A Magazine #18

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metromídia

Ano 3 Nº 18 R$ 15,00 € 5,00

ISSN 1984-4514

COMUNICAÇÃO

nº18

Barbara di Creddo On the Park

Edição de Aniversário

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O conceito PRAVDA é uma exclusividade Goincorp, adquirida pela PATENTE, conforme registro INPI Brasil. Incorporação registrada no R-20 da matrícula 28.539 - Oficial de Registro de Imóveis da Comarca de Barueri- SP. Design de interiores: Regina Ulhôa Canto. Arquitetura: Formo Arquitetura

Lobby entregue totalmente mobiliado e decorado

detalhe do Lobby e balcão de recepção central

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bem-vindo ao novo conceito de consultórios pra vida. O Lobby do Pravda integrado ao mezanino, se transforma em uma suntuosa recepção com mais de mil metros quadrados em dois pavimentos, oferecendo luxo, conforto e interatividade. Graças ao sistema inteligente de esperas, o paciente informará apenas seu nome, e os dados deste agendamento serão visualizados pela recepção central, oferecendo privacidade ao cliente que não deseja revelar a especialidade a ser consultada. Na impossibilidade do pronto atendimento pelo profissional, o visitante receberá uma pulseira vibratória e, enquanto aguarda o sinal vibratório que o avisará sobre o exato momento da consulta, poderá aproveitar todos os benefícios exclusivos oferecidos pelo Pravda, como os Tendences Corners, Lounge Café e Bar Restaurante de alta gastronomia. Conheça este e muitos outros diferenciais exclusivos do Pravda, que transforma a simples ida ao médico, em uma verdadeira experiência de bem-viver e celebração da saúde.

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EDITORIAL

NOBLESSE OBLIGE

A

Fotografia Marcelo Bormac Edição Deborah e Barbara Lopes (Mninas) Beauty Jayme Vasconcellos (Glloss) Tratamento Digital Proforma – Central de Imagens Vestido Emporio Armani Brincos Noia Carolina

expressão do título geralmente é usada para implicar que, com a união de riqueza, poder e prestígio vem responsabilidades. O termo também tem sido aplicado mais amplamente para todos aqueles que são capazes de atos simples para ajudar os menos afortunados. No Evangelho de Lucas, Jesus aprova o conceito, dizendo: “De todos a quem muito foi dado, muito será exigido, e de um a quem a muito foi confiado, muito mais será exigido.” Pois é, assim caminha a humanidade. A revista A Magazine entra no seu terceiro ano de existência pautada por este conceito; falar de luxo com consciência e responsabilidade. Esta edição de aniversário traz matérias especiais, como a da cinquentenária e icônica Barbie, motivo de inspiração — em fevereiro passado — para 50 estilistas do Mercedes-Benz Fahion Week. Reverenciando o branco, a coleção primavera-verão da maison Chanel está, literalmente, uma festa! E, por falar em festa, o enogourmet Marco Merguizzo, nosso mais recente colaborador, sugere quatro raros manjares de deuses na reportagem Quintessência do Paladar. Deguste! Cidadã do mundo, a jornalista Alexandra Forbes — especialista em food and travel — nos apresenta o hypado bairro londrino East End. Também em Londres está um dos espaços mais democráticos do mundo: o Double Club. Idealizado pelo artista alemão Carsten Höller, o bar foi inaugurado em novembro passado com o intuito de estabelecer um diálogo entre a música, estilo de vida, artes e desenho contemporâneos do Congo e do ocidente. Apoiado pela Fundação Prada, o projeto — basicamente experimental — terá os lucros destinados à City of Joy Aid (organização humanitária sem fins lucrativos baseada em Calcutá, na Índia) e ao Unicef. Noblesse oblige! Enjoy

FRAN OLIVEIRA DIRETOR EDITORIAL BARBARA DI CREDDO ON THE PARK

FRAN@AMAGAZINE.COM.BR

Edição de Aniversário

CHANEL BARBIE AIRBUS 350 NORUEGA ALAN FLUSSER PATAGÔNIA NEIL LEIFER LONDRES

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COMUNICAÇÃO

PUBLISHER CESAR FOFFÁ DIRETORA EXECUTIVA LOURDES FOFFÁ

COLABORADORES

A MAGAZINE REDAÇÃO DIRETOR EDITORIAL FRAN OLIVEIRA FRAN@AMAGAZINE.COM.BR EDITORA TATIANNA BABADOBULOS TATIANA@AMAGAZINE.COM.BR DIAGRAMAÇÃO FÁBIO TATENO TRATAMENTO DE IMAGEM JUST LAYOUT PROJETO GRÁFICO FRAN OLIVEIRA REVISORA GISELA CARNICELLI

MARCELO BORMAC Depois de viver quase dez anos na Europa, Marcelo Bormac voltou ao Brasil. Com trabalhos publicados em revistas nacionais e internacionais, Bormac tem como próximo projeto uma exposição com fotos clicadas around the world. Sua paixão é viajar, conhecer culturas e encontrar beleza em lugares inusitados.

ALEXANDRA FORBES

COLABORADORES DESTA EDIÇÃO ALEXANDRA FORBES, BARBARA LOPES, B LUMA DE MORAES , D EBORAH L OPES , J OHNNY MAZZILI, LOURENÇO G IMENES, M ARCELO B ORMAC , M ONICA N EHR, MARCELO W YSOCKI , M ARCO M ERGUIZZO, R APHAEL C INTRA COMERCIAL DIRETORA VIVIANE GOMES VIVIANE@AMAGAZINE.COM.BR EXECUTIVOS DE CONTA KELLANY VERARDI - KELLANY@AMAGAZINE.COM.BR ROSANI PEDRO - ROSANI@AMAGAZINE.COM.BR REPRESENTANTES COMERCIAIS BRASÍLIA-DF: A3 COMUNICAÇÃO PUBLICITÁRIA LTDA TEL.: (61) 3201-0001

Ex-editora sênior da revista VIP e autora dos livros Isabella Suplicy: Arte em Açúcar e Jantares de Mesa e Cama, a jornalista e crítica gastronômica Alexandra Forbes vive em Montreal. Seu Boa Vida, no portal Viajeaqui, é um dos blogs de viagem e gastronomia mais lidos da blogosfera brasileira. Viaja pelo mundo testando novos restaurantes e hotéis mas gosta mesmo é de matar saudades de sua São Paulo natal.

ADMINISTRAÇÃO DIRETOR DE PLANEJAMENTO ATHAYDE DE ALMEIDA DIRETOR FINANCEIRO ADOLFO INOUE ASSISTENTES REGGIANE FORTUNATI E K ELIANE S ANTOS INFORMÁTICA CÉSAR SILVA E GABRIEL RODRIGUES MARKETING E CIRCULAÇÃO DIRETOR MARCELO FOFFÁ GERENTE NILCE SANTOS A MAGAZINE ONLINE PROGRAMADOR THIAGO CARVALHO WWW.AMAGAZINE.COM.BR IMPRESSÃO - METROMÍDIA GRÁFICA TEL.: (11) 4208-1601 DISTRIBUIÇÃO - DINAP E CORREIOS A MAGAZINE É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL A MAGAZINE EDITORA E PUBLICIDADE LTDA., UMA EMPRESA DO GRUPO METROMÍDIA COMUNICAÇÃO DE

MARCO MERGUIZZO Ele é enogourmet por profissão e são-paulino de coração. De mesa em mesa e de caneco em caneco do seu tricolor, viaja para todos os lugares como jornalista especializado para comer, beber e desfrutar dessas e de outras coisas muito boas da vida.

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REDAÇÃO : CALÇADA DAS HORTÊNSIAS, 39 CENTRO COMERCIAL A LPHAVILLE - BARUERI - SP CEP 06453-017 - TEL.: (11) 4208-1600 ASSINATURAS – TEL.: (11) 4191-2397 E-MAIL: ASSINATURA @ AMAGAZINE.COM.BR A S OPINIÕES E OS ARTIGOS CONTIDOS NESTA EDIÇÃO NÃO EXPRESSAM, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DOS EDITORES.

É PROIBIDA A REPRODUÇÃO EM QUALQUER MEIO DE COMUNICAÇÃO DAS FOTOS E MATÉRIAS PUBLICADAS.

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a beleza de uma luneta de cerâmica rolex vai além de superficial. A luneta de um relógio pode deteriorar quando é exposta à luz do sol, ao cloro da água e aos arranhões. É por isso que Rolex criou uma luneta especial com um disco Cerachrom, feita de um material cerâmico extremamente rígido. Esse material possui excelentes propriedades anticorrosivas e sua cor não é afetada pelos raios ultravioleta, além de ser praticamente à prova de arranhões. Para gravar os numerais neste material rígido, a Rolex desenvolveu e patenteou um processo exclusivo. Os numerais e graduações são forjados antes do enrijecimento do material cerâmico. O disco Cerachrom é totalmente coberto com ouro amarelo ou platina, átomo por átomo. Por fim, o material é polido para que apenas o metal precioso dos numerais e graduações seja preservado. São necessárias 40 horas para produzir uma luneta de cerâmica. Na Rolex, nenhuma medida é extrema na busca pela beleza eterna.

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SUMÁRIO

70 los Cerros 46 Flusser 34 moDa

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52 CHanel

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SUMÁRIO

80 ARQUITETURA 110 BURLE MARX 98 GASTRONOMIA 76 EAST END, LONDRES

104 AVIAÇÃO

112 EVENTO

94 BAR SEÇÕES

80 NORUEGA

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EDITORIAL COLABORADORES ACESSÓRIOS BELEZA VIAGEM LOUNGE BAR TECNOLOGIA DESIGN / ARTE ARQUITETURA CATWALK

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ACESSÓRIOS PROTEÇÃO PARA OS OLHOS A coleção masculina de Paco Rabanne traz a logomarca XS, aplicada em máscaras de acetato e armações de metal escovado. O modelo XS197 (R$ 730) é de acetato marrom com a assinatura aplicada sobre metal dourado escovado. A linha de receituário tem hastes leves e discretas ou armações pretas largas. Para as mulheres, os maxióculos são de acetato bicolor ou estilo aviador com hastes cravejadas de cristais. Jurá Material Ótico, tel.: (21) 2467-0169.

MARCAS DO MUNDO Com o intuito de trazer marcas conhecidas em cidades como Paris, Barcelona, Nova York, Milão, entre outras, a Loft 88, de Julio Garcia, inaugurou no Brasil uma loja que terá marcas como Takeshy Kurosawa, Flávio Castellani, Imperial, Please, Sexy Woman. Após 17 anos em Milão e colaborando com nomes como Dolce & Gabbana, Gucci e Giorgio Armani, Julio volta ao país. Loft 88, Al. Lorena, 1.975, Jardins, São Paulo, tel.: (11) 3063-0691.

PARA MERGULHAR A marca suíça Blancpain, que está em atividade desde 1735, acaba de lançar o 500 Fathoms. O modelo é perfeito para quem quer mergulhar, já que o relógio aguenta mil metros embaixo d’água, e vem equipado com válvula de descompressão de hélio, essencial durante a imersão em um ambiente fechado. O modelo masculino é feito com uma caixa de titânio escovado de 48 mm de diâmetro, com protetor de coroa. Blancpain, www.blancpain.com

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ACESSÓRIOS PARA CINDERELAS Marca preferida da princesa Caroline de Mônaco, Sarah Jessica Parker, Nicole Kidman, Madonna e Kate Holmes, Christian Louboutin vai inaugurar sua primeira loja no Brasil, no final de março. A loja, aliás, é a primeira no mundo a ser inaugurada com o novo conceito de fachada toda revestida de peças de madeira imbuia esculpidas em mil diferentes tipos de desenhos. No local, poderão ser encontradas as coleções de bolsas e sapatos do designer francês. Christian Louboutin, Shopping Iguatemi, tel.: (11) 3032-0233, www.christianlouboutin.com

ESPORTE NÁUTICO Inspirada na maior corrida oceânica do mundo, a Volvo Ocean Race 2008-2009, a Puma lançou uma nova coleção de relógios. O modelo masculino Ocean Race Yatching (R$ 3.500), tem caixa de titânio, mostrador preto, pulseira preta em poliuretano, indicação da fase da lua, navegação, maré, bússola, entre outras funções. Além do relógio, a empresa anunciou sua participação na categoria vela na equipe Puma Ocean Racing, comandada por Ken Read, um dos mais completos velejadores do mundo. Puma, tel.: (31) 3516-7699.

DIAMANTES A joalheira uruguaia Noia Carolina, que já teve peças usadas pelas atrizes Sarah Jessica Parker e Ana Paula Arósio, inaugurou sua loja no Shopping Cidade Jardim. Morando em Israel, trabalha na segunda maior bolsa de diamantes do mundo, o que lhe confere o título de expertise em diamantes. Há dez anos no mercado, Noia estudou gemologia e, em São Paulo, cursou MBA em gestão de luxo na Faap. Chique na essência e fácil de combinar, suas joias têm o propósito de contar uma história. Noia Carolina, www.noiacarolina.com.br

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ACESSÓRIOS SOB ENCOMENDA Esses óculos solares da Chopard são feitos à mão. A parte frontal da armação é feita de ouro maciço 18 quilates. As armações de madeira de lei também ganham detalhes de ouro. Por esse motivo, só sob encomenda e a espera é de seis meses para a produção. R$ 10.240. Chopard, tel.: (11) 3837-9133.

