A Magazine #17

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nº17

ArquiteturA - tAdAo Ando | GAstronomiA - PAul Bocuse | destino - costA AdriáticA metromídia

Ano 3 Nº 17 R$ 15,00 € 5,00

ISSN 1984-4514

COMUNICAÇÃO

Manoela Klein

Moda > hide & seek Fotografia > Peter Beard História da moda > Valentino Motor > Bentley GTC Speed


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EDITORIAL

WE CAN CHANGE

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Fotografia Miguel Costa Jr Edição Deborah e Barbara Lopes (Mninas) Tratamento Digital Mateo Oh Vestido A Space Brincos de ouro com brilhantes Coleção Natur, da H.Stern

m tempos de Barack Obama, tomo a liberdade de pegar emprestada a frase de campanha do aclamado presidente dos Estados Unidos para apresentar a você, leitor, a nova A Magazine. Com projeto gráfico clean e moderno, a revista ficou mais arejada. O conteúdo de matérias e reportagens foi pensado com o propósito de trazer informação qualificada sobre temas do universo de seu interesse. Um trabalho feito em equipe, com a colaboração de profissionais antenados com os ventos da mudança no Brasil e no mundo. Ventos que trazem para o Brasil, entre março e abril, as embarcações da Volvo Ocean Race, a maior maratona oceânica do mundo. A reportagem é do jornalista Marcelo Wisocky, especialista em música e esportes de ação e aventura (não necessariamente nesta ordem). Outro expertise que muito contribuiu com bom texto e belas imagens é o repórter fotográfico Johnny Mazzilli. Apaixonado pelo leste europeu, ele assina o (quase) diário de bordo da intrigante e exótica Costa Adriática e a matéria sobre os vinhos de Tokaj, produto tipicamente húngaro e de excelente qualidade. Qualidade, aliás, que se faz presente no artigo da repórter Gabriela Sampaio sobre o prestigiado chef francês Paul Bocuse, criador, entre outras coisas, do Bocuse d’Or — maior concurso mundial de cozinha internacional. Espero, leitor, que você goste desta nova A Magazine. Sei que tudo o que é novo precisa de tempo para ser assimilado, testado e aceito. Então, leia, opine e critique, para que você possa ter uma revista cada vez melhor em suas mãos. Afinal, a vida não muda. A vida é mudança. Enjoy

FRAN OLIVEIRA DIRETOR EDITORIAL FRAN@AMAGAZINE.COM.BR

metromídia

Ano 3 Nº 17 R$ 15,00 € 5,00

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MANOELA KLEIN Moda > hide & seek Fotografia > Peter Beard História da moda > Valentino Motor > Bentley GTC Speed

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COMUNICAÇÃO

PUBLISHER CESAR FOFFÁ DIRETORA EXECUTIVA LOURDES FOFFÁ

COLABORADORES

A MAGAZINE REDAÇÃO DIRETOR EDITORIAL FRAN OLIVEIRA FRAN@AMAGAZINE.COM.BR EDITORA TATIANNA BABADOBULOS TATIANA@AMAGAZINE.COM.BR DIAGRAMAÇÃO FÁBIO TATENO TRATAMENTO DE IMAGEM JUST LAYOUT PROJETO GRÁFICO FRAN OLIVEIRA REVISORA LAURA ARRIENTI E LUCIANA LIMA

MARCELO WISOCKY Nos anos 1990, ele fez muito barulho no dial paulistano à frente do Brasil Banana, programa da rádio Brasil 2000 FM dedicado aos esportes de ação e aventura. Depois de morar em Madri, Londres e Lisboa, hoje colabora com jornais, revistas e sites culturais. É dele a reportagem sobre a Volvo Ocean Race 2008–2009.

JOHNNY MAZZILLI

COLABORADORES DESTA EDIÇÃO BARBARA LOPES, BLUMA DE MORAES, C ARLOS GUIMARÃES, D EBORAH LOPES, G ABRIELA S AMPAIO, J OHNNY M AZZILI, L OURENÇO GIMENES, MARCELO W ISOCKY, M IGUEL COSTA JR . COMERCIAL DIRETORA VIVIANE GOMES VIVIANE@AMAGAZINE.COM.BR EXECUTIVOS DE CONTA ESMERALDA FORTE - ESMERALDA@AMAGAZINE.COM.BR KELLANY VERARDI - KELLANY@AMAGAZINE.COM.BR ROSANI PEDRO - ROSANI@AMAGAZINE.COM.BR REPRESENTANTES COMERCIAIS BRASÍLIA-DF: A3 COMUNICAÇÃO PUBLICITÁRIA LTDA TEL.: (61) 3201-0001

Fotógrafo profissional, o irrequieto Johnny colabora com artigos e fotografias para as principais revistas brasileiras. Desde 2002, viaja para a Noruega documentando cada local e revelando seus aspectos culturais. Nesta edição, assina as fotorreportagens Costa Adriática e Os vinhos dourados do Tokaj

ADMINISTRAÇÃO DIRETOR DE PLANEJAMENTO ATHAYDE ALMEIDA DIRETOR FINANCEIRO ADOLFO INOUE A SSISTENTES R EGGIANE FORTUNATI, FABIANA DE A ZEVEDO E K ELIANE S ANTOS INFORMÁTICA CÉSAR SILVA E GABRIEL RODRIGUES MARKETING E CIRCULAÇÃO DIRETOR MARCELO FOFFÁ GERENTE NILCE SANTOS A MAGAZINE ONLINE WEB DESIGNER THIAGO CARVALHO WWW.AMAGAZINE.COM.BR IMPRESSÃO - METROMÍDIA GRÁFICA TEL.: (11) 4208-1601 DISTRIBUIÇÃO - DINAP E CORREIOS A MAGAZINE É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL A MAGAZINE EDITORA E PUBLICIDADE LTDA., UMA EMPRESA DO GRUPO METROMÍDIA C OMUNICAÇÃO DE

LOURENÇO GIMENES Arquiteto e diretor do escritório de projetos Forte, Gimenes & Marcondes Ferraz (FGMF), nesta edição, Lourenço fala sobre o trabalho de Tadao Ando. Além da atividade profissional, ele se dedica à docência e colabora com publicações especializadas. Sua recente produção, a Casa Grelha (www.fgmf.com.br/casagrelha), já recebeu prêmios e foi publicada em mais de dez países

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R EDAÇÃO : CALÇADA DAS HORTÊNSIAS, 39 C ENTRO C OMERCIAL A LPHAVILLE - BARUERI - SP C EP 06453-017 - TEL.: (11) 4208-1600 C OMERCIAL: AV. B RIGADEIRO FARIA L IMA, 2.413, 2° ANDAR, CJ. 21 - S ÃO PAULO - SP C EP 01452-0000 - TEL.: (11) 3811-4444 A SSINATURAS – TEL.: (11) 4191-2397 E- MAIL: ASSINATURA @ AMAGAZINE.COM.BR A S OPINIÕES E OS ARTIGOS CONTIDOS NESTA EDIÇÃO NÃO EXPRESSAM, É PROIBIDA A REPRODUÇÃO

NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DOS EDITORES.

EM QUALQUER MEIO DE COMUNICAÇÃO DAS FOTOS E MATÉRIAS PUBLICADAS.

OS PREÇOS DIVULGADOS FORAM PESQUISADOS EM JANEIRO DE 2009.

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Boutique Rimowa Rio Shopping Leblon 2À piso - Rua Afrânio de Melo Franco, 290 Rio de Janeiro CEP 22430-060

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Tel. (21) 2512-8271

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Fotografia Miguel Costa Jr Edição Deborah e Barbara Lopes (Mninas) Tratamento Digital Mateo Oh Vestido A Space Brincos de ouro com brilhantes Coleção Natur, da H.Stern

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FRAN OLIVEIRA DIRETOR EDITORIAL FRAN@AMAGAZINE.COM.BR

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MANOELA KLEIN Moda > hide & seek Fotografia > Peter Beard História da moda > Valentino Motor > Bentley GTC Speed

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SUMÁRIO

28 MODA

44 DESTINO 52 CHELSEA, NY

18 FOTOGRAFIA 36 VALENTINO

22 DECORAÇÃO

40 POWERFULL BRAND

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56 ARQUITETURA

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76 MOTOR

82 NÁUTICA 60 VINHO

66 KAÁ

88 SOCIAL 70 BOCUSE SEÇÕES 6 EDITORIAL 8 COLABORADORES 12 LOUNGE BAR 14 ACESSÓRIOS 16 BELEZA 90 VIAGEM 92 ARTE / DESIGN 94 TECNOLOGIA 96 VINHO / CULTURA 98 CATWALK

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POR GABRIELA SAMPAIO

ACESSÓRIOS EXCLUSIVIDADE E FORÇA O modelo Big Bang, da Hublot, lançado há quatro anos, ganhou versão ainda mais poderosa e forte que a antiga. Chamado de King Power, é um relógio cuja caixa foi redesenhada e agora tem ângulos mais agudos. Os botões também são mais aparentes. O cronógrafo e contador “Foudroyante” aparecem em dois níveis diferentes. A pulseira, na cor preta, é de borracha e a fivela nesta versão é feita de cerâmica. O Big Bang King Power tem edição limitada de apenas 500 peças. Preço: sob consulta. www.hublot.com

PRETINHO NADA BÁSICO Da grife Breil Milano, cujos garotos-propaganda são o ator Edward Norton e a atriz Charlize Theron, vem o Chrono BW0414, da linha Eros. Com cronógrafo de tecnologia suíça, sua caixa é de aço inoxidável com tratamento de IP preto e pulseira de couro na mesma cor. As linhas redondas e a personalidade forte, típicas da linha Eros, são mantidas neste modelo, que também conta com vidro de safira que não reflete a luz. Preço: R$ 5.135, www.breilmilano.com

VELOCIDADE E INSPIRAÇÃO A suíça Longines, grife centenária de relógios de luxo cuja marca registrada é uma ampulheta alada, acaba de lançar mais um modelo para a linha Grand Vitesse. Batizado de Grande Vitesse Chronograph 24h, sua caixa tem 44 mm de diâmetro e conta com taquímetro duplo, visível em quilômetros ou milhas por hora. O mostrador, em preto, marrom escuro ou branco, traz elegância esportiva ao modelo. Disponível em braceletes de aço com fecho altamente seguro ou ainda em couro preto ou marrom. www.longines.com

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CARIN MOFARREJ PARA MOMUSSK As joias Momussk têm história e cada uma é pensada individualmente, seja na alta joalheria, seja nas peças para o dia-a-dia. A sofisticação que vem da mistura de materiais como o diamante negro, o jonquille, as pérolas South Sea, raras pedras brasileiras e fios e formas em ouro rosa ou amarelo fazem da marca um must. As pedras e gemas escolhidas pela design Carin Mofarrej têm personalidade própria, magnetismo que prende o olhar e os sentidos, como neste par de brincos em cabochons de rubelita de cor intensa formada por várias tonalidades contidas em seus veios, cujo impacto é maximizado pela moldura em ouro amarelo – a cor do design moderno –, toda cravejada de diamantes a seu redor. Preço, 57 mil reais. Momussk, tels.: (11) 3284-2327, 3885-8935

OBRAS-PRIMAS Cada par de sapatos da coleção “One is too” da Roger Vivier – apresentados na semana de alta-costura de Paris – pode custar até 100 mil reais. Os modelos foram desenhados por Bruno Frisoni, diretor criativo da grife francesa. Confeccionados com detalhes em ouro, pedras semipreciosas, diamantes e tecidos, como seda e cetim, são verdadeiras joias para se calçar. O francês Roger Vivier (1907-1998) começou a carreira na década de 1930 e ficou conhecido como o inventor do salto agulha, que até os dias atuais encanta grande parte das mulheres. www.rogervivier.com

EXCLUSIVIDADE, REQUINTE E DESIGN Há quase 50 anos, a família Nigri faz história no mercado de joias do Rio de Janeiro. Mãe e filha são as joalheiras preferidas das socialites cariocas, e só trabalham com exclusividade. Nomes como Maninha Barbosa, Lyz Machado, Kátia Spolavori, Elisa Ferraz, Fernanda Souza e Cláudia Alencar estão sempre por lá. “Nossas clientes são muito exigentes, e para cada uma delas criamos peças exclusivas.” No acervo, elas contam com pelo menos 100 peças prontas, para poder atender às clientes apressadas. Léa e Esther Nigri, (21) 2522-1824

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POR TATIANNA BABADOBULOS

BELEZA

DAMA DOS PINCÉIS

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make-up artist senior da M.A.C, Melissa Gibson, conversou com A Magazine sobre tendências e a arte de maquiar. A canadense comandou uma equipe responsável pela maquiagem de 17 desfiles do SPFW e maquiou modelos das grifes Forum, Iódice (foto), Ellus, Reinaldo Lourenço, Jefferson Kullig e Glória Coelho. A maquiagem faz diferença no desfile? A maquiagem é uma grande parte do tudo. Tem a equipe de cabeleireiros, o designer... E, para funcionar, todos precisam estar na mesma equipe. Cada maquiador pensa de um jeito. É preciso imaginar o que cada um está pensando e fazer com que as pessoas trabalhem juntas. Como você cria? Há muita informação de cada estilista, mas, para o resultado do meu trabalho, isso é ótimo. É como ir para a escola aprender história, matemática. Saber lidar com todas as regras, a imagem, o senso de estilo, seu feeling.

