Revista Lindenberg - Grupo LDISA

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tramas tecendo arte, arquitetura, cidades e relaçþes


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DE ENTREGA: 2º SEMESTRE 2013

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Incorporação

Projeto e Construção


editorial

“Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma.”. Arne Næss, filósofo, ecologista norueguês

A

natureza é feita de tramas. Os relacionamentos humanos se baseiam em tramas. A arquitetura tem seus momentos trama através da história. Viadutos que se cruzam, prédios que tentam arranhar o céu criam tramas de asfalto e concreto. Artesãos tramam fios desde os primórdios dos tempos tecendo tapetes, panos, tapeçarias. No teatro, no cinema, nas novelas os enredos tramam o destino dos personagens. O que seria da vida se não fossem as tramas?

Fazer uma revista é também tramar temas. Enredar assuntos. Por essas e por outras, tramamos a primeira edição de 2013 sobre algumas tramas. Lembramos da arquitetura rococó e seus relevos rendados, do arquiteto catalão Antoni Gaudí e suas formas orgânicas, e fomos pesquisar as tramas na arquitetura de ontem e de hoje, e chegamos a conclusões interessantes que estão na matéria Segunda Pele. Convidamos o fotógrafo Cassio Vasconcellos a dividir com o leitor da Lindenberg suas incríveis fotos aéreas, retratos da brutalidade da cidade adoçados pela beleza das tramas que edifícios e viadutos criam. Entrevistamos o tecelão e designer de artesanato Renato Imbroisi, que está com a exposição Ibirá-Flora no Pavilhão das Culturas Brasileiras do Ibirapuera, um artista que costuma levar seu conhecimento para comunidades longínquas no Brasil e na África, e assim ajudar no desenvolvimento sustentável dessas regiões. Em Tecendo a Vida, mostramos a evolução da arte da tapeçaria no Brasil e falamos, principalmente, do maravilhoso trabalho feito por artistas brasileiros no século 20, como Genaro, Regina Graz, a mulher de John Graz, pioneira na arte da tapeçaria, Jean Luçat e Rosa Soban. O design do dia a dia sempre se beneficiou das tramas e trançados das palhas, do junco, das cestarias, e aplica esse know-how em outras bases como o metal, o arame e até a lã, criando peças que podem ser admiradas na matéria A Elegância do Rústico, lindamente clicada por João Ávila para a Lindenberg. Rosilene Fontes, nossa arquiteta e colunista, fala do mistério por trás das treliças que protegiam as casas coloniais, enquanto a artista têxtil Marta Meyer procura tecer com palavras todo o sentimento que leva para seu tear e a jornalista Judite Scholz aborda as teias dos relacionamentos familiares, amorosos e sociais. Mas há muito mais leitura, esperamos que você aproveite.

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Adolpho Lindenberg Filho e Flávio Buazar


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sumário

é uma publicação da Construtora Adolpho Lindenberg. Ano 10, número 44, 2013 Conselho Editorial

Marketing

Eliane Mendes Direção de arte

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divulgação

Adolpho Lindenberg Filho, Flávio Buazar, Ricardo Jardim, Rosilene Fontes, Eliane Mendes

Lili Tedde Editora-chefe

Maiá Mendonça Colaboradores

Adriana Brito, Alain Brugier, Antonio Vilalobos, Cassio Vasconcellos, Debora Caruso, Felipe Reis, Flavio Nogueira, Instituto Azzi, João Ávila, Judite Scholz, Juliana Saad, Luiz Claudio Rodrigues, Maria Eugênia, Marianne Piemonte, Mauro Marcelo Alves, Marta Meyer, Patricia Favalle, Rosilene Fontes, Suzane G. Frutuoso Revisor

Claudio Eduardo Nogueira Ramos Arte

Marcelo Pitel Publicidade

Cláudia Campos, tel. (11) 3041.2775 cel. (11) 9910.4427 lindenberglife@lindenberg.com.br Gráfica

Pancrom Lindenberg não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. As pessoas que não constam do expediente da revista não têm autorização para falar em nome de Lindenberg ou retirar qualquer tipo de material para produção de editorial caso não tenham em seu poder uma carta atualizada e datada, em papel timbrado, assinada por pessoa que conste do expediente.

06 Notas 14 Cidade Santos Atraindo olhares e investidores 22 Ensaio Cassio Vasconcellos fotografa a cidade 28 Urbano As tramas na história da arquitetura 36 Poéticas urbanas Gelosias, rótulas ou adufas 38 Entrevista Renato Imbroisi é artesanato 42 Um outro olhar Bispo do Rosário 48 Primeira Pessoa Marta Meyer tece palavras 50 Arte Tecendo a vida, a arte da tapeçaria 56 Úteis A elegância do rústico 62 Personna Um clássico de Roberto Migotto 70 Perfil Priscilla Zarzur, a arquiteta dos decorados 72 Qualidade de vida Teias sociais 74 Turismo Lyon e Annecy, pérolas do Rhône 78 Roteiro De moto pelas três Américas e mais 82 Filantropia Metas por uma grande causa 84 Sociedade Viva Caraíva Viva 86 Vendo um Lindenberg 88 Em obras

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R. Joaquim Floriano, 466, Bloco C, 2º andar, São Paulo, SP, tel. 3041-5620 www.lindenberg.com.br

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Jornalista Responsável

Maiá Mendonça (Mtb 20.225) A tiragem desta edição de 10.000 exemplares foi auditada por PwC.

Nossa Capa Foto João Ávila Bogoió de Gola Média, design de Marcelo Rosenbaum, CONCEITO FIRMA CASA


28

22 Felipe Reis

João Ávila

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50 72

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Maria Eugênia

Alain Brugier

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divulgação

divulgação

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Cassio Vasconcelos

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20 Maria Eugênia

Jean François Tripleon

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Maria Eugênia

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notas

Para alegrar o fogão, panelas e frigideiras Nigro supercoloridas. nigro.com.br

Parece mas não é

Essa sacola plástica é um balde de gelo que pode levar um champanhe gelado de presente, ou ser colocado sobre a mesa no bar. Ideia da Plastic plastic.com.br

Picolé feito em casa?

As forminhas acabam de ser lançadas no 26º ABUP Show, uma das mais importantes e tradicionais feiras do setor de utilidades e presentes, são Basic Kitchen e estão na Doural. doural.com.br

Réchaud de prata para queijo brie, da Riva.

The Flapper

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Anote a receita do coquetel The Flapper, sucesso no Claridge’s de Londres, servido depois de aulas de Charleston que acontecem no hotel, abertas para hóspedes ou não. Dias 15 de abril e 13 de maio tem aula, para quem estiver por lá. 15 ml de creme de cassis | 3 morangos | 1 colher de gelo batido | Champanhe Como fazer Coloque os ingredientes no copo e bata-os no liquidificador. Sirva com um morango cortado ao meio enfeitando a beira de uma taça alta.

Bom humor na mesa Verde, vermelho, amarelo, laranja e roxo invadem a mesa. Ideia da Biona Cerâmica. biona.com.br

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notas

Nostalgia

Modelos criados por Walter Bertolucci serviram de fonte de inspiração para a coleção da Bertolucci, conhecida grife de iluminação. Os moldes ganharam roupa nova, depois de 30 anos guardados, nas mãos da Oficina Bertolucci, do arquiteto croata Marko Brajovic e da designer Ana Strumpf, que se inspirou na moda para dar um novo olhar às peças e acabamento anodizado, usado pela primeira vez pela marca, e menos agressivo ao meio ambiente. bertolucci.com.br

Que tal ter duas combinações de mosaicos do império bizantino na parede de casa? Ideia da Celina Dias para seus papéis de parede. celinadias.com.br

Parede de papel

Com trabalho inovador de pesquisa sobre tendências de decoração, a Casas Fortaleza criou a Vitrine, sua loja conceito. Até aí nada de novo. Entre os muitos lançamentos, faz parte da coleção Élitis de papéis de parede a estampa Big Croco. Isso é novo. vitrine.com.br

A releitura do tradicional sofá chesterfield é uma das propostas da The Leather Design, marca do Grupo Natuzzi, para sua coleção 2013 de sofás e poltronas projetadas na Itália. O sofá B721 de couro branco é um dos lançamentos. É feito com couro selecionado por rígidos padrões, inclusive ambientais. leathereditions.net fotos divulgação

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Tradição e ruptura



notas

Atenção atletas!

Quem estiver em Londres para a maratona do dia 21 de abril, uma das mais importantes do mundo, o 45 Park Lane, o mais novo hotel da coleção The Dorchester, está com o pacote Exercise Matt at 45 Park Lane. A partir do dia 1º de abril eles oferecem treinamento direcionado ao fortalecimento de regiões do corpo específicas para corredores, alimentação balanceada e sugestões saudáveis de café da manhã e mais uma série de mimos para quem participar da corrida, incluindo um livro do mestre e uma supermassagem. 45parklane.co.uk

BMW com duas rodas

A BMW traz para o Brasil suas bikes, fabricadas com a mesma tecnologia de seus automóveis. A Mountain Bike Enduro é perfeita para o sobe-desce de montanhas. Suspensão, posição do assento, guidão, freios hidráulicos, transmissão Shimano XT com 30 velocidades são algumas das qualidades dessa bicicleta feita para qualquer terreno. bmw.com.br

Antenados, esportistas, hypsters e seguidores do movimento cycle chic, atenção: se você não conhece as bikes dinamarquesas Velorbis, precisa acessar velosophy. com.br, e descobrir um novo estilo de pedalar. Pensada para os ciclistas urbanos que usam a magrela como meio de transporte e enfrentam trânsito, ladeiras e ruas esburacadas. O design das bicicletas é retrô, os acessórios – como cestas de vime, campainhas ding-dong, bolsas de couro e capacetes Brooks – são elegantíssimos, e a tecnologia de fabricação é de última geração. Construídas em aço Chromoly, são extremamente leves, pesando apenas 18 quilos, os freios são Shimano, os pneus Fat Frank, o câmbio tem engrenagem embutida, que permite que o ciclista pedale com qualquer roupa, o selim é confortável e a relação selim/guidão deixa o corpo em uma posição agradável. Os 12 modelos, sendo que a Victoria Classic e Ballon foram desenhadas pensando nas necessidades femininas (o pneu balão pode ser creme: um luxo!), são vendidos exclusivamente on-line, uma ideia do empresário Celso Pinto Jr. “Eu queria trazer ao Brasil uma loja virtual que atendesse o ciclista urbano mais exigente e também colecionadores de bikes conceito. Por isso criei a Velosophy, que trabalha exclusivamente com bicicletas de design diferenciado”, explica o também ciclista, que viu o sucesso da marca ser reconhecido na Europa no catálogo “100 Best Bikes”, de Zahid Sardar. E tem mais: alguns modelos podem ser atualizados para uma versão e-bike Elechic, ou seja, com motor. velosophy.com.br

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Ciclista urbano


PISO ELEVADO WERDEN. PORQUE A QUALIDADE É A ESSÊNCIA DAS GRANDES OBRAS.

A marca Werden está cada vez mais presente nos grandes empreendimentos. O Piso Elevado Acústico Werden apresenta um novo conceito de eficiência e tranquilidade. Rápido de instalar, além de trazer um apoio antivibratório que atenua os ruídos, ele possibilita interligação de sistemas: cabeamentos, automação e aspiração central, entre os ambientes e aceita todo tipo de revestimento. Werden Industrial Ltda. R. Paulo Afonso, 256 CEP 09950-320 Diadema SP Tel: (11) 4067-7000 Fax: (11) 4067-7272 werden@werden.com.br Foto ilustrativa do Piso Elevado Werden.


notas

100% natural

Imagine pitanga, pimenta rosa e almíscar macerados à mão para se transformarem em essência. Óleo de coco e dendê, ricos em vitamina A e B, extraídos artesanalmente, e dessa combinação surgirem produtos orgânicos, sem conservantes, sem perfumes sintéticos, sem nenhum aditivo a não ser suas propriedades naturais. Assim são os produtos da Gahyia, formulados pela farmacêutica Ludmila Sarmento em Caraíva, no sul da Bahia. Óleo de massagem, repelente, perfume de ambiente e creme para o rosto podem ser encomendados pelo site gahyia.com

Pedra na cozinha

A Kitchens, que todo mundo conhece, trouxe um novo revestimento para seus projetos: pedra natural. A novidade atende por Furnier, aparece em dois tons de cinza. As rochas metamórficas, encontradas em todo o mundo, passam por um processo de corte em lâminas muito finas que recebem uma membrana polímera, o que garante sua maleabilidade e resistência. kitchens.com.br

Lavanderia

Dose de irreverência

Urbana, descolada, bem-humorada, sofisticada e jovem: assim se apresenta a alemã KARE, que oferece “design para os eternamente jovens”. Mania na Europa, a proposta é apresentar móveis, luminárias e objetos com algo de incomum e diferente. Vale a pena conferir.

