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O LAZER E A SOCIEDADE

O lazer é parte integrante da vida das pessoas, seja ela envolvida com atividades recreativas ou até mesmo um tempo livre para permanecer no ócio. Podemos afirmar, que foi a partir da revolução industrial que a relação capital-trabalho passaram por profundas transformações, havendo inclusive uma mudança no modo de vida desses trabalhadores, visto que , com horários pré estabelecidos de trabalho, haveria um tempo que este mesmo trabalhador poderia usufruir para outras coisas que não fosse a prestação de seu tempo ao serviço. Muitos autores, afirmam que este tempo livre preenchido ou ocupado com ações que advém prazer sem o compromisso de tempo ou local , é considerado lazer, portanto, devemos considerar que um indivíduo, após realizar suas obrigações diárias ( trabalho/alimentação/descanso) num período diário talvez não utilizando as 24 horas de um dia, podemos afirmar que sobrará um tempo ( mínimo que seja) para dedicar a uma atividade de lazer. Quando fazemos referência ao lazer, logo imaginamos atividades ( físicas/intelectuais/descompromissadas de tempo e local). Nesta perspectiva, as opções dos jovens adolescentes e universitários é na grande maioria em escolha de atividade física. Nos estudos realizados por Jorge Moura da universidade do Porto ( Portugal ) verifica que 60% dos jovens entrevistados são “ cativos” as atividades físicas como forma de lazer, e consideram o divertimento e o manter a forma os aspectos mais relevantes dos fatores associados à prática de atividades físicas. Segundo Camargo (1998), quando houve a extinção do feudalismo, restou um problema: como distinguir no meio das pessoas se não mais havia titulos de nobreza ? A classe


dominante queria ser diferente aos demais. O direito a vida fútil passou a ser a única marca da nova nobreza – os ricos que emergiam das industrias, do comercio e dos bancos. De algum modo, a riqueza devia ser ostentada e mostrada. Naquele período teve a existência de um novo capitalismo, como já não mais havia a ostentação de títulos, surgiu a necessidade dos mais abastados mostrarem e diferenciarem dos menos afortunados, fazendo inclusive, a ostentação por não trabalhar. Dessa forma, o viver ludicamente era visto como causa nobre. O primeiro livro publicado sobre o lazer, A Teoria da Classe Ociosa, Veblen ( 1899), Na obra, o escritor, filho de um carpinteiro noruegues, comenta e lamenta o fato de o trabalho manual continuar sendo desprezado numa sociedade na qual o estar bem significava apenas viver em meio ao lazer Camargo ( 1998). Camargo (1998), afirma também, que tudo se passava de forma tão hipócrita que Paul Lafargue (1842-1911), genro do pensador alemão Karl Marx, escreveu um manifesto chamado O Direito a preguica, em que ridicularizava os operários da industria nascente, que trabalhavam 15 horas por dia e reivindicavam o direito ao trabalho, mesmo em tais condições. Para que, perguntava Lafargue, tanta preocupação com o trabalho? O que se queria com o trabalho não era apenas o dinheiro para se divertir? Então, por que não reivindicar logo de cara o direito a mesma vida fútil dos patrões? O tempo livre e considerado um aspecto recente, uma conquista moderna das lutas sindicais. Podemos afirmar que este tempo e aquele que sobra após as realizações ou obrigações diárias, através de estudos realizados, toda a sociedade tinha um interesse em abraçar esta causa de tempo livre, visto que o que eles achavam que o individuo tendo este tempo, ele poderia dedicar-se aos estudos, freqüentar a igreja e ate mesmo participar dos movimentos sindicais e políticos. Porem, para surpresa desses órgãos, não foi exatamente


isso que houve, pois o tempo livre dessas pessoas foi destinado ao 贸cio, ao lazer ou atividades descompromissadas.


A PRÁTICA DO ESPORTE COMO UMA FORMA DE LAZER :

O esporte pode ser considerado como um meio atraente do lazer, principalmente na classe universitária, onde eles procuram nas modalidades esportivas extravasar as tensões das obrigações diárias, seja ela no trabalho ou nos estudos. Devemos salientar que este esporte com a finalidade de lazer deverá ter alguns princípios que diferenciam do esporte competitivo, isto é, daquele esporte com o objetivo único e exclusivo da vitória e com performance podendo chegar a exaustão. O lazer em forma de esporte tem fatores importantes de socialização, amizade, descontração. Claro que a vitória está dentro deste contexto, porém ela se torna um fator secundário, a diversão de uma equipe mista, isto é, homens e mulheres na mesma equipe acaba sendo em alguns casos como o objetivo do jogo.