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Melissa Gibson: make-up artist

O que é importante em uma maquiagem? Ter uma pele perfeita. Nesse sentido, a base ajuda as mulheres. Acho-a fundamental. Maquiagens minerais são mais naturais? Há um equívoco quanto à maquiagem mineral. Não há leis. O que pode ser bom pra você pode não ser bom para outra pessoa. Os minerais são ótimos produtos. Por que os profissionais preferem M.A.C? Acho que pela quantidade de cores que temos, pela qualidade do pigmento. Uma das filosofias da empresa é as lojas contratarem bons maquiadores e treinar pessoas para demonstrar nossos produtos. As modelos são difíceis de maquiar? Não, são as noivas. Elas estão sempre fora de controle, tentam fazer muitas coisas ao mesmo tempo. As modelos geralmente são jovens, estão sempre ouvindo seu iPod, falando com seu agente ao telefone. Às vezes, não param a cabeça, mas não há problema.

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arte

fotografia

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FOTOGRAFIA Peter Beard

O MAGO DO PORTRAIT Seu amor pela natureza e pela vida selvagem comeรงou quando ele era ainda um adolescente POR FRAN OLIVEIRA

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Peter Beard e Bush Baby, Rancho Hog, QuĂŞnia, 1968

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Beleza: Beard acredita que a chave para a salvação da humanidade está numa constante busca pela verdade e pela beleza

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eter Beard nasceu em Nova York, em 1938, foi criado nesta cidade e também no Alabama e em Bayberry Point, Islip, em Long Island. Desde criança, Beard escrevia diários. Ele fotografou pela primeira vez aos 20 anos e a fotografia logo se tornou uma extensão de seus diários, como uma maneira de preservar e lembrar as férias, além de tudo o mais que lhe era caro. Em 1957, entrou na Universidade de Yale no curso preparatório de Medicina, mas, ao considerar os seres humanos a pior doença, ele logo trocou para o curso de História da Arte. As viagens para a África em 1955 e 1960 aguçaram o interesse do fotógrafo. Assim que se formou em Yale, voltou ao Quênia, seguindo os passos da escritora dinamarquesa Karen Blixden. Ela foi a autora de Out of África, Shadows in the Grass, Gothic Tales e Mottos in my Life. Beard conheceu Blixen por meio de seu primo Jerome Hill. No começo dos anos 1960, ele trabalhou no Parque Nacional Tsavo, no Quênia. Durante este tempo, fotografou e documentou o desaparecimento

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de mais ou menos 35 mil elefantes e cinco mil rinocerontes e publicou dois The End of the Game Book (1965 e 1977). Enquanto isso, ele comprou o Rancho Hog, uma propriedade vizinha à de Karen Blixden, que é próxima às Colinas de Ngong, e tornou-o sua base na África Oriental. Beard publicou outros trabalhos contando suas experiências africanas: Eyelids of the Morning: The Mingeled Destines of Crocodiles and Men (1973), Longing for Darkness (1975). As suas obras mais recentes são Zara’s Tales: Perilous Escapades in Equatorial Africa (2004), escrito por sua filha, e Peter Beard, livro publicado pela editora Taschen, em 2006. Além de criar obras de arte originais, Beard colaborou com projetos de diversos artistas, incluindo Andy Warhol, Andrew Wyeth, Richard Lindner, Terry Southern, Truman Capote e Francis Bacon. Em 1996, pouco depois de ter sido atacado e pisoteado por um elefante, ele inaugurou sua primeira e mais importante retrospectiva no Centro Nacional de Fotografia em Paris, seguida de outras exposições

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Mulheres: são retratadas por Beard como geradoras da vida, a fonte de todas as coisas, cuja graça se mantém totalmente intacta

em Berlim, Londres, Toronto, Madri, Milão, Tóquio e Viena. Atualmente, Beard vive na cidade de Nova York, em Montauk Point e no Quênia com sua esposa Nejma e sua filha Zara. Peter Beard foi o fotógrafo eleito para registrar a edição de 2009 do Calendário Pirelli, cultuado há mais de 40 anos pelos admiradores de fotografia, beleza e evolução cultural. Beard escolheu um território autêntico e ancestral que nasce da justaposição de dois mundos distintos: o oásis aquático do delta do Rio Okavango e a extensão árida do deserto do Kalahari. Um território que tem sido poupado da exploração da terra e do empobrecimento de recursos, que o fotógrafo elegeu para representar a natureza como entidade metafísica sempre em movimento e como fonte infinita de criatividade, cujos ritmos e leis sempre devem ter um princípio e um final. Por meio das lentes de Beard, a natureza profere um grito de raiva e rebeldia contra a incapacidade do homem de combinar crescimento e desenvolvimento com sabedoria e respeito pela diversidade. Beard não confere privilégios aos seres hu-

manos, porque ele acredita que nós, assim como os animais, devemos respeitar o equilíbrio da natureza. Ele imagina para todos nós um futuro amargo: viver em um ambiente cada vez mais inóspito, causado pelo desenvolvimento míope e descontrolado, em que a qualidade de vida tende a piorar cada vez mais e que se tenha de enfrentar a revolta da natureza. A única esperança é a beleza. Beard acredita que a chave para a salvação da humanidade está numa constante busca pela verdade e pela beleza. As mulheres que Beard fotografa são retratadas como geradoras da vida, a fonte de todas as coisas, cuja graça se mantém totalmente intacta. Elas são traduzidas como as criaturas nascidas das entranhas da natureza, heroicas, poderosas, com traços bem definidos e movimentos poderosos; estátuas, símbolos da criatividade e da capacidade de regeneração da natureza. “Minha real preocupação”, afirma o fotógrafo, “é a destruição da natureza em escala mundial. Nós nos esquecemos completamente daquilo em que se baseia a evolução e o quão importante é a diversidade da natureza”. MAGAZINE

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DECORAÇÃO

Sculpture Objects & Functional Art Peças em cerâmica, vidro, metal, madeira e fibra — de artistas internacionais, como Lino Tagliapietra, Thomas Hucker, Chris Antemann e Steffen Dam — serão exibidas em Nova York na maior feira de objetos de arte e decoração

POR FRAN OLIVEIRA

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12ª Feira Internacional de Esculturas e Arte Funcional, a Sofa New York 2009, acontecerá dos dias 16 a 19 de abril deste ano, na Park Avenue Armory. A inauguração de gala será no dia 15 de abril. Aproximadamente 65 galerias internacionais contribuirão com peças em cerâmica, vidro, metal, madeira e fibra de grandes artistas, como Lino Tagliapietra, Thomas Hucker, Chris Antemann e Steffen Dam, além de obras da nova geração, que certamente terão grande apelo para novos e antigos colecionadores. Um dos artistas mais conhecidos mundialmente, Lino Tagliapietra nasceu em 1934 na ilha milenar da arte em vidro, Murano. Aos 11 anos, 22

começou como aprendiz no estúdio do reconhecido artista Archimede Seguso e obteve o grau de mestre aos 21 anos. Mais tarde, trabalhou como mestrevidreiro e designer em outros estúdios, no Galliano Ferro, Venini, La Murrina e no Effetre International. Nos anos 1960, Tagliapietra iniciou trajetória própria, implementando seus conceitos e de outros artistas. Nos anos 1970, foi extremamente influenciado pela sua participação nos simpósios de La Scuola Internazionale del Vetro, que aconteceram em Murano. Esses encontros juntaram os grandes mestresvidreiros de Murano e artistas de outras áreas de todo o mundo. Nos anos 1980, Tagliapietra se tornou reconhecido por sua colaboração a outros artistas e

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Lino Tagliapietra, Saba, 2008

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Chris Antemann – Glutton for Love, 2008

pela tradução de seus conceitos em vidro. Talvez o impacto mais profundo em seu trabalho tenha se originado da sua parceria com o holandês A.D. Copier. Copier mudou sua visão do vidro como meio para a arte. Numa referência a Copier, Tagliapietra diz: “O que aprendi com ele? Nenhuma habilidade técnica, mas o que foi mais importante: a forma de enxergar e pensar o vidro como obra de arte.” Já Thomas Hucker é um dos poucos designers que também fazem peças elegantes e detalhadas e cujas habilidades e talento se sobrepõem aos dos demais artistas. Dedica-se principalmente à fabricação de móveis e objetos de arte e seu estúdio fica em Hoboken, Nova Jersey. Hucker descobriu o mundo do mobiliário quando a exposição Objects: USA foi para a Filadélfia, em 1973. Depois de ver todas as possibilidades do mobiliário escultural, Hucker trabalhou por algum tempo com Dan Jackson, antes de passar dois anos como aprendiz de Leonard Hilgner, artesão alemão muito talentoso. Após esse sólido treinamento técnico, recebeu o certificado de mestre do Programa de Ar24

tesanato da Universidade de Boston, em 1980. Ainda em Boston, estudou na Urasenke School of Tea Ceremony e começou a aprender sobre a estética japonesa e seus rituais. Em 1982, foi para Tóquio estudar na Tokyo National University of Fine Arts. No final dos anos 1980, mudou radicalmente e iniciou seus estudos de desenho industrial na Domus Academy, em Milão. Isso fez surgir um grande interesse em movelaria dentro de um espaço arquitetônico específico. Depois de voltar aos Estados Unidos e abrir seu estúdio em Hoboken, em 1991, Hucker começou a mesclar sua sensibilidade asiática com seus interesses em arquitetura para criar um novo conjunto de peças. Novo também é o trabalho da artista Chris Antemann, que retoma a arte da estatueta de sua origem de multiplicidade, levando-a de volta ao mundo do objeto original. Chris começou estudando as estatuetas do século 18 e objetos kitsch. “Em lojas de usados, encontrei muitos exemplos de objetos kitsch asiáticos espalhados com objetos de decoração. Minha atração por esses objetos, juntamente com meu gosto por

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Thomas Hucker, Rocker, 2008

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Steffen Dam – Seven Jars, 2008

porcelana e história, me levaram à China. Depois de trabalhar em uma das mais antigas fábricas de estatuetas do mundo, fiquei inspirada pela dedicação e pelo talento dos artesãos”, diz. Inspiração é o que não falta para o vidreiro Steffen Dam. Ele cria blocos de vidro e painéis luminosos, dentro dos quais plantas e criaturas do mar (imaginárias) estão suspensas como se fossem fósseis ou amostras científicas. Inicialmente, Steffen foi ferramenteiro e trabalhou alguns anos antes de perceber que a sua curiosidade o levava a um mundo maior. No vidro, encontrou o que buscava. A natureza do material se encaixava perfeitamente na forma precisa e analítica de pensamento que ele havia aprendido enquanto construía ferramentas industriais. Nos primeiros dez anos de manufatura de vidro, experimentou todas as técnicas diferentes para se tornar um bom artesão. No processo, descobriu uma nova forma de beleza 26

no vidro bem trabalhado que fazia. Nas áreas de erro — bolhas de ar, marcas de cinza, fuligem, fendas e deformidades —, encontrou algo que não pode ser previsto ou desenhado de antemão. Então, deixou de lado as técnicas tradicionais e já bem estabelecidas e começou a fazer vidro da forma “errada”, tentando obter o bom do mal. Dessas experiências vieram “Fósseis”, “Plantas” e outros objetos — como os extratos congelados do caos para ser observado. O outro lado do seu trabalho é explorar as qualidades fundamentais do vidro: a transparência e a habilidade de acumular e desviar a luz. O resultado são tigelas e pratos com sulcos. “Os objetos têm tido mais ar do que vidro. Esses são os dois lados do meu trabalho: a expressão livre e precisa poderia ser interpretada como uma contradição, mas não é. Um lado alimenta o outro; o trabalho preciso é a base para a expressão livre — e vice-versa”, afirma.

