Código 560

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n.O 21 | 2.O SEMESTRE 2013 | DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Margarida Neves

Acredita em Portugal e nos portugueses e, mais do que projetos, o que a marca são as pessoas. A diretora-geral da J&J Portugal e Espanha faz um balanço muito positivo da sua experiência UNIVERSO GS1 ® JOSÉ mARÍA BONmATí “As PME são fundamentais para sairmos da crise” Página 46

Perspetiva Pedro Ferraz da Costa “O nosso principal problema é a degradação acentuada da competitividade externa da economia portuguesa” Página 44

A GS1 ® em Portugal • novos Corpos Sociais • plano de alinhamento com estratégia internacional nos próximos três anos Página 26

GS1® PORTUGAL Codipor – Associação Portuguesa de Identificação e Codificação de Produtos

SYNC PT ®

a sincronização de dados comerciais é o futuro dos negócios



A Uma Só Voz

Paulo Gomes Presidente da GS1® Portugal

João de Castro Guimarães Diretor-executivo da GS1® Portugal

2013-2015: Os dados a favor dos Standards Globais estão lançados O mundo está a mudar. Essa é uma evidência à qual a atual direção da GS1® Portugal, recentemente reconduzida (na assembleia geral de 28 de março passado), está particularmente atenta. A globalização das economias, a cada vez maior sofisticação das soluções tecnológicas ao dispor dos consumidores, mas também as preocupações ao nível do bem-estar das famílias, o impacto das alterações demográficas, a sustentabilidade ou a pressão regulamentar são variáveis que caracterizam uma nova ordem global, um admirável mundo novo, no qual o consumidor tem um papel e um protagonismo absolutamente inéditos

O

portunidade ímpar para os standards. A linguagem global dos negócios – quer estejamos a falar dos velhinhos códigos de barras, lançados em 1973, ou das novas soluções ao dispor do comércio digital (B2B2C) e de setores como a saúde, o financeiro ou a Administração Pública – é uma temática atual, que não deve ser ignorada pelos agentes económicos e entidades de regulação empenhados em imprimir eficiência e sustentabilidade às suas áreas de negócio. O roadmap estratégico 2013-2015. Melhorar a visibilidade, a eficiência das cadeias de valor e dos negócios dos nossos associados foi o compromisso assumido por esta direção em 2010, desígnio que reiteramos em 2013. Contudo, fizemo-lo – e fazemo-lo – tendo em conta esta nova ordem mundial e as novas prioridades – e necessidades – dos consumidores. A segurança alimentar. Num mundo absolutamente globalizado, as soluções e o sistema de normas GS1® são os únicos verdadeiramente capazes de garantir, de forma global e inequívoca, a visibilidade e a rastreabilidade das cadeias de valor alimentares e não alimentares. Pensemos nos mediáticos casos dos rebentos de soja, dos pepinos ou no mais recente relacionado com a carne de cavalo. Cuidados de saúde: podemos salvar vidas. Este é um argumento que nos leva a persistir num caminho nem sempre fácil, com resistências, mas que no final trará inúmeros benefícios para os diversos intervenientes ao longo de toda a cadeia de valor da Saúde. Os ganhos (potenciais) avançados nos estudos da McKinsey, Strength in unity: The promise of global standards in healthcare, e da consultora Augusto Mateus & Associados são particularmente entusiasmantes, evidenciando qual o caminho a seguir. Há ainda uma série de novos setores, como o financeiro, onde – tanto no manuseamento de dinheiro vivo como nas operações financeiras desmaterializadas – esperamos replicar toda a experiência de rastreabilidade e interoperabilidade que há 40 anos marca o setor do retalho & bens de consumo. Pessoas e liderança, crescimento no core business, expansão e diversificação, orientação para o associado e excelência operacional. São estes os pilares da nossa atuação no triénio de 2013-2015 e de uma agenda que inclui a criação de um Centro Tecnológico Inovação & Standards GS1®. Como sempre, sublinhamos que este compromisso só é possível com o entusiasmo e o empenho de todos. Associados, parceiros, colaboradores, direção e restantes órgãos sociais. Esperamos que as próximas páginas ajudem a reforçar um dos principais sentimentos que norteiam a vida e os negócios: a confiança.

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nesta edição

Em Foco

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Entrevista

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GS1® em Portugal

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Em 1973, os líderes da indústria do retalho selecionaram o primeiro standard para identificação de produtos – o código de barras. Após quatro décadas de linguagem global dos negócios, não há dúvidas: o futuro dos standards passa pelo mundo digital.

Margarida Neves, Managing Director da Johnson & Johnson Portugal e Espanha

Os novos corpos sociais da GS1® Portugal para o mandato 2013-2015 foram eleitos a 28 de março. Nesse dia foi também apresentado o Plano Estratégico dos próximos três anos da organização, atualmente com estatuto de Entidade de Utilidade Pública.

Os Nossos Associados

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Gestão e controlo de vendas. São estas as mais-valias do BiRD, uma solução tecnológica de gestão comercial, criada pela Seldata, que chegou ao mercado há quatro meses e que já conta com mais de 200 utilizadores.

Standards em Ação

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Universo GS1®

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Código Genético

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Nesta edição damos a conhecer a AECOC/GS1 Espanha pela voz do seu diretor-executivo, José María Bonmatí.

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SYNC PT® é o nome da plataforma de sincronização de dados criada pela GS1® Portugal, que já pode ser utilizada pelos associados. Quer para partilhar dados entre parceiros de negócio, quer para disponibilizar informação ao consumidor no mundo digital.

Perspetiva

Pedro Ferraz da Costa, presidente do Fórum para a Competividade, revela a sua perspetiva sobre a competitividade da economia portuguesa.

José María Bonmatí, diretor-executivo da AECOC/GS1® Espanha

A competitividade e o sucesso das empresas dependem dos seus recursos humanos. A formação à medida é uma solução para resolver necessidades de conhecimento desenhada tendo em conta o negócio, os objetivos e a dinâmica interna de cada empresa.


Direção Presidente Paulo Gomes Vice-Presidente Luís Moutinho Diretor Américo Ribeiro Diretor Manuel Sousa Pinto Diretor-Executivo João de Castro Guimarães Comité Editorial Beatriz Águas Filipa Peixoto Luís Peixoto Nuno Miranda Patrícia Tavares Pedro Lopes Marketing e Relações Corporativas Beatriz Águas Coordenação Editorial Patrícia Tavares Publicidade Leonor Vale Edição

Divisão Customer Publishing Rua Calvet de Magalhães, 242, 2770-022 Paço de Arcos Tel.: 21 469 80 00 | Fax: 21 469 85 00 Impressão Lisgráfica – Impressão e Artes Gráficas, S. A. Publicação semestral | Tiragem 6000 exemplares NRICS 124971 Depósito Legal 245212/06

O Outro Lado de

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Beatriz Águas, diretora de Comunicação, Marketing & Relações Corporativas da GS1® Portugal

Sabor & Bem-Estar

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Breves

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O que é o Portal de Informação Alimentar (PortFIR)? E qual a sua utilidade? As respostas são dadas pela bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, lado a lado com uma receita saborosa de Marta Bártolo. Segurança alimentar, segurança do paciente e luta contra a contrafação. Revelamos alguns dos principais momentos que marcaram a atividade da GS1 nos últimos meses.

36 gs1® em portugal Prateleiras cheias nos supermercados dependem muitas vezes de bons níveis de serviço logístico. Em Portugal, já existe um estudo anual para estes níveis de serviço: chama-se benchmark logístico

Propriedade GS1® Portugal (CODIPOR) R. Prof. Fernando da Fonseca, 16 Escritório II – 1600-618 Lisboa T: 217520740 |F: 217520741 | Website: www.gs1pt. org | e.mail: comunicags1@gs1pt.org, marketing@gs1pt.org “A GS1 é uma marca registada da GS1 AISLB” Esta edição da revista Código 560 foi escrita segundo o novo acordo ortográfico. A revista Código 560 é uma publicação semestral da GS1® Portugal dirigida e distribuída gratuitamente aos seus associados, aos parceiros e à comunidade de negócios. Os artigos assinados são da inteira responsabilidade dos autores e não representam a opinião da associação.

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em foco

Aniversário

quarenta anos de Linguagem Global dos Negócios A 3 de abril de 1973, os líderes da indústria norte-americana do retalho escolheram um standard único para a identificação de produtos. Quarenta anos depois, esse standard continua a revolucionar os pontos de venda, originando cinco mil milhões de bips por dia, em todo o mundo. Falamos do código de barras – o standard que abriu portas à linguagem global dos negócios

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C贸digo 560 | GS1庐 Portugal 2.o semestre 2013

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em foco

A identificação de produtos através de códigos de barras simboliza a verdadeira linguagem global dos negócios

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dia 3 de abril de 1973 marca o início da revolução das cadeias de valor. Nesse dia, os líderes da indústria norte-americana do retalho selecionaram um standard (norma) único para a identificação de produtos e serviços: o código de barras GS1®. Entre as várias propostas, inspiradas no sistema gráfico de dados numéricos pensado por Joe Woodland e Bob Silver em 1948, o conjunto de barras verticais brancas e pretas apoiadas numa sequência numérica, da autoria da IBM, foi o escolhido para ser utilizado de forma normalizada pelo setor à escala global. O segundo passo revolucionário aconteceu a 26 de junho de 1974, quando um código de barras foi lido, pela primeira vez, por um leitor ótico numa caixa de supermercado do Ohio, nos Estados Unidos da América. O código de barras, hoje conhecido por EAN-13, identificava uma embalagem de pastilhas elásticas Wrigley. Quatro décadas depois, este standard está presente de forma maciça no setor do retalho, à escala global.

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Os 40 anos do código de barras estiveram em destaque na imprensa nacional

Provam-no os mais de cinco mil milhões de bips escutados nos pontos de venda, todos os dias, em todo o mundo. “O código de barras é um elemento omnipresente da modernidade, que beneficia tanto os consumidores como os agentes das cadeias de abastecimento”, sustenta João de Castro Guimarães, diretor-executivo da GS1® Portugal, a organização que introduziu os códigos de barras em Portugal, em 1985. E explica porquê. “Este standard facilita a vida dos consumidores, porque automatiza o processo de leitura de dados de produtos no check-out, reduzindo erros de introdução de dados no sistema e, portanto, tempos de espera no ponto de venda. E beneficia os agentes das cadeias de abastecimento, porque, ao proporcionar automatização e velocidade, aumenta a circulação de ativos e mercadorias nas lojas, incrementando vendas.” Um conjunto de benefícios aos quais acresce a garantia de eficiência e rastreabilidade. “Um enorme valor quando se fala em conformidade e segurança na cadeia de valor,” acrescenta João de Castro Guimarães.


3 de abril de 1973 dia em que o código de barras GS1® foi selecionado como standard único para o setor do retalho

5 mil milhões

número de bips nos pontos de venda, por dia, em todo o mundo

2 milhões

número de empresas que utilizam os standards GS1®, em mais de 150 países

A linguagem global dos negócios Apesar de as primeiras utilizações do código de barras GS1® se terem registado nos Estados Unidos, as provas de eficiência, autonomia e rapidez demonstradas levaram a que este standard fosse rapidamente adotado por outros setores. Motivo? A identificação de produtos através de códigos de barras simboliza mais do que a identificação e codificação automáticas de bens: simboliza a verdadeira linguagem global dos negócios. “As linhas e as barras do código de barras identificam cada produto e serviço de forma única e inequívoca, à escala global, e providenciam informação sobre o mesmo. Por exemplo, o país de origem da codificação, a empresa e os dados do produto”, aponta João de Castro Guimarães. “É uma linguagem global dos negócios, que permite que as empresas falem uma linguagem comum à escala global, ligando empresas de diferentes áreas geográficas e culturais e garantindo aos líderes das diversas indústrias a capacidade

A invenção do código de barras revolucionou o retalho

Para mais notícias no nosso site

de fazer circular produtos e a sua informação, de forma eficiente e segura, para benefício dos negócios e melhoria da vida das pessoas, todos os dias.” Quarenta anos depois da seleção do primeiro standard, a linguagem global dos negócios abrange mais do que códigos de barras. Abrange vários standards globais integrados num único sistema, o Sistema GS1®, que assegura a identificação de produtos e serviços, a captura automática dos dados e a partilha da informação comercial de forma estruturada (a sua interoperabilidade) com os parceiros de negócio. Para Miguel Lopera, presidente e CEO da GS1, estes standards, que “consolidam a linguagem global dos negócios criada pelos códigos de barras”, são fruto dos “líderes visionários da organização, que perceberam o grande potencial da colaboração para os standardss”. Atualmente, cerca de dois milhões de empresas, em 150 países, falam uma linguagem comum graças aos standards desta organização. Em Portugal, são mais de sete mil as empresas que diariamente utilizam códigos de barras e outros standards GS1® para garantir a eficiência, a segurança, a colaboração e a sustentabilidade das cadeias de valor. “A implementação do código de barras no setor do retalho abriu portas a uma linguagem global de negócios que hoje assegura a visibilidade e a eficiência ao longo das cadeias de valor em mais de 25 setores de atividade”, sublinha João de Castro Guimarães. Afinal, já ninguém imagina o mundo dos negócios sem standards globais. Código 560 | GS1® Portugal 2.o semestre 2013

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em foco

Código de barras GS1®

O sonho “revolucionário” começou na praia Foram necessários 25 anos para que o sonho do código de barras ganhasse forma. Quatro décadas após a sua concretização, existem simbologias para todos os tipos de negócio

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ecorria o ano de 1948 quando Joe Woodland e Bob Silver imaginaram, pela primeira vez, o código de barras. A ideia “revolucionária” surgiu à beira da praia, em Miami. Woodland brincava com a areia, deixando-a passar entre os dedos. O suficiente para que visse uma figura bidimensional: uma série de linhas finas e grossas, os dedos, por onde passava a informação, a areia. Se lhe juntasse um leitor ótico e um ecrã capazes de capturar e mostrar essa informação, pensou, seria possível contabilizar as vendas totais e os produtos à saída da loja. Um ano depois, Woodland e Silver registaram a patente de uma invenção a que chamaram Classifying apparatus and method - “a arte de classificar artigos… através de um padrão de identificação”. Porém, a tecnologia disponível ainda não permitia dar corpo a esta ideia, que ficou na gaveta até ao início da década de 70, momento em que surgiu o primeiro laser portátil e autónomo. Nessa altura, os líderes da indústria norte-americana do retalho reuniram-se para discutir a criação de um código capaz de identificar uniformemente os artigos e servir toda a indústria. A consultora McKinsey foi a escolhida para fazer a proposta. O código universal de produto, um código de 10 + 1 dígitos (cinco para identifi-

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car o produtor, cinco para identificar o produto e um de controlo). A 1 de abril de 1973, foram apresentados novos dados sobre o símbolo que deveria ser adotado nos códigos de forma a poder ser lido pelos scanners e a incorporar a versão do código universal de produto de 10 + 1 dígitos. O símbolo a criar teria de garantir uma fiabilidade de 99,99%, caber num quadrado de 12,7 cm2 e poder ser impresso em todos os suportes e tipos de embalagens. Foram apresentadas seis propostas de códigos. Apenas duas tinham futuro: a do “olho-de-boi”, criada pela RCA e a Litton, e a da IBM, que apresentava um código de barras em linha. Dois dias depois, a decisão foi anunciada: a proposta da IBM era a escolhida. Um sonho com 25 anos tornava-se realidade.

