Especial MIPs 2016

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Especial

MIPs

MEDICAMENTOS ISENTOS DE PRESCRIÇÃO R E V I S T A

Nova capa mips.indd 1

D I R I G I D A

A O S

P R O F I S S I O N A I S

Pa rte int e grant e do

ANO XXIII | Nº 283 | JUNHO DE 2016

D E

S A Ú D E

23/05/16 18:01



Editorial

AUTOCUIDADO EM PRIMEIRO LUGAR EXPEDIENTE DIRETORIA Gustavo Godoy, Marcial Guimarães e Vinícius Dall’Ovo EDITORA-CHEFE Lígia Favoretto (ligia@contento.com.br) ASSISTENTE DE REDAÇÃO Vivian Lourenço EDITOR DE ARTE Junior B. Santos ASSISTENTE DE ARTE Flávio Cardamone DEPARTAMENTO COMERCIAL EXECUTIVAS DE CONTAS Jucélia Rezende (jucelia@contento.com.br) e Luciana Bataglia (luciana@contento.com.br) ASSISTENTE DO COMERCIAL Mariana Batista Pereira DEPARTAMENTO DE ASSINATURAS Morgana Rodrigues COORDENADOR DE CIRCULAÇÃO Cláudio Ricieri DEPARTAMENTO FINANCEIRO Fabíola Rocha e Cláudia Simplício MARKETING E PROJETOS Luciana Bandeira ASSISTENTE DE MARKETING E PROJETOS Lyvia Peixoto COLABORADORES DA EDIÇÃO Textos Marcelo de Valécio Revisão Maria Elisa Guedes e Mônica C. Galati IMPRESSÃO Abril Gráfica

> www.guiadafarmacia.com.br Suplemento Especial MIPs é uma publicação anual da Contento. Rua Leonardo Nunes, 198, Vila Clementino, São Paulo (SP), CEP 04039-010. Tel.: (11) 5082 2200. E-mail: contento@contento.com.br Os artigos publicados e assinados não refletem necessariamente a opinião da editora. O conteúdo dos anúncios é de responsabilidade única e exclusiva das empresas anunciantes.

Imagem: Shutterstock

Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) podem ser encarados como a primeira linha de tratamento. Conhecidos internacionalmente pela sigla em inglês OTC (Over The Counter), os MIPs são, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), medicamentos aprovados pelas autoridades sanitárias para tratar sintomas e males menores, disponíveis sem prescrição ou receita médica, desde que utilizados conforme as orientações contidas nas bulas e rotulagens. Entre as vantagens do uso desse tipo de medicamento, está a comodidade, já que o paciente não precisa ir ao serviço de saúde para tratar de sintoma já conhecido, trazendo como benefício indireto o alívio dos custos do sistema público de saúde. Com eles, mais do que realizar a automedicação, a população é capaz de promover o autocuidado, que é a forma como estabelece e mantém a própria saúde e como previne e lida com as doenças. O conceito é amplo e envolve questões fundamentais, como higiene (geral e pessoal), nutrição (variedade e qualidade dos alimentos ingeridos), estilo de vida (atividades esportivas, lazer), fatores ambientais (condições de moradia, hábitos sociais) e socioeconômicos (nível de renda, crenças culturais), além do uso responsável de MIPs.

A fim de que o autocuidado seja pleno e o consumo, consciente e seguro, o consumidor deve estar bem informado para que exerça plenamente seu direito de decisão. Por isso, cabe a você, profissional de saúde, estar bem preparado e informado, para prestar todas as orientações necessárias em seu atendimento e, consequentemente, a venda. O potencial deste segmento é muito grande e seguindo a tendência da última década, os resultados positivos devem continuar. O ramo de MIPs representa cerca de 25% da receita da indústria farmacêutica. Acompanhando o resultado positivo do setor, o segmento variou suas vendas positivamente em 10% em 2015. No levantamento, a receita atingiu R$ 16,3 bilhões no ano passado contra R$ 14,9, em 2014. Em março último, o faturamento já estava em R$ 16,7 bilhões. Em unidades, o mercado farmacêutico total cresceu 8% e o MIP avançou 9% no ano passado, fechando 2015 com 1,01 bilhão de unidades comercializadas. Na contabilização do IMS Health, em março deste ano, as vendas já atingiam 1,04 bilhão de unidades. Boa leitura. Lígia Favoretto Editora-chefe

Junho 2016 • Especial MIPs

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Sumário

16

12

6 28

20

24

6 Desempenho

Mesmo com o País em recessão, o segmento de MIPs teve um aumento de cerca de 10% nas suas vendas em 2015. Para este ano, a expectativa é de manter o patamar de crescimento do segmento

16 Acesso

O uso de MIPs tem papel importante no direito do consumidor de fazer escolhas conscientes. Um processo de educação da população sobre o uso dessa categoria pode contribuir para redução dos custos da saúde pública

24 Saúde

Esses medicamentos podem ser a primeira linha de tratamento para determinadas condições de saúde, principalmente para doenças ou sintomas de baixa gravidade. No caso de epidemias, eles podem ser utilizados para atenuar sintomas, mas alguns cuidados precisam ser tomados 4

Especial MIPs • Junho 2016

12 Tendência

Todo medicamento inovador nasce com venda sob prescrição médica, porém, pode se tornar isento de prescrição após análise da autoridade sanitária. Segundo a Anvisa, o processo de troca de categoria de registro para MIP leva aproximadamente um ano para ser finalizado

20 Conceito

Os MIPs são eficazes para o alívio de sintomas e males menores, mas não são indicados para tratamentos de longa duração ou de maior gravidade. Eles devem ser utilizados conforme as orientações disponíveis nas bulas e rotulagens e, em caso de dúvida, a orientação do farmacêutico é fundamental

28 Ponto de venda

Algumas estratégias, como criar ambiente favorável na loja, boa sinalização nas gôndolas, produtos na linha dos olhos, facilitam a vida do consumidor e as vendas

32 32 Atendimento

Ao longo dos anos, os modelos de assistência à saúde têm passado por profundas transformações. Mesmo podendo ser comprados livremente, MIPs adquiridos sob orientação do farmacêutico têm segurança de uso ampliada


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Desempenho

MESMO COM RECESSÃO,

MIPS ATINGEM DOIS DÍGITOS Segmento eleva em cerca de 10% suas vendas em 2015, ano em que o PIB brasileiro registrou o pior resultado em 25 anos. Expectativa é manter o patamar de crescimento setorial em 2016 Textos Marcelo de Valécio

E

Em 2015, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil caiu 3,8% em relação ao do ano anterior, atingindo R$ 5,9 trilhões. É a maior queda desde 1990, quando o recuo foi de 4,3%. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já o PIB per capita fechou o ano passado em R$ 28.876, provocando uma redução de 4,6% frente a 2014. Dos setores da economia analisados pelo Instituto para o cálculo do PIB poucos se salvaram em 2015. A maior alta foi da agricultura, de 1,8%. Mesmo o setor de serviços, responsá-

6

Especial MIPs • Junho 2016

vel por boa parte do PIB e que ainda com a crise conseguia se manter em ascensão, recuou 2,7%, a maior baixa desde 1996, influenciado pela forte retração do comércio, que caiu 8,9%. A indústria como um todo sofreu queda de 6,2%, puxada pela retração de quase 8% do setor de construção. O ponto fora da curva no setor industrial continua sendo a indústria farmacêutica. Segundo a consultoria IMS Health, que compila dados do segmento, o canal farma fechou 2015 com alta de 12% em relação ao ano anterior, apresentanImagens: Shutterstock


R$ 16,7 bilhões. Em unidades, o mercado farmacêutico total cresceu 8% e o MIP avançou 9% no ano passado, segundo compilação da Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip), fechando o ano com 1,01 bilhão de unidades comercializadas. Na contabilização do IMS Health, em março último, as vendas já atingiam 1,04 bilhão de unidades.

REPRESENTATIVIDADE MANTIDA

do faturamento de R$ 84,3 bilhões, somando medicamentos, Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) e não medicamentos. Em volume, o setor girou 4,6 milhões de unidades, um crescimento de 6% versus 2014. O ramo de MIPs representa cerca de 25% da receita da indústria farmacêutica. Acompanhando o resultado positivo do setor, o segmento variou suas vendas positivamente em 10% em 2015. No levantamento, a receita atingiu R$ 16,3 bilhões no ano passado contra R$ 14,9 em 2014. Em março, o faturamento já estava em