ESPORTE NÁUTICO A partir de abril, a austríaca Swarovski começa a atuar no mercado de relógios. O modelo Octea Sport foi inspirado nos relógios de mergulho, porém sem perder o glamour proposto pelo cristal. A máquina de quartzo é suíça e o timer aparece no centro do cristal Soleil, com uma lapidação exclusiva e cintilação especial. A pulseira pode ser de metal ou de borracha, adornada por seis cristais. R$ 3.900. Swarovski, tel.: (11) 3816-7111.

JOIA FINA Depois de trabalhar na empresa têxtil de sua família, a designer de moda e artista plástica Carol Kauffmann cria joias a partir de malha tecida em ouro 18 quilates. O material é macio e versátil, podendo se adaptar a qualquer forma do corpo. Além do Brasil, suas peças são encontradas em Nova York e Londres. Carol Kauffmann Jewellery, tel.: (11) 3842-3023.

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BELEZA PODER DA FLOR Em um frasco feito de metal espelhado com curvas simples, a nova fragrância masculina Kenzo Power é composta por uma flor imaginária, amadeirada e toques de âmbar. Há também mistura de especiarias e um travo fresco e enérgico, notas amadeiradas, masculinas e envolventes. Eau De Toillete fraîche spray vem em dois tamanhos: 60 ml (R$ 230) e 125 ml (R$ 320). Kenzo, 0800-170-506.

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LEVEZA NOS CABELOS A francesa L’Occitane reformulou sua linha Hair Care Aromacologia, que traz cinco óleos essenciais em sua composição. A linha tem dois tipos de shampoo e condicionadores (cabelos secos/danificados e volume), máscara reparadora, condicionador spray e sérum reparador. O para cabelos secos (R$ 48 o shampoo e R$ 52 condicionador), por exemplo, tem óleos essenciais de lavanda, angélica, gerânio, ylang-ylang e patchuli, o que deixa um delicioso cheiro, além de reparar os fios, deixando-os macios. O Spray Reparador Leave-in (R$ 72) é o finalizador para ser usado com os cabelos secos. L’Occitane, 0800-171-272, www.loccitane.com.br 26

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POR TATIANNA BABADOBULOS

LOUNGE BAR

PURO-SANGUE BASCO Batizado com o nome da província de Biscaia, localizada entre a Espanha e a França, o Bilbao está instalado em um casarão com ambiente aconchegante, paredes brancas e vermelhas e fotografias da cidade. Em cada mesa, uma rosa; e há uma parreira no quintal. No cardápio, reinam os peixes e o carrochefe é o Bacalhau al Pil-Pil (bacalhau confitado no azeite), muito saboroso e leve. A carta de vinhos contempla rótulos diversos. Bilbao, Rua José Maria Lisboa, 1.065, Jardins, São Paulo, tel.: 2592-3480, www.restaurantebilbao.com.br

TOQUE RETRÔ Com clima nostálgico e ambiente retrô reforçado por móveis de antiquário, o Rádio Café virou point de gente descolada e executivos que frequentam a região. Nas tardes de domingo, o jazz é a trilha sonora comandada por um trio que faz o som ao vivo. No cardápio, baixa gastronomia com ingredientes selecionados, como salada Saint Germain des Prés (máche e miniagrião com geleia de frutas vermelhas, vinagre balsâmico, amora silvestre e mel). Para beber, Clericó (vinho branco ou espumante). Rádio Café, Rua Oscar Freire, 187, Jardins, São Paulo, tel.: (11) 3083-2983, www.radiocafebar.com.br

LUGAR DE REI Com ambiente sofisticado e cozinha preparada para os mais exigentes paladares – típicos de rei –, o Le Roi lançou cardápio desenvolvido pelo chef Ernesto Wahlbuhl. Baseada na cozinha francesa, são 50 novas receitas. Entre as novidades, degustação de polentas, risoto de camarão rosa, sanduíches, paninis. Para beber, La Pomme (vodka, frutas vermelhas, suco de pêssego, maçã verde e creme de chope). Le Roi, Rua Dr. Mario Ferraz, 514, Itaim Bibi, São Paulo, tel.: (11) 3071-2540.

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POR TATIANNA BABADOBULOS

DESIGN TUDO SE TRANSFORMA A marca holandesa Droog, especialista em design, chega ao Brasil com seus conceitos inovadores que visam mudar as perspectivas com foco no design humano e mental. Os profissionais se preocupam em criar histórias e não novas formas. Um exemplo é o 85 Lamps, de Rody Graumans: 85 lâmpadas agrupadas que dão origem a um pendente. Decameron Design, Rua Aspicuelta, 145, Vila Madalena, São Paulo, tel.: (11) 3097-9344, www.decamerondesign.com.br

BRASILEIROS NO MOMA A partir de abril, os americanos e os turistas do mundo inteiro poderão encontrar peças de design de prata e inox da gaúcha Riva, no Museu de Arte Moderna (MoMA), de Nova York. Estará, por exemplo, o faqueiro do arquiteto Arthur Casas, com design inspirado na geometria da jararaca, cobra tipicamente brasileira. Riva, tel.: 0800-606-1600, www.riva.com.br

LINHA CORPORATIVA Presente nos Estados Unidos, Ásia e em toda a Europa, a italiana Estel chega ao Brasil com suas linhas de office mobiliário. Os diferenciais são: funcionalidade, organização de espaço, ergonomia, transparência e privacidade de gestão. Inicialmente, a marca trará para o país a Coleção Altagama voltada para presidências e diretorias. Entre os designers da empresa, estão nomes como: Karim Rashid, Oscar Niemayer, Paolo Favaretto, Mark Naden, Patrick Norguet, Jorge Pensi, Carlo Scarpa, John Bennet. Estel, Avenida Brasil, 1.306, São Paulo, tel.: (11) 3081-6100, www.squadraufficio.com

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TEMPO POR DIVERSAS VISÕES

struturada nos quatro elementos da natureza (fogo, água, ar e terra), a exposição Intempéries — O Fim do Tempo reúne na Oca, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, obras de 29 artistas, de 16 nacionalidades. Segundo o curador internacional Alfons Hug, “as mudanças climáticas, sejam elas causadas pelo homem ou pela natureza, sempre vêm acompanhadas de mudanças culturais: muda a atitude que temos em relação a nós mesmos e ao próximo; o corpo e os sentidos são expostos a novas experiências”. Pensando nisso, ele e o curador Alberto Saraiva, sob coordenação de Marcello Dantas, selecionaram obras que lidam com a luz, vinda dos ciclos do sol, com o tempo congelado e o branco vazio da Antártida.

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As obras são apresentadas em projeções de vídeos e fotografias, nos sete mil metros quadrados da Oca. Entre os artistas, o chinês Yang Shaobin, que reconheceu as minas de carvão no norte da China e visitou os hospitais nos quais são tratados os pulmões dos mineiros; o mexicano Francis Alÿs, que testemunhou a solidão da Patagônia. Por fim, os artistas brasileiros Tina Velho, Zalinda Cartaxo, Marcos Abreu, Vicente de Mello e Paulo Climachauska fazem, segundo Alberto Saraiva, uma referência clara à Antártida. A Oca fica na avenida Pedro Álvares Cabral, s/n, São Paulo, tel.: (11) 3081-0113. Visitação: de 7 de março a 12 de abril, de terça a sexta, das 14h às 20h; sábado, domingo e feriado, das 10h às 20h. A entrada é franca.

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on the park FOTOS MARCELO BORMAC | EDIÇÃO DEBORAH E BARBARA LOPES (MNINAS) BEAUTY JAYME VASCONCELLOS (GLLOSS)

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VESTIDO

ROBERTO CAVALLI

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ONDE ENCONTRAR ANIMALE (11) 3062-0965 | ARA VARTANIAN (11) 3044-0133 CRIS BARROS (11) 3082-3621 | DASLU (11) 3841-4000 EMPORIO ARMANI (11) 3897-9090 | GRAÇA OTTONI (31) 3371-1518 NATAN (11) 3088-2233 | NOIA CAROLINA (11) 3552-5518 PANTALENA (11) 3044-4138 | PAULA TORRES (11) 3048-9118 POLLIGNANNO AL’MARE (11) 3062-5046 | ROBERTO CAVALLI (11) 3088-7657 TIFFANY & CO (11) 3815-7000 ÚNICO SHOW ROOM (11) 3586-1566

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Í C O N E FA S H I O N

Barbie, 50 anos! Ao longo do tempo, ela já teve vários looks e, agora, mais fashion do que nunca, a cinquentenária boneca está prestes a virar grife

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ara marcar o 50º aniversário da icônica boneca, a empresa norte-americana Mattel Inc. deu início a uma ambiciosa campanha de marketing com o propósito de transformar a Barbie em uma marca de moda. O primeiro passo foi a realização de um desfile na Semana de Moda de Nova York, em fevereiro passado, em colaboração com vários criadores. Cinquenta designers produziram peças inspiradas na famosa boneca, dando início a uma série de celebrações. Para este ano está na pauta da Mattel o lançamento de uma nova linha de produtos de beleza, intitulada All Doll”d Up, a criação de pequenas coleções em colaboração com Vera Wang e Jeremy Scott, a abertura de uma Casa da Barbie em Xangai, entre outras ações. Mas o fascínio da Barbie não para. A Mattel iniciou parceria de três anos com o Council of Fashion Designers of America para patrocinar a New York Mercedes-Benz Fashion Week. Ao ver sua filha Barbara brincando com bonecas de papel que trocavam de roupa, a americana Ruth Handler pensou em desenvolver um modelo que permitisse o mesmo. Associando-a à moda, a primeira Barbie tinha uma feição adulta, diferente das bonecas da época. Assim, sua imagem sempre foi a de uma top model, símbolo de beleza refinada e juventude. Encomendada ao designer Jack Ryan, em 1958, a boneca foi lançada oficialmente na Feira Anual de Brinquedos de Nova York em 9 de março de 1959.

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No centro, a Barbie número 1, de 1959: com 340 mil unidades vendidas a little doll virou referência fashion para estilistas de todos os tempos

Com o preço de 3 dólares por unidade, foram vendidas 340 mil bonecas do primeiro exemplar da hoje famosa boneca. Após o sucesso de vendas foram criados outros modelos de Barbie, que logo ganhou uma família: em 1961 chega seu namorado Ken, que sempre acompanhou a moda de época, e variava o corte do cabelo de acordo com o estilo mais moderno. O fenômeno Barbie também foi a primeira boneca a ser maquiada e a receber acessórios. Continuou a sua trajetória em 1960, lançou novos modelos cada vez mais inspirados na moda contemporânea. Em 1962, vestiu-se de Jacqueline Kennedy, exemplo de elegância e bom gosto, com o famoso tailleur rosa. Em 1965, ela recebeu pernas flexíveis. Em 1968, seu rosto ganhou um aspecto ainda mais jovem, com longos cílios e olhos azuis. Fechando a década, roupas floridas, estampas psicodélicas, grandes óculos e uma nova amiga, a primeira boneca negra, Christie. Também começaram a ser criadas as bonecas de lingeries. Durante os anos 1970, foi criada mais uma “amiga” da Barbie, Stacy. E a Barbie inspirada pela juventude e moda da época adotou um visual hippie. Foi criado também o estilo Malibu em 1971, com cabelos louros e claros e a pele bronzeada. Ken também ganhou uma versão John 44

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FOTOS: MERCEDES-BENZ FASHION WEEK

No sentido horário, a Barbie de cada estilista no Mercedes-Benz Fashion Week: Juicy Couture, Rachel Roy, Naeem Khan, Louboutin e BetseyJohnson

Travolta, inspirada na onda Disco e no filme Embalos de Sábado à Noite. O casal encarnou várias celebridades da época, a bordo de seu novo carro, um modelo rosa-choque esportivo. Em 1972, ela ganhou um trailer, passaporte para uma vida mais próxima à natureza, com suas saias de retalhos e vestidos românticos estilo Laura Ashley. Os anos 1980 foram marcados pelo glamour e mistura de proporções das roupas. Barbie apareceu em versão seriado Dallas com muito glitter e lábios vermelhos. As roupas foram marcadas por transparências e mangas bufantes. A maquiagem tornou-se mais obrigatória e a Barbie ficou mais glamurosa. Foi nesse período que foi iniciada a produção de bonecas para colecionadores. Em 1980, teve início a coleção étnica, com as bonecas vestidas com roupas típicas de vários países. Em 1990 apareceu dirigindo uma Ferrari, se divertindo, cantando e dançando. Seus ca-

belos estavam mais compridos do que nunca e suas roupas cada vez mais sofisticadas. Em 1992, sempre politicamente correta, ela se candidatou à presidência dos Estados Unidos. Em 1996, ganhou uma amiga paraplégica, Becky, que vinha com uma cadeira de rodas. No mesmo ano, foram lançados exemplares com rostos de modelos famosas, como Naomi Campbell. Sempre acompanhando os momentos sociais, ela chega ao ano 2000 mostrando que é uma mulher moderna, que trabalha e possui acessórios como telefone celular e computador. Em 2003, a Mattel lançou uma linha paralela da Barbie, a My Scene. A boneca ganhou uma cara mais jovem e moderna, tudo para conquistar as meninas que preferiam bonecas mais ousadas, como as Bratz. A partir de 2006, a Barbie vem ganhando um novo perfil, mais adolescente, que adora esportes e moda, claro. MAGAZINE

