1 minute read

FADO TINTO

POESIA

PIERRE ADERNE

Advertisement

FADO TINTO

O Tejo transformou-se em vinho Subiu as sete colinas Inundou as esquinas Os faróis, as azenhas, os moinhos As rias, as travessas, os rossios O mosto, as grainhas, os engaços Alfama, bairro alto, os abraços As andorinhas elétricas nos fios A casa da severa, a Mouraria Os olhos pretos, a saliva Numa praça barco negro à deriva A tristeza inebriar-se de alegria O vinho a sair pelas torneiras A brotar pelos bueiros A cair dos chuveiros A correr pelas ruas e ladeiras Lisboa embebedou-se dos amantes Presos em suas garrafas Água tinta a sair pelos hidrantes Para tantos corações, de muitas safras.

This article is from: