Parque Ambiental Sambaiatuba | Memorial TGF - Arquitetura

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PARQUE de TECNOLOGIA e EXTENSÃO AMBIENTAL

SAMBAIATUBA



Parque de Tecnologia e Extensão Ambiental Sambaiatuba Complexo Composto por Central de Reciclagem e Centro de Pesquisa e Extensão Ambiental para Área do Antigo Vazadouro do Sambaiatuba Dois Sobre Três - Programa de Urbanização Integrada para as comunidades do São Manoel e Dique Vila Gilda Santos e São Vicente, SP

Trabalho apresentado aos professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, como requisito para avaliação do Trabalho Final de Graduação.

Gunnar Stenger Luis Amaral Pereira Pinto

Pontifícia Universidade Católica de Campinas Centro de Ciências Exatas, Ambientais e de Tecnologia Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Campinas | 2016


S UMÁRIO


04

INTRODUÇÃO

06

BREVE HISTÓRICO E O PRIMEIRO PROJETO DE RECUPERAÇÃO

08

Programas Sócio ambientais, Sócio educacionais e de geração de renda

11

Recuperação do Mangue

13

CENÁRIO ATUAL

15

Contaminação por chorume

16

O NOVO PAR Q UE DE T E CNOLOG IA E E XT E NSÃO AMBIE NT AL SAM BAIAT UBA

18

Diretrizes Gerais | Implantação do Parque

24

CENTRO DE PESQUISA EXTENSÃO AMBIENTAL

38

CENTRAL DE RECICLAGEM E PLANTA SOLAR

48

CONSIDERAÇÕES FINAIS

50

REFERÊNCIAS


Entre as divisas de Santos e São Vicente, na zona

sul das comunidades do São Manoel e Dique Vila Gilda, está localizado o pequeno morro onde funcionava o antigo Vazadouro Municipal de São Vicente. O sítio, banhado a nordeste e a leste pelo Rio Bugre, em seu estado original era constituído principalmente por manguezais; com o passar do tempo, sofreu grandes reduções de vegetação devido à poluição dos recursos hídricos e à perda de espaço para os movimentos de ocupação. Hoje, a área encontra-se em alto estado de contaminação e rodeada por ocupações informais.

Durante o desenvolvimento do Programa de

Urbanização Integrada ‘Dois Sobre Três’ (PUI 2/3), para as comunidades do São Manoel e Dique Vila Gilda, observou-se que, dentre as diversas fragilidades da área (como a falta de

INT RODU ÇÃ O

infraestrutura de saneamento básico, condições irregulares de ocupação, insalubridade e falta de equipamentos urbanos), a condição de assentamento e a degradação do cenário ambiental revelaram-se como extremamente alarmantes, constituindo dois de seus principais problemas.

A condição habitacional é caracterizada por

moradias em palafitas que, além de carecerem de infraestrutura sanitária, são completamente improvisadas, mal estruturadas e possuem baixa resistência a intempéries, resultando em um risco iminente à vida de seus moradores, demonstrando necessidade urgente de intervenção. Já as condições ambientais incluem a poluição dos recursos hídricos por resíduos industriais e domésticos, a degradação da maior parte da vegetação nativa, as possibilidades de alagamento devido às mudanças climáticas globais e a contaminação de parte do solo pelas atividades do antigo vazadouro de lixo.

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Cabe ainda destacar que ambas as questões

são também consequências de dinâmicas territoriais e

estão intimamente conectadas. A estagnação dos debates

econômicas regionais, envolvendo, principalmente, as

para solução da condição habitacional, por exemplo,

atividades portuárias e industrias de Santos e diversos

leva ao aumento contínuo das comunidades, que podem

municípios vizinhos, o que revelou a necessidade de

implicar em novas reduções das poucas reservas de

relacionar o PUI 2/3 com programas ambientais estaduais

mangue. O crescimento da comunidade também resulta

que visem o desenvolvimento sustentável regional e a

no aumento da quantidade de resíduos sólidos e esgoto

recuperação ambiental de todo o litoral paulista.

doméstico despejados nos cursos hídricos que, somado

à poluição advinda de resíduos portuários e industriais,

regionais e locais e a necessidade de sincronizar as ações

afetam ainda mais a questão de salubridade da população.

voltadas à recuperação ambiental com os fenômenos

Assim, compreendendo a necessidade de promover uma

sócio-políticos e de gentrificação. Portanto, para incitar

reestruturação que integrasse esses dois fatores, direcionou-

a aplicação das medidas de recuperação ambiental e

se uma das pesquisas-chave do PUI 2/3: a possibilidade

recuperar a área contaminada pelo antigo vazadouro de

de manter e urbanizar a comunidade local ao mesmo

São Vicente, destinou-se ao sítio em tela o novo Parque de

tempo em que fossem oferecidas medidas de incentivo à

Tecnologia e Extensão Ambiental do Sambaiatuba.

recuperação ambiental.

composto por um Centro de Pesquisa e Extensão Ambiental,

Logo, no desenvolvimento do PUI 2/3, foram incluídas

Assim, esclarece-se a correlação entre as dinâmicas

O novo parque, configurará um complexo ambiental

propostas para a questão habitacional, elaborando-

uma Central de Reciclagem de Lixo, uma planta solar e na

se medidas de fornecimento de infraestrutura sanitária,

continuidade das atividades relativas à recuperação do

realocação de moradores em áreas de risco, propostas

solo e vegetação da área. O programa tem como objetivo

de regularização, recomposição dos espaços livres,

atender às demandas locais e regionais por instrumentos

drenagem, salubridade e a colaboração de programas

de pesquisa que auxiliem e incentivem o movimento

sociais; e também medidas de recuperação ambiental,

de recuperação ambiental, assim como contribuem à

incluindo a própria adequação da condição habitacional,

educação e capacitação da comunidade local.

a preservação dos maciços de vegetação nativa remanescentes, a rearborização de áreas passíveis de recuperação e o tratamento da área do antigo vazadouro de lixo do Sambaiatuba.

Além disso, percebeu-se também que a condição

ambiental não poderia ser solucionada completamente por medidas locais e que sua recuperação só seria possível em longo prazo. Isso porque as problemáticas do gênero

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Com início de seu funcionamento em 1969, o

Vazadouro do Sambaiatuba operou por mais de trinta anos recebendo resíduos sólidos de diversas fontes, predominantemente domiciliares, abrangendo uma área de aproximadamente 47.000 m² e atingindo uma altura de 17 metros. Por tratar-se de uma área de manguezal, a existência do vazadouro agravou ainda mais os problemas ambientais devido à importância desse ecossistema para a região e sua proximidade com o lençol freático.

Na condição de lixão, os resíduos foram

dispostos diretamente sobre o solo sem nenhum tipo de impermeabilização de fundo, provocando a infiltração de substâncias poluentes no solo e nas águas subterrâneas, cenário agravado ainda pela inexistência de um sistema de drenagem de líquidos percolados (chorume maciço).

