APRESENTAÇÃO TFG I O CINEMA E A ARQUITETURA ATRAVÉS DO MOVIMENTO DO CORPO PELO ESPAÇO GUSTAVO RAPOSO RAMOS ORIENTAÇÃO: MARTA BOGÉA
MOVIMENTO “A inevitável intrusão de um corpo dentro de uma ordem arquitetônica controlada. Entrar em um edifício: um ato que viola o balanço de uma geometria precisamente ordenada – os fotógrafos de arquitetura já incluiram corredores, lutadores ou amantes em alguma de suas fotos? –, corpos que cavam espaços inesperados através de sua movimentação fluida e errante. Arquitetura, então, é apenas um organismo passivelmente vinculado em uma relação constante com seus usuários, cujos corpos correm contra as regras cuidadosamente estabelecidas do pensamento arquitetônico.” Bernard Tschumi, Manhattan Transcripts
“The inevitable intrusion of a body into the controlled order of architecture. Entering a building: an act that violates the balance of a precisely ordered geometry (do architectural photographs ever include runners, fighters, lovers?), bodies that carve unexpected spaces through their fluid or erratic motions. Architecture, then, is only an organism passively engaged in constant intercourse with users, whose bodies rush against the carefully established rules of architectural thought.” Bernard Tschumi, Manhattan Transcripts.
OBJETO(S) O cinema e a arquitetura enquanto linguagens narrativas do espaço O movimento do corpo pelo espaço
OBJETIVO(S) Analisar, comparar e aproximar a representação do espaço na arquitetura e no cinema, a partir do movimento do corpo pelo espaço Requalificar a linguagem arquitetônica e o projeto de arquitetura através da transposição dos conceitos de movimento, percurso, experiência espacial (evento) e sequência, entendidos através da leitura cinematográfica de espaço
CINEMA
ARQUITETURA leitura do espaço através da sequência de percepções (percurso) montagem (reunião contínua) de unidades fragmentadas (frames) introdução de um personagem que dá corpo à narrativa
6
filmes de ficção que introduzem o tema do movimento do espectador pelo espaço
6
projetos de arquitetura que partem de uma “visão cinematográfica” de espaço
6
documentários sobre os projetos apresentados, adicionando uma leitura paralela do lugar
projeto de síntese transposição da leitura espacial do cinema no projeto de arquitetura
1.
A LEITURA DO MOVIMENTO NO ESPAÇO PELO CINEMA
QUESTÕES E HIPÓTESES Quais as ferramentas que o cinema optou para representar o espaço e a ocupação do espaço por um personagem de uma narrativa? Como a edição, a montagem, o movimento de câmera e a fotografia operam dentro da cinematografia para revelar um entendimento e uma visão de espaço? Quais são as possibilidades e limitações de uma leitura cinematográfica de espaço? Como o tempo perpassa a câmera cinematográfica? Qual a temporalidade do cinema? A temporalidade cinematográfica do espaço é a temporalidade do homem. Por mais que a combinação entre filmagem (câmera) e montagem (edição) seja capaz de criar uma leitura espacial impossível de ser apreendida diretamente pelo corpo humano movimentando-se pelo espaço, essa representação revela inevitavelmente um tempo humano, intermediado pelo percurso do homem pelo espaço. Esse tempo introduz a ideia de sequência narrativa ao espaço, ou seja, uma relação de continuidades e descontinuidades entre os diversos enquadramentos e experiências pontuais desse espaço contíguo. Como o sujeito/personagem desse espaço é entendido e incorporado pela linguagem cinematográfica? A figura humana é frequentemente tida enquanto intermédio entre o espaço e a câmera, uma vez que serve como personagem da experiência e da ocupação desse espaço. Trata-se de um espectador móvel do espaço, que movimenta-se em sequência entre as diferentes esferas desse espaço. Assim, o sujeito é incorporado como a essência da leitura do espaço pelo cinema, já que é através de suas propriedades – emocionais e físicas; mensuráveis e subjetivas – que a câmera apreende o espaço.
