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NA NOITE DE VERÃO… SONHO

POESIA

ELOAH WESTPHALEN NASCHENWENG

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NA NOITE DE VERÃO… SONHO

O luar enche o mar...

Na noite amena de verão, eu sonho. Vejo, maravilhada, a beleza passar pela imensidão do universo, impelida pelo luar encantado, mergulhado no mar sedento, desafiando as ondas na sua fosforescência. Sopra morno e lento o vento e, na bruma, a lua deusa da noite espia lívida e pálida no céu noturno marchetado de estrelas.

Andarilhas vagantes em lugar incerto, as estrelas moribundas se refugiam impulsionadas pela luz no martelar das vagas, recriando matizes e brilhos. O meu olhar amarra-se ao infinito e à cálida noite de verão, como se o tempo fosse indivisível e eterno.

A beleza esmaga-me e vence-me entre as asas da luz e ondula pelo meu rosto em graça fluente e benfazeja. Pés descalços na água rasa, solto os pensamentos que correm prenhes de melancolia, sustentados pela viva emoção, entre o desejo e a espera. Exilada do mundo aquieto-me diante da magia que atravessa a mística natureza para

depositar na alma o impulso vicejante do sonho, que clama e livre assoma. A vida entregue à beleza, passeia absoluta na noite, guardando na sua essência os seus segredos. Sei que é de sonhos que o coração se alimenta e abre os recessos da alma, para torná-lo mágico e delicado como uma canção de amor. Por um instante, tal qual Titânia, a rainha das fadas, na peça de Shakespeare “Sonhos de uma Noite de Verão”, em pleno devaneio, crio uma nova identidade penetrando num sonho povoado por elfos, fadas e outros seres encantados para beber a poção da flor mágica do amor e fazer do sentimento obscuro - esplendor. Irrequieta, em muda vigília, arrasto-me na distorcida linha do tempo. A geografia dos sentimentos segue os mesmos caminhos e os vestígios da fantasiosa beleza que o amor encarregou-se de transformar, mas não de apagar. Então te vejo nas minhas vontades, no meu clamor, no meu sonho revestido de magia e mesmo que tão diferente - na sua delicadeza e na sua efemeridade-, agarro-me ao sonho e dou luz ao tempo para dourar a fantasia. Na grandeza do sonho, vou deixando a ilusão alcançar o chão sólido nas cores vívidas sopradas pelo vento em acalanto. Abro-me para a vida – o espírito soergue-se.

Um novo mundo crio.

Transfigurada e muda, toco o infinito. ( Do Livro “ Porque hoje é domingo”)

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