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Lifestyle Tempos atrás entrevistei a arquiteta e decoradora Ana Maria Vieira Santos. Uma dessas raras pessoas que contagiam seu interlocutor pela espontaneidade. Viajante inveterada e observadora incansável ela me definiu que o conceito de morar bem está nas coisas simples. Ana Maria está sempre buscando mudanças para renovar a vida. Renovar, essa é a palavra que serviu de inspiração para editar a revista deste mês, que ganhou especial edição para o não menos especial bairro de Alphaville — outro conceito de morar bem. Luminosa, A Magazine apresenta a você — leitor — a nova coleção haute joaillerie da maison Chanel. Criações únicas que ousam, surpreendem e levam cada vez mais longe os limites dos conhecimentos especializados da alta joalheria. Sim, os diamantes continuam eternos. Eternizado também está Antonio Bernardo, único joalheiro brasileiro presente no livro Modern Jewellery Design, de Reinhold Ludwig — que retrata 60 perfis dos mais destacados designers do mundo. O de Antonio Bernardo está aqui. Mago das câmeras, o fotógrafo João Henrique Netto foi buscar inspiração na obra do pintor Edgar Degas para compor — com alquimia — o ensaio fotográfico Bailarinas. “Construídas” ao longo dos anos, as bailarinas de Johnny revelam mulheres lânguidas, dramáticas, sensuais... Então, leitor, desfrute dessa sensualidade nas belíssimas imagens capturadas pelo clique desse artista. Como me disse a sábia — adjetivo que ela recusa — Ana Maria: “A vida não é só receber. A vida é uma troca. Em tudo”.
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Fran Oliveira Diretor Editorial fran@amagazine.com.br
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PUBLISHER DIRETORA EXECUTIVA
DIRETOR EDITORIAL DIAGRAMAÇÃO TRATAMENTO DE IMAGENS PROJETO GRÁFICO REVISÃO
COLABORADORES
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A MAGAZINE ONLINE
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Cesar Foffá Lourdes Foffa Fran Oliveira Soul Comunicações Eloprecisão Digital Fran Oliveira Samantha Costa Aimée Louchard, Johnny, Johnny Mazzilli, Marco Merguizzo, Monica Nehr, Raphael Cintra Marcelo Foffá (mfoffa@amagazine.com.br) Adriana Duca, Flávia Nascimento, Renan Candeo Athaide de Almeida Adolfo Inoue Reggiane Fortunatti e Keliane Santos Marcelo Foffá www.amagazine.com.br Ibep Gráfica Dinap e Correios A Magazine é uma publicação mensal de A Magazine Editora e Publicidade Ltda., uma empresa do grupo Metromídia Comunicação. Redação: Calçada das Hortênsias, 39, Centro Comercial Alphaville, Barueri, SP, CEP 06453-017, tel.: (11) 4208-1600. Assinaturas: Tel.: (11) 4191-2397 e assinatura@amagazine.com.br As opiniões e os artigos contidos nesta edição não expressam, necessariamente, a opinião dos editores. É proibida a reprodução em qualquer meio de comunicação das fotos e matérias publicadas.
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beleza em sua simplicidade. inspiração em sua confiabilidade. O mecanismo do Cosmograph Daytona é o exemplo perfeito da experiência da Rolex na arte de produzir relógios. Elegantemente simples, incorpora apenas 290 componentes, muito menos do que um cronógrafo padrão. Essa arquitetura excepcional reduz a complexidade do produto, enquanto mantém a precisão cronométrica, garantindo maior confiabilidade. Concebido e montado pela Rolex, o mecanismo levou mais de cinco anos para ser desenvolvido e destaca elementos exclusivos como o espiral azul Parachrom. Esse nível de inovação e conhecimento pode ser encontrado em toda a linha da Rolex, que garante que cada relógio seja uma obra prima de dentro para fora. Descubra mais em rolex.com
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SUMÁRIO
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NA900 DIGITAL SLR CAMERA O A900 é o modelo principal na série Alpha da SLRs digitais. O suporte da câmara — o tema do projeto de unificação para a série — é corajosamente integrado com o pentaprisma e balances com o corpo para criar um design icônico. A alça foi bem planejada e tem design ergonômico. Uma luz, forte em liga de magnésio é usada para frente, para trás e por cima do escudo para reduzir o peso corporal total de 850 gramas. O modelo VG-C90AM permite que aqueles que preferem ter tomadas verticais para desfrutar do mesmo controle que eles têm nas tomadas horizontais.
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CORAÇÃO DE OURO BRANCO COM DIAMANTES NA LAPIDAÇÃO BRILHANTE. (FOTO AMPLIADA PARA MELHOR VISUALIZAÇÃO)
O amor nunca sai de moda.
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016 SUNGLASSES Os óculos de sol 016 combina o espírito inovador da Suíça com o savoir vivre do Mediterrâneo. Os óculos são funcionais e divertidos: com um clique podem ser rebatidos e dobrados e guardados no bolso da calça, de modo que sejam acessíveis em todas às vezes. Uma lente especial de montagem na frente facilita o ajuste dos óculos com lentes de prescrição.
SIMETRIA BLOOMING “Havia flores, também, na floresta... jacintos no início da primavera que inundaram com seu roxo os desfiladeiros, e colinas gramadas, prímulas amarelas dispostas em pequenos grupos ao redor das raízes retorcidas dos carvalhos; celidônias brilhantes, e alfazemas azuis, e íris lilás e dourado.” É assim que o poeta e escritor Oscar Wilde descreveu um mundo de flores. O anel sphaira 14 M A G
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é uma reminiscência de flores e fios encontrados na natureza, ainda que realmente acompanhe um sistema totalmente lógico: cada uma das seis flores idênticas feitas de fios redondos determina a posição dos demais pela sua simetria. O apelo deste anel mostra uma impressionante simbiose entre sensualidade e elegância, uma interação entre qualidade artística e técnica.
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BEST BRAND Para coincidir com o lançamento no mercado do Panamera — o quatro lugares Grand Touring, que une conforto com esportividade — em setembro, a Porsche Design criou a coleção Panamera, que inclui malas, relógios, roupas e acessórios no estilo de vida que refletem a elegância e as cores do carro. A coleção de relógios está disponível em preto e em tons de marrom. O Panamera Chronograph para ele e para ela e o Chronograph Panamera Turbo destacam-se com o seu design apelativo. 16 M A G
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The Donovan Bar: paredes decoradas com extraordinárias fotografias em branco-e-preto
CARACTERIZADO PELA ELEGÂNCIA No The Donovan Bar o visitante pode desfrutar de coquetéis habilmente preparados no bar ou escolher — enquanto relaxa nas suas confortáveis cadeiras de couro preto — um champanhe na impressionante carta de vinhos. O serviço é impecável. Funcionários eficientes e facilmente visíveis vestindo coletes imaculadamente brancos. Em homenagem ao fotógrafo Terence Donovan, de quem o bar recebeu o nome, as paredes estão decoradas com extraordinárias fotografias em branco-e-preto. The Donovan Bar — Brown’s Hotel, 33 Albermarle Street, Mayfair, Londres, tel.: 020 7518 4060. 18 M A G
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Paisagem Surpreendente
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EXPOSIÇÃO
O olhar sensível de Luiz Braga: “Sua luz-pintura desenha corpos, objetos e paisagens, não para documentá-los, mas para transformá-los em quadros”
53ª BIENAL DE ARTE DE VENEZA O fotógrafo paraense Luiz Braga e o pintor alagoano Delson Uchôa são os representantes do Brasil na Bienal de Arte de Veneza, que se iniciou em junho e segue até 22 de novembro. Nascidos em 1956, os artistas apresentam uma notável vitalidade plástica alcançada pelo jogo entre cores e luz. Como observou o escritor Milton Hatoum na apresentação de Luiz Braga - Fotoportátil volume 1 (primeira reunião de sua obra em livro), é essa conjunção que, em Braga, encanta instantanea20 M A G
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mente, num movimento de expansão. No último mês de abril, 25 imagens inéditas do paraense foram exibidas na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em homenagem ao Ano da França no Brasil. Já a Bienal de Veneza apresentará um panorama de sua obra em cor, com ênfase na produção dos últimos dois anos. “Minha participação no evento é resultado do amadurecimento de meus trabalhos, que se expandem para outros olhares, mas permanecem fiéis à minha intuição”, analisa o fotógrafo.
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GJ CHAIR O projeto da cadeira GJ é um remake do conhecido projeto criado pelo designer Grete Jalk em 1963. Esta cadeira é um clássico na história do design. Em razão de sua complexidade apenas cerca de 300 cópias foram produzidas originalmente, poucas das quais ainda existem hoje. Forma, função e acabamento devem ser realizados nessa cadeira, como no original. É por isso que a nova cadeira GJ também é feita com a teca — árvores asiáticas de grande porte — e com pinheiros do Oregon. 22 M A G
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A nova coleção de haute joaillerie da Chanel é composta por peças inspiradas em alguns do temas fundamentais da grife, como o sol, o laço, as cintas e o tweed. Todas essas criações únicas reafirmam a vocação da grife em ousar, surpreender... A audácia surge da feminilidade final, expressada por meio de linhas e de volumes que permitem às pedras e às pérolas liberar seus esplêndidos brilhos. Lumière privilegia os diamantes tratados como pedras de centro, em brilhantes pavês e em anéis – cada jóia parece ter sido esculpida pela luz. Jóias de uma modernidade transcendental, onde os temas originais são re-interpretados e amplificados, constituindo uma das fontes de inspiração da joalheria de Chanel. O sol, símbolo que decora todas as grades da Place Vendôme, era um dos emblemas favoritos da mademoiselle Chanel. Nascida no mês de agosto, sob o signo de Leão, signo de fogo que compõe o astro solar. O sol estilizado, enlevado, aparece com uma nova escala nessa coleção: geométrica, floral ou barroca, ele brilha majestoso sobre os anéis e braceletes largos com volumes generosos.