BIBLIOGRAFIA
Lendo as Imagens do Cinema Laurent Jullier e Michel Marie, Editora Senac, 2009
Fundamentals Catalogue 14a Bienal de Arquitetura de Veneza Rem Koolhaas, Marsilio, 2014
The Architectural of Image: Existential Space in Cinema Juhani Pallasmaa, Rakennustieto, 2008
Gabinete do Dr. Caligari Robert Wiene, 1920
Encouraçado Potemkin Sergein Eisenstein, 1925
A General Buster Keaton, 1926
Um Corpo que Cai Alfred Hitchcock, 1958
Meu Tio Jacques Tati, 1958
O Desprezo Jean Luc Godard, 1963
Blow Up Michelangelo Antonioni, 1966
Playtime Jacques Tati, 1967
O Iluminado Stanley Kubrick, 1980
Paris, Texas Wim Wenders, 1984
Asas do Desejo Wim Wenders, 1987
Birdman Alejandro González Iñárritu, 2014
RECORTE ESPAÇOS DE TRANSIÇÃO Corredores, escadas, rampas e acessos: espaços que promovem o movimento dos personagens pelo espaço
2.
A LINGUAGEM ARQUITETÔNICA A PARTIR DO MOVIMENTO NO ESPAÇO
QUESTÕES E HIPÓTESES Como o cinema e a inauguração de um mecanismo de comunicação de imagem em movimento afetou o modo de pensar a arquitetura e a produção de espaços? Como a percepção cinematográfica de espaço reverberou no pensamento arquitetônico? O cinema introduziu uma visão de espaço em movimento, o que reverberou diretamente na arquitetura. Como Walter Benjamin afirma sobre a produção artística na era da reprodutibilidade técnica, o modo humanoo de percepção não pode ser disassociado dos meios de representação e produção, pois é a partir deles que o homem percebe o mundo. Do mesmo modo, a inauguração do cinema trouxe uma nova maneira de perceber o espaço – e que está diretamente relacionada ao movimento da câmera e à possibilidade de uma montagem posterior à capturação das imagens. Assim, a arquitetura, sendo também uma resposta direta à percepção espacial à nossa volta, também adaptou-se e tentou englobar em sua produção (teórica e prática) os conceitos provenientes da cinematografia, tais como a sequência e a montagem de eventos temporalmente distintos. Quem são os arquitetos que trabalharam com o cinema e os diretores que trabalharam com a arquitetura ao longo da história? Como essa ponte repercutiu nos seus trabalhos? Como o cinema leu a arquitetura e o espaço projetado ao longo da história? Alguns nomes que me surgem à mente: Auguste Choisy, Viollet Le Duc, Giovanni Piranesi, Andrea Ponsi, Le Corbusier, Serguei Eisenstein, Rem Koolhaas, Bernard Tschumi, Ila Bêka e Louise Lemoine, Jacques Tati. De que maneira a introdução de conceitos cinematográficos no pensamento arquitetônico reverberou no projeto de edifícios e cidades e na representação arquitetônica? Como é possível transpor ideias de um mecanismo de imagem em movimento sobre uma mídia estática?
A. TEORIAS PARA A ARQUITETURA
Que aproximam as duas linguagens a partir dos conceitos de corpo, espectador, montagem, movimento, sequĂŞncia e percurso
A. TEORIAS PARA A ARQUITETURA
Que aproximam as duas linguagens a partir dos conceitos de corpo, espectador, montagem, movimento, sequência e percurso
Auguste Choisy leitura peripatética (Aristóteles) de um espaço permutável
“Montage & Architecture” S. Eisenstein espaço entendido como sequência de imagens lidas ao longo de um percurso
“Promenade Architecturale” Le Corbusier introdução de uma arquitetura que entende-se pelos pés
“Atlas of Emotion” G. Bruno espaço como extensão do corpo, sendo ele o meio de percepção
Christopher Alexander desconstrução de princípios funcionais para a forma arquitetônica
Kuleshov & Pudovkin percepção construída a partir da montagem de unidades independentes
B. REPRESENTAÇÕES ARQUITETÔNICAS
Levantamento crítico de projetos gráficos que levaram ao desenho arquitetônico o conceito cinematográfico de movimento
B. REPRESENTAÇÕES ARQUITETÔNICAS
Levantamento crítico de projetos gráficos que levaram ao desenho arquitetônico o conceito cinematográfico de movimento
Manhattan Transcripts Bernard Tschumi tríade evento + espaço + movimento
The Dining Table Room Sarah Wigglesworth apreensão do tempo de duração
Cinemetrics: Architectural Drawing Today Brian McGrath + Jean Gardner espacialização do cinema
Concise Townscape John Cullen percepção da cidade pela escala humana
The View from the Road D. Appleyard + K. Lynch + J. Mayer storyboard do carro em movimento
A Map of Perception Andrea Ponsi sobreposição de vistas urbanas
C. PROJETOS DE ARQUITETURA
Análise de projetos arquitetônicas concebidos a partir de uma visão cinematográfica de espaço
C. PROJETOS DE ARQUITETURA
Análise de projetos arquitetônicas concebidos a partir de uma visão cinematográfica de espaço
Ville Savoye Le Corbusier, 1929 Poissy, França
Maison à Bordeaux Rem Koolhaas, 1998 Bordeaux, França
Moriyama House Ryue Nishizawa, 2010 Tóquio, Japão
Piscinas das Marés Álvaro Siza, 1966 Leça da Palmeira, Portugal
Centre Georges Pompidou Renzo Piano + Richard Rogers, 1977 Paris, França
Parc de la Villette Bernard Tschumi, 1987 Paris, França
3.