LAZER E QUALIDADE DE VIDA :

O que podemos considerar como qualidade de vida ? . Que fundamentos usamos para mensurar uma melhor qualidade de vida, pois, na maioria das vezes, o que é bom para mim, pode não ser bom para o outro. Por essas razoes e por uma serie de outros fatores o tema gera muita controvérsia, e é discutido por vários setores da sociedade. Através de leituras realizadas, não foi encontrada nenhuma cartilha ou ate mesmo uma formula basica para se ter uma qualidade de vida condizente para todos. Existem muitas pessoas que trabalham demasiadamente durante a semana toda e ate nos finais de semana, porém, ainda encontram tempo de ir ao cinema, passear com o cachorro, visitar os amigos, enfim, realizar algo que lhe advém prazer, sem contar que o fato de trabalhar também é considerado qualidade de vida. Camargo (1998) afirma que o tempo de lazer não e o único tempo em que podemos experimentar momentos felizes. A felicidade e um sentimento que não escolhe hora. Pode atingir-nos nas mais diferentes situações , mesmo nas mais incomodas. O lazer é uma boa argumentação para uma melhor qualidade de vida, pois trata do prazer em realizar algo, e com isso, temos bons motivos para acreditar que a qualidade de vida e lazer tem algo em comum.


QUALIDADE DE VIDA EM UNIVERSITÁRIOS:

De acordo com a pesquisa do professor José Ari Carletti de Oliveira, onde, através de dados científicos, faz um estudo sobre a qualidade de vida em alunos universitários podemos considerar que esses estudos tem como objetivos gerais, “c avaliar a qualidade de vida dos alunos da Escola Superior de Educação Física de Jundiaí, estado de São Paulo. Tendo como evidência também, caracterizar os aspectos sócio-demográficos da amostra estudada; comparar a amostra estudada com o grupo de controle de FLECK (1999) em relação aos domínios de qualidade de vida; analisar se o período cursado na faculdade ( diurno/noturno) influencia a qualidade de vida; caracterizar a amostra segundo as condições sócio-econômicas e trabalhar e não trabalhar. Comparar os domínios de qualidade de vida da amostra segundo: estudantes que trabalham com aqueles que não trabalham; estudantes que trabalham e gastam tempo de deslocamento maior para ir à faculdade com os que não trabalham e gastam menos tempo de deslocamento; estudantes que trabalham e tempo de deslocamento menor para ir à faculdade com os que não trabalham e gastam mais tempo de deslocamento; estudantes que trabalham e gastam mais tempo para ir a faculdade com os que trabalham e gastam menor tempo de deslocamento; verificar se a idade influencia a qualidade de vida; verificar se o tempo de deslocamento para a instituição de ensino influencia na qualidade de vida.


RESULTADOS/CONCLUSÃO DA PESQUISA: QUALIDADE DE VIDA EM UNIVERSITÁRIOS Segundo o autor da pesquisa, em relação aos resultados, os dados foram avaliados através de comparações de média utilizando-se o teste de student para as variáveis sóciodemográficas quantitativas e qui-quadrado para as qualitativas. Essas variáveis foram: idade, sexo, estado civil, trabalhar ou não, qual a área de trabalho, período que cursa a escola, tempo de locomoção e meio de locomoção, ano que cursa e como paga a faculdade, e os 6 domínios ( físico, psicológico, independência, relações sociais, ambiente e espiritualidade ) que compõe a qualidade de vida.

CONCLUSÕES:

Os resultados mostraram que trabalhar, em especial em educação física, assim como ter mais anos de escolaridade, idade mais elevada, ser casado, apresentar tempo de locomoção mais curto para ir a faculdade, pagar a faculdade com recursos próprios, ter carro e estudar no período noturno são variáveis significativamente importantes para alta qualidade de vida nesta amostra. Em contrapartida, estudar no período diurno, ser do sexo feminino, ter idade entre 19 a 26 anos, depender de condução coletiva e demorar mais de 45 minutos para vir a faculdade, são variáveis que nesta amostra, descrevem a pior qualidade de vida. (qualidade de vida em estudantes universitários de educação física – José Ari Carletti de Oliveira – 1999 – Orientadora _ Profa. Dra. Liliana Andolpho Magalhães Guimarães )


LAZER E EDUCAÇÃO NO CONTEXTO UNIVERSITÁRIO: ( Alba Pedreira Vieira ) UFViçosa ) Anais 98.

Esta pesquisa tem por objetivo única e exclusiva em incentivar a participação dos alunos universitários nos eventos de lazer desenvolvidos ou até mesmo o uso de equipamentos de lazer existentes na universidade federal de viçosa. Inicialmente, pretendeu-se trabalhar junto aos universitários o duplo aspecto educativo do lazer, através de observações e analises realizadas, mapeamento dos espaços e equipamentos de lazer existentes e aplicação de questionários. Os resultados parciais analisados até o presente momento, apontam que: os universitários pesquisados tem usufruído pouco do seu tempo disponível com atividades de lazer. Quando esse mesmo universitário realiza atividades de lazer tem maiores interesses em atividades físicas, os espaços e equipamentos de lazer da universidade são pouco utilizados pelos universitários. Diante desse quadro apresentado, fica claro a necessidade de implantação de uma proposta educativa para e pelo lazer junto a comunidade universitária a fim de que o lazer se torne parte integrante da educação geral disseminada pela universidade, tornando-se ainda um espaço privilegiado de aprendizagem social, de alto aperfeiçoamento dos sujeitos, espaço de reconstrução e desenvolvimento cultural lúdico.


