Santana e Neliene Almeida abrilhantaram o coquetel de lançamento da 32º Expoita com muito charme e simpatia. Elas usaram lindos chapéus Pralana, da Agro Duarte, localizada no Mercado Municipal de Itabira.
O artista plástico itabirano Genin Guerra entre o vice-prefeito Reginaldo Calixto e o prefeito de Itabira, Damon Lázaro de Sena. Genin produziu o monumento em homenagem ao tropeirismo, que foi instalado no trevo do distrito de Ipoema.
José Elísio Duarte “Zélisio” (camisa azul), prefeito de Itambé do Mato Dentro e Enil Mendes (camisa rosa), secretário de turismo e meio ambiente, com familiares na XXVI Cavalgada, que registrou este ano recorde de público.
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Mirco Flemming, da InVitro Diagnóstica, comemorou a vitória da Alemanha, seu país de origem. Ele é casado com a itabirana Josy Amorim. A família é completa com a pequena Anna Ellen.
Helena Terumi Viana Hata, de 27 anos, é a única delegada de Conceição do Mato Dentro. Natural de Santa Luzia, assumiu a delegacia em março de 2013.
A dupla Vitor e Leo foi a atração principal da tradicional Festa do Jubileu, em Conceição do Mato Dentro. Na foto, a dupla posa com o Jornal DeFato, novo veículo de comunicação do Grupo DeFato, em circulação na região do Médio Espinhaço.
O presidente da Câmara de Itabira Rodrigo Assis (Diguerê) apresentou sua monografia do curso de Direito no dia 10 de junho, para os professores Hugo Rios, Cesar Rabelo e Renata Felipe, na Funcesi.
Em mais uma edição, a Cavalgada de Passabém foi sucesso de público. Muita gente de várias cidades da região prestigiou a festa, que foi produzida por Ronaldo, da Foco Som.
Ricardo Guerra, gerente de marketing do grupo Tia Eliana e Janaina Andrade no nascimento do pequeno Vitor, dia 27 de junho.
Deputado estadual Gustavo Valadares, prefeito de Conceição do Mato Dentro Reinaldo César de Lima Guimarães e deputado federal Rodrigo de Castro.
Hudson Mathias, da loja Trilha Esportes, entrega para Anna Carolina Brasil a camisa oficial da Seleção Brasileira, que ganhou no concurso cultural “Selfie da Copa”. A promoção movimentou o Facebook da DeFato: somente a foto de Anna Carolina recebeu 1.082 curtidas. JULHO, 2014 defatoonline.com.br
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DeFato
Coluna
Etiqueta na hora das compras
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er elegante na hora de fazer compras não é uma questão de ter um cartão de crédito com limite alto. Sem dúvida o comportamento diz muito sobre o comprador. Vamos às dicas válidas para qualquer lugar do mundo?
Janaina Depiné Jornalista, especialista em Comunicação Empresarial e mestre em Ensino Superior, Janaina Depiné ministra cursos e palestras sobre etiqueta profissional e imagem pessoal há 10 anos. www.elegantesempre.com.br
“Se a compra for num valor muito alto, você pode tentar aquele desconto de gerente. Peça ajuda ao vendedor para tê-lo como aliado”
1)Veja, mas não toque Peças delicadas exigem cuidado. Por isso, ao ver o aviso “Favor não tocar”, simplesmente respeite. Tome cuidado extra com as crianças. Elas são mais curiosas e geralmente gostam de “ver com as mãos”. Oriente bem antes de entrar numa loja dessas. É sempre bom usar essas oportunidades para ensinar aos filhos regras de boas maneiras, porém se ele ainda for muito pequeno é melhor nem levá-lo junto. 2)Cuidado com a inveja Se outra cliente selecionou alguma peça, nem pense em mexer nela. Caso tenha gostado muito, com discrição, peça à vendedora para lhe mostrar uma similar. Se for a última peça, jamais tente convencer a cliente rival a desistir da compra. A regra é clara, quem viu primeiro leva. 3)Personal vendedora ainda não existe Se a vendedora que sempre lhe atende está ocupada, dê uma chance à outra ou volte mais tarde, mas evite ficar parada na loja esperando a pessoa desocupar. Lembre-se também que é seu direito dizer ‘não’ aos vendedores com ar de superioridade. Não tenha vergonha de ir em direção ao que é mais solícito e deixar o arrogante para trás. 4)Só uma olhadinha Se o objetivo da sua entrada na loja
