Catálogo A Potência do Objeto

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O artesanato do Brasil é reconhecido por sua diversidade e criatividade. Os produtos são como um espelho das identidades locais e revelam o imaginário nacional, através da criação de objetos lúdicos, estéticos e funcionais, que representam a alma e a formação cultural do brasileiro. Por entender a importância deste segmento, há 40 anos, o SEBRAE tem desenvolvido ações para estimular a criação, a produção e a comercialização do artesanato, em âmbito nacional e internacional. Uma dessas ações foi a criação do prêmio TOP 100 Artesanato, valorizando os processos de gestão das diferentes oficinas de produção artesanal no país, e desenvolveu o projeto Brasil Original, uma estratégia de comercialização do artesanato no período dos grandes eventos. Para integrar todas as iniciativas de desenvolvimento do artesanato do SISTEMA SEBRAE, tendo como foco a inovação, a constante qualificação das peças e a valorização cultural e comercial do produto artesanal, o SEBRAE apresenta o Centro de Referência do Artesanato Brasileiro.



Um novo lugar para o Artesanato Brasileiro O Centro de Referência do Artesanato Brasileiro será o espaço da criatividade, vista através do artesanato, e buscará a conexão e o diálogo com outros segmentos da economia criativa, como o design, as artes visuais, a arquitetura, a arte e a cultura popular. O Centro de Referência também terá espaços de exposições, loja, midiateca, oficinas, organizará shows e promoverá encontros que irão ampliar as relações do artesanato com a economia criativa. Um lugar de alta atratividade estética, tecnológica e de conhecimento, que motivará a visitação dos habitantes da cidade e dos turistas, nos seus mais diversos perfis.

O artesanato ao alcance de todos Na Praça Tiradentes O Centro de Referência do Artesanato Brasileiro será um lugar contemporâneo, em permanente troca com os demais equipamentos criativos da Praça Tiradentes, e manterá ativa conexão com os agentes do artesanato e o público em geral. Será ainda um espaço inovador, que funcionará como uma grande vitrine da produção e da comercialização do produto artesanal de todo o país. Na internet Através da rede, o Centro de Referência do Artesanato Brasileiro se comunicará com o Brasil e com o mundo por meio de uma plataforma digital para conexão, capacitação, divulgação e promoção de negócios e-commerce. No mundo O Centro de Referência do Artesanato Brasileiro, além de estabelecer espaços físicos e virtuais, deverá ser consolidado como uma estação disseminadora de conhecimentos e formadora de opinião.

conjunto histÓRICO

O processo de implantação do Centro de Referência do Artesanato Brasileiro passa pela restauração, adequação e unificação das edificações históricas de n° 67, 69 e 71 situadas na Praça Tiradentes. O prédio de n° 67, o Solar Visconde do Rio Seco, tombado pelo IPHAN e pelo INEPAC, foi construído em fins do século XVIII como residência nobre. Posteriormente, foi sede da Secretaria de Justiça e Negócios do Interior, no Segundo Império, e do Ministério da Justiça, após a Proclamação da República. O prédio de n°69 é integrante da Zona Especial do Corredor Cultural do Rio de Janeiro. Pelas condições da localização e do modelo arquitetônico, forma um corredor entre os dois prédios, favorecendo a integração das edificações e a circulação dos visitantes do CRAB. O prédio n° 71, já ocupado pelo SEBRAE e reformado pela Prefeitura em 2003, será adaptado para receber importantes atividades de capacitação, gestão e gastronomia. As três edificações, articuladas, permitirão o desenvolvimento integrado das atividades inovadoras de requalificação e reposicionamento do artesanato brasileiro no CRAB.



A exposição, instalada em meio à obra de restauro e readequação do Solar Visconde do Rio Seco, reúne peças de artistas populares e artesãos de várias regiões do país. A situação do provisório e construtivo inspira o design da expografia através do uso do ferro, em diálogo com a iluminação e a música. As instalações apresentam objetos que, utilizados em escala, potencializam sua importância. O agrupamento das peças provoca o olhar atento na medida em que objetos aparentemente iguais são diferentes entre si. São sete conjuntos de peças escolhidos a partir de seus mestres, história e cultura, feitas em barro, madeira, fibras vegetais e tecidos. Os objetos representam, também, um pouco do que será o Centro de Referência do Artesanato Brasileiro em um futuro próximo, ou seja, um lugar marcado pela diversidade de procedências geográficas e territórios, de matérias-primas e suas técnicas e de expressões e linguagens diferentes de mestres e artesãos. A partir das instalações das peças, o visitante fará uma viagem pelas regiões do Brasil de modo lúdico, sem uma ordem geográfica. A exposição propõe ao visitante um percurso que começa com uma homenagem ao mestre Nuca, de Pernambuco, e seus leões de Tracunhaém. Provoca um mergulho no universo feminino, pela visão sensorial das rendas e bordados do Brasil e das bonecas da Zezinha, mestre artesã do Vale do Jequitinhonha (MG). A caminhada no labirinto de 200 cabeças da Irinéia sugere a passagem pelo país áspero e misterioso da imaginação dessa mulher guerreira, moradora da comunidade quilombola da União dos Palmares, em Alagoas. A planície de flores secas, do grupo Flor do Cerrado Design e Artesanato, de Samambaia (DF), leva à floresta flutuante de 700 Varinhas da Conquista, feitas por famílias da Ilha do Marajó (PA). A travessia dessa floresta descortina as luzes da cidade, através das luminárias de lã de ovelhas criadas pela Associação de Artesãos Ladrilã – núcleo Pedras Altas (RS). A partir desse ponto luminoso, o percurso recomeça, instigando o visitante a ver tudo de novo, com outro olhar, até o reencontro com os eternos leões do mestre Nuca.


leões de tracunhaém Nuca e Marcos de Nuca Tracunhaém, PE barro cozido Figuras totêmicas, assírias, enigmáticas, assim são os leões do Mestre Nuca. Manoel Borges da Silva nasceu em Nazaré da Mata, em Pernambuco, mas cresceu em Tracunhaém. E foi nesta cidade – em que “o barro ou vira santo, ou vira panela” – que aprendeu, ainda menino, a trabalhar com a argila. Um dia, trabalhando por encomenda, fez surgir do barro um leão. A primeira inspiração foram os de louça portuguesa dos casarões do Recife Antigo. Mas os Leões de Tracunhaém

trazem nas suas jubas encaracoladas um imaginário complexo, uma colagem de memórias absorvidas não se sabe como. Os pequenos caracóis, moldados um a um, foram ideia de sua mulher e parceira Maria. Mestre Nuca, que em 2005 recebeu o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, morreu em fevereiro de 2014. Nesta sala, seus leões encontram a companhia dos de seu filho Marcos Borges da Silva, que, dessa maneira, imortaliza e dá sequência à obra do pai e mestre.