Ele parece um aspirador de pó, mas é um vaporizador elétrico para roupas que também pode ser usado em sofás, almofadas, cortinas e qualquer superfície revestida com tecido natural ou sintético, além de garantir 90 minutos de vaporização. Que vantagem Maria leva? Roupas desamassadas de última hora, calças com vinco, tecidos limpos e higienizados. Da Hamilton Beach. hamiltonbeach.com

kare-saopaulo.com.br

Boa noite, Cinderela

Cama Sled, design Rodolfo Dordoni para Cassina: a cabeceira curvada faz o papel de prateleira.

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Cair da tarde na Baixada santista: espetĂĄculo imperdĂ­vel


Nos embalos de Santos Recheada de bom entretenimento e qualidade de vida, Santos, no litoral paulista, desponta como a cidade do prテゥ-sal e atrai cada vez mais novos empreendimentos corporativos e residenciais Por Flテ」io Nogueira | Fotos FeliPe reis


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completo, com vias projetadas, a construção dos canais que marcam a divisão de seus bairros, a preservação do seu valioso centro histórico e os maiores jardins de orla do mundo e porto da América Latina.

As belezas naturais, culturais e históricas do município fascinam forasteiros. Premiada pela natureza, com seis praias maravilhosas, Santos também fez sua parte, sendo a primeira cidade do Brasil a ter um projeto urbano

Por lá, desde muito tempo, percebe-se uma vocação para unir o patrimônio verde com o conforto do desenvolvimento urbano, sua taxa de urbanização chega aos 98%, e apresenta o sexto melhor índice de desenvolvimento humano de todo o território nacional, segundo levantamento do Seade Sistema Estadual de Análise de Dados. Nas últimas décadas, o município adotou programas de recuperação e de preservação ambiental que causaram impacto no turismo e na qualidade de vida dos moradores, que desfrutam cada vez mais seus atrativos.

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uas planejadas, edifícios, restaurantes, museus, teatros e hotéis. Pode-se até pensar que estamos falando de alguma das grandes capitais do país, apesar desse status, Santos é assim: sotaque de metrópole e charme de cidade pequena. Com mais de sete quilômetros de orla, Santos oferece ótimas opções tanto para moradores como para turistas. Um belo retrato para uma urbe com quase meio milhão de habitantes e que chega a receber, na alta temporada, até um milhão e meio de visitantes.


De uma ponta da costa a outra há um menu de entretenimento único. “No final da tarde, costumo andar de bicicleta pela ciclovia que contorna toda a orla da praia. É lindo ver o pôr do sol, como também os navios que entram e saem do porto”, diz a jornalista Elaine São Pedro, que vive e aproveita os 30 quilômetros de ciclovias existentes. Nesse itinerário, percorrido em tranquilas e arborizadas vias, apresentam-se opções de programas culturais e lazer que fazem com que os moradores vivenciem cada metro quadrado. “O Morro do Voturuá, mais conhecido como morro da asa-delta, é pouco explorado. Você pode subir de teleférico ou de carro. Lá, é possível ter a visão de toda a orla, como também saltar de asa-delta ou paraglider. Além disso, há um restaurante bem gostoso”, completa Elaine.

A rua do centro histórico de Santos guarda um ar de passado; a Fundação Pinacoteca Benedito Calixto merece a visita Ao lado, o saguão do Museu do Café, onde é possível degustar a bebida feita com vários tipos de grãos


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Sugestão de design de interiores para um escri†ório no edifício Win Work Santos e ilustração da fachada Ao lado, o bondinho que leva ao Mont Serrat, onde se admira a melhor vista da cidade, como os impecáveis jardins da orla

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Descobrindo a cidade Quem vai explorar a terra do Pelé pode se deleitar com visitas às antigas construções, passeando pelos 14 lugares que remontam sua história, como o Teatro Guarany, as ruínas dos casarões do Valongo, as igrejas e santuários, o estádio da Vila Belmiro, sede do Santos Futebol Clube, além do Museu do Café do Brasil, com sua arquitetura incrível, no qual se pode degustar cafés e drinques quentes ou gelados preparados com diversos tipos de grãos de café.

da cidade tem mostrado um mercado cada vez mais ativo que propicia para os habitantes boas oportunidades de trabalho, que já não precisam se deslocar para São Paulo.

Se o desejo é algo mais voltado para a contemplação do meio ambiente, as melhores vistas são do Monte Serrat, o ponto mais alto da cidade, passear pelo Aquário e o Orquidário Municipal ou ainda ir ao Morro do José Menino, onde se pratica voo livre, são outras boas opções. Para aqueles que não têm nenhum roteiro específico, a dica é fazer um passeio de bonde e percorrer, num trajeto de cinco quilômetros, os principais pontos da cidade.

Santos em números Por ter sido escolhida como base da Petrobras para o comando do pré-sal, nos últimos anos, Santos tem recebido um expressivo número de empresas que escolheram a cidade para se instalar. A estimativa do Governo federal é de que até 2016 mais de um milhão de pessoas aterrissarão na cidade para trabalhar e morar. Por conta disso, o mercado imobiliário corporativo tem um número de lançamentos comerciais que começa a alcançar os residenciais e, segundo o Secovi, sindicato que representa o setor, Santos vive um momento de muita expectativa quanto ao petróleo e à expansão do seu porto e tem previsão de investimentos – do governo federal e da iniciativa privada – que devem ultrapassar os US$ 6 bilhões até 2024, calcula a Codesp Companhia Docas do Estado de São Paulo.

Mas engana-se quem pensa que esse cenário atrai somente aposentados e turistas, o crescimento econômico

Confiando, e também investindo no potencial da região, a Construtora Adolpho Lindenberg, depois de


desenvolver o projeto arquitetônico do residencial Mansão da Praia, que deu o que falar na Baixada por suas dimensões generosas, mais uma vez escolheu a cidade para abrigar o seu mais novo empreendimento: o Win Work, a linha comercial da LDI, cujo conceito baseia-se na qualidade de localização, qualidade de arquitetura e construção, valor reconhecido ao longo do tempo, mantendo a tradição aliada a constante inovação tecnológica e de construção. Com localização privilegiada no bairro do Gonzaga, no canal 3, na esquina da Avenida Gal. Francisco Glicério com Avenida Ana Costa, o edifício, que deve ser inaugurado ainda em 2013, conta com infraestrutura ultramoderna que atende as novas perspectivas do business local. São 21 mil metros quadrados de área, que receberão uma torre revestida com pele de vidro com 17 andares e lobby com pé-direito de sete metros de altura, que, sem dúvida, conferem elegância e sofisticação ao empreendimento.


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Pensando nos diferentes tipos de negócios e necessidades de espaço, o projeto traz conjuntos que variam entre 148 a 184 metros quadrados, com flexibilidade de layout com junção dos conjuntos, chegando a até 668 metros quadrados de laje inteira, com piso a piso de 3,48 metros, todos preparados para receber forro modular e piso elevado de 15 centímetros de altura. Todos os detalhes foram planejados considerando a segurança, a rapidez e o conforto, para tanto o projeto computa um gerador com tratamento acústico e transferência automática que atenderá as áreas comuns como elevadores, iluminação, alarmes e controles de incêndio, e também a previsão de uma área externa para instalação de um segundo gerador adicional para atendimento das áreas privativas. A rapidez é garantida por cinco elevadores de alta velocidade, com

capacidade para até 20 pessoas, e mais dois elevadores atendendo aos subsolos. Não bastasse tudo isso, foi pensada a infraestrutura para automação e supervisão predial, sistema de segurança e telecomunicação e ainda Implantação e Gestão do condomínio CBRE – Richard Ellis. E se você acha que as novidades param por aí, a construtora lançará mais projetos residenciais e comerciais que oferecerão um novo jeito de viver. Divirta-se O Gonzaga é o bairro mais tradicional e o principal ponto comercial e turístico de Santos, ali se concentram os melhores hotéis da cidade, cinemas, bares, restaurantes, dois shopping centers e diversas agências bancárias. E é onde se acham as melhores sorveterias


É no salão Didi Cabeleireiro que Pelé cortava o cabelo, hoje o Rei é atendido em casa. O quiosque no canal 3 é um dos points de Santos Ao lado, projeto da recepção e uma opção de escritório decorado

na preferência dos santistas, como a Itanhaém, que teve seu sorvete eleito o melhor do litoral paulista pela revista Veja – entre os sabores mais pedidos o de passas ao rum. Para comer, bons cardápios não faltam. Entre os mais sofisticados estão o Parrilla San Palos e Vista ao Mar, este último muito frequentado por artistas e políticos, serve a melhor paella valenciana da cidade. Se a ideia é algo mais simples, mas não menos saboroso, não é preciso ir muito longe, no bairro ao lado, no Pompeia, uma porção de trouxinha de picanha, acompanhada de mandioca na manteiga, servida na telha, é capaz de atiçar os paladares mais apurados. Agora se a pedida é culinária internacional, há o conhecido Guadalupe para quem gosta de comida mexicana ou o japonês Kenzo Sushi Lounge, na Ponta da Praia. Se ao passar na frente de

algum restô você ler uma plaquinha com o aviso “Aqui tem meca santista”, isso quer dizer que poderá provar o prato típico local – filé de Meca grelhado com calda de limão, manteiga e ervas, coberto por camarões, acompanhado de risoto de palmito pupunha e farofa de banana. De comer de joelhos. Nem só de suas delícias vive a cidade. Há muita história para conhecer, afinal a Baixada foi uma das primeiras regiões a serem ocupadas na chegada dos portugueses; há construções importantes para conhecer, que foram erguidas tanto nos primeiros tempos quanto durante o ciclo do café – era em Santos que ficavam os armazéns que abrigavam o ouro negro antes de ser embarcado para exportação; e o atual pioneirismo no planejamento urbano da cidade fez de Santos e seus atributos naturais uma joia a ser descoberta.


tramas urbanas

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Cores e formas que são verdadeiras obras de arte construídas pela dureza do concreto saltam aos olhos de quem sobrevoa a cidade Ensaio fotográfico cássio VasconcELLos



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urbano 28 Lindenberg

Asas de borboleta. O ICD + ITKE, juntamente com os pesquisadores da Universidade de Stuttgart, na Alemanha, desenvolveram uma espécie de cúpula estrutural de 72 metros quadrados e volume de 200 metros cúbicos. A abóboda semi-vazada lembra o esqueleto de um equinodermo remodelado através de computação gráfica. Para o revestimento foram usadas folhas extremamente finas de compensado. itke.uni-stuttgart.de


O escritório ICD + ITKE inspira-se em estruturas biológicas para construções em seu pavilhão de pesquisa. Acima, a estrutura que lembra um ouriço-domar de 2011. O caranguejo à direita foi criado em 2012, na página ao lado um detalhe do trabalho de 2012

Segunda pele Os traçados que percorrem as fachadas na arquitetura caminham do rococó ao neocontemporâneo Por Patrícia Favalle

A

forma é quase sempre o principal atrativo da arquitetura. É na fachada pomposa ou propositalmente despida de adornos que os olhos se fixam. Nos conjuntos que exibem revestimentos profanos pós-barroquismo, também chamados de rococós, as estruturas são permeadas por curvas e por paletas suaves. Ali estão explícitos os costumes de uma aristocracia furtiva e disposta a sair da linha. Datado do século 18, entre o acender das luzes e a Queda da Bastilha, o movimento trouxe atitude, a cor dourada e grandes aberturas aos projetos que se estenderam por toda Europa. Enquanto no velho continente François Boucher e Jean-Honoré Fragonard empunhavam seus pincéis em prol das mudanças, por aqui, mais de cem anos se passaram até que Manuel da Costa Ataíde e Aleijadinho dessem novos ares às construções com entalhes em pedra sabão e madeira. Substituído pelo neoclássico que aparou as arestas e aboliu os excessos, o rococó deu vez ao racionalismo

iluminista, que previa a utilização de materiais nobres, a exemplo do mármore, do granito e da madeira de lei, dos processos técnicos avançados, dos desenhos regulares e simétricos, além das cúpulas e dos pórticos colunados. O viés arqueológico percorreu o período, que figurou com a imponência jônica e os recortes coríntios. Claro que o modismo levou décadas até atracar nos portos brasucas. Foi na bagagem da Missão Artística Francesa, convocada para criar a Escola Real de Artes e Ofícios, no Rio de Janeiro, que o estilo ganhou nuances regionais. Debret, Taunay e Rugendas revelavam ao mundo o exotismo cintilante das terras tupis e amealhavam seguidores como Rafael Mendes de Carvalho. O complexo arquitetônico carioca também trocou de cara graças às intervenções de Grandjean de Montigny. Os casarões abarrotados de pilastras, escadarias, salões cilíndricos e detalhes elegantes pipocaram da Gávea à Praça do Comércio.