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HISTÓRIA DA MODA

Alan Flusser Ele é o homem responsável pelas roupas do personagem Gordon Gekko representado por Michael Douglas no filme Wall Street. Autor de quatro livros sobre dressing e style masculino é um dandy no sentido original da palavra, um homem que ama tanto as roupas, como vestir-se com estilo

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s pessoas aprendem a se vestir bem pela observação de outras que já se vestem bem. Parece tão fácil, e é. Porém, em nossos tempos modernos, o número dos que andam bem vestidos diminui constantemente. Chegouse a ponto de que algumas grandes lojas de moda passam uma época muito difícil ensinando a seus empregados a se vestirem bem por causa de uma carência de exemplos adequados onde podem aprender. De fato, permanecem apenas uma centena de lojas de departamentaos nos Estados Unidos onde você poderá contar com o gosto tanto do estabelecimento, como do seu corpo de funcionários, para lhe orientar convenientemente em uma introdução à roupa clássica. Os únicos outros recursos disponíveis são lojas, muitas das quais não têm atualmente o compromisso (ou a habilidade) de ensinar homens a se vestirem com estilo e de forma contínua. Talvez isso seja o motivo pelo qual essa época do designer dure tanto. Similarmente à escrita fantasiosa, inexiste a necessidade de pesquisa ou análise (ou mesmo gosto) da parte dos designers em aparecer com modas “originais”; simples fantasias da imaginação bastam para justificar novos, e frequente46

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O ingrediente mais importante das roupas e do vestir-se bem está no conforto, depois vem qualidade, design e finalmente a escolha da cor

mente caros, visuais. Portanto, por enquanto, exceto se um homem for fanático por roupas e estilo, é um pouco difícil aprender o fundamental. E o fundamental, afirma Flusser, é realmente tudo. Embora o fundamental devesse, teoricamente, ser extraordinariamente fácil para qualquer homem aprender, a informação não se encontra imediatamente disponível. Assim, aquilo que seria fácil de obter tem se tornado extremamente difícil descobrir. Na realidade, alguém deve se constituir em um verdadeiro estilo egiptólogo escavando (em sua singular roupa de cor de baunilha escura com três botões na frente) tumbas e templos de alfaiates abandonados há muito tempo. Vivemos em um mundo onde há tantas visões diferentes sobre o que constitui roupa adequada que encobre a mente que tenta determinar em que direção ir ou como asseverar um sentido de consis48

tência. Contudo, todos os estilos masculinos feitos sob medida se originam no ponto comum de se usar uma camisa e gravata, mesmo se o estilo alcançado no final por um homem seja sem gravata. Assim, parece plausível que um ponto inicial gire em torno do fundamental de ter todos fazendo isso bem para eles mesmos. A presunção é de que a grande maioria dos homens sérios deseja se vestir de forma que os faça parecer inteligentes, e não tolos. Daí o porquê de ser melhor ter um visual único para homens, que eles possam usar como uma paleta para misturar suas próprias tintas. De acordo com Flusser, a revolução do negócio casual aparentemente acabou. Mesmo a própria indústria da moda se encontra satisfeita por se livrar daquela armadilha do vestuário só por causa das dificuldades que já enfrentou na tentativa de ensinar

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Todos os estilos masculinos feitos sob medida se originam no ponto comum de se usar uma camisa e gravata

aos homens como usar convenientemente camisa e gravata básicas. Para piorar as coisas, a indústria descobriu que era muito mais difícil ensinar homens (e de fato definir em suas próprias mentes profissionais) os fundamentos do negócio casual. O negócio casual não possui uma sólida linhagem e há de surgir itens tanto casuais, como do tipo executivo de uma vez. De onde eram os conhecedores para essa chegada? Agora entendemos que para estar na moda não basta somente comprar roupas, mas também envolve aprender a escolher roupas adequadamente e vestir-se bem. Flusser sustenta que o conhecimento histórico das origens (ou o desenvolvimento de roupas) é sem sentido e de pouco interesse para o homem moderno que deseja vestir-se bem e de maneira eficiente para os seus propósitos. Há por um lado certas coisas “do momento” que precisam ser discutidas, o que faz com que a silhueta (o padrão e a escala do corte) pareça boa no usuário e permaneça válida por mais tempo. Adicionalmente, a cor do cabelo do homem e 50

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FOTOS: COLEÇÃO MASCULINA CALVIN KLEIN / MERCEDES-BENZ FASHION WEEK. TRADUÇÃO MONICA NEHR

Todos os estilos masculinos feitos sob medida se originam no ponto comum de se usar uma camisa e gravata

a pigmentação influenciam nas cores e combinações que parecerão bonitas nele. E ao ver que se parece bem em certos itens, isso servirá para incentivá-lo mais no sentido de continuar na caminhada para desenvolver sensibilidades sobre o vestir-se bem. Normalmente, esse tipo de conselho sobre estilo chega somente àqueles que gastam fortunas de dinheiro em roupas. Porém, Flusser acredita que isso é uma vergonha e que tal informação deveria estar imediatamente disponível a qualquer um. Essa é a razão pela qual ele está oferecendo um serviço mais disponível de roupa sob medida que inclui aconselhamento sobre roupas que complementam o visual e o usuário. Flusser espera que jovens aprendam a comandar seus próprios destinos quando precisarem escolher artigos de vestuário nos padrões, fabricações e cores adequadas.

Será que Flusser pensa que ter uma grande variedade de roupas, ou ser capaz ou querer usar uma grande variedade de roupas faz de alguém um bom usuário? Sim, desde que a pessoa tenha renunciado ao mantra do fundamental. Além disso, o ingrediente mais importante das roupas e do vestir-se bem está no conforto, seguido de adequação e estilo da ocupação de alguém, depois vem qualidade, design da roupa em si e finalmente a escolha da cor (dependendo da coloração específica da pessoa que vai se vestir). Tudo o que você realmente necessita fazer para se tornar um homem de estilo é ler os primeiros quatro capítulos do seu último livro que tem como título Dressing the Man para invocar corretamente e bem os elementos do vestir-se, nesta época do desvestir plebeu. MAGAZINE

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POWERFUL BRAND

O BRANCO NA CASA DE

CHANEL “Camélias, orquídeas, jacintos, tulipas; as flores, elas, são bem-vindas. Com a condição de que sejam brancas, pois com o branco a gente nunca erra” — [Gabrielle Chanel]

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branco é uma das cores favoritas de Mademoiselle Chanel. O preto e o branco, normalmente associados, são as cores base das suas criações mais conhecidas. Nos anos 1920, o pequeno vestido preto com pérolas, camélias e colares… Tudo em branco. No ano de 1921 é lançado o perfume Chanel N°5, com embalagem branca com borda em preto, etiquetas brancas e pretas. Já em 1924, a maquiagem, e depois a linha de beleza (1929), embalagem e garrafas pretas e brancas. Nos anos 1950 a jaqueta em tweed branca com bordas pretas (os primeiros desenhos apareceram em 1938). Em muitas imagens, Chanel aparece vestida de branco, seja para o dia (tipo esportivo ou casual) ou para

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as ocasiões elegantes. Em 1923, a revista Vogue da França descreveu a vestimenta que ela usava à tarde: “Para o traje de gala do Diaghilev, Gabrielle Chanel se vestiu, toda em branco, com uma cascata de pérolas”. Em agosto de 1929, quando Serge do Diaghilev estava agonizando em Veneza, Chanel e Misia Sert foram ao seu leito de morte. Boris Kochno, secretário do Diaghilev, escreveu suas últimas palavras: “Elas eram tão jovens, vestidas de branco! Elas eram tão brancas!” No dia do enterro, Gabrielle Chanel e Misia Sert, em honra às suas palavras, vestiram-se de branco. A coleção Chanel de alta costura primavera-verão 2009 está indubitavelmente sincronizada com nosso tempo. Branca, com toques de preto, sóbria e gráfica, ela extrai a característica de exuberância do

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Da perfeição dos cortes até o último milímetro à seleção minuciosa dos bordados, nada é descuidado. A silhueta é leve e, ao mesmo tempo, gráfica e flexível

blingbling, para impor o que Karl Lagerfeld chama de “uma nova modéstia”. Na intimidade do pavilhão Cambon Capucines, transformado em uma área VIP para essa ocasião especial, Keira Knightley, embaixatriz do perfume Coco Mademoiselle, Olga Kurylenko, a nova garota James Bond, Laura Smet, Kanye West, e Anna Mouglalis, embaixatriz da Chanel e intérprete da Mademoiselle no filme Coco et Igor sentaram-se ao redor de pequenas mesas redondas, cobertas com rendas de papel branco. Imaculado e dobrado, o papel branco anima a decoração com magnificência. Enormes arranjos florais, como esculturas efêmeras surgindo de um gigantesco livro animado, enfeitaram a sala e desciam em cascatas ao longo das colunas e da rampa da escada utilizada pelas modelos. Quando Karl Lagerfeld imagina uma silhueta, ele visualiza instantaneamente seu ambiente. E a sinergia entre a coleção e a decoração é evidente. Inspirando em livros pop-up, ele afastou a 54

ideia lúdica e frágil dos quadros em 3-D, sobre os vestidos, as jaquetas e os penteados das modelos. Todas têm penteados compostos de camélias, anêmonas, folhas, plumas, ramos e outras formas vegetais. Associar a nobreza de materiais como o tweed, a musselina, a organza ou o cetim, com o aspecto delicado de uma folha de papel, eis aqui a ideia que Karl Lagerfeld estabeleceu como seu desafio. “Se me perguntarem qual é o material que prefiro no mundo, diria que é o papel, porque para mim o papel é o princípio. Não me lembro de ter desenhado sem papel. Há um contato físico com o papel, que não explico e não tenho necessidade de explicar, e para mim é muito importante. Não posso funcionar se não tenho esse espaço de conexão entre meu ser e o papel. É verdadeiramente meu meio de expressão. Não posso fazer nada se não for por meio do papel.” Brancas ou de cor marfim, as silhuetas monocromáticas deixam lugar para concentrar-se nos cortes

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TRADUÇÃO MONICA NEHR

“As camisas brancas e os quimonos os desenhei eu mesmo. Sou fã das camisas. É quase uma doença” — [Karl Lagerfeld]

e nos detalhes de bordados trabalhados, ton sur ton ou em degradês sutis: cristais, pedrinhas, adornos de passamanaria pendentes ou lentejoulas translúcidas. O leitmotiv da coleção, uma pequena capa removível que Karl Lagerfeld chama de berthe geometrique embala e mostra os ombros. Os bordados e detalhes são sugeridos em vez de ser revelados. E o tweed, o tafetá, a musselina, a guipure e a organza definem o novo sentido da sedução. A combinação de materiais delicados e desenhos minimalistas dão a essa coleção do Haute Couture todo seu refinamento e leveza. Isso é o que significa o allure 2009 para Lagerfeld, o qual ele chama “da nova modéstia”. Se Karl Lagerfeld autorizar o uso de toques de preto, é para ressaltar a cintura e refinar a silhueta arquitetônica, jogando com os contrastes e os efeitos gráficos. Os tweeds e acabamentos trançados tam56

bém tomam o aspecto do papel, e dão a ilusão de uma simplicidade remarcável. “O papel é um material muito simples. A maison Lesage os transformou no material mais precioso”, explica Karl Lagerfeld. Uma rapsódia em branco e preto, que ecoa da Mademoiselle Chanel, que afirmava que “as damas pensam em todas as cores, menos na ausência da cor. Tenho dito que o preto tem tudo. O branco também. Eles são de uma beleza absoluta. É o acordo perfeito. Veste as garotas em branco ou preto preto em um baile: só terão olhos para elas.” Nessa temporada, Lagerfeld aposta em uma coleção imaculada e acrescenta: “Nesses tempos agitados, essa página branca me permitiu escrever algo novo”. Entretanto, para aqueles que ainda não estão preparados para virar a página, recomenda que “esses vestidos podem ser feitos de todas as cores”. Ele propõe, o cliente dispõe.