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é só curiosidade em ver lançamentos, fique à vontade e diga isso claramente. Um bom vendedor deverá respeitar seu espaço e fazê-la se sentir confortável apenas dando aquela olhadinha básica. 5)A pressa é do cliente Se você está fazendo uma compra às pressas, não se acanhe em dizer isso ao vendedor. Ele poderá facilitar sua vida agilizando embrulho, pagamento. Muito melhor dizer que está com o horário contado do que se irritar com a lentidão do funcionário. 6)Perguntar não ofende Fique à vontade para perguntar sobre o prazo de troca das mercadorias, valor do produto, condições de pagamento e cartões de crédito que a loja aceita. Aliás, muito melhor perguntar tudo isso antes mesmo de provar a roupa, pois se você demonstrar claramente que vai levar a peça fica bem mais difícil conseguir negociar um bom desconto. 7)Negocie, mas saiba a hora de parar Aliás, é justo pedir desconto, mas não insista. Se a resposta foi negativa, repense a compra ou pesquise mais. Também não force a barra para levar um brinde ou obter qualquer outra vantagem. Os vendedores costumam ter regras fixas de negociação. Já se a compra for num valor muito alto, você pode tentar aquele desconto do gerente. Peça ajuda ao vendedor para tê-lo como aliado. Por fim, uma boa dica para quem não gosta de perder tempo, é pesquisar na internet. Com os valores em mãos você tem bons argumentos para negociar. Além disso, as boas lojas costumam cobrir o valor para manter o cliente. Seja inteligente! □
A moda que invade as academias Live Fitness
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á tempos que marcas renomadas se apropriam do estilo sportwear para criar suas coleções, como fez a estilista francesa Isabel Marant ao criar os sneakers com salto; ou mesmo a marca brasileira Osklen, ao utilizar tecidos como neopreme, moletom e modelagens que remetem ao mundo do es-
/AcademiaImpactoItabira
porte. No dia a dia não é difícil encontrar looks com referências esportivas, o que dá um ar mais descontraído e casual. Agora chegou a vez das marcas esportivas fazerem o caminho inverso e se apropriarem das tendências mais fortes da estação. As marcas vêm fugindo do óbvio, têm feito parcerias com estilistas renomados, saindo do básico e atraindo muitos adeptos. Esqueça a velha ideia de que para malhar vale qualquer roupa. As academias e os esportes em geral estão sendo invadidos por uma forte influência do mundo fashion. A mulher busca estilo em tudo o que faz e, como malhar se tornou parte importante de sua rotina, ela tem se preocupado cada vez mais na hora de se vestir. A roupa de academia sai do lugar comum e pode ser usada sem medo em outras atividades do dia a dia, como: buscar os filhos na escola, ir ao cinema, supermercado... As “novas” roupas fitness têm estilo, são atraentes, trazem modelagens que valorizam o corpo, transparência nas mais diversas peças, tecidos texturizados, com brilho, estampas coloridas que vão do animal print às mais
geometrizadas. Shorts e saias, tops com recortes diferenciados que podem ser usados como blusa, bodys decotados, t-shirts com frases divertidas ou motivacionais e tênis quanto mais coloridos melhor. Com tantas opções, não se pode esquecer de escolher sempre roupas confortáveis, que valorizem cada biotipo e que sejam adequadas à atividade praticada. O melhor é optar por marcas que conseguem aliar performance e estilo. Ao se exercitar, sentir-se bem é fundamental. □
Isabela Martins Ribeiro Graduada em Design de Moda pela Fumec e Fashion Business pelo Istituto Marangoni/Paris Joias pela L’école van Cleef and Arpels. Atua como designer de joias para sua própria marca.