BR EVE HISTÓRI CO E O PRI ME I RO P ROJET O DE REC UPERAÇÃO

A Prefeitura Municipal de São Vicente, por meio da

Companhia de Desenvolvimento municipal (CONDEVASI), iniciou as primeiras promoções de desativação do vazadouro em 1997. Mas um processo efetivo de desativação das atividades do lixão iniciou-se com um Termo de Ajustamento de Conduta entre a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e a Prefeitura Municipal em junho de 1999, e a sua complementação em 2000, resultando em sua real desativação em abril de 2002.

Após a desativação, deu-se início a implementação

de um Parque Ambiental pela CODEVASI. No intuito de promover mudanças estruturais e a recuperação ambiental do local, foram então tomadas medidas de segurança (como a retirada das crianças da área) e elaborado um plano de recuperação para alterar o aspecto e a funcionalidade do extinto vazadouro, para tanto uma série de ações foram implementadas:

6


funcionamento sem adequação de infraestrutura

1950

1969

1997

1999

2002

2006

2015

2016

Início da

Início do

Primeiras

Termo de

Desativação

Atividades de

Interdição da

Proposta para

formação dos

funcionamento

promoções

ajustamento de

do vazadouro

replantio

área devido

o novo Parque

bairros São

do vazadouro

para

conduta

e implantação

ao retorno do

de Tecnologia

Manoel e Dique

do

desativação

do Parque

acúmulo de lixo

e Extensão

Vila Gilda

Sambaiatuba

Ambiental

Ambiental

1 - Destinação Final dos Resíduos Sólidos

3 - Recobertura dos resíduos sólidos depositados

Executou-se a retirada do excesso de resíduos sólidos, que

Recobertura dos resíduos domiciliares que foram espalhados

foram direcionados ao aterro sanitário Lara, Mauá, SP. A

e compactados com material arenoso. O material cumpre

área recebeu então uma estação de transbordo, que pode

a função inicial de evitar a proliferação de animais nocivos,

receber resíduos que não devem permanecer mais do que

poeira contaminada e resíduos de infiltração. Devido a

três horas no local e serem destinados ao mesmo aterro.

indisponibilidade de argila na região, materiais oriundos de execução de fundações de obras da cidade e da praia de

2 - Movimentação e conformação da massa de lixo

Itararé foram utilizados para cobertura dos resíduos, embora não fossem adequados para tal função por serem muito

Tem como objetivo a regularização do material disposto,

permeáveis e facilitarem a penetração de águas pluviais e a

através da compactação e reconformação da massa de lixo

liberação de gases para a atmosfera.

e da constituição de taludes, incluindo o plantio de grama em suas laterais, de modo a melhorar as condições de

4 - Instalação de drenos verticais

estabilidade do maciço. Instalados para dar vazão aos gases produzidos pela

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degradação dos resíduos depositados. Os drenos constituem

8 - Instalações dos projetos sociais

tubos de concreto de 60 centímetros de diâmetros, implantados com um espaçamento de 40 metros.

Como atividades complementares foram construídas

áreas destinadas a atividades desportivas, espaços para 5 - Instalação de canaletas de drenagem

desenvolvimento de oficinas, viveiros, estufas, canteiros para mudas e dependências administrativas de viveiros e plantas,

O sistema de drenagem superficial foi feito por meio

utilizadas no próprio parque e em outros locais da cidade,

de canaletas de concreto que, além das águas pluviais,

além de servirem para cultivo de espécies experimentais

também recebe uma carga de chorume líquido gerado

nativas que melhor se adaptem às condições locais. Além

pela decomposição de resíduos orgânicos. Esses efluentes

das mudas também é produzido composto orgânico a partir

são conduzidos a uma caixa coletora, mas atualmente não

de resíduos de feiras e galhos triturados da poda de árvores.

sofrem qualquer tipo de tratamento, ainda que haja previsão de que sejam transportados a uma estação de tratamento de esgotos da SABESP futuramente.

PROGRAMAS SÓCIO EDUCACIONAIS, SÓCIO AMBIENTAIS E DE GERAÇÃO DE RENDA

6 - Obras de acessibilidade e balança rodoviária

Abertura de vias e rampas de acesso, confecção de

Além das problemáticas ambientais, a Prefeitura

Municipal de São Vicente deparou-se com a questão dos

meio fio e sarjetas e instalação de balança com capacidade

catadores de lixo que viviam da coleta do material existente

de pesagem de até 60 toneladas.

no vazadouro, o que exigiu a integração de um trabalho social. Assim, a prefeitura definiu o uso da área com a

7 - Monitoramento da área

formação de um Parque Ambiental, com equipamentos diversos para lazer e, sobretudo, para implementação de

Durante a execução das sondagens para

investigação do solo foram instalados 17 poços de

mesmo da desativação do lixão, os antigos catadores foram,

monitoramento ao longo da margem do rio, através dos

aos poucos, inseridos em um programa social desenvolvido

quais é realizado o acompanhamento da qualidade das

pela CODEVASI denominado Caminhos para a Cidadania,

águas. O monitoramento inclui também a observação das

sendo incluídos na coleta seletiva do município através da

condições de estabilidade das edificações e do talude,

legalização da triagem, coleta e enfardamento de materiais

dreno de gases, drenagem superficial e análise química das

recicláveis, formando uma cooperativa de trabalho.

águas subterrâneas e do Rio do Bugre.

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projetos sócio ambientais e de geração de renda. Antes


Projeto Caminhos para a Cidadania e a Cooperativa de

renda, costurando a teia de cooperação e sustentabilidade.

Trabalho da Cidade Alta

Dentre os projetos sociais abrigados destacam-se:

1 - Projeto Escola de Educação Ambiental

O ex-catadores foram incluídos em uma incubadora

de projetos denominada Projeto “Caminhos para a Cidadania”, que implementou atividades para orientá-los e

ajudá-los a se organizar em uma cooperativa de trabalho.

e Cultura Ambiental. Nos últimos anos foram atendidas

O desenvolvimento foca-se no emprego de tecnologias

340 pessoas por mês, entre alunos de escola municipais,

e metodologias preservadoras da qualidade ambiental

estaduais e particulares, alunos do CER, CRAS, mulheres

e de vivência prática da ética, dos valores humanos e

ligadas ao Projeto Renda Cidadã, universitários, professores,

do planejamento estratégico participativo. Os antigos

dentre outros. Os temas abordados variam de acordo

catadores, hoje cooperadores da Cooperativa de Trabalho

com as necessidades de cada entidade, entre eles: Mata

da Cidade Alta (COOPERCIAL) tiveram acesso à informação

Atlântica, Manguezal, a importância da coleta seletiva

e participaram de ações de formação e desenvolvimento

e da reciclagem, a importância da água, a poluição, a

humano.

problemática do lixo, etc.