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Broche Soleil em platina, engastado com 417 diamantes redondos com um peso total de 10 quilates incluindo o diamante redondo central de 3 quilates MAG
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Anel Byzantine em ouro branco 18 quilates, engastado com um diamante central de corte redondo de 3 quilates, 6 diamantes de corte de pĂŞra com um peso total de 6 quilates e dois diamantes de corte oval com um peso total de 4,8 quilates
Anel Boucle de Diamantes em ouro branco de 18 quilates, engastado com um diamante de corte pĂŞra de 3 quilates e 153 diamantes corte brilhante com um peso de 1 quilate 26 M A G
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Bracelete Perles et Noeud em ouro branco de 18 quilates, diamantes e perolas MAG
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Brincos Perles et NĹ“ud em ouro branco de 18 quilates, engastados com 2 diamantes de corte coussincon um peso total de 4 quilates, 130 diamantes de corte brilhante com um peso total de 1,5 quilates e 2 pĂŠrolas brancas cultivadas
Anel San Marco em ouro branco de 18 quilates, engastado com um diamante corte princesa de 0,5 quilates, 8 diamantes corte pĂŞra com um peso total de 2 quilates e 52 diamantes de corte brilhante com um peso total de 1 quilate 28 M A G
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Bracelete Soleil Baroque em ouro branco de 18 quilates, engastado com 28 pedras de corte lunar com um peso total de 52 quilates, 9 รกguas-marinhas com um peso total de 23 quilates, 12 safiras de corte oval com um peso total de 34 quilates e 134 diamantes de corte brilhante com um peso total de 4 quilates MAG
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Brincos Haute-Couture em ouro branco de 18 quilates, engastado com 2 diamantes corte de pĂŞra com um peso total de 4 quilates, 8 diamantes de corte baguette com um peso total de 2 quilates e 208 diamantes de corte brilhante com um peso total de 2 quilates
Bracelete San Marco em ouro branco 18 quilates, engastado com 1 diamante corte princesa de 1,50 quilates, 8 diamantes corte de pĂŞra com um peso total de 8 quilates, 875 brilhantes corte diamante com um peso otal de 19,5 quilates e 56 diamantes corte baguette com um peso total de 5 quilates
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Colar Haute-Couture em ouro branco de 18 quilates, engastado com um diamante de corte oval de 8 quilates, 63 diamantes de corte baguette com um peso total de 21,5 quilates e 2154 diamantes com um peso total de 40,5 quilates MAG
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PERFIL
antonio bernardo Nem experimental nem pragmático, nem artista nem artesão. Ele tratou de ser tudo isso ao mesmo tempo. Desejo que vem perseguindo e materializando desde a criação do primeiro anel POR
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lançamento do livro Modern Jewellery Design, do alemão Reinhold Ludwig, coloca no mercado internacional a primeira publicação que documenta a evolução do design moderno da joalheria de produção em série. Em 400 páginas, o autor retrata em 60 perfis os mais destacados designers do mundo, entre eles, Antonio Bernardo, o único brasileiro que integra esta importante publicação. O trabalho de Antonio Bernardo é destacado no livro por meio de uma analise sobre a trajetória do designer, ilustrada com peças, como os anéis Puzzle e Oxigênio, os brincos Impulso e Vivo, entre outros. Sobre o designer brasileiro o autor afirma que “sua abordagem construtivista se assemelha a um brilhante desenvolvimento das peças primitivas do modernismo, criadas com uma influência do movimento Bauhaus dos anos 1920. No entanto, Antonio Bernardo é tam-
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bém adepto a interpretar motivos e temas naturalísticos e históricos de forma contemporânea. O designer brasileiro prova um estágio de maturidade capaz de ultrapassar as fronteiras do Brasil”. Nos últimos anos Antonio Bernardo vem colecionando prêmios internacionais de design, expandindo sua presença nos mercado europeu, asiático e norteamericano e é com satisfação que avalia sua inclusão no livro: “A inclusão do meu trabalho neste livro representa um ponto alto na trajetória da minha carreira e me coloca num contexto de grande reconhecimento internacional, o que muito me orgulha e incentiva”, sintetiza o joalheiro. Reinhold Ludwig garante que o estilo independente do design contemporâneo de jóias –– com referencia na arte moderna, arquitetura e design –– ganha vida dentro de ateliês das pequenas e médias empresas se contrapondo com a convencional joalheria de luxo.
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“Gosto de manusear o material, qualquer coisa que estiver na mão. Pode ser um papel, um fio, não importa. Da manipulação vão surgindo ideias”
O designer de jóias Antonio Bernardo nasceu no Rio de Janeiro em 1947. Filho de Rudolf Herrmann, um brasileiro de descendência alemã, já na infância entrou em contato com o universo da ourivesaria por meio da loja do pai. Chamada Cronômetro Federal — ainda em atividade no centro do Rio — a loja reunia ferramentas e artigos para a confecção de joias e relógios, cenário que lhe serviu como referência inicial sobre a precisão e a pequena escala da profissão que viria a se dedicar. Por volta dos 20 anos, no início da década de 1970 e recém-ingresso no curso de Engenharia da PUC-Rio, foi estagiar na Suíça em institutos e empresas ligadas à indústria relojoeira. Era uma espécie de recompensa pelo seu recente êxito acadêmico. Foi nessa época que estudou no Centre Internacional de Formation de L’industrie Horlogére Suisse, um pólo internacional de pesquisa e educação continuada, e conheceu ainda as mais 34 M A G
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avançadas tecnologias do setor relojoeiro de então. De volta ao Brasil, tendo passado um ano na Europa, Antonio decidiu abandonar o curso de engenharia e, no intervalo para um possível novo rumo profissional, passou a freqüentar sistematicamente a loja do pai. Certo dia, talvez por acaso, desenhou um anel de prata e , não sabendo executálo, entregou a confecção a um ourives cliente da loja. Desde então nunca mais parou de criar joias. Idéia e realização caminham lado a lado na obra de Antonio Bernardo. Às ferramentas herdadas do pai, e que ainda hoje utiliza em sua oficina, somaram-se máquinas modernas como a de prototipagem e a de solda a laser, fundamentais ao rigor e à complexidade com que conduz a concepção e a produção das joias de sua autoria. Cerca de oito etapas separam o surgimento de uma idéia à finalização da peça: construção do protótipo conceitual; parame-
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“Certo dia, desenhei um anel e isso mudou minha vida porque entendi que sempre fui ligado ao objeto, à concretização de algo”
trização, quando se estabelecem medidas e proporções; desenho para a execução; desenvolvimento do produto; aprovação da peça-piloto; definição dos meios de produção; execução do modelo referencial; e, por fim, sistematização em ficha técnica. Um processo que pode variar de poucas semanas a meses e que é acompanhado de perto por Antonio. Estampada no setor de microfusão da oficina — e aparentemente entoada pelos funcionários que preparam os moldes feitos com esse material para a fundição do ouro —, a frase “A cera já é uma jóia” ilustra com precisão o traço de excelência que caracteriza a obra do designer. Autodidata, Antonio Bernardo tem atualmente 40 pontos de comercialização no Brasil e no mercado internacional, incluindo cidades americanas, européias e asiáticas, como Tóquio e Hong Kong. Entre eles, oito lojas são de sua propriedade. O porte da empresa que criou e
gerencia é, contudo, diverso do frescor com que conduz seu trabalho. Isso porque o escritório, localizado em um dos andares do ateliê-oficina do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, reúne esculturas de papel, arame e massa de modelar, feitas à mão. Parecem surgir quase ao acaso, despretensiosas, mas não devemos nos deixar levar unicamente por sua aparência. Tratam de assunto sério, porque é com elas, em boa parte, que Antonio Bernardo transforma palavras, matemática e temas inspirados nas artes, na natureza e no comportamento humano, em joias. “Gosto de manusear o material, qualquer coisa que estiver na mão. Pode ser um papel, um fio, não importa, porque da manipulação vão surgindo ideias”, analisa. “Sinto que cheguei a resultado melhor quando encontro o nome para uma forma que manipulo. É como se imprimisse certa metáfora ao material”, conclui. MAG
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FOTOS ANTONIO BERNARDO. FONTE: COLEÇÃO ARQUITEURA E DESIGN — ANTONIO BERNARDO, DE EVELISE GRUNOW
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“Vou continuar criando enquanto puder conceber o que me der prazer”
A frase é reveladora da série de anéis, brincos, colares e outros objetos, nos quais o metal, sobretudo o ouro, é explicitamente o protagonista. Os acontecimentos superficiais da joia desempenham, assim, papel de destaque, seja por meio do tratamento que recebem, das formas advindas de operações, como dobra, vinco, curvamento ou torção do material, da linguagem visual relacionada a diferentes ligas metálicas ou, ainda, do entrecruzamento e sobreposição de módulos. Cada uma dessas hipóteses já foi testada pelo design de Antonio Bernardo, seja enquanto respostas a estímulos abstratos, criativos, ou ainda na esteira do domínio que tem das propriedades físicas do metal. Pode-se depreender do breve recorte aqui exposto que preciosas e superlativas são as pedras-detoque do design de Antonio Bernardo. O que 36 M A G
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equivale a supor que, feitas as contas, as peças de ouro que desenhou e até mesmo aquelas que não se efetivaram ainda tratam de enfrentar e dar forma ao precioso sentido de coisa valiosa, seja pela beleza ou pela raridade e, ao superlativo, como aquilo que exprime qualidade no mais alto grau. Afinal, desenhar joias foi a profissão a que se decidiu se dedicar. “Gostava de ficar pensando em coisas e, certo dia, desenhei um anel. Isso mudou minha vida porque entendi que sempre fui ligado ao objeto, à concretização de algo”, relembra o designer que não se recorda do destino daquele anel, mas, na trilha por ele desencadeada, provocou e deu vazão aos mais variados e, por vezes, imprevistos estímulos de criação. “Vou continuar criando enquanto puder conceber o que me der prazer”, alerta. A
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Lagunas Altiplânicas — Espetáculo de cores a 4.600 metros de altitude
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Em meio a salares, vulcões e belas montanhas da Cordilheira dos Andes, no charmoso povoado de San Pedro de Atacama, norte do Chile, está o Tierra Atacama Hotel & Spa. Inaugurado em fevereiro deste ano, ele é a mais nova opção de butique-hotel situada no meio do deserto de Atacama. O empreendimento concilia a exclusividade e o requinte de seus serviços com a história e o ambiente da pequena cidade, que é
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TIERRA ATACAMA HOTEL & SPA
considerada um santuário arqueológico da era pré-colombiana e um dos mais impressionantes cenários da América do Sul. De seus 32 quartos pode-se apreciar as paisagens que cercam o hotel e avistar o belo e arrebatador deserto. O povoado de San Pedro é outra atração. Museus e igrejas contam um pouco da história da população, que descende de povos que vivem no altiplano há, quase, 10 mil anos.