O código de barras em 2013 Desde que foi adotado pelo setor do retalho, em 1973, o código de barras GS1® funciona como um bilhete de identidade nas transações de produtos. Graças a este standard, cada produto pode ser identificado de forma única e inequívoca em qualquer país do mundo. Mas nem todos os códigos de barras são iguais. Atualmente são utilizadas várias simbologias nas cadeias de abastecimento – desde o retalho & bens de consumo aos setores da saúde e dos transportes e logística. A mais “próxima” do

Joe Woodland imaginou o código de barras em 1948 pela primeira vez


Benefícios Reais Os códigos de barras conduzem a uma poupança anual de 5,7% do total da receita do retalho. • A poupança direta decorrente da utilização de códigos de barras é de 2,8% das vendas. Esta poupança está relacionada com a redução de tempo de leitura dos dados dos produtos no check-out, diminuição de erros e melhor utilização do tempo dos operadores de caixa. • A poupança indireta chega a 2,9% das vendas e está relacionada com o aumento de vendas devido a um melhor serviço ao consumidor, a uma melhor rastreabilidade de stocks e fluxos de loja e a uma redução de remarcações desconhecidas.

consumidor é a simbologia EAN-13, presente nas unidades de consumo, nos cupões e meios de pagamento. Muitos dos produtos existentes nas prateleiras de supermercado estão identificados com esta simbologia de código de barras. “Porém, nem todos”, assinala o diretor de Inovação & Standards da GS1® Portugal, Silvério Paixão. “Nas unidades de consumo de dimensões reduzidas é utilizado o EAN-8, uma simbologia de código de barras de oito algarismos, e, por isso, de dimensões mais reduzidas que o EAN-13.” Nas operações de transporte e logística existem duas simbologias que adquirem principal importância: o ITF-14, que identifica unidades de expedição e facilita os processos de gestão de armazém, tais como inventário, manipulação e preparação de pedidos, e o GS1-128, utilizado para identificar unidades de transporte ou logísticas. Nenhum se destina a ser processado pelos pontos de venda das lojas. Já no retalho existe uma nova geração de códigos de barras – o GS1 DataBar. “Trata-se de uma simbologia que pode ter dimensões muito reduzidas e transportar informações adicionais sobre os produtos, tais como número de série, número de lote e data de validade”, explica Silvério Paixão. Este é, por isso, o código de barras que identifica por excelência os produtos frescos, como fruta, legumes, carne e peixe. “No que diz respeito ao setor da saúde”, acrescenta o especialista, “é aconselhada a utilização do GS1 DataMatrix, a única simbologia bidimensional da GS1”. Esta pode ter dimensões reduzidas e ser aplicada em produtos muito pequenos, como um bisturi, e, mesmo assim, conter muita informação sobre o produto. Por fim, existe uma simbologia de código de barras que emergiu nos últimos anos e que é “uma das mais conhecidas pelo consumidor”. O GS1 QR-Code. Um código de barras que pode ser lido pelo telemóvel e que permite o acesso a informação online. “À medida que surgem novos desafios de negócio, os standards vão evoluindo para ajudar as empresas a reposicionarem-se no mercado”, sublinha Silvério Paixão. E o que significa isto? “Significa que irão continuar a surgir simbologias de códigos de barras, com o objetivo de melhorar a eficiência, segurança e sustentabilidade dos negócios.” Código 560 | GS1® Portugal 2.o semestre 2013

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???????????????????? em foco

A olho nu

O código de barras descodificado Barras e números. Os leitores óticos dos armazéns ou dos pontos de venda “leem” facilmente a simbologia de código de barras, que é depois traduzida pelos sistemas informáticos em linguagem corrente. Mas pode o olho humano “descodificar” os números do código de barras?

Sabia que

A

s barras, os espaços entre as barras e os números que compõem a simbologia do código de barras identificam produtos e serviços de forma única e inequívoca à escala global. Esta linguagem gráfica é “lida” pelos leitores óticos, tanto nos armazéns como nos pontos de venda.

o código de barras GS1 não contém o preço do produto? a possibilidade de leitura incorreta de um código de barras situa-se algures entre uma num milhão e uma em quatro triliões? os leitores (scanners) de laser e de imagem que leem os códigos de barras funcionam a uma velocidade de 40 a 200 leituras (scans) por segundo? atualmente, 96% dos retalhistas utilizam GTIN para identificar os seus produtos e serviços no mundo?

os códigos de barras GS1® ao longo da cadeia de valor Os códigos de barras são um bilhete de identidade único e inequívoco dos produtos e serviços, que facilitam e agilizam o fluxo de informação comercial e permitem a interoperabilidade ao longo da cadeia de abastecimento

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FABRICANTE

ITEM

CAIXA

GTIN (EAN-13)

PALETE

TRANSPORTE


Código de barras EAN-13 No ponto de venda

O código de barras mais utilizado nas unidades de consumo é o EAN-13: uma simbologia que contém 13 algarismos, graficamente representados em barras e espaços. A sequência de algarismos do EAN-13 chama-se GTIN – Global Trade Item Number e é um identificador-chave GS1® que identifica um conjunto de informações sobre o produto, tornando-o único e inequívoco à escala global. Conhecendo o significado de cada algarismo, é possível descodificar a informação presente no código de barras.

Global Company Prefix (GCP): atribuído e cedido pela GS1® Portugal

Prefixo do país: o prefixo 560 identifica Portugal no universo da GS1. Todas as empresas associadas da GS1® Portugal que detêm um GCP possuem a “bandeira” (flag) 560

Identificação da empresa (varia de 4 a 8 algarismos)

Nas operações de transporte e armazenagem de unidades logísticas e paletes, o código de barras mais utilizado é o GS1-128. Este código de barras, que nunca chega às prateleiras dos supermercados, pode ter na sua origem o Serial Shipping Container Code (SSCC), um identificador-chave GS1® que pode incluir até 48 carateres alfanuméricos (números e letras) por cada linha de código.

DISTRIBUIDOR

TRANSPORTE

Dígito de extensão: aumenta a capacidade de identificação

PALETE

SSCC (GS1-128)

Dígito de controlo: permite garantir a validade de toda a sequência numérica

Código de barras gs1-128

No armazém

Identificador de aplicação: identifica que a estrutura numérica é um SSCC (Serial Shipping Container Code)

Referência do produto (varia de 1 a 5 algarismos)

Global Company Prefix (GCP): atribuído e cedido pela GS1® Portugal

CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO

TRANSPORTE

Número sequencial de unidade logística (varia entre 5 e 9 dígitos)

CAIXA

ITEM

Dígito de controlo: permite garantir a validade de toda a sequência numérica

RETALHISTA

CONSUMIDOR

GTIN (EAN-13)

Interoperabilidade Código 560 | GS1® Portugal 2.o semestre 2013

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em foco

Aposta no desenvolvimento

1975 1976 1977

40 anos a revolucionar o mundo dos negócios Desde a seleção do código de barras, em 1973, até à atualidade, a GS1® tem revolucionado a forma como as empresas fazem negócio através do desenvolvimento contínuo de standards globais. Conheça os principais momentos que marcaram a linguagem global dos negócios nos últimos 40 anos

1972 1973 1974

1973 1974 1975

Nos Estados Unidos, os líderes do retalho selecionam um standard único para a identificação de produtos: o código universal de produto. Este código de barras é ainda hoje utilizado e conhecido como código de barras GS1®.

É criado, nos Estados Unidos, o Uniform Code Council (UCC), uma organização de standards sem fins lucrativos (hoje designada GS1 US™). Um pacote de pastilhas elásticas Wrigley torna-se o primeiro produto com um código de barras a ser “lido” num supermercado da cadeia Marsh, no Ohio, Estados Unidos.

(3 de abril)

(26 de junho)

Com base no código de barras original, é concebido o 13.º dígito, permitindo que o sistema de identificação comece a ser utilizado à escala global.

1976 1977 1978

É constituída a European Article Numbering (EAN), uma organização de standards internacional e sem fins lucrativos (hoje conhecida por GS1). Com sede em Bruxelas, na Bélgica, a Organização EAN integra 12 organizações membros fundadoras de países europeus. Em conjunto, lançam o sistema de identificação GS1, com o objetivo de melhorar a eficiência da cadeia de abastecimento do retalho.

1982 1983 1984

Os standards GS1 começam a ser utilizados para além do ponto de venda, através do código de barras ITF-14.

1984 1985 1986

O código de barras é introduzido em Portugal pela GS1® Portugal – CODIPOR (Associação Portuguesa de Identificação e Codificação de Produtos).

A celebrar 40 anos da linguagem global de negócios

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1988 1989 1990

Os standards GS1 expandem-se para as unidades logísticas através do código de barras GS1-128. Estes códigos de barras incluem identificadores de aplicação GS1, que codificam as informações mais pormenorizadas do produto. A GS1 dá o primeiro passo no eBusiness com o lançamento da versão original do Manual EANCOM, um standard internacional de Electronic Data Interchange (EDI).

1989 1990 1991

A UCC (GS1 US) e a EAN Internacional (GS1) assinam um acordo de cooperação, formalizando a intenção de cogestão dos standards globais. Com este acordo, a GS1 passa a estar presente em 45 países.

1994 1995 1996

A GS1 amplia a utilização dos standards GS1 ao setor da saúde através do primeiro projeto de colaboração na saúde.

1995 1996 1997

É criada a SC31, a organização internacional para a normalização no âmbito dos standards de identificação e captura automática de dados. Simboliza a cooperação internacional em torno do desenvolvimento e da utilização de novos standards.

1998 1999 2000

É criado o Centro de Auto-ID no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, conduzindo ao desenvolvimento do código eletrónico de produto – Electronic Product Code™ (EPC®). São aprovadas as especificações para o GS1 DataBar™ (uma simbologia código de barras de espaço reduzido).

2001 2002 2003

É criado o Global Standards Management Process (GSMP), que proporciona um fórum global para os membros da GS1 debaterem e implementarem, nos seus negócios, novas soluções baseadas em standards.

2002 2003 2004

A GS1 cria o EPCglobal e inicia o desenvolvimento da arquitetura e dos standards do EPCglobal, baseados na tecnologia de radiofrequência (RFID). É aprovado o GS1 DataMatrix – a primeira simbologia bidimensional adotada pela GS1.

2003 2004 2005

A GS1 publica os Standards para as mensagens eletrónicas comerciais (utilizando o XML) e o primeiro Standard para a Identificação por Rádio Frequência (Gen2). É lançada

a Rede Global de Sincronização de Dados (GDSN), uma iniciativa global, baseada na Internet, que permite aos parceiros comerciais partilhar os Dados Mestre dos produtos de forma eficiente.

2004 2005 2006

É criada a nova designação global da organização de standards comerciais: GS1®.

2006 2007 2008

Inovação: a Organização Mundial das Alfândegas e a GS1 assinam um Memorando de Entendimento, concordando apoiar e incentivar a harmonização de Standards no setor aduaneiro. A GS1 entra no mundo das soluções Business-to- Consumer (B2C). O objetivo é fornecer Standards abertos para disponibilizar informações de produto aos consumidores e às empresas através de dispositivos móveis.

2010 2011 2012

Inovação: a GS1 amplia a sua oferta com a aprovação do GS1 QR Code.

2012 2013 2014

Presente em 111 países, a GS1 celebra 40 anos de Linguagem Global dos Negócios.

Para saber mais sobre a nossa história e o nosso futuro, visite www.GS1.org/40thanniversary

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em foco

Estudo internacional

Capgemini dá a conhecer o futuro dos Standards Qual o futuro dos standards no retalho & bens de consumo? Um estudo da Capgemini revela que é necessário uma evolução dos standards para responder às rápidas mudanças nas tendências do setor e nos hábitos do consumidor

Q

uarenta anos após a adoção do primeiro standard (norma) pelo retalho & bens de consumo – o código de barras –, a Capgemini desenvolveu um estudo global sobre o futuro dos standards em colaboração com a GS1® e o The Consumer Goods Forum. The Future of Standards in the Consumer Goods & Retail Industry: cut costs and meet new consumer needs concluiu que a adoção generalizada de standards é fundamental para uma cadeia de abastecimento eficiente e para responder aos novos desafios de negócio. Um deles é o comportamento do consumidor. Atualmente, os consumidores realizam compras através da Internet e procuram cada vez mais informação em tempo real sobre os produtos. A “leitura” dos códigos de barras através de dispositivos móveis, como o telemóvel, tornou-se comum e permite saber mais sobre o produto – caso da origem e dos ingredientes e o contexto da produção do produto. Porém, ainda há muitos dados em falta ou incorretos nos códigos de barras do produto e que não são fornecidos de forma normalizada nos diferentes canais utilizados, dizem os retalhistas e produtores. Também as atuais tendências no setor, como a escassez de recursos naturais, obrigam os agentes da cadeia de abastecimento a procurar soluções normalizadas que permitam reduzir custos e garantir, em simultâneo, uma oferta de qualidade ao consumidor.

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Coloca-se ainda o desafio da subutilização de standards. O estudo revela que as PME apresentam uma menor taxa de utilização de normas e uma forte utilização de processos manuais em comparação com as empresas de maior dimensão. As normas têm de ser implementadas em novos canais, como o comércio eletrónico e os processos de transporte e logística.

Reforçar a utilização de standards O atual conjunto de standards da GS1 é considerado “adequado” para responder aos desafios de negócio atuais. Porém, é necessário reforçar a sua utilização no setor. “A pesquisa da Capgemini evidencia uma questão importante: enquanto setor, precisamos de nos esforçar mais para garantir que as normas são bem adotadas por todas as redes de negócio”, explica José Lopez, vice-presidente executivo, Operations GLOBE, da Nestlé. Para isso, retalhistas e produtores defendem o desenvolvimento de programas de marketing direcionados para empresas que ainda não utilizam standards globais de forma ampla e a introdução de programas simplificados para fomentar a sua fácil adoção. Os standards existentes devem ser alavancados para comunicar aos consumidores a informação dos produtos nos diferentes canais. “Temos sorte em existirem organizações dinâmicas para nos ajudarem nesta tarefa, como a GS1 e o The Consumer Goods Forum”, acrescenta José Lopez.

Os novos hábitos do consumidor, aliados às tecnologias móveis, são um dos principais desafios de negócios para retalhistas e produtores


Os números do estudo

100%

dos líderes do retalho & bens de consumo que participaram no estudo dizem que as mudanças nos hábitos do consumidor terão forte impacto na cadeia de abastecimento durante a próxima década

70%

pedem uma maior adoção de normas (standards) ao longo da cadeia de valor

50%

querem que a GS1 assuma um papel de regulador global para definir prioridades de seleção e implementação

Expandir o papel da GS1 no retalho & bens de consumo Uma das principais conclusões do estudo é a necessidade de expandir o papel da GS1 no setor do retalho & bens de consumo: passar de uma organização que desenvolve standards para uma organização que seja um “centro de excelência” na implantação dos mesmos. Isto é, como proprietário das orientações de implementação e líder de serviços de consultoria para ajudar no alinhamento das empresas com essas orientações durante a adoção de normas. O desenvolvimento de soluções que garantam a qualidade dos dados, nomeadamente nos canais de comunicação online, também deve ser uma das prioridades do setor para responder às crescentes exigências do consumidor. Neste âmbito, retalhistas e produtores frisam

a necessidade de aumentar a visibilidade da circulação dos produtos ao longo da cadeia de abastecimento, através da agregação de informação sobre a origem do produto e a sua comunicação a todos os agentes da cadeia, de forma a minimizar riscos. Além disso, defendem o desenho de um conjunto comum de métricas de sustentabilidade para o setor. “Os standards têm um passado fascinante e um futuro promissor”, sustenta Mike McNamara, Chief Information Officer da Tesco. “Por um lado, são fundamentais para o modo como conduzimos os negócios, reduzindo o custo das operações. Por outro, estão a ajudar-nos a chegar mais perto dos consumidores e a satisfazer as suas necessidades, em constante mudança, especialmente no mundo digital e no comércio eletrónico.”