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arts dĂŠcoratifs

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EXPOSIÇÃO

Arts Décoratifs POR BLUMA DE MORAES

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unca, até então, a joia vanguardista do período Art Déco havia sido objeto de uma exposição. Essa manifestação, organizada pelo Arts Décoratifs, reúne mais de 300 joias e objetos de ourivesaria dos anos 1930, sem contar fotos e desenhos. A maioria delas faz parte de coleções particulares francesas e estrangeiras. Os artistas foram reunidos de acordo com a modernidade de suas criações: o trabalho de Jean Després, Jean Fouquet, Gérard Sandoz, Raymond Templier, Jeanne Boivin, Suzanne Belperron e o decorador Jean Dunand. Durante o “entre guerras”, Paris brilha. Em matéria de luxo, é a capital do mundo ocidental. A cidade acolhe as manifestações que marcariam os espíritos: a Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas, em 1925, e a Exposição Internacional de Artes e Técnicas na Vida Moderna, em 1937 – duas festas grandiosas que marcaram esse período como Art Déco. Então, em 1928, Jean Després, ourives e joalheiro, teve cerca de 30 joias negadas de participar do Salão de Outono, cujos organizadores acharam as peças muito “modernas”. E é a modernidade, justamente, que a exposição explora. Uma modenidade que se traduz no grafismo das joias, nos temas escolhidos e nas matérias-primas usadas. Essa geração de joalheiros se inspirava nas correntes artísticas da época ou em artistas como Fernand Léger ou Sonia Delaunay, mas também no cubismo, no futurismo e no construtivismo russos. As formas são puras e arquitetônicas. As linhas, geométricas. Os objetos são tratados como esculturas.

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Pendente-broche de Jean Després, 1932. De prata, ouro, ônix e laca. Musée de l’Avallonnais, Avallon

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Bracelete de Jean Després, 1931. De prata, ouro, laca e amazonite. Coleção particular

É a vida contemporânea que anima esses joalheiros, não o passado. Eles são estimulados pelo progresso da ciência. Eles glorificam a mecânica e valorizam a rapidez. A cidade e sua vitalidade sugerem uma nova estética. A expedições aeronáuticas, as corridas de automóveis, as competições esportivas, o jazz são, então, a inspiração que dita a linha das joias, da decoração das cigarreiras e dos nécessaires, acessórios indispensáveis para as mulheres emancipadas nesses anos loucos. As criações também são modernas por seus materiais. Para substituir o ouro branco ou a platina, os joalheiros recorrem a matérias-primas mais acessíveis. Introduzem o uso de pedras finas menos caras, como a ametista, o topázio e o citrino, e as usam em grande quantidade a fim de serem admiradas à distância. Outros materiais até então considerados inusitados passam a ser 60

empregados: prata, níquel, cromo, aço inoxidável, alumínio e laca. Braceletes e anéis são esculpidos com cristal de rocha e outras pedras. Bem representadada na coleção do Arts Décoratifs, a obra de Jean Després (1889-1980) abre a exposição. É a primeira vez que tem uma exposição em sua homenagem. Cento e oitenta objetos, joias e peças de ourivesaria, assim como numerosos desenhos e documentos, ilustram os diferentes aspectos de sua produção. Ali estão as “joias motores” dos anos 1930, inspiradas na estética industrial (biela, engrenagem, roda dentada); as bijouxglaces de prata e vidro, criadas entre 1929 e 1934 em parceria com o pintor Etienne Cournault; as joias-cerâmicas, de 1937, feitas com o ceramista Jean Mayodon. Também estão na exposição peças de arte de mesa, objetos litúrgicos, releituras que o ourives realizou durante os anos 1960.

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Anel meio-globo de Gérard Sandoz, Paris, 1928. De ouro, prata, esmaltes vermelho e preto. Coleção Jean-Pierre Malga, Paris

Após essa apresentação, uma seleção de obras do decorador Jean Dunand (1877-1942), onde os famosos colares “girafa” e braceletes, inspirados na arte africana, foram usados pela cantora Joséphine Baker e pela modista Madame Agnès, tão elegantes quanto originais. Uma homenagem a Paul Bablet, Siegfried Boès, Paul Brandt, René Robert, personagens marcantes das grandes manifestações no período entre as duas guerras e que logo foram esquecidos, encerra essa primeira parte. O público descobre, ao final da visita, três criadores, Gérard Sandoz (1902-1995), Jean Fouquet (1899-1984) e Raymond Templier (1891-1968). Os três fazem parte de uma dinastia de joalheiros renomados, estabelecidos em Paris no século 19. Eles representam a terceira e última geração. Criando modelos para suas casas familiares, eles implementaram um ino-

vação determinante. Esse trio de joalheiros adere, em 1929, à U.A.M. (União dos Artistas Modernos), uma associação, presidida pelo arquiteto Robert Mallet-Stevens, que luta em favor da vanguarda e reúne criadores originários de diversos horizontes. A carreira de Gérard Sandoz na joalheria é breve, mas brilhante (ele a troca pelo cinema em 1931). Suas criações, repletas de linhas abstratas, se distinguem por seu aspecto monumental e escultural. Jean Fouquet, dotado de uma imaginação incansável, é capaz de criar, no mesmo ano, 1931, um bracelete roulements à billes (como se fosse de pequenas bolinhas que se mexem) de ébano e metal cromado e a mais delicada das pedras, um cristal de rocha incrustrado de cabochons de ametista e pedra da lua. Quanto a Raymond Templier, temos em seu sobrenome “o arquiteto da joalheria”. Atraído pelo equilíbrio, ele gosta de trabalhar MAGAZINE

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Bracelete Roulement à Billes de Jean Fouquet, Paris, 1931. De metal cromado. Musée des Arts décoratifs et de l’Art Moderne (MADAM), Gourdon

com as oposições entre o preto e o branco, o mate e o brilhante, com regiões escuras e luminosas. Outra característica constante de sua obra: ele curva (entorta) o metal para que, dessa maneira, reflita o brilho das pedras e intensifique a luminosidade. A sala seguinte reúne as mulheres da joalheria. A maison Boivin, fundada por René Boivin em 1890, foi retomada, depois da morte deste, por sua esposa Jeanne, nascida Poiret. Suas joias são atemporais, notadamente os braceletes tranche (fatia), feitos de diversos materiais, de madeira a metal cromado. Seus anéis e braceletes de pedras preciosas encantam por parecerem atuais. Suzanne Belperron (1900-1983), depois de ter passado mais de dez ano na maison Boivin, de 1919 a 1932, trabalha para o marchand 62

de pedras Bernard Herz. A audácia de seus modelos misturam cristal de rocha, calcedônia ou quartzo fumê com pedras preciosas e seduz personalidades da moda e das ares, como Elsa Schiaparelli, estilista da alta-costura, e a jornalista Diana Vreeland. A apresentação acaba com as tradicionais casas de joalheria que não ignoraram a modernidade. Algumas desapareceram, como a Lacloche et Dusausoy, que ficou na história com uma joia espetacular, com combinações e transformações de platina e brilhante, podendo ser usada de 27 maneiras direntes. Enfim, Boucheron, Cartier, Mauboussin, Van Cleef & Arpels, são reconhecidos por suas joias Art Déco inspiradas em civilizações antigas. O visitante descobrirá mais criadores vanguardistas.

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Anel motor de Jean Després, 1930. De prata. Musée des Arts Décoratifs, Paris

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NO PAIN. NO GAIN MOMENTOS MEMORÁVEIS DO FUTEBOL AMERICANO POR FRAN OLIVEIRA

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nova-iorquino Neil Leifer começou a fotografar eventos esportivos quando era um adolescente. Leifer fotografou mais de 150 capas para Sports Ilustrated, publicou livros com suas fotografias e ocupou o posto de fotógrafo de equipe na revista Time. Embora mais conhecido por sua foto-símbolo de Muhammad Ali de pé sobre o estendido Sonny Liston, e pela enorme diversidade de matérias que cobriu, tanto dentro, como fora do mundo dos esportes, Leifer considera as fotos de futebol como as suas preferidas. Em 1958, ele tirou

a foto que permanece até hoje como uma das suas mais famosas. No dia em que fez a foto – o ponto que Alan Ameche marcou causando a “morte súbita” no jogo em que o Baltimore Colts venceu – Leifer estava completando 16 anos. Este jogo, chamado The Greatest Ever Played marcou o aparecimento do futebol como o mais novo passatempo nacional da América. Estádios que anteriormente tinham metade da capacidade ocupada passaram a receber grandes multidões à noite, ao passo em que o futebol ultrapassava o pró-beisebol e o futebol universitário nas classificações efetuadas em redes nacionais de televisão. De MAGAZINE

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No alto, Browns x Colt no Cleveland’s Municipal Stadium. À esquerda, Neil Leifer. À direita, Terry Bradshaw: primeiro jogador draftado, em 1970

início, em certo domingo, Leifer estava muito provavelmente fotografando um jogo de futebol em algum lugar da América. A sua foto de 1961, do legendário zagueiro dos Giants Y.A. Tittle jogando por trás para efetuar o passe, proporcionou-lhe sua primeira cobertura para a revista Sports Illustrated e pavimentou a sua relação próxima com o esporte. Guts & Glory: Golden Age of American Football, da editora Taschen, representa o melhor do melhor de Neil Leifer. Selecionadas a partir de 10 mil rolos de filme sobre o esporte, incluindo centenas de fotos an66

teriormente não divulgadas, as imagens são, simplesmente, emocionantes. É impossível imaginar Peyton Manning pairando sobre uma fogueira improvisada nas linhas laterais durante uma nevasca, mas Leifer captou os Giants do quarterback Y. A. Tittle fazendo exatamente aquilo durante o jogo mais frio que sua memória pode lembrar (o Campeonato de 1962, em Nova York, um jogo “muito mais frio do que o famoso Ice Bowl”). Eles estão todos lá, desde a dinastia dos Green Bay Packers de Vince Lombardi até a temporada perfeita dos Miami Dolphins em 1972.

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O quarter back Joe Namath observa o movimento de seus receptores para fazer o lanรงamento perfeito

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TRADUÇÃO MONICA NEHR

Janeiro de 1967, cheerleaders do Dallas Cowboys: primeira aparição em um jogo de campeonato

De acordo com uma apresentação montada a partir dos melhores artigos de época sobre futebol – de autoria do famoso colunista de esportes Jim Murray –, Guts & Glory: Golden Age of American Football está dividido em quatro capítulos: On Any Sunday é a homenagem de Leifer ao jogo. The Legends inclui heróis como Johnny Unitas, Jim Brown, Terry Bradshaw, Joe Namath, Dick Butkus, Frank Gifford e “Mean” Joe Greene. The Bosses investiga as vitórias no campo e fora dele de treinadores inesquecíveis como Vince Lombardi, John Madden, Tom Landry, Weeb Ewbank e outros. Finalmente, The Big Game acompanha os maiores jogos do campeonato desde 1958 até o Super Bowl XII. As tomadas em profundidade colocam as imagens em seu contexto histórico, tornando o livro altamente acessivo e informativo. 68

Leifer viajou pelo mundo inteiro em missões esportivas. Ele fotografou 15 Jogos Olímpicos (sendo sete de inverno e oito de verão), quatro Copas do Mundo de Futebol, 15 Páreos do Kentucky, um sem-número de jogos de Séries Mundiais, os primeiros 10 Super-Boliches e cada luta importante do título de pesos pesados desde que Floyd Patterson derrotou Ingemar Johansson e reconquistou o título em 1960. Ele fotografou seu ídolo Muhammad Ali em quase 60 lutas em diferentes ocasiões e mais de 20 sessões de fotos. Na medida em que Neil Leifer agora dedica quase 100% do seu tempo produzindo e dirigindo filmes, existe uma grande chance de que você venha a vê-lo ao lado de um ringue, com a câmera na mão, em alguma grande luta do campeonato dos pesos pesados. “Este é um dos esportes que eu ainda gosto de fotografar.”