São ministradas palestras e vivências em Educação

Caminhos para a Cidadania, constitui, então, um

programa de desenvolvimento pessoal e profissional, iniciado

2 - Projeto Paisagismo Urbano

para atender os ex-catadores do extinto lixão Sambaiatuba, tendo como objetivo principal devolver dignidade e

cidadania para a população que vivia marginalizada. O

variedade vegetal, utilizadas na ornamentação de praças e

Viveiro para cultivo de mudas de diversificada

projeto já beneficiou mais de 300 famílias e já qualificou

paisagismo urbano. É realizada a manutenção dos jardins de

mais de 200 pessoas, que hoje atuam no mercado formal e

toda a cidade de São Vicente, sendo 50 pontos, entre praças

informal de trabalho. O projeto presta atendimento social,

e unidades municipais. A equipe conta com 4 funcionários

jurídico, atividades de desenvolvimento humano e cursos

ligados à CODEVASI.

de qualificação profissional. Tem parceria com a Secretaria de Cidadania e Ação Social do município e mantém um

3 - Projeto “Reflorestando o Mangue”

programa de trabalho voluntário da sociedade civil. O projeto incentivou a formação da COOPERCIAL, que hoje

Coleta, preparo e viveiro de plantas nativas de

mantém 110 sócios, prestando serviços de triagem de

mangue, utilizadas para reflorestar áreas degradadas

materiais para reciclagem, vigia e porteiro, serviços gerais,

de manguezal. Produz 12.000 espécies ao ano, sendo 11

serviços de pintura, ajudante de cozinha, padeiros, etc. O

canteiros e 80 espécies arbóreas e forrações. Este projeto

projeto interliga outros projetos de geração de trabalho e

mantém 4 funcionários e é coordenado pela Supervisão de

9


Áreas Verdes.

de Triagem de material reciclável, abrigou a atividade dos antigos catadores do lixão, hoje agentes cooperados de

4 - Projeto Compostagem

reciclagem, gerando trabalho e renda de forma segura e limpa. Os serviços de coleta seletiva envolvem toda a equipe

Desenvolve experimento de transformação dos

resíduos de poda de árvores e restos orgânicos das feiras

da Gerência de Limpeza Urbana do parque e fornecem sustento para 20 cooperados ligados à COOPERCIAL.

populares em adubo orgânico, utilizados como composto nos viveiros mantidos no Parque. Este projeto envolve 3

8 - Projeto Reciclagem de Pneus

funcionários e é coordenado pela Supervisão de Áreas Verdes.

Destinação correta dos pneus para

reaproveitamento como matéria-prima para obtenção de 5 - Projeto Horta Pedagógica

malha asfáltica. O projeto tem parceria com a Via Viva e a AVAPE e dá trabalho para dois cooperados que são

Constitui de cultivo ao modo tradicional, com

remunerados pelas entidades que encaminham os pneus

orientação de profissionais especializados. O projeto é

para reciclagem. O projeto é coordenado pela Supervisão

mantido por uma equipe de 2 pessoas e cuidado por um

de Ação Cooperada em parceria com a COOPERCIAL.

grupo de 30 alunos ligados à oficina de Educação Ambiental do CER/Novo rumo e é coordenado pela Supervisão de

9 - Projeto de Alfabetização Personalizada

Áreas Verdes. 6 - Projeto Horta Hidropônica

Aulas de alfabetização individual, personalizando

o atendimento aos não alfabetizados, com necessidades educacionais especiais. Este curso conta com voluntários

Produz 3.500 pés de alface ao mês, as produções são

destinadas à merenda escolar da rede municipal. O núcleo

ligados à Escola Verde que te quero verde, em São Vicente. No curso são atendidas 15 pessoas, ligadas à Cooperativa.

é mantido por técnicos ligados à CODEVASI, que estão formando 6 cooperados da COOPERCIAL para assumirem o

10 - Aulas de alfabetização para jovens e adultos (EJA)

cultivo das hortaliças e promoverem a auto sustentabilidade do projeto, que também é gerador de renda.

Projeto da Secretaria da Educação do município

(SEDUC), que funciona no Parque Ambiental no horário 7 - Projeto Coleta Seletiva

noturno. Por ano são formadas em educação básica de 30 a 40 pessoas da comunidade.

10

A coleta seletiva, bem como a criação do Centro


11 - Projeto Mão na Massa

14 - Cursos de Formação Continuada

Centro Educacional de profissionalização em

Palestras e cursos de formação pontuais, atendendo

panificação e confeitaria. As padeiras do projeto são

as necessidades do mercado de trabalho. Cursos de

ex-catadoras do antigo lixão que, além de prestar esse

administração, vigia e porteiro, higiene e saúde, AIDS,

atendimento para a comunidade, comercializam pães,

autoestima, cooperativismo, cultura social, etc. Estes cursos

bolos, bombons e salgados e cuidam da auto-gestão da

são administrados por voluntários da sociedade civil e

padaria. O curso atende 20 pessoas e possui um módulo

coordenado pela Supervisão de Ação Cooperada.

de formação em gestão do próprio negócio. O projeto tem parceria com o Fundo Social de Solidariedade, Rotary Club São Vicente Praia e é coordenado pela Supervisão de Ação

RECUPERAÇÃO DO MANGUE

Cooperada da CODEVASI. 12 - Projeto Oficina de Costura

Em 2006, após a extinção do lixão, teve início o

processo de recuperação vegetal do Sambaiatuba, com o plantio de 200.000 mudas de vegetação nativa e 100 de

Aulas de corte e costura para a comunidade,

restinga, conformando o maior projeto de recuperação

também com programas especiais de auto-gestão. O

ambiental de São Vicente.

projeto é realizado em parceria com a Secretaria de Ação e

Cidadania (SECIAS) e atende 30 pessoas da comunidade. O

membros da comunidade, sob a supervisão de professores

projeto é coordenado pela Supervisão de Ação Cooperada

universitários. A iniciativa inteira o projeto de Urbanização e

em parceria com a Diretoria de Assistência Social.

Recuperação Ambiental Sambaiatuba e as mudas foram

O plantio foi realizado por equipes da Prefeitura e

produzidas nos viveiros do próprio parque. Foram plantadas 13 - Projeto Inclusão Digital no Parque

três espécies de mudas de mangue e quatro espécies de restinga:

Aulas de informática para realocação profissional.

O atendimento em informática segue a filosofia inclusiva do Projeto Caminhos para a Cidadania, personalizando o atendimento e possibilitando que cada aluno possa avançar em seus estudos sobre informática, respeitando os limites e possibilidades cognitivas. O projeto atende 120 pessoas da comunidade.

• Rizophora mangle • Avicenia schaueriana • Laguncularia recemosa • Syagrus romanzoffiana • Sophora tomentosa • Dalbergia ecastophyllum • Tibouchina trichopoda

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O local foi preparado para receber as mudas

durante seis meses. Todo o trabalho teve supervisão de dois doutores da Universidade Camilo Castelo Branco e São Judas, Pablo Garcia carrasco e Solange dos Anjos Castanheira, que acompanham o projeto desde 1998.