Seier+seier

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Gropius valeu-se de relevos e cores para imprimir movimento Ă fachada da Hansaviertel House. Ao lado, as curvas suaves do Museu e Biblioteca Nacional, projeto de Oscar Niemeyer


Suzana Gudolle

Na contramão da pátria amada, a bossa parnasiana ganhou toques orientais que se estendiam das enormes áreas externas até os delicados objetos do décor. Afrescos exóticos tingidos com entretons de azul e angulações inéditas tomaram as paredes e os telhados das fazendas dos endinheirados barões do café. Na Europa, as opiniões que resistiam ao academicismo e alinhavam artes e formas naturais se desdobraram no art nouveau. Decorativismo e planos arredondados e interconectados deram vazão ao cotidiano. Do lado de cá do globo, tal conceito só estreou na badalada década de 1920. Antes disso, a quebra do monopólio agrícola deu lugar a industrialização e a urbanização, o que obrigou a engenharia a repensar os espaços e a priorizar imóveis simplistas. Nessa dinâmica, na medida em que a realidade tornava-se tópico urgente, os palacetes ficavam cada vez mais obsoletos. Ferro, cimento e traços óbvios modelaram boa parte das cidades mundo afora. E essa monotonia de morar, avessa à personalização dos ambientes e ao experimentalismo de

matérias-primas perdurou até a chegada do ecletismo, considerado o mais decadente entre todos os estilos históricos. Só com o século 20 já consolidado, aconteceu a esperada revolução arquitetônica, batizada de “moderna”. E dessa vez, mesmo sem as conexões de gigabytes estabelecidas, o preceito do International Style descortinou-se simultaneamente pelo mapa-múndi. Não é o que parece ser... Para quem nasceu antes dos anos 1980, talvez o termo Cortina de Ferro esteja mais associado ao controle extremo do regime comunista da ex-União Soviética. Mas para a geração plugadíssima, a divisória desenhada pelo estúdio austríaco Memux é pura ilusão de ótica, justificada pelos pequenos módulos de concreto que imitam o “caimento” do tecido. www.memux.com

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Armações oníricas Mais dramático que seu antecessor, porém salpicado de elementos nacionalistas, o romantismo deu pinta nas fachadas erguidas durante o colonialismo. Entretanto, a nostalgia e a pouca originalidade dos diagramas – que reproduzia os riscados medievais – se encarregaram de abreviar as tendências.


Lyfyre

urbano

Ondas curtas. Dedicado ao artista Paul Klee, o museu erguido na cidade de Berna, na Suíça, é mais uma das obras contundentes de Renzo Piano. Tramado no aço com curvas que parecem seguir os contornos naturais da região, o lugar foi emoldurado pelo vidro, garantindo maior harmonia com os exteriores. Para não interferir na qualidade das pinturas, as três edificações têm brises que atenuam a incidência do sol. zpk.org

Com a crescente demanda por habitações, a verticalização é saída certeira. Os edifícios valem-se da forma como função, sendo econômicos e indispensáveis. Os avanços tecnológicos também entram na pauta do dia. A partir da primeira metade do século 20, Moscou surge como berço do construtivismo social, cujas raízes estavam atreladas ao futurismo. A ótica

fotos divulgação

Lindenberg

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Antenados com os contextos sociais em que estavam inseridos, os especialistas se debruçam sobre layouts

funcionais e minimalistas. Nessa esfera, o design é elevado à menina dos olhos e logo explora sua porção art déco. Itens feitos de concreto armado e madeira compensada são ricamente enfeitados com bronze, prata e marfim.

TL

Matemática do menos Bauhaus na Alemanha, Vanguarda Russa na ex-União Soviética, naturalismo nos Estados Unidos e inventismo no Brasil – assim começa a renovação estética que mistura cubismo, neoplasticismo, construtivismo e abstração. Walter Gropius, Le Corbusier, Hannes Meyer, Ludwig Mies van der Rohe, Frank Lloyd Wright, Ivan Leonidov, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer são alguns dos precursores da geometria racional.


exibe frações tridimensionais e cinéticas, vistas no Constructivist Housing e no Mosselprom Building. Nos Estados Unidos, o pioneiro da sustentabilidade, Frank Lloyd – depois seguido por Alvar Aalto, na Europa – inaugurou o organicismo, espécie de proposta que envolve casa e natureza num único arremate. A residência Fallingwater, encomendada por Edgar Kaufmann, é um dos exemplos que alia volumes retilíneos sobrepostos em bases de pedra e uniformidade com os entornos. A água faz parte da concepção como artefato e aparece na obra como cascata natural. Controverso e longe de ser unanimidade, Lloyd ainda assinou a sede do Museu Guggenheim, em Nova York, num rompante antibrutalismo. O concreto armado – queridinho da turma modernista – e os espirais labirínticos dão ao conjunto aspecto escultórico. Os brutos também amam E o que já era avant-garde ficou bem mais ousado. Uma ala apontada como radical traduziu as coordenadas ao

pé da letra e passou a escancarar aquilo que se denominava “verdade estrutural”. Os perfis metálicos, as vigas de aço e os emaranhados de fios foram expostos sem pudores. Mas a corrente foi abalada pelas constantes críticas daqueles que buscavam se desvencilhar das propostas vigentes. Era o pós-modernismo alavancando adeptos, caso de Michael Graves, Aldo Rossi, Philip Johnson e Frank Gehry. De olho nas referências populares – com tom irônico –, no uso do frontão, nos coloridos vibrantes (ou na ausência total de matizes) e no retorno dos acabamentos clássicos, o arquétipo assumia a sua inclinação caricata. A Casa Dançante, do duo Vlado Milunic e Frank Gehry, ancorada entre edifícios neogóticos, neobarrocos e art nouveau, em Praga, ilustra bem os paradoxos da arquitetura às vésperas do terceiro milênio. Arrojado e meio desequilibrado, o lugar é puro desconstrutivismo, recoberto por 99 painéis irregulares de concreto e sem uma única lata de tinta.

Ao lado, o monotrilho leva o público para explorar Experience Seatle, museu projetado por Frank Lloyd Wright.

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Casa da árvore. As treehouses mais bacanas do globo são na verdade quartos de um hotel nos arredores da floresta de pinheiros de Harads, Suécia. São 24 acomodações suspensas entre 4 e 6 metros do chão, projetadas por expoentes da arquitetura escandinava, caso de Thomas Sendell, Bertil Harström e Bolle Tham, que elegeram elementos nada convencionais. Há desde habitações inspiradas em ninhos de pássaros até as revestidas de espelhos. treehotel.se


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De volta ao território ianque, precisamente em São Francisco, os escritórios Herzog & De Meuron e Fong & Chan se encarregaram de idealizar o Museu DeYoung. Cravada numa fazenda com landscape exuberante, a obra feita de pedra, madeira e vidro, recoberta de microplacas de cobre, desponta em sintonia

com o todo. Foi também o estúdio Herzog & De Meuron que teceu as tramas da Ciudad Flamenco, espécie de quebra-cabeça de fragmentos, com jardim protegido por uma parede parcialmente perfurada e torre de concreto. Menos comportado que seus pares, o New Museum, em Manhattan, tramado por Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa, do estúdio SANAA, tem cubos dispostos uns sobre os outros e perfil sinuoso blindado por uma malha de alumínio. O apetrecho hi-tech funciona como uma película camaleônica, que aceita mutações induzidas pela luz solar. Vale frisar que muitas dessas experimentações só se tornaram realidade graças as constantes pesquisas

Teias multiformes. Conceitos globais de arquitetura e de design são as premissas dos suecos Aurel Aebi, Armand Louis e Patrick Reymond, fundadores do Atelier Oï. Focado na criatividade e na maleabilidade dos elementos, o trio adota componentes industriais e sistemas construtivos inovadores. Na produção de mobiliário, destaques para a luminária Tome e para o banco outdoor Reel, criado para a B&B Italia. atelier-oi.ch

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Apaixonado por remates singulares, Gehry usou 3.700 placas de metal para cobrir o Experience Music Project, em Seattle (EUA), dando ao endereço pitadas de surrealismo. Com o titânio polido e acaçapado em diferentes pontos moldou o Guggenheim de Bilbao, na Espanha. Na capital do país vizinho, Paris, a loja L’Eclaireur recebeu intervenção da artista Arne Quinze, que evidencia a madeira e os pedaços de papelão entrelaçados num vaivém ora rústico, ora caótico.


do designer Richard Buckminster Fuller, que testou a exaustão as relações entre leveza e força, e custo e benefício. Seu Domo Geodésio, na cidade canadense de Montreal, é prova de que os métodos científicos focados na natureza aferem beleza, resistência e atemporalidade às estruturas.

Linhas retas e texturas brincam no New Museum, em Nova York, projetado Kazuyo Sejima e ryue Nishizawa/ SaNaa

See-ming Lee

Ethan K

Com as antenas ligadas, a parada final desembarca na sede da grife francesa Louis Vuitton, que readéqua suas cercanias a cada temporada. Das malas superdimensionadas aos nichos vertidos em ninhos, a ofensiva mais recente ficou por conta da artista plástica japonesa Yayoi Kusama, que aderiu ao fundo vermelho permeado por bolinhas brancas num desvario que se expande até os dizeres de boas-vindas. Para a arquitetura, eis a métrica de sua essência mais latente.


poéticas urbanas

era muito usada no mundo islâmico, foi popularizada na Península Ibérica e chegou até nós na época colonial. São muitas histórias com relação às gelosias, histórias essas ligadas aos costumes e mudanças sociais. Conta-se que em 1809, um dos primeiros editais do Intendente Geral da Polícia do Rio de Janeiro proibia o uso das rótulas e gelosias nos sobrados da cidade. Os brasileiros estavam empolgados com as modernas ideias trazidas pela corte de D. João VI, e uma delas afirmava que as gelosias e rótulas eram o símbolo de tudo o que havia de mais retrógrado e bárbaro da cultura ibérica. Suprimir esse elemento arquitetônico que fazia da casa uma prisão era uma tentativa de promover os espaços públicos e assinalava o início de uma mudança de costumes no período imperial, em uma cidade cosmopolita como era a capital, o Rio de Janeiro no século 19.

gelosias, rótulas ou adufas Pelas frestas das treliças que protegiam as janelas, o vento entrava refrescando a casa, e as mulheres espiavam a rua e os rapazes, assistindo a vida acontecer Por Rosilene Fontes | Ilustração Maria EugÊnia

1.Grade de fasquias de madeira que se coloca no vão de janelas ou portas, para proteger da luz e do calor, e através da qual se pode ver sem ser visto, adufa, rótula.

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elosias são as treliças, aquelas madeiras trançadas, que se usavam nas janelas e grades das casas na época colonial. Também conhecidas como rótulas, permitiam a quem estava no interior das casas ver o exterior sem ser visto. Maridos ciumentos e possessivos e pais zelosos de suas filhas construíam suas casas como verdadeiras gaiolas de gelosias. As pobres mulheres que não saíam de casa, só podiam ver a rua pelas frestas, sem jamais serem vistas por outros homens... Daí a raiz da palavra (pronunciada como gelos) usada pela maioria dos idiomas indo-europeus para definir ciúme: jealousy em inglês, jealousie em francês. A origem das gelosias é muito antiga, a madeira talhada e tramada, muitas vezes com incrustações de marfim,

Por falar em cidade cosmopolita, do século 19 aos dias de hoje, São Paulo e o Rio de Janeiro cresceram, os costumes mudaram... e perdemos o costume de espiar pelas frestas, de ouvir atrás das paredes e portas. Não temos mais tempo... não sentimos mais a cidade e não a ouvimos mais. Em 1938, Oscar Niemeyer projetou o Grande Hotel de Ouro Preto, a primeira costrução de arquitetura modernista inserida em um sítio histórico, que naquele momento já era protegido por lei. Um edifício ousado para a época que dialogava harmoniosamente com o entorno histórico. Uma das questões elaboradas por Niemeyer, para compor com o entorno da cidade, foi a utilização das treliças azuis no conjunto arquitetônico. Hoje, quando visitamos Ouro Preto, temos na cidade dois momentos importantíssimos da história da arquitetura no Brasil, o estilo colonial e o modernista, e um elemento comum aos dois períodos: as treliças, um detalhe simples e ideal para as casas tropicais, pois permite a entrada de ar pelas frestas do trançado de madeira, ao mesmo tempo em que protege a casa e o morador da vista de intrusos. Ainda hoje, arquitetos contemporâneos reconhecidos e premiados usam as gelosias para compor suas belas fachadas. Se você nunca ouviu falar sobre gelosia, pare e pense... Falta esse tempo para pensar e lembrar-se das coisas boas? Pense em Chico Buarque e sua música Flor da Idade: A gente faz hora, faz fila na vila do meio-dia / Pra ver Maria / A gente almoça e só se coça e se roça e só se vicia / A porta dela não tem tramela / A janela é sem gelosia / Nem desconfia / Ai, a primeira festa, a primeira fresta, o primeiro amor.