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L OS CERROS, PATAGÔNI A EXPERIÊNCIA ÚNICA QUE COMBINA AVENTURA E CONFORTO

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No restaurante, a carta de Los Cerros resgata os autênticos sabores da Patagônia e os realça com os melhores vinhos do mundo

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os Cerros está estrategicamente localizado sobre um mirante natural ao pé da colina Dos Cóndores, na frente do rio De Las Vueltas e da cidade do Chaltén, dentro da Área de Reserva Nacional do Parque Nacional Los Glaciares. Cercado pela natureza selvagem e exuberante, o Hotel Los Cerros se eleva obtendo uma relação harmônica entre a paisagem montanhosa e a arquitetura moderna. Lá fora, pedra, madeira nativa e tetos de chapa pintados de vermelho. Dentro, tecnologia e móveis confortáveis. Paredes que imitam as incríveis cores do fim da tarde da Patagônia Sul. Estofados em tons neutros, móveis de madeira, chaminés, peças artesanais e a paisagem, sempre presente e dominando todos os ambientes através das amplas janelas. O salão principal com poltronas e chaminé convidam à leitura, ao descanso ou

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a desfrutar de uma taça compartilhada com amigos. As áreas comuns, amplas, iluminadas e coloridas, incluem salas de leitura, vídeo e jogos. Ao final do dia ou logo depois de uma excursão inesquecível, você poderá entregar-se ao relax, desfrutando da hidromassagem, sauna ou de uma sessão de massagens. Com entradas, drinques e bebidas o bar será o centro da atividade quando o reflexo de pôr-do-sol sobre o Fitz Roy marcar a hora do happy hour. Licores regionais à base de frutas vermelhas e “calafate”, a mística fruta local, asseguram que “quem prova o calafate sempre volta”. No restaurante, a carta de Los Cerros resgata os autênticos sabores da Patagônia e os realça com os melhores vinhos do mundo. Os 44 quartos do hotel estão distribuídos em três andares e decorados com uma aconchegante simplicidade que harmoniza com o ambiente, obtendo o máximo

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Río de las Vueltas: bosques de um verde vivo graças a um microclima úmido e relativamente temperado

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Simplicidade que se harmoniza com o ambiente. As grandes janelas integram a paisagem montanhosa como elemento decorativo

conforto em um ambiente íntimo que convida ao descanso. Suas grandes janelas integram a paisagem montanhosa como elemento decorativo e permitem uma linda vista do Río de las Vueltas e da cidade do El Chaltén. Aproveite El Chaltén a partir de uma localização privilegiada que permitirá explorar os principais circuitos que começam a metros do hotel. Os índios tehuelches, que adoravam o Fitz Roy, confundiram com fumaça as nuvens que costumam coroar seu topo. E o batizaram Chaltén, que significa vulcão ou “montanha que fuma”. El Chaltén – ou Fitz Roy conforme o homem branco – é uma das poucas montanhas das quais conhecemos o nome dado pelos primitivos habitantes da Patagônia, que adoravam esse imponente maciço de granito. 74

A cidade do Chaltén foi fundada em 1985 em uma área de conflito e pouco povoada como ato de senhorio da Província da Santa Cruz sobre seu Território. Os inconvenientes limítrofes com a vizinha República do Chile, na zona do Lago do Deserto, foram resolvidos definitivamente no ano de 1994, quando um jurado internacional deu ganho a favor da Argentina. Hoje essa minúscula e jovem cidade está localizada no vale do Río de las Vueltas, aos pés da colina Fitz Roy, e está crescendo a passos gigantescos graças ao auge do turismo de aventura. Além dos andinistas, que todos os verões aparecem atraídos pela fama da legendária Montanha Sagrada – o Fitz, de 3.405 msnm, e a Torre, de 3.128 msnm, estão entre as montanhas mais difíceis de escalar do mundo – o Chaltén é um paraíso para

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O Fitz Roy, de 3.405 msnm, e a Torre, de 3.128 msnm, estão entre as montanhas mais difíceis de escalar do mundo

os amantes das caminhadas com certo grau de dificuldade. Oferece um amplo leque de circuitos num local de arrebatadora beleza natural, onde as agulhas graníticas dos maciços Torre e Fitz Roy compõem um panorama imponente. Imperdível a excursão para navegar pelo lago Viedma, observando o maciço do Fitz Roy e do Huemul, até o flanco da geleira Viedma, onde se pratica um fascinante trekking sobre o gelo visitando as famosas cavernas geladas dessa geleira, o maior de todos os que se desprendem do Hielo Continental Patagónico. Do hotel Los Cerros saem atalhos para os encraves mais destacados: lagoa e geleira Torre, lagoa Capri, geleira Piedras Blancas e Chorrillo del Salto. Todos têm diferentes graus de dificuldade. Por exemplo, para chegar à Lagoa de los Tres, terá que subir

durante quase cinco horas. Exaustivo, mas com o prêmio de uma das melhores paisagens do planeta. Romântico e bastante mais relaxante, o passeio ao Lago del Desierto chega ao vale que forma o Río de las Vueltas até sua nascente. A paisagem é uma sedutora combinação de cascatas, montanhas nevadas e bosques de um verde vivo graças a um microclima úmido e relativamente temperado. Navegar esse belo lago é um programa que inclui sensacionais panorâmicas do Fitz Roy, o cordão Vespigiani e a geleira Huemul. Existe também a possibilidade de se aproximar dessa geleira caminhando durante umas duas horas entre tupidas florestas de lengas e ñires (árvores típicas da região). O passeio inclui vários mirantes naturais com vista ao lago e ao maciço do Fitz Roy. MAGAZINE

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CIDADES E BAIRROS

East End, Londres Antigo reduto de prostitutas e imigrantes pobres, o bairro renasceu e hoje fervilha aos fins-de-semana com seus mercados, galerias de arte, gastropubs e hotéis mais que transados POR ALEXANDRA FORBES

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esde minha adolescência, a Londres que eu conhecia e adorava era delimitada por Knightsbridge ao sul, Mayfair ao norte e Notting Hill ao oeste. Meu pai sempre se hospedou no vetusto The Connaught, no coração old-fashioned de Mayfair. Era por ali que eu andava, comprava cashmeres e geleias e saía para jantar. Sabia, claro, que existia vida humana mais ao leste, mas confesso que jamais tinha me aventurado além da St. Paul’s Cathedral, na ponta da City, o distrito financeiro. De repente, ouvi contar de uma nova Londres em plena ebulição, justamente naquela “zona leste” que praticamente não constava no meu mapa de viagem. Amigos me contavam de gastropubs imperdíveis, bares cheios de personalidade, hotéis de design e novidades mil. Já sabia que o restaurante Fifiteen, do chef Jamie Oliver (apresentador do excelente programa

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de televisão The Naked Chef ) ficava por ali também. Quando a revista Gourmet, que proclamou Londres “o melhor lugar para se comer no mundo hoje em dia”, elegeu o East End como o pedaço mais vibrante e dinâmico da cidade, resolvi conferir in loco. De Heathrow, meu táxi cruzou a cidade inteira rumo ao leste. Era um fim de tarde em uma sexta-feira, e o East End – que durante a semana é uma extensão da City - parecia um formigueiro de engravatados falando ao celular, apressados para pegar o tube ou tomar um pint de cerveja em um pub. Quando fiz o check-in no histórico hotel Andaz, tinha gente saindo pelo ladrão no pub da esquina. No entanto, na manhã seguinte, aquilo parecia outro planeta, uma paz de igreja. Descobri que é sempre assim: nos fins-de-semana aquele pedaço se transforma. Engravatados desaparecem, as ruas silenciam. E depois do almoço, pouco a pouco, surgem artistas, designers, fotógrafos e modernidade em geral.

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FOTOS: BRITAINONVIEW

East End: o programa perfeito de domingo começa no Spitalfields Market, que, como a Brick Lane, era caído e brega e hoje virou hype

O silêncio e as lojas fechadas enganam. É preciso saber achar o verdadeiro East End despido da roupagem yuppie. Galerias de arte iconoclastas e gastropubs premiados pela crítica se escondem em ruelas e becos. Aquilo ali não é nenhum Piccadilly Circus cheio de cinemas, luminosos, turistas e ambulantes. As ruas mais charmosas são difíceis de achar. Minha favorita, a Charlotte Street, tem bons restaurantes, um cabeleireiro transado, galerias e até um centro de artes patrocinado pelo príncipe Charles. Entretanto, de tão pequena não estava, literalmente, no mapa! O pedaço mais agitado do East End fica na Brick Lane (que é uma rua de tijolinhos) e arredores. Também conhecida como corredor do curry, dezenas de restaurantes de comida indiana se espremem em poucos quarteirões, ao lado de lojinhas de bugigangas e tecidos importados de Bangladesh, de onde vem a maioria do pessoal que vive e trabalha ali. Mas se dez anos atrás a Brick Lane não passava de uma rua 78

de comércio pobre povoada por imigrantes, e prostitutas – foi por ali que Jack, o Estripador matou suas vítimas, há mais de século –, hoje os bazares étnicos dividem espaço com cafés e barzinhos superdescolados e butiques antenadas. Aos sábados e domingos, o sonzão brega indiano se mistura com batidas de house, e a galera jovem perambula comprando coisinhas, comendo pizza de massa fina na rua e fazendo festa até alta madrugada. O programa perfeito de domingo começa no Spitalfields Market, que, como a Brick Lane, era caído e brega e hoje virou hype. Estandes vendem um pouco de tudo: camisetas, chaises-longues, bolsas, bolos, churrasco, colares, bombons. Tem coisa de ótima qualidade a preços bem melhores do que os cobrados em Knightsbridge ou Notting Hill. Dá para almoçar ali mesmo por quase nada (de curries tailandeses a crepes recheadas), mas muita gente prefere atravessar a rua e comer no St. John Bread & Wine, conhecido pelo minimalismo da

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comida nouvelle English e do décor. Há que reservar mesa, se não quiser terminar como eu, encarapitada em uma banqueta nada confortável de frente para um magro balcãozinho de inox (almoçar a dois metros do ator Gael García Bernal salvou meu humor). Outra faceta do “novo” East End foi o surgimento de bons hotéis. O antigo Great Eastern Hotel ganhou roupagem modernosa e reabriu sob a bandeira Andaz, do grupo Hyatt, com internet sem fio grátis e décor moderninho cinza e vermelho. Outro bacana é The Zetter, charmoso e colorido, cujos estofados exalam aura vintage. O Malmaison, parte de uma

CAMA THE ZETTER : 86-88 CLERKENWELL ROAD TEL.: 20 7324 4444, WWW.THEZETTER.COM Único no design bem-sacado, no uso divertido de luzes pink, tecidos mod, carpetes com estampa de papoulas gigantes, e muito vermelho por toda parte. Serviço nota mil. Se der, invista em um king superior, com janelões dando para uma pracinha. Imensa discoteca digital grátis, bolsa de água quente com capa tricotada à mão. ANDAZ: LIVERPOOL ST. TEL.: 20 7618-5000. WWW.ANDAZ.COM Antigo hotelão restaurado com gosto e bom humor, agora mescla velhos vitrais e outros detalhes de época com lounges modernos, um átrio interno, arte itinerante e quartos hi-tech. No térreo há quatro restaurantes. MESA EYRE BROTHERS: 70 LEONARD ST. TEL.: 20 7613 5346. WWW.EYREBROTHERS.CO.UK Coisa rara: os irmãos Eyre, proprietários, pegam no pesado – Robert no salão, e David no fogão. O resultado se vê na qualidade impecável da cozinha ibérica em que reinam marinadas fortes, bacalhau e muito alho. Cozinha rústica e clássica, décor com muita madeira e geometria à la Wallpaper.

pequena cadeia escocesa de hotéis, tem como trunfo a localização em uma linda praça semi-fechada onde quase não passam carros. Era o que faltava para tornar o bairro um destino em si. Com seus mercados, butiques, hotéis e gastropubs, só sai do East End para encarar as multidões na Londres mais turística quem quer. Eu me aventurei uma vez apenas, para ver uma mostra no National Gallery. Rapidamente tomei um táxi de volta. Um prato fumegante de porco assado com vagens me aguardava no Coach and Horses, um gastropub pertinho do Zetter que parece saído de um livro de histórias.

FIFTEEN : 15 WESTLAND PLACE, TEL.: (870) 7871515. WWW.FIFTEEN.NET As mesas nesse restô subterrâneo são disputadíssimas. O chef Jamie Oliver – celebridade graças a seus programas de cozinha na tevê – comanda uma equipe de jovens carentes treinados por ele. Considerando os preços salgados (menu degustação a 60 libras por pessoa sem bebidas nem serviço), deixa a desejar. ST. JOHN BREAD & WINE: 94-96 COMMERCIAL ST. TEL.: 20 7251-0848. WWW.STJOHNBREADANDWINE.COM Filhote do St. John, premiado restaurante que fez fama ao mostrar que comida inglesa pode, sim, ser gostosa. No Bread & Wine não há espaço para o supérfluo, como quadros, toalhas de mesa, flores nem pratos enfeitados. Peixes, carnes e saladas frescas são servidos sem frufrus, em um salão todo branco tipo refeitório escolar. Imprescindível fazer reserve. PARA VER GALERIA WHITE CUBE: 48 HOXTON SQUARE TEL.: 20 7930-5373. WWW.WHITECUBE.COM Primeira galeria de arte importante do pedaço, celebrizou Damien Hirst e botou o East End no mapa no início dos anos 90. Segue firme e forte.

LOUNGELOVER : 1 WHITBY STREET, T: 20 7012-1234. WWW.LOUNGELOVER.CO.UK Bar louquíssimo com décor alucinógeno, pertinho da Brick Lane. SPITALFIELDS MARKET: COMMERCIAL STREET WWW.VISITSPITALFIELDS.COM Mercado mais bacana do East End, que ferve aos domingos (fecha aos sábados) e vende um pouco de tudo. Dá para almoçar um curry tailandês nota dez por 3 libras. SMITHFIELD MARKET: 1 CHARTERHOUSE STREET Para foodies, esse mercadão de carnes – instalado ali há incríveis oito séculos – é fascinante. Uma reforma milionária do galpão vitoriano devolveu suas cores e seu lustre e o tornou limpíssimo e informatizado. Entre quatro e oito da manhã todos os dias se passa um espetáculo surreal de açougueiros de uniforme e capacetes brancos carregando vacas e porcos inteiros para lá e para cá, serrando patas e barrigas, com seus aventais manchados de sangue. STORY: 4 WILKES ST. Tel.: 20 7377-0313 Butique, bric à brac ou piro de artista? Você decide. Só abre aos domingos.