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Rendas Tramando fios, as mulheres revelam suas histórias e força a partir deste fazer tão delicado. Trazido pelos europeus a partir do século XVIII, este artesanato se espalhou pelo Brasil como expressão da nossa habilidade e talento. São variadas as técnicas das rendeiras: de bilro, filé, irlandesa, turca, tenerife, frivolité, renascença... Em cada lugar, elas foram se

modificando, ganhando novos pontos e tramas e também um sotaque regional. As variações vão desde o material utilizado pela artesã e a matéria-prima da linha até como ela é tramada e as inspirações para os motivos da renda. Um saber passado de mãe para filha, que exige habilidade manual e é carregado de riqueza estética.


Dinoélia Santos Trindade da RENDAVAN – Associação das Rendeiras de Dias D’Ávila Dias D’Ávila, BA renda de bilro 2 Maria da Gloria Viana Soares Florianópolis, SC renda de bilro 3 Instituto do Bordado Filé Região das Lagoas Mundaú e Manguaba (Marechal Deodoro, Maceió, Santa Luzia do Norte e Coqueiro Seco), AL renda filé: pontos Jasmim, cirzido e rosa de oito 4 Elizabeth Raimundo dos Santos Divina Pastora, SE renda irlandesa 5 Maria Helena Silva do Nascimento Teresina, PI renda frivolité 6 Marilene Alair da Silva Sabará, MG renda turca 7 Maria Aparecida Maciel do Nascimento Pesqueira, PE renda renascença 8 Elizabeth Horta Correa Atibaia, SP renda tenerife 1

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bordados As bordadeiras são mulheres que contam memórias com linha. Um fazer milenar, que remonta a antigas civilizações. A história do bordado e da indumentária sempre caminharam lado a lado. Os bordados brasileiros são herança dos imigrantes que povoaram o Brasil. Assim como na renda, existem variadas técnicas e estilos: crivo, redendê, boa noite,

richilieu e o tradicional. Os motivos vão se modificando com o passar do tempo, mas cada bordado, de certa forma, carrega a identidade de toda uma comunidade, um pouco do seu passado e – também – um pouco do seu futuro. Quanto mais se desenvolve o maquinário do bordado industrial mais se valoriza um bordado feito à mão.


Rute da Silva Costa e Maria da Silva Governador Celso Ramos, SC bordado crivo 2 Cooperativa Art-Ilha Pão de Açúcar, AL bordado boa noite Maria José da Silva Aracaju, SE bordado redendê 4 Grupo Bordadeiras de Santa Cruz Aracruz e Santa Cruz, ES bordado tradicional 5 Associação Barralonguense das Bordadeiras e Artesãos Barra Longa, MG bordado tradicional 6 Eponina Sanches Porciúncula, RJ bordado livre 7 Salmira de Araujo Torres Clemente da Associação das Bordadeiras de Timbaúba dos Batistas Timbaúba dos Batistas, RN bordado richilieu 8 Grupo de Bordados Fio Mágico de Werneck Paraíba do Sul, RJ bordado livre 1 3

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bonecas de ZEZINHA Maria José Gomes da Silva Turmalina, MG modelagem e queima de barro Noivas, mães com seus filhos, moças em suas tarefas domésticas. Mulheres idealizadas em suas perfeições estáticas, impecáveis, manifestando o desejo de pureza, integridade e elegância popular. Elas são as bonecas de barro de Zezinha, entre as mais conhecidas cerâmicas do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Maria José Gomes da Silva, a Zezinha,

aprendeu a modelar o barro com seus pais, também ceramistas. Suas bonecas têm um olhar de enigma e, ao longo do tempo, foram ficando ainda mais sofisticadas, com ricos vestidos cheios de detalhes e pequenos adereços. Pura feminilidade pintada com barro rosa claro e branco, e com pigmentos de minérios da região que são aplicados antes da queima no forno a lenha.


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Cabeças de irinéia Irinéia Rosa Nunes da Silva União dos Palmares, AL cerâmica Foi na comunidade quilombola do Muquém, em Alagoas, que Irinéia Rosa Nunes da Silva começou a modelar o barro. A partir de suas mãos, surgiram figuras humanas, animais e cabeças. Nossas cabeças se juntam às dela, compondo uma verdadeira colagem involuntária em movimento. Quem vê de fora descobre essa potência e identidade. O trabalho sempre é feito com o marido, Antônio Nunes. É ele quem retira o barro

das margens do rio Mundaú e pisa na argila até amaciá-la. É então que Irinéia molda as cabeças, que depois irão para os fornos artesanais. O talento do casal é reconhecido no mundo. A artesã já foi indicada ao Prêmio Unesco de Artesanato para a América Latina e o Caribe em 2004 e faz parte do registro do Patrimônio Vivo de Alagoas. As “Cabeças de Irinéia” fazem parte de diversas coleções de arte.


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flores do Cerrado Flor do Cerrado Design e Artesanato Samambaia, DF esqueletização de folhas do cerrado e fibras Pelas mãos dos artesãos, folhas se transformam em flores, tão delicadas que parecem rendas. Um trabalho poético que nos remete às profundezas dessa região e que soube extrair do clima seco e áspero uma maravilha. A matéria-prima: a natureza. As folhas do cerrado – com a folha-moeda – passam pela esqueletização – um processo de secagem –

e são misturadas com pequenas hastes e sementes: assim nascem as flores. Em tons áridos ou coloridas com urucum, açafrão e casca de caju, essas flores representam a criatividade empreendedora vital para a economia da região, e se espalham em “jardins” de Brasília, nas bancas dos artesãos da Catedral e da Feira da Torre de TV.