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entrevista

Pra lá de

bacana Lindenberg

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os primórdios da escola de Bauhaus, lá pela virada da década de 1920, a tecelagem era uma disciplina exclusivamente feminina. Não era permitido a elas cursar Arquitetura, tampouco chamar o que faziam de arte. Para a maioria dos professores tratava-se apenas de artesanato. Atualmente, com um equívoco desmanchado sobre o outro, o setor têxtil rendeu-se a panoramas muito mais democráticos. E sabidamente lucrativos – ao menos por aqui. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o segmento abrange cerca de 30 mil empresas em atividade no País, responsáveis por um faturamento anual de US$ 60,5 bilhões. Pois é nesse macrocosmo que está Renato Imbroisi, tecelão e designer de artesanato. Com mais de 30 anos de profissão, esse empreendedor por essência percorre o mundo atrás do saber que é transmitido

entre gerações de familiares. Do longínquo bairro rural de Muquém, em Minas Gerais, às cidades africanas de Moçambique e São Tomé e Príncipe, passando pela Itália e Japão, somam-se aproximadamente 140 projetos em seu portfólio. Neles, a parceria cultivada com cada grupo opõe-se ao perfil sisudo dos consultores habituais. Não à toa, eles compartilham coleções e ideias ao longo do tempo, como a expo Ibirá-Flora, em cartaz até julho na capital paulistana. Renato ainda assina livros, a contar Desenho de Fibra – Artesanato Têxtil no Brasil, com Maria Emilia Kubrusly, (Ed. Senac); Que Chita Bacana, com Renata Mellão, (Ed. A Casa); e o ensaio inédito – cujo título vem sendo guardado a sete chaves – que mostrará as similaridades de estilo entre Brasil e África. Para falar um pouco dessa costura, o convidamos para um bate-papo com a revista Lindenberg.

Fotos Arquivo Pessoal

Com teares apontados para todos os cantos do mundo, o artesão e designer Renato Imbroisi transforma cada fio da realidade Por Adriana Brito


Tramas revestem รกrvores na floresta artesanal na mostra Ibirรก-Flora


entrevista

Tecelã de uma das comunidades parceiras de Renato Imbroisi Ao lado, folhas tecidas em tear

O senhor acha possível o diálogo entre o artesanato e a decoração destinada ao mercado de alto luxo?

Com certeza. Em primeiro lugar, porque a qualidade no design de artesanato é imperativa; depois, acho que não existe – ou não deveria existir – essa ideia de decoração feita para classe A ou D. Um objeto bem executado, com materiais atraentes e desenhos inovadores, “quebra” todas as barreiras imagináveis. Veja o capim dourado, por exemplo, extraído pelos artesãos do Povoado de Mumbuca [em Mateiros, Tocantins], que serve de matéria-prima para a confecção de bolsas, brincos, colares, vasos e outros itens distribuídos em endereços sofisticados, caso da Daslu. Voltando um pouco, sou mais pela organização dos mercados locais. Quando um determinado grupo consegue escoar sua produção nas cidades adjacentes, tudo fica mais simples – da gerência do negócio ao feedback do cliente. Para o criador não seria importante se testar com a concorrência de outros centros?

Lindenberg

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Isso acontece muito mais do que se imagina. As técnicas de bordado e de tingimento ainda inéditas para o grande público, as fibras e as sementes aproveitadas por cada comunidade, e mesmo o conceito das séries, são absorvidos por estilistas do prêt-à-porter e demais profissionais interessados em pontos e modelagens capazes de acrescentar valor às suas criações. A arquitetura também consegue assimilar tais recursos?

Quando esse tema me vem à cabeça, penso em uma palavra: reciclagem. O trabalho que faço é composto de um catálogo bem diverso de elementos naturais em que

destacaria o junco, o bambu, a palha, a avenca, a bananeira, o chitão e o algodão. Aí está o meu repertório predileto. Contudo, procuro ser aberto. Nas oficinas que ministro na África, para mencionar um episódio, é comum reaproveitarmos os resíduos disponíveis, dos pneus às garrafas e latinhas. Veja que a arquitetura é essencialmente dinâmica, e, portanto, aberta às influências sociais e aos rendilhados que a junção do concreto, do aço, do vidro, dos polímeros e até da tecelagem oferecem à estética urbana. Quais seriam os próximos projetos?

Puxa, há diversos, mas ainda não tenho como revelar muita coisa... Não poderia mesmo mencionar nenhum deles?

Olha [risos], vamos ao que está acontecendo agora. Estou participando da exposição Ibirá-Flora, apresentada no Pavilhão das Culturas Brasileiras do [Parque do] Ibirapuera. Para retratar a vegetação do local desenvolvemos – com a designer têxtil Liana Bloisi, a mestra tecelã Eva Maciel da Cunha e os artistas de Muquém – 1.800 metros de tecidos entrelaçados a partir de oito tipos de fibras coletadas no entorno: bambu, leiteirinha, milho, taboa, eucalipto, bananeira, avenca e junco. A montagem ficou incrível. Já para março deste ano está prevista a mostra organizada pelo Sistema Firjan [Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro], no Espaço Brasil, que trará os resultados mais recentes do programa Cozinha Brasil Artesanato, inserido em comunidades pacificadas, das quais o Morro dos Prazeres e o Morro da Providência. Além de melhorar a qualidade do cardápio dos moradores e de reduzir o desperdício desses ingredientes através de aulas de nutrição, as intervenções incluíram o artesanato


como potencial gerador de renda. Assim, teremos linhas de cestas e jogos americanos elaborados com materiais reciclados. E em maio teremos a Tecendo na Net.

designers de inúmeras áreas têxteis, entre mais de 70 profissionais vindos de Brasília, Salvador, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Santa Catarina e São Paulo, também passaram a agregar bossa e ousadia ao ofício.

O que é a Tecendo na Net?

No meio da década de 80 quis experimentar minha carreira em bases diferentes. Fechei a escola que mantinha na Rua dos Pinheiros, zona oeste de São Paulo, e segui para o sul de Minas Gerais decidido a pesquisar o trabalho feito pelas artesãs de Muquém, cidade da região de Carvalho. Tempos depois, quando publiquei algumas imagens daquela época numa rede social, antigos alunos entraram em contato para que fizéssemos um projeto juntos. Foi desse embrião que moldamos, em 2011, com a colaboração de Marta Meyer e de Juan Ojea na curadoria, a primeira edição da mostra Tecendo na Net, ou TENET. Trata-se então de um grupo fechado?

Não, de forma alguma. De início, claro, o coletivo era composto basicamente pelos veteranos da escola. A partir de conversas virtuais elegíamos um tema para aquele ano e cada pessoa desenvolvia uma peça. Depois nos reuníamos num almoço para compartilhar os resultados e discutir as demandas do setor. Com a ampliação do movimento, Renata Mellão, diretora do Museu do Objeto Brasileiro, conhecido como A Casa, ofereceu o local para sediar o evento. A partir daí jovens de 20 a 30 anos, artistas e

Nessas ações que participa como consultor, o que tem sido mais importante?

Ver o todo. Não basta ir até o local, dar uma aula e ir embora. As pessoas querem muito mais que isso. É preciso fazer uma pesquisa de campo detalhada, conhecer as tradições culturais e as noções técnicas do grupo e detectar as lideranças. Depois entra o lado dirigente da empreitada. Eles devem apontar se há matéria-prima suficiente para a quantidade de produtos imaginada, como executarão a coleta e o processamento das fibras, se tais etapas serão sustentáveis e de que modo planejarão o lançamento, a distribuição e a comercialização dos itens. Enfim, é um caminho árduo e eu gosto de acumular projetos bem-sucedidos, mas sou muito mais feliz sabendo que ajudei a transformar a história de tanta gente talentosa. Serviço: Renato Imbroisi – renatoimbroisi.com.br Pavilhão de Culturas Brasileiras – Parque do Ibirapuera, Rua Pedro Álvares Cabral, s/nº, São Paulo. prefeitura.sp.gov.br Espaço Brasil – Sistema Firjan, Avenida Graça Aranha, 1, Centro, Rio de Janeiro. firjan.org.br


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um outro olhar


A sagração do bordado A obra de Arthur Bispo do Rosário, um sergipano, descendente direto de escravos, que viveu 50 anos em um manicômio no Rio de Janeiro, é hoje tão importante e reverenciada quanto a do revolucionário francês Marcel Duchamp Por Marianne Piemonte


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le trabalhava de maneira incessante. Confinado em uma cela forte do pavilhão 11 da Colônia Juliano Moreira, um hospício no Rio de Janeiro, criou as 804 obras que constituem o seu acervo. O conjunto de objetos feitos na sala suja e com luminosidade precária é hoje reverenciado pelos principais críticos de arte do mundo, ganhou os salões do Victoria & Albert Museum, de Londres, a Bienal de Veneza e homenagem na 30a Bienal de São Paulo. Sergipano de Japaratuba, Arthur Bispo do Rosário (1909-1989) é o autor das peças consideradas tão importantes para o mundo das artes quanto as do

revolucionário Marcel Duchamp, sem nunca ter vivido esse circuito. Ao contrário. Bispo vivia em um universo particular, acreditava ser um enviado de Deus, ouvia vozes e a elas creditava a urgência de seu trabalho, que deveria representar um mundo ideal. “Não sou artista, o que faço não é arte, é a minha missão”, dizia. Diagnosticado como “esquizofrênico-paranoide”, viveu os anos obscuros da psiquiatria, época em que tratamento era eletrochoque e lobotomia. Mas foi a arte que o impediu de sucumbir e certamente o ajudou a enfrentar os delírios e os horrores do cárcere.


Um retângulo de tecido recebia dizeres e mensagens bordados com desenhos infantis. Ao lado, um dos casacos feitos com fios de tecidos que o artista desfiava dia e noite

Para realizar seus bordados, uma das marcas de seu trabalho, ele meticulosamente desfiava os uniformes azuis do manicômio, onde permaneceu internado por 50 anos. Então, cobertores, mantas e lençóis tornavam-se suportes de suas criações. Deles, surgiam estandartes e assemblages que recebiam um emaranhado de dizeres e mensagens, bordados dia e noite. O ponto típico nordestino, rústico e com desenhos de traços infantis, tornou-se uma referência à sua cidade natal. Depois do filme O Senhor do Labirinto, inspirado na biografia do artista escrita por Luciana Hidalgo, há grupos de estudo e preservação desse tipo de trabalho manual em Japaratuba.

Entre as suas obras mais reverenciadas está o Manto de Apresentação. Nele há centenas de dizeres, imagens e nomes de pessoas que passaram por sua vida, desenhados e bordados em um cobertor vermelho. Era com essa peça que ele se apresentava para as pregações e dizia que faria “a passagem”. Usaria no dia de sua morte para o encontro com Deus. Outra peça de bordado admirável é um fardão azul adornado em branco e com a data de 22/12/1938 em destaque. Nesse dia, Bispo, que trabalhava no casarão da família Leoni, em Botafogo, ouviu as vozes que o acompanhariam até o final da vida pela primeira vez.


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Saiu em peregrinação pelas igrejas do centro carioca e foi parar no Mosteiro de São Bento, onde tirou à força o monge do altar e disse que estava lá para julgar os vivos e os mortos, que era Jesus Cristo. Preso em uma camisa de força, foi levado pela primeira vez a um hospital psiquiátrico, na Praia Vermelha. Depois seguiu para a Colônia Juliano, onde permaneceu até o final de sua vida. Era um negro alto e forte, descendente direto de escravos, que havia praticado boxe como esporte na juventude, talvez foi essa característica que lhe rendeu o posto de xerife no manicômio, o que garantiu a ele algumas “regalias” para produzir seus trabalhos. O fotógrafo e psicanalista Hugo Denizart, autor do filme Prisioneiro da Passagem, de 1982, foi quem desco-

briu Bispo. Ele conta que Bispo nunca tinha uma peça como pronta, sempre voltava a elas e onde parecia não haver mais espaço para um bordado, ele via o lado avesso, uma barra, a lapela, nada escapava. Naquele ano, o crítico de arte Frederico Morais conseguiu que Bispo emprestasse algumas de suas peças para a exposição coletiva “À Margem da Vida”, no MAM, do Rio. Bispo, chegou a dormir alguns dias no museu, porque dizia não poder ficar longe delas, tinha de ser o guardião de seus trabalhos. Em 1989, um enfarte tirou sua vida. No mesmo ano, a exposição “Registros de minha passagem pela Terra” levou 8 mil pessoas à escola de artes do Parque Lage. A partir daí, a missão de Bispo ganhou o mundo e seu bordado, que ainda é mais conhecido no exterior do que no Brasil, é ovacionado por onde quer que passe.


Bispo do Rosário também fazia instalações tão singelas quanto os dizeres que aparecem em seus tecidos Ao lado, Manto de Apresentação, uma das obras mais reverenciadas, com os nomes das pessoas que passaram pela vida do artista Fotos cedidas pelo Museu Afro Brasil


primeira pessoa

No tear, palavras Com a mesma habilidade com que entrelaça fios em seu tear, a artista têxtil trança um texto repleto de sentimento e emoção Por Marta Meyer | Ilustração MarIa eugênIa

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esde criança gosto que me enrosco de me enrolar em fios. Eram as dindas que costuravam vestidinhos para nós e outras tias que faziam rodas de bordados e crochês regadas a chazinho em casa no Pacaembu. Sempre me encantei com esse universo dos fios, pontos e nós sobre panos, invenções que se transformavam em roupas novas ou toalhas de mesa, lençóis e variedades mil de paninhos que enfeitavam nosso dia a dia. Já crescida fui atrás de minha própria linguagem e dos fios que sempre amei. Foi assim que conheci a arte da tecelagem manual. Entrando em fase de dar rumo à vida, comecei a tramar minha história. TRAMA – 1. Em um tecido, fios que se cruzam no sentido transversal da peça, cruzados pelos da urdidura. 2. Ato ou efeito de tramar ou entrançar fios na fabricação de tecidos. Os fios da urdidura são nossos fios “mãe”, nossa base, nossos esteios. Sobre esses se entrelaçam os fios da trama. TRAMA – 9. Ardil, astúcia, enredo, maquinação, tramoia. Fascinam-me mais as tramas espontâneas que a vida vai nos tecendo, tantas vezes avessas às que tramamos em nossas mentes. E aí, impasses e panes enquanto levamos um tempo desatando os nós e recolocando fio por fio em ordem outra vez para recomeçarmos. Ou quem sabe devêssemos prestar atenção nessa nova formação dos fios para encontrar um panorama ainda mais rico, belo e interessante. Observando a natureza enxergamos como simplesmente tudo se entrelaça.