O plantio de mudas de mangue no Parque

Sambaiatuba foi feito com propágulos, denominação das sementes das espécies encontradas nos mangues da região. Os propágulos são coletados em vários locais para garantir a variedade genética das espécies. Depois de plantados, deve-se esperar cerca de 120 dias até que as mudas atinjam uma altura em torno de 40 centímetros. Atualmente, apenas São Vicente e Ilha Comprida produzem mudas.

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As intervenções realizadas na área desde 2002 foram

de extrema importância para a paisagem e comunidade locais. As medidas de estruturação e a colaboração com projetos sociais demonstraram grande eficiência estratégica e viabilidade do plano elaborado e, por ao menos 8 anos, o Parque Sambaiatuba funcionou satisfatoriamente. No entanto, devido ao fato de o projeto ainda contar com uma estação de transbordo e possuir baixa supervisão/ administração de seu funcionamento, as atividades de acúmulo de lixo no local foram retomadas. Com isso, a partir de 2010, diversas irregularidades passaram a ser constatadas, como a entrada de resíduos de outras procedências que não os urbanos; acúmulo de resíduos a céu aberto, pela inexistência de cobertura no pátio de manobras e não retirada diária; existência de animais domésticos e

C ENÁ RI O A TUA L

aves; catadores; resíduos espalhados por toda a área do empreendimento; resíduos selecionados pelos catadores, ensacados e espalhados pelo pátio de manobras, formação de chorume e seu escoamento em direção às galerias de águas pluviais, por falta de drenagem e ausência de pavimentação no pátio de descarga e imediações.

Assim, em janeiro de 2015, a CETESB interditou

o sistema de transbordo de resíduos sólidos urbanos da Prefeitura de São Vicente. As interdições tiveram caráter definitivo já que o equacionamento do sistema se tornou inviável. Os técnicos da CETESB fixaram placas indicativas a fim de dar publicidade às interdições no transbordo no antigo vazadouro do Sambaiatuba. As interdições não desobrigaram as respectivas prefeituras de cumprirem todas as exigências técnicas formuladas anteriormente pela CETESB, visando a solução dos problemas e irregularidades constatadas.

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VEGETAÇÃO A PRESERVAR

ÁREA DE TRASBORDO ZONA DE ALTA CONTAMINAÇÃO

GALPÃO DE APOIO ÀS ATIVIDADES DE RECICLAGEM

ESTUFA

CANALETAS DE DRENAGEM EQUIPAMENTOS ESPORTIVOS

CENÁRIO ATUAL DO PARQUE AMBIENTAL IMAGEM SATÉLITE

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Tendo em vista as constatações da operação de

composto causador de grande poluição constituído por

forma inadequada do transbordo de resíduos, o Município

substâncias variadas, que incluem: matéria orgânica, artigos

de São Vicente recebeu as seguintes penalizações: em 2010,

tóxicos, metais pesados e até mesmo excrementos de

Auto de Advertência; em 2012, multa de 650 UFESPs (Unidade

animais e seres humanos. No chorume, normalmente estão

Fiscal do Estado de São Paulo); em 2013, multa de 1.300

presentes substâncias orgânicas como o nitrogênio orgânico

UFESPs; e em 2014, multa de 2.600 UFESPs. Conforme concluiu

e o carbono, além das inorgânicos como cobre, chumbo,

a agência nas últimas vistorias realizadas, o equacionamento

cromo, mercúrio e arsênio.

ambiental do sistema de transbordo torna-se inviável em

decorrência da ausência de infraestrutura adequada,

podem ser comprometidos quando em contato com o

impossibilitando o seu licenciamento ambiental. Ressalte-

chorume. Como essa substância libera gases carbônico e

se que em diversas oportunidades os representantes da

metano, acaba causando também a poluição do ar. Além

Prefeitura foram alertados a buscar alternativas, inclusive com

de possuir baixa biodegrabilidade, o chorume carrega metais

interferência e tratativas com o Ministério Público, mas não

pesados que os organismos não são capazes de eliminar

se sensibilizou da necessidade legal de eliminar ou ao menos

quando vivos, acumulando-os. Esses, que apesar de serem

mitigar as não conformidades ambientais.

necessários para o crescimento e reações biológicas dos

seres vivos, quando em altas quantidades, causam sérios

Dentre as estruturas remanescentes, encontram-

Todos os seres que fazem parte da cadeia alimentar

se apenas uma pequena estufa, o espaço destinado às

riscos para plantas e animais. De acordo com observações

quadras e resquícios estruturais de algumas coberturas

de casos de acumulação de metais pesados, os problemas

construídas como espaços de apoio às atividades

de saúde que podem ser ocasionados nas pessoas são

de reciclagem. Pode-se observar também obras de

diarreia, tumores no fígado e tireoide, dermatoses, problemas

regularização, como a conformação de vias, calçadas,

pulmonares, rinite alérgica, alterações gastrointestinais

canaletas e poços de monitoramento. Contudo, todas as

e neurológicas. O chorume também é responsável pelo

estruturas e atividades encontram-se interditadas.

aparecimento de fungos e bactérias, atrair insetos como baratas e moscas, além de roedores. Esses podem ser responsáveis pela transmissão de doenças para as pessoas.

CONTAMINAÇÃO POR CHORUME

Quando o chorume contamina o solo acaba com

a oxigenação da água e acarreta na morte de espécies,

O chorume é uma substância líquida viscosa, de

já que possui uma elevada concentração de Demanda

cor escura e cheiro forte que surge a partir do processo de

Biológica de Oxigênio (DBO). O mais indicado para evitar a

degradação e solubilização de resíduos sanitários, isto é, de

contaminação do solo por chorume é que o lixo orgânico

um processo de putrefação (apodrecimento) de matérias

seja separado do restante ao invés de ser despejado em

orgânicas. Também denominado líquido percolado, é um

lixões.

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Assim, no âmbito de auxiliar e incentivar a

transformação do cenário ambiental, desenvolveu-se a proposta para recuperação do morro onde localizava-se o antigo vazadouro de lixo através da implantação do novo Parque de Tecnologia e Extensão Ambiental Sambaiatuba.

O projeto deverá incluir uma nova execução das

etapas de adequação implementadas pela Prefeitura em 2002 (devido o retorno do acúmulo de lixo no local), a indicação de diretrizes para a recuperação vegetal e a implantação de novos programas. O novo parque, deverá abrigar uma Central de Reciclagem de Lixo e um Centro de Pesquisa e Extensão Ambiental, incluindo espaços para a retomada das oficinas sociais e da locação de uma planta solar.