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Deserto de Atacama — Considerado o deserto mais alto e mais árido do mundo. As temperaturas variam entre 0ºC à noite e 40ºC durante o dia. Biquíni Acqua Diem
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Termas de Puritama — Temperaturas de 25ºC a 30ºC. Biquini Acqua Diem
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Valle de La Luna — Paraíso natural, localizado em pleno Deserto de Atacama. Local de rara beleza. Biquíni Acqua Diem
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Pukara de Quitor — Um dos sítios arqueológicos mais impressionantes das Américas. Biquíni Acqua Diem
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Shoes! A chegada das marcas importadas de alto luxo e o sucesso dos estilistas nacionais atiça a paixão das brasileiras por sapatos. Então, suba no salto POR AIMÉE LOUCHARD
ode acreditar. A moda do arremesso de calçados — que já atingiu o ex-presidente norte-americano George W. Bush, o embaixador israelense Benny Dagan e o ministro indiano Chidambaram — não tem a mínima chance de prosperar entre nós. Brasileiros em geral — e brasileiras em particular — têm um xodó muito especial por sapatos e um apego irremediavelmente emotivo aos seus muitos pares. Como se isso não bastasse a cada dia desembarcaram por aqui marcas importadas de alto luxo. Por mais irada, que brasileira em sã consciência se atreveria a jogar em alguém um pé do modelo Siamese, da grife Charlotte Olympia, cujo preço ultrapassa facilmente a barreira dos 1.000 dólares? Nem morta, darling! O mercado brasileiro de sapatos é vigoroso. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), o país produz aproximadamente 808 milhões de pares por ano, dos quais cerca de 100 milhões são destinados ao mercado externo, o que confere ao país o quinto lugar no ranking dos exportadores mundiais. Na contramão da
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crise global, enquanto as vendas para o exterior encolhem tirando o sono dos grandes calçadistas nacionais, as importações disparam. Só de janeiro a março deste ano, o Brasil comprou 13,1 milhões de pares, totalizando 109,9 de milhões dólares, o equivalente a um acréscimo de 45,3% no pagamento de divisas e de 15,6% no volume físico em relação ao mesmo período do ano anterior. Em março, o segmento de calçados femininos de luxo ganhou um reforço e tanto. Em São Paulo e no Rio de Janeiro aportaram os estilistas Christian Louboutin e Charlotte Dellal. Graças a ele, francês, e a ela, anglo-brasileira, cariocas e paulistanas sem limite nos cartões de crédito poderão agora desfrutar de preciosas criações em endereços exclusivíssimos nas duas capitais. Louboutin ficou conhecido mundialmente pelos solados vermelhos dos sapatos de sofisticação inimitável que desenha. Um glamour capaz de conquistar personalidades ao redor do globo tão distintas como a apresentadora norte-americana Ophrah Winfrey, a princesa Caroline de Mônaco ou as atrizes inglesas Gwyneth Paltrow e Cate Blanchett.
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Nas maisons de haute couture, em Paris, e nos ateliês italianos, calçados luxuosos tomavam forma pelas mãos de artesãos refinados como André Perugia, Salvatore Ferragamo e Roger Vivier, até hoje sinônimos de excelência
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OBRAS DE ARTE DE UM EX-APRENDIZ O mago francês dos sapatos abriu a primeira loja em 1992, na elegante Galeria Vero-Dodat, nas cercanias do Louvre, não sem antes ralar muito como sapateiro-aprendiz do Folies Bergères, antológica casa de diversões em Paris, o que lhe rendeu a seguir um posto na renomada Charles Jourdan, onde criou sapatos para a maison Christian Dior. Hoje, a marca Christian Louboutin é comercializada em 47 países, com 17 lojas próprias pelo mundo, a mais recente no Shopping Iguatemi, em São Paulo, a primeira da América Latina. A loja transpira o requinte da marca. Uma das salas, fechada por espelhos, é dedicada ao atendimento privé. Expostos em molduras como obras de arte , os sapatos variam dos peep-toes — os preferidos do designer — aos pumps adornados com cristais. Um traço comum são os invariáveis saltos 12 e preços na casa dos 3.000 reais. Objetos de desejo? Sem dúvida. “Saltos altos são extremamente femininos e sensuais. Além disso, impõem uma linguagem corporal, uma atitude à mulher que os usa”, garante Louboutin. Quem não fica atrás em sofisticação e — porque não? — extravagância é a também designer de sa-
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patos Charlotte Dellal, que acaba de inserir num corner da Avec Nuance, no Shopping Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, a sua marca Charlotte Olympia. Filha do casal de milionários Andréa e Guy Dellal e queridinha das modelos Kate Moss e Sienna Miller, Charlotte recebeu fartos elogios da revista Harper’s Bazaar poucos dias antes do lançamento da coleção no espaço de moda carioca. Formada pela London School of Fashion, a jovem estilista, que vive na Inglaterra, usa e abusa das plataformas e dos saltos altíssimos nas suas criações. E ensina: “Com eles, as pernas ficam alongadas e bem torneadas”.
NUNCA HOUVE NADA IGUAL Amante de peças clássicas, ela busca inspiração nos anos 40 e 50. Não é por outro motivo que o carrochefe da coleção, uma fascinante sandália de tiras de cetim vermelho e salto stiletto, foi batizada de Gilda,
pois, a exemplo da mítica personagem do cinema, nunca houve — ou haverá — nada igual. O alto valor agregado ao produto para um público AA – cada peça tem o preço médio de 3.250 reais — determinou uma política de vendas diferenciada para a grife, como explica Sílvia Chreem, diretora de marketing do Grupo Nuance. “Oferecemos apresentações personalizadas da coleção para clientes fidelizadas e o retorno tem sido muito favorável”, informa a diretora. Convicto de que o sapato transforma uma mulher, o gaúcho Jorge Bischoff adotou a estratégia de trazer para o dia-a-dia os calçados de sonho que enfeitam as passarelas dos desfiles tanto aqui quanto lá fora. Natural de Igrejinha, localidade que integra o grande pólo calçadista do Rio Grande do Sul, Bischoff não escapou da sina de, primeiramente, vender e, tempos depois, criar sapatos femininos. E confessa adorar o negócio. MAG
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Constança Basto, designer: “A consumidora brasileira já identifica as marcas de luxo e faz escolhas inteligentes baseadas no custo-benefício do calçado
No rastro de André Perugia, Salvatore Ferragamo e Roger Vivier, diversos sapateiros de luxo se destacam na história recente. Atualmente, imperam o canadense Patrick Cox, o malaio Jimmy Choo, o cidadão do mundo Manolo Blahnik, o italiano Sergio Rossi e o francês Christian Louboutin
Há 11 anos no ramo, ele hoje contabiliza uma produção diária de mil pares e nove lojas espalhadas por três capitais brasileiras, a última delas aberta há dois meses no Rio Design Barra, templo do consumo de luxo, instalado na Zona Oeste carioca. Para Bischoff, o segredo do sapato perfeito reside na combinação de tecnologia de ponta na fabricação e matéria-prima de altíssima qualidade. Trocando em miúdos: uma simbiose de beleza e conforto. “Ninguém precisa mais sair do baile com os sapatos na mão”, graceja o empresário.
