Anuário Farmacêutico 2015

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Guia da Farmácia

ANUÁRIO

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Anuário Farmacêutico 2015

Farmacêutico

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CARTA DA EDITORA

Ano de incertezas

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ara 2015, o governo baixou de 3% para 2% a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e considera uma inflação de 6,1%, ante uma análise anterior que previa alta de 5%. Já o mercado acredita em crescimento do PIB entre 0,8% e 1%. Dessa forma, não há como as estimativas serem diferentes, o que se prevê é uma inflação mais alta que a de 2014. Impactos mais fortes do aumento dos preços administrados e a taxa de câmbio são os dois principais fatores que levam a crer em um cenário inflacionário elevado. No último ano, em particular, o País se viu envolvido em uma tempestade de dados negativos. O setor industrial é o que mais tem sofrido para retomar crescimento. Na contramão, a indústria farmacêutica mantém a média de crescimento de dois dígitos registrado nos cinco últimos anos. De acordo com a consultoria especializada em mercado farmacêutico IMS Health, entre outubro de 2013 e o mesmo mês de 2014, a indústria cresceu 14%, fechando com faturamento de R$ 64,4 bilhões, com mais de 3 bilhões de embalagens vendidas. Em 2014, o governo autorizou um reajuste médio de 3,52%, ante um aumento médio dos custos de produção das empresas de 13% a 18% no ano anterior, principalmente com pessoal, insumos, material de embalagem e energia. No período de 2006 a 2013, enquanto a inflação geral acumulada foi de 49,13%, e os aumentos de salário concedidos pelo setor somaram 67,77%, o reajuste de preços dos medicamentos ficou muito abaixo destes patamares, somando 35,76%, na média. Portanto, a queda de rentabilidade é um fator preocupante, podendo impactar nos investimentos. É uma característica própria do setor farmacêutico um nível de elasticidade sobre as flutuações da economia. Por razões óbvias, a compra de medicamento não pode ser um item eletivo de cortes. Apesar disso, as perspectivas para o setor farmacêutico no Brasil são, em princípio, favoráveis. O ano de 2015 vai começar com certo grau de incerteza, tendo em vista a desaceleração da economia em 2014. O que não vai faltar é trabalho e cobrança para a equipe da presidente reeleita Dilma Rousseff, que governará um País pela segunda vez, sendo que 45% dos brasileiros apontam que a saúde é o principal problema do País. Acompanhe toda a movimentação econômica de 2014, perspectivas para 2015 e de que forma o setor acompanha o movimento. Boa leitura. Lígia Favoretto Editora-chefe DIRETORIA Gustavo Godoy, Marcial Guimarães e Vinícius Dall’Ovo

ASSISTENTES DE ARTE Rodolpho A. Lopes e Flávio Cardamone

MARKETING E PROJETOS Luciana Bandeira

EDITORA-CHEFE Lígia Favoretto (ligia@contento.com.br)

DEPARTAMENTO COMERCIAL EXECUTIVAS DE CONTAS Jucélia Rezende (jucelia@contento.com.br) Luciana Bataglia (luciana@contento.com.br)

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EDITORA-ASSISTENTE Flávia Corbó

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MARKETING DIGITAL Andrea Guimarães Noemy Rodrigues COLABORADORES DA EDIÇÃO Revisão Maria Elisa Guedes Textos Egle Leonardi, Flávia Corbó e Marcelo de Valécio Diagramação Marcelo Kilhian IMPRESSÃO Abril

> www.guiadafarmacia.com.br Anuário Farmacêutico é uma publicação anual da Contento. Rua Leonardo Nunes, 198, Vila Clementino, São Paulo (SP), CEP 04039-010. Tel.: (11) 5082 2200. E-mail: contento@contento.com.br Os artigos publicados e assinados não refletem necessariamente a opinião da editora.

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SUMÁRIO

06 CONJUNTURA

Após um ano fraco, especialistas acreditam que, em 2015, não haverá grandes melhorias na economia do País, que deve apresentar crescimento na casa de 1%

12 PANORAMA

A indústria farmacêutica conseguiu manter um crescimento de dois dígitos, apesar da desaceleração da economia brasileira

estados, a Lei 13.021/14 reforça o papel de estabelecimento de saúde das farmácias e drogarias

30 DISTRIBUIÇÃO E LOGÍSTICA Apesar dos gargalos, segmento acompanha crescimento da indústria e do varejo farmacêutico com alta de dois dígitos

16 CENÁRIO

34 HIGIENE E BELEZA

20 PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

38 RETROSPECTIVA

Comportamento do consumidor garante que o varejo siga imune ao desaquecimento que marcou o comércio em geral e o desempenho do País como um todo

Burocracia e falta de investimentos impedem que a inovação cresça no País, mas há iniciativas que visam mudar o jogo

24 PERSPECTIVA

Entre os desafios do segundo mandato da presidente Dilma Roussef, está a ampliação do financiamento para a saúde pública, melhoria na gestão e qualificação da atenção básica do SUS

Diante de um cenário de retração econômica, o brasileiro busca alternativas para manter o consumo de categorias a que teve acesso há poucos anos

O ano de 2014 foi marcado por fatos que impactaram na indústria, no varejo e na distribuição do setor de saúde

16

28 LEGISLAÇÃO

Enquanto o STF garantiu a venda de produtos de conveniência em alguns 4 Anuário Farmacêutico 2015

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43 patrocinadores

52 patrocinadores

INDÚSTRIAS 44 EMS 46 Grupo Cimed 48 Grupo Natulab 50 Herbarium

DISTRIBUIDORES 53 Baratela 54 Dislab 56 Dismasa 57 Gama 58 Grupo Andorinha 60 Servimed 62 Grupo Jorge Batista

63 patrocinadores

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SOFTWARE HOUSES 64 Linx 65 Sommus 65 Via Lógica 66 Conecta 66 Infomaster 66 Small Farma

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CONJUNTURA

Economia brasileira patina em 2014

Crescimento do PIB deverá fechar em 0,11%, o mais baixo resultado desde 2009, ano da crise internacional. Para 2015, economistas acreditam que não haverá grande salto, com expectativa de crescimento na casa de 1% Por Marcelo de Valécio

S

e, em 2013, com a taxa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,3%, o Brasil subiu 20 posições no ranking de crescimento econômico do Fundo Monetário Internacional (FMI), ficando à frente de países, como Estados Unidos, Japão, Reino Unido, Alemanha e México, em 2014, a balança se inverteu.

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Com uma das menores taxas de crescimento da economia entre os países do G20, estimada entre 0,2% e 0,3% pelo mercado e 0,5% pelo governo (o pior resultado desde 2009, quando o PIB teve retração de 0,33%), o País despencou 12 posições no ranking de elevação do PIB de outra instituição, a Austin Rating. De acordo com a agência, o Brasil ficou em 36º lugar – pe-

núltima posição – entre os 37 países que apresentaram os resultados do PIB no 2º trimestre de 2014. Se as previsões se confirmarem, o PIB deve fechar 2014 em R$ 4,9 trilhões (aproximadamente US$ 2 trilhões), mantendo a sétima posição entre as maiores economias globais. Em 2011, o Brasil chegou ao sexto posto ao ultrapassar o Reino Unido. Já a entrada de Investimentos EsFotos: shutterstock

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trangeiros Diretos (IED) somou US$ 66 bilhões em 2014 (12 meses até outubro), mesmo patamar previsto para 2015. O resultado parcial fez com que o Brasil caísse da quarta para a quinta posição no ranking de IED, segundo relatório da Unctad, a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Comércio e Desenvolvimento. Em que pese o Brasil ter sobrevivido, de forma razoável, a duas grandes crises financeiras no cenário internacional – a de 2008 e 2009, que teve como ator principal os Estados Unidos e, entre 2011 e 2013, tendo a Europa como protagonista, no último ano, o País se viu envolvido em uma tempestade de dados negativos. E se as notícias não são boas para o PIB, a expectativa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2014 avançou de 6,4% para 6,43%, colocando a inflação muito próxima do teto da meta, de 6,5%. Mesmo o governo, sempre mais otimista, reviu suas previsões de crescimento do PIB de 0,9% para 0,5% e de inflação para 6,45%, patamar acima do registrado em 2013, que ficou em 5,91%. Vale lembrar que, em abril de 2013, quando divulgou a proposta da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2014, o governo previa crescimento de 4,5% para o PIB de 2014. Já o Banco Central acredita que a economia deva crescer perto de 0,7% em 2014, mas este valor não considera o relatório de inflação do quarto bimestre. Em relação às suas contas, o governo prevê superávit primário (a economia para pagar juros da dívida pública) de R$ 10,1 bilhões para 2014. Originalmente, a meta era de R$ 116,07 bilhões e o abatimento máximo previsto em gastos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e em desonerações atingia R$ 67 bilhões.

Para se atingir o novo valor, foi necessário enviar projeto ao Congresso que autoriza abater R$ 106 bilhões do PAC e das desonerações tributárias implementadas ao longo do ano. As despesas do PAC somaram, até setembro de 2014, R$ 47,2 bilhões e o impacto das desonerações feitas no mesmo período totalizaram R$ 75,7 bilhões. De boa notícia mesmo no último ano, apenas a taxa de desemprego, de 4,9%, uma das mais baixas desde que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) iniciou a série histórica.

Taxas para o novo ano Para 2015, o governo baixou de 3% para 2% a estimativa de crescimento do PIB e considera uma inflação de 6,1%, ante uma análise anterior que previa alta de 5%. Já o mercado acredita em crescimento do PIB entre 0,8% e 1%. Segundo o relatório de receitas e despesas do orçamento do governo enviado ao Congresso Nacional, as projeções de crescimento do PIB

de 2014 e 2015 foram revistas devido “à deterioração do cenário internacional nos últimos meses, com menor perspectiva de crescimento das principais economias, à elevada volatilidade nos mercados financeiros mundiais, com projeção de elevação da taxa de juros e ainda pela possibilidade de deflação na Área do Euro”. No relatório, o governo ressalta “o compromisso com o controle da inflação, que tem orientado as decisões de política monetária, com aumento da taxa básica de juros do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) que conduzirá o IPCA a um menor patamar de inflação em 2015”. No fim de outubro de 2014, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a Selic para 11,25% ao ano, com o mercado apostando que feche o ano em 11,5%. Para 2015, a previsão é de que a taxa anual atinja 12%. Segundo o professor do Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ ),

Evolução do PIB brasileiro (2008 – 2014) ANO

PIB (TRILHÕES)

VARIAÇÃO

POSIÇÃO NA ECONOMIA GLOBAL

2014

R$ 4.860*

0,5%

2013

R$ 4.840

2,3%

2012

R$ 4.403

0,9%

2011

R$ 4.143

2,7%

2010

R$ 3.675

7,5%

2009

R$ 3.143

-0,2%

2008

R$ 3.032

5,2%

*Estimativa Ministério do Planejamento o te I stit to Brasi eiro e Geografia e Estatística (IBGE)

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CONJUNTURA

Marcos da economia brasileira (2004-2013)

2004

Produto Interno Bruto (PIB) cresce 5,7% e a geração de empregos bate recorde no ano, enquanto a inflação começa a desacelerar e o real ganha força frente ao dólar. Segundo analistas, o País entra em um período de “ciclo virtuoso” de crescimento.

2005

Juros começam lentamente a cair. PIB cresce 2,3% e o País ganha três posições no ranking econômico mundial, ficando na 10ª posição.

2006

PIB cresce 3,9%, impulsionado pela conjuntura internacional que proporciona afluxo crescente de capitais.

2007

2008

Expansão do crédito impulsiona o setor imobiliário. Surgem as novas descobertas de petróleo e o governo lança o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). No mercado de ações, acontece o maior número de aberturas de capital da história.

Acontece o “setembro negro” da economia, iniciado com a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers, marcando o início da maior crise econômica mundial desde 1929, tendo no centro do furacão os Estados Unidos, com uma crise imobiliária sem precedentes. Na contramão, o Brasil vira credor internacional com a soma de ativos superando a dívida externa e ganha grau de investimento. Com isso, recebe mais recursos estrangeiros, iniciando um processo de valorização do real frente ao dólar. Com o 8º lugar, País ganha duas posições no ranking mundial.

8 Anuário Farmacêutico 2015

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2009

2010

2011

2012

2013

Enquanto os Estados Unidos tentam resgatar a economia, o Brasil adota medidas para estimular o consumo com benefícios fiscais, visando manter o crescimento. Pela primeira vez, as nações ricas cedem espaço aos emergentes, atingidos de forma menos dura pela crise. Abre-se caminho para uma nova ordem mundial. Os Brics (acrônimo de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) ganham força e o grupo dos 8 países mais ricos e influentes do mundo, G8 se transforma em G20.

Brasil registra a maior taxa de crescimento do PIB em 20 anos: 7,5% e ganha mais uma posição no ranking global – é o 7º. Enquanto o mundo vive ano de guerra cambial, a taxa básica de juros do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) volta a subir no Brasil, para controlar a inflação. O dólar despenca e o governo dobra imposto sobre estrangeiros para conter a queda da moeda americana. Petrobras arrecada US$ 70 bilhões, na maior capitalização da história do mercado financeiro mundial.

Mercado de trabalho e crescimento da renda em alta, mas a inflação leva o Banco Central a elevar os juros e a restringir o crédito ao consumo. País ganha mais uma posição no ranking global (6º) e ultrapassa o Reino Unido.

PIB cresce apenas 1%. Mesmo assim, o desemprego apresenta recorde de baixa e os salários, de alta. Taxa Selic chegou à sua mínima histórica – 7,25%. País cai uma posição no ranking mundial: fica em 7º.

A inflação ficou acima da meta de 4,5%, fechando o ano com 5,91%. Com a melhora da economia americana, o dólar se valorizou 14,6% frente ao real, passando de R$ 2,04 (dez./12) para R$ 2,34 (dez./13). Já a balança comercial registra o pior desempenho em 13 anos: o saldo positivo caiu de US$ 19,4 bilhões em 2012 para US$ 2,6 bilhões em 2013. País mantém a 7ª posição no ranking global.

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CONJUNTURA

Leonardo Doro Pires, o País precisa reforçar o controle da inflação, não apenas por meio dos juros, mas também com um controle de gastos. Esse fato não ocorreu em 2014, um ano eleitoral, em que os governos costumam abrir os cofres. “Os dados sobre a inflação são preocupantes, com o índice muito próximo ao teto da meta (6,5%), que pode ser creditado ao aumento dos gastos públicos no Brasil. Mesmo diante desse fato, existe a esperança de que os preços sejam controlados pela queda da atividade econômica e pela manutenção de uma taxa Selic elevada”, revela Pires, ressalvando, contudo, que se prevê, para 2015, uma inflação mais alta que a de 2014. “Impactos mais fortes do aumento dos preços administrados e a taxa de câmbio são os dois principais fatores que levam a crer em um cenário inflacionário elevado.” Para o presidente do Conselho do Programa de Administração do Varejo (Provar) da Fundação Instituto de Administração (FIA) e do Instituto Brasileiro de Executivos do Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), professor Cláudio Felisoni de Angelo, as condições para crescimento da economia brasileira dos últimos anos foram dadas pela estabilização do Plano Real, passando pela redistribuição de renda e chegando ao estímulo ao consumo durante a crise de 2008/2009. Porém, a continuidade dos incentivos ao consumo não tem mais apresentado o resultado esperado, ao passo que aumentam os gastos governamentais, comprometendo o equilíbrio fiscal e causando consequentemente a fuga de investidores. “A diferença entre o medicamento e o veneno é a dose. No caso dos estímulos ao consumo, se ajudaram o País a enfrentar o ápice da crise global, hoje se tornaram um far-

do para o Estado brasileiro”, afirma o professor. “Investimento é o que cria capacidade de crescimento sustentável. Incentivo ao consumo, desoneração fiscal pontual, redução forçada de juros patrocinada pelos bancos públicos são paliativos”, completa Felisoni, lembrando que as inconstâncias da política econômica, que ora acelera ora pisa no freio, geram instabilidade. “Essa situação cria insegurança no empresário, travando os orçamentos das empresas”, afirma.

Atipicidade prejudicial Desarranjo das contas públicas, inflação elevada, persistência dos efeitos das crises internacionais, somados à seca sem precedentes no maior centro produtor e consumidor do País e um ambiente político efervescente por conta das eleições, sem contar os tradicionais gargalos brasileiros – problemas na infraestrutura e logística, exportações em baixa – além de reduzir as expectativas de crescimento para o País, atingiram o humor dos empresários. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) é o mais baixo desde 1999: caiu para 44,8 pontos em novembro último. O valor é um ponto menor que o registrado em outubro de 2014 e 12,3 pontos inferior à média histórica, de 57,1 pontos. Nas médias empresas, o indicador ficou em 43,7 pontos; nas grandes, em 45,4 pontos; e nas pequenas, caiu para 44,6 pontos. A falta de confiança é maior na indústria, segmento em que o ICEI ficou em 44,3 pontos em novembro de 2014, valor 9,1 pontos menor do que o registrado no mesmo mês de 2013. Uma nova equipe econômica mais alinhada com o mercado pode ser uma injeção de ânimo para o empresariado, sobretudo às grandes companhias, avaliam os analistas. A nomeação de Joaquim Levy,

ex-secretário do Tesouro Nacional, para o Ministério da Fazenda, com Nelson Barbosa no Planejamento e a manutenção de Alexandre Tombini no Banco Central, cria a expectativa de que o novo governo da presidente Dilma será menos heterodoxo na economia e está preocupado com o ambiente de negócios no País. Contudo, muitos do partido, inclusive o ex-presidente Lula, veem essa guinada ao mercado como uma questão de sobrevivência, uma vez que sem crescimento não há recur-

Taxa de desemprego no Brasil (2000-2014) ANO

(%)

2000

12,0

2001

12,1

2002

12,6

2003

12,4

2004

11,5

2005

9,9

2006

10,0

2007

9,3

2008

7,9

2009

8,1

2010

6,7

2011

6,0

2012

5,5

2013

5,4

2014

4,9*

*Estimativa Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

10 Anuário Farmacêutico 2015

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Para 2015, o governo baixou de 3% para 2% a estimativa de crescimento do PIB e considera uma inflação de 6,1%, ante uma análise anterior que previa alta de 5%. Já o mercado acredita em crescimento do PIB entre 0,8% e 1% sos para expansão dos programas sociais e investimentos necessários em infraestrutura. “Será um desafio ter políticas que simultaneamente agradem a diferentes plateias, como a classe média e os mais pobres, os bancos e os mercados. O novo ministro terá de ter uma agenda importante de relações públicas” afirmou em entrevista recente o especialista britânico em economia brasileira e diretor da London School of Economics, Craig Calhoun. “Para ter recursos para o Bolsa Família e outros programas de redistribuição de renda, é preciso dinheiro. Para pagar essas políticas, o crescimento econômico é importante.” “Governo sério reduziria gastos nos primeiros anos e um alto patamar de taxa de juros é o que se espera”, crava o consultor do Instituto MVC e professor do Departamento de Contabilidade e Atuaria da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP), Fábio Frezatti, que mesmo assim prevê dificuldades para a nova equipe da presidente Dilma.

“O governo terá dificuldades com o Congresso, principalmente se o tom do diálogo continuar da forma como a oposição acena.” Sendo assim, segundo o consultor, espera-se um primeiro semestre com acomodações em termos de empresas despreparadas para crescer e impacto das variáveis macrointernacionais. Já o professor da ESPM e diretor da Foco Consultoria, Roberto Nascimento de Oliveira, acredita que, apesar do cenário negativo, o empresário é por excelência um otimista. “Em que pese a inércia de 2014, a falta de foco do governo e as incertezas provocadas ao longo do ano, a previsão é de que 2015 seja melhor. Haverá dificuldades ainda, mas se prevê um ensaio de retomada, principalmente para as pequenas e média empresas, que ganharam espaço mesmo com a crise. Talvez para as grandes corporações, o ano seja mais difícil.” O professor da Faculdade de Engenharia de São Paulo (Fesp-SP) e da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), Paulo Niccoli Ramirez, faz coro em relação ao desempenho

das pequenas e médias empresas. “Esse grupo de firmas, principalmente as que atuam no setor de serviços, não sofreu tanto com a oscilação da economia. É um segmento mais dinâmico, que consegue se adaptar melhor às circunstâncias”, diz, destacando ainda que há certo alarmismo quanto à economia. “A inflação pode estar um pouco mais alta, mas não está descontrolada, enquanto as taxas de juros, apesar de elevadas, são as mais baixas em 15 anos. Pode-se dizer que o País vive o pleno emprego e a renda não caiu. Temos de estar atentos aos dados macroeconômicos, mas é preciso relativizar as coisas. O País não está um caos como alguns apregoam. Temos um mercado consumidor robusto que interessa às empresas”, adiciona Ramirez. “Seguir a receita ortodoxa liberal não significa necessariamente crescimento ou segurança econômica. É só ver o caso atual da Europa. Os Estados Unidos durante 50 anos não tiveram nenhuma crise, até a Era Reagan, de abertura extrema da economia, culminando na forte crise de 2008”, completa. 2015 Anuário Farmacêutico 11

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PANORAMA

Setor se mantém descolado da crise Enquanto economia brasileira desacelera, indústria farmacêutica sustenta crescimento de dois dígitos Por Marcelo de Valécio

E

m 2014, o crescimento não veio, a inflação subiu e as contas públicas se deterioraram. “Foi um erro de diagnóstico do governo, que se afastou do tripé econômico − superávit fiscal, câmbio flutuante e centro da meta de inflação − e insistiu no estímulo ao consumo, não percebendo que o problema não era de insuficiência de demanda, mas de oferta”, revela o economista da GO Associados, Alexandre Seijas de Andrade.

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No último ano, em particular, o País se viu envolvido em uma tempestade de dados negativos. O setor industrial é o que mais tem sofrido para retomar crescimento. Na contramão do setor, a indústria farmacêutica mantém a média de crescimento de dois dígitos registrado nos cinco últimos anos. De acordo com a consultoria especializada em mercado farmacêutico IMS Health, entre outubro de 2013 e o mesmo mês de 2014, a indústria cresceu 14%, fechando com faturamento

de R$ 64,4 bilhões, com mais de 3 bilhões de embalagens vendidas. “É uma característica própria do setor farmacêutico um nível de elasticidade sobre as flutuações da economia”, revela o presidente da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), Antônio Britto. “Por razões óbvias, a compra de medicamento não pode ser um item eletivo de cortes. No caso brasileiro, há ainda um segundo fator que é a enorme insuficiência do gasto com relação a medicamentos – a família brasiFotos: shutterstock/divulgação

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leira tem um consumo absolutamente abaixo da sua necessidade, na média dos casos.” O presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini, destaca que o setor conseguiu se adaptar à realidade nacional. “A inserção, na última década, de dezenas de milhões de consumidores das classes D e E ao mercado criou uma base sustentável ao segmento farmacêutico. Indústria, atacado e varejo souberam tirar proveito dessa situação para impulsionar os seus negócios. Enquanto o PIB brasileiro crescia a taxas de um dígito baixo, o setor registrou crescimento de dois.” Apesar dos bons resultados, é preciso ficar atento à maior pressão nos custos de fabricação. Sobretudo com mão de obra, insumos e matérias-primas importadas, cujas cotações internacionais subiram no ano passado e ficaram mais elevadas por causa da desvalorização do real. Mussolini pontua que a questão recorrente em 2014 foi a queda de rentabilidade das empresas, provocada pela regra de reajuste de preços que impede a correta reposição de custos e desconsidera os ganhos de produtividade. “Em 2014, o governo autorizou um reajuste médio de 3,52%, ante um aumento médio dos custos de produção das empresas de 13% a 18% no ano anterior, principalmente com pessoal, insumos (majoritariamente importados, que sofreram o impacto da variação cambial), material de embalagem (plástico, alumínio e papelão) e energia (elétrica e fóssil). No período de 2006 a 2013, enquanto a inflação geral acumulada foi de 49,13%, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e os aumentos de salário concedidos pelo setor somaram 67,77%, o reajuste de preços dos me-

dicamentos ficou muito abaixo destes patamares, somando 35,76%, na média. Portanto, a queda de rentabilidade é um fator preocupante, podendo impactar os investimentos”, sublinha o presidente do Sindusfarma.

Positividade recorrente Apesar disso, as perspectivas para o setor farmacêutico no Brasil são, em princípio, favoráveis, destaca o executivo do Sindusfarma. “O ano de 2015 vai começar com certo grau de incerteza, tendo em vista a desaceleração da economia em 2014. Mas, mesmo assim, se a taxa de desemprego permanecer baixa e a inflação estiver sob controle, o Sindusfarma projeta para 2015 um crescimento de 12% a 13%”, afirma o executivo, lembrando que o panorama dos próximos anos vai depender do plano econômico do novo governo. “Se a presidente Dilma Rousseff criar em seu segundo mandato as condições necessárias para a retomada dos investimentos, por meio de medidas, como controle de gastos públicos, redução da carga tributária e melhoria da infraestrutura, acreditamos que o País continuará por muito tempo a ser promissor para a indústria farmacêutica e os demais elos da cadeia.” O executivo destaca que, em 2014, enquanto os principais mercados farmacêuticos cresceram 1% ou 2%, o faturamento da indústria farmacêutica no Brasil aumentou cerca de 15%. Além disso, as compras governamentais diretas e programas de acesso, como o Aqui Tem Farmácia Popular, vêm crescendo ano a ano. Sendo assim, na visão de Mussolini, o Brasil deverá continuar a atrair empresas e investidores internacionais interessados em explorar as potencialidades do setor. “Ainda mais se a esperada estabilização econômica nos Estados Unidos e na Europa se confirmar, o que poderá canalizar mais recursos para o País”, diz.

presidente e ecuti o do Sindusfarma elson Mussolini diz ue o setor re istrou crescimento de dois d itos

Desempenho real Para o gerente de pesquisa e desenvolvimento da Natulab, Olavo S. Rodrigues, o mercado farmacêutico poderia ter tido resultados ainda melhores em 2014, mas está confiante. “Esperamos para 2015 um ano desafiador e deveremos estar atentos à inflação e às variações do câmbio. A empresa pretende ampliar seus investimentos no parque fabril, na aquisição de novas tecnologias e, principalmente, no desenvolvimento de novos produtos. O momento da Natulab é de manter o crescimento”, revela o executivo. Já a Pfizer se mostra ainda mais otimista. “Estamos confiantes de que, em 2015, conseguiremos avançar no mercado brasileiro”, afirma o diretor de desenvolvimento de negócios da Pfizer, Mario Levada. “Temos a expectativa de lançar novos medicamentos no País, contemplando necessidades médicas não atendidas e proporcionando tratamentos cada vez mais inovadores aos pacientes. Para isso, a companhia investe fortemente em pesquisa. Globalmente, são cerca de 2015 Anuário Farmacêutico 13

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PANORAMA

Mercado farmacêutico – comparativo por segmentos (12 meses – out. 14/out. 13) Faturamento 2013 (R$)

2014 (R$)

Unidades Variação (%)

2013

2014

Variação (%)

Marca

25.425.263.001 29.071.411.318

15

1.375.110.965

1.497.639.977

9

Genérico

13.292.165.337 15.765.893.435

16

772.844.075

858.198.224

11

Referência

17.898.605.618 19.533.291.305

9

695.407.197

723.445.700

6

Mercado Total 56.616.033.956 64.370.596.058

14

2.843.362.237

3.079.283.901

8

Ranking dos maiores laboratórios do País (out. 14)

Medicamentos mais vendidos

Faturamento

Unidades

1

EMS Pharma

Neo Química

1

Neo Química

EMS Pharma

Neosoro Ad (Neo Química)

2

2

Aché

Aché

Glifage XR (Merck Serono)

3

3

Cit Sildenafila (Neo Química)

4

Eurofarma

Sanofi

4

Ciclo 21 (União Química)

5

Medley

Medley

5

Losartan (Neo Química)

6

Sanofi

Teuto

6

Salonpas (Hisamitsu)

7

Sandoz

Eurofarma

7

Puran T-4 (Sanofi)

8

Novartis

Legrand

8

Dorflex (Sanofi)

9

Teuto

Merck Serono

9

Microvlar (Bayer)

10

Legrand

União Química

10

Buscopan composto (Boehringer Ingelheim )

64,4

Histórico mercado farma (bilhões de R$/bilhões de unidades) 56,6

Valores Unidades

49 41,7

35

2010

2011

2012

3,1

2,8

2,6

2,3

2

2013

2014

Fonte: IMS Health

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US$ 7 bilhões por ano na descoberta de novos produtos. Esse foco em pesquisa e inovação deve permanecer consistente em 2015.”

Característica específica No segmento de medicamentos fitoterápicos, a taxa de crescimento também foi positiva em 2014, contudo, com um percentual mais discreto do que no ano anterior: 3,65% em unidades e 9,32% em valores, segundo levantamento do IMS Health divulgado pela Associação Brasileira das Empresas do Setor Fitoterápico, Suplemento Alimentar e de Promoção da Saúde (Abifisa). De acordo com a presidente do Conselho Diretivo da Abifisa, Anny Trentini, nos últimos quatro anos, o segmento cresceu aproximadamente 22% em unidades vendidas e 56% em valores, resultado muito positivo, considerando o cenário de instabilidade econômica mundial que desacelerou vários setores da economia.

“Mesmo com uma esperada instabilidade do mercado brasileiro devido a questões político-econômicas, esperamos para 2015 um melhor desempenho nas vendas de produtos fitoterápicos”, afirma. “A busca por terapêuticas menos agressivas e hábitos de vida mais saudáveis tende a ampliar o número de consumidores do segmento que, a cada ano, busca mais produtos inovadores e sustentáveis.” Entre os de maior sucesso em 2014, a categoria de produtos vasoprotetores, como a castanha-da-índia, foi a que apresentou aumento significativo no ano, superior a 40 %, comparado com o mesmo período de 2013, revela Anny, lembrando que o ano foi bastante intenso em termos de regulação do setor. “Após longos debates entre associações representativas setoriais e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foi finalizado o novo marco regulatório de fi-

toterápicos. Em maio, foi publicada a RDC 26/14 estabelecendo as regras para registro do produto.” Segundo a executiva, foram definidas duas categorias: medicamento fitoterápico (MF), que são aqueles cuja segurança e eficácia estão baseadas em evidências clínicas, e a de produto tradicional fitoterápico (PTF), com segurança e efetividade fundamentadas na tradicionalidade de uso por período mínimo de 30 anos, concebidos para ser utilizados sem necessidade de supervisão médica, em condições clínicas brandas. Outra novidade do regulamento é a possibilidade da notificação para os fitoterápicos previstos no Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira, desde que atendidas determinadas condições. “Todos são PTFs, sendo que a notificação já possibilita a imediata fabricação, importação ou comercialização do produto”, explica Anny Trentini. 2015 Anuário Farmacêutico 15

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CENÁRIO

Varejo farmacêutico longe da crise Segmento segue distante do desaquecimento que marcou o comércio em geral e o desempenho do País como um todo

A

economia brasileira conseguiu suportar as duas recentes crises financeiras internacionais – a de 2008 e 2009, que teve como ator principal os Estados Unidos e, entre 2011 e 2013, tendo a Europa como protagonista. Em 2010, o País ainda registrou resultados surpreendentes, como a maior taxa de

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Por Marcelo de Valécio crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em mais de 20 anos – 7,5%. Contudo, as medidas anticíclicas tomadas pelo governo para estimular o consumo e o crédito, que funcionaram bem durante o período agudo das crises, não apresentaram o resultado esperado a partir de 2012. O crescimento não veio, a inflação subiu e as contas públicas se deterioraram.

No último ano, em particular, o País se viu envolvido em uma tempestade de dados negativos. O crescimento do PIB em 2014 deve ficar entre 0,2% e 0,5% e a expectativa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atinge 6,43%, colocando a inflação muito próxima do teto da meta, de 6,5%. Para 2015, o governo baixou de 3% para 2% a Foto: shutterstock

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Em 2015, o cenário que se vislumbra para o varejo farmacêutico é de otimismo. O setor não é imune a crises, mas é o que menos sofre

estimativa de crescimento do PIB e considera uma inflação de 6,1%, enquanto o mercado acredita em alta entre 0,8% e 1%.

Realidade à parte Também o varejo acabou sentindo os reflexos do cenário adverso. No comércio paulista, o maior do País, foi registrada queda das vendas de 2,4%, no acumulado do ano até agosto, segundo levantamento da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP). “Esse é o pior resultado desde 2009. A queda foi generalizada em todo o estado. Apenas os segmentos de farmácias e supermercados obtiveram números positivos”, revela o economista da entidade, Altamiro Carvalho. “Assim como acontece com os empresários, também o índice de confiança do consumidor está baixo. Ele ainda

está pagando dívidas, a renda não tem crescido como antes e há o temor do desemprego. Por isso, as compras não essenciais são postergadas”, explica Carvalho, que projeta para 2015 um ano de transição, que vai depender das medidas do governo para avançar. No âmbito nacional, enquanto as taxas de crescimento das vendas dos últimos anos oscilavam entre 7% e 10%, impulsionadas pelo consumo das famílias e do crédito, em 2014, o setor deve fechar com crescimento na casa dos 4%, volume ligeiramente menor do que os 4,3% registrados em 2013, quando houve a queda mais acentuada – uma vez que, em 2012, o setor obteve crescimento de 8,9% nas vendas. Apesar do resultado adverso, o varejo brasileiro deve crescer a uma taxa média anual de 7,1% até 2019, de acordo com estudo da empresa de pesquisa Euromonitor International.

O ritmo de crescimento esperado é superior ao da média do varejo global, que é de 6,4%. Os números consideram valores correntes e câmbio fixo. A expectativa é de que, em 2014, o varejo brasileiro movimente US$ 353,3 bilhões. Até 2019, esse valor chegará a US$ 497,1 bilhões, de acordo com o Instituto Euromonitor. Já o varejo global chegará a US$ 14,3 trilhões em 2014 e a US$ 19,6 trilhões em 2019. Entre setembro de 2014 e o mesmo mês do ano anterior, o crescimento das vendas do varejo nacional atingiu 3,4%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A atividade de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, com expansão de 10,3% no volume de vendas na comparação com setembro de 2013, foi a que mais contribuiu na taxa global do varejo, na avaliação do IBGE. No acumulado dos primeiros nove meses do ano e dos 12 meses até setembro, as variações alcançaram taxas de 9,4% e 10,1%, respectivamente. Já os preços dos produtos farmacêuticos, que em 12 meses subiram 4,6%, contra 6,8% do IPCA, somado à essencialidade dos produtos comercializados, são os principais fatores que explicam o desempenho positivo do segmento, segundo os pesquisadores do IBGE. 2015 Anuário Farmacêutico 17

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CENÁRIO

Perspectiva positiva ou, pelo menos, estável

Apesar do resultado adverso, o varejo brasileiro deve crescer a uma taxa média anual de 7,1% até 2019, de acordo com estudo da empresa de pesquisa Euromonitor International. O ritmo de crescimento esperado é superior ao da média do varejo global, que é de 6,4% “Em São Paulo, as vendas das farmácias cresceram 6,6% até agosto de 2014 e juntamente com supermercados (alta de 4,4%) foram os segmentos que contribuíram para que o resultado do comércio no estado não fosse ainda pior”, revela Carvalho. “O setor farmacêutico não é imune a crises, mas é o que menos sofre”, observa o presidente executivo da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), Sergio Mena Barreto. “Em uma crise generalizada, ele é o último segmento a ser impactado e o primeiro a se recuperar, já que atuamos com bens essenciais. A decisão de compra desses produtos é diferente de aquisições que podem ser adiadas, como vestuário, móveis, carro novo ou mesmo imóvel.”

Em 2015, o cenário que se vislumbra para o varejo farmacêutico é de otimismo, na opinião do diretor de Pesquisa do Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ), Marcus Vinicius de Andrade. “No Brasil, o varejo farmacêutico vem se expandindo, estimulado pelo aumento de renda da população, o que ocasiona maior acesso a medicamentos, produtos de beleza e de bem-estar. No entanto, há ainda uma demanda reprimida muito grande no País. Parte da população que acessava apenas os medicamentos básicos está tendo acesso a diferentes tipos de medicamentos”, salienta Andrade, adicionando que as grandes redes varejistas são as principais responsáveis por essa expansão. “Acredito que os pequenos estabelecimentos começaram a investir mais na profissionalização. Por uma questão de sobrevivência, esses varejistas estão diferenciando seus negócios, investindo cada vez mais em serviços farmacêuticos e exercendo o verdadeiro papel da farmácia, que é o de estabelecimento de saúde. Isso é um movimento inevitável para aqueles que querem se manter no mercado.” Segundo o presidente da Federação Brasileira das Redes Associativistas de Farmácias (Febrafar), Edison Tamascia, o crescimento das vendas no âmbito dos estabelecimentos ligados à entidade deve ser o que estava projetado no início de 2014, entre 13% a 15% nas vendas em relação ao ano anterior. “Isso é excelente, sobretudo se observamos que o crescimento do PIB vai ser próximo de zero em 2014”, diz o executivo, destacando que, no segmento, o otimismo prevalece, “mas é inegável que atravessamos uma grave crise econômica no Brasil. Nosso segmento ainda não foi atingido, mas é certo afirmar que, ao longo do tempo, a estagnação da economia poderá

afetar os investimentos estruturais das indústrias, das distribuidoras e também do varejo. Creio, contudo, que, em 2015, deveremos manter o mesmo ritmo de crescimento de 2014”. Em linhas gerais, o Brasil é visto pela indústria farmacêutica internacional como um País diferenciado e com dinâmica própria, por causa do tamanho de sua economia e de sua população e de seu amplo sistema de saúde público e privado, destaca o presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini. “Um bom indicador desse cenário é o varejo farmacêutico, em que a dinâmica de fusões e aquisições envolvendo farmácias e drogarias segue intensa, numa demonstração do ótimo desempenho e do potencial desse segmento”, avalia.

Interesse nítido O mais recente movimento de fusão do mercado envolve a rede norte-americana CVS Caremark, que fez proposta bilionária pela rede brasileira DPSP – formada há três anos pela união das Drogarias Pacheco e São Paulo. Outra rede dos Estados Unidos, a Walgreens, negocia com o BTG Pactual a compra de parte da Brasil Pharma, que pertence ao banco de investimento. A Brasil Pharma foi criada em 2009 e ganhou força por meio de uma série de incorporações, incluindo redes regionais, como Big Ben, Farmais, Rosário Distrital, Farmácias Sant’Ana e Mais Econômica. Em princípio, ambos os negócios foram recusados (especula-se que, nos dois casos, o preço oferecido não seduziu os proprietários), mas tudo indica que o movimento de consolidação do setor está longe de terminar. Na outra ponta do varejo farmacêutico, está um segmento que tem ganhado fôlego – as farmácias popu-

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Ampla oferta de medicamentos A indústria farmacêutica coloca à disposição da população uma grande variedade de medicamentos – marca, referência, genéricos, similares, fitoterápicos, Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs), homeopáticos, vitaminas, entre outros. Por várias razões, cada um deles têm seu espaço, considerando questões de mercado, avanços científicos e necessidades do paciente consumidor. Segundo analistas, desde o lançamento e até há alguns anos houve grande ascensão dos genéricos, até eles se estabilizarem. Depois, os similares ganharam terreno e com a equiparação aos genéricos, devem ter um novo salto. Igualmente, as vitaminas cresceram impulsionadas pelo interesse do consumidor em qualidade de vida. De acordo com o presidente executivo da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), Sergio Mena Barreto, uma das áreas que o País necessita evoluir é a dos Medicamentos Isentos de Prescrição. “A indústria tem de demonstrar à sociedade, de forma ostensiva e inequívoca, o quanto estamos atrasados nesta área. Muitas categorias, que há vários anos estão liberadas de tarja nos Estados Unidos, aqui ainda necessitam de receita médica, como ranitidina e omeprazol. Isso sem falar em itens como glucosamina, condroitina, melatonina, vitamina D, que muitas pessoas trazem do exterior.” A consultora de varejo, Silvia Osso, destaca que grande parte da população ainda se medica na farmácia e os MIPs terão grande crescimento se acompanhados da atenção farmacêutica. “A decisão de compra ainda é baseada na informação dos farmacêuticos e balconistas. Mesmo com o acesso de muitas pessoas aos planos de saúde, a orientação final ainda é no balcão, é um fator cultural do brasileiro.” Fonte: consultoria especializada em mercado farmacêutico

Do total de

3,07 1,5 858,2 723,5

bilhões de caixas de medicamentos vendidos em 2014...

bilhão de unidades foram medicamentos de marca;

milhões, genéricos;

milhões incluíram os de referência.

IMS Health. Dados até outubro de 2014

lares. O modelo está focado em oferecer medicamentos com preços mais baixos, com portfólio concentrado em genéricos e similares. Ao contrário das grandes redes e mesmo dos médios estabelecimentos, geralmente as lojas populares têm um mix limitado de produtos, com poucas opções em Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPC) ou até de correlatos. As que têm mix mais amplo, geralmente, priorizam marcas mais populares e produtos de menor valor agregado. Também o layout das

lojas é mais simples, assim como o sistema de gestão. Os pontos ficam localizados em áreas de grande fluxo de pessoas, em bairros centrais ou populares. Tudo em benefício de custos fixos menores, de forma a poder oferecer preços mais em conta, visando atrair não apenas a classe C, com também D e E. Segundo a consultora de varejo, Silvia Osso, as populares que trabalham apenas com medicamentos e horários fixos conseguem ganho de escala para compras e repassam gran-

de parte do desconto para o público, além de ter um custo operacional muito baixo em função do quadro de funcionários e de despesas reduzidos. Já as que atuam com perfumarias e horários completos têm políticas de preços bem definidas em que todos os produtos apresentam algum tipo de desconto e com isso fazem o seu marketing usando o cupom fiscal como seu maior trunfo. “Ambas podem ter longevidade, pois estão baseadas na ascensão do consumo das classes C e D”, diz. 2015 Anuário Farmacêutico 19

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PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

Por que não há avanços no Brasil?

Burocracia, distância entre universidades e iniciativas privadas, falta de investimentos são alguns dos motivos pelos quais a inovação não deslancha como deveria no País. Mas existem iniciativas auspiciosas Por Marcelo de Valécio

D

e acordo com a Federação Internacional de Empresas Farmacêuticas (IFPMA, na sigla em inglês), o Brasil é a nação que mais investe em pesquisa biofarmacêutica na América Latina. Nos últimos dez anos, segundo o Ministério da

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Saúde (MS), o País respondeu por quase 50% de todas as pesquisas clínicas realizadas na América do Sul. “A saúde representa 52% da produção científica nacional. Tal desempenho é decorrente do crescimento do número de publicações superior a 74% entre os quinquênios de 2004-2008 e 2009-2013 e do au-

mento dos projetos de pesquisas médicas no Brasil”, afirma o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Augusto Grabois Gadelha. Segundo o executivo, em 2013, foram analisados pelas entidades que compõem o sistema de ética, em pesquisa, 55.650 projetos. EsFotoS: shutterstock

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A distância entre a geração de conhecimento e sua transformação em produtos de valor para a sociedade, a inovação propriamente dita, contribui para os baixos índices de competitividade no País tudo da Thomson Reuters, empresa que possui um dos maiores bancos de dados científicos do planeta, destacou que, em número de publicações, o Brasil saltou da 24ª para a 13ª posição no ranking mundial em 20 anos. Já a revista Nature revela que o País quintuplicou o número de publicações científicas e triplicou os recursos financeiros no setor no mesmo período. Apesar dos avanços acadêmicos e aportes de recursos, por que o País não deslancha na área? Especialistas avaliam que existem obstáculos importantes a ser vencidos. “A saúde é um sistema articulado, interdependente, em que as pesquisas devem estar relacionadas à indústria. O País precisa desenvolver uma estratégia que fortaleça a capacidade produtiva e o aprimoramento da assistência farmacêutica”, diz Gadelha.

Acordos necessários De fato, a parceria entre academia e meio empresarial em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) é um dos principais complicadores para o desenvolvimento da pesquisa científica no País, dizem os especialistas. “Um dos principais entraves brasileiros na área de inovação é a absoluta distância entre as universidades e as empresas privadas”, afirma o presidente da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), Antônio Britto. “Ao contrário do que ocorre nos países bem-sucedidos em inovação, nem a universidade brasileira tem por hábito a cultura de pesquisa aplicada, nem a iniciativa privada cultiva o risco.”

“O conhecimento gerado nas universidades tem de ir para a sociedade”, salienta o diretor do Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (Cienp), professor João Batista Calixto. “É preciso destravar o País para inovação, criar marco regulatório, desburocratizar, para que os recursos empregados sejam mais bem aproveitados. O Brasil precisa parar de depender apenas de commodities para crescer.” Os bons exemplos são exceções, adiciona Britto. Algumas poucas universidades e faculdades tentam se aproximar do setor privado para, sem prejuízo da sua função acadêmica, contribuir com a transformação de conhecimento e geração de patentes. Mas o problema não se restringe apenas a uma ponta. “Do outro lado, poucas empresas, geralmente com suporte financeiro do governo federal, trilham o caminho nem sempre confortável do risco que é implícito à inovação”, observa Britto. “Para que o Brasil saia da posição que ocupa na matéria de patentes, a questão central é revisar a forma como não funciona hoje a relação entre iniciativa privada e universidade.”

Números mundiais Estudo do ViS Research Institute aponta que a participação global do Brasil em estudos clínicos atinge 1,2%. A indústria farmacêutica instalada no País aplica somente 10% do faturamento em pesquisa – cerca de R$ 4 bilhões anuais –, a metade do que é colocado nos países desenvolvidos, como os Estados

Unidos, que aplicam 20% todos os anos em P&D. Ao se comparar a proporção do investimento em pesquisa e desenvolvimento em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, das nações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e de outros países da América Latina e dos Brics (sigla usada para os países emergentes, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), percebe-se que o País só está acima de México, Argentina, Chile, África do Sul e Rússia, ficando muito distante da China e Coreia do Sul, nações que iniciaram mais recentemente o salto de desenvolvimento industrial. A China tornou-se, em 2011, o segundo maior investidor mundial em P&D. A principal diferença entre o Brasil e os demais países desses grupos é o volume de investimento em P&D feito pela iniciativa privada. As empresas arcam com até 75% do investimento em pesquisa no mundo, enquanto, no Brasil, elas aplicam pouco menos do que a metade (47%), segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, em inglês) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O valor aplicado pelas companhias no Brasil corresponde a 0,55% do PIB e está longe dos 2,68% investidos pelo setor privado na Coreia do Sul ou do 1,22% revertido na China. Quando se comparam os investimentos públi2015 Anuário Farmacêutico 21

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PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

cos, os gastos do Brasil estão mais próximos das nações mais desenvolvidas: 0,61% do PIB brasileiro contra 0,69% do conjunto dos países da OCDE. “De fato, houve avanços em termos de financiamento público nos últimos anos, com participação da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de outros órgãos. Mas ainda é preciso mais, incluir a iniciativa nessa conta”, afirma o professor Calixto.

Cenário nacional Ainda que um pouco tímidos, tem havido alguns avanços da participação privada em P&D. Segundo o presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini, as grandes empresas de capital nacional, que ganharam musculatura com o crescimento do mercado, mantêm projetos bem estruturados de inovação. “Algumas investem entre 10% e 12% do faturamento em P&D e já possuem medicamentos patenteados nos Estados Unidos e na Europa”, salienta Mussolini. “Nós temos indústrias brasileiras trabalhando com nanotecnologia e biotecnologia”, acrescenta o coordenador do curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, professor Alexsandro Macedo Silva, destacando que a área mais estudada atualmente é o câncer. “Poderíamos ter mais avanços, temos potencial, tanto do ponto de vista tecnológico como de recursos humanos.” O gerente executivo de marketing da Cimed, Peter Maurice Lay, aponta que existem iniciativas interessantes no campo de desenvolvimento de biossimilares e transferência de tecnologia. “Há ainda muitas oportunidades no campo de desenvolvimento de drogas inovadoras no Brasil”, acredita.

O gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Natulab, Olavo S. Rodrigues, sublinha que a indústria nacional tem se concentrado em ampliar sua atuação nos ramos da biotecnologia, dos sistemas inteligentes de liberação dos fármacos e nas abordagens em escala nanométrica. “Seguimos a tendência dos grandes laboratórios em atender a patologias específicas, para as quais não há tratamentos únicos ou que sirvam a todas as populações. Essas moléstias são em sua maioria de base genética, como as doenças reumáticas, patologias oriundas de erros metabólicos, manifestações autoimunes, bem como vários tipos de câncer”, revela Rodrigues. Em 2014, os investimentos globais da Pfizer em P&D foram direcionados para doenças autoimunes, problemas cardiometabólicos, doenças neurológicas, dor e vacinas. “Nesse processo, a Pfizer conta com a parceria de mais de 260 instituições, entre universidades e centros de tecnologia em todo o mundo, inclusive no Brasil. Com presença importante na área de pesquisa clínica, o País desenvolve atualmente 52 estudos clínicos, que representam 31 moléculas e envolvem 279 centros em território nacional”, relata o diretor de Desenvolvimento de Negócios da Pfizer, Mario Levada, sublinhando que a companhia implementou, em 2012, uma nova estrutura de P&D no Brasil, com o objetivo de projetar uma participação ativa no incremento do portfólio global, com a descoberta de moléculas e tratamentos brasileiros.

“Por meio de parcerias, pretendemos viabilizar ideias e pesquisas pré-clínicas de universidades, empresas e laboratórios brasileiros, com foco no desenvolvimento de tratamentos inovadores”, diz Levada. A Pfizer conta com um pipeline global composto por 83 programas em fase de estudos clínicos ou em processo de registro, nas áreas de diabete, colesterol, artrite reumatoide, lúpus, Mal de Alzheimer, esquizofrenia, dor, malária, osteoporose, câncer e vacinas.

Limites preocupantes Outro gargalo para o avanço da P&D no Brasil apontado pela maioria dos especialistas é o excesso de burocracia, com atraso importante na regulação para inovação. Entre as dificuldades mais comuns, está a importação de insumos e equipamentos. Segundo levantamento do neurocientista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Stevens Rehen, 46% dos cientistas já perderam material retido na alfândega, 95% deixaram de fazer ou alteraram estudo por problemas na importação e 51% modificaram ou cancelaram uma pesquisa por não conseguir substâncias controladas. “O governo precisa perceber que, além de financiamentos e programas, a mais importante contribuição que ele pode dar à inovação é não puni-la com burocracia desnecessária como ocorre, por exemplo, na tentativa de aprovação de estudos clínicos”, afirma Britto, da Interfarma, lembrando que a demora no País é mais do que o dobro da média mundial. “Também

A indústria farmacêutica instalada no País aplica somente 10% do faturamento em pesquisa – cerca de R$ 4 bilhões anuais –, a metade do que é colocado nos países desenvolvidos

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no depósito de patentes, o atraso é grande, chegando à vergonhosa marca de 12 anos de espera. Já no registro de produtos na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), igualmente o tempo de aguardo não encontra similar em qualquer país moderno do mundo.”

Posição temerosa

Quanto custa desenvolver um medicamento inovador Segundo a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), a indústria farmacêutica mundial está próxima de alcançar um faturamento anual de US$ 1 trilhão e aplica entre US$ 160 bilhões e US$ 180 bilhões em pesquisas. A crescente complexidade para o desenvolvimento de novos medicamentos faz com que, de cada 10 mil tentativas de novas moléculas, apenas 1 chegue ao final do processo já transformada em medicamento, distribuída e comercializada no mundo. Portanto, esse único medicamento que dá certo, em 10 mil tentativas, tem de carregar o custo das 9.999 que não deram certo. “Por isso, estima-se que hoje, em média, um medicamento novo custe em torno de US$ 800 milhões. Cada medicamento deve passar por quatro fases de pesquisa, mas no Brasil, a média de tempo para que um cientista seja autorizado a realizar suas pesquisas é mais do que o dobro da média mundial”, afirma o presidente da Interfarma, Antônio Britto. Para se ter ideia do que representa o investimento em novos medicamentos, os laboratórios Roche, Novartis, Johnson & Johnson e MSD investiram juntos US$ 35,6 bilhões em inovação em 2014, quantia próxima ao faturamento de toda a indústria farmacêutica instalada no Brasil.

O Brasil, sexto mercado consumidor de medicamentos do mundo, está próximo da vigésima posição em pesquisa clínica de medicamentos. Boa parte do atraso se deve ao excesso burocrático. Enquanto no Brasil, para autorizar o início de uma pesquisa clínica, leva, em média, um ano, na Coreia do Sul esse prazo dura até um mês. Nos Estados Unidos, leva até dois meses; na Europa, dois meses e meio e na China, nove meses. A Interfarma compilou a espera de outros pedidos de aprovação na Anvisa. Para os medicamentos novos, a demora é de 591 dias; para os similares, 543 dias; para genéricos, esperam-se 695 dias; e para medicamentos biológicos, 524 dias. “Com isso, o País acaba se concentrando nas pesquisas de fase 3 ou 4, que do ponto de vista da geração de conhecimento não são as mais essenciais”, observa Britto. “A pesquisa clínica no Brasil é de fato burocrática, mas estamos caminhando para uma melhora do sistema”, acredita Silva. “Recentemente, foi divulgado que as agências de vigilância sanitária de diversos países estavam se reunindo para padronizar as informações sobre pesquisa clínica e criar a parceria de troca de informações. Com isso, se um medicamento for aprovado em um país-membro do grupo, poderá ser comercializado em outro, ou seja, não será necessário fazer a pesquisa clínica no país em questão e o registro seria facilitado.” Também a indústria de fitoterápicos sofre com os trâmites burocráti-

cos para poder realizar P&D. A discussão principal é como possibilitar a inovação em produtos utilizando a biodiversidade brasileira. Nesse contexto, os desafios são vários, como aponta a presidente do Conselho Diretivo da Associação Brasileira das Empresas do Setor Fitoterápico, Suplemento Alimentar e de Promoção da Saúde (Abifisa), Anny Trentini. Entre eles, a dificuldade para acesso ao patrimônio genético da flora nacional e para o estabelecimento de parcerias na cadeia produtiva, além da falta de apoio público para criação de centros de pesquisas que estejam de acordo com as boas práticas exigidas pela Anvisa. Não por acaso, a indústria de medicamentos se vale principalmente de componentes sintéticos, somando cerca de 60% do total produzido. “A extração de plantas, além de cara, é ecologicamente inviável nos dias atuais no Brasil”, afirma o professor Calixto. “Desde que foi instituída medida provisória, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, de regulamentação do acesso, tornou-se praticamente impossível usar a biodiversidade brasileira. Assim, além de ter de comprar tecnologia no exterior, e pagar royalties por isso, também temos de importar plantas.” Já a burocracia para o processo de importação cria obstáculos ao acesso a substâncias de referência para o controle de qualidade ou pesquisa clínica não existentes no País. Isso sem falar na lentidão do processo de análise e concessão de patentes. Segundo o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), em 2013, foram realizados 33.989 depósitos de pedidos de patentes, mas somente 3.326 foram concedidas. “A distância entre a geração de conhecimento e sua transformação em produtos de valor para a sociedade, a inovação propriamente dita, contribui para os baixos índices de competitividade no País”, assinala Anny Trentini. 2015 Anuário Farmacêutico 23

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PERSPECTIVA

Desafios da saúde e as promessas da presidente

Novo governo tem pela frente o desafio de ampliar o financiamento da saúde pública, melhorar gestão e qualificar atenção básica do SUS, além de dar sequência a programas de atendimento à população Por Marcelo de Valécio 24 Anuário Farmacêutico 2015

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ustentáculo das ações de saúde pública no Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) é o maior do gênero no mundo, estando disponível para mais de 200 milhões de pessoas. Abrange desde o atendimento ambulatorial até

o transplante de órgãos, passando pelo tratamento de doenças complexas e raras, incluindo o fornecimento de medicamentos. Criado pela Constituição de 1988, o SUS se tornou, em seus quase 27 anos, uma das maiores políticas públicas de inclusão social. Alterou o conceito de atendimento à saúde, Fotos: shutterstock/Celso Pupo

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tornando o acesso um direito universal e gratuito a todos os brasileiros. É referência mundial aos países que pretendem universalizar o atendimento aos seus cidadãos. O SUS é administrado por três esferas de governo: União, estados e municípios, sendo que o financiamento do sistema é dividido entre eles. Os estados têm de destinar 12% do que arrecadam à saúde e aos municípios, 15%. Já a União não tem percentual fixo para esses investimentos, mas é obrigada a igualar o gasto do ano anterior acrescentado do percentual de variação do Produto Interno Bruto (PIB). Atualmente, o País aplica aproximadamente 7% das Receitas Correntes Brutas na saúde, mas especialistas do setor estimam que é necessário ampliar este gasto para 10%, o que injetaria mais de R$ 40 bilhões por ano ao sistema. Além disso, analistas dizem que é fundamental melhorar a gestão, considerada ineficiente e suscetível a descaminhos.

Resultados observados Entre as conquistas do SUS, estão o controle e a eliminação de diversas doenças por meio de um eficiente plano de vacinação que atinge o País todo e é considerado o maior programa de imunização do planeta. No âmbito do SUS, são promovidos por ano mais de 3 bilhões de procedimentos ambulatoriais, 500 milhões de consultas médicas e 30 milhões de procedimentos oncológicos, além de responder por 97% dos procedimentos de quimioterapia realizados no País. Além disso, o SUS realiza o maior número de transplantes de órgãos públicos do mundo. O sistema conta ainda com assistência farmacêutica, vigilância sanitária e laboratórios públicos. A universalização produziu resultados positivos. Segundo

O maior gargalo está na falta de médicos para atuar no interior do País e nas periferias das grandes cidades. Mais de 3 mil municípios solicitaram médicos ao Ministério da Saúde, dada a dificuldade que enfrentavam para atrair e contratar profissionais de saúde o Relatório de Progresso 2013, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (em inglês, Unicef), o Brasil é um dos países que mais reduziu a mortalidade infantil no mundo – a taxa de óbito de crianças até cinco anos caiu 77%, entre 1990 e 2012; a de recém-nascidos (até 27 dias) declinou 31%, em 10 anos; e a taxa de mortes de crianças de até 1 ano baixou 70%, de 1990 a 2013. Também os índices de desnutrição em menores de cinco anos melhoraram em todas as suas variáveis, segundo o Ministério da Saúde (MS). A mortalidade em geral caiu no Brasil nas últimas décadas e o aumento na esperança de vida de 69 anos, em 1988, saltou para 72 anos, em 2008.

Custos apurados Apenas os gastos da União com ações e serviços de saúde cresceram 232%, saindo de R$ 24,7 bilhões, em 2002, para R$ 90,1 bilhões em 2014, de acordo com o MS. Cresceu também o acesso a medicamentos nos últimos anos. Atualmente, o SUS distribui gratuitamente perto de 600 tipos de medicamentos nas unidades públicas de saúde espalhadas pelo território nacional. Entre 2010 e 2014, os gastos com medicamentos aumentaram 78%, segundo o MS. “Se descontarmos

o aumento do preço dos medicamentos, o crescimento real da dotação orçamentária para aquisição de medicamentos pelo ministério supera 54%”, afirma o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, do MS, Carlos Augusto Grabois Gadelha. O destaque, segundo o secretário, é a evolução experimentada pelo Farmácia Popular. Em 2010, o programa contou com um orçamento de R$ 348,6 milhões; em 2014, houve crescimento de 639%, atingindo mais de R$ 2,57 bilhões. Atualmente, o programa conta com mais de 31,3 mil farmácias credenciadas e 546 unidades da Rede Própria, estando presente em 4.260 municípios brasileiros (76,4% do total). Com a incorporação dos medicamentos para prevenção de infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC), houve redução de 41% na mortalidade por doenças cardiovasculares no País nos últimos 20 anos. Em que pese os números superlativos do SUS, há muitos obstáculos a ser vencidos para que a saúde pública atinja o nível de abrangência e qualidade que a população brasileira anseia. Segundo pesquisa do Datafolha realizada antes das eleições, 45% dos brasileiros apontavam que a saúde era o principal problema do País. 2015 Anuário Farmacêutico 25

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PERSPECTIVA

O programa Farmácia Popular teve crescimento de 639% em 2014, atingindo mais de R$ 2,57 bilhões Médicos e hospitais

O que o governo terá de fazer O que não vai faltar é trabalho e cobrança para a equipe da presidente reeleita Dilma Rousseff, que destacou na campanha soluções que pretende dar para a saúde dos brasileiros: • AMPLIAR os programas Saúde da Família, Farmácia Popular e Brasil Sorridente; • EXPANDIR o Mais Médicos com o lançamento do programa Mais Especialidades, uma rede de clínicas com médicos especialistas (cardiologistas, ginecologistas, ortopedistas, pediatras, oncologistas, oftalmologistas e nefrologistas) para reduzir o tempo de espera por atendimento; • AMPLIAR os exames de mamografia; • CRIAR mais Unidades de Pronto Atendimento 24 horas (UPAs); • UNIVERSALIZAR o Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que hoje atende 72,8% da população; • AMPLIAR o Rede Cegonha – atendimento da gravidez até o primeiro ano de vida do bebê; • INCENTIVAR a adesão dos estados aos programas contra drogas Brasil Seguro e Crack, é Possível Vencer; • AMPLIAR a distribuição gratuita de medicamentos por meio da Rede Aqui Tem Farmácia Popular.

De acordo com relatório da KPMG – O que dá certo: gerando mais valor em conjunto com pacientes, cuidadores e comunidades –, divulgado em setembro de 2014, os maiores desafios da saúde pública no Brasil são o acesso do paciente ao SUS, tanto na atenção primária quanto na secundária, e a variação geográfica no atendimento em função de uma rede descentralizada. Existem hospitais de nível internacional no Sudeste, enquanto que, nas regiões Norte e Nordeste, há falta de equipamentos hospitalares e recursos humanos. Outras insuficiências apontadas no estudo incluem o tamanho insuficiente da rede de saúde para atender toda população, a baixa velocidade para chegar a um diagnóstico inicial e a falta de canais de reclamação. Também o acesso a especialidades médicas, como pediatria, cardiologia, ortopedia, precisa aumentar de forma significativa para poder atender à demanda reprimida. Mas o maior gargalo está na falta de médicos para atuar no interior do País e nas periferias das grandes cidades. Segundo o governo, mais de 3 mil municípios solicitaram médicos ao MS, dada a dificuldade que enfrentavam para atrair e contratar profissionais de saúde. Para tentar suprir essa carência, o governo criou, em 2013, o programa Mais Médicos, de contratação emergencial de profissionais. O chamamento não atraiu os brasileiros e as vagas foram abertas para profissionais do exterior. Foram contratados 14,4 mil médicos para 3.785 municípios e 34 distritos indígenas. Desse total de profissionais, cerca de 80% são cubanos contratados por meio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).

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A lei que criou o programa estabeleceu um teto para a vinda de estrangeiros de até 10% do total de médicos brasileiros registrados no País (aproximadamente 400 mil). As entidades médicas de classe – Associação Médica Brasileira (AMB), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Federação Nacional dos Médicos (Fenam) – criticaram o fato de os médicos estrangeiros serem liberados do processo de revalidação do diploma. “Além disso, não foram apresentadas garantias de trabalho aos profissionais a ser alocados e tampouco foi oferecido um plano de carreira à categoria. Sem contar o viés ideológico da proposta”, afirma o presidente da Confederação Nacional de Saúde (CNS), Renato Merolli. Com a recusa dos brasileiros, as entidades médicas, contudo, não apresentaram proposta alternativa à providência emergencial de contratação de profissionais para as regiões necessitadas. A meta do governo com o programa é aumentar a proporção para 2,5 médicos por mil habitantes, contra a atual taxa de 1,8/1.000, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Na Espanha, essa taxa é de 4/1.000; na Argentina, 3,2/1.000; nos Estados Unidos, 2,4/1.000; e em Cuba, 6,7/1.000.

Surtos epidemiológicos Outro desafio importante para a saúde pública brasileira é encarar a fase de transição epidemiológica que o País experimenta. Ao mesmo tempo em que não venceu moléstias típicas de nações subdesenvolvidas, como dengue, malária, tuberculose, o País tem de conter doenças crônicas e degenerativas comuns em regiões desenvolvidas, como hipertensão, diabetes e câncer. Ao longo do último século, o Brasil passou por mudanças profundas no seu perfil demográfico, deixando de ser um País rural para

2,5

A meta do governo com o programa Mais Médicos é aumentar a proporção de 1,8 médicos para

médicos

PARA CADA

1.000 HABITANTES

se tornar uma nação essencialmente urbana. Além disso, a pirâmide etária sofreu um estreitamento devido a mudanças, tanto na taxa de fecundidade e de natalidade, quanto na expectativa de vida do cidadão. “A mortalidade infantil, a desnutrição e as doenças infectocontagiosas regrediram. No entanto, algumas doenças infecciosas continuam a representar um desafio para o sistema de saúde pública”, salienta Gadelha. As doenças crônicas não transmissíveis vêm crescendo em importância na atenção à saúde, em especial nos países mais desenvolvidos e, segundo a Organização Mundial de Saúde, já são responsáveis por 58,5% de todas as mortes ocorridas no mundo. “A situação não é diferente no Brasil, particularmente em razão do envelhecimento populacional observado. Em 2060, a população de 65 anos ou mais quadruplicará, e representará 27% da população brasileira. Já a faixa de cidadãos com 80 anos ou mais sextuplicará, e representará 9% da população brasileira. No nosso caso, as neoplasias são a segunda causa de óbitos no País. Embora ainda tenha-

mos muito a avançar, hoje existem no SUS opções de tratamentos de ponta para doenças de alta complexidade, como os tratamentos minimamente invasivos para o Mal de Parkinson”, destaca Gadelha. O levantamento da KPMG apontou pontos deficientes também na saúde privada – as exigências burocráticas desnecessárias por parte dos planos de saúde que criam atrasos significativos no acesso, além da recusa sistemática de uma série de exames e procedimentos. A regulação dos planos de saúde, área cada vez mais problemática e que atende a 51 milhões de usuários atualmente, carece de tratamento eficiente. Mesmo depois de uma resolução da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), de 2011, que sistematizou prazos máximos de atendimento, usuários de planos sofrem para marcar consultas, realizar exames e até para ser atendidos no pronto-socorro. Além disso, as empresas encontraram uma brecha para ficar à margem da regra da agência: deixar de atuar com planos individuais, mantendo suas carteiras nos planos coletivos, em que podem atuar livremente. 2015 Anuário Farmacêutico 27

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LEGISLAÇÃO

Farmácias em conflito Enquanto o STF garantiu a venda de produtos de conveniência em alguns estados, a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei 13.021/14, que reforça o papel de estabelecimento de saúde das farmácias Por Flávia Corbó

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o fim de 2014, o varejo farmacêutico e órgãos reguladores protagonizaram mais um debate em torno da venda de artigos de conveniência nas farmácias brasileiras. A Procuradoria Geral da República (PGR) entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo o fim da comercialização desses artigos nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Roraima. O pedido foi negado e os estados puderam continuar a vender produtos que vão além daqueles permitidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que são cosméticos, perfumes, produtos de higiene pessoal, produtos médicos e para diagnóstico in vitro, mamadeiras, chupetas, bicos e protetores de mamilos, alimentos pa-

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ra fins especiais com alegações de propriedade funcional e/ou de saúde e suplementos vitamínicos e/ou minerais. Para driblar as normativas da Anvisa, alguns estados criaram leis estaduais e municipais que garantem a liberação da venda de artigos de conveniência. A partir disso, a disputa ganhou esfera judicial. No mais recente capítulo, o STF entendeu que a venda de artigos de conveniência não é um incentivo à automedicação e não dispõe sobre saúde, mas sobre o comércio local, e autorizou a continuação da venda. “A decisão unânime é extremamente relevante para o setor”, avalia a advogada do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos de Minas Gerais (Sincofarma Minas), Fernanda Silva Vieira. “O STF entendeu que a lei estadual é constitucional, não fere nenhuma competência da União e,

portanto, deve ser cumprida”, complementa a advogada. Apesar de terem perdido essa batalha, a Anvisa, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) e outras entidades que defendem a proibição da venda de artigos de conveniência nas farmácias obtiveram uma importante vitória no ano passado. A aprovação da Lei 13.021/14 reforçou que as farmácias e drogarias são estabelecimentos de saúde, que devem prestar serviços de Atenção Farmacêutica ao cliente.

Guerra de argumentos Diante dessas movimentações opostas, fica a pergunta: é possível ser um estabelecimento voltado aos cuidados com a saúde e, ao mesmo tempo, vender produtos de outras categorias? Para o presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo ilustração: shutterstock

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(CRF-SP), Dr. Pedro Menegasso, a resposta é negativa. “Produtos não relacionados nas normativas da Anvisa, além de ilegais para venda em farmácia – o que caracteriza infração sanitária –, não contribuem para a imagem da farmácia como estabelecimento de promoção, proteção e recuperação da saúde, alterando a percepção da população do verdadeiro papel social desse estabelecimento”, afirma Menegasso. “Já os produtos relacionados nas normativas, auxiliam ao farmacêutico a prover qualidade de vida ao usuário – o qual entendemos que, além de cliente, é um paciente – na recuperação e manutenção de sua saúde. Ou seja, são produtos que atendem às necessidades do público-alvo da farmácia.” Do outro lado, os defensores da venda de artigos de conveniência se baseiam em exemplos estrangeiros para garantir que não há qualquer prejuízo ao papel de estabelecimento de saúde das farmácias. O mercado norte-americano costuma ser o exemplo mais empregado.

Questões comerciais Empresários do varejo farmacêutico sonham em replicar o modelo no Brasil, que traria um ganho significativo de rentabilidade. O varejo continua apresentando números expressivos de crescimento, mas, atualmente, os responsáveis pelos bons números são, basicamente, os produtos de higiene e beleza, incluindo os dermocosméticos e produtos premium, de valor agregado alto. Com a venda de artigos de conveniência, esse ganho seria expandido. De acordo com dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), a venda desses produtos alheios à saúde e beleza corresponde a 30% do faturamento total dos estabelecimentos que os vendem. “Tenho dito para o CFF, como por lá um farmacêutico ganha US$ 10 mil

e aqui ganha US$ 1 mil? Se você tiver uma loja que vende mais produtos com melhor margem, você não teria condição de pagar melhores salários?”, questiona o presidente da Abrafarma, Sergio Mena Barreto. A questão é vista por outro ângulo pelo presidente do Conselho Científico do Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ) e ex-diretor da Anvisa, Dirceu Raposo de Mello; a explicação é simples. “Vender uma mercadoria qualquer um pode vender. O medicamento foi transformado em commodities, não tem valor nenhum. Quem baixa mais o preço, acha que está tendo a melhor vantagem, mas este é o caminho para o fracasso. É preciso agregar valor àquilo que se vende para que as pessoas estejam dispostas a pagar mais”, analisa. Quando se fala de varejo farmacêutico, é justamente a prestação de serviços técnicos farmacêuticos que serão capazes de trazer um diferencial competitivo e rentável. Para as entidades de varejo, um maior lucro não significa prejuízo à prestação de serviços de saúde. “Ninguém quer tirar essa função da farmácia. Sabemos que, nos Estados Unidos, as grandes redes têm uma área restrita de saúde, mas vendem de tudo”, destaca o presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini. “Ao contrário, eu acho que se a farmácia tivesse chance de ter uma rentabilidade maior, poderia se dedicar melhor à dispensação.” Ao executivo, a solução para a falta de respeito à receita médica, ainda observada em muitos locais do País, deve passar pela regulamentação da prática. “Precisamos determinar quais produtos precisam, efetivamente, da tarja vermelha. E àqueles em que é necessário, devem ter uma

comercialização vinculada à prescrição médica, em nome da segurança do paciente. Outra questão é que os prazos de validade de uma receita de medicamento contínuo também poderiam ser muito maiores”. O Dr. Pedro Menegasso, presidente do CRF-SP, no entanto, afirma que essa comparação não é pertinente, devido às inúmeras diferenças entre as farmácias brasileiras e americanas. “A relação do paciente com a farmácia foi construída numa base diferente da do Brasil. Pelo rigor criado para a aquisição do medicamento, o cliente/paciente tem a clara percepção de que não está adquirindo um produto qualquer. Sabe que é um item de grande risco e que deve ser usado de forma correta. Isso não acontece por aqui.” Quanto à perda de rentabilidade, o órgão acredita que é possível atrelar o cumprimento do papel social da farmácia com a viabilidade econômica do estabelecimento, sem precisar fazer uso de produtos de conveniência que não estão previstos na legislação. “O que nos parece é que algumas empresas não conseguem compreender qual é o seu negócio, qual é sua estratégia, qual é o seu público-alvo”, ressalta, citando um exemplo: “O que um paciente diabético precisa para possuir qualidade de vida? Qual é o conjunto de produtos e serviços que uma empresa pode ofertar quando ele a procura? Além dos medicamentos, será que não é muito mais interessante, tanto do ponto de vista social quanto do comercial, que essa empresa farmacêutica se empenhe em fornecer-lhe acompanhamento farmacoterapêutico, alimentos especiais, palmilha adequada? Ao invés disso, algumas empresas insistem em um mix de produtos que nada tem a ver com seu negócio e papel social.” 2015 Anuário Farmacêutico 29

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DISTRIBUIÇÃO E LOGÍSTICA

Inseridas no movimento do setor Segmento acompanha crescimento da indústria e do varejo farmacêutico, devendo encerrar 2014 com alta de até dois dígitos. Gargalos logísticos ainda preocupam Por Marcelo de Valécio

E

m contraste com outros segmentos produtivos, a indústria farmacêutica manteve, em 2014, a média de crescimento de dois dígitos registrado nos cinco últimos anos. De acordo com a consultoria especializada em mercado farmacêutico IMS Health, a

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indústria cresceu 14%, fechando com faturamento de R$ 64,4 bilhões, com mais de 3 bilhões de embalagens vendidas (dados até outubro de 2014). Assim como a indústria, o varejo teve bom ritmo de negócios. As redes ligadas à Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) esperavam encerrar 2014 com cresci-

mento em torno de 14%. Considerando os 12 meses compreendidos de outubro de 2013 a setembro de 2014, foram totalizados R$ 31,42 bilhões em vendas, um crescimento de 13,55%. Também as farmácias independentes, representadas pela Federação Brasileira das Redes Associativistas de Farmácias (Febrafar), projetaram Fotos/ilustração: shutterstock

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crescimento entre 13% e 15%. Para 2015, ambas as entidades preveem continuar com o mesmo nível de crescimento dos anos anteriores. O setor de distribuição de medicamentos e de produtos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPC) também prevê crescimento do mesmo patamar que indústria e varejo. Segundo levantamento preliminar da Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos (Abradilan), apenas no segundo trimestre de 2014, a alta nas vendas havia sido de 5,71% em relação ao mesmo período do ano anterior. No acumulado de janeiro a maio de 2014, o segmento ligado à entidade faturou cerca de R$ 3,9 bilhões, ou 16,77% superior ao mesmo período do ano anterior. A entidade é responsável pela distribuição de 19% das unidades de medicamentos vendidas e por 26% das unidades vendidas de genéricos no País, atingindo 86% das cidades brasileiras, com atendimento de 79% das 72.800 farmácias e drogarias. Para o diretor executivo da Associação Brasileira do Atacado Farmacêutico (Abafarma), Jorge Froes de Aguilar, o comportamento do setor deu-se dentro da normalidade. “O percentual de crescimento do segmento ficará entre 7,5% e 8%. A Copa do Mundo, até pelas características do evento, não ajudou, contribuiu, sim, para uma pequena desaceleração no período de sua realização. Já as eleições não tiveram influência. Esperava-se, contudo, que a evolução positiva chegasse próximo a 10%”, afirma o executivo. O setor de HPC esteve dentro das expectativas, com crescimento aproximado de 10% em

2014, de acordo com o diretor comercial da Servimed, Emerson Visnadi, lembrando que, na Copa do Mundo, as empresas reorganizaram as suas operações logísticas, antecipando pedidos e disponibilizando prazos diferenciados para compras, não gerando grandes gargalos. “Já o cenário político apresentou um impacto maior, pois houve a desaceleração do consumo e tivemos quedas significantes de demanda nos meses de setembro e outubro de 2014, o que representou para nós um índice próximo a 5% de perda de demanda”, argumenta. O diretor de relações institucionais da Ativa Logística, Davilson de Almeida, revela que “mesmo com todas as adversidades mercadológicas de 2014 (Copa do Mundo, eleições, oscilação da moeda), o setor de transporte e logística apresentou desenvolvimento crescente em relação a 2013”. Segundo a Profarma, os resultados referentes ao terceiro trimestre de 2014 sinalizam o resultado do ano. A receita bruta consolidada alcançou R$ 1 bilhão, montante 7,2% superior ao registrado no mesmo trimestre de 2013. O destaque positivo foi para o desempenho da divisão de distribuição farma, que obteve crescimento de 7,8% ante o terceiro trimestre de

Problemas logísticos O transporte representa cerca de

50

%

da operação

2013, reflexo do aumento de vendas em todos os segmentos.

Entrave real Mas apesar dos bons resultados, nem tudo vai bem para quem depende da logística de transporte no Brasil, como os distribuidores de medicamentos e HPC. Há vários entraves, sendo os principais associados à infraestrutura deficiente, o que dificulta o fluxo otimizado de veículos. O transporte é um componente muito importante nos custos logísticos, representando cerca de 50% da operação. “É uma realidade difícil de ser modificada. Os distribuidores têm investido muito capital e tecnologia para minimizar os custos, mas a precariedade na infraestrutura viária e de segurança é um entrave quase instransponível”, afirma Aguilar. De acordo com a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), o Brasil ocupa o último lugar no G20 em matéria de rodovias, quando se compara a malha pavimentada com a extensão terri-

62,1

%

das rodovias brasileiras apresentam estado geral regular, ruim ou péssimo, o que eleva os custos do transporte em cerca de

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DISTRIBUIÇÃO E LOGÍSTICA

Mesmo com todas as adversidades mercadológicas de 2014 (Copa do Mundo, eleições, oscilação da moeda), o setor de transporte e logística apresentou desenvolvimento crescente em relação a 2013 torial, população e frota de veículos. São quase 1,7 milhão de quilômetros de estradas, dos quais apenas 212 mil quilômetros (12,5%) pavimentados. “O tráfego de um caminhão em uma estrada não pavimentada custa 56% a mais em relação a uma rodovia pavimentada”, afirma o diretor técnico da NTC, Neuto Reis. Segundo a Pesquisa CNT Rodovias, 62,1% das rodovias brasileiras apresentam estado geral regular, ruim ou péssimo, o que eleva os custos do transporte em cerca de 26%. “Praticamente não houve avanços na logística, tanto que, de 2012 para 2014, o Brasil caiu cerca de 20 posições no ranking de desempenho logístico promovido pelo Banco Mundial”, salienta o vice-presidente da Associação Brasileira de Logística (Abralog), Edson Carillo. Estima-se déficit de cerca de R$ 200 bilhões em investimentos para infraestrutura logística. Em essência, segundo Carillo, seriam necessários quase R$ 1 trilhão para que o Brasil tivesse uma logística comparável aos países desenvolvidos, “o que efetiva-

mente o governo não tem condições de realizar”, sustenta. “Assim, permaneceremos com ônus de quase 4% do Produto Interno Bruto (PIB) desperdiçado, minando a competitividade das empresas brasileiras.”

Operação nacional O custo logístico brasileiro é muito alto e beira os 12% do PIB, de acordo com a NTC. Nos Estados Unidos, esse montante não passa de 7,5%. “Estima-se que o País economizaria R$ 80 bilhões por ano se o custo logístico baixasse ao nível americano”, destaca Reis. Além disso, no Brasil, cerca de 60% das cargas são transportadas por rodovias e não existe uma efetiva integração entre os meios de transporte. O modelo ideal, que vigora em países de grande extensão como o Brasil – Rússia, Estados Unidos, China e Canadá –, envolve maior participação das ferrovias e hidrovias e a integração entre os meios de transporte, a multimodalidade. “Infelizmente, estamos caminhando a passos muito lentos nessa direção. Muitas cargas agrícolas

ainda percorrem de caminhão mais de 2 mil quilômetros entre a lavoura e os portos. Isso tira a competitividade do setor agrícola, que consegue ser muito eficiente da porteira para dentro, mas não da porteira para fora”, diz o dirigente da NTC. Reis lembra, ainda, que as ferrovias em construção, como a Norte-Sul e a Transnordestina, estão demorando muito a sair do papel e aquelas que constam do Plano de Investimento em Logística (PIL) nem sequer foram licitadas, devido a divergências sobre o modelo de concessão a ser adotado. O PIL prevê 10 mil quilômetros de construção e investimento de R$ 93 bilhões. “Obras do Programa de Aceleração do Crescimento-1 (PAC-1) e do PAC-2 têm tido andamentos muito lentos, em virtude de falta de projetos, desapropriações, problemas ambientais e deficiências de gestão. As melhores notícias estão vindo do setor de concessões rodoviárias. O PIL para esse segmento prevê investimentos pela iniciativa privada de R$ 42 bilhões na duplicação e melhoria de 7.500 quilômetros de rodovias. Cinco

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licitações, envolvendo investimentos superiores a R$ 30 bilhões, foram realizadas em 2013”, revela Reis.

Alternativa possível Manter centros de distribuição em vários pontos do País é uma estratégia que as empresas têm investido para contornar os gargalos. A principal vantagem dessa estratégia é a melhoria do nível de serviço, mas com desvantagem no aumento dos custos logísticos totais. “Tem sido a saída para as empresas, principalmente as grandes distribuidoras com atuação nacional. É a alternativa possível para estar mais próximo das áreas a ser abastecidas. Mas a desvantagem principal é o alto volume de recur-

Resultados da Abradilan Até o 2º trimestre de 2014, a alta nas vendas havia sido de

5,71

%

em relação ao mesmo período do ano anterior

No acumulado de janeiro a maio de 2014, o faturamento foi cerca de R$ 3,9 bilhões, ou

16,77

%

superior ao mesmo período do ano anterior

sos imobilizados”, analisa Aguilar, da Abafarma. “Novas estruturas exigem alto investimento em tecnologia e logística, deve-se ser criterioso a respeito do potencial da área, desenvolvendo estudo conciso a respeito do share que se deve atingir para alcançar o ponto de equilíbrio o mais rápido possível”, adverte Visnadi, da Servimed, destacando que o distribuidor deve buscar antes qualidade em seus processos de compras, armazenamento, vendas e entrega. “A abrangência da cobertura precisa respeitar a capacidade de operação, pois há muitos distribuidores que promovem um crescimento territorial com propósito político, sem se atentar sobre a qualidade do atendimento. Uma região bem desenvolvida pode proporcionar um retorno muito maior do que um vasto território de resultados medianos”, conclui. Até mesmo devido à grande extensão territorial do País, a multiplicação de centros de distribuição pelo interior parece ser uma boa saída para resolver o problema logístico, pondera Reis. “Obviamente, quanto maior o número de centros de distribuição, maior o investimento necessário em estoques, o que acaba gerando custos logísticos adicionais.” A descentralização pode ser uma estratégia interessante, vai na mesma linha Carillo, da Abralog, mas as empresas devem saber que as despesas com armazenagem e elevação nos estoques serão uma consequência. “Se não bem estruturada, a estratégia pode incrementar as despesas logísticas”, diz o executivo, destacando que não há receita pronta, deve-se considerar a relação entre estoques e despesas com transporte. “Ferramentas de otimização de malha logística são necessárias para uma adequada resposta. No Brasil, ainda temos questões tributárias com grande impacto no modelo logístico. A logística representa cerca de 10% a 15% do faturamento de uma empresa e os impostos são ainda maiores”, completa.

Necessidade típica O mercado farmacêutico é muito pulverizado e exige rapidez. Na área de medicamentos, a entrega é praticamente diária. “Além disso, o modelo é difícil de ser modificado em virtude da pequena disponibilidade de capital de giro das farmácias menores, e o distribuidor supre isso com oferta de mix completo, prazo de pagamento e rapidez no abastecimento”, relata Aguilar. Já a distribuição de HPC não necessita da mesma frequência de entrega dos medicamentos. “Podemos estruturar processos logísticos mais qualitativos e com redução de custos, o que melhora a qualidade dos serviços oferecidos no suprimento dessa categoria. A entrega de HPC pode ser efetuada em 48 horas e as equipes de vendas devem ser treinadas para observar o autosserviço e oferecer aos clientes oportunidades de compras vinculadas a campanhas de mídia e tendências de consumo”, sugere Visnadi. Nessa área, algumas empresas têm apostado ainda na venda direta, com centro de distribuição e frota própria. “Evidente que uma estrutura própria tende a atender os clientes dentro de uma análise ponderada. Contudo, o atendimento do canal direto pode aumentar as diferenças competitivas e desequilibrar a composição de demanda no varejo, resultando na aceleração da concentração de mercado e, por consequência, de maior acirramento das negociações”, afirma Visnadi. “Não acredito na expansão da indústria no sentido de manter uma estrutura própria de logística, pois há muitos riscos e custos decorrentes desta operação. Ainda há boas oportunidades de constituição de distribuidores semiexclusivos em regiões específicas. Grandes indústrias do setor buscam edificar essa relação, dispondo de condições diferenciadas, apoio promocional e de merchandising. O distribuidor deve se desenvolver para assumir tais atividades, assim a indústria se sentira bem representada, estabilizando o painel de clientes diretos.” 2015 Anuário Farmacêutico 33

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HIGIENE E BELEZA

O consumidor e suas escolhas

Diante de um cenário de retração econômica, o brasileiro cria artimanhas para continuar a comprar os itens a que teve acesso recentemente com a ascensão da classe C Por Flávia Corbó

É

difícil encontrar um empresário que tenha encerrado o ano de 2014 satisfeito. Movimentações atípicas no País, como Copa do Mundo e eleições presidenciais, acabaram abalando as estruturas da economia em geral. Mesmo o evento esportivo, anunciado como enorme fonte de renda para os empreendedores brasileiros,

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não se mostrou tão benéfico assim. Com os feriados em dias de jogos e mudança na rotina, a movimentação de boa parte do comércio ficou aquém da esperada. Outro fator que impactou diretamente o varejo no ano passado foi o endividamento da população. Devido a ações de incentivo ao consumo feitas pelo governo, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o pro-

grama Minha Casa, Minha Vida, o brasileiro adquiriu dívidas de valor alto e de longo prazo. “Essas medidas econômicas trouxeram grande ganho para a população, mas tratam-se de dívidas longas. O bolso do consumidor vai se manter restrito por um bom tempo. A inflação, o consumidor vai perceber mesmo quando chegar num patamar mais avançado, mas o endividamento restringe a compra no Fotos: March Marcho/shutterstock

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Como a expectativa é de que a inflação permaneça alta e o endividamento da população é longo, 2015 será mais um ano em que o consumidor irá buscar saídas para continuar a comprar os artigos de higiene e beleza com que está familiarizado

dia a dia”, analisa o coordenador de atendimento ao varejo da Nielsen, Carlos Gouveia. Esses fatores refletiram no desempenho do setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPC), mas com um impacto bem menor do que o registrado em outros setores da economia. A explicação para tal fenômeno é simples e observada desde as primeiras grandes crises econômicas, como o crash da bolsa de valores de Nova York, em 1929: em momentos críticos, o consumidor aumenta o consumo de certos produtos, principalmente os ligados a cuidados pessoais, como forma de indulgência. “Em um cenário de retenção econômica, como no último ano, e como

aconteceu também em 2009, o consumidor tende a reter os gastos em algumas categorias, principalmente de produtos de maior valor agregado, como automóveis, saídas para lazer, alimentação fora de casa, e acaba se recompensando, especialmente a mulher, com a beleza. Por isso, observamos crescimento em algumas categorias, como esmalte, xampu, condicionadores”, detalha Gouveia. Os números provam essa tendência. Apesar da inflação oficial no Brasil ter fechado 2014 em 6,41%, muito próximo ao limite máximo da meta do governo, o varejo farmacêutico apresentou crescimento nominal de 9,6% e real, descontando a inflação do período, de 3,2%. “Se compararmos a outros gastos do consumidor, é um desempenho bastante expressivo. Só o fato de crescer acima da inflação já é algo muito positivo para qualquer setor”, analisa Gouveia. De acordo com o coordenador, esse resultado foi possível porque estudos da Nielsen comprovam que a cesta de produtos de higiene e beleza é a última em que o consumidor corta gastos quando a situação financeira vai mal. “Ele prefere cortar primeiro os supérfluos e até mesmo diminuir gastos com alimentação.”

Resultado por canal O bom desempenho da cesta de produtos de HPC foi o grande responsável pelos bons números apresentados pelo varejo farmacêutico.

Entre todos os canais de venda de artigos de higiene e beleza, foram as farmácias e drogarias que apresentaram melhor resultado. A farmácia em cadeia é o que cresce mais entre os canais de compra, com 16% de evolução entre 2013 e 2014. Em seguida, aparecem supermercados pequenos com 11,9% e, logo após, farmácias independentes (9%). Perfumaria também apresenta um crescimento expressivo (5%), mas tem uma penetração bem menor do que as farmácias. “O bom desempenho está mais ligado a aspectos técnicos. O consumidor busca uma perfumaria atrás de consultoria, manuseio, uso, experiência, demonstração. As farmácias têm certo apelo técnico, mas mais na área de saúde. Falta uma venda mais consultiva”, alerta Gouveia. A análise dos números sugere que o consumidor tem dado preferência por comprar itens de higiene e beleza em canais menores. De acordo com a Nielsen, essa tendência é notada não somente para a compra de produtos dessa cesta, mas devido ao desempenho do próprio canal. Pontos de venda menores crescem justamente por causa da conveniência e também pela própria estratégia de expansão das grandes cadeias, que têm investimento em formatos menores, a exemplo dos minimercados de bandeiras de hipermercados. Outra vantagem que as farmácias têm em relação ao canal alimentar é 2015 Anuário Farmacêutico 35

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HIGIENE E BELEZA

o sortimento. Enquanto nelas o consumidor consegue encontrar produtos mais específicos e de maior valor agregado, os supermercados costumam oferecer apenas os produtos de uso diário, com apelo mais massivo. Na análise feita pela Nielsen, entre janeiro e agosto de 2013, em comparação ao mesmo período de 2014, também é possível observar que a farmácia de cadeia cresce bem acima das independentes. “Boa parte disso é por conta da expansão agressiva, pois as redes têm uma facilidade maior para investir na abertura de novas lojas. Além disso, as cadeias vêm se fortalecendo bastante com a entrada de players internacionais no Brasil, como é o caso da CVS Caremak, que adquiriu parte da Onofre, e com outros players mostrando interesse no País.” Em importância de venda, em 2013, as farmácias independentes representavam 17,7%, índice que se manteve em 2014, enquanto as de cadeia cresceram de 16,4% para 17,3%. Mas apesar de todo o crescimento das redes, a farmácia independente continua com maior presença em número de lojas, impulsionada principalmente pela conveniência, um dos fatores que mais impulsiona o varejo como um todo. “O consumidor ainda busca essa facilidade. O que acontece é que as lojas de cadeia conseguem concentrar mais os esforços nos segmentos de higiene e beleza, pois normalmente têm um espaço físico maior na loja e acabam tendo maior rentabilidade.”

Destaques do ano Seja nas grandes redes de farmácias, seja nas independentes, com o consumidor com bolso mais apertado, as categorias que tiveram melhor desempenho entre janeiro e agosto de 2014 são aquelas que exigem uma dispensação menor de valor, que são

essenciais ou que estão ligadas a alguma sazonalidade. Considerando as vendas em valor, as categorias que apresentaram melhor desempenho foram fraldas, com crescimento de 17,9%; desodorantes, com 8%; e bronzeadores, com 19,2%; seguidos por tintura de cabelos (0,1%) e pós-xampu (-1,3%), que apesar de não terem apresentado expansão, ainda são uma importante fatia de rentabilidade nas farmácias e drogarias brasileiras. A importância das cinco principais categorias representam quase 50% de vendas das farmácias (47,5%). De acordo com Gouveia, a excelente performance da categoria de bronzeadores pode ser explicada pe-

la intensidade do verão de 2014, que foi mais quente que o dos anos anteriores. “Foi uma categoria impulsionada por questões climáticas. Mas estamos falando da linha mais massiva e não dos dermocosméticos, que não sofrem tanta variação. O massivo é quem puxa o crescimento.” As fraldas também foram capazes de impulsionar a venda de outras categorias. Apesar de ainda não muito representativos em valor de venda, os cremes de assaduras e lenços umedecidos apresentam expansão robusta entre janeiro e agosto de 2014, em comparação a 2013, na casa dos 15%. Do outro lado, pós-xampu caiu cerca de 8%, pior desempenho entre todas as categorias avaliadas.

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Tendências renovadas Como a expectativa é de que a inflação permaneça alta e o endividamento da população é longo, 2015 será mais um ano em que o consumidor irá buscar saídas para continuar a comprar os artigos de higiene e beleza com que está familiarizado. No passado, a Nielsen identificou que o brasileiro passou a se interessar por embalagens maiores para ter algum tipo de vantagem econômica no volume. A tendência deve permanecer neste ano, mas segue também a direção oposta. Ou seja, para garantir o consumo de determinada marca, o consumidor começa a voltar os olhos para embalagens menores. “O consumidor precisa de um benefício financeiro para continuar a adquirir determinadas marcas e produtos, mas agora ele também passa a buscar embalagens menores quando não tem o aporte necessário para adquirir a econômica”, indica Gouveia, baseado em estudos realizados pela Nielsen no primeiro semestre de 2014. Esse tipo de embalagem é mais comum em cremes e outros produtos de maior valor agregado. “Também é observado em alimentação. É uma tendência de consumo da população. Ao invés de comprar uma embalagem de 500 mL, compra uma de 250 mL e consegue manter o uso daquele produto. Diminui a frequência, mas mantém o consumo.” Com essas artimanhas, a cesta de higiene e beleza deve novamente ser a menos impactada, em um cenário de retenção econômica, como é esperado para 2015. Apenas em último caso, se a situação se agravar, o consumidor vai trocar de marca ou comprar um produto mais barato. Para garantir que isso ocorra, o varejista deve estar atento à precificação dos produtos, a fim de que ele tenha o preço correto no ponto de venda: competitivo, mas ao mesmo tempo, que garanta margem no negócio.

TOP DE VENDAS Percentual de crescimento das cinco principais categorias nas farmácias: TINTURA E REJUVENESCIMENTO DE CABELOS

DESODORANTES

0,1% 8%

FRALDAS

BRONZEADORES

PÓS-XAMPU

19,2%

-1,3%

17,9%

A execução dentro do ponto de venda também é um item essencial, ainda mais com o crescimento do e-commerce. A loja deve estar bem ambientada, com gôndolas abastecidas, principalmente com lançamentos da indústria, sempre cobiçados pelos consumidores. Também é preciso estar atento às maneiras de atender às necessidades de todas as classes econômicas. “Hoje, todas as classes contribuem para o crescimento na mesma intensidade. A classe AB cresceu o nível de consumo, enquanto a C desacelerou, até porque é mais impactada pela inflação. D e E também cresceram, mas não há uma classe que predomine”, afirma Gouveia.

Quanto à maneira como o varejista deve se comunicar com o consumidor, a Nielsen acredita que o brasileiro ainda prefere meios tradicionais, mas é preciso começar a se preparar para as mídias on-line. “Tem de ir se preparando para essa tendência que, em pouco tempo, já vai estar bem mais fixada na cabeça do consumidor. Hoje, na realidade, ainda predomina o tabloide, que é a principal referência do shopper. Para higiene e beleza, também contam muito a recomendação de amigos e a experiência de compra. Mas todas as novidades dos meios de comunicação já devem estar no radar mesmo do pequeno varejista.” 2015 Anuário Farmacêutico 37

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RETROSPECTIVA

Fatos que marcaram 2014

Acompanhe, a seguir, os principais acontecimentos do ano. Resultados, aprovações, leis e diretrizes do setor Por Flávia Corbó

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imagens/fotos: shutterstock/agência Brasil/fábia mercadante

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Varejo ganha novos índices de monitoramento

Arthur Chioro assume como Ministro da Saúde após saída de Alexandre Padilha Alexandre Padilha deixou o cargo de Ministro da Saúde em janeiro de 2014 para disputar o cargo de governador do Estado de São Paulo como candidato pelo Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições de outubro último. O escolhido para ocupar o cargo foi o paulistano Arthur Chioro, médico e pesquisador especializado em saúde coletiva. A opção da presidente Dilma Rousseff por Chioro foi publicamente conhecida no dia 21 de janeiro de 2014, quando ele teve uma reunião com ela e almoçou depois com o então ministro, Alexandre Padilha. Na ocasião, Padilha se disse “feliz” com a escolha. “É um nome muito bem recebido no Ministério da Saúde porque é uma pessoa da casa, com quem a gente convive há muito tempo”, afirmou. O ex-ministro não venceu as eleições. Geraldo Alckmin foi reeleito pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).

A Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), em parceira com a Virtual Gate, lançou dois novos indicadores para monitorar o desempenho do varejo brasileiro. O Índice de Consumidores do Varejo Mensal (ICV 30) e o Índice de Consumidores do Varejo Sazonal (ICV SAZ) foram criados para medir o fluxo de clientes e retratar o comportamento do comércio das lojas físicas em datas comerciais, assim como durante todo o ano. A criação do ICV tem como principal objetivo antever o que a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mensura, ou seja, o comportamento do comércio nos meses anteriores. A diferença é que o PMC divulga a análise com um “gap” de 50 dias, enquanto as entidades se propõe a fazer imediatamente após o término do mês.

Indústria nacional supera estrangeiras Um estudo realizado pelo IMS Health mostra que o mercado de medicamentos brasileiro está em transformação. Pela primeira vez, o faturamento da indústria farmacêutica nacional ultrapassou o das multinacionais no primeiro semestre de 2014. Dados apontam que, dos R$ 30,9 bilhões faturados pelo segmento nesse período, a indústria nacional teve uma participação de 51%.

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RETROSPECTIVA Setor farmacêutico se une contra impostos O abaixo-assinado da campanha “Sem imposto, tem remédio”, uma parceria da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) e da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), foi entregue ao Congresso Nacional no dia 12 de fevereiro de 2014. Com o slogan A sua assinatura pode baixar o preço dos remédios, a ação teve início em outubro de 2013 e coletou 2,7 milhões de assinaturas em cadernos que ficaram disponíveis em 6 mil farmácias de todo o País, e mais 22 mil no abaixo-assinado digital no Avaaz, site de petição eletrônica. O documento foi registrado em cartório.

Governo autoriza reajustes de até 5,68% nos medicamentos O governo federal autorizou reajustes que vão de 1,02% a 5,68% nos valores de medicamentos com preço controlado vendidos em todo o Brasil. Desde o dia de 31 de março de 2014, as farmacêuticas e distribuidoras adotaram os novos preços, válidos para um universo de mais de 9 mil medicamentos. O reajuste mais alto, de 5,68%, foi dos medicamentos da classe em que a participação de genéricos no faturamento é igual ou superior a 20%. Na segunda categoria, de classes com participação de genéricos entre 15% e 20%, o aumento foi de 3,35%. Por último, com 43% dos produtos vendidos, está a classe com participação de genéricos em faturamento abaixo de 15%, que sofreu reajuste de 1,02%.

Plataforma de rastreamento de medicamentos é apresentada ao mercado No dia 8 de outubro de 2014, a Libbs Farmacêutica realizou um evento para apresentar a primeira plataforma de rastreamento de medicamentos do País, instalada na fábrica do laboratório em Embu das Artes, na Grande São Paulo. Os presentes puderam acompanhar o processo de impressão do código bidimensional em uma embalagem de medicamento. E, para demonstrar a rastreabilidade de ponta a ponta, também foi exibida, por meio de um link ao vivo, a leitura do código do produto que é feita a quase 1.200 quilômetros de distância, em uma drogaria de Brasília (DF). Até dezembro de 2015, todos os laboratórios farmacêuticos deverão colocar no mercado pelo menos três lotes rastreáveis. E, até o fim de 2016, todo o mercado farmacêutico deverá ter os mecanismos de rastreamento.

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Farmácias tornam-se estabelecimentos de saúde A Lei 13.021/14 entrou em vigor em 30 de setembro de 2014, determinando que as farmácias são estabelecimentos de saúde, que devem prestar serviços de atendimento ao consumidor, como aplicação de soro e vacinas, além de contar com auxílio de farmacêutico durante todo o expediente. Quanto aos profissionais farmacêuticos, a lei determina que eles notifiquem profissionais de saúde, órgãos sanitários e laboratórios industriais sobre possíveis efeitos colaterais, reações adversas, intoxicações e dependência de medicamentos relatados pelos clientes.

MP da Farmácia perde o prazo para ser aprovada Devido ao período eleitoral e a outras matérias consideradas prioritárias a Medida Provisória (MP) 653/2014 perdeu a vigência no dia 8 de dezembro de 2014, sem sequer ter parecer da comissão mista criada para examiná-la. A comissão mista responsável pelo exame da MP reuniuse várias vezes desde agosto último, mas não conseguiu votar o parecer do deputado Manoel Junior (PMDB-PB) por falta de consenso e por causa de adiamentos para o funcionamento da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Público e Fiscalização (CMO), em novembro de 2014. A MP muda a recente Lei das Farmácias (Lei 13.021/14) para permitir a substituição do farmacêutico por outros profissionais da área nos estabelecimentos classificados como micro ou pequenas empresas. Na avaliação do governo, a nova norma não elimina a possibilidade de substituição prevista na lei sobre controle sanitário de medicamentos e insumos farmacêuticos (Lei 5.991/73). A lei mais antiga permite ao órgão sanitário de fiscalização local licenciar os estabelecimentos em razão do interesse público.

Anvisa publica novas regras a respeito dos medicamentos similares No dia 13 de outubro de 2014, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou, no Diário Oficial da União, os requisitos necessários para que um medicamento similar possa substituir o de referência ou de marca. Pela nova regra, os similares, que já tenham comprovado equivalência farmacêutica com o medicamento de referência da categoria, poderão declarar na bula que são substitutos dos medicamentos de marca. Diante das críticas do setor, a Agência voltou atrás e, em vez de uma embalagem própria, exibindo letras EQ e preços mais baixos, como havia sido proposto na versão inicial, os medicamentos similares devem manter a embalagem original. Também não haverá alteração de preços. Quando a proposta foi lançada, em janeiro de 2014, a ideia era de que equivalentes custassem 35% a menos do que os medicamentos de referência.

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RETROSPECTIVA

Justiça mantém venda de artigos de conveniência em farmácias de alguns estados

Emagrecedores geram conflito entre Anvisa e Congresso Em setembro de 2014, o Congresso Nacional decidiu suspender a proibição da venda de emagrecedores no Brasil, com o argumento de que a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) extrapolou sua competência legal ao tomar tal decisão. Em resposta à medida do Congresso, a Agência decretou resolução determinando que, para voltar a ser comercializados, os emagrecedores contendo mazindol, femproporex e anfepramona deverão ser registrados novamente pelos fabricantes na Agência reguladora. Com essa exigência, a Anvisa fará nova avaliação dos medicamentos, levando em conta a comprovação de eficácia e segurança dos produtos.

O Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou ações da Procuradoria-Geral da República (PGR) que tentavam impedir a comercialização de artigos de conveniência em farmácias e drogarias nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Roraima. O órgão da Justiça entendeu que a venda de conveniência não é um incentivo à automedicação e não dispõe sobre saúde, mas sobre o comércio local. O impasse em relação à venda dos produtos começou em 2009, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou a RDC 44/09, que vedava a comercialização de itens alheios à saúde, como comidas e bebidas, em farmácias e drogarias.

Déficit do setor farmacêutico deve atingir US$ 6 bilhões O desempenho negativo da balança comercial de produtos farmacêuticos deverá superar a marca de US$ 6 bilhões (aproximadamente R$ 14 bilhões) em 2014. O déficit cresceu de forma progressiva na última década e praticamente dobrou em um intervalo de cinco anos, segundo estudo da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). Só em 2013, as importações da área avançaram 8,5%, enquanto as vendas para o exterior evoluíram apenas 2%.

Abrafarma promove 1º congresso de varejo nacional Mais de mil representantes do mercado farmacêutico nacional participaram do Abrafarma Future Trends, fórum promovido pela Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) no mês de outubro de 2014, em São Paulo. O evento nasceu como uma oportunidade de networking e novos negócios entre a indústria farmacêutica e as 29 maiores redes do varejo farmacêutico nacional, que respondem por mais de 50% das vendas no setor.

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Patrocinadores Indústrias

L

aboratórios anunciam investimentos e suas estratégias para manter o ritmo de crescimento em 2015. Setor aposta em pesquisa e amplia a infraestrutura. Conheça os detalhes do planejamento das principais empresas no canal farmacêutico, patrocinadoras deste Anuário 2015.

Uma empresa do Grupo NC

As matérias a seguir são publieditoriais. Ilustrações/Fotos: Shutterstock/divulgação

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INDÚSTRIA

Uma empresa do Grupo NC

Foco bem definido

A área de Pesquisa & Desenvolvimento da EMS possui quatro pilares: inovação incremental, inovação radical, genéricos de alta complexidade e medicamentos biológicos Por Egle Leonardi

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ma empresa do Grupo NC, a EMS é o maior laboratório farmacêutico brasileiro, líder de mercado tanto em unidades comercializadas, quanto em faturamento, e segunda no ranking de maiores farmacêuticas da América Latina

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(IMS Health). A empresa possui mais de 6 mil colaboradores e tem sede em Hortolândia (SP) e em São Bernardo do Campo (SP). Desde agosto de 2014, passou a contar também com a Novamed, localizada em Manaus (AM) e considerada uma das cinco maiores e mais modernas fábricas de medicamentos sólidos do mun-

do. Em 2015, deverá ser inaugurada mais uma unidade da empresa, dessa vez em Brasília (DF), sem considerar ainda a unidade de Jaguariúna (SP). Em 2013, o faturamento da EMS e demais empresas farmacêuticas do Grupo NC foi de R$ 7,2 bilhões. No mesmo ano, a companhia cresceu 20% em faturamento em reFoto: divulgação

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lação a 2012 (12,4% de market share), superando o crescimento do mercado, que evoluiu cerca de 17%. Para 2014, a previsão é continuar com números na casa dos dois dígitos e superiores aos do mercado. “As inovações da EMS, com certeza, têm sido fator importante para a construção dos resultados também em 2014. Os medicamentos frutos de inovação incremental se somam ao extenso portfólio do laboratório, que possui mais de 2,6 mil apresentações de produtos, às mais de 80 patentes concedidas pelo mundo e aos vários pedidos de patente depositados no Brasil”, comenta o vice-presidente Institucional da EMS, Marcus Sanchez. Ele acrescenta que o movimento que está sendo realizado internamente tem o objetivo de agregar ao portfólio medicamentos exclusivos, com grande potencial. Com isso, ele conta com a presença de mercado ainda mais forte e ampla. No segmento de prescrição médica, a companhia tem levado cada vez mais a médicos e pacientes medicamentos diferenciados no mercado, frutos de inovação incremental. Exemplos desses produtos resultantes de novas associações e incorporação de tecnologias exclusivas já disponíveis no mercado brasileiro são o Patz SL (lançado em 2012), que com sua forma farmacêutica sublingual permite a indução mais rápida do sono com a metade da dose da versão oral, e o Toragesic (2003), um Anti-Inflamatório Não Esteroide (AINE) com potente ação analgésica.

Atuação segmentada O Toragesic, por sua formulação exclusiva, é patenteado na Europa, Estados Unidos e Brasil, além de Argentina, México, Rússia e Ucrânia. Também com tecnolo-

gia exclusiva da EMS, foram lançados, em 2014, o Esogastro IBP – que representa uma evolução no tratamento do H. pylori, infecção bacteriana que acomete o aparelho digestivo e atinge mais de 60% da população brasileira –, e Neutrofer Prev e Neutrofer Poli – polivitamínicos infantis. No segmento de genéricos, por exemplo, em que a EMS tem um histórico de pioneirismo e é líder isoladamente desde junho de 2013, a postura e os desafios são de novos desenvolvimentos. A empresa está voltada para o lançamento de genéricos de alto valor agregado e alta complexidade, de difícil desenvolvimento e produção. “Estamos, portanto, falando de inovação inclusive em um segmento que inauguramos no Brasil, em que baseamos nosso crescimento e nos consagramos nos últimos 14 anos e no qual temos total expertise”, ressalta o executivo. Outro grande destaque é a inovação radical que a empresa está também perseguindo. Com a Brace Pharma, a EMS passou a ser a primeira empresa brasileira a apostar no mercado de inovação radical nos Estados Unidos, país que contribui com mais de 70% do desenvolvimento de medicamentos inovadores no mundo. Destaque para o fluxo de informações entre os integrantes do Centro de P&D da EMS e universidades e cientistas americanos, o que tem sido facilitado pela presença da Brace no mercado norte-americano. Cabe citar que a EMS também investe em medicamentos biológicos, considerados o futuro da indústria farmacêutica, por meio da joint venture Bionovis, da qual é uma das farmacêuticas acionistas.

Destaque ainda para duas parcerias estratégicas com laboratórios internacionais firmadas pela EMS em 2014: a primeira, realizada com a BioAlliance Pharma SA, laboratório francês, prevê os direitos de comercialização no Brasil do Sitavig®, voltado ao tratamento de herpes labial recorrente. Trata-se do primeiro licenciamento do medicamento para a América Latina. A segunda parceria foi concretizada com a Iroko Pharmaceuticals, companhia farmacêutica global dedicada ao avanço da ciência relacionada à analgesia, para a comercialização exclusiva de ZORVOLEX™ cápsulas (diclofenaco) no Brasil, por meio de sua afiliada, a Iroko Pharmaceuticals Inc. Ambos os produtos possuem a chancela de já terem sido testados e aprovados em mercados com rígidas legislações sanitárias, caso dos Estados Unidos, por exemplo, e devem ser protocolados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pela EMS em 2015. O objetivo dessas parcerias é trazer medicamentos inovadores inéditos ao mercado nacional, ampliando a atuação da EMS nesse segmento de inovação farmacêutica e garantindo novas opções de tratamento à população, para manter a EMS como líder e com diferencial e competitividade no mercado. A empresa tem como meta fechar por ano ao menos cinco parcerias de mesmo tipo com laboratórios internacionais nos próximos três anos.

EMS SAC: 0800 191914 Site: www.ems.com.br

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INDÚSTRIA

Diversificando para crescer

Atuando nos segmentos de medicamentos, suplementos alimentares e cosméticos, a empresa atende a mais de 40 mil pontos de venda Por Egle Leonardi

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Grupo Cimed é uma empresa 100% nacional. Com 37 anos de mercado, possui mais de 2.400 funcionários em 23 centros de distribuição, que atendem a mais de 40 mil pontos de venda em todo o Brasil. Seu port-

fólio apresenta mais de 800 itens nos segmentos de medicamentos, suplementos alimentares e cosméticos. Dez empresas compõem o Grupo: Cimed Farmacêutica, Neckerman, Tec Color/Nouvelle, rede de salões Comece pela Cor, distribuidoras Predileta, Instituto Claudia Marques de Pesquisa e Desenvolvimento

(ICM P&D), Nutracom, a escuderia da StockCar, Voxx Racing Team, Indústria de Embalagens Claudia Marques e Associação Educacional Claudia Marques. “O Grupo iniciou suas atividades no mercado de saúde e se expandiu para outros mercados ligados à beleza, higiene pessoal e ao Foto: divulgação

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bem-estar. Sua missão é proporcionar saúde e qualidade de vida para toda a sociedade”, disse o gerente executivo de marketing, Peter Lay. Dentro de seu foco de atuação, o Grupo Cimed possui linhas de produtos para os mercados de medicamentos (farma, genéricos, Medicamentos Isentos de Prescrição (MIP) e Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPC), nutrição (vitaminas e suplementos alimentares) e beleza & cosméticos. Com isso, a preço fábrica, a estimativa é de que o faturamento bruto do Grupo Cimed tenha ultrapassado R$ 2 bilhões em 2014. “Mesmo com as dificuldades provenientes de fatos ocorridos em 2014, foi um grande ano para o Grupo Cimed, já que novamente tivemos um crescimento de dois dígitos na venda líquida”, comemora Lay. O Grupo investiu R$ 35 milhões em construção e novos equipamentos, com a expansão da rede Comece pela Cor, a inauguração da nova fábrica da Nutracom e a construção do depósito central com 10 mil m² de área construída e espaço para 7 mil paletes, em São Sebastião da Bela Vista (MG). Isso unificará os estoques de todas as marcas para abastecer os centros de distribuição do Grupo. “Tivemos também lançamento de mais de 200 produtos em 2014, e esperamos consolidá-los ainda em 2015”, prevê o executivo. A meta de crescimento neste ano é de 22,5% e os investimentos previstos são: • Inauguração do depósito Central do Grupo, em São Sebastião da Bela Vista (MG), em junho de 2014, com R$ 20 milhões de investimento; • Abertura de 15 unidades do Comece pela Cor; • Transferência da fábrica da Tec Color de São João do Meriti (RJ)

para Pouso Alegre (MG), já integrado com o ERP SAP (Sistema Integrado de Gestão Empresarial) utilizado pela empresa; • Inauguração do Centro Técnico Nouvelle em Pouso Alegre (MG); • Trabalho a ser realizado com patentes e licenciamentos; • Entrada no mercado de Sistema Nervoso Central; • Criação de 300 vagas de emprego, enquanto se observa um movimento contrário da indústria; • Integração dos centros de distribuição com o sistema SAP; • Inauguração de mais centros de distribuição para melhor atendimento de estados do Norte e Nordeste; • Investimento de R$ 10 milhões na ampliação da fábrica Nutracom; • Investimento de R$ 60 milhões em uma nova fábrica de sólidos; • Projeção de 260 milhões de unidades produzidas; • Desenvolvimento de um portfólio de mil produtos com 182 lançamentos, em 2015, nas linhas do grupo.

Canal farma A Cimed é a empresa que está mais presente, diretamente, no ponto de venda por meio dos seus centros de distribuição. “Oferecemos uma gama enorme de produtos e uma margem de lucro atrativa para o canal, com preços acessíveis para o consumidor e sem abrir mão da qualidade de nossos produtos”, revela Lay. A empresa está presente diretamente nas grandes redes, mas principalmente nas farmácias independentes, totalizando 40 mil pontos de venda em toda extensão do território nacional. Para isso, as ações do Grupo Cimed para o canal farma estão voltadas ao atendimento das ne-

cessidades de portfólio do pequeno e grande varejo, fornecendo produtos a preços acessíveis e de qualidade para o consumidor e de margem atrativa para o canal. As principais ações de marketing ligadas aos produtos têm o objetivo de melhorar a disponibilidade, visibilidade e, quando aplicável, recomendação dos produtos. Também é importante a interação entre o vendedor Cimed e o farmacista no sentido de fornecer informações relevantes dos produtos, respectivos mercados e posicionando-os diante da concorrência. Segundo o gerente, outras ações também são realizadas no sentido de gerar visibilidade e, assim, aumentar o awareness (conhecimento) dos produtos por meio de outras ferramentas de comunicação, como mídias sociais, mídia de massa e mídia segmentada. O Grupo Cimed também investe em esporte. Como esporte é sinônimo de saúde, a empresa apoia diversas modalidades, como automobilismo, atletismo, futebol e lutas. Seu maior sucesso foi no voleibol profissional, sendo a única equipe campeã nacional em seu primeiro ano de vida com a Equipe Cimed/ Florianópolis que foi pentacampeã estadual, tetracampeã da Superliga Nacional e campeã sul-americana, formando atletas que são base da seleção brasileira. “Atualmente, a empresa está focada na Voxx Racing Team, equipe da StockCar, principal categoria do automobilismo brasileiro”, lembra Lay.

Grupo Cimed SAC: 0800 7044647 Site: www.grupocimed.com.br

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INDÚSTRIA

Conquistas da Natulab

A companhia está entre as dez maiores corporações farmacêuticas do País na venda de medicamentos populares

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Por Egle Leonardi Grupo Natulab fabri- dos os padrões de qualidade exigidos ca e desenvolve medi- pela Agência Nacional de Vigilância camentos, suplementos Sanitária (Anvisa). O Grupo Natulab alimentares, nutracêu- possui um faturamento crescente ano ticos, alimentos ente- a ano. Em 2012, foi de R$ 134,7 mirais e funcionais e su- lhões e, em 2013, de R$177 milhões. plementos para atle- A projeção para fechar 2014 era de tas, obedecendo a to- R$ 205 milhões.

Com cerca de mil colaboradores, a empresa funciona no município de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo baiano. Ela se consolidou como um dos maiores fabricantes de fitoterápicos do Brasil, prova disso é que tem o produto mais vendido na categoria fitos, o Seakalm. Com perFoto: divulgação

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fil inovador e com produtos diferenciados, a empresa destaca-se na fabricação de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs), suplementos alimentares e nutracêuticos. O Grupo Natulab conta com linhas de produção específicas para produtos líquidos (soluções orais e suspenções), sólidos (pó, cápsulas e comprimidos simples, revestidos e efervescentes), chás de diversos sabores e nutrição esportiva. Entre as especialidades, há a produção de polivitamínicos, expectorantes, suplementos minerais com cálcio, laxantes, antifúngicos, ansiolíticos, energéticos, vasoprotetores, analgésicos, antipiréticos e estimulantes de apetite. “No novo complexo industrial, teremos expansão das linhas de aerossóis, semissólidos, nutracêuticos, suplementos alimentares, suplementos para atletas, shakes e chás. Além destes, teremos a inclusão de linhas de dermocosméticos, cápsulas moles, nutrição enteral, gelly gum, barras de cereais e probióticos. Com essa estratégica de crescimento, iremos aumentar nossa capacidade produtiva, a oferta de novos produtos para a população e ampliar a oportunidade de vendas da companhia”, comenta o presidente do Grupo Natulab, Marconi Sampaio.

Projeção otimista A Natulab atualmente está entre as 10 maiores corporações farmacêuticas do País na venda de medicamentos populares, segundo o IMS Health, e entre as 25 maiores corporações farmacêuticas em unidades comercializadas. Em 2014, foram alcançadas várias conquistas, entre elas, a ampliação da empresa, com a inauguração da fábrica de

chás no site II, que tem 500 m² e está equipada com quatro máquinas de alta performance que produz em 100 mil unidades do produto por turno. Houve também o início de operação do novo Centro de Distribuição erguido numa área de 6 mil m² e que vai facilitar o escoamento dos produtos e agilizar as entregas. Entre outras conquistas, a Natulab lançou, em 2014, os seguintes produtos: Cardomarim, Nasojet Maris, Epaliv Flaconete, Unha Gold, Espinheira Santa, Flebliv, Alcachofra Natulab, Varivax (300 mg), L-enema, ViterC + Zinco, Chá Funchimammy, Chá Seacalme, Barras de Cereais, Nutrivit Shot e Wilds Kids e SeAgitte. “A projeção é de que, em 2015, tenhamos muitas novidades como, por exemplo, a ampliação das linhas de sólidos e de efervescentes, e o incremento da linha aerossol. Os dermocosméticos (como protetor solar) também serão lançados em 2015, assim como uma linha de cápsulas duras com foco nos fitoterápicos”, fala Sampaio. Ele diz ainda que investirá na linha de suplementos para atletas, pois as oportunidades são grandes nesse setor. Vale ressaltar que a Natulab tem diferencial de fabricar esses produtos com o mesmo critério de qualidade aplicado aos medicamentos. A empresa possui atualmente mais de 500 parceiros comerciais ativos, entre distribuidores e cadeias de drogarias. A política comercial flexível e a facilidade de acesso à equipe vendas tornaram-se marca registrada do grupo ao longo dos anos. A Natulab atua nos 26 estados da Federação mais o Distrito Federal, em parceria com os principais distribuidores do segmento. A empresa conta com

um time de venda de representantes que atua frente aos atacadistas, operadores logísticos e redes de drogarias. O grupo ainda conta em vários estados com uma equipe própria de promovendedores que atuam nos pontos de venda, na geração de demanda, venda, promoção e desenvolvendo ações de merchandising.

Um pouco da história A empresa surgiu há 14 anos, fruto do sonho dos irmãos Marconi Sampaio e Milton Júnior, apoiados pelo pai, Milton Sampaio, que os incentivou a ter coragem para empreender. Ao longo desses anos, empresários italianos e mais os executivos Roger Viana, Claudio Neves e Renata Pires, com capacidades e experiências complementares aos acionistas fundadores, foram convidados para o grupo. Com metas ambiciosas de crescimento, o Grupo Natulab se associou ao Fundo Pátria, o que resultou num casamento perfeito: ambos têm fortes características de empreendedorismo e um longo histórico de sucesso. O Fundo foi escolhido depois que a diretoria estudou profundamente o mercado e optou por se associar a um parceiro que colabora não apenas com recursos financeiros, mas também com pessoal qualificado em gestão para garantir o crescimento da empresa.

Grupo Natulab Fone: (75) 3311 5555 Site: www.natulab.com.br

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INDÚSTRIA

Uma nova era para o Herbarium

A empresa foi reestruturada por conta da separação da FQM. O resultado foi positivo e trouxe mais força e futuro para a companhia

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Por Egle Leonardi Herbarium é um labo- nha produtos de venda livre e tamratório farmacêutico es- bém de prescrição médica. pecializado em produEm 2014, o laboratório faturou tos para saúde e bem- R$ 110 milhões e ocupou a quinta -estar de origem na- posição no mercado de fitoterápicos. tural. É referência no De acordo com o presidente da emBrasil em fitoterápi- presa, Marcelo Geraldi, o ano passado cos e possui na sua li- foi caracterizado por diversas mudan-

ças para o Herbarium, consideradas positivas e necessárias para dar início a uma nova era na empresa. “Tudo teve início com o anúncio da cisão do grupo FQM em maio. Como as empresas tinham suas gestões compartilhadas, já era possível prever que teríamos muito trabalho à Foto: divulgação

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frente, mas também que muitas oportunidades apareceriam e que era a hora de se reinventar. E foi isso o que aconteceu”, comenta o executivo. Em julho de 2014, foi traçado um novo plano de negócios para o Herbarium. Durante esse período, foram feitos, desde a revisão dos pilares estratégicos voltados para os fundamentos e cultura do novo Herbarium, até o mapeamento e planejamento estratégico de todas as etapas, mudanças e metas para trazer cada vez mais força e futuro para a companhia. Em outubro do mesmo ano, foi iniciado um plano de reestruturação, visando a uma expansão robusta para o negócio em 2015. Foram realizadas 35 novas contratações, 12 movimentações internas, a criação de uma nova diretoria comercial e início da operação independente de administração de vendas. Atualmente, o Herbarium conta com 360 funcionários, sendo 220 internos, ou seja, que trabalham na planta fabril e no administrativo, e 140 externos. “A cultura herbariana, como costumamos chamar, já começou a ser colocada em prática e o clima organizacional não poderia estar melhor. Fechamos 2014 com brilho nos olhos e fome de conquistas”, relembra Geraldi. Ele diz que, em 2015, o Herbarium completa 30 anos. São três décadas de pioneirismo, parceria e inovação levando o que há de mais avançado em fitoterapia para a população brasileira. Para este ano, a empresa tem a meta ousada de crescer 40%, entrar em novos mercados e expandir o portfólio.

Produtos disponíveis O laboratório Herbarium tem sua linha dividida em cinco categorias: • Fitoterápicos Tradicionais: medicamentos elaborados com as mais conceituadas plantas medicinais da flora nacional e mundial. Todos os fitoterápicos tradicionais Herbarium

são elaborados a partir de derivados vegetais com concentração garantida de princípios ativos e elevado padrão de qualidade. São eles: alcachofra, cáscara-sagrada, castanha-da-índia, centella, espinheira-santa, garra-do-diabo, ginkgo, hiperico, kava kava, maracujá, sene e unha-de-gato. • Fitoterápicos Over the Counter (OTC): a linha de produtos OTC Herbarium é constituída de itens desenvolvidos e fundamentados em pesquisas sobre os hábitos e necessidades terapêuticas da população brasileira. É composta por produtos clássicos, como Xarope de Guaco, Arnica Gel, Guaco Edulito, Passiene e Óleo de Rosa Mosqueta, e produtos inovadores, como Alcatoss Xarope e Imuno-max, o primeiro fitoterápico desenvolvido no Brasil com origem em planta amazônica e já com duas patentes internacionais. • Suplementos Nutricionais: a linha de Suplementos Nutricionais Herbarium apresenta alimentos cuja praticidade pode ajudar a minimizar o impacto de hábitos alimentares insatisfatórios no organismo. Mesmo tendo um menor nível de exigência regulatória por parte da Agência de Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a linha de Suplementos Nutricionais Herbarium é trabalhada com as mesmas boas práticas de qualidade aplicáveis para os medicamentos. Desenvolvida com matérias-primas de fornecedores altamente qualificados, o principal benefício dessa linha é ajudar a nutrir e manter o organismo em equilíbrio. Alguns exemplos de produtos dessa linha: Óleo de Linhaça, Óleo de Peixe, Biocartamo, Licopene, Betabronze e Prímoris. • Fitomedicamentos: a linha de fitomedicamentos está direcionada à prescrição médica. O foco é inovação e excelente relação eficácia/segurança com comprovação científica. Desenvolvida com forte embasamento técnico, apresenta medicamentos e suplementos inovadores, tais como: Gamaline, atualmente o líder de prescrição

na síndrome da Tensão Pré-Menstrual (TPM) e a marca de fitoterápico mais prescrita na ginecologia; Androsten, o produto mais prescrito para infertilidade masculina e marca de fitoterápico mais prescrita na urologia; Omega Mater, produto pioneiro na suplementação gestacional com DHA. Entre os lançamentos mais recentes, estão o Probiovit, primeiro produto lançado combinando probióticos, vitaminas e minerais; e o Imunoflan, que é o único Pelargonium Sidoides em xarope no mercado e com posologia de duas vezes ao dia. Sobre essa linha, são feitos ao todo mais de 24 mil contatos médicos por mês, incluindo ginecologia, urologia, pediatria, clínica geral e otorrinolaringologia. • Linha Bioslim: a linha Bioslim oferece produtos especialmente desenvolvidos para auxiliar no controle do peso e no processo de reeducação alimentar. Além da preocupação estética, manter o peso saudável traz muitos benefícios à saúde. Bioslim é referência em programas de emagrecimento no Brasil. Essa linha é composta pelas quatro apresentações de Bioslim shake diet e pela Quitosana Bioslim 500 mg. “Cada linha tem sua importância para o negócio, mas todas são trabalhadas com a mesma qualidade, ética e responsabilidade, pensando em um bem maior: a saúde e o bem-estar do cliente”, diz o presidente. Segundo ele, o canal farma reconhece e respeita o Laboratório Herbarium como referência em fitoterapia no País. “Os nossos produtos estão presentes nos principais grupos de redes de farmácias e nas melhores farmácias independentes”, finaliza ele.

Herbarium SAC: 0800 7238383 Site: www.herbarium.com.br

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Patrocinadores Distribuidores

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istribuidores de medicamentos e produtos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPC) revelam inovações e expectativas para o novo ano. Conheça o planejamento e resultado de cada um deles.

As matérias a seguir são publieditoriais. 52 Anuário Farmacêutico 2015

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DISTRIBUIDOR

Atuação capixaba Irineu Baratela, presidente da distribuidora Baratela

A distribuidora Baratela está presente em todo o estado do Espírito Santo e seu foco é voltado para medicamentos, suplementos e perfumaria Por Egle Leonardi

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Baratela atua no Espírito Santo há mais de 20 anos. Começou em um espaço pequeno e alugado e, atualmente, ocupa 6 mil metros quadrados e tem números impressionantes: uma equipe com mais de 100 funcionários, 104 indústrias, 6.500 itens, 3 equipes de vendas. O sucesso da empresa sempre teve como coluna a simplicidade e determinação da equipe de colaboradores. Seu foco de atuação são os medicamentos, suplementos e perfumaria. O portfólio está composto por similares (40%), genéricos (30%), marcas (10%) e perfumaria (20%). Seus principais fornecedores são a Hypermarcas, Neo Química Genéricos, Multilab, Takeda, Geolab, Nova Química, Legrand, Germed, Oito Ervas, Naturei, Laercio Nunes, Sandoz e Kley Hertz. Essas empresas representam 80% do faturamento. “Nossa participação no mercado capixaba representa 95% das farmácias independentes. Atuamos em todo estado, em cada ponto de

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venda. Nosso foco é em genéricos e similares de marca, em que a representação vem crescendo a cada dia”, fala o presidente da distribuidora, Irineu Baratela. Ele diz que 2014 foi um ano atípico no Espírito Santo, pois houve um choque na Substituição Tributária (ST) que passou a ser cobrada no Preço Máximo de Venda ao Consumidor (PMC), e alguns produtos de maior giro chegaram a custar 50% mais barato do que a ST dele. “Essa prática gerou um grande conflito de interesses, dificultando cada vez mais o poder de compra do consumidor final, atrofiando a rentabilidade das farmácias. As grandes redes já representam 55% de nosso mercado”, comenta o presidente. Sua esperança para 2015 é de uma ST justa para o estado, gerando os mesmos direitos do grande empresário para o pequeno, que é o princípio da igualdade. “Nossa expectativa é de melhorias para os profissionais farmacêuticos e de atendentes mais preparados. As empresas pequenas têm por costume a reclamação, todavia, falta um movimento sólido em busca do diferente e da inova-

ção. Vivemos uma época sedenta nesse mercado, e quem quiser água vai ter de cavar o seu próprio manancial”, diz o diretor comercial, Jadelson Marvilla. A Baratela firmou uma parceria com o Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ) e está lançando, em primeira mão, o Curso de Pós-Graduação de Farmácia Clínica e Gestão Farmacêutica – pioneira em inovação com ações voltadas para o mercado na busca do fortalecimento de seu cliente. A Baratela está patrocinando 50% da bolsa para esses profissionais multiplicadores de opiniões, por entender que juntos serão mais fortes e terão um futuro próspero com os clientes. “A primeira turma está sendo um sucesso. O ICTQ, atuante no Brasil e no exterior, tem o orgulho de comprar mais um desafio junto aos profissionais de farmácia do Espírito Santo”, finaliza Marvilla.

Baratela SAC: 0800 2839655 Site: www.baratela.com.br 2015 Anuário Farmacêutico 53

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DISTRIBUIDOR

Foco e profissionalismo

Dedicação e inovação levam a empresa a ser uma das maiores distribuidoras do estado de São Paulo em medicamentos genéricos e similares

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Por Egle Leonardi distribuidora Dislab nicípios do estado. Possui 200 coatua no varejo farma- laboradores diretos e 102 represencêutico, basicamen- tantes comerciais. Sua sede fica em te no estado de São Ribeirão Preto (SP). A empresa tem foco na distribuiPaulo, atendendo a 9.102 farmácias em ção de medicamentos genéricos e 615 municípios, co- similares, muito importantes devibrindo 95% dos mu- do ao crescimento de linhas, me-

nores preços, maiores ofertas, mais rentabilidade e excelente qualidade dos produtos. Em 2014, a distribuidora iniciou um novo segmento, chamado Dislab Plus, estrutura dedicada e equipe focada na comercialização de acessórios, produtos ortopéFoto: divulgação

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dicos, correlatos, ou seja, itens para a saúde e bem-estar. “Outra inovação foi a Dislab Nutrition, focada em linhas de suplementação alimentar”, fala o diretor, Flavio Andrei. Seus principais fornecedores são a Neo Química Smart, União Química, Legrand Marcas, Teuto Genéricos, Sandoz, Teuto Similares, Medley Genéricos, Cimed, Neo Química Genéricos, Germed Genéricos. Estes parceiros representam 70% do faturamento da carteira. “Com muito trabalho e dedicação, em 2014, crescemos 41% em faturamento comparado ao ano de 2013. Celebramos então a conquista de atingir o objetivo que traçamos”, comemora o diretor. A empresa mudou para um depósito maior, com 5 mil metros quadrados, o que proporcionou investir no crescimento de vendas e também em uma estrutura organizacional. Ele afirma que, em 2014, pôde trabalhar de forma mais organizada, proporcionando um ambiente de trabalho melhor aos colaboradores e atendendo os clientes de maneira ainda mais satisfatória, oferecendo atendimento qualificado e grande variedade de produtos. O diretor considera que o ano passado foi de crescimento. “Mesmo com o cenário econômico estagnado, conseguimos atuar com mais expressão. Além disso, foi um ano para estruturação e organização dos nossos processos. Elaboramos nosso orçamento para os próximos dez

anos e, em 2015, queremos crescer 34%”, projeta. Ele complementa dizendo que a empresa irá aproveitar o crescimento do mercado, investindo mais fortemente nas linhas Dislab Plus e Nutrition, analisando a viabilidade de novas linhas e produtos e mantendo sempre o foco no varejo farmacêutico.

Relacionamento com o canal farma A distribuidora tem uma grande equipe de vendas composta por 102 representantes comerciais, 11 gerentes de negócios, 2 gerentes regionais, um gerente de vendas e um gerente de contas e treinamentos para garantir atendimento presencial e atencioso aos clientes, já que o bom relacionamento é a chave do sucesso no segmento farmacêutico. E quando não há o atendimento presencial, a empresa disponibiliza mais de 20 teleoperadoras fazendo atendimento ativo e receptivo. Para aqueles clientes que preferem a praticidade da compra eletrônica, há um portal de vendas e o pedido eletrônico. Além dessas opções, ainda conta com Operação Logística (OL Indústria) de alguns laboratórios. “Não podemos deixar de citar o nosso Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC), sempre pronto para atender às solicitações de cada cliente e também o Helpdesk, auxiliando a todos que tenham dúvidas nos canais on-line”, fala Andrei. Toda a comunicação com o canal farma segue um padrão visual e

de linguagem que facilita o entendimento e a identificação do trabalho. Destacam-se as participações em feiras e convenções das Redes Associativistas, sempre apresentando material diferenciado. Há ações sazonais, com promoções atraentes de acordo com temas de momento (Black Friday, Chegada do Verão, Dia Mundial da Saúde, etc.). Outro fator de destaque são as promoções Compre e Ganhe; adquirindo determinados combos de produtos, o cliente ganha presentes, como celulares, videogames, entre outros, celebra o diretor. O departamento de marketing trabalha de forma atuante na divulgação de produtos e promoções pertinentes aos clientes. Diariamente, a equipe de vendas é munida com informativos contendo os últimos lançamentos, encartes com os produtos dos laboratórios foco e material específico com medicamentos da Farmácia Popular e Controlados. “Todo o trabalho é desenvolvido para dar ferramentas à nossa equipe e assim atender bem os nossos clientes. Esta é a nossa meta, crescer e ser reconhecida como uma empresa que gera e compartilha valor’’, conclui Andrei.

Dislab SAC: 0800 9410567 Site: www.dislab.com.br

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DISTRIBUIDOR

Perspectivas para 2015

Antonio Martinez, sócio proprietário da Dismasa

Considerado o ano da virada, 2014 ajudou a distribuidora a quintuplicar seu faturamento

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Dismasa começou suas atividades há sete anos e já nasceu como uma distribuidora de sucesso. Contudo, a partir de fevereiro de 2014, com o ingresso do sócio proprietário, Antonio Martinez, a empresa deu início a uma importante fase de reestruturação que notadamente vem contribuindo para fortalecer as alianças e se aproximar mais do varejo. Com isso, a distribuidora tem conseguido manter uma presença mais forte no mercado paulista, com o apoio de 20 funcionários. Seu foco de atuação se concentra na distribuição de medicamentos genéricos e similares de todas as especialidades para farmácias e drogarias do estado de São Paulo. “Essas linhas são de total importância para o negócio. Nosso maior mercado se concentra nas li-

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Por Egle Leonardi nhas Neo Química genérica e smart do grupo Hypermarcas, inclusive, no ano de 2014, passamos a ser um dos maiores distribuidores deste laboratório no estado de São Paulo. Outros parceiros, como Germed, Natulab, Multilab e Cimed completam nosso portfólio. Procuramos trabalhar com poucas indústrias, mas de forma focada, este é um dos segredos do nosso sucesso’’, fala Martinez. A Dismasa atingiu faturamento de R$ 11 milhões em 2014 – considerado o ano da virada da companhia. Assim, a distribuidora conseguiu quintuplicar seu resultado. “Entre as modificações, temos como principais a mudança do Centro de Distribuição para um local maior, a troca de sistema, a aquisição de novos equipamentos, a criação da equipe de televendas e representantes externos”, relembra o proprietário.

Seu novo Centro de Distribuição, localizado em Osasco (SP), tem aproximadamente 600 m2, e a empresa já está em negociação para a aquisição de mais mil metros dentro do mesmo condomínio. Essa estrutura favorecerá a empresa a atingir a expectativa de faturamento de R$ 33 milhões ao ano. Seu depósito é totalmente paletizado e informatizado. “Para 2015, temos excelentes perspectivas. Continuaremos investindo na contratação e qualificação de nossos profissionais, em novas parcerias e crescimento acima da média do mercado”, conclui Martinez.

Dismasa Tel.: (11) 3184 3030 site: www.dismasa.com.br Fotos: divulgação

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DISTRIBUIDOR

Consolidação no mercado

Matriz

Filial - Bahia

A distribuidora Gama é uma empresa competitiva e conta com uma equipe de vendas informatizada e bem preparada Por Egle Leonardi

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distribuidora Gama está presente em todo o estado de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia, e conta com uma equipe de 100 representantes e mais 127 funcionários. Ela foi fundada em 1996 por um grupo de sócios empreendedores, atuando na distribuição de produtos farmacêuticos e correlatos. Instalada em uma área de 5 mil metros quadrados (Centro de Distribuição de Minas Gerais), possui uma estrutura física que permite trabalhar com um mix de mais de 3.600 itens. Possui também um Centro de Distribuição na Bahia, localizado em Eunápolis, no sul do estado. Essa estrutura permite a manutenção de níveis adequados de estoques, evitando rupturas e fornecendo aos clientes Fotos: divulgação

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grande variedade de produtos, contribuindo, assim, com a melhoria de rentabilidade e com a captação e manutenção do número de clientes que circulam nas lojas. A Gama é uma empresa competitiva, que conta com uma equipe de vendas informatizada e bem preparada. As categorias trabalhadas pela distribuidora – e que fazem o negócio dar certo – são os cosméticos, acessórios, consumo, higiene pessoal e produtos oficinais. Seus principais fornecedores são L’Oréal, Kimberly-Clark, Colgate, Nestlé, Mercur, Farmax, 3M, Cremer, Hypermarcas, J&J, entre outros. A Gama é uma distribuidora já consolidada no mercado, principalmente no cenário de Minas Gerais. Em 2014, houve um crescimento de 20% naquele estado e também a consolidação da filial na Bahia, com crescimento de mais de 60% no segundo ano de atuação. Em 2015, a

empresa pretende continuar o processo de crescimento nas regiões onde atua e ampliar o mix de produtos. A distribuidora investe no relacionamento com o canal farma em que atua exclusivamente com não medicamentos e preza, acima de tudo, pela confiança entre os parceiros. Para trabalhar o canal farma, a Gama desenvolve ações de marketing que envolvem promoções em produtos sazonais, kits com brindes para os clientes, campanhas de vendas e brindes, blitz em clientes, encartes de ofertas em parcerias com clientes, catálogo de produtos, entre outros.

Gama SAC: 0800 7231744 Site: www.distribuidoragama.com.br

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DISTRIBUIDOR

Andorinha planeja crescimento de 18% em 2015

A distribuidora se apoia, basicamente, no fortalecimento das grandes contas, no crescimento do canal web/eletrônico e no treinamento de sua força de vendas

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Por Egle Leonardi tualmente o Grupo 1) Fortalecimento nas grandes conAndorinha está en- tas – Tradicionalmente, a Andorinha tre as quatro princi- atende contas como Walmart, Grupo pais distribuidoras Pão de Açúcar, Droga Quinze, Farde medicamentos no ma Ponte, Onofre, Drogal, Bifarma estado de São Paulo. e outras contas com grande repreEm 2014, a empresa sentatividade no varejo. No entanatuou com foco em to, em 2014, novas parcerias com a três perspectivas: Drogaria São Paulo e Drogasil con-

solidaram e impulsionaram os negócios, fortalecendo o atendimento para grandes contas e estimulando a venda dos laboratórios. 2) Fortalecimento do canal web / eletrônico – Tendo como objetivo oferecer maior praticidade e agilidade para o varejo independente, a Andorinha investiu intensamenFotos: divulgação

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te no e-commerce e no sistema de captação de pedidos eletrônicos. O resultado foi um crescimento em vendas de 175% nesse canal e uma aproximação surpreendente do varejo. 3) Treinamento para Força de Vendas – Já é parte do orçamento da Andorinha investir anualmente em eventos e ações para fortalecer e motivar a força de vendas. No entanto, em 2014, além da Convenção Anual e de diversos eventos de treinamento, a distribuidora investiu em um programa de Coaching para líderes, oferecendo possibilidade de crescimento profissional direcionado e orientado. “Essas ações possibilitaram um crescimento próximo aos 10% nas vendas. Em algumas indústrias, o crescimento ultrapassou 30%”, comemora o presidente da empresa, Juliano Sacco. Ele diz que, em 2015, a Andorinha intensifica o investimento nas três perspectivas citadas, planejando um crescimento próximo de 18% no ano. Além do fortalecimento das grandes contas, do estímulo a compras por meio do e-commerce e pedido eletrônico, e do treinamento para a força de vendas, a distribuidora começou o ano com uma força-tarefa dirigida e planejada para fortalecer algumas cidades com nível baixo de participação, consolidando sua participação de uma forma homogênea e intensa no estado de São Paulo.

Um pouco da história A história da Andorinha começa em 1974, em Campinas, interior de São Paulo, quando Nilson Sacco, um ex-proprietário de farmácia, resolve montar uma pequena distribuidora de medicamentos. Seu espírito empreendedor somado ao desejo de inovar e atender a cada um dos clientes de forma personalizada transformaram o pequeno negócio em uma referência no setor de distribuição de medicamentos similares e genéricos. O grande passo para a expansão do negócio ocorreu com a entrada do filho, Nilson Sacco Junior, no comando da organização. Nos anos seguintes, a empresa se desenvolveu de forma espetacular e,

Foco de atuação O negócio da empresa é a distribuição de medicamentos similares, genéricos, Over the Counter (OTC) e controlados; suplementos alimentares; correlatos; alimentos naturais; perfumaria e acessórios para farmácias e drogarias no estado de São Paulo. Tudo isso é feito com o apoio de seus 200 funcionários. “O principal mercado da Andorinha é o de medicamentos similares e genéricos. No entanto, também existe uma forte participação no mercado de suplementos alimen-

atualmente, na terceira geração da família Sacco, possui um Centro de Distribuição amplo e moderno, participação nos principais grupos que representam o varejo farmacêutico e uma forte cobertura de mercado. “A Andorinha não cresceu por acaso. Conquistou uma sólida carteira de clientes com serviços inovadores, relações transparentes e com a prática de princípios éticos que norteiam a conduta de todos os seus colaboradores, desde o seu surgimento”, ressalta o presidente da empresa, Juliano Sacco. A Andorinha é o exemplo de uma história de trabalho, empreendedorismo, responsabilidade social, crença no País, busca constante de soluções inovadoras e competência para conciliar os interesses da empresa com os de seus clientes.

tares para farmácias, sendo atualmente o maior distribuidor do estado de São Paulo nesta categoria”, menciona o presidente. Seus principais fornecedores atualmente são a Neo Química e EMS na categoria de medicamentos. Em suplementos alimentares, há a Midway.

Grupo Andorinha SAC: 0800 169663 Site: www.andorinhamed.com.br

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DISTRIBUIDOR

Servimed planeja investir fortemente em infraestrutura

A distribuidora tem base comercial para atuar em todo varejo farmacêutico e destaca a importância de seu trabalho junto às redes e lojas independentes

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Por Egle Leonardi Servimed distribui medicamentos (referência, Over The Counter - OTC, genéricos e similares), Higiene Pessoal & Beleza (H&B), correlatos, cosméticos, produtos e medicamentos hospitalares, alimentos e limpeza. Com faturamento

anual de R$ 2 bilhões, consta nas edições dos últimos anos da revista Exame - 500 Maiores e Melhores Empresas do Brasil. O diretor comercial da empresa, Emerson Visnadi, ressalta que seu mix de alimentos se restringe a grandes marcas para abastecimento da seção de bonbonniére

do varejo supermercadista e conveniências. Quanto ao mix de limpeza, trata-se de produtos específicos e de valor agregado diferenciado. “Nosso core business é o varejo farmacêutico e propomos um atendimento completo para o ponto de venda, inclusive, disponibilizamos uma vasta gama de Foto: divulgação

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marcas de H&B para potencializar o autosserviço de nossos clientes e, consequentemente, aumentar a sua competitividade”, fala ele. A empresa é pioneira na venda consultiva de higiene & beleza e dermocosméticos. Este modelo de negócios é tão relevante que foi constituída uma Divisão de Negócios denominada de Distribuição Direta, que conta com parcerias das principais marcas deste segmento e, por meio de consultoras de vendas & merchandising, dispõem aos clientes um trabalho diferenciado de vendas e execução de autosserviço. Até o momento, essa divisão atua apenas no estado de São Paulo, mas há planos de expansão no médio prazo para outros estados. “A Servimed tem uma base comercial compatível para atuar em todo varejo farmacêutico. Porém, temos a consciência da importância de nosso trabalho junto às redes e lojas independentes (canal indireto), em que desempenhamos um papel fundamental no suprimento, fluxo de informações e atualizações dos pontos de vendas”, comenta Visnadi. Em 2014, a companhia investiu fortemente em infraestrutura. Em março de 2014, foi inaugurado um Centro de Distribuição exclusivo para Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPC)/Consumo em Bauru (SP), com 10.500 metros quadrados. Além disso, foi desenvolvido um planejamento voltado ao aperfeiçoamento de operações no decorrer do ano. “No varejo farmacêutico, tivemos um crescimento alinhado ao nosso segmento de distribuição próximo a 7% do faturamento líquido e um desempenho destaca-

do no setor hospitalar com crescimento aproximado de 18%”, comemora o diretor. Observando o macroambiente, o evento Copa do Mundo gerou muitas expectativas e ações preventivas de logística. Ele diz que os impactos foram atenuados e houve um período de vendas estável e operações regulares. Ocorreram alguns excedentes de estoques de H&B/Consumo devido a uma demanda abaixo da expectativa. No terceiro quadrimestre, a empresa se deparou com um impacto maior devido ao cenário político. Destaca-se a desaceleração do consumo e uma queda significativa de demanda em setembro e outubro de 2014, o que representou para a Servimed uma queda aproximada de 5% do faturamento no período.

Novo Centro de Distribuição “Em 2015, manteremos nosso foco nos investimentos em infraestrutura, com inauguração de um Centro de Distribuição no Rio de Janeiro (RJ) prevista para maio. Serão 10 mil metros quadrados de estrutura operacional que serão dedicados ao suprimento do varejo farmacêutico e hospitalar do estado”, prevê. A Servimed deverá ter um ganho significativo de qualidade nos serviços em 2015. Isso será decorrente dos investimentos efetuados em infraestrutura em 2014. Mediante um serviço com maior eficiência, haverá um trabalho ativo na coesão dos custos operacionais e isso fará da Servimed uma empresa ainda mais competitiva. No contexto geral, o Brasil apresenta a perspectiva de um ano de baixo crescimento da economia e restritiva oferta de crédito. Diante

desse cenário, a Servimed apresenta uma meta de crescimento global aproximada de 15%, porém com maior ênfase nas categorias de consumo atreladas à divisão supermercadista, em que haverá uma ação de retomada de performance. No tocante ao mercado farmacêutico, foram elaboradas metas com a devida cautela e deverá haver crescimento alinhado ao mercado, ou seja, no patamar de 10,2% nas vendas líquidas. A Servimed é um distribuidor tradicional do canal farmacêutico e conta com 1.500 colaboradores diretos e 600 indiretos. São 40 anos de atuação nesse mercado. Ela tem um alto índice de penetração no estado de São Paulo, porém, conta com desempenho destacado também nos estados de Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro, Paraná e Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal. Principalmente nos estados de São Paulo e Minas Gerais, onde há atualmente seus centros de distribuição, a relação com o cliente é de muita confiança, isso devido a um contingente expressivo de profissionais de vendas e política comercial estável. “A Servimed zela pelas suas parcerias, com transparência e pontualidade na quitação de seus acordos, seja como um dos principais operadores logísticos junto às indústrias ou na relação cotidiana junto aos nossos clientes”, finaliza Visnadi.

Servimed SAC: 0800 7099065 Site: www.servimed.com.br

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DISTRIBUIDOR

Há 64 anos distribuindo saúde

O complexo é considerado um dos principais grupos econômicos da região Nordeste

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história do Grupo Jorge Batista é marcada por uma trajetória de trabalho, empreendedorismo, conduta empresarial responsável, competência, dedicação e profissionalismo. Tudo começou no início da década de 50, com a chegada do Sr. Jorge Batista da Silva à cidade de Floriano (PI). Seu primeiro comércio de mercadorias em geral, a Casa São Jorge, deu início a uma história de sucesso e superação. Com o passar dos anos, o Grupo Jorge Batista se expandiu. Criou e adquiriu empresas no ramo de medicamentos nos estados do Piauí, Ceará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia. Hoje é considerado um dos

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Por Egle Leonardi principais grupos econômicos da região nordeste do País. Fazem parte do grupo, atualmente, três grandes empresas que atuam no setor de distribuição de produtos farmacêuticos, de higiene e hospitalares. São elas: Alto Miudezas Distribuidora, Nazária Distribuidora, em 6 estados, e Jorge Batista Distribuidora. Entre seus principais fornecedores estão: Sanofi, Aché, Eurofarma, Hypermarcas, Johnson & Johnson, Novartis, Bayer, GSK, Boehringer, Ingelheim e Takeda. Segundo o gerente de marketing, Rogério Germano, o relacionamento com o canal farma é excelente. “Temos grandes parcerias com nossos fornecedores e clientes. Temos presença nos pontos de venda com uma equipe comercial de 400 pessoas, aproximadamente”, relata.

O Grupo Jorge Batista cresce por ter características fortes de um negócio administrado por pessoas que seguem os mesmos padrões éticos e os mesmos princípios de conduta. Além disso, trabalha para oferecer produtos e serviços de qualidade aos clientes e parceiros, contando com uma equipe de profissionais extremamente qualificados. É assim que o Grupo Jorge Batista vem se desenvolvendo e sendo reconhecido pela responsabilidade e pelo respeito com que conduz seus negócios junto à sociedade.

Grupo Jorge Batista Fone: (86) 3216 4600 Site: www.jorgebatista.com.br

Foto: divulgação

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Patrocinadores Software Houses

E

mpresas desenvolvem sistemas de gestão para o varejo farmacêutico. O software auxilia no crescimento e otimização de processos. Veja o que há de mais inovador no mercado.

As matérias a seguir são publieditoriais. Ilustrações/Fotos: Shutterstock/divulgação

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SOFTWARE HOUSE

Linx amplia participação no segmento de farmácias

Jean Carlo Klaumann, vice-presidente de Operações da Linx

Com aquisição da Softpharma e da Big Sistemas, a empresa oferece softwares completos para a gestão de farmácias e drograrias

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ossa perspectiva é de que o varejo farmacêutico continue crescendo em 2015, ao contrário das previsões negativas que temos para o varejo em geral. Neste cenário, pretendemos investir na evolução de nossos softwares e no contato com o canal farma e, com estas ações, conseguir ser a escolha natural em software para o varejo farmacêutico”, prevê o vice-presidente de Operações da Linx, Jean Carlo Klaumann. A Linx trabalha com o fornecimento de soluções em tecnologia de gestão (ERP, PDV, TEF, NFe/NFC-e, CRM, e-commerce, etc.) para as seguintes verticais do varejo: moda, food service, magazines, home-centers, postos de combustíveis, concessionárias, varejo de serviços, farmácias. “Nossos produtos e serviços são completos e possuem diferentes versões que

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Por Egle Leonardi atendem de maneira flexível às necessidades de farmácias individuais e redes de pequeno, médio e grande porte”, fala Klaumann. Ele afirma que as soluções são completas e específicas para administração de farmácias, entre elas, estão software para gestão do varejo farmacêutico, software para gestão de redes associativas, business intelligence, painel de indicadores estratégicos, escrita fiscal, assessoria contábil/fiscal, além das capacitações que são estruturadas e atualizadas de acordo com a necessidade e perfil de cada cliente. “A soma de todas essas soluções tem como objetivo aumentar a lucratividade do negócio dos nossos clientes, reduzir custos e simplificar processos de gestão, tudo isto integrado a uma interface de rápido acesso com tecnologias alinhadas às mais atuais tendências de mercado”, ressalta o executivo. Considerando o mercado de ERP e PDV no varejo, a empresa tem atual-

mente 33% de participação de mercado, o que lhe confere uma destacada liderança, segundo o IDC. Em 2014, a Linx aumentou sua participação no mercado de farmácias com a aquisição da BIG Sistemas e a Softpharma. As duas empresas com anos de experiência de mercado agregam seus clientes e tecnologias ao portfólio da Linx. A empresa tem 2.600 funcionários, distribuídos nas seguintes regiõesdo País: Sudeste: Uberlândia,Bauru, Bebedouro, Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro; Sul: Cascavel, Blumenau, Joinville e Porto Alegre; e Nordeste: Recife. A Linx também possui representantes em diversos outros estados.

Linx SAC: 0800 7015607 Site: www.linx.com.br

Foto: divulgação

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SOFTWARE HOUSE

Sommus Automação Comercial

O futuro do mercado da distribuição no Brasil será por meio da competitividade e da melhor produtividade, de forma que as empresas brasileiras desenvolvedoras de softwares sejam responsáveis por atender às novas fatias de mercado criadas, fazendo a Tecnologia da Informação alcançar os diversos negócios, em especial os pequenos, que, em geral, ainda não fazem uso dela. Áreas de atuação: farmácias, autopeças, postos de combustível, supermercados, varejo em geral. Expectativas para 2015: crescimento financeiro e início do desenvolvimento de nosso ERP. No mercado desde: 2001. Principais desafios: desenvolver softwares estáveis e, na mesma medida, responder às rápidas mudanças do mercado. Matriz: Lagoa da Prata (MG).

TRABALHA COM

Farmácias, autopeças, postos de combustível, varejo e venda de equipamentos de automação comercial

(37) 3261 2003 www.sommus.com

Via Lógica Sistemas Entre as inovações da Via Lógica Sistema, em 2014, destaca-se o lançamento do produto “LEMBRE DO REMÉDIO”. Áreas de atuação: farmácias independentes, redes de farmácias, lojas de suprimentos, lojas de cosméticos, lojas de produtos naturais, distribuidoras de medicamentos, cosméticos, perfumaria e produtos naturais. Expectativas para 2015: mobile/Infarma Licitação/Inframa Rotas/Infarma BI/ cadastro inteligente. Principais fornecedores: Br Consulting. No mercado desde: 2000. Principais desafios: oferecer soluções e serviços com excelência, garantindo satisfação aos clientes e promovendo resultado adequado aos colaboradores e acionistas. Matriz: Fortaleza (CE).

TRABALHA COM

Varejo e atacado

(85) 3133 2050 www.vialogicasistemas.com.br facebook.com/vialogicasac@ 2015 Anuário Farmacêutico 65

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SOFTWARE HOUSE

Conecta Softwares

O canal farma é muito importante para dar visibilidade e fortalecimento ao segmento. Áreas de atuação: indústria, atacado, varejo e serviços. Expectativas para 2015: aplicativos móveis e módulos na nuvem. Principais fornecedores: Microsoft, Softvelocity e Dell. No mercado desde: 2000. Principais desafios: ampliar para o mercado nacional e manter-se empresa reconhecida com tecnologia de ponta. Matriz: Caxias do Sul (RS).

TRABALHA COM

Indústria, atacado, varejo e serviços

@conectasw www.conecta.com.br

Infomaster

Dois mil e quatorze foi um ano de aperfeiçoamento tecnológico para a Infomaster. Áreas de atuação: comércio e indústrias em geral. Expectativas para 2015: desenvolver parceiros de negócios e ampliar mercado. Principais fornecedores: Supritec, SAC (Simples Automação Comercial), Scan Source, entre outros. No mercado desde: 1993. Principais desafios: evolução tecnológica e novos mercados. Matriz: Santo André (SP).

TRABALHA COM

Drogarias, farmácias, perfumarias, comércios em geral e indústrias

(11) 4437 3946/(11) 4992 0318 www.infomaster.com.br facebook.com\infomaster.info

Small Farma

Uma das principais conquistas da Small Farma é deixar as farmácias em condições comerciais equiparadas às grandes redes. Áreas de atuação: Farmácias. Expectativas para 2015: crescimento de 30% em número de cidades e farmácias atendidas. Principais fornecedores: Profarma, Servimed, Drogacenter , Distrimed e Gama. No mercado desde: 2012. Principais desafios: gestão administrativa nas farmácias. Matriz: Poços de Caldas (MG).

TRABALHA COM

Redes de farmácias e associativismo

(35) 3722 3272 www.smallfarma.com.br

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Rua Leonardo Nunes, 198 • Cep 04039-010 • Vila Clementino • São Paulo • SP www.contento.com.br

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