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Os rios são uma obra em si. Correm em um só sentido como os fios de uma urdidura, às vezes mais soltos, outras mais tensos, mas sempre seguindo seu curso em direção ao mar. Quantas vezes as circunstâncias nos levam a nos sentirmos perdidos, como se os fios estivessem soltos e frouxos, faltando outro fio que os amarre, dando firmeza, que faça um ponto e um desenho novo apareça para que possamos enxergar, e continuar nosso caminho. A vida trama e destrama. Tramas intrincadas, tramas leves, tramas apertadas, tramas sofisticadas... É preciso escolher com simplicidade e delicadeza, a cada momento, com que fio queremos tecer a nossa. Sobre o tecido, urdidura e trama harmoniosamente entrelaçados, podemos soltar nossa imaginação e criatividade e pintar, bordar, cortar, enfeitar, passar uma mensagem, esquentar outras pessoas, cobrir um berço e tantos outros planos! O pano imita a vida! Ou será o contrário?


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arte

Tecendo a vida

Tal qual uma trama, os artistas brasileiros envolvidos com a arte têxtil estão todos ligados por uma invisível ramificação em suas histórias de vida e arte por por luiz Claudio rodrigues

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No Brasil, a utilização da tapeçaria como expressão artística pode ser percebida no trabalho de diversos artistas plásticos. A pioneira foi Regina Gomide Graz (1897-1973), irmã do pintor Antonio Gomide e mulher do designer John Graz. Acompanhada pelo marido, Regina participou da decoração da Casa Modernista, projetada por Gregori Warchavchik, mas antes disso – na década de 1920 – já se dedicava à tapeçaria ao confeccionar panôs, colchas, almofadas, tecidos e abajures em estilos cubista e art déco. Depois foi a vez de o tapeceiro, pintor e desenhista baiano Genaro de Carvalho (1926-1971) ganhar os holofotes. Considerado um dos principais ativistas pela renovação da arte na Bahia (ao lado de Carlos Bastos, Carybé e Mario Cravo Jr.), Genaro foi aluno de Fernand Léger e André Lhote na École Nationale de Beaux-Arts e ganhou projeção nos anos 1950 quando passou a desenvolver uma série de trabalhos em tapeçaria e instalou, em Salvador, o primeiro ateliê brasileiro dedicado ao tecer.

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ora de moda nos últimos tempos, mas nem por isso desimportante, a tapeçaria guarda um lugar de honra no mundo da alta cultura. Admirada pela realeza e pela burguesia, a arte de tecer é milenar e parece que terá vida longa com o retorno do fazer artesanal, da simplicidade e da memória afetiva apontada pelos trend forecasters mais antenados do planeta. “Não vamos deixar a trama morrer”, afirmou a trend setter Li Edelkoort em uma de suas palestras. E ela está certa! Colecionadores do mundo inteiro, importantes casas de leilões, galerias de arte e curadores de museus e de instituições culturais são verdadeiros guardiões de raridades assinadas por artistas consagrados e experts em tramar peças iconográficas que fizeram história.

Tapeçaria de lã tecida a mão, técnica petit point, com motivos geométricos extraídos da flora brasileira, criada por Genaro nos anos 1960



arte

Tapeçaria do artista romeno naturalizado brasileiro Jean Gillon; peça da coleção Vermelhana, criação de Eva Soban e a tridimensionalidade da tapeçaria de Noberto Nicola

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foto Passado Composto

Jean Lurçat introduziu novas técnicas de tapeçaria no começo dos anos 1920


Mas são os artistas Norberto Nicola (1930-2007) e Jacques Douchez (1921-2012) que elevam a tapeçaria brasileira a um novo patamar: se antes eram planas, com eles assumem o tridimensional e passam a ser verdadeiras esculturas esculpidas com fios e tramas. Por mais de vinte anos, a dupla dividiu o Ateliê Douchez-Nicola na capital paulista. Mais do que qualquer outro artista brasileiro nesse segmento das artes, Nicola tornou-se um ícone. Neto de imigrantes italianos, estudou pintura, foi aluno de Samsom Flexor e participou do movimento de arte abstrata. Na década de 1960 passou a dedicar-se inteiramente à arte têxtil junto com Douchez. Conhecedor das técnicas básicas dos teares de alto ou baixo liço, inovou com a utilização criativa de novos materiais com o emprego de novas técnicas (muitas delas criadas por ele mesmo), que tornaram cada obra uma peça única. Aprendeu o básico quando estagiou na conhecida manufatura francesa Aubusson e evoluiu ao produzir obras tecidas tridimensionalmente. Apesar de trabalharem juntos, Nicola e Douchez trilharam caminhos diferentes e mantiveram pesquisas pessoais diferenciadas, cada um estabelecendo e desenvolvendo um estilo pessoal. Nicola criou a arte têxtil monumental mantendo um grande senso de volume com a transição das cores dentro dos mais sofisticados efeitos que a técnica permitia, apresentando volumetria marcante, quase sempre oposta à parte tecida completamente lisa e plana, que apresentava efeitos de luz e sombra onde podia se perceber as mais suaves transições de cores. O francês Douchez percebeu suas afinidades com Nicola no estúdio de Flexor, onde também estudava. Para montar o próprio ateliê, os dois adquiriram os teares de Regina Gomide Graz e iniciaram a criação de formas tecidas, estruturais, nas cores quentes da lã misturada com outras fibras, como o sisal. Douchez apoiava sua arte no construtivismo geométrico. Sua tapeçaria é marcada com mínimos detalhes de complexa elaboração e execução, como a feitura de fendas de expressivas dimensões e cruzamentos variados de tiras tecidas separadamente. O suporte de suas tapeçarias estão intricados no desenvolvimento de cada obra. De acordo com os estudiosos, foram planejados para que pudessem apoiar o grande peso das obras tecidas. Douchez criou esse acessório de forma inovadora, integrando-o com bastante volume à obra, projetado de forma a valorizar a espessura de suas tramas cruzadas, visando a conquista do espaço arquitetônico de grandes dimensões. Suas criações abstratas foram compostas em vários planos, em cores contrastantes que se sucediam até provocar um efeito de sombra. Nicola e Douchez mantiveram o ateliê até 1980.


arte Lindenberg

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Os discípulos de Nicola ainda estão em plena atividade e atestam a evolução da tapeçaria brasileira, que passa ao largo de qualquer folclore ou diletantismo. Entre os contemporâneos figuram Vivian Silva, Érica Turk, Fernando Manuel e Eva Soban. Todos com um imaginário particular expressado em tramas, pontos, laçadas, nós e materiais inusitados. Entre todos esses, é Eva que traz esse sopro de liberdade que a arte têxtil exige ao ser manipulada. “Eu penso, respiro, transpiro e vivo o têxtil há muitos anos. Precisamente há quarenta anos”, diz. A artista não teve mestres. Sua busca foi solitária, mas no meio do caminho tropeçou com Norberto Nicola. “A identidade foi imediata. Com ele nunca aprendi conceitos de arte ou técnica, mas aprendi vida. Além da plasticidade e exuberância, suas obras transmitem um sentimento.” A produção mais recente de Eva explora materiais plásticos, tecidos, fibras, recortes de telas pintadas e fotografias. Sua obra mais radical foi apresentada na Trienal de Tapeçaria do MAM de São Paulo (1976): um conjunto que apresentava as três fases da vida de uma árvore, com estrutura de ferro e hera natural, um tronco e uma raiz envoltos por uma enorme teia de aranha tecida. “Estamos vendo um retorno favorável à arte têxtil no circuito das artes. Fora do Brasil nunca parou, tanto que na última Bienal foram expostos trabalhos de vários artistas com expressões têxteis. A coisa está mudando bastante. O bacana é que agora está surgindo uma nova geração com propostas atuais e desvinculadas do tecer tradicional”, profetiza a artista que é uma referência brasileira quando o assunto é tecer.

Barco da Alegria, de Jacques Duchez, tapeçaria da pioneira Regina Graz, que participou da decoração da Casa Modernista Ao lado, acima, exemplo de uma tapeçaria do século XVI


foto Instituto John Graz

foto Passado Composto

Linha do tempo Desde a Antiguidade, a tapeçaria faz parte de nossa história. Determinar a sua origem ainda é um mistério a ser desvendado pelos arqueólogos, mas os historiadores sabem que esse ofício surgiu em épocas próximas e de forma semelhante em vários lugares do mundo, por povos que habitavam a Mesopotâmia, Egito, Grécia, Roma, Pérsia, Índia e China, entre outros. O Oriente Médio mantém importante tradição na tapeçaria, com destaque para o Irã e a Turquia, na criação de peças com elaborados desenhos geométricos. Durante a Idade Média, na Europa, a confecção de painéis tecidos assume importância como elemento decorativo e funcional, utilizada para adornar grandes áreas de castelos e igrejas. Seu uso propicia o desenvolvimento da produção e a sofisticação da técnica, tanto que, a partir do século 14, o bordado cede espaço para a tapeçaria tecida. Nesse período destacam-se as manufaturas em Flandres (Arras e Tournai) e Paris. Mais tarde, com as reformulações estéticas promovidas pelo Renascimento, a pintura exerce uma grande influência sobre as peças tecidas. Bruxelas torna-se o principal centro de tecelagem, embora a atividade já esteja bastante difundida em toda a Europa. Nela, o ateliê de Pierre van Aelst torna-se uma referência. A partir do século 16, a França assume uma posição importante nesse tipo de arte por conta da ajuda oficial às manufaturas, que dirigem grande parte de sua produção aos palácios reais. No século seguinte, a Manufatura Real de Móveis e Tapetes da Coroa fica conhecida como a Manufatura dos Gobelins – um centro criativo que reúne tecelões, gravadores, marceneiros e joalheiros. Somente no século 18 surgem as famosas tapeçarias Aubusson e Beauvais, com motivos campestres ou exóticos. As transformações sociais e estéticas que ocorrem nos séculos seguintes são acompanhadas pela tapeçaria. Na primeira metade do século 20, Gobelins e Beauvais passam a executar peças criadas por artistas como Raoul Dufy, Georges Braque, Picasso, Joán Miró e Henri Matisse. Mais adiante, artistas como Lucien Coutaud e Jean Lurçat são responsáveis por introduzir modificações técnicas na tapeçaria, considerando suas possibilidades específicas de criação.


úteis

Nest, criado pela dupla de designers dinamarqueses Foersom& Hiort-Lorenzen para a marca Cane Line, feita de rattan natural, premiada pela sua versatilidade, podendo ser usada como pufe ou mesa, DANISH DESIGN sobre Bogoió de Gola Média, design de Marcelo Rosenbaum, CONCEITO FIRMA CASA

Lindenberg

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Ao lado, Poltrona rattan TRAMA, Divino Espaço e tapete ELO, BY KAMY


a elegância do rústico Vasos, vasilhas, tapetes e outros utensílios, feitos de rattan,tricô ou metal, são opções extremamente sofisticadas para casa FOTOS JOãO ÁvILA | EDIçãO E PRODuçãO DÉBORA CARuSO


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Ăşteis


Pufe de crochê com fuxico Flor, ESTAR MÓvEIS, almofada de tricô Capri e peseira de tricô Campi, EMPORIO BERALDIN, banqueta de crochê Drops, ESTAR MÓvEIS Ao lado, cadeira vó Judith, com estrutura em ferro e assento trançado de lycra, design Oferenda, A LOT OF e manta Jocker Throw, MISSONI HOME


Lindenberg

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Ăşteis


vaso Buri, de arame galvanizado, design Silvana Pini, BENEDIXT, cachepô Nuvem, design Irmãos Campana para Alessi, BENEDIXT e cadeira de ferro francesa, design Monpas, CONCEITO FIRMA CASA Ao lado, vasos de arame preto, DIvINO ESPAçO, cesta Peneira, de metal e fibra, design Alessi, BENEDIXT

Serviço A LOT OF, alotof.com.br, BENEDIXT, benedixt.com.br, BY KAMY, tapetes.com.br, CONCEITO: FIRMA CASA, conceitofirmacasa.com.br, DANISH DESIGN, danishdesign.com.br, DIVINO ESPAÇO divinoespaco.com.br, EMPORIO BERALDIN, emporioberaldin.com.br, ESTAR MÓVEIS, estarmoveis.com.br, MISSONI HOME, missonihome.com.br


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Estilo europeu

made in Brazil

Assinado por Roberto Migotto, esse Lindenberg de proporções generosas é impecável: não exagera na decoração que dosa, na medida certa, o estilo clássico com toques de atualidade Por Maiá Mendonça | Fotos Alain Brugier

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mpossível dizer que esse Lindenberg possa estar em qualquer parte do mundo. Não existem apartamentos de 1.300 metros quadrados e pé-direito duplo na Île de St. Louis, em Paris, nem mesmo debruçados sobre o Central Park, em Nova York. Se existem são poucos, e para poucos.