NOS PÉS DAS CELEBRIDADES Para a festejada designer carioca Constança Basto, a consumidora brasileira já identifica as marcas de luxo e faz escolhas inteligentes baseadas no custobenefício do calçado. Comportamento muito diferente de quando ela era adolescente e, por falta de opções, costumava desenhar sofisticados modelos
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Christian Louboutin: “Saltos altos são extremamente femininos e sensuais. Além disso, impõem uma linguagem corporal, uma atitude à mulher que os usa”
em cetim e pedir ao sapateiro da família que os confeccionasse. Constança, que começou no ramo nos fins dos anos 90, ainda universitária, vendendo sapatos femininos nas casas das clientes, tem, atualmente, sete lojas em pontos nobres de São Paulo e do Rio de Janeiro. Já teve um badalado endereço também em Nova York, que fechou com a morte do sócio americano. O uso de couros exóticos de jacaré, lagarto e cobra, pelos de animais e cristais, além das cavas e recortes, que conferem sensualidade aos pés, são marca registrada. Os sapatos e sandálias para noite fascinaram estrelas do quilate de Nicole Kidman — que, em 2005, comprou nada menos de 13 pares de uma vez — e Cameron Diaz, que, simplesmente saiu do estúdio em
que filmava As Panteras, usando um modelito rosa de cena. Por aqui, a jornalista Fátima Bernardes, as atrizes Marília Pêra e Maria Fernanda Cândido e a curadora de artes Wanda Klabin são clientes fiéis. Os deslumbrantes modelos oscilam de 450 a 850 reais. Há dois anos, Constança Basto começou um reposicionamento no mercado em busca de melhores condições logísticas e seleção de parceiros, que lhe permitissem praticar preços mais competitivos. Ela não pára: são cinco linhas de calçados por ano cada uma com 40 modelos. E avisa não temer os solavancos da economia global: “A paixão das brasileiras por calçados é imune às crises. Quero vender cada vez mais sapatos de qualidade para mais gente”. A MAG
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No sentido horário, anúncio Fendi Bags, 1999; capa do livro 20th Century Fashion; e anúncio Yves Saint Laurent Furs, 1996
PASSION FOR FASHION O século 20 viu a evolução de um negócio exclusivo do salão parisiense para uma elite rica, a uma indústria global que emprega milhões de pessoas, com as novas tendências levadas às lojas antes que o último modelo saia das passarelas. Ao longo do tempo, as silhuetas femininas de cada época evoluíram além do esperado: as crinolinas da House of Worth deram lugar aos vestidos soltos de noite da Vionnet, o new look da Dior ao look Quant Chelsea, o terno branco da Halston ao jeans de cintura baixa do Frankie B’s. Na moda masculina, ternos de confecção mostraram o fim da alfaiataria sob medida, muito antes que camisas havaianas, gravatas skinny ou calças baggy entraram na frente. 54 M A G
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20th Century Fashion oferece uma retrospectiva da moda nos últimos 100 anos, através de 400 anúncios de moda da Heimann Jim Collection. Usando imagens retiradas de um século de publicidade, este livro documenta o ritmo incessante da moda como foi adotada na cultura de massa, década após década. Uma introdução em profundidade, o texto dos capítulos, e ilustrações de forma detalhada da cronologia mostra como o estilo dos fabricantes e das tendências, da alta costura para o mercado de massa, e os acontecimentos históricos, casas de design, varejistas, filmes, revistas e celebridades moldaram a nossa forma de vestir, naquela época e agora.
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QUINTO ELEMENTO
ARTE DE PRODUZIR OBJETOS CERÂMICOS DE QUALIDADE
stamos em Cunha, pequena cidade do interior paulista, embora um dos maiores municípios brasileiros, encravada entre as serras do Mar, da Bocaina e do Quebra-cangalha. O clima tem um toque de Europa — a névoa evanescente dá um tom gris à paisagem, transformando a silhueta das montanhas em gigantes adormecidos; a brisa sopra úmida e refrescante; o silêncio predomina, dando eco somente ao canto de muitos sabiás e bem-te-vis. O resto é pura mansidão, como se espera de uma cidade com pouco mais de 20 mil habitantes. E, como se espera, também, chegamos à Praça da Matriz guiados à distância pelas suas duas imponentes torres que vigiam, impassíveis, moradores e visitantes, crentes e ateus, crédulos e céticos, beatos e pecadores. É aqui, rodeado de generosa natureza, pousadas e restaurantes cheios de charme e extremamente convidativos para uma refeição típica brasileira ou da cuisine française, que vamos encontrar o ateliê de José Carlos Carvalho, o J.C. Carvalho, um dos expoentes ceramistas que fazem de Cunha a capital nacional da Cerâmica de Autor. Carvalho, ex-publicitário, é dono de uma invejável carreira de diretor de arte, com passagens por inúmeras e importantes agências de propaganda nacionais e multinacionais. Ansioso por novos rumos, em 1982, quase que por acaso, Carvalho descobre a cerâmica — foi amor ao primeiro toque. Poeta com as mãos e com o espírito, Carvalho afirma que “não fui eu quem escolheu a cerâmica; foi a cerâmica quem me escolheu”. A partir daí, Carvalho rendeu-se à sua maior vocação, submergindo profundamente nas origens da técnica para emergir com obras de peculiar leitura. Dedicado integralmente à arte cerâmica, transferiu toda a sua criatividade para a argila, os esmaltes, as técnicas e até à criação e aperfeiçoamento de ferramental e técnicas próprias, o que qualifica sua arte como Cerâmica de Autor.
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J.C. Carvalho: “Eu sou co-autor das minhas obras, porque divido a concretização delas com os quatro elementos — a água, a terra, o ar e o fogo”
Em 1996, Carvalho funda uma escola onde, por dez anos, divide seu tempo ensinando arte e técnica com a produção de suas próprias obras. No entanto, o ateliê em Cunha exigia cada vez mais a sua presença, o que o levou a optar pelo fazer a ensinar. Carvalho é generoso no conhecimento e na perfeita aplicação de várias técnicas, com destaque para o Sgraffito e o Sgraffito com Colagem — técnicas peculiares, que ganham formas, texturas, baixos e altos relevos, efeitos, claros e escuros, cores e sombras indescritíveis. Suas peças, sejam utilitárias, sejam puramente artísticas, possuem um “não-sei-o-quê” que as destacam do tradicional e do convencional. Dentre inúmeras exposições coletivas e individuais, Carvalho dá especial destaque às exposições na Pinacoteca 58 M A G
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do Estado de São Paulo (Objeto Brasil – 500 Anos de Design 2000) e na Sociedade de Cultura Japonesa (Art and Craft Brasil-Japão/2002). Hoje, suas peças fazem parte de coleções não só no Brasil, mas também no exterior. Todo esse reconhecimento, no entanto, não roubou de Carvalho a simplicidade, o bom humor, o riso fácil e farto. Nem a seriedade com que se dedica, dentro de uma rígida disciplina, ao contato com a fria argila, aos traços rápidos e precisos que rascunham suas obras, aos cuidados com a temperatura, à precisão na mistura de óxidos na busca pela cor imaginada. “Toda peça queimada em fornos de alta temperatura, que ultrapassam os 1.200 graus centígrados, não têm um só autor. Eu, por exemplo, sou co-autor das minhas obras, porque divido
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Utilitárias ou puramente artísticas,as pecas de J.C. Carvalho possuem um “não-sei-o-quê” que as destacam do tradicional e do convencional
a concretização delas com os quatro elementos — a água, a terra, o ar e o fogo — que são fundamentais para o resultado final. Eu sou apenas o quinto elemento no processo. A cada queima, fico absolutamente sujeito aos humores de meus co-autores; por mais planejada que tenha sido a peça, dependo do comportamento de cada um deles. Por isso é impossível fazer duas peças iguais — eles têm comportamentos diferentes a cada instante.” , revela Carvalho. É possível reconhecer em cada peça a personalidade do artista. À revelia, sua autoria aparece nos detalhes, tanto na geometria gráfica caucasiana, como nas formas orgânicas sinuosas e insinuantes. Percebe-se, nessas insinuações, a intenção clara de ruptura com o establishment da arte
cerâmica, o que adiciona uma alta dose de exclusividade às peças assinadas por J.C. Carvalho. Ceramista convicto e representante de uma das mais antigas e rudimentares artes criadas pelo homem, J.C. Carvalho vive de dar forma e conteúdo ao barro; vive de extasiar os apreciadores da arte com suas interpretações de retas e curvas, de convexos e côncavos, de excêntricos e concêntricos, apenas para proporcionar aos espectadores momentos de prazer. Um prazer singular que pode ser experimentado no seu ateliê, em Cunha, a 220 quilômetros de São Paulo e a 43 de Paraty, na divisa de São Paulo e Rio de Janeiro. Carvalho Cerâmica – rua Jerônimo Mariano Leite, 190, Vila Rica, Cunha, Informações tel.: (11) 9164-3071. www.carvalhoceramica.com.br A MAG
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Bailarinas BY JOHNNY
Edgar Degas nasceu em Paris em 19 de julho de 1834. Filho de família abastada, teve a educação padrão da classe alta no Lycée Louis le Grand. Depois de estudar direito por pouco tempo, decidiu tornar-se um artista, trabalhando com mestres conceituados e passando muitos anos na Itália, considerada então a “escola de aperfeiçoamento” das artes. Embora as pinturas de Degas aparentem ser espontâneas, elas eram na verdade produções de estúdio cuidadosamente planejadas, construídas a partir de muitos croquis e estudos. Sua arte era do tipo que ocultava sua artificialidade. Ligado ao impressionismo, destacou-se pelo estudo apurado do movimento e ficou conhecido como o pintor das bailarinas. Adimirador de Degas, o fotógrafo João Henrique Netto, o Johnny, foi buscar inspiração na obra do pintor, com olhar especial para a série as bailarinas. Assim como Degas, os cliques desse artista das câmeras são planejados. Suas bailarinas foram “construídas” ao longo dos anos. As diversas modelos que passaram pelo estúdio têm em comum a peça que recobre seus corpos: o tule. Fluido e transparente, o tecido aparece ora esvoaçante, ora compondo volumes para –– num jogo de hide and seek –– revelar mulheres lânguidas, dramáticas, sensuais...
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Mario Testino captura a essência da cidade incomparavelmente sedutora e dos seus cidadãos: Fernanda Lima. São Conrado, 2006
INSPIRADO NAS MENINAS DE COPACABANA Mario Testino — fotógrafo da realeza, celebridades e supermodelos — aproveitou do seu caso de amor de mais de 30 anos com o Rio de Janeiro para lançar o livro MaRIO DE JANEIRO Testino, da editora Taschen. Peruano de nascimento, Testino ficou fascinado pelo Rio de Janeiro desde suas primeiras férias de verão. “Quando eu tinha 14 anos, de férias, indo de casa para a praia vendo todo mundo andando naquelas roupas de banho pequenininhas –– as meninas e os meninos eram tão sensuais, sem preocupações e selvagens. Eu não conseguia acreditar.” Essa sensualidade fácil, liberdade sexual 72 M A G
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e luxúria deixaram uma profunda impressão na sua vida; Testino tem ido atrás disso desde então, do trabalho à diversão, da paixão à inspiração. Oferecendo tomadas cândidas dos cariocas que descobrem a carne núbil, incluindo a supermodelo Gisele Bündchen, Mario Testino capta a essência dessa cidade incomparavelmente sedutora e dos seus cidadãos. De seus panoramas deslumbrantes do por do sol, ao caos pulsante do seu mundialmente famoso Carnaval, esse é o poema de amor de Testino para a metrópole brasileira que conquistou seu coração na adolescência, e nunca mais largou.