Rua Tiradentes, 95 - Centro - 31 3831-7509 JULHO, 2014 Av. Mauro Ribeiro Lage, 65, Esplanada da Estação - 31 3831-6676 defatoonline .com.br
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DeFato
Bem Viver
Momento de dor
D Antônio Roberto Terapeuta comportamental e Deputado Federal (PV/MG) www.antonioroberto.com.br
‘‘No amor podemos incluir até o sentimento de raiva, mas não o aniquilamento emocional do outro através do abandono”
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or! Dor da indiferença, do desprezo, do abandono, da perda. Com certeza são dores que fazem sangrar mais que qualquer ferida. Faz nos sentir sem valor, diminuídos, sem energia ou forças sequer para respirar. E o pior, faz nos sentir seres indignos de receber amor. Coloca ainda em risco nossa saúde mental, levando-nos muitas vezes a acreditar que nunca a tivemos. Ficamos sem rumo, sem o chão para nos apoiar, porque quase sempre não temos com quem contar, um ombro para chorar. Todos nós tememos, de uma forma ou outra, o desprezo, o isolamento. Quando alguém nos ignora está “gritando” que não somos importantes, que não somos dignos de amor, que não prestamos, que somos culpados, que vamos ficar sozinhos. Nas prisões, a solitária é o mais temido dos castigos. Essa conduta de “gelar” o outro chama-se indiferença. E é o contrário do amor. No amor podemos incluir até o sentimento de raiva, mas não o aniquilamento emocional do outro através do abandono. O Deus torturador, vingativo e magoado, através do amor, se transforma no Pai da parábola do filho pródigo. Aquele que acolhe, apesar dos pecados. Uma relação conjugal só faz sentido se houver acolhimento. Para ser julgado, condenado, culpabilizado, não precisamos de marido ou esposa. Amigo é aquele que conhece nossos pontos fracos e nos ajuda a viver melhor com eles. Existem dois tipos de silêncio. O silêncio do amor, quando o coração está tão cheio de graça que nada há para falar. É o silêncio dos amantes, abraçados, durante longo tempo, extasiando-se diante do próprio sentimento. O outro silêncio é o silêncio da mágoa, do rancor. Ele tem por objetivo criar culpa e engendrar vergonha na alma do outro. Com esse silêncio tento submeter o ou-
tro a mim, aos meus caprichos, à minha dominação. Quero o outro implorando o meu perdão, rastejando complacência, no juízo final do casamento. Esse comportamento tão comum mina as relações afetivas. E, com o tempo, os envolvidos permanecem juntos, mas cada vez mais separados. Instala-se a guerra fria e que vai repercutir em outras áreas, além da fala. O silêncio hostil se apropria de todo o corpo e a retaliação se manifesta na frieza sexual, na dificuldade de carinho, de elogio, da admiração. Os dois se tornaram “ligeiramente” inimigos: inimigos íntimos. Às vezes nem se olham, apesar de morarem na mesma casa. O tal de dormir em quartos separados agrava mais ainda o ressentimento crescente entre eles. As raivas vão se acumulando, não são ditas ou são mal ditas, aumentam o retraimento do casal e a hostilidade (do latim: hostis = inimigo) passa a ser a maneira usual de se relacionarem. A relação vai-se deteriorando, o amor desaparecendo, mesmo que o casamento permaneça. Se não for tratado, este comportamento destrói psicologicamente o casal. Aqui é que entra a necessidade do diálogo. É importante que o parceiro possa iniciar o diálogo, começando por expressar toda a sua raiva e descontentamento com a “língua cortada”. Somos felizes ou infelizes de acordo com a maior ou menor vivência de sentimentos positivos. Toda tentativa de produzir no outro, sentimentos dolorosos como culpa, vergonha, medo, ansiedade, cria um clima de infelicidade e depressão. Se o casamento é um espaço para alegria do casal, não faz o menor sentido se maltratarem, através do silêncio torturador, do “ficar de mal” e muito menos algum deles se arvorar em ser Deus e condenar o outro ao fogo do inferno. □
DeFato
Galeria de fotos
Dia de beleza infantil Fotos: Yes Fotografias
O Salão Naura Cabeleireira promoveu, no início de julho, o Dia de Beleza Infantil. Filhos de funcionárias do salão, vivenciaram de pertinho o dia a dia da profissão das mães. Cada um recebeu tratamento de beleza, proporcionando um dia de muita diversão para os baixinhos.
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Jubileu em Conceição Fotos: DeFato
O município de Conceição do Mato Dentro recebeu milhares de turistas, romeiros, fiéis e cavaleiros durante a 24ª Cavalgada do 227º Jubileu do Senhor Bom Jesus do Matozinhos, a maior e mais tradicional festa da cidade. O evento aconteceu entre os dias 13 e 24 de junho. No dia 14, a alegria ficou por conta da dupla sertaneja Victor e Leo, no Parque de Exposições Genesco Aparecido de Oliveira.