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varinhas da conquista Edicinamar Rocha Soure, PA madeira talhada Dê de presente a alguém que você ama essa varinha e conquistará para sempre o seu coração. Vem da ilha de Marajó a tradição das Varinhas da Conquista, ou as Varinhas do Amor. São obras esculpidas em finos galhos de árvores que se inspiram em códigos e padrões gráficos Marajoaras, produzindo objetos simples e carregados de afetos ancestrais

que nos protegem das incertezas da vida. Para que o encanto funcione, apenas as mulheres podem “bordar” as madeiras de Santa Clara, Tapiririca, Morototó. Quando a lâmina retira a casca, surgem os desenhos – carregados de histórias e significados. Uma tradição passada de mãe para filha que aos poucos desaparece, deixando o mundo menos encantado.


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luminárias Ladrilã Associação de Artesãos Ladrilã – núcleo Pedras Altas Pedras Altas, RS feltragem de lã de ovelha O encontro da lã com a luz cria uma atmosfera acolhedora. As Anêmonas de Luz surpreendem pelos formatos e texturas, e são criadas pelo grupo Ladrilã, composto de artesãos das cidades de Pedras Altas e Pelotas. Eles sempre trabalharam com a lã das ovelhas, que são tosqueadas no início do verão,

mas foi a partir da interação com designers que começaram a desenvolver objetos mais contemporâneos. Com Tina Moura e Lui Lo Pumo desenvolveram as surpreendentes luminárias que foram premiadas em 2011 na 25ª edição do Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira, em São Paulo.


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ENGLISH Brazilian craft is known by its diversity and creativity. The products reflects the local identities and reveal the national imagination, through the creation of fun, aesthetic and functional objects that represent the soul and the cultural formation of the Brazilian people.

WORLDWIDE The Centro de Referência do Artesanato Brasileiro, in addition to the physical and virtual spaces, shall be established as a place for dissemination of knowledge and as an opinion builder.

Aware of the importance of this segment, for 40 years SEBRAE has developed actions to stimulate the creation, production and commercialization of crafts, both nationally and internationally. It created the TOP 100 Artesanato awards, appraising the management processes of the various crafts production shops in the country, and has developed the Brasil Original project as a strategy to commercialize the craftwork during large events.

HISTORICAL SET

In order to interact with all development initiatives for crafts of the SEBRAE SYSTEM, focused on innovation, in the constant qualification of the pieces, cultural and commercial appraisal of the craft product, SEBRAE presents the Centro de Referência do Artesanato Brasileiro. SEBRAE

Centro de Referência do Artesanato Brasileiro A NEW PLACE FOR BRAZILIAN HANDICRAFT The Centro de Referência do Artesanato Brasileiro will be the space for creativity, seen through crafts, will pursue the connection and dialogue with other sectors of the creative economy, such as design, visual arts, architecture, arts and popular culture. The Reference Center will also have exhibition spaces, store, media library, workshops, shows and will promote meetings that will broaden the relationships of the crafts with the creative economy. A place with high aesthetics, technology and knowledge attractiveness, that will motivate the visitation of the city residents and tourists, under various profiles. CRAFTS FOR EVERYONE TIRADENTES SQUARE The Centro de Referência do Artesanato Brasileiro will be a contemporary place in permanent exchange with the other creative equipment of Tiradentes Square and will be actively connected to the crafts agents and the public in general. It will also be an innovative space that will work as a large window of the production and commercialization of the crafs from the entire country. INTERNET Through the web, the Centro de Referência do Artesanato Brasileiro will communicate with Brazil and worldwide through a digital platform for connection, qualification, advertising and promotion of e-commerce businesses.

The implementation process of the Centro de Referência do Artesanato Brasileiro starts with the restoration, adaptation and unification of the historical buildings no 67, 69 and 71 in Tiradentes Square. Building no 67, Solar Visconde do Rio Seco, registered as historic site by IPHAN and INEPAC, was built in the end of the 18th Century as a noble residence. Subsequently, it was the main office of the Department of Justice and Interior Affairs, in the Second Empire, and of the Ministry of Justice after the Proclamation of the Republic. Building no 69 integrates the Special Zone of Cultural Corridor of Rio de Janeiro and, due to the location and architecture model forms a corridor between the two buildings, favoring their integration and the movement of visitors of CRAB. Building no 71, already occupied by SEBRAE, and restored by the City Office in 2003, will be adapted to host important activities of qualification, management and gastronomy. The three buildings combined will enable the integrated development of innovative activities for requalification and repositioning of the Brazilian crafts through CRAB.

THE POWER OF THE OBJECT The exhibition, installed amidst the restoration and adaptation works in Solar Visconde do Rio Seco, gathers pieces of popular artists and craftsmen from various regions of the country. The temporary and constructive situation inspires the exhibition designs by using iron, in connection with lighting and music. Installations present objects which, used in scale, potentialize their importance. The gathering of the pieces provokes the viewers since apparently similar objects are different from each other. There are seven sets of works chosen from their masters, history and culture, made of clay, wood, vegetal fibers and fabrics. The objects also represent a bit of what the Centro de Referência do Artesanato Brasileiro will be in the near future, that is, a place marked by the diversity of geographic background and territory, raw materials and techniques, expressions and languages from different masters and craftsmen. From the installation, the visitor will take a playful journey through the Brazilian regions, out of geographic order. The


exhibition proposes to the visitors a route that starts with a tribute to master Nuca of Pernambuco and his Leões de Tracunhaém (Tracunhaém Lions). The visitor will dive into the feminine universe through the sensorial vision of Brazilian lace and embroideries and Bonecas de Zezinha (Zezinha’s dolls), crafts master from Vale do Jequitinhonha. Walking through the labirynth of 200 cabeças de Irinéia (heads of Irinéia) suggests a passage through the rough and misterious country of the imagination of this warrior woman, resident of the quilombola community of União dos Palmares, in Alagoas. The plain made of dried flowers, from the group Flor do Cerrado Design e Artesanato, from Samambaia, DF, takes the visitor to the floating forest of 700 Varinhas da Conquista (Wands of Conquest), made by families of Marajó Island. The journey through this forest unrevels the city lights, through the lamps made of sheep wool created by the Associação de Artesãos Ladrilã – núcleo Pedras Altas. From this luminous point, the path restarts, inciting the visitor to see it all again, with a new look, meeting the lions of master Nuca one more time. _ Leões de TRACUNHAÉM (TRACUNHAÉM LIONS) Nuca and Marcos de Nuca Tracunhaém, PE baked clay Totemic, Assyrian, enigmatic figures, these are the lions of master Nuca. Manoel Borges da Silva was born in Nazaré da Mata, in Pernambuco, but grew up in Tracunhaém. It was in this city – where “the clay wither becomes a saint or turns into pan” – that he learned, as a young boy, to work with clay. One day, working under contract, turned the clay into a lion. The first inspiration was of Portuguese dishes from the mansions of old Recife. But the Lions of Tracunhaém bring in their curly manes a complex imaginary, a collage of memories absorbed somehow. The small snails, molded one by one, were an idea of his wife and partner Maria. Mestre Nuca, who in 2005 received the title of Living Heritage of Pernambuco, died in February 2014. In this room, his lions find the company of his son Marcos Borges da Silva, who thus immortalizes and follows the work of the father and master. rendas (LACES) 1 Dinoélia Santos Trindade da RENDAVAN – Associação das Rendeiras de Dias D’Ávila Dias D’Ávila, BA renda de bilro (bobbin lace) 2 Maria da Gloria Viana Soares Florianópolis, SC renda de bilro (bobbin lace) 3 Instituto do Bordado Filé Região das Lagoas Mundaú e Manguaba (Marechal Deodoro, Maceió, Santa Luzia do Norte e Coqueiro Seco), AL renda filé

(filé lace): pontos jasmim, cirzido e rosa de oito 4 Elizabeth Raimundo dos Santos Divina Pastora, SE renda irlandesa (irish lace) 5 Maria Helena Silva do Nascimento Teresina, PI renda frivolité (frivolité lace) 6 Marilene Alair da Silva Sabará, MG renda turca (turkish lace) 7 Maria Aparecida Maciel do Nascimento Pesqueira, PE renda renascença (renaissance lace) 8 Elizabeth Horta Correa Atibaia, SP renda tenerife (tenerife lace) Weaving threads, women reveal their stories and strenght from such delicate doing. Brought by Europeans from the 18th century, this handicraft spread throughout Brazil as an expression of our ability and talent. The lace maker’s techniques are many: bilro (bobbin), filé, irlandesa (Irish), frivolité, turca (Turkish), renascença (renaissance), Tenerife... In each place they have changed, getting new stitching and weaves and also a local accent. There are variations from material used by the artisan and the raw material of the sewing thread as to how it is woven and the inspirations of the lace. Knowledge passed through generations, which demands manual skills and is full of aesthetic wealth. bordados (EMBROIDERY) 1 Rute da Silva Costa e Maria da Silva Governador Celso Ramos, SC bordado crivo (sieve embroidery) 2 Cooperativa Art-Ilha Pão de Açúcar, AL bordado boa noite (good-night embroidery) 3 Maria José da Silva Aracaju, SE bordado redendê (redendê embroidery) 4 Grupo Bordadeiras de Santa Cruz Aracruz e Santa Cruz, ES bordado tradicional (traditional embroidery) 5 Associação Barralonguense das Bordadeiras e Artesãos Barra Longa, MG bordado tradicional (traditional embroidery) 6 Eponina Sanches Porciúncula, RJ bordado livre (free embroidery) 7 Salmira de Araujo Torres Clemente da Associação das Bordadeiras de Timbaúba dos Batistas Timbaúba dos Batistas, RN bordado richilieu (richilieu embroidery) 8 Grupo de Bordados Fio Mágico de Werneck Paraíba do Sul, RJ bordado livre (free embroidery) The embroiderers are women who tell memories through sewing threads. A millennial work that dates back to old civilizations. Embroidery’s and clothing’s histories always walked side by side. The Brazilian embroidery is a heritage from the immigrants who settled in Brazil. Just like the laces, the techniques and styles vary: crivo (sieve), boa noite (good-night), redendê, richilieu and traditional. The reasons change as time goes by, but each embroider, in a way, carries the identity of a whole community, a little of its past and – also – a little of its future. The more the industrial embroidery machine improves, the more handmade embroidery is appreciated. 22 | 23


BONECAS DE ZEZINHA (ZEZINHA’S DOLLS) Maria José Gomes da Silva Turmalina, MG clay modeling and burning

VArinhas da conquista (WANDS OF CONQUEST) Edicinamar Rocha Soure, PA carved wood

Brides, mothers with their children, women in their household chores. Women idealized in their static perfections, impeccable, expressing the desire for purity, integrity and popular elegance. They are the clay dolls of Zezinha, among the best known ceramic from Vale do Jequitinhonha, in Minas Gerais. Maria José Gomes da Silva, Zezinha, learned to shape the clay with her parents, also potters. Her dolls have an enigmatic look and over time were becoming even more sophisticated, with rich dresses full of details and small props. Pure femininity painted with light pink and white clay, with mineral pigments from the region which are applied before burning in the wood-fired oven.

Give as a gift to someone you love this wand and you will conquer their heart forever. The tradition of the Varinhas da Conquista, or Wands of Love, comes from the Marajo island. They are works carved in thin tree branches inspired in Marajoara codes and graphic patterns, producing simple objects and loads of ancestors’ affections which protect us from the uncertainties of life. For the charm to work, only women can “stitch” the woods of Santa Clara, Tapiririca, Morototó. When the blade removes the bark, the drawings appear – full of stories and meanings. A tradition passed down from mother to daughter which gradually disappears, leaving the world less charming.

CABEÇAS DE IRINÉIA (heads of irinéia) Irinéia Rosa Nunes da Silva União dos Palmares, AL ceramics

LUMINÁrias LADRILÃ (LADRILÃ LAMPS) Associação de Artesãos Ladrilã – núcleo Pedras Altas Pedras Altas, RS felting of sheep’s wool

It was in the quilombola community of Muquém, in Alagoas, where Irinéia Rosa Nunes da Silva began modeling clay. From her hands, human figures, animals and heads appeared. Our heads join hers composing a true involuntary collage in motion. People who look from outside discover that power and identity. A work she has always done with her husband Antônio Nunes. He’s the one who removes the clay from the banks of Mundaú River and steps on it to soften. Then, Irinéia casts the heads, which will then go to the artisan ovens. The couple’s talent is recognized throughout the world. She has been nominated for the Unesco Award of Handicraft for Latin America and the Caribbean in 2004, and is part of the Living Heritage registry of Alagoas. The “Cabeças de Irinéia” are part of various art collections.