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Os fiordes da

NORUEGA Raros no mundo, eles são magníficas formações geológicas abundantes neste país escandinavo TEXTO E FOTOS

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omes exóticos como Sognefjorden, Geiranger e Flåm há muito povoavam minha mente com cenários de montanhas, canais estreitos e paredes verticais, que eu vira encantando desde crianças em revistas e enciclopédias. A vinda ao Brasil de um amigo norueguês, o fotógrafo Kjartan Maestad, só atiçou ainda mais essa história: ele vive a poucos quilômetros dos maiores fiordes do planeta. Durante 15 dias conhecemos vales profundos e paredes gigantescas, vilas bucólicas, estradinhas ziguezagueantes, montanhas nevadas e cachoeiras de 500 metros de altura precipitando-se sobre as águas dos fiordes. Em toda parte, a mais absoluta tranquilidade. Encontramos um passado histórico e estilo de vida muito bem preservados. Nada de pacotes turísticos: a região é servida por uma eficiente, discreta e charmosa estrutura hoteleira e gastronômica. Difícil imaginar um lugar assim. Saindo de São Paulo, depois de quase 48 horas trocando de vôos, chegamos à belíssima Bergen, nosso ponto de partida. Caminhar pelas ruas da segunda maior cidade da Noruega é uma festa para os sentidos. O point mais famoso é, sem dúvida, o Bryggen, uma sequência de casinhas coloridas de telhado inclinado a beira mar. Não perca a Viking Gallery, uma loja de roupas de inspiração viking. Outra atração imperdível, o Fish Market. Caminhar pelo mercado pesqueiro mais famoso da Escandinávia é uma deliciosa jornada gastronômica pelos mares do norte, onde degustamse pescados frescos, marinados, defumados, frutos do mar e quitutes feitos com fartura e variedade de ingredientes marinhos.

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Uma hora antes do anoitecer, ali do lado do Fish Market, pegue o Floybanen, o curioso trem funicular (unidos por cabos de aço, no esquema “sobe um e desce outro”), e suba o monte Floyan, de onde se tem uma visão dramática da cidade e do mar. Tudo lindo em Bergen, mas pegamos a estrada rumo a Laerdal, um trajeto de 225 quilômetros. O caminho é pontuado por fazendolas bucólicas com ovelhas branquinhas. Começam a surgir as primeiras grandes paredes rochosas. Chegamos à vila de Flåm no fim da tarde. De lá atravessamos o Laerdals Tunnelen, o mais longo da Noruega, com 24,5 quilômetros de extensão. Para ajudar os motoristas a não dormirem em um túnel perigosamente monótono, há transmissores que mantêm as estações de rádio funcionando e luzes coloridas em alguns pontos, para sacudir a mente. Em Laerdal, ficamos no Lindstrom, um hotel de casarios antigos em cujo jantar há um delicioso bufê de pescados. Visitamos o Salmon Center, um centro de pesquisa de salmões e museu deste peixe. É possível observar de perto “torpedos” com quase 1,5 metro de comprimento, através de vidros adaptados na lateral de um riacho, formando um aquário natural. Assim como o bacalhau, os salmões são também uma forte instituição no país, seu maior exportador mundial. Lá eles atingem dimensões avantajadas na natureza. Exemplares adultos ultrapassam os 20 quilos e mais de 1,3 metro de comprimento. Na manhã seguinte, subimos pela espetacular Snow Road Mountain, uma estradinha que serpenteia pelas encostas inclinadas e transpõe a montanha. O visual é de tirar o fôlego: lá embaixo, o majestoso Sognefjorden,

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Acima, vila de Aersdal, cercada pelas montanhas e às margens do Sognefjorde. Na página ao lado, Borgund Stave Church: intacta desde o ano

o segundo maior fiorde do mundo. Com 204 quilômetros de extensão do mar até seu final, é quase todo cercado por paredões que em certos pontos elevam-se mais de 900 metros acima do mar, e sua profundidade é impressionante: o fiorde, normalmente fundo, em alguns pontos atinge 1.308 metros de profundidade. Anos atrás escutei que a vida marinha no interior dos fiordes era escassa, que poucas espécies se adaptavam as águas escuras, frias e com pouco oxigênio. Ledo engano: há fartura de pescados e frutos do mar, oriundos do ambiente marinho natural e de fazendas de pescados, e a região possui uma surpreendente e apetitosa gastronomia marinha. Após vários visuais de tirar o fôlego, chegamos a um mirante de onde se tem uma visão impressionante do fiorde, com vilinhas as margens, quase 800 metros verticais abaixo. De Flåm fomos até a Bor84

gund Stave Church, uma igreja de madeira do século 12, que jamais passou por uma restauração. De lá rumamos para Solvorn. Depois de atravessarmos de ferry boat o Sognefjorden em um trecho “raso” – 800 metros de profundidade (!) –, chegamos ao nostálgico Walaker, um agradabilíssimo hotel à beira do fiorde, administrado pela família Walaker há nove gerações. De Solvorn seguimos para Jostedal, uma vila próxima do Glaciar Jostedalbreen, a maior geleira da Europa, com 487 quilômetros quadrados. Na manhã seguinte rumamos para Geiranger, uma vilinha charmosa de apenas 300 habitantes, cuja lei máxima é: “amar a natureza e gostar de seu vizinho”. Ficamos no Union, um confortável hotel com uma piscina envidraçada e aquecida de onde é possível apreciar uma enorme cachoeira despencando pela encosta inclinada na montanha em frente. Em pouco menos de

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A cidade de Alesund vista do mirante Fjellstua: o mais importante porto bacalhoeiro da Noruega

20 quilômetros de extensão, este fiorde possui muitas belezas naturais. As Seven Sisters são um conjunto de sete cachoeiras que despencam por centenas de metros sobre o fiorde. Montanhas nevadas cercadas de pastagens verdejantes e densas florestas. De lá seguimos para Alesund, última cidade da trip pelos fiordes. Alesund é o mais importante porto bacalhoeiro da Noruega. Lá fomos recepcionados pelo amabilíssimo Bjorn Sandnes, diretor de turismo local, que durante três dias nos conduziu pela cidade e arredores, e na última noite nos levou ao Sjobua, um exótico restaurante de frutos do mar, onde apreciamos deliciosos pratos suavemente condimentados da gastronomia marinha norueguesa. Após o jantar, saltamos do vinho ao conhaque e — para fechar com chave de ouro a trip pelos fiordes — um Havana. 86

COMO CHEGAR A Scandinavian Air parte de várias capitais europeias para Oslo e Bergen. ONDE FICAR Bergen - Rica Hotel, funcional e confortável www.rica-hotels.com/bergen Laerdal - Lindstrom Hotel www.lindstroemhotel.no/en Solvorn - o nostálgico Walaker Hotel, à beira do fiorde. www.walaker.com/eng Geiranger – Union Hotel www.hotel-union.no/index_eng.html QUEM LEVA Latitudes - www.latitudes.com.br Tudo sobre turismo na Noruega - www.visitnorway.com

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arquitetura

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ARQUITETURA

A LVA R A A LTO UMA POESIA DE TRAÇOS ESPESSOS E LIVRES POR LOURENÇO GIMENES

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or ser filho de topógrafo, Hugo Alvar Henrik Aalto familiarizou-se cedo com um vocabulário que lhe seria útil na carreira. Passou a infância no centro da Finlândia, onde seu pai chefiava uma equipe de levantamento do território. Na prancheta em que seu pai desenhava as florestas, lagos e as sinuosas curvas características desse país nórdico, o futuro arquiteto aprendeu não só a representação bidimensional do espaço, mas, principalmente, a reverenciar a natureza e seus contrastes peculiares. O primeiro momento da carreira de Aalto, entretanto, não foi fácil. Além dos projetos neoclássicos que elaborava, escrevia artigos e resenhas, desenhava móveis, objetos, tipos, quadrinhos e foi até representante comercial de um fabricante de lápides! Em 1927, ao vencer o concurso para o edifício da Cooperativa Agrícola de Turku, Aalto decide mudarse para esta antiga capital da Finlândia. A cidade mantinha constante contato com a Suécia, tinha grande tradição cultural e visão mais progressista do que a capital Helsinki. Interessado por tecnologia, procurava

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FOTO: MAIJA HOLMA / TASCHEN

Living e estúdio em edifício residencial, Riihitie, Helsínque, Finlândia

passar a imagem de homem moderno e internacional, o que o fez abandonar sua arquitetura neoclássica. À época da mudança de Aalto para Turku, o movimento moderno atinge a Escandinávia, onde encontra menor resistência do que em outros países europeus. Aalto pôs-se entusiasmadamente à frente do movimento racionalista, sendo seus primeiros projetos bastante impessoais, realizados a partir de um processo compositivo baseado no uso de linhas retas e ortogonais e em volumes puros, simples e homogêneos. O projeto para a sede do jornal Turun Sanomat (1928-30), em Turku, é de um edifício de “corretas e rigorosas formas internacionais”, segundo o arquiteto e urbanista Leonardo Benevolo. Aalto lançou mão de uma estrutura independente em concreto armado e usou um sistema de aberturas tubulares na cobertura para iluminação zenital. 90

Aalto vai para Helsinki, cidade de papel econômico mais importante que Turku, e esperava uma recepção mais calorosa na sua chegada. Seu nome não era tão conhecido no país e seus primeiros anos não foram generosos como o planejado. Entre 1935 e 1936, projeta sua casa e ateliê em Munkkiniemi, subúrbio de Helsinki, onde fica mais claro o seu distanciamento do vocabulário racionalista ortodoxo. É nessa casa que o seu idioma pessoal passa a ser determinante do resultado arquitetônico. Os volumes geométricos são enriquecidos de elementos rústicos e tradicionais, além de algumas improvisações provocativas, resultando em uma atmosfera acolhedora e intimista. Na mesma época, engajou-se no desenho de mobiliário e desenvolveu na empresa Artek, criada por ele em 1935 em sociedade com N. Hahl e M. Gulichsen, móveis em madeira laminada nos quais a preocupação

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FOTO: MATTI PYYKKÖ / ARTEK

Artek: móveis de madeira laminada nos quais a preocupação com o conforto acompanhava os princípios da produção industrial

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FOTO: MAIJA HOLMA / MUSEU ALVAR AALTO

Aalto: o equilíbrio entre os traços geométrico e livre foram promovidos a vocabulário típico da arquitetura finlandesa

com o conforto acompanhava os princípios da produção industrial. A fabricação de móveis motivou-o a desenvolver o conceito de “padronização flexível” para diversos componentes construtivos. Em uma crítica à rígida estandardização racionalista, propôs módulos que permitiam modificações e complementações de forma a atingir o resultado mais adequado em cada aplicação. O discurso racionalista volta à cena na Finlândia a partir da metade da década de 50, promovendo uma revisão da aceitação da arquitetura de Aalto. Via de mão dupla, a grande produção do arquiteto nesse período permitiu uma avaliação mais embasada de suas propostas, e percebe-se a cisão entre duas correntes arquitetônicas no país. Nas décadas seguintes, até sua morte em 1976, o arquiteto não mostrou a mesma vitalidade dos anos 1950, apesar de exemplos como o Finlandia Hall (1970-75) destacarem-se em uma 92

extensa produção de edifícios em diversas partes do mundo. Após sua morte, seu discurso e linguagem voltam a ser valorizados e seus característicos elementos de iluminação zenital, texturas e o equilíbrio entre os traços geométrico e livre foram promovidos a vocabulário típico da arquitetura finlandesa. As soluções encontradas por Aalto para cada programa eram, segundo ele, fruto de uma aplicação individual não-reprodutível, e era isso o que fazia de sua arquitetura uma contribuição precisa. Suas abordagens não podem ser consideradas soluções estereotípicas, pois o artista acreditava que a arquitetura tinha tanto a ver com o arquiteto quanto com o usuário e a circunstância, formando um contexto singular. Demonstrou que a arquitetura poderia se despir do caráter massificante do modernismo para assumir feições únicas e regionais, contribuindo, assim, para a sua própria evolução.