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Chá das cinco no
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A sofisticação e o clássico estilo inglês são as marcas do legendário Brown’s Hotel, que, há seis anos, faz parte da The Rocco Forte Collection de hotéis de luxo POR
FRAN OLIVEIRA,
DE
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epois de 24 milhões de libras gastos em reforma, o Brown’s reassumiu a posição que lhe cabe como um dos hotéis mais intimistas e encantadores de Londres. Seu interior é contemporâneo com um senso de estilo autêntico, sem perder sua original e tradicional elegância inglesa. Localizado no coração da Mayfair, na Albemarle Street, o Brown’s — inaugurado em 1837 — é um dos hotéis mais antigos de Londres. A alguns passos do seleto paraíso das compras da Bond Street, dos teatros da West End e de St James, o hotel foi criado para hospedar com classe uma clientela exigente. Sempre teve ares de exclusividade e refinamento, mantidos graças à longa reforma coordenada pela diretora de design da The Rocco Forte Collection, Olga Polizzi. Composto por 11 casas de estilo georgiano, todos os 117 quartos (inclusive 29 suítes de luxo) foram projetados individualmente com a sofisticação — e o atendimento amável e personalizado — que se tornou a marca registrada da The Rocco Forte Collection.
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Acima, o legendário The Donovan Bar. Em suas paredes, legendárias fotografias. Na página ao lado, Burlington Arcade, em Mayfair
Nas mãos do chef Lee Streeton, o The Albemarle (antes The Grill) vem se reafirmando rapidamente como um dos melhores restaurantes de Londres. Com um lindo revestimento de madeira, teto abobadado, elegantes banquetas verdes desenhadas pelo grande designer Philippe Hurel, o restaurante oferece uma experiência de Londres inesquecível e fascinante, tornando-se rapidamente mais um ponto imperdível da cidade. Lee Streeton e Mark Hix, o diretor de nutrição, apresentam um excelente cardápio com clássicos da culinária britânica, preparados com os melhores ingredientes da estação. Além de culinária britânica de primeira há também uma fantástica coleção de obras de grandes artistas britânicos. Lá se encontra um neon de Tracey Emin intitulado I loved you more than I can love (Amei você mais do que consigo amar) que faz parte da sua mais nova coleção, em exibição na galeria White Cube; uma foto gigante de um olho de Rankin; quadros de Bridget Riley, Michael Landy, Fiona Rae, Keith Coventry, Toby Zeigler, Peter Peri, Caragh Thuring e esboços de Tim Nobre & Sue Webster. 76 M A G
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Acima, The Kipling Suite, uma das 29 suítes de luxo do Brown’s Hotel. Na página ao lado, The Albermale: cardápio com clássicos da cozinha britânica
O tradicional chá das cinco no Brown’s continua sendo um dos melhores de Londres e é servido no The English Tea Room, que recebeu o prêmio The Tea Guild’s Top London Afternoon Tea 2009. Irene Gorman, chefe do The Tea Guild, ao comentar o prêmio do Brown’s, disse que “o salão de chá consegue combinar luxo e elegância num ambiente aconchegante com atendimento eficiente. Os chás e as opções gastronômicas são primorosos, no sabor e na apresentação. Os garçons são bem treinados, entendem realmente de chá e estão sempre dispostos a ajudar o cliente a escolher; e para completar, dá para levar uma amostra do chá que você gostou para casa. São esses pequenos toques que destacam o Brown’s como o paraíso para amantes do chá”. No The English Tea Room, sommeliers do chá ficam à disposição para dar conselhos sobre os 17 tipos de chá disponíveis. Stuart Johnson, Gerente Geral do Brown's disse: “Para nós é um prazer e honra receber um prêmio tão importante. Tem um enorme significado para o nosso pessoal que investe tempo e dedicação para criar a melhor experiência para os nossos clientes. Somos uma equipe unida com a paixão e o compromisso para criar e manter um alto padrão”. Londres é assim. Sempre tem algo para se fazer ou beber. Mesmo que seja o seu tradicionalíssimo chá. A 78 M A G
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AGRADECIEMNTOS: TAM LINHAS AÉREAS E THE LEADING HOTELS OF THE WORLD
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do topo do mundo Eles vivem em regiões onde a temperatura no inverno pode atingir 50º C negativos, uma das mais rigorosas do planeta. Pastoreiam renas há milênios e reverenciam a aurora boreal. São os samis, ou Lapões da Noruega TEXTO E FOTOS DE
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Samis paramentados com seus elaborados trajes típicos na igreja de Kautokeino para celebração da Páscoa. Ao lado, um fenômeno da natureza: a aurora boreal
Lapônia não é um país, e sim a nação dessa etnia indígena, que há mais de 4.000 anos vive espalhada no extremo norte da Noruega, Suécia, Finlândia e Rússia. Hoje existem aproximadamente 80 mil lapões, a maioria vivendo na região de Finnmark, no norte da Noruega. São exímios conhecedores da neve e seus fenômenos, a ponto da Glaciologia, a ciência que estuda a fenomenologia do frio, emprestar do vocabulário sami várias palavras. A neve pode ter características distintas –– grudenta, seca, cristalina, flocos redondos –– mas para os samis, que afirmam reconhecer 40 diferentes tonalidades de branco, meia dúzia de generalizações não bastam – eles têm 180 diferentes termos para designar a neve, dependendo de seu estado. Seu insondável idioma é parente distante do finlandês e do estoniano. Os samis são mestres na criação de renas, um cervídeo de chifres que vive em ma-
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nadas silenciosas pelas altas latitudes, magnificamente adaptado à aridez e a temperaturas baixíssimas. Não há outro mamífero de rebanho que resista a céu aberto nas noites do inverno na Lapônia. Do bicho tudo se aproveita: além da força de trabalho, da carne e do couro, os chifres e ossos são amplamente empregados na confecção de utensílios como talheres, alças, puxadores, botões de camisa e soberbamente no duodji, o artesanato sami. No longo inverno, tudo se cobre de neve, as noites são longas e os dias curtos. Algumas regiões mergulham na escuridão durante quase dois meses. A curta primavera traz floradas exuberantes que colorem a tundra, o último cinturão de vegetação rasteira ao redor do pólo norte, com uma variedade de cores e tons. O verão, em junho e julho, é a estação verde. Faz “calor” — a temperatura pode atingir “incríveis” 22 graus centígrados positivos. O outono é curto e marcadamente vermelho, as folhas caem e prenunciam mais um longo inverno.
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Renas: animal adaptado à aridez e a temperaturas baixíssimas. Seus chifres e ossos são amplamente empregados na confecção de utensílios
As estações do ano na Lapônia são tão distintas que os samis as dividem em oito, e não em quatro. A vida naquela região pode ser duríssima e nada glamourosa — no auge do inverno, os samis chegam a manejar seus rebanhos sob uma temperatura de 45 graus centígrados negativos — tarefa duríssima mesmo para quem está acostumado a isso há séculos. Em Kautokeino, uma das cidades sagradas dos Samis, perguntei a Johan Isak Gaup, um bem-humorado criador deste curioso animal, quantas renas ele tinha. “Perguntar a um sami quantos animais ele tem é o mesmo que perguntar a alguém quanto dinheiro tem guardado”, explicou delicadamente ele. E arrematou, enigmático: “Bem, mas você não tinha como saber isso, então vou responder sinceramente: eu tenho mais de uma e menos de 100 mil”. E deu uma gargalhada. Os samis afirmam ter, em seu vasto vocabulário, mais de 1.500 palavras diferentes apenas para designar suas renas. Se a rena é marrom com pintas brancas, recebe um nome. Se ela é bran84 M A G
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ca com pintas marrons, recebe outro nome, e assim por diante. Impossível imaginar onde isso vai parar. A Páscoa é sua data religiosa mais expressiva. Em algum momento da história eles adotaram o calendário cristão. Durante dez dias acontecem competições, jogos, concertos e festivais, sempre profundamente ligados a sua cultura. O envolvimento com as renas não se restringe à sobrevivência: o Reeinder World Champion, ou Campeonato Mundial de Renas, acontece anualmente em Kautokeino e reúne os expoentes mundiais desta curiosa competição praticada há séculos, que com o tempo ganhou roupagem contemporânea — em vez de os elaborados e pesados trajes tradicionais, os esquiadores que competem puxados por renas aderiram ao figurino esportivo colado a pele, como ultra-coloridos jaspions das neves. É uma corrida de um por vez contra o relógio, ganha quem percorrer o circuito em menor tempo. Detalhe curioso: quem recebe o prêmio não é o competidor, e sim a rena.