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em foco

Marc Benhaim

Responsável de B2C da GS1® in Europe

A qualidade da informação na era dos e-Tailers Uma parte significativa do comércio já se faz online, e este canal vai continuar a crescer de forma expressiva nos próximos anos. Porém, penso que no futuro não vamos falar de comércio eletrónico, pois todos os canais estarão integrados numa experiência “multicanal” (cross-channel) para o consumidor

E

m França, o serviço que mais cresce no retalho alimentar é o drive: isto é, quando um consumidor encomenda um produto online e o levanta num supermercado ou num balcão especializado. Este canal de distribuição, quase desconhecido em 2010, faz agora parte da experiência dos consumidores que fazem compras no supermercado. De facto, 10% dos franceses já utilizam este serviço multicanal. Resultado: foram criados mil postos drive e, desde o início deste ano, estão a ser inaugurados cerca de 80 balcões especializados todos os meses. Para mim, este é o primeiro exemplo de uma experiência real de multicanal: websites de comércio eletrónico, programas de fidelização, dispositivos móveis e pontos físicos de venda são utilizados, em conjunto, para simplificar a vida dos consumidores. A venda de produtos alimentares na Internet requer que seja disponibilizada neste meio informação fiável e de qualidade sobre os produtos. Por exemplo, os e-tailers (retalhistas que vendem produtos online) acreditam que uma imagem de má qualidade do produto pode ter um impacto negativo nas decisões de compra, resultando numa redução das vendas de cerca de 60%. Estudos em França e no Reino Unido sobre a qualidade da informação mostraram que cerca de 70% dos dados de produtos disponibilizados online não existiam ou estavam incompletos. Além disso, em 2014 entrará em vigor um novo regulamento europeu sobre a rotulagem de alimentos (Regulamento n.º 1169/2011), para garantir que os consumidores podem fazer compras informadas na Internet com base em informação completa sobre o produto, tal como a origem, o valor nutricional, os ingredientes e as instruções de uso. Esta informação deve estar disponível na embalagem do produto e nos meios de venda à distância. Se os retalhistas e fabricantes quiserem continuar a vender os seus produtos online, terão de partilhar entre si e disponibilizar na Internet uma grande quantidade de

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informação de interesse para o consumidor. Para facilitar este processo, a GS1® está a trabalhar na integração de standards no mundo digital. Foi criada a GS1® Source como uma extensão da rede global de sincronização de dados da GS1 (GS1 GDSN), para ajudar os proprietários das marcas a publicar informações de interesse para o consumidor no meio online. A Norma GS1 Source 1.0, publicada em janeiro de 2012, é a primeira especificação internacional relativa à publicação de dados fiáveis e de qualidade sobre os produtos na Internet. Este mês é publicada uma nova versão (versão 1.1), para incluir todos os requisitos do novo regulamento da União Europeia sobre venda eletrónica de produtos alimentares. A GS1 Source funciona como uma rede de interoperabilidade de “aggregators” (bases de dados orientadas para o comércio eletrónico que agregam os dados dos produtos). Quando um proprietário de marca publica os dados de um produto numa data pool certificada da GS1 Source, estes ficam automaticamente visíveis para todos os que procuram informação sobre esse produto na Internet, independentemente da data pool à qual estão conectados. Até ao final do ano estará disponível uma gama completa de soluções compatíveis com a GS1 Source para ajudar as empresas a publicar informação na Internet de forma eficiente para todos os seus clientes e parceiros (por exemplo, num website de comércio eletrónico, em aplicações móveis, etc.). A missão da GS1 na área de Business-to-Consumer (B2C) é reforçar a utilização das melhores práticas e dos standards globais existentes – como a rede global de sincronização de dados da GS1, utilizada hoje na área de Business-to-Business (B2B) –, para ajudar todos os nossos associados a fazer parte do mundo digital. O projeto da GS1 Source será um sucesso se conseguirmos construir uma estrutura de gestão de dados simples e consistente, fundamental para uma estratégia multicanal eficiente entre os nossos associados.



entrevista

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Margarida Neves

Somos uma Organização exportadora de talento Acredita em Portugal e nos portugueses e, mais do que projetos, o que a marca são as pessoas. A diretora-geral da Johnson & Johnson Portugal e Espanha faz um balanço muito positivo da sua experiência

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O

entrevista

O seu percurso na Johnson & Johnson (J&J) teve início há mais de 20 anos e atualmente é diretora-geral da J&J Portugal e Espanha. Que balanço faz destes 11 anos na liderança da J&J Portugal? O balanço é muito positivo. Eu sou uma pessoa que gosta e valoriza desafios, sejam estes colocados pelos nossos consumidores, clientes, mercado no geral, concorrência ou outros. E a realidade é que na Johnson & Johnson sempre tive a possibilidade de os abraçar, e, portanto, nos momentos mais fáceis ou nos mais difíceis, aprendi tanto e fui tão desafiada a todos os níveis que não há como não ter um balanço positivo. Que projetos a marcaram? Mais do que projetos, o que me marca são as pessoas. Todos os dias, nas minhas equipas, há pessoas que me tocam com o mais simples dos gestos ou das observações. Vejo as pessoas com tanta paixão a tentarem exceder-se mais e mais em cada dia e a cada tarefa que me marcam por isso. Em Portugal, a J&J tem apresentado consistentemente excelentes resultados. A que se deve este sucesso no mercado nacional? Eu diria, com toda a humildade, que se deve a alguns princípios muito básicos de gestão. Em primeiro lugar, uma estratégia baseada na sustentabilidade. Balancear o curto prazo com o longo prazo não é fácil, mas é a chave para garantir um rumo seguro e ganhar margem para poder arriscar nos pontos chave. Em segundo, uma equipa com um objetivo. Isto é, fazer a diferença e apaixonadamente seguir o seu caminho para garantir que a estratégia é implementada com rigor, de forma eficiente, trabalhando em conjunto para trazer

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valor aos consumidores e clientes em tudo o que se faz. Em terceiro lugar, a inovação onde é necessário e um foco muito grande na implementação local. Quem trabalha localmente com os nossos clientes e consumidores é que conhece em profundidade os seus costumes e culturas e utiliza esse conhecimento para trazer sempre valor. Em quarto, a velocidade de implementação. Hoje em dia, mais do que uma implementação perfeita, é crítica a capacidade de chegar a tempo. Por fim, acreditar que é possível se fizermos as coisas certas da forma certa. Com muita responsabilização, diversidade, paixão, coragem, integridade e muito trabalho em equipa. Atualmente lidera a J&J a nível ibérico, conciliando os cargos de diretora-geral na J&J Portugal e Espanha. Quais são os principais desafios decorrentes desta gestão ibérica da J&J? O maior desafio de todos é o tempo, sem dúvida. Ambas as companhias têm desafios diferentes, porque os mercados em que operam apresentam diferentes desafios e oportunidades, e a maior complexidade é conseguir gerir o meu tempo para poder ter discussões estratégicas de valor acrescentado com as minhas equipas de liderança. Mas quando se trabalha com as equipas que eu trabalho, que têm um grau de senioridade muito grande, com uma capacidade e autonomia de gestão também muito grande, e em que o seu único propósito como indivíduos é fazer o que é correto para o negócio, tudo se torna muito mais fácil, divertido e até bastante mais pragmático e eficiente. O truque não é nenhum. A estratégia é apenas apostar na autonomia, senioridade, conhecimento, responsabilidade, paixão e liderança de cada uma das pessoas que lidero diretamente. Durante a sua carreira profissional, sentiu dificuldade em chegar a gestora por ser mulher? Não. Confesso que na

A estratégia é apenas apostar na autonomia, senioridade, conhecimento, responsabilidade, paixão e liderança de cada uma das pessoas que lidero diretamente


Na Johnson & Johnson não senti essa dificuldade de não conseguir crescer profissionalmente por ser mulher.

Pessoal Conciliar trabalho e família é, por norma, fácil; quando a distância aumenta e as saudades apertam, as novas tecnologias facilitam a comunicação. Família Eu tenho um suporte familiar maravilhoso e um apoio incondicional da minha família, e isso, por si só, facilita muito. Garanto que há momentos-chave em que está fora de questão estar ausente. Ao mesmo tempo, tornei-me a melhor amiga de algumas novas tecnologias, como é o caso do Skype, que veio facilitar alguma proximidade apesar da distância. De qualquer forma, há alturas em que as saudades apertam ou que as crianças, de repente, têm um problema na escola e que não posso estar fisicamente presente de imediato, e aí, sim, o coração aperta e fica tudo mais complicado. Mas de resto acaba por ser uma questão de apoio, compreensão e disciplina (de ambos os lados).

Johnson & Johnson não senti essa dificuldade de não conseguir crescer profissionalmente por ser mulher. Sempre senti que as oportunidades surgiam de acordo com o nível de desempenho que tinha, assim como com as aspirações que eu transmitia e as apostas que também acabava por fazer em termos de desenvolvimento pessoal. Tenho o privilégio de fazer parte de uma companhia que realmente valoriza a diversidade, não só em género mas também em background profissional e pessoal, e isso ser continuamente estimulado. A J&J é uma das maiores empresas produtoras mundiais de produtos farmacêuticos e de cuidados pessoais, estando presente com 275 empresas em mais de 60 países. O que há na cultura da J&J que explica este sucesso? A cultura da Johnson é única e baseia-se no “Nosso Credo”. O “Nosso Credo” é o nosso coração, é a base de tudo, da nossa forma de estar, de planear o negócio, de gerir o negócio, de tomar decisões. Define as grandes responsabilidades e coloca no topo da importância os consumidores, pacientes, profissionais de saúde, todos os que utilizam os nossos produtos e serviços. A segunda responsabilidade é para com os

nossos colaboradores, a sua segurança, individualidade, motivação. A terceira é para com a nossa comunidade e o seu desenvolvimento e o mais único que o “Nosso Credo” tem é que o acionista vem em último. Não por ser menos importante, mas porque a J&J realmente acredita que se cumprirmos adequadamente as três grandes responsabilidades anteriores o lucro para o acionista é uma consequência clara. E por esta razão é que todas as decisões são obrigatoriamente tomadas com o “Nosso Credo” em mente e isso vem de forma natural, cultural. Isto faz toda a diferença e não colide em nada com o atingir de resultados, muito pelo contrário. Os resultados provam que apenas é necessário cuidar de quem usa os nossos produtos e garantir que trazemos valor a todos. Como nasceu o famoso “Credo” da J&J? A J&J nasce no final do século XIX, através da comercialização de material assético para ambiente hospitalar pós-operatório. O “Credo” nasceu mais tarde, em 1943, pelo último membro da família Johnson a assumir a presidência. Estávamos em plena Guerra Mundial, onde a confiança era praticamente inexistente, os nossos produtos mais precisos que nunca. Código 560 | GS1® Portugal 2.o semestre 2013

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entrevista

Foi nesta altura que o Presidente Johnson quis garantir que a razão de ser da Johnson & Johnson jamais se perderia, fosse ele o Presidente ou qualquer outra pessoa, e acabou por escrever e publicar o documento que seria a única língua global que a J&J Family of Companies worldwide fala seja qual for o seu negócio, país ou cultura. Para garantir que o “Nosso Credo” realmente reflete a forma como operamos, anualmente, como colaboradores, fazemos um questionário a que damos o nome de “Credo Survey”, em que classificamos de que forma consideramos estar a trabalhar de acordo com estes standards éticos, e continuamente a J&J Consumer Healthcare Portugal tem resultados benchmark na nossa região (EMEA). Qual tem sido o contributo da J&J Portugal para a inovação da companhia no global? A J&J Consumer Healthcare Portugal é uma referência no Grupo J&J. Apesar da reduzida dimensão, com cerca de 100 colaboradores em Portugal face aos 128 mil do grupo, é uma best practice mundial em áreas como clima organizacional, presença no ponto de venda, quotas de mercado, etc. Hoje em dia somos uma organização exportadora de talento, com diversos ex-colaboradores da J&J Portugal em funções chave internacionais. Em todo o mundo, o setor da saúde está a aderir a standards globais para identificar os seus produtos de forma única e inequívoca. Na sua perspetiva, quais são as vantagens da utilização de uma linguagem normalizada e global no setor? As vantagens são enormes. Num setor que busca eficiências de custo, haver uma linguagem normalizada e global, quer a nível local quer mundial, permite garantir claramente, quer do lado da indústria quer do lado do prestador de cuidados de saúde, uma gestão bastante mais eficiente dos seus recursos e que vai desde a produção, passando pela cadeia de abastecimento, até à redução de desperdício, que é importantíssima no nosso setor. Através da implementação de standards GS1 é possível integrar processos e sistemas do retalho e da indústria de forma a garantir a disponibilidade de produtos, permitindo que os consumidores possam adquirir produtos quando e onde pretenderem. Os standards globais são estratégicos para a J&J, permitem servir os nossos clientes e consumidores de uma forma mais eficiente, mais rápida, com maior qualidade, maior segurança e a menor custo. A rastreabilidade e a possibilidade de identificação de produtos contrafeitos são benefícios fundamentais para quem opera no setor da saúde.

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É muito importante trabalharmos olhos nos olhos, de frente uns para os outros, em vez de trabalharmos de costas voltadas, com incapacidade de ouvir ou de tornar as necessidades de ambos os lados num plano conjunto de valor acrescentado para toda a cadeia Que mensagem gostaria de deixar às empresas e organizações em Portugal? Os benefícios da colaboração são inúmeros. A correta implementação de soluções GS1 e a participação ativa da indústria, do retalho, dos operadores logísticos, fornecedores, legisladores, etc., nas diversas iniciativas da GS1 são a chave para maior eficiência na gestão de stocks, na redução do tempo e de erros de faturação, na eliminação de atividades administrativas sem valor acrescentado, na melhor relação entre parceiros comerciais e principalmente no aumento da satisfação do consumidor final. Mas a minha mensagem final gostaria que fosse, para todas as empresas e seus gestores, uma mensagem de responsabilidade e de acreditar. Acreditar que, apesar deste ambiente difícil que vivemos hoje, é possível crescer. Crescer de forma sustentável, se fizermos as coisas certas e trabalharmos muito unidos para um bem comum que é o nosso país, para que as atuais e futuras gerações possam ser não só o futuro do nosso país mas também de um mundo melhor. Para isso, considero que todas as empresas (sejam elas da indústria, do retalho, da distribuição, etc.) têm no final do dia de garantir que tudo o que fazem é em prol de um presente mais colaborativo e unido, para um futuro mais sustentável. É muito importante trabalharmos olhos nos olhos, de frente uns para os outros, em vez de trabalharmos de costas voltadas, com incapacidade de ouvir ou de tornar as necessidades de ambos os lados num plano conjunto de valor acrescentado para toda a cadeia. Eu acredito em Portugal e nos portugueses, e todos os dias as minhas equipas provam-me que é possível e vale a pena.



emportugal portugal gs1®em

2013-2015

Definição de estratégias para o triénio Um plano que define a identidade da GS1® Portugal, o rumo, as áreas de foco e os objetivos da organização para o triénio 2013-2015. São estes os mandamentos do Plano Estratégico dos novos corpos sociais para os próximos anos. No coração deste plano está o alinhamento com a sua estratégia global

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a equipa João de Castro Guimarães diretor-executivo da GS1® Portugal e representante da Nestlé, S. A. Nuno Pinto de Magalhães presidente da Mesa da Assembleia Geral da GS1 Portugal e representante da Sociedade Central de Cervejas e Bebidas, S. A. Fernando Ereio membro da Direção cessante da GS1 Portugal e representante da Auchan Portugal Hipermercados, S. A. Manuel Sousa Pinto membro da Direção da GS1 Portugal e representante da Sogrape Vinhos, S. A. Pedro Simões membro do Conselho Fiscal da GS1 Portugal e representante da Unilever Jerónimo Martins, L.da Paulo Gomes presidente da Direção da GS1 Portugal e representante da Johnson & Johnson L.da Luís Moutinho vice-presidente da Direção da GS1 Portugal e representante da SONAE José Clemente Quinta presidente do Conselho Fiscal da GS1 Portugal e representante da UNIARME Inês Murteira Bleck vice-presidente da Mesa da Assembleia Geral da GS1 Portugal e representante da José de Mello Saúde, SGPS Código 560 | GS1® Portugal 2.o semestre 2013

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gs1® em portugal

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28 de março, a GS1® Portugal realizou três assembleias gerais. Entre elas, a assembleia geral eleitoral, na qual foi apresentado o Plano (Roadmap) Estratégico para o triénio 2013-2015 e foram eleitos os novos corpos aociais da organização para o respetivo mandato. O desenho do Plano Estratégico para 2013-2015 baseou-se nas oportunidades de normalização da informação comercial que nascem das atuais tendências de negócio e das novas exigências do consumidor face às empresas. O comércio global, a segurança alimentar, os cuidados de saúde e o acréscimo de valor são algumas das áreas identificadas para a implementação de standards e, por isso, abrangidas pelo novo Roadmap Estratégico da organização. Um Roadmap que “define a nossa identidade, o rumo, as áreas de foco e os objetivos” da organização para o triénio 2013-2015”, afirma Paulo Gomes, presidente da GS1® Portugal. O Alinhamento com a Estratégia Global da GS1® é a linha orientadora deste Plano Estratégico, composto por cinco pilares: Pessoas & Liderança; Crescimento no Core Business; Expansão & Diversificação; Orientação para o Associado, e Excelência Operacional. “A nossa associação pretende, através deste plano, preparar-se para as mudanças do mundo, reforçando uma cultura de alta performance e as iniciativas de colaboração com as empresas”, sublinha Paulo Gomes. “E também queremos, cada vez mais, estar onde está o consumidor”, acrescenta, destacando a crescente importância das relações Business-to-Consumer (B2C) e da economia da Internet nos negócios à escala global.