The encounter of wool with light creates a cozy atmosphere. The Anemones of Light fascinates by the shapes and textures that are created by the Ladrilã group, composed of artisans from the cities of Pelotas and Pedras Altas. They have always worked with the wool of the sheep, which are shorn in early summer, but it was from the interaction with designers that they began to develop more contemporary objects. With Tina Moura and Lui Lo Pumo, they developed the amazing light fixtures that were awarded in 2011 at the 25th edition of the Design Award of the Museu da Casa Brasileira in São Paulo.

FLORES DO CERRADO (CERRADO FLOWERS) Flor do Cerrado Design e Artesanato Samambaia, DF skeletonization of cerrado and fiber leaves In the hands of artisans, leaves turn into flowers so delicate that they look like lace. A poetic work that brings us deep into this region and that knows how to extract such wonder from a harsh and dry climate. The raw material: the nature. The cerrado leaves – with the chamaecrista orbiculata – pass through skeletonization – a drying process – and are mixed with small stems seeds: thus, flowers are born. In arid or colored tones with annatto, turmeric and cashew bark, these flowers represent the entrepreneurial creativity vital to the region’s economy and that spread through the “gardens” of Brasília, in the stands of the craftsmen of the Cathedral and in the TV Tower Fair.

_ “The handicraft is among the earliest forms of human action on the environment and on itself. It is with his hands that he begins to build, in the natural world, his own world, and also starts to build and invent itself as a human being. This is because, oddly enough, he is not born human – he becomes human through work and intelligence. It can be said, therefore, without exaggerating, that the objects that man still produces with his hands are the restart of this discovery that he made of himself and of the world at the dawn of History.” Ferreira Gullar


ESPAÑOL La artesanía de Brasil es reconocida por su diversidad y creatividad. Los productos son un espejo de las identidades locales y revelan el imaginario nacional a través de la creación de objetos lúdicos, estéticos y funcionales que representan el alma y la formación cultural del brasileño. Considerando la importancia de este segmento, desde hace 40 años el SEBRAE desarrolla acciones para estimular la creación, la producción y la comercialización de la artesanía, en el ámbito nacional e internacional. Creó el premio TOP 100 Artesanato, valorizando los procesos de gestión de los diferentes talleres de producción artesanal en el país y desarrolló el proyecto Brasil Original, como una estrategia de comercialización de la artesanía en el período de los grandes eventos. Para integrar todas las iniciativas de desarrollo de artesanía del SISTEMA SEBRAE, teniendo como objetivo la innovación, la constante calificación de las piezas, la valorización cultural y comercial del producto artesanal, SEBRAE presenta el Centro de Referência do Artesanato Brasileiro. SEBRAE

CENTRO DE REFERêNCIA Do artesanato brasileiro UN NUEVO LUGAR PARA LA ARTESANÍA BRASILEÑA El Centro de Referência do Artesanato Brasileiro será el espacio de la creatividad, vista a través de la artesanía, y buscará la conexión y el diálogo con otros segmentos de la economía creativa como el diseño, las artes visuales, la arquitectura, el arte y la cultura popular. El Centro de Referencia también tendrá espacios de exposiciones, tienda, salas informatizadas, talleres, shows y promoverá encuentros que ampliarán las relaciones de la artesanía con la economía creativa. Un lugar de gran atractivo estético, tecnológico y de conocimiento que motivará la visita de los habitantes de la ciudad y de los turistas, en sus más diversos perfiles. LA ARTESANÍA AL ALCANCE DE TODOS EN LA PLAZA TIRADENTES El Centro de Referência do Artesanato Brasileiro será un lugar contemporáneo, en permanente intercambio con los demás equipos creativos de la plaza Tiradentes, y se mantendrá en activa conexión con los agentes de artesanías y el público en general. Será también un espacio innovador, que funcionará como una gran vidriera de la producción y de la comercialización del producto artesanal de todo el país. EN INTERNET A través de la red, el Centro de Referência do Artesanato Brasileiro se comunicará con Brasil y con el mundo, mediante una plataforma digital para la conexión, capacitación, difusión y promoción de negocios e-commerce.

EN EL MUNDO El Centro de Referência do Artesanato Brasileiro, además de los espacios físicos y virtuales, deberá consolidarse como una estación de diseminación de conocimientos y formadora de opinión. CONJUNTO HISTÓRICO El proceso de implantación del Centro de Referência do Artesanato Brasileiro pasa por la restauración, adecuación y unificación de las edificaciones históricas n° 67, 69 y 71 en la Praça Tiradentes. El edificio n° 67, el Solar Visconde do Rio Seco, declarado patrimonio por el IPHAN y por el INEPAC, fue construido a fines del siglo XVIII como una residencia noble. Posteriormente fue sede de la Secretaría de Justicia y Negocios del Interior, en el Segundo Imperio, y del Ministerio de Justicia, después de la Proclamación de la República. El edificio n° 69 integra la Zona Especial del Corredor Cultural de Río de Janeiro y, por las condiciones de localización y del modelo arquitectónico, forma un corredor entre los dos edificios, favoreciendo la integración de las edificaciones y la circulación de los visitantes del CRAB. El edificio n° 71 ya ocupado por el SEBRAE y reformado por la Municipalidad en 2003, será adaptado para recibir importantes actividades de capacitación, gestión y gastronomía. Las tres edificaciones, articuladas, permitirán el desarrollo integrado de las actividades innovadoras de recalificación y reposicionamiento de la artesanía brasileña en el CRAB.