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gastronomia

pratos raros

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BAR

Double Club Bar, restaurante e danceteria onde o Congo encontra o ocidente e o ocidente encontra o Congo. Simples assim POR RAPHAEL CINTRA, DE LONDRES

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dealizado pelo artista alemão Carsten Höller, o Double Club é um projeto que tem o apoio da Fundação Prada. Localizado em Londres, em um velho armazém da época vitoriana bem ao lado do túnel de acesso à estação Angel, o Double Club foi inaugurado em novembro passado com o intuito de estabelecer um diálogo entre a música, o estilo de vida, as artes e o desenho contemporâneos do Congo e do ocidente. Não é somente um novo espaço público vibrante, mas também uma aliança de duas culturas existentes que permite a polinização cruzada sem qualquer tentativa de fusão. O clube possui três espaços: bar, restaurante e danceteria. Höller dividiu cada área em partes ocidental e congolesa de idênticas dimensões com um nível decorativo e funcional que permite gerar perspectiva inspiradora de dupla identidade e de coexistência cultural. Além disso, as diferentes seções foram idealizadas de modo a representar os elementos mais

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desafiadores das duas culturas, englobando música, gastronomia e estética visual. No restaurante serão servidas comidas típicas congolesa e ocidental sobre toalhas de mesa congolesas ou sobre as famosas breeding tables de Kram e Weisshaar, cada uma delas ímpar. O restaurante também apresentará atraentes obras de arte do ocidente (pinturas feitas por Carla Accardi e Olle Baertling, um relevo de autoria de Louise Nevelson, um mapa enfeitado feito por Alighiero Boetti e uma serigrafia sobre papel de autoria de Andy Warhol) e do Congo (a roupa de apresentação do guitarrista Luambo Makiadi, conhecido como Franco, um pintura feita por Mosingwo Kejwamfi, também conhecido como Moke, o Pintor, e Kinshasa, uma pintura de Chéri Samba). O Double Club é o único local em Londres onde você poderá escolher entre um liboke na mbisi (peixe fresco envolvido e espetado em grandes chapas finas de metal) e uma gama de extraordinários pratos

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Double Club: as diferentes seções foram idealizadas de modo a representar os elementos mais desafiadores das culturas do Congo e do ocidente

ocidentais, tudo preparado com ingredientes especiais combinados de maneira original, embora simples. Na área central do espaço reservado para o bar, há duas partes ocidentais e duas congolesas: um amplo jardim sob telha com azulejos portugueses (representando uma cidade voadora desenhada pelo arquiteto russo Georgi Krutikow, em 1928) e um bar em cobre com uma indicação em neon de cor rosa mencionando Two Horses Riders Club; outro bar, com cadeiras de plástico coloridas, para-sóis, e pinturas na parede de anúncios de cerveja, onde poderá ser degustada a cerveja congolesa, bem como um reprodução de J’aime les Couleurs, de Chéri Samba, estendido sobre uma superfície de 7 x 4 metros. Na danceteria, o DJ intercala música ocidental e congolesa em um piso circular que gira suavemente em uma média de uma volta por hora. Quando o DJ está no lado ocidental do espaço, 96

toca música “ocidental”, sendo que ao passar para o lado congolês altera a música para a rumba congolesa, wenge ou ndombolo. Mais ainda, uma vez por semana o clube apresentará ao vivo o melhor das músicas contemporâneas ocidental e congolesa mostrando tanto grupos locais como internacionais. A tradição de clubes de moda e de época em Londres é forte e a especialidade dos clubes noturnos da cidade, sua atitude cosmopolita e sua rica herança musical fazem dela um local obrigatório para o Double Club. O projeto, que é basicamente experimental em sua essência e cujos lucros serão destinados à City of Joy Aid (organização humanitária sem fins lucrativos baseada em Calcutá, na Índia) e ao Unicef, desafia o conteúdo artístico e a sua contribuição positiva para a compreensão e o diálogo com expressões contemporâneas da cultura africana, de fundamental importância

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Projeto basicamente experimental em sua essência e cujos lucros serão destinados a organizações humanitárias, como City of Joy Aid e Unicef

no momento atual. A coexistência de identidades individualizadas que permanecem no clube fiéis a si próprias, com a apresentação dos seus sons, seus gostos e suas preferências estéticas, é um convite feito pelo artista para se considerar uma nova história, um autoconhecimento e o conhecimento de outros, rejeitando-se uma visão centralizadora e oferecendo uma perspectiva dupla na qual o duplo – ocidente e Congo – é uma variante da percepção do mundo, não mais a única em que uma predomina sobre a outra. A realização de um projeto multifacetado tal como o Double Club foi possível graças a um grupo de peritos em vários campos, tais como Jan Kennedy, diretor do projeto do Club. Em 1995, inaugurou o famoso restaurante Quo Vadis incluído no Michelin, juntamente com Marco Pierre, antes de inaugurar o original Pharmacy com Damien Hirst em 1998. Foi

co-fundador da legendária danceteria We Love Sundays at Space (Ibiza); Mourad Mazouz, fundador de restaurantes de sucesso em Londres, como o Momo Restaurant Familial and Sketch, bem como o 404 em Paris e o Almaz by Momo em Dubai, é também o criador do Mo’Zik, um selo de gravação inovador; Clemens Weisshar e Reed Kram fundaram a KRAM/ WEISSHAAR em Munique e Estocolmo em 2002. O projeto pioneiro deles foi o breeding tables. Nesse projeto se encontra paradigmaticamente realçada a introdução realizada por meio da intervenção inteligente do produto desenvolvido e do projeto de mídia, na medida em que se beneficiaram das mais novas possibilidades tecnológicas. A Fundação Prada publicará um livro e uma compilação musical que documentará as várias etapas do projeto. Double Club, 7 Torrens Street, London EC1V 1NQ . MAGAZINE

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GASTRONOMIA

QUINTESSÊNCIA DO PALADAR Para uns poucos privilegiados, só essas iguarias – raras e caras – fazem a verdadeira e exclusiva Festa de Babette POR MARCO MERGUIZZO

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lassificadas como joias culinárias, essas iguarias costumam alimentar a imaginação, hipnotizar o olfato e nocautear o paladar de gastrônomos do mundo todo. Por serem produzidas apenas em determinadas épocas do ano, em locais e em condições muito especiais, elas ostentam status de raridade gastronômica – e, portanto, arrematadas a peso de ouro. Exercem, por isso, enorme fascínio sobre gourmets, chefs de cozinha e alguns poucos privilegiados connoisseurs, que lhes dedicam incontida, porém justificada devoção. Conheça a origem, as características culinárias, onde comprar esses ingredientes especialíssimos e o por quê de pertencerem e brilharem no time de elite da alta gastronomia mundial.

NOBREZA SELVAGEM Provém da Terra do Sol Nascente o matsutake, um cogumelo de nobreza reluzente. Como o tartufo bianco, seu ilustre aparentado europeu, essa preciosidade culinária encanta por sua textura e pureza de apelo selvagem e seu perfume terroso temperado a notas de castanhas. De personalidade única, o cogumelo do 98

pinheiro, como também é cobiçado, pertence àquela estirpe que não pode ser cultivada artificialmente. Com o formato de um pequeno guarda-chuva, de 8 a 10 cm de diâmetro, ele brota naturalmente sob o pinheiro akamatsu (Pinheiro Vermelho), o qual, por si só, é uma raridade em todo o arquipélago japonês, atualmente. Seu aroma delicado, sutil, zen, lembra folhas molhadas e terra úmida. Mas, diferentemente dos cogumelos de uma linhagem mais comum, o matsutake apresenta uma textura crocante e mais densa. Para que a colheita desses apreciados cogumelos seja pródiga, é necessário que os deuses do oriente (aqueles que comandam o tempo por lá) decretem um verão quente e abafado e o outono, úmido e frio. Dos bosques nos arredores de Kyoto, onde são colhidos entre setembro e outubro, bem no final da estação japonesa de outono – essas joias silvestres, cujo quilo costuma valer entre 500 e 600 dólares, são ferozmente disputadas pelos melhores restaurantes de Tóquio, Nova York e Paris. ONDE E QUANDO COMPRAR Mercados de Tóquio: Tsukiji e Ameyoko, em Ueno; e OtaShijo, no bairro de Ota-Khu.

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MANJAR BÉLICO Absolutamente nada se compara ao culatello di Zibello, ícone da salumeria italiana. Ao lado de seus festejados primos-irmãos prosciutto de Parma e San Danielle, este presunto especialíssimo poderia muito bem ser comparado a uma granada, por seu formato de pera e textura estranhamente enrugada – daí descrevê-lo em uma analogia permitida a um “manjar gastronômico bélico”. Ao ser fatiado em delicadíssimas lâminas, o culatello “explode” um perfume ligeiramente adocicado, além de esconder sob a sua “armadura de tartaruga” um paladar incomum de extraordinária maciez. Há séculos ele é elaborado artesanalmente na minúscula Zibello, às margens do rio do Pó, na província italiana de Parma, região da Emilia-Romagna. Atualmente, os culatelli são elaborados por apenas 12 produtores oficiais de um consorzio que ostenta a Denominazione di Origine Protetta. Com uma produção anual de apenas sete mil peças, um quilo apenas desse tipo especial de presunto custa cerca de 60 euros nos principais endereços gourmet de Milão e Florença. Tal cotação é explicada por alguns detalhes de sua produção. Enquanto um prosciutto usa o pernil inteiro, o culatello aproveita apenas o músculo posterior da coxa. O porco é o mesmo do de Parma, do tipo pesado, derivado das 100

raças Large White, Landrance e Duroc, que tem uma alimentação especial rigorosamente controlada. Ao contrário de outros salumi, porém, ele é sazonal. Como a carne tem de ser invariavelmente fresca e apresentar o peso certo, o abate do animal é feito entre outubro e fevereiro, entre o final do outono e durante todo o inverno do hemisfério norte. Só a partir de então sua preparação é iniciada, com a garantia de que no final o produto apresente a maciez, aroma, consistência e o sabor que há séculos justificam a sua fama. Temperado e massageado com sal, alho e vinho, o culatello matura por no mínimo 11 meses em arejados porões seculares – tempo necessário para alcançar todo o seu esplendor. À mesa, após ser meticulosamente cortado em lâminas transparentes, pode ser saboreado cru, acompanhado de finas fatias de pão (italiano, claro) ou pelo suave frescor do melão e figos. Ou, ainda, escoltado de outros dois ilustres conterrâneos: o parmiggiano reggiano e o frizzantino secco (um vinho regional ligeiro e não muito aromático), que são pares perfeitos para esse reverenciado rei emiliano. ONDE COMPRAR Consorzio del Culatello di Zibello - Piazza Garibaldi, 35, Zibello, Parma, Itália, tel.: (00390) 524-99131, www.consor ziodelculatellodizibello.it

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TRIBUTO À SUCULÊNCIA Suave, tenro, suculento, quem comeu sabe: o wagyu é o foie gras das carnes bovinas. Ícone à mesa não só no Extremo Oriente, de onde é originário, mas em todas as partes do planeta, gourmets e gastrônomos não hesitam em apontá-lo como o mais macio e saboroso naco de carne do universo. Proveniente de uma antiga raça de gado negro japonês, o kuroge (que significa pelo preto; wa quer dizer japonês e giu, gado), os cortes de wagyu, dentre eles o kobe beef, exibem três vezes mais gordura entremeando a sua carne – a chamada marmorização – que todas as demais raças. Sabe-se que essa gordura contém uma alta proporção de ácido oleico, monossaturado – idêntica, por exemplo, a de uma outra glória gastronômica: o azeite de oliva. Pois é essa gordura marmórea, opulenta, que celebrizou o wagyu internacionalmente entre os gourmets. Para se ter uma ideia, a textura da carne é tão fina quanto a do melhor filé mignon existente. A esse predicado some-se ainda a suculência da carne de costela, porém, com um caráter mais rico, doce e delicado – esse é o wagyu. Não por acaso, uma refeição nos restaurantes mais sofisticados de Tóquio que leva essa carne especialíssima chegar à casa dos 40 mil ienes, ou 350 dólares. Proveniente da Manchúria e da península coreana, a raça kuroge foi levada ao Japão provavelmente como animal de carga no século II d.C. Durante mil anos, ela trabalhou nos campos de arroz, antes de ser servida à mesa como alimento. Hoje, a raça é criada em pequenas fazendas familiares por todo o Japão, embora haja, também, grandes criadores. Estes últimos transportam o gado até a região ao redor de Kobe (daí,

wagyu e kobe beff serem quase que sinônimos), para concluir a engorda e processar a carne, a fim de alcançar um preço mais alto no mercado internacional. Graças à sua fama planetária, hoje há fazendeiros criando o wagyu em outras partes do mundo. Caso de Austrália e do Texas, nos Estados Unidos. Embora seja tratado a pão-de-ló (o gado ao longo da vida é paparicado com massagem e acupuntura, além de ser alimentado com uma dieta à base de cerveja e grãos empapados de saquê), a textura marmórea, a suculência e o sabor particulares do wagyu são resultado tanto da alimentação controlada quanto da herança genética. A massagem feita nos boizinhos, por exemplo, não é para dispersar a gordura, e sim para relaxar a sua musculatura, já que vivem sob implacável confinamento. Outro parêntesis: os “porres” de saquê ocasionalmente a eles ministrados servem para mantêlos livres de micróbios, porém, não adicionam sabor algum à carne, como muitos imaginam. O melhor modo de preparar o wagyu é grelhá-lo ou fritá-lo malpassado, quase ao ponto e sem sangrar, extraindo o máximo de sua maciez. No Japão, a iguaria também é servida em shabu shabu ou sukiaki. Ou, ainda, cru, sob a forma de sashimi, lá batizada de tataki. Preparado desse modo, seu sabor, mais do que lembrar a carne bovina, se aproxima à consistência deliciosamente untuosa do atum, surpreendendo e brindando o paladar. Kampai. ONDE COMPRAR Mercados de Ameyoko, em Ueno, e Ota Shijo, no bairro de Ota-Khu, Tóquio, além de departments-stores e lojas gourmet e de luxo.