O NOVO PA RQ UE DE TE CN OLO G I A E EX TENS ÃO AMBI E N TA L SA MBA I A T U BA

Dentro do PUI 2/3, o complexo deverá cumprir

múltiplas funções: deverá servir de instrumento de pesquisa a profissionais dedicados ao estudo das questões ambientais a nível local e regional; integrar o sistema de infraestrutura de saneamento básico, sendo responsável pela baldeação dos resíduos captados pela coleta hídrica de resíduos sólidos e reciclagem de determinados materiais; e apontar diretrizes para a recuperação do solo e vegetação locais.

Cabe lembrar também que parte das fragilidades

ambientais observadas são consequentes da infraestrutura inadequada das moradias, destacando-se o despejo de lixo e esgoto nos recursos hídricos. Logo, assume-se que a degradação da paisagem local é resultado tanto das irresponsabilidades urbanísticas e dinâmicas sócio-políticas, quanto da instrução dos moradores locais a respeito da preservação ambiental. O que revela a necessidade de o Parque integrar também uma ação conjunta à todas as demais propostas ambientais para a área: desempenhar a

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LOCALIZAÇÃO DO MORRO DO ANTIGO VAZADOURO DO SAMBAIATUBA INSERÇÃO DO PARQUE AMBIENTAL

IMPLANTAÇÃO GERAL DO PROGRAMA ‘DOIS SOBRE TRÊS’ 0

200

400

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função de incentivador de transformação na mentalidade

parque de 2002, quanto as áreas de alta contaminação,

social.

maciços arbóreos existentes e orientação solar e eólica.

O funcionamento otimizado dos programas do

Considerando as intervenções e medidas de

parque, assim como a reconstituição da orla do rio e do

recuperação já realizadas em 2002, seguem as medidas de

funcionamento das habitações flutuantes, ou seja, uma

recuperação da área que devem ser retomadas devido ao

transformação na relação entre habitação e ambiente,

retorno do acúmulo de lixo no local:

depende de uma transformação no modo de pensar e agir. O que não inclui apenas os habitantes das comunidades, mas toda a sociedade diretamente e indiretamente relacionada, considerando que vislumbramos uma crise ambiental mundial decorrente principalmente das lógicas de produção, de locomoção e das dinâmicas políticas e econômicas do mundo globalizado.

Logo, a arquitetura, enquanto arte de proporcionar

espaços destinados à execução de atividades específicas, deve agora proporcionar cenários alternativos que incentivem a atividade da transformação de como vivemos nossas cidades e tratamos nosso ambiente. E então, para

1 - Destinação Final dos Resíduos Sólidos 2 - Movimentação e conformação da massa de lixo 3 - Recobertura dos resíduos sólidos depositados 4 – Checagem e manutenção dos drenos verticais, canaletas de drenagem e poços de monitoramento instalados 5 – Adequação das caixas coletoras, da agenda de coleta e do tratamento do chorume acumulado 6 – Implantação do novo parque e dos programas sociais

desempenhar seu caráter educacional, a arquitetura, em sua forma, deverá expor seu conteúdo e despertar no sujeito

Após realizada as operações de recuperação

sua sensibilidade ao novo aprendizado, à reconstrução de

do sítio, segue-se então para a implantação dos novos

valores e seu instinto natural em relacionar-se e cooperar

programas. A Central de Reciclagem de Lixo foi implantada

com a natureza.

na parte norte da área. O programa mais reservado ao acesso do público, nessa posição, fica naturalmente separado das demais atividades do parque pelo morro

DIRETRIZES GERAIS | IMPLANTAÇÃO DO PARQUE

central. A implantação da Central ao norte do parque visa também um posicionamento mais centralizado em relação à

18

O primeiro exercício de projeto realizado para o

comunidade como um todo, otimizando a logística da coleta

Parque de Tecnologia e Extensão Ambiental Sambaiatuba

hídrica e justificando seu contato com a margem do rio.

(PaTEA Sambaiatuba), constituiu na elaboração de diretrizes

para recuperação do solo e em um zoneamento de

novo Centro de Pesquisa e Extensão Ambiental. O edifício

atividades, considerando-se tanto a antiga implantação do

é subdividido em duas alas. A primeira é destinada às

Na parte central do parque foi implantado o


atividades de pesquisa e educação e é camuflada por sua

longo período para descontaminação total, tornando-se não

relação com a topografia. A segunda abriga as atividades

recomendável às atividades recreativas. Portanto, para essa

recreativas e os viveiros, conformando as únicas edificações

zona foi destinada uma pequena planta solar, que deverá

que sobressaem sobre a paisagem.

fornecer parte da energia necessária ao funcionamento

dos demais programas, assim como testar e exemplificar

Na parte sul do parque, nas cotas mais baixas

do morro, próximo às comunidades, foram implantados o

meios de obtenção de energia limpa. Constituindo uma

campo de futebol e a quadra poliesportiva, praticamente na

estrutura passível de deslocamento e reutilização em outras

mesma posição onde as atividades esportivas já ocorriam,

áreas, a planta solar configura um programa flexível que,

preservando-se assim, parte da paisagem cultural da área.

futuramente, pode receber novas funções ou uma proposta

de reconstituição vegetal.

A zona de alta contaminação devido ao acúmulo

de lixo configura a área mais fragilizada do parque. Embora

Além desses programas, o projeto para o PaTEA

as obras de 2002 tenham incluído diversas medidas de

Sambaiatuba prevê também um plano de diretrizes

adequação de drenagem, devemos considerar que o

de recuperação arbórea. Embora o projeto não inclua

chorume infiltrado no solo leva um longo período de tempo,

um desenho paisagístico nem uma planta de plantio,

até 40 anos, para ser complemente eliminado. Logo, mesmo

foi elaborado um desenho de acessos, percursos e um

com todas as obras de estruturação, pode-se afirmar que

zoneamento das áreas livres, resultando em três zonas de

esta área continua altamente contaminada e levará um

replantio:

19


ZONA A – Conforma a área leste e nordeste do parque, região que possui contato direto com o Rio Bugre e que apresenta massa de vegetação significativa, parte da qual já foi implementada por replantio de mudas nativas consequentes dos antigos projetos sócio ambientais. Logo, configura uma área de preservação que admite, ainda, ações de replantio de mudas entre a vegetação existente.

entre civilização e ambiente.

ZONA B – Conforma a área oeste e sul do parque, região que possui pouca vegetação, mas que apresenta alto potencial de recuperação arbórea, podendo admitir grande diversidade de espécies e de portes, uma vez que configuram vazios livres próximos às áreas de recreação e de transição entre morro e comunidade.