De forma geral, o segmento de MIPs vem crescendo de forma significativa, na opinião da vice-presidente executiva da Abimip, Marli Martins Sileci. “É possível ter uma dimensão desse crescimento, considerando o aumento registrado no faturamento em 2015. Também o crescimento de 9% em vendas unitárias no ano passado, contra 7% em 2014, indica isso. Para 2016, esperamos crescer ainda mais”, afirma. “O potencial é muito grande. Seguindo a tendência da última década, o consumo de MIPs deve continuar avançando, provavelmente em ritmo mais lento, em face da crise econômica que enfrentamos”, acrescenta o presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini. Na última década, o motor da economia brasileira foi baseado em boa parte no consumo. Nesse cenário, o aumento do poder de compra das pessoas foi decisivo. A classe C, que representa aproximadamente 30 milhões de famílias (52% da população), foi a que mais cresceu no decênio. A elevação do poder desse contingente e da melhora de vida das classes D e E tiveram influência direta nos resultados do setor farmacêutico como um todo e do segmento dos MIPs em particular, uma vez que estes medicamentos se tornaram mais acessíveis – a taxa média de crescimento desse ramo farmacêutico girou em torno de 16% nos anos de bonança, até 2012. Com a elevação do poder aquisitivo, a preocupação com a saúde se elevou e, consequentemente, fez crescer a produção e venda de medicamentos. Nas faixas de renda C, D e E, há uma relação direta entre o aumento do poder aquisitivo e o potencial de consumo de produtos como os MIPs. Como esses medicamentos dependem da venda espontânea, a elevação da renda é decisiva na hora da compra. A crise que afeta a economia brasileira há dois anos trouxe aumento do desemprego e queda na renda, que desidrataram o poder de compra das famílias. Com o revés na economia, as pessoas passaram a restringir as compras, sobretudo de bens duráveis. Sobraram as despesas essenciais, como alimentação e medicamentos que, apesar de não registrarem queda, passaram a crescer menos. A expectativa no setor farmacêutico é de que

Junho 2016 • Especial MIPs

7


Desempenho

DESEMPENHO DOS MIPS

Ranking dos MIPs mais vendidos em 2015 (em unidades)

Top 10 laboratórios

1

Dorflex

1

Sanofi

2

Neosaldina

2

Neo Química

3

Eno

3

DM Indústria Farmacêutica

4

Buscopan

4

EMS

5

Benegrip

5

Takeda

6

Centrum

6

Legrand

7

Tylenol

7

Aché

8

Vick

8

Boehringer Ingelheim

9

Expec

9

GSK Consumo

10

Multigrip

10

Pfizer

Vendas unitárias MIPs 2015 – mês a mês (milhões de unidades) 100 94,4

80 60

74

85,5

91,2

90,2

90,4

85,3

84,2

69

83,1

80

87,7

40 20 0

Jan.

Mar.

Mai.

Jul.

Set.

Nov.

Fonte: IMS Health

a maré negativa vire logo – a depender de variáveis políticas – e que o canal consiga manter seu patamar de vendas até a recuperação econômica.

PERSPECTIVA SETORIAL

Dentro do setor dos MIPs, o ramo dos analgésicos mantém a liderança histórica, como lembra

8

Especial MIPs • Junho 2016

Marli. “Os últimos anos vêm se mostrando estáveis ao ter as mesmas classes terapêuticas como líderes de mercado no segmento de MIPs, como analgésicos, produtos para gripes e resfriados, miorrelaxantes tópicos (como sprays e patches), multivitamínicos, antitussígenos e produtos para problemas gástricos”, revela a executiva.


Vendas MIPs 2015 – mês a mês (em R$ bilhão) 18

16,723 15,400

16 13,947

14 12

12,158

11,22

10 8 6 4 2 0

2012

2013

2014

2015

2016

Vendas MIPs últimos cinco anos (março a março – em R$ bilhões) 2

1,515

1 1

1,457 1,338

1,205

1,428

1,403

1,442

1,374

1,371

1,342

Ago.

Set.

Out.

1,3

1,13

1 1 1 0 0 0 Jan.

Fev.

Mar.

Abr.

Mai.

Jun.

As empresas que atuam no segmento estão otimistas. “O segmento de MIPs na Aspen Pharma teve crescimento de 12% em 2015. Já nos primeiros meses de 2016, a empresa registrou aumento de 11% nas vendas em relação ao ano passado”, afirma a gerente de Produto OTC da Aspen Pharma, Gabriella Rica. A linha MIPs represen-

Jul.

Nov.

Dez.

ta 31% do faturamento da empresa. “A Aspen Pharma acredita muito no potencial dos MIPs e continuará investindo nesse segmento. Os dois primeiros produtos da empresa são MIPs e os três desse portfólio estão no top 10 em faturamento. Temos um lançamento importante para este ano e a expectativa de crescimento é grande”, com-

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Desempenho

plementa o gerente de marketing da companhia, Jackson Figueiredo. No Aché, atualmente, a área de MIPs representa cerca de 11% do faturamento do laboratório. Em 2015, as vendas do segmento cresceram 12% em relação ao ano anterior, contribuindo com quase R$ 360 milhões para o faturamento total da empresa. Para 2016, a expectativa é de expansão de 13% nas receitas com MIP. “Neste ano, seguimos investindo fortemente, inclusive passando a contar com uma força de demanda focada em MIPs”, afirma o diretor de MIP do Aché, Cesar Bentim. Além disso, ele revela que o Aché realizou um planejamento de crescimento para todas as áreas. “Nesse plano, definimos uma estratégia para a área de MIP que prevê a renovação de portfólio e lançamentos, a fim de chegarmos até 2030 entre os três maiores do segmento. Estamos seguros de que o projeto é ousado, mas factível”, finaliza. A expectativa da Cimed para este ano é de crescer mais 30%, muito acima da previsão do mercado, que é de 7%. “O investimento direto previsto é próximo aos 5% da venda da linha MIP, porém existem investimentos indiretos na marca Cimed que impactam na venda da linha MIP da empresa, como o patrocínio na Seleção Brasileira de Futebol e no Stock Car”, afirma o gerente de produto da empresa, Marcelo Pontello. “Temos previstos mais de 20 lançamentos na linha MIP, entre os que concorrerão em novos mercados, como micose de unha e regulador intestinal, e extensões de linha de marcas consagradas”, acrescenta o também a gerente de produto da Cimed, Natiele Barreto. O segmento MIP da empresa teve em 2015 crescimento de 28% em relação a 2014. Já no primeiro trimestre deste ano, a linha MIP manteve alta de 28%, se comparado ao mesmo período do ano anterior, segundo revelam os executivos da companhia. O segmento MIP representou, em 2015, 23% do faturamento líquido da Cimed e, para 2016, está previsto atingir 29%. Na EMS, a unidade de negócios Over The Counter (OTC) registrou crescimento acima do mercado em 2015. Enquanto o setor cresceu 10%, o laboratório registrou 24% de avanço de 2014 para 2015, percentual também superior ao alcançado no último período, de 18%. Para 2016, a farmacêutica projeta um crescimento ainda mais agressivo, entre 30% e 35%, com a previsão de dois a três lançamentos de produtos com foco em inovação. A empresa revela que investiu mais de R$ 100 milhões somente na área de OTC nos últimos dois 10 Especial MIPs • Junho 2016

anos. O lançamento mais recente da unidade foi um medicamento para intolerantes à lactose, distinto de seus concorrentes, segundo a empresa, por apresentar tabletes dispersíveis alocados em blíster em vez de sachês. Só para esse produto, foram investidos R$ 20 milhões, e a expectativa da empresa é uma demanda de R$ 10 milhões já no primeiro ano de comercialização. O segmento de MIPs respondeu por cerca de 30% da receita líquida da Hypermarcas em 2015 e no primeiro trimestre de 2016. Segundo dados do IMS Health, a demanda por MIPs da companhia aumentou 11,2% na comparação entre o primeiro trimestre de 2016 e o mesmo período do ano anterior. Em 2016, a empresa lançou um medicamento de fibras prebióticas 100% solúveis, indicado para o funcionamento do fluxo intestinal, e a versão em frascos de um antiácido nas versões abacaxi e sem sabor. “Há diversas extensões de linha programadas no pipeline da empresa, que deve ainda consolidar ao longo do ano lançamentos recentes, como medicamentos para enxaqueca, antigripais e multivitamínicos”, afirma o diretor executivo da unidade de negócios Consumer Health da Hypermarcas, Diego Luz. Na Sanofi do Brasil, os produtos de Consumer Health Care respondem por cerca de 30% das vendas. “A área de Consumer Health Care é um dos pilares do grupo Sanofi e um importante componente para o crescimento da companhia no País. Produzimos o medicamento mais vendido no mercado brasileiro. Para se ter ideia, são vendidos 50 comprimidos desse medicamento por segundo no Brasil”, revela a diretora de Consumer Health Care do Grupo Sanofi, Patrícia Macedo.


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Calman® (Passiflora incarnata L., Crataegus oxyacantha L. e Salix alba L.) Indicação: Ansiedade, distúrbios comportamentais do sono na criança, distúrbios neurovegetativos, enurese de origem não orgânica, hipertensões leves, insônias e irritabilidade. MS.: 1.1861.0017. ATENÇÃO DIABÉTICOS: A APRESENTAÇÃO LÍQUIDA CONTÉM AÇÚCAR. Calman® é um produto registrado e produzido por Ativus Farmacêutica ltda., promovido e comercializado por Aspen Pharma Indústria Farmacêutica ltda. V04 SAC: 0800 026 2395 |0800 771 2010 - sac@aspenpharma.com.br. MAIO/2016

CALMAN® É UM MEDICAMENTO. DURANTE SEU USO NÃO DIRIJA VEÍCULOS OU OPERE MÁQUINAS, POIS SUA AGILIDADE E ATENÇÃO PODEM ESTAR PREJUDICADAS. SE PERSISTIREM OS SINTOMAS O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO.