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18ª Cavalgada de Passabém Fotos: Mariana Horta/DeFato
A 18ª Cavalgada de Passabém agitou a cidade no último final de semana de junho. O evento contou com participação dos sertanejos Felipe Damata, Fabiano de Lima e Thiago Daniel e das duplas Vitor e Guilherme e Sérgio e Delson. Ainda teve desfile de cavaleiros e concurso de marcha.
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26ª Cavalgada de Itambé Fotos: Estefany Ferreira/DeFato
Diversos artistas de renome da música sertaneja nacional se apresentaram na 26ª Cavalgada e Rodeio de Itambé do Mato Dentro. Com shows de Relber e Allan, Marcelinho de Lima e Ângelo e Angel (do The Voice Brasil 2013), o evento foi realizado entre os dias 19 e 22 de junho, no campo municipal.
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Jantar dançante Fotos: Cleiverton Castro
Tradicional evento beneficente organizado pela Loja Maçônica União e Paz, de Itabira, aconteceu no dia 13 de junho, no Real Campestre Clube, para arrecadar fundos para projetos sociais
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Jogos Sr. Botequim Fotos: Deise Mara Alcântara
O Brasil decepcionou na Copa, mas o Sr. Botequim, em João Monlevade, não. O estabelecimento ficou lotado em todos os dias de jogos da Seleção e recebeu muita gente bonita. Golaço!
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Cervejada Beer House Fotos: Yves Hermínio
A República DNA, da Unifei Itabira, organizou uma superfesta no dia 14 de junho, na casa de shows Don Báez. Bebida liberada e música boa com as bandas. Curva de Gauss, Uobá e Na Ideia.
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Arraía Don Báez / Jhessy e Leslie na Vegas Fotos: Yves Hermínio / Carolina Assis
As casas de shows Don Báez e Vegas Music Hall, sempre movimentam as noites de Itabira. No começo de julho não foi diferente. A Don Báez organizou um arraiá, com a presença do grupo Chama Chuva, no dia 4 de julho. No mesmo dia, a Vegas deu espaço para o sertanejo da dupla Jhessy e Leslie.
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Coquetel de lançamento da Expoita 2014 Fotos: Mariana Horta
Um coquetel no Espaço José Rita Barbosa marcou o lançamento da 32ª Expoita. Neste ano, o evento acontece entre 30 de julho e 3 de agosto e será novamente organizado pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). O camarote será o espaço diferenciado, com bebida liberada. No primeiro lote, os ingressos para o camarote custam entre R$ 50 e R$ 80. Para garantir o conforto e a qualidade dos serviços, eles serão limitados. Os pontos de venda são: Palácio Musical, Glutton Centro, lojas Cor & Tom e rede de drogarias Alcântara.
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Prosa
Oikós nomein
E Daniel de Castro Professor, escritor e poeta, formado em Teologia, Filosofia e Letras
profdanieldecastro@hotmail.com
“Habitamos uma terra com recursos finitos. Eles devem ser utilizados com inteligência, parcimônia e sabedoria”
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h...! Em Roma era pão e circo. Aqui é pão e fel. É só fel e pão. E foi com Fel e pão que chegamos à Copa dos 7x1, lembra-se? Mas, deixemos esse assunto no passado. Vamos tratar de coisa mais atual: oikós nomein. Oikós nomein é grego, sim. E daí? Só não gostaria que pensassem que com esse título eu queira exibir-me, mostrando que sei a língua do Aristóteles mais o Sócrates. Não sei. Mas é que acho muito importante conhecer a etimologia das palavras. Saber a origem delas é como saber sobre a família da nova namorada para, indiretamente, conhecer melhor a garota. Ultimamente, “economia”, a namorada, não sai do meu pensamento. Por isso fui procurar por oikós nomein na família de onde ela se originou, lá na Grécia. Quando comecei a interessar-me por economia, eu a conhecia muito pouco, pensava que ela era a arte de fechar a mão. De ser munheca de samambaia. E até concordava com o que algumas pessoas do meu tempo de adolescente diziam dela: “economia é a base da porcaria”. Mas quando conheci sua mãe, Dona Oikós Nomein, e ela contou mais sobre a filha economia, gamei de vez. Soube que seu nome é composto por “oikós” que significa casa e “nomein”, que significa norma, regra. Isso me esclareceu muito sobre a vida da filha de Dona Oikós. Fez-me conhecer toda a sua beleza. E Dona Oikós falou-me que os gregos sabiam mesmo das coisas. Viram que a casa, a oikós, não podia viver à revelia da ordem e da organização. Eles viram que ela precisava de uma “nomia”, de uma regra, para que a vaca não fosse pro brejo. Além disso, eles perceberam que além de morarem na pequena oikós, a casa deles, eles moravam também num bairro, numa vizinhança, na “para oikia”, como eles diziam. A “para oikia” era uma
“casa” com um significado mais amplo que o de sua humilde residência. Era a “paróquia”. Hoje essa palavra, “para oikia”, a paróquia, ficou restrita ao âmbito religioso. Mas nesse termo veio-nos embutida a noção de vizinhança, de cidade e de Estado. A “paraoikia”, é lógico, precisava muito da nomein, da regência, da normatização, da colocação de uma ordem. A “para oikia” era a cidade, o Estado que precisava ser organizado. A geração e administração dos recursos precisava, em fim, ser inteligentemente administrada. Precisava, e muito, de uma ciência chamada economia. A organização da grande casa. Essa noção do gerenciar a casa, expressa pelos gregos na palavra economia, é fundamental e indissoluvelmente ligada ao nosso ser e estar no mundo. Habitamos uma terra com recursos finitos. Eles devem ser utilizados com inteligência, parcimônia e sabedoria. Eles devem prover às necessidades de todos que vivem no presente e dos que ainda virão. Por isso, “economizar” carrega uma mensagem bem maior do que tornar-se munheca de samambaia. Economizar é organizar de tal maneira a geração e distribuição dos recursos de modo que eles não sejam desperdiçados e atendam às necessidades de todos. Hoje, quando vejo o empreendedorismo sendo ensinado na escola Dr. Costa, na pequena Santa Maria, quando vejo os alunos elaborarem planilhas de receitas e despesas, encho-me de alegria. Meninos da Dr. Costa, elaborem suas planilhas, ponham ordem na oikós de vocês. Mas, sobretudo, comecem a trabalhar na construção de uma economia solidária e democrática, onde todos possam participar da riqueza que todos produzem. Comecem, dos alicerces, a construir um país rico, um país sem pobreza. Um país, realmente parte de um mundo melhor. □
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Humor
Como explicar o fracasso de uma Copa do Mundo em casa Bom Cabrito faz coleta de informações para concluir sem resposta pelo histórico fracasso brasileiro
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or que a Seleção Brasileira não jogou futebol numa Copa do Mundo marcada para ocorrer no Brasil há sete anos? Por que os jogadores entraram despreparados para jogar com a Alemanha e tomaram uma super e “piedosa” (porque a Alemanha não quis marcar mais gols) goleada? Enfim, por que o “humilde” Felipão saiu de uma entrevista com o nome de senhor todo de pau (não somente cara de pau)? Veremos pelas explicações de alguns. Vamos e venhamos: * — Um dia é da caça, no outro o tiro falha! — Murtosa, puxa-saco do técnico, justificando a derrota brasileira na Copa do Mundo. Viram como esse auxiliar do Felipão é esperto?
— “Nem que eu tivesse dois ‘pulmão’ eu alcançava essa bola.” — Fred, reclamando de um passe longo feito pelo Júlio César bem lá de trás.
— “Vou falar aqui o que faltou na Seleção, como já disse o Felipe: faltou o Pato, que é um bicho aquático e gramático”. — Murtosa, eterno auxiliar de Scolari.
— “Se o Brasil não estiver preparado para a Copa do Mundo de 2014, eu atravesso o oceano a nado. E se o meu país não for campeão, quero que me enforquem no Maracanã”. — Luiz Inácio Lula da Silva, em 2007, na Inglaterra, quando acertou a realização dos jogos no Brasil. Alguém o alertou: “Cuidado com os tubarões porque o senhor nem será enforcado”.