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6 de fevereiro é o Dia Nacional da nação Sami: uma data oficial celebrada não só na Noruega, mas também na Suécia, Finlândia e Rússia
Os jogos samis reúnem dezenas de famílias num animado piquenique no leito congelado do rio Karasjok, quando assam salsichas, comem nacos de rena desidratada e tomam muito, muito café. Dentre várias diversões, a mais bizonha é sem dúvida o campeonato de atirar o sapato longe. Pois é, eles pegam um sapato típico sami, enchem-no de palha e definem o local do arremesso. Os competidores agarram o sapato pelos cadarços e giram em volta de si mesmos para dar força ao arremesso. O vitorioso é aquele que, é claro, lançá-lo mais longe. Os joyks são a manifestação de sua forte musicalidade. São canções passadas de geração em geração, e cada família vem preservando e elaborando seus próprios joyks durante séculos. Assim, são milhares de joyks já conhecidos e ninguém sabe realmente quantos existem. Há diferentes joyks para diferentes finalidades: canta-se um “específico” para a mulher amada, outro aos antepassados, outro diferente para os filhos, a natureza, a prosperidade etc. O Joyk Grand Prix é
um colorido festival musical, onde a competição é apenas uma desculpa para cantar e celebrar as músicas dos diversos clãs vindos de diferentes regiões da Lapônia. O Festival de Cinema de Kautokeino reúne anualmente dezenas de produções independentes, todas sobre minorias e etnias indígenas de todo o mundo, e em 2006 foram apresentados dois filmes brasileiros. As exibições acontecem à noite e ao ar livre, e os filmes são projetados em um inusitado telão de gelo com mais de dez metros de altura, enquanto a temperatura na “sala de exibição” ronda 10, 20 graus centígrados negativos, ou ainda menos. O auge da celebração da Páscoa acontece na missa do domingo, quando a pequena igreja de Kautokeino fica lotada de samis paramentados com seus elaborados trajes típicos. Hoje em dia eles vivem em confortáveis casas aquecidas e tem acesso a todo tipo de bens de consumo. Falam em celulares de última geração, usam caríssimos snowmobiles (tipo um jet ski para a neve) para pastorear suas renas e transitam em carros novos. MAG
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DICAS & BY YOURSELF COMO CHEGAR A SAS (Scandinavian Air) parte de várias capitais européias para Oslo. De lá um vôo para Alta.
Muito diferente do cotidiano duríssimo de algumas décadas atrás, quando se locomoviam em trenós puxados por renas, pescavam e caçavam para garantir a sobrevivência e viviam em Lavvus, cabanas de couro ou pano com um buraco no alto para o escape da fumaça da fogueira – vital para manter o interior aquecido. Hoje em dia os lavvus são usados apenas para o lazer. Poucos ainda vivem neles. Assim como aconteceu com incontáveis minorias indígenas em todo o mundo, historicamente os samis também passaram por maus momentos, quando foram oprimidos pelos ocupantes noruegueses em sua expansão pelas terras no norte do país, no século 9 e na primeira metade do século 20. Hoje a história é bem diferente: Há muitos anos a Noruega percorre o caminho contrário da opressão às minorias, e há pelo menos três décadas os samis pegaram carona na pujante prosperidade deste rico país escandinavo. Em 2000, o Storting, o parlamento norueguês, criou um polpudo fundo monetário para o povo sami, cujos rendimentos destinam-se a fortalecer sua língua e cultura, bem como servir como compensação coletiva pelos danos e injustiças cometidas contra esse povo pela antiga política de noruegização. O fundo é administrado pelo Sámediggi, o parlamento sami sediado em Karasjok. Em 1997, Sua Majestade o Rei Harald V da Noruega enfatizou que os lapões e os noruegueses são uma parte integral da sociedade norueguesa, e pediu desculpas pela forma como foram tratados no passado. Hoje em dia, qualquer decisão envolvendo a região de Finnmark, onde se situa a Lapônia norueguesa, deve passar pelo crivo do parlamento sami. Desde 2004, 6 de fevereiro é o Dia Nacional da nação Sami, uma data oficial celebrada não só na Noruega, mas também na Suécia, Finlândia e Rússia, como um símbolo de união que ultrapassa as fronteiras políticas dos países que a compõem. A
INFO Noruega - www.visitnorway.com/us Turismo em Finnmark - www.finnmark.com
ONDE FICAR Alta e Karasjok – Rica Hotel www.rica-hotels.com KARASJOK (www.engholm.no) — No fim do inverno, em março, é um must. Confortáveis e aconchegantes cabines de madeira. Svein Engholm, o dono, é um vitorioso ex-competidor de trenós, autêntico self made man, criador e treinador de cães para competições. Ele leva as pessoas para saídas de trenós de poucas horas de duração. Durante a noite, se ouvem uivos coletivos para a lua... Kautokeino – Thon Hotel www.thonhotels.com
DICAS A melhor época pra ir à terra dos samis é em março, no fim do longo inverno escandinavo. A Páscoa é a data cívico-religiosa mais importante, quando acontecem os eventos culturais e esportivos. Preste atenção às noites. Seja persistente, levante-se da cama de vez em quando e olhe pela janela. A belíssima aurora boreal pode aparecer ou não. Experimente Bidos, uma deliciosa sopa de rena, batata e cenoura.
QUEM LEVA A Latitudes tem uma viagem exclusiva para a Páscoa na Lapônia. www.latitudes.com.br
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SLOW FOOD Com simpatizantes em mais de 130 países, o movimento ganha nova força entre os gourmets, ao revalorizar ingredientes sustentáveis e o ato de desfrutar sem pressa uma vida mais saudável à mesa POR
MARCO AURÉLIO MERGUIZZO
entativa de resgatar a prática saudável de se comer e beber em paz, sem a urgência de correr para um compromisso –– o Slow Food nasceu na contramão da globalização, um contraponto ao estilo fast-food da vida moderna. Desde a segunda metade dos anos 80, quando foi criado pelo grupo liderado pelo jornalista italiano Carlo Petrini, esse movimento gastronômico-cultural e de alcance ecológico, passou a traduzir o estilo de vida de milhares de pessoas ao redor o mundo, incluindo o Brasil, onde se formou uma legião de simpatizantes em prol de sua causa. Para seus adeptos, o ato de curtir o alimento e confraternizar com outras pessoas, de conversar, de sentir os aromas, o gosto e as sutilezas da comida tem um valor intrínseco, superlativo. Agora, mais de duas décadas depois, o movimento ganha nova força ao encantar as novas gerações de gourmets e chefs de cozinha que lutam contra a pasteurização dos alimentos mundo afora e empunham a bandeira da sustentabilidade. “Além de defender o direito ao prazer da alimentação, o slow food procura
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valorizar produtos artesanais de qualidade, que são cultivados de forma que se respeite tanto o meio ambiente quanto as pessoas responsáveis por sua produção e preservação”, enfatiza Cênia Salles, divulgadora do movimento em São Paulo. “A forma como nos alimentamos, tem profunda influência nas coisas que nos rodeiam: na paisagem, na biodiversidade da terra, em suas tradições e na própria sobrevivência humana. Hoje, para o consumidor consciente, é impossível ignorar as fortes relações entre o que se come e a sustentabilidade do planeta”, diz ela. Não por acaso, desde os seus inícios, o movimento marcou posição contra a tendência de padronização do alimento em todo o planeta, enaltecendo a necessidade de os consumidores estarem bem informados. Corria o ano de 1986. Donos de restaurantes, chefes de cozinha, intelectuais, políticos e cidadãos comuns saíram às ruas de Roma para pedir o fechamento do primeiro Mc Donald’s instalado na capital italiana –– e naquele país. O grupo, que protestava contra a rede americana, símbolo mundial do junkie food e do chamado american way of life, afirmava
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O ato de curtir o alimento e confraternizar com outras pessoas, de sentir os aromas, o gosto e as sutilezas da comida tem um valor superlativo
que ela era uma afronta inadmissível à boa mesa italiana e às tradições culinárias européias. Pior: que descaracterizava o centro histórico romano. Não sem razão, a lanchonete se instalara estrategicamente no térreo do belo Palazzo Mignanello, no coração da Piazza di Spagna, um dos mais famosos cartõespostais da capital dos eloqüentes italianos.
CHEIRO DE BATATA FRITA Lendas e exageros compreensíveis à parte, conta-se que o costureiro Valentino, que tinha o seu ateliê funcionando no primeiro andar do Mignanello, precisou ser socorrido por um médico quando sentiu o cheiro de batata frita invadir seu então inexpugnável estúdio e impregnar a coleção de modelitos cotada a peso de ouro. Além de processar a rede de sanduíches, o hoje aposentado gênio dos croquis e tesouras ainda dobrou a empresa americana, conseguindo a instalação de potentes filtros. Pode parecer pouco, mas o costureiro favorito de Sofia Loren e Jackie Kennedy seria o primeiro a dobrar a espinha do gigante do fast food. Meses depois, no entanto, ainda insatisfeito com o desfecho da pugna, Valentino partiria em definitivo dali, 90 M A G
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mudando-se para um outro endereço na região central da capital romana. A lanchonete, no entanto, mesmo sem o peso de outrora, permanece de pé, até hoje, no mesmo ponto, com sua indefectível logomarca. Desde então, o Slow Food cresceria como fermento. Na região do Piemonte, Norte italiano, um grupo de apaixonados barolistas — os apreciadores do excepcional vinho piemontês —, liderado pelo jornalista Carlo Petrini, até hoje o principal representante do movimento no mundo, faria coro à indignação dos manifestantes da Piazza di Spagna, ecoando seus conceitos naquela região. Com grande dose de humor e ironia, o grupo denominava o comportamento fast food de “mordi e fuggi”, ou, em bom português, “morde e foge” ou “come e corre”. Pouco a pouco, a bandeira defendida por Petrini passaria a ser hasteada por toda a Itália e a seguir a França, trincheiras estrategicamente cruciais sob o ponto de vista gastronômico. “O homem deve recuperar sua sabedoria e libertar-se da velocidade, que pode reduzi-lo a uma espécie em vias de extinção”, afirmava à época Petrini de forma apocalíptica. “É inútil forçar os ritmos da vida. A arte de viver consiste em aprender a dar o devido tempo às coisas. O Slow Food
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Carlo Petrini: “O homem deve recuperar sua sabedoria e libertar-se da velocidade, que pode reduzi-lo a uma espécie em vias de extinção”
defende, e defenderá sempre, o direito ao prazer”, repete ele até hoje sobre as bases e o objetivo supremo desse grupo de inspiração epicurista. Prestes a completar 20 anos em 2009, o movimento reúne atualmente mais de 80 mil membros. Além de sua sede ancorada na terra natal de Petrini, a cidade piemontesa de Bra, conhecida por seus vinhos opulentos, queijos e tentadoras trufas brancas, há escritórios do Slow Food em várias partes da Itália, Alemanha, Suíça, Estados Unidos, França, Japão e Reino Unido, além de apoiadores em 130 países, incluindo o Brasil.