LA POTENCIA DEL OBJETO La exposición, instalada en medio de la obra de restauración y readecuación del Solar Visconde do Rio Seco, reúne piezas de artistas populares y artesanos de varias regiones del país. Lo provisorio y lo constructivo inspira el diseño de la expografía a través del uso del hierro, en diálogo con la iluminación y con la música. Las instalaciones presentan objetos que, utilizados en escala, potencian su importancia. El agrupamiento de las piezas provoca una mirada atenta, a medida que los objetos aparentemente iguales se diferencian entre sí. Son siete conjuntos de piezas escogidos a partir de sus maestros, historia y cultura, hechas en barro, madera, fibras vegetales y tejidos. Los objetos representan también un poco de lo que será el Centro de Referência do Artesanato Brasileiro en un futuro próximo, o sea, un lugar destacado por la diversidad de procedencias geográficas y territorios, de materias primas y sus técnicas y de expresiones y lenguajes diferentes de maestros y artesanos. 24 | 25


A partir de las instalaciones de las obras, el visitante realizará un viaje por las regiones de Brasil de modo lúdico, sin un orden geográfico. La exposición le propone al visitante un recorrido que comienza con un homenaje al maestro Nuca de Pernambuco y a sus leões de Tracunhaém (leones de Tracunhaém). Lleva al espectador a sumergirse en un universo femenino, a través de la visión sensorial de los encajes y bordados de Brasil y de las Bonecas de Zezinha (Muñecas de Zezinha), maestra artesana del Valle de Jequitinhonha (MG). La caminata por el laberinto de 200 cabeças de Irinéia (cabezas de Irinéia) sugiere el paso por el país áspero y misterioso proveniente de la imaginación de esa mujer guerrera, vecina de la comunidad quilombola de la União dos Palmares, en Alagoas. Ya la planicie de flores secas, del grupo Flor do Cerrado Design e Artesanato, de Samambaia, DF, nos lleva a la selva flotante de 700 Varinhas da Conquista (varitas de la Conquista), hechas por familias de la Ilha do Marajó. La travesía de esta selva le enciende las luces a la ciudad, por medio de lámparas de lana de oveja creadas por la Associação de artesãos Ladrilã – núcleo Pedras Altas (RS). A partir de ese punto luminoso, el recorrido recomienza estimulando al visitante a ver todo de nuevo, con otra mirada, hasta el reencuentro con los eternos leones del maestro Nuca. _ Leões de tracunhaém (LEONES DE TRACUNHAÉM) Nuca y Marcos de Nuca Tracunhaém, PE barro cocido Figuras totémicas, asirias, enigmáticas, así son los leones del Maestro Nuca. Manoel Borges da Silva nació en Nazaré da Mata, en Pernambuco, pero creció en Tracunhaém. Y fue en esta ciudad – en que “el barro o se transforma en santo o se transforma en olla” – que aprendió, cuando era solo un niño, a trabajar con la arcilla. Un día, trabajando por pedido, hizo surgir del barro un león. La primera inspiración fueron los de loza portuguesa de los caserones de Recife Antiguo. Pero los Leões de Tracunhaém traen en sus melenas rizadas una imaginación compleja, un collage de memorias absorbidas no se sabe cómo. Los pequeños rizos, moldeados uno por uno, fueron idea de su mujer y colaboradora Maria. El Maestro Nuca, que en el 2005 recibió el título de Patrimonio Vivo de Pernambuco, murió en febrero del 2014. En esta sala, sus leones encuentran la compañía de los de su hijo Marcos Borges da Silva, que de esa manera inmortaliza y le da continuidad a la obra del padre y maestro. rendas (ENCAJES) 1 Dinoélia Santos Trindade da RENDAVAN – Associação das Rendeiras de Dias D’Ávila Dias D’Ávila, BA renda de bilro (encaje de bolillos) 2 Maria da Gloria Viana Soares

Florianópolis, SC renda de bilro (encaje de bolillos) 3 Instituto do Bordado Filé Região das Lagoas Mundaú e Manguaba (Marechal Deodoro, Maceió, Santa Luzia do Norte e Coqueiro Seco), AL renda filé (filete de encaje): pontos jasmim, cirzido e rosa de oito 4 Elizabeth Raimundo dos Santos Divina Pastora, SE renda irlandesa (encaje irlandés) 5 Maria Helena Silva do Nascimento Teresina, PI renda frivolité (encaje frivolité) 6 Marilene Alair da Silva Sabará, MG renda turca (encaje turca) 7 Maria Aparecida Maciel do Nascimento Pesqueira, PE renda renascença (encaje renacimiento) 8 Elizabeth Horta Correa Atibaia, SP renda tenerife (encaje tenerife) Entrelazando hilos, las mujeres revelan sus historias y su fuerza a partir de esta tarea tan delicada. Traída por los europeos a partir del siglo XVIII, esta artesanía se esparció en Brasil como expresión de nuestra habilidad y talento. Las técnicas de los encajes son variadas: desde bilro (bolillos), filé (filete), irlandesa (irlandés), frivolité, turca, renascença (renacimiento), tenerife... En cada lugar, ellas se fueron modificando, originando nuevos puntos, formas e incluso un acento regional. Las variaciones van desde el material utilizado por la artesana, y la materia prima del hilo hasta la manera cómo es entrelazada y las inspiraciones para los temas del encaje. Un saber transmitido de madres a hijas, que exige habilidad manual y que está cargado de riqueza estética. BORDADOS 1 Rute da Silva Costa e Maria da Silva Governador Celso Ramos, SC bordado crivo 2 Cooperativa Art-Ilha Pão de Açúcar, AL bordado boa noite 3 Maria José da Silva Aracaju, SE bordado redendê 4 Grupo Bordadeiras de Santa Cruz Aracruz e Santa Cruz, ES bordado tradicional 5 Associação Barralonguense das Bordadeiras e Artesãos Barra Longa, MG bordado tradicional 6 Eponina Sanches Porciúncula, RJ bordado livre 7 Salmira de Araujo Torres Clemente da Associação das Bordadeiras de Timbaúba dos Batistas Timbaúba dos Batistas, RN bordado richilieu 8 Grupo de Bordados Fio Mágico de Werneck Paraíba do Sul, RJ bordado livre Las bordadoras son mujeres que cuentan sus historias a través del hilo. Una tarea milenaria, que se remonta a las antiguas civilizaciones. La historia del bordado y la de la indumentaria siempre caminaron lado a lado. Los bordados brasileños son herencia de los inmigrantes que poblaron Brasil. Así como en el encaje, existen variadas técnicas y estilos: crivo, boa noite, redendé, richelieu y el tradicional. Los temas se van modificando con el paso del tiempo pero cada bordado, de una cierta forma, carga con la identidad de toda una comunidad, un poco de su pasado y – también – un poco de su futuro. Cuanto más se desarrolla la maquinaria del bordado industrial, más se valoriza un bordado hecho a mano.