LEITURA CINEMATOGRÁFICA DOS PROJETOS ARQUITETÔNICOS
QUESTÕES E HIPÓTESES Como pensar a representação dos espaços levantados anteriormente pelos olhos de cinema? Quais as questões percebidas pelo cinema em detrimento daquelas propostas pelo projeto arquitetônico? Quais são os possíveis personagens dessa narrativa arquitetônica? Quais os efeitos do personagem na narrativa espacial? Pensar em uma aplicação dos conceitos de “movimento” e “sequência”, levantados pela linguagem cinematográfica, dentro da lógica estrutural da linguagem arquitetônica leva a uma seleção de personagens que possam dar corpo ao percurso. Em outras palavras, para se repensar a linguagem arquitetônica a partir das qualidades cinematográficas de representação espaço, é preciso pensar em personagens que darão as características físicas (objetivas) e emocionais (subjetivas) dos corpos que qualificarão esses percursos pelo espaço. É possível criar paralelos comparativos entre ferramentas cinematográficas e arquitetônicas (de projeto)? Como as formas de operação das ferramentas cinematográficas podem ser comparadas a intenções projetuais de espaços arquitetônicos? Partindo-se do pressuposto de que as linguagens arquitetônica e cinematográfica são mecanismos de comunicação que utilizam-se de suas ferramentas para retratar e representar uma visão dirigida/ projetada/manipulada de espaço (priorizando certos aspectos do espaço em detrimento de outros), torna-se possível estabelecer relações comparativas entre as suas ferramentas – principalmente quando voltadas para um mesmo objeto. Assim, torna-se interessante comparar como um mesmo espaço é percebido e representado pela arquitetura e pelo cinema, ou então, como uma mesma percepção provocada por um projeto arquitetônico é retratada pelas duas linguagens.
FILMOGRAFIA
FILMOGRAFIA Singspiel Ulla Von Brandenburg, 2009 (Ville Savoye)
Koolhaas Houselife Ila Bêka e Louise Lemoine, 2013 (Maison à Bordeaux)
Sizígia Ruptura Silenciosa, 2012 (Piscinas das Marés)
Catedrais de Cultura Wim Wenders e Karim Aïnouz, 2015 (Centre Georges Pompidou)
Moriyama San Ila Bêka e Louise Lemoine, 2017 (Moriyama House)
4.
PROJETO DE INTERVENÇÃO ESPACIAL EM UM PERCURSO URBANO
EX. MAISON À BORDEAUX REM KOOLHAAS 01. Desmantelamento espacial decomposição do programa em unidades fragmentadas unidas por um sistema
Subsolo
Térreo
1o Pavimento
Croquis OMA
EX. MAISON À BORDEAUX REM KOOLHAAS 02. Casa cambiável projeto ao redor da infra-estrutura de circulação vertical: quatro opções 01
02
03
01
02
04
03
04
EX. MAISON À BORDEAUX REM KOOLHAAS 03. Desestabilização da estrutura a instabilidade (visual, física) demonstra potência de movimento
EX. KOOLHAAS HOUSELIFE BÊKA & LEMOINE
Ínumeros capítulos mostrando Ínumeros percursos possíveis estimulados por Ínumeras atividades gerando para o espectador Ínumeras percepções dentro de uma casa de Ínumeras variáveis Subsolo
Térreo
1o Pavimento
EX. KOOLHAAS HOUSELIFE BÊKA & LEMOINE 01
01 Limpar o chão
01
02
02
02 Subir a rampa
03
03
03 Limpar os vidros
04
04
04 Regar o jardim