Lindenberg & Life Edição 39

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39 AnĂşncio Deca

paz na terra aos homens de boa vontade 39


arthur decor CORTINAS | PERSIANAS | TOLDOS | REVESTIMENTOS DE PAREDE | ENXOVAIS

DECOR

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Vestimos janelas e ambientes com seus sonhos. Essa é nossa missão. Pesquisamos pelo mundo o que há de mais novo em produtos e materiais para trazer até você. Na Arthur, você encontra o produto que necessita, com a personalidade que é só sua e ainda conta com nosso tradicional suporte técnico.

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editorial

Você reconhece o padrão Ornare nos mínimos detalhes. Saudamos o branco na arte, na arquitetura, na fotografia, na qualidade de vida

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ano de 2011 está chegando ao fim. Logo chegam as festas, as férias. A cidade se transveste de verde e vermelho, as cores do Natal. E nos perguntamos por que não ousar, fugir do lugar-comum?

Paz é tudo o que se deseja para todos os anos. Paz no mundo, paz de espírito, paz de segurança em todos os sentidos. Brancas são a pomba e a bandeira da paz, e é a cor que norteou esta edição da revista Lindenberg&Life.

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Fotógrafo: Tuca Reines

Procuramos as muitas interpretações do branco. Da arquitetura à arte; da qualidade de vida ao turismo. E criamos uma revista que traz uma entrevista com Aurélio Martinez Flores, o arquiteto que nos anos 1970 introduziu o branco total nas casas dos paulistanos e influenciou, com seu estilo minimalista de construir, gerações de novos arquitetos. Convidamos o escritor e jornalista Ivan Angelo a usar o branco como tema para um artigo, o resultado é um texto exclusivo e saboroso. Tão saboroso quanto os merengues, manjares e pavês das sobremesas brasileiras, ou os hotéis de muitas estrelas em destinos brancos como a neve, a praia e o deserto. Arte é uma de nossas paixões, e para esse número trouxemos o perfil de Ernesto Neto, artista brasileiro reconhecido por suas esculturas orgânicas que fazem sucesso pelo mundo. E convidamos o fotógrafo Roberto Cecato para clicar o ovo, o arroz, o leite, a pluma, a pedra, a concha e retratar o branco na natureza. Vale a pena conferir na página 40.

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Se o que queremos para o futuro é paz, o que será que o futuro nos reserva? O holandês Gert van der Keuken, braço direito de Li Edelkoort, a papisa das tendências, esteve recentemente no País e fala sobre o que esperamos para os próximos tempos. Entre as direções para onde sopram os novos ventos estão a revitalização dos bairros industriais e sua transformação em áreas multiuso, como aconteceu em Nova York, Londres, Moscou e está acontecendo em Osasco.

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Adolpho Lindenberg Filho e Flávio Buazar

SEJA UM FRANQUEADO ORNARE WWW.ORNARE.COM.BR/FRANQUIAS 11 4615.4244 RAMAL 4312


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sumário

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ilustração Maria Eugênia

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foto Felipe Reis

foto Felipe Reis

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ilustração Maria Eugênia

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08 Notas Novidades, lançamentos, livros 16 Cidade O novo perfil dos bairros industriais 28 Poéticas Urbanas Arquitetura da lembrança 30 Urbano Gert van de Kueken e o futuro das cidades 38 Primeira pessoa Ivan Angelo, deu branco? 40 Um outro olhar Roberto Cecato: a natureza em branco 50 Entrevista Aurélio Martinez Flores, o mestre 58 Arte Esculturas orgânicas de Ernesto Neto

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foto Roberto Cecato

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saccaro.com.br

foto Valentino Fialdini

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é uma publicação da Construtora Adolpho Lindenberg. Ano 9, número 39, 2011 Conselho Editorial

80 ilustração Maria Eugênia

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Marketing

Renata Ikeda fotos Dulla

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Adolpho Lindenberg Filho, Flávio Buazar, Ricardo Jardim, Rosilene Fontes, Renata Ikeda

Direção de arte

Lili Tedde Editora-chefe

Maiá Mendonça Colaboradores

Ale Staut, Dulla, Felipe Reis, Instituto Azzi, Ivan Angelo, João Lara Mesquita, Judite Scholz, Juliana Saad, Maria Eugênia, Marianne Piemonte, Marta Santos, Patricia Favalle, Regiane Mancine, Roberto Cecato, Rosilene Fontes, Valentino Fialdini Revisor

Claudio Eduardo Nogueira Ramos Arte

Tatiana Bond Publicidade

Cláudia Campos, tel. (11) 3041.2775 cel. (11) 9910.4427 lindenberglife@lindenberg.com.br

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Gráfica

Pancrom

66 Cozinha Doçura branca 70 Personna Como vive Kanduxa Zarvos Pereira 78 5 Experiências O litoral brasileiro por João Lara Mesquita 80 Qualidade de Vida Bandeira branca 82 Turismo Destinos em branco: neve, praia ou deserto 88 Filantropia Onde andam os bilionários brasileiros? 92 Prêmio Dr. Adolpho Lindenberg: 50 anos de história 94 Vendo um Lindenberg 96 Em obras

Lindenberg & Life não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. As pessoas que não constam do expediente da revista não têm autorização para falar em nome de Lindenberg & Life ou retirar qualquer tipo de material para produção de editorial caso não tenham em seu poder uma carta atualizada e datada, em papel timbrado, assinada por pessoa que conste do expediente. Lindenberg & Life

R. Joaquim Floriano, 466, Bloco C, 2º andar, São Paulo, SP, tel. 3041-5620 www.lindenberg.com.br

A tiragem desta edição de 10.000 exemplares foi auditada por PwC. foto arquivo pessoal

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Jornalista Responsável

Maiá Mendonça (Mtb 20.225)

Nossa Capa xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Em 70 lojas no mundo.

Alam. Gabriel Monteiro da Silva, 1865 Jardim América - São Paulo - SP Fone 11 3062 6297


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By appointment Pode ser mais simpática? A cômoda de ferro Flag foi desenhada pela alemã Kare, e combina em qualquer espaço, seja numa sala de jogos, num quarto ou mesmo em salas mais despojadas. Kare www.kare-saopaulo.com.br

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Irreverente

La Lampe, www.lalampe.com.br

Delícia das delícias Nada como um bom banho de imersão depois de um dia de estresse e correria. Se tiver hidromassagem, então... Essa é a ideia da Vetri, que traz uma banheira de acrílico branco, laterais de vidro temperado, reforço de estrutura de aço e fibra de vidro e tem apoiadores de braço de alumínio escovado. Mas não é só. Pelo painel de controle remoto você regula a quantidade de jatos, suas intensidades, faz, até, cromoterapia. Tudo de bom.

foto: Tina Machado

Pendente Saloon Uni 9, de tecido e metal, design da alemã Kare. Kare www.kare-saopaulo.com.br

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Interbagno www.interbagno.com.br

para revenda nacional acesse o site www.entreposto.com.br

A luminária lembra um imenso cacho de cerejas maduras que pende do teto. Feita de vidro colorido, causa um efeito curioso tanto apagada quanto acesa. A criação é da designer eslovena Nika Zupanc, considerada pela imprensa internacional como uma artista de “elegância punk”. A luminária chega ao Brasil com exclusividade na La Lampe.

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Avenida Cidade Jardim, 187 Jardim Europa 01453 000 São Paulo t| [11] 2189 0000

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Jovem talento Com 22 anos Gabriel Nehemy começou a pintar. Seu sonho era viver de sua arte. Depois de um ano, passado em Londres decidiu entrar de cabeça e alma no mundo das artes: frequentou dezenas de cursos ministrados por feras como Sérgio Fingermann, Rodrigo Naves e Dudi Maia Rosa, enquanto ousava com cores fortes e traços soltos sobre telas que faziam sucesso. Entre uma venda e outra, exibia seu trabalho em mostras coletivas de vários ateliês em São Paulo, Ribeirão

Preto e Miami e, mais recentemente, na Feira Internacional SP-Arte, quando foi reconhecido como jovem revelação pela revista Bravo. Passados dez anos, depois de ter uma de suas obras adquiridas pela Pinacoteca Municipal Miguel Dutra, Gabriel se sentiu maduro para abrir seu ateliê. A inauguração do Atelier Aberto, com obras da produção de 2011, pinturas em tela, lona e fotografia, será dia 30 de novembro. Ateliê Aberto, Rua Zapará, 94, www.gabrielnehemy.com.br

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Reciclado, acredita? Domingos Tótora navega entre a arte e o design, entre o funcional, o belo e a preservação ambiental. Daí ter escolhido o papelão reciclado como matéria-prima para seus vasos orgânicos, vendidos com exclusividade pela Benedixt. A técnica, com todos os seus segredos, se resume basicamente na divisão do papelão reciclado em pequenos pedaços que são transformados em polpa, e depois moldados, à mão, pelo artista. Lindos!

Tecido Maille, de Dominique Kieffer, Safira Sedas, www.safirasedas.com.br

Benedixt, www.benedixt.com.br

As listras estão com tudo, seja na moda, seja na decoração. Branco e azul, então, é o must! A coleção Stripes, assinada pela designer americana Kathleen Gordon, foi inspirada nas linhas de um acordeom e dos aerofones do pai músico. Fabricada pela JRJ, aparece em nove opções de padronagem e têm largura dupla, o que ajuda muito na hora de forrar paredes ou poltronas e sofás. JRJ Tecidos, www.jrj.com.br fotos divulgação

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Estação de listras


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PROCURAR VIVER COM QUALIDADE, SOFISTICAÇÃO E DESIGN É MUITO NATURAL.

Desenho inédito Duas colunas cinzentas com bico de metal, elementos de ferro polido, hastes de latão polido, vidro. Esses foram os elementos usados pelo designer Franco Albini, em 1940, na criação da estante Veliero. O desenho dela nunca entrou em produção e só agora, em 2011, foi finalmente fabricada pela italiana Cassina. Poltrona Frau e Cassina, tel. (11) 3087-1234

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Vaso Ascidia, de porcelana vidrada, design Holaria. Mix&Match, www.mixandmatch.com.br

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Designer carioca, conceituado, Guto Indio da Costa, que comanda ao lado do pai o escritório Indio da Costa, assina uma poltrona exclusiva para a Saccaro: a Arraia, dona de formas elegantes como as do peixe que a batiza. Uma estrutura de aço inox abriga o trançado de fibra natural que empresta a fluidez dos peixes à poltrona. Saccaro, www.saccaro.com.br

As casas do Jacaré No alto da encosta do Quadrado de Trancoso, de frente para uma das mais belas vistas daquele platô, e para o nascer da Lua cheia mais lindo que existe fica a Jacaré do Brasil Casas, a pousada-casa do empresário Fernando Droghetti (que foi dono da Jacaré do Brasil, a loja de móveis e antiguidades mais descolada da Rua Melo Alves, lembra?). Um misto de hotel (por conta de todos os serviços da melhor hotelaria) e de casa, com toda a privacidade e conforto de uma casa equipada com cozinha tevê

de plasma, DVD, telefone celular com chip local, e mais governanta e serviço de quarto se você quiser). Ao todo são cinco casas, uma diferente da outra, com decoração assinada por Sig Bergamin e jardim de Gilberto Elkis, a área externa é independente e um deque de madeira se debruça sobre o mar e o cenário que foi pedido a Deus. Jacaré do Brasil Casas, tel. (73) 3668-1470, www.jacaredobrasilcasas.com.br

