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DIA MUNDIAL DO ESCRITOR

REPORTAGEM

DIANA CARVALHO

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DIA MUNDIAL DO ESCRITOR

O Dia Mundial do Escritor celebra-se no dia 13 de outubro. Apesar do papel fundamental do escritor na autoria dos livros, muitos leitores ainda o veem como o único responsável pela criação literária. Conversamos com duas editoras portuguesas sobre os autores de um livro, dos ilustradores aos revisores e aos designers. É interessante para o escritor brasileiro ver como funcionam mecanismos para publicação em outro país de língua portuguesa, já que temos mais ou menos os mesmos problemas e soluções. E o que for diferente e puder ajudar, é bem-vindo. A Paleta de Letras é uma editora vocacionada para o universo infantojuvenil. Pedro Seromenho, o autor do projeto, fala sobre a valorização do papel das editoras, ilustradores, designers e outros intervenientes, em relação à do escritor. “Sucintamente, é esta frase: o escritor vende mais e melhor do que o ilustrador. Se eu for [apresentar o livro] como ilustrador, eu não consigo vender o livro como o escritor vende. Isso ainda está enraizado na mentalidade do leitor”, refere. Já Paulo Rebelo Gonçalves, responsável pelo Gabinete de Comunicação e Imagem da Porto Editora revela que as “editoras são fundamentais para a promoção do livro, da leitura e do conhecimento” e que não sente a mesma distinção.

O PAPEL DAS EDITORAS

Para Pedro Seromenho, o papel das editoras é estarem atentas “às novidades, aos valores emergentes, aos autores, escritores, ilustradores, contadores de histórias”, entre outros pontos essenciais. O processo da editora passa tanto pela criação de raíz como pela procura de novidades nos mercados internacionais para trazer para Portugal. “Aqueles livros que realmente nos tocam, nos fazem vibrar, apaixonar, tentamos comprar os direitos de autor, para produzir e para editar e distribuir em Portugal. Temos esse pequeno orgulho

de trazer títulos fantásticos que estão hoje no mercado e que descobrimos noutros países e noutras editoras”, sublinhou. Além disso, fazem ainda o ato inverso: quando criam um trabalho de raíz, tentam exportá-lo para outros países sempre que possível. A pandemia veio também trazer algumas alterações a este processo na Paleta de Letras. “Tivemos de nos adaptar às plataformas digitais, mas o processo e a intenção continuam a ser os mesmos, que é pegar numa ideia, numa ideia que pode ter sucesso, e trabalhá-la com o texto, com a ilustração, com o design, com a parte gráfica… Tudo isso contribui para que o produto final seja um objeto mágico que é o livro“, finaliza Pedro Seromenho. Segundo Paulo Rebelo Gonçalves, “as editoras cuidam dos autores e dos seus originais”. Com profissionais especializados em diferentes áreas, “são importantes para dar corpo ao trabalho criativo do autor”. “Uma editora profissional inclui inúmeras valências que existem para apoiar os autores, para os promover e às suas obras”, acrescenta.

RESULTADO FINAL

No panorama geral, Pedro Seromenho pensa que a distinção entre os vários autores de um livro já não é tão grande atualmente. “A sensação que eu tenho do mercado é que há umas décadas sim, o autor da obra era o escritor, era o suprassumo que tinha o nome na capa e o que potencialmente vendia o livro, era o seu nome e a sua autoria. Aliás, o ilustrador nem aparecia na capa, o ilustrador era um mero decorador a quem era dado o texto para decorar”, explica. No entanto, o escritor e ilustrador refere que o conceito de ilustração mudou e esta arte “ganhou vida própria”. “O ilustrador já não só decora, mas recria a história à sua maneira, é por isso que por vezes temos livros que contam as histórias só pela imagem, porque o ilustrador reconta através da ilustração”. Em relação a outros momentos da produção dos livros, como a edição ou o design, Pedro Seromenho também refere que já são mais valorizados do que eram antigamente, apesar de a maioria dos leitores ainda não conseguir perceber bem o seu papel. “Não digo que é subestimado, mas o fato

de as pessoas não conseguirem concretizar esse nível abstrato quando pegam num livro, não as faz perceber o trabalho que aquilo dá, não conseguem assimilar o papel do revisor, do editor, assim de imediato”, refletiu. O autor afirmou então que é nesse ponto que, especialmente em Portugal, “em certos casos, o escritor ainda é o autor, ainda é a pessoa que alavanca o projeto“. Isto deve-se muito à imagem comercial, diz o escritor e ilustrador. Para Seromenho, a melhor forma de consciencializar o leitor desse trabalho é através da formação, com workshops e mediação. “Acho que esse trabalho só pode ser feito através da mediação da leitura. É muito importante o mediador da leitura”, sublinha. Por sua vez, a Porto Editora não sente qualquer desvalorização em relação aos escritores. “Pelo contrário: o que registro da parte dos muitos milhares de leitores que temos dos nossos livros é uma estima enorme, uma ligação afetiva fortíssima, uma confiança sólida”, refere Paulo Rebelo Gonçalves.

A IMPORTÂNCIA DAS EDITORAS NA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS OBRAS

Pedro Seromenho acredita que, sem as editoras, “haveria um decréscimo abrupto de qualidade dos livros em livraria, porque a editora assegura um nível maior de qualidade”. O autor revela que poderiam existir as chamadas “edições de autor”, mas que, sem o filtro e a avaliação da editora, os livros podem perder “a qualidade que o leitor merece”. Já Paulo Rebelo Gonçalves destaca ainda que “as editoras são fundamentais para a promoção do livro, da leitura e do conhecimento. Do seu trabalho e do seu investimento resulta, em grande medida, a emergência de todos os grandes nomes da literatura, bem como de autores ligados a inúmeras áreas do saber. As editoras dão dimensão ao trabalho criativo e científico dos autores.

Nota do editor: no Brasil existem, atualmente, profissionais que fazem edição de livros sem terem ligação com editoras. Eles fazem todo o trabalho de edição e entregam ao autor os arquivos de arte final prontos para imprimir. O autor só precisa escolher a sua gráfica preferida para imprimir a sua obra. E o resultado é muito bom, equivalente ao trabalho que as editoras estabelecidas vêm fazendo.

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