VOCÊ TEM FOME DE QUÊ? Há um bom tempo, porém, o comportamento veloz à mesa e os desvios alimentares urbanos deixaram de ser os principais alvos do Slow Food. O movimento já publicou manifestos que vão da condenação dos alimentos transgênicos à defesa do leite cru. Hoje, uma de suas principais bandeiras é justamente a defesa das diferentes culturas alimentares, a preservação do patrimônio enogastronômico dos países, a proteção e a revalorização das cozinhas regionais e de suas receitas tradicionais. Mais: o movimento defende em todo o mundo a biodiversidade alimentar e busca documentar produtos gastronômicos especiais, que
estão em risco de desaparecer. Para tanto, Petrini e seus pares criaram em 1996, a Arca do Gosto — um catálogo mundial que identifica, localiza, descreve e divulga sabores quase esquecidos de produtos ameaçados de extinção, mas com potenciais produtivos e comerciais. No Brasil, um dos alimentos classificados é o arroz vermelho, cultivado na região de Pirenópolis, em Goiás, e a castanha-do-Baru, típica do Cerrado. Hoje, esse precioso catálogo reúne mais de 750 produtos provenientes de dezenas de países, e constitui um importante instrumento para recuperar raças autóctones e aprender a verdadeira riqueza de alimentos que o planeta Terra oferece. “O alimento da Arca deve ser a base da economia de uma comunidade. Além disso, deve ser bom no sentido de gostoso e bem feito; ‘limpo’, para expressar que é livre de substâncias químicas; e, por último, justo em relação à forma como é comercializado”, explica Cênia. Outra iniciativa do movimento, que complementa a Arca do Gosto, são as Fortalezas de Produção. As fortalezas são projetos concretos de desenvolvimento da qualidade dos produtos nos seus territórios de origem. Envolvem diretamente os pequenos produtores, técnicos e entidades locais. “Para reconhecer e promover um produMAG
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Cênia Salles: “Ser ‘slow’ é apreciar cada detalhe da vida como se fosse um grande pilar de sustentação”
to é necessário juntar os produtores remanescentes e divulgá-los, ajudá-los a comunicar e publicar a alta qualidade gastronômica de seus produtos, assegurando preços rentáveis”, esclarece Cênia. As fortalezas Slow Food podem trabalhar de modos diferentes, mas os objetivos são os mesmos: promover os produtos artesanais; estabelecer padrões de produção com os produtores para assegurar a qualidade do produto e, acima de tudo, garantir a viabilidade futura para os produtos tradicionais. Só na Itália, são mais de 200 Fortalezas. Daí para incluir toda a biodiversidade do planeta, incluindo o Brasil onde há cerca de nove unidades, muito já se fez: do arroz bario da Malásia, à baunilha mananara de Madagascar, ao café guatemalteco e o queijo oscypek polonês. Ao priorizar o alimento bom, limpo e justo, preceitos do movimento, a chef de cozinha natural Cláudia Mattos, do Espaço ZYM, de São Paulo, também se confessa uma entusiasta do Slow Food. Ela preparou especialmente para os leitores de Conhecimento Vivo a receita de Nhoque de banana verde ao pesto de clorofila do trigo e castanha do Baru. Em sua busca constante de proporcionar às 92 M A G
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pessoas e a si mesma uma alimentação sempre saudável, a chef pesquisa constantemente os ingredientes e planeja cada detalhe do cardápio. “Além de cultivá-los aqui, só utilizo vegetais orgânicos”. Para experimentar a comida feita e servida como um verdadeiro ritual gastronômico em sua charmoso espaço, na capital paulista, Cláudia sugere muita calma e disponibilidade de tempo para quem vai se render ao seu estilo. “Faço tudo com muita calma, no fogão à lenha, criando novos pratos e resgatando receitas tradicionais.” “Ser ‘slow’ é apreciar cada detalhe da vida como se fosse um grande pilar de sustentação. É comprar um alimento social e ecologicamente corretos e chamar os amigos para cozinhar com alegria”, reitera Cênia. Priorizar, portanto, o bem-estar próprio, de amigos e familiares, e ficar atento à biodiversidade, são atitudes que podem mudar nossas vidas — e a do planeta. Afinal, arranjar tempo para saborear e curtir uma alimentação de qualidade com pessoas queridas é a forma mais simples de tornar o nosso cotidiano muito mais saudável e prazeroso. Enfim, uma refeição completa: tanto para o corpo quanto para o espírito. A
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MULSANNE O novo grand touring da Bentley Motors é resultado da soma do passado com o presente e passa a ser o símbolo da companhia POR
FRAN OLIVEIRA
Mulsanne foi inspirado na obra máxima do fundador da companhia, Walter Owen Bentley: o 8 litros de 1930. Essencialmente, o muito bem conservado 8 litros –– que W.O. utilizou durante dois anos como automóvel da empresa –– compartilhou o pódio no Pebble Beach Concours D'Elegance de Monterey, na Califórnia, com o Mulsanne. Essa precoce obra mestra automobilística foi de fato o último modelo Bentley de grande envergadura desenhado e construído na sua totalidade por engenheiros da empresa… até o dia de hoje. Quase 80 anos depois, o Mulsanne explode como uma exaltação intensamente moderna e respeitosa com seu nobre passado do automóvel grand touring de luxo. Concebido e desenhado na sede central do Bentley em Crewe, na Inglaterra, o Mulsanne, dotado de uma nova plataforma, começará a ser produzido no próximo ano. Durante a apresentação, do Bentley Mulsanne, Franz-Josef Paefgen, presidente e diretor executivo da Bentley Motors, disse: “Expomos a nossos engenheiros o desafio de criar um novo grand touring que se convertesse no apogeu dos automóveis britânicos de luxo e fornecesse as mais inesquecíveis sensações ao volante. Eles colocaram todo seu empenho em responder ao desafio, e o resultado é um carro de luxo que quebra esquemas quanto a conforto, desempenho sem esforço e refinamento, qualidades tornaram a marca Bentley mundialmente conhecida ”.
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“O motivo de eu ter comprado um Bentley foi devido a seu excepcional desempenho na estrada em todos os aspectos. Tais características não deixam nada a desejar” (Noel Van Raalte, primeiro cliente de W.O. Bentley, em outubro de 1921)
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A equipe de designers da Bentley, com Dirk Van Braeckel à frente, criou um modelo símbolo que apresenta os clássicos elementos de desenho esportivo tradicionalmente associados ao Bentley, mas reformulados de forma inequivocamente contemporânea. “Já desde os primeiros esboços feitos a mão no estúdio de design, fomos inspirados pela tradição das limusines Bentley grand touring com a ideia de adaptá-la aos gostos de uma nova geração de entusiastas da marca”. A volta da denominação Mulsanne a um automóvel que leva o emblema da “B alada” marca a estirpe da companhia no mundo das corridas automobilísticas, constatável, mais que em nenhum outro lugar, no famoso circuito de Le Mans, cenário de nada menos que seis prêmios da Bentley. Poucos lugares oferecem uma conexão mais emotiva ou evidente com a marca Bentley que a famosa curva Mulsanne. O 8 litros da Bentley exposto ao lado do Mulsanne na Califórnia foi apresentado pela primeira vez na feira automobilística realizada em Londres em 1930. Foi a segunda unidade a sair de fábrica, e serviu
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Acima, no sentido horário: Bentley 8 litros: apresentado pela primeira vez na feira automobilística realizada em Londres, em 1930; W.O. Bentley: habilidade para construir um automóvel de luxo na década de 30; e Bentley Mulsanne: a evolução
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como automóvel da empresa de W.O. Bentley durante dois anos. Capaz de superar os 160 km/h (100 mi/h), o 8 litros têm manifestado a lida e a habilidade de W.O. Bentley para construir um automóvel de luxo fora da abrangência de todos outros fabricantes de ponta do momento. Entre 1930 e 1931 foram fabricados um total de 100 unidades. “O admirável desempenho e a qualidade do 8 litros constituíam possivelmente o melhor exemplo das qualidades de um grand touring ‘puro’. Cada detalhe mecânico levava a singular estampagem do W.O. Bentley e foi o maior expoente de um automóvel construído sem concessões”, comentou Ulrich Eichhorn, membro do conselho de administração. “O Mulsanne foi desenhado exatamente com os mesmos princípios regentes, assim não devemos nos assombrar que esses dois modelos Bentley de épocas tão diferentes compartilhem o mesmo cenário”. O Bentley Mulsanne estará à venda a partir de meados de 2010. Será exibido também na próxima feira do automóvel IAA de Frankfurt, entre os dias 15 e 27/9. A
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la é uma arquiteta controversa, que, apesar de seus projetos vencedores e aclamação da crítica, por muitos anos não construiu quase nada. Há quem diga que seus projetos são irrealizáveis. Contudo, ao longo da última década a sra. Hadid realizou projetos como o Centro de Artes Contemporâneas Rosenthal, em Cincinnati (que o New York Times chamou de “o mais importante Edifício na América desde a Guerra Fria”), Phaeno Science Center, em Wolfsburg, na Alemanha, e o BMW Central Building, em Leipzig. Hoje, a sra. Hadid está estabelecida na elite da arquitetura mundial, sua audácia e projetos futuristas a catapultaram para a fama internacional. A carreira arquitetural de Zaha Hadid não foi tradicional ou fácil. Identificada com a corrente desconstrutiva da arquitetura, ela incorporou o campo com ilustre credencial. Nascida Bagdá, em 1950, estudou na altamente conceituada Associação Arquitetural em Londres, foi sócia do Escritório de Arquitetura Metropolitana, juntamente com Rem Koolhaas, e ocupou postos de prestígio nas mais conceituadas universidades do mundo, incluindo Harvard, Yale, dentre outras. Muita admirada pela nova geração de arquitetos, sua aparição em campo é sempre motivo de excitação e platéias acaloradas.