Tendência

COMO NASCE UM MIP

T

Medicamentos surgem tarjados e podem se tornar isentos de prescrição após análise da autoridade sanitária

Todo medicamento inovador nasce com venda sob prescrição médica. Após cinco anos no mercado nacional, no momento da renovação de seu registro, o laboratório detentor do produto poderá solicitar a alteração para Medicamento Isento de Prescrição (MIP). O pedido passará por avaliação da área técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que poderá ou não ser deferido. Segundo a Anvisa, o processo de troca de categoria de registro para MIP leva um ano para ser finalizado, podendo acontecer antes ou depois, dependendo do caso. No Brasil, não existe uma lista de MIPs, mas, sim, a lista de Grupos e Indicações Terapêuticas Especificadas (Gite), que determina quais categorias de fármacos podem ser isentas de prescrição. Todos os medicamentos cujos grupos e indicações terapêuticas não estejam descritos no Gite são de venda sob prescrição médica. A lista faz parte da Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) 138, de 2003, da Anvisa, que determina as regras para que o medicamento se torne um MIP. Na resolução, estão previstas, também, que as associações medicamentosas ou duas ou mais apresentações em uma mesma embalagem para uso concomitante ou sequencial, cujo grupo terapêutico e indicação terapêutica de pelo menos um de seus princípios ativos não estejam especificados no Gite, são de venda sob prescrição médica. Existe uma alternativa para o medicamento inovador ser registrado e comercializado no Brasil como MIP sem esperar o prazo de cinco anos de renovação do

12 Especial MIPs • Junho 2016

registro. Esse caso prevê que o produto já seja comercializado como MIP há mais de cinco anos nos Estados Unidos ou na Europa, com a respectiva aprovação das entidades reguladoras de medicamentos locais [Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos, ou European Medicines Agency (EMA) , na Europa]. Sendo assim, o laboratório solicitante deverá juntar ao processo de registro na Anvisa dados de farmacovigilância e comprovantes de enquadramento na categoria de venda sem prescrição médica no país onde o produto é comercializado.

PROCESSO CLARO

Além desses procedimentos de registro, para que um medicamento seja aprovado pelas autoridades sanitárias como MIP, deve ter um alto perfil de eficácia e, principalmente, segurança, que envolve características, como baixo potencial de toxicidade e risco (mau uso/abuso/intoxicação), reações adversas com causalidades conhecidas e reversíveis após a sua suspensão, baixo potencial de interações (medicamentosa e alimentar). “Para que seu uso seja seguro e consciente, sempre que o consumidor optar por usar MIPs, deve seguir as orientações da bula e rotulagem e ter em mente que, se os sintomas persistirem, a suspensão do medicamento deve ser imediata e um médico deve ser procurado”, afirma a vice-presidente executiva da Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip), Marli Martins Sileci. Imagem: Shutterstock


REGRAS INCERTAS

Apesar da existência de normas específicas para troca de categoria de medicamentos para MIPs, persistem algumas dúvidas sobre o processo, como assinala Marli. “Atualmente, no Brasil, não há diretrizes claras que norteiam a mudança de um medicamento tarjado para MIP. Quando a empresa farmacêutica tem uma substância apta para a reclassificação ou switch ela deve submeter individualmente o pedido à Anvisa, que analisa e dá seu parecer. Não existe ainda um procedimento-padrão”, afirma a vice-presidente da Abimip. Segundo a executiva, a Anvisa está finalizando as discussões sobre a nova resolução dos MIPs e do processo de switch e deverá publicá-la no primeiro semestre deste ano. “A nova norma, alinhada com o cenário mundial, apresentará um modelo de regulação mais funcional que permitirá à agência uma avaliação sobre os pedidos de switch a partir de critérios estabelecidos, baseados em uma documentação mais robusta no que se diz respeito ao perfil de segurança do uso do medicamento”, esclarece. De acordo com a Anvisa, conta muito também para que o medicamento se enquadre na categoria de MIP seu histórico no País. No momento da renovação de registro e com o pedido para reenquadramento como MIP, são avaliadas as notificações médicas que o produto teve. Medicamento com notificações negativas, principalmente com efeitos adversos, dificilmente consegue a transferência. Efeitos adversos não previstos na bula pioram ainda mais a situação do produto. O Sistema Nacional de Notificações para a Vigilância Sanitária (Notivisa), da Anvisa, é o principal banco de dados utilizado para compilar esses casos. O sistema de informação é a ferramenta para a notificação e o monitoramento de eventos adversos relacionados ao uso de produtos sob vigilância sanitária. Nele, está o registro de problemas relacionados ao uso de medicamentos e produtos para a saúde, incidentes e eventos adversos, com o propósito de fortalecer a vigilância pós-uso das tecnologias em saúde. Profissionais de saúde e cidadãos podem relatar problemas diretamente no site do sistema. Segundo a Anvisa, há também uma rede de monitoramento em hospitais e centros médicos, que enviam à Agência possíveis efeitos adversos e outros problemas relacionados aos medicamentos, que são analisados pelos técnicos e são tomadas as providências necessárias.

OBRIGATORIEDADE DA BULA

Uma dúvida comum é se todos os MIPs precisam de bula. Segundo a Abimip, alguns dos MIPs são comercializados em cartelas, o que faz com que muitos consumidores achem que eles não possuem bulas, faltando, portanto, informar sobre finalidade, forma de administração, entre outras. “Mas o que muitos não sabem é que, para esses MIPs vendidos em cartelas, podem exigir a bula, que deverá estar disponível na farmácia, segundo as regras da Anvisa”, diz a Abimip. Se, mesmo assim, o

O QUE É O SWITCH O termo em inglês “switch” que significa “troca” é usado internacionalmente para os casos de alteração da classificação do enquadramento da categoria de venda do medicamento sob prescrição para isento dela. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip), segurança é a principal preocupação das autoridades sanitárias no momento de permitir ou não a reclassificação do enquadramento da categoria de venda sob prescrição para a categoria de venda isenta de prescrição médica. Quando um medicamento novo é lançado, inicialmente, ele é enquadrado pela autoridade sanitária como medicamento de venda sob prescrição médica. Com o passar dos anos, após o medicamento ser utilizado em larga escala por um grande número de pacientes e de terem sido levantadas informações suficientes acerca da segurança de seu uso e de que possui características intrínsecas de um Medicamento Isento de Prescrição (MIP) [no caso brasileiro, deve constar em uma lista específica, Grupos e Indicações Terapêuticas Especificadas (Gite)], a empresa poderá submeter à autoridade sanitária um pedido de reclassificação do enquadramento da categoria de venda do produto. Também um medicamento novo pode ser registrado como isento de prescrição no Brasil se for comercializado como MIP por mais de cinco anos nos Estados Unidos ou na Europa e se apresentar grupo terapêutico e indicação descritos no Gite e em dados de farmacovigilância.

consumidor tiver dúvidas quanto à finalidade e ao modo de utilização de um MIP, ele também pode pedir auxílio ao farmacêutico, sugere a Abimip. Na avaliação dos especialistas, o uso consciente dos MIPs age sobre a qualidade de vida e o direito assegurado ao usuário de atuar sobre a própria saúde, mas eles precisam seguir preceitos básicos. “Um fator crucial é que os MIPs não podem apresentar possibilidade de dependência”, destaca o presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro (CRF-RJ), Marcus

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Tendência

LISTA DE GRUPOS E INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS ESPECIFICADAS (GITE) Grupos Terapêuticos

Indicações Terapêuticas

Observações

Antiacneicos tópicos e adstringentes

Acne, acne vulgar, rosácea, espinhas

Restrição: retinoides

Antiácidos, antieméticos, eupépticos, enzimas digestivas

Acidez estomacal, azia, desconforto estomacal, dor de estômago, dispepsia, enjoo, náusea, vômito, epigastralgia, má digestão, queimação, pirose, esofagite péptica, distensão abdominal, cinetose, hérnia de hiato

Restrições: metoclopramida, bromoprida, mebeverina inibidor da bomba de próton

Antibacterianos tópicos

Infecções bacterianas da pele

Permitidos: bacitracina e neomicina

Antidiarreicos

Diarreia, disenteria

Restrições: loperamida infantil, opiáceos

Antiespasmódicos

Cólica, cólica menstrual, dismenorreia, desconforto pré-menstrual, cólica biliar/renal/intestinal

Restrição: mebeverina

Anti-histamínicos

Alergia, coceira, prurido, coriza, rinite alérgica, urticária, picada de inseto, ardência, ardor, conjuntivite alérgica, prurido senil, prurido nasal, prurido ocular alérgico, febre do feno, dermatite atópica, eczemas

Restrições: adrenérgicos, corticoides (exceto hidrocortisona de uso tópico)

Antisseborreicos

Caspa, dermatite seborreica, seborreia, oleosidade

Antissépticos orais, antissépticos bucofaríngeos

Aftas, dor de garganta, profilaxia das cáries

Antissépticos nasais, fluidificantes nasais, umectantes nasais

Antissépticos nasais, fluidificantes nasais, umectantes nasais

Antissépticos oculares

Antissépticos oculares

Antissépticos da pele e mucosas

Assaduras, dermatite de fraldas, dermatite de contato, dermatite amoniacal, intertrigo mamário/perianal/interdigital/axilar, odores dos pés e axilas