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Um peixe chamado poltrona

NOVA LOJA


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Os móveis de Jackie Jacqueline Terpins sempre foi única. Ficou conhecida por suas encantadoras e ousadas artes feitas de vidro. Agora ela se arrisca no universo do mobiliário, com peças como a mesa Besame Mucho ou o banco Centopeia. Merecem ser vistos na Dpot. Dpot, www.dpot.com.br

Tapete Marrocos, feito sob medida pela A Carneiro Home, www.acarneirohome.com.br

Tania Bulhões em livro

Cinquentona na pista A estação de esqui norte-americana Breckenridge, no Colorado, faz aniversário. E as comemorações de seus 50 anos começam talvez antes de a neve chegar, no Facebook (www.facebook.com/Breckenridge), com a campanha “50 dias de prêmios”, ou seja: durante 50 dias será sorteado um prêmio por dia, e quanto mais perto da data da abertura da temporada, dia 16 de dezembro, mais valioso o prêmio. Mas não é só, outras novidades e prêmios estão sendo preparados para 2012. www.snowusa.com

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Atacama chique Com sua arquitetura de vanguarda, decor incrível e serviço de primeira, o Tierra Atacama é um dos points mais bacanas para se hospedar na aventura de conhecer o altiplano chileno. Localizado a vinte minutos a pé da charmosa vila de São Pedro do Atacama, o hotel tem projeto dos arquitetos chilenos Rodrigo Searle e Matias Gonzales e dá um show de modernidade e sofisticação, unindo materiais e paleta nos tons locais. Conhecer os arredores é programa obrigatório, o hotel organiza passeios para pequenos grupos com guias locais pela belíssima região, e na volta, uma passadinha no SPA e seu menu variado de serviços e a gastronomia top para os aventureiros chiques, é obrigatória. Por Zé Renato Maia

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Mineira de Uberaba, Tania Bulhões cresceu cercada por lençóis de linho, pratarias e louças de família. Dona de um bom gosto a toda prova, veio para São Paulo onde abriu a loja que virou referência em móveis e presentes. Depois vieram as essências para casa, as velas perfumadas, os pot-pourris. E lá se vão 20 anos desde que tudo começou. A marca, 100% brasileira, mereceu um livro que rememora essa história, em texto assinado pelo jornalista Cesar Giobbi, fotos de Tuca Reinés e imagens de arquivo. Editado pela Metalivros, o livro chega à Livraria da Vila e às lojas Tania Bulhões, nesse mês de novembro. Tel. (11) 3087-0099, www.taniabulhoes.com.br


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Herança

industrial A fumaça e o apito das fábricas de outros tempos deram espaço a bairros com personalidade e elegante arquitetura ao redor do mundo Por Marianne Piemonte

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Skyline da cidade de Osasco: o futuro do outro lado do rio

Na zona oeste, a Vila Leopoldina, que foi loteada em 1894 pela E.Richter&Company com um grande piquenique para 500 pessoas, abrigou durante 50 anos o Centro Industrial Miguel Mofarrej e mais dezenas de olarias. Hoje, a perspectiva da saída do Ceagesp da região e a proximidade de áreas como o Parque Villa Lobos, centros de compras (Vila Madalena e Pinheiros) e fácil acesso, têm transformado a região, antes repleta de galpões degradados e ruas sujas, em um bairro de alamedas verdes com ótimas opções de apartamentos, charmosos restaurantes e lojas para se frequentar. Ali pertinho, ao cruzar a ponte do Jaguaré, está o município de Osasco, lugar que promete abrigar futuros empreendimentos de alto padrão. Nas colinas do São Francisco, um de seus bairros nobres, está o São Francisco Golf Club, o primeiro campo de 18 buracos da cidade. Fundado pelo conde Luiz Eduardo Matarazzo, era ali que ele e o modernista Victor Brecheret (1894-1955), autor do Monumento às Bandeiras, costumavam dar suas tacadas para acabar com o estresse do dia.

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ijolos aparentes, amplas janelas e pé-direito altíssimo soam como música quando essas características descrevem um lugar onde se morar. Para que todos esses itens estejam no pacote, é fundamental que haja bastante espaço. Esse sim, tão escasso em cidades como São Paulo que se tornou objeto de desejo de muitos. Pode-se até dizer que nos grandes centros o espaço tornou-se artigo de luxo. Eis que a cidade que “não para” fez mais uma das suas e está transformando antigos bairros industriais em locais para condomínios no estilo de clube ou de alto padrão. Esse fenômeno não é exatamente novo, outros lugares do mundo passaram por processos semelhantes que deram origem a bairros charmosos e cheios de personalidade como TriBeCa, em Nova York, ou Southwark, onde está localizada a Tate Modern, em Londres. A criação desses condomínios tende a preservar a identidade dos bairros, revitalizam áreas degradadas pelo abandono e (o mais bacana) ajudam a guardar a história da cidade.


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A história desse histórico bairro industrial começa no século 19. Por volta de 1887, o italiano Antônio Agu convida o barão Dimitri Sensaud De Lavaud para ser seu sócio e juntos inauguram a Companhia Cerâmica Industrial de Vila Osasco. Para alguns historiadores essa foi a primeira indústria da cidade. Seguindo as margens do Tamanduateí, rumo à zona leste, estão os bairros que integraram a São Paulo Railway. Mooca, Brás e Vila Carrão foram o berço de inúmeras fábricas, tecelagens e usinas, além de ter abrigado no passado as casas de seus operários e a residência de boa parte da imigração italiana que chegou a São Paulo. Nem a fumaça das indústrias nem os apitos das fábricas podem ser mais ouvidos na região, mas eles deixaram suas marcas: as principais festas típicas italianas, como a de San Genaro, o Memorial do Imigrante, instalado em um galpão recuperado e preservado da época, as casas de massas e a renomada (e deliciosa) doceria Di Cunto, com seu indefectível sfogliatelle, um tradicional doce de massa folhada napolitano recheado com creme de ricota, frutas cristalizadas e coberto com açúcar de confeiteiro.

Southwark, bairro industrial de Londres, revitalizado no ano 2000 (embaixo e ao lado). Abaixo, a galeria de arte Tate Modern instalada no prédio da antiga usina elétrica Bankside Power Station

Em 1891, o casal Antônio e Helena Zerrenner fundou na região a Companhia Antártica Paulista, outro marco para aquela parte da cidade. Hoje, com a desativação das antigas indústrias, fábricas e demais complexos deram lugar a pequenas lojas e imponentes condomínios, transformando a característica do bairro que passou de industrial para de prestação de serviços e residencial.

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A solução encontrada para reverter essa situação foi instalar no prédio a Tate Modern, o museu de arte contemporânea da família Tate. A ex-usina recebeu uma preciosa reforma do escritório de arquitetura Herzog & de Meuron. Foram cuidadosamente preservadas a estrutura e a área externa, internamente o imóvel recebeu condições para abrigar moderna tecnologia capaz de preservar obras de nomes do expressionismo abstrato como Jackson Pollock (1912-1956) e Mark Rothko (1903-1970). Com a inauguração do espaço em 2002, deu-se início ao processo de revitalização da região, que conta hoje com lofts elegantes, normalmente habitados por jovens que trabalham na City, o centro financeiro da cidade. Nos finais de semana, nas ruas estreitas de paralelepípedos, a escuridão e a sujeira deram lugar a um contingente de pessoas coloridas e interessadas em arte. Restaurantes e hotéis de charme e luxo também se instalaram na região, que tem intenso fluxo de pedestres e tornou-se um espaço disputado por quem está à procura de moradia com estilo.

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Pelo mundo O que acontece atualmente em São Paulo não é novidade ao redor do mundo. O bairro de Southwark, às margens do Tâmisa, em Londres, era uma região de docas degradada até o começo dos anos 2000. Prostituição e tráfico de drogas, consequências diretas do abandono, preocupavam o governo inglês. Era ali que também estava o suntuoso prédio da usina elétrica Bankside Power Station, com sua imensa turbina de tijolos aparentes, que funcionou até 1982.


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TriBeCa, em Nova York, hoje considerado pela revista Forbes, o bairro mais caro e charmoso da cidade

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O renascimento do Triangle Below Canal Street TriBeCa, o bairro de Manhattan em Nova York, hoje famoso mundialmente por seus restaurantes e festival de cinema, nem sempre foi assim. Em meados do século 19 as residências foram demolidas e no lugar delas construídos galpões que serviram como armazéns e sedes de indústrias têxteis. No entanto, um bom conjunto de casas de tijolos aparentes e tijolos e madeira ficaram bem conservados e por eles, próximos da Harrison Street, deu-se o início da revitalização nos anos 70. Hoje, o que se vê no extinto distrito industrial são os armazéns convertidos em lofts e novos negócios que mudaram totalmente o perfil urbano da área. O bairro é considerado por muitos nova-iorquinos um dos melhores lugares para se morar, pelo baixíssimo índice de criminalidade, boas escolas, mais de 800 árvores plantadas em suas alamedas e ótimos restaurantes. O lendário Nobu, por exemplo, um dos melhores japoneses do mundo, está em TriBeCa há 15 anos. Atualmente, suas ruas de paralelepípedos foram eleitas pela revista Forbes como o CEP mais charmoso e caro dos Estados Unidos.

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SoHo, em Nova York: de Hell’s Hundred Acres a sofisticado distrito histórico, reduto de lofts, lojas bacanas e galerias de arte

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Lofts e pop art A história do Soho nova-iorquino é considerada por muitos urbanistas como um exemplo de regeneração do Centro da cidade, uma mudança que envolveu aspectos socioeconômicos, culturais e arquitetônicos.

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No início do século 19, o bairro era formado por uma área de fazendas, colinas e córregos. À medida que o Centro da cidade movia-se para o norte, aquele pedaço ficava cada vez mais esquecido, um excelente depósito de lixo industrial. Por décadas o agora elegante distrito teve o apelido de “Hell’s Hundred Acres”, ou algo como “centenas de acres do inferno”, devido à quantidade de incêndios que aconteciam com o lixo sem tratamento. Foi nessa época, entre 1840 e 1880, que se construiu o que viria a ser a charmosa marca do bairro. Nas fachadas eram usadas estruturas de ferro fundido, porque este era um material mais barato do que tijolo ou pedra, os mais usados no período. A dureza do ferro fundido permitia altos pés-direitos e elegantes colunas de apoio. Hoje, a coleção de 26 blocos e cerca de 500 edifícios formam o SoHo Cast Iron Historic District, um patrimônio histórico de Nova York, preservado por sua beleza e importância arquitetônica.


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O vasto espaço interno desses prédios (até então abandonados e baratos), os transformou em objetos de desejo de artistas plásticos e galeristas nos anos 70. Como resultado dessa mudança de público, no início dos anos 80 o SoHo era o lugar mais trendy da cidade. Até hoje, importantes galerias da cena nova-iorquina mantêm seus espaços no bairro, entre elas estão a Terrain Gallery (fundada por Eli Siegel, o criador do realismo estético) e a Pop International Gallery, que abriga obras de Andy Warhol, Keith Haring e Jean-Michel Basquiat. Nas ruas de paralelepípedos, principalmente na área norte, ao longo das ruas Broadway, Prince e Spring, estão os principais quarteirões de compras com suas butiques high-end (entre elas Miu Miu, Chanel e a famosa loja de departamentos Bloomingdale’s), além de cafés e restaurantes que no verão costumam colocar suas mesinhas na calçada. Uma mudança que não deixou vestígios dos tempos de abandono e escuridão.

