Três por quatro alex medeiros

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Os Beatles são mais populares do que Jesus. E o poeta e jornalista Alex Medeiros acredita mais em nós quatro do que no homem de Nazaré e de outros bares da cidade. Tudo bem, somos os maiores para ele, mas antes de Elvis não existia nada entre Memphis e a galáxia de Andrômeda. Nós sempre quisemos ser maiores que Elvis porque ele era o maior. Ele morreu e eu morri três anos depois. Não gosto do culto da morte, de um James Dean morto, de um John Wayne morto. Eu só cultuo as pessoas que sobrevivem, como o Ringo e o atual clone de Paul. A morte tem que ser esperada, assim como a vida num céu de diamantes em Penny Lane ou num beco das Quintas. Se o pessoal não entendeu os Beatles e os anos 60, o que é que eu posso fazer? A vida é aquilo que acontece enquanto Alex faz poesia nas redes sociais. Dizem ser anormal ele ter sobrevivido com todos os nossos LPs de vinil. Curto isso. Eu tenho o maior medo desse negócio de ser normal. O haikai é uma arma quente do Oriente. Né, George?

O haikai é a poesia classe econômica e o autor desse 3 Por 4 pode até ganhar experiência com nosso passado, mas não pode revivê-lo. Não será sempre rimas assim, tudo deve passar, tudo deve ir embora, enquanto minha guitarra suavemente chora. O mundo é um lugar muito sério e, às vezes, muito triste. Mas em outras vezes é tudo uma piada, uma poesiazinha japonesa com sotaque potiguar, um autor organizado que guarda versos na gaveta de melodias e cerveja no isopor de drogas leves. Se bem que tudo pode esperar, menos a busca no Google. E quando leio os Beatles nas três linhas dos poemas de Alex, percebo como o mundo usou-nos como desculpa para enlouquecer. Mas os Beatles salvaram o mundo do tédio, como a vodka de Maiakovski. Alex tenta escrever o que está dentro de si mesmo e que ninguém mais poderá fazer outro rimar. A coisa mais agradável é abrir esse livrinho e nos vermos lá, porque a rima continua dentro da gente e sem a gente. O haikai diz lá vem o Sol, eu digo rimem-se uns aos outros. Últimas palavras.


FICTÍCIA INTRODUÇÃO Um, dois, três, quatro! O livro de Alex lembra a canção “Snookeroo” que o Elton John fez para e sobre mim. Se a rima bilíngue dos curtos versos dele quebra padrões da secular escola haikaista, eu quebrei todas as regras quando fui para a escola. Só faltou ser preso pela professora. Então, lendo os cinquenta versos faço uma viagem sentimental e ajusto meu coração para renovar velhas memórias. Dias loucos e noites imprudentes, de limousines e holofotes brilhantes. Estar nos Beatles foi um período incrível da minha vida. E o livro 3 Por 4 me devolve pra lá. Uma vez eu disse que gostava de Beethoven, especialmente dos poemas. Então digo que gosto de haikais, principalmente quando rimam com as canções que fizemos. Me sinto coautor do livro, mas por favor não me mandem mensagens; não vou autografar nada por Alex. Nosso tempo foi mágico. Quero dizer, houve momentos de carinho entre quatro pessoas. Uma abordagem incrível, com quatro jovens que de fato se amavam. Foi realmente sensacional. Hoje, para mim, a vida segue sendo tocar bateria, mas me divirto vendo filmes e lendo poemas. Como os haikais de Alex. Divirtam-se também.

Eu acredito que a poesia e a música podem curar. Toda vez que eu me sinto triste, eu coloco um disco de Elvis e leio um haikai sobre os Beatles e me sinto melhor. Lembro quando era jovem e meu coração um livro aberto, como esse que Alex Medeiros compôs como um terno tributo. E eu sei que no fundo o poema que Alex dá, é o poema que você quer receber, posto que quando o poeta rima globalmente, repercute localmente. Dito isto, também creio que o espírito dos velhos tempos dos Beatles sempre sugeriu algo muito esperançoso e juvenil. O primeiro impacto lendo o livro 3 Por 4 foi uma viagem ao meu ontem, quando todos os meus problemas pareciam tão distantes e agora parece que estão aqui para ficar nesses haikais. Eu acredito em ontem. E muito pouca gente supõe entender do que se tratava isso de Beatles. Talvez eu esteja impressionado com a maneira como os poemas me levaram de volta no tempo e me penduraram numa linha, como se eu fosse um músico de cordel. O que cada haikai me diz é que o poeta bateu suas asas quebradas e aprendeu a voar nas nossas canções. Acho que isso, basicamente, é a magia. Os Beatles eram mágicos.























































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