Balanços e desafios: 2012 e 2013 em análise A assembleia ordinária da GS1® Portugal, realizada no mesmo dia, permitiu fazer o balanço dos principais projetos realizados em 2012 e conhecer o plano de atividades e o orçamento da organização para 2013.

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Revisão Estatutária em benefício de maior flexibilidade do funcionamento da GS1® Portugal Na sequência da assembleia geral ordinária, a GS1® Portugal realizou uma assembleia extraordinária que ficou marcada pela aprovação unânime das alterações propostas pela Direção aos Estatutos da associação. A proposta incluía a incorporação nos estatutos da recém-declarada Utilidade Pública, a necessidade de flexibilização e alargamento dos horizontes da associação e a clarificação de alguns artigos, de modo a garantir a sua correta interpretação, entre outras correções. O Regulamento Interno da organização também foi objeto de alterações, que contemplaram a obrigatoriedade de cada lista concorrente na eleição dos corpos sociais da GS1® Portugal apresentar uma

lista separada para cada órgão social; a necessidade de o associado ter a sua situação contributiva para com a associação regularizada, de modo a poder ser eleito para os órgãos sociais, e a permanência em funções dos membros dos órgãos sociais até que os novos membros eleitos as assumam efetivamente, por uma questão de continuidade. O objetivo das alterações introduzidas relaciona-se com “uma maior flexibilização e modernização do funcionamento da associação, bem como a necessária adaptação e ajustamento aos requisitos do novo estatuto de Entidade de Utilidade Pública”, explica João de Castro Guimarães, diretor executivo da organização.


Roadmap Estratégico da GS1® Portugal para o triénio 2013-2015 Pessoas & Liderança

Crescimento no Core Business

Expansão & Diversificação

Orientação para o Associado

Excelência Operacional

Talento superior

Eficiência na cadeia de valor

Centro Tecnológico de Inovação & Standards GS1®

Superior conhecimento do associado/setores

Simplificação de processos

Criação de Project Team; criação de plano estratégico; implementação de Value Chain Live!

Profundo conhecimento dos associados, setores, taxas de penetração de standards; potenciar utilização de CRM; transformação deste conhecimento em iniciativas de valor acrescentado.

Gestão efetiva de talento - Consolidação de sistema de avaliação de desempenho, plano de desenvolvimento e de carreira.

Fortalecer competências organizacionais Uma equipa, uma cultura; fortalecimento de competências individuais; desenho organizacional otimizado; reforço de estrutura; Programa Trainees.

Organização de alta performance Promoção de cultura de alta performance: liderança e alinhamento organizacional; programa de comunicação interna; gestão por objetivos; promoção de ambiente de mudança e inovação; análise de satisfação interna; potenciação de recursos e experiências do Global Office e organizações membros.

Boas práticas colaborativas – grupos de trabalho; Recomendações AECOC para a Logística; Projeto Transporte Urbano de Mercadorias; fiabilidade de leitura em loja - programa para a qualidade da utilização das Normas GS1 BarCodes (códigos de barras GS1®).

Saúde e bem-estar Gestão do Healthcare User Group da GS1® Portugal (HUG GS1® PT); reconhecimento da GS1 como player no setor da saúde: realização de estudo no setor da saúde, divulgação do estudo da Mckinsey & Company; segurança do paciente - codificação GS1 dos produtos e serviços, bens, localizações e pessoas.

GS1® DataBar

Implementação do Standard GS1® DataBar no retalho (rastreabilidade e segurança); projeto-piloto.

Business-to-Consumer (B2C) Plano estratégico; gestão de Grupo de Trabalho B2C (Mobile); GS1® Source – desenvolvimento e integração das diferentes componentes; projetos-piloto, prova de conceito setorial (ex. vinhos).

Sync PT (GDSN)

Gestão de grupo de trabalho; desenvolvimento de projetos-piloto; realização de workshops; participação em eventos de terceiros.

Gestão de grupo de trabalho; promoção da plataforma; projetos-piloto (Insa e Eurofir); criação e exploração da componente Data Lab; alinhamento de programas de sincronização de dados na Plataforma Sync PT.

Sustentabilidade

Fatura eletrónica

Projeto Sustentabilidade – divulgação nacional e internacional; participação em eventos de sustentabilidade (Greenfest).

Elaboração de plano de dinamização de fatura eletrónica; parcerias com Solution Providers.

Setores Core

Desenvolvimento, implementação e exploração.

Transportes & logística

Alimentar e retalho, transportes e logística, construção e Do It Yourself (DYI), têxtil, vestuário e calçado, saúde.

GS1 PT Media ®

Setores estratégicos Financeiro, Administração Pública, energia.

Serviços de valor acrescentado

Estrutura One face to the customer; otimizar estrutura e processos organizacionais Projeto Housekeeping – desenvolvimentos adicionais; potenciação de plataforma Web; protocolo de atendimento telefónico; fatura eletrónica para associados.

Maximização de iniciativas

Reforço de assessorias e atividade comercial (consulting selling); promoção e potenciação de serviço; verificação de conformidade de GS1® BarCodes; cooperação para a autenticação de códigos (Sociedade Ponto Verde).

Realização de iniciativas GS1® inovadoras, atrativas e com resultados; iniciativas com parceiros (solutions providers, associações, universidades, Adm. Pública, etc.); criação de execution teams.

Marketing relacional

Geração de fundos

Campanhas promocionais direcionadas (novos associados, fidelização); GS1® Mais & Melhor; congressos, roadshows setoriais e regionais; workshops com terceiros (clientes Solution Providers, retalho)

Manutenção de foco nos DSO’s e fundos atuais; potenciar novos serviços de valor acrescentado.

Brand Equity Monitorização de brand awareness; aumentar visibilidade da marca GS1®.

Formação Otimização dos modelos de formação, incluindo novos temáticas e formatos (eLearning); desenvolvimento da Academia GS1®.

Alinhamento internacional Potenciar o alinhamento com GS1® in Europe e Global Office; deployment kits: Solution Providers; Barcodes in Retail; Order-to-Cash; T&L; Fresh Food-Data Bar; Food Traceability; participação em projetos da GS1® in Europe e Global Office; reuniões Internacionais: reunião Board da GS1® in Europe; Global Standards Management Process (GSMP); Fórum Regional GS1® in Europe.

Public & Corporate Affairs Setor saúde e Administração Pública; instituições nacionais (associações setoriais, profissionais e de classe); escolas, politécnicos e universidades.

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gs1® em portugal

2012: um ano de concretizações excecionais – O projeto Housekeeping foi um dos projetos em destaque nesta assembleia geral. Considerado um dos cinco case studies “inspiradores” do mundo GS1, foi apresentado e premiado perante os delegados dos 112 países presentes na assembleia geral da Organização Internacional de Normas, em Cartagena das Índias, Colômbia, em maio do ano passado. Este importante projeto de reestruturação interna da GS1® Portugal foi ainda elogiado na brochura internacional Success Stories from Around the World e integrado no Relatório Anual de Atividades da GS1. Além da distinção internacional do projeto Housekeeping, 2012 ficou ainda marcado pela declaração da GS1® Portugal como Entidade de Utilidade Pública e pelo crescimento do número de associados da organização para mais de sete mil. A estes importantes marcos juntam-se a criação do Healthcare User Group, o primeiro grupo de trabalho da organização no setor da saúde, e a realização da conferência de saúde mais importante do mundo GS1 em Lisboa e a participação de mais de mil formandos nas ações de formação sobre o Sistema GS1. “2012 foi um ano de referência para a nossa organização”, destaca João de Castro Guimarães, diretor-executivo. “Tanto os projetos desenvolvidos como as conquistas alcançadas revelam que somos uma associação de confiança, empenhada em dar respostas sólidas à nossa comunidade.” 2013: consolidar para vencer os desafios – “As profundas mudanças operadas no seio da GS1® Portugal ao longo dos últimos três anos, e consolidadas em 2012, permitem-nos entrar em 2013 com grande confiança”, declarou Paulo Gomes durante a assembleia geral ordinária. Os projetos, já em execução, visam consolidar a atividade da organização, ajudando a vencer os desafios do futuro. Entre eles está a plataforma Sync PT, “o nosso grande projeto

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José Quinta, presidente do Conselho Fiscal, durante a assembleia geral ordinária

de 2013”, afirma João de Castro Guimarães. Trata-se de uma plataforma de sincronização de dados mestres que contém informação comercial atualizada em tempo real e tem como matriz a Rede Global de Sincronização de Dados GS1® (GS1 GDSN). A este projeto, do setor do retalho & bens de consumo, juntam-se outros nas áreas da saúde e da logística. Na saúde, destaque para o estudo Impactes em Portugal da adoção de standards globais na saúde, da autoria da empresa de consultoria Augusto Mateus & Associados e da GS1® Portuga, e que se apresenta como o primeiro estudo em Portugal a medir o impacto da adoção de normas globais no setor da saúde. Já na logística, a associação tem este ano em curso o estudo de benchmark logístico que visa detetar e corrigir falhas nas operações logísticas da cadeia de valor do retalho & bens de consumo e que conta com a participação de cinco retalhistas e 12 fabricantes. “É a primeira vez que realizamos este estudo em Portugal. Em Espanha, o benchmarking logístico é realizado há já cinco anos pela AECOC/GS1® Espanha”, conta João de Castro Guimarães, referindo ainda que o estudo “é considerado um Best in Class no país”. Em 2013, a GS1 Portugal também se junta à celebração dos 40 anos da linguagem global dos negócios, assinalando o momento da adoção de uma norma única e inequívoca de identificação de produtos – o código de barras GS1, adotado pelo retalho em 1973 e hoje utilizado de forma maciça em vários setores.

“As profundas mudanças operadas no seio da GS1® Portugal ao longo dos últimos três anos, e consolidadas em 2012, permitem-nos entrar em 2013 com grande confiança”


os Órgãos Sociais da GS1® Portugal (2013-2015)

Nuno Pinto de Magalhães

Paulo Gomes

José Quinta

Presidente da Assembleia Geral

Presidente da Direção

Presidente do Conselho Fiscal

“A forte aproximação aos associados, a afirmação da marca GS1® Portugal nacional e internacionalmente, a dinamização de processos e, acima de tudo, a criação e a promoção de propostas e soluções com múltiplos benefícios para os seus associados – e, em última análise, para os consumidores – são algumas das marcas deixadas pela Direção cessante e alguns dos muitos motivos para a sua recondução. Num momento de grandes mudanças, estes são ainda indícios de um futuro particularmente desafiante e promissor.”

“Agradeço aos corpos sociais cessantes o trabalho notável realizado durante o mandato 2010-2012. O ano de 2012 foi um ano de grandes desafios e de concretizações excecionais, vividos com grande entusiasmo por uma equipa profundamente motivada e competente. Os desafios que temos pela frente no triénio 2013-2015, e que incluem projetos tão ambiciosos como a criação de raiz de um Centro Tecnológico GS1, são igualmente extraordinários.”

“A Direção cessante fez um trabalho absolutamente notável ao nível da criação das bases de sustentabilidade futura de toda a organização. Num período particularmente difícil, a GS1® Portugal chega a 2013 com um saldo líquido muito positivo ao nível de novos associados e com uma situação financeira bastante robusta e sólida. É de louvar todo o entusiasmo, esforço e competência, em especial nos tempos conturbados que vivemos.”

Assembleia Geral

Direção

Conselho Fiscal

Presidente

Presidente

Presidente

Sociedade Central de Cervejas e Bebidas, S. A. Nuno Francisco Ribeiro Pinto de Magalhães

Johnson & Johnson, L.da Paulo Manuel de Matos Martins Gomes

Uniarme – União de Armazenistas de Mercearias, CTL José Clemente Quinta

Vice-Presidente

Modelo Continente Hipermercados, S. A. Luís Miguel Mesquita Soares Moutinho

José de Mello Saúde SGPS, S. A. Inês Murteira Bleck

Vice-Presidente

Vogais Secretário

Vogais Unilever Jerónimo Martins, L.da Pedro Miguel de Frias Torres Curto Simões

Nestlé Portugal, S. A. João Alberto Pimenta de Castro Guimarães

Irmãos Vila Nova Rui Manuel dos Santos Oliveira Auchan Portugal Hipermercados, S. A. Américo Ribeiro

Danone Portugal, S. A. Severino Gonçalves de Sousa

Sogrape Vinhos Manuel Sousa Pinto

Os novos corpos sociais da GS1® Portugal, eleitos a 28 de março de 2013, representam empresas e marcas de excelência do nosso panorama empresarial. Em conjunto, têm como objetivo consolidar projetos que ofereçam uma resposta de eficiência e capaz de satisfazer as necessidades de todas as empresas associadas, desde companhias de grande dimensão a micro e pequenas empresas. Um deles é a criação do Centro Tecnológico de Inovação & Standards, cujo intento é proporcionar demonstrações ao vivo da aplicação de standards; soluções com tecnologia de ponta; formação inovadora e networking colaborativo. No caminho do alinhamento internacional guia-nos a visão global de transformar a GS1® numa organização que seja um “centro de excelência” na implementação de normas globais.

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gs1® em portugal

A GS1® Portugal – CODIPOR é uma organização privada, neutra e sem fins lucrativos, membro da organização global GS1®; foi fundada em 1985 para gerir a implementação do Sistema de Normas Globais GS1 em Portugal; introduziu os códigos de barras em Portugal; possui mais de sete mil empresas associadas, desde produtores de matérias-primas a produtores de marcas, distribuidores e retalhistas, associações industriais e prestadores de serviços tecnológicos; é uma das maiores associações empresariais em Portugal.