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Até tu, companheira Rússia Depois da desintegração da União Soviética, alguns bairros em Moscou deixaram para trás seu passado de chaminés fumegantes. A poucos quilômetros de distância do Centro, entre uma floresta de abetos, árvores robustas que podem medir até 50 metros, está Rublyovka. O bairro ficou famoso em 1910, quando Josef Stalin, um dos líderes do partido comunista construiu sua “datcha” (uma versão da nossa casa de campo, usada principalmente na primavera e no verão) por lá. Mas foi apenas depois do 1991, com o final da URSS, que o distrito passou a receber condomínios que entraram para a história como o lugar onde hoje estão as cinco propriedades mais caras do mundo, segundo a revista Forbes.

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Depois da desintegração da URSS, Rublyovka, o bairro onde Stalin cronstruiu sua datcha, hoje abriga as casas mais caras do mundo

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Naquela região, onde estão pelo menos dois shoppings de luxo, quem compra uma casa ganha um helicóptero. Moram por lá o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, Mikhail Gorbachev, oligarcas e celebridades moscovitas. Arquitetos do mundo inteiro são convidados para construir casas dignas de Hollywood Hills, no entanto, como não acontece na Califórnia, você ainda corre o risco de ficar preso no congestionamento (de no mínimo três horas) quando Vladimir Putin, ex-chefe da KGB, ex-presidente e o atual primeiro-ministro do país, e um dos ilustres moradores da região, sai para fazer sua corrida matinal. Por ali, a polícia para todo o trânsito por uma questão de segurança nacional. Algumas heranças podem até demorar a serem modificadas, mas que esse processo não tem mais volta, isso não tem.


poéticas urbanas

Diante de um monumento como este, que muitos diriam ser uma escultura, porque chamá-lo de arquitetura? Mas, o que é arquitetura?

Arquitetura da lembrança Seria um monumento uma escultura ou, mais do que isso, o abrigo de um acontecimento? Por Rosilene Fontes | Ilustração Maria Eugenia

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isitei uma exposição de arte contemporânea onde havia uma grande sala com a fotografia de um rosto de uma única criança, imagem repetida cem vezes. A obra chamava-se Cem vezes Nguyen.

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Era uma espécie de álbum de recordações da visita do artista plástico Alfredo Jaar a um campo de refugiados vietnamitas. O rosto da pequena Nguyen não era apenas uma identidade, mas comunicava a história de todas as crianças nascidas nos campos. O museu permitia ao artista fazer o seu comunicado por meio da arte. O artista era um mediador entre a menina vietnamita e o visitante, e aquela revelação subjetiva nos levava a pensar em um mundo mais justo. Lembrei-me de uma arquiteta chamada Maya Lin que, aos 21 anos, e ainda estudante de arquitetura, concorreu com 1.400 profissionais entre arquitetos e artistas experientes, e ganhou o concurso para desenhar o memorial aos mortos na guerra do Vietnã. O seu projeto representava um corte na terra tendo encravada uma parede feita de granito preto polido listando o nome de 58 mil mortos e desaparecidos em combate. Para ela essa obra simbolizava uma ferida que deixou uma enorme cicatriz na história da nação.

Há inúmeras definições para arquitetura, mas no contexto acima escolho a definição do filósofo e teórico Nelson Brissac: “Arquitetura é tudo. As cidades e os objetos, o grande e o pequeno, cenários históricos e cenas íntimas. Todas as coisas em torno, rearticuladas em novos contextos segundo a experiência, o imaginário e a memória”. Neste caso, sendo uma arquitetura que se destina a transmitir ou a perpetuar para a posteridade a lembrança de um acontecimento, ela é, portanto, um “monumento”. É a arquitetura levada para além de si própria, que deixa de ser um abrigo, um lugar para morar ou trabalhar, para ser um lugar de trânsito, de passagem, e de milhões de visitas, o que resulta em experiências coletivas diversas: memórias, sensações, conhecimento, conscientização, até mesmo experiências que se transformam em fotografias, cinema, arte.

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No dia 11 de setembro de 2011, no espaço em que as torres gêmeas ficavam, foram inauguradas duas enormes fontes de 4 mil metros quadrados, com quedas d’água de 9 metros rodeadas por um parque. Os parapeitos das cascatas apresentam os nomes das 2.983 vítimas dos ataques. Para o arquiteto Michael Arad, que concebeu o projeto, o objetivo é “transmitir o desespero, a tristeza e o medo daquele dia e transformá-los em compaixão, resolução e determinação”. A arquitetura servindo a um acontecimento, “constituindo ela própria um evento”. Quando estamos diante de uma arquitetura como esta, mesmo que não saibamos o que aconteceu, ela consegue transmitir uma emoção, “é a arquitetura mais intensa, mais pura porque se identifica com o acontecimento”, como diz o arquiteto Aldo Rossi. É uma arquitetura que transmite a paz, porque é uma lembrança. É a arquitetura dramatizando o acontecimento em poesia. Cabe a nós, leitores das paisagens urbanas, sermos capazes de entender, de guardar, de honrar e não esquecer que aquela bela arquitetura, símbolo de algo triste, representa uma nova vida, uma nova era.

UM SERVIÇO

*Horário de atendimento: de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h


urbano

Previsão do futuro Li Edelkoort pode ser chamada de a guru das tendências. Seu braço direito, Gert van der Keuken esteve no Brasil, fez palestra para a LDI, para os alunos da Escola São Paulo, e conversou com a revista Lindenberg & Life

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Por Maiá Mendonça | Fotos Felipe Reis e TrendUnion

Conexão é a palavra. Banco design Felhing & Pelz


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Visão de um futuro mais orgânico: Evolution, peça de Nacho Carbonell para a exposição curadoria por Li Edelkooort, Moscow design week 2011

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m sua rápida passagem por São Paulo, o diretor artístico da TrendUnion Gert van der Keuken, braço direito de Li Edelkoort, conversou com a equipe da LDI e alguns convidados. O tema não poderia ser outro: tendências, modo de viver, arquitetura e urbanismo. Reconhecida como um oráculo de tendências mundiais, seja na moda, na decoração, na arquitetura, no comportamento, e até mesmo na indústria automobilística, entre inúmeras atividades, Li Edelkoort e seus colaboradores têm o dom de prever o que vem por aí. “Não se trata de adivinhação, mas da análise profunda do comportamento humano no presente, e de suas verdadeiras necessidades e desejos para o futuro”, explica o holandês Gert van der Keuken, resumindo as múltiplas atividades e o modo de trabalhar da TrendUnion, um escritório enxuto, com algumas poucas cabeças pensantes e superantenadas.

Em sua breve palestra, Gert traduziu em imagens o que a TrendUnion prevê para o futuro. E em uma conversa pelo skype com a revista Lindenberg & Life foi categórico: o mundo pede mudanças. E essas mudanças se traduzem em um novo tudo. Um novo jeito de viver, de morar, de participar, de pensar, de resolver problemas, de se relacionar. O mundo, e aqui leia-se as pessoas, quer dar um basta ao medo, à corrupção, aos desmandos políticos e econômicos, às diferenças sociais, ao desrespeito ambiental. O mundo precisa reinventar seu futuro. E como a TrendUnion constatou essa necessidade? “Pela simples observação do que anda acontecendo hoje, pelos movimentos espontâneos que estão nas ruas, pelo prêmio Nobel que foi concedido a três mulheres que lutam pela paz e igualdade em seus países, pelas atitudes em relação ao meio ambiente, pelo pensamento dos jovens”, explica.

“Estamos todos conectados de alguma maneira, e somos afetados por essa conexão, seja ela boa ou não.”

Gert van de Keuken em palestra para a LDI Ao lado Parasite, Marina Faust, produzida para a exposição Talking Textile, curadoria por Li Edelkoort, no espaço Gianfranco Ferre, em Milão


Existem movimentos como a Bauhaus, por exemplo, acontecendo? “A novidade no ar está no coletivo. Muitos escritórios de arquitetura, por exemplo, são identificados por letras que representam a abreviatura do nome dos sócios, que podem estar em qualquer parte do mundo, e se comunicam virtualmente. Antes o comando estava na mão de uma estrela que brilhava sozinha. Já não é mais assim. O que brilha é a obra, o resultado final, o bem maior, e a equipe por trás daquele projeto”, analisa Gert van der Keuken, quando a pergunta se refere a globalização.

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lon van Keulen

urbano

Traduzindo essa constatação em tendência, existe algo de muito novo e fresco no ar. Mesmo que o caminho pareça dizer o contrário e aponte para uma volta ao ninho, ao prazer de sentir-se protegido e aconchegado em um mundo tão violento quanto o atual. Esse movimento não significa introspecção, alienação, mas a redescoberta de valores como família, amigos, qualidade de vida em todos os sentidos. Quer dizer coletivo em vez de individual, juntos e não cada um por si.

2. Cadeira Cow Dugn, de Karin Frankenstein, para a exposição Organic Dwellign, sediada na Semana de Design de Moscou Na página ao lado, O mundo precisa ser mais macio: Almofadas e Tecidos de Mohair, da África do Sul

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Thomas Straub

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1. Livro de tendência de arquitetura


urbano

“Estamos todos conectados de alguma maneira, e somos afetados por essa conexão, seja ela boa ou não.” E arquitetonicamente falando? “O futuro aponta para uma nova postura em relação às construções, sejam elas casas, edifícios, escritórios, shoppings e etc. A tecnologia se somará às técnicas ancestrais, materiais ecologicamente corretos serão cada vez mais utilizados, assim como crescerá a preocupação com o impacto ambiental. Moradia, trabalho e lazer em um único espaço serão a bola da vez. As formas estarão cada vez mais limpas, os espaços e mobiliário mais aconchegante, e não haverá regras e modismos a serem seguidos: cada

um viverá como quiser. A casa ganha o status de ninho, de porto seguro para família e amigos, um espaço de lazer. Enquanto o consumo desenfreado será substituído pelo consumo consciente e inteligente. É tudo muito novo, muito fresco, e ainda não podemos dizer como essas mudanças acontecerão. Mas tenho certeza de que será interessante passar por essas mudanças.” Para o Brasil o senhor tem algum conselho? “Acreditar mais em seu potencial em vez de tentar copiar o modelo americano. O Brasil é um país maravilhoso, rico em possibilidades, e deveria aproveitar o momento que está vivendo para operar internamente mudanças essenciais.”

1. Cadeira Irmãos Campana 2. Alho-poró fotografado para o editorial da revista Bloom, produzida pela Trend Union 3. Algodão natural fotografado para o editorial da revista Bloom, Farm of the Future produzida pela Trend Union Na página ao lado, bancos de madeira de Lenneke Langenhuijsen para a exposição em Milão

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Imke Klee for Trend Union

Marie Taillefer for Bloom

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primeira pessoa

VOLTAS EM VOLTA DO BRANCO Texto Ivan Angelo | Ilustração Maria Eugenia

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especial para a revista Lindenberg

Branco é o papel antes da ideia, a tela do computador antes do poema, do romance, da carta, do desenho, da sentença! É o ponto de partida, desafio. Que coisa é o branco? O branco vário que se imprimiu na retina de cada um, que diz a cada um uma coisa, e que a Física é insuficiente para explicar – que coisa é para você? Branco é o lençol antes da noiva. É o bilhete de loteria de quem não teve sorte. Branco é o quadro abstrato do pintor russo Kasimir Malevitch, Branco sobre branco, a provar que sempre existe um branco mais branco que outro branco e existe outro menos branco, e então como é que fica, meu branco? Branca era a Grécia antes de Roma – acrópole de mármore ao sol, barcos brancos riscando o azul, casas clareadas pela cal, mulheres de túnicas brancas à espera de qualquer tragédia. Branca é a bandeira da trégua, a pomba da paz. É a tela antes da lambida do pincel, a toalha da mesa antes do molho, a falha da fala ou do falo: deu branco! Branco é o envelope antes do endereço, o roupão de banho do hotel cinco estrelas, o avental do médico antes do corte! O leite, o arroz, o ovo, o açúcar, o sal, a farinha, cada qual tem seu branco particular e distintivo, o branco aprisionado do leite no copo, o aconchegado do arroz fumegante, a enganosa vestimenta do ovo, o reluzente à Swarovski do açúcar cristal, o confundível branco do sal, o domingueiro da farinha, brancos só até a chegada da fome, que é negra, e os consome. Há coisas cujo branco nos marcou, e onde estão? a roupa íntima, cuja brancura foi destronada pelo arco-íris; o terno branco tropical, coitado, relegado a figurino; a banda externa dos pneus de luxo; a lua cheia urbana, amarelecida pela poluição; o hábito das freiras, que já não é um hábito, me perdoem o trocadilho; a luva pop de Michael Jackson; a camisa branca dos escritórios, de perdida unanimidade; os muros e as paredes vitimados pelos pichadores, pois os brancos são preferidos, é onde mais ressalta a sua insânia.

Há símbolos de dignidade esmaecidos, como os cabelos brancos, pois temos visto tantos velhinhos marotos... Há boas-vindas perturbadoras nos dentes brancos de um sorriso... há brancas surpresas guardadas nos escondidos do corpo de certas mulheres que desvelamos... há brancos de calma silenciosa a coroar a eloquência do gozo... Nós nos habituamos à simbologia cerimonial do branco: paz, castidade, pureza, fé, iniciação; a pomba, o vestido da noiva, a camisolinha dos anjinhos mortos, as toalhas dos altares, as vestes do batismo, da primeira comunhão, do candomblé. Mas há representações mais estridentes, como o cavalo branco dos heróis, que simboliza majestade e beleza vitoriosa, desde o alado Pégaso mitológico ao vistoso cavalo do mocinho dos bangue-bangues do cinema, passando pelo fogoso corcel do quadro Napoleão cruzando os Alpes, pintado por Jacques-Louis David, empinando-se glorioso no alto da montanha nevada. (Quando meninos nos perguntavam: “Qual é a cor do cavalo branco de Napoleão?” Se dizíamos “branco” levávamos vaia, o certo era “branca”, a cor.) Branca de Neve não é só uma historinha que chegou até nós vinda do folclore medieval do norte da Europa, compilada junto com outras histórias pelos alemães irmãos Grimm. Folclore é sempre um emaranhado de símbolos. A meninamoça branca como a neve, adormecida por uma maçã envenenada como se morta estivesse, e guardada num caixão de vidro, vestida de branco dos pés à cabeça, é símbolo da pureza feminina que se guarda para a iniciação. Entrada na adolescência, Branca de Neve hiberna (a neve...), espera adormecida chegar o seu momento de desabrochar, aguarda o príncipe que a fará despertar com um beijo, para ser mulher. Ah, faltou falar do lenço branco do adeus. Está falado.

Ivan Angelo é mineiro, jornalista, cronista e romancista, autor de A festa, romance premiado com Jabuti de 1967 e a Casa de Vidro, entre outros.


um outro olhar

Natureza em branco Existe um branco mais branco? Qual é o verdadeiro branco? O que é branco? Fotos Roberto Cecato

“U Lindenberg & Life

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ma superfície é branca quando reflete a luz e as cores do espectro solar”, deduziu Isaac Newton em 1669. Já os físicos da atualidade não o reconhecem como cor e sim como a ausência dela. Mas o olho humano é sensível a dezenas de tonalidades e matizes de branco, que, por exemplo, no passado na Índia eram sete e para os japoneses, seis. E para nós seria o branco puro aquele do algodão que cresce nos campos, ou da lã dos carneiros que pastam solenes? Seria a nuvem que corre no céu ou a espuma da onda que quebra na praia? O ovo, a concha, a pluma, a flor, o pelo do coelho...

Ciclista na Praça Roosevelt

Convidamos o fotógrafo Roberto Cecato, recém-chegado ao Brasil depois de longa temporada vivendo em Milão, para retratar o branco na natureza e suas sutis diferenças. O resultado é um exclusivo ensaio fotográfico surpreendente.


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um outro olhar


entrevista

Simples e contundente Os passos cadenciados – porém precisos – de Aurélio Martinez Flores revelam a trajetória de um homem que ainda hoje é capaz de surpreender pelo pioneirismo Por Patrícia Favalle fotos Felipe Reis e arquivo pessoal

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Residência Martinez Freyssinier

foto Otto Stupakoff

Fachada do restaurante Gero, em São Paulo

foto Gal Oppido

Maquete de residência em São Paulo

Maquete eletrônica ClaraObelenis

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nquanto os edifícios do lado de cá do Equador se curvavam aos enredos de Oscar Niemeyer, o mexicano – com sangue basco e alma brasileira – Aurélio Martinez Flores preferia validar as linhas delineadas pelo conterrâneo Luis Barragán, cuja inspiração soma a racionalidade da Escola de Bauhaus à profusão dos regionalismos latinos. Foi com essa equação que o expert, nascido na cidade de Puebla, numa tradicional família de fazendeiros e bacharéis de Direito, abandonou a faculdade de Medicina ainda no primeiro ano para seguir os desígnios da arte. “Arquiteto precisa nascer arquiteto; é um talento nato”, avisa. Mas muito antes de se aventurar pelas pranchetas de um escritório de verdade, ele desfilou a aptidão pela vizinhança local. Aos 16 anos se pôs a arrumar a vitrine da loja que ficava na parte inferior da construção que também abrigava a sua residência. O resultado foi tão encorajador que os proprietários o escalaram para assinar a concepção do novo endereço – um sobrado de dois pavimentos, que o rapaz tratou de repaginar com a remoção das janelas e aposta em um visual clean, característica que o acompanharia por toda a vida. “Li que a iluminação natural não era importante para o comércio. O que valia era a luz artificial, pois fazendo sol ou fazendo chuva a atmosfera seria a mesma.”


entrevista

de Metalurgia e Mineração, um sutil retângulo ladeado por painéis de vidro e pontuado por árvores nativas, em plena Avenida Juscelino Kubitschek, na capital paulista. “Gosto de criar sem amarras, o pensamento não permite limitações”, avisa. Questionado sobre a instalação feita à sua revelia do heliponto ancorado no topo do prédio, ele não esconde a insatisfação: “O direito autoral tem que ser respeitado”. Na dobradinha entre o eixo Rio-São Paulo, assinou os ambientes do badalado Gero, restaurante do Grupo Fasano, conservando a estrutura clássica e o décor atemporal. Em outras empreitadas, fez as peças de design do primeiro apê de Washington Olivetto e o layout inteiro da cobertura que o publicitário arrematou. Nas pausas entre as investidas, se lançou na odisseia de planejar móveis.

À mexicana Embora ativo, a rotina na última década mudou – por orientação médica, Aurélio já não dá expediente todos os dias no escritório; vai duas ou três vezes por semana, sempre depois das 15 horas, quando o trajeto entre a Granja Viana e os Jardins pode ser percorrido em menos de trinta minutos. Depois de passar pela pesada porta na lateral do antigo predinho e subir os degraus enviesados, o humor sagaz e inteligente do dono do pedaço se faz presente tanto no pano de chão, matreiramente a postos, coberto por monogramas “LV” – Luís Vitão – como na tirada rápida que não dá chance de controlar o tom da gargalhada. Num caminho labiríntico, os diferentes recintos se abrem com amontoados de livros, revistas, croquis,

foto Otto Stupakoff

Casa José Zaragoza, Guarujá

fotos divulgação

Casa José Zaragoza, São Paulo

Sangue latino Tempos depois, ele se transformou no responsável pela montagem da linha de produção em solo nacional. “Existiam duas propostas para fabricar os itens da Knoll; uma delas, a que venceu, era da Forma, e por causa da língua portuguesa ser mais parecida com o espanhol (os norte-americanos acreditam que o idioma é o mesmo!), acharam que eu teria mais facilidade para tocar o negócio. Essa é a história de como vim parar no Brasil, de início, para uma temporada de apenas três meses.”

Com um pedaço do arame entrelaçado da Bertoia a tiracolo, Aurélio precisou encontrar cada peça para montar o engenhoso quebra-cabeça que se descortinava no horizonte. “O mobiliário levava até um mês para ficar pronto, não havia tecnologia ou gente especializada, era um processo manual que só deu certo por causa da indústria automobilística que chegava ao País naquele mesmo momento. É até engraçado, mas a coisa só saiu do papel por razão desse detalhe.” Contudo, nem as dificuldades iniciais foram capazes de apagar o sorriso do seu rosto. Na verdade, os ares tropicais impulsionaram também outras frentes, e logo ele inaugurou a InterDesign em parceria com dois sócios, o publisher Luis Carta e o escultor grego Nicolas Vlavianos. Preferido pelo banqueiro e diplomata Walter Moreira Salles, o arquiteto foi escalado para repaginar suas moradas em São Paulo, Rio de Janeiro e Nova York, além de ter idealizado as sedes do Instituto Moreira Salles, em Poços de Caldas, e da Companhia Brasileira

foto Otto Stupakoff

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Apaixonado pelos contornos puros e fã confesso de Mies van der Rohe, durante os estudos acadêmicos escolheu ser orientado por Jorge Gonzales Reyna, que fora aluno de Richard Neutra, nos Estados Unidos. Suas habilidades foram aprimoradas entre 1957 e 1964, período em que encampou diversos planos até ser convidado a trabalhar na Knoll, uma representação que detinha a licença para reproduzir ícones de Le Corbusier, Eero Saarinen, Harry Bertoia, entre outros. “Essa foi a razão de ter aceitado o desafio”, justifica.


Aurélio faz questão de manter a simpatia e a elegância. Faz gestos moderados, fala pausadamente – com sotaque carregado de erres – e tem memória invejável; cita pessoas, lugares, datas e fatos com a rapidez de um menino. Daí o gosto pela arquitetura é coisa de infância, sacado da lembrança com os pormenores ainda frescos: “Eu era fascinado pelos aeromodelos de madeira, que vinham com projetos desenhados e uma pequena explicação para a montagem. Devia ter uns dez anos, eu acho... Mas certamente foi isso que me ensinou a ler plantas”.

que nem sequer sei desenhar janelas e portas.” Na contramão da modéstia, a casa Zaragoza, no Guarujá, é listada como uma das mais importantes do movimento contemporâneo. Tudo por conta da perfeita composição de volumes simétricos intercalados, do pátio interno vigoroso e da fachada retilínea. “A estética se define pela lógica”, resume o autor. Aurélio Martinez parece realizado. O discurso é coerente, agradecido de alguns, entristecido de outros (mas isso ele não comenta). Pensa antes de expor opiniões desfavoráveis; detesta polêmicas. Mas eu insisto. Peço um nome para ilustrar a arquitetura do século 20. Ele reluta, em seguida mergulha num instante de silêncio e revela: “Alberto Campo Baeza”. De pronto, a resposta é “quase” esperada, já que a singularidade do espanhol, que aplica tecnologias inovadoras às construções minimals, lembra (e muito) o portfólio do próprio interlocutor. Todavia, o “quase” tem aqui uma particularidade – enquanto Baeza tece conjuntos escultóricos, Flores experimenta a vanguarda inerente ao seu pensamento. Enfim, não há esforço para ser mestre, há esforço para ser aprendiz.

