PERDÃO
PERDÃO
A Arte de Aceitar as Pessoas Como Elas São h
Tradução
Denise de Carvalho Rocha
Título original: Forgiveness – The Strength of Forgiveness Lies in Anger
Copyright © 2022 OSHO International Foundation, www.osho.com/copyrights.
Copyright da edição brasileira © 2023 Editora Pensamento-Cultrix Ltda.
1a edição 2023.
Os trechos citados neste livro foram selecionados a partir de várias palestras feitas por Osho para uma plateia ao vivo. Todas as palestras de Osho foram publicadas na íntegra em livros e estão disponíveis para o público em forma de arquivos de áudio. Os arquivos de áudio e texto podem ser encontrados on-line na biblioteca do site www.osho.com
OSHO é uma marca registrada da Osho International Foundation, www.osho.com/trademarks
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Editor: Adilson Silva Ramachandra
Gerente editorial: Roseli de S. Ferraz
Produção editorial: Indiara Faria Kayo
Editoração eletrônica: Join Bureau
Revisão: Daniela Pita
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Osho, 1931-1990
Perdão: a arte de aceitar as pessoas como elas são / Osho; tradução Denise de Carvalho Rocha. –
1. ed. – São Paulo: Editora Cultrix, 2023.
Título original: Forgiveness: the strength of forgiveness lies in anger
ISBN 978-65-5736-266-2
23-165131
Índices para catálogo sistemático:
1. Osho: Filosofia mística 299.93
Cibele Maria Dias – Bibliotecária – CRB-8/9427
Direitos de tradução para o Brasil adquiridos com exclusividade pela EDITORA PENSAMENTO-CULTRIX LTDA., que se reserva a propriedade literária desta tradução.
Rua Dr. Mário Vicente, 368 – 04270-000 – São Paulo, SP – Fone: (11) 2066-9000 http://www.editoracultrix.com.br
E-mail: atendimento@editoracultrix.com.br
Foi feito o depósito legal.
CDD-299.93
1. Perdão 2. Vida espiritual I. Título.Introdução h
Quando a palavra ou o assunto “perdão” surge nas palestras de Osho, geralmente é como uma consequência –de se tomar consciência, de se “permitir expressar os próprios sentimentos”, de perceber que nutrir sentimentos de mágoa ou fantasias de vingança só prejudica a própria pessoa que os nutre. Perdão, ao contrário de muitos outros títulos desta série, não é uma palavra que Osho costume usar. No seu nível mais simples (em que a palavra não é uma preocupação), perdão é o que acontece quando largamos (ou, às vezes, processamos) tudo que não é existencial ou significativo aqui e agora na nossa vida.
É nesse ponto que entra uma palavra relacionada a perdão: o “arrependimento”. Digamos que alguém tenha “pisado no nosso calo” e nós reagimos: ficamos com raiva. Atacamos a outra pessoa com a intenção de ferir os sentimentos dela, dizemos coisas que
preferíamos não ter dito. Essa é uma oportunidade de nos lembrarmos de que a nossa tarefa – a nossa primeira tarefa – é prestar atenção, admitir, reconhecer, assumir a responsabilidade por isso. E, se descobrirmos que realmente agimos inconscientemente e de modo equivocado, nos arrepender – de verdade, com plena consciência –, de modo que isso não aconteça mais. Como descobrimos nestas páginas, um outro nível de “perdão” é uma abordagem exclusivamente religiosa de um problema compartilhado da nossa condição humana – animais não sofrem com esse problema –, que é a nossa tendência para fazer coisas que mais tarde desejamos não ter feito. Ou, no assunto em questão, fazer algo que queremos fazer, apesar do fato de nossos pais, nossas igrejas, nossos professores nos dizerem que isso é “pecado” ou “errado”. Portanto, precisamos de perdão porque fizemos isso de qualquer maneira. No contexto judaico-cristão, passamos muito tempo orando para nos livrarmos do mal, para não cairmos em tentação, depois para sermos perdoados quando nos desviamos. O perdão é o pré-requisito para sermos felizes ou salvos. No Oriente, por outro lado, a ideia de “karma” abrange a maioria dessas coisas. O inferno em que estamos vivendo agora é consequência natural das nossas más ações no passado. A felicidade que sentimos agora, as riquezas ou a nossa boa reputação são a nossa recompensa por termos nos comportado bem no passado.