Bonecas de zezinha (MUÑECAS DE ZEZINHA) Maria José Gomes da Silva Turmalina, MG modelado y quema de barro

Varinhas da conquista (VARITAS DE LA CONQUISTA) Edicinamar Rocha Soure, PA madera talhada

Novias, madres con sus hijos, muchachas en sus tareas domésticas. Mujeres idealizadas en sus perfecciones estáticas, impecables, manifestando el deseo de pureza, integridad y elegancia popular.

Regálele esta varita a alguien a quien ama y conquistará para siempre su corazón. Viene de la isla de Marajó la tradición de las Varinhas da Conquista (Varitas de la Conquista), o las Varitas del Amor. Son obras esculpidas en finas ramas de árboles, se inspiran en códigos y estándares gráficos Marajoaras, produciendo objetos simples y cargados de afectos ancestrales que nos protegen de las incertidumbres de la vida. Para que el encanto funcione, apenas las mujeres pueden “bordar” las maderas de Santa Clara, Tapiririca, Morototó. Cuando la lámina retira la corteza, surgen los dibujos – cargados de historias y significados. Una tradición pasada de madre a hija que de a poco ha ido desapareciendo, dejando el mundo menos encantado.

Ellas son las muñecas de barro de Zezinha, entre las más conocidas cerámicas del Vale del Jequitinhonha, en Minas Gerais. Maria José Gomes da Silva, Zezinha, aprendió a modelar el barro con sus padres, también ceramistas. Sus muñecas tienen una mirada enigmática y a lo largo del tiempo se han vuelto aún más sofisticadas, con ricos vestidos llenos de detalles y pequeñas decoraciones. Femineidad pura, pintada con barro rosa claro y blanco y con pigmentos de minerales de la región que son aplicados antes de la quema en el horno a leña. Cabeças de irinéia (CABEZAS DE IRINéIA) Irinéia Rosa Nunes da Silva Unión de los Palmares, AL cerámica Fue en la comunidad quilombo del Muquém, en Alagoas, que Irinéia Rosa Nunes da Silva comenzó a modelar el barro. A partir de sus manos surgieron figuras humanas, animales y cabezas. Nuestras cabezas se juntan a las de ella componiendo un verdadero collage involuntario en movimiento. Quien lo ve desde afuera descubre esa potencia e identidad. Un trabajo siempre hecho con el marido António Nunes, quien retira el barro de las orillas del río Mundaú y pisa la arcilla hasta suavizarla. Entonces Irinéia moldea las cabezas, que después irán para los hornos artesanales. El talento de la pareja es reconocido en el mundo entero. La artesana ya fue nominada al Premio Unesco de Artesanía para América Latina y el Caribe en 2004 y forma parte del registro del Patrimonio Vivo de Alagoas. Las “Cabezas de Irinéia” forman parte de diversas colecciones de arte. flores do cerrado (FLORES DEL CERRADO) Flor do Cerrado Design e Artesanato Samambaia, DF esqueletización de hojas del cerrado y fibras De la mano de los artesanos, las hojas se transforman en flores, tan delicadas que parecen encajes. Un trabajo poético que nos lleva a las profundidades de esa región y que sabe extraer del clima seco y áspero una maravilla. La materia-prima: la naturaleza. Las hojas del cerrado – con la hoja-moneda – pasan por la esqueletización – un proceso de secado – y son mezcladas con pequeñas astas y semillas: así nacen las flores. De tonos áridos o muchos colores con urucú, azafrán y cáscara de caju, estas flores representan la creatividad emprendedora vital para la economía de la región y que se reflejan en “jardines” de Brasilia, en las bancas de los artesanos de la Catedral y de la Feria de la Torre de TV.

LUMINáRIAS LADRILÃ (lámparas Ladrilã) Associação de Artesãos Ladrilã – núcleo Pedras Altas Pedras Altas, RS fieltro de lana de oveja El encuentro de la lana con la luz crea una atmósfera acogedora. Las Anémonas de Luz sorprenden por los formatos y texturas y son creadas por el grupo Ladrilã, compuesto por artesanas de las ciudades de Pedras Altas y Pelotas. Ellas siempre han trabajado con la lana de oveja, esquiladas al inicio del verano. Sin embargo, a partir de la interacción con diseñadores que comenzaron a desarrollar objetos más contemporáneos. Con Tina Moura y Lui Lo Pumo desarrollaron las sorprendentes lámparas que fueron premiadas en el 2011 en la 25ª edición del Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira, en São Paulo. _ “La artesanía está entre las primeras formas de acción del hombre sobre el medio ambiente y sobre sí mismo. Con las manos que él comienza a construir, en el mundo natural, su propio mundo, y comienza también a construirse y a inventarse como ser humano. Eso porque, por increíble que parezca, él no nace humano – él se torna humano, por el trabajo y por la inteligencia. Se puede decir, por tanto, sin exageración, que los objetos que hasta hoy el hombre produce con las manos son el recomienzo de ese descubrimiento que él hizo de sí mismo y del mundo en el transcurso de la Historia.” Ferreira Gullar

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A Potência do objeto

www.artesanatobrasileiro.art.br

maio a julho 2014 / MAYO A JULIO 2014 / MAY TO JULY 2014

Realização

Concepção

Implementation / Realización

Conception / Concepción

Presidente do Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae

Coordenação de curadoria e Projeto Expográfico

Exposição Exhibition / ExposiciÓn

President of the National Advisory Board of SEBRAE / Presidente del Consejo Deliberativo Nacional del SEBRAE

Coordination of curatorship and Exhibition / Coordinación de curaduría y Proyecto Expográfico

Iluminação Lighting / Iluminación B Light

SEBRAE

Roberto Simões

Diretor-Presidente Chief Executive Officer / Director Presidente

Luiz Barretto

Diretor Técnico

Grupo do Rio

Jair de Souza

Direção executiva Executive Committee / Dirección executiva

Marisa Manfredini Consultoria

Consultancy / Consultoría

Technical Officer / Director Técnico

José Alberto Nemer Adélia Borges

Diretor de Administração e Finanças

Coordenação de conteúdo Content coordination / Coordinación de contenido Liliana Magalhães

Carlos Alberto dos Santos

Administration and Finance Officer / Director de Administración y Finanzas

José Claudio dos Santos

Gerente da Unidade de Atendimento Coletivo Comércio Unit Manager for Trade Collective Service / Gerente de Unidad de Atención Colectiva Comercio