é permitir que a natureza do sítio prevaleça sobre a nova

ZONA C – Conforma vazios identificados no interior do parque passíveis de replantio e arborização que se diferenciam da Zona B por estarem localizados ao norte de programas que necessitarão de alto nível de insolação, como a planta de energia solar e os viveiros. Essas zonas ainda poderão receber vegetação, porém limitada a espécies rasteiras e/ou a árvores de pequeno porte, não interferindo, assim, na insolação desses programas.

entradas destacadas, mas inseridas continuamente nos

É nesse sentido que, enquanto partido formal, optou-

se pela tentativa de camuflar os edifícios na paisagem, utilizando-se da topografia e da arborização como ferramentas projetuais, privilegiando uma arquitetura rasteira que não ultrapassa as cotas mais altas do morro. O intuito, arquitetura, constituindo o maior objeto de conexão e de percepção para os usuários do parque. Portanto, os novos espaços implantados buscam a maior imersão possível na paisagem, assim como seus acessos, que não constituirão percursos do parque.

Cabe destacar que, em se tratando de intervenções

em comunidades, atenta-se para a solução formal dos projetos implantados. Dentre as tendências de intervenções atuais, é comum nos depararmos com projetos focados em respeitar o gabarito das edificações existentes e em utilizar as tipologias habitacionais como inspiração formal, projetandose edifícios que refletem direta ou indiretamente a paisagem cultural local. No entanto, aqui, lidamos com um morro cuja cota mais alta, após conformação da massa de lixo,

central de reciclagem

encontra-se entre 13 e 14 m, acima do nível onde a maior

posto de baldeação da

parte das habitações estão localizadas. Além disso, o PaTEA

coleta de lixo

Sambaiatuba constitui um projeto focado não apenas na

planta de painéis solares

instalação de novos equipamentos para a comunidade, mas,

bloco de pesquisas

principalmente, na transformação de valores e da relação

DIAGRAMA DE PROGRAMAS

bloco de oficinas cultivo (estufa + viveiros) cultura e recreaçãao

20

(anfiteatro + midicateca) quadras esportivas


ÁREA ESPORTIVA

ZONA A PRESERVAÇÃO ARBÓREA ZONA A PRESERVAÇÃO ARBÓREA

PLANTA DE PAINÉIS SOLARES

CENTRO DE PESQUISA E EXTENSÃO AMBIENTAL

ZONA B ALTO REPLANTIO

ZONA DE ALTA CONTAMINAÇÃO

CENTRAL DE RECICLAGEM ZONA B ALTO REPLANTIO

principais percursos de pedestres rotas de acesso de veículos

IMPLANTAÇÃO GERAL DO PARQUE 21 AMBIENTAL


centro de pesquisa e extensĂŁo ambiental

corte geral A-A

comunidades

central de reciclagem

planta solar

corte geral B-B

comunidades

22 corte geral D-D

estacionamentos

centro de pesquisa e extensĂŁo ambie


ental

ZONA A de preservação ambiental

central de reciclagem / posto de baldeação

centro de pesquisa e extensão ambiental

área esportiva

canal do dique

orla

comunidades

23


O Centro de Pesquisa e Extensão Ambiental constitui

o espaço destinado aos laboratórios de pesquisa, às salas para a realização das oficinas comunitárias e à estrutura de cultivo (estufa e viveiros), além de um pequeno anfiteatro e uma midiateca.

Como já mencionado, está subdividido em duas

alas. A ala inferior configura um corpo linear de apoio e circulação que se ramifica em três blocos. Os blocos norte e central abrigam os laboratórios, os escritórios e toda infraestrutura de apoio à pesquisa em botânica, águas, solos, sedimentos, resíduos, efluentes e emissões atmosféricas. Já o bloco sul, mais próximo da área ocupada pela comunidade, abriga as salas de aula, oficinas e demais espaços de apoio educacional.

C ENT RO DE PESQ UI SA E E XTE N SÃ O A M BI EN T A L

Essa ala, que está semi-enterrada e orientada de

frente para o rio, possui três acessos. O primeiro em sua extremidade sul, recebe a população vizinha ao parque, o segundo, que atravessa o edifício transversalmente, configura uma continuidade do percurso do parque e recebe o fluxo advindo de uma das pontes de transposição do rio, dando acesso à ala superior do centro. O terceiro acesso, restrito aos profissionais de pesquisa, consiste em um elevador de serviço que possibilita tanto a entrada e saída de usuários, como o transporte de materiais de estudo da parte superior do conjunto (onde estão os viveiros) para os laboratórios.

A ala superior abriga os programas completamente

públicos do parque, possuindo uma midiateca, um anfiteatro, um pequeno café, uma estufa e os viveiros. Devido à necessidade de insolação e ao caráter coletivo de seus programas, essa ala consiste no único volume arquitetônico que se sobressai sobre a paisagem, privilegiando, no entanto, o uso de materiais que permitam sua transparência e

24


centro de pesquisa e extensĂŁo pav. inferior

25


inspirando-se na própria topografia do sítio, conformando um reflexo do pequeno morro localizado na parte norte do parque.

Como mencionado, o Centro de Pesquisa procura

a maior imersão e continuidade possíveis com o restante da paisagem. Assim, com exceção das entradas restritas, os acessos aos programas foram projetados de modo a conformar uma continuidade dos percursos do parque.

26


centro de pesquisa e extensão pav. térreo

27


centro de pesquisa e extensĂŁo pav. superior

28 centro de pesquisa e extensĂŁo | corte B-B


viga perfil I [W 530x109,0 A=139,7 cm²] viga perfil I [W 310x52,0 A= 67 cm²]

cobertura telha metálica painel de borda (argamassa) estrutura teto-jardim laje nervurada pilar circular de concreto

salão de recreação | corte B-B

cobertura | corte B-B

29


painel de borda (argamassa) viga perfil I [W 530x109,0 A=139,7 cm²] janela superior (saída da ventilação cruzada) calha caixão perdido parede de arrimo brita (camada de drenagem)

parede cortina | corte B-B

30 centro de pesquisa e extensão | corte E-E


Solução técnica

de modo geral.

A ala inferior foi projetada com uma estrutura

A grande cobertura da ala superior consiste

também em uma estrutura mista de concreto e aço. No

mista de concreto e vigas metálicas. Devido à sua inserção

entanto, os microambientes da midiateca e da estufa

topográfica, o edifício foi separado do muro de arrimo

possuem uma estrutura secundária, completamente

principal por de uma “parede cortina”, evitando-se os

metálica. Parte dessa cobertura, assim como os blocos

problemas de infiltração de umidade e permitindo a

de salas e laboratórios, recebe uma laje ajardinada, cuja

implantação de janelas superiores nos espaços encostados

vegetação consiste na extensão do gramado natural;

no morro, possibilitando a ventilação desses ambientes.

outra parte, sobre a estufa, recebe uma cobertura

translúcida devido à necessidade de insolação das plantas

Os blocos ramificados, devido sua orientação,

permitem a utilização de circulação cruzada, que é ainda

a serem cultivadas.

reforçada por janelas superiores associadas ao corredor

de circulação, escondidas externamente por assentos de

pequena bacia de retenção implantada no intuito de reter

argamassa armada. A laje desses blocos, além do recorte

parte do volume de águas pluviais, mais especificamente,

para as janelas superiores, recebe um teto ajardinado, que

o volume precipitado sobre as novas áreas construídas

proporciona maior eficiência térmica ao conjunto e favorece

não permeáveis. Assim, as águas pluviais coletadas são

o partido estético da camuflagem.