E, além disso, enquanto o Cristianismo nos dá apenas uma vida para resolver tudo isso, as religiões orientais nos dão muitas vidas.
O “perdão” é só um ator coadjuvante no drama kármico em que todos estamos envolvidos aqui. Podemos levar o tempo que for;
não há um “dia do juízo final” no horizonte, em que teremos que “correr contra o tempo” ou ser condenados para sempre.
Neste livro, Osho destrincha todas as nuances do perdão, examina todas as suas raízes e lança luz sobre as intersecções entre as abordagens oriental e ocidental a esse conceito (e aos conceitos relacionados do pecado e da culpa, da vergonha e do arrependimento, e suas consequências passadas, presentes e futuras).
Uma nota sobre a linguagem
Os livros de Osho não são “escritos”, mas transcritos das gravações de suas palestras. Essas conversas são extemporâneas, sem referência a notas que não sejam cópias de perguntas, histórias ou escrituras que ele foi convidado a comentar, ou anedotas que ele pode usar para enfatizar um ponto específico. Ele pediu aos seus editores que preservassem essa característica de palavra falada em seus livros impressos.
Ao ouvi-lo falar, fica bem claro para o ouvinte que, geralmente, quando Osho fala “homem”, ele está se referindo aos “seres humanos”. Seu uso do pronome padrão “ele” simplesmente serve para facilitar e seguir o fluxo da fala. De maneira alguma isso implica que o pronome “ela” (ou “eles”) esteja sendo excluído ou desconsiderado.
– Sarito Carol NeimaN, compiladora e editora da Osho International Foundation
Perdão: O Ideal Versus o Real h
Temos falado sobre amor há milhares de anos, mas onde está o amor em nossa vida? Temos falado sobre o perdão e sobre servir à humanidade, mas onde está o perdão e onde está o serviço à humanidade? E nosso serviço à humanidade e o nosso perdão passaram a ser subservientes aos nossos interesses pessoais mais profundos. Alguém quer alcançar a libertação ou ir para o céu – é por isso que essa pessoa perdoa e faz caridade. Mas são de fato perdão e caridade, ou é uma barganha? Alguém quer encontrar a sua alma, por isso serve aos pobres. Mas essa pessoa está realmente servindo aos pobres ou está apenas fazendo de uma pessoa pobre um instrumento para atender aos seus próprios interesses?
Todo esse serviço social, toda essa caridade, todo esse perdão e todo essa bobagem de não violência esconde a pessoa real que existe lá dentro de nós. E essa pessoa real que existe ali
somente
ela existe. Se alguma coisa tem que acontecer, então tem que acontecer através dessa pessoa. Qualquer tipo de revolução na vida, qualquer tipo de mudança na vida – qualquer coisa que precise acontecer – tem que acontecer através desse ser humano real. Tem que acontecer através dessa pessoa real que eu sou, que você é.
Nada vai acontecer através de quaisquer ideais. Mas nós nos escondemos atrás de ideais. Um homem mau, ao tentar se tornar bom, pode esquecer que ele é um homem mau – ele quer esquecer que ele é uma pessoa má. É assim que todas essas pessoas se apegam a bons ideais.
Se alguém fala sobre ideais elevados, então saiba que existe uma pessoa ruim presente dentro dele. Se não existe uma pessoa
h
Tem que acontecer através dessa pessoa real que eu sou, que você é. Nada vai acontecer através de quaisquer ideais.
má presente ali dentro, então ela simplesmente não pode falar sobre “ideais elevados” – porque a própria pessoa
vai ser boa! Então falar sobre o quê? Quando é que a questão de ideias elevados vem à baila?
“Ideal elevado” é um truque da pessoa má que está escondida dentro nós, e é um truque muito sutil pelo qual nos defendemos. Ao tentarmos nos tornar bons, esquecemos o mal.
Mas, enquanto o mal estiver presente dentro de uma pessoa, ela pode ser boa? Podemos tentar de mil e uma maneiras, mas seja o que for que fizermos, a pessoa ruim vai voltar a surgir dentro de nós.