Juarez de Paula

Equipe Técnica Technical Team / Equipo Técnica

Maíra Fontenele Santana Denise Trevellin Forini Durcelice Cândida Mascêne SEBRAE/RJ Presidente do Conselho Deliberativo Estadual

Chairman of the State Deliberative Council / Presidente del Consejo Deliberativo Estatal

Jésus Mendes Costa

Diretor-superintendente Managing Officer / Director Superintendente

Cezar Vasquez

Diretor de Desenvolvimento Director of Development / Director de Desarrollo

Evandro Peçanha Alves

Diretor de Produtos e Atendimento

Design Design / Diseño Jair de Souza Rita Sepulveda de Faria Rodrigo Barja Hannah Uesugi Raul Taborda Projeto Executivo Expográfico Exhibition Executive Project / Proyecto Ejecutivo Expográfico Mariana Ribas Produção Production / Producción Fabricia Vianna Joanna Marins Cecília Melo Katia Mitke Margareth Doutel Textos Texts / Textos Jô Hallack Isabela Flórido Pesquisa de imagens Image research / Estudio de Imágenes Fernanda Terra

Director of Products and Service / Director de Productos y Atención

Tradução Translation / Traducción Alliance Traduções

Gerência de Programas Estratégicos

Redes sociais Social networks / Redes sociales Camila Crespo

Armando Augusto Clemente

Strategic Programs Management / Gerencia de Programas Estratégicos

Marc Diaz

Coordenação de Economia Criativa Creative Economy Coordination / Coordinación de Economía Creativa

Heliana Marinho Mário Sérgio Ferreira Natal Alexandre Heizer

Escritório Regional Cidade do Rio de Janeiro Regional Office Rio de Janeiro City / Oficina Regional de la Ciudad de Río de Janeiro

Davi Abrantes Marilia Chang

Assessoria de imprensa Press office / Asesoría de prensa CW&A Comunicação Serviços de Assessoria Jurídica e Fiscal Legal and Tax Advice Services / Servicios de Asesoría Jurídica y Fiscal LS Consultoria

Trilha Sonora Soundtrack / Banda Sonora Livio Tratenberg Cenotécnico Exhibition Technician/ Montaje Camuflagem Montagem de objetos Assembly of objects / Montaje de objetos É Tudo Nosso Elétrica e montagem Electrical and assembly / Eléctrica y montaje ACR – Ado Despachante Forwarding Agent / Despachante Icone – Edinho Gonçalves Plotter Plotter / Plotter W3 Seguro Insurance / Seguro MAPFRE Seguros Empréstimo dos Leões de Tracunhaém Loan of the Lions of Tracunhaém / Préstamo de los Leões de Tracunhaém Coleção José dos Santos. Recife, PE Seguro dos Leões de Tracunhaém Insurance of the Lions of Tracunhaém / Seguro de los Leões de Tracunhaém ACE Seguradora S/A Catálogo e folder Catalog and brochure / catálogo y folder Impressão catálogo e folder Catalog and brochure printing / Impresión catálogo y folder Sol Gráfica Produtor gráfico Graphic Production / Productor gráfico Verly Costa Sobrinho Tratamento de imagens Imaging / Tratamiento de imágenes Marcelo Maria

Crédito das Imagens Image credits / Crédito de las Imágenes p 6 Nuca: foto de Francisco Moreira da Costa / Museu do Folclore p 7 Leão de Tracunhaém: foto de Francisco Moreira da Costa p 8 Rendeiras: fotos de 1 Acervo pessoal 2 Elga Moraes 3 Paulo Vicente 4 Acervo pessoal 5 Misael Rodrigues Martins 6 Josias Cardoso dos Santos 7 Acervo pessoal 8 Acervo Nhanduti de Atibaia p 9 Rendas: foto de Jaime Acioli p 10 Bordadeiras: fotos de 1 Elga Moraes 2 Michel Rios 3 Acervo pessoal 4 Jacqueline Chiabay 5 Acervo Associação de Barra Longa 6 Acervo pessoal 7 Acervo pessoal 8 Acervo pessoal p 11 Bordados: fotos de Jaime Acioli p 12 Maria José Gomes da Silva (Zezinha): foto de Francisco Moreira da Costa / Museu do Folclore p 13 Boneca da Zezinha: foto de Adão Ferreira de Souza p 14 Irinéia Rosa Nunes da Silva: foto de Michel Rios p 15 Cabeça de Irinéia: foto de Jaime Acioli p 16 Rozélia dos Santos Silva Mendes: foto de Lena Trindade p 17 Flor do cerrado: foto de Jaime Acioli p 18 Maria da Conceição Correa, Nilma da Rocha e Silva, Edicinamar de Nazaré Rocha e Silva, Edinelcimar Silva Castro, Edielcimar Silva Castro: foto de Guy Veloso p 19 Varinhas da conquista: foto de Jaime Acioli p 20 Associação de Artesãos Ladrilã – núcleo Pedras Altas: foto de Mario Araujo Lima p 21 Luminária ladrilã: foto de Jaime Acioli Agradecimentos Acknowledgments / Agradecimentos Raphael Silva Maria Amélia Vieira / Galeria Karandash Expomus Georgia Gomes Marina Mercante Gestoras do SEBRAE: Ana Cristina Moreira da Silva, Elga Moraes, Flávia Tognon, Izolina Passos Siqueira, Jacqueline Chiabay, Jupira Nunes de Carvalho, Maria Aparecida Fernandes, Graça Bezerra, Maria Marisete Silva, Rosa de Viterbo Cunha, Sabrina Campos Albuquerque, Simone Peluso, Vera Lucia Veloso Maciel Cesar, Wania Alzira R Santos



O artesanato está entre as primeiras formas de ação do homem sobre o meio ambiente e sobre si mesmo. É com as mãos que ele começa a construir, no mundo natural, o seu próprio mundo, e começa também a se construir e a se inventar como ser humano. Isso porque, por incrível que pareça, ele não nasce humano – ele se torna humano, pelo trabalho e pela inteligência. Pode-se dizer, portanto, sem exagero, que os objetos que até hoje o homem produz com as mãos são o recomeço dessa descoberta que ele fez de si mesmo e do mundo no alvorecer da História. Ferreira Gullar


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