Residência Martinez Freyssinier e Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, em São Paulo

Adepto do desenho “franciscano”, que ele define como a ausência dos colonialismos e das ostentações, e absoluto no uso do branco – sim, a cor permite intercessões incisivas, Aurélio é norte para muitos bambas do mercado, dos quais os ex-alunos Isay Weinfeld e Marcio Kogan. No entanto, ele se apressa em dizer que mesmo lisonjeado, não se sente “o tal”. “Creio que servir de referência é um termo de reconhecimento, entretanto, o mérito dessa geração é brilhantismo que pertence a ela, não a mim. (...) Por sinal, faço caixas cegas por

foto arquivo pessoal

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Ao lado, Casa de Cultura de Poços de Caldas e apartamento no Rio de Janeiro

foto arquivo pessoal

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quadros, gravuras, maquetes e objetos de arte. No fim do corredor, o espaço principal se alinha harmonicamente a partir da sala de reuniões, que tem mesa Saarinen com tampo redondo de mármore branco, salteada por cadeiras Brno, esquematizadas por Mies, em 1929, e paredes revestidas de linho cru. Ao fundo, o retrato do bisavô materno, Sr. Aguirres, emoldurado por folhas robustas de jacarandá, dá a nota discreta ao cantinho privé.


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Conversa com o eterno aprendiz Aurélio Martinez Flores foi mesmo generoso – e nos deixou à vontade para desvendar segredos e refazer o caminho que o trouxe até aqui. Nas entrelinhas, o mexicano radicado no Brasil desde meados dos anos 60 contou detalhes sobre a sua chegada aos trópicos, o cenário que encontrou e os projetos que lhe renderam um dos portfólios mais importantes da arquitetura contemporânea. E não parou por aí; depois de resgatar algumas boas memórias, ainda falou sobre os próximos capítulos que devem abrilhantar a sua obra. O senhor descende de uma família de advogados... Não houve pressão para que seguisse a profissão?

Num primeiro momento sim, até porque era inadmissível para o meu pai que alguém pudesse viver da arte. Mas com o passar do tempo, acredito que ele tenha entendido qual era a minha verdadeira vocação.

Quando realmente se deu conta de que o seu futuro estava na arquitetura?

Nasci com essa ideia obsessiva de ser artista (risos). Lá pelos 14 ou 15 anos, comecei a trabalhar numa loja montando as vitrines e os ambientes internos. E muito antes de me formar na faculdade, já assinava projetos residenciais para alguns familiares. Quais são as suas referências na arquitetura?

Tenho ascendência basca, então, gosto de traços vigorosos, pátios internos e layouts que causem surpresa. Nesse sentido, me identifico com [Luis] Barragán e [Ricardo] Legorreta, que também têm origem basca. Contudo, na arquitetura, gosto de Mies van der Rohe e de outros representantes da Bauhaus.

O México produziu arquitetos incríveis no último século. Como o senhor avalia o trabalho de conterrâneos como Barragán e Legorreta?

É como lhe disse, a minha ligação com os trabalhos de Barragán e Legorreta só se mantém por causa da herança basca, que nos deixou como legado, as suas construções fortes e, ao mesmo tempo, acolhedoras.

superornamentados para enfatizar a forma bruta. Uso o branco por questões meramente estilísticas, ou seja, a tonalidade permite ousar e ainda assim manter a elegância. No Brasil, dentro da safra que temos hoje no mercado, quem chama a sua atenção?

Isay Weinfeld e Arthur Casas. Se pudesse eleger o maior gênio da arquitetura do século 20, quem seria?

Pergunta complexa... Mas se tenho que responder, eu diria que é o Alberto Campo Baeza. O seu trabalho – em especial pelo uso do branco absoluto – pode ser definido pelos preceitos da Escola Bauhaus?

O branco acabou se tornando a cor do modernismo, que rompeu com os padrões estéticos

Por sinal, como o senhor chegou ao Brasil? E porque resolveu ficar?

Vim para montar e coordenar a linha de produção da Forma, que havia conseguido a licença para reproduzir os móveis da Knoll. No processo todo de instalação e de seleção da mão de obra, a empresa percebeu que ter um arquiteto alinhado ao mercado seria um excelente investimento, e foi então que me convidaram a ficar. De todos os seus projetos feitos por aqui, quais destaca pelo pioneirismo?

fotos Romulo Fialdini

A Casa Zaragoza e o prédio da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração. O senhor já declarou publicamente que faz “caixas cegas porque não sabe desenhar janelas”. Alguma vez imaginou que essa “pequena falha” se transformaria nas bases para chancelar o movimento arquitetônico contemporâneo? Mesa Beba com moderação; poltrona SP 270 e cadeira MF

O senhor chegou a desenhar uma linha de móveis inspirada em grandes clássicos do design, caso da chaise de Mies van der Rohe. Há outras investidas nesse segmento?

Sim, assinei uma linha de móveis feita de lona de caminhão usada, que faz parte do catálogo da Conceito: FirmaCasa.

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adepto do desenho minimal, do branco, aurÉlio martinez flores é o reverso da ostentação

No íntimo, todo artista quer dar uma contribuição à humanidade, mas acredito que as “caixas cegas” sejam apenas parte de um montante – entretanto, vale dizer que eu não as inventei; como sempre acontece na história, vivemos em constante adaptação: “No mundo nada se cria, tudo se copia”.

No que está trabalhando atualmente?

Estou envolvido na elaboração de um projeto residencial para um grande colecionador. Também penso em atualizar o livro Aurélio Martinez Flores: Arquitetura (Bei Editora), que foi organizado e escrito há dez anos.


arte

Sensualidade orgânica

Leviathan Thot

Nulic menihicis rei

Leviathan Thot

fotos divulgação

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Com formas que desafiam a gravidade, as imensas esculturas e instalações do carioca ganharam o mundo Por Marianne Piemonte


arte

Anthropodino

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le tem um jeitão todo carioca de ser. Parece aqueles amigos com quem você vai ficar horas bebericando na mesa do bar. Aos 47 anos, quando Ernesto Neto trabalha, ele parece brincar com formas e cores como poucos escultores de sua geração. Talvez seja isso, a descontração, que o diferencie. Segundo um crítico do jornal inglês The Guardian, para brincar como ele faz é preciso ser artisticamente bastante adulto. E ele é. Suas obras ganharam reconhecimento internacional e exibições individuais nos mais importantes centros de arte do mundo, como o MoMA, de Nova York, o Pompidou, em Paris, o Museo Nacional de arte Rainha Sofia, em Madri, duas bienais de Veneza e duas de São Paulo. Entre os dias 8 de dezembro a primeiro de abril de 2012, uma grande retrospectiva dedicada a ele, chamada “La Lengua de Ernesto”, que contará com 50 trabalhos, será mostrada no Museu de Arte Contemporânea de Monterrey, o MARCO, na Cidade do México.


arte

Neto nasceu e cresceu no Rio. Queria ser astrônomo, mas em meados dos anos 80 desistiu da ideia e inscreveu-se na Escola de Artes Visuais do Parque Laje, o belíssimo instituto que fica aos pés do morro do Corcovado. É considerado pelos críticos de arte como parte do movimento neoconcreto brasileiro, que teve como antecessores os concretistas Lygia Clark e Hélio Oiticica.

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Seu trabalho, que normalmente são esculturas espaciais imensas, tem formas que podem sugerir partes do corpo humano. Não são masculinas nem femininas e lançam mão de materiais como algodão, lycra, espuma e até especiarias. Neles ele propõe relação orgânica entre natureza, arte e geometria. Obras que são espontaneamente sem estéticas, como a festejada Leviathan Thot (2006) que tomou conta do Pantheon, em Paris. Imagine gigantescos sacos de lycra, aquele material da trivial meia-calça feminina, em branco, pendurados no teto e repletos de lavanda, grãos de café, açafrão e outros condimentos. Os cheiros dessas especiarias são, segundo o autor, aromas que evocam a memória afetiva e encorajam à integração humana. Pense em gotas disformes que resistem em cair. Na época, o crítico do jornal inglês The Independent descreveu a experiência de ver essa obra como um passeio pelo cenário do clássico da ficção científica Viagem Fantástica (1966), com Raquel Welch. A obra chamou a atenção de toda a Europa e teve visitação extraordinária. No entanto, enquanto fazia uma escultura para o Instituto de Arte Contemporânea de Inhotim, em Minas Gerais, ele contou, brincando, que durante a produção sabia todas as cores e tamanhos de meias-calças que havia na orla carioca. É esse tom de brincadeira e de aconchego que predomina nas obras de Neto. “Meu objetivo é envolver as pessoas, tomar conta delas como se fossem bebês. Os meus espaços são áreas de compreensão do mundo físico, da textura, do peso, da cor e da alegria ou tristeza. São espaços de relação afetiva com o mundo.”

Tamanha a afetividade impressa em seus trabalhos que, em 2000, ele se casou praticamente dentro de uma de suas esculturas brancas transparentes, a estrutura que recebeu o nome de Útero Capilla, ou capela útero. Ernesto Neto passou os últimos verões montando e expondo em espaços como a Hayward Gallery, que fica no complexo do SouthBank, às margens do Tâmisa, em Londres. Em 2007, sua Navedenga (1998), outra imensa estrutura de tecido elástico branco, com espécies de sacos dependurados, foi comprada pelo Museu de Arte Moderna da Nova York, o MoMA. Parece que o artista ainda tem mais repercussão fora do Brasil, mas ele diz acreditar que suas obras são universais. “Claro que também somos cultura, mas todos nós temos que ir ao banheiro e comer. Estou realmente interessado no que temos em comum”, disse em uma entrevista. Simplificando ainda mais, de maneira que só mesmo os cariocas conseguem, ele falou sobre o próprio trabalho: “Escultura é qualquer coisa que fique em pé, já arte é o que acontece entre você e aquilo ali”. Não é incrível? Por essa razão, essa é a relação que ele acredita que deva haver entre a obra e quem está diante dela. Os admiradores de Neto nunca são passivos, ou meros observadores posicionados a alguns passos da linha amarela (aquela que define o espaço regulamentar de proximidade nos museus). Eles são convidados a participar, a sentir, em alguns casos até vestir as esculturas. Como na série de esculturas Phitohumanoids (2007), em que ele propunha que a escultura fosse um prolongamento do corpo humano.