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louis vuitton

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ENSAIO

Vestido, A Space Brincos de ouro com brilhantes, coleção Natur, da H. Stern 28

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MANOELA KLEIN

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FOTOS MIGUEL COSTA JR | EDIÇÃO DEBORAH E BARBARA LOPES (MNINAS) BEAUTY RAFAEL GUAPIANO PARA TAIFF | MODELO MANOELA KLEIN PRODUÇÃO DE MODA CARLA PATRÍCIA | ASSISTENTES DE FOTOGRAFIA PABLO BENITEZ TRATAMENTO DIGITAL MATEO OH | AGRADECIMENTOS ATELIÊ ROXANE MAGAZINE

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Vestido, Daslu Brincos de ouro branco com safira, Sara J贸ias

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Vestido, A Space Brincos, H. Stern Anel, Sara J贸ias

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Vestido, Daslu Brincos, Sara J贸ias

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HISTÓRIA DA MODA

Valentino

TRADUÇÃO DE OPULÊNCIA E LUXO POR BLUMA DE MORAES

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á pouco mais de um ano, a grife Valentino já não é comandada pelo famoso estilista. No final de 2007, o mestre das agulhas anunciou que estava se aposentando e, em janeiro de 2008, fez seu último desfile. “Quero deixar a festa enquanto ela ainda está a todo vapor”, comentou o costureiro no filme “Valentino: O Último Imperador”. Mas, como é reservado aos grandes nomes, mesmo quando eles saem de cena, Valentino não perde sua majestade – e importância – no mundo da moda. Tornou-se referência de elegância e vestidos memoráveis. Isso porque sempre acreditou na feminilidade, traço marcante de suas coleções desde o começo. “Sempre tentei fazer as mulheres parecerem glamourosas, jamais vulgares”, comentou certa vez.

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Não à toa, durante os 45 anos de carreira, o estilista conquistou famosas, como Elizabeth Taylor, Audrey Hepburn, Julia Roberts e Jackie Kennedy, e foi um dos mais requisitados no tapete vermelho. Olhos brilhantes, sempre bronzeado, com elegância à flor da pele e humorado, desenhava um vestido como poucos. Não apenas admira a beleza, mas Valentino sempre se encantou com o sofisticado. Tecidos suntuosos, bordados requintados e cores o seduziam. Elegeu o vermelho como sua nuance preferida e, atualmente, não há mulher que não se apaixone por qualquer peça “vermelho Valentino”. “O vermelho é fascinante, é vida, sangue, morte, paixão, amor, a cura total da tristeza. Uma mulher de vermelho está sempre magnífica: ela é, no meio da multidão, a imagem perfeita da heroína.”

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Nascido em 1932, sob o signo de touro, na cidade de Voghera, na Itália, Valentino Clemente Ludovico Garavani sabia desde menino que seu destino estava na moda. Não pretendia seguir os passos do pai, comerciante de aparelhos elétricos, e preferia brincar com as sobras de tecidos no ateliê da tia. Aos 17 anos, ganhou uma bolsa de estudos para estudar moda em Paris. Fez estágio com Jean Dèsse e Guy Laroche e, no finalzinho dos anos 1960, voltou para a Itália e abriu seu primeiro ateliê em Roma. Sempre ousado, o costureiro gostava de chamar a atenção. E uma de suas frases tornou-se célebre: “Paciência, esperem o desfile terminar”, gostava de citar, a fim de provocar expectativa. Também no fim da década de 1960, em uma noite de verão parisiense, conheceu Giancarlo Giammetti, amigo que se tornaria o sócio responsável pelos braços estratégico e financeiro de seu império. De volta à capital italiana, quando lançam a grife Valentino, aos poucos ganham notoriedade e reconhecimento. Numa apresentação no Palazzo Pitti, em Florença, os modelos fizeram tanto 38

FOTO: TONI CAMPO / ARQUIVO VALENTINO FOTO: ARQUIVO VALENTINO / TASCHEN

“O vermelho é fascinante, é vida, sangue, morte, paixão, amor, a cura total da tristeza” [Valentino]

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FOTO GIAN PAOLO BARBIER / TASCHEN

“Uma mulher de vermelho está sempre magnífica: ela é, no meio da multidão, a imagem perfeita da heroína” [Valentino]

sucesso que chamaram a atenção de dois americanos compradores da butique Orbach’s. Reconheceram o talento do jovem costureiro e abriram as portas do mercado americano para o prêt-à-porter italiano. Com seu jeito conservador, não tardou para que Valentino ficasse conhecido no mundo todo. Quando comemorou 40 anos de carreira, com um desfile em Los Angeles, afirmou: “Continuo trabalhando como sempre. Com alegria intensa e prazer louco. Depois de tantos anos, eu ainda vibro a cada coleção e sinto a mesma empolgação. Vejo a criação com paixão, tenho uma carreira brilhante e não mudaria nada.” O estilista acredita que a sorte lhe abençoou, mas afirma que, se ela não estivesse associada ao talento e ao trabalho, já lhe teria abandonado. No documentário “Valentino: O Último Imperador”, a dedicação do

designer – e sua paixão pelo que faz – é evidente. Além de revelar sua rotina nos dois últimos anos de trabalho, de junho de 2005 a julho de 2007, quando Valentino comemorou o 45º aniversário de sua maison com três dias de festas em Roma, o filme mostra o universo do ateliê, backstages, encontros e viagens do estilista, considerado um dos últimos grandes nomes antes de a moda virar uma grande indústria. Após seu último desfile no ano passado, no qual cerca de 800 convidados ovacionaram o costureiro italiano, Valentino entregou a batuta de sua maison a Alessandra Facchinetti. Daqui para frente, ele continua fazendo da beleza sua filosofia: “Enquanto todos vivem em um mundo de distrações, desde a hora que acordo, concentro-me em um único objetivo: comunicar beleza e perfeição.” MAGAZINE

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POWERFUL BRAND

Louis Vuitton A marca mais cara do mundo tem mais de um século de história POR TATIANNA BABADOBULOS

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tire a primeira pedra quem nunca sonhou em desfilar por aí com um dos lançamentos da Louis Vuitton. Para se ter uma ideia do sucesso do famoso brasão LV, a marca de luxo é a mais valiosa do mundo. Segundo o ranking da consultoria Interbrand, a Louis Vuitton vale 21,606 bilhões de dólares. Ao todo, a escala contempla 15 marcas, sendo que a segunda colocada, a Gucci, está avaliada em 8,254 bilhões de dólares. Em último está a Ferragamo (722 milhões). “Essa posição de líder nos deixa muito orgulhosos, mas o resultado é uma receita permanente da excelência e dedicação à qualidade. Esta liderança traz uma responsabilidade: propor aos nossos clientes um serviço impecável, compatível ao nível da confiança que eles depositam na nossa marca”, afirma Marc Sjosted, country manager da Louis Vuitton Brasil. A cobiçada marca francesa foi lançada em 1854, quando o fundador, Louis, pai de Georges Vuitton, estabeleceu um comércio de malas e ficou conhecido pela qualidade de seus produtos. Seu primeiro ateliê foi aberto seis anos depois, em Asnières, cidade localizada no interior da França. A antiga oficina, aliás, ainda está em operação, 150 anos depois, e é lá que os artesãos produzem a bagagem rígida da empresa e as encomendas especiais. O local é um tanto estratégico: foi um dos primeiros a serem atendidos pelas linhas de trem, não é longe do rio Sena e já foi cenário para os impressionistas eternizarem em suas telas.

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No sentido horário, baús da Renascença e do século 17, peças de colecionador. O estilista Marc Jacobs, há mais de dez anos à frente da maison. Louis Vuitton, uma marca que “antecipa desejos e inventa sonhos!” A linha Monogram Multicolor do artista plástico Takashi Murakami

Se antes a rua se chamava du Congrès, agora ela foi batizada de Rue Louis Vuitton. Com o crescimento da grife, a pequena oficina não deu conta da demanda, de modo que outros locais foram selecionados para a produção, como o Vale do Rhône, tradicional região onde se trabalha com couro; Issoudun, no departamento de Indre; Saint-Pourçainsur-Sioule, em Allier; Catalonia, perto de Los Angeles (satisfazendo uma ambição de Gaston-Louis Vuitton), e na região de Vendée. A mais nova oficina foi inaugurada em Ducey, perto do Mont-Saint-Michel. Desde 1997, Marc Jacobs é o estilista da marca. Além do prêt-à-porter para homens e mulheres, ele conseguiu atrelar à marca objetos de desejo no vestuário. “A evolução da Louis Vuitton para os segmentos de roupas e sapatos iniciou com a chegada de Marc Jacobs e foi logo percebida como legítima pelos nossos clientes. De fato, a marca sempre foi de artigos de viagem – sapatos e roupas foram uma evolução natural das nossas linhas. Mas essa abertura a novos horizontes permitiu que a Louis Vuitton conquistas42

se clientes novos, se tornasse mais criativa com os desfiles prêt-à-porter, do ritmado lançamento de novas coleções e de parcerias com artistas como Takashi Murakami ou Stephen Sprouse”, completa Marc Sjosted. O country manager diz que dentro dessas coleções serão lançadas “criações excepcionais, como os relógios Tourbillon e a coleção de jóias com diamantes LV Cut, de um talho e pureza simplesmente incríveis e únicos”. Por falar em relojoaria, a linha Tambour foi criada em 2002 e os modelos refletem a mesma estética dos produtos de couro. Os relógios são fabricados em La Chaux-de-Fonds, na Suíça, reduto tradicional da alta relojoaria “O ponto comum dessas linhas é sempre unir tradição e modernidade, com uma produção artesanal nas nossas manufaturas e uma criatividade inovadora”, destaca Sjosted. Segundo Marc Sjosted, o segredo da marca que a faz ser desejada por pessoas do mundo inteiro não é segredo. “É simples: a Louis Vuitton sempre antecipa os desejos dos clientes e inventa os seus sonhos!”, conclui.

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destino

costa adriรกtica

chelsea, ny

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DESTINO

COSTA A DRIÁTICA

Um paraíso escondido entre baías e montanhas TEXTO E FOTOS DE

JOHNNY MAZZILLI

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o fim de 2006, passei uma semana em Zagreb, a pequena capital da Croácia, uma cidade charmosa, agitada e cheia de gente bonita. Bares, cafés e kebaberias, turistas, eventos e performances dia e noite nas praças. Durante uma semana, cada um que falava comigo repetia sempre a mesma coisa: que eu precisava, que eu devia, que eu tinha que conhecer Dubrovnik, Split, Zadar e outras cidades costeiras. “Zagreb é linda” — me disse um violoncelista que tocava numa rua do centro — “mas quando você for à costa vai se surpreender”, enfatizou ele. Daquela vez acabei não indo, mas quis tirar isso a limpo. Então, no final do ano passado, voltei à Croácia e percorri sua costa de norte a sul, até entrar em Montenegro, um minúsculo país pouco conhecido.