Antissépticos urinários

Disúria, dor/ardor/desconforto para urinar

Antissépticos vaginais tópicos

Higiene íntima, desodorizante

Aminoácidos, vitaminas, minerais

Suplemento vitamínico e/ou mineral pós-cirúrgico/cicatrizante, suplemento vitamínico e/ ou mineral como auxiliar nas anemias carenciais, suplemento vitamínico e/ou mineral em dietas restritivas e inadequadas, suplemento vitamínico e/ou mineral em doenças crônicas/convalescença, suplemento vitamínico e/ou mineral em idosos, suplemento vitamínico e/ou mineral em períodos de crescimento acelerado, suplemento vitamínico e/ou mineral na gestação e aleitamento, suplemento vitamínico e/ou mineral para recém-nascidos, lactentes e crianças em fase de crescimento, suplemento vitamínico e/ou mineral para prevenção do raquitismo, suplemento vitamínico e/ou mineral para a prevenção/tratamento auxiliar na desmineralização óssea pré e pós-menopausal, suplemento vitamínico e minerais antioxidantes, suplemento vitamínico e/ou mineral para prevenção de cegueira noturna/xeroftalmia, suplemento vitamínico como auxiliar do sistema imunológico

Restrições: adrenérgicos (exceto nafazolina com concentração < 0,1%), corticoides

Fonte: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

Athila. “Os MIPs são indicados para doenças ou sintomas de baixa gravidade e autolimitados e são considerados de elevada segurança de uso, eficácia comprovada cientificamente ou de uso tradicional reconhecido, de 14 Especial MIPs • Junho 2016

fácil utilização e baixo risco de abuso”, complementa o assessor da diretoria do Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio Grande do Sul (CRF-RS), Gabriel Freitas. Os critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS)


Anti-inflamatórios

Lombalgia, mialgia, torcicolo, dor articular, artralgia, inflamação da garganta, dor muscular, dor na perna, dor varicosa, contusão, hematomas, entorses, tendinites, cotovelo de tenista, lumbago, dor pós-traumática, dor ciática, bursite, distensões, flebites superficiais, inflamações varicosas, quadros dolorosos da coluna vertebral, lesões leves oriundas da prática esportiva

Antiflebites

Dor nas pernas, dor varicosa, sintomas de varizes, dores das pernas relacionadas a varizes, dores após escleroterapia venosa

Antifiséticos, antiflatulentos, carminativos

Eructação, flatulência, empachamento, estufamento, aerofagia pós-operatória, gases, meteorismo

Antifúngicos, antimicóticos

Micoses de pele, frieira, micoses de unha, pano branco, infecções fúngicas das unhas, onicomicoses, dermatomicoses, pitiríase versicolor, tínea das mãos, tínea dos pés, pé de atleta, tínea do corpo, micose de praia, tínea da virilha, candidíase cutânea, monilíase cutânea, dermatite seborreica, dermatomicoses superficiais, vulvovaginites, dermatite perianal, balanopostite, candidíase vaginal, candidíase oral

Anti-hemorroidários

Permitidos: naproxeno, ibuprofeno, cetoprofeno. Tópicos não esteroidais

Permitidos: tópicos

Sintomas de hemorroidas

Permitidos: tópicos

Antiparasitários orais, Anti-helmínticos

Verminoses

Permitidos: mebendazol, levamizol

Antiparasitários tópicos, escabicidas, ectoparasiticidas

Piolhos, sarna, escabiose, carrapatos, pediculose, lêndea

Antitabágicos

Alívio dos sintomas decorrentes do abandono do hábito de fumar, alívio dos sintomas da síndrome de abstinência

Restrição: bupropiona

Analgésicos, antitérmicos, antipiréticos

Dor, dor de dente, dor de cabeça, dor abdominal e pélvica, enxaqueca, sintomas da gripe, sintomas de resfriados, febre, cefaleia, dores reumáticas, nevralgias, lombalgia, mialgia, torcicolo, dor articular, artralgia, inflamação da garganta, dor muscular, contusão, hematomas, entorses, tendinites, cotovelo de tenista, lumbago, dor pós-traumática, dor ciática, bursite, distensões

Permitidos: analgésicos (exceto narcóticos)

Ceratolíticos

Descamação, esfoliação da pele, calos, verrugas, verruga plantar, verruga vulgar

Cicatrizantes

Feridas, escaras, fissuras de pele e mucosas, rachaduras

Colagogos, coleréticos

Distúrbios digestivos, distúrbios hepáticos

Descongestionantes nasais tópicos

Congestão nasal, obstrução nasal, nariz entupido

Restrições: vasoconstritores

Descongestionantes nasais sistêmicos

Congestão nasal, obstrução nasal, nariz entupido

Permitido: fenilefrina

Emolientes e lubrificantes cutâneos e de mucosas

Hidratante, dermatoses hiperqueratóticas, dermatoses secas, pele seca e áspera, ictiose vulgar, hiperqueratose palmar e plantar, ressecamento da pele, substituto artificial da saliva, saliva artificial para tratamento da xerostomia

Emolientes, lubrificantes e adstringentes oculares

Secura nos olhos, falta de lacrimejamento, irritação ocular

Expectorantes, balsâmicos, mucolíticos, sedativos da tosse

Tosse, tosse seca, tosse produtiva, tosse irritativa, tosse com catarro, mucofluidificante

Laxantes, catárticos

Prisão de ventre, obstipação intestinal, constipação intestinal, intestino preso

Reidratante oral

Hidratação oral, reidratação oral

Relaxantes musculares

Torcicolo, contratura muscular, dor muscular, lumbago, entorses

Rubefacientes

Vermelhidão, rubor

Tônicos orais

Estimulante do apetite, astenia

são claros para o uso correto dos MIPs, lembra o presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini. “O uso responsável de MIPs consiste

na prática dos indivíduos em tratar seus próprios sintomas e males menores com medicamentos aprovados e disponíveis sem a prescrição médica e que são seguros e efetivos quando usados segundo as instruções.” Junho 2016 • Especial MIPs 15


Acesso

PRIMEIRA LINHA

DE TRATAMENTO MIPs podem contribuir para redução dos custos da saúde pública se liberadas as instalações para casos mais graves

16 Especial MIPs • Junho 2016

imagens: Shutterstock


M

Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) podem ser encarados como a primeira linha de tratamento e seus defensores dizem que eles podem contribuir para a prevenção de doenças porque os usuários passam a prestar mais atenção à saúde. Conhecidos internacionalmente pela sigla em inglês OTC (Over The Counter), os MIPs são, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), medicamentos aprovados pelas autoridades sanitárias para tratar sintomas e males menores, disponíveis sem prescrição ou receita médica, desde que utilizados conforme as orientações disponíveis nas bulas e rotulagens. Seguindo as recomendações de uso seguro, os MIPs podem oferecer benefícios aos usuários. Entre as vantagens do uso desse tipo de medicamento, está a comodidade, já que o paciente não precisa ir ao serviço de saúde para tratar de sintoma já conhecido, trazendo como benefício indireto o alívio dos custos do sistema público de saúde. “Os MIPs cumprem o papel de serem grandes aliados no tratamento de males e doenças menores, como dores de cabeça, resfriados e má digestão, além de exercerem um papel social e econômico importante, ao desafogarem o sistema de saúde. Com seu uso, os recursos públicos poupados no tratamento de doenças menores podem ser dirigidos para doenças mais graves, que têm grande impacto sobre a população e a saúde pública”, afirma a vice-presidente executiva da Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip), Marli Martins Sileci. De acordo com a executiva, o uso dos MIPs diminui substancialmente os custos e demandas para o sistema de saúde. “Dados da associação americana Consumer Healthcare Products Association (CHPA) revelam que, para cada US$ 1 gasto com medicamentos sem prescrição nos Estados Unidos, o sistema de saúde economiza de US$ 6 a US$ 7 em custos. Estamos desenvolvendo estudo semelhante no Brasil e os resultados iniciais em reais refletem essa mesma proporção”, revela Marli.

ECONOMIA REAL

Ainda de acordo com a CHPA, sem MIPs, 60 milhões de americanos ficariam sem tratamento para males menores – vale lembrar que nos Estados Unidos não há um sistema público universalizado de saúde. Oito em cada dez americanos usam medicamentos sem prescrição para aliviar pequenos sintomas sem ter de recorrer ao médico, salienta a vice-presidente da Abimip, fazendo um paralelo com o Brasil.

De acordo com a Abimip, dados Sinitox mostram que os principais medicamentos causadores de intoxicações não são os MIPs

“No País, há o agravante do inchaço do sistema de saúde. Os recursos públicos que são usados no tratamento de doenças menores precisam ser dirigidos para doenças mais graves, que têm grande impacto sobre a população e a saúde pública. Atualmente, não há como os cerca de 350 mil médicos, que receitam aproximadamente 64% dos medicamentos vendidos, darem vazão também ao atendimento de males menores. Se todos os medicamentos precisassem de receita, demandaria um aumento de 56% no volume de médicos, o que corresponderia a cerca de 196 mil profissionais a mais”, observa Marli.

BEM SOCIAL

Para os especialistas ligados à indústria farmacêutica, o uso dos MIPs faz com que o cidadão exerça seu direito de atuar de forma responsável sobre sua saúde, com base em diagnósticos médicos anteriores, educação e informação, aconselhamento do farmacêutico ou outros profissionais de saúde, além da experiência familiar ou pessoal anteriores. “Se os MIPs não existissem, o paciente teria de ir ao médico a cada dor de cabeça, incômodo ou mal-estar que sentisse, para que tivesse uma medicação receitada. Com apoio do farmacêutico, o uso dos MIPs pode aplacar esses sintomas passageiros e, assim, evitar gastos com saúde pública”, sustenta o presidente executivo da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), Antônio Britto. “Nos Estados Unidos e na Europa, os MIPs desempenham um papel central nas estratégias de saúde pública, pois, de fato, o consumo de MIPs ajuda a reduzir a demanda das pessoas pelos sistemas de saúde públicos e privados, liberando instalações e recursos para os casos mais graves”, afirma o presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini. Tal constatação é consensual na OMS e entre as autoridades sanitárias dos países desenvolvidos. “No Reino Unido, onde o sistema de saúde é integralmente custeado pelo governo, os MIPs são fundamentais para reduzir as pressões orçamentárias em relação aos custos com saúde”, diz o executivo. A promoção da cultura da automedicação responsável requer a educação de pacientes, o aperfeiçoamento das práticas clínicas, uma fiscalização mais atenta por parte das autoridades sanitárias e a efetiva participação do farmacêutico na orientação do uso correto desses produtos. Tarefa que cabe a médicos, farmacêuticos, empresas e órgãos reguladores. “De sua parte, a

Junho 2016 • Especial MIPs 17


Acesso

COMPARATIVO IMPORTANTE Para cada

US$ 1 gasto com MIPs

nos Estados Unidos

se motivo, a Abimip vem fazendo um trabalho de educação e esclarecimento do consumidor a respeito do uso correto e consciente desses medicamentos. “É preciso estimular cada vez mais a população a pensar sobre seu estilo de vida, a assumir hábitos saudáveis, relacionados à atividade física, à alimentação e ao lazer, por exemplo, e estimular também a correta utilização dos MIPs”, afirma Marli. Para o diretor técnico do serviço de Clínica Geral do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), Dr. Arnaldo Lichtenstein, um processo de educação da população sobre o uso de medicamentos pode reduzir a ida a prontos-socorros, contribuindo para redução dos custos da saúde pública, uma vez que diminuem os atendimentos na rede do Serviço Único de Saúde (SUS). “A educação da população associada à ida a serviços hierarquizados de saúde que funcionem podem melhorar a péssima situação da saúde do Brasil. Um exemplo atual é a instalação de gripários em prontos-socorros privados. Todo mundo que acha que está com gripe vai para lá, sendo que a maioria não tem o H1N1, e o risco de pegar naquele local é enorme”, afirma.

RISCO QUASE NULO

o sistema de saúde economiza até

US$ 7 em custos

Fonte: Consumer Healthcare Products Association (CHPA)

indústria farmacêutica reafirma seu compromisso permanente em aperfeiçoar práticas que protejam a população e ampliem a segurança no uso de medicamentos”, salienta.

USO CONSCIENTE

O uso de MIPs tem papel importante no direito que o consumidor exerce de fazer escolhas conscientes a respeito da sua própria saúde. Segundo a vice-presidente da Abimip, os MIPs são, muitas vezes e erroneamente, relacionados ao uso indiscriminado e à automedicação. Por es-

18 Especial MIPs • Junho 2016

Segundo a Abimip, o fato de os medicamentos serem isentos de prescrição não aumenta seu consumo. “Medicamentos, de maneira geral, são exemplos de bens inelásticos, ou seja, a relação entre oferta e consumo quase não se altera diante de mudanças de preço e volume de oferta. Quando um bem é inelástico, mesmo que se aumentem as quantidades ofertadas e se reduzam os preços, a resposta na demanda mantém-se praticamente inalterada”, afirma Marli. De acordo com a Abimip, dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) mostram que os principais medicamentos causadores de intoxicações não são os MIPs, mas, sim, em ordem de importância: antidepressivos, anticonvulsivos, anticoncepcionais, neurolépticos e ansiolíticos (todos com tarja). Segundo o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde (MS), foram registrados 756 óbitos por intoxicação medicamentosa no País em 2013. Em 2012, esse número foi de 666. Em relação às internações hospitalares causadas por intoxicação medicamentosa, o SIM identificou, em 2014, 9.474 internações a um custo de R$ 5,5 milhões. Em 2013, foram registradas 10.384 internações (R$ 5,4 milhões). Questionado, o MS afirma que não distingue os tipos de medicamentos que constam na listagem.


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Conceito

AUTOMEDICAÇÃO E

AUTOCUIDADO, O QUE OS DIFERE

T

Para alguns especialistas, são conceitos distintos, sendo que o cuidado individual vai além de se automedicar. Outros veem semelhanças e riscos de uso indiscriminado de medicamentos

Tomar medicamento por conta própria pode ser uma prática responsável, em que o indivíduo tem conhecimento do seu organismo, e pode ser feita de forma eficaz e segura. Mas para que isso ocorra, é preciso entender que nem todos os medicamentos podem ser tomados e mesmos o que são de venda livre envolvem riscos e carecem de orientação.

20 Especial MIPs • Junho 2016

Um dos aspectos a ser compreendidos é que Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) são eficazes para o alívio de sintomas e males menores, mas não são indicados para tratamentos que visam cura ou controle de doenças de longa duração ou de maior gravidade. Eles devem ser utilizados conforme as orientações disponíveis nas bulas e rotuImagens: Shutterstock


lagens e, em caso de dúvida, a orientação do farmacêutico é fundamental. Por conta da confusão que algumas pessoas fazem e de anos com controle não muito rigoroso da venda de medicamentos sob prescrição, gerando problemas, como intoxicação medicamentosa e resistência a antibióticos, a ideia de automedicação se tornou sinônimo de tomar medicamento de forma indiscriminada, errada e perigosa. “O termo automedicação é utilizado no Brasil de uma maneira diferente do resto do mundo. Aqui, ele é confundido com a autoprescrição, que é a prática incorreta de comprar e utilizar medicamentos tarjados sem a receita de um médico. Por isso, definimos a utilização responsável dos MIPs como sendo uma prática de autocuidado, que está alinhada com a classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS)”, afirma a vice-presidente executiva da Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip), Marli Martins Sileci. “Automedicação consiste no uso, sem a indicação de um médico, de medicamentos que requerem prescrição. Não é um uso racional, pois o paciente corre o risco de errar a posologia e a indicação, entre outros parâmetros”, salienta o presidente da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), Antônio Britto. “Já a automedicação responsável, ou autocuidado como preconiza a OMS, consiste no uso de MIPs. Com apoio do farmacêutico, o paciente pode escolher o medicamento mais adequado aos seus sintomas.”

TERMINOLOGIA CORRETA

Para fazer a distinção com a automedicação equivocada, a Abimip passou a utilizar em seus comunicados o conceito de autocuidado da OMS, que envolve não apenas o consumo de medicamentos, mas de um tratamento multidisciplinar e diz respeito ao conhecimento que o indivíduo tem de seu organismo. “Autocuidado trata da forma como a população estabelece e mantém a própria saúde e como previne e lida com as doenças”, diz Marli. Segundo ela, o conceito é amplo e envolve questões fundamentais, como higiene (geral e pessoal), nutrição (variedade e qualidade dos alimentos ingeridos), estilo de vida (atividades esportivas, lazer), fatores ambientais (condições de moradia, hábitos sociais) e socioeconômicos (nível de renda, crenças culturais), além do uso responsável de MIPs. “A Abimip acredita que, a fim de que o autocuidado seja pleno e o consumo de MIPs, consciente e seguro, o consumidor deve estar bem informado para que exerça plenamente seu direito de decisão”, diz a vice-presidente da Abimip. Segundo ela, a as-

O FARMACÊUTICO É O PROFISSIONAL MAIS INDICADO PARA ORIENTAR O CONSUMIDOR QUANTO AOS BENEFÍCIOS E EFEITOS ADVERSOS DOS MIPS sociação desenvolveu quatro regras ao uso responsável dos MIPs: cuidar sozinho apenas de pequenos males ou sintomas menores, já diagnosticados ou conhecidos; escolher somente MIPs, de preferência, com a ajuda de um farmacêutico; ler sempre as informações da embalagem do produto antes de tomá-lo; e parar de tomar o medicamento se os sintomas persistirem. Neste caso, o médico deverá ser consultado. “É preciso estimular cada vez mais a população a pensar sobre seu estilo de vida, a assumir hábitos saudáveis, relacionados à atividade física, à alimentação e ao lazer, e estimular a correta utilização dos MIPs”, frisa Marli, destacando a importância da participação de todos neste objetivo. “Entendemos que um trabalho conjunto dos setores público e privado possa garantir cada vez mais uma implementação da cultura do autocuidado no Brasil, tendo o consumidor no centro das ações.”

FUNCIONALIDADE DEFINIDA

É importante destacar também que para que um medicamento seja aprovado pelas autoridades sanitárias como MIP, deve ter um alto perfil de eficácia e, principalmente, segurança, que envolve características, como baixo potencial de toxicidade e risco (mau uso, abuso, intoxicação), reações adversas com causalidades conhecidas e reversíveis após a sua suspensão, baixo potencial de interações (medicamentosa e alimentar) e período curto de utilização. “Para que seu uso seja seguro e consciente, sempre que o consumidor optar por usar MIPs, deve seguir as orientações da bula e rotulagem e ter em mente que se os sintomas persistirem, a suspensão do medicamento deve ser imediata e um médico deve ser procurado”, diz a vice-presidente da Abimip, e vai além. “Não existem registros de uso de MIPs por impulso. O consumidor os usa somente quando apresenta algum sintoma ou problema.” Outro mito na visão da Abimip diz que o fato de serem vendidos sem receita faz aumentar o consu-

Junho 2016 • Especial MIPs 21


Conceito CONSUMO RESPONSÁVEL

mo desses medicamentos pela população. De acordo com a vice-presidente da entidade, medicamentos, de maneira geral, são exemplos de bens inelásticos, ou seja, a relação entre oferta e consumo quase não se altera diante de mudanças de preço e volume de oferta. “Quando um bem é inelástico, mesmo que se aumentem as quantidades ofertadas e se reduzam os preços, a resposta na demanda mantém-se praticamente inalterada”, sustenta.

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Nem todos concordam com a visão de que o consumidor esteja maduro o suficiente para consumir medicamentos livremente. Alguns não veem diferença substancial entre automedicação e autocuidado. “Conceitualmente, o autocuidado seria a mesma prática da automedicação, uma vez que o usuário por conta própria escolhe tomar um medicamento com base nos sintomas que ele percebe ter”, afirma o presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro (CRF-RJ), Marcus Athila. “Quem pratica a automedicação fica exposto a uma infinidade de efeitos adversos, que podem mascarar uma doença ou até mesmo agravá-la. O fato de mascarar uma doença pode trazer consequências, como o aumento inútil do consumo de medicamentos ou atendimento com um profissional capacitado tardiamente.” Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além dos efeitos colaterais inerentes a qualquer medicamento, o MIP pode, de fato, atrasar o diagnóstico de uma doença se utilizado de forma abusiva ou sem orientação. O consumidor precisa saber que sintomas persistentes podem ser sinal de outro problema de saúde, diz a Agência. O grande risco é mascarar sintomas de uma doença mais grave. “Uma dor de cabeça pode ser uma indisposição ou resultado de um estresse passageiro, mas pode indicar uma hemorragia cerebral, crise de hipertensão ou até uma meningite”, adverte o professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e médico infectologista do Hospital Albert Einstein, Dr. David Salomão Lewi. “Uma regra básica na medicina diz que primeiro é preciso ter o diagnóstico para só depois indicar a medicação. Quando se começa pelo processo inverso, há o risco de se medicar de forma equivocada”, diz. “Qualquer medicação tem efeitos colaterais, mesmo que o medicamento já tenha sido utilizado antes e não tenham ocorrido problemas. Antiinflamatórios são prejudiciais para estômago, rins, pressão alta. Muitos medicamentos têm interação com outras medicações de uso crônico, fazendo seu efeito aumentar ou diminuir”, acrescenta o diretor técnico de clínica geral do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), Dr. Arnaldo Lichtesntein. Outra atenção que se deve ter é se o MIP falhar. “Se os sintomas não cessarem em um período curto, uma febre que não cede por dois dias ou é muito alta, uma dor intensa e persistente de cabeça ou do abdômen são sinais de que é melhor consultar um médico”, acrescenta o Dr. Lewi.



Saúde

QUAL O PAPEL DOS

MIPS NAS EPIDEMIAS? Medicamentos podem atenuar sintomas, a única ressalva fica para os casos de infecções causadas por vírus

H

Há pouco mais de cem anos, o Brasil, em particular a sua capital naquela época, Rio de Janeiro, passava por uma série de epidemias, a maioria delas provocada por problemas de falta de higiene e de saneamento básico – varíola, peste bubônica e febre amarela eram as mais graves. Na primeira década do século 20, foi necessária uma força tarefa para vencer os focos de transmissão. Encabeçada pelo sanitarista Oswaldo Cruz, que dirigia o Departamento Nacional de Saúde Pública, a brigada vistoriava, em alguns casos à força, casas à procura de focos de

24 Especial MIPs • Junho 2016

mosquitos e de ratos. Em 1904, o governo federal obrigou os cidadãos se vacinarem, gerando imensa onda de protestos no que ficou conhecida como a Revolta da Vacina. Apesar dos reveses, Oswaldo Cruz conseguiu, em quatro anos, erradicar as principais epidemias, em particular a febre amarela. E um dos vilões daquela época era o mesmo Aedes aegypti, transmissor da febre amarela, que hoje atormenta o País, transmitindo zika e chikungunya, além da velha conhecida dengue. Em pleno século 21, o Brasil está novamente diante de graves epidemias, como a zika, cauImagens: Shutterstock


sadora da microcefalia, anomalia que leva à redução da circunferência craniana de bebês, entre outras complicações, e à síndrome de Guillain-Barré, moléstia que atinge o sistema nervoso. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas, o País pode registrar mais de 1,5 milhão de casos ainda este ano, o que representa cerca de 50% dos casos de incidência do zika previstos para as Américas. Já a chikungunya é uma doença semelhante à dengue, com sintomas também parecidos: febre, mal-estar, dores pelo corpo, dor de cabeça, apatia e cansaço. Porém, a grande diferença da chikungunya está no seu acometimento das articulações, pois o vírus avança nas juntas dos pacientes e causa inflamações com fortes dores acompanhadas de inchaço, vermelhidão e calor local. Já a dengue, que chegou a ser praticamente erradicada do País na década de 1950, com o controle do Aedes aegypti, devido a falhas na vigilância epidemiológica e a um modo desordenado de urbanização, retornou em 1976 e não parou mais de crescer. Segundo a Fiocruz, são mais de 15 milhões de casos registrados da doença desde seu retorno. Mas esse número pode ser bem maior, tendo em vista que muitos casos não foram notificados. De forma geral, toda região do País onde exista Aedes aegypti está sujeita a ter uma epidemia de zika, chikungunya ou dengue. As tentativas de controle das moléstias transmitidas pelo mosquito têm sido equivocadas, na visão de especialistas. “A falta de coordenação entre a vigilância epidemiológica, políticas de planejamento urbano e sanitário e estratégias de promoção da saúde estão na raiz do problema, assim como o uso de certos agentes químicos para controlar os mosquitos, tendo em vista seus efeitos sobre os seres humanos”, afirma a diretora de desenvolvimento profissional do Fórum Farmacêutico das Américas, organização que reúne associações farmacêuticas nacionais, a Organização Pan-Americana de Saúde e a Federação Internacional Farmacêutica, Josélia Frade.

SURTO RECENTE

Outro problema enfrentado é a gripe H1N1, iniciado nos primeiros meses deste ano, sobretudo no estado de São Paulo, que registra mais de 80% dos casos do País. No total, foram apurados 1.365 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por influenza A/H1N1 até meados de abril, segundo boletim do Ministério da Saúde. O mesmo documento informa que nesse período fo-

ram compiladas 230 mortes por H1N1. São Paulo teve o maior número de óbitos – 119, correspondendo a 51,7% das mortes do País.

PAPEL DOS MIPS

Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) podem ser a primeira linha de tratamento para determinadas condições de saúde, principalmente para doenças ou sintomas de baixa gravidade. No caso de enfermidades causadas pelos vírus transmitidos pelo Aedes aegypti e a H1N1, eles podem ser utilizados para atenuar sintomas, mas alguns cuidados precisam ser tomados, adverte o diretor técnico de clínica geral do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), Dr. Arnaldo Lichtesntein. “Os sintomas iniciais da dengue são muito parecidos com os da gripe, sendo que ambas as infecções são muito comuns atualmente. Para a gripe, anti-inflamatórios a que a pessoa está acostumada podem ser o suficiente. Contudo, essa classe de medicamento é contraindicada para a dengue, pois pode piorar o problema de plaquetas, em especial no caso da dengue hemorrágica”, frisa. Para o professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e médico infectologista do Hospital Albert Einstein, Dr. David Salomão Lewi, o mais importante é ter o diagnóstico correto. “Não se deve tomar qualquer tipo de medicamento sem ter um indicativo do problema, sobretudo nas moléstias transmitidas pelo Aedes aegypti. Em alguns casos, um analgésico pode ser administrado, mas sob orientação médica, para se evitar riscos, como o de hemorragia nos casos de dengue tratados com anti-inflamatórios.” O surto fora de época de H1N1 (a doença costuma acontecer no inverno) fez com que os estoques do oseltamivir acabassem das farmácias em abril último, principalmente no estado de São Paulo. Para evitar que isso também ocorra com MIPs utilizados nos casos de gripe, as farmácias devem reforçar o estoque de anti-inflamatórios, analgésicos e soros, além de produtos, como álcool gel e vitaminas. “Para o paciente que está com sintomas de dengue, zika ou chikungunya, a indicação é o uso de soro para reidratação oral, além do paracetamol. Como preventivo, o farmacêutico deve recomendar ao paciente o uso de repelentes, mosquiteiros e monitorar possíveis focos de criação dos mosquitos”, diz o presidente da Farma & Farma, associada da Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar), Rinaldo Ferreira.

EM PLENO SÉCULO 21, O BRASIL ESTÁ NOVAMENTE DIANTE DE GRAVES EPIDEMIAS, COMO A ZIKA, CAUSADORA DA SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ, MOLÉSTIA QUE ATINGE O SISTEMA NERVOSO Junho 2016 • Especial MIPs 25


Saúde ORIENTAÇÕES AO PACIENTE DA FARMÁCIA H1N1

Mesmo sendo uma doença com índice importante de letalidade, a gripe causada pelo H1N1 desaparece depois de alguns dias, assim como as outras. Seus sintomas são similares aos da gripe comum, e incluem febre, tosse, garganta inflamada, dores no corpo, dor de cabeça, calafrios e fadiga. O tratamento deve ser feito sob orientação médica. A recomendação é beber bastante água para evitar a desidratação. Medicamentos para febre e dor podem ser usados para amenizar os sintomas. Já para prevenção da doença, lavar regularmente as mãos e usar álcool gel são práticas indicadas pelos especialistas, assim como não tocar olhos, nariz ou boca na rua e evitar contato próximo com pessoas doentes.

ZIKA

Ainda não existe tratamento específico para a zika, segundo o Ministério da Saúde (MS). O tratamento dos casos sintomáticos recomendado é baseado no uso de acetaminofeno (paracetamol) ou dipirona para o controle da febre e manejo da dor. No caso de erupções pruriginosas, os anti-histamínicos podem ser considerados. No entanto, é desaconselhável o uso de ácido acetilsalisílico e outras drogas anti-inflamatórias em função do risco aumentado de complicações hemorrágicas descritas nas infecções por síndrome hemorrágica, como ocorre com outros flavivírus.

CHIKUNGUNYA

Segundo o MS, até o momento, não existe um tratamento específico para chikungunya. Os sintomas podem ser tratados com medicação para a febre (paracetamol) e as dores articulares (anti-inflamatórios). Assim como nos casos de dengue, não é recomendado usar o ácido acetilsalisílico devido ao risco de hemorragia. Repouso e beber líquidos em abundância são atitudes recomendáveis.

26 Especial MIPs • Junho 2016

DENGUE

Medicamentos que podem ser usados contra a dengue são o paracetamol e a dipirona, para aliviar as dores. Mesmo sendo de venda livre, os médicos recomendam que os pacientes só comecem a tomar esses compostos após consulta e diagnóstico médico. Durante o tratamento, é fundamental beber muita água para manter o corpo hidratado. Não se devem tomar medicamentos à base de ácido acetilsalisílico, ácido salisílico, salicilato de sódio, metilsalicilato, diflunisal e salicilamida em composição única ou associados a outros princípios ativos, pois eles são anticoagulantes e aumentam as chances de hemorragias.


FARMACÊUTICO: COMO CONTRIBUIR 1-REPASSANDO INFORMAÇÕES SOBRE O COMBATE AO AEDES AEGYPTI, INDIVIDUALMENTE OU POR MEIO DE PALESTRAS E DA DIVULGAÇÃO E COMPARTILHAMENTO DE CONTEÚDOS NAS REDES SOCIAIS. 2-ORIENTANDO SOBRE OS RISCOS DA AUTOMEDICAÇÃO DESASSISTIDA. 3-INDICANDO A FARMACOTERAPIA ADEQUADA PARA O ALÍVIO DE SINTOMAS E, SEMPRE QUE NECESSÁRIO, ENCAMINHANDO OS PACIENTES AOS SERVIÇOS DE SAÚDE.

4-EXPLICANDO SOBRE AS BARREIRAS DE PROTEÇÃO E O USO CORRETO DE REPELENTES, INCLUINDO OS NATURAIS, À BASE DE PLANTAS MEDICINAIS.

5-DIVULGANDO INFORMAÇÕES CORRETAS ÀS GESTANTES SOBRE O RISCO DO VÍRUS ZIKA PARA A OCORRÊNCIA DE MICROCEFALIA. FONTE: CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA (CFF)

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Ponto de venda

Criar ambiente favorável na loja, boa sinalização nas gôndolas, produtos na linha dos olhos. Estratégias assim facilitam a vida do consumidor e as vendas

28 Especial MIPs • Junho 2016

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As melhores práticas para o ponto de venda (PDV) devem se ajustar às necessidades dos clientes, buscando ofertar os produtos demandados da melhor maneira. Isso inclui aprimoramento e adequação do layout da loja, olho no estoque de produtos e atenção ao treinamento da linha de frente da farmácia. “O consumidor está mais independente em seu comportamento de compra. Cada vez mais ele quer facilidade de acesso aos produtos, tocar, cheirar, observar e tomar a decisão por si só”, esclarece o analista de negócio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de Barretos (SP), Anderson Gualtieri Corrêa, lembrando que isso não significa abandonar o cliente na loja. Bem informados, os funcionários podem ajudá-lo, pois irão saber o momento certo de abordagem, oferecendo os produtos adequados. “Nas farmácias, uma abordagem para esclarecimento de dúvidas, informando as características do produto para o cliente se sentir seguro e tomar a decisão de compra mais adequada, é uma ação muito bem-vinda”, completa Corrêa. A presidente do Instituto de Estudos em Varejo (IEV), Regina Blessa, destaca o fator humano como muito importante na relação de consumo. “Existem inúmeras cidades, principalmente do interior, onde a população mais carente clama por atenção e precisa dela. Chegam até o balcão esperando que o atendimento seja honesto e carinhoso. As lojas tradicionais nessas regiões fazem tremendo sucesso porque não praticam ‘empurroterapia’ e conhecem a maioria dos clientes pelo nome”, diz. “Por outro lado, nas grandes capitais, o atendimento é mais impessoal e as pessoas não gostam de ser abordadas. No entanto, mesmo nesses casos, temos de reconhecer quando alguém precisa de ajuda e oferecer atenção”, sugere. “A orientação ainda é tudo”, concorda a especialista em varejo farmacêutico, Silvia Osso. “Apesar de os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) já estarem arrumados, em sua maioria, do lado de fora dos balcões, com uma sinalização visual que orienta sua indicação, a opção ideal é ter um funcionário com conhecimento para ajudar o cliente em suas escolhas.” Identificar o farmacêutico de plantão com um uniforme diferente do dos balconistas é uma atitude simples que pode contribuir na orientação do cliente, recomenda Regina. “Na maioria das lojas, está todo mundo de branco, parecem médicos, não há uma identificação de função. Isso atrapalha o cliente. Outra coisa é a presença do farmacêutico. O lugar dele é no balcão atendendo clientes e não preenchendo formulários escondido no escritório”, frisa a consultora.

ORGANIZAÇÃO DO PDV

Em termos de disposição física nas lojas, a forma mais adequada de apresentação dos MIPs sugere alguns procedimentos básicos que valem para outros produtos também. “Apenas uma sinalização visual das gôndolas já é bastante interessante e visualmente orientadora”, defende Silvia. Em linhas gerais, os especialistas indicam que categorias correlatas devem estar agrupadas em um único espaço, sempre iniciando a exposição com o mais rentável e finalizando com os produtos de maior giro. Segundo Silvia, os produtos são agrupados por indicação e separados pela curva ABC (técnica que permite analisar e categorizar os itens

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Ponto de venda

APESAR DE OS MIPS JÁ ESTAREM ARRUMADOS, EM SUA MAIORIA, DO LADO DE FORA DOS BALCÕES, COM UMA SINALIZAÇÃO VISUAL QUE ORIENTA SUA INDICAÇÃO, A OPÇÃO IDEAL É TER UM FUNCIONÁRIO COM CONHECIMENTO PARA AJUDAR O CLIENTE EM SUAS ESCOLHAS vendidos em uma loja por ordem de importância) para definir a colocação nas gôndolas. “O local ideal é próximo ao balcão de medicamentos tarjados, pois, assim, permite que os clientes possam pedir ajuda dos balconistas ou que estes possam ajudar os consumidores quando os veem indecisos. Alguns itens sazonais podem ser colocados no checkout”, salienta Silvia. Aprimoramentos no layout da farmácia, com disposição mais adequada dos produtos na prateleira, e a aclimatação harmoniosa podem ajudar nas vendas. A área de vendas deve estar organizada, limpa e atrativa, a fim de despertar o interesse de compra. No interior da loja, a atmosfera deve combinar com o desejo do consumidor, criando, pelo impacto visual, um clima voltado às suas necessidades. Excesso de cartazes, por exemplo, confunde o cliente e não causa boa impressão. “A farmácia pode trabalhar com qualquer tipo de material promocional, desde que coloque um a cada metro quadrado de distância nas gôndolas, sem poluir o visual nem cobrir os produtos”, ensina Regina.

LOJA AGRADÁVEL

Ambientação do PDV é um dos principais diferenciais do varejo pelo efeito positivo que causa na recepção da clientela. Pesquisas sobre o comportamento do consumidor mostram que cerca de 80% das compras são realizadas por impulso, ou seja, sem a interferência de listas de compras ou de marcas predeterminadas. “Deve-se organizar as gôndolas para que o cliente circule pelo estabelecimento com facilidade”, afirma Corrêa. Algumas regras básicas de layout podem ajudar também. “Ter pelo menos 1,20 metro de largura nas gôndolas, não ter corredores que terminem em parede e expor produtos pequenos para cima e maiores para baixo são atitudes que favorecem o cliente e, consequentemente, as vendas”, diz Regina. Os principais produtos devem estar no maior campo de visão do cliente, que significa aproximadamente 30 centímetros para cima e para baixo dos olhos, acrescenta Corrêa. Gôndolas de centro e paredes nunca podem perder seu papel de apresentar os produtos de forma flexível, ou seja, sem interromper um grupo de produtos, colocando, se necessário, acessórios, como ganchos, cestos, esmalteiros. 30 Especial MIPs • Junho 2016

“Em muitos casos, os MIPs ficam espalhados pela loja toda”, assinala Regina. “Alguns mais concentrados num corredor central próximo ao balcão para facilitar o acesso pelos próprios balconistas. O fundamental é os produtos estarem separados por categoria para que o consumidor possa encontrar sem ajuda. Veja, por exemplo, a gôndola de vitaminas, em geral, é uma confusão. Só de vitamina C existe tanta opção e elas são tão parecidas que fica difícil entender qual se deveria tomar para ajudar em um resfriado”, diz. Gerenciamento por Categorias (GC), concordam os especialistas, é importante para melhorar as vendas de MIPs. “Gerenciar e mapear as vendas de anos anteriores, com estimativas para exercício atual e estabelecimento de metas é uma ação bem adequada para se organizar a loja”, sustenta Corrêa. “Separando os MIPs por problema ou região do corpo já ajuda bastante. Mesmo os sazonais não precisam mudar de lugar, pois existe procura o ano todo. O que muda é a quantidade de frentes expostas por época do ano”, adiciona Regina.