Anthropodino em dois momentos: completa e detalhe


arte

Da abstração romena ao coco A inspiração para a obra de Neto pode estar em todo lugar. Suas referências clássicas são o escultor romeno, pioneiro na abstração, Constantin Brâncusi, o italiano Giovanni Anselmo e o moderno americano Richard Serra. No Brasil, os concretistas cariocas são sua turma, mas seu olhar pode estar em qualquer lugar. No ano passado, Neto fez um manifesto contra a tentativa de embalar o coco verde, aquele vendido nas barraquinhas de Copacabana. O manifesto é uma espécie de rap, cantado por ele, que invadiu o Youtube. A letra diz “eu quero coco natural, cortado na machadinha a gente vê se está legal”. Para ele, a fruta encontrada com fartura na nossa orla é, por si só, uma escultura. “Me interesso pela inteligência popular. O povo brasileiro é tão inventivo que é impossível seguir as regras aqui. Por isso, é preciso mostrar a beleza de nossa sociedade que consegue se construir além das instituições e do Estado.”

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Assim segue Ernesto, um carioca internacional, que está revolucionando a escultura com suas formas que brincam com a gravidade e que encontra tempo para fazer rap protestando contra a possibilidade de embalagens para o coco verde.

Humanóides Ao lado, Antes que eu te engula


cozinha

Doçura Branca

Primeiro doce alimento que se guarda na lembrança, o leite é ingrediente fundamental em grande parte das receitas das sobremesas brasileiras. É ele que traz a cremosidade, que dá o ponto, e empresta sua cor aos manjares, às cocadas, aos merengues ou glacês. Uma mesa toda branca é a nossa sugestão para as festas de fim de ano (ou não). Como sobremesa, releituras de tradicionais doces brasileiros elaborados pela chef Caroline Melo, para momentos de paz, de amor e de confraternização.

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Fotos Dulla | Produção Regiane Mancini | Assistente de Produção Alison Limontt

Mesa Saarinen, Clami Design, jogos americanos de crochê, jarra e bailarina de ferro pintado, Divino Espaço, pratos (ao fundo), Roberto Simões, pratos retangulares, xícaras e pires Alessi, Benedixt


Creme de claras INGREDIENTES Xícaras Alessi, Benedixt

3 claras 6 colheres (sopa) de açúcar 1 lata de creme de leite sem soro MODO DE PREPARO

Bata as claras em neve. Quando estiverem bem firmes, acrescente uma a uma as colheres de açúcar. Retire da batedeira e misture o creme de leite vagarosamente. Leve para gelar.

Calda INGREDIENTES

1 xícara (chá) de água 2/3 xícara (chá) de açúcar ½ xícara (chá) de licor de nozes MODO DE PREPARO

Coloque numa panela a água e o açúcar. Leve para ferver. Após levantar fervura conte mais 5 minutos em fogo baixo. Retire do fogo e acrescente o licor de nozes. Deixe esfriar.

Montagem

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Manjar branco INGREDIENTES

1 lata de leite condensado 2 e ½ da medida de lata de leite 1 garrafinha de leite de coco ½ xícara (chá) de maisena 4 colheres (sopa) de coco ralado fino MODO DE PREPARO

Misture bem o leite condensado, o leite, o leite de coco, a maisena e o coco ralado. Leve ao fogo, mexendo sempre até obter um creme grosso. Retire do fogo e despeje nas forminhas untadas com óleo. Leve à geladeira por cerca de 5 horas.

Merengue de romã

INGREDIENTES

INGREDIENTES

MODO DE PREPARO

INGREDIENTES 1 xícara (chá)

Coloque numa panela o leite condensado, o coco fresco e a manteiga. Leve ao fogo até ponto de brigadeiro para enrolar (descolar do fundo da panela). Deixe esfriar. Faça bolinhas de 15g e passe no coco ralado fino seco.

MODO DE PREPARO

500 ml de creme de leite fresco 5 colheres (sopa) de glaçúcar 1 colher (café) de essência de baunilha 1 vidro de geleia de romã 1 pacote de suspiro pequenos Sementes de romã para decorar

INGREDIENTES

1 bolo de massa branca pronto (pão de ló) cortado em rodelas finas 1 pote de geleia de damasco 1 xícara de nozes picada 1 xícara de damasco picado Creme de claras Calda Separe seis copos ou taças para a montagem. No fundo coloque um pouco do creme, depois uma rodelinha de pão de ló umedecida na calda, um pouco de geleia de damasco, mais uma camada de creme e salpique as nozes e os damascos picados. Repita essa operação mais uma vez e decore com nozes e damascos.

Crespinho de coco

Xícaras com pires da Alessi, Benedixt

Guardanapo de linho e pratinho de cerâmica, Divino Espaço

Copos Alessi, Benedixt

cozinha

Pavê rústico

1 lata de leite condensado 2 colheres (sopa) de coco ralado fresco 1 colher (sopa) de manteiga Coco ralado fino seco (para salpicar no docinhos)

RENDIMENTO MODO DE PREPARO

Prepare o chantilly da seguinte forma: numa batedeira coloque o creme de leite fresco bem gelado (pode deixar 5 minutos no freezer), o glaçúcar e a essência de baunilha. Bata até formar picos firmes. Para montagem do merengue, separe oito refratários pequenos (do tamanho de uma xícara de chá). No fundo coloque um pouco de suspiro picado, logo em seguida um pouco de chantilly e salpique a geleia de romã. Faça novamente esse processo e termine com o chantilly. Decore com um pedacinho de suspiro e sementes de romã. RENDIMENTO

8 porções pequenas

25 docinhos

Calda de açúcar 150 g de ameixa preta sem caroço 1 pedaço de canela em pau 2 cravos-da-índia

Misture todos os ingredientes e leve ao fogo por cerca de 10 minutos após iniciar fervura. Deixe esfriar para colocar sobre o manjar. RENDIMENTO

La pâtissière

20 forminhas de 5 cm de diâmetro ou 1 forma de furo com 19 cm de diâmetro

Caroline Melo é formada em gastronomia e foi pupila de Fabrice Le Nud, da Pâtisserie Douce France. Há cinco anos abriu a Carol Melo Doces, que assina grande parte das sobremesas de festas e eventos estrelados da cidade.

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personna

Íntimo e pessoal

Lindenberg & Life

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A empresária Kanduxa Zarvos Pereira transformou os 156 metros quadrados de seu Lindenberg em um quarto e sala. E que quarto e sala.... Texto Maiá Mendonça | Fotos Valentino Fialdini

Sobre o sofá do living, tapeçaria Aubusson século 18, bureau plat século 19, par de abajures de Murano, potiche chinês e cadeira medalhão, herança de família


personna 72 Lindenberg & Life

Q

uem acompanha a revista Lindenberg&Life deve ter visto (e lido), a matéria sobre o Lindenberg anos 1970, estilo Mediterrâneo, do jornalista Cesar Giobbi, publicado na edição passada. Nesta edição, fotografamos um outro apartamento, no mesmo edifício, mas em outro bloco. Por quê? Você deve estar se perguntando. Para mostrar outra solução de reforma, e as muitas possibilidades que um Lindenberg permite, pela flexibilidade de sua planta original. Há 30 anos a empresária Kanduxa Zarvos Pereira, proprietária da Pessoas, empresa especializada em recrutamento e treinamento de pessoas, ganhou do pai o apartamento para ser uma fonte de renda. Há 15 anos, ela decidiu mudar-se para lá e há seis adaptou a planta de 156 metros quadrados para suas necessidades: um dormitório com closet, banheiro, e uma grande sala íntima além de living, jantar e cozinha.

Acima, a sala íntima com as paredes forradas de madeira, par de mesinhas com abajures Murano e tela de Gustavo Rosa sobre a lareira. Kanduxa e a generosa vista do terraço. No fim do corredor que leva até o quarto, cômoda, espelho e tapete oriental, heranças de família


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Enquanto Cesar manteve os três quartos originais e fez as maiores alterações na área íntima, Kanduxa praticamente colocou o apartamento abaixo. “Foi uma longa e minuciosa reforma, rebaixei o piso, derrubei e “enrretei” (foi ela quem deu esse conselho para o jornalista) paredes, mas valeu a pena”, explica ela que teve supervisão da designer de interiores Celia Whitaker. O resultado é bastante interessante. Kanda (apelido para os amigos) manteve o living original, transformou o terceiro quarto em sala de jantar, trocou as tábuas largas do piso por tacos de perobinha, e colocou piso e rodapé de mármore no corredor de entrada.

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As grandes mudanças aconteceram na cozinha e nos quartos. O corredor e o hall redondo e original que levava para os quartos, o segundo dormitório e um dos banheiros foram abaixo; os armários da cozinha idem e assim, roubando espaço daqui e dali, ela fez uma sala íntima com lareira, home theater, uma bancada que serve de escritório, forrou as paredes com madeira e mobiliou com móveis confortáveis. Essa sala privée é separada do resto do apartamento por uma porta. Uma segunda porta

Sala de jantar com tela de Santuza Andrade; papeleira século 19 e barômetro presente do pai. No hall de entrada, tela de Ivald Granato, a primeira obra de arte que comprou e detalhe da cozinha Ao lado, aparador do século 18 que foi da avó e tela de Thomaz Ianelli, costureira de madeira século 19 e pássaro comprado em Nova York


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Na suíte, as paredes foram forradas de tecido

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A cozinha é um caso à parte. Cesar Giobbi roubou um pedaço dela para fazer sua sala de jantar, Kanduxa juntou cozinha, área de serviço e o quarto da empregada, e fez um ambiente que reúne fogão, geladeira, máquinas de lavar e de secar, tábua de passar... tudo muito prático e funcional.

Lindenberg & Life

cria a divisão entre o private room e o quarto, banheiro e closet da empresária. “Eu precisava de um closet, e foi assim que o segundo banheiro virou um belo armário, com portas espelhadas, e superorganizado”, o que não poderia ser diferente, já que esse é um dos trabalhos de Kanduxa, que adora seu pied-à-terre paulistano, mesmo que ela passe de quinta a domingo na casa de Indaiatuba cercada por 14 cachorros.

A decoração é um misto de móveis de família, peças que ela trouxe de viagens e quadros de artistas que hoje são famosos, que foi comprando no decorrer dos anos. Amiga de Gustavo Rosa, tem várias obras do artista penduradas em suas paredes, algumas delas feitas especialmente para ela, uma delas com seu nome. “Mas essa está em Indaiatuba.”

Ao lado, mesinha com Nossa Senhora barroca e aquarela de Carlos Leão


5 experiências

Botes, bianas, canoas As embarcações são outra riqueza. Felizmente elas ainda navegam mantendo viva uma tradição única. Não há país que reúna tamanha diversidade de tipos e modelos de barcos como o nosso, fruto da miscigenação entre técnicas europeias com a tradição africana e a dos primeiros habitantes de Vera Cruz. Geralmente nos lembramos das jangadas e, talvez, os saveiros imortalizados por Jorge Amado. Mas é muito mais: há os botes bastardos, jangadas e canoas de risco, do Nordeste; os iates, bianas, canoas costeiras e botes de proa de risco, do Maranhão; as canoas sergipanas, e de tolda, do São Francisco; e centenas de tipos de canoas de pau, entre elas as magníficas canoas de voga, de Ilhabela, litoral Norte paulista. Fiquei tão impressionado que dediquei um livro ao tema: Embarcações típicas da costa brasileira, da Editora Terceiro Nome.

para o mar Das ondas do rádio Texto e fotos João Lara Mesquita

D

epois de 20 anos como diretor da Rádio Eldorado, do Grupo Estado, em 2003 chegou a hora de minha saída. No início não sabia o que fazer. A única certeza era manter o foco em comunicações. Mirei a televisão. Até aquele momento era a única mídia para a qual eu nunca trabalhara. Comecei a ver televisão com outros olhos. Rodava os canais à procura de inspiração. Não demorei para perceber que documentários eram o caminho. Poucos meses depois estava com um projeto pronto, acolhido pela TV Cultura. Ele misturava meio ambiente, políticas públicas, ocupação da zona costeira, desrespeito ao Código Florestal, e meu maior prazer: navegar. Nasceu o Projeto Mar Sem Fim, uma série de documentários para mostrar as riquezas e as mazelas da costa brasileira. Contratei um cinegrafista e uma produtora que, junto comigo e um marinheiro, formaram a tripulação. Levei meu veleiro até o Rio Oiapoque. E desci, investigando a costa, até o Chuí. Foram dois anos maravilhosos, cheios de aventuras e descobertas.