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Vista clássica da cidade velha de Dubrovnik, conhecida como a Pérola do Adriático

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A belíssima costa do Mar Adriático — cujas águas de azul profundo banham antigas vilas costeiras — tem cidades medievais fortificadas e construídas em calcário branco e grande número de charmosos balneários. Zadar, Sibenik, Trogir, Split, Makarska, Dubrovnik e um sem-número de bucólicas vilas pesqueiras com nomes exóticos e pitorescas embarcações ancoradas em tranquilas baías. Os simpáticos croatas tinham razão: eu tinha mesmo que conhecer todos aqueles lugares. Comecei a viagem bem mais ao norte, em Budapeste, capital da Hungria, de onde segui para Ljubljana, a diminuta capital da Eslovênia. De lá parti em dire46

ção ao sul até chegar à Croácia passando pela cidade de Rijeka, que em croata significa “rio”. O litoral croata tem alguns pontos muito recortados, por isso cheguei a Vinjerac tarde da noite. Um vento forte e quente prenunciava chuva. Naquele vilarejo minúsculo, depois da meia-noite não se encontrava uma viva alma. Já me conformara em passar a noite no carro. Mas a dona do hotel chegou e acabei dormindo numa confortável cama. Dia seguinte, céu azul brilhante. Meu destino: Zadar. Cidade histórica de onde partem os barcos para o Parque Marinho de Kornati, no qual há milhares de ilhas e ilhotas de calcário branco pontilhando o mar.

Acima, Dubrovnik: sua muralha, com mais de 20 metros de altura, cerca toda a cidade velha. Na página ao lado, barcos pesqueiros, na enseada de Trogir

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O Leão de Kotor: mimetizada em tons pastel, durante o dia é difícil enxergar a montanha rochosa, mas à noite – iluminada – ela domina o cenário

De Zadar fui para Trogir. Simpática metrópole cuja cidade antiga é um convite para se perder entre suas vielas. Restaurantes de massas e frutos do mar exibem forte influência italiana na gastronomia local. Não só na gastronomia, porque apesar de não entender nada do difícil idioma croata — de origem eslávica — há inegável semelhança com o italiano em sua pronúncia. Dois dias em Trogir e segui para Dubrovnik, meu principal objetivo na Croácia. A primeira coisa que me impressionou na famosa stari grad (cidade velha) de Dubrovnik foi a dimensão das muralhas. Em alguns pontos com mais de 20 metros de altura, cercando toda a cidade velha. 48

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Acima, o charmoso balneário de Sibenik, mais que um cartão-postal; na página ao lado, a hístórica Zadar e suas vielas de piso de calcário polido

De Dubrovnik segui em direção a Montenegro, e ao cair da noite estava na pequena cidade de Kotor. Situada no fiorde de mesmo nome, Kotor tem mais de 1.500 anos e nunca sofreu uma invasão, o que preservou seu aspecto original. Sua cidade velha é encantadora. Por detrás dela, uma enorme muralha serpenteia montanha acima. Subi-la exige esforço. Duas horas morro acima, mas a vista deslumbrante do Fiorde de Kotor, lá do alto, compensa o esforço. Depois de dois dias em Kotor, segui para a pequena Budva, outra cidade costeira a apenas 25 quilômetros de Kotor. Budva é hoje um charmoso balneá50

rio e preserva as antigas fortificações de calcário. Suas praias são formadas não por areia, e sim por seixos e cascalho miúdo e arredondado. É difícil de imaginar, mas em junho e julho as temperaturas naquela costa alcançam 43 º C. Budva foi o ponto final de minha trip pela costa adriática. Senti-me grato pela simpática insistência dos croatas de Zagreb, que, incansavelmente, me recomendaram que viesse a esta costa maravilhosa. Em Budva, dei uma guinada para o norte rumo a Podgorica, capital de Montenegro. Depois segui para Belgrado, a cinzenta capital da Sérvia, mas isso já é outra história.

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CIDADES E BAIRROS

Chelsea, NY Em seus quarteirões estão galerias de arte, hotéis famosos e lojas de estilistas conceituados, como Rei Kawakubo e Balenciaga POR FRAN OLIVEIRA

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que alguns consideram “a maior concentração de arte contemporânea do mundo” vem se acumulando no Chelsea somente nos últimos dez anos. São 30 quarteirões que abrigam algo como 230 galerias de arte. Esses quarteirões, que um dia foram depósitos e pequenas fábricas, hoje são preenchidos por “caixas brancas” — este é o nome dado à típica galeria do bairro — estruturas de concreto e vidro. Além de galerias, o bairro também é composto por hotéis como o Chelsea e o Maritme, lojas de estilistas conceituados, como Rei Kawakubo e Balenciaga, e ótimos bares e restaurantes, além de um superequipado complexo esportivo: o Chelsea Piers. Poucos hotéis se comparam ao Chelsea Hotel em termos de herança artística e literária – e também em fama. Nomes de hóspedes famosos, como Ten-

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nessee Williams, Mark Twain, Jack Kerouac e Brenda Behan estão nas placas de bronze que enfeitam a fachada do hotel. Considerado um dos maiores poetas do século 20 em língua inglesa – juntamente com W. Carlos Williams, Wallace Stevens, T.S. Eliot e W.B. Yeats – o dramaturgo Dylan Thomas passou por lá os últimos anos de sua vida. Em 1966, o hotel foi cenário do filme “Chelsea Girls”, de Andy Warhol, o que reforçou sua posição cult. Tudo isso aumenta a sedução meio decadente do hotel, que ainda atrai hóspedes esperançosos de que, um dia, seus nomes constem na fachada. O Maritime Hotel foi originalmente projetado por Joseph Letner nos anos 1960 para ser o quartelgeneral da Marinha. Hoje, é um hotel-butique supermodernoso e altamente recomendado. A clientela é chique e internacional e os quartos têm uma enorme janela de navio e cama de dobrar presa à parede.

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Chelsea, Nova York: num dos bairros mais charmosos da Big Apple, a reunião nem sempre possível de arte, gastronomia, cultura, lazer e morar bem

A Comme des Garçons continua a fazer roupas que testam os limites econômicos e estéticos das pessoas comuns. Rei Kawakubo não está nem aí para o que qualquer um pensa, o que redime aquelas calças de estampa xadreza de 675 dólares. A loja no Chelsea (como a de Tóquio) é um dos melhores lugares do mundo, mesmo que você nunca compre um CDG. Mas vá à loja e abuse do espaço. A mudança da fachada original do prédio é só uma enorme porta espelhada que leva a um túnel de alumínio e depois a um playground cheio de recantos e fendas com formas em preto-e-branco. Descendo a rua da Comme des Garçons, pode-se ver a bandeira de Balenciaga. A loja, no seu interior, é uma mistura de jardins japoneses de pedras com galeria de arte minimalista. Roupas penduradas de um jeito muito peculiar em cabides nas paredes brancas, sapatos em pódios brancos e uma parede verde aparentemente sem geometria. Muitas toras de concreto e pedra. Ambiente moderno e serviço elegante atraem uma clientela composta por gente moderna, atendentes de galerias e turistas que adoram estar na moda. O Dia Center For the Arts – um impressionante complexo de galeria e livraria em Chelsea. Geralmente tem shows com artistas experimentais do passado e do presente. Diversas instalações são permanentes. Frequentado por gente do mundo das artes, seu interior tem design clean. A livraria no térreo e a galeria têm piso de cerâmica nas cores verde limão, terracota e azul pálido. A galeria do piso de cima tem chão de concreto e paredes bran54

cas. Confira a vista ou tome um café na cafeteria minimalista no andar de cima. Caso não aprecie café, o Wild Lily Tea Room – salão de chá oriental com detalhes de arte de Chelsea – tem os melhores chás da região. Seu interior é modernista, meio rural. Uma tora de concreto cinza com mesas orientais baixas fica bem na frente. Fachada de vidro, porta legal. Na área principal, móveis de madeira à Donald Judd. Em uma parede estão fileiras de potes de chá chineses e objetos orientais. Já o Field House, em Chelsea Piers, tem 80 mil pés de área, e é a melhor academia de esportes de Manhattan, com esportes competitivos e das ligas. É o maior centro de treinamento de Nova York, com duas quadras de basquete, quatro gaiolas para treinamento de beisebol, salas de dança, mezanino para a prática de artes marciais e uma parede para escalada feita especialmente para crianças, adolescentes e adultos iniciantes. Com 52 cabines climatizadas e protegidas em quatro níveis para treinamento de golfe e um sistema computadorizado, o campo de grama artificial de 180 metros do Golf Club em Chelsea Piers é o centro de treinamento e aprendizado mais tecnologicamente avançado em todos os Estados Unidos. É o único campo de golfe outdoor, aberto o ano inteiro, que oferece aos praticantes de golfe a oportunidade única de fazer lançamentos completos, praticar putting e ter aulas com os melhores profissionais, além de aproveitar um ambiente de country club sem sair da cidade.

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arquitetura

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ARQUITETURA

Philippe Starck o descreve como “o místico de um país que já não é místico; Philip Drew chama seus edifícios de “terra-arte”, que “lutam para sair da terra”. Ele é o único arquiteto que recebeu quatro dos mais prestigiados prêmios: Pritzker, Carlsberg, Praemium Imperiale e Kyoto Prize. Seu nome?

TA D A O A N D O POR LOURENÇO GIMENES

o propor uma arquitetura essencialmente sensorial, introspectiva e de inigualável sutileza, Tadao Ando se destaca no cenário internacional por seus edifícios singelos e puros. Pelo silêncio, sua arquitetura evoca uma necessária reflexão sobre o propósito desses espaços, e faz do ser humano um elemento fundamental de seus projetos, assim como a natureza, representada por recortes precisos de luz, correntes de ar e espelhos d’água. Sem estudos formais em arquitetura, o ex-caminhoneiro e lutador de boxe nascido em Osaka, em 1941, teve seus primeiros contatos com arquitetura aos 15 anos, quando passou a se interessar por canteiros de obras na vizinhança de sua casa. Na mesma época, achou em um sebo um livro de Le Corbusier. Foram semanas até que conseguisse juntar o dinheiro para comprá-lo, e o esforço se converteu em um estudo obsessivo sobre como o mestre havia concebido e desenhado seus edifícios. Com a amizade que travou com carpinteiros, passou a exercitar seus primeiros modelos de móveis e, depois, até pequenas casas. Na lida com a madeira, aprendeu a entender as propriedades do material. “Eu observava como as árvores cresciam, alteradas pela forma como o sol incidia nelas, mudando a qualidade da madeira. Percebi, então, o equilíbrio absoluto entre uma forma e o material de que ela é feita”, diz Ando. Ten-

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Museu de Nariwa, na vila de Kawakami, província de Okayama, no Japão

tou estagiar em diversos escritórios locais, mas sua indisciplina e seu temperamento difícil não permitiram que ele ficasse tempo suficiente para aprender a projetar. Teve de trilhar sozinho seu caminho: passou a visitar templos, casas de chá e mausoléus da região de Kioto e Nara, onde pôde observar com profundidade a arquitetura tradicional japonesa. Nos anos 1960, fez viagens de estudo pela Europa e pelos Estados Unidos, onde analisou e registrou em cadernos de desenho os edifícios mais interessantes. Dessa mistura de universos, o arquiteto conseguiu fazer uma síntese dos exemplos de Le Corbusier, Mies van der Rohe, Alvar Aalto, Frank Lloyd Wright e Louis Kahn com o universo de sensibilidade e precisão do Japão. Tadao Ando nunca negou a influência desses arquitetos, mas sempre procurou interpretálos por sua própria ótica, como costuma dizer. O edifício residencial Rokko I, considerado por Ando um de seus mais importantes trabalhos, é um exemplo de como o arquiteto assimilou os exemplos da planta volumétrica de Adolf Loos e da casa Roq et