— “Fizemos tudo certinho: ganhamos todos os jogos e perdemos somente para a Alemanha. Para esclarecer isso, chamo o meu amigo e assessor Parreira para ler a carta de Dona Lúcia, uma torcedora sincera”. — Luiz Felipe Scolari, em entrevista coletiva na Granja Comary. Obs.: @DonaLucia era um perfil falso criado no Twitter... kkkkkkkkk □
* — O que sabemos de futebol e política é uma gota. O que ignoramos, um oceano. Exemplo: Felipão preparou o time errado para o Mundial, o junta-junta dele nada jogou e ele garante que fez certo. O pior, que faria tudo de novo. — Comentário de um dirigente da Seleção da Alemanha, analisando friamente os resultados dos jogos. — A Copa do Mundo é como o sexo na vida dos ingleses: acontece de quatro em quatro anos e o resultado nem sempre é satisfatório. — Até que enfim um jornaleco da Argentina acertou um comentário sobre os ingleses que, mais uma vez, fizeram feio num torneio internacional. JULHO, 2014 defatoonline.com.br
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Opinião
Desafios para universalização do saneamento básico no Brasil
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Uende Gomes Uende Aparecida Figueiredo Gomes é doutora em Engenharia Ambiental e professora no campus de Itabira da Universidade Federal de Itajubá (Unifei). Possui especialidade em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos e venceu em 2011 o prêmio Jovem Cientista.
uende@unifei.edu.br
“Enquanto engenheiros, técnicos, gestores e outros atores batem cabeça tentando resolver de forma independente problemas que englobam diversas dimensões, permanecemos com o gosto amargo da incompetência”
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o Brasil, a Lei 11.445/2007, que institui a política federal e as diretrizes para a área de saneamento no país, define o saneamento básico como um conjunto de quatro componentes: abastecimento de água; esgotamento sanitário; manejo de resíduos sólidos; e drenagem de águas pluviais urbanas. Embora essencial para a população, o quadro de acesso aos serviços de saneamento no Brasil é bastante precário. Segundo o Plano Nacional de Saneamento Básico, concluído em 2011, somente 30% da população brasileira tem acesso adequado ao esgotamento sanitário, 50% aos serviços de resíduos sólidos e 70% ao abastecimento de água. No caso da drenagem de águas pluviais sequer temos dados, ainda que a população brasileira esteja frequentemente exposta a desastres das chuvas. Evidentemente, os míseros 30% de acesso adequado aos serviços de esgotamento sanitário contrastam com a informação de que somos a sétima maior economia do mundo. Países como Canadá, Estados Unidos, França e Alemanha universalizaram o acesso a esses serviços na metade do século passado. Superar o déficit brasileiro é um grande desafio, ainda que a área esteja vivendo um momento auspicioso, com reabertura das linhas de créditos federais, promulgação da Lei 11.445/2007 e elaboração do plano nacional. No entanto, no âmbito dos municípios, a materialização das ações, em qualidade e quantidade, tem sido um objetivo muitas vezes inalcançável. E essa incapacidade pode ser explicada pelas matrizes financeira, técnica e das políticas públicas. Os recursos têm sido disponibilizados, especialmente pelo Ministério das Cidades e Fundação Nacional de Saúde (Funasa), mas os municípios não conseguem ter acesso por causa da incapacidade de elaborar os projetos.
Em alguns casos, ações são delegadas a consultorias privadas que muitas vezes atuam sem nenhum tipo de acompanhamento. Não raro apresentam produtos sem qualidade técnica, soluções mágicas e promessas de resolver problemas complexos de forma inconsistente. Assim, os recursos públicos são investidos inadequadamente e irresponsavelmente, sem resolver os problemas da população. Na área de saneamento básico, a participação social tem sido vista como um conjunto de medidas a partir das quais se envolvem as comunidades para potencializar as ações. O fomento à auto-organização e autodeterminação não é priorizado. Com isso, as ações tornam-se técnicas e distantes da realidade da população. Quer uma prova? Pergunte ao primeiro adulto que encontrar o que é saneamento básico. Dificilmente alguém precisará os quatro serviços. É importante compreendermos também o conceito da intersetorialidade: reunir dentro do processo as áreas da educação, da saúde, do urbanismo, ambiental e outras. E se o tema fosse discutido nas salas de aula? Se o médico reconhecesse que a maior parte da diarreia no país não é um problema sorológico, mas de salubridade ambiental? Se proibíssemos o lançamento de esgotos em corpos d’água, se preparássemos nossas urbes antes de ocupá-las? Infelizmente, a realidade não é feita de “se”. E enquanto engenheiros, técnicos, gestores e outros atores batem cabeça tentando resolver de forma independente problemas que englobam diversas dimensões, permanecemos com o gosto amargo da incompetência. E o nosso povo exposto a uma bicharada cruel que, conforme observado por Monteiro Lobato, nos deixam papudos, molengas e inertes como o Jeca Tatu. Temos culpa disso? Claro que não. □