Exemplo paraibano Um pouco mais abaixo, no Nordeste, há um exemplo a ser seguido por todos os estados costeiros: a Constituição Estadual da Paraíba. Ela domou a especulação imobiliária e a pressão das construtoras no litoral ao proibir prédios com mais de três andares (máximo de 12,8m), e nunca antes de quinhentos metros para o interior das praias. Ao longo dos programas eu insistia que era possível ocupar sem estragar, preservando a paisagem que levou eras para se formar. Ela é um bem que pertence a todos. Temos responsabilidade. Recebemos a zona costeira quase intacta das gerações anteriores. Acredito que é um dever lutar para que nossos netos, e os netos deles, possam desfrutar essa beleza. A Paraíba sabe como.

Debret em Oiapoque

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Logo no início o município de Oiapoque, fronteira Norte do Brasil, escancarou as muitas faces deste País desigual. A cidade é caótica. Não há regras quanto à ocupação. O local atrai garimpeiros pela riqueza do subsolo. Ruas de terra batida, zero de saneamento básico, prédios de alvenaria em blocos que misturam um hotel, um açougue e uma loja de compra de ouro. Ali assisti a cenas no comércio que me fizeram lembrar Debret. Por obra de D. João VI, em 1816, veio ao Brasil um grupo de artistas conhecido como a Missão Francesa. Entre eles estava Debret que, em suas aquarelas, pintou um país recém-aberto aos estrangeiros. Foi uma surpresa descobrir que no século 21 essas cenas ainda fazem parte do cotidiano de quem mora em Oiapoque.

Continente gelado Ao terminar a série da costa brasileira, preparei-me para um desafio muito maior. E gelado. A Antártida. Eu iria trabalhar para a Rede Bandeirantes. Produzi e apresentei cinco documentários mostrando a viagem de meu barco, agora um trawler (espécie de traineira adaptada), desde o Rio Grande até quase o círculo polar. Partimos em outubro de 2009. Em janeiro de 2010 chegávamos ao ponto extremo, as Ilhas Argentinas, no paralelo 65º e 14 minutos de latitude Sul. O Mar Sem Fim foi o primeiro barco a motor brasileiro, e o menor entre todos do mundo, a atingir essa latitude. Não acho adjetivos suficientemente fortes que possam descrever a emoção que senti, ou a beleza do continente gelado. Quem tiver a oportunidade não titubeie: vá!

Patagônia, Mar Sem Fim e geleira Quando retornei da Antártida, ousei. Deixei meu barco em Ushuaia, Argentina, às margens do Canal de Beagle, onde está até hoje. De lá partem, e é para onde voltam, todos os barcos privados que vão para a Antártida. Os maiores navegadores polares estão ali todos os verões. Você tropeça com mitos da vela mundial. A região é de uma beleza superlativa. Para quem gosta de natureza em estado puro, selvagem, é este o endereço. Queria levar brasileiros que amam o meio ambiente para conhecer a área que encantou Darwin pela beleza. Deu certo. Ano passado foram cinco grupos. Para este já tenho três reservas. Experimente, vale a pena. Mais informações: www.marsemfim.com.br.


qualidade de vida

Bandeira

branca

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Tradição no casamento e no batizado, tendência na decoração, mania no réveillon, o branco, cheio de significados, abre as portas para o reinício Por Judite Scholz | ilustração Maria Eugênia

V

ibrante e estimulante por ser a união de todas as cores, definido como a luz isenta de cor, o branco reflete todos os raios luminosos, não absorvendo nenhum e, por isso, aparece como clareza máxima. O renomado pintor russo Kandinsky, para quem o problema das cores ultrapassava o problema da estética, resumiu: “O branco, que muitas vezes é considerado como não cor, é como o símbolo de um mundo onde todas as cores, em sua qualidade de propriedades de substâncias materiais, se tenham desvanecido... O branco produz sobre nossa alma o mesmo efeito do silêncio absoluto. Esse silêncio não está morto, pois transborda de possibilidades vivas. É um nada, pleno de alegria juvenil, ou melhor, um nada anterior a todo nascimento, anterior a todo começo. A terra, branca e fria, talvez tenha soado assim nos tempos da era glaciária. Seria impossível descrever melhor, sem dizer-lhe o nome, a alvorada”.

Alvorada ou renascimento, o fenômeno iniciático que pode explicar o fato de vestirmos branco a cada início de ano. A reunião de todas as cores é a cor ideal para se purificar de energias antigas e começar coisas novas. O mesmo branco presente na roupa do bebê que é batizado, no ritual do cristianismo, consagrando um novo cristão. E ainda o mesmo que perpetua a mais antiga das tradições: o vestido de casamento – mais uma vez, o reinício, agora de uma nova fase da vida.

brilho em ambientes Yang (sala, cozinha). E alertam que o estilo clean, embora tão aclamado por arquitetos renomados, pode ser um erro, porque o uso exagerado do branco pode causar uma sensação de infinito, vazio e frieza, nos deixando pouco à vontade no ambiente. Nesse caso, é crucial incluir acessórios coloridos e objetos de metal. Mas vale lembrar que paredes e tetos brancos são capazes de tornar mais amplos os pequenos espaços.

O simbolismo da cor branca, no entanto, varia de acordo com a cultura. Na Europa, o branco está associado a casamento, hospital, médico, paz; no Japão ao luto; na China à morte e ao luto; na Índia, à infelicidade. No pensamento simbólico, a morte precede a vida, pois todo nascimento é um renascimento. Por isso, o branco é primitivamente a cor da morte e do luto. E isso ainda acontece em todo o Oriente, tal como ocorreu, durante muito tempo na Europa e, em especial, na corte dos reis da França.

Na moda, além de ser a cara do verão, é usado como curinga, já que combina com todas as cores. A tal blusinha branca é peça básica em qualquer guarda-roupa feminino. A cor absoluta, que não permitia variações, encontrou na moda uma saída: o off-white, presente em todas as coleções de verão. Afinal, as roupas brancas são mais frescas na estação mais quente do ano porque refletem os raios solares.

Acredita-se que, da mesma forma como a energia solar, outras energias não penetram no branco. E daí que roupas brancas em funerais e enterros não permitem que espíritos de mortos se fixem nos vivos, aceitando que a morte é a partida do mundo físico para um plano espiritual mais puro – o reinício, de novo. É por isso também que é tão utilizado nas vestimentas dos rituais de várias religiões: repele energias negativas e eleva as vibrações, inspira o despertar da espiritualidade e gerencia o equilíbrio interior. No Feng Shui, a cor é o principal instrumento utilizado na busca de equilíbrio e harmonia em um ambiente. Cada cor é relacionada a um dos cinco elementos – água, madeira, fogo, terra e metal, e proporciona sentimentos e emoções diferentes. E elas podem ter significados positivos ou negativos, dependendo da intensidade, local e forma com que são aplicadas nos ambientes. O branco pode ser utilizado na casa toda, externa ou internamente. Alguns estudiosos do Feng Shui recomendam que se deve usar a cor branca sem brilho em ambientes Yin (quarto, banheiros) e com

Faber Birren, autor de vários livros e artigos sobre a teoria da cor, acreditava que a cor é a principal ferramenta de comunicação, expressão e auto identificação. Ligou a percepção humana da cor com a resposta emocional que evoca no espectador. Ele explica, no livro Creative Color: An Approach for Artists and Designers, de 1961, que as pessoas associam cores com outros sentidos. Para o publicitário Fabrício Alves, da Fcraft, as cores influenciam psicologicamente os seres humanos de várias maneiras e são mais ligadas à emoção do que propriamente à forma. “Se várias figuras coloridas forem mostradas a um grupo de pessoas, essas pessoas se lembrarão mais facilmente das cores do que das formas dessas figuras. É interessante verificar como a psicologia das cores é utilizada atualmente pelas grandes empresas. Marcas conhecidas fazem uso constante deste conhecimento para chamar a atenção, ou vender mais seus produtos. O branco sugere pureza, cria uma impressão de vazio e infinito; evoca frescor e limpeza, principalmente quando combinado com o azul.” Por associação, ligamos o branco imediatamente à paz, cuja bandeira expressa o que mais desejamos em tempos tão violentos.


turismo Lindenberg & Life

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em

Branco

para escrever cartões-postais do paraíso Praias com águas cristalinas, desertos exóticos e a elegância das montanhas estão à sua espera Por Juliana Saad

Alguns dos recônditos mais exóticos do planeta ilustram as nossas páginas. Eles foram escolhidos para transportar você diretamente a esses paraísos terrestres. Colar de pérolas Marco Polo a chamou de “A Flor das Índias”. As Maldivas são um conjunto de 1.200 ilhas situadas ao Sul da Índia e a Oeste do Sri Lanka, formando um colar de pérolas na imensidão do Oceano Índico. Com exuberantes palmeiras, praias reluzentes, lagoas azuis-turquesas e recifes de corais repletos de peixes de cores brilhantes. É um dos poucos lugares da Terra que ainda conservam o seu estado natural. Shangri-La Villingili Resort Spa, Ilhas Maldivas

foto divulgação

Destinos

C

enários idílicos geram o impulso de mergulhar em aventuras por destinos inusitados. Explorar dunas e andar de camelo em terras exóticas; deslizar sob as montanhas e relaxar em frente à lareira com uma taça de conhaque ou de vinho na mão, vendo as labaredas dançar; imergir em águas salgadas e depois largar o corpo suavemente sobre a areia. Ter mordomos à disposição por 24 horas, comer bem, dormir em suítes únicas; usufruir de massagens e tratamentos em spas com vistas incríveis. Ser embalado com o som das ondas e a leve brisa soprando ou o silêncio macio da neve caindo... prazer, sublime prazer.


Os restaurantes e bares do Shangri-La Villingili propiciam um verdadeiro tour gastronômico com cores e ingredientes regionais, as atividades aquáticas incluem surfe, mergulho, caiaque, esqui aquático, vela, pesca em alto-mar ou um cruzeiro ao pôr do sol em um belo iate. Seja qual for a sua opção de diversão, uma coisa é certa: entre um mergulho e uma soneca em sua cabana nas Maldivas você irá acreditar que a perfeição pode existir. Mistura fina Um dos mais belos arquipélagos do Oceano Índico, ao sudeste da África, as Ilhas Maurício são cingidas por formações rochosas, bancos de areias e recifes de corais, coqueiros e plantações de cana-de-açúcar. A diversidade do país, fruto da mistura das culturas indiana, africana, europeia e chinesa deixa tudo mais interessante.

fotos divulgação

turismo

Ali, bem ao sul do Equador, na Ilha de Villingili – ponta mais austral do Atol Addu –, encontra-se o Villingili Resort e Spa, da rede Shangri-La. De cabanas privativas fincadas no oceano a casas na árvore com vista panorâmica, o resort oferece sete estilos diferentes de acomodações de luxo. Piscinas privativas, deques panorâmicos e muito conforto traduzem o requinte de forma simples e orgânica.