Rob de Le Corbusier, sem se submeter a uma apropriação gratuita de suas ideias. A importância da luz e do vento, presentes de forma tão evidente nesses edifícios, é de fato um traço fundamental da pesquisa de Tadao Ando. O arquiteto entende o contato do edifício com a natureza de uma forma muito diferente do que se costuma perseguir no Ocidente: poucos são os casos em que, como em Rokko, ele lança mão de aberturas generosas e construções permeáveis. Para ele, o diálogo com a natureza é mais interessante quando se dá de forma sintética em filigranas espaciais, tornando-a parte intrínseca e indissociável do objeto construído. Os elementos luz e vento, segundo o arquiteto, devem participar dos espaços de forma a alterá-los com o passar do tempo e de acordo com as estações, evocando a real transformação da natureza, e não sua mera contemplação por uma janela. O tempo é o agente de desmaterialização da forma pesada de concreto, e deixa sua passagem evidente pela qualidade da luz. Com esse artifício, Ando dota o espaço de uma quarta dimensão, tornando-o tão MAGAZINE

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FOTOS: MITSUO MATSUOKA/TASCHEN. TEXTO: PUBLICADO NA REVISTA AU - ARQUITETURA & URBANISMO (EDITORA PINI), EDIÇÃO 158

Igreja da Luz, em Ibaraki, cidade japonesa localizada na província de Osaka, e Museu de Arte Contemporânea de Naoshima, em Kagawa

fluido como jamais poderia-se suspeitar ao se deparar com sua materialidade construtiva. Atinge, assim, um equilíbrio rigoroso, pois restringe seus objetos a formas geométricas simples e expressivas em circunstâncias calculadas, onde a luz isola os elementos pesados e os deixa leves por submetê-los à sua própria variação, conforme passam as horas do dia. Essa relação é particularmente apreensível em exemplos como a Casa Koshino (1981), o Espaço de Meditação da Unesco (1995), a Escola Dominical da Igreja da Luz (1999) e a própria Igreja da Luz (1989), de fascinante simplicidade. Como o próprio nome indica, essa pequena igreja de 113 metros quadrados assume a luz como protagonista e cria um elemento de quase ofuscamento, que toma todo o fundo da nave, atrás do altar. Finas aberturas em forma de cruz admitem a luz do sol no espaço interno da Igreja e conduzem-na de forma a se refletir de maneira diversa sobre uma parede oblíqua e no piso inclinado, resultando em efeitos não ingenuamente simbólicos e dramáticos. Novamente, o concreto é o elemento construtivo dominante. Numa das laterais insere-se um grande pano de vidro, que, 58

curiosamente, não permite a visão de dentro para fora ou de fora para dentro – serve apenas para destacar com luz o plano oblíquo que por ali atravessa a caixa e determina o trajeto do visitante desde fora. Inicialmente proposta sem vidro como vedo, a cruz deixaria entrar também o vento. Essa ideia foi vetada pelos religiosos, com medo do intenso frio do inverno. A arquitetura religiosa de Tadao Ando é surpreendente. Além da Igreja da Luz, outros exemplos corroboram definitivamente sua capacidade de criar espaços simbólicos de extrema vocação sensorial. Dois deles são a Igreja na Água (1988) e o Templo da Água (1991). Neste último, a água é utilizada de forma mais simbólica que ilusória. Subterrâneo, o templo é implantado em um acentuado declive, anexo a um templo budista preexistente. Uma longa e curva parede de concreto guia o visitante desde cima, de forma a tolherlhe a visão e anunciar, pela expectativa, a chegada a um lugar sagrado. Tadao Ando usa com frequência o percurso como instrumento de preparo do visitante, fazendo-o compreender que está prestes a ver algo sobre o qual deve pensar.

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BEBIDAS

Os vinhos dourados do Tokaj “Ó líquido âmbar de tons brilhantes que tece os fios dourados da mente!” [Voltaire, 1694-1778] TEXTO E FOTOS DE

JOHNNY MAZZILLI

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o latim vinum rex, rex vinorum – em bom português, “rei dos vinhos, vinho de reis”. Assim dizem os húngaros, com indisfarçável orgulho, sobre um de seus mais caros patrimônios culturais: os consagrados vinhos de sobremesa do Tokaj (tocái). A história diz que pelos idos de 1238 uma guerra contra os turcos atrasou a colheita. Surgiu então uma misteriosa doença que atacou as vinhas e murchou as uvas. Fizeram o vinho assim mesmo — não sabiam, mas era o pontapé inicial da história e da produção desta bebida única, de tonalidades douradas, complexidade gustativa e aromática e peculiar método de produção. Mas, sobretudo, os tokajis (tocáiis) tornam-se inesquecíveis pelos sabores e aromas intensos e pelo arrebatamento que provocam. Além de Voltaire, manguaceiro convicto, a extensa lista de aficionados ilustres remonta séculos: Napoleão, Beethoven, Goethe, Liszt, Montesquieu, Madame Pompadour, os trejeitosos Luís XIV, XV e XVI, Alexandre Dumas, Charles de Gaulle e tantos outros. BOTRYTIS CINEREA A grande protagonista é a Botrytis cinerea, um fungo que perfura a casca, invade o fruto e o desidrata. O resultado é uma uva parecida com passa, alta concentração de açúcares, ácidos e sais minerais. A ela os húngaros dão o nome de azsú (assú). Com o tempo, os produtores aperfeiçoaram sua produção, tornando-a uma bebida extremamente refinada. A colheita do azsú é delicada e meticulosa. A botrytis não ataca o cacho uniformemente; é preciso colher bago por bago em sucessivas colheitas.

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Adega da vinícola Oremus: 700 anos de existência e 3 km de corredores subterrâneos

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Uva furmint, casta típica do leste europeu e a mais utilizada na produção de vinhos brancos

No Tokaj, são produzidos apenas vinhos brancos, e as uvas mais utilizadas são a furmint, hárslevelü e sarga muskotaly, castas típicas do leste europeu. A produção de vinhos com uvas botritizadas depende muito do clima. Para que o fungo ataque com intensidade, é necessário um pouco de chuva, mas não muita. Constante umidade matinal, mas não muita. Tardes quentes e ensolaradas, mas não muito quentes nem muito ensolaradas. Essa delicada combinação climática influencia as características de cada safra, ano após ano. Segundo Peter Molnár, gerente da Patricius, uma vinícola belíssima e impecável de 80 hectares, “lidar com o desafio de tantas variáveis e resultados me fascina e me faz achar que tenho o melhor emprego do mundo”, diz ele.

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Com somente 5 mil hectares plantados, a produção é limitada e não há como aumentá-la expressivamente sem comprometer a qualidade. E os produtores locais não estão nada preocupados com o aumento de produção. Além do clima favorável, o Tokaj tem solos privilegiados. Em eras passadas, numerosos vulcões expeliram das profundezas da terra grandes quantidades de minerais para a superfície, moldando terroirs raros e diversificados. Antigamente, as mulheres que colhiam o azsú colocavam-no dentro de um balde de madeira pendurado nas costas, cuja capacidade era de 25 quilos, o puttony (pútonhi). Há muito tempo, o balde foi aposentado, mas emprestou seu nome histórico para designar uma unidade de doçura dos vinhos — os puttonyos (pútonhosh).

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No Brasil, a oferta destes vinhos ainda é limitada, mas é possível encontrá-los em algumas lojas e importadoras.

DOBOGÓ – Essa pequena vinícola produz vinhos de butique de qualidade excepcional - tiragens pequenas e exclusivas. Distribuídos no Brasil pela Winebrands. www.winebrands.com.br

DEMETER ZOLTAN – Vinho de butique, o terroir Szerelmi dá origem ao peculiar branco seco de mesmo nome, produzido com uvas Harslevelu. Sem distribuição no Brasil. www.demeterzoltan.hu

DOMINIUM – Sinônimo de excelência em vinhos, essa vinícola ainda não conta com representação no Brasil. www.pannontokaj.hu

OREMUS – A maior e mais tradicional vinícola de Tokaj, com 100 hectares, pertence à gigante espanhola Vega Sicília. É representada no Brasil pela importadora Mistral. www.mistral.com.br

EZSENCIA – O mítico Ezsencia: 700 kg de uvas botritizadas para obter apenas 1 litro de vinho. www.mistral.com.br

SZEPSY – Istvan Szepsy é uma celebridade no mundo dos vinhos de sobremesa. Seus vinhos são considerados os melhores da região. www.szepsy.hu

PATRICIUS – Seus vinhos premiados ainda não têm representação no Brasil. www.patricius.hu

PENDITS – Os vinhos desta pequena vinícola podem ser encontrados nas lojas da Decanter. www.decanter.com.br

DISZNOKO – Os vinhos da vinícola francohúngara Disznoko podem ser encontrados na Terroir. www.terroirvinhos.com.br MAGAZINE

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O dourado intenso do vinho Disznoko 6 puttonyos. Acima dele só há dois vinhos: o Azsú Ezsencia e o mítico Ezsencia

A medida base de vinho é uma barrica de 136 litros de mosto recém-fermentado. Cada puttonyo representa uma medida de 25 quilos de bagos de azsú. Essa escala permite que o vinho seja escolhido por seu teor de doçura, expandindo as possibilidades de harmonizações com comida. Roquefort ou Gorgonzola casam perfeitamente com vinhos intensamente doces, de 6 puttonyos, assim como foie gras, considerado um must com 6 puttonyos. Sobremesas menos doces e mais ácidas caem bem com vinhos de 3 ou 4 puttonyos, tais como saladas de frutas. Acima do 6 puttonyos há somente dois vinhos: o Azsú Eszencia (180 kg de azsú nos 136 litros de vinho) e o mítico Ezsencia, um vinho obtido apenas do lento gotejamento da calda do azsú, sem o vinho branco servindo 64

de base. Para obter um único litro do Ezsencia, são necessários impensáveis 700 quilos de azsú. Mas não somente a doçura conta - um vinho somente doce torna-se rapidamente enjoativo. Um dos aspectos que consagram os tokajis é sua grande acidez, o contraponto da intensa doçura. O azsú transfere para os vinhos seus elementos - açúcares, ácidos e sais minerais, o que lhes confere sabores e aromas intensos de mel, baunilha, castanhas, chocolate e frutas brancas. E adentrar nas belíssimas adegas subterrâneas do Tokaj é uma experiência única, uma viagem ao passado. Algumas, como o Chateau Pazjos, têm 500 anos de existência, e a impressionante adega da Oremus tem 700 anos e 3 quilômetros de corredores subterrâneos.

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As seculares adegas do Tokaj est達o entre as mais belas e antigas do mundo

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R E S TA U R A N T E

KAÁ SIMPLESMENTE DIFERENTE Com obra de Arthur Mattos Casas e paisagismo de Gica Mesiara, o restaurante reúne a experiência de quatro empresários do ramo gastronômico POR TATIANNA BABADOBULOS

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nstalado em um terreno de 700 metros quadrados, o restaurante franco-italiano Kaá – que, na linguagem tupi, significa mato, folha, erva – foi inaugurado em dezembro e já ganhou destaque no circuito gastronômico de São Paulo. “O nome foi escolhido por ser diferente e por refletir o verde”, esclarece Daniel Sahagoff, um dos sócios da casa e também proprietário do Cantaloup. Paulo Barroso de Barros (dono do Due Cuochi) e Paulo Roberto Kress Moreira e Edson Cerreti (donos do General Prime Burger) completam o time de empresários experientes neste ramo de negócio.

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A obra do arquiteto Arthur de Mattos Casas privilegiou a natureza. Muito verde, espelhos d’água e espaços abertos, como o teto retrátil, que deixa 60% de seu espaço livre, proporcionando excelente circulação de ar natural. Em nome do verde, a paisagista Gica Mesiara contribuiu com um painel de plantas, isto é, um quadro-vivo de sete metros de altura por 40 metros de extensão. Ao todo, são sete mil plantas típicas da Mata Atlântica (avencas, begônias, orquídeas e samambaias), plantadas no início na construção, há dois anos. “Morando em São Paulo, sentia a falta de um lugar aberto, com espaço e ar livre”, explica Daniel Sahagoff.