Vista da hall, sofá revestido com seda Donatelli, executado pela Decoramelo, Guéridon Ivy, poltronas francesas e tapete Ana Luiza Walwelberg

Ou estão lindamente retratados no cinema, como o gigantesco apartamento que serve de cenário para o filme Encontro Marcado, onde Brad Pitt representa a morte que vem buscar o bilionário representado por Anthony Hopkins, e se apaixona por sua filha. Para quem gosta de decoração luxuosa, espaços generosos, e ambientes suntuosos, a moradia do magnata é inesquecível.


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Mobiliário de estilo francês estofado com seda Donatelli. Tapete e abajur Ana Luiza Walwelberg Ao lado, na sala de jantar, escultura de Emanuel Araujo, e castiçal Baccarat, da Began



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Vista geral do living com sofá estofado com seda Donatelli (execução Decoramello), poltronas francesas e tapete Ana Luiza Walwelberg, Na parede sobre o sofá, tela de Antonio Dias. Detalhe do bar Detalhe da mesa bar, ladeada por cadeira medalhão, vasos de murano e arranjo Toyoko Kamagawa. Abajur e bergère de couro de Renée Behar, foto Gravura Damien Hirst, da Marchetti & Petrarca Consultoria em Arte

Já se o assunto for decoração, aí sim, esse apartamento poderia estar em qualquer cidade do mundo, seja Paris, Milão, Roma ou Nova York. Em diferentes escalas e proporções, mas com igual elegância clássica, riqueza de acabamentos e detalhes tão primorosos quanto os dos “palazzos” italianos. Esse Lindenberg, digno de um filme de Antonioni, foi assinado pelo arquiteto Roberto Migotto, que se valeu de inspirações clássicas – o piso das galerias que cria um tabuleiro de mármores pretos e brancos é um exemplo – mas imprimiu certa atualidade em sua releitura, com o uso do branco na boiserie que marca geometricamente as paredes, nas portas, nas cortinas mais leves que deixam a luz entrar. Criar atmosferas perfeitas para eventos sociais – a família, um casal e dois filhos, adora receber – foi o ponto de partida para o trabalho. Uma sequência de salas é interligada por portas de correr, que se abrem e fecham criando mais ou menos intimidade. O piso, parquet Versailles de peroba, empresta unidade aos ambientes, sobre ele tapetes Aubusson. O mobiliário é antigo, mas poltronas, chaises e sofás ganharam tecidos de cores neutras. Nas paredes obras de arte assinadas por Antonio Dias ou Emanoel Araujo, escolhidas com a assessoria de Marchetti & Petrarca Consultoria em Arte. Em uma cena do filme Encontro Marcado, Brad Pitt está ajoelhado sobre o piso quadriculado do hall do apartamento onde vive Anthony Hopkins. É ele que revela o estilo da moradia tanto da fita quanto da vida real. Um ambiente clássico, classudo, recheado por mesas de época, espelhos de cristal com molduras rebuscadas, lustres e castiçais Baccarat. Ao contrário do apartamento do filme, Migotto imprime toques mais modernos aqui e ali, como os cilindros de espelhos da Érea que estão na galeria de distribuição, ou a mesa de centro também de espelhos, cercada por poltronas francesas e sofá estofado com seda da Donatelli do living. As estantes revestidas de madeira no tom de nogueira americana e o veludo que estofa as chaises deram sobriedade à biblioteca, enquanto que a fotografia de Cristiano Mascaro, o toque de atualidade. Na sala de jantar, passado e presente convivem em harmonia: o lustre Baccarat do Antiquário Began e a escultura de Emanoel Araujo, na galeria Nara Roesler. Para o quarto do casal, o arquiteto escolheu forrar as paredes com tecido adamascado e uma cabeceira trabalhada e forrada para a cama. O banheiro, favorecido pela planta original do imóvel, por conta do terraço ao redor, é a mais pura tradução do espírito salle de bain, de mármore imaculadamente branco, moderno e ao mesmo tempo clássico. Confortável e chique como todo o apartamento.


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Mesa de centro de espelho e bowl, Érea, mesa lateral Ivy e cortinas de veludo Donatelli Ao lado, detalhe da galeria de circulação, com piso de mármore branco Ariston e preto Basalto, execução Marmoraria MSA, cilindros de espelho Érea e abajur de Murano, Juliana Benfatti



perfil

quero morar

nesse aqui! A arquiteta Priscilla Zarzur explica por que os apartamentos-tipo, também conhecidos como apartamentos modelo decorado, são tão atraentes por Antonio Vilalobos

Fotos arquivo pessoal

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Ideia de decoração para um apartamento no Brasiliano


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riscilla Zarzur tem 24 anos, é fã da arquiteta iraquiana Zaha Hadid e do brasileiro Ruy Ohtake. “São duas figuras que me inspiram, tanto na arquitetura, quanto na vida”, diz. Há dois anos formou-se em arquitetura, trabalha na Ezetec, parceira da Lindencorp, e coube a ela uma grande responsabilidade: traduzir, em decoração, o apartamento-tipo e decorar as áreas comuns do edifício Brasiliano, no Brooklin, em São Paulo. E o resultado foi tão bom que ela está projetando o apartamento modelo decorado de um edifício, ainda em construção, em Osasco.

O que é preciso levar em conta na hora de projetar um apartamento-tipo?

Para desenvolver apartamentos decorados, que tenham as características tanto da construtora quanto dos possíveis futuros moradores, é preciso sensibilidade para captar os desejos de todos os envolvidos. É preciso levar em conta o perfil e a localização do edifício, o tamanho dos apartamentos, a faixa etária e o padrão socioeconômico do futuro morador. Venho aprendendo e exercitando isso com o mercado imobiliário, a área que escolhi. Costumo observar a geografia e o entorno das construções antes de começar um novo projeto. Afinal, é o apartamento decorado que chama a atenção do comprador em potencial para as possibilidades de determinada planta. É ele que tem o poder de atrair o futuro morador. Em ambos os casos, o Brasiliano e Osasco, trabalhei com a premissa de que os dois edifícios estão localizados em áreas nobres, e são destinados a um público bem informado, que faz questão de ambientes acolhedores.

o design de móveis é uma das minhas paixões desde estudante, desenhei toda a movelaria, incluindo sofás e mesas de centro, e mandei o marceneiro de minha confiança confeccioná-los. Iluminação é um item importante?

O que você fez no Brasiliano?

Muito, e procurei dosar, no projeto de iluminação, a luz natural e a artificial. A cozinha e a área de serviço, além das áreas comuns do prédio, como salões de festa e de ginástica, beneficiaram-se da luz do sol. As áreas internas do apartamento foram iluminadas por uma luz leve, em foco, para criar espaços íntimos e aconchegantes.

O apartamento-tipo e as áreas comuns, como o salão de festas, a sala de ginástica, o spa, a piscina e seu entorno.

O trabalho em Osasco está sendo diferente?

O que você levou em conta na hora de decorar o apartamento-tipo?

O Brasiliano é um estúdio. Tem, em média, 46 metros quadrados, foi construído pensando em um público jovem e seus ambientes são integrados.

Completamente. Em Osasco, o foco é a família, o estilo do imóvel também é contemporâneo, mas os apartamentos são maiores, têm, em média, 70 metros quadrados, com uma suíte e um dormitório. São espaços pensados para famílias. Qual foi a sua proposta para esse apartamento?

Qual foi o resultado?

Escolhi tons cheios de vivacidade, como o bordô, que aparece salpicado aqui e ali, e concede modernidade e classe ao lugar. Nas paredes usei madeira nogueira, que confere elegância e sobriedade. Padronizei o piso com porcelanato Portobello, usei metais Deca na cozinha e no banheiro, que são garantia de qualidade, e escolhi os armários da Ornare para a cozinha. Como

Procurei ser um pouco mais sóbria, sem exageros. Revesti as paredes com tijolos aparentes, o que confere graciosidade e certa descontração. Os móveis foram feitos sob medida, desenhados por mim e confeccionados pelo meu marceneiro, em tons de bege, amarelo e preto, numa paleta de cores mais neutras. Usei aço inox na cozinha e o piso foi revestido de porcelanato Portinari. O resultado agradou bastante.


qualidade de vida

nas teias sociais

No emaranhado de uma trama infinita, que atravessa o tempo modificando costumes, sentimentos e hábitos, os relacionamentos humanos são desafiados a encontrar novos modelos Por Judite Scholz | iluStração Maria eugênia

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as últimas décadas a família sofreu transformações profundas em sua estrutura e dinâmica, provocadas por mudanças na sociedade e no nosso modo de vida. Centro dos afetos radicais, onde as relações são quase simbióticas, as afeições mais doces e os embates mais dramáticos, a família nos apresenta os modelos de sentimentos em seu estado mais bruto: amores incondicionais, aceitações ilimitadas, solidariedade radical ou as rejeições mais traidoras, os conflitos mais banais e ressentimentos disfarçados.

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Se antes de queimarem os sutiãs as mulheres casavam e tinham certeza de que viveriam assim pelo resto de suas vidas, sendo felizes ou não – já que não podiam desfazer o casamento –, hoje elas não têm – e nem dão – garantia de nada. Com ou sem filhos, a separação é a saída natural para casais insatisfeitos. Em 2011, mais de 351 mil casamentos chegaram ao fim! E isso representa mais gente disponível para casar outra vez. O chamado recasamento vai mudando o perfil da família brasileira. As novas configurações familiares que juntam os meus, os seus, os nossos filhos, e criam as figuras do padrasto, da madrasta e do enteado, põem em jogo novas peças no tabuleiro e novas formas de lidar com elas, com possibilidades mais amplas de estabelecer vínculos afetivos, ainda que acompanhados de conflitos. Essas relações íntimas propiciam grande aprendizado: disputa, admiração, negociação, cooperação, inveja, imitação, diferença, amor, ódio. É uma vivência mais ampla que será intensamente aproveitada também fora do núcleo

familiar. “Às vezes dá certo, às vezes não. Em algumas famílias que atendi, ficou claro que o filho do casal recebe mais atenção dos pais que os outros filhos, e isso gera um estresse infantil, pois a criança se sente rejeitada, não se sente parte da família. Quando a relarela ção é saudável, o que é raro, a criança cria vínculos, fala que tem dois pais ou duas mães, é muito positivo”, diz a psicóloga analista de comportamento Luana de Souza Morena. Nessas novas tramas em que nossos caminhos se cruzam, casais homossexuais com filhos estabelecem um novo arranjo familiar e nos fazem encarar com mais naturalidade o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo. As relações de trabalho também têm mudado por inúmeros motivos nos últimos tempos. Novos tipos de atividades permitem jeitos diferentes de se viver. A tecnologia, que derrubou fronteiras, tornou possível que algumas profissões sejam exercidas a distância, e isso significa que se pode viver numa cidade tranquila e trabalhar para uma metrópole. Embora o ambiente tradicional das empresas propicie maior contato e interação física entre as pessoas, empresários perceberam que, dependendo da atividade, nem sempre é necessário se fazer presente para produzir mais e melhor. Esses novos trabalhadores privilegiam a informalidade, estruturas mais flexíveis e com infraestrutura tecnológica. As relações, nesse caso, passam a ser muito mais


virtuais do que físicas. Além disso, o foco em resultados permite mais autonomia na gestão do tempo, o que propicia mais qualidade de vida, uma vez que o profissional administra o próprio tempo. Infelizmente isso não evita as tramas fofoqueiras, o diz que diz maldoso e prejudicial de quem cultiva o lado negro da força. “Essa modernidade no trabalho, em que muitos funcionários falam com seus colegas por videoconferência, exige que as pessoas entrem nessa onda. Há empresas cujo serviço de atendimento ao consumidor só funciona pelo site, as notas fiscais eletrônicas chegam por e-mail, tudo isso faz com que as pessoas corram atrás de ficarem antenadas”, diz a Dra. Luana. A Internet mudou até mesmo as relações sociais. É bem provável que, embora se encontrem pessoalmente muito pouco, as pessoas saibam muito mais da vida uma das outras, já que criaram o hábito de publicar seus passos com direito a fotos, detalhes e o que pensam, nas redes sociais, forçando uma intimidade a distância. “A exposição é muito grande. Os jovens, criados nessa tecnologia têm necessidade de falar tudo o que fazem para ter aprovação, querem adquirir reforço social. Para os idosos isso é estranho porque eles não estão acostumados a essa instantaneidade, já que precisavam abrir um livro para buscar uma informação, mandar uma carta para se corresponder com alguém e esperar a telefonista fazer a ligação quando queriam falar com alguém”, avalia a psicóloga. “Pessoas com mais de 40 anos têm a visão de que a Internet mudou nossa maneira de viver. Para os jovens, é natural, eles falam o que querem nas redes sociais porque não estão cara a cara. Se soltam na Internet, atrás de um computador,

mas ficam tímidos na presença de outras pessoas porque perdem habilidades sociais.” Hoje os jovens mantêm amigos em várias partes do mundo e podem, inclusive, jogar videogame com eles, ao mesmo tempo em que conversam – muitas vezes sem se conhecerem pessoalmente! E isso é muito legal porque, da casinha deles, abrem as portas do mundo e fazem amigos em lugares onde não vão pisar em nenhum momento da vida. As formas de relacionamento estão mudando drasticamente, criando tramas que ao mesmo tempo em que nos aproximam, nos mantêm distantes. As pessoas parecem se relacionar mais com seus aparelhos celulares do que com as pessoas que as acompanham. Nem parece falta de educação comer checando as mensagens já que todas as pessoas na mesa fazem o mesmo. “Com essa forma de relacionamento, seja pela Internet, seja por SMS, se ganha tempo e praticidade, mas se perde a essência da comunicação interpessoal – o toque, o abraço, o beijo, vivenciar o contexto social. O ser humano precisa estar em contato com seus pares. A falta de relação deixa as pessoas mais frias”, avalia Luana. Conforme disse Riobaldo em Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa, “Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de odiá-la, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura”. Portanto, é preciso se abrir para as novas formas de se relacionar para acompanhar o pulsar da vida e cair nas teias tecidas pela evolução de nossa espécie. E, assim, sossegar na loucura desse mundo que não para de mudar.