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Acima, hotel Puerta América, Madri, Espanha. Na página ao lado, Vitra Fire Station, Weil am Rhein, Alemanha
Seu trajeto de grande reconhecimento é fruto de um esforço heróico, uma vez que, inexoravelmente, alcançou o ranking dos mais prestigiados arquitetos. Clientes, jornalistas, amigos e profissionais ficam fascinados por suas formas e estratégias dinâmicas para alcançar uma aproximação verdadeiramente distintiva à arquitetura e aos seus ajustes. Cada projeto novo é mais audacioso do que o anterior e as fontes de sua originalidade parecem infinitas. A sra. Hadid tornou-se cada vez mais reconhecida, a medida em que continuava a ganhar competição após competição, sempre esforçando-se para conseguir fazer com que suas obras, muito originais, fossem construídas. Embora desencorajada, porém sem se deixar desanimar, ela usou as experiências da competição como um “laboratório”, continuando a afiar seu talento excepcional, criando uma “linguagem arquitetural” como nenhuma outra. Não causa espanto o fato de que um dos arquitetos cujo trabalho a sra. Hadid mais admire, seja outro vencedor do premio Pritzker, o autor de Brasília e outros trabalhos proeminentes, Oscar Niemeyer. Compartilham de uma certa audácia em seu trabalho e ambos não temem correr riscos, o que se torna inevitável com seus respectivos vocabulários de formas visionárias realçadas. 102 M A G
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No sentido horário: Nordpark Railway Stations, Innsbruck, Aústria; Mesa Table, Vitra AG, Alemanha; e London Aquatics Centre, Londres. Na página ao lado, BMW Central Building, Leipzig, Alemanha
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A fase de “vencedora de competições” da carreira da sra. Hadid gradualmente começou a resultar em trabalhos construídos tais como o Vitra Fire Station e o Lfone/Landesgertenchau, ambos em Weil am Rhein, na Alemanha; e a Mind Zone, no Domo do Milênio, em Londres. O Vilnius Guggenheim Hermitage Museum será um museu de arte na cidade de Vilnius, na Lituânia. Em 2008 um juri escolheu a arquiteta como vencedora do concurso internacional de design para o museu, que está previsto para abrir em 2011. As incríveis dimensões do prodigioso trabalho artístico da sra. Hadid são visíveis não somente na arquitetura, mas em projetos para exibição, cenários, mobiliário, pinturas e desenhos. A sra. Hadid foi a primeira mulher a ganhar o prêmio Pritzker de arquitetura. A
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FOTO HÉLÈNE BINET. FONTE SÓARQUITETURA
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Livraria da Vila: lugares de paz, onde os livros nunca perdem o seu significado
OASIS DO CONHECIMENTO A Livraria da Vila é contemporânea e, em seu arranjo de arquitetura, faz uma interpretação muito interessante e consistente de uma livraria. Quando reformaram um sobrado que foi construído num terreno estreito em São Paulo, ficou claro para o arquiteto Isay Weinfeld que seria necessário iniciar um plano para organizar melhor os produtos em oferta, bem como a circulação de clientes. Com o objetivo de criar um espaço arquitetonicamente convidativo, para que os clientes, de forma pacífica e confortável, percorram as prateleiras, foi realizado uma composição de espaços com rebaixamento do teto, em tons escuros, uma iluminação indireta e linhas 106 M A G
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infinitas das prateleiras que, em desordem cuidadosa, cobrem todas as paredes até o teto. Seja qual for o lado que o cliente olhar parece que sempre há livros em toda parte –– uma arquitetura que transmite a sensação despretensiosa de uma livraria-antiquário. Esse tipo de mudanças bem efetuadas resultou num ambiente muito agradável de paz, um clima que é reforçado pela aplicação de portas-janelas pivotantes e espaços vazios que se unem de um andar ao outro. Uma superfície de vidro quando fechada, que se transforma numa área de vendas quando aberta. Esses elementos parecem convidar os clientes para o mundo dos livros.
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NAVEGAR É PRECISO Na sua jornada através do Oceano Pacífico, David de Rothschild — com o apoio da IWC Schaffhausen — tem como missão chamar a atenção pública para regiões ambientalmente ameaçadas POR
RAPHAEL CINTRA
fundador da Adventure Ecology e contador de histórias ecológicas David de Rothschild e uma equipe formada por cientistas, marinheiros e amantes de aventura irão navegar de São Francisco até Sydney a bordo do catamarã Plastiki, construído com garrafas de plástico e produtos reciclados. O nome do barco foi inspirado na expedição The Kon-Tiki — realizada em 1947 por Thor Heyerdahl. “Salvar o nosso planeta vai ser uma das maiores e mais exigentes aventuras do século”, comenta o ambientalista Rothschild. A expedição Plastiki é uma viagem extraordinária, na qual David de Rothschild e sua tripulação de peritos atravessarão o Oceano Pacífico, passando por várias regiões ecologicamente ameaçadas. No seu percurso para o Havaí, Ilhas da Linha e a ilha de Tuvalu, a embarcação irá passar por The Great Eastern Pacific Garbage Patch, a maior lixeira marinha do mundo.
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Desenvolvido e fabricado em conjunto com instituições líderes mundiais, engenheiros, designers, arquitetos marinhos e peritos em sustentabilidade, o catamarã Plastiki, de 18 metros, exemplifica em todos os níveis as ideias e as tecnologias inovadoras e as soluções de design sustentáveis. “Para a Adventure Ecology, a expedição Plastiki tem algo que a distingue de outras expedições de navegação, pois demonstra nitidamente que tudo é possível se nos concentrarmos na sustentabilidade e definirmos novas ideias. A combinação de aventura, inovação e empreendedorismo, aliados ao pensamento inteligente e uma concentração coerente em soluções possíveis, irão, em última instância, desafiar as pessoas, as empresas e a indústria a vencer o problema do lixo”, explica Rothschild. A IWC Schaffhausen, parceiro oficial da expedição Plastiki, dedicou à missão desse catamarã extraordinário e inovador, o Ingenieur Automático Mission Earth Edição “Adventure Ecology”, um
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O David ambientalista Rothschild:“Salvar o nosso planeta vai ser uma das maiores e mais exigentes aventuras do século”
relógio elegante e robusto. “David de Rothschild e a sua organização merecem todo o respeito e apoio pelas suas ideias inspiradoras”, diz Georges Kern, CEO da IWC. “Estamos contentes por estar a bordo da sua emocionante expedição até aos ecossistemas mais frágeis do planeta e por ajudar a chamar a atenção do público para os efeitos do comportamento humano na natureza”, finaliza.
UMA ALIANÇA PELO AMBIENTE A IWC Schaffhausen, para quem a proteção ambiental e a responsabilidade ecológica são parte integrante da sua política empresarial, defende por isso essa campanha de conscientização do Plastiki e a 112 M A G
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procura de soluções inovadoras. “Todas as empresas têm uma responsabilidade econômica, social e ecológica” diz Georges Kern. “Essa parceria é bastante importante para nós. Existe uma necessidade essencial de soluções inteligentes na indústria para combater as alterações climáticas. A IWC não se limita a tematizar a proteção climática, por isso — graças aos seus esforços para melhorar a declaração de eficiência ecológica — obteve a certificação como empresa neutra em CO2. Esse compromisso contínuo deve ser louvado e a Adventure Ecology tem orgulho em anunciar que a IWC Schaffhausen é um parceiro oficial a longo prazo para a expedição Plastiki”. comenta David de Rothschild.
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Ingenieur Automático Mission Earth, um relógio que defende a sustentabilidade através do seu design sólido e duradouro
UM RELÓGIO COM UMA MISSÃO Para reconhecer o mais recente desafio da Adventure Ecology, a IWC irá lançar uma Edição limitada “Adventure Ecology” do seu Ingenieur Automático Mission Earth. O novo Ingenieur, fabricado em Schaffhausen com técnicas neutras em carbono, é um relógio que defende a sustentabilidade através do seu design sólido e duradouro. Integrado numa nova caixa robusta de aço inoxidável, está um movimento automático que obedece aos mais elevados critérios de qualidade, o movimento de calibre 80110, com um mecanismo de corda Pellaton e um sistema integrado de amortecimento de choques. O movimento está também bem protegido contra fortes campos magnéticos
até 80 000 A /m, graças à caixa interior de ferro doce. O verso roscado, o vidro de safira com revestimento anti-reflexo dos dois lados e a nova protecção de flancos para a coroa roscada fazem deste relógio um pilar, que mesmo no pulso de um aventureiro resiste a todas as influências externas e é estanque até 12 bar. Com diâmetro de 46 milímetros, caixa côncava e novo sistema de bracelete ergonomicamente mais confortável, o relógio é um companheiro confiável mesmo se exposto a condições agrestes. O mostrador azul e os índices laranja são exclusivos da missão Plastiki, que está mencionada gravura no verso com o logotipo da expedição. Visite www.theplastiki.com para acompanhar virtualmente essa aventura ambiental. A MAG
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SEMANA DE MODA DE PARIS Os desfiles da temporada verão 2009 serão realizados no período de 27 de setembro e 5 de outubro. Durante o evento, nomes tradicionais da moda mundial, como Chanel, Balenciaga, Christian Dior e Givenchy, se unem aos de marcas da atualidade, como Alexander McQueen e Viktor & Rolf. Entre as novidades desta edição está a presença de Gareth Pugh, queridinho da semana de Londres, que fará sua estréia em Paris e o estilista indiano Manish Arora. 114 M A G
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