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A decoração do arquiteto Arthur Mattos Casas confere elegância e proporciona ambientes tranquilos e aconchegantes no restaurante Kaá

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Arthur Mattos Casas também idealizou os móveis e a decoração (tapetes, luminárias e madeira), que proporcionam um ambiente aconchegante. Responsável pela criação dos pratos italianos, Paulo Barros afirma que a força do Kaá está em tentar unir a sofisticação da cozinha francesa com a variedade da cozinha italiana. “As massas são o carro-chefe da casa e o prato mais solicitado é o Tortelli de Queijo Brie compota de figo na manteiga de sálvia e amêndoas torradas. É um prato criativo e de fácil aceitação”, diz. O cardápio francês fica a cargo do chef Pascal

Valero, que passou por restaurantes franceses estrelados do Guia Michelin, como o Taillevent e Le Louis XV Alain Ducasse, além de ter trabalhado no EAU, do Hotel Hyatt, no Brasil, e no Le Coq Hardy. No centro do salão está o bar, de onde saem coquetéis e drinques, como o Fresh Mellon Martini (vodca, xarope de melancia e vermouth dry), preparados pelo barman Araújo. Uma adega climatizada comporta 1.800 garrafas de vinho, disponíveis em 250 rótulos. O Kaá fica na avenida Juscelino Kubitscheck, 279, Vila Olímpia, São Paulo, (11) 3045-0043.

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FOTOS DIVULGAÇÃO

Pé-direito de sete metros e contato visual com plantas da Mata Atlântica são destaques ao lado do teto retrátil, que oferece luz natural a 60% do ambiente

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PERFIL

paul bocuse A gastronomia deve muito a Paul Bocuse. Conheça a história do incansável chef, de 83 anos POR

GABRIELA SAMPAIO

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ra uma vez um mundo sem Nigellas, Jamie Olivers e Ferran Adriàs. Sem inúmeros livros de receitas, programas de TV e reservas feitas com um ano de antecedência. Um mundo onde os chefs ficavam restritos aos calores e correrias de suas cozinhas, inspecionando os pratos preparados por suas equipes, regidas como orquestras, e criando obras-primas num quase anonimato. O divisor de águas entre aquela época e os dias de hoje atende pelo nome de Paul Bocuse. Aos 83 anos – 65 dedicados à gastronomia – é considerado o primeiro chef midiático, “Cozinheiro do Século” pelo guia Gault & Millau, embaixador da cozinha francesa no exterior e globetrotter de carteirinha. Seu principal restaurante, L’Auberge du Pont de Collonges, mantém há mais de 40 anos três estrelas do Michelin. Ele também é dono de uma cadeia de brasseries (quatro no total, cada uma praticando a gastronomia típica das regiões norte, sul, leste e oeste da França) e um restaurante em plena Disney World, no Pavilhão Francês do Epcot Center. O incansável octogenário – que já publicou um sem-número de livros com suas receitas e técnicas - também encontra tempo para presidir honorariamente o Institut Bocuse (escola que forma profissionais em hotelaria e restauração em Lyon) e comandar o Bocuse d’Or, a “Copa do Mundo dos Chefs de Cozinha”, criada por ele em 1987, que se realiza a cada dois anos. A incrível trajetória de Bocuse começa antes mesmo de seu nascimento, em 11 de fevereiro de 1926, em Collonges-au-Mont-d’Or, na região do Rhône-Alpes. A gastronomia parecia ser seu destino e de toda a sua família. Em 1765, registros mencionam uma antepassada que cozinhava para camponeses. Outros parentes trabalharam como cozinheiros, mas o primeiro a abrir um restaurante com o nome Bocuse foi seu trisavô, Nicolas, em 1840. O negócio durou até Joseph e Marie Bocuse, seus avós. Apesar do sucesso, Joseph não soube lidar com o furor causado por sua esposa entre os homens e, numa crise de ciúmes, fechou o estabelecimento.

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“Quando se cozinha, é preciso deixar sempre uma pequena margem para a improvisação”

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“Minhas três estrelas não vêm de meus ‘serviços prestados à gastronomia’, como dizem por aí. Mas simplesmente porque a comida é boa. Muito boa”

Aos 16 anos, Paul Bocuse come- “Às vezes não sei que pratos Brazier, detentora de 3 estrelas Michelin em 1933 e proprietária do çou seu aprendizado com Claude vou preparar para o almoço, o bouchon homônimo. Ali, além de Maret, no restaurante La Soierie, em Lyon. Era 1942 e, em plena que decido apenas durante a trabalhar na cozinha, cuidava da guerra, o jovem aprendeu a visitar visita ao mercado – e é isso, horta, das vacas, entre outros. Paris viria em seguida. Na Cimercados e até mesmo a negociar na minha opinião, que faz a dade Luz, Bocuse trabalhou no no mercado negro. Naquela época era preciso matar o porco ou vitelo boa cozinha” – [Paul Bocuse] prestigioso Lucas Carton sob o comando do chef Gaston Richard. para conseguir a mercadoria. Dois anos depois, Bocuse se alistou voluntariamente nas Foi ali que conheceu e tornou-se amigo dos então Forças Francesas Livres (FFL) do General de Gaulle e desconhecidos irmãos Troigros, Pierre e Jean. Juntos, foi incorporado à 1ª Brigada. Atingido por uma bala, fizeram parte da equipe do badalado La Pyramide, foi socorrido por americanos e participou do desfile perto de Lyon, na década de 1950. Beberam da fonte de vitória em Paris, em 1945. De volta a Lyon, reto- dos chefs Fernand Point e Paul Mercier. As primeiras ma seu aprendizado com a legendária mère Eugénie honrarias viriam em 1961, quando ganhou o concur72

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Da esquerda para a direita, chef Daniel Boulud, Paul Bocuse e o filho Jérôme Bocuse: “Não sei se me substituir é exatamente um presente”

so Meilleur Ouvrier de France e “Todos os métodos da cozi- em 1975. Ao ser condecorado cavaleiro da Legião de Honra pelo preobteve sua primeira estrela Michenha contemporânea, do mesidente Valéry Giscard d’Estaing, lin. No ano seguinte, transforma o simples restaurante do pai, em sua lhor ao pior, foram inventa- apresentou sua Sopa de Trufas cidade natal, e consegue mais uma dos por ele. Ele teve senso V.G.E. Bocuse, junto dos irmãos das cobiçadas estrelas do guia. A de equipe e uma visão glo- Troigros, Michel Guérard, Roger Vergé e Raymond Oliver, é associaconsagração vem em 1965, com a chegada da terceira e máxima bal bem antes dos outros” do por muitos à nouvelle cuisine, movimento surgido na década de estrela. Nessa mesma época o já [Emmanuel Rubin, jornalista] 1970 que combinava ingredientes venerado chef recupera o nome Bocuse, que ainda pertencia ao restaurante vendido menos opulentos e calóricos a apresentações estudapor seu avô, e batiza seu negócio como L’Auberge de das. Mas o chef não parece acreditar nesta rotulação. Em entrevista ao jornal francês L’Express, Bocuse conCollonges “Paul Bocuse”. Um dos pratos mais célebres de sua autoria, tido tou que manteve distância de restaurantes que serviam por chefs e críticos como um de seus legados, nasceu “miniporções em maxipratos”. MAGAZINE

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Em 1988, Paul Bocuse criou a mais rigorosa competição internacional de culinária, a Bocuse d’Or, em Lyon, na França

O número três parece ser fre“Nós não estamos aqui como “O problema é que meus conquente na vida de Bocuse. Além showroom de porcelanas!”, desatemporâneos parecem aos das estrelas, o chef conseguiu fiou, com seu senso de humor poucos perder o sentido do manter relacionamento com três típico. “Eu amo manteiga, creme de leite, vinho e tudo o que se desenrolar do calendário, do mulheres aos mesmo tempo, e cozinha lentamente, com ossos e rito, do cerimonial, das parti- com sucesso. Seu filho Jérôme também é cozinheiro, mas, seespinhas”, declarou ao mesmo vecularidades próprias de cada gundo o pai, não deseja a sucesículo. “Reconheço a cozinha mosão. “Não sei se me substituir é lecular, mas sou um adepto da estação” – [Paul Bocuse] exatamente um presente”, conta o cozinha tradicional, identificável.” Como todo homem bem-sucedido, Bocuse também chef. “O restaurante sobreviveria sem mim? Se transconta com críticos ao seu trabalho. Mas o chef reba- formaria em uma fundação culinária? Quem sabe?” te: “Minhas três estrelas não vêm de meus ‘serviços Enquanto isso não acontece, Bocuse continua seu prestados à gastronomia’, como dizem por aí. Mas trabalho. Junto do galo que tatuou nas costas. Uma lembrança de seu compromisso com a França. simplesmente porque a comida é boa. Muito boa.” 74

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MOTOR

BENTLEY GTC S P E E D Na indústria automobilística, certas empresas têm a reputação de criar carros luxuosos. Mas há um círculo menor de marcas que vão além e, com estilo, atingem a opulência. A Bentley é uma delas POR CARLOS GUIMARÃES

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ouve um tempo em que as corridas eram vistas com maus olhos e os pilotos eram tidos como loucos ou verdadeiros heróis que sobreviviam à loucura de dirigir em alta velocidade e quase sem proteção, em máquinas apoiadas em estreitos e frágeis pneus de lona. W.O. Bentley montou o primeiro automóvel Bentley em 1919. Ele era um entusiasta de carros de corrida em busca de emoções e que desejava projetar e produzir o melhor carro de corrida do mundo. Os projetos de Bentley foram muito bem-sucedidos - um automóvel Bentley

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dominou as corridas em Le Mans de 1927 a 1930. Os Bentley ganharam corridas por toda a Europa e logo um grupo de pilotos conhecido como Bentley Boys se tornou famoso por levar troféus para casa. A linha de carros Bentley tinha muitos rivais - talvez o mais notável fosse o Rolls-Royce. Enquanto os automóveis Bentley eram conhecidos pela velocidade e desempenho, os Rolls-Royce eram famosos pela elegância e sofisticação. Ambas as linhas estimularam avanços do automóvel na Europa. A rivalidade poderia ter continuado indefinidamente se não fosse pela Grande Depressão. A Bentley Motors se tornou instável financeiramente, e a

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Rolls-Royce Limited adquiriu a companhia em 1931. Gradualmente, os automóveis Bentley começaram a ficar com o estilo parecido com o dos carros da RollsRoyce. Alguns modelos usavam até o mesmo chassi - a mesma estrutura básica - do Rolls-Royce Silver Cloud. Em 1998, a Rolls-Royce vendeu a Bentley Motors para a Volkswagen (depois a BMW adquiriu a Rolls-Royce, portanto duas das linhas de carros mais admiradas da Inglaterra passaram a pertencer a companhias alemãs). A produção da linha Bentley permaneceu em Crewe, Inglaterra, que tem montado Bentleys desde 1946. Hoje, os Bentley ocupam um nicho entre os carros Rolls-Royce, conhecidos pelo seu estilo e elegância, e os carros Aston Martin, famosos pelo seu desempenho e velocidade. E, para coroar esses mais

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de 100 anos de tradição, a Bentley lança seu conversível mais potente da história, o Continental GTC Speed, equipado com motor W12 de 610 cavalos, potência 9% maior que a da versão cupê e que o faz atingir nada menos que 322 km/h com a capota fechada. Pode parecer estranho um motor com cilindros em W, mas é que foi feito a partir de dois V6 de três litros de cilindrada, pela Audi, mas com todos os reforços e materiais nobres necessários para extrair toda essa potência sem precisar esquentar a cabeça do felizardo que estiver ao volante. Aliás, nem desmanchar o penteado vai ser problema, por causa do defletor de ar instalado atrás dos bancos dianteiros que evita que aquela ventania faça seus estragos na aparência.