turismo

Lyon e Annecy,

com gosto Duas cidades na região de Rhône-Alpes para entender a paixão dos franceses pela mesa Por Juliana A. Saad e Mauro Marcelo Alves

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Com o apetite despertado, é hora de andar duas quadras até a Rue de Créqui, 156, para penetrar no autêntico mundo do bouchon lyonnais através do Daniel & Denise. Mesas apertadas, garçons agitados e um ar de antigamente são o passaporte para uma sólida comida regional. Em destaque no menu, um prato do chef Joseph Viola, que ganhou concurso mundial em 2009: pâté en croûte com foie gras e timo de vitela.

Capital de Rhône, a bela Lyon, fundada em 43 a.C, é a segunda maior cidade da França

fotos Atout France Jean François Tripelon Jarry

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lugar natural para imersão imediata nesse mundo é o Marché Les Halles de Lyon-Paul Bocuse, nome em homenagem ao célebre chef de cozinha. Tem cerca de 60 comerciantes e fabricantes de iguarias diversas com um ponto em comum: a alta qualidade dos produtos. É como um playground para adultos, com suas lojas de especiarias, queijos e rechonchudos saucissons (difícil sair de lá sem comprar alguns), açougues, peixarias, padarias, pâtisseries, etc. Ah, tem bares para prolongar a visita com um gole e outro de vinho branco e algumas ostras frescas. Fica na Cours Lafayette, 102, no bairro central conhecido como Part-Dieu.


fotos divulgação


Mauro Marcelo Alves

turismo

Para uma gastronomia mais refinada, opção certa é o restaurante Cours des Loges, no hotel 5 estrelas de mesmo nome situado no Vieux-Lyon. O chef estrelado Anthony Bonnet propõe um menu que varia segundo a estação, mesclando receitas tradicionais com outras de sua criação, como o robalo poché em chá de ervas, marmelada de legumes e limão confit. Fica na Rue du Boeuf, 6.

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Na mesma linha sofisticada e igualmente com uma estrela no Guia Michelin, o restaurante Les Terrasses de Lyon, sob a chefia de Davy Tissot, está em outro hotel de muito charme, o Villa Florentine, com uma inacreditável vista da cidade – em dias claros é possível ver os Alpes e o soberbo Mont Blanc ao longe. Rendase às chamadas “Prémices salées”, pequenas delícias servidas como hors-d’oeuvre. Fica na Montée St-Barthélemy, 25. E como é possível estar em Lyon e não ir ao encontro de seu papa? O cultuado e bonachão Paul Bocuse e seu restaurante eternamente 3 estrelas estão ali perto, em Collonges-au-Mont-d’Or, a apenas 18 quilômetros. Na colorida casa, a experiência única de uma cozinha bourgeoise consistente e inesquecível (como a sopa de trufas). Se não der para ir lá, Bocuse tem várias brasseries espalhadas por Lyon com nomes dos pontos cardeais: L’Est, Nord, Sud e L’Ouest, além da Argenson e da Fond Rose. Elas parecem dar sempre um jeito de aparecer à sua frente.

Saint-Jean, o centro velho de Lyon, considerado Patrimônio Histórico pela Unesco, bairro que abriga excelentes restaurantes; fachada do festejado Les Halles de Lyon e deliciosos queijos dão água na boca Ao lado, romântica Annecy, cortada por canais e pontes, fica à beira de uma lago e rodeada pelos Alpes

fotos Atout France Jean François Tripelon Jarry, Fabian Chafaffi, Ju Saad e Mauro Marcelo Alves

Outros bons lugares para curtir a cozinha local são La Mère Brazier, na Rue Royale, 12, e Le Bistrot du Potager, na Rue de la Martinière, 3. E se der aquela vontade de comer um croissant perfeito – afinal, você está na França – vá ao Moulin de Léa, na Grande Rue de la Croix-Rousse, 56. E seus pães são também sensacionais.


Annecy, a bela Por mais que Lyon satisfaça os adeptos do turismo gastronômico, a diversidade no roteiro sempre enriquece a viagem. Outra joia da região Rhône-Alpes, a linda Annecy também tem seus encantos para fisgar olhares e paladares. A apenas uma hora e meia por autoestrada de Lyon, situada na margem norte do lago de mesmo nome e cortada por canais caindo de charme com seus bares e restaurantes floridos, Annecy tem boas opções para o turista, sobretudo os passeios de bateau pelo rio ou visitas a edificações históricas de importância local, no centro velho. Mas é nas mesas que ela também se afirma como bom destino. O restaurante La Ciboulette, por exemplo, uma estrela no Michelin, tem salão encantador e uma natural queda pelos peixes de água doce, como o Saint-Pierre grelhado na manteiga, confit de cítricos e molho de alecrim. Fica na Cour du Pré Carré, 10. Para uma experiência mais ampla juntando esporte (esqui náutico, tênis, vela, bicicleta, etc.), spa e, claro, comida, a indicação é o hotel Le Trésoms, situado em uma colina verde com vista para o lago. Destaques: seu restaurante panorâmico La Rotonde, sua brasserie La Coupole e o Le 20, bar de vinhos. No verão serve bons sorvetes. Sua especialidade: Roseaux du lac, palitos com licor e cobertos por chocolate. Na Rue Royale, 2. E a Fromagerie Gay transforma seu dia em Annecy em mergulho fantástico nos cheiros e sabores de dezenas de queijos. Vê-se ali a paixão que alimenta Pierre Gay que, não é à toa, figura entre os Meilleurs Ouvriers de France (Melhores Artesãos da França). Ele é a segunda geração da família a lidar com uma das mais estimadas artes da França. E sua alegria e simpatia são contagiantes. Em sua butique de queijos existem mais de 70 tipos de queijos à venda, cada um meticulosamente explicado e escolhido, abrangendo dos mais frescos de ovelha aos intensos e longamente maturados de vaca. Para quem gosta de emoções fortes, dois ou três pedaços de Époisses ou de Munster tornarão a viagem aromaticamente inesquecível! Fica na Rue Carnot, 47. Serviço: rhonealpes-tourisme.com | coursdesloges.com villaflorentine.com | bocuse.fr | lestresoms.com | airfrance.com.br


roteiro

moto rides... on the road, baby! Pegar a estrada de moto rumo a jornadas easy rider é o sonho de muita gente boa Por JuLiana a. Saad

Lindenberg

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Há vários tipos de roteiros, desde os de curta e média distância, assim como os de longa duração que são verdadeiras sagas, como a do nosso desbravador Lucas Longo, que rasgou a América de moto de NY a São Paulo (veja Box). Selecionamos alguns para inspirar você a planejar sua próxima road trip. Patagônia A Patagonia Backroads faz percursos com motocicletas ou veículos 4x4. Os roteiros normalmente preveem a cobertura de todas as despesas e hospedagem em hotéis e estâncias cuidadosamente selecionados. As viagens podem ser feitas tanto a bordo de motos BMW (como a F650GS), como de jipes Land Rover. Há desde trajetos prefixados para grupos de no máximo 8 pilotos a roteiros personalizados. Um dos

mais cobiçados é o Patagônia de Norte a Sul, de 11 dias (a partir de US$ 5.800) que se inicia em Puerto Montt, na região dos lagos do Chile. Dali o grupo de motociclistas segue em direção sul, pela Carretera Austral, atravessa a fronteira da Argentina, em Chile Chico, passando pela bela paisagem do Lago General Carrera. Percorre a célebre Ruta 40 atravessando lugares incríveis como Chaltén, El Calafate, Torres del Paine, Geleira Perito Moreno, Estreito de Magalhães e Puerto Natales, terminando em Punta Arenas. Ao final, os aventureiros terão percorrido 2.250 km (sendo 970 km em estrada de cascalho e os outros 1.280 km no asfalto). França A Columbus International organiza tours e expedições e aluga motos na Europa, com predominância de percursos na França. Há opções de passeios de um dia, de um fim de semana em Cannes ou na Provença, travessia dos Alpes da França para a Alemanha, circuitos de F1 em Mônaco e trajetos superinteressantes que podem ser feitos com um garupa a tiracolo. Dentre as opções mais procuradas está o tour de comparação dos últimos lançamentos de motos BMW (R1200 GS, F800R & F700GS) e Ducati (Diavel, Multistrada, Hyperstrada & Monster 696). No passeio (a partir de 1.145 euros), as máqui-

fotos alex E. Proimos e arquivo pessoal

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ento no rosto, ronco de motores, velocidade, curvas e paisagens alucinantes para acompanhar o percurso. A sensação buscada em uma road trip é unânime: liberdade. Quando se é apaixonado por moto, a escolha da próxima aventura é pensamento fixo. Por todo o mundo, os roteiros variam de distância, visual, grau de conforto, tipo de máquina necessária e escolhas pessoais, mas uma coisa todos têm em comum: o desejo de se jogar em uma aventura sobre duas rodas.


um dos roteiros preferidos pelos motoqueiros é a Patagônia argentina no detalhe, Lucas Longo cruzou as américas de norte a sul a bordo de uma KTM 990 adventure 2008

nas poderão ser comparadas em condições excepcionais de pilotagem. De Cannes, um guia de moto vai levá-lo em três dias de turnê de tirar o fôlego pelos Alpes franceses, Côte D´Azur e Provença. Começa com um transfer no aeroporto de Nice e segue para Cannes e de lá para o Grand Canyon da França, passando pela estrada mais alta da Europa (2.715m), nos Alpes franceses, terminando em Saint-Tropez. Brasil A Motoxplore tem tours pelo mundo todo. No Brasil, destaca-se o Brasil Adventure Tour (a partir de 2.750 euros), um roteiro de dificuldade baixa, para 8 pilotos. São dez dias pelo Caminho do Ouro que começa e termina no Rio de Janeiro percorrendo 2.650 km pelos estados de RJ, Minas e São Paulo, 65% asfalto, 35% off road. O roteiro refaz o histórico Caminho do Ouro, visita as mais preservadas cidades coloniais do Brasil (Paraty, Ouro, Preto, Tiradentes, Congonhas e Mariana), faz paradas em praias no Rio e em Búzios, atravessa o histórico Vale do Café e mergulha no interior da Reserva da Serra da Bocaina, de lá, sobe aos picos da Serra da Mantiqueira, aproveitando para provar as gostosas quitandas de Minas. Pode-se usar moto própria ou alugar motos BMW 2011 modelos G650GS, F800GS e R1200GS.


roteiro

fotos arquivo pessoal

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Algumas paradas de Lucas Longo foram nas cataratas de Foz do Iguaçu; no caminho entre Nazca e Abancay no Peru, o encontro com uma lhama; Milwaukee, no estado de Wisconsin foi um dos stops em direção a Los Angeles; descendo para o México, um bom banho de mar na praia de Pichilingue, em Acapulco, com pausa para clicar os cactos de Catavina, também no México; as companheiras de viagem


Dakota do Sul New York

Serviço Apex Travel Viagens e aluguel de motos: apextravel.com.br Moto Explorers: motoxplorers.com Patagonia Back Roads: patagoniabackroads.com Columbus International: columbus-international.com Moto Dicas/Rotas seguras: moto.com.br