Estatuto

Já somos uma Entidade de Utilidade Pública O estatuto foi declarado em 2012 e publicado no início deste ano, a 16 de janeiro, em Diário da República

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GS1® Portugal – CODIPOR (Associação Portuguesa de Identificação e Codificação de Produtos) é, desde 16 de janeiro de 2013, Entidade de Utilidade Pública. O estatuto foi atribuído pela Presidência do Conselho de Ministros em 2012 e publicado, no início deste ano, em Diário da República, através do Despacho n.º 831/2013. “Os relevantes e continuados serviços à comunidade em geral no tocante à inovação e ao desenvolvimento económico de múltiplos setores de atividade”, bem como o facto de que a associação “coopera com as mais diversas entidades e com a Administração Pública”,

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estiveram na origem desta deliberação, lê-se no despacho. “Este é um estatuto que muito nos apraz”, sublinha o diretor-executivo da organização. Para João de Castro Guimarães, a deliberação do Conselho de Ministros “é o reconhecimento de um trabalho com mais de duas décadas em prol da eficiência na cadeia de valor, sempre numa relação de neutralidade e equidistância com os nossos sete mil associados e com os demais agentes económicos e setores de atividade que, ao longo dos anos, têm beneficiado das inúmeras vantagens ao nível da eficiência e da rastreabilidade dos Sistemas de Normas Globais GS1”.


Adoção de standards globais na saúde

ImpactOs em Portugal

Foi publicado o primeiro relatório sobre as vantagens da implementação de normas globais nos cuidados de saúde nacionais

A

s normas globais constituem um “contributo precioso para a salvaguarda dos direitos fundamentais do utente” e são o caminho para a visibilidade dos dados e transparência na cadeia de valor da saúde. “A existência de standards globais e únicos permite ter uma visão transversal de toda a cadeia de valor, conferindo-lhe maior visibilidade e transparência, com isso tornando possível obter-se uma maior eficiência e eficácia na identificação, captura e partilha de dados”, lê-se em Impactes em Portugal da adoção de standards globais na saúde, apresentado ao Ministério da Saúde em junho. Estes benefícios incidem sobre os sistemas de saúde e também sobre cada um dos elos da cadeia de valor. No primeiro caso, os standards globais potenciam a eficiência e a produtividade dos sistemas de saúde, a rastreabilidade das operações de circulação e recolha de produtos e asseguram os cinco direitos fundamentais do paciente: o paciente certo; com o medicamento correto; administrado na dose adequada; pela via apropriada, e no momento exato. No segundo caso, permitem, por exemplo, o reforço da comunicação entre os elos da cadeia de valor, desde o princípio ativo ao ponto de tratamento, e a redução de custos com a recolha de produtos e com a gestão de dados.

Interoperabilidade à escala global: aspiração concretizada As vantagens da adoção de normas globais advêm da identificação única e inequívoca dos produtos de saúde. No caso dos medicamentos, as identificações GS1 incorporam informações como o nome da empresa responsável pelo produto, número de lote, validade e número de série, capturadas e partilhadas entre os agentes da cadeia de valor numa linguagem normalizada, que garante a interoperabilidade à escala global. Em Portugal, a utilização desta identificação “interoperável” ainda não é uma realidade. Nos medicamentos, o INFARMED utiliza três sistemas diferentes de identificação, com fins distintos entre si. Recentemente, passou a desempenhar funções de supervisão e regulação de

dispositivos médicos, iniciando um processo complexo de classificação e identificação suplementar. Estas soluções de normalização proprietárias, aponta o estudo, não são compatíveis nem interoperáveis com o sistema GS1 e são limitadas ao território nacional, invalidando a sua utilização/ leitura à escala global e gerando complexidade adicional para as empresas nacionais exportadoras e multinacionais. “O que este estudo nos mostra é que a eficiência, a segurança e a transparência, que são de extrema importância para a qualidade e sustentabilidade do sistema de saúde português, apenas podem ser alcançadas se toda a cadeia de valor falar uma linguagem comum”, sublinha o diretor de Inovação e Standards da GS1 Portugal. Silvério Paixão, também responsável pelo Healthcare User Group (HUG GS1 PT), acrescenta: “Vários países europeus têm, nos últimos anos, caminhado no sentido da implementação de normas globais, quer pelos benefícios que podem alcançar, quer pela necessidade de responder aos requisitos legais europeus para a harmonização do setor. É urgente que Portugal assuma o mesmo percurso.”

Os standards globais potenciam a redução de custos com a recolha de produtos e com a gestão de dados

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gs1® em portugal

Sincronização de dados

mais eficiência e sustentabilidade APED e GS1® Portugal uniram-se para um workshop sobre a plataforma SYNC PT® – uma solução de sincronização de dados comerciais em tempo real. Melhorias no time-to-shelf e na gestão de dados de artigos são alguns dos benefícios proporcionados por esta plataforma

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edução entre duas e seis semanas no tempo de introdução de um produto no mercado (time-to-shelf). Melhorias até 50% em gestão de encomendas e de artigos ou redução até 30% no esforço de gestão de dados. Estes são alguns dos benefícios de eficiência e sustentabilidade que resultam da utilização da plataforma SYNC PT®, uma solução de sincronização global de dados comerciais em tempo real que foi apresentada, a 9 de maio, num workshop organizado pela Associação Portuguesa das Empresas da Distribuição (APED) e GS1® Portugal. O workshop, intitulado “Informação é poder. Tenha acesso às Fichas de Produto dos seus Parceiros de Negócio”, contou com mais de 30 participantes do setor do retalho & bens de consumo, distribuídos por produtores e retalhistas, e permitiu conhecer as componentes, os serviços e os benefícios da plataforma para os negócios. “A longa tradição de colaboração entre as duas associações empresariais tem em mais este workshop uma evidência deste caminho que tem sido construído passo a passo”, afirmou, durante o encontro, Isabel Trigo de Morais, diretora-geral da APED. “E é também um excelente exemplo de como o retalho, a indústria, os produtores e os distribuidores conseguem, em conjunto, desenhar soluções que servem a cadeia de valor, e não apenas numa parte de um setor.”

Uma solução essencial de sincronização de dados Baseada na Rede Global de Sincronização de Dados (GS1® GDSN) e nas Normas de Partilha de Dados, a plataforma SYNC PT® é “um projeto inovador” ao nível da sincronização de dados comerciais. E é também “uma ferramenta essencial para a sustentabilidade das empresas ligadas ao setor do retalho & dos bens de consumo”,

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considera João de Castro Guimarães, diretor-executivo da GS1 Portugal. Pedro Bação, diretor comercial da Saphety, prestador de serviços tecnológicos que desenvolveu a tecnologia de suporte à plataforma, não tem dúvidas. “A SYNC PT® é de extrema importância para os próximos dez anos. Assim como há dez anos o EDI e a fatura eletrónica foram o desafio do retalho, claramente a sincronização de informação sobre produtos é o desafio para os próximos dez anos.” Na ótica das empresas, a minimização de erros, a simplificação do processo e redução do esforço na criação e


“A Sync PT é de extrema importância para os próximos dez anos”

Lurdes Assis

Departamento Comercial, Campotec

Somos fornecedores do McDonald’s e eles foram os primeiros a informar-nos sobre a plataforma. A utilização da plataforma, na componente da data pool é uma exigência que eles vão começar a ter. Esta plataforma é claramente o futuro.

alteração de dados e ainda a criação de fator distintivo no universo do retalho em Portugal são algumas das vantagens da adesão à plataforma lançada pela GS1® Portugal. “Uma solução essencial ao nível da sincronização de dados comerciais”, assegurou Nuno Gonçalves, responsável da Equipa de Processos Business-to-Business (B2B) da SONAE, a qual “aderiu prontamente” a esta solução. Para estes benefícios contribuem quatro componentes da SYNC PT®: E2E, Data Pool, Cardex e GEPIR. Em breve a plataforma contará também com um banco de imagens de produtos e um agreggator que, como o nome indica, irá agregar informação sobre produtos e serviços para ser disponibilizada ao consumidor no meio online. O objetivo é posicionar a SYNC PT® como uma plataforma que aumenta a eficiência e a sustentabilidade dos negócios, numa perspetiva B2B, mas também uma plataforma que apoia as empresas na economia digital e nas relações Business-to-Consumer (B2C). Esta foi, aliás, uma das mais-valias do workshop. “Neste momento, encontramo-nos numa fronteira em termos de soluções de eficiência para a cadeia de valor, em vésperas da entrada em vigor do regulamento europeu de informação ao consumidor em meios online”, sublinhou Isabel Trigo de Morais. Este novo regulamento traz obrigações de informação e de rotulagem desde o produtor ao consumidor e, por isso, a SYNC PT® “é, sem dúvida, uma das ferramentas essenciais para dar cumprimento a este regulamento e segurança a estas empresas de que estão a cumprir com todo o normativo”.

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gs1® em portugal

Retalhistas e fabricantes nacionais

Níveis de serviço logístico

Benchmark logístico. É este o nome do primeiro estudo nacional de quantificação dos níveis de serviço logístico no setor do fast moving consumer goods e que conta com a participação de cinco retalhistas e 12 fabricantes. Os resultados começam a ser conhecidos este mês

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á cinco anos que o benchmark logístico é realizado em Espanha pela AECOC/ GS1® Espanha. Este estudo, que mede os níveis de serviço logístico de retalhistas e fabricantes com vista a reunir e divulgar as melhores práticas e as tendências no setor do fast moving consumer goods (FCMG), foi este ano adaptado e realizado pela primeira vez em Portugal. A apresentação ocorreu em janeiro deste ano, às 16 empresas do FMCG que compõem o Conselho Consultivo de Boas Práticas da GS1® Portugal e foi reforçada pela Centromarca, que divulgou o projeto a outras empresas. Em fevereiro, o benchmark logístico arrancou com um total de 17 participantes: cinco retalhistas e 12 fabricantes. A aceitação das empresas foi “imediata”, conta Artur Andrade, gestor de projetos e responsável pelo Conselho de Boas Práticas Colaborativas. E explica porquê: “Através deste estudo, as empresas adquirem uma perspetiva muito boa dos seus níveis de serviço logístico. Em primeiro lugar, porque o estudo fornece um ranking dos níveis de serviço das empresas que as ajuda a posicionar-se face ao mercado e à concorrência. Em segundo lugar, porque cada participante conhece quais os níveis de serviço em que não está tão bem e o que pode ser feito para melhorar.”

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gs1 em portugal

Os indicadores específicos dos níveis de serviço estão associados a oito grandes áreas logísticas: encomendas, entregas, materiais de suporte, documentação, faturação, sistemas de informação, capacidade de planeamento e reação e colaboração entre fabricante e retalhista. A sua medição é feita através de questionários e de entrevistas presenciais, para recolha de comentários e informação complementar às respostas aos questionários. Estes questionários são específicos para retalhistas e para fabricantes e, por isso, resultam em dois benchmarks distintos: o benchmark fabricantes, que permite a avaliação dos níveis de serviço dos fabricantes pelos retalhistas, e o benchmarking retalhistas, no qual os fabricantes avaliam os níveis de serviço dos retalhistas. Assim, cada retalhista recebe um questionário de avaliação dos níveis de serviço dos fabricantes na entrega de produtos às suas plataformas de distribuição e cada fabricante responde a questionários de avaliação sobre as plataformas de distribuição dos retalhistas. Após a análise das respostas, são apresentados os resultados aos participantes.

Medir para melhor gerir Os fabricantes que participaram no primeiro bench­mark logístico da GS1® Portugal conhecem a avaliação dos seus níveis de serviço este mês. Já os resultados do bench­mark retalhistas serão apresentados aos cinco retalhistas que participaram no estudo em setembro. A avaliação dos níveis de serviço de fabricantes e retalhistas é apresentada através de um ranking de boas práticas. Porém, apenas a classificação dos três primeiros é do conhecimento de todos os participantes. “Desta forma, pretendemos incentivar os restantes participantes a melhorarem os seus níveis de serviço, de modo a que nos anos seguintes possam ocupar os primeiros lugares do ranking”, esclarece Artur Andrade. As comparações diretas entre concorrentes não são o propósito deste estudo, mas “é possível às empresas fazer algumas comparações com o mercado”, acrescenta o gestor. Além da avaliação, cada empresa conhece os seus pontos de melhoria e tem acesso a boas práticas de mercado para otimizar os seus níveis de serviço. O objetivo é “permitir que os fabricantes e retalhistas utilizem este conhecimento para alimentar o business plan do ano seguinte e desenvolver projetos para melhorar os seus níveis de serviço”, explica.

Projeto estratégico anual Em Espanha, a adesão ao benchmarking logístico tem crescido de ano para ano. A participação das empresas

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Áreas logísticas O benchmark logístico mede indicadores específicos de níveis de serviço em oito áreas: encomendas, entregas, materiais de suporte, documentação, faturação, sistemas de informação, capacidade de planeamento e reação ­ e colaboração entre fabricante e retalhista

Materiais de suporte: indicador do nível de serviço logístico para o acondicionamento e qualidade das unidades logísticas

Entregas: indicador do nível de serviço logístico para o cumprimento de entregas em tempo e qualidade

do setor do FMCG é “massiva” e o estudo é “um caso de sucesso”, sublinha Artur Andrade. Em 2012 participaram 14 retalhistas e quase 30 fabricantes de produtos de marca. Em Portugal, o objetivo é semelhante: reforçar a participação das empresas no estudo, realizando-o todos os anos. “O benchmark logístico é, para nós, um projeto estratégico que queremos desenvolver anualmente”, conta o responsável. Porquê? “Porque os resultados obtidos vão permitir desenvolver novos projetos de logística no âmbito do Conselho Consultivo de Boas Práticas Colaborativas. E esses projetos serão fundamentais para tornar os níveis de serviço e o desempenho operacional das empresas cada vez mais eficientes e sustentáveis.”



Os Nossos Associados

Seldata

Eficiência no ponto venda Gestão e controlo de vendas. São estas as mais-valias do BiRD, uma solução, de base tecnológica, de gestão comercial, criada pela Seldata e agora partilhada com o mercado

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m 2002, três pes­soas com “vontade de empreender” criaram uma empresa focada na criação, montagem e gestão de operações e equipas comerciais. A empresa, SelPlus, tinha como missão oferecer ao mercado “a excelência em serviços de gestão comercial, através da aplicação de conceitos relevantes, necessários e inovadores que permitam o crescimento sustentado da relação de negócio”, conta Ana Paula Reis, cofundadora e diretora-geral da SelPlus. Onze anos depois, o conhecimento e a experiência acumulados por esta empresa no âmbito da gestão comercial e dos processos de venda resultaram numa nova ideia: a criação de uma solução de gestão comercial, aliando conhecimento, serviço e tecnologia, para gerir as equipas comerciais da SelPlus. A proposta foi de tal forma inovadora que levou ao nascimento de uma nova empresa, a Seldata, que surgiu de um spin-off da SelPlus para gerir esta plataforma e partilhá-la com o mercado. “Desde o primeiro dia da SelPlus que apostámos na criação e desenvolvimento de uma solução de gestão comercial, aliando conhecimento, serviço e tecnologia como ferramenta estruturante da gestão das operações comerciais, que consideramos como

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uma das razões do sucesso. A expe­ riência e conhecimento gerado levou-nos à ideia de disponibilizar essa solução para outras empresas com equipas comerciais”, declara Ana Paula Reis, atual administradora da Seldata. BiRD é o nome desta solução de gestão comercial, com uma forte compo-

a equipa Frederico Valente software developer Francisca Mello diretora de Operações João Pessoa gestor de Operações Pedro Costa diretor de Sistemas de Informação Pedro Campos gestor de Operações Ana Paula Reis administradora delegada Carlos Almeida Controlo de Qualidade

nente tecnológica, que em março deste ano chegou ao mercado. Quatro meses depois tem já mais de 200 de utilizadores em 28 operações comerciais diferentes. “A gestão eficaz, eficiente e atempada do ponto de venda é a chave para o sucesso comercial. O BiRD é a solução da Seldata para ajudar os seus clientes a concretizarem diariamente esse objetivo.”

Uma plataforma orientada por standards O BiRD é um bom exemplo de integração de standards GS1, designadamente do GTIN – Global Trade Item Number (vulgar EAN-13). A utilização de normas globais foi considerada fundamental para “assegurar a robustez e adequação” da oferta da Seldata e “converge direta e centralmente” com os objetivos da empresa, destaca Ana Paula Reis. A administradora explica porquê. “Os standards GS1 têm,


A gestão eficaz, eficiente e atempada do ponto de venda é a chave para o sucesso comercial

entre outras, a vantagem de harmonizar códigos e linguagens, facilitando a comunicação e integração de todos os intervenientes da cadeia de valor. São um potente instrumento para minimizar o desperdício e aumentar a rapidez e assertividade de atuação. Estas são enormes vantagens que pretendemos capturar e oferecer aos nossos clientes e equipas de vendas.” Orientada por valores como o conhecimento, a fiabilidade e a inovação, a Seldata tem como próximo objetivo consolidar e fazer evoluir a plataforma BiRD. “Esta otimização será tanto maior quanto mais processos conhecermos profundamente e, por isso, quanto mais próximos estivermos dos nossos clientes.” Por agora, a empresa conta com a “total dedicação” de sete colaboradores. É a eles que cabe a responsabilidade de tornar esta plataforma cada vez mais presente no dia a dia

da gestão comercial das empresas. “Temos a noção de que a continuação do sucesso depende da capacidade de antevermos as alterações do mercado e nos adaptarmos a essas alterações”, afirma a administradora. “Mais do que uma receita, é uma forma de estar: em permanente evolução, inconformada, trabalhosa e exigente.” Apesar do desejo contínuo de melhoria, o BiRD é já uma plataforma de sucesso conhecida fora de Portugal. Um marco para a Seldata, mas também para Ana Paula Reis, que ao longo da carreira teve a missão de dar a conhecer vários projetos nacionais a diversos países do mundo. A experiência deu-lhe certezas. “O que fazemos em Portugal é muito apreciado, valorizado e relevante em países tão diferentes como a Eslovénia, o Brasil ou a Índia. Não devemos ter nada a temer.”

raio x

Ana Paula Reis

Formação académica “Sou licenciada em Organização e Gestão de Empresas pelo ISCTE e fiz o Global Executive MBA do IESE (em Barcelona, Madrid, São Francisco e Xanghai).” Curriculum Profissional “Comecei a minha carreira na área financeira, na Effem de Portugal (filial portuguesa do Grupo Mars, atualmente denominada Masterfoods Portugal). Estive dez anos nesta empresa e desempenhei diversas funções de direção em Portugal e Espanha: Planeamento, Operações, Finanças e Vendas. Fui ainda diretora de Marketing e Vendas do forumB2B.com, à altura o portal de comércio eletrónico da EDP e da Galp. A minha primeira experiência como empreendedora surgiu com a SelPlus, como cofundadora e diretora-geral. Neste momento lidero a Seldata.” Posicionamento profissional “Gosto de um bom desafio, de olhar para os problemas de um modo diferente, tomando perspetiva, sobretudo em momentos de maior dificuldade. Sinto que é possível melhorar sempre e esse é, para mim enquanto gestora, um caminho estimulante e o que procuro todos os dias.” Hobbies “Ler, cinema, viajar.”

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Standards em Ação

Sincronização de dados em tempo real

A plataforma ® SYNC PT

O standard para a sincronização de dados comerciais nasceu em 2004 e deu os primeiros passos em Portugal em 2008, com a convergência da Associação Portuguesa de Empresas da Distribuição (APED), Centromarca e GS1®. Três anos mais tarde, em 2011, começou a erguer-se

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o ano de 2011 criou-se um grupo de trabalho e decidiu-se qual a tecnologia que iria servir de suporte à plataforma SYNC PT®, a solução global da GS1® Portugal para a sincronização de dados comerciais em tempo real. A criação desta plataforma teve como intuito resolver problemas específicos decorrentes da gestão manual de dados de produtos e da má comunicação entre produtores e retalhistas. Entre eles, a perda de tempo na gestão de informação comercial e financeira, os erros na inserção de dados e na classificação de artigos e as entregas incorretas de artigos, que podem resultar em prateleiras vazias ou incompletas no ponto de venda e no aumento do prazo médio de on shelf availability (OSA). A resolução destes problemas baseou-se nas normas GS1® para a sincronização de dados comerciais normalizados entre parceiros de negócio (GS1® GDSN) e implicou a implementação de uma estrutura modelar pela mão da Saphety. Sobre esta estrutura foram

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desenvolvidas quatro das componentes que atualmente constituem a oferta da plataforma tecnológica SYNC PT®: • E2E (ficha de empresa): uma base de dados que contém informação empresarial sobre cerca de 550 mil empresas ativas em Portugal, para ajudar a pesquisar e/ou atualizar os dados empresariais dos parceiros de negócio; • CARDEX (ficha de referenciação de produto): uma ferramenta online disponibilizada às pequenas e médias empresas associadas, para gerirem o seu portefólio de produtos de acordo com as normas GS1®; • DATA POOL: um repositório de informação comercial, onde estão registados ou publicados os dados mestres das fichas de produto das empresas, isto é, as informações mais importantes de um produto; • GEPIR: um motor de busca único que dá acesso a informações básicas de contacto sobre as empresas que são associadas da GS1®. A Data Pool foi a primeira componente a entrar em desenvolvimento. Seguiu-se a Cardex e a E2E e, por fim, a

introdução do motor de busca internacional GEPIR na plataforma. Os desenvolvimentos decorreram entre 2011 e 2012 e foram acompanhados de perto pelos membros do grupo de trabalho deste projeto: Auchan, Jerónimo Martins, Nestlé e Sonae e Johnson & Johnson. Este era um grupo eminentemente tecnológico, que pretendia interligar de forma normalizada as suas bases de dados e a Rede Global de Sincronização de Dados da GS1® (GS1 GDSN), disponibilizando e permitindo a sincronização da informação de produtos entre ambas.

Da sincronização de dados ao comércio eletrónico Em 2012 foi solicitada a especialização do grupo em dois eixos de desenvolvimento. Por um lado, para identificar, sistematizar e testar a resolução das necessidades específicas da distribuição. Por outro, para responder a necessidades complementares, tais como a disponibilidade e utilização de bancos de imagem normalizados e a aplicação de ferramentas na esfera do comércio móvel.


Benefícios das seguintes componentes: E2E

Estas necessidades levaram a que, no início de 2013, fossem desenvolvidas duas novas componentes na plataforma SYNC PT ®: uma base de dados que disponibiliza as imagens associadas aos produtos e permite a sua sincronização com um ou vários parceiros de negócio e uma estrutura de agregação de dados normalizados que podem ser disponibilizados ao consumidor através de dispositivos móveis. A primeira é a componente Image – Banco de Imagem e a segunda o Agreggator, uma estrutura desenvolvida a nível global pela GS1®. João Picoito, gestor de projetos da GS1® Portugal e responsável pela plataforma, explica que o desenvolvimento destas novas componentes insere-se na “estrutura evolutiva incremental” da SYNC PT®. “Pretendemos que, com as atuais seis componentes, a plataforma melhore de forma eficaz os processos de negócio e a partilha de informação comercial entre parceiros de negócio.” Desde junho que os associados da GS1® Portugal já podem utilizar as seis componentes da plataforma SYNC PT®.

Cinco passos para aderir à plataforma Sync PT®

1

Ser associado da GS1® Portugal

2

Utilizar o GCP (Global Company Prefix) cedido à entidade associada GS1® Portugal para gerar o GTIN (Global Trade Item Number) ou o SSCC (Serial Shipping Container Code)

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Utilizar o GLN (Global Location Number) cedido à entidade associada GS1® Portugal

4

Fazer o login para aceder à área reservada do website da GS1® Portugal (www.gs1pt.org)

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Solicitar a visita de um consultor da GS1® Portugal para explicação da utilização

Criação de dados: De acordo com um estudo realizado pela GS1® Portugal, a criação e introdução manual de uma ficha de empresa, com os respetivos contactos no sistema de informação, demora, em média, 12 minutos. Com a utilização da E2E o tempo para a criação e introdução destes dados reduz-se para apenas 30 segundos. Atualização de dados: Tratando-se do processo de atualização da ficha de empresa, considerando uma alteração manual de mais de quatro campos de dados, o tempo médio passa de 4 minutos para apenas 1 minuto.

DATA POOL

Publicador de dados (Proprietário da informação): • Um único processo de carregamento de dados normalizado para todos os parceiros (subscritores) • Processos automatizados e sem erros • Exigência na qualidade dos dados • Visibilidade global (via Global Registry) dos dados associados aos produtos (comerciais, logísticos, imagens) na cadeia de valor • Ponte para os negócios B2B2C Subscritor de dados (Parceiros de negócio): • Informação comercial dos parceiros de negócio (Fichas de Empresas, Cardex de Produtos) atualizada just in time, sempre que o PUBLICADOR da informação a executa • Processos automatizados e sem erros • Visibilidade global dos dados associados aos produtos (comerciais, logísticos, imagens) na cadeia de valor


Perspetiva

Pedro Ferraz da Costa

Presidente do Fórum para a Competitividade

A competitividade da economia portuguesa Nunca, como hoje, foi tão evidente que níveis elevados de emprego e de bem-estar dependem fundamentalmente da competitividade de a economia poder assegurar novos empregos e melhorar os existentes, pela reorientação de empresas para a exportação e pela atração de investimento direto estrangeiro

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oncentra-se a comunicação social sobre os indicadores de recessão e podia até pensar-se que a recuperação do consumo interno, público ou privado, seria suficiente para voltar ao crescimento, como se recentemente e com crédito abundante o tivéssemos tido. Os nossos problemas são mais antigos e não se resolverão com as políticas económicas que nos conduziram à situação atual. O nosso principal problema é a degradação acentuada da competitividade externa da economia portuguesa. Se descontarmos os generosos apoios comunitários recebidos, concluiremos que não crescemos desde meados dos anos 90 e, de uma forma ainda mais evidente, desde que entrámos no euro, sem interiorizar que a participação na UEM (União Económica e Monetária) nos obrigaria a um esforço sério de aumento de competitividade. Em alternativa – também se sabia – assistiríamos a que qualquer queda de competitividade externa – já não podendo ser compensada pela desvalorização da moeda – fosse compensada pela queda dos salários reais e/ou do emprego. E é nos índices internacionais de competitividade que é mais fácil verificar o que recuámos. Em 2000, Portugal ocupava o 22.º lugar do ranking no índice do World Economic Forum, em 2004 estávamos em 24.º e daí para cá fomos ultrapassados por uma média de três países por ano, situando-nos na 49.ª posição em 2012. Em 12 anos perdemos 27 lugares num indicador com grande visibilidade, de forma regular, apesar de alguns esforços conseguidos de “bater” o índice, atuando ao nível governamental só sobre os pontos que são medidos como indicadores parciais de competitividade. O exemplo mais conhecido é o de “empresa na hora” – indicador relevante, sem dúvida, mas que não foi acompanhado de redução de burocracia pós-criação, nomeadamente outros licenciamentos obrigatórios. Tem o governo centrado a sua ação na correção dos enormes desequilíbrios macroeconómicos do País, nomeadamente o deficit orçamental e o deficit comercial e da balança corrente. O trabalho do Fórum para a Competitividade concentrou-se muito, nos últimos anos, na chamada de atenção para a insustentabilidade da política económica seguida desde que “decidimos” entrar no euro. É urgente que se possa concentrar agora em contribuir para recriar um setor exportador competitivo e concentrado em produtos e atividades onde, independentemente de vantagens comparativas, possamos beneficiar de preços premium, por oposição a mercados de margens esmagadas como são alguns onde operam parte dos nossos setores tradicionais. E também em estimular o IDE (investimento direto estrangeiro), única variável de criação de emprego a curto prazo.

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Fórum para a competitividade O Fórum para a Competitividade é uma associação de direito privado, sem fins lucrativos, constituída em fevereiro de 1994 em seguimento das propostas formuladas no estudo Construir as Vantagens Competitivas de Portugal, sob a direção do Professor Michael Porter. O Fórum para a Competitividade assume-se como uma instituição ativa na promoção do aumento da competitividade de Portugal através de iniciativas relacionadas com a atividade empresarial e as políticas públicas. Nesta linha, realizámos, em 2012, a iniciativa A libertação do potencial produtivo em Portugal – questões críticas, um trabalho conjunto com 19 economistas e gestores. Esta iniciativa deu lugar a uma conferência de imprensa (05/07/2012) e a um seminário (25/07/2012), cuja documentação pode ser encontrada no site do Fórum, e, ainda, no passado dia 15 de novembro, o Seminário “Orçamento do Estado 2013: o regresso aos mercados e o futuro da economia portuguesa”. O site forumcompetitividade. org permite analisar as atividades desenvolvidas, Órgãos sociais, lista de associados, artigos publicados e outras matérias relevantes para o melhor conhecimento do Fórum.



Universo gs1®

José María Bonmatí

As PME são fundamentais para sairmos da crise

A opinião é de José María Bonmatí. O CEO da AECOC/GS1 Espanha falou com a Código 560 sobre as organizações que lidera, o futuro da GS1 e a importância da implementação de standards e melhores práticas nas cadeias de valor

Q

ual é a génese da AECOC e qual a sua relação com as normas globais? Em Espanha temos uma única organização, que desenvolve a sua atividade em duas áreas. A GS1® Espanha, que desenvolve e implementa standards em toda a cadeia de abastecimento e espelha a missão e a visão da GS1 a nível global, e a AECOC, que gere a relação entre fabricantes e distribuidores e também relações mais institucionais, com o governo, a sociedade e diferentes stakeholders. Na sua opinião, como é que a AECOC e a GS1 Espanha são percebidas pelos associados? Nós temos 25 mil associados e penso que temos uma imagem de crescente relação com eles, porque revelam satisfação quando nos telefonam ou frequentam as nossas formações. Penso também que a imagem que a maior parte dos associados, pequenas e médias empresas, tem de nós se relaciona com a melhoria da eficiência da cadeia de abastecimento, através da codificação de produtos e da comunicação entre parceiros de negócio pela partilha normalizada de dados comerciais. Isto é, uma imagem relacionada com a geração de eficiência, tanto nos fluxos físicos de produtos como na partilha eletrónica de informação. No caso das empresas de maior dimensão, penso que nos veem como uma organização que desenvolve projetos importantes de melhores práticas de logística.

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E a comunidade GS1 internacional? Penso que temos uma boa imagem no que diz respeito ao nosso conhecimento dos standards. Numa organização como a nossa, um dos principais requisitos é ter um know-how técnico sólido. E penso que a nossa equipa cumpre este requisito. Por outro lado, considero que nos veem como uma organização empenhada na implementação de standards e na relação e colaboração com outras organizações membros da GS1. Quais são os setores mais representativos da GS1 Espanha? Os nossos setores prioritários são o grande consumo, ferragens & bricolage, saúde, tecnologia de informação, hotelaria e restauração. Dentro dos produtos de grande consumo, o nosso principal setor, cerca de 60% dos nossos associados são da área de alimentação e bebidas. Os produtos frescos têm muita importância dentro da alimentação, e, por isso, temos um grupo de trabalho específico para frutas e hortaliças, outro para pescado e outro para o setor cárnico. Há outros setores importantes, mas para os quais ainda não sentimos necessidade de ter uma estrutura e uma equipa a desenvolver projetos. Disse que as pequenas e médias empresas têm muito peso no universo associativo da GS1 Espanha… Sim. Representam cerca de 74% dos nossos associados. Acreditamos que as PME são fundamentais para sairmos da crise, pois a força comercial de Espanha está nestas empresas, que atualmente têm de ser mais competitivas. O nosso papel é ajudá-las neste objetivo.


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Universo gs1®

E quais são os principais projetos da GS1 Espanha para ajudar as pequenas e médias empresas a serem mais competitivas? Queremos ajudá-las a construírem uma estratégia desde as fundações, e, para isso, temos de garantir a excelência nas nossas atividades nucleares. Quando uma empresa precisa de um código de barras, deve receber da nossa parte todo o apoio necessário. Ou, se precisa de uma ferramenta para criar um catálogo, temos de lhe mostrar a nossa solução nessa área. O elemento-chave é o compromisso com o resultado final. Outro dos nossos objetivos é proporcionar ferramentas e informação simples, que possam ser utilizadas de forma rápida pelas PME – incluindo nas transações eletrónicas de dados –, assim como construir serviços de valor acrescentado para as empresas através da partilha de boas práticas nas áreas da logística e dos transportes. Por fim, o mundo está a mudar para a economia digital e percebemos que para as empresas também é importante conhecer estes temas. Em 2012, quais foram os três grandes projetos da GS1 Espanha? 2012 foi um ano marcado pela crise, e por isso concentrámo-nos em projetos relacionados com eficiência, através do desenvolvimento de serviços de valor acrescentado, como a data pool no âmbito do GDSN. Outro exemplo é o serviço de partilha de imagens, tanto para folhetos promocionais como para planogramas e venda online. É um serviço de alto valor e muito valorizado pelos nossos associados. 2012 foi também um ano em que colocámos em curso um projeto de B2C – o eSCAN –, que permite ao consumidor aceder a informação sobre os produtos através dos dispositivos móveis. Outro dos projetos importantes é o benchmark logístico, que mede os níveis de serviço logístico dos principais distribuidores e fabricantes. E em 2013, quais são os principais desafios? Temos em mente que o contexto económico não vai mudar e isso leva-nos a focar o que é fundamental para fabricantes e distribuidores, como as tendências da procura, os hábitos do consumidor e o comportamento do shopper, transmitindo às empresas que é necessário uma abordagem da cadeia de abastecimento que inclua o consumidor. Queremos ainda garantir a eficiência da cadeia de abastecimento, implementando standards e melhores práticas. Dessa forma iremos conseguir que os nossos projetos façam parte das boas práticas dos nossos associados. E neste âmbito entram as plataformas como o eScan, nas quais estamos a incluir as PME, porque acreditamos que não podem ficar fora do atual comportamento do consumidor.

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“É necessário uma abordagem da cadeia de abastecimento que inclua o consumidor”

A AECOC realiza diversos eventos ao longo do ano. Porque são estes eventos importantes? Não somos uma organização que se dedica a fazer eventos. O que acontece é que os eventos nos ajudam a reforçar a nossa missão de aproximar e pôr em contacto todos os agentes da cadeia de valor. Os eventos servem para transmitir que é necessário ter uma visão conjunta de toda a cadeia de valor focada no consumidor e que o modelo de colaboração entre os diversos intervenientes é o que gera maior valor acrescentado e o que permite reduzir mais custos. Como estão a celebrar os 40 anos dos códigos de barras? Temos utilizado algumas datas especiais, como a da criação do código EAN ou a leitura do primeiro produto codificado em Espanha. No entanto, consideramos que a festa-chave é a que corresponde à primeira leitura de um código de barras num supermercado, em 1974. Gostaria de sublinhar que iniciámos um projeto de colaboração com o meio académico. Estabelecemos acordos com 15 universidades e o que pretendemos é que todos os nossos temas, entre os quais a contribuição dos standards para a eficiência, cheguem ao meio universitário. Definimos como primeiro target o meio académico, porque é um público que ainda não nos conhece. É claro que com as empresas que já adotaram o sistema vamos ter de comunicar de outra forma. Nesse caso, trata-se de recordar as origens de algo que já utilizam. A GS1 Portugal está, desde 2011, no Comité Logístico da AECOC. Como é que ambas as organizações podem fomentar a logística a nível ibérico? O Comité de Logística é um dos comités que mais tem acrescentado valor. Para organizações como as nossas, em Portugal e em Espanha, é muito positivo que os responsáveis de logística tenham um ponto de encontro, na medida em que identificamos inúmeras oportunidades de melhoria em projetos específicos, como a organização de cargas e descargas. Por outro lado, temos a própria geografia de mercado e questões específicas ao nível do packaging ou da logística que são comuns a muitas empresas dos dois países. Existem diferenças, naturalmente, mas este

os standards ajudam a recuperar a competitividade da economia


AECOC

+ 25 mil Associados (desde o início da crise, registou-se um crescimento líquido positivo de entre 100 a 200 empresas)

78

Colaboradores

18

Empresas dos órgãos sociais (Conselho Diretivo/Board com 18 pessoas, 9 empresas da produção, 9 do retalho)

600

Pessoas na estrutura de comités

comité permite identificar as oportunidades de melhoria da cadeia de valor e uma troca de experiências que beneficiam as empresas de ambos os países. Tendo em conta a conjuntura atual, como vê o futuro da GS1 nos próximos três anos? Acho que temos grandes desafios pela frente. O grande debate passa por definir se a nossa grande experiência como rede internacional, interdependente no desenvolvimento e na promoção de standards, se deve manter nos setores tradicionais ou se deve alargar-se a setores como o financeiro, o automóvel ou outros onde temos uma escassa presença. Parece-me que o futuro da GS1 deve passar – em primeiro lugar – por manter esse conceito de interdependência, em que existe uma visão global, mas com uma forte implantação local. Parece-me também que devemos estar preparados para um mundo cada vez menos previsível, onde os desafios impostos pela economia digital nos vão obrigar a mudar. E aí, fundamentalmente, o mais importante vai passar por aportar informações sobre os produtos, em qualquer momento, através dos smartphones e dos tablets. Quais são as grandes mudanças que identifica na GS1 Portugal nos últimos anos? As grandes mudanças na GS1 Portugal começam a partir do momento em que a organização decide repensar os seus processos internos. Devo sublinhar a importância do Projeto Housekeeping,

que me parece ter sido um passo fundamental na redefinição e no reforço da missão da GS1 Portugal. Essa primeira mudança passou por um rejuvenescimento e uma maior aproximação aos associados. A segunda mudança, fruto dessa reorganização interna e de resultados que foram começando a surgir, acabou por se traduzir numa maior confiança e envolvimento das empresas. Sem estes dois passos é muito difícil passar a uma oferta de serviços e uma proposta de valor em que as empresas acreditem ou confiem. Reforçar a equipa, reforçar os valores, ter os processos claros, é o que permite ter sucesso, e, a esse nível, acho que o projeto empreendido pela GS1 Portugal foi um êxito. Que mensagem gostaria de deixar aos associados da GS1 em Portugal e Espanha neste momento difícil? Creio que, em termos de produtividade e confiança, temos um desafio comum, em que é preciso recuperar as bases para conseguir o crescimento. E creio que, a esse nível, as nossas organizações podem ter um papel-chave na recuperação de ambas as economias e numa senda de crescimento. As nossas organizações oferecem soluções e standards que ajudam a que a cadeia de valor seja mais eficiente. E, embora possa parecer que esta é uma questão menos relevante, o facto é que os standards e as melhores práticas ajudam a recuperar a competitividade da economia. O nosso compromisso tem que estar com a competitividade e com a recuperação das PME. Código 560 | GS1® Portugal 2.o semestre 2013

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Código Genético

Filipa alves Peixoto

Gestora de Recursos Humanos e Formação GS1®

Formação à Medida

mais eficiência para o seu negócio Em momentos desafiantes para as empresas e para todos nós, a formação profissional e o desenvolvimento de competências surgem como uma resposta certa para a competitividade e para o sucesso. É um lado bom de um tempo mais instável

A

o investirem no desenvolvimento dos colaboradores e também, por essa via, na melhoria dos seus processos, produtos, timings ou projetos, as empresas conseguem que os seus recursos humanos, assim mais capacitados, estejam mais motivados e envolvidos. Foi com esta certeza que transformámos, no ano passado, a oferta formativa da GS1® Portugal. Um dos modelos de formação a que demos especial atenção foi a formação à medida, que consiste num conjunto de iniciativas que realizamos “na casa” de cada um dos nossos associados e que são desenhadas tendo em conta o seu negócio, os seus objetivos e toda a sua dinâmica interna. Cada ação de formação à medida é planeada em conjunto com o associado. A estrutura da ação, o programa, os conteúdos, os aspetos relacionados com o Sistema GS1® que são abordados, a duração e os exercícios realizados são construídos num conjunto de encontros entre associação e empresa e respondem a necessidades específicas identificadas ao analisar aquele contexto. Durante a ação de formação, a equipa do nosso associado está reunida em sala (ou noutro local on-job) a absorver e a pôr em prática algumas das soluções do nosso sistema de normas globais que se aplicam à sua realidade, conseguindo com isto conhecer melhor o

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sistema, as suas funcionalidades e a forma de implementação, e também a receber um conjunto de ferramentas de gestão e melhores práticas que podem ser essenciais para alavancar o negócio. Neste momento de partilha conjunta há espaço para discutir e refletir sobre questões internas, o que permite um melhor alinhamento de todos os colaboradores com os objetivos e com os processos internos. Em consequência, há, naturalmente, um reforço da comunicação e do espírito de equipa na organização. A formação à medida da GS1 Portugal pode incluir todos os temas das ações de formação interempresa (numa só sessão ou em várias):

• Introdução à linguagem global dos negócios: Sistema GS1®; • O código de barras na eficiência dos negócios; • Introdução ao comércio eletrónico; • Fatura eletrónica; • Rede Global de Dados de Negócios (GDSN); • B2C: as novas tecnologias na informação ao consumidor; • O código de barras no retalho; • Identificação de medicamentos e dispositivos médicos até ao paciente; • Supply chain management para PME; • Otimização da gestão de categorias. As temáticas são atuais, abrangentes e diversificadas, apresentadas por consultores experientes e especialistas nas respetivas


Ferbar

Emília Morais

Quality, Environment and Food Safety Systems Manager “A formação realizada pela GS1® Portugal nas nossas instalações foi francamente positiva. Dentro do grupo FERBAR tínhamos necessidades de formação identificadas quer a nível da geração, quer a nível do controlo de códigos de barras, desde a conceção e desenvolvimento de novos produtos até às operações associadas à gestão de armazéns; pelo que foi muito interessante conseguirmos colmatar estas necessidades numa formação tão específica e concretizada à nossa medida. Participaram nesta formação não só técnicos da qualidade associados a atividades de geração, validação e controlo de códigos de barras, mas também responsáveis de setor/ atividades, técnicos de manutenção e ainda operadores da logística, que, em muitos casos, nunca tinham tido oportunidade de fazer esta formação de base, o que lhes permitiu compreender muitas das necessidades de interação entre os vários setores e também os requisitos-chave destes sistemas de codificação. Foi ainda possível discutir vários casos reais, aplicados às especificidades das nossas operações, o que se traduzirá certamente em melhorias na eficiência dos nossos processos e operações. O feedback dos formandos foi também muito positivo: transmitiram-nos que sentiram que, de facto, a formação foi muito direcionada às suas necessidades e esta clarificação de critérios ser-lhes-á muito útil nas necessidades do dia a dia de trabalho… ‘A repetir!’, transmitiram-nos.”

Raporal

Ana Almeida

Direção de Recursos Humanos

a Formação à Medida é um excelente caminho para ajudar estas empresas a dar uma resposta eficaz e eficiente aos novos desafios

áreas, que posteriormente serão um elemento-chave no acompanhamento daquela empresa e no esclarecimento de todas as questões que surjam sobre a implementação do Sistema GS1. Em 2012, a GS1® Portugal ministrou um total de 71 ações de formação, que abrangeram um universo de 1078 formandos. Este ano, o nosso objetivo é poder colaborar de forma ainda mais próxima com cada um dos nossos associados, e a formação à medida é um excelente caminho para ajudar estas empresas a dar uma resposta eficaz e eficiente aos novos desafios. Apostar estrategicamente na formação profissional dos recursos humanos é um investimento valioso, que, mais do que nunca, é sinónimo de sucesso, crescimento e sustentabilidade para as empresas.

“A ‘formação à medida’ que desenvolvemos em parceria com a GS1 revelou-se uma mais-valia quer pelos resultados obtidos quer pela otimização de recursos. Numa única ação de formação foi possível abordar temas que de outra forma seriam abordados em diversas ações, dando-se principal enfoque às nossas necessidades. O facto de a ação se ter realizado nas nossas instalações facilitou a presença de um maior número de colaboradores, contribuindo para uma maior transversalidade de know-how, o que se traduz claramente numa maior eficiência dos processos, inclusivamente no que respeita à transcrição de dados entre a Raporal e os seus clientes.”

Eikon

Patrícia Reis

Responsável da Qualidade, Ambiente e Segurança do Trabalho “A utilização de códigos de barras está tão presente na nossa vida que por vezes nem nos lembramos da sua importância para a atividade económica. Uma correta impressão dos códigos de barras nas etiquetas e rótulos dos produtos é, assim, fundamental para assegurar que a transação económica ocorre de forma rápida e precisa. Nesse sentido, a EIKON promoveu recentemente uma ação de formação, juntamente com a GS1® Portugal, sobre o código GS1, o seu significado, utilização, regras gráficas para uma boa impressão e leitura. Pensamos que assim reforçamos a nossa capacidade de continuar a produzir rótulos e etiquetas autoadesivas, com os respetivos códigos de barras precisos, para que estes cumpram a função para a qual foram criados.”

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O outro lado de...

raio x

Beatriz Águas

Beatriz Águas

A motivação pela comunicação e pelas relações corporativas

Licenciou-se em Ciências Sociais e Humanas pela Universidade Nova de Lisboa, mas admite que a paixão pela comunicação foi evoluindo com a sua experiência profissional. Conheça O Outro Lado da nossa diretora de Marketing, Comunicação & Relações Corporativas

Q

uem é a Beatriz Águas? Nasci em Moçambique, na Beira, em 1964, no ano do golpe de estado militar no Brasil. Este facto só tem algum “romantismo” na minha cronologia, porque quando, em 1987, fui ao Brasil integrada num programa de intercâmbio cultural tive a oportunidade de visitar os chamados “Brizolões”, que foram obras de projeção instrumental e política de um dos resistentes do movimento de 64 no Brasil, Leonel Brizola… Eram estabelecimentos de ensino designados por Centros Integrados de Educação Pública, situados em megaedifícios desenhados por Óscar Niemayer. Gosto de ter referências históricas na minha vida. Fale-nos sobre o seu percurso académico… Licenciei-me em Ciências Sociais e Humanas (História) em 1986, na Universidade Nova de Lisboa (UNL), fundada na década anterior. Na altura, a UNL surgia como um modelo de ensino bastante inovador no contexto universitário português, com uma identidade diferenciada e um ensino de excelência. É um tempo que recordo com saudade, numa instituição que é uma referência de vida pessoal e profissional. Apesar da minha matriz de formação conservadora e católica, a linha de pensamento predominante e com a qual convivi na FSCH caracterizou-se por diversidade de saberes, criati-

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País onde nasceu Moçambique. Principal qualidade Os meus amigos e a minha família são as pessoas mais indicadas para o dizerem. Principal defeito O que mais me incomoda, porque menos me ajuda, é a impulsividade e os juízos de valor apressados. Felizmente, o progresso da idade tem-me ajudado a ser mais analítica. Oiço mais. Dia mais feliz da sua vida Os dias de felicidade insuperável aconteceram há 11 e há nove anos, quando nasceram o António e Francisco. Como gosta de passar os tempos livres A viajar em família. Viagem mais marcante Brasil. Filme preferido Out of Africa. Música preferida Rolling Stones, Pink Floyd. Livro Preferido Brumas de Avalon. Prato favorito Ovos mexidos com trufas. Adora... A minha família. Não passa sem... Quase dois litros de chá por dia! Se fosse um standard GS1, seria… Sistema de standards na sua globalidade. É isso que permite a interoperabilidade, que sustenta a eficiência e dá sentido à visão da GS1®.

vidade e liberdade de pensamento, elementos fundamentais para os diversos movimentos de empreendedorismo, cidadania e voluntariado em que me envolvi. A Rede de Solidariedade da Confederação Nacional das Associações de Família, embrião do atual Banco Alimentar, foi o primeiro projeto de solidariedade em que participei, em 1987. Hoje, participo na AMBEX, uma ampla comunidade de vizinhos integrada na Plataforma por Monsanto, que se organizou em 2004.

na altura por uma mulher exemplar, Fernanda Pires da Silva. Posteriormente, passei pelo Gabinete de Direito Europeu do Instituto Jean Monnet, tendo como coordenadora Isabel Meirelles (1986-88), ao mesmo tempo que frequentava um mestrado em Relações Internacionais no Instituto de Ciências Políticas e Ultramarinas. Foram experiências importantes e diferentes, que me deram flexibilidade de pensamento para encontrar soluções e percursos alternativos.