destinadas para o pequeno reservatório que, ao mesmo

tempo em que reduz o volume de água conduzido ao rio

O conjunto inferior é ainda revestido por um brise

Pode-se observar também na área externa, uma

metálico de padrão geométrico que desempenha uma

(reduzindo a intensidade de enchentes) pode ser utilizada

dupla função: bloquear a insolação direta (nas faces oeste e

na irrigação das coberturas ajardinadas.

norte) e proporcionar privacidade visual aos espaços internos

31


banco argamassa armada

janela superior - ventilação cruzada

aberturas superiores dos corredores dos laboratórios | corte A-A

32 centro de pesquisa e extensão | corte A-A


grama esmeralda rufo enchimento substrato brita (camda de drenagem) manta geotêxtil bidim camada de impermeabilização dreno viga perfil I [W 530x109,0 A=139,7 cm²]

detalhe teto jardim

33


PROGRAMA DO CENTRO DE PESQUISA E EXTENSÃO AMBIENTAL

34 centro de pesquisa e extensão | corte C-C

espaço

quant.

área útil unid.

área útil total

recepção/ secretaria/ administração

2

58,44

116,88

sala de reuniões A/C

2

41,00

82,00

sala de reuniões B

1

-

49,38

assistência técnica

1

-

20,74

sala de professores

1

-

42,91

sala de pesquisadores

2

69,62

139,24

escritório A

1

-

15

escritório B

1

-

20

escrit. de pesquisadores (I, II, II...)

14

20,72

290.08

sala de materiais A

1

-

26,24

herbáreo

1

-

103,63

laboratório de informática

2

42,90

85,80

sala de aula

3

42,90

128,70

oficina de culinária

1

-

86,92

oficina de costura

1

-

42.90

oficina de plantio

1

-

42,90


sala de atend. individual

2

28,70

57,40

vestiários

1m/1f

21,80

43,60

lab A - anatomia de plantas

1

-

42,90

sanitários

2m/2f

diver.

70,30

lab B - biologia de algas marinhas

1

-

42,90

sanitários p.d.

2 unsx

3,72

7,44

lab C - biologia de fisiologia de desenvolvimento vegetal

1

-

42,90

copa

1

-

28,00

lab D - genômica e elementos de transposição

1

-

42,90

almoxarifado A

1

-

10,78

lab E - fisiologia ecológica de plantas

1

-

42,90

almoxarifado B

1

-

31,05

lab F - fitoquímica

1

-

42,90

depósito A

1

-

11,05

lab G - genética molecular de plantas

1

-

42,90

depósito B

1

-

42,40

lab H - biologia celular de plantas

1

-

42,90

midiateca

1

-

334,70

lab I - sistemática vegetal e biologia molecular

1

-

42,90

anfiteatro

1

-

110,28

lab J - água e efluentes industriais

1

-

42,90

café

1

-

33,40

lab K - solos, corretivos, fertilizantes e resíduos

1

-

42,90

estufa

1

-

412,00

lab L - sólidos industriais

1

-

42,90

sanitários

1m/1f

22,00

44,00

lab M - análise de emissões atmosféricas

1

-

42,90

sanitário p.d.

1 unsx

1

2,90

lab N - absorção atômica

1

-

42,90

sala de materiais B

1

-

10,40

lab O - crematografia

1

-

42,90

depósito C

1

-

10,31

caixa d’água

1

-

30,20

35


36


37


A central de reciclagem configura também um

edifício linear encaixado na topografia do morro. O edifício utiliza-se da topografia tanto para se camuflar na encosta quanto para permitir que o processo de reciclagem funcione por gravidade, o qual se inicia no pátio de descarregamento na cota mais alta e finda no galpão de armazenagem e pátio de carregamento na cota mais baixa.

Além do bloco principal, o edifício conta também

com uma extensão localizada próximo à margem do Rio Bugre, onde foi implantado um deck para coleta dos resíduos sólidos recebidos pelo sistema de coleta hídrica de lixo. Ali, será realizada uma pré-triagem, onde os resíduos orgânicos serão destinados a aterros sanitários e os resíduos recicláveis destinado ao processo de reciclagem.

A central admite reciclagem de plástico, vidro,

metal, papel, madeira e resíduos de podas urbanas. Após passar por todo o processo de triagem, as massas de lixo são

C ENT RAL DE RE CI CLAGE M E PL A N T A SOL A R

então compactadas e armazenadas até serem destinadas às usinas que farão a reutilização dos materiais. Cabe destacar que o sistema inclui também um pátio de compostagem para os resíduos de poda urbana que, transformados em adubo, são destinados ao Centro de Pesquisa e Extensão Ambiental e utilizados nas atividades de plantio.

O edifício, embora encostado no morro mais alto

do parque, ainda respeita seu gabarito, minimizando o impacto visual na paisagem do complexo. Do outro lado desse pequeno acento geológico, localiza-se a área de alta contaminação do solo, onde foi implantada a planta de energia solar.

38


central de reciclagem pav. térreo + posto de baldeação

39


central de reciclagem 40

pav. superior


central de reciclagem pav. descarga + planta solar

41


Solução Técnica

A planta de energia solar consiste em um complexo

de 672 painéis fotovoltaicos de 250 watts de potência. Agrupados em conjuntos de 6 painéis, são dispostos sobre

estruturas metálicas que possibilitam a elevação das placas

Central possui uma estrutura mista de pilares de concreto

orientadas a norte em uma angulação de 24º. Mensalmente,

e vigas metálicas e um sistema de paredes cortinas. No

o sistema é capaz de produzir 17.266 kWh/mês.

entanto, devido à orientação do edifício e à altura do morro

vizinho, essas paredes ultrapassam a altura da construção,

Além dos painéis, a planta solar conta também com

Assim como o Centro de Pesquisa e Extensão, a

um pequeno anexo que abriga um depósito de apoio e uma

a fim de atingir uma posição propícia ao recebimento dos

casa de transformadores. A planta solar está implantada

ventos elísios. Portanto, nesse caso, em vez de ventilação

sobre o própria grama (com exceção de alguns percursos

cruzada, o edifício será ventilado pelo “efeito chaminé”.

pavimentados) permitindo, assim, a infiltração das águas

pluviais. O chorume presente no local, deve ser conduzido

pontos, também recebe laje jardim, afim de permitir a

pelas canaletas de drenagem até as caixas de coleta

reconformação de parte do volume de terra movimentado.

específicas.