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Cortando o continente americano de moto Em 2008, o empresário Lucas Longo resolveu fazer uma road trip audaciosa, cortando o continente americano de Nova York a São Paulo de moto. Foram 15 países em 80 dias de viagem, percorrendo uma média de 500 km/dia. A primeira parte do caminho – de NY a LA – ele fez sozinho com sua KTM 990 Adventure 2008 e, a partir da Califórnia, seu amigo Mark Covitz juntou-se a ele com uma BMW GS 1150 Adventure 2005. Segundo Lucas, “a rota foi 95% no asfalto; portanto, o grau de dificuldade foi bastante baixo, assim como o tempo de preparo, exceto a parte de compra dos materiais para a viagem. Também não teve muita logística. Planejava as paradas do dia seguinte na noite anterior, olhava o Google Maps e via as cidades que caiam naquele raio, verificava se havia hotéis razoáveis e ia. Se chegasse cedo demais, parava na próxima”. “Acho que só se realiza o tamanho da aventura quando se chega. Durante uma viagem de moto você esta lá vivendo um dia atrás do outro - é a sua realidade - normal e às vezes até cansativa. Você se pega tentando lembrar por que se decidiu sair do conforto de sua casa e pegar a estrada. A resposta é sempre a mesma... por que não?” Para saber tudo sobre essa audaciosa road trip, entre no blog do Lucas: lucaslongo.blogspot.com.br

San Juan del Sur Manuel Antonio

Machu Picchu

San Pedro de Atacama

Foz do Iguaçu

São Paulo


filantropia

Com pouco mais de um ano, a ONG Saúde Criança São Paulo prova que o profissionalismo alavanca os resultados de uma instituição. E quem quiser captar recursos em 2013 precisa ter isso em mente por Instituto Azzi | Texto Suzane G. Frutuoso

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temporal vai se armando em mais uma tarde quente em São Paulo. No bairro de Santa Cecília, a pequena entrada de uma casa tem antes da porta de vidro uma barreira de cerca de 60 centímetros para conter as enchentes causadas pelas chuvas. Solução prática para um problema. É com esse espírito racional que a jovem empresária Vera Oliveira, de 27 anos, toca a ONG Associação Saúde Criança São Paulo – cuja sede ganhou a defesa contra as águas. Não quer dizer que ela não tenha paixão por sua causa. Ao contrário. Significa que Vera acredita tanto no que faz que vai buscar sempre os melhores resultados, igualmente a uma empresa que vende produtos ou serviços. Sua postura indica que é possível empreender criando um impacto positivo na sociedade. A instituição é uma franquia social do Saúde Criança, projeto criado pela médica Vera Cordeiro, no Hospital da Lagoa, Rio de Janeiro, em 1991. De lá pra cá, o trabalho se expandiu pelo País a partir da replicação de metodologia e marca usadas para atender crianças doentes e seus familiares. Já são 12 núcleos, contando com a matriz. A ideia é reestruturar a vida dessas famílias de baixa renda, quase sempre lideradas por mulheres. Elas se veem diante da enfermidade de um filho que requer idas constantes a hospitais e muita dedicação. A maioria delas não consegue mais trabalhar. Com um atendimento multidisciplinar, o Saúde Criança procura melhorar as condições de saúde e bem-estar dessas pessoas. A ação é reconhecida no mundo inteiro e conquistou 27 prêmios.

Formada em Relações Públicas e trabalhando durante anos com pesquisa de mercado, Vera Oliveira sempre quis se dedicar profissionalmente a uma causa social que fizesse diferença no mundo. “Mas não queria algo na área de responsabilidade social de uma empresa. Eu tinha uma visão de que ONG não tinha resultado prático. Queria visualizar e medir dados”, diz. No início de 2011, ela conheceu o Saúde Criança durante uma palestra de Vera Cordeiro. “Ela é cativante. Quando entendi os detalhes do projeto, então pensei: ‘é isso’.” Vera se encantou com a ideia de ensinar famílias a se reestruturarem sem viver de assistencialismo simplesmente. Elas participam do projeto durante dois anos, tempo necessário para tirá-las da miséria e garantir continuidade das melhorias. A metodologia inclui parceria com um hospital, que encaminha as famílias ao atendimento. No caso do Saúde Criança São Paulo a colaboração é com a Santa Casa. Uma vez escolhidas após triagem, as famílias recebem acompanhamento psicológico, jurídico, financeiro, melhoria de moradia, doações e assistência social (leia quadro). A contrapartida é ter documentações em dia, crianças com estado de saúde ao menos regular, com todas as vacinas e frequentando a escola (com participação assídua dos responsáveis na evolução escolar). Os adultos também devem se comprometer a participar das orientações mensais e do curso profissionalizante de costura e artesanato oferecido no Saúde Criança São

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metas por uma grande causa


Paulo. “É uma maneira de gerar renda trabalhando de casa”, diz Vera, que pediu demissão para se dedicar inteiramente à fundação da instituição paulista, que aconteceu em outubro de 2011. As primeiras cinco famílias chegaram para ser atendidas em fevereiro de 2012. Vera compreendeu rapidamente que para seu sonho dar certo precisaria de planejamento estratégico. “Trato a associação como empresa de fato”, diz. Logo após a fundação da instituição, ela batalhou patrocínio. Conseguiu com o Instituto Azzi, ONG que indica a investidores projetos para colocarem capital. Em julho do ano passado, deu início à campanha de apadrinhamento para receber doações em geral. Com metas claras e dinheiro em caixa, conseguiu contratar a assistente-social e a coordenadora financeiro-administrativa. Para alcançar novas metas em 2013, ela acaba de contratar uma psicóloga e uma especialista em captação de recursos, que antes eram voluntárias. Tudo para chegar em junho atendendo 50 famílias – hoje são 36. “Ser refém de doações é duro. Por isso, já penso em daqui a dois anos investir num fundo patrimonial que me permita pagar custos com o rendimento. Poucas ONGs no Brasil fazem algo nessa direção. Com recursos, cresço e tenho o que mostrar para novos investidores.” Uma das dificuldades que Vera enfrenta é a compreensão da sociedade sobre a atuação de uma ONG. “As pessoas preferem fazer doações de produtos do que de dinheiro. Fica a certeza de que não será desviado.” A mentalidade, felizmente, não se estende aos investidores. “Não dá pra ser 100% voluntariado. Para crescer é preciso uma equipe com dedicação integral. Para isso, tenho que contratar pessoas. E os investidores compreendem que preciso formar um quadro de profissionais.” Uma metodologia eficiente e comprovada, como a do Criança Saúde, ajuda ainda mais. O profissionalismo no terceiro setor ainda não é a regra. Vera afirma que o principal para uma ONG é o planejamento estratégico com metas claras e contas em dia, que possam convencer investidores que vale a pena colocar dinheiro em determinado trabalho. “Se aparece o retorno esperado investidores não se importam em investir.” Mesmo com uma economia ainda estável, Vera alerta que não dá para planejar apenas contando com isso. “Os objetivos devem estar ao alcance das possibilidades também”. Aos poucos, com pequenos passos, formam-se grandes estruturas. Inclusive socialmente.

Como funciona a metodologia As famílias dos pacientes da Santa Casa de São Paulo são encaminhadas ao Saúde Criança São Paulo. Lá, elas passam por triagem, com levantamento do histórico familiar. A partir das informações, é traçado o Plano de Ação Familiar, que abrange cinco áreas: • Assistência Básica Doação de alimentos, roupas, remédios, além de acompanhamento gratuito para as famílias por psicólogos, psiquiatras, nutricionistas e assistentes sociais. Metas: criança com saúde no mínimo “regular”; crianças de 0 a 10 anos com carteira de vacinação em dia. • Renda Familiar Criar o autossustento e a independência da família, com qualidade de vida, estabilidade e renda digna. Para isso, são oferecidos cursos profissionalizantes de acordo com o interesse e a habilidade da família. Metas: pelo menos um adulto trabalhando; renda mínima de um salário mínimo para famílias com até quatro membros; ¼ de salário mínimo para cada membro numa família com mais de quatro membros. • Moradia Assegurar que a casa da família tenha as mínimas condições de moradia, como água corrente, esgoto tratado, pintura, teto sem infiltrações, proporcionando ambiente saudável para a criança recuperar a saúde Metas: condições de estrutura da casa, instalação elétrica e hidráulica e saneamento básico; mínimo de dois cômodos e com vaso sanitário, pia e chuveiro. • Cidadania Emissão de documentos e solução de questões burocráticas, a fim de garantir à família o acesso aos direitos básicos de cidadania. Metas: pais e filhos com documentos básicos em dia; família orientada e apoiada sobre questões jurídicas. • Educação Conscientização da família sobre a importância da educação para o futuro das crianças e dos pais, com foco na conclusão do Ensino Fundamental e Médio. Metas: todas as crianças em idade escolar frequentando a escola; acompanhamento da evolução escolar; presença assídua dos responsáveis nas palestras socioeducativas. Dados para doação Associação Criança Saúde São Paulo CNPJ: 14.644.881/0001-98 Banco Santander Agência: 4263 Conta: 13003439-2

Outras doações Nota Fiscal Paulista, Imposto de Renda Pessoa Física ou Jurídica via projetos do Fumcad, Cesta básica, fralda, higiene pessoal, leite, cobertor, agasalho e brinquedos.


fotos divulgação

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Viva Caraíva viva

É o esforço de pessoas como Monica Viana, Daniel Bangalter e Abdalio Paes Landim Bastos, da ONG Caraíva Viva, que procura abrir as portas de um futuro melhor para as crianças desse pequeno vilarejo no sul da Bahia Por Maiá Mendonça | Fotos Caraíva Viva


Aulas de capoeira, dança afro só para as mulheres, aulas de computação, brincadeiras, oficinas de arte e bordado são algumas das atividades propostas pela ONG para a comunidade de Caraíva, no sul da Bahia

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primeira vez que fui para Caraíva, no sul da Bahia, chegava-se de barco. A vila, de casas muito simples, era a rua que acompanhava o rio, não tinha eletricidade nem água corrente, e não fomos à praia porque “era muito longe e o caminho só mato”. Voltei neste verão. Décadas tinham se passado. Agora, uma estrada de terra leva os carros até a boca do rio (não entram carros em Caraíva), a travessia é feita de canoa, a vila cresceu, ganhou nova roupagem, e o mato cedeu lugar para casas, pousadas e ruas de areião que deixam a praia logo ali, a uma centena de metros da rua principal. Há luz elétrica, e a fiação é subterrânea, água encanada, e a coleta de lixo é seletiva. E há o empenho de forasteiros que se encantaram por sua beleza natural e por ali ficaram, como a mineira Monica Viana e seu marido, o produtor musical francês Daniel Bangalter, que desde que chegaram ao vilarejo, há 15 anos, com pequenas ações, procuram fazer dessa vila de pouco mais de 600 habitantes, uma comunidade autossustentável. Em 2009, em parceria com Abdalio Paes Landim Bastos, os três criaram a ONG Caraíva Viva, uma associação sem fins lucrativos com a pretensão de apoiar e levar projetos que promovessem a educação, a cultura, a qualidade de vida, a preservação do meio ambiente e a sustentabilidade aos moradores do vilarejo considerado o mais antigo do Brasil, fundado em 1537. São muitos os projetos tocados pela ONG, e talvez o de maior sucesso e visibilidade seja a Rossa, uma cooperativa de mulheres, independente e autossustentável, que permite que mulheres da área rural colaborem com o orçamento familiar, sem abandonar o trabalho caseiro, fabricando sabonetes naturais manufaturados com produtos da terra, como o almíscar, pitanga, aroeira, óleo de coco, óleo de dendê e óleo de palmiste, que são comercializados em lojas e hotéis da região e no Ushua, em Trancoso, e cuja renda é inteiramente revertida para as mulheres e a manutenção do projeto.

Mas não é só. Há as atividades culturais na Casa Amarela, que oferece para 103 crianças aulas de inglês, internet, dança, música, arte, carpintaria, bordado e costura. “A proposta é preparar essas crianças para o futuro, dar a elas a possibilidade de competir no mercado de trabalho, uma vez que aqui não existe nem o ensino médio”, explica Monica Viana, que com as bordadeiras da oficina de costura e bordado faz cúpulas de abajur, toalhas, lençóis tão sofisticados que poderiam ser vendidos em qualquer lugar do mundo. “Na Europa, a maioria das lojas chiques tem um canto sustentável, mas no Brasil ainda não existe essa cultura”, lamenta. O cinema ao ar livre, na rua que beira o rio, é parte dos projetos da ONG. Antes de a sessão começar é apresentado um filme sobre o trabalho da ONG Caraíva Viva, filme esse feito com a colaboração dos alunos das aulas de computação, que ficam encantados por esse mundo novo que se abre para eles. Outro projeto interessante são as apresentações de danças afro, praticadas por mulheres adultas, e que trouxe para elas maior confiança e ajudou na conquista de um espaço maior na sociedade local. Isso para não falar das aulas (e apresentações) de capoeira, que envolvem adultos e crianças. Algumas mudanças acontecerão na ONG Caraíva Viva, em 2013. Oficina de cinema e computação, a pedidos da molecada; incrementar a prática de esportes como o vôlei e o tênis de praia, que trabalham a disciplina, o respeito e a noção de hierarquia; desenvolver o universo linguístico infantil, bastante limitado; a criação de uma agência para desenvolver produtos como fôlderes, cartazes, panfletos. “Esses meninos e meninas têm de ter saídas profissionais”, explica Monica, que gostaria de ajudar a formar uma próxima geração com outro olhar, outra percepção do mundo, do espaço público, do respeito ao próximo. E para isso ela precisa de parceiros interessados em ajudar a ONG Caraíva Viva a ajudar Caraíva. Ficou interessado? acesse caraivaviva.org


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