O Al Maha Desert Resort & Spa, em Dubai, reproduz o modo de vida dos beduínos do deserto Ao lado, vila de frente para o deserto e as dunas de Liwa do Qasr Al Sarab Desert Resort,em Abu Dhabi

Ali encontra-se um dos mais sofisticados resorts da região, The Residence Mauritius, na costa nordeste, em frente à impecável Praia de Belle Mare. Com arquitetura colonial praiana, suítes com sacadas e pátios privativos com vista para os jardins ou para o mar e impecável

serviço de mordomo 24 horas, o hotel é destino dos mais românticos, com surpresas como jantares a dois à beira-mar e programas de mergulho, passeios e tratamentos de beleza personalizados para os apaixonados. E os restaurantes do The Residence oferecem uma combinação da culinária local com influências orientais regada a peixes e frutos do mar. Para definitivamente entregar-se aos prazeres da vida al mare e curtir cada detalhe desse cartão-postal. Desertos legendários Destinos exóticos, os desertos são também cenários de hotéis de alto luxo e atraem aventureiros globe-trotters que buscam experiências únicas e incomparáveis.

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Piscina de uma das cabanas do Shangri-La Villingili Resort Spa, nas Ilhas Maldivas Acima, terraço privativo de uma das suítes do The Residence Mauritius, na praia de Belle Mare, nas Ilhas Maurício

Escondido entre as antigas dunas do deserto de Liwa, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, o Qasr Al Sarab Desert Resort, da rede Anantara, proporciona uma jornada inesquecível à autêntica Arábia. O resort é um oásis a 200 quilômetros de Abu Dhabi, no meio do Liwa, que faz parte do Empty Quarter, a maior extensão de areia virgem do mundo. Os quartos e suítes esbanjam vista espetacular das dunas, enquanto as vilas lembram que você está nos Emirados Árabes, um lugar que não tem acanhamento em mostrar seu luxo. Um dos pontos altos é o jantar na tenda beduína. Indo muito além dos domínios de um jantar habitual, oferece uma experiência de imersão multifacetada sobre o patrimônio local, onde jantar e entretenimento são uma arte. O renomado spa do Anantara faz bem o seu papel, assim como a piscina. Isolado do mundo exterior, o Abu Dhabi Desert Resort traz o misticismo local para uma memorável aventura no deserto.


1

Privacidade e elegância Com panoramas de tirar o fôlego e pistas que fazem a delícia dos que curtem a adrenalina dos esportes radicais de inverno, os hotéis/resorts buscam exceder seu menu de serviços, com spas e alta gastronomia, além de acomodações e après ski superexclusivos. Entre os destaques, Vail, nas montanhas do estado norte-americano do Colorado, e Courchevel, nos Alpes franceses. No entroncamento dos Alpes, não muito longe do Mont Blanc, o pico mais alto da Europa Ocidental, Courchevel 1850 é uma das estações mais apreciadas por esquiadores, de iniciantes a experientes. Situado a duas horas dos aeroportos de Lyon, França, e de Genebra, Suíça, encontra-se o Cheval Blanc, projetado como um refúgio fora de série, aninhado no coração do Jardim Alpino e dos Três Vales – a mais extensa área contínua de esqui do mundo. A propriedade pertence a Bernard Arnault, CEO da Louis Vuitton Moet Hennessy (LVMH) e é a encarnação do apuro em uma atmosfera de privacidade e elegância.

1. Piscina do Four Seasons Vail Village, no Colorado 2. Esquiando nas montanhas de Vail, Estados Unidos 3. Piscina interna do Cheval Blanc, em Courchevel 4.Uma das 34 suítes do exclusivo Cheval Blanc, em Courchevel, entre a França e a Suíça 4

3

Radicais flocos de neve Encravada nas Montanhas Rochosas do Colorado, Vail é conhecida como uma das maravilhas do inverno para os aventureiros, entusiastas esportivos ou aqueles que sonham com um “White Christmas”. Localizado na porta de entrada do Vail Village, o Four Seasons está a poucos passos de lojas, restaurantes e do teleférico Vista Bahn. Aberto no ano passado com um mix de luxuosos apartamentos e residências, proporciona atendimento impecável, conforto e culinária cuidadosa. O Ski Concierge, na base do teleférico Vista Bahn, oferece ao hóspede botas, esquis, mapas, informações sobre o tempo e dicas tanto para esquiadores experientes quanto os de primeira viagem. O resort conta ainda com piscina aquecida ao ar livre, toalhas e roupões também quentinhos. Além do terraço com banheiras de hidromassagem, o spa do Four Seasons é um dos pontos altos – com um menu de massagens variado, como a Skier’s Massage. O Vail Village oferece um après ski animado e restaurantes com especialidades regionais, como costeletas de cervo, tartare de bisão e o gluhwein, vinho aquecido com especiarias, típico da região. Diversão para toda a família em um dos resorts de esqui mais ardentes do pedaço.

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O hotel possui 34 suítes espalhadas ao longo de cinco andares. A gastronomia do restaurante 1.9.4.7 by Yannick Alléno (que acumula três estrelas Michelin), deve seu nome à mítica safra do vinho Cheval Blanc, de Bordeaux. E uma cave recheada de presunto espanhol, porco preto do Alentejo, linguiças e salsichas da Savoia é lugar para aperitivos em frente ao fogo.

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turismo

Beleza dramática Situado em meio às dunas de areia em uma reserva nacional de 225 quilômetros quadrados em Dubai, o Al Maha Desert Resort & Spa é um tributo à vida tradicional no deserto. Construído ao estilo dos antigos assentamentos beduínos, ostenta um delicado equilíbrio entre o conforto da tecnologia e a natureza intocada. Lugar certo para usufruir dos costumes, fauna e beleza dramática do deserto da Arábia. As suítes em tons neutros são mobiliadas com coleções exclusivas e raras de obras de arte regionais e antiguidades, com piscinas privativas em temperatura controlada e vistas panorâmicas para as dunas. Incluídas no preço do Al Maha estão atividades locais diárias, da exibição da tradicional arte da falcoaria, trilhas em camelos, passeios a cavalo, passeios em 4x4, caminhada ecológica com guia e safári (órix, gazela e raposa são apenas uma amostra dos animais selvagens que podem ser vislumbrados). Diversão e sustentabilidade em um programa que entrará para a sua história particular de Mil e uma Noites.

No spa com assinatura Givenchy, tratamentos de beleza com produtos formulados para as grandes altitudes, massagens relaxantes, além de tratamentos especiais para esportes de inverno, saunas e piscina com borda infinita. Outras atrações: o Cigar Lounge Yurt (uma cabana arredondada típica dos povos mongóis e turcos na Ásia Central), lojas Louis Vuitton e Dior, jantares de gala, exposições de moda – doces lembranças das raízes haute couture do Cheval Blanc.

Al Maha, Luxury Collection Desert Resort & Spa – Dubai www.almaha.com Cheval Blanc Hotel – Courchevel www.chevalblanc.com Qasr Al Sarab Desert Resort by Anantara – Abu Dhabi http://qasralsarab.anantara.com/ Shangri-La’s Villingili Resort & Spa – Maldivas http://www.shangri-la.com/en/property/male/villingiliresort The Residence Mauritius - Ilhas Maurício www.theresidence.com/mauritius The Ritz-Carlton Residences – Vail www.fourseasons.com/vail/


prêmio

QUE TRIO É UM GRANDE

Justa Homenagem Adolpho Lindenberg, fundador da Construtora Adolpho Lindenberg, recebeu o Prêmio Master Imobiliário, na categoria Hors-Concours, pelo conjunto de sua obra em mais de 50 anos de trabalho Por Ale Staut | Foto marta santos

C Analuisa Elena de Arruda Botelho Lindenberg e Adolpho Lindenberg

Adolpho Lindenberg Filho e Maria Eliza Caldeira Lindenberg

ompetência técnica, qualidade construtiva, inovação tecnológica, sustentabilidade, planejamento e efetividade de resultados compuseram os quesitos avaliados pelos jurados da 17.ª Edição do Prêmio Master Imobiliário, promovido pelo Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo (Secovi-SP) ao lado Federação Internacional das Profissões Imobiliárias (Fiabci), no mês passado. Ao todo, 18 projetos foram contemplados. Na categoria Hors-Concours, homenageou-se o arquiteto-engenheiro Adolpho Lindenberg, fundador da construtora que leva o seu nome, pelo conjunto da obra, ou seja, pelo trabalho realizado na construção e no crescimento de São Paulo, em mais de 55 anos de trabalho.

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De todo esse tempo dedicado à construção de habitações, Adolpho Lindenberg se lembra com prazer e saudosismo dos primeiros tempos, quando visitava obras e tinha contato direto com mestres de obras e com os clientes. “Tudo era feito de maneira muito artesanal”, diz.

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Dos projetos que mais gosta, ele lista dois, ambos no bairro paulistano do Morumbi, o Penthouse e o Roof, que apresentam piscinas em leque, obras erguidas nos anos 70. “Para mim, tratam-se de projetos contemporâneos muito bem realizados”, finaliza o homenageado.

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“Fiquei muito emocionado com o prêmio”, diz Adolpho Lindenberg, que, em mais de meio século, construiu mais de 500 prédios no Brasil, no Chile, no Uruguai, e em países da África. “Comecei meu trabalho reformando fazendas no interior de São Paulo, depois vieram casas no bairro paulistano dos Jardins e residências de praia, no Guarujá (SP)”, relembra o homenageado. O primeiro edifício de sua companhia foi levantado na Rua Itacolomi, no bairro paulistano de Higienópolis, o edifício Princesa Isabel. Após a construção, veio uma série de prédios de luxo em toda a capital paulista. “Foi num momento em que pessoas abastadas do Morumbi e dos Jardins decidiram mudar-se para prédios, devido a sua segurança”, diz ele, que também construiu hotéis de luxo no Guarujá, e na região Norte, na Amazônia.

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Há muitas portas para se entrar na história de uma cidade. Pela porta da música, como o professor Newton Mello, compositor do hino oficial de Piracicaba. Da saúde, como o sanitarista Dr. Paulo de Moraes Barros. Ou então da nobreza, como os Barões de Piracicaba Antonio Paes de Barros e Rafael Tobias de Barros. Há mais de 50 anos a Adolpho Lindenberg entrou para a história da capital do estado pela porta da frente. Com muito profissionalismo, qualidade e conceitos inovadores, a Adolpho Lindenberg ajudou a construir os Jardins Paulista, América e Europa, bairros emblemáticos da pujança de São Paulo, marcos na construção civil que servem de exemplo. Hoje, são mais de 500 obras entregues para mais de 5 mil satisfeitos clientes pelo Brasil. E assim, com toda essa bagagem, a Adolpho Lindenberg agora bate à porta de Piracicaba para fazer o que melhor sabe: construir futuros. Sólidos, duradouros e referênciais. Porque entendemos que não há outro jeito de fazer parte da história.


em obras


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