Em outras partes, sobre os galpões, recebe uma cobertura

O bloco principal da central, em determinados

mista de treliça metálica e painéis de argamassa armada que permitem iluminação natural indireta durante dia. As áreas de descarregamento e pré-triagem, para permitir a manobra das caçambas dos caminhões, recebem leves estruturas de coberturas elevadas, conformadas por pequenas treliças espaciais e telhas metálicas convencionais.

balança

42 central de reciclagem | corte G-G

dosador

esteira de triagem

eletro-imã

material orgânico


ESQUEMA DO PROCESSO DE RECICLAGEM

02 - Pesagem + descarregamento +

03 - Triagem

dosagem

semi-automática

01 - Baldeação

04 - Eletroímã + separação resíduos orgânicos

coleta hídrica + pesagem + prétriagem 05 - Compostagem 07 - Armazenagem +

07 - Prensagem

carregamento + destinação final

06 - Peneiramento

pátio de compostagem e peneiramento

prensas

estação de

armazenagem

controle interna

43


posto de baldeação / central de reciclagem | corte A-A

44 central de reciclagem | corte G-G posto de baldeação / central de reciclagem / planta painéis solares | corte F-F


CAPACIDADE DA PLANTA SOLAR

→ 250 W x 672 painéis = 168.000 W

672 painéis solares + tranformadores Painel Solar Fotovoltaico Yingli YL250P 29b (250 Wp)

→ 168.000 x 0,83 = 139.440 W → 139.440 x 4,13 = 575.887 Wh/dia → 575.887 x 30 = 17.276.616 Wh/mês → 17.276.616 / 1000 = 17.266 kWh/mês Potência dos painéis: 250W Quantidades de painéis: 672 uni Irradiação solar em Santos = 4,13 Eficiência do projeto fotovoltaico: 83% (inferência padrão - perdas na geração e transmissão de potência)

45


veneziana superior de ventilação viga perfil I

vala de infiltração

[W 530x109,0 A=139,7 cm²]

brita (camasa de drenagem)

cobertura translúcida

drenos painel argamassa armada muro de arrimo janelas superior (saída de ar -

caixão perdido (parede cortina)

efeito chaminé)

cobertura translúcida / parede cortina / efeito chaminé

46 central de reciclagem / planta painéis solares | corte B-B


PROGRAMA DO CENTRO DE PESQUISA E EXTENSÃO AMBIENTAL espaço recepção/ administração

quant.

área útil unid.

área útil total

copa

1

-

40,48

1

-

88,00

depósito/ almoxarifado

1

-

40,60

1

-

41,52

sala de reuniões

1

-

22,00

depósito

escritório

1

-

9,32

sanitários

2m/2m

diver.

75,3

1m/1f

22,00

44,00

oficina de reciclagem

1

-

45,60

vestiários

pátio de carga

1

-

900,00

estação de controle A

1

-

9,30

triagem (dosagem e esteiras)

1

-

612,00

sanitários

2 unsx

diver.

5,00

depósito

1

-

6,10

triagem (distribuição)

1

-

702,00

pátios de compostagem

1

-

398,00

estação de controle C

1

-

28,00

pátio de coleta hídrica/ pré-triagem

1

-

130,00

prensagem

1

-

268

armazenagem

1

-

402,00

estação de controle B

1

-

27,00

casa de tranformadores

1

-

43,15

pátio de descarga

1

-

456,00

depósito

1

-

21,14

QUADRO DE ÁREAS FINAL

geral

centro de pesquisa ambiental e

central de reciclagem e apoio da usina

Área do terreno = 47000 m²

extensão

de energia solar

Projeção da área construída = 9530 m²

Projeção da área construída = 5760 m²

Projeção da área construída = 3770 m²

Área construída total = 10589 m²

Área construída = 6004 m²

Área construída = 4585 m²

47


C O NS IDERA ÇÕES FI N A I S

48


Como já mencionado, o Parque de Tecnologia

ter resultado em grande impacto visual em uma área de

e Extensão Ambiental do Sambaiatuba configura um

recuperação.

equipamento estruturador no Programa de Urbanização

Integrada Dois Sobre Três, desempenhando funções de

e Extensão Ambiental do Sambaiatuba configura um

caráter local, municipal e regional. Com isso, a abrangência

diagnóstico acadêmico dado para a área do antigo

e diversidade dos programas resultaram em um grande

Vazadouro do Sambaiautuba, formulado com o objetivo

complexo que, no fim de seu desenvolvimento, apresentou

de recuperar uma área de fragilidade ambiental e sugerir

uma alta área construída. Em aspectos formais, o projeto

a implantação de um equipamento urbano cujo programa

elaborado não refletiu grande impacto na paisagem

abriga atividades de estruturação e de desenvolvimento.

Por fim, o projeto para o Parque de Tecnologia

local (devido às grandes proporções do parque original e da utilização da topografia do terreno em benefício), no entanto, o grande porte construtivo e seu caráter tecnológico revelaram seu [muito provável] alto custo e a necessidade de grandes investimentos para viabilizá-lo.

Assim, parece ser possível afirmar que a

exequibilidade do projeto só seria possível com uma colaboração de interesses municipais (como a inserção do Parque Sambaiatuba com função estrutural dentro de um plano diretor) com a de interesses de programas de caráter estaduais e nacionais, propiciando condição financeira ao projeto.

Apesar das questões a respeito da gestão do

projeto, é possível observar que espaço destinado ao Parque Sambaiatuba e seu entorno abrigaram bem o complexo. Foi possível implantar os percursos de modo a desempenharem a função de conectores entre as diferentes áreas da comunidade, central de reciclagem foi implantada em um ponto estratégico em relação à logística do sistema de coleta e destinação de lixo, os programas sócio-educacionais ficaram em uma área de fácil acesso das comunidades, e o partido de manter grande parte do edifício semi-enterrada parece ter amenizado o que poderia

49


REF ER ÊNCI A S

BIBLIOGRAFIA

PROJETOS

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Anfiteatro L’Occitane François Valentiny

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MARINOSKI, Deivis Luis. SALAMONI, Isabel Tourinho. RUTHER, Ricardo. Prédimensionamento de sistema solar fotovoltaico: estudo de caso do edifício sede do CREA-SC. Universidade Federal de Santa Catarina. 2004.

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PREFEITURA SÃO VICENTE. Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de São Vicente. Versão preliminar para consulta pública. 2015.

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Parque Dom Pedro Fernando Chacel

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The Menil Collection

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Renzo Piano Houston, EUA – 1982/1986

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Santos. Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio Brito. Ministério de Minas e Energia. Disponível em: http://www.cresesb.cepel.br/index. php?section=sundata&. LIPPEL. Peneira Rotativa para Biomassa. Disponível em: http://www.lippel.com. br/br/categorias/classificacao/classificadores-e-peneiras/peneiras-rotativas/ peneira-rotativa-para-biomassa-clr-1200-x-3000-128.html? Neosolar. Painel Solar Fotovoltaico Yingli. Disponível em: http://www.neosolar. com.br/loja/painel-solar-fotovoltaico-yingli-yl250p-29b-250wp.html

51


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