SAZONALIDADE ESTRATÉGICA

A ornamentação da farmácia pode mudar conforme as estações do ano para mostrar que a loja está sempre atualizada. O ideal é criar, com o auxílio de balcões e expositores pequenos, corredores que conduzam o cliente pelo interior da loja, visando aproveitar ao máximo sua presença. Toda a área que não é necessária para a circulação nem para serviços deve ser usada para a exposição. “Quando um cliente entra na farmácia, já tem intenção de comprar um determinado produto. Em razão da sazonalidade, ele vai procurar diretamente o que precisa da estação. Os produtos dessa categoria devem estar no fundo da loja, facilmente identificados. Isso fará com que o consumidor encontre o que busca e, ao mesmo tempo, circule pela loja e possa adquirir outra coisa”, ensina Corrêa. Entretanto, não é preciso exagero nas mudanças. “Apesar de haver sazonalidade, o clima do Brasil não permite que foquemos em uma arrumação específica, mas, sim, na indicação dos produtos mais consumidos na estação”, observa Silvia. “A sazonalidade é bem percebida nas pontas de gôndola e na vitrine. Fora disso, o resto parece mudar pouco”, completa Silvia.



Atendimento

ORIENTAÇÃO NECESSÁRIA Mesmo podendo ser comprados livremente, MIPs adquiridos sob atenção do farmacêutico têm segurança de uso ampliada

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Ao longo dos anos, os modelos de assistência à saúde têm passado por profundas transformações resultantes da demanda por serviços, da incorporação de novas tecnologias e dos desafios de sustentabilidade do seu financiamento. Ao mesmo tempo, os consumidores estão mais bem informados e, portanto, mais exigentes para tratar de sua saúde. Esses fatores provocam mudanças na forma de produzir o cuidado da saúde da população. Há um inchaço do sistema de saúde privada e, sobretudo, pública. Sendo assim, segundo especialistas, os recursos usados

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no tratamento de doenças menores precisam ser dirigidos para enfermidades mais graves, que têm grande impacto sobre a população e a saúde pública. “Atualmente, não há como os cerca de 350 mil médicos, que receitam aproximadamente 64% dos medicamentos vendidos, darem vazão também ao atendimento de males menores. Se todos os medicamentos precisassem de receita, demandariam aumento de 56% no volume de médicos ou em torno de 196 mil profissionais a mais”, afirma a vice-presidente executiva da Associação BraImagens: Shutterstock


volvidos na terapia, tendo como base as necessidades de saúde do paciente.

INFORMAÇÕES IN LOCO

O farmacêutico deve promover ações que subsidiem o utente de informações fundamentais sobre o medicamento, como as possíveis interações, reações adversas e sobre a terapêutica. Isso evita que se use incorretamente determinado medicamento, como é o caso do ácido acetilsalicílico por uma pessoa com suspeita de dengue, o que amplia o risco de hemorragia. O profissional de farmácia fornece também a orientação necessária sobre a forma de tomar o medicamento, explicando, por exemplo, a importância de tomá-lo no horário e na dose certos. “Não por acaso, os MIPs devem ficar próximos aos farmacêuticos, para que, sempre que possível, possam abordar o cliente e fazerem o manejo do problema de saúde autolimitado”, sublinha o presidente da Farma & Farma, associada da Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar), Rinaldo Ferreira.

PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA

sileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip), Marli Martins Sileci. Isso não significa deixar o paciente desprovido de referência na hora de decidir o que fazer. Associar o uso de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) com uma maior intervenção do farmacêutico nos tratamentos pode ser uma alternativa mais segura ao usuário. Esse profissional tem um papel importante na orientação quanto ao tipo correto de medicamento a ser utilizado, bem como quanto tempo de uso e os riscos en-

Vale observar que, desde 2014, o papel do farmacêutico ganhou novas prerrogativas, com a regulamentação da prescrição farmacêutica. Publicada em 26 de setembro daquele ano, no Diário Oficial da União, a Resolução 586/13, do Conselho Federal de Farmácia (CFF), altera o ato de prescrever como apenas uma recomendação de determinado medicamento ao paciente. Com a medida, os farmacêuticos podem realizar a prescrição de medicamentos (não tarjados e que não exijam prescrição médica), além de outros produtos, com finalidade terapêutica. Fazem parte da resolução, os medicamentos industrializados e preparações magistrais (alopáticos ou dinamizados), plantas medicinais, drogas vegetais e outras categorias ou relações de medicamentos que venham a ser aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para prescrição do farmacêutico. “De fato, a prescrição farmacêutica é a melhor forma para que o paciente tenha registro do que lhe foi indicado e orientado”, afirma Ferreira. O ideal, segundo ele, é que a prescrição seja resultado de uma consulta farmacêutica para o manejo de problema de saúde. “Nele, o farmacêutico deve sempre avaliar se o paciente precisa ir ao médico e, em caso positivo, deve fazer o encaminhamento por escrito. Portanto, sempre que o profissional for fazer uma prescrição, ele tem pelo menos três possibilidades: encaminhar o paciente ao médico, prescrever medidas não farmacológicas ou medicamentos que não exijam prescrição

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Atendimento

médica. Lembrando que esses medicamentos o paciente já poderia adquirir por conta própria.”

ATO INDISPENSÁVEL

Para o presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro (CRF-RJ), Marcus Athila, a consulta farmacêutica seguida de uma prescrição ou encaminhamento é a forma mais segura para o paciente. “No Brasil, a profissão farmacêutica soma mais de 180 mil profissionais aptos e capacitados para prestar orientação de qualidade à população. Dentro das atribuições clínicas da atividade, está o ato de oferecer uma consulta farmacêutica ao paciente, que permite prescrever um MIP, fornecer serviços farmacêuticos e orientações de saúde”, salienta Athila. O paciente deve ser auxiliado a escolher a melhor alternativa terapêutica, que pode envolver ou não o uso de medicamentos, para sua necessidade, tendo em vista que existem muitos produtos para tratar a mesma condição, porém as especificidades são diferentes. “Outra atribuição do farmacêutico é a identificação de problemas de saúde que são mais graves, quando o paciente não deve se automedicar, e também avaliar situações em que um MIP já foi utilizado e se mostrou ineficaz”, adverte o assessor da diretoria do Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Sul (CRF-RS), Gabriel Freitas. Ferreira destaca até o papel dos atendentes das farmácias e drogarias, que devem estar atentos às necessidades apresentadas pelos clientes. 34 Especial MIPs • Junho 2016

O PROFISSIONAL TEM UM PAPEL IMPORTANTE NA ORIENTAÇÃO QUANTO AO TIPO CORRETO DE MEDICAMENTO A SER UTILIZADO, BEM COMO QUANTO TEMPO DE USO E OS RISCOS ENVOLVIDOS NA TERAPIA, TENDO COMO BASE AS NECESSIDADES DE SAÚDE DO PACIENTE “Todos os colaboradores da farmácia devem ser treinados a fazer algumas perguntas ao cliente, como, por exemplo: para quem é o medicamento? Para que vai usá-lo? Quem prescreveu? Já tomou o medicamento antes? Dependendo das respostas do paciente, o colaborador deve chamar o farmacêutico para dar continuidade ao atendimento no balcão ou oferecer consulta, informando que ela deve ser realizada no consultório farmacêutico, mediante agendamento”, afirma o presidente da Farma & Farma. Além disso, o paciente deve ser acompanhado durante o uso do MIP a fim de que se possa avaliar a evolução do tratamento. Isso é importante para saber se o seu uso deve ser continuado, suspenso porque o problema já foi solucionado ou interrompido e encaminhado ao médico, pois o mal não foi resolvido.



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Referências bibliográficas: 1. Bula do produto. 2. Sob orientação médica. 3. O primeiro comprimido mastigável de paracetamol

do mercado brasileiro, conforme lista de referência da Anvisa e registro do produto em 13 de Julho de 2015. * World Health Organization (2015). The WHO Child Growth Standards: Weight-for-age. Disponível em: http://www.who.int/childgrowth/standards/weight_for_age/en/. ** World Health Organization (2007). Growth reference 5-19 years. Disponível em: http://www.who.int/growthref/en/. SAC: 0800 7286767 ou Serviço ao Profissional: 0800 7023522. Impressão e Distribuição: Junho 2016. ©Johnson & Johnson do Brasil Indústria e Comércio de Produtos para Saúde Ltda - 2016.

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