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Motor W12 de 610 cavalos, potência 9% maior que a da versão cupê e que o faz atingir nada menos que 322 km/h com a capota fechada

Por fora, o carro muda muito pouco em relação ao cupê GTC desenhado pela equipe chefiada pelo brasileiro Raul Pires, que hoje já está perto dos 40 anos, mas que quando tinha metade dessa idade foi estagiário da Volkswagen e, logo em seguida, foi transferido para a Skoda, marca tcheca também controlada pela empresa alemã. Repare que a grade do radiador ficou um pouco mais alta e os faróis receberam frisos cromados. Além disso, há duas novas opções de cor para a carroceria e o interior, que pode ter cor personalizada, para não decepcionar os exigentes ingleses, acostumados a escolher uma infinidade de combinações em conversíveis desde os clássicos Morgans feitos com estrutura de madeira. 80

Entre os detalhes exclusivos do carro estão as rodas de aro 20, montadas em pneus Pirelli P Zero (feitos especialmente para supercarros) que agem em conjunto com a suspensão ajustada para aumentar a estabilidade nas curvas. O acerto inclui molas com maior carga de força que trabalham em conjunto com amortecedores de maior pressão. Com isso, além de o carro ficar com o centro de gravidade um pouco mais baixo, passa a ter a rolagem da carroceria mais controlada no vai-e-vem de uma estrada sinuosa. E, para deixar claro que os pequenos detalhes fazem a diferença, as soleiras das portas vêm com a inscrição “Speed” e, na traseira, além das saídas de escapamento terem sido alargadas, a tampa do porta-malas ganhou um discreto defletor de ar. Perfeito, não?

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ESPORTE

Pelos 4 cantos do mundo Entre março e abril, o Rio de Janeiro recebe os velejadores da maior maratona oceânica do mundo, ancorados na Marina da Glória. Esta é uma chance única para poder acompanhar as equipes e seus corajosos tripulantes POR MARCELO WISOCKY

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GABRIELE OLIVO/EQUIPO TELEFONICA/VOLVO OCEAN RACE

Conhecidos como Volvo Open, as embarcações são iguais para todos. Dependendo das condições climáticas, os barcos podem atingir 70 km/h

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uando a família real portuguesa chegou ao Rio de Janeiro, no dia 7 de março de 1808, fugindo das tropas do imperador francês Napoleão Bonaparte, se deparou com um cenário e tanto: a Baía de Guanabara, uma verdadeira obra-dearte da natureza. Desde então, passaram-se mais de 200 anos e muitas coisas mudaram no local encontrado naqueles dias por D. João. Exceto uma: os contornos montanhosos e as águas calmas que formam um dos cartões-postais mais famosos do Brasil. Esta é a paisagem que os participantes da Volvo Ocean Race 2008/09 verão quando chegarem por aqui, entre março e abril, para cumprir outra etapa da maior regata de volta ao mundo do planeta. É nela, também, que as sete equipes disputarão pontos impor-

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tantes dentro da competição. Batizada de Volvo Ocean Race Rio Stop Over, a etapa interna (In-Port) terá toda a infraestrutura ancorada na Marina da Glória. Tradicional centro de esporte, lazer e cultura, o complexo náutico promete muita badalação e glamour. Segundo a Brasil 1 Esporte e Entretenimento, empresa responsável por trazer a regata ao país, cerca de 5 mil turistas devem acompanhar o evento de perto. Isso sem contar os mais de dois mil convidados da empresa dona da festa. Entre eles estará Torben Grael, iatista brasileiro que comanda o Ericsson 4, um dos fortes candidatos a faturar o título da prova. No certame de 2005/06, ele comandou o Brasil 1, primeira embarcação brasileira na regata, e ficou com a terceira colocação na classificação geral. A tripulação conta ainda com outros dois brasileiros: Horácio Carabelli e João Signorini.

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SANDER PLUIJM/TEAM DELTA LLOYD/VOLVO OCEAN RACE

Ao todo, serão cerca de nove meses para que as corajosas equipes completem as 37 mil milhas náuticas

Espécie de Copa do Mundo, a Volvo Ocean Race está na décima edição. Disputada a cada quatro anos, teve início no dia 4 de outubro, em Alicante, na Espanha, com término previsto para junho, em São Petersburgo, na Rússia. Ao todo, serão cerca de nove meses para que as corajosas equipes completem as 37 mil milhas náuticas – quase 70 mil quilômetros. Detalhe: uma volta ao redor do mundo pela linha do Equador tem cerca de 40 mil quilômetros. O percurso inclui, ainda, Cape Town (África do Sul), Cochin (Índia), Cingapura, Qingdao (China), Boston (Estados Unidos), Galway (Irlanda), Marstrand (Noruega), Estocolmo (Suécia), totalizando 11 paragens em portos ao redor do globo. HOMEM E M ÁQUINA – Quem nunca sonhou cruzar o mundo a bordo de um “barquinho”? Pois é desta maneira que alguns poucos felizardos estão realizan-

do o desejo de milhões de mortais comuns. Entre eles está Torben Grael, que repete a experiência e tenta superar a terceira colocação na classificação geral obtida na edição passada. Ao seu lado, outros nove calejados navegadores de diversas nacionalidades, entre eles Carabelli e Signorini. O timoneiro Tony Mutter, o décimo-primeiro integrante da equipe, abandonou a prova em Cabo Verde devido a uma infecção no joelho. E, para completar o time, o tal “barquinho”, uma moderna embarcação com 70 pés – cerca de 21 metros – desenvolvida pelos melhores projetistas do mundo. É da união entre os principais nomes da vela mundial com o que existe de mais atual em tecnologia que se encontra um dos grandes atrativos da Volvo Ocean Race. Conhecidos como Volvo Open (VO 70 2.0), as embarcações são iguais MAGAZINE

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RICK TOMLINSON/VOLVO OCEAN RACE

A embarcação Puma Ocean Racing lidera a frota no início da terceira etapa da Volvo Ocean Race, a partir de Cochin, na Índia

para todos. Feitos de carbono, empregam a mesma tecnologia utilizada na construção de aeronaves, ônibus espaciais e carros de Fórmula 1. Dependendo das condições climáticas, os barcos podem atingir 70 quilômetros por hora. O talento do time começa a ser testado neste momento. Aqui, Grael impõe respeito como capitão. Maior medalhista olímpico do Brasil – com dois ouros, uma prata e dois bronzes – é ele quem estabelece os critérios e as táticas a serem adotados diariamente para que a média diária de 900 quilômetros seja alcançada. Não à toa, o Ericsson 4 comandado por Grael já faturou duas pernas da competição: a etapa de abertura e a da Cidade do Cabo, na África do Sul, a Cochin, na Índia. UMA HISTÓRIA E TANTO – A primeira edição da que hoje é conhecida como Volvo Ocean Race foi em 1973/74. Com o nome de Whitbread, a prova reuniu 86

na época quase duas dezenas de veleiros. Eles tiveram que percorrer 27.500 milhas náuticas – cerca de 45 mil quilômetros – com barcos simples e sem saber o que tinham pela frente. Desnecessário dizer que o evento foi um sucesso. A edição de 1977/78 contou com 15 barcos. Foi nesta fase que o Brasil recebeu pela primeira vez a trupe de competidores. O grande salto para que a regata ganhasse proporções ainda maiores aconteceu em 1985/86. Neste período, o evento ganhou apoio de patrocinadores e reconheceu a tecnologia como uma aliada inseparável. Esta edição também registrou a primeira passagem pelo Brasil. Em 1993/94 nasceu uma nova classe, a Whitbread 60. Ela serviu de base para os veleiros das competições seguintes. Só na edição de 2001/03 a regra do VO 70 foi lançada e segue mantendo os mesmos moldes até hoje, numa competição que reúne emoção, beleza e aventura.

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SAMUELE PELLECCHIA

FUNDAÇÃO LAUREUS Dez anos trabalhando por um mundo socialmente justo POR FRAN OLIVEIRA

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odo ano, a Laureus atribui o Laureus World Sports Awards aos melhores esportistas masculinos e femininos do mundo, enquanto a Fundação Laureus Sport for Good utiliza o esporte como uma forma de ajudar a proporcionar às crianças e aos jovens um futuro melhor. Desde 2005, a IWC Schaffhausen tem sido uma das forças motoras por trás da Laureus, organização fundada em 1999 por duas empresas internacionais de sucesso: a Daimler-Chrysler (a atual Daimler) e a Richemont. Na Laureus, a Daimler-Chrysler encontra-se representada pela marca de automóveis Mercedes-Benz, enquanto a Richemont, que reúne inúmeras marcas

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de prestígio no setor de relojoaria, joalheria e instrumentos de escrita, selecionou a IWC Schaffhausen como sua representante. A missão da Fundação Laureus Sport for Good é utilizar o poder do esporte para fazer frente aos desafios sociais, por meio de um programa, em nível mundial, de iniciativas de desenvolvimento comunitário relacionadas ao esporte, utilizando-o como instrumento para a mudança social. Os membros da Academy já estavam próximos do seu público quando ainda estavam em atividade. Hoje em dia, mantêm essa proximidade, visitando regularmente projetos organizados pela Fundação Laureus Sport for Good. Ao fazê-lo, conferem aos projetos significância pública e, ao mesmo tempo,

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JAMES NACHTWEY

JUSTIN JIN

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MASSIMO SESTINI

Na página oposta, o jogador de críquete Steve Waugh, no Sri Lanka. Nesta página, no sentido horário, o atleta Edwin Moses, em Hong Kong; o projeto Fight Back, no sul do Bronx, em Nova York; Emerson Fittipaldi com os Meninos do Morumbi e o velocista Michael Johnson, na África

demonstram às crianças e aos adolescentes envolvidos – normalmente jovens desfavorecidos – que eles são levados a sério pela sociedade. Ao mesmo tempo, esses encontros com as estrelas deixam uma impressão duradoura e positiva aos jovens. Qualquer jovem que tenha tido a oportunidade de correr com Edwin Moses, jogar tênis com Boris Becker ou jogar futebol com Bobby Charlton jamais irá esquecer. Os membros da Laureus World Sports Academy representam todos os continentes e todas as principais modalidades esportivas. Entre eles, os esportistas masculinos e femininos contabilizam 100 medalhas olímpicas, sendo mais de 50 dessas de ouro, 100 títulos mundiais e 200 recordes mundiais. O presidente

da Laureus World Sports Academy é o antigo campeão olímpico de 400 metros com barreiras, Edwin Moses, dos Estados Unidos. Tem a seu lado a corredora de cadeira de rodas e vencedora de 11 medalhas de ouro, Tanni Grey-Thompson, da Inglaterra, e o vencedor múltiplo de Wimbledon e de Grand Slam, Boris Becker, da Alemanha. O Brasil é representado por Emerson Fittipaldi, ganhador de dois títulos em campeonatos mundiais de Fórmula 1 e vencedor da Indianapolis 500, em 1989 e 1993. “As pessoas privilegiadas deste mundo – e nós nos encontramos entre elas – têm que fazer algo para ajudar os que são social, física ou economicamente desfavorecidos”, afirma Georges Kern, CEO da IWC. MAGAZINE

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POR GABRIELA SAMPAIO

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edição 2009 Awards for Excellence, realizada pela editora britânica Condé Nast Johansens, confirmou que o romantismo é realmente o clima vivenciado por todos os casais que se hospedam no Ponta dos Ganchos. O romance, aliado à excelência no turismo de luxo, fez do resort catarinense o grande vencedor da categoria Most Excellent Romantic Hideaway, dentro da seleção realizada pela Condé Nast. Reconhecido como um dos principais resorts do mundo, o Ponta dos Ganchos foi escolhido em um total de 25 premiados divididos em categorias por regiões das Américas, Atlântico, Ilhas do Pacífico e Caribe. 90

Como o hotel mais romântico da América do Sul, o resort se destacou na primeira colocação ao competir com importantes nomes do Brasil e da Argentina. A escolha dos ganhadores do prêmio 2009 Awards for Excellence, considerado o mais prestigiado prêmio do turismo de luxo mundial, é resultado da votação realizada pelos leitores do guia, hóspedes que visitam os hotéis e pelo time de inspeção da Condé Nast Johansens. Em sua 27ª edição publicada na Europa, o guia atrai um público leal por conta de todo o processo de inspeção que assegura a qualidade dos hotéis, ano após ano. www.pontadosganchos.com.br