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PÉROLA MEDITERRÂNEA Sua aparência frágil pode enganar. Longilíneo, com no máximo uns 8 cm e alguns poucos gramas de carne, ele é pescado nas águas mais profundas do mar Mediterrâneo. Incensado pelos mais exigentes gastrônomos por sua textura ultramacia e sabor delicadamente doce, ele é conhecido por vários nomes. Na Espanha, é angula. Na França, anguille. Na Inglaterra, snake-eel ou eel. Em Portugal, enguia-bebê, meixão ou caviar luso. Nada mal para um peixe com pinta de serpente-do-mar, e cuja carne alva e irresistivelmente tenra é disputada a 400 euros o quilo. Aplaudido pelos amantes da boa mesa, o filhote de enguia-europeia (Anguilla anguilla) é um tesouro gastronômico, cuja pesca é severamente controlada. Apesar disso, ele continua a ser cobiçado como uma pérola rara por gourmets de todas as partes, em especial espanhóis, italianos, portugueses e japoneses, seus consumidores mais vorazes. Com cerca de 3 mm de diâmetro, apenas, as minúsculas enguias, ainda sob a forma larvar, atravessam o oceano e depois regressam ao sabor da corrente do Golfo. Do mar dos Sargaços, seu ponto de partida, rumam em 102

direção aos rios do Velho Continente. De lá, já com cerca de 7 cm, retornam, tempos depois, rumo aos estuários junto à costa mediterrânea, onde habitam o fundo rochoso e arenoso. Dóceis e tímidos, os filhotes se escondem na areia e só saem de lá para se alimentar – e é nesse instante que são capturados. Consumidos ultrafrescos, há várias maneiras de prepará-los. Além de integrar a bouillabaisse, o mais emblemático dos pratos da cozinha marselhesa, eles podem ser defumados, assados, cozidos em vinho (como a lampreia bordalesa), ou ainda grelhados, quando adquirem uma incomparável crocância externa. Ferran Adrià, Juan Mari Arzak, Santi Santamaria e Carmen Ruscalleda, dentre outros craques da cozinha espanhola de vanguarda, sem contar o mago japonês Nobu Matsuhisa, de NY, costumam brindar sua endinheirada clientela com preparações intrigantes que valorizam, em todo o seu esplendor, essa cobiçada e incomparável joia subaquática. A quintessência do paladar. ONDE COMPRAR Mercat de La Boqueria – Rambla de Las Flores, 91, Centro, Barcelona. Fecha domingo.

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aviação

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AVIAÇÃO

Asas do desejo Novo modelo da Airbus, o A350 apresenta um rol de aeronaves com o que existe de mais moderno. Programado para atender a partir de 2013, terão inovações voltadas às preocupações ambientais POR MARCELO WYSOCKI

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uem disse que voar é um privilégio apenas dos pássaros? A história nos mostra que tal questão sempre mexeu com a imaginação humana. Para perceber o tamanho da inquietação, basta lembrar a lenda pinçada na vasta mitologia grega sobre Dédalo e seu filho Ícaro – que construiu asas feitas com penas e cera para fugir do confinamento na ilha de Minos – ou, ainda, mergulhar em uma rápida pesquisa em estudos do italiano Leonardo Da Vinci (1452-1519) – artista, inventor e talvez a primeira pessoa a se dedicar com seriedade no projeto de uma máquina capaz de fazer o homem voar. Mas a resposta só ficou óbvia a partir do momento em que o brasileiro Alberto Santos-Dumont (1873-1932) realizou a proeza do primeiro voo com o 14-Bis, no dia 23 de outubro de 1906, no Campo de Bagatelle, em Paris, França: sim, o homem pode voar! Desde então, o sonho alcançado pelo mineiro passou por inúmeras mudanças e aperfeiçoamentos. Hoje, as aeronaves deixaram para trás a madeira e outros tantos materiais rústicos para utilizar na confecção elementos mais modernos, leves e resistentes como alumínio e fibras de carbono.

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Serão três modelos básicos: o A350-800, com capacidade de acomodar 270 passageiros; o A350-900, com 314 assentos, e o A350-1000, para 350 pessoas. Todos, claro, adotam o típico layout de separação por classes

Assim, com o status de principal meio de transporte transcontinental, o avião passou a integrar o dia-a-dia de todos, ganhou outras características e incorporou ferramentas tecnológicas inimagináveis até o início do século 20. Agora, um dos mais aguardados lançamentos no setor está prestes a desfilar pelos céus mundo afora. É o A350 XWB, aeronave altamente eficiente programada para entrar em operação em 2013. Ok, parece muito, mas como diz o ditado, “o tempo voa”. MEIO A MBIENTE – Parte da família A350 XWB (Xtra Wide-Body), da gigante europeia Airbus, a nova aeronave surge para concorrer com o modelos 787 e 777 da americana Boeing, a principal rival da empresa. Serão três modelos básicos: o A350-800, com capacidade de acomodar 270 passageiros; o A350-900, com 314 assentos, e o A350-1000, para 350 pessoas. Todos, claro, adotam o típico layout de separação por classes. As diferentes versões terão alcance de 15.750 quilômetros e velocidade de cruzeiro de Mach 0,85. Além dessas opções, haverá um cargueiro, já denominado A350-900F, que completará a linha de produção. Fundada em 1970, a Airbus é um consórcio de empresas da Alemanha, França, Espanha e Grã-Bretanha. Atualmente, cerca de 5.200 aeronaves Airbus estão em operação no mundo inteiro. Esta é apenas uma das razões pela qual a empresa é apontada com a maior do setor. E a produção não pode parar. Tanto que, para a produção da família A350 XWB, uma gigantesca operação logística foi montada. O quartel-general é uma fábrica de 74.000 metros quadrados fincada na região francesa de Toulouse, local estrategicamente escolhido para abrigar a primeira fase da montagem final da A350 XWB: a união das asas à fuselagem. Inaugurada em janeiro deste ano, a construção dessa linha final de montagem é a mais recente engrenagem no processo de fabricação do novo modelo de avião, que já contabiliza cerca de 480 pedidos feitos por 29 clientes (incluindo a brasileira TAM Linhas Aéreas, que encomendou 22 unidades dos modelos 800 e 900), desde o comunicado oficial da operação. Ela se junta, por exemplo, ao centro de manufatura em Harbin, na China, criado para a fabricação de componentes e peças feitas de materiais compostos para a aeronave Airbus A350 XWB e a família Airbus A320. 106

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A350 XWB será dotado de turbinas de nova geração Rolls-Royce Trent XWB, com potência fornecida por dois motores

Estima-se investimentos na ordem de 140 milhões de euros. O francês será o centro de montagem final mais ecologicamente eficiente da Airbus, com o concreto e as fundações dos edifícios antigos reciclados e reutilizados na nova instalação. Além disso, um moderno sistema de gestão de energia otimizará seu uso e o telhado com painéis solares fornecerá eletricidade para grande parte das instalações. Estes e outros diversos cuidados farão que os preços das passagens sejam cerca de 8% mais baixos. Conforto – O A350 XWB terá asas feitas em materiais compostos e a fuselagem extralarga fabricada em liga de alumínio-lítio. Itens como o novo trem de pouso auxiliam o projeto de áreas como a cabine de passageiros, agora mais confortável e espaçosa graças à maior largura na altura dos ombros. Isso resulta 108

em melhor espaço para se movimentar, sem contar o até então limitado “cantinho” da bagagem de mão, também beneficiado com as inovações. O sistema de ar-condicionado também recebeu cuidado especial e foi pensado para se adaptar às configurações internas de cada empresa e para o flutuante número de ocupação, aumentando o fluxo e a umidade do ar. Projetado para confrontar os desafios dos elevados preços dos combustíveis, as expectativas dos passageiros e as demais preocupações ambientais, o A350 XWB será dotado de turbinas de nova geração Rolls-Royce Trent XWB, com potência fornecida por dois motores. Se tudo correr como planejado, o A350 XWB será o avião com a cara do século 21. E até Santos-Dumont tiraria o chapéu.

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social

responsabilidade

evento

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PARQUE BURLE MARX U M A

H I S T Ó R I A

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A M O R

POR FRAN OLIVEIRA

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onsiderado o parque mais bem-conservado da cidade de São Paulo, de acordo com estudo feito pelo Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva, o Burle Marx nasceu de uma história de amor. No final da década de 1940, o empresário Baby Pignatary convidou o paisagista Roberto Burle Marx para idealizar e realizar os jardins de sua casa, projetada, na época, por Oscar Niemayer na então Chácara Tangará. O jardim e a casa seriam um presente para sua noiva, a princesa Ira von Fürstenberger. A história de amor durou pouco. O noivado acabou, e tanto a casa quanto o jardim fi-

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caram abandonados por muitos anos. Em 1991, a empresa Birmann adquiriu uma gleba no bairro Panamby e recontratou Burle Marx — já com 80 anos — para concluir o projeto que havia interrompido. Os espaços e as espécies (plantadas há 40 anos) foram restaurados. Surgia, então, um Parque totalmente recuperado que, por iniciativa da prefeitura de São Paulo e da Birmann, recebeu o nome do paisagista que o recuperou. Administrado pela Fundação Aron Birmann, o parque Burle Marx tem 150 mil metros quadrados e seu conjunto paisagístico é uma grande atração para os paulistanos que ali buscam momentos de tranquilidade e relaxamento em meio à natureza. Por se

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No sentido horário, o playboy Baby Pignatary, a ponte Estaiada, a princesa Ira von Fürstenberg, a fauna do parque, o Shopping Cidade Jardim, a flora do parque

tratar de um parque voltado ao lazer contemplativo, sua principal finalidade é proporcionar agradáveis passeios por entre a vegetação constituída de espécies remanescentes da mata atlântica. Frequentado por cerca de 20 mil pessoas por mês, o Burle Marx, ao longo dos anos, ganhou vizinhos ilustres, como o complexo imobiliário Panamby, o luxuoso Shopping Cidade Jardim e o mais recente cartão-postal da cidade de São Paulo, a ponte Jornalista Octávio Frias de Oliveira, mais conhecida como ponte Estaiada. O projeto original continua inalterado graças aos cuidados dos funcionários que executam os trabalhos de limpeza, jardinagem, faxina e vigilância do lugar.

“Entre os parque públicos municipais, o Burle Marx é considerado o melhor em termos de conservação”, afirma a gerente do parque Regina Fujihara, que está desenvolvendo uma campanha para que empresas e moradores da região ajudem na preservação do parque, uma vez que o mesmo não recebe qualquer verba da prefeitura, e sim da Fundação Aron Birmann. O objetivo é que todos se empenhem para que o trabalho desenvolvido por Roberto Burle Marx continue e o parque possa oferecer qualidade de vida à população por meio do lazer gratuito e do saudável convívio com a natureza. Parque Burle Marx, aberto de segunda a domingo, das 7 às 19 horas, tel.: 3746-7631. MAGAZINE

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Rallye Náutico

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endo como sede o Yacht Club de Ilhabela, a Copa Náutica Kia Motors reuniu 30 embarcações motorizadas, registradas na Marinha do Brasil, e de tamanho superior a 18 pés. Aos participantes coube navegar com precisão, cumprindo um roteiro preestabelecido pela organização dentro de tempo determinado. O objetivo dos competidores era cumprir um percurso predeterminado pela organização técnica entre a sede do Yacht Club de Ilhabela e a subsede do Saco do Sombrio, na Baía dos Castelhanos. Nesse percurso, havia pontos de controle pelos quais as embarcações deveriam passar nos horários estipulados pela organização. Embora

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os participantes tenham encarado o desafio de superar seus próprios conhecimentos de navegação, o clima que norteou o evento foi de amizade. Durante jantar – no Yatch Club – foram divulgados os resultados e entregues troféus aos comandantes e medalhas aos tripulantes. Com apenas 14 pontos perdidos, Reinaldo Varela, com o barco Reyel, ficou com o primeiro lugar; o anfitrião José Luiz Gandini, comandando a embarcação Mohave, acumulou 72 pontos perdidos e conquistou a segunda posição; e Marcio Dottori, com o barco Comodoro, obteve a terceira colocação com 74 pontos perdidos. Mas o que valeu, mesmo, foi o ambiente festivo cercado de confraternização.

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DA ESQUERDA PARA A DIREITA: PAULA MOTT MEDALHAS LUCIANA PIVA CRISTHIANE BAPTISTA JOSE LUIZ GANDINI E AMAURY JR PRISCILA LACAZE E ROSANNE WOELZ BIANCA MEMORIA ARAQUEM E LUANA BASCOLI OMAR E RENATA HYEK CIRO ALIPERTI E LULLY CARVALHO NEIA DE SOUZA E SELMA SPADA JOSE NOLASCO, REINALDO VARELA, CARLOS MACEDO E ROGERIO NICKEL MARCOS YUNES, ARTHUR SANTOS E ROBERT NAHAS MOHAVE

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ESPORTIVO E MINIMALISTA Em 1949, Adi Dassler registrou as famosas três listras com a junção de seu próprio nome. Este ano, a Y-3 comemora os 60 anos da icônica marca e também sua parceria como estilista Yohji Yamamoto. Responsável pela inclusão das tradicionais três listras no mundo fashion, Yamamoto aliou elementos do sportwear ao seu design minimalista e refinado. 114

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