Qual foi o seu primeiro emprego? A minha primeira experiência profissional foi na Associação Portuguesa de Mulheres Empresárias, presidida

Como evoluiu o seu percurso profissional desde então? A partir de 1989, trabalhei numa empresa sueca notável, a Tetra Pak. Fui diretora de


“As empresas pelas quais tenho passado veem as pessoas como um vetor da gestão estratégica”

e pelas relações corporativas foi sendo descoberta e alimentada. A experiência profissional, os projetos em que fui envolvida e outros que propus consolidaram conhecimento, método e análise. As vertentes mais relacionadas com o envolvimento de stakeholders e modelos de governance social são fruto de um entusiasmo mais recente, intimamente relacionado com a chegada à GS1 Portugal. A proximidade ao marketing é inevitável, pois é o caminho para conhecer o mercado, os contextos, elaborar as propostas de valor e possuir os necessários mecanismos de accountability.

Comunicação e Ambiente, área na qual a Tetra Pak se distingue pelo rigor dos argumentos. Não posso deixar de referir o quanto aprendi com a minha chefe direta, Teresa Presas, e o diretor-geral, Stephan Cramér. Após a fusão ibérica, tive oportunidade de trabalhar com Jaime Santafé e com equipas multidisciplinares. Uma década mais tarde, entrei para o estimulante mercado das marcas de grande consumo, indo parar ao coração da impressionante Compal. Uma experiência incomparável por quatro razões: 1.ª o seu líder, António Pires de Lima, com o qual tive o orgulho de trabalhar diretamente; 2.ª o acionista, a família de Jorge de Mello,

empresário com uma incomparável história e tradição familiar; 3.ª a equipa, que todos os dias se superava para atingir resultados, e 4.ª a própria Compal, marca de valores genuínos e enorme prestígio e reputação. Pude desenvolver projetos muito desafiantes, como o da nova identidade corporativa, os eventos corporativos, a comunicação interna e um eixo de comunicação muito particular, que envolvia o principal acionista, a Nutrinveste, presidida por Manuel Alfredo de Mello. Sempre quis trabalhar na área do marketing e da comunicação? A minha motivação pela comunicação

Quando começou a fazer parte do universo GS1? Coincide com um período de viragem estratégica da associação do ponto de vista da gestão interna e dos processos, mas, mais marcante ainda, do posicionamento externo. Na altura, com 24 anos de existência, a organização preparava-se para uma disrupção em termos de gestão, notoriedade, intervenção e influência (nacional e internacional), que passou, entre outras decisões, por abrir três novas posições na organização: Direção Financeira, Coordenação de Projetos de Efficient Consumer Response (ECR) e Direção de Marketing, Comunicação e Relações Corporativas. Candidatei-me a essa última posição e aqui estou. Como concilia trabalho e família? Com esforço e organização. Felizmente, as empresas pelas quais tenho passado veem as pessoas como um vetor da gestão estratégica, um ativo de diferenciação. Nesse sentido, sublinho a preocupação constante do nosso diretor executivo, Castro Guimarães, e da nossa direção com a promoção de um ambiente de trabalho bom e saudável, que permite o equilíbrio entre trabalho, aspirações profissionais e família. Código 560 | GS1® Portugal 2.o semestre 2013

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Saúde & bem-estar

Alexandra Bento

Bastonária da Ordem dos Nutricionistas

Base de dados nacional

PortFIR, Portal de Informação Alimentar Atualmente, a sociedade reflete a partilha constante de informação, serviços, produtos e hábitos. A globalização mundial está presente em todas as áreas e, com esta generalização, surge também a procura crescente de informação nutricional completa e fidedigna

O

programa PortFIR – Portal de Informação Alimentar surge com a premissa principal de reunir e sistematizar informação que atualmente se encontra espalhada por diversos pontos, centralizando-a num único portal. A recolha de informação feita com a colaboração de diversas entidades, tais como indústrias e empresas de distribuição alimentar, entidades públicas, como a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), escolas, universidades, laboratórios e associações, é referente a alimentos simples, compostos ou confecionados e abrange áreas como

O PORTFIR – Portal de Informação Alimentar estará disponível para consulta pelos consumidores

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a composição e contaminação de alimentos e consumos alimentares. Esta base de dados nacional estará disponível e permitirá a consulta por parte dos consumidores, de forma a permitir uma tomada de decisão mais consciente. Este programa foi inspirado na rede europeia EuroFIR, que visa a sistematização de dados alimentares de forma a partilhar conhecimento em segurança alimentar e nutrição. Insere-se no projeto Criação, Monitorização e Partilha de Conhecimento e Informação em Saúde Pública, sendo que a Rede Portuguesa sobre a Composição de Alimentos foi a primeira rede a integrar o programa PortFIR, numa

parceria entre o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) e a GS1® Portugal, organização neutra, sem fins lucrativos, que facilita a colaboração entre parceiros de negócio. Deste modo, o INSA e a GS1 possuem características que permitem a sua complementaridade, de forma a facilitar a partilha de conhecimento e organização da informação. O INSA, responsável pela qualidade dos dados ao nível do conteúdo, tem como objetivo principal a proteção e promoção da saúde da população, tendo como alvo principal todos os profissionais relacionados, direta ou indiretamente, com a saúde. Enquanto a GS1 apresenta como competência a qualidade da base de dados quanto à forma, com o objetivo principal de facilitação dos fluxos de informação de todos os elementos da cadeia de abastecimento até ao utilizador final. O PortFIR permite satisfazer as necessidades informativas dos utilizadores,


Receita de Marta Bártolo, finalista da 1.ª edição Masterchef Portugal, programa de culinária da RTP, 2011

pois a base de dados encontra-se em constante manutenção e atualização. O programa é operacionalizado pela plataforma GRIA (Gestão da Rede de Informação Alimentar), o que facilita o encontro do conhecimento e a partilha de dados para a organização da informação. Esta base de dados apresenta diversas vantagens, tais como permitir qualidade, transparência e fiabilidade de dados. Sendo uma base produzida de forma normalizada, apresenta um sistema de garantia de qualidade que contém dados validados, documentados e com índices de qualidade. Apresenta a mais-valia de ser compatível com outras bases de dados nacionais (ex.: Gabinete de Planeamento e Políticas, ASAE, Direção-Geral de Saúde), permitindo assim a possibilidade de estudos comparativos ou complementares, nomeadamente dos hábitos alimentares portugueses. Com esta integração, o que antes eram várias bases com dados dispersos e por vezes desemparelhados passaram a apenas uma. Desta forma, a informação surge consolidada, tornando a leitura mais eficiente e o processo ao nível dos negócios menos dispendioso, visto que esta maior qualidade de dados levará à diminuição de passos intermédios, evitando a duplicação de processos. Bibliografia Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, 2010. PortFIR Tabela de Composição de Alimentos (TCA), disponível em: http://www.insa.pt/sites/INSA/ Portugues/AreasCientificas/AlimentNutricao/ AplicacoesOnline/TabelaAlimentos/Paginas/PortFIR. aspx Luisa Oliveira et al., 2009. Programa PortFIR e a Rede Portuguesa sobre a Composição de Alimentos, disponível em: http://www.insa.pt/sites/INSA/ Portugues/ComInf/Noticias/Documents/2009/ PortFIR_LuisaOliveira.pdf CLUSTER AGROINDUSTRIAL Ribatejo. Normalização: Uma Vantagem Competitiva para as Empresas Agroalimentares, disponível em: http://www.agrocluster. com/conteudos/File/Seminrio%20Normalizao%20 20101214/Seminrio_14_12_10%20Site.pdf João Picoito, 2009. Sistema para Operacionalizar Programa PortFIR, disponível em: http://www. infoqualidade.net/SEQUALI/PDF-sequali-6-img-/ Page%2022.pdf

Pães de leite com citrinos 100 ml de leite meio gordo 65 ml de azeite virgem extra 12 g de fermento de padeiro fresco 1 ovo L 25 g de açúcar Açúcar em pó para polvilhar Raspa de lima, limão e laranja… 1 colher de café de sal grosso 1 gema de ovo e um pouco de clara para pincelar

1

Aqueça ligeiramente o leite e bata-o, com varas, com o azeite e o fermento até homogeneizar.

2

Adicione o ovo e o açúcar sempre a bater (vigorosamente), acrescente o sal e parte da raspa dos três citrinos e a farinha e amasse bem! (Poderá eventualmente utilizar uma máquina de bater bolos com as varas apropriadas durante uns minutinhos).

3

Coloque num recipiente tapado com um pano e deixe repousar, no mínimo, uma hora. Num tabuleiro de ir ao forno, forrado com papel vegetal e polvilhado com bastante farinha, trabalhe a massa, dando-lhe a forma que pretende, e pincele a mesma com a gema, polvilhando logo de seguida com a restante raspa dos três citrinos e o açúcar em pó, generosamente!

4

Leve ao forno pré-aquecido a 180ºC, com ventilação, durante cerca de 20 minutos, dependendo também do tamanho e forma da massa. Quando estiver pronto, retire do forno e pincele novamente com a gema, para uma crosta estaladiça e mais lustrosa! (Ideal para pequenos almoços e lanches! Bom apetite…) Código 560 | GS1® Portugal 2.o semestre 2013

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breves

devolução de produtos

Em prol da segurança do consumidor

a saúde é um dos setores nucleares da atividade da GS1® Portugal

Reunião com secretário de Estado da Saúde e Infarmed A GS1® Portugal reuniu com o secretário de Estado da Saúde, Manuel Ferreira Teixeira, e com a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I. P. (INFARMED), a 8 e 11 de abril, respetivamente Os encontros centraram-se no papel das normas globais na eficiência e segurança do setor e no trabalho e nas propostas que têm sido desenvolvidos pelo Grupo de Trabalho de Medicamentos e pelo Grupo de Trabalho de Dispositivos Médicos do Healthcare User Group da organização (HUG GS1® PT). Reduzir custos e aumentar a eficiência da cadeia de valor da saúde, garantindo sempre a segurança do paciente, são objetivos dos agentes da cadeia de valor da saúde de todo o mundo. A identificação única e inequívoca

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de produtos e serviços à escala global, a captura automática de dados e a partilha de informação são três funcionalidades do sistema GS1® que têm aumentado a eficiência, a segurança e a sustentabilidade em vários setores de atividade, nomeadamente no retalho & bens de consumo desde a implementação do código de barras, em 1973. Com 40 anos de provas consolidadas, este sistema de normas globais é considerado o sistema de normas globais indicado para os cuidados de saúde por mais de 30 líderes mundiais do setor.

A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) está a reforçar a sua colaboração com a GS1® para fornecer aos consumidores, empresas e governos uma fonte de informação única e fidedigna sobre a devolução de produtos. O acesso a esta informação é feito através do portal GlobalRecalls, que a OCDE lançou em outubro de 2012 e que conta já com cerca de 700 mil visitas. Esta é a primeira ferramenta online a conter informação sempre atualizada sobre a devolução de produtos de consumo, emitida por jurisdições de todo o mundo. Através da implementação de standards GS1® para identificação e classificação global de produtos, a capacidade multilinguística e de pesquisa do portal GlobalRecalls vai melhorar significativamente. Além disso, será facilitada a interoperabilidade de informação correta entre países e jurisdições e eliminadas ambiguidades. Esta colaboração inclui ainda a criação de uma ferramenta automática que reúna, em tempo real, informação sobre os produtos devolvidos por jurisdição. As duas organizações encontram-se ainda a codesenvolver uma aplicação móvel que funcionará como uma ferramenta fácil e prática para identificar produtos perigosos.

Colaboração

Conselho Diretivo da GS1® in Europe em Portugal O Conselho Diretivo da GS1® in Europe, a entidade legal da GS1 no âmbito europeu, vai reunir-se, pela primeira vez, em Lisboa, entre 9 e 11 de dezembro. O encontro servirá para fazer um ponto de situação dos projetos desenvolvidos pelas organizações membros europeias da GS1 e identificar pontos de colaboração, entre outros. Desde o início deste ano que a organização europeia possui o estatuto de organização sem fins lucrativos, ao abrigo da lei belga. Através deste estatuto, torna-se um parceiro legal nas negociações com a Comissão Europeia e organismos relacionados, podendo ainda participar diretamente em projetos nacionais ou da União Europeia.


br ev si ís m as

Lisboa recebe congresso internacional de desenvolvimento de standards entre 7 e 11 de outubro. Trata-se do GS1® Standards Event Global Standard Management Process (GSMP), um congresso internacional que reúne empresas e parceiros tecnológicos com o objetivo de melhorar e aperfeiçoar o desenvolvimento de standards globais. Neste congresso os utilizadores expõem as suas necessidades de negócios e colaboram na proposta e seleção de soluções e diretrizes normalizadas (standards) que potenciem mais eficiência, segurança e sustentabilidade nas cadeias de abastecimento. A participação neste congresso é exclusiva para associados da GS1®. inovação

União no combate à contrafação A GS1® e a Organização Mundial das Alfândegas (OMA) apresentaram, em abril, a nova versão móvel do IPM (Interface Public-Members), uma plataforma online da OMA que serve de interface entre as alfândegas e o setor privado e uma ferramenta essencial no combate à contrafação e à pirataria de produtos. A nova versão oferece funcionalidades inéditas, como a possibilidade de usar dispositivos móveis para efetuar a leitura ótica (scan) dos standards GS1 disponíveis em milhões de produtos, assegurando um acesso mais eficiente às bases de dados de produtos. O identificador único, que distingue os códigos de barras GS1, facilita o acesso a múltiplas bases de dados com informação fidedigna. A leitura ótica dos códigos de barras permite, além disso, uma ligação automática a quaisquer serviços de autenticação dos produtos verificados. Atualmente, estão ligados ao IPM mais de 50 países e três mil oficiais dos serviços de fronteiras.

colaboração

UNIARME comemora 27.º aniversário A Uniarme – União de Armazenistas de Mercearia, C. R. L., membro dos órgãos sociais da GS1® Portugal, celebrou, em maio, 27 anos. Durante a comemoração do aniversário, José Quinta, presidente da Uniarme, destacou o espírito de colaboração permanente que existe entre esta união e a associação na “criação de mecanismos de comunicação mais ágeis, fáceis e baratos”. memorando

líderes defendem GS1® na Saúde O sistema de normas GS1® recebeu este ano o apoio de mais de 30 líderes globais do setor da saúde. Expressando o seu apoio através da assinatura de um memorando conjunto, estes stakeholders – que representam importantes players mundiais dos EUA, Canadá, Europa, Austrália e Japão – reconheceram o sistema de normas globais mais utilizado do mundo.

Agenda 26 Setembro 2013

Reunião do Comité Logístico AECOC/GS1® Espanha Lisboa

07 Outubro - 11 Outubro 2013

Global Standards Management Process (GSMP) Lisboa

14 Outubro - 18 Outubro 2013

GS1® in Europe Regional Forum Roterdão

05 Novembro 2013 (a confirmar)

Workshop Transportes & Logística Lisboa

09 – 11 Dezembro 2013

GS1® in Europe Board Meeting Lisboa

18 Dezembro 2013

Reunião Tripartida GS1® Portugal Lisboa

Código 560 | GS1® Portugal 2.o semestre 2013

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Sempre à altura dos tempos ...

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