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CEGA JORNADA Se viajar significa conhecer lugares diferentes, que tal só descobrir seu destino quando tiver que fazer as malas? Esta é a ideia das Mystery Auctions do site Luxury Links, especializado em hotéis, residências, cruzeiros e pacotes de alto bordo. Toda semana, duas propriedades em lugares totalmente variados do mapa são colocadas em um leilão online. Apenas a localização, os detalhes do pacote e algumas dicas são reveladas aos participantes. Os lances começam em 1 dólar e o site garante a exclusividade e o luxo dos lugares leiolados. Leilões anteriores contemplaram localidades como Jamaica, Canadá e Grécia, entre outros. www.luxurylink.com

THE ULTIMATE DRIVING EXPERIENCE — MILÃO Por um dia inteiro, na pista de Vairano, ao sul de Milão, é possível testar os últimos modelos de Ferrari e Lamborghini pertencentes ao clube Quattro Secondi. Os participantes recebem treinamento de instrutores e depois testam controle, manejo e estabilidade em um circuito de curvas variadas. Para completar, praticam em uma reta aprovada pela FIA aceleração e frenagem de carros que passam de 0 a 100 km/h em quatro segundos. O welcomecoffee e o almoço estão incluídos no preço, que começa em US$ 4.375 por pessoa para um grupo de, no mínimo, 16 participantes. www.nobhill.com.br

PARIS — BEST HOTEL + VINHO Localizado no coração de Paris, o Hôtel Le Bristol já recebeu prêmios como o World’s Best Hotel e Europe’s Best Hotel. A novidade é que seu restaurante acaba de contratar o chef sommelier Marco Pelletier. Canadense e formado em Engenharia Civil, Pelletier percebeu sua paixão pelo vinho francês depois de ter trabalhado como garçom nas férias de verão na capital francesa. A partir de então, estudou e trabalhou em hotéis renomados antes de enfrentar o desafio proposto pelo Le Bristol. Restaurant Le Bristol Paris, 112, rue du Faubourg Saint-Honoré. www.lebristolparis.com

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POR TATIANNA BABADOBULOS

CEDIDO PELA FAMÍLIA KATTEN

ARTE / DESIGN

C INEMA

EM CARTA Z

uando o cinema já era uma arte (a sétima!) apreciada no mundo todo, embora a tecnologia fosse pequena e o som não existisse, uma coisa era feita com capricho: os cartazes. Não que o filme não fosse, mas os pôsteres de divulgação recebiam cuidado especial e o ítalo-americano Batiste Madalena se destacou no ramo. Contratado por George Eastman assim que ele abriu as portas de seu Eastman Theatre, em Rochester, Madalena criou 1.400 cartazes pintados à mão durante quatro anos. No entanto, apenas 250 dessas obras de arte tornaram-se peças de colecionadores. Isso porque muitas foram roubadas, molhadas, perdidas. Para conhecer seu trabalho ao vivo (e em cores, embora os

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filmes ainda fossem em preto-e-branco), 53 de suas obras ficarão expostas até 6 de abril no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), na mostra Batiste Madalena: Hand-Painted Film Posters for the Eastman Theatre, 1924–1928. “Ele introduziu cor ao filme que era preto-e-branco para dar o humor e o tom do filme”, comenta Jenny He, assistente de curadoria. Madalena trabalhou até 1928, quando Eastman vendeu seu cinema para a Paramount-Publix. A partir daí, a maneira que ele criou para a divulgação dos filmes foi abandonada. Antes de serem expostos no MoMA, 70 de seus cartazes foram exibidos, por exemplo, na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, em 1998, além de haver livros que retratam suas criações.

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COZINHANDO COM ELEGÂNCIA Armani e Dada, representantes de duas áreas de expertise italianas (a moda e o design), resolveram oficializar sua união e trazer novidades para móveis de cozinha. Sob o nome de Armani/Dada, já foi lançada a linha Bridge (foto). A próxima linha será apresentada no Salone del Mobile 2009, na segunda quinzena de abril. As cozinhas Armani/Dada figuram nas 144 exclusivas Armani Residences do Burj Dubai, em construção nos Emirados Árabes. www.armani.com e www.dada.it

LEVEZA PARA TODA A VIDA Criação do designer Paul Leroy para a dinamarquesa Gubi, o banco A3 ganhou este nome por ter assento do mesmo tamanho da folha de papel homônima. Para fazer mais referências ao ato de escrever, a estrutura, em aço, tem o formato da letra A. Estável e feito para durar, pode ter acabamento na cor preta ou cromado e o revestimento em couro ou tecido. Preço sob consulta. www.gobi.dk

DESIGN E HISTÓRIA O MoMA – Museu de Arte Moderna de Nova York – abriga até 31 de março, na Philip Johnson Architecture and Design Galleries, a mostra Ateliers Jean Prouvé, em homenagem ao designer e arquiteto francês que viveu de 1901 a 1984. Com cerca de 20 peças, a exposição traça o histórico de Prouvé, um dos pioneiros na produção e realização em massa de peças de apelo arquitetônico e artístico. A evolução da cadeira Standard, de sua autoria, é um dos focos do evento por demonstrar o estilo inconfundível do designer. www.moma.org

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POR GABRIELA SAMPAIO

TECNOLOGIA PEQUENO E PODEROSO Seguindo o lançamento mundial do iPhone 3G, a Bang & Olufsen apresenta uma nova versão de seu fone de ouvido com fios estéreo e microfone incorporado, o EarSet3. Pesando apenas 8 gramas, feito de alumínio escovado e revestido de borracha especial, são robustos e não riscam. Confortáveis, adaptam-se a todos os ouvidos. É compatível com os celulares Serenata, fabricados pela marca. Preço sob consulta. Bang&Olufsen – Showroom, rua Bela Cintra, 2.122, tel.: (11) 3082-8277.

EU, PAPARAZZO A Sony lança no Mercado a primeira câmera digital com Wi-Fi. A nova Cyber-shot DSC-G3 é capaz de fazer uploads de fotos e vídeos na Web graças a um browser. Desse modo, os usuários podem dividir fotos e vídeos da família, de amigos e eventos assim que eles são feitos, basta que o local tenha acesso à internet sem fio de lugares públicos ou privados, como aeroportos, cafés, hotéis ou residências. Outra novidade é poder enviar notificações por email avisando sobre suas postagens. A Cyber-shot DSC-G3 tem 10 megapixels de definição, lentes com zoom de 4X e espessura finíssima. Preço sugerido: US$ 500. www.sony.com

ESTÚDIO PORTÁTIL O MacBook Pro de 17 polegadas da Apple ganhou novidades. Além de estrutura mais resistente, em bloco único de alumínio, o laptop conta com bateria interna que permite oito horas de uso ininterrupto e mais de mil recargas, cerca de três vezes mais do que conseguem outros computadores do gênero. Completam o lançamento tela de LED retroiluminada de alta definição e novíssimo processador gráfico NVIDIA. Preço: US$ 2.799. www.apple.com 94

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ADORÁVEL MARCA DAS NEVES A POC é uma empresa suíça que desenvolve capacetes e roupas para esquiadores. Usa alta tecnologia para desenvolver produtos que salvam vidas e que precisam ter enorme capacidade de absorção de impacto aliada ao uso de materiais leves. Essas inovações acontecem em decorrência do uso de estudos que se inspiram, por exemplo, no besouro. Suas centenas de milhares de espécies estão entre as mais perfeitas no que diz respeito a mobilidade com proteção. Não é à toa que a POC é fornecedora oficial das equipes nacionais de esqui da própria Suíça e dos Estados Unidos. www.pocski.com

3 EM 1 A Trio é um misto de bicicleta, carrinho de bebê e bicicleta para transportar crianças. Uma invenção sensacional que segundo os fabricantes dinamarqueses, até poderia ser chamada de “Quattro”, pois ainda pode ser usada como um carrinho para transporte de bagagem. Ela é feita em alumínio, possui câmbio Shimano de 7 marchas, sistema de faróis e lanternas e o carrinho tem assentos com cintos de segurança para transportar duas crianças ou cargas de até 80 quilos. Possui também uma série de acessórios e não precisa de ferramentas especiais para se “transformar” rápido e facilmente. www.triobike.com

JUST EAT IT! Nike é Nike. Imagine então transformar alguns tênis da marca em chocolate? Criação do +41 Projects, esses chocolates são incríveis. Superdetalhados, vêm em caixinhas iguais às dos tênis. São produzidos em formatos mini ou grande, em chocolate branco e preto. “Just eat it”! www.plus41.ch

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POR FRAN OLIVEIRA

VINHO / CULTURA

MUNDO DOS VINHOS

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s empresários Egidio Silvestri e Marcelo Toledo inauguraram, na avenida Cidade Jardim, na capital paulista, o WinePro - Mundo do Vinho, espaço inédito no Brasil que reúne, em um único lugar, cultura, loja, wine bar, enoturismo, consultoria, treinamento e SPA vinoterápico. “Reunimos as nossas experiências pessoais e profissionais ligadas a esse ‘encantamento’ que é o vinho para proporcionar uma experiência única no WinePro, com ambientes inusitados e aconchegantes aliados a serviços e atendimento impecáveis”, explica Marcelo Toledo, um dos sócios. O mix de rótulos apresenta cerca de 450 opções, entre chilenos, espanhóis, argentinos,

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portugueses, italianos, franceses, australianos, californianos, fortificados e espumantes, com preços que variam entre 35 e 400 reais, mas podendo chegar aos tops de 25 mil reais. “Com este volume, conseguimos garantir que o profissional indique qualquer vinho com propriedade ao cliente”, ressalta Egidio Silvestri. Os temas de cursos são ministrados por profissionais de renome em parceria com a Faculdade de Enologia de Mendoza. Esse novo formato de “mundo do vinho” destaca-se pela união de ideias e atitudes, além da arquitetura e decoração, que harmonizam os estilos rústico e moderno e tornam o lugar ainda mais agradável. www.winepro.com.br

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Manuel Bandeira (1886-1968) será o autor homenageado na sétima edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), programada de 1 a 5 de julho de 2009. Grande nome da poesia modernista brasileira, Bandeira também dedicou-se à crônica e à crítica literária, textos muitas vezes publicados pela imprensa de então e, por isso, ainda pouquíssimo conhecidos pelos leitores atuais.

FOTOS DIVULGAÇÃO

CONDOMÍNIO DOS PROPRIETÁRIOS DOS DIREITOS DE IMAGEM DE MANUEL BANDEIRA

BANDEIRA

ANDRÉ LIMA Dicionário de referências, o trabalho do paraense André Lima está na Coleção Moda Brasileira, da editora Cosac Naify. A marca dos seus desfiles são as mulheres fortes, penteadas, maquiadas e cheias de acessórios. Um costureiro moderno e um dos poucos que fazem uma linha direta com os costureiros do passado, como seu conterrâneo Dener (1936-1978). Fonte fundamental de pesquisa, descoberta e inspiração para os futuros profissionais, o livro preenche uma lacuna no mercado editorial tanto para o público não-especializado como para os profissionais da área. Prefácio da jornalista de moda Silvana Holzmeister, 160 páginas, R$ 49.

COCO CHANEL Um dos maiores ícones da moda no século 20, Gabriele Coco Chanel (1883-1971) sempre se distinguiu por uma postura modernista e inovadora. Elegante e bemsucedida, ditou moda. Dia 22 de maio, estreia no Brasil “Coco Avant Chanel”. A atriz é Audrey Tautou (foto). A diretora é Anne Fontaine. E a história é baseada na biografia escrita por Edmonde Charles-Roux.

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CATWALK

TRIBAL’TROPOLIS “Um único momento, o mesmo mundo, mas a existência radical de diferentes realidades paralelas. A minha inspiração para a coleção Celine primavera-verão 2009 vem de tradições tribais, suas roupas e seus ornamentos. Num ato de oposição e cumplicidade, quis traduzir isso para o nosso mundo urbano.” — Ivana Omazic 98

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