LAZER E MELHOR QUALIDADE DE VIDA:

Um conjunto de fatores e atitudes fazem a pessoa escolher o tipo de lazer que lhe convém e também , a forma como utiliza seu tempo livre. Poderíamos estabelecer uma referência cruzada entre a atitude do indivíduo e sua opção. Podemos propor uma relação de atitudes, corporais psíquicas, políticas, entre outras tantas. O indivíduo com uma atitude corporal positiva, numa seleção simples de opção de lazer ou de utilização de seu tempo livre, procuraria beneficiar-se com a prática promotora de saúde. Ex.: restaurante vegetariano, palestra sobre saúde, prática de exercícios, já o indivíduo com uma atitude corporal negativa, procuraria uma atividade ou o uso de seu tempo livre que não traz benefício algum ao seu corpo.

O LAZER E MERCADO:

Segundo Werneck (2001), quando falamos de lazer e mercado, temos fatores instigantes nos dias atuais, haja visto que no Brasil, segundo recentes constatações , o magnífico potencial do lazer ainda é pouco explorado. A consolidação do lazer como um meio de


gerar retorno, pode ser verificado por meio dos investimentos que a cada ano é acrescido nos mais variados segmentos. Segundo estatísticas dos investidores interessados no lazer e em seus componentes, apenas 20% do potencial é explorado atualmente no Brasil e, mesmo com parcos dados até então disponíveis, há indicações do magnífico pólo mercadológico que esse setor representa em nosso meio Werneck (1998).


O LAZER E A EDUCAÇÃO NÃO FORMAL

Quando citamos a educação não formal temos a idéia talvez de pouca complexidade ou até mesmo de algo com alguns princípios alheios a nossa realidade. Segundo Waichman (1997), a noção de educação não formal tem relação com muitas tarefas desenvolvidas com objetivos preciosos em diferentes âmbitos, que tem em comum o fato de não serem obrigatórias e estarem fora do horário escolar. Podem ser realizadas por organismos oficiais ou privados, tender ao desenvolvimento social ou ao aperfeiçoamento em uma área particular do conhecimento, supor uma temporalidade de vários anos ou de uma semana. Podemos considerar os programas de educação à distancia, programas de educação sanitária ou cooperativa, centros culturais, programas de aperfeiçoamento agrícola, de informática, de capacitação. Segundo o mesmo autor, hoje em dia podemos afirmar com um alto grau de certeza, que nossa escola não ocupa p primeiro lugar como agente educador e, cada vez mais seu papel como formadora vai diminuindo, seja por causa do avanço dos meios de comunicação de massa, seja pela crise socioeconômica que por exemplo, gera violenta desistência escolar nos setores mais pobres da sociedade.


O QUE É EDUCAÇÃO NÃO FORMAL – PARA ALGUNS AUTORES:

Para Coombs e Ahmed, a educação e a aprendizagem não se diferenciam, daí que definam a educação informal como o processo que dura a vida toda, no qual a pessoa adquire e acumula conhecimentos, capacidades, atitudes e compreensão por meio das experiências do dia-a-dia e do contato com o seu meio. E a educação não formal é toda a atividade educativa organizada e sistemática, realizada fora da estrutura do sistema formal para fornecer certos tipos de aprendizagem a certos subgrupos da população. A diferença básica entre educação informal e educação não formal esta em que, na segunda, há uma intencionalidade na instrução e existem conteúdos. Para Paulston, a educação não formal “ consiste nas atividades educativas e da capacitação, estruturadas e sistemáticas, de relativa curta duração, fornecidas por agências que buscam mudanças concretas de conduta em populações muito diferentes”. Brembeck é mais abrangente no seu conceito. A educação não formal “ refere-se às atividades de aprendizagem que realizam fora do sistema educativo formalmente organizado... para educar visando certos fins específicos, com respaldo de uma pessoa, um grupo ou uma organização”.

Através destas citações de educação não formal, faremos agora uma abordagem relacionando a recreação e ao lazer. Segundo Waichman (1998), o papel do recreador é de total importância em se tratando de educação não formal, pois essa pessoa vai gerar aprendizagem que vão além dos aspectos


meramente instrumentais, pois através do entretenimento, o educador transmitirá noções de higiene, hábitos e atitudes, de acordo com o seu próprio pensamento, servindo como complemento da educação formal. Ele afirma também, que a recreação é educação no tempo livre, visto que se dá como atividade num